Nitya-dharma, a Função Eterna da Alma

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 A Função Eterna da Alma Dharma Nitya

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A Função Eterna da Alma

Dharma

Nitya

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A Função Eterna da Alma

Um livro baseado em palestra proferida porDharma

Nitya

Shri Shrimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja

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Copyright © 2010 by Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja

Título em inglês:

“Nitya Dharma - The Eternal Function of the Soul”

Tradução: Mahakala dasa (Marcio Lima Pereira Pombo)

Revisão: Krsna Jivani devi dasi (Laura Pires Camargo)

Arte e diagramação: Jay Krishna dasa (Wallace Ponte)

Apoio: Sri Gauravani Gaudiya Matha, Jagannatha Espaço Védico e Madana-gopala dasa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

BIBLIOTECA MUNICIPAL MARIETTA TELLES MACHADO

Todos os direitos reservados - É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer formaou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos DireitosAutorais (Lei no. 9610 /98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal Brasileiro.

M181f Maharaja, Bhaktivedanta Narayana Gosvami.

Nitya Dharma: a função eterna da alma / Bhaktivedanta Narayana Gosvami

Maharaja - Rio de Janeiro: IGVI, 2010

40 p.:il

 

Tradução de: Nitya Dharma - The Eternal Function of the Soul

Livro baseado em palestra proferida por Shri Shrimad Bhaktivedanta

Narayana Gosvami Maharaja

ISBN 978-85-6366-302-3

1. Vedas. 2. Filosofia hindu. I. Título

CDU: 294.118

Convidamos os leitores interessados no assunto

deste livro a visitarem nossos sites:

www.purebhakti.com

www.bhaktibrasil.com

www.gauravani.com.br

IMPRESSO NO BRASIL

Printed in Brazil 2010

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O Autor

Prefácio

História de Indra e Virochana

A alma e suas naturezas: a verdadeira e aadquirida

A natureza da alma infinitesimal

O relacionamento entre Deus e aentidade viva

Divisões de dharma

A natureza e a ciência da devoçãotranscendental

As glórias de sankirtana

Da Fé ao Amor a Deus – evoluçãogradativa no processo da devoçãotranscendental

Religião verdadeira e religiões enganosas

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Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja nasceu em 1921 emBihar, Índia, próximo às margens do sagrado rio Ganges. Aindajovem, renunciou à vida familiar e entregou sua vida aos pés delótus de seu mestre espiritual para prestar serviço a Deus. Destemodo, aprofundou-se nos segredos intrínsecos do conhecimentoespiritual.

Por mais de quarenta anos, viajou por toda a Índia ensinando este

conhecimento transcendental e, a partir de 1996, passou a viajarpelos países ocidentais a fim de transmitir esta sublime sabedoriaespiritual a todas as almas deste mundo.

Traduziu para o híndi mais de trinta textos sagrados do original emsânscrito e bengali, iluminando-os com seus próprios comentários.

Na era atual, é o expoente máximo no que se refere à sabedoria eao conhecimento milenares (os Vedas) da Índia, tendo sidocondecorado com o título “Yuga Acharya” (preceptor espiritualdesta era) em virtude de suas profundas realização e erudiçãoespirituais.

Em sua idade avançada, seu único interesse, ao viajar ao redor domundo, é de despertar a consciência espiritual latente daqueles quedele se aproximam. Por sua misericórdia imotivada e seuinconcebível poder espiritual, ilumina as almas condicionadasquanto à sua identidade eterna, proporcionando-lhes visão divinado plano espiritual transcendental e da forma mais elevada de amor

a Deus.

Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja

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Neste livro, apresentamos uma palestra do mais eminente líderespiritual da Índia e o maior expoente do conhecimento védico naera atual, Shrila Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja. Elediscorre sobre questões muito importantes da valiosíssima obraprima Jaiva-dharma – a função eterna da alma de ShrilaBhaktivinoda Thakura, outro destacado preceptor espiritual do

século XIX.

Shrila Narayana Maharaja discorre sobre a natureza e a ocupaçãoeternas da alma, os temporários deveres religiosos e ocupacionaisrealizados neste mundo, a meta suprema de todas as entidadesvivas e, sobretudo, o processo para se atingir esta meta. Comoevidência para suas explanações, cita diversos e antigos textossagrados dos Vedas e, com perfeita maestria, extrai a essência detodo o conhecimento.

Esta palestra foi proferida em híndi em Delhi, tendo sido publicadapela primeira vez na revista em híndi Bhagavat-patrika e mais tardetraduzida para o inglês para a revista Rays of the Harmonist, ediçãode Gaura Purnima, 2003. Agora vem cuidadosamente adaptada parafacilitar a leitura daqueles recém introduzidos à terminologiasânscrita e à linhagem Vaishnava.

Oro para que este livro chegue às mãos das almas sinceras e ávidasde conhecimento superior e verdade espiritual profunda e para que,lendo-o, iniciem sua jornada rumo ao verdadeiro amortranscendental.

