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VINÍCIUS PAES DE BARROS ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NO BLOCO DA FAET/ICET DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO PARA FINS DE REGA DE JARDIM ORIENTADORA: PROFª. DRª. LUCIANA SANCHES CUIABÁ/MT DEZEMBRO/2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE ENSINO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE GRADUAÇÃO

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VINÍCIUS PAES DE BARROS

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DO

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NO BLOCO DA

FAET/ICET DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PARA FINS DE REGA DE JARDIM

ORIENTADORA: PROFª. DRª. LUCIANA SANCHES

CUIABÁ/MT

DEZEMBRO/2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

COORDENAÇÃO DE ENSINO DE ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE GRADUAÇÃO

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VINÍCIUS PAES DE BARROS

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA DO

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA NO BLOCO DA

FAET/ICET DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PARA FINS DE REGA DE JARDIM

CUIABÁ/MT

DEZEMBRO/2013

Trabalho de Graduação submetido ao Corpo

Docente da Faculdade de Arquitetura, Engenharia

e Tecnologia da Universidade Federal de Mato

Grosso, como requisito parcial para a obtenção do

título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciana Sanches

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RESUMO

O aproveitamento de água de chuva é uma alternativa à utilização de água de alta qualidade

(fornecida pelas concessionárias), sendo uma opção coerente do ponto de vista ambiental e

econômico, pois economiza água potável, diminui a incidência de enchentes, reduz o volume de água

e esgoto a serem tratados e, em determinados lugares, é a solução para combater a escassez de água.

Diante do atual cenário de sustentabilidade, o presente trabalho objetivou apresentar uma proposta de

um projeto de aproveitamento de água de chuva na Faculdade de Arquitetura, Engenharia e

Tecnologia e Instituto de Ciências Exatas e da Terra (FAET/ICET) da Universidade Federal de Mato

Grosso, verificando sua viabilidade técnica e econômico-financeira. Para tanto, realizou-se

diagnóstico da provável área de coleta de água pluvial, buscou-se os dados de precipitação

pluviométrica locais, além dos projetos existentes do local em questão e visitas ao local. A partir de

então, foram realizados as estimativas de captação e demanda da água não-potável, para que fosse

possível dimensionar a rede e os reservatórios. No cálculo do reservatório, percebeu-se a necessidade

de diminuição da área de coleta e demanda, para que o reservatório de armazenamento não tivesse

dimensões exageradas. Desta forma, houve a necessidade de duas diferentes entradas de dados para

viabilizar a execução do projeto. Por fim, elaborou-se levantamento de custos de execução, o qual

evidenciou-se a inviabilidade econômica, pois o investimento seria pago em mais de 67 anos, devido

aos elevados custos dos materiais para a adaptação do sistema pluvial existente do bloco FAET/ICET.

Contudo, tecnicamente, é um projeto viável, e, se forem feitos pesquisas para redução dos custos,

poderá ser viabilizado também ecônomo-financeiramente.

Palavras-Chave: aproveitamento de água de chuva, água não potável, dimensionamento de reservatório.

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ABSTRACT

The use of rainwater is an alternative to using high-quality water (provided by utilities), with a

consistent option from an environmental and economic perspective, it saves drinking water reduces

the incidence of floods , reduces the volume of water and sewage to be treated and in some places , is

the solution to tackle the shortage of water. Observing this scenario, this paper aims at proposing a

project to use rainwater in the Faculty of Architecture, Engineering and Technology and Institute of

Physical and Earth Sciences (FAET / ICET) of the Federal University of MatoGrosso , verifying its

feasibility technical, economic and financial. Therefore, it was held diagnosis of probable area

rainwater collection, we sought data on local rainfall, existing projects the location in question and

site visits. Since then, estimates of demand and uptake of non - potable water were performed, it was

possible to scale the network and reservoirs. In the calculation of the tank, we realized the need to

decrease the area of collection and demand, so that the storage tank had not exaggerated dimensions.

Thus there were two different data inputs to enable the execution of the project. Finally, we elaborated

survey of implementation costs, which presented the project as economically unfeasible, the

investment would be paid off in 67.7 years due to the high cost of materials for the adaptation of the

current of the river system FAET / ICET block. However, technically, is a viable project, and, if

searches are made for lower projects cost, the project can be made viable bursar also financially.

Key-words: Rainwater harvesting, non-potable water, tank dimensioning.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ABANBAR, CISTERNA TRADICIONAL NO IRÃ. ........................................................................ 4

FIGURA 2 – CHULTUNS – CISTERNAS MAIAS. ......................................................................................... 5

FIGURA 3 - RESERVATÓRIO DE ÁGUA DE CHUVA COM TONEL. ............................................................. 11

FIGURA 4 - RESERVATÓRIO DE ÁGUA DE CHUVA COM RESERVATÓRIO DE AUTOLIMPEZA E TORNEIRA

BOIA............................................................................................................................................... 11

FIGURA 5- FILTRO VF1. ........................................................................................................................ 12

FIGURA 6 - FILTRO VORTEX .................................................................................................................. 12

FIGURA 7 - FREIO D'ÁGUA .................................................................................................................... 13

FIGURA 8- SIFÃO LADRÃO .................................................................................................................... 14

FIGURA 9 - KIT DE INTERLIGAÇÃO AUTOMÁTICA ................................................................................ 15

FIGURA 10 - LOCALIZAÇÃO DE CUIABÁ EM MATO GROSSO. ................................................................ 16

FIGURA 11 - VISTA AÉREA DA UFMT ................................................................................................... 17

FIGURA 12 - ESTAÇÃO CLIMATOLÓGICA MESTRE BOMBLED CAMPUS UFMT .................................... 18

FIGURA 13 - GRUPO A – COBERTURA EM LAJE REVESTIDA COM PISO CERÂMICO ................................ 24

FIGURA 14 - SUBGRUPOS DO GRUPO A ................................................................................................. 25

FIGURA 15 - GRUPO B – COBERTURA EM LAJE REVESTIDA COM MANTA TÉRMICA .............................. 26

FIGURA 16- CONDUTOR VERTICAL COBERTURAS GRUPO B ................................................................. 26

FIGURA 17 - GRUPO C – COBERTURA EM TELHAS DE FIBROCIMENTO TIPO CANALETE 90 ................... 27

FIGURA 18 - SUBGRUPOS DO GRUPO C ................................................................................................. 28

FIGURA 19 - GRUPO D – COBERTURA EM TELHAS METÁLICAS ONDULADAS ....................................... 29

FIGURA 20 - GRUPO E – COBERTURA EM TELHAS DE FIBROCIMENTO ONDULADA ............................... 30

FIGURA 21 - GRUPO F – COBERTURA EM LAJE IMPERMEABILIZADA ................................................... 31

FIGURA 22- GRUPO G - COBERTURA EM TELHAS DE FIBROCIMENTO CANALETE 90 - BLOCO GEOLOGIA

...................................................................................................................................................... 32

FIGURA 23 - GRUPO G – COBERTURA COM TELHA DE FIBROCIMENTO ETERMAX ................................ 33

FIGURA 24 - GRUPO I - COBERTURA EM TELHAS METÁLICAS ONDULADAS - BLOCO QUÍMICA .......... 34

FIGURA 25 - EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA DO RESERVATÓRIO 1. ........................................................... 38

FIGURA 26 - EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA DO RESERVATÓRIO 2. ............................................................ 41

FIGURA 27 - ÁREA VERDE AV21 .......................................................................................................... 45

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PARÂMETROS FÍSICO, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS DAS DIVERSAS COBERTURAS E

PORTARIA N° 518/2004 DO MS. ...................................................................................................... 6

TABELA 2- PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA DE CHUVA PARA USOS RESTRITIVOS NÃO POTÁVEIS

........................................................................................................................................................ 7

TABELA 3- PARÂMETROS DE ENGENHARIA PARA ESTIMATIVAS DA DEMANDA RESIDENCIAL DE ÁGUA 9

TABELA 4- PARÂMETROS DE ENGENHARIA PARA ESTIMATIVAS DA DEMANDA RESIDENCIAL DE ÁGUA

POTÁVEL PARA USO EXTERNO ......................................................................................................... 9

TABELA 5- FREQUÊNCIA DE MANUTENÇÃO ......................................................................................... 15

TABELA 6 – PLANILHA UTILIZADA PARA O MÉTODO DA ANÁLISE DE SIMULAÇÃO COM SÉRIE

SINTÉTICA ..................................................................................................................................... 21

TABELA 7 - PRECIPITAÇÃO ACUMULADA MENSAL, MÍNIMA, MÁXIMA E ANUAL PARA A ESTAÇÃO

CLIMATOLÓGICA DE SUPERFICIE MESTRE BOMBLED ................................................................... 36

TABELA 8 - DEMANDA DOS JARDINS AV13 A AV22 ............................................................................ 37

TABELA 9 - RESUMO ANUAL - RESERVATÓRIO 1 .................................................................................. 39

TABELA 10 - RESERVATÓRIO DE DESCARTE DO RESERVATÓRIO 1 ...................................................... 39

TABELA 11 - DEMANDA DE JARDINS AV17, AV18 E AV21. ................................................................ 40

TABELA 12 - RESUMO ANUAL DO RESERVATÓRIO 2 ............................................................................. 42

TABELA 13 - RESERVATÓRIO DE DESCARTE DO RESERVATÓRIO 2 ....................................................... 43

TABELA 14 – CUSTOS DOS MATERIAIS .................................................................................................. 46

TABELA 15 - CUSTOS DE ÁGUA POR FAIXA DE CONSUMO PARA CATEGORIA PÚBLICA ......................... 47

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................................ i

ABSTRACT ........................................................................................................................................... ii

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................... iii

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................... iv

SUMÁRIO ............................................................................................................................................. v

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

2. OBJETIVO .................................................................................................................................... 2

2.1. TEMA ..................................................................................................................................... 2

2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA .................................................................................................. 2

2.3. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 2

2.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 2

2.5. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 3

2.6. PROBLEMA ........................................................................................................................... 3

2.7. HIPÓTESES ........................................................................................................................... 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 4

3.1. HISTÓRICO DO APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS PLUVIAIS .................................... 4

3.2. QUALIDADE DA ÁGUA DE CHUVA ................................................................................ 5

3.3. ECONOMIA DEVIDO A UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA ..................................... 7

3.4. COLETA DE ÁGUA DE CHUVA PARA REDUÇÃO DO PICO DE CHEIA .................... 7

3.5. NORMAS E LEIS ................................................................................................................... 8

