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. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA NINA KATIA DA SILVA EXTRAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS A PARTIR DE COPRODUTOS GERADOS NA PRODUÇÃO DE VINHOS E DE SUCO DE ROMÃ Rio de Janeiro 2013

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.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE QUÍMICA

NINA KATIA DA SILVA

EXTRAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS A PARTIR DE

COPRODUTOS GERADOS NA PRODUÇÃO DE VINHOS E

DE SUCO DE ROMÃ

Rio de Janeiro

2013

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SILVA, N. K. II

NINA KATIA DA SILVA

EXTRAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS A PARTIR DE COPRODUTOS

GERADOS NA PRODUÇÃO DE VINHOS E DE SUCO DE ROMÃ

Dissertação de Mestrado apresentada

ao programa de pós-graduação em

Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos, da Escola de Química,

da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como requisito parcial para a

obtenção do titulo de Mestre em

Ciências (M. Sc.).

Orientadoras:

Suely Pereira Freitas, Ph. D.

Regina Isabel Nogueira, Ph. D.

RIO DE JANEIRO

2013

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SILVA, N. K. III

S586e Silva, Nina Katia da.

Extração de óleos vegetais a partir de coprodutos gerados na produção de

vinhos e de suco de romã. / Nina Katia da Silva. – 2013.

xxxi, 106 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos)

– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, Rio de Janeiro,

2013.

Orientadoras: Suely Pereira Freitas e Regina Isabel Nogueira.

1. Óleos vegetais. 2. Vinhos. 3. Romã. – Teses. I. Freitas, Suely Pereira.

(Orient.). II. Nogueira, Regina Isabel. (Orient.). III. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Programa em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos,

Escola de Química. IV. Título.

CDD: 665.3

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SILVA, N. K. IV

Nina Katia da Silva

EXTRAÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS A PARTIR DE COPRODUTOS GERADOS NA

PRODUÇÃO DE VINHOS E DE SUCO DE ROMÃ

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química/UFRJ, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências.

Aprovado em:

Suely Pereira Freitas, Ph. D. (Orientadora e presidente da banca)

Escola de Química/UFRJ.

Regina Isabel Nogueira, Ph. D. (Orientadora)

EMBRAPA Agroindústria de Alimentos

Lourdes Maria Correa Cabral, D. Sc.

EMBRAPA Agroindústria de Alimentos

Maria José de Oliveira Cavalcanti Guimarães, D. Sc.

Escola de Química/UFRJ

Daniel Weingart Barreto, D. Sc.

Escola de Química/UFRJ

Rio de Janeiro, 18 de março de 2013.

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SILVA, N. K. V

À minha família,

por todo o apoio.

Dedico

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SILVA, N. K. VI

Agradecimentos

A Deus, sempre;

À UFRJ;

À Capes, pelo auxílio financeiro;

À Secretaria do Programa de Pós-Graduação, por todo o apoio;

Às minhas orientadoras, que estiveram muito perto de serem chamadas de “mãe”;

À Vinícula Aurora, pela doação das amostras;

A toda equipe da Embrapa Agroindústria de Alimentos em especial aqueles que auxiliaram no

pré-processamento dos frutos;

Ao pessoal do Laboratório de Processamento de Matérias Primas Vegetais da EQ-UFRJ;

Às alunas de Iniciação Científica, Caroline e Meire, por nunca reclamarem do que eu pedia,

ou da rapidez em que eu pedia;

À minha família, por entender que estudar é a “minha coisa”;

Ao Lolo, por nunca sair do meu lado;

E a todos que auxiliaram, direta ou indiretamente, a execução deste trabalho.

Obrigada!

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SILVA, N. K. VII

RESUMO

SILVA, Nina Katia da. Extração de óleos vegetais a partir de coprodutos gerados na produção

de vinhos e de suco de romã. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos). Escola de Química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.

O Brasil dispõe de uma grande variedade de resíduos agrícolas e agroindustriais cujo

processamento poderá ser de grande interesse ambiental, econômico e social. Os resíduos

gerados no processamento de frutas ainda tem uso restrito como adubo ou como complemento

protéico para ração. As sementes de uva e romã contêm em média 10% e 20% de óleo

vegetal, respectivamente. Ambos são ricos em ácidos graxos poli-insaturados, com alta

capacidade antioxidante e propriedades comprovadas na prevenção de diversas doenças. Os

processos mais utilizados para extração do óleo de sementes são a prensagem e extração com

solvente (hexano). Além da toxicidade do hexano, o óleo assim obtido necessita de várias

etapas de refino físico e químico. O etanol tem sido recomendado como um substituto

potencial para minimizar os impactos ambientais causados pelo hexano. Neste trabalho foram

selecionadas as melhores condições de extração dos óleos de semente de uva e romã, visando

à obtenção de um extrato com elevada atividade antioxidante. As sementes foram inicialmente

separadas do bagaço por peneiramento úmido, secas em estufa a 50°C e moídas em moinho

de facas. Para viabilizar o processo de extração do óleo por prensagem, as sementes de uva

foram hidrolisadas por tratamento enzimático com celulase. As amostras foram prensadas a

frio e o óleo obtido foi decantado para separação de impurezas. Para selecionar as melhores

condições de extração com etanol, utilizou-se delineamento experimental de dois níveis e três

fatores. Utilizou-se etanol na proporção 4:1 (v:m) para a extração em banho com temperatura

e agitação controladas por 1h. As soluções foram filtradas com auxílio de uma bomba a vácuo

e o solvente foi removido com fluxo de ar frio. A massa resultante de óleo foi calculada por

gravimetria. Os óleos de semente de uva e romã apresentaram índice de acidez de 0,41% e

0,74%, respectivamente. Estes valores estão dentro das especificações exigidas pela ANVISA

para óleos refinados. O tempo de indução para o óleo de semente de romã foi muito inferior

(56’) ao valor obtido para o óleo de semente de uva (4h36’) indicando que este apresentou

maior estabilidade oxidativa. Isto ocorre, provavelmente, devido ao elevador teor de ácidos

graxos poliinsaturados presentes no óleo de semente de romã. Os óleos de semente de uva e

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SILVA, N. K. VIII

romã obtidos por prensagem apresentaram valores de EC50 de 31.441 g am/g DPPH e 3.600 g

am/g DPPH, respectivamente. A maior eficiência do processo de extração com etanol anidro

ocorreu nas mesmas condições para ambas as sementes: 70°C e diâmetro de partícula menor

que 0,40 mm. Para se alcançar maior atividade antioxidante as condições operacionais foram

obtidas com etanol hidratado (90 °GL) a 70 °C. Nestas condições, os óleos de semente de uva

e romã apresentaram EC50 de 18,9 g/g DPPH e 645 g /g DPPH, respectivamente. O óleo da

semente de uva extraído com etanol apresentou alto potencial para uso como antioxidante.

Palavras chaves: Semente de uva, semente de romã, óleo vegetal, resíduos, atividade

antioxidante.

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SILVA, N. K. IX

ABSTRACT

SILVA, Nina Katia da. Extraction of vegetable oils from co-products generated in wine and

pomegranate juice production. Rio de Janeiro, 2013. Dissertation (Master in Chemical and

Biochemical Process Technology). Escola de Química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil, 2013.

Brazil has a large variety of agricultural and agro industrial residues whose processing could

be of great environmental, economic and social interest. Residues generated in fruit

processing still have restricted use as fertilizer or animal feed. Grapeseed contains on average

10% of vegetable oil while pomegranate seed contains on average 20% of oil. Both are rich in

polyunsaturated fat acids with high antioxidant capacity and proven ability in preventing

several diseases. The most used processes for seed oil extraction are pressing and solvent-

extraction (hexane). Besides hexane’s toxicity, the oil thus obtained needs several physicals

and chemicals purification steps. Ethanol has been recommended as potential substitute to

minimize environmental impacts caused by hexane. In this paper the best vegetable oil

extraction conditions from co-products of processing of wine and pomegranate juice were

investigated, aiming high antioxidant activity extract. The seeds were initially separated from

pomace by wet screening, dried in kiln at 50°C and milled in a knife mill. To facilitate the oil

extraction through pressing, grapeseed were hydrolyzed by enzymatic treatment with

cellulase. The samples were cold-pressed and the obtained oil was decanted for separation of

impurities. To define the best ethanol extraction conditions an experimental design with two

levels and three factors was used. Ethanol in the proportion of 4:1 (v:w) were used in the

extraction in bath with controlled temperature and agitation for one hour. The solution was

filtered under vacuum and the solvent was removed with cold air flow. The resultant oil mass

was calculated by gravimetry. Grapeseed oil presented an acidity value of 0.41%, and

pomegranate seed oil, 0.74%, within the required by ANVISA for refined oils. The induction

time for pomegranate seed oil was much lower (56’) than that achieved by grapeseed oil

(4h36’) indicating that this one presented bigger oxidative stability. This occurs, probably,

due to the high levels of polyunsaturated fatty acids presents in pomegranate seed oil. The

grape and pomegranate seed oils obtained by cold-pressing exhibit IC50 values of 31,441 g

am/ g DPPH e 3,600 g am/g DPPH, respectively. The major extraction efficiency by

anhydrous ethanol extraction was in the same condition for both seeds: 70°C and particle

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SILVA, N. K. X

diameter minor then 0.40 mm. Aiming to achieve major antioxidant activity, the operational

conditions recommended were obtained with hydrated ethanol (90°GL) at 70°C. At this

conditions, grape and pomegranate seed oil presented IC50 of 18.9 g s/g DPPH and 645 g /g

DPPH, respectively. The ethanol extracted grapeseed oil presented high potential to be used

as antioxidant.

Keywords: Grapeseed, pomegranate seed, vegetable oil, residues, antioxidant activity.

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SILVA, N. K. XI

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 19

2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVO 22

2.1 Justificativa 22

2.2 Objetivo geral 23

2.3 Objetivos específicos 23

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 24

3.1 Produção de frutas 24

3.1.1 Uva 26

3.1.2 Romã 30

3.2 Antioxidantes e Alimentos funcionais 32

3.2.1 Técnicas de análise de capacidade antioxidante 36

3.2.2 Compostos fenólicos 37

3.2.3 Composição em lipídeos 39

3.3 Extração de óleos vegetais 43

3.4 Enzimas 45

3.5 Análises físicas e químicas 47

3.5.1 Reologia 47

3.5.2 Acidez 48

3.5.3 Estabilidade Oxidativa 49

3.5.4 Termogravimetria 50

4 MATERIAIS E MÉTODOS 52

4.1 Matérias-primas 52

4.1.1 Uva 52

4.1.2 Romã 52

4.1.3 Reagentes e enzimas 52

4.2 Extração do óleo 54

4.2.1 Preparação das sementes 54

4.2.2 Tratamento enzimático combinado com secagem 55

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SILVA, N. K. XII

4.2.3 Prensagem 55

4.2.4 Extração com solvente 55

4.2.5 Planejamento experimental 56

4.3 Análises Físicas e químicas 58

4.3.1 Sementes 58

4.3.1.1 Umidade 58

4.3.1.2 Análise Granulométrica 58

4.3.1.3 Teor de óleo das sementes 59

4.3.2 Óleo 59

4.3.2.1 Acidez 59

4.3.2.2 Atividade antioxidante 60

4.3.2.3 Viscosidade 61

4.3.2.4 Estabilidade oxidativa 61

4.3.2.5 Análise térmica 62

4.4 Análise estatística 62

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 63

5.1 Caracterização da matéria-prima 63

5.1.1 Teor de óleo das sementes 63

5.1.2 Umidade 64

5.1.3 Granulometria 65

5.2 Processamento e Caracterização 67

5.2.1 Prensagem 67

5.2.1.1 Capacidade antioxidante (CA) 68

5.2.1.2 Viscosidade 69

5.2.1.3 Análise térmica 71

a. Óleo de semente de uva obtido por extração etanólica 71

b. Óleo de semente de uva prensado 72

c. Óleo de semente de romã obtido por extração etanólica 73

d. Óleo de semente de romã prensado 74

5.2.2 Extração com solvente (Etanol) 75

5.2.2.1 Extração do óleo de semente de uva 75

5.2.2.2 Extração do óleo de semente de romã 76

5.2.2.3 Análise estatística 82

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SILVA, N. K. XIII

a. Extração do óleo de semente de uva 82

b. Capacidade antioxidante para o óleo de semente de uva 83

c. Extração do óleo de semente romã 86

d. Capacidade antioxidante para o óleo de semente de romã 87

5.3 Análises Físico-Químicas 89

5.3.1 Acidez 89

5.3.2. Estabilidade Oxidativa 90

6 CONCLUSÃO 92

6.1 Sugestões e recomendações futuras 92

7 REFERÊNCIAS 94

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SILVA, N. K. XIV

Lista de Ilustrações

Figura 3.1 Evolução da produção brasileira de frutas entre 2004 e 2010 24

Figura 3.2 Evolução da fruticultura em área colhida, produção e produtividade,

entre 2001 e 2009 25

Figura 3.3 Produção de uvas e vinhos no Brasil no período de 2002 a 2011. 27

Figura 3.4 Estrutura química do ácido punícico 32

Figura 3.6 Produção mundial de óleos vegetais, 1975 – 2007. 43

Figura 3.7 Decomposição do peróxido 49

Figura 4.1 Diagrama de blocos simplificado do processamento da romã em escala

piloto. 53

Quadro 4.1 Variáveis do planejamento fatorial 23 composto central. 57

Figura 5.1 – Distribuição granulométrica das sementes de uva moídas. 66

Figura 5.2 – Distribuição granulométrica das sementes de romã moídas. 67

Figura 5.3- Comportamento reológico do óleo de semente de uva. 70

Figura 5.4- Comportamento reológico do óleo de semente de uva. 70

Figura 5.5 – Curva TG do óleo de semente de uva, obtido por extração etanólica,

sob atmosfera de N2. Massa da amostra 5,07 mg, vazão de gás 20 ml/min e razão

de aquecimento 10ºC/min. 72

Figura 5.6 – Curva TG do óleo de semente de uva obtido por prensagem sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 6,9 mg, vazão de gás 20 ml/min e razão de

aquecimento 10 ºC/min. 73

Figura 5.7 – Curva TG do óleo de semente de romã obtido por extração etanólica

sob atmosfera de N2. Massa da amostra 5,07 mg, vazão de gás 20 ml/min e razão

de aquecimento 10ºC/min. 74

Figura 5.8 – Curva TG do óleo de semente de romã obtido por prensagem sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 5,91 mg, vazão de gás 20ml/min e razão de

aquecimento 10ºC/min. 75

Figura 5.9 – Diagrama de Pareto da variável “eficiência de extração”. A:Teor de

água no etanol, B:temperatura e C:granulometria . 83

Figura 5.10 – Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos parâmetros no valor

de “EC50”. 85

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SILVA, N. K. XV

Figura 5.11 – Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos fatores na

“eficiência de extração”. 87

Figura 5.12.- Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos parâmetros no valor

de “EC50” 88

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SILVA, N. K. XVI

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Perfil de ácidos graxos (%) da fração lipídica do óleo da semente de

diferentes variedades de uva. 40

Tabela 3.2 Perfil de ácidos graxos saturados de óleos de sementes de romã (%,

média ± DP). 41

Tabela 3.3 Perfil de ácidos graxos insaturados de óleos de sementes de romã (%,

média ± DP). 42

Tabela 4.1 Frações da romã processada na Embrapa 54

Tabela 4.2 Tamanho de abertura do conjunto de peneiras. 59

Tabela 5.1 Teor de óleo das sementes, média ± CV, usando éter como solvente

extrator. 63

Tabela 5.2 Umidade das sementes 64

Tabela 5.3 Distribuição granulométrica das sementes de uva moídas. 65

Tabela 5.4 Distribuição granulométrica das sementes de romã moídas. 66

Tabela 5.5 Rendimento e eficiência do processo de prensagem das sementes de

uva. 68

Tabela 5.6 Resultados da CA do óleo de semente de romã e de uva prensados 69

Tabela 5.7 Viscosidade dos óleos de semente de uva e de romã. 69

Tabela 5.8 Resultados da extração do óleo de semente de uva nas condições

operacionais selecionadas: Eficiência e Atividade antioxidante. 78

Tabela 5.9 Resultados da extração do óleo de semente de romã nas condições

operacionais selecionadas: Eficiência e Atividade antioxidante. 79

Tabela 5.10 Valores da capacidade antioxidante de óleos vegetais. 81

Tabela 5.11 Índice de acidez dos óleos prensados. 89

Tabela 5.12 Período de indução dos óleos prensados. 90

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SILVA, N. K. XVII

Lista de Equações

Equação 3.1 pH 48

Equação 4.1 Teor de Umidade 58

Equação 4.2 Índice de Acidez 60

Equação 5.1 Modelo Matemático 82

Equação 5.2 Modelo Matemático 84

Equação 5.3 Modelo Matemático 86

Equação 5.4 Modelo Matemático 88

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SILVA, N. K. XVIII

Lista de Siglas

AA Atividade antioxidante

AG Ácidos graxos

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BHT Butilhidroxitolueno

CA Capacidade antioxidante

CEAGESP Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo

ChEBI The database and ontology of Chemical Entities of Biological

Interest

DHA Ácido docosahexanóico

DPPH 2,2-difenil-1- picril-hidrazil

EC50 Concentração Efetiva

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPA Ácido eicosapentaenóico

ERN Espécies reativas de nitrogênio

ERO Espécies reativas de oxigênio

ESR Electron spin resonance

ET Transferência de elétrons

HAT Transferência de átomos de hidrogênio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAF Instituto Brasileiro de Frutas

IBRAVIN Instituto Brasileiro do Vinho

ORAC Capacidade antioxidante em radicais de oxigênio

TE Tratamento enzimático

TEAC Capacidade antioxidante em equivalentes Trolox

UVIBRA União Brasileira de Vitivinicultura

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SILVA, N. K. 19

1 INTRODUÇÃO

A busca por fontes alternativas para suprir o aumento na demanda por óleos

vegetais tem revelado que a fração lipídica obtida a partir de coprodutos da

agroindústria (em particular das sementes de frutas) contém um teor importante de

ácidos graxos poliinsaturados. Estes ácidos graxos são fortemente recomendados

para suplementação da dieta, pois reduzem a incidência de doenças inflamatórias

de alto risco para a saúde humana.