Também oro para que meu mestre divino, om vishnupadaparamahamsa parivrajaka-acharya ashtottara shata shri ShrimadBhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja, fique satisfeito comminha tentativa de distribuir seus ensinamentos mundo afora edeste modo me ilumine. Só assim poderei avançar na compreensãoda função eterna de minha alma.

Os editores

Prefácio

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As palavras sânscritas nitya-dharma (função religiosaeterna e intrínseca) automaticamente pressupõem orealizador daquela função. Existe um vínculo inseparávelentre a própria função religiosa e quem a pratica, comona relação inseparável entre a água e sua liquidez, ou

entre o fogo e o calor.

Antes de considerar a religião inata, ou dever ocupacionalinerente (dharma) ao ser, é essencial primeiro refletirsobre a verdade fundamental relativa a este ser. [Dharmaé a função natural e característica de algo, ou aquilo quenão se pode separar de sua natureza.] Sendo assim, em

primeiro lugar vamos analisar o que é a verdade do “eu”.O Chandogya Upanishad narra a história de Indra eVirochana, através da qual se pode entender facilmente oprincípio fundamental da alma, o “eu” verdadeiro.

No início da era dourada, há milhões de anos, todo ouniverso dividia-se em dois grupos: o dos semideuses e o

dos demônios. O rei Virochana liderava o grupo dosdemônios e o Senhor Indra, o dos semideuses. Ambos serivalizavam na busca de felicidade e gozo sem paralelos.Deste modo, alimentando inveja e despeito um do outro,aproximaram-se do pai do universo, o Senhor Brahma, elhe perguntaram como poderiam satisfazer seus desejos.

O Senhor Brahma disse: “Para quem conhece a alma, éfácil alcançar todo gozo disponível em todos os mundose satisfazer cada um de seus desejos. A alma é livre do

História deIndra e Virochana

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pecado, da velhice, da morte, da lamentação, da fome edo desejo, e é conhecida como satya-sankalpa, ou seja,cada um de seus esforços e decisões é verdadeiro ejusto.”

Com o intuito de compreender a alma, tanto Indraquanto Virochana moraram com Brahma e praticaramcelibato por trinta e dois anos. Depois disso, oraram paraque o Senhor Brahma lhes falasse a respeito da alma. OSenhor Brahma disse: “Aquela pessoa (o eu) que vocêsestão vendo agora com os seus próprios olhos é a alma.

A alma é destemida e imortal.”

Os dois perguntaram em seguida: “A alma é a pessoavista na água ou no espelho?”

O Senhor Brahma mandou que eles olhassem cada umpara um pote de barro cheio d'água e lhes perguntou:“O que vocês vêem?”

Vendo seus reflexos na água, disseram: “Ó Senhor,vemos a alma inteira como ela é, dos fios de cabelo nacabeça às unhas dos dedões.”

Aí, o Senhor Brahma mandou que eles cortassem asunhas e o cabelo e se vestissem com diversosornamentos. Outra vez, fez com que olhassem para aágua nos potes de barro. “O que vêem agora?”

“Vemos que as duas pessoas nestes reflexos estãolimpas e decoradas com lindas roupas e adornos, assimcomo nós – portanto, em tudo se parecem conosco.”

O Senhor Brahma disse: “Eis aí a alma, que é destemida

e imortal.”Tendo ouvido isto, Indra e Virochana partiram com oscorações satisfeitos.

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Ao chegar à morada dos demônios, Virochana, que agoraentendia o corpo como sendo a alma e o objeto deadoração e serviço, declarou: “Ó demônios, quem adorao corpo como se este fosse a alma conquista tanto estemundo quanto os planetas superiores. Vê todos os seusdesejos serem satisfeitos e alcança a plenitude doprazer.”

A caminho de casa, Indra deliberou sobre o que ouvira:“Este corpo nasce, morre, passa por transformações, estásujeito a doenças e assim por diante. Como pode, então,

ser a alma imortal, que não nasce, não morre, não seaflige e nada teme?”

Apesar de já estar a meio caminho de casa, Indraregressou à morada de Brahma e lhe revelou sua dúvida.O Senhor Brahma mandou que Indra praticasse celibatopor mais trinta e dois anos e então lhe disse: “Aquelapessoa que entendemos ser o “eu” num sonho é a alma.

Esta alma é destemida e imortal.”

Após ouvir isto, Indra partiu em paz. Mas, de volta a seureino, de novo pôs-se a refletir: “Quando alguém estádesperto, pode ter o corpo de um cego, todavia, numsonho, seu corpo não padecerá da mesma cegueira.Mesmo um doente poderá ser saudável em seus sonhos.

Mas suponhamos que, ao longo de um sonho, a pessoaidentificada como o eu seja espancada ou morta. Aindaassim, ela teme e chora, e, ao despertar, este 'eu' deixade existir. Logo, a forma vista num sonho não pode defato ser a alma.”

