Nº 1. 2010 Revista Anual da Aberdeen-Angus Portugal

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Nº 1. 2010 Revista Anual da Aberdeen-Angus Portugal

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O Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus foi aprovado a 27 de Novembro de 2007 e entregue a sua gestão à Federação Agrícola dos Açores, sendo esta responsável por manter e certificar a pureza da raça, assim como desenvolver acções que

promovam a melhoria e difusão de animais reprodutores.

Av. Álvaro Martins Homem, 31 9700 – 017 Angra do Heroísmo, Açores – Portugal

Tel/fax: +351 295 628 350 . [email protected] . www.faa.pt

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ÍndiceEditorial 4

Criadores constituem “Associação de Criadoresda raça Aberdeen-Angus” 5

Funcionamento do Livro Genealógico Portuguêsda Raça Bovina Aberdeen-Angus 6

Seguindo as pisadas dos famosos 8

Certified Aberdeen-Angus Beef 10

Angus FAQS 12

A raça Aberdeen Angus 15

A raça Aberdeen-Angus na Irlanda 24

Tecnologias reprodutivas nas manadas de carne 26

Canadian Angus Association 30

Angus na Austrália 32

Selecção assistida por marcadores molecularesna gestão e melhoramento de gado de carne 34

A raça Angus na Argentina 37

Algo da história e evolução da raça Angus no Uruguai 39

Expansão da raça Aberdeen-Angus 42

A raça Aberdeen Angus na Alemanha 44

Mértola é referência da raça no continente 46

The Irish Angus Cattle Society 49

O caminho faz andando (I PARTE) 51

A Aberdeen Angus na Dinamarca 55

O caminho faz andando (II PARTE) 57

Red Angus na Austrália 60

Maneio Sanitário em explorações de carne 62

Ficha Técnica

DirectorLuís Machado

Colaboraram nesta ediçãoArtur Machado e Erica Baron, João

Silva, José Matos, Nigel Hammill, Paulo Costa, Rita Villa Nova e

Robert Anderson

RedacçãoPaulo Costa

PaginaçãoCláudia Franco

PropriedadeAberdeen-Angus Portugal - Associa-ção de Criadores da Raça Aberdeen-

Angus

Impressão e acabamentoCoingra

Tiragem de 1000 exemplares

Distribuição gratuita

Rua do Emigrante, 42São Bartolomeu

9700-520 Angra do Heroísmo

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Caros associados e bovinicultores,Neste tempo em que a conjuntura económica nacional

e internacional não é a melhor, nem se sabe, por exemplo que futuro nos traz a Política Agrícola Comum (PAC) pós 2013, que decisões tomar a médio longo prazo devido à constante mudança de interesses de uma produção agrí-cola cada vez mais globalizada, surge assim no nosso con-texto e pela primeira vez na história do nosso pais a Asso-ciação de Criadores da Raça Aberdeen-Angus designada por ABERDEEN-ANGUS PORTUGAL à qual presido com muita honra.

Muito tem sido feito em prol da raça desde o ano 2005 aquando da primeira importação de animais reproduto-res. De salientar a criação, através da Federação Agríco-la dos Açores, do Livro Genealógico Português da Raça Aberdeen-Angus, aprovado pela Direcção Geral de Veteri-nária – Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas a 27 de Novembro de 2007, a vários eventos re-lacionados com a mesma, ficando marcado também pela fundação desta associação.

Independentemente dos dias negros em que vive a nos-sa agricultura é cada vez mais necessário que os agricul-tores consigam gerir as suas explorações ao cêntimo, pois não se deve tanto medir o sucesso de uma exploração pelo peso que um grupo de novilhos consegue ao abate, mas pela capacidade que o efectivo reprodutor tem de contri-buir a cada 365 dias.

A raça Angus aparece num cenário agrícola português com um futuro promissor. Desde logo pela sua eficiência na conversão de forragem (alimento pobre em energia) em peso, pela sua, rusticidade/adaptabilidade a várias condições edafo-climáticas, mas também pela elevada fa-cilidade de parto e de maneio e pela capacidade de pro-duzir carne de elevada qualidade com reputação mundial. Aos produtores que estão no sector, aos que pensam criar novas explorações e aos indecisos, digo-vos MUDEM, MU-DEM!