Por outro lado, coprodutos agroindustriais frequentemente proporcionam

sérios problemas de poluição no solo, em águas superficiais e em águas

subterrâneas. Os resíduos destas atividades apresentam, em geral, grande

concentração de material orgânico e o seu lançamento em corpos hídricos provoca

redução na taxa de oxigênio dissolvido.

Em 2011, a produção nacional de vinhos foi de cerca de 300 milhões de litros

(UVIBRA, 2012), incluindo as variedades de uva vinífera e comum. Tal quantidade

gerou aproximadamente 80 mil toneladas de bagaço de uva, oriundo da produção de

vinhos. Normalmente, o destino do bagaço é ser utilizado como adubo na própria

cultura, mas tal quantidade de bagaço é excessiva para o campo, obrigando os

produtores a investir recursos para o descarte legalizado desse resíduo.Há projetos

para transformar o bagaço em energia através da queima de pellets (KRATZ, 2011),

considerando o uso do óleo de semente de uva na elaboração de cosméticos com

alto valor agregado, os destinos citados acima podem ser considerados

desperdícios.

O óleo de uva possui propriedades cosméticas já bem conhecidas, e nos

últimos anos tem sido estudado para utilização como ingrediente em alimentos

funcionais, devido à sua capacidade antioxidante.

Não há dados sobre a produção nacional de romã, mas a tendência aponta

para o crescimento desta cultura no país. Segundo a CEAGESP na cidade de São

Paulo, foram comercializadas em média 200 toneladas da fruta nos anos de 2001 a

2004 (JARDINI & MANCINI FILHO, 2007), mas já no ano de 2011, cerca de 380

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SILVA, N. K. 20

toneladas foram comercializadas no mesmo local (KRATZ, 2011).Esta cultura

despertou interesse dos produtores do semiárido brasileiro. A região já possui um

plantio comercial de uma variedade importada da Índia. A Embrapa Semiárido

estuda a adaptação desta cultura e a Embrapa Agroindústria de Alimentos avalia o

potencial antioxidante do suco (SANTIAGO et al, 2011).

A produção de frutos da romãzeira ainda é incipiente no Brasil, cuja produção

comercial ocorre principalmente no semiárido na região de Juazeiro/Petrolina, não

existindo ainda uma demanda para processamento de resíduos na indústria

nacional, pois os frutos são consumidos na forma fresca. Porém as fazendas

produtoras de frutas dessa região têm projetos para implantação de agroindústrias

visando o aproveitamento integral das matérias-primas. É certo que a produção de

derivados da romã também é crescente, da mesma forma que ocorre com outras

frutas, e o bagaço gerado contribuirá para ampliar os problemas ambientais

causados pela agroindústria. Estudos que visem desenvolver processos para

elaboração de produtos de romã são importantes para que se promova sua

integração a uma linha de agroindustrialização de outras frutas.

Com o crescente interesse da população por alimentos saudáveis e

funcionais, o óleo de semente de romã já é comercializado, seja em cápsulas, seja

como ingrediente em cosméticos. Pesquisas demonstram que se trata de um óleo

com elevada capacidade antioxidante, antiinflamatória e até mesmo antitumoral

(WERKMAN & GRANATO, 2008).

A extração do óleo de sementes é feita industrialmente por prensagem

seguida de uma etapa de extração com solventes orgânicos, particularmente

hexano. Devido à toxicidade desse solvente, o processo é potencialmente perigoso

para os trabalhadores e para o meio ambiente.

Por ser um solvente renovável, menos agressivo à saúde e ambientalmente

mais amigável, o etanol tem sido avaliado para extração de óleos vegetais (LIAUW

et al., 2008; FREITAS et al., 2007; CHIEM et al., 1990). Além disso, a grande

produção de etanol a partir de cana-de-açúcar no Brasil coloca o país em um lugar

de destaque na busca mundial por combustíveis renováveis. Neste trabalho

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SILVA, N. K. 21

pretende-se avaliar o potencial de resíduos agroindustriais da produção de vinho e

de suco de romã como matéria-prima para extração de óleo das sementes visando a

obtenção de produtos bioativos e seus derivados.

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SILVA, N. K. 22

2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

2.1 Justificativa

A crescente preocupação da população em obter produtos saudáveis e com

componentes bioativos, aliada a pouca praticidade do consumo de determinadas

frutas leva a um aumento na busca por produtos processados de frutas, como sucos

e outros produtos. A romã é uma das frutas com grande potencial de crescimento na

mesa do brasileiro devido ao consumo já difundido em outros países, in natura ou

processada, aliado aos benefícios já comprovados de todas as partes dessa fruta. O

processamento para extração do suco gera grande quantidade de bagaço, ainda

com grande conteúdo de compostos antioxidantes.

Uma enorme quantidade de bagaço de uva é gerada todo ano pela fabricação

de sucos e vinho. O óleo extraído da semente de uva tem conhecidas propriedades

cosméticas, e tem valor apreciado no mercado. Hoje, o bagaço de uva gerado

representa um custo para as usinas processadoras que atendem à legislação de

descarte correto dos resíduos. O reaproveitamento do bagaço, além de diminuir o

custo de produção, pode minimizar o passivo ambiental, gerar novos produtos de

elevada qualidade bioativa e aumentar a renda do produtor.

O estudo desenvolvido para os bagaços de uva e romã permitirá o projeto de

uma planta multipropósito para valorização de coprodutos da agroindústria. Esta

poderá, ainda, ser integrada à cadeia de processamento de goiaba, morango,

tomate e outras frutas cujas sementes sejam ricas em lipídeos e compostos

fenólicos.

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SILVA, N. K. 23

2.2 Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho foi utilizar os bagaços de uva e de romã,

gerados na produção de vinhos e de sucos, para extração do óleo das sementes;

visando um produto com alta atividade antioxidante.

2.3 Objetivos específicos

a) Realizar a extração de óleo das sementes de uva e romã provenientes do

bagaço por prensagem a frio;

b) Avaliação da acidez, estabilidade oxidativa e estabilidade térmica dos óleos

prensados a frio,

c) Seleção das melhores condições de extração com etanol dos óleos de semente

de uva e de romã, por meio de um delineamento experimental, de forma a

maximizar a atividade antioxidante;

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SILVA, N. K. 24

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Produção de frutas

O Brasil é um grande produtor de frutas, tanto em quantidade quanto em

diversidade. No território nacional são produzidas frutas de excelente qualidade, de

modo a suprir continuamente o mercado em todas as estações. A diversidade

climática, aliada a existência de solos férteis, tornam o Brasil um país adequado

para a produção de uma considerável variedade de frutas tropicais e subtropicais

(BARROS, 2011).

A produção nacional de frutas aumentou 19% entre 2001 e 2009 (BRASIL,

2011a) e ultrapassou 42 milhões de toneladas em 2010 (IBGE, 2011). Do total de

frutas frescas e processadas produzidas no Brasil, 31% são exportadas para

diversas partes do mundo (BRAZILIAN FRUIT, 2012).

Cerca de 53% da produção brasileira é destinada ao mercado de frutas

processadas e 47% ao mercado de frutas frescas (SOUSA, VIEIRA, & LIMA, 2011).

No caso da uva, cerca de metade da produção nacional é destinada à elaboração de

vinhos, sucos e outros derivados (IBRAVIN, 2012). As Figuras 3.1 e 3.2 mostram a

evolução apresentada pela fruticultura brasileira nos últimos anos.

Figura 3.1 Evolução da produção brasileira de frutas entre 2004 e 2010

(Dados: IBRAF/IBGE, 2012)

36,0

37,0

38,0

39,0

40,0

41,0

42,0

43,0

44,0

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Pro

du

ção

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n)

Ano

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SILVA, N. K. 25

Figura 3.2 Evolução da fruticultura em área colhida, produção e produtividade, entre

2001 e 2009 (Fonte: BRASIL, 2011a)

Frutas como a romã (Punica granatum), a maçã (Malus communis Lamk) e a

uva (Vitis vinifera) apresentam excelente potencial de estudo com ênfase na

atividade antioxidante e também no reaproveitamento de partes não consumidas,

como cascas e sementes, que se acumulam como resíduos do setor agroindustrial

brasileiro (BARROS, 2011).

No Brasil, o bagaço gerado no processamento de frutas é restrito a aplicações

como adubo, e as empresas do setor de sucos, por falta de logística e tecnologia

apropriada, pagam para a remoção do bagaço (SILVA et al 2012). Os bagaços

gerados pelo processamento de frutas ainda contêm grande quantidade de

compostos fitoterápicos de interesse comercial, como lipídeos, corantes naturais e

compostos fenólicos, e seu reaproveitamento pode aumentar a oferta de produtos

nutracêuticos no mercado, gerar maior valor agregado e reduzir os impactos

ambientais gerados pela liberação de grandes volumes de resíduos nos sistemas

agrícolas (AMENDOLA, et al.2010).

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SILVA, N. K. 26

3.1.1 Uva

A uva é uma fruta consumida desde os primórdios da civilização. Pesquisas

arqueológicas indicam que a uva já era cultivada há mais de 4000 anos a.C., e

apesar das origens das primeiras produções dos vinhos serem incertas, as

civilizações vêm aperfeiçoando-a. As pesquisas de Louis Pasteur sobre a

fermentação no século XIX possibilitaram o desenvolvimento da produção de vinhos

para o grande comércio. (STEVENSON, 1998).

A vitivinicultura no Brasil foi iniciada no século XVI, com a chegada dos

colonizadores portugueses. As primeiras variedades introduzidas no Brasil pelos

portugueses em 1535 foram de uvas finas da espécie Vitis vinifera, destinadas à

elaboração de vinhos e consumo in natura. No entanto a viticultura brasileira se

firmou comercialmente com o cultivo de uvas americanas em especial a cultivar

Isabel (Vitis labrusca) pelos imigrantes italianos em meados de 1860 (CAMARGO,

MAIA E RITCHEK, 2010).

A partir do século XX o cultivo de uvas europeias se consolidou com a

produção dos primeiros vinhos varietais e vem se expandindo geograficamente.

Graças às novas tecnologias, a partir de meados do século a cultura da uva pôde

ser levada para regiões emergentes como o Vale do São Francisco (Bahia e

Pernambuco), norte do Paraná, noroeste Paulista e norte de Minas Gerais.

Atualmente a uva no Brasil é cultivada em regiões de climas temperado, subtropical

e tropical, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina,

responsáveis por 97% da produção nacional de vinhos (FREITAS, 2007) sendo

oferecida o ano todo (CAMARGO, TONIETTO E HOFFMAN, 2011).

Em 2011, observou-se que além do aumento da safra que atingiu 1,46

milhões de toneladas o perfil de distribuição também se alterou, com 57% da safra

destinada a elaboração de vinhos, sucos e derivados, superando a safra de 2008 e

2009 (MELLO, 2012). E embora o Brasil ocupe apenas o 19° lugar mundial em área

cultivada de vinícolas,a produção de uvas, sucos e vinhos é uma atividade comercial

importante para as regiões Sul e Nordeste (GUERRA, et al, 2009). O Rio Grande do

Sul é o principal estado produtor de derivados da uva, sendo responsável por cerca

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SILVA, N. K. 27

de 90% da produção nacional, quando se somam vinhos e suco (IBRAVIN, 2011). A

Figura 3.3 ilustra a produção de uvas e vinhos no Brasil nos últimos 10 anos.

Figura 3.3 Produção de uvas e vinhos no Brasil no período de 2002 a 2011. Fonte:

UVIBRA (2012)

A uva utilizada para produção de vinhos fornece um rendimento máximo de

80% em líquido. Portanto, cerca de 20% em peso da uva utilizada para produção de

vinhos se transforma em bagaço (sementes e cascas). Se forem levadas em conta

as etapas intermediárias do processo gera-se, adicionalmente, 5% em borras,

tartaratos e outros sólidos, oriundos, principalmente, das etapas de filtração. Pode-

se inferir a partir desses valores que 1 kg de uva produz 750 mL de vinho

(Comunicação oral de Raul Luiz Ben – EMBRAPA Uva e Vinho, 2012).

Com a produção de vinhos em larga escala, produtores e indústrias da área

vinícola enfrentam o problema de descarte da biomassa residual da fermentação

alcoólica (FREITAS, 2007). Da produção total de uvas, cerca de 45% é destinada ao

processamento e 55% é comercializado para consumo direto. As indústrias vinícolas

brasileiras utilizam principalmente a variedade Isabel (híbrida) para a fabricação de

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Pro

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ção

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il L

ou

mil

kg)

Vinhos

Uvas

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SILVA, N. K. 28

vinhos considerados comuns e as variedades Chardonay e Sauvignon, para vinhos

considerados nobres (FREITAS, 2007).

A indústria vinícola produz um resíduo de biomassa basicamente composto

por cascas, sementes e engaço (hastes de uvas) (DIAS, 2002). Devido à lenta

biodegradabilidade das sementes, este não é o material mais indicado para

adubação do solo, visto que não propicia a conversão total da matéria orgânica de

uma safra para outra. Além disso, o alto teor de fibras torna inviável o uso deste

resíduo para elaboração de ração animal em grande escala (DIAS, 2002).

A quantidade de sementes presente na uva (fruto) pode variar entre uma e

quatro. Uvas com maior número de sementes apresentam maior peso, menor teor

de açúcar e maior acidez. As sementes representam de 2 a 5% do peso da uva e

contêm cerca de 10 a 20% de óleo comestível considerado de boa qualidade. De

100 kg de resíduo úmido produzido pela indústria, são obtidos cerca de 10 a 12 kg

de sementes (OLIVEIRA, ECHEVENGUÁ, MESSIAS, 2003).

O óleo de semente de uva já é industrializado na Europa (variedade Vitis

vinífera) e é conhecido por ter em sua constituição um alto teor de ácidos graxos

insaturados, principalmente linoléico e oléico, além de apresentar atividade

antioxidante já comprovada (FREITAS, 2007). O óleo de semente de uva possui um

alto valor agregado e é amplamente utilizado nas indústrias químicas, farmacêutica

e de cosméticos, devido a uma série de propriedades profiláticas e terapêuticas

(DIAS, 2002).