3.6. PREVISÃO DO CONSUMO DE ÁGUA .............................................................................. 9

3.7. PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE REAPROVEITAMENTO ................ 10

3.7.1. Dispositivo de first flush .............................................................................................. 10

3.7.2. Filtros ........................................................................................................................... 12

3.7.3. Reservatório ................................................................................................................. 13

3.7.4. Freio d’água ................................................................................................................. 13

3.7.5. Sifão ladrão .................................................................................................................. 14

3.7.6. Desinfecção .................................................................................................................. 14

3.7.7. Kit de interligação automática ................................................................................... 14

3.7.8. Sistemas de recalque ................................................................................................... 15

3.7.9. Manutenção ................................................................................................................. 15

4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................................ 16

4.1. APRESENTAÇÃO DO LOCAL .......................................................................................... 16

4.2. DADOS DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ........................................................... 18

4.3. DIAGNÓSTICO DA COBERTURA ................................................................................... 19

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4.4. ÁREA DE COBERTURA .................................................................................................... 19

4.5. DEMANDA .......................................................................................................................... 19

4.6. DISPOSITIVO DE FIRST FLUSH ...................................................................................... 19

4.7. DIMENSIONAMENTODO RESERVATÓRIO .................................................................. 20

4.8. SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA ......................................... 23

4.9. LEVANTAMENTO DE CUSTOS ....................................................................................... 23

5. RESULTADOS ........................................................................................................................... 24

5.1. DIAGNÓSTICO DA COBERTURA ................................................................................... 24

5.1.1. Grupo A – cobertura em laje revestida com piso cerâmico .................................... 24

5.1.2. Grupo B – cobertura em laje revestida com manta térmica ................................... 26

5.1.3. Grupo C – cobertura em telhas de fibrocimento tipo canalete 90 .......................... 27

5.1.4. Grupo D - cobertura em telhas metálicas onduladas ............................................... 29

5.1.5. Grupo E - cobertura em telhas de fibrocimento ondulada...................................... 30

5.1.6. Grupo F - cobertura em laje impermeabilizada ....................................................... 31

5.1.7. Grupo G – cobertura em telhas de fibrocimento canelete 90 – bloco geologia ...... 32

5.1.8. Grupo H - cobertura em telha de fibrocimento tipo etermax ................................. 33

5.1.9. Grupo I – cobertura em telhas metálicas onduladas – bloco química .................... 34

5.2. PRECIPITAÇÕES ................................................................................................................ 35

5.3. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO ................................................................. 37

5.3.1. Primeira entrada de dados ......................................................................................... 37

5.3.2. Segunda entrada de dados .......................................................................................... 40

5.4. SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA ......................................... 44

5.5. LEVANTAMENTO DE CUSTOS ....................................................................................... 46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 48

7. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 49

APÊNDICES ....................................................................................................................................... 51

ANEXOS .............................................................................................................................................. 54

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1. INTRODUÇÃO

A demanda de água no mundo tem crescido. Uma avaliação realizada pela Organização das Nações

Unidas, em 1997, aponta que a demanda por água doce cresce com velocidade duas vezes maior que o

crescimento da população (CHENG, 2000).

Juntamente a isto, há de se considerar a heterogeneidade da distribuição da água potável no mundo.

De acordo com Villers (2002, apud May, 2004), 20% da água de escoamento global originam-se

exclusivamente na bacia Amazônica. Enquanto isso, outras regiões da América do Sul são

consideradas entre as mais secas do planeta.

Para tanto, o uso de fontes alternativas apresenta-se como a alternativa mais plausível para satisfazer

os locais onde não se faz necessária a utilização da água potável.

Efluentes de processos industriais, esgotos domésticos, águas de drenagem de pátio e agrícola, e águas

salobras, as chamadas águas de qualidade inferior, devem sempre que possível ser utilizadas como

fonte alternativa de abastecimento para usos menos restritivos (ANA, 2005).

A água de chuva se apresenta como uma dessas fontes, sendo uma opção correta do ponto de vista

ambiental e econômico, pois contribui com a economia de água de alta qualidade, além de reduzir

picos de cheia, diminuindo a intensidade e quantidade de enchentes, reduzir custos com tratamento e

fornecimento de água potável e reduzir vazões de lançamento de efluentes, diminuindo o volume de

esgoto a ser tratado.

Esta prática é muito difundida em países como Austrália e Alemanha, que têm avançados estudos e

sistemas sobre o assunto, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e

bastante efetiva em termos de custo/benefício.

O Brasil vem evoluindo na área, com a implantação de normas regulamentadoras (ABNT NBR 15527

- Água de chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para fins não-potáveis–

Requisitos), implantação de Leis Municipais (como em Guarulhos, São Paulo, Curitiba e Santo

André), criação da Associação Brasileira de Manejo de Água de Chuva (ABCMAC) e estudos sobre

qualidade da água e viabilidade da implantação dos sistemas de aproveitamento.

A cidade de Cuiabá, entretanto, ainda tem poucos estudos sobre o assunto. Por este motivo, este

trabalho tem como objetivo não somente difundir na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

os benefícios da captação e aproveitamento de águas pluviais, mas também estimular o estudo e a

implantação, tecnicamente correta, dos sistemas de utilização de água de chuva.

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2. OBJETIVO

2.1. TEMA

Estudo e projeto de aproveitamento de águas pluviais no bloco da Faculdade de Arquitetura,

Engenharia e Tecnologia/Instituto de Ciências Exatas e da Terra (FAET/ICET) da Universidade

Federal de Mato Grosso (UFMT) para fins de rega de jardim.

2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

O desenvolvimento do tema partirá da obtenção de dados da precipitação pluviométrica local, da área

de captação e instalação do sistema de aproveitamento de águas pluviais e dos locais de possível

utilização da água coletada para fins não potáveis (rega de jardim). Os resultados obtidos implicarão

na possível mudança na rede de coleta de águas pluviais da FAET/ICET, para adaptação aos sistemas

de aproveitamento.

2.3. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver um estudo de viabilidade técnico-econômica e projeto

de aproveitamento de águas pluviais, para fins não potáveis, para a FAET/ICET, na UFMT.

2.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

(a) diagnóstico das condições das áreas de cobertura, calhas e condutores verticais, para captação

de águas pluviais;

(b) elaboração de um projeto de aproveitamento de águas pluviais com o dimensionamento do

sistema de captação e reservação e;

(c) determinação dos custos do projeto.

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2.5. JUSTIFICATIVA

Devido ao aumento da demanda de água no mundo, à heterogeneidade de precipitação pluviométrica

no espaço-tempo no planeta e aos sistemas ineficientes e insuficientes de tratamento e fornecimento

de água potável, existe escassez de água em diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil. Por essa

razão se faz necessário evitar o desperdício e buscar fontes alternativas de abastecimento.

A utilização de água de chuva é uma opção correta do ponto de vista ambiental e econômico, pois

contribui com a economia de água de alta qualidade, além de reduzir picos de cheia, diminuindo a

intensidade e quantidade de enchentes, além de reduzir custos com tratamento e fornecimento de água

potável e reduzir vazões de lançamento de efluentes, diminuindo o volume de esgoto a ser tratado.

Portanto, este trabalho objetiva difundir o tema na UFMT, bem como os benefícios da utilização da

água de chuva acima citados, apresentando, com isso, um item de sustentabilidade à edificação.

2.6. PROBLEMA

É viável técnico-economicamente a implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuvas

na FAET/ICET da UFMT para fins de rega de jardins?

2.7. HIPÓTESES

(a) é tecnicamente viável adaptar a rede de águas pluviais da FAET/ICET para coletar e utilizar

água de chuva;

(b) existe precipitação anual suficiente para suprir a demanda nos meses de estiagem e;

(c) é economicamente viável a implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. HISTÓRICO DO APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS PLUVIAIS

O armazenamento e utilização de água de chuva não é uma novidade no mundo. Gnadlinger, J.

(2000), descreve diversas situações em que este sistema foi adotado. No Irã existem os Abanbars

(sistema de captação de água de chuva comunitário), conforme Figura1.

Figura 1 - Abanbar, cisterna tradicional no Irã.

Fonte: Gnadlinger (2000)

No deserto de Negev, hoje território de Israel e Jordânia, um sistema integrado de manejo de água de

chuva e agricultura de escoamento de água de chuva existiu há 2.000 anos.

No México, na época dos Astecas e Maias, existiam tradicionais técnicas de armazenamento e

utilização da água de chuva. Ainda hoje pode-se ver ao sul da cidade de Oxkutzcab realizações Maias.

Existia ali, no século XX, uma agricultura baseada na coleta de água de chuva. As cisternas eram

conhecidas como Chultuns (Figura 2) tinham capacidade de 20.000 a 45.000 litros, com diâmetro de

aproximadamente 5 metros, eram escavadas em solo calcário e revestidas com reboco impermeável.

Para captação, a área, acima da cisterna, tinha de 100 a 200 m².

Existiam ainda as Aguadas (reservatórios com capacidade de 10 a 150 milhões de litros) e Aguaditas

(reservatórios menores que as Aguadas, com capacidade de 100 a 50.000 litros), utilizadas nos vales,

para irrigar árvores frutíferas e bosques, além da agricultura de milho e verduras.

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(a) (b)

Figura 2 – Chultuns – Cisternas Maias.

Fonte: (a) May (2004); (b)<http://academic.reed.edu/uxmal/>

Tais sistemas, entretanto, caíram em desuso. Em Yucatan, por exemplo, o desuso ocorreu devido à

introdução, por colonizadores espanhóis, de novos sistemas de agricultura, que diferiam da realidade

Maia. Em outros locais, como a Índia, o motivo foi parecido.

Em um parâmetro mais atual, os sistemas de barragem, a utilização de águas subterrâneas e os

sistemas de água encanada expandiram-se fazendo com que a coleta e utilização de águas pluviais

fosse deixada em segundo plano, ou mesmo descartada.

3.2. QUALIDADE DA ÁGUA DE CHUVA

May (2004) afirma que a água de chuva tem potencial para ser utilizada nos mais diversos usos, onde

a água não potável é uma alternativa. Em sua pesquisa realizada em São Paulo, foram analisados

diversos parâmetros físico-químicos, dentre os quais turbidez, odor, pH, dureza, ferro, manganês,

cloretos, sulfatos, fluoretos e sólidos dissolvidos totais atenderam aos padrões CONAMA (1986) e da

portaria n° 1469 (2000) do Ministério da Saúde. A maior parte das amostras apresentaram DBO5,20

dentro dos padrões USEPA (1992), menor ou igual a 10. Entretanto, a contaminação bacteriológica

apresentou-se bastante elevada, sendo necessária descontaminação antes do uso.