Com isto em mente, Indra voltou à morada do SenhorBrahma. Após praticar celibato por mais trinta e dois

anos, Indra aprendeu o seguinte com o Senhor Brahma:

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“A alma jaz naquele estado de sono profundo durante oqual não se vê nem sequer se experimenta o sonho.”

Contudo, assim como antes, a caminho de casa, Indra

passou a contemplar as palavras do Senhor Brahma.

“Na condição de sono profundo”, pensou ele, “não há omenor entendimento de quem somos, tampouco dá parapercebermos a presença de alguém mais. Portanto, estacondição é uma espécie de aniquilação.” Com isto emmente, Indra foi ver o Senhor Brahma de novo. Desta

vez, depois de cinco anos de celibato, Indra aprendeuoutra coisa com o Senhor Brahma.

“Indra, o corpo físico, que está naturalmente sujeito àmorte, é somente a morada da alma. A alma estáapegada ao corpo, da mesma forma que um cavalo ouum touro permanece atrelado a uma carroça. Narealidade, a alma é a pessoa que tem desejos – tais

como 'quero ver aquilo'. Para cumprir esta tarefa,existem os sentidos. Quem manifesta o desejo de falar éa alma, e para o ato de falar existe a língua. Quemdeseja ouvir é a alma, e para o ato de ouvir existem osouvidos. Quem deseja pensar é a alma, e a mente realizao ato de pensar para ela.”

Esta história deixa claro que a alma tem três moradas,tanto como o amendoim tem três elementos (a casca, apele e o próprio amendoim).

As moradas da alma são:

. o corpo grosseiro, consistindo em cinco elementosmundanos (terra, fogo, água, ar e éter).

. o corpo sutil (mente, inteligência e falso ego), dotadode algo parecido com a consciência.

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. o corpo puro da alma, composto das três potênciasespirituais, a saber, sat-chit-ananda: existência pura eeterna (sat), todo o conhecimento, ou cognição (chit), ebem-aventurança espiritual completa (ananda).

Cada um destes corpos tem o seu próprio dharma (oufunção ocupacional) em separado.

Os corpos grosseiro e sutil são impermanentes. Logo,suas respectivas funções também são temporárias. Aalma, contudo, é eterna e duradoura. É esta a doutrina

estabelecida pelos Vedas, Vedanta, Upanishads e Puranas(conhecimento eterno, transcendental, a princípiotransmitido oralmente, e por fim registrado sob a formade textos sagrados, na Índia, há aproximadamente cincomil anos). Portanto, a função desta alma é de fato afunção eterna, ou a religião eterna. Também se chamadharma védico, ou bhagavat-dharma.

 

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É importante entender o significado da palavra dharma.Ela deriva da sílaba-raiz dhri, que quer dizer dharana,“reter” ou “possuir”. Portanto, dharma significa“aquilo que se retém”. A natureza ou qualidadepermanente e intrínseca de um ser é sua religião

eterna, ou dharma. Quando, pelo desejo do Senhor,algum ser é criado, a natureza eterna do mesmotambém se evidencia simultaneamente.

Esta natureza, ou qualidade, é a ocupação eterna, oureligião eterna, daquele ser. Se mais tarde este serpassa por uma transformação, por acaso ou devido a

algum vínculo com outro objeto, sua natureza,presente eternamente no seu âmago, fica distorcida.Aos poucos, a natureza distorcida se estabiliza e pareceser eterna e pura como sua natureza anterior. Noentanto, a natureza transformada não é verdadeira.Esta natureza, que é temporária, chama-se “naturezaadquirida” (nisarga).

A natureza adquirida sobrepuja a verdadeira natureza doindivíduo e passa a impor sua própria identidade comose fosse a natureza 'verdadeira'. A água é umasubstância cuja natureza, ou dharma, é a fluidez. Aosolidificar-se por se transformar em gelo, contudo, suanatureza, ou seja, a fluidez, também se transforma e seenrijece. Esta qualidade de enrijecimento torna-se a

natureza distorcida da água e atua em lugar de suaverdadeira natureza de fluidez.

A alma e suas naturezas:a verdadeira e a adquirida

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A natureza adquirida, porém, não é permanente – étemporária. Por ter se originado de alguma causa ouforça, quando se desfaz esta força, a própria naturezaadquirida se desfaz e a natureza verdadeira semanifesta de novo, assim como o gelo fica líquidooutra vez ao ser aproximado do calor.

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Se quisermos entender este assunto, a alma, da formaapropriada, é essencial que compreendamos tanto averdade fundamental acerca da alma quanto suanatureza eterna. Uma vez que tenhamos esteconhecimento, será muito fácil entendermos a função

eterna e a função temporária das entidades vivas.

Deus – o criador, mantenedor e aniquilador douniverso, a origem de tudo e a causa de todas ascausas – é a Verdade Absoluta indiferenciada. Ele não éinforme, impessoal, muito menos destituído decaracterísticas próprias – a impessoalidade e a ausência

de características próprias são apenas Suasmanifestações parciais. Na realidade, Ele tem umaforma transcendental.