O óleo de semente de uva apesar de ter uma composição média de 10% de

ácidos graxos saturados e 90% de ácidos graxos poli e monoinsaturados, em

especial o linoleico (58 a 78%) e o oleico (3 a 15%), apresenta um ponto de fumaça

elevado (190-230 ºC) o que permite seu uso também sob altas temperaturas

(MORIN, 1996 apud BAIL et al., 2008).

Desde 1930 o óleo de semente de uva é usado na Europa como óleo

comestível. Alemanha, França e Itália foram os primeiros países a beneficiarem a

semente de uva, enquanto que, na América do Sul, Argentina e Chile foram os

pioneiros (ROCKENBACH et al, 2010). Devido às suas excepcionais qualidades,

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SILVA, N. K. 29

este óleo pode substituir praticamente todos os óleos vegetais tradicionalmente

consumidos crus (oliva, soja, etc.), com a vantagem de apresentar alto teor de

vitamina E e insaponificáveis que inibem os processos oxidativos, e maior

digestibilidade (97,2%) se comparado ao óleo de soja (95%) (DIAS, 2002).

O óleo de semente de uva é rico em ácidos graxos poliinsaturados, em

especial o linoleico, que pode estar presente em até 60% (ROCKENBACH et al

2010). Compostos fenólicos de interesse biológico, como proantocianidinas e

taninos também são encontrados nas sementes de uva (VENDUSCULO, 2002).

Estes compostos apresentam como principais atividades farmacológicas a ação

antimicrobiana (MARASCHIN, 2002), a prevenção do estresse oxidativo celular

(JAYAPRAKASHA, 2001; TEBIB, 1997), o combate aos radicais livres

(ROYCHOWDHURY, 2001) e os efeitos antitumoral (JAYAPRAKASHA, 2001) e

cardioprotetor (SATO, 2001;1999).

A distribuição média dos compostos fenólicos na uva é de 84% na semente,

15% na casca e 1% na polpa, com predomínio dos taninos condensados nas

sementes e ácidos e outros flavonóides na casca (Pastrana-Bonilla, et al. 2003).

Brazinha e Crespo (2010) afirmam que o resíduo proveniente do processamento da

uva pode alcançar altos preços quando usado como aditivos nutricionais, com

grande interesse nos compostos fenólicos, principalmente flavonóides nas cascas e

sementes; ou ainda, como matéria prima na indústria cosmética. Corroborando com

os referidos autores verifica-se que a maioria dos estudos com o bagaço de uva está

sendo direcionada à recuperação dos compostos fenólicos que por apresentarem

atividade antioxidante, vem despertando o interesse pelas possíveis propriedades

biológicas e tecnológicas como ingredientes funcionais ou aditivos naturais, etc.

Segundo Gergova et al. (1993), a parede celular da semente de uva é

constituída de 30% de celulose e 49% de lignina. Esta elevada proporção de lignina

na semente dificulta a extração do óleo por processos mecânicos e ainda é um

desafio para a viabilização técnica e econômica do processo em escala comercial.

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SILVA, N. K. 30

3.1.2 Romã

A romã (Punica granatum Linn) é uma planta da família das Punicaceae. É

originária do nordeste da Índia e mundialmente cultivada nas regiões de clima

tropical e subtropical (SOUSA et al. 1991). O fruto da Romã é considerado como

símbolo da vida, longevidade, saúde, feminilidade, fecundidade, conhecimento,

moralidade e imortalidade, espiritualidade, e até da divindade (MAHDIHASSAN,

1984).

Os frutos da romãzeira são do tipo baga, globóides, medindo até 12 cm, com

numerosas sementes envolvidas por um arilo róseo, contendo um líquido adocicado.

Romãzeiras têm sido cultivadas e naturalizadas por toda a região do Mediterrâneo.

É mundialmente cultivada em plantações comerciais, inclusive no Brasil (LORENZI &

MATOS, 2008). É um dos frutos de maior importância comercial no Irã (maior

produtor mundial) e sua produção total em 2003 foi de 665 mil toneladas (FADAVI,

2005). Na Tunisia, a romã é cultivada tradicionalmente desde tempos antigos sob as

mais diversas condições climáticas. A romã é bem conhecida na região costeira e

em muitas regiões no interior do país.

O fruto é composto por, aproximadamente, 3% de semente, 30% de polpa e

67% de casca. O início do uso medicinal da romã tem data imprecisa, porém, um

texto escrito há 800 anos intitulado The Book of the Pomegranate (O Livro da Romã)

associa esta fruta ao aspecto feminino da criação. A romã apresenta características

ligadas a tradições e rituais em culturas como judaísmo, cristianismo, budismo e

outras. Na índia, a romã é usada no tratamento do diabete mellitus (BARROS,

2011). No Brasil, a casca de romã é popularmente utilizada no tratamento de

inflamações bucais e da garganta.

A produção nacional de romã apresenta crescimento ascendente,

principalmente no semi-árido. As plantações comerciais incentivadas tem como

metainserir esta fruta no mercado nacional visando, principalmente, a extração de

compostos nutracêuticos e elaboração de novos produtos com alta atividade

antioxidante, a partir do aproveitamento integral do fruto (EMBRAPA, 2011).

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SILVA, N. K. 31

O fruto contém, entre os seus princípios ativos, tanino em grande quantidade

(em torno de 22% a 25% de ácido punicotânico). Seus alcalóides possuem

propriedades digestiva, espasmolítica, anti-diarréica e anti-helmíntica, possuindo

ação tóxica específica contra a tênia. Por conterem moléculas ricas em corantes,

podem ser úteis no tingimento de tecidos (HOLETZ et al., 2002).

Um estudo realizado pelo RENISUS – Relação Nacional de Plantas

Medicinais, divulgada pelo Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

do Ministério da Saúde teve como objetivos orientar a elaboração de uma relação de

fitoterápicos disponíveis para o uso da população, com segurança e eficácia para o

tratamento de determinadas doenças. Neste estudo, foram listadas 71 espécies de

plantas medicinais e dentre elas, encontra-se a romã, Punica granatum (ELFALLEH

et al., 2011).

Kýralan, Gölükcü & Tokgöz (2009) avaliaram 11 variedades de romã

cultivadas na Turquia e colhidas na primavera. Eles encontraram teores de óleo na

semente entre 14 e 25%, dependendo da variedade. Encontraram ainda, 11

diferentes ácidos graxos em todas as amostras.

O óleo da semente de romã possui alta atividade antioxidante e é

caracterizado pelo elevado teor de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o

punícico, e ainda os ácidos linolênico, linoleico, oleico, esteárico e palmítico

(OZGUL-YUCEL, 2005; FADAFI et al., 2005). Dados reportados por Viuda-Martoset

al. (2010) indicaram que o ácido punícico possui propriedades antiinflamatórias e

antitumorais. Assim, o óleo da semente de romã tem grande potencial para ser

utilizado como ingrediente na formulação de alimentos funcionais e na indústria

farmacêutica (SILVA et al., 2012).

O óleo de semente de romã foi pesquisado e sugerido por Caligiani et al.

(2010) como uma fonte alimentar de valor nutracêutico no metabolismo do

colesterol. Este óleo contém cerca de 80% de um ácido graxo trans-18-carbono, raro

e conhecido por ácido punícico (ABBASI et al, 2008), de nomenclatura IUPAC ácido

(9Z,11E,13Z)-octadeca-9,11,13-trienóico, de fórmula química C18H30O2 (ChEBI,

2011).

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SILVA, N. K. 32

A Figura 3.4 ilustra a estrutura química do ácido punícico.

Figura 3.4 Estrutura química do ácido punícico. Fonte: ChEBI, 2011.

Recentemente, tem havido um aumento no uso de extratos do fruto da

romãzeira como ingredientes botânicos em medicamentos herbais e suplementos

alimentares. O conteúdo de antocianinas e taninos na casca de romã é maior que no

suco e no óleo (ELFALLEH et al., 2011).

Conforme estudos realizados por Lorenzi & Matos (2008) a análise

fotoquímica da romãzeira registra a presença de até 28% de taninos gálicos na

casca do caule e dos frutos e, em menor quantidade, nas folhas. A capacidade

antioxidante e o perfil lipídico da romã foram determinados por Pande & Akoh(2009).

Os resultados mostraram que a casca contém maior teor de taninos hidrolisáveis.

Em geral, a capacidade antioxidante foi encontrada em folhas, seguido da casca,

polpa e sementes.

3.2 Antioxidantes e Alimentos funcionais

A vida em aerobiose se caracteriza pela contínua produção de espécies

reativas de oxigênio (EROs), que é contrabalanceada pela contínua produção de

defesas antioxidantes. Assim, em condições fisiológicas, o balanço entre agentes

pró-oxidantes e as defesas antioxidantes se mantém equilibrado (BELLÓ-KLEIN,

2002).

Frequentemente refere-se aos antioxidantes como compostos não nutritivos

produzidos pelas plantas como um meio de proteção contra diversos patógenos e

radiação ultravioleta (ELFALLEH et al., 2011).

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SILVA, N. K. 33

Os antioxidantes atuam em diferentes níveis na produção dos organismos,

impedindo a formação dos radicais livres, pela inibição das reações em cadeia;

interceptando aqueles radicais gerados por fontes endógenas ou exógenas;

impedindo a ação sobre os lipídeos, as proteínas e as cadeias do DNA, evitando

perda da integridade celular ou reparando as lesões causadas pelos próprios

radicais livres (GARCIA-ALONSO et al., 2004).

A produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), de nitrogênio (ERN),

entre outras espécies reativas, é parte integrante do metabolismo humano e é

observada em diversas condições fisiológicas. O estresse oxidativo resulta do

desequilíbrio entre o sistema pró e antioxidante com predomínio dos oxidantes, com

consequente dano ao organismo. (VASCONCELOS, 2007).

O equilíbrio das espécies reativas no organismo pode ser controlado pela

ação de enzimas endógenas de ação antioxidante (superóxido- dismutase, catalase

e glutationa peroxidase) e também por antioxidantes de origem externa provenientes

da alimentação, como as vitaminas A, C e E e os compostos fenólicos (JARDINI,

2010).

Há fatores de diversas ordens associados ao estresse oxidativo, tais como:

hábitos de vida considerados inapropriados (consumo de álcool, tabagismo, dieta

inadequada, exercício físico realizado de forma extrema e exposição à radiação não

ionizante ultravioleta e outras ondas curtas); condições ambientais impróprias

(temperatura elevada e poluição ambiental, domiciliar e ocupacional);

envelhecimento e estados psicológicos que provoquem estresse emocional. Há

também patologias crônicas (diabetes mellitus, hipertensão arterial, câncer, entre

outras) e patologias degenerativas (Mal de Alzheimer e Mal de Parkinson)

associadas ao estresse oxidativo (OLIVEIRA & VALENTIM, 2009).

Existem evidencias crescentes de que o estresse oxidativo desempenha um

importante papel em varias condições clinicas. De um modo geral, danos tissulares

podem ser causados por espécies reativas e/ou resultar de um acúmulo delas. Em

alguns casos as ERO e ERN podem apresentar uma contribuição significativa, em

outros casos, não (SALVADOR, 2004, p. 26).

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SILVA, N. K. 34

Os efeitos deletérios causados pelo acúmulo de espécies reativas de oxigênio

podem ser minimizados através da ação de compostos redutores. “Antioxidantes” é

o nome dado a um grupo amplo de substancias que possuem a habilidade de

neutralizar radicais livres pela doação de seus próprios elétrons. Eles agem como

protetores, ajudando a prevenir danos nas células e tecidos (PACKER, Chapter 1,

2005).

Quando se trata de antioxidantes de baixo peso molecular, entre os mais

estudados incluem-se algumas vitaminas (C, E e A), outros produtos naturais (ex.:

carotenoides, flavonoides, outros polifenóis, furanóides e tióis) e produtos sintéticos

(ex.: Ebselen, N-acetilcisteína e Trolox) (OLIVEIRA & VALENTIM, 2009).

Como aditivo alimentar, a função específica do antioxidante é retardar ou

impedir a deterioração dos alimentos, notadamente óleos e gorduras, evitando a

formação de “ranço”, ou rancidez, por processo de oxidação (GAVA, 1984, p. 263).

“Oxidação lipídica” é o termo geral utilizado para descrever uma sequência

complexa de alterações químicas resultantes da interação de lipídeos com oxigênio.

Os triacilgliceróis e os fosfolipídeos tem pouca volatilidade e, portanto, não

contribuem de forma direta para o aroma dos alimentos. Durante reações de

oxidação de lipídeos, os ácidos graxos esterificados em triacilgliceróis e fosfolipídeos

decompõem-se, formando moléculas pequenas e muito voláteis que produzem os

aromas indesejados conhecidos como rancidez oxidativa. A parte central das

reações de oxidação lipídicas são as espécies moleculares conhecidas como

radicais livres (DAMODARAN, PARKIN, FENNEMA, 2008, p. 156).

Os testes expressando potencial antioxidante podem ser categorizados em

dois grupos: ensaios para detecção de radicais livres e ensaios que testam a

habilidade em inibir a oxidação lipídica sob condições aceleradas. Assim, o modelo

para detecção estável de radicais livres é amplamente utilizado para estimar as

propriedades antioxidantes em um tempo relativamente curto com alta

confiabilidade, quando comparado a outros métodos. Dados reportados sobre

detecção de radicais livres em óleos vegetais são muito escassos. (RAMADAN,

MOERSEL, 2006).

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SILVA, N. K. 35

Nos alimentos vegetais não processados os antioxidantes estão presentes

naturalmente, conferindo-lhes proteção contra o estresse oxidativo. Os antioxidantes

presentes nos vegetais exercem efeitos benéficos aos organismos como a

capacidade de sequestrar os radicais livres (PRADO, 2009).

Bons hábitos alimentares podem ajudar a prevenir diversas doenças

potencialmente fatais. Porém a maioria das pessoas tem dificuldades de se

alimentar de forma saudável. Com isso, nas últimas décadas, a indústria alimentícia

vem buscando incorporar substâncias com atividades bioativas em produtos

industrializados, mais práticos para o consumo, sem perder o valor nutritivo de seus

alimentos, atendendo à demanda do novo mercado.

Uma ampla gama de suplementos dietéticos, antioxidantes e provitaminas

derivados de plantas que auxiliam na manutenção da saúde e combatem doenças

são agora descritos como alimentos funcionais, nutricêuticos e nutracêuticos

(ELFALLEH et al., 2011).

Os termos “alimentos funcionais” e “nutracêuticos” têm sido considerados

sinônimos, porém há diferenças. Os alimentos funcionais devem ser comercializados

na forma de alimento comum, serem consumidos como parte da dieta e produzir

benefícios específicos à saúde, como a diminuição do risco de diversas doenças e

manutenção do bem estar físico e mental (MORAES& COLLA, 2007). Segundo a

Portaria nº 398, de 30/04/1999, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da

Saúde (BRASIL, 1999a), “alimento funcional é todo aquele alimento ou ingrediente

que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido na dieta usual,

produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde, devendo ser

seguro para consumo sem supervisão médica”. Estabelece ainda que “Não são

permitidas alegações de saúde que façam referência à cura ou prevenção de

doenças”.

A ANVISA estabelece, na Resolução RDC n° 48, de 16/03/2004 (BRASIL,

2004), que fitoterápico é o “medicamento obtido empregando-se exclusivamente

matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e

dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua

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SILVA, N. K. 36

qualidade”. Já o termo nutracêutico define uma ampla variedade de alimentos e

componentes alimentícios com apelos médico ou de saúde. Tais produtos podem

abranger nutrientes isolados, suplementos dietéticos e dietas para alimentos

geneticamente planejados, alimentos funcionais, produtos herbais e alimentos

processados tais como cereais, sopas e bebidas (KWAK & JUKES, 2001).

3.2.1 Técnicas de análise de capacidade antioxidante

Um grande problema relacionado às ERO e ERN é a dificuldade de suas

medições in vivo. A única técnica que permite a detecção de radicais livres

diretamente é a electron spin resonance (ESR) (SALVADOR & HENRIQUES, 2004,

p. 25). Tal método apresenta diversas desvantagens, e métodos indiretos são mais

utilizados em estudos in vitro.