Pesquisa similar foi feita por Jaques (2005), em Santa Catarina, em que os valores de cor, turbidez e

coliformes fecais foram ligeiramente acima do estabelecido pela Portaria do Ministério da Saúde.

Constatou-se uma diminuição da concentração da maioria dos parâmetros físico-químicos, havendo,

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então, a necessidade do descarte dos primeiros minutos de chuva (first-flush). Constatou-se ainda que

os valores variam com o material da telha utilizada. A Tabela 1ilustra os resultados deste trabalho.

Tabela 1 - Parâmetros físico, químicos e microbiológicos das diversas coberturas e Portaria n° 518/2004 do MS.

Fonte: Jaques (2005).

Silva (2010) realizou pesquisa da qualidade da água de chuva em Cuiabá, Mato Grosso. Os valores

foram obtidos a partir de amostras coletadas, com descarte inicial e sem descarte inicial,antes de

passar por superfícies de coberturas. Os parâmetros que não atenderam à norma NBR 15527

(ABNT,2007) foram a cor, a turbidez e os coliformes fecais e totais. A cor apresentou valor superior

ao da norma somente nas amostras sem o descarte inicial. Com o descarte da chuva inicial este valor

reduziu para dentro dos limites da norma.Os valores de turbidez não atenderam a norma em ambas as

amostras. Entretanto, deve ser lembrado que dentro do reservatório existirá decantação dos sólidos, o

que diminuirá significativamente este valor no momento do uso. Os valores de coliformes totais e

fecais foram encontrados, confirmando os resultados de Jacques (2004) e May (2005). Faz-se, então,

necessária desinfecção antes do uso, com exceção de usos para rega de jardim e lavagem de carros,

quando a água não for manuseada por crianças (Tomaz, 2011).

Os parâmetros limites determinados pela norma NBR 15527 (ABNT, 2007) estão apresentado na

Tabela 2.

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Tabela 2- Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não potáveis

Parâmetro Análise Valor

Coliformes Totais Semestral Ausência em 100ml

Coliformes Termotolerantes Semestral Ausência em 100ml

Cloro Residual Livrea Mensal 0,5 a 3,0 mg/L

Turbidez Mensal < 2,0 uTb, para usos menos restritivos < 5,0 uT

Cor Aparente (caso não seja utilizado nenhum corante, ou antes, da sua utilização)

Mensal < 15 uHc

Deve prever ajuste de pH para proteção das redes de abastecimento, caso necessário

Mensal pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação de aço carbono ou galvanizado

NOTA 1 Podem ser utilizados outros processos de desinfecção além do cloro, como a aplicação de raio ultra-violeta e aplicação de ozônio. a No caso de serem utilizados compostos de cloro para desinfecção buT é a unidade de turbidez cuH é a unidade Hanzen

Fonte: ABNT(2007).

3.3. ECONOMIA DEVIDO A UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA

Provou-se em diversos países que a utilização da água de chuva pode promover grandes economias de

água potável em residências. Herrmann e Schmida (1999), na Alemanha, mencionaram que é possível

economizar de 30 a 60% de água potável em uma residência, dependendo da área do telhado e

demanda. Em uma análise de 27 casas em Newcastle, Austrália, Coombeset al. (1999) concluíram a

possibilidade de economia de 60% de água potável. No Brasil, um estudo realizado em Florianópolis,

por Marinoskiet al. (2004) observou um potencial de economia de aproximadamente 40% em um

condomínio residencial composto de seis blocos. Ainda no mesmo país, Vasconcelos (2007)

apresenta, em um estudo de caso de uma residência em Goiânia, com uma economia de mais de 50%

de água potável.

Aliado a estes estudos, Rebouças (1999) escreve que até 60% do volume utilizado em uma residência,

poderia ser substituída por água não-potável, em usos como lavagem de piso, descarga, rega de jardim

e lavagem de carros.

3.4. COLETA DE ÁGUA DE CHUVA PARA REDUÇÃO DO PICO DE CHEIA

A expansão das áreas urbanas altera a cobertura vegetal e, por conseguinte, os componentes do ciclo

hidrológico. Com o aumento da densidade populacional, tem-se o aumento excessivo das áreas

impermeabilizadas. A água da chuva que antes infiltrava no solo, recarregando os aquíferos, passa a

escoar, se encaminhando para o sistema de esgotamento pluvial destas áreas (Cohimet al., 2007).

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8

Segundo Nefussi e Licco(2000), as enchentes em áreas urbanas são decorrentes, principalmente, da

impermeabilização do solo, da erosão e da disposição inadequada do lixo. A solução mais utilizada

nas cidades brasileiras é a criação de um sistema de rápido escoamento da água da chuva e

retificações dos rios e córregos. Contudo, esta solução não é adequada, pois apenas transporta os

pontos de enchente cada vez mais para jusante.

Diante disto, faz-se necessária a busca por soluções alternativas. A coleta e armazenamento da água

de chuva nas edificações vem como uma destas soluções. Jamaluddin e Appan (2003), em um estudo

realizado na Malásia, obtiveram 10% da redução do pico de cheia de uma residência, utilizando

apenas 19% da coleta com detenção em reservatórios.

3.5. NORMAS E LEIS

Cidades brasileiras, com o objetivo de diminuir a ocorrência e intensidade de enchentes urbanas,

criaram leis que obrigam as construções a reterem água de chuva. Em Santo André a Lei Municipal nº

7.606, de dezembro de 1997 institui a cobrança de taxa referente ao volume de água lançado na rede

de coleta pluvial do município. Em São Paulo, a Lei Municipal nº 13.276 de janeiro de 2002, torna

obrigatória a execução de reservatório para as águas de chuva nos lotes que tenham área

impermeabilizada superior a 500m². Em Curitiba a Lei Municipal n° 10.785, institui medidas para

orientar os usuários sobre a utilização consciente da água nas residências e obriga as novas

construções a possuírem um sistema de reaproveitamento.

A NBR 15527 (2007) - Água de chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para fins

não-potáveis– Requisitos, regulamenta, no Brasil, os projetos de aproveitamento de água de chuva.

O Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934, decreta o Código das Águas, que no Título V, - Águas

Pluviais, em seu artigo 103, preconiza que as águas pluviais pertencem ao dono do prédio onde

caírem diretamente, podendo o mesmo dispor delas à vontade, salvo existindo direito em contrário.

Devendo ser ressaltado que a Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional

de Recursos Hídricos, cria o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamentado o inciso

XIX do art. 21 da Constituição Federal, não modificou o artigo 103 do Código das Águas.

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9

3.6. PREVISÃO DO CONSUMO DE ÁGUA

Há meios de se estimar o consumo de água potável usando parâmetros de engenharia. A grande

dificuldade, entretanto, está no grande volume de informações necessárias que nem sempre estão

disponíveis (Tomaz, 2011). As Tabelas 3 e 4 indicam parâmetros usualmente utilizados.

Tabela 3- Parâmetros de Engenharia para estimativas da demanda residencial de água

Uso Interno Unidades Parâmetros

inferior superior mais provável

Gasto mensal m³/pessoa/mês 3 5 4

Número de pessoas na casa pessoa 2 5 3,5

Descarga na bacia descarga/pessoa/dia 4 6 5

Volume de descarga litros/descarga 6,8 18 9

Vazamento bacias sanitárias percentagem 0 30 9

Frequência de banho banho/pessoa/dia 0 1 1

Duração do banho minutos 5 15 7,3

Vazão dos chuveiros litros/segundo 0,08 0,3 0,15

Uso da banheira banho/pessoa/dia 0 0,2 0,1

Volume de água litros/banho 113 189 113

Máquina de lavar pratos carga/pessoa/dia 0,1 0,3 0,1

Volume de água litro/ciclo 18 70 18

Máquina de lavar roupa carga/pessoa/dia 0,2 0,37 0,37

Volume de água litro/ciclo 108 189 108

Torneira da cozinha minutos/pessoa/dia 0,5 4 4

Vazão da torneira litros/segundo 0,126 0,189 0,15

Torneira de banheiro minutos/pessoa/dia 0,5 4 4

Vazão da torneira litros/segundo 0,126 0,189 0,15

Fonte: Tomaz (2011)

Tabela 4- Parâmetros de engenharia para estimativas da demanda residencial de água potável para uso externo

Uso externo Unidades Valores

Casas com piscina porcentagem 0,1

Gramado ou jardim litros/dia/m² 2

Lavagem de carros litros/lavagem/carro 150

Frequência lavagem de carros lavagem/mês 4

Mangueira de jardim 1/2"20mm litros/dia 50

Manutenção piscina litros/dia/m² 3

Perdas para evaporação em piscina litros/dia/m² 5,75

Reenchimento de piscinas anos 10

Tamanho da casa m² 30 a 450

Tamanho do Lote m² 125 a 750

Fonte: Tomaz (2011)

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3.7. PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE REAPROVEITAMENTO

De maneira geral, a superfície de captação da água de chuva para aproveitamento são as coberturas.

Os dispositivos de captação da água são as calhas, condutores e coletores que podem ser de diversos

materiais: concreto, PVC, ferro galvanizado, ferro fundido, cobre, cimento amianto possuindo

diferentes formas, normalmente sendo limitada pela arquitetura da construção.

3.7.1. Dispositivo de first flush

Após a coleta, a água deve passar pelo dispositivo de first flush, com o objetivo de diminuir a

concentração de sólidos em suspensão na água do reservatório. Antes da primeira chuva as áreas de

coberturas contêm quantidade elevada de poluentes, sejam eles fezes de animais, folhas de árvores ou

poeira que serão removidas pelo dispositivo que elimina os primeiros volumes de água que carreiam

tais poluentes. Tal procedimento é mundialmente acordado, porém a quantidade a ser descartada

varia. Tomaz (2003) relata que nos estado do Texas e da Flórida é recomendado o descarte de 0,8mm

(0,8 L/m²), Dacach utiliza de 0,8 a 1,5 mm (ou L/m²). A norma da ABNT NBR 15527 (2007)

recomenda o descarte de 2mm (2L/m² de telhado). Para o cálculo deste volume pode-se utilizar o

Método de Schueler ou o Método Simples de Schueler (1987), sendo este para áreas menores que

256ha.