Costumo dizer que não “inventámos a roda” pois ela já o foi há muito. Basta analisarmos todos os mercados es-trangeiros, onde por exemplo na Argentina 80% das ma-nadas são Angus e/ou cruzados de Angus. Passando pela forte implementação da raça no Brasil, Estados Unidos

da América (maior efectivo puro mundial), Canadá (raça onde se espera o registo de mais de 60.000 animais puros durante o ano de 2010), passando pelo Reino Unido onde a raça tem o seu o berço, a restante Europa ou mesmo no outro lado do mundo (i.e. Austrália e Nova Zelândia).

Onde a nível mundial todas as raças de gado de carne baixaram os seus níveis populacionais, a Aberdeen-Angus consegue manter-se e em alguns países até aumentar o re-gisto dos seus efectivos, demonstrando a sua popularidade, resultado da sua aceitação, credibilidade e excelência.

Embora sejamos um pequeno grupo de criadores, em todos vejo a dedicação e onde recai a responsabilidade de preservar, desenvolver, melhorar e promover o usa da raça e que à semelhança de outras associações de criadores es-palhadas pelos cinco continentes, possamos fazer história e contribuir para a melhoria da produção e da qualidade da carne produzida em Portugal.

Por último, agradecer a todos quanto contribuíram para que fosse possível a circulação desta revista, de modo especial às organizações internacionais que contribuíram com a sua experiência e o acolhimento no Secretariado Mundial da Raça Angus, pela qualidade dos artigos e pe-los patrocinadores, esperando que esta publicação faça jus ao V. esforço.

Esta Direcção, que presido, acredita que todos juntos vamos ter certamente um futuro risonho, brilhante e lon-gínquo, trabalhando em prol desta raça, que é uma das mais antigas do mundo e que tantas alegrias nos têm dado, a todos um bem-haja!

Luís Armando Pimentel Pereira da Costa Machado

Editorial

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da raça e dos seus criadores.A associação pretende assumir responsabilidades em vá-

rias áreas, das quais organizar concursos e exposições da raça, providenciar formação e informação aos seus mem-

bros, de modo a que possam tirar o maior rendimento e satisfação na selecção genética.

A associação tem sede na ilha Terceira onde dará apoio técnico e consultivo a todos os seus membros e criadores.

A aprovação do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus em Portugal a 27 de Novembro de 2007 e a nomeação da Federação Agrícola dos Açores (FAA) como entidade gestora, veio incentivar a criação de animais em linha pura, pois efectuaram-se duas impor-tações (Irlanda em 2008 e Reino Unido em 2009), o que significou o incremento no número de criadores.

A necessidade de tornar acessível a inscrição de ani-mais no Livro Genealógico (LG) em todo o território, um grupo de criadores decidiu constituir uma associação de carácter Nacional associando-se à Federação Agrícola dos Açores, permitindo assim que qualquer criador, indepen-dentemente do assento de exploração, possa estar ligado à entidade gestora do Livro.

Assim, a 16 de Março de 2009 foi constituída a Aber-deen-Angus Portugal — associação de criadores da raça Aberdeen-Angus. Os 11 sócios fundadores têm origem na Região Autónoma dos Açores (Graciosa, Faial, Pico, S. Mi-guel e Terceira) e no Baixo Alentejo (Mértola).

Os membros Fundadores são: Carlos Silveira do Canto Brum Emanuel Abel de Sousa Freitas, Emanuel da Silva Araújo, Hildegard Grotzner Neves, João Luís Cavaco Guer-reiro Silva, João Manuel Vasconcelos Mendonça, Luís Ar-mando Pimentel Pereira da Costa Machado, Manuel Idal-miro da Silveira Rapinha, Maria Manuela Moniz Silveira, Ricardo silva e Roland Winter.

A 8 de Abril de 2009 realiza-ram-se as primeiras eleições dos corpos sociais no sentido de dar corpo à organização, sendo a Direcção, que terá o exercício a até 2012, constituída por Luís Machado, ilha Terceira; Carlos Brum, ilha Graciosa e Roland Winter, Mértola. Tendo sido ime-diatamente acolhida no seio da Federação Agrícola dos Açores a par das restantes organizações de produtores associadas da Região.