Também é o inconcebível possuidor de todo o poder,sendo dotado de seis opulências: toda a beleza, toda afama, toda a riqueza, toda a força, todo oconhecimento e toda a renúncia.

Pela influência de Sua potência inconcebível, que tornao impossível possível, a Verdade Suprema, Shri Krishna,manifesta-Se sob quatro aspectos. Shrila Jiva Gosvamiafirma:

A Verdade Absoluta é uma só. Ele tem comocaracterística singular o fato de ser dotado de potênciainconcebível, mediante a qual sempre Se manifesta dequatro maneiras:

A natureza da alma infinitesimal

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. Sua forma pessoal original.

. Seu esplendor pessoal, no qual se incluem Suamorada e Seus eternos companheiros, expansões e

encarnações.

. As almas espirituais individuais.

. A energia material.

Estes quatro aspectos podem ser comparadosrespectivamente:

. ao interior do planeta sol;

. à superfície do globo solar;

. às partículas atômicas dentro dos raios do sol,emanadas desta superfície;

. ao reflexo remoto do sol.

Shrila Jiva Goswami afirma, ainda, que, se compararmosKrishna, a entidade consciente completa, ao sol, então, asalmas espirituais individuais poderão ser comparadas àspartículas localizadas de luz existentes nos raios do sol.

[Os raios do sol não podem ser independentes do

planeta sol, tampouco podemos considerar que um sóraio seja o sol. Pelo contrário, cada raio é parte do sol.Da mesma maneira, as almas conscientes, espirituais einfinitesimais, comparadas às partículas atômicas de luzexistentes nos raios do sol, não podem serindependentes de Deus, já que são partes d'Ele.Tampouco pode uma alma ser chamada de Deus, mas

sim de Sua partícula infinitesimal.]

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O Bhagavad-gita (15.7) descreve a identidade eterna daalma individual:

As almas individuais e eternas neste mundo material

são, sem dúvida, Minhas partículas separadas.

Afirma o Brihadaranyaka Upanishad (2.1.20):

Inúmeras almas emanam do Ser Supremo, assim comominúsculas centelhas emanam de uma fogueira.

Afirma o Shvetasvatara Upanishad (5.9):

Deve-se saber que a alma é do tamanho de umadécima milésima parte da ponta de um fio de cabelo.

Também diz o Shri Chaitanya charitamrita (Madhya-lila29.109):

... como uma partícula molecular do brilho do sol ou da

fogueira.

Segundo confirmam estas citações, a alma é a parteseparada da transformação da potência marginal deDeus. O Shvetasvatara Upanishad (6.8) afirma:

Somente aquela potência suprema de Deus semanifesta como inúmeras potências (shaktis), três dasquais são proeminentes, a saber:

. A potência interna (chit-shakti) de Deus, por meio daqual Seus passatempos transcendentais manifestam-senos planetas espirituais.

. As almas (jivas).

. A manifestação material temporária (maya).

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Pelo desejo do Senhor, a potência marginal de Deus,estando situada entre as potências espiritual e material,manifesta inúmeras e insignificantes almasatomicamente conscientes. Estas almas são entidadesespirituais por natureza, capazes de divagar pelosmundos espiritual e material. Por este motivo, estapotência é conhecida como potência marginal, e aspróprias almas chamam-se “almas que são neutras pornatureza”.

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Conforme um aforisma do Vedanta-sutra, shakti-shaktimator abhedah: “Krishna (Deus) e a potência deKrishna não são diferentes entre si.” Portanto, Krishnae a transformação de Sua potência, as almas, ouentidades vivas, também não são diferentes entre si.

Porém, esta é uma igualdade só da perspectiva deambos enquanto seres espiritualmente conscientes.

Krishna, no entanto, é o ser vivo consciente completo eo amo da energia material ilusória (maya), ao passo queas almas são atomicamente conscientes. [Maya, sendo apotência externa do Senhor, influencia todas asentidades vivas a aceitarem o falso egoísmo pelo qual

se acham desfrutadoras independentes deste mundomaterial]. Em virtude de sua energia marginal, as almaspodem sujeitar-se a esta energia material ilusória(maya). Krishna é aquele que detém todo o poder e asalmas, nenhum poder. Deste modo, há uma diferençaeterna entre Krishna e as almas.

Da perspectiva filosófica, esta simultaneidade dediferença e não-diferença está além da inteligênciahumana, sendo por isso chamada doutrina dainconcebível diferença e não-diferença. Shri KrishnaChaitanya Mahaprabhu, o próprio Senhor original,harmonizou inteiramente as doutrinas contextuais dosVedas com aquelas dos mestres espirituais Vaishnavasanteriores. Ele tomou as doutrinas de Shri Ramanuja

Acharya, Shri Madhvacharya, Shri Vishnusvami e Shri

O relacionamento entreDeus e a entidade viva

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Nimbaditya Acharya e revelou-lhes a síntese: a doutrinada inconcebível diferença e não-diferença, que é oentendimento absoluto e universal dos Vedas.