Para facilitar a operação do sistema de aproveitamento de água de chuva, existem maneiras de

automatizar o sistema de first flush. Dacach (1990, apud Bertolo, 2006) sugere o sistema tipo tonel

(Figura 3), que funciona da seguinte forma: dado o início da chuva, a água desce até o tonel, onde sai

parcialmente pelo orifício. Por conta da vazão do orifício ser bem menor que a vazão da entrada, o

tonel vai se enchendo até que o nível da água suba à conexão com o ramal horizontal, enchendo o

reservatório.

Algumas características podem ser observadas: a descarga do orifício só cessa após decorrido minutos

do fim da chuva, quando o tonel é esvaziado; as chuvas de pequena intensidade não apresentam

nenhuma condição de aproveitamento; e a quantidade descartada é maior que o volume do tonel.

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Figura 3 - Reservatório de Água de chuva com tonel.

Fonte: May (2004)

Outro método automático se baseia no reservatório de autolimpeza com torneira boia, mostrado na

Figura 4, com semelhante funcionamento.

Figura 4 - Reservatório de Água de chuva com reservatório de autolimpeza e torneira boia.

Fonte: May (2004)

Empresas brasileiras já produzem dispositivos que promovem este descarte dos primeiros volumes de

água, juntamente com a filtração das partículas maiores. Um exemplo é o filtro VF1, para áreas

menores que 200m², conforme Figura 5.

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12

Figura 5- Filtro VF1.

Fonte: Ecoracional (2013)

3.7.2. Filtros

Os filtros têm a função de remover as partículas sólidas de grandes dimensões, como galhos, folhas,

pequenos animais, etc. Além dos filtros VF1, o mercado apresenta o filtro Vortex (Figura 6) que têm

capacidade de até 3.000m² de cobertura. Além disso, existem os filtros mais conhecidos, mas que tem

menor eficiência, como o ralo hemisférico pluvial (ralo abacaxi) ou a própria caixa de areia.

Figura 6 - Filtro Vortex

Fonte: AquaStock (2013)

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3.7.3. Reservatório

O reservatório é o item mais oneroso de todo o sistema. Seu custo pode representar de 50 a 80% do

valor total do sistema de captação e aproveitamento de água pluvial (Thomas, 2001). Por este motivo

deve ser dimensionado levando em consideração principalmente quatro fatores: precipitação, área de

coleta, demanda e disponibilidade de área para instalação (May, 2004).

Dependendo se a edificação esteja em fase de projeto ou execução ou concluída, pode-se optar pelo

reservatório enterrado (cisterna), sobre o solo ou mesmo elevado apoiado na estrutura do edifício.

Este último tem a vantagem da não utilização de bombas de sucção ou recalque, diminuindo o custo

de operação, sendo o mais indicado para novas construções; o segundo é indicado para sistemas

simples em obras prontas, onde se deseja diminuir o custo de implantação; enquanto que o primeiro

para obras prontas de grande porte, onde o volume reservado será grande.

Existem diversos métodos para dimensionamento do reservatório de água de chuva. A norma NBR

15527 (ABNT, 2007) apresenta seis métodos, a saber: método de Rippl, método da simulação,

método Azevedo Neto, método prático alemão, método prático inglês e método prático australiano.

3.7.4. Freio d’água

No reservatório ocorre a decantação de partículas sólidas menores, que não foram retidas nos filtros.

Para que a água não chegue com alta velocidade, criando turbulência, e para que esta água não atinja a

camada de sedimentação, utiliza-se o freio d’água, um “amortecedor” (Bertolo, 2006).

Deve-se observar, ainda, que a água deve ter fluxo ascendente de modo que ocorra a oxigenação de

todo o reservatório, impedindo a ocorrência de processos anaeróbios, mantendo a água fresca por

mais tempo. A Figura 7 ilustra este componente.

Figura 7 - Freio d'Água

Fonte: Ecoracional (2013)

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3.7.5. Sifão ladrão

O sifão ladrão (Figura 8) tem a função de descartar o excesso de água quando completada a

capacidade do reservatório. Deve ser bem fixado a parede do reservatório para que não gire (Techné).

É também responsável pelo impedimento de entrada de odores, insetos e roedores vindos da rede

pluvial. A Figura 8 ilustra este componente.

Figura 8- Sifão Ladrão

Fonte: Ecoracional (2013)

3.7.6. Desinfecção

A água dos reservatórios de águas pluviais apresenta valores de coliformes fecais e totais, e, portanto,

deve-se executar tratamento (Silva, 2010; May, 2004 e Jaques, 2005). O tipo de desinfecção mais

usual, por questões econômicas, é a adição de cloro.

Entretanto, Tomaz (2011), afirma que a água de chuva, quando utilizada para rega de jardim ou

lavagem de carros não precisa ser clorado, ao menos que a mesma for utilizada por crianças.

3.7.7. Kit de interligação automática

Os kits de interligação (Figura 9) fazem de forma automática o abastecimento do reservatório de água

de chuva por suprimento externo em casa de estiagens prolongadas ou consumo acima da capacidade

de captação. São compostos por mangueira, torneira, acionador de descarga (válvula solenoide),

conector, boia de nível e bocal separador para evitar contato de água de chuva e água da rede externa

(AquaStock, 2013).

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Figura 9 - Kit de Interligação Automática

Fonte: Aquastock (2013)

3.7.8. Sistemas de recalque

Caso seja necessário, como em reservatórios enterrados, deve-se incluir sistema de recalque. Este

deve ser dimensionado segundo NBR 12214 (ABNT, 1992). Recomenda-se que a sucção seja feita no

nível da água com conjunto boia-mangueira, pois, por conta da decantação, este ponto possui água de

melhor qualidade, livre de sedimentos (Téchne).

3.7.9. Manutenção

A NBR 15527 (ABNT,2007) indica a frequência com que os componentes do sistema devem ter

manutenção executada. A Tabela 5, retirada da norma, indica estas frequências.

Tabela 5- Frequência de Manutenção

Componente Frequência de manutenção

Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal

Limpeza trimestral

Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal

Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral

Dispositivos de desinfecção Mensal

Bombas Mensal

Reservatório Limpeza e desinfecção anual

Fonte: ABNT (2007)

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. APRESENTAÇÃO DO LOCAL

Cuiabá é a capital e maior cidade do

Brasil (Figura 10). Segundo levantamento do IBGE (2010)

residente total de 551.098 habitantes e densidade demográfica de 163,88 hab

Figura 10

Fonte:

Segundo Braga (2011), Cuiabá apresenta clima predominante quente, com classificação Koppën de

clima tipo Aw2 e possui pluviosidade média

mínima de 1028,6mm, durante o período de 1989 e 2010.

Dentro deste município se encontra a Universidade Federal de Mato Grosso

região do Coxipó. Ela foi criada em 10 de dezembro de 1970

cursos, os primeiros centros e iniciadas as construções dos blocos.

A Figura 11 ilustra uma vista aérea da UFMT e

UFMT.

APRESENTAÇÃO DO LOCAL

Cuiabá é a capital e maior cidade do estado de Mato Grosso, pertencente à região Centro

Segundo levantamento do IBGE (2010), possui área de 3.362,8 km², população

residente total de 551.098 habitantes e densidade demográfica de 163,88 habitantes/km².

10 - Localização de Cuiabá em Mato Grosso.

Fonte: <http://www.abdibcopa2014.org.br>

Cuiabá apresenta clima predominante quente, com classificação Koppën de

clima tipo Aw2 e possui pluviosidade média de 1396,1mm, precipitação máxima de 1933,2mm e

mínima de 1028,6mm, durante o período de 1989 e 2010.

Dentro deste município se encontra a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

foi criada em 10 de dezembro de 1970, quando foram abertos os 11 primeiros

cursos, os primeiros centros e iniciadas as construções dos blocos.

ilustra uma vista aérea da UFMT e o Anexo 1 apresenta a estrutura física do campus da

16

estado de Mato Grosso, pertencente à região Centro-Oeste do

área de 3.362,8 km², população

/km².

Cuiabá apresenta clima predominante quente, com classificação Koppën de

de 1396,1mm, precipitação máxima de 1933,2mm e

(UFMT), localizada na

os 11 primeiros

apresenta a estrutura física do campus da

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Figura 11 - Vista aérea da UFMT

Fonte: <http:// mestreaquiles.blogspot.com.br>

O bloco a ser estudado é a Faculdade de Engenharia Arquitetura e Tecnologia (FAET), que teve

construções iniciadas em 1970, e o Instituto de Ciências Exatas e da Terra, que teve construção mais

recente. O Anexo 2 apresenta projeto arquitetônico (planta baixa do térreo) do bloco em questão.

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4.2. DADOS DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA

Os dados de precipitação pluviométrica foram obtidos no período de 01/01/1989 a 31/12/2010 da

Estação Climatológica Mestre Bombled (Figura 12), no Campus da UFMT, a 165m em relação ao

nível do mar com coordenadas de 15°36’25,23” S e 56°03’38,94” O. Os dados foram fornecidos pelo

Laboratório de Hidráulica do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT.

O aparelho utilizado na medição foi o pluviômetro tipo “Ville de Paris”, sendo as análises feitas

periodicamente às sete horas da manhã. O período compreende em 22 anos, em um total de 8.035

dias.

Foram utilizados dados diários, mensais e anuais de precipitação pluvial para a estimativa do

potencial para captação de água de chuva, bem como para o dimensionamento do reservatório.

Figura 12 - Estação Climatológica Mestre Bombled Campus UFMT

Fonte: Braga (2011)

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4.3. DIAGNÓSTICO DA COBERTURA

Para verificação das intervenções que serão necessárias, foi realizado diagnóstico da cobertura, por ser

este o meio de coleta da água de chuva. Para tanto, realizou-se visitas no local e, com ajuda dos

projetos disponibilizados pela Pró-Reitoria de Planejamento da Universidade Federal de Mato Grosso

(PROPLAN, UFMT), quantificou-se a área disponível para coleta de água de chuva e verificou-se o

estado dos componentes desta coleta (telhas, calhas e condutores).

Para melhor organização do diagnóstico, as áreas de cobertura foram separadas em grupos, por

semelhança de materiais utilizados e estado de conservação. Os grupos vão de A até I.

4.4. ÁREA DE COBERTURA

O cálculo da área de cobertura foi efetuado através da planta baixa da FAET/ICET fornecida pela Pró

Reitoria de Planejamento (PROPLAN, UFMT). Resultado este que é importante para determinação do

potencial de captação, dimensionamento do dispositivo de first flush e do reservatório.