Entre os vários objectivos da Associação, destaca-se a necessá-ria proximidade e maior interac-ção com a entidade gestora do LG na divulgação e implementação da raça em Portugal, assim como a defesa dos interesses específicos

Criadores constituem“Associação de Criadores da raçaAberdeen-Angus”

Fundadores presentes no acto da constituição, da esquerda para a direita: Luís Machado; Carlos Brum, Emanuel Araújo, Roland Winter e Manuel Rapinha

www.aberdeen-angus.pt

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O Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aber-deen-Angus (LGPRBA) aprovado a 27 de Novembro de 2007, pretende efectuar o registo de animais puros da raça Aberdeen-Angus e certificar a ascendência, descendência, promovendo assim a preservação e o melhoramento ge-nético.

Os estatutos foram criados com base nos praticados pela Aberdeen-Angus Cattle Society, dado que a base de selecção é maioritariamente composta por reprodutores com origem no Livro Genealógico do país berço da raça, mas adaptado à nossa realidade.

O Livro Genealógico (LG) compreende duas Secções, a Principal ou A onde se encontram registados os animais comprovadamente puros da raça. Nesta Secção todos os animais são inicialmente inscritos no Livro de Nascimen-tos até atingirem os 15 meses de idade. Nesta altura fême-as e os machos são inspeccionados pelo Secretário Técni-co, pelo que cumprindo com o estalão da raça, passam ao Livro de Adultos como reprodutores.

A Secção Anexo ou B, reserva o registo de fêmeas cuja ascendência não é conhecida e fêmeas do genótipo Angus Alemão e onde, por cruzamento sistemático com um toiro puro da raça Aberdeen-Angus registado ou reconhecido como tal pelo LG, as bisnetas da fêmea base podem ser inscritas na Secção A se aprovados pelo Secretário Téc-nico. Independentemente de serem registadas na Secção Principal a letra (A) fará sempre parte do seu nome.

Todos os animais inscritos na Secção Principal devem ter um nome que pode incluir ou não um prefixo de cria-ção. Todavia o nome, incluindo o pefixo, não pode ultra-passar os 42 caracteres, incluindo os espaços entre as pa-lavras. Independentemente do nome, todos animais terão no final a letra correspondente ao ano de registo seguido dos últimos 4 algarismos do brinco auricular de registo no Sistema Nacional de Registo e Identificação Animal e são estes os únicos admitidos na composição do nome. Utilizam-se todas as letras do alfabeto com a excepção das letras O e Q. O ano de início de registo no LG em Portu-gal é 2008 o que corresponde à letra A, assim até 31 de Dezembro de 2010, todos os animais registados no Livro de Nascimentos terão a letra C. Com isto não quer dizer que seja obrigatório a escolha de nomes começados pela letra de registo, embora esta seja uma prática comum nou-tros registo genealógicos. Como exemplo de um animal nascido em Portugal, temos o primeiro registo efectuado no LG. O animal é um macho chamado MARCELA AÇOR A8314, onde Marcela corresponde ao prefixo de criação, e

terminação A8314, o ano de nascimento (2008) e os qua-tro últimos dígitos do brinco auricular. Para além da iden-tificação oficial, todos os animais possuem um número de registo no Livro. O primeiro animal nascido em 2010 tem como registo o número 0001-10.

O LGPRBA regista animais de cor preta e vermelha. No caso de serem animais da variedade vermelha essa caracte-rística é evidenciada no nome pela palavra “Red” (e.g. QT RED CANELA C7002).

A admissão de animais importados implica que sejam distinguidos dos nascidos após a instituição do LG. Nestes casos adiciona-se ao nome a palavra IMP e são referencia-dos no número de identificação os países de origem. Os re-gistados na União Europeia pelo código do país que figura na identificação nacional (e.g. IE – Irlanda) ou no caso um país terceiro no fim do respectivo número de registo no LG de origem (e.g. US – Estados Unidos da América).

A utilização do recurso à inseminação artificial obriga a uma distinção, uma vez que não existe qualquer toiro reprodutor aprovado para o facto nascido em Portugal. Neste caso para além de IMP é referido a sua utilização através da abreviatura IA (eg. ROCKN D. AMBUSH 1531 (IMP) [IA]). Já o recurso à transferência embrionária, prevista nos estatutos, implica que quer a dadora quer o toiro tenha já o certificado ADN contra os ascendentes. Nestes casos ambos os progenitores são referenciados no LG como tendo sido utilizados na produção de embriões adicionando-se a abreviatura TE.