Numerosos estudos in vitro tem sido conduzidos para avaliação da

capacidade antioxidante total de produtos alimentícios. Até agora, entretanto, não

há método oficial padronizado, e assim é recomendado que cada avaliação deva ser

feita com várias condições de oxidação e diferentes métodos de medidas (FRANKEL

& MEYER, 2000). Os métodos para medidas da capacidade antioxidante podem ser

divididos em dois grupos, de acordo com o mecanismo de reação: métodos

baseados na transferência de átomos de hidrogênio (HAT) e métodos baseados na

transferência de elétrons (ET) (HUANG et al., 2005).

A maioria dos ensaios baseados em HAT utilizam a competição entre

antioxidante e substrato pelos radicais peroxil gerados termicamente pela

decomposição de azo-compostos. Ensaios baseados em ET medem a capacidade

do antioxidante em reduzir um oxidante, que muda de cor quando reduzido. A

variação da cor é correlacionada com concentrações de antioxidante da amostra

(ZULUETA et al., 2009).

Sánchez-Moreno, (2002) afirma que os métodos para determinar a atividade

antioxidante podem ser baseados na captura do radical peroxila (ORAC, TRAP),

poder de redução do metal (FRAP; CUPRAC), captura do radical hidroxila (método

de desoxirribose), captura do radical orgânico (ABTS, DPPH), quantificação de

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SILVA, N. K. 37

produtos formados durante a peroxidação de lipídios (TBARS, oxidação do LDL, co-

oxidação do β-caroteno).

Ensaios da capacidade antioxidante em equivalentes Trolox (TEAC), ORAC,

ABTS, FRAP e DPPH são os mais populares atualmente (PÉREZ-JIMÉNEZ e

SAURA-CALIXTO, 2006; SÁNCHEZ-MORENO, 2002). O método DPPH é o mais

recomendado para determinação de atividade antioxidante em óleos vegetais.

3.2.2 Compostos fenólicos

Compostos polifenólicos são substâncias bioativas amplamente distribuídas

no reino vegetal. São essenciais para o crescimento e reprodução das plantas, e são

produzidos como uma resposta para defesa das plantas contra patógenos e

estresse em geral. Quimicamente, são compostos com anéis aromáticos ligados a

um ou mais grupos hidroxila. Eles são um grupo importante com numerosas

substâncias. Incluem compostos simples, como ácidos fenólicos e também

moléculas mais complexas como taninos hidrolisados e condensados (YORDI et al.,

2012).

A atividade biológica dos polifenóis está bastante estudada. Estes compostos

apresentam atividade antioxidante, anticarcinogênica, antiaterogênica,

cardiopreventiva, antimicrobiana, antiviral, neuroprotetora e antiinflamatória (MAG,

1995, cap. 4).

A atividade antioxidante de compostos fenólicos se deve principalmente à

suas propriedades redox que o transformam em agentes redutores, doadores de

hidrogênio, supressores de oxigênio singlete, e ainda pode apresentar um potencial

quelante metálico. Além disso, o sinergismo entre os antioxidantes na mistura

tornam a atividade antioxidante não apenas dependente da concentração, mas

também da estrutura e da interação entre estes compostos (ELFALLEH et al., 2011).

Dentre os compostos fenólicos de origem natural destacam-se os flavonóides

e os ácidos fenólicos, e a classificação ocorre de acordo com as suas estruturas

químicas (KARAKAYA, 2004). Ácidos fenólicos são amplamente distribuídos no

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SILVA, N. K. 38

reino vegetal. Eles normalmente aparecem como ésteres de ácidos orgânicos ou

glicosídeos (YANISHLIEVA-MASLAROVA, Chapter 3, 2001).

O vinho tinto é rico em compostos fenólicos variados, com propriedades

antioxidantes e antiinflamatórias. Tais compostos também estão presentes nos

resíduos. O composto mais estudado é o resveratrol, o qual tem sido associado à

redução do risco de doenças cardiovasculares, degeneração macular, esteatose

hepática e câncer de mama.

O ácido gálico está presente na uva e nos vinhos, e alguns estudos mostram

que ésteres deste ácido tem a capacidade de destruir células tumorais em animais,

via indução de processo apoptótico (SAEKI, 2000; OHNO, 1999).

Os polifenóis da romã incluem flavonoides (flavonóis, flavanóis, antocianinas),

taninos condensados (proantocianidinas) e taninos hidrolizáveis (ellagitaninos e

galotaninos). Outros compostos identificados na romã são ácidos fenólicos e ácidos

orgânicos, esteróis e triterpenóides, ácidos graxos, triglicerídeos e

alkalóides(ELFALLEH et al., 2011). Também foram identificadas quantidades

consideráveis de flavonoides no suco fermentado e no óleo da romã (PEREIRA,

VIDAL & CONSTANT, 2009).Em especial, isômeros de punicalagina e seus

derivados, ácidos elágico, galágico e punicalina contribuem com até 90% do total da

atividade antioxidante do suco de romã. Além disso, ácidos orgânicos, proteínas e

minerais também podem contribuir para essa atividade, seja de forma particular ou

sinergética. Além da atividade antioxidante, a punicalagina possui efeitos anti-

inflamatório e antiproliferativo (BARROS, 2011).

Compostos bioativos da romã, como os isômeros de punicalagina (potente

antioxidante), quando metabolizados estão associados ao aumento de ácido elágico.

Esta informação sugere que a estocagem de suco enriquecido com extrato etanólico

liofilizado de casca de romã pode apresentar atividade antioxidante crescente,

durante tempo limitado. O ácido elágico é metabolizado pela microflora humana e

contribui para benefícios à saúde como composto antioxidante. Apresenta

biodisponibilidade e natureza não tóxica quando consumido em alimentos

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SILVA, N. K. 39

processados, a exemplo de suco de romã. A punicalagina se destaca como uma

promissora molécula multifuncional (GONZÁLEZ-MOLINA et al. 2009).

A demanda de lipídeos e antioxidantes naturais com aplicações em escala

industrial continua a crescer. Misturas de óleos tem sido uma prática comum e

permitida em diversos países. Misturar diferentes tipos de óleos vegetais pode

aumentar os níveis de lipídeos nutracêuticos e antioxidantes naturais nas misturas e

elaborar um produto de melhor qualidade, podendo-se atingir propriedades físico-

químicas de interesse comercial (RAMADAN & WAHDAN, 2012).

3.2.3 Composição em lipídeos

A maioria dos óleos vegetais alimentares, como de soja ou canola, é

composto majoritariamente por cinco ácidos graxos (AG): palmítico, esteárico,

oleico, linoleico e linolênico (MCKEON, 2005). Nas últimas décadas, a indústria

alimentícia vem reduzindo o uso de gorduras parcialmente hidrogenadas na

formulação de alimentos. A Organização Mundial da Saúde recomenda evitar ou

limitar o uso dos ácidos graxos saturados, láurico (C12:0) e mirístico (C14:0), e de

seus isômeros trans. Por outro lado, os ácidos graxos insaturados, especialmente o

oleico (C18:1) são indicados na dieta humana para suprimento de gorduras; o

linoleico (C18:2) é considerado essencial e o linolênico (C18:3) é um precursor de

EPA/DHA (ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexanóico), que são essenciais

no organismo (não sintetizados no metabolismo humano). Estas considerações

colocam restrições importantesna escolha de óleos e gorduras que devem ser

utilizados para elaborar produtos comestíveis (MAG, 1995). Diante do exposto, os

óleos de sementes de uva e de romã são fontes valiosas de gordura dietética.

Rockenbach et al (2010) estudaram o perfil de ácidos graxos do óleo de

semente de diferentes variedades de uva, separadas de bagaços de vinificação. Os

resultados obtidos indicaram alto teor de ácido linoleico (entre 47,6 e 60,0%), sem

diferença significativa entre as variedades avaliadas, exceto entre as variedades

Merlot e Cabernet Sauvignon. Os resultados são mostrados na Tabela 3.1.

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SILVA, N. K. 40

Tabela 3.1 Perfil de ácidos graxos (%) da fração lipídica do óleo da semente de diferentes variedades de uva.

Ácidos Graxos Ancelota Tannat Regente PinotNoir C14:0 (Mirístico) 0,11±(0,02)a 0,15±(0,00)b 0,14±(0,00)b 0,18±(0,01)c C16:0 (Palmítico) 6,17±(1,10)a 6,62±(0,07)a,b 6,91±(0,09)a,b,c 7,04±(0,75)a,b,c C16:1 (Palmitoleico) 0,17±(0,03)a ,21±(0,00)b 0,22±(0,00)b,c 0,34±(0,04)e C18:0 (Esteárico) 3,43±(0,61)a,b 4,08±(0,03)b 3,51±(0,05)a,b 3,05±(0,32)a C18:1 (Elaídico) 0,71±(0,12)a,b,c 0,72±(0,01)a,b,c 0,73±(0,01)a,b,c 0,85±(0,09)c,d C18:1 (Oleico) 9,48±(1,70)a 12,53±(0,14)b 11,84±(0,16)b 13,33±(1,40)b C18:2 (Linoleico) 57,65±(10,27)a,b 59,35±(0,66)a,b 51,47±(0,86)a,b 58,09±(5,90)a,b C20:0 (Araquídico) 0,35±(0,06)a 0,37±(0,04)a 0,51±(0,01)c 0,40±(0,04)a,b C20:1 (Gondoico) 0,16±(0,03)a 0,20±(0,02)a 0,19±(0,03)a 0,20±(0,05)a C18:3 (α-linolenico) 1,13±(0,20)a,b 0,99±(0,00)a 1,26±(0,04)b,c 0,94±(0,08)a C22;0 (Beênico) 0,28±(0,05)a 0,27±(0,01)a 0,60±(0,01)d 0,43±(0,03)b,c C24:0 (Lignocérico) 0,26±(0,05)a,b 0,20±(0,06)a 0,62±(0,06)a 0,35±(0,07)b,d C24:1 (Nervônico) 0,22±(0,04)b 0,11±(0,00)a 0,31±(0,01)c 0,22±(0,01)b Totais: Saturados 10,60 11,69 12,29 11,45 Monoinsaturados 10,74 13,77 13,29 14,94 Poli-insaturados 58,78 60,34 52,73 59,03 Insaturados 69,52 74,11 66,02 73,97

Ácidos Graxos Bordô Merlot Isabel Cabernet Sauvignon C14:0 (Mirístico) 0,19±(0,00)c nd 0,19±(0,01)c 0,41±(0,01)d C16:0 (Palmítico) 8,24±(0,11)c,d 6,75±(0,14)a,b 7,86±(0,07)b,c,d 8,46±(0,01)d C16:1 (Palmitoleico) 0,30±(0,01)d,e nd 0,26±(0,01)c,d 0,57±(0,01)f C18:0 (Esteárico) 3,34±(0,05)a 3,39±(0,07)a,b 2,89±(0,02)a 3,43±(0,01)a,b C18:1 (Elaídico) 0,91±(0,01)d 0,69±(0,01)a,b 0,82±(0,01)b,c,d 0,64±(0,01)a C18:1 (Oleico) 16,81±(0,17)c 11,36±(0,23)a,b 13,07±(0,08)b 11,68±(0,04)a,b C18:2 (Linoleico) 57,23±(0,66)a,b 60,02±(1,18)b 49,77±(0,25)a,b 47,63±(0,18)a C20:0 (Araquídico) 0,49±(0,01)c 0,61±(0,01)d 0,46±(0,01)b,c 0,39±(0,00)a,b C20:1 (Gondoico) 0,21±(0,01)a 0,17±(0,01)a 0,15±(0,01)a nd C18:3 (α-linolenico) 1,66±(0,02)d 1,42±(0,03)c 1,76±(0,01)d 1,67±(0,06)d C22;0 (Beênico) 0,37±(0,01)b 0,49±(0,03)c 0,45±(0,01)c 0,47±(0,01)c C24:0 (Lignocérico) 0,24±(0,01)a,b 0,42±(0,0,2)c,d 0,28±(0,01)a,b 0,52±(0,02)d,e C24:1 (Nervônico) nd 0,22±(0,02)b nd 0,32±(0,01)c Totais: Saturados 12,87 11,66 12,13 13,68 Monoinsaturados 18,23 12,44 14,30 13,21 Poli-insaturados 58,89 61,44 51,53 49,30 Insaturados 77,12 73,88 65,83 62,51

Médias das amostas analisadas em triplicata com desvio padrão entre parênteses. Médias com letras diferentes na mesma linha significam diferenças estatisticamente significativas )p<0,05). nd = não detectado.

Fonte: Rockenbach et al (2010).

Kýralan et al (2009) estudaram o perfil de ácidos graxos saturados e

insaturados de 11 variedades de romã cultivadas na Turquia. Encontraram 11

diferentes ácidos graxos em todas as variedades. O ácido punícico foi o principal,

atingindo proporções maiores que 70%, com diferenças significativas entre as

cultivares. As tabelas 3.2 e 3.3 mostram os resultados obtidos por Kýralan et al.

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SILVA, N. K. 41

Tabela 3.2 Perfil de ácidos graxos saturados de óleos de sementes de romã (%,

média ± DP)

Cultivares Palmítico (C16:0) Esteárico (C18:0) Araquidico (C20:0) Beênico (C22:0)

Fellahyemez 2,77±0,03ª 1,52±0,00g 0,35±0,01

bc 0,21±0,01

abc

Katirbaşш 2,36±0,01gh

1,72±0,01c 0,44±0,06

ab 0,18±0,01

abcd

Ekşilik 2,72±0,01b 1,76±0,01

b 0,33±0,01

c 0,17±0,01

bcd

Hicaznar 2,25±0,01j 1,59±0,01

e 0,40±0,02

abc 0,18±0,01

bcd

Ízmir-1264 2,34±0,01hi

1,63±0,00d 0,42±0,00

abc 0,16±0,01

d

Ízmir-1499 2,54±0,01e 2,01±0,01ª 0,43±0,01

abc 0,22±0,01ª

Ízmir-1513 2,39±0,03g 1,63±0,01

d 0,39±0,00

abc 0,18±0,0

abcd

Erdemli 2,60±0,00d 1,60±0,01

i 0,39±0,01

abc 0,21±0,00

ab

Ízmir-23 2,54±0,00e 1,56±0,01

f 0,42±0,00

abc 0,19±0,00

abcd

Ízmir-26 2,49±0,01f 1,51±0,01

g 0,38±0,01

bc 0,18±0,00

abcd

Ernar 2,65±0,02c 1,52±0,01

g 0,48±0,08ª 0,19±0,02

abcd

Lefan 2,33±0,01hi

1,52±0,01g 0,36±0,01

bc 0,18±0,00

abcd

Silifke 2,35±0,01gh

1,49±0,01h 0,36±0,01

bc 0,17±0,01

bcd

EkşiGöknar 2,30±0,01i 1,53±0,01

g 0,37±0,01

bc 0,17±0,00

bcd

Mayhoş IV 2,10±0,02k 1,35±0,00

i 0,39±0,01

abc 0,16±0,00

cd

Diferentes letras na mesma coluna indicam diferença significativa entre valores ao nível de p < 0,05

Fonte: Kýralanet al (2009)

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SILVA, N. K. 42

Tabela 3.3 Perfil de ácidos graxos insaturados de óleos de sementes de romã (%,

média ± DP)

Cultivares Oleico (C18:1)

Linoleico (C18:2)

α-eleostesteárico

(9c,11t,13t-18:3)

β-eleostesteárico

(9t,11t,13t-18:3)

Catálpico

(9t,11t,13c-18:3)

Punícico

(9c,11t,13c-18:3)

Gadoleico

(C20:1)

Fellahyemez 4,87±0,01abc 5,27±0,04ª 6,72±0,50ab 1,35±0,13ª 4,40±0,56ª 70,83±1,17c 0,42±0,00g

Katirbaşш 4,92±0,01ab 5,21±0,04ª 5,94±0,03b 1,00±0,01bcde 3,26±0,02bc 73,38±0,06b 0,56±0,03ef

Ekşilik 4,36±0,36de 4,61±0,01bc 6,04±0,08b 0,73±0,00f 3,06±0,08c 74,69±0,34ab 0,57±0,03ef

Hicaznar 4,09±0,04ef 4,22±0,01h 6,10±0,00ab 1,07±0,04bcde 3,39±0,00bc 74,97±0,05ab 0,71±0,03ab

Ízmir-1264 4,46±0,16cde 4,41±0,05ef 6,21±0,07ab 0,96±0,01cde 3,34±0,03bc 74,38±0,10b 0,69±0,01abc