4.5. DEMANDA

A demanda foi limitada como a rega de jardins durante o período de estiagem (maio a setembro). A

delimitação da área foi feita através da planta baixa da UFMT fornecida também pela PROPLAN-

UFMT. O volume a ser utilizado por dia foi baseado nas Tabelas apresentadas no item 3.6.

4.6. DISPOSITIVO DE FIRST FLUSH

Para a quantificação do volume descartado foi utilizada a recomendação da norma NBR 15527

(ABNT,2007) de 2mm iniciais de chuva.

Foi utilizado um reservatório de descarte como da Figura 3. Para tanto se faz necessário o

dimensionamento não somente do reservatório, como também do orifício que esvaziará este

reservatório automaticamente. Seguindo recomendações de Thomaz (2011), o reservatório deve ser

esvaziado em 10 minutos.

O reservatório foi dimensionado multiplicando-se a área utilizada de cobertura pelos 2mm (2L/m²),

obtendo-se o volume necessário, ou seja:

����.�������� = ���� × ℎ�

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Em que:

Vres.descarteé o volume do reservatório de descarte (L);

Acob é a área de cobertura contribuinte(m²);

hwa altura da lâmina de água, tomada igual a 2mm (2L/m²).

O orifício que esvaziará o reservatório foi dimensionado a partir da equação do orifício, como se

segue:

� = �� × �� × (2�ℎ)�,�

Sendo:

Q a vazão de descarga (m³/s);

A0 a área da seção transversal do orifício (m²);

g a aceleração da gravidade tomada igual a 9,81 m/s²;

h a altura da água sobre a geratriz superior da galeria ou tubulação (m);

Cdo coeficiente de descarga do orifício, tomado igual a 0,62 (adimensional).

4.7. DIMENSIONAMENTODO RESERVATÓRIO

Para o dimensionamento do reservatório foi utilizado o método da Análise da Simulação, com dados

de série diária.

O método da Análise de Simulação é o melhor método para se avaliar um reservatório. Este método

consiste em arbitrar um volume e verificar o que acontece com a água que vai sobrar (overflow) e

com a água que vai faltar (suprimento do serviço público ou caminhão tanque) (Tomaz, 2011).

Amorim e Pereira (2008) indicam o método da Análise e Simulação como uma opção interessante

quando se deseja uma análise detalhada sobre a variação do volume de água do reservatório ao longo

de vários anos. Com sua aplicação é possível analisar vários volumes de reservatório

simultaneamente, com suas respectivas eficiências. Podendo-se assim realizar a simulação dos

volumes dos reservatórios até a obtenção da eficiência desejada. Esta eficiência é função da

destinação final e de parâmetros econômicos.

Os quatro principais atributos desde método são: a) é simples de ser usado e facilmente entendido; (b)

o uso de dados históricos incorpora os períodos críticos de seca; (c) a análise pode usar dados diários

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ou mensais e; (d) problemas sazonais e complicados são tomados em conta no usa da série histórica

(McMahon, 1993, apud Thomaz, 2011).

Na Tabela 6 está uma forma de organização dos dados e resultados, segundo Thomaz (2011), para

dados de série sintética.

Tabela 6– Planilha utilizada para o Método da Análise de Simulação com Série Sintética

Meses Chuva Média Mensal

Demanda Mensal

Área de Captação

Volume de Chuva Mensal C=0,80

Volume do

Reservatório Fixado

Volume do Reservatório no Tempo t-1

Volume do Reservatório no Tempo t

Overflow Suprimento

de água externo

P Dt A Qt V S(t-1) S(t) Ov S

(mm) (m³) (m²) (m³) (m³) (m³) (m³) (m³) (m³)

Coluna 1 Coluna

2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7 Coluna 8 Coluna 9 Coluna 10

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Total

Fonte: Tomaz (2011)

As colunas estão descritas conforme:

- C1 - Constam os meses do ano;

- C2- Chuvas médias mensais (mm);

- C3 - Demanda mensal (m³);

- C4 - Área de captação da água de chuva (m²);

- C5 -O volume de água de chuva é a coluna 2 x coluna 4 x C (coeficiente de Runoff) /1000 para o

resultado sair em metro cúbicos.

- C6 - Volume do reservatório que é fixado.

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- C7 - Volume do reservatório no início da contagem do tempo. Supõe-se que no início do ano o

reservatório está vazio e que, portanto a primeira linha da coluna 7 referente ao mês de janeiro

será igual a zero. Os demais valores são obtidos usando a função SE do Excel: SE (coluna 8 < 0; 0;

coluna 8).

- C8 - Fornece o volume do reservatório no fim do mês. Obtêm-se a coluna 8 da seguinte maneira:

coluna 8 = SE (coluna 5 + coluna7 – coluna 3 > coluna6; coluna7; coluna5 + coluna7 –

coluna3).

- C9 - É relativa ao overflow, isto é, quando a água fica sobrando e é jogada fora. Obtém-se da

seguinte maneira: coluna9 = SE (coluna5+ coluna7-coluna3) > coluna6; coluna5 + coluna7 – coluna3

– coluna6; 0).

- C10 - É a coluna da reposição da água, que pode vir do serviço público de abastecimento, caminhão

tanque ou de outra procedência. Coluna10=SE(coluna7+coluna5–coluna3<0;-(coluna7+coluna5–

coluna3); 0).

Ainda para este método, McMahon (1993, apud Thomaz, 2011), define duas variáveis bastante

utilizadas nos sistemas de aproveitamento de água de chuva: a Confiança (Rr) e a Eficiência do

Sistema (Rv). Tem-se para o primeiro:

�� = 1 −��

Em que, Rr é a Confiança e (nr/n) é a falha, relação entre o numero de meses que o reservatório não

atendeu a demanda (nr) e o número total de meses (n).

E para o segundo:

�� = 100 ��

��

Em que, Rv é a eficiência do sistema, ou confiabilidade volumétrica, Vs é o volume da água de chuva

e Vd é o volume da demanda.

O volume do reservatório a ser escolhido é aquele que apresenta a maior eficiência dentre os volumes

adotados inicialmente. Pode-se ainda, segundo o objetivo do projetista (como custo/beneficio,

limitação de recursos ou limitação de projeto), adotar outros volumes chegando a diferentes

eficiências (Couto, 2012).

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23

4.8. SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

Para o sistema de aproveitamento de água de chuva, diversos itens foram observados. A definição de

todos os itens anteriores (demanda de uso não-potável, área de cobertura para captação, dimensões

dos reservatórios) foram necessárias.

Todo o sistema foi pensado no aumento da eficiência da utilização da água potável, para não só

viabilizar tecnicamente o sistema, mas também ter um retorno financeiro o mais rápido possível.

Além disso, todos os itens necessários para atingir e manter a qualidade da água desejada foram

incluídos, são estes: sifão ladrão, freio d’água, filtros, dispositivo de descarte, desinfecção.

4.9. LEVANTAMENTO DE CUSTOS

O levantamento de custos foi feito a partir da quantificação dos materiais utilizados no sistema de

aproveitamento de água de chuva, incluindo reservatórios, tubos, conexões, adaptações, bombas de

recalque, acessórios, mão de obra, etc.

Para a quantificação dos materiais foram utilizados os croquis do projeto de aproveitamento, enquanto

que o levantamento dos valores dos materiais foi feito a partir de orçamentos em duas diferentes

empresas do ramo.

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24

5. RESULTADOS

5.1. DIAGNÓSTICO DA COBERTURA

Para o diagnóstico da cobertura, os grupos foram definidos como descrito em 4.3 e estão apresentados

a seguir uma descrição e as intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de

água de chuva. O Apêndice 1 apresenta a localização desses grupos na planta de cobertura da

FAET/ICET.

5.1.1. Grupo A – cobertura em laje revestida com piso cerâmico

Este grupo compreende uma área de 265,19m². Possui revestimento em piso cerâmico sem

impermeabilização. Possui baixa declividade (menor que 0,5%), e, portanto, tem problemas de

acúmulo de água. Somado a isso, a vazão a ser considerada em projeto para reservação é baixa.

Figura 13 - Grupo A – Cobertura em laje revestida com piso cerâmico

Foram observados quatro casos, ilustrados pela Figura 14: (a)as que possuem tubo de queda, (b) as

que deságuam em calhas de outro grupo, (c) as que deságuam em outras lajes do mesmo grupo e; (d)

as que deságuam diretamente no solo.

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25

(b) (a)

(c) (d)

Figura 14 - Subgrupos do Grupo A

As intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva são:

- Impermeabilização, juntamente com aumento da inclinação das lajes;

- Direcionamento do fluxo d’água para os condutores horizontais ou verticais e;

- Eliminação do subgrupo D, podendo ser adotadas soluções dos subgrupos A eB.

Outra solução é a implantação do projeto de coberturas verdes neste grupo, solução esta dada no

projeto arquitetônico original.

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5.1.2. Grupo B – cobertura em laje revestida com manta térmica

Este grupo possui área de 171,63 m². É caracterizado por ser laje revestida com manta térmica (Figura

15).As mantas foram colocadas para impedir infiltrações e, além disso, funcionam também como

isolante térmico. Possui inclinação menor que 0,5% e, por isso, acumula volumes de água.

Figura 15 - Grupo B – Cobertura em laje revestida com manta térmica

A água pluvial captada por esse grupo é conduzida verticalmente por tubos. Entretanto, a inclinação,

que já é bastante reduzida, não conduz a água a estes pontos (Figura 16).

Figura 16- Condutor vertical coberturas Grupo B

As intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva são:

- Aumento da inclinação das lajes, direcionando o fluxo para os condutores verticais.

Assim como no Grupo A, uma solução é a implantação do projeto de coberturas verdes.

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5.1.3. Grupo C – cobertura em telhas de fibrocimento tipo canalete 90

A área compreendida por este grupo é a maior: de 4.928,92 m². É caracterizado por telhas de

fibrocimento, tipo canalete 90, e calhas de concreto com ou sem manta. A inclinação das telhas é de

5%, e a inclinação das calhas é bastante pequena, como no caso das lajes dos grupos A e B. Como

pode ser observado nas Figuras 17 e 18a, as telhas estão em bom estado de conservação, não

necessitando de intervenção.

Figura 17 - Grupo C – Cobertura em telhas de fibrocimento tipo canalete 90

Observou-se que originalmente que todos os tubos de queda eram de ferro fundido, mas que foram

modificados durante os anos, por conta de entupimentos ou outros problemas nos tubos originais

(Figura 18b, entupimento devido ao crescimento de plantas). Temos, atualmente, então, três

subgrupos: (a) saídas como originalmente projetadas, (b) buracos feitos diretamente na calha com ou

sem colocação de tubos de PVC e, (c) buracos feitos na platibanda, com inserção de tubos de PVC.