Deste modo, Deus é a fonte de todas as expansões e asalmas são Suas partículas separadas. Deus (Krishna) équem atrai e as almas, as que se sentem atraídas.Krishna é o objeto de serviço e as entidades vivas, asprestadoras de serviço. O serviço a Shri Krishna, o serplenamente consciente, é a natureza verdadeira dasalmas atomicamente conscientes.

Este serviço na verdade chama-se a religiãotranscendental de imaculado amor a Deus. Logo, esteserviço a Deus, este amor a Deus, é o nitya-dharma daalma. “Por sua natureza constitucional, a alma é servaeterna de Shri Krishna” (Shri Chaitanya-charitamrita,Madhya-lila 20.108).

No entanto, se esta alma, que é atomicamenteconsciente e cuja natureza é marginal, fica avessa aoserviço a Deus, então, maya, a potência material ilusóriade Krishna, cobre a atômica natureza consciente da almapura com os corpos materiais sutil e grosseiro. Assim,maya faz com que estas almas se habituem a divagarpelas oito milhões e quatrocentas mil espécies de vida.

Quando se restabelecem em seu serviço a Deus, asalmas libertam-se de seus corpos, até então impostospela potência material ilusória. Enquanto descuidar desua inclinação a servir a Deus, a alma continuará a seresturricada pelas misérias tríplices, ou seja, ossofrimentos causados por nossa própria mente e corpo,por outros seres vivos e pela natureza material.

Nesse contexto, a forma espiritual pura da alma ficacoberta pelas cortinas da ilusão material, e seu nitya-

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dharma, ou natureza eterna, também fica coberto, oupervertido. Esta natureza pervertida determina afunção ocasional (ou religião temporária) da alma,assim como a água se solidifica ao se transformar emgelo. Esta religião temporária varia segundo tempo,lugar e recipiente.

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Neste mundo, podem-se dividir todas as variedades dedharma (dever ocupacional) em três categorias gerais:

. Dharma impermanente, cujo adepto não aceita aexistência do Senhor e a eternidade da alma.

. Dharma circunstancial, cujo adepto aceita aeternidade do Senhor e da alma, mas só praticamétodos temporários para alcançar a misericórdia doSenhor.

. Dharma eterno (nitya), cujo adepto se esforça pelométodo do amor puro para conquistar o serviço a

Deus.

A religião eterna é uma só, e não duas ou muitas.Países, classes sociais, raças e línguas diferentes,apesar de a identificarem por nomes diversos, nãopodem alterar a função constitucional inerente à alma.O amor espiritual inadulterado que a entidadeinfinitesimal (a alma) sente pela Entidade Infinita

(Deus) é a única religião eterna de todas as entidadesvivas. É esta a ocupação suprema de todas as almas.

Na Índia, esta função inerente é conhecida comoVaishnava-dharma. Além de ser eterno, o Vaishnava-dharma é o mais elevado ideal de religião suprema. Nocumprimento de deveres prescritos ocasionalmente,

não se pratica nem se visa à religião eterna de formadireta, mas apenas de forma indireta. Logo, é algo debem pouca serventia.

Divisões de dharma

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Aqueles processos que estruturam as religiõestemporárias carecem da ocupação eterna da alma e,como tal, são descritos como a função dos animais.São processos a serem rejeitados.

O Hitopadesha (25) afirma:

Em se tratando de comer, dormir, defender-se eacasalar-se, seres humanos e animais são a mesmacoisa. No entanto, a qualidade de ser religioso éprópria só dos seres humanos. Sem vida espiritual, os

humanos em nada são melhores que os animais.Aquela religião em que não se cultiva a natureza do eu(a alma); em que se fazem esforços para intensificar oshábitos de comer, dormir, defender-se e acasalar-se; eem que o gozo dos objetos temporários dos sentidos étido como o objetivo derradeiro da vida humana – tal éa religião, ou ocupação, dos animais. Nesta pretensa

religião, é mesmo completamente impossível escaparde todo sofrimento e conquistar felicidade pura, o queé a meta da vida humana.

Portanto, o Shrimad-Bhagavatam (11.3.18) declara:

Todos os homens neste mundo sentem-se inclinados apraticar karma com o objetivo de se libertarem do

sofrimento e conquistarem a felicidade, porém,resultados opostos são atingidos. Em outras palavras, ador não se dissolve e não se alcança a felicidade.

Por este motivo, o Shrimad-Bhagavatam (11.9.29) dá ainstrução mais elevada a todas as pessoas do mundo:

Após divagar por 8.400.000 espécies de vida, chega-seà rara forma humana de vida, a qual, embora

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temporária, proporciona a oportunidade de se alcançara perfeição máxima. Portanto, um ser humano sóbrio,sem desperdiçar um instante sequer, deverá esforçar-seem prol do bem-estar supremo da vida enquanto seucorpo, o qual sempre estará sujeito à morte, não tiverse degenerado e morrido.

Como meio para conquistar a prosperidade máxima,certas pessoas aceitam atividades praticadas visandorecompensas (karma); outras, o conhecimento acercado aspecto impessoal de Deus visando à liberação; e

ainda outras, a meditação (yoga).