Ízmir-1499 5,28±0,02ª 5,26±0,04ª 6,85±0,64ª 1,23±0,19ab 3,84±0,50ab 70,42±1,38c 0,69±0,01abc

Ízmir-1513 4,54±0,31bcd 4,40±0,05efg 6,20±0,15ab 1,16±0,04abc 3,63±0,12bc 73,76±0,12b 0,68±0,00b

Erdemli 3,79±0,05fg 3,96±0,01ª 6,64±0,26ab 1,13±0,02abcd 3,58±0,14bc 74,79±0,49ab 0,53±0,01f

Ízmir-23 3,78±0,07fg 4,70±0,04b 6,28±0,00ab 0,91±0,02def 3,12±0,01c 74,84±0,08ab 0,62±0,01de

Ízmir-26 3,51±0,05gh 4,53±0,04cd 6,48±0,00ab 1,00±0,04bcde 3,25±0,00bc 74,88±0,08 ab 0,62±0,01 de

Ernar 3,46±0,02h 4,28±0,06gh 6,36±0,11 ab 1,16±0,01abc 3,46±0,07bc 74,91±0,14 ab 0,51±0,01f

Lefan 4,46±0,03cde 4,45±0,03de 6,44±0,09 ab 0,86±0,02ef 3,18±0,07bc 74,56±0,21 ab 0,64±0,01cd

Silifke 3,64±0,05g 4,29±0,02gh 6,66±0,04 ab 0,92±0,02def 3,41±0,09bc 75,09±0,14 ab 0,60±0,00 de

EkşiGöknar 4,52±0,02bcd 4,33±0,00efg 6,56±0,03 ab 0,98±0,04cde 3,64±0,05bc 73,98±0,04b 0,61±0,02 de

Mayhoş IV 3,20±0,02h 3,44±0,04j 6,60±0,03 ab 1,00±0,05bcde 3,61±0,09bc 76,17±0,04ª 0,75±0,02ª

Diferentes letras na mesma coluna indicam diferença significativa entre valores ao nível de p < 0,05

Fonte: Kýralanet al (2009)

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SILVA, N. K. 43

3.3 Extração de óleos vegetais

A produção mundial de óleos vegetais tem crescido continuamente nas

últimas décadas, como pode ser visto na Figura 3.6. O óleo de palma apresentou o

maior crescimento dentre os óleos vegetais (30%), seguido pelo óleo de soja (28%),

óleo de canola (15%) e óleo de semente de girassol (9%). Em 2007, esses quatro

somados representavam mais de 80% do mercado de óleos vegetais (ROSILLO-

CALLE et al, 2009).

Figura 3.6 Produção mundial de óleos vegetais, 1975 – 2007. Fonte: ROSILLO-

CALLE et al., 2009.

Os óleos e gorduras são tradicionalmente aplicados na indústria alimentícia e

na oleoquímica. A indústria alimentícia domina mais de 80% do mercado (ROSILLO-

CALLE et al., 2009).

Existem diferentes tecnologias para extração de óleos. As mais utilizadas em

grande escala são a prensagem mecânica e a extração por solvente. Como regra

geral, sementes oleaginosas e outros materiais com menores teores de óleo (<20-

25%) são diretamente submetidos à extração de óleo por solvente. Os materiais com

maiores teores de óleo (>25%) são prensados, obtendo-se tortas com 10-15% de

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SILVA, N. K. 44

óleo, que posteriormente é extraído por solvente (JORGE, p. 113, 2009). Em relação

à extração de óleos, as seguintes definições são normalmente empregadas:

Torta: subproduto da extração do óleo por prensagem;

Farelo: subproduto da extração do óleo com solvente;

Solvente: líquido utilizado na extração;

Miscela: mistura do óleo com o solvente extrator.

A extração por prensagem é conduzida, industrialmente, em prensas

contínuas tipo parafuso, em que o eixo helicoidal gira num cesto composto por

barras de aço retangulares espaçadas por meio de lâminas cuja espessura varia de

acordo com a semente. O espaçamento das barras é regulado para permitir a saída

do óleo e ao mesmo tempo agir como filtro para as partículas do resíduo de

prensagem (JORGE, p. 113, 2009).

Segundo Couri & Freitas (2001) a extração de óleos vegetais por métodos

mecânicos de prensagem consiste nas seguintes etapas:

Limpeza e classificação das sementes;

Decorticação ou despeliculamento, para remoção de fibras e cascas;

Moagem, laminação ou extrusão, para aumentar a área de contato, facilitando

a extração do óleo;

Cozimento, para romper a parede celular;

Prensagem do grão.

Na extração com solvente as principais etapas, após o pré-tratamento que

visa aumentar a área de contato e a porosidade da amostra, são: mistura da

matéria-prima com o solvente em um extrator sólido-líquido de múltiplos estágios,

separação das duas fases (filtração) e a separação do soluto contido no solvente

(evaporação). A eficácia da recuperação do solvente determinará a viabilidade

econômica da operação (ORDÓÑEZ, 2005, p. 281). A maioria dos solventes

utilizados na extração de óleos vegetais são solventes orgânicos, que apresentam

como inconvenientes sua toxicidade para o manipulador e meio ambiente.

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SILVA, N. K. 45

O solvente mais utilizado na indústria é o hexano, um derivado de petróleo,

que possibilita a extração da quase totalidade do óleo, deixando um resíduo

desengordurado denominado farelo. A recuperação do solvente é a etapa mais

crucial no processamento do óleo comestível, devido a problemas de segurança,

ambientais e econômicos (COURI & FREITAS, 2001).

Segundo Ordóñez (2005, p. 281), durante a extração, é importante se

considerar alguns fatores: o coeficiente de difusão do composto de interesse uma

vez que a velocidade de difusão determinará o tempo necessário para que se

alcance o equilíbrio entre as duas fases e a solubilidade do soluto no solvente

selecionado. Quanto maior a concentração de saturação menor será o número de

ciclos necessários para se alcançar o grau de separação desejada.

Portanto, no caso de uma separação sólido-líquido, as variáveis de interesse

serão o tamanho e a porosidade das partículas, a solubilidade do soluto no solvente;

o tempo de contato soluto-solvente e a temperatura em que ocorre este contato.

Várias técnicas vêm sendo pesquisadas nas duas últimas décadas para substituir o

uso do hexano. Entre elas podemos citar a extração enzimática e a substituição do

hexano por outro solvente (COURI & FREITAS, 2001).

A utilização do etanol como solvente traz como principal vantagem o fato de

ser menos tóxico para o operador e para o ambiente. Além disso, apresenta a

vantagem de aumentar a extração de compostos polares com atividade antioxidante.

Sua origem é vegetal, o que o torna biodegradável e o inclui no rol de substâncias

“verdes”, tão em alta no mercado atual.

3.4 Enzimas

Enzimas são catalisadores biológicos, de natureza principalmente proteica,

que participam de várias reações bioquímicas, tendo como papel fundamental o

controle metabólico (COELHO, SALGADO & RIBEIRO, 2008, p. 8). São proteínas

globulares solúveis sintetizadas pelos organismos vivos com a finalidade específica

de catalisar as reações bioquímicas, que, de outro modo, não ocorreriam sob as

condições fisiológicas habituais (Ordóñez, 2005, p. 92).

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SILVA, N. K. 46

As enzimas têm diversas utilidades nas indústrias alimentícias, mas pode-se

resumi-las em análise de alimentos, indicadores de tratamentos tecnológicos e

processamento de alimentos (ORDÓÑEZ, 2005, p. 94).

Cerca de 4000 enzimas são conhecidas e destas, 200 são de uso comercial.

A maior parte das enzimas comerciais é de origem microbiana, sendo que apenas

cinco delas cobrem 85% do mercado, sendo 40% apenas de peptidases. Cerca de

60% de toda produção mundial é oriunda da Comunidade Europeia. Só a indústria

alimentícia nos Estados Unidos, em 2003, consumiu cerca de 142 milhões de

dólares (COURI, S. et al, 2008).

O volume de enzimas industriais vem crescendo entre 4 e 5% ao ano, e tal

crescimento vem acompanhado da redução de preços provocada pelo aumento do

número de pequenos produtores que competem neste mercado (COURI, S. et al,

2008).

As vantagens de utilizar enzimas na elaboração de alimentos decorrem da

sua capacidade de catalisar determinadas reações devido à sua grande

especificidade, sem causar reações secundárias. Além disso, as enzimas são ativas

em condições moderadas de pH, temperatura e em baixas concentrações, e por isso

pode-se facilmente controlar a velocidade de reação através do ajuste desses

parâmetros. A maioria dos preparados enzimáticos comerciais é elaborada a partir

de microorganismos. Porém, há também preparos comerciais de origem animal e

vegetal (ORDÓÑEZ, 2005, p. 93).

A extração enzimática combinada é uma técnica promissora. Neste caso, o

extrato enzimático é adicionado durante a etapa de maceração antes da prensagem

do grão ou da polpa, proporcionando uma pré-ruptura do tecido celular e

aumentando o rendimento da prensagem. Esta etapa deve ser efetuada

preferencialmente na temperatura de atividade máxima das enzimas (35 a 55 ºC). A

grande vantagem dessa técnica é que ela não altera nenhuma etapa do

processamento convencional, aumenta o rendimento da etapa de extração e reduz a

viscosidade da mistura, melhorando o fluxo dos produtos durante a etapa de

separação (COURI & FREITAS, 2001).

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SILVA, N. K. 47

3.5 Análises Físicas e químicas

3.5.1 Reologia

Reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento de materiais,

ou seja, o modo como os materiais respondem à aplicação de uma tensão ou

deformação (FELLOWS, 2006, pág 29).

Tradicionalmente, reologia é definida como “o estudo da deformação e fluxo

da matéria”. Entretanto, tal definição é ambígua. Segundo Malkin & Isayev (2006,

p.3) os seguintes pontos devem ser enfatizados durante os estudos reológicos: o

comportamento do material quando submetido à deformação e ao fluxo; a

deformação de materiais que resultam em sobreposição de efeitos viscosos e

elásticos e a mudança de estrutura sob a influência das forças aplicadas.

A força por unidade de área que promove o escoamento é conhecida como

tensão de cisalhamento () e o gradiente de velocidade, como taxa de deformação

(du/dy) (STEFFE, 1996, pág 13).

Fluidos newtonianos são aqueles que apresentam uma relação linear entre a

tensão de cisalhamento e a taxa de deformação. A maioria dos líquidos simples e

gases são fluidos newtonianos, como a água, a maioria dos óleos, gases e soluções

simples de açúcares e sais (BOURNE, 2002, p. 81).

A relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação fornece a

viscosidade aparente do fluído. A viscosidade é definida como uma resistência

interna de um fluido ou sua tendência a resistir ao fluxo (BOURNE, 2002, p. 17). Em

muitas operações da indústria de alimentos, determinar a viscosidade de um fluido é

importante para controle de qualidade das matérias-primas e produtos bem como

para seleção e projeto dos equipamentos (KARWOWSKI, 2012). Para a maioria dos

líquidos, a viscosidade decresce com o aumento da temperatura.

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SILVA, N. K. 48

3.5.2 Acidez

Segundo Rosenberg & Epstein (1997, p. 256), acidez ou alcalinidade de uma

solução é muitas vezes expressa pelo pH. Por definição:

H

HpH log

1log (Eq. 3.1)

A acidez nos alimentos se deriva basicamente dos ácidos orgânicos e

inorgânicos que podem estar presentes, e normalmente é determinada mediante

titulação com uma base forte como NaOH, ou eletrometricamente com um

potenciômetro (MÉNDEZ & BRICEÑO, 2006, p. 50).

O índice de acidez muitas vezes fornece algumas informações sobre a

qualidade do óleo. Industrialmente, a qualidade do óleo em frituras é acompanhada

pela variação de densidade, ponto de fumaça e índice de iodo (OETTERER,

REGITANO-D’ARCE & SPOTO, 2006, p. 268).

A determinação da acidez pode fornecer um dado importante na avaliação do

estado de conservação do óleo. Um processo de decomposição, seja por hidrólise,

oxidação ou fermentação, geralmente altera a concentração dos íons hidrogênio. A

decomposição dos glicerídios é acelerada por aquecimento, umidade, presença de

metais e luz, promovendo a formação de ácidos graxos livres. Estes são

frequentemente expressos em termos de índice de acidez ou em mL de solução

normal % ou em g do componente ácido principal, geralmente o ácido oleico. Os

regulamentos técnicos costumam adotar esta última forma de expressão da acidez.

O índice de acidez é definido como o número de mg de hidróxido de potássio

necessário para neutralizar um grama da amostra.. Os métodos que avaliam a

acidez titulável resumem-se em titular, com soluções de álcali-padrão, a acidez do

produto ou soluções aquosas/alcoólicas do produto (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,

2008).

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SILVA, N. K. 49

3.5.3 Estabilidade oxidativa

Os óleos e gorduras insaturados sofrem oxidação facilmente. Estes processos

de oxidação começam em reações com radicais livres em ácidos graxos insaturados

e levam a processos de múltiplos estágios, resultando em diversos produtos de

decomposição, particularmente peróxidos na oxidação primária e álcoois, aldeídos e

ácidos carboxílicos como produtos da oxidação secundária, que confere o odor

rançoso ao alimento (BEARE-ROGERS, cap 1, 1995).

As reações de oxidação dos lipídeos tem diversas origens. A principal é a

ação direta do oxigênio atmosférico sobre as duplas ligações dos ácidos graxos

insaturados, ou autooxidação, com a consequente formação de peróxidos e

hidroperóxidos, que são os produtos primários sensorialmente inertes (JORGE,

2009). Na Figura 3.7 ilustra-se um esquema da oxidação secundária:

Figura 3.7 Decomposição do peróxido. Fonte: Oetterer, Regitano-D’arce&Spoto,

2006.

A oxidação dos lipídeos é influenciada por uma série de fatores. São eles:

composição em ácidos graxos, quantidade de oxigênio presente, temperatura de

processo e armazenamento, exposição à luz, presença de agentes pró-oxidantes,

atividade de água, área de superfície e presença de enzimas (JORGE, 2009).

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SILVA, N. K. 50

Os ácidos graxos linoleico e linolênico são cerca de 20 e 10 vezes mais

facilmente oxidáveis que o ácido oleico, respectivamente. Este é reportado com um

ácido graxo insaturado com elevada estabilidade oxidativa e por esta razão os óleos

ricos em ácido oleico são, geralmente, indicados para consumo humano e para uso

na formulação de alimentos (BEARE-ROGERS, cap 1, 1995).

O estudo da deterioração de óleos, gorduras e alimentos lipídicos está

diretamente relacionado com a determinação de sua estabilidade oxidativa, isto é,

com o acompanhamento da ação do oxigênio sobre os lipídeos. A estabilidade de

um produto durante a armazenagem sob condições normais de processamento e

manuseio pode ser determinada através de testes acelerados de oxidação. Para

este fim vários métodos foram desenvolvidos, mas ainda há dificuldades em se

correlacionar os resultados de testes acelerados com previsões precisas de

manutenção de qualidade do produto. A maioria destes métodos envolve a elevação

da temperatura com ou sem aumento da exposição ao oxigênio. Um ensaio que vem

se destacando entre os testes acelerados de oxidação é o que utiliza o aparelho

Rancimat, da Metrohm. Com este aparelho, pode-se reduzir o tempo das análises

em estufa, que levavam 3 a 4 meses, para pouco mais de 100h (OETTERER,

REGITANO-D’ARCE & SPOTO, 2006, p. 281-284).

3.5.4 Termogravimetria

A Termogravimetria (TG) é uma técnica rápida e simples. Pode ser definida

como um método analítico que relaciona a variação de massa de uma amostra em

função da temperatura (varredura de temperatura), ou do tempo a uma temperatura

constante (modo isotérmico). O resultado da análise, em geral, é mostrado sob a

forma de um gráfico cuja abcissa contém os registros de temperatura (ou do tempo)

e a ordenada, o percentual de massa perdido ou ganho. Ao sofrer degradação, o

material perde massa, sob a forma de produtos voláteis, e o sensor vai registrando

continuamente essa perda. Instrumentos equipados e acoplados a um computador

permitem acompanhar as alterações sofridas pela amostra (LUCAS, SOARES e

MONTEIRO, 2001).