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28

(b) (a)

(c)

Figura 18 - Subgrupos do Grupo C

As intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva são:

- Os subgrupos B e C não devem existir, por impossibilitar a coleta de água. Pode ser feita

outra descida paralela à original, ou realizar manutenção dos tubos de queda originais, para que estes

subgrupos voltem a ser como o subgrupo A.

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5.1.4. Grupo D - cobertura em telhas metálicas onduladas

Este grupo tem pequena área (109,46 m²), sendo restrita a locais isolados, construídos posteriormente

à edificação original (Figura 19). As decidas são em tubo PVC 100mm, e se direcionam à caixa de

areia. A inclinação das telhas é de 15%. As calhas são de concreto e possuem declividade bastante

reduzida, e até mesmo negativa próximos a alguns condutores verticais.

Figura 19 - Grupo D – Cobertura em telhas metálicas onduladas

As intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva são:

-Para melhor escoamento da água, devem-se consertar problemas de acúmulo de água, devido

à ausência de declividade ou, em alguns casos, um aclive próximo aos condutores verticais.

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5.1.5. Grupo E - cobertura em telhas de fibrocimento ondulada

Grupo caracterizado por telhas de fibrocimento onduladas, com inclinação de 15%, e calhas de

concreto com inclinação bastante reduzida (Figura 20). A área total deste grupo é de 3.000,76 m².

Todos os tubos de queda são em ferro fundido. Apresenta bom estado de conservação de todos os seus

componentes.

Figura 20 - Grupo E – Cobertura em telhas de fibrocimento ondulada

Não há intervenções necessárias especificamente para este grupo E. Todo o sistema está em bom

estado de conservação, sendo o suficiente para a coleta de água de chuva.

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5.1.6. Grupo F - cobertura em laje impermeabilizada

O grupo F (Figura 21) está presente, principalmente, nas lajes próximas de caixas d'águas. É

caracterizada por ser laje com manta impermeabilizante preta. A inclinação da laje é baixa (<0,5%),

provocando o acúmulo de água sobre esta cobertura. Os tubos de queda são em ferro fundido, em sua

maioria. Corresponde a uma área de 182,52m².

Figura 21 - Grupo F – Cobertura em Laje Impermeabilizada

As intervenções necessárias à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva são:

-O aumento da inclinação da laje, direcionando para os tubos de queda, se faz necessário para

que ocorra a captação de toda a água que ali precipita.

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5.1.7. Grupo G – cobertura em telhas de fibrocimento canelete 90 – bloco geologia

Este grupo G é a cobertura do bloco de Geologia, composto por telhas canelete 90, calhas em laje de

concreto armado e condutores verticais em tubos de aço galvanizado (Figura 22). Possui área igual a

1.659,20 m².

Diferencia-se do grupo C pelo estado de conservação principalmente dos tubos de queda, que ainda

estão em bom estado de conservação, assim como as telhas.

Figura 22- Grupo G - Cobertura em telhas de fibrocimento canalete 90 - Bloco Geologia

Não há intervenções necessárias especificamente para este grupo E. Todo o sistema está em bom

estado de conservação, sendo o suficiente para a coleta de água de chuva.

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5.1.8. Grupo H - cobertura em telha de fibrocimento tipo etermax

O Grupo H(Figura 23) é caracterizado por telhas de fibrocimento tipo etermax, com inclinação 15%, e

calhas de concreto, como nos casos anteriores. A área ocupada por este grupo é de 1.963,55 m². O

estado de conservação é bom, apesar de serem visíveis alguns pontos com necessidade de

manutenção.

Figura 23 - Grupo G – Cobertura com telha de fibrocimento etermax

Para o grupo H, a única intervenção necessária é a manutenção de alguns pontos onde as telhas foram

danificadas.

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5.1.9. Grupo I – cobertura em telhas metálicas onduladas – bloco química

O grupo I foi separado do Grupo D, por ter construção recente, e formato curvo. O grupo I (Figura 24)

contém área de 212,90m³, e está em um nível acima do Grupo H.

Figura 24 - Grupo I - Cobertura em Telhas Metálicas Onduladas - Bloco Química

Não há intervenções necessárias especificamente para este grupo I. Por ser novo, todo o sistema está

em bom estado de conservação, sendo o suficiente para a coleta de água de chuva.

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35

5.2. PRECIPITAÇÕES

As precipitações diárias acumuladas utilizadas nos cálculos de volume de água aproveitável e

reservatórios são referentes a uma série histórica de 22 anos. A Tabela 7 apresenta um resumo das

precipitações mensais acumuladas desta série histórica.

A precipitação média anual foi 1396,1 mm, com um máximo de 1933,2 mm ano-1 em 1989 (38,4%

acima da média) e mínimo de 1028,6 mm ano-1 em 1991 (26,32% abaixo da média).

A diferença entre as precipitações máximas e mínimas anual foi 904,6 mm ano-1, indicando uma

possibilidade de oscilação das precipitações de um ano para outro, mantendo, entretanto, um valor

entre 1000 e 2000 mm ano-1.

Alguns anos possuem um período de estiagem mais severo, o que implica em uma necessidade maior

de armazenamento nos meses de chuva.

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36

Tabela 7 - Precipitação Acumulada Mensal, Mínima, Máxima e Anual para a Estação Climatológica de Superficie Mestre Bombled

Fonte: Braga (2011)

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37

5.3. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

O método para dimensionamento do reservatório foi o Método da Análise de Simulação, explicado

em 4.7. Os valores necessários para a planilha foram obtidos como descrito em 4.2, 4.4 e 4.5.

Foram fixados, na planilha de dimensionamento dois parâmetros: a área de coleta (as áreas de

cobertura onde será coletada a água de chuva) e a demanda (a água que será empregada na jardinagem

de determinadas áreas); e variou-se o valor do volume do reservatório, em acréscimos julgados

adequados, obtendo-se um gráfico volume x eficiência, sendo a eficiência calculada como em 4.7.

A seguir serão detalhados os resultados obtidos por meio destas experimentações.

5.3.1. Primeira entrada de dados

a) Demanda de água que será empregada na jardinagem:

Serão consideradas as áreas verdes AV13, AV14, AV15, AV16, AV 17, AV 18, AV 19, AV 20, AV

21 e AV 22 (como determinadas no Anexo 1); somente nos meses de estiagem (Tabela 8).

Tabela 8 - Demanda dos Jardins AV13 a AV22

DEMANDA DE JARDINS (2L/dia/m²)

JARDIM ÁREA DEMANDA FREQUÊNCIA DEMANDA

m² L/dia/m² m³/dia vezes/mês m³/mês média diária

AV13 2.249,35 2 4,499 8 35,990 1,200

AV14 317,92 2 0,636 8 5,087 0,170

AV15 1.462,17 2 2,924 8 23,395 0,780

AV16 1.493,56 2 2,987 8 23,897 0,797

AV17 672,13 2 1,344 8 10,754 0,358

AV18 448,15 2 0,896 8 7,170 0,239

AV19 884,49 2 1,769 8 14,152 0,472

AV20 5.088,33 2 10,177 8 81,413 2,714

AV21 3.408,44 2 6,817 8 54,535 1,818

AV22 2.578,95 2 5,158 8 41,263 1,375

TOTAL 18.603,50 20,00 37,21 - 297,66 9,92

b) Área de coleta (área de cobertura):

Toda a cobertura disponível na FAET/ICET. Um total de 12.281,23m².

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38

c) Determinação da eficiência do sistema

Para obtenção do gráfico Volume x Eficiência foi realizada variação do volume de 50 em 50m³, com

o valor máximo de 2.000m³.

Conforme Figura 25, a eficiência cresce acentuadamente até o ponto em que atinge 90% de eficiência,

a partir daí o aumento na eficiência passa a ser pouco expressivo em relação ao aumente do volume.

Adotou-se, por conta disso, um volume de 1.000m³, que tem eficiência de 92,06%.

Figura 25 - Eficiência Volumétrica do Reservatório 1.

d) Resultados do volume adotado

A Tabela 9 apresenta os 22 anos do período histórico utilizado, contendo o valor, por ano, do volume

de chuva, overflow, suprimento externo e demanda para o volume adotado em (c) de 1.000m³.

Os valores máximos do volume de chuva e overflow estão indicados em verde, enquanto que os

valores mínimos, em vermelho. O ano com o maior volume de suprimento externo está em laranja. A

soma e média estão apresentadas no final da Tabela.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

0

20

0

30

0

40

0

50

0

60

0

70

0

80

0

90

0

10

00

11

00

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00

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00

14

00

15

00

16

00

17

00

18

00

19

00

20

00

Efic

iên

cia

Vo

lum

étr

ica

(%

)

Volume do Reservatório (m³)

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39

Tabela 9 - Resumo anual - reservatório 1

Ano Volume de Chuva (m³) Overflow (m³) Suprimento Externo (m³) Demanda (m³)

1989 18.993,65 16.475,61 0,00 1.518,05

1990 11.852,86 10.334,81 0,00 1.518,05

1991 10.105,98 8.587,93 0,00 1.518,05

1992 12.360,81 10.842,76 0,00 1.518,05

1993 11.596,42 10.078,38 0,00 1.518,05

1994 14.266,85 12.748,81 0,00 1.518,05

1995 17.738,02 16.219,97 0,00 1.518,05

1996 14.693,26 13.175,21 0,00 1.518,05

1997 13.292,22 11.774,17 0,00 1.518,05

1998 14.776,77 13.258,73 0,00 1.518,05

1999 10.557,92 9.418,91 379,03 1.518,05

2000 11.396,98 9.990,62 111,69 1.518,05

2001 15.198,26 13.680,22 0,00 1.518,05

2002 12.592,68 11.074,63 0,00 1.518,05

2003 15.372,16 14.064,17 210,05 1.518,05

2004 13.006,31 11.910,91 422,65 1.518,05

2005 11.023,63 9.505,58 0,00 1.518,05

2006 16.948,09 15.430,05 0,00 1.518,05

2007 15.999,00 14.501,80 20,85 1.518,05

2008 10.590,35 9.091,29 18,99 1.518,05

2009 15.433,08 13.915,03 0,00 1.518,05

2010 13.977,02 12.662,04 203,07 1.518,05

Soma 301.772,32 268.741,63 1.366,32 33.397,01

Média 13.716,92 12.215,53 62,11 1.518,05

e) Dimensionamento do reservatório de descarte (first flush)

O cálculo do reservatório de descarte está apresentado na Tabela 10, que inclui o dimensionamento do

orifício para esvaziamento em 10min.