Mas isto é refutado no Shrimad-Bhagavatam (1.5.12):

Ter conhecimento da auto-realização, mesmo queisento de qualquer afinidade com a matéria, não caibem se carece de algum conceito a respeito do SenhorSupremo.

O Shrimad-Bhagavatam (11.14.20) afirma ainda:

Ó Uddhava, a meditação (yoga), o caminho doconhecimento envolvendo sankhya (a análise do quevem a ser espírito e matéria), o estudo dos Vedas, aausteridade e a caridade – nada disso pode Meconquistar como o faz a devoção intensa (bhakti)

praticada exclusivamente para Mim.

Este verso quer dizer que a devoção pura a Deus é oúnico meio pelo qual se pode obter o benefíciomáximo. Este ensinamento também aparece nosShrutis:

É a devoção (bhakti) que revela Deus às almas. EssaPessoa Suprema só é controlada pela devoção.

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Portanto, bhakti, ou devoção pura, é superior a todasas demais práticas e é a religião eterna da alma.

No Shrimad-Bhagavatam (11.14.21), Krishna, o Senhor

Supremo e Original, também diz:

Eu só posso ser alcançado por meio de bhakti.

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Qual é a forma do amor e devoção puros? O Sandilya-sutraafirma: “Devoção pura é o supremo apego, ou amor, aoSenhor. Além disso, como tal amor tem a propensão acontrolar o controlador supremo, sua natureza é imortal.”

Shrila Rupa Goswami descreve a natureza intrínseca debhakti como se segue (Bhakti-rasamrta-sindhu 1.1.11):

Serviço devocional puro é o cultivo de atividades que sedestinam exclusivamente ao prazer do Senhor Supremo eOriginal, Shri Krishna – em outras palavras, o fluxoininterrupto de serviço a Deus realizado por meio de todosos esforços do corpo, da mente e das palavras e pela

expressão de diversos sentimentos espirituais. Não écoberto, nem pelo conhecimento que visa à liberaçãoimpessoal, nem por atividades executadas em troca derecompensas, nem pela meditação, nem por austeridades;e é inteiramente isento de todos os desejos que não sejamo desejo de proporcionar felicidade ao Senhor Supremo.

A devoção se cultiva em duas fases: (1) a fase da prática e(2) a fase da perfeição.

O eterno e perfeito amor a Krishna chama-se prema-bhakti, e é a única religião eterna da alma. Esta devoção nafase de perfeição, embora eternamente perfeita,permanece coberta naquelas almas que caíram nomaterialismo. Uma pessoa neste estado encoberto, na

tentativa de resgatar este amor a Deus, passa a praticardevoção com seus sentidos. Este tipo de prática de

A natureza e a ciência dadevoção transcendental

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devoção também é religião eterna, só que no estadoimaturo da mesma, ao passo que a devoção na fase deperfeição é tida como o estado plenamente amadurecidoe consolidado de religião eterna. Sendo assim, apesar deser uma só, a religião eterna tem duas fases. A fase deprática da devoção também é de dois tipos:

. Devoção conforme regras e restrições.

. Devoção espontânea (raganuga bhakti).

Até manifestar-se no coração do praticante um apego egosto espontâneos por Deus, ele observa as regras deprática recomendadas pelas sagradas escriturasreveladas.

Desta maneira, observando a disciplina e os regulamentosdas escrituras védicas, o praticante ocupa-se em devoçãoa Deus. Em contrapartida, ocupa-se na prática de devoção

espontânea aquele (1) em cujo coração já surgiu um gostoe apego espontâneos; (2) que, sem levar em consideraçãoas regras e restrições das escrituras, desenvolve intensaavidez por ter os humores dos companheiros eternos doSenhor em Vraja, o plano espiritual supremo,companheiros estes saturados de amor e apego a Ele; e (3)que se dedica às práticas devocionais para seguir ospassos daqueles companheiros eternos do Senhor.

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Em termos gerais, esta prática devocional subdivide-se emsessenta e quatro ramificações. Após refugiar-se aos pésde lótus do mestre espiritual puro, o qual é auto-realizadoe cujo coração é livre de quaisquer impurezas, o praticantese concentra nas seguintes ramificações:

(1) Ouvir, (2) cantar e (3) lembrar-se dos nomes,qualidades, formas, atributos, caráter e passatempos doSenhor; (4) servir Seus pés de lótus; (5) oferecer-Lheorações; (6) adorá-l'O; (7) prestar-Lhe serviço; (8) fazeramizade com Ele; e (9) oferecer o próprio eu inteiramenteao Senhor.

Das sessenta e quatro ramificações da devoção, as novesupramencionadas se destacam. Destas nove, as trêsprimeiras, ouvir, cantar e lembrar, são superiores àsdemais; e, destas três, a suprema é o cantar de Seusnomes puros e transcendentais. Todas as ramificações dadevoção (bhakti) estão plenamente incluídas no cantardos santos nomes de Deus.