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SILVA, N. K. 51

As técnicas que utilizam instrumentação controlada por microprocessadores

são capazes de fornecer informações precisas sobre o comportamento térmico de

substâncias em um tempo relativamente curto(MELO, Maria, 2010). A

Termogravimetria é uma técnica adicional que auxilia na avaliação da pureza de

amostras. No caso específico de óleos vegetais, pode-se inferir a presença de água,

solventes, ácidos graxos livres e outros compostos da degradação.

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SILVA, N. K. 52

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Matérias-primas

4.1.1 Uva

O bagaço utilizado foi gentilmente cedido pela Vinícula Aurora, proveniente da

fabricação de vinho branco, safra 2010/2011. Este resíduo é formado pela mistura

de bagaços obtidos no processamento de diversas variedades de uva e, em geral,

tem composição variável. O bagaço foi armazenado a frio (-20°C) até posterior

utilização.

4.1.2 Romã

As romãs utilizadas são da variedade wonderful originários da Fazenda Boa

Fruta, de Petrolina - PE. Estes foram pré-processados na planta piloto da Embrapa

Agroindústria de Alimentos. Os frutos foram selecionados e lavados em solução de

cloro 100 ppm para limpeza e desinfecção. A seguir foram manualmente cortados

para remoção das cascas, ocorrendo então a separação dos arilos (sementes e

polpa vermelha), Foi utilizada uma despolpadeira horizontal da marca Itametal,

modelo Bonina 0,25 DF, obtendo-se assim o suco e o bagaço. O suco, as cascas e

o bagaço foram armazenados em câmara fria (-20°C) para posterior processamento

e obtenção de diferentes produtos. Na Figura 4.1 ilustra-se o diagrama de blocos

simplificado do processamento da romã para separação do bagaço. A composição

do fruto está apresentada na Tabela 4.1.

4.1.3 Reagentes e Enzimas

Todos os solventes foram adquiridos da empresa VETEC/Sigma Aldrich com

grau de pureza PA. A Enzima Celluclast® foi cedida por representantes da empresa

Novo Industri - Paraná - Brasil

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SILVA, N. K. 53

Figura 4.1 Diagrama de blocos simplificado do processamento da romã em escala

piloto.

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SILVA, N. K. 54

Tabela 4.1 Frações da romã processada na Embrapa

partes m (kg) fração %

11,5 inteiros 100,0

Fruto inteiro

5 casca 43,5

4 suco 34,8

2,5 bagaço 21,7

Bagaço 1,3 semente 53,1

1,2 resíduos 46,9

4.2 Extração do óleo

4.2.1 Preparação das sementes

As amostras do bagaço da romã, proveniente do processamento conduzido

na Embrapa Agroindústria de Alimentos, e do bagaço de uva foram transportados

congelados para o Laboratório de Processamento de Óleos Vegetais, UFRJ/EQ,

onde foram conduzidos todos os experimentos. Inicialmente, o bagaço foi lavado por

peneiramento úmido para remoção de polpa, açúcares e outras substâncias

aderidas às sementes.

As sementes de romã e de uva destinadas à extração com solvente foram

desidratadas em estufa convectiva a 50°C até que não fossem observadas

variações significativas na massa do material. As amostras foram moídas em moinho

de facas (MA048 da marca Marcon) para se obter partículas com diâmetro médio

inferior a 1 mm. Esta condição é recomendada na literatura (SILVA, et al, 2012) para

aumentar a eficiência de extração dos lipídeos. As sementes moídas foram

peneiradas em conjunto de peneiras vibratórias por 15 minutos. As frações contendo

partículas com tamanhos diferentes foram armazenadas separadamente até

posterior utilização. As sementes destinadas à extração por prensagem foram secas

em secador convectivo até umidade desejada.

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SILVA, N. K. 55

4.2.2 Tratamento enzimático combinado com secagem

Para a obtenção do óleo de semente de uva pelo processo mecânico foi

necessário romper a estrutura das membranas, rica em lignina, antes da etapa de

prensagem. As sementes foram inicialmente autoclavadas (0,5 e 1,1 bar/20 min) ou

submetidas a tratamento hidrotérmico (10 bar/15 min). Entretanto a extração

mecânica do óleo de semente de uva só foi possível após a adição de enzimas

hidrolíticas na etapa de secagem das sementes in natura. Adicionou-se 1%, em

massa, do preparado enzimático comercial rico em celulase (Celluclast®) às

sementes inteiras. A mistura enzimática foi previamente diluída em cerca de 100 mL

de água destilada para facilitar a homogeneização do substrato. No secador

convectivo a umidade da amostra foi reduzida até 15%. As sementes foram

homogeneizadas em intervalos de 1 hora, para garantir uma secagem uniforme.

4.2.3 Prensagem

Para extração do óleo, utilizou-se uma prensa semipiloto do tipo parafuso sem

fim, (marca Oekotec -Alemanha, modelo CA59G) com parafuso número 6. As

sementes moídas e secas após atingirem a temperatura ambiente, foram pesadas e

em seguida prensadas a frio. O óleo foi coletado em béquer de massa conhecida e,

por gravimetria, calculou-se a massa obtida de óleo bruto. O óleo bruto foi

decantado por 24 horas para remoção da borra e a fração clarificada foi pesada,

armazenada a frio (-20ºC) e posteriormente utilizada nos ensaios analíticos. A torta

resultante foi pesada e armazenada para posteriores análises.

4.2.4 Extração com solvente

Para extração com solvente, a umidade das sementes deve ser a mais baixa

possível, pois neste caso a presença de água interfere na solubilidade dos lipídeos

com impacto negativo na eficiência de extração do óleo.

Em cada experimento, utilizou-se 20g de sementes moídas e etanol na

proporção 4:1 v:m, conforme recomendado por FREITAS et al (2007). As sementes

foram pesadas em erlenmeyers, o solvente foi adicionado e os erlenmeyers foram

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SILVA, N. K. 56

tampados e vedados com parafilme para evitar a perda de solvente na forma de

vapor. As misturas foram imersas em banho com temperatura e agitação controladas

e mantidas por 1h. Em seguida, a solução foi filtrada com o auxílio de uma bomba a

vácuo, o retido foi rinsado com o solvente utilizado na extração e o filtrado foi

transferido para recipiente (béquer) com peso conhecido e colocado em capela até

evaporação completa do solvente. Após completa evaporação do solvente, a massa

de óleo obtida foi determinada por gravimetria. As amostras foram acondicionadas

em recipientes de vidro com tampa e armazenadas em freezer a -20°C.

4.2.5 Planejamento experimental

As principais variáveis de extração com solvente foram selecionadas por meio

de um planejamento experimental fatorial de 2 níveis e 3 fatores. Os fatores

selecionados foram: teor de água no etanol, temperatura do banho durante a

extração e granulometria das sementes moídas. No quadro 4.1 ilustra-se o desenho

experimental. A escolha dos parâmetros teve por base os resultados observados em

trabalhos anteriores, reportados na literatura. Os níveis selecionados para

temperatura e teor de água no etanol tiveram por base as propriedades

termodinâmicas dos solutos (óleo e compostos fenólicos) e do solvente (etanol).

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SILVA, N. K. 57

Quadro 4.1 Variáveis do planejamento fatorial 23 composto central

Teor de água no

etanol *

Temperatura

°C

Granulometria

mm X1 X2 X3

Variáveis reais Variáveis codificadas

1. 0,00 50 0,95 -1 -1 1

2. 0,10 50 0,95 1 -1 1

3. 0,00 70 0,95 -1 1 1

4. 0,10 70 0,95 1 1 1

5. 0,00 50 0,40 -1 -1 -1

6. 0,10 50 0, 40 1 -1 -1

7. 0,00 70 0, 40 -1 1 -1

8. 0,10 70 0, 40 1 1 -1

9. 0,05 60 0,65 0 0 0

10. 0,05 60 0,65 0 0 0

11. 0,05 60 0,65 0 0 0

*(fração mássica)

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SILVA, N. K. 58

4.3 Análises físicas e químicas

Todas as análises, exceto o teor de óleo nas sementes (duplicata), foram

realizadas em triplicata.

4.3.1 Sementes

4.3.1.1 Umidade

A umidade foi determinada pelo método de secagem direta em estufa a

105°C, segundo normas do laboratório Adolfo Lutz (2008) que tem como referência

as normas padrões da AOAC (2000). Para cada réplica utilizou-se cerca de 2 g da

amostra úmida em vidros de relógio. As amostras foram aquecidas em estufa a 105

°C até peso constante, e resfriadas em dissecador com sílica à temperatura

ambiente. A seguir foram pesadas e, por gravimetria, o teor de umidade foi

calculado, de acordo com a equação abaixo:

100)(

(%)0

0 xM

MMU S

(Eq. 4.1)

4.3.1.2 Análise Granulométrica

As sementes moídas foram pesadas e colocadas na primeira peneira de um

conjunto de 5 peneiras, de tamanho de abertura decrescente, como mostrado na

tabela 4.1. O conjunto de peneiras com a amostra foi então tampado e colocado em

equipamento vibratório por 15 minutos. A seguir, as frações obtidas entre duas

peneiras consecutivas foram pesadas e armazenadas separadamente para posterior

utilização.

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SILVA, N. K. 59

Tabela 4.2 Tamanho de abertura do conjunto de peneiras.

Mesh Abertura

(mm) Diâmetro médio

(mm)

14 1,19 --

24 0,71 0,95

28 0,59 0,65

32 0,50 0,55

48 0,297 0,40

Fundo -- --

4.3.1.3 Teor de óleo das sementes

O teor de óleo das sementes foi determinado em extrator de gordura,

utilizando-se éter de petróleo como solvente, conforme normas padrões da AOCS

(2004) especificadas no manual do fabricante (Quimis). Uma amostra de 2,5 g de

semente moída foi colocada, em duplicata, em cartucho específico no extrator

Soxhlet, e os cartuchos foram vedados com algodão. Em cada copo do extrator foi

adicionado 120 mL de éter de petróleo. Os extratores foram encaixados nos copos

de tal forma que não permitisse escape de vapor. O sistema foi aquecido até

ebulição do éter e mantido sob refluxo por 20 min. O refluxo foi interrompido e o

solvente foi evaporado. Em seguida, os copos foram aquecidos em estufa a 70ºC

por 2h para completa remoção do solvente. Calculou-se o teor de lipídeos na

amostra por gravimetria.

4.3.2 Óleo

4.3.2.1 Acidez

A acidez total, expressa em equivalente de ácido oleico, foi quantificada de

acordo com o método oficial, Cd 8-53, da AOCS (2004) modificado para minimizar a

quantidade de amostra a ser utilizada.

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SILVA, N. K. 60

Aproximadamente 0,5 g da amostra foi pesada em frasco erlenmeyer de 125

mL. Adicionou-se 25 mL de solução de éter-álcool (2:1) neutra e 2 gotas de

fenolftaleína. A amostra foi neutralizada com solução de hidróxido de sódio 0,01 M

até o aparecimento de leve coloração marrom-ferrugem. Calculou-se o índice de

acidez (IA) pela equação:

m

fcVVIA BA 2,2801,0

(%)

(Eq. 4.2)

onde:

AV = Volume em mL da solução de NaOH 0,01 M consumido na titulação da

amostra

BV = Volume em mL da solução de NaOH 0,01 M gasto na titulação do branco

fc = fator da solução de hidróxido de sódio 0,01 M

m = massa em g de amostra utilizada

4.3.2.2 Atividade Antioxidante

A atividade antioxidante foi determinada segundo metodologia proposta por

Rufino (2007) para análise em frutas e utiliza o radical livre DPPH. Neste trabalho o

método foi modificado para a solubilização dos lipídeos. Após o preparo, a solução

de DPPH foi mantida sob refrigeração por, no máximo, um mês.

O método DPPH é baseado na captura, por antioxidantes, do radical DPPH•

(2,2-difenil-1-picril-hidrazil), produzindo um decréscimo da absorbância a 515 nm

com mudança do violeta escuro para amarelado (RUFINO, 2007). Uma solução-mãe

foi preparada diluindo-se as amostras em álcool isopropílico. A massa de amostra a

ser utilizada depende da atividade antioxidante da amostra e é determinada por

meio de testes preliminares.

Os ensaios foram conduzidos em triplicata. A partir dos resultados de

absorbância em diferentes concentrações, ajustou-se uma curva padrão para o

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SILVA, N. K. 61

cálculo da atividade antioxidante expressa em massa de óleo necessária para

reduzir em 50% a concentração inicial do radical DPPH (concentração efetiva, EC50).

4.3.2.3 Viscosidade

A análise de viscosidade foi realizada em viscosímetro rotacional cone-placa

de marca BROOKFIELD modelo ARGII-TA. Para avaliar o comportamento reológico

do fluído, as medidas de viscosidade foram conduzidas utilizando-se uma taxa de

deformação variando entre 10 e 100 s-1, com temperatura constante a 25ºC.

4.3.2.4 Estabilidade oxidativa

A análise de estabilidade oxidativa foi realizada em aparelho Rancimat 743

Metrohm, de acordo com a Norma N14112 da AOAC (2010) a 110ºC com fluxo de ar

de 10 L/h. Este equipamento é acoplado a um computador e é recomendado como

método rápido e reprodutível para determinar a estabilidade oxidativa de óleos e

gorduras.

Durante a análise, as amostras são expostas a um fluxo de ar a temperatura

constante que pode variar entre 50 e 220°C. Os produtos da oxidação secundária,

altamente voláteis (na maioria ácido fórmico) são transferidos através do fluxo de ar

para o vaso de medida, onde são absorvidas pela solução de medida (água

destilada). Coloca-se 3 a 6 g de amostra do óleo nos tubos de reação, aquece-se o

sistema até a temperatura desejada, acopla-se os tubos na base do sistema de

medidas e inicia-se a análise. A condutividade da água é continuamente registrada

no software do Rancimat. Assim, os ácidos orgânicos resultantes do processo

oxidativo podem ser detectados. O tempo até o aparecimento dos produtos da

oxidação secundária, identificado quando a condutividade da água aumenta

bruscamente, é chamado tempo de indução ou período de indução, o que é um bom

indicador da estabilidade oxidativa (Metrohm, 2011). A tangente traçada no ponto de

inflexão da curva de condutividade versus tempo indicará o tempo de indução da

amostra.

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SILVA, N. K. 62

4.3.2.5 Análise térmica

Estabilidade Térmica - TGA

As análises térmicas foram conduzidas em equipamento TGA modelo Pyris-1

da Perkin-Elmer. Essa técnica foi utilizada para avaliar a estabilidade térmica das

frações obtidas, por meio da análise de curvas de perda de massa em função da

temperatura. Foram feitas corridas de 30 a 800°C, com taxa de 10°C.min-1 utilizando

nitrogênio como gás de arraste (20 ml.min-1 para a amostra e 40 ml.min-1 para a

balança). Em todos os experimentos foi utilizada uma massa entre 5 e 7 mg.

4.4 Análise Estatística

A análise estatística dos dados foi realizada com auxílio dos softwares

Statistica 7.0 e Design Expert 10.0.

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SILVA, N. K. 63

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização da matéria-prima

5.1.1 Teor de óleo das sementes

Como reportado por diversos autores, o teor de óleo nas sementes depende

de vários fatores, entre eles pode-se citar: variedade, clima, grau de maturidade do

fruto durante a colheita, entre outros. Na Tabela 5.1 estão apresentados os

resultados obtidos para as sementes de uva (com e sem tratamento enzimático) e

romã (semente e bagaço), após extração com éter de petróleo em aparelho Soxhlet.

Tabela 5.1 Teor de óleo das sementes, média ± DP, usando éter como solvente

extrator

Sem TE (g/100 g) com TE (g/100 g)

Semente

Uva 7,00±0,22 11,5±0,05

Romã 27,5±0,52

Bagaço

Romã 13,7±0,44

TE- tratamento enzimático; Intervalo de confiança = 95%

Pode-se observar um aumento significativo (57%) no teor de óleo das

amostras tratadas com enzimas, de acordo com teste de Fisher LSD para intervalo

de confiança de 95%. Resultados similares foram reportados por Freitas et al. (2003)

para semente de gergelim e indicam que a hidrólise enzimática da parede celular

aumenta o coeficiente de difusão do solvente na matriz sólida e, como

consequência, a eficiência de remoção do óleo.