Tabela 10 - Reservatório de Descarte do Reservatório 1

First Flush - Reservatório 1

Área de Captação (m²) 12.281,23

Volume descartado (m³) 24,56

Volume Reservatório de Descarte (m³) 25,00

Dimensões do Reservatório

Altura (m) 1,00

Largura (m) 5,00

Compr. (m) 5,00

Orificio Diâm. Calc (m) 0,139

Diâm. Adot (mm) 150,00

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40

f) Conclusões

Para suprir a demanda apenas nos meses de estiagem das diversas áreas verdes dentro e no entorno da

FAET/ICET, utilizando toda a capacidade de coleta do bloco, é necessário um reservatório de

dimensões extremamente grandes, o que inviabiliza o projeto, ao menos de maneira imediata. Sendo o

reservatório o item mais oneroso de todo o sistema, o custo seria elevado demais, para o propósito

estabelecido. Portando, descarta-se esta como sendo uma opção viável para o sistema.

Devem-se observar ainda outros pontos:

- O overflow é demasiado grande, correspondendo, em média, a 89% de toda a água coletada. Pode-se

diminuir significativamente o valor da área de coleta, sem danos à eficiência do sistema.

- Outro motivo para o elevado overflow é a demanda somente nos meses de estiagem, desperdiçando

grande parte do volume de chuva, nos meses de chuva.

- O valor de água coletada anualmente, em média, é de 13.716,93m³, chegando ao ano mais chuvoso

em 18.993,65m³ de água. Estes valores mostram o potencial de captação e economia de água potável

do bloco da FAET/ICET, na UFMT.

5.3.2. Segunda entrada de dados

a) Demanda de água que será empregada na jardinagem:

Serão regadas as áreas verdes AV17, AV18 e AV21 (como determinado no Anexo 1); somente nos

meses de estiagem (Tabela 11).

Tabela 11 - Demanda de Jardins AV17, AV18 e AV21.

DEMANDA DE JARDINS (2L/dia/m²)

JARDIM ÁREA DEMANDA FREQUÊNCIA DEMANDA

m² L/dia/m² m³/dia vezes/mês m³/mês média diária

AV17 672,13 2 1,344 8 10,754 0,358

AV18 448,15 2 0,896 8 7,170 0,239

AV21 3.408,44 2 6,817 8 54,535 1,818

TOTAL 4528,73 6,00 9,06 - 72,46 2,42

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41

b) Área de coleta

Cobertura do departamento de Química (Grupo H e I), em um total de 1.963,55m².

c) Determinação da Eficiência

A Figura 26 que apresenta um gráfico Volume x Eficiência foi montada com valores até 500m³ com

incremento de 20 em 20m³.

Como no caso anterior, a eficiência aumenta significativamente até os 90%, e depois diminui o

aumento. O volume correspondente aos 90% de eficiência é 250m³, que foi o volume adotado para

este caso.

Figura26 - Eficiência volumétrica do reservatório 2.

d) Resultados do volume adotado

Abaixo é apresentada a Tabela 12 com as médias anuais correspondentes ao reservatório 2, de 250m³.

Ela contém os 22 anos do período histórico utilizado, com os valores, por ano, do volume de chuva,

overflow, suprimento externo e demanda.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

20

40

60

80

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0

20

0

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0

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0

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0

30

0

32

0

34

0

36

0

38

0

40

0

42

0

44

0

46

0

48

0

50

0

Efic

iên

cia

Vo

lum

étri

ca (

%)

Volume do Reservatório (m³)

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42

Os valores máximos do volume de chuva e overflow estão indicados em verde, enquanto que os

valores mínimos, em vermelho. O ano com o maior volume de suprimento externo está em laranja. A

soma e média estão apresentadas no final da Tabela.

Tabela 12 - Resumo anual do Reservatório 2

Ano Volume de Chuva (m³)

Overflow (m³) Suprimento Externo (m³)

Demanda (m³)

1989 3036,74 2417,20 0,00 369,54

1990 1895,06 1525,52 0,00 369,54

1991 1615,76 1246,22 0,00 369,54

1992 1976,27 1606,73 0,00 369,54

1993 1854,06 1484,52 0,00 369,54

1994 2281,01 1911,47 0,00 369,54

1995 2835,99 2466,45 0,00 369,54

1996 2349,19 1979,64 0,00 369,54

1997 2125,19 1755,64 0,00 369,54

1998 2362,54 1993,00 0,00 369,54

1999 1688,02 1411,65 93,17 369,54

2000 1822,17 1505,14 52,51 369,54

2001 2429,93 2060,39 0,00 369,54

2002 2013,34 1643,80 0,00 369,54

2003 2457,73 2146,06 57,87 369,54

2004 2079,48 1813,39 103,46 369,54

2005 1762,48 1400,44 7,50 369,54

2006 2709,70 2340,15 0,00 369,54

2007 2557,95 2213,55 25,14 369,54

2008 1693,21 1338,39 14,73 369,54

2009 2467,47 2097,93 0,00 369,54

2010 2234,67 1929,34 64,21 369,54

Soma 48247,98 40286,59 418,58 8129,97

Média 2193,09 1831,21 19,03 369,54

e) Dimensionamento do reservatório de descarte (First Flush)

O cálculo do reservatório de descarte é apresentado na Tabela 13. Obteve-se o valor de 4m³, com o

orifício, dimensionado para dar vazão a todo o volume em 10 min, de 50mm.

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Tabela 13 - Reservatório de descarte do Reservatório 2

First Flush - Reservatório 2

Área de Captação 1.963,55

Volume descartado (m³) 3,93

Volume Reservatório de Descarte (m³) 4,00

Dimensões do Reservatório

altura 1,00

largura 2,00

compr. 2,00

Orifício Diâm. Calc (m) 0,056

Diâm. Adot (mm) 50

f) Conclusões

Diminuindo a demanda em, aproximadamente, quatro vezes, diminuiu-se o volume necessário do

reservatório em quatro vezes.

Observa-se ainda, um overflow alto, com valor bastante similar ao obtido anteriormente, com o valor

de 83% do volume de água.

Novamente, observa-se que para suprir a demanda de água não potável estabelecida somente nos

meses de estiagem, há um desperdício de um grande volume de água, o que potencialmente

inviabiliza o sistema.

Entretanto, conseguiu-se com a redução da demanda e da área de cobertura, um reservatório de

dimensões aceitáveis, que gera uma economia de 364,59m³ de água por ano, podendo esse valor ser

aumentado caso exista demanda nos meses de chuva para outros fins.

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5.4. SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

O sistema escolhido foi o que contém os componentes da segunda entrada de dados, explicada em

5.3.2. Desta forma, a área de cobertura é composta pelos grupos H e I (conforme Apêndice 1), o

reservatório de descarte tem 5m³, o reservatório de armazenamento tem 250m³, e as áreas atendidas

são as AV18, AV19 e AV21 (conforme Anexo 1).

O sistema se iniciará com a coleta pelas calhas existentes, e será direcionada aos tubos de queda. Tais

tubos sofrerão alterações, direcionando a água, através de conexões de 45°, para um tubo horizontal,

com inclinação de 2%, que direcionará a água para o reservatório de descarte de 5.000l. Antes do

reservatório existirá um filtro (conforme 3.7.2) para áreas maiores que 2.000m².

O reservatório de descarte será de fibra de vidro de 5m³, apoiado sobre estrutura de concreto armado,

para que fique em nível superior ao reservatório de uso. O valor de 5m³ foi utilizado, em contrapartida

aos 4m³ calculados por conta dos grandes diâmetros dos tubos de entrada e saída de água (200mm, na

parte superior do reservatório), que diminuirão o volume útil do reservatório. No fundo do

reservatório será feito um orifício, ao qual será acoplado um tubo de PVC 50mm direcionado à rede

pluvial.

O reservatório de 250m³ será metálico, assentado sobre base lisa e nivelada de concreto. Nele serão

inseridos os dispositivos de freio d’água (conforme 3.7.4), sifão ladrão (conforme 3.7.5) e kit de

interligação automática (conforme 3.7.7). A água será direcionada aos pontos de utilização por

gravidade, quando o reservatório estiver cheio, e por bomba com pressostato que aciona quando a

torneira de jardim for acionada.

A localização de ambos os reservatórios, de descarte e armazenamento, será na área verde AV21,

mostrada na Figura 27.

Nos pontos de utilização da água de chuva (torneiras de jardim) deverá existir registro de acionamento

restrito com a inscrição “ÁGUA NÃO POTÁVEL. NÃO BEBA.”, para que a água não seja utilizada

para fins potáveis.

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Figura 27 - Área Verde AV21

Deverá ocorrer manutenção dos componentes do sistema conforme Tabela 5, do item 3.7.9.

Qualquer tipo de conexão cruzada, entre a tubulação de água de chuva e água potável, não é

permitida.

O Apêndice 2 apresenta croqui com a localização do reservatório e pontos de utilização do sistema.

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5.5. LEVANTAMENTO DE CUSTOS

Para o levantamento de custos foi utilizada a descrição do sistema de aproveitamento de água de

chuva, e os pontos de utilização e localização do reservatório encontrados no Apêndice 2.

Os materiais necessários à implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva estão na

Tabela 14, juntamente com os valores orçados em lojas do ramo de hidráulica, obtidas em dezembro

de 2013.