Segundo verdades filosóficas fundamentais, Deus e osnomes de Deus não são diferentes entre si. As glórias dosnomes transcendentais de Deus são cantadas em profusãoem todos os textos sagrados da Índia. Especialmentenesta era de desavenças e duplicidade, o cantar dossantos nomes do Senhor é o único refúgio, ou religião.

As glórias de sankirtana

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O Bhihad-naradiya Purana declara:

Nesta obscura era férrea de desavenças e duplicidade, ouseja, a era de Kali, o único meio de libertação é o cantar

dos nomes de Deus, dos nomes de Deus, dos nomes deDeus. Não há outra maneira. Não há outra maneira. Não háoutra maneira.

O Shrimad-Bhagavatam (6.3.22) também declara que ocantar dos santos nomes de Deus é a única ocupação, oureligião, suprema dos seres vivos:

O serviço devocional, cuja prática essencial é o cantar dosanto nome do Senhor, é o princípio religioso máximopara as entidades vivas na sociedade humana.

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A seqüência da evolução gradativa do cultivo da religiãoeterna é revelada por Shrila Rupa Goswami. Estaseqüência, sem dúvida algo sem paralelo e tãomaravilhoso neste mundo, é apresentada no Bhakti-rasamrta-sindhu (Divisão Oriental 4.11):

. Fé: no início, a fé na devoção surgirá para uma pessoamuito afortunada devido ao resultado cumulativo deatividades piedosas e transcendentes ao longo de muitasvidas. Tal fé é a semente da trepadeira de bhakti, ou seja, atrepadeira da devoção.

. Contato com santos transcendentais: em seguida, dá-se o

contato com Vaishnavas santos e, o que é maisimportante, o contato com o mestre espiritual auto-realizado, o qual está no plano da transcendência e cujocoração é livre de quaisquer defeitos e impurezas. Omestre espiritual iniciará esta alma afortunada no Hari-nama, ou seja, a poderosa e sagrada vibração sonora dossantos nomes de Deus. À medida que o discípulo cantar

Hari-nama, seu mestre espiritual lhe iluminará o coraçãocom o conhecimento divino.

. Práticas e meditações espirituais: sob a orientaçãodesses santos dotados de poder espiritual, o devotopratica as meditações espirituais do serviço devocional,tais como ouvir, cantar e lembrar-se dos nomes,qualidades, atributos, forma e passatempos de Deus.

. Eliminação de todos os desejos desfavoráveis e outras

Da Fé ao Amor a Deusa evolução gradativa no processo da

devoção transcendental

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impurezas do coração: o resultado da dedicação a essaspráticas devocionais é que se destroem todos os desejosdesfavoráveis e outras impurezas do coração, ou seja, oselementos que impedem o avanço no caminho dadevoção.

. Fé firme nas práticas espirituais: deste modo, conquista-se fé firme e estabilidade nas práticas da devoção.

. Gosto espiritual transcendente: no próximo passo,adquire-se gosto transcendental. Quando desperta este

verdadeiro gosto espiritual, a atração por assuntosespirituais, tais como ouvir, cantar, meditar e outraspráticas espirituais, excede a atração que se possa ter porqualquer espécie de atividade material. Esta é a sextaetapa no processo de desenvolvimento da trepadeira dadevoção.

. Apego profundo: esta fase refere-se especialmente ao

apego ao Senhor e a Seus companheiros eternos. Istoocorre quando o gosto pelas práticas espirituais acabafazendo com que o praticante tenha um apego profundo edireto ao objeto de suas práticas espirituais, o SenhorSupremo, Krishna.

. Amor espiritual (bhava): por fim, obtém-se um broto doamor puro a Deus. Bhava é comparado a um raio do sol dotranscendental e puro amor a Deus.

Nesta fase da devoção, bhava, ou seja, a essência dapotência interna do Senhor, a qual consiste emconhecimento e bem-aventurança espiritual puros, étransmitido ao coração do praticante, oriundo do coraçãode um dos companheiros eternos de Deus que tenha vindo

a este planeta. Nesta fase, o praticante finalmente podeperceber, em seu coração, as onze características de seucorpo espiritual eterno, tais como seu nome eterno, suas

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vestes eternas, seu serviço eterno etc. Esta chama-se aperfeição de nossa forma espiritual eterna, svarupa-siddhi.

A fase em que o estado plenamente amadurecido debhava se condensa chama-se prema, ou seja, otranscendental amor puro a Deus.

Este transcendental amor puro a Deus é a única religiãoeterna de todas as entidades vivas.

Este também é o conselho do próprio Senhor Supremo,Shri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. Trata-se do assuntofundamental mais confidencial dos shastras (escriturasreveladas): Vedas, Vedanta, Upanishads e Puranas.

.

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No mundo de hoje, a maioria das religiões são, naspalavras do Shrimad-Bhagavatam, “religiões enganosas”.O Shri Chaitanya-bhagavata também afirma:

Segundo o Shrimad-Bhagavatam, todas as idéiasmundanas que se difundem em nome da religião nãopassam de uma forma de trapaça.