A literatura reporta valores entre 7 e 15% de lipídeos para sementes de uva

obtidas como resíduo na fabricação do vinho Merlot (OMAH et al., 1998). Portanto

os valores obtidos neste trabalho ( 7 a 11,5 %) se encontram na faixa típica desta

semente.

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SILVA, N. K. 64

No caso da semente de romã o teor de óleo (27,5%) foi superior a media

registrada na literatura. Melgarejo & Artes (2000) encontraram valores entre 6,2 e

12,1 g/100g. Kýralan, Gölükcü, & Tokgöz (2009) estudaram 15 cultivares de romã na

Turquia e obtiveram, por prensagem, entre 13,9 e 24,1 g/100g de óleo. Como

esperado, o teor de óleo diminui bruscamente (13,7 g/100g) quando se processa a

semente sem a remoção do bagaço. Este representa 40% do resíduo sólido e

contém elevado teor de fibras e baixo teor de óleo.

5.1.2 Umidade

Na Tabela 5.2 ilustram-se os valores de umidade das amostras in natura e

após secagem a 50 ºC (amostras para prensagem) e 60 °C (amostras para extração

com etanol).

Tabela 5.2 – Umidade das sementes

Sementes Inicial Umidade de

equilíbrio a 50°C Umidade de

equilíbrio a 60°C

Uva 49,6±0,41 13,2±0,32 6,41±0,12

Romã 62,2±1,4 11,9±0,31 4,15±0,22

É importante controlar o teor de umidade das amostras a serem prensadas,

pois este interfere no rendimento do processo. A presença de água até um valor

específico é necessária pois durante a prensagem o óleo retirado deixa espaços

vazios na torta. As moléculas de água presentes na matriz preenchem este espaço,

favorecendo a remoço do óleo. Com umidade baixa, parte do óleo fica retida nos

poros reduzindo o rendimento da extração. Com umidade excessiva, a água se

mistura ao óleo extraído e dificulta a etapa de purificação.

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SILVA, N. K. 65

5.1.3. Granulometria

Nas Tabelas 5.3 e 5.4 são apresentadas as distribuições granulométricas das

sementes moídas de uva e de romã, e as Figuras 5.1 e 5.2 apresenta-se a curva de

distribuição granulométrica.

Verificou-se que as sementes de uva moídas tiveram diâmetro distribuído de

forma bimodal, típica de material amorfo. Metade das sementes moídas (50%)

apresentou diâmetro entre 0,71 e 1,19 mm. O diâmetro médio de Sauter foi de 7,79

μm.

Tabela 5.3 Distribuição granulométrica das sementes de uva moídas

Mesh Abertura

(mm) Diâmetro

médio (mm) Massa de pó

(g) X (%)

14 1,19 -- 43,76 8,76

24 0,71 0,95 249,6 49,9

28 0,59 0,65 102,2 20,5

32 0,50 0,55 29,73 5,95

48 0,297 0,40 67,00 13,4

Fundo -- -- 7,390 1,48

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SILVA, N. K. 66

Figura 5.1 – Distribuição granulométrica das sementes de uva moídas

As sementes de romã moídas apresentaram uma curva de distribuição

granulométrica de forma unimodal. Neste caso, a maior parcela das sementes

moídas (68%) apresentou diâmetro entre 0,71 e 1,19 mm. O diâmetro médio de

Sauter foi de 8,25 μm.

Tabela 5.4 Distribuição granulométrica das sementes de romã moídas

Mesh Abertura

(mm) Diâmetro

médio (mm) Massa de pó

(g) X (%)

14 1,19 -- 19,33 3,76

24 0,71 0,95 349,3 67,98

28 0,59 0,65 86,91 16,91

32 0,50 0,55 35,26 6,86

48 0,297 0,40 22,99 4,47

Fundo -- -- 0,0710 0,01

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0 0,5 1 1,5

X(%

)

Diâmetro da partícula (mm)

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SILVA, N. K. 67

Figura 5.2 – Distribuição granulométrica das sementes de romã moídas

Ambas as sementes moídas apresentaram uma maior proporção de

partículas na mesma faixa granulométrica. O diâmetro médio de Sauter das

sementes de uva não diferiu significativamente daquele estimado para as sementes

de romã.

A granulometria das sementes moídas é um parâmetro a ser considerado no

ajuste da prensa. Além disso, a maior ou menor área de superfície de contato da

matriz sólida interfere na velocidade de difusão durante o processo de extração com

solvente.

5.2. Processamento e Caracterização

5.2.1 Prensagem

Os rendimentos dos processos de prensagem das sementes de uva e romã

estão apresentados nas Tabelas 5.5 e 5.6 com os respectivos desvios padrão,

obtidos a partir dos ensaios em triplicata. O rendimento da prensagem se refere à

massa de óleo obtida por 100 gramas de amostra prensada enquanto a eficiência da

prensagem refere-se à massa de óleo extraída em relação à massa de óleo contida

na amostra.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4

X(%

)

Diâmetro da partícula (mm)

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SILVA, N. K. 68

Tabela 5.5 Rendimento e eficiência do processo de prensagem das sementes de uva e romã

Sementes Rendimento da

prensagem (g/100 g) Eficiência da

prensagem (%) Umidade (%)

uva 8,63a 73,8e 13,2±0,3

romã 12,0b 44,0f 7,9±0,1

romã 8,23c 29,7g 3,1±0,9

romã bagaço 5,73d 41,8f 11,9±0,3

letras iguais indicam valores estatisticamente semelhantes (p<0,05)

A prensagem das sementes de romã foi muito mais fácil de ser conduzida que

a das sementes de uva. Isto ocorreu, provavelmente, devido à composição da

parede celular da semente de romã, mais frágil de romper quando submetida à

mesma pressão. Não foram encontrados dados na literatura sobre o rendimento da

prensagem do óleo de semente de romã.

A eficiência de prensagem das sementes de uva foi maior que a das

sementes de romã. A causa disso pode ser a diferença na viscosidade dos dois

óleos. O óleo de semente de uva é menos viscoso que o de semente de romã, e por

isso escoa mais facilmente durante a prensagem.

5.2.1.1 Capacidade antioxidante (CA)

Como ilustrado na tabela 5.6, os resultados obtidos para CA dos óleos das

sementes de uva e romã prensados apresentaram diferenças significativas de

acordo com o teste de Fisher LSD (p<0,05). Entretanto, para uma mesma matriz a

CA não dependeu do pré-tratamento.

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SILVA, N. K. 69

Tabela 5.6 Resultados da CA do óleo de semente de romã e de uva prensados

Amostra EC50 médio (g am/g DPPH)

Óleo de semente de uva

31441 a 32944

Torta de uva (extrato) 530,7 a 620,2

Óleo de semente romã bagaço

1065 a 3218a

Óleo de semente romã 3600 a 5200b

Letras iguais significam valores estatisticamente semelhantes; médias obtidas em cinco ensaios

Apesar da maior quantidade de óleo obtida, a prensagem após tratamento

enzimático (uva), obteve um óleo com baixa CA com valor de EC50 muito elevado

(31.441g amostra/g DPPH), se comparado com valor obtido para a torta (EC50 igual

a 530,70 g amostra/g DPPH). Pode-se concluir que a maior parte dos compostos

antioxidantes ficou retida na torta durante a prensagem da semente. Deve-se

considerar, portanto o reprocessamento da torta de prensagem visando à extração

dos compostos antioxidantes, o que tornará o processo economicamente mais

atraente. No caso da romã a presença do bagaço contribuiu para aumentar a

capacidade antioxidante do óleo prensado.

5.2.1.2 Viscosidade

Na Tabela 5.7 abaixo apresenta-se a viscosidade dos óleos obtidos por

prensagem a frio.

Tabela 5.7 Viscosidade dos óleos de semente de uva e de romã obtidos por prensagem

Amostra Viscosidade (mPa.s)

Óleo de semente de uva

21,9±0,7

Óleo de semente de romã

153±3,7

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SILVA, N. K. 70

As Figuras 5.3 e 5.4, tensão de cisalhamento x taxa de deformação, ilustram

o comportamento reológico característico de fluídos newtonianos.

Figura 5.3 Comportamento reológico do óleo de semente de uva

Figura 5.4 Comportamento reológico do óleo de semente de romã

A viscosidade dos óleos não apresentou variação significativa na faixa

avaliada (0 a 700 s-1), e foi estimada em 22 mPa.s para o óleo de semente de uva

prensada e em 153 mPa.s para o óleo de semente de romã. Pode-se observar que

os dois óleos apresentaram comportamento de fluido newtoniano, ou seja, a

viscosidade é independente da taxa de deformação.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 100 200 300 400 500 600 700

Ten

são

de

cis

alh

ame

nto

(P

a)

Taxa de deformação (s-1)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 100 200 300 400 500 600 700

Ten

são

de

cis

alh

ame

nto

(P

a)

Taxa de deformação (s-1)

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SILVA, N. K. 71

Oomah et al.(1998) encontraram uma viscosidade de 46,3 m.Pa para o óleo

de romã prensado a frio a 25ºC sob uma tensão de cisalhamento entre 2,5 a 10 Pa.

Andrea & Formiga(2010) encontraram viscosidade de 45,7 mPa.s a 25 ºC e tensão

de cisalhamento crescente. Brock & Nogueira (2008) trabalharam com sete óleos

vegetais diferentes em diferentes temperaturas, encontrando, a 20 ºC, os valores

(em mPa.s) 59,0 para a soja, 67,6 para o milho e 79,7 para oliva. Baseado nestes

valores, o óleo de semente de romã obtido neste trabalho apresentou viscosidade

mais alta que a maioria dos óleos vegetais comerciais, enquanto o óleo de semente

de uva foi menos viscoso que os demais óleos citados. Estes resultados podem ser

explicados em função da composição em ácidos graxos (mais que 70 % de ácido

punícico) similar ao reportado para óleo de mamona que possui mais de 80% de

ácido ricinoléico (250 a 650 mPa.s).

5.2.1.3 Análise térmica

Os resultados da análise termogravimétrica (TGA) são mostrados abaixo, em

função do processo de extração dos óleos, para amostras obtidas por prensagem e

extração etanólica.

a. Óleo de semente de uva obtido por extração etanólica

A Figura 5.5 apresenta as curvas TG/DTG sob atmosfera de nitrogênio. Pode-

se observar uma pequena perda de 2,2% em massa no ponto próximo a 200 ºC

(provavelmente ácidos graxos livres) e uma maior perda de massa entre 300 e 490

°C,com resíduo de 0,60% ao final do processo, indicando um percentual elevado de

triglicerídeos nas amostras (94,5%).

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SILVA, N. K. 72

Figura 5.5 Curva TG do óleo de semente de uva, obtido por extração etanólica, sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 5,07mg, vazão de gás 20ml/min e razão de

aquecimento 10ºC/min.

b. Óleo de semente de uva prensado

Na Figura 5.6 estão ilustradas as curvas TG/DTG sob atmosfera de

nitrogênio. Observa-se perda única de massa entre 280 e 500 °C, com resíduo de

0,32% ao final do processo. A parte reta no início da curva indica a pureza da

amostra, ausência de água ou outros solventes contaminantes.

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SILVA, N. K. 73

Figura 5.6 Curva TG do óleo de semente de uva obtido por prensagem sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 6,9 mg, vazão de gás 20ml/min e razão de

aquecimento 10ºC/min.

c. Óleo de semente de romã obtido por extração etanólica

A Figura 5.7 apresenta as curvas TG/DTG sob atmosfera de nitrogênio. Esta

curva mostra muitos pontos de perda de massa desde o início do aquecimento da

amostra, o que indica contaminação da mesma, provavelmente devido à remoção

incompleta do solvente (etanol 90%) nesta amostra. Há uma maior perda de massa

entre 180 e 260 °C, com um grande resíduo de 24,8% ao final do processo,

possivelmente devido à presença de ceras removidas pelo solvente.

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SILVA, N. K. 74

Figura 5.7 Curva TG do óleo de semente de romã obtido por extração etanólica sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 5,07mg, vazão de gás 20ml/min e razão de

aquecimento 10ºC/min.

d. Óleo de semente de romã prensado

A Figura 5.8 ilustra as curvas TG/DTG sob atmosfera de nitrogênio. Há

uma pequena perda de massa logo no começo do aquecimento, sugerindo presença

de água na amostra. A grande perda de massa foi registrada entre 275 e 500 °C,

com resíduo de 0,31% ao final do processo. Indicando a pureza dos triglicerídeos na

amostra.

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SILVA, N. K. 75

Figura 5.8 Curva TG do óleo de semente de romã obtido por prensagem sob

atmosfera de N2. Massa da amostra 5,91 mg, vazão de gás 20ml/min e razão de

aquecimento 10ºC/min.

5.2.2 Extração com solvente (Etanol)

O teor de água no etanol é uma variável pouco explorada nas pesquisas que

envolvem a extração de óleos vegetais, pois a água reduz a solubilidade dos

lipídeos (polares). Entretanto, pesquisas recentes mostraram que uma quantidade

baixa de água aumenta a quantidade de compostos insaponificáveis na fração

lipídica e contribui para aumentar a estabilidade do óleo.

5.2.2.1 Extração do óleo de semente de uva

A extração com solvente do óleo de semente de uva foi realizada de acordo

com o planejamento fatorial composto central e os resultados estão apresentados na

tabela 5.8. A análise estatística dos dados, pelo método de superfície de resposta,

permitiu o ajuste de um modelo matemático para avaliar os efeitos dos principais

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SILVA, N. K. 76

fatores: temperatura, granulometria e teor de água no etanol.

A maior eficiência do processo de extração do óleo de semente de uva, de

aproximadamente 98%, foi alcançada no ensaio 7 usando-se etanol puro a 70 ºC e

menor tamanho de partícula (0,40 mm). Este resultado, como esperado, supera a

eficiência de extração por prensagem. Pode-se confirmar que a temperatura e

pureza do solvente tem um efeito positivo no rendimento de extração, pois

aumentam a solubilidade do óleo em etanol. Adicionalmente, o coeficiente de

difusão do solvente na matriz sólida aumentou quando se reduziu o tamanho de

partícula em consequência do aumento na área de contato na interface sólido-

líquido.

O melhor resultado para a CA do óleo de semente de uva extraído com

solvente, EC50 igual a 18,9 g amostra/g DPPH, foi obtido no ensaio 8. Isto indica que

o aumento da polaridade do solvente contendo 10% de água ao etanol aumentou a

extração de compostos fenólicos que contribuíram para o aumento na CA do extrato.

Os compostos fenólicos possuem uma natureza polar e alguns autores já mostraram

que solventes polares são mais eficazes na extração destes compostos

antioxidantes. Melo, Priscilla (2010) pesquisou a extração de compostos fenólicos de

resíduos agroindustriais de vinho, tomate, goiaba e cevada utilizando solventes de

diferentes polaridades e conclui que o melhor solvente na extração de compostos

antioxidantes foi a mistura etanol:água, 80:20.

Vale a pena ressaltar que o ensaio com maior eficiência de extração forneceu

um extrato de baixa atividade antioxidante (EC50 igual a 722 g amostra/g DPPH) e

vice-versa. Isso se dá uma vez que as melhores condições operacionais para

obtenção de alto rendimento e CA são opostas. Assim, encontrar um ponto de

equilíbrio entre eficiência de extração e atividade antioxidante do produto será um

dos desafios para otimização deste processo.

5.2.2.2 Extração do óleo de semente de romã

Nas melhores condições operacionais aplicadas para extração do óleo de

semente de romã e uva obteve-se 62 % e 97 % de eficiência (ensaio 7). Isto ocorre,

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SILVA, N. K. 77

provavelmente, pois a semente de romã apresentou maior teor de óleo que a

semente de uva. Além disso, a solubilidade do óleo de semente de romã no etanol é

menor que a do óleo de semente de uva. Para se alcançar a mesma eficiência a

relação solvente/carga deveria ser maior para a semente de romã.

A maior CA do extrato, como esperado, foi obtida no ensaio 4, EC50 igual a

645 g amostra/g DPPH, no qual se utilizou etanol hidratado com 10% de água. Isto

ocorre, provavelmente, porque a presença de água aumenta a polaridade do

solvente, aumentando a remoção de compostos fenólicos presentes na matriz

sólida. A Tabela 5.9 mostra os resultados.