Tabela 14–Custos dos materiais

Item Descrição Quantidade Unidade Valor/unid Valor Total % item

1 Caixa d'água metálica 250m³ 1,00 unid R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 50,44%

2 Caixa d'água fibra de vidro 5m³ 1,00 unid R$ 1.999,90 R$ 1.999,90 2,02%

3 Bomba com pressostato 1,00 unid R$ 975,00 R$ 975,00 0,98%

4 Filtro VF6 1,00 unid R$ 8.280,00 R$ 8.280,00 8,35%

5 Freio d'água 1,00 unid R$ 818,00 R$ 818,00 0,83%

6 Sifão Ladrão 1,00 unid R$ 1.028,85 R$ 1.028,85 1,04%

7 Kit de realimentação automática 1,00 unid R$ 328,00 R$ 328,00 0,33%

8 Conjunto flutuante de sucção 1" 1,00 unid R$ 275,00 R$ 275,00 0,28%

9 Tubo PVC Esgoto 50mm 4,00 barra 6m R$ 32,90 R$ 131,60 0,13%

10 Tubo PVC Esgoto 200mm 70,00 barra 6m R$ 219,90 R$ 15.393,00 15,53%

11 Joelho 90° PVC 200mm 58,00 unid R$ 109,90 R$ 6.374,20 6,43%

12 Tê PVC 200x200mm 42,00 unid R$ 159,90 R$ 6.715,80 6,77%

13 Redução Excêntrica 200x150mm 42,00 unid R$ 69,90 R$ 2.935,80 2,96%

14 Luva PVC 200mm 40,00 unid R$ 39,90 R$ 1.596,00 1,61%

15 tubo PVC Esgoto 250mm 4,00 barra 6m R$ 239,90 R$ 959,60 0,97%

16 Registro Bruto de Gaveta 1" 1,00 unid R$ 34,99 R$ 34,99 0,04%

17 Tubo PVC Água Fria 25mm 5,00 barra 6m R$ 13,90 R$ 69,50 0,07%

18 Tubo PVC Água Fria 32mm 50,00 barra 6m R$ 19,90 R$ 995,00 1,00%

19 Tê 90° Soldável 32mm 10,00 unid R$ 3,99 R$ 39,90 0,04%

20 Bucha de Redução curta 32x25mm 10,00 unid R$ 0,99 R$ 9,90 0,01%

21 Joelho 90° 25mm Soldável 5,00 unid R$ 0,60 R$ 3,00 0,00%

22 Joelho 90° 32mm Soldável 5,00 unid R$ 1,99 R$ 9,95 0,01%

23 Joelho 90º soldável combucha de

latão 25mm - 3/4" 6,00 unid R$ 4,99 R$ 29,94 0,03%

24 Adapt. Sold. Longo com Flange p/

cx d'água 1,00 unid R$ 19,90 R$ 19,90 0,02%

25 Torneira metálica de acionamento

restrito 6,00 unid R$ 18,90 R$ 113,40 0,11%

TOTAL R$ 99.136,23

Observa-se na Tabela 14 que mais de 50% do valor total da implantação é referente ao reservatório de

armazenamento, confirmando o que foi apresentado no item 3.7.3.

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Em segundo lugar vêm as tubulações que, somadas, ultrapassam os 17%. Em seguida o filtro VF6,

para áreas superiores a 2.000m², com 8,35%.

Considerando um BDI de 35%, tem-se custo de R$ 133.833,91.

Em consulta à Concessionária de Água e Esgoto de Cuiabá (CAB Cuiabá), foi obtida a Tabela 15, que

apresenta os valores cobrados pela concessionária às edificações públicas.

Tabela 15 - Custos de água por faixa de consumo para categoria pública

TARIFA DE ÁGUA

CATEGORIA FAIXA CONSUMO (m³) Valor em R$

Pública 1 10 3,86/m³

2 10+ 6,32/m³ excedente

O consumo anual de água nos jardins é de 369,54m³, distribuídos ao longo de 5 meses. A média

mensal é então 73,9 m³. A eficiência do sistema é de 90%, a partir disso estima-se que serão

substituídos por água não-potável 66,5 m³ de água potável.

O custo de 66,5m³ de água potável é R$ 395,68. Portanto, anualmente serão economizados R$

1.978,40.

Desta forma, o valor de custos de projeto será pago em 67,7 anos, ou seja, 67 anos e 9 meses.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho alcançou o objetivo verificar a viabilidade econômico-financeira de um sistema de

aproveitamento de água de chuva no bloco da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia e

Instituto de Ciências Exatas e da Terra na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), nos quais

foram dimensionados os reservatórios necessários, estimados o consumo mensal de água não potável

nos meses de estiagem, levantados os custos diretos de projeto e verificada a viabilidade de

implantação do sistema de aproveitamento de águas pluviais.

Para verificação da viabilidade de implantação do sistema de aproveitamento, foi feito diagnóstico das

condições das coberturas, que são as áreas de coletas de água chuva, e sugerido soluções para os

pontos que não se mostravam adequados para a implantação do sistema.

O método para dimensionamento do reservatório de água potável utilizado foi o da simulação, com

série de dados diários de chuvas. Este foi o método que se mostrou mais preciso e que,

detalhadamente, apresentou o comportamento do reservatório durante todos os dias dos 22 anos de

série histórica utilizados. Desta forma obteve-se, através de duas demandas e áreas de cobertura

diferentes, o volume de reservatório mais adequado para a implantação do sistema.

O sistema de aproveitamento de água de chuva apresentou-se, portanto, como tecnicamente viável,

mesmo se tratando de uma edificação pronta e antiga. Entretanto, a viabilidade econômico-financeira,

devido ao grande tempo de retorno do investimento (67,7 anos), mostrou-se inválida. Esta

inviabilidade foi, principalmente, causada pelos elevados custos dos reservatórios e da adaptação dos

condutores verticais ao sistema de aproveitamento, e pela utilização restrita da água não potável,

somente nos meses de estiagem e para rega de jardim.

Sugere-se, para melhoria dos resultados deste trabalho, que estudos sejam feitos para ampliação dos

locais de consumo de água em todos os meses do ano, além de opções menos onerosas para a

reservação e tratamento da água não potável. Desta forma o sistema se apresentará com melhor

viabilidade econômico-financeira.

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7. BIBLIOGRAFIA

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APÊNDICES

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GRUPO C - TELHAS DEFIBROCIMENTO - CANALETE 90

GRUPO B - LAJE REVESTIDACOM MANTA TÉRMICA

GRUPO D - TELHASMETÁLICAS - ONDULADAS

GRUPO A - LAJE REVESTIDACOM PISO CERÂMICO

GRUPO E - TELHAS DEFIBROCIMENTO - ONDULADAS

LEGENDA

GRUPO F - LAJEIMPERMEABILIZADA

GRUPO E - TELHAS DEFIBROCIMENTO - ONDULADAS

GRUPO H - TELHA DEFIBROCIMENTO - ETERMAX

GRUPO I - TELHAS

METÁLICAS - BLOCO QUIMICA

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AV22

AV21

AV13

AV19

AV14

AV16

AV15

AV17

AV18

Reservatório250m³

Torn.

Área decoleta

Jardim

Torn.Jardim

Torn.Jardim

Torn.Jardim

Torn.Jardim

Torn.Jardim

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ANEXOS

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AV1

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A

AVENIDA

DE ACESSO

"UFMT''

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E

10

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15

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05

10

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11

06

0508

09

12

03

13

08

11

04

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08

16

E

IX

VI

06

XIV

II

III

XI

E

D

AV41314

09

C

C

E

07

E

09

C

01a

03a

B

AA

A

06

05 12

I

AV11

XIII

XIV

XIV

AV2

AV3

AV18

AV17

AV15

AV16

AV14

AV19

AV13

AV5

AV6AV9

AV8

AV10

AV7

AV20

IV

AV1

AV21

AV21

AV21

AV21

AV22

EDIFÍCIOS EM CONSTRUÇÃO

EDIFÍCIOS PROJETADOS

ÁREA VERDES

EDIFÍCIOS CONSTRUÍDOS

TERCEIRIZADOS

REGIÃO 1

1. FAeCC/ FE/ ICHS2. ICHS - Salas de Aula3. ICHS - Laboratório de Geografia4. FAeCC - Pós-graduação5. IE - Salas de Aula6. IE (Instituto de Educação)7. IL (Instituto de Linguagem)8. IE - Psicologia9. Museu Rondon10. FEF -Parque Aquático11. FE/FAeCC - Salas de Aula12. ICHS - Cantina13. Museu Antropologia/ Arqueologia14. FE15. Doc Center16. Humanitas (em projeto)

REGIÃO 2

1. Centro Cultural2. UFCRED3. CEF4. Banco Real5. ADUFMAT6. UFMT - Parque

REGIÃO 3

1. FENF/FAMEV2. FAMEV - Agricultura Tropical3. FAMEV - Medicina Veterinária4. HOVET5. CAE6. FAMEV - Lab. Mecânica de Motores7. FAEN - Lab. Nutrição Animal8. FAMEV - Lab. Anatomia9. Salas de Aula10. FENF - Lab. Madeira11. FAMEV - Lab. Solos12. FENF - Viveiro Florestal13. Cantina14. Salas de Aula (em projeto)

REGIÃO 4

1. Biblioteca Central/Reitoria/PGF2. Teatro Universitário3. Editora Universitária4. CABES5. SINTUF6. UAB/CPD/CAE7. Casa do Estudante

REGIÃO 5

1. PROAD/ PROEG/ PROPEG/ PROPG/ PROPLAN2. PROAD3. Marcenaria4. STI/ GDP/ EIT5. Uniselva/ Grafica6. Grupo de Escoteiros7. Casa do Jardineiro8. Apoio do Biotério/ Maravalha9. Cabine de Transmissões de TV10. Associação Master/ Campo de Futebol11. Guarita12. Casa do Estudante13. Reitoria

REGIÃO 6

1. Faculdade de Direito2. CEV - Coordenação de Exames Vestibulares3. FAEN/ ISC/ FCM/ IB4. IB/ Herbário5. FCM/FANUT/ FAEN6. FAEN7. IF - Pós-graduação8. IC - RNP8a. IC - RNP9. IB - Laboratório de Pesquisa10. FAMEV -Laboratório de Maceração11. Prefeitura do Campus11a. Prefeitura do Campus11b. Prefeitura do Campus12. Contro de Biodiversidade13. Estação Meteorológica14. Salas de Aula15. Tecnologia de Alimentos15a. Tecnologia de Alimentos16. RNP

REGIÃO 7

1. FAET/ ICET/IF1a. FAET (ampliação)2. Salas de Aula3. ICET - Almoxarifado Química4. ICET - Museo de Minerais Fósseis5. IF - CAT6. ICET - CEAUC7. ICET - Centro Analítico8. ICET - Laboratório9. Biotério Central10. Biotério Anexo I11. Zoológico

REGIÃO 8

1. Restaurante Universitário2. FEF - Ginásio de Esportes3. FEF - Salas de Aula3a. FEF - Ampliação4. FEF - Salas de Aula5. PROAD - Coordenação de Segurança6. Quadras Poliesportivas7. Guarita 18. Estação de Tratamento de Esgoto9. Cantina10. Campo de Futebol11. Campo de Areia12. Auditórios

A. Acesso de PedestresB. Acesso de VeículosC. CabinesD. Áreas VerdesE. Estacionamento

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Lab. de Ictiologia da UFMT

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LEGENDA

AV21AV22

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BLOCO B

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