Religião temporária (anitya-dharma) é aquele dharma cujaforma máxima de adoração ao Senhor é a oração em trocade pão e manteiga; cujo praticante muda de conduta,virando cristão, e depois hindu, e depois budista, e depoiscristão de novo; e cujo praticante procura livrar-se de

doenças do corpo, considerando-o a alma (o eu) eachando que sua alma é o Senhor.

Alimentar as pessoas com arroz e lentilhas com base naconcepção errônea de que elas são pobres; construirhospitais e centros educacionais ateístas crendo ser este oserviço mais elevado a Deus; pensar que a ocupaçãoeterna, a ocupação temporária e todas as demaisvariedades de dharma são a mesma coisa; negligenciar aocupação eterna da alma (nitya-dharma) e propagar osecularismo; sacrificar animais e pássaros inofensivos emnome do amor ao mundo; e servir ao homem e à nação –tudo isso é religião (ou dharma) temporária.

Nenhuma dessas atividades jamais ocasionará bem-estar

permanente para o mundo. No entanto, se considerarmosa religião eterna como sendo um templo – em outraspalavras, como sendo nosso objetivo mais elevado –,

Religião verdadeira ereligiões enganosas

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poderemos aceitar esses outros dharmas parcialmente,mas somente como degraus para chegarmos a estetemplo da religião eterna. Sempre que essas outrasreligiões contradisserem, cobrirem ou dominarem nitya-dharma, ou seja, a ocupação eterna da alma, deverão serabandonadas por completo. Moralidade, humanidade ouamor mundano desprovidos da função eterna da alma nãofazem o menor sentido e não são dignos de glorificação. Overdadeiro objetivo e o único propósito da humanidade eda moralidade é alcançar amor puro por Deus (krishna-prema).

Se houver ao menos um praticante verdadeiro destafunção eterna, nitya-dharma, que mantenha acesa achama do cantar dos santos nomes de Deus, então, suanação, casta e sociedade jamais haverão de se arruinar –mesmo depois que esta nação enfrente a opressão e adominação de outro país, e tenha seus tesourossaqueados, suas escrituras transformadas em cinzas e suacultura e propriedade destruídas. Este cantar dos nomesde Deus...

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare

Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

... possibilita o bem-estar eterno do mundo e do país,sociedade, casta e eu de cada um de nós.

Encerro minha palestra, repetindo a instrução final doSenhor Krishna, o fundador do dharma, como consta noBhagavad-gita (18.66):

Abandone por completo todas as variedades de dharma

relacionadas a seu corpo e sua mente, e renda-se apenas einteiramente a Mim. Hei de livrá-lo de todas as reaçõespecaminosas. Não tema.

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“O Senhor Krishna viu o disco perfeito da lua cheia cintilando com uma

refulgência vermelha igual à da marca do kunkuma recém aplicado,

como se a lua fosse o rosto da deusa da fortuna. Também viu os lótus-

kumuda abrindo-se em resposta à presença da lua e a floresta

suavemente iluminada por seus raios. Deste modo, o Senhor começou a

tocar Sua flauta docemente, atraindo as mentes das gopis de olhos tão

lindos.

Ali, à margem do rio Yamuna, a Suprema Verdade Absoluta, o Senhor

Krishna, iniciou o passatempo da dança da rasa na companhia daquelas

que são jóias entre as mulheres, as fiéis gopis, que, jubilosas, uniram-se

dando-se os braços.

A festiva dança da rasa começou com as gopis dispostas em círculo. O

Senhor Krishna expandiu-Se para estar entre cada par de gopis e, como

aquele senhor do poder místico envolveu-lhes os pescoços com Seus

braços, cada mocinha pensava que Ele só estava ao lado dela. Os

semideuses e suas esposas, vendo-se arrebatados pelo desejo intenso de

testemunhar a dança da rasa, num instante congestionaram o céu com

suas centenas de aeroplanos celestiais.

Então, ressoaram tambores no céu enquanto dele caía uma chuva de

flores, e o líder dos habitantes dos planetas celestiais, acompanhado de

suas esposas, cantaram as glórias imaculadas do Senhor Krishna.

Um som tonitruante surgia dos braceletes, tornozeleiras e cintos das

lindas gopis à medida que elas se divertiam com seu amado Krishna no

círculo da dança da rasa.

Em meio às gopis dançantes, o Senhor Krishna parecia brilhantíssimo,

tal qual uma safira extraordinária no meio de adornos dourados.”

(Shrimad Bhagavatam 10.29-33)

Abandone por completo todas as variedades de dharma relacionadas a

seu corpo e sua mente, e renda-se apenas e inteiramente a Mim. Hei de

livrá-lo de todas as reações pecaminosas. Não tema.

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Este livro foi impressona oficina da ASA EDITORA GRÁFICA / EDITORA KELPS LTDA.

No papel: Reciclato Linha Dagua 75ge-mail: [email protected]

A revisão final desta obra é de responsabilidade dos editores