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SILVA, N. K. 78

Tabela 5.8. Resultados da extração do óleo de semente de uva nas condições

operacionais selecionadas: Eficiência e Atividade antioxidante

Teor de água

no etanol*

Temperatura

(°C)

Granulometria

(mm)

Eficiência da

extração (%)

EC50

(μg/mL) EC50

(g am/g DPPH)

1 0,0 50 0,95 43,8 4,20 309

2 0,1 50 0,95 17,0 1,14 90,3

3 0,0 70 0,95 53,7 8,18 602

4 0,1 70 0,95 23,8 0,74 58,7

5 0,0 50 0,40 74,9 5,24 385

6 0,1 50 0, 40 28,0 1,44 116

7 0,0 70 0, 40 97,8 9,10 722

8 0,1 70 0, 40 28,6 0,23 18,9

9 0,05 60 0,65 27,9 2,00 159

10 0,05 60 0,65 27,2 2,20 174

11 0,05 60 0,65 28,2 2,48 196

* fração mássica

A eficiência da extração (EE%) refere-se à fração de óleo extraída da semente em relação ao teor

total de óleo na mesma.

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SILVA, N. K. 79

Tabela 5.9 Resultados da extração do óleo de semente de romã nas condições

operacionais selecionadas: Eficiência e Atividade antioxidante

Teor de água

no etanol

Temperatura

(°C)

Granulometria

(mm)

Eficiência da

extração (%)

EC50

(μg/mL)

EC50

(g am/g DPPH)

1 0,0 50 0,95 3,65 16,18 1328

2 0,1 50 0,95 1,25 11,22 921

3 0,0 70 0,95 54,83 19,55 1312

4 0,1 70 0,95 45,46 7,98 645

5 0,0 50 0,40 3,55 12,22 1003

6 0,1 50 0, 40 2,99 10,83 889

7 0,0 70 0, 40 62,07 16,54 1336

8 0,1 70 0, 40 51,42 9,17 740

9 0,05 60 0,65 38,50 9,17 741

10 0,05 60 0,65 38,09 8,84 714

11 0,05 60 0,65 38,40 8,16 659

* fração mássica

A eficiência da extração (EE%) refere-se à fração de óleo extraída da semente em relação ao teor

total de óleo na mesma.

Resultados de atividade antioxidante são difíceis de serem comparados, pois

não há uma unidade padrão e os trabalhos encontrados na literatura estão

expressos em unidades diferentes. Melo e Priscilla (2010) encontraram uma

concentração efetiva de 0,60 mg/mL no extrato etanólico 80% a partir de uvas Petit

Verdot e de 0,40 mg/mL no bagaço de uvas Cabernet Sauvignon. Os resultados

encontrados neste trabalho para CA dos produtos superam os poucos dados

reportados na literatura. Não foram encontrados na literatura valores de atividade

antioxidante do óleo de semente de romã.

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SILVA, N. K. 80

A Tabela 5.10 ilustra os valores de capacidade antioxidante para óleos

vegetais nobres e produtos comerciais. Duas unidades diferentes são mostradas

para facilitar a comparação com os dados encontrados na literatura. Lembrando que

a capacidade efetiva (EC50) se refere à quantidade de amostra necessária para

reduzir metade da concentração inicial do radical DPPH, e, portanto, quanto menor a

massa, maior sua capacidade antioxidante.

Nota-se que a capacidade antioxidante (CA) do óleo de semente de romã

prensado a frio é comparável à do óleo de açaí, ambos sendo melhores que a CA do

azeite de oliva extra-virgem. O óleo da semente de uva, por sua vez, apresentou

capacidade antioxidante comparável à de substâncias tradicionalmente utilizadas

como antioxidantes na indústria de produtos naturais.

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SILVA, N. K. 81

Tabela 5.10. Valores da capacidade antioxidante de óleos e outros produtos.

Amostra Tipo de extração EC50

g am/g DPPH Referência

Óleo de semente de romã

Extração etanólica 645* Neste trabalho

Óleo de semente de uva

Extração etanólica 18,9* Neste trabalho

Óleo de semente de romã

Prensagem a frio 1065* Neste trabalho

Óleo de semente de uva

Prensagem a frio 31.441* Neste trabalho

Óleo de açaí Éter de petróleo 646 Rufino et al, 2011

Azeite de Oliva extra-virgem

Prensagem a frio 2057 Rufino et al, 2011

EC50 (µg.mL-1)

Óleo de semente de romã

Extração etanólica 7,98* Neste trabalho

Óleo de semente de romã

Prensagem a frio 38,0* Neste trabalho

Óleo de semente de uva

Extração etanólica 0,232* Neste trabalho

Óleo de semente de uva

Prensagem a frio 38,0* Neste trabalho

Ácido ascórbico -- 2,15 Silvestri, 2010

BHT -- 5,37 Silvestri, 2010

Ginko Biloba Etanol 38,9 Silvestri, 2010

Extrato de semente de

maracujá Etanol 113 Jorge et al, 2009

Óleo de cravo Hidrodestilação 1.118 Silvestri, 2010

* Melhores condições

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SILVA, N. K. 82

5.2.2.3 Análise Estatística

a. Extração do óleo de semente de uva

Nos modelos empíricos para estimar a eficiência de extração (y) foram

considerados apenas os termos estatisticamente significantes (p<0,05), gerando um

modelo hierárquico, porém sem interações. O modelo considerado (equação 5.1)

utilizou uma transformação de logaritmo natural para melhor adequação dos dados,

como mostrado abaixo:

Modelo matemático:

(Eq. 5.1)

onde:

y = ln (eficiência de extração)

a = teor de água no etanol

b = temperatura

c = granulometria

O modelo linear ajustou bem os dados experimentais, (p< 0,0001 e F =

91,92). A variável independente de maior impacto foi o teor de água no etanol,

seguida pela granulometria, como pode ser observado na Figura 5.9,- Diagrama de

Pareto para a variável “eficiência de extração”. Como esperado, a água reduz a

solubilidade do óleo no solvente extrator e a redução do tamanho das partículas

aumenta a velocidade de difusão do soluto.

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SILVA, N. K. 83

*Colunas em preto são efeitos negativos e em cinza são os efeitos positivos

Figura 5.9 Diagrama de Pareto da variável “eficiência de extração”. A:Teor de água

no etanol, B:temperatura e C:granulometria

b. Capacidade antioxidante para o óleo de semente de uva

Para estimar a variável dependente EC50 foram considerados apenas os

termos estatisticamente significativos. Desconsiderando algumas interações e

gerando um modelo não hierárquico, obtém-se o modelo descrito na equação 5.2:

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SILVA, N. K. 84

Modelo matemático:

(Eq. 5.2)

onde:

y = EC50

a = teor de água no etanol

b = temperatura

c = granulometria

O modelo apresentado ajustou bem os dados experimentais, com um valor de

p< 0,0001 e F =175,5. A variável mais expressiva foi o teor de água no etanol,

seguida pela interação entre teor de água e temperatura, e logo após pela

temperatura. Ou seja, caso se considere apenas a capacidade antioxidante, a

granulometria da semente não é uma variável relevante, como pode ser observado

na Figura 5.10 - Diagrama de Pareto da variável “EC50”. Como esperado, o aumento

do teor de água e da temperatura aumenta a remoção de compostos fenólicos para

o óleo.

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SILVA, N. K. 85

*Colunas em preto são efeitos negativos e em cinza são os efeitos positivos

Figura 5.10 Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos parâmetros no valor de

“EC50”

A otimização do modelo ajustado, realizada com auxílio do software Design

Expert 10.0, visando maximizar a eficiência de extração e minimizar o valor de EC50

mostrou duas soluções relevantes. Os valores de 0,10%, 70,0 ºC e 0,40 mm para

teor de água no etanol, temperatura e granulometria, respectivamente, retornariam

os valores de 35% de eficiência de extração e 69,4 g amostra/g DPPH. Os valores

de 0,02%, 50,0 ºC e 0,40 mm para as três variáveis independentes analisadas

estimam uma eficiência de extração de 61% e um EC50 de 341,5g amostra/g DPPH.

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SILVA, N. K. 86

c. Extração do óleo de semente romã

No ajuste do modelo matemático para estimar a eficiência de extração, as

interações foram consideradas. O modelo utilizado está representado na equação

5.3:

Modelo matemático:

(Eq. 5.3)

onde:

y = Eficiência de extração

a = teor de água no etanol

b = temperatura

c = granulometria

O modelo ajustado é significativo, com um valor de p< 0,0001 e F igual a

3125,6, o que indica que o mesmo está bem ajustado aos dados experimentais. A

variável mais expressiva foi a temperatura, seguida pelos outros fatores, como pode

ser observado na Figura 5.11 - Diagrama de Pareto da variável “eficiência de

extração”.

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SILVA, N. K. 87

*Colunas em preto são efeitos negativos e em cinza são os efeitos positivos

Figura 5.11 Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos fatores na “eficiência de

extração”

d. Capacidade antioxidante para o óleo de semente de romã

Na projeção de modelo matemático para a análise estatística desta última

variável dependente, os fatores B (temperatura) e C (granulometria) isolados não

foram significativos e tiveram influencia muito baixa, porém foram incluídos no

modelo para mantê-lo hierárquico.

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SILVA, N. K. 88

Modelo matemático:

(Eq. 5.4)

onde:

y= EC50

a = teor de água no etanol

b = temperatura

c = granulometria

O modelo ajustado é significativo, com um valor de p< 0,0250 e F de 6,60. A

única variável relevante foi o teor de água no etanol, ou seja, caso se considere

apenas a capacidade antioxidante, apenas a temperatura tem efeitos relevantes,

como pode ser observado na Figura 5.12 - Diagrama de Pareto da variável “EC50”.

*Colunas em preto são efeitos negativos e em cinza são os efeitos positivos

Figura 5.12 Diagrama de Pareto para avaliar os efeitos dos parâmetros no valor de

“EC50”

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SILVA, N. K. 89

A otimização do modelo ajustado, realizada com auxílio do software Design

Expert 10.0, retornou os valores 0,10%, 70 ºC e 0,40 mm para teor de água no

etanol, temperatura e granulometria das sementes, respectivamente, o que resultaria

em uma eficiência de extração de 52% e um valor de EC50 igual a 755 g amostra/g

DPPH.

5.3 Análises Físico-Químicas

5.3.1 Acidez

A análise de acidez só foi realizada nas amostras de óleo obtidas por

prensagem. Os valores obtidos e o desvio padrão são mostrados na tabela 5.11.

Tabela 5.11 Índice de acidez dos óleos prensados

Amostra Índice de Acidez (%)

Semente de Uva 0,41±0,01

Semente de Romã 0,74±0,01

Bagaço de Romã 0,79±0,03

O valor de acidez tem relação estreita com a qualidade da amostra, uma vez

que o processo de hidrólise gera ácidos graxos livres. A ANVISA (BRASIL, 1999)

estabelece uma acidez máxima de 2% para óleos e gorduras vegetais não refinados.

Todos os valores encontrados são inferiores ao que exige a Legislação e, portanto,

os índice de acidez das amostras indicam que o processo de prensagem a frio

mantém a integridade de todos os óleos avaliados. Pardo et al. (2009) encontrou

acidez livre entre 0,37 e 1,47% para o óleo prensado de diversas variedades de

uvas, enquanto Andrea & Formiga (2010) encontraram índice de acidez de 0,64 mg

KOH/g. Valores de índice de acidez para o óleo de semente de romã não foram

encontrados na literatura.

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SILVA, N. K. 90

5.3.2. Estabilidade Oxidativa

Apenas as amostras prensadas foram utilizadas para esta análise. O tempo

necessário para início do processo de oxidação do óleo de semente de uva foi de

cerca de 4 horas e meia, enquanto o período de indução do óleo de semente de

romã foi inferior a 1 hora, como mostrados na Tabela 5.12 a seguir:

Tabela 5.12 Período de indução dos óleos prensados

Período de indução (h)

Tempo convertido

Uva 4,60±0,42 4h36min

Romã 0,93±0,12 56min

Ambos os óleos possuem elevada atividade antioxidante, e como esperado, o

tempo de indução foi baixo, pois os ácidos graxos predominantes nestes óleos

vegetais são insaturados e são facilmente oxidados. Os compostos bioativos

deveriam estar protegendo o óleo, mas isso não está acontecendo, e uma

investigação sobre isto pode ser objeto de novos estudos. Ambos são óleos

sensíveis à oxidação, e por isso podem ser usados como aditivos antioxidantes em

outros produtos, mas para serem comercializados puros precisam de proteção

contra a oxidação.

Melo, Priscilla(2010) estudou a adição de óleo de semente de uva para

aumentar a estabilidade oxidativa do óleo de soja. Os compostos fenólicos são mais

facilmente oxidáveis, possivelmente devido às suas ligações insaturadas, e nessas

misturas eles são oxidados primeiramente, preservando as características do óleo

comercial. Infelizmente com isso também se perde no valor bioativo do produto final.

Lutterodt et al. (2011) avaliaram a estabilidade oxidativa do óleo de semente

de diversas variedades de uva prensadas a frio, encontrando valores do período de

indução acima de 20 h. Binzer et al. (2011) encontrou valores entre 15 e 13 h.

Andrea & Formiga (2010) encontraram tempo de indução de 1,11h a 110 ºC para o

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SILVA, N. K. 91

óleo prensado. São resultados muito discrepantes entre si, e não formam uma boa

base para comparação.

Na literatura, os dados sobre a estabilidade oxidativa do óleo de romã são

escassos. Jardini & Mancini Filho, (2007) utilizaram o aparelho Rancimat® para

avaliação da estabilidade oxidativa do óleo de semente de romã e também

constataram sua baixa estabilidade oxidativa. Sabe-se que óleos poliinsaturados em

especial aqueles com 3 ou mais duplas ligações são facilmente oxidados (óleo de

semente de girassol – 3h9min, PORTELA et al., 2009; óleo de casca de arroz

5h59min, ANWAR, 2005).

Para que o óleo seja considerado estável, deve atender ao critério de

exposição à programação de teste no Rancimat que estabelece um período mínimo

de 6,0 horas, de acordo com a norma EN 14112 (ANDREA & FORMIGA, 2010)

Portanto os óleos de semente de uva e de romã estudados neste trabalho são

considerados menos estáveis que o recomendado. Posteriores estudos sobre

formas de aumentar a estabilidade oxidativa destes óleos devem ser conduzidos.

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SILVA, N. K. 92

6 CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho permitiram concluir que:

A extração do óleo sementes de uva por prensagem só foi possível após

tratamento enzimático. Não foi necessário o pré-tratamento para prensagem das

sementes de romã. O rendimento alcançado foi de 8,63 g/100g e 12g/100g de óleo,

para a uva e romã, respectivamente.

Nas melhores condições, a eficiência de extração com etanol foi de 97,8%

para a uva e 62,07% para a romã.

O processo de extração com etanol favoreceu a remoção dos compostos

antioxidantes dos óleos estudados. Se comparado com o óleo obtido por

prensagem, a capacidade antioxidante foi 1660 e 5,5 vezes maior para o óleos de

semente de uva e romã, respectivamente.

Os dois óleos tiveram comportamento de fluidos newtonianos. Entretanto, o

óleo de semente de uva apresentou viscosidade cerca de 7 vezes menor que o óleo

de semente de romã.

O índice de acidez encontrado para os óleos prensados se encontra dentro

dos valores determinados pela Anvisa. Estes resultados foram também confirmados

pelas análises térmicas.

Ambos os óleos prensados se mostraram muito sensíveis à rancidez

oxidativa, com período de indução menor que 6 horas, valor de referência para óleos

refinados.

6.1 Sugestões e recomendações futuras

Combinar prensagem seguida da extração etanólica da torta para as

sementes de uva e romã, visando a remoção dos compostos antioxidantes que

permanecem retidos na mesma.

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SILVA, N. K. 93

Testar o pré-tratamento enzimático das sementes e bagaço de romã visando

aumentar o rendimento de extração por prensagem.

Analisar o perfil de ácidos graxos das amostras por cromatografia gasosa.

Avaliar o extrato etanólico, obtido a partir da torta, como antioxidante natural

para aumentar a estabilidade oxidativa dos óleos prensados.

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SILVA, N. K. 94

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