Relativamente à performance animal, a entidade ges-tora já iniciou a programação de pesagens, assim como o registo do tipo de nascimento ou de parto. O peso ao nascimento deve ser efectuado nas primeiras 24h e ser re-gistado no modelo oficial de nascimento. Como medida de performance são registados os pesos ajustados aos 200, 400 e 600 dias para que o acervo destes dados possam no futuro serem validados num sistema de estimativa do valor genético da população (i.e. Estimated Breeding Value).

O trabalho que tem sido desenvolvido pela Federação Agrícola dos Açores, neste curto espaço de tempo, reporta-se à organização dos criadores e da melhor aplicação dos estatutos com vista à preservação da pureza da raça, assim como constituir condições para avaliação do valor genéti-co a ser implementada a médio prazo, já que os animais importados já possuem o contributo dos seus ascendentes e contemporâneos.

Funcionamento do LivroGenealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-AngusFederação Agrícola dos Açores

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História não é, geralmente, um assunto se que dispense muita imaginação. Gostamos mais de empregar tempo a planear o futuro mais do que a olhar para o nosso passado. Há 150 anos os pioneiros na criação da raça Aberdeen-Angus reconheceram que existia algo de especial naquele gado.

Existem registos destes animais desde o meio do século 18, mas apenas em 1862 foi criado o Livro Genealógico e a Sociedade fundada em 1879. A criação da raça deve-se inteiramente ao esforço e inovação de 3 criadores daquele tempo.

Hugh Watson tornou-se rendeiro na propriedade Keilor no condado de Angus em 1808. Reuniu animais de várias explorações e criou exemplares de carácter e qualidade excepcional.

William McCombie tomou posse da exploração Tillyfour, no condado de Aberdeenshire, em 1824 e fun-dou um núcleo com predominância das linhas vindas de Keillor. Pela via dos cruzamentos de animais da mesma linha, produziu exemplares extraordinários que foram ex-tensamente exibidos em Inglaterra e França. A reputação da raça Aberdeen-Angus foi, sem dúvida, construída com o esforço da família McCombie.

O Sir George Macpherson-Grant herdou uma proprie-dade em Ballindalloch, no coração das terras altas da Es-cócia em 1861. Estabeleceu-se e dedicou-se ao aperfeiço-ando a raça, tendo sido a tarefa da sua vida, que durou quase 50 anos.

Através da selecção de animais da mesma linhagem para fixar o tipo de animal, estes pioneiros fundaram por-ventura a raça mais populosa do mundo.

A partir destas pequenas iniciativas, a raça Aberdeen-Angus foi criada e disseminou-se pelos principais países produtores de carne do mundo. A eficiência na conver-são de forragem de baixa qualidade em carne de elevada qualidade, depressa a Angus alcançou excelente reputa-ção, tanto para os produtores como para os consumidores, assim a marca ABERDEEN-ANGUS nasceu.

Hoje a Aberdeen-Angus Cattle Society (i.e. Sociedade Criadores do Gado Aberdeen-Angus) está de boa saúde. Somos a segunda maior raça de carne no Reino Unido e com fortes perspectivas de aumentar a quota de mercado. Estamos a registar 13.000 vitelos/ano de 2.400 criadores do Reino Unido, Irlanda e de alguns animais que foram

para Portugal. Dos primórdios da criação, somos agora lideres na área

da selecção genética, procurando e apoiando o criador na busca dos melhores animais que exista no mundo. Interes-sante verificar que também os criadores de top voltam ao berço da raça à procura do nosso melhor gado.

O recurso à tecnologia de marcadores genéticos e o programa de registo de performance estão a impulsionar a Aberdeen-Angus para novos patamares, mantendo a nossa vantagem competitiva.

Desejamos aos criadores pioneiros em Portugal, todo o sucesso com o gado Aberdeen-Angus e esperamos que a nossa história represente uma grande parte do vosso fu-turo.

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History it not a subject which captivates the imagination. We are more likely to spend time planning for the future than looking at where we have come from. Spare a thought if you would for

Seguindo as pisadas dos famososFollowing the footsteps of the famousRon McHattie, Chefe Executivo da Aberdeen-Angus Cattle Society, Pedigree House 6 King’s Place, PerthPH2 8AD – ScotlandTel: +44 (0) 1738 622 477 . Fax: +44 (0) 1738 636 [email protected]

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those pioneers of the Aberdeen-Angus breed who recognized that there was something special about those cattle nearly 150 years ago.

The earliest cattle can be traced back to the middle of the eigh-teenth century but it was much later that the Herd Book (1862) and the Society (1879) were founded. The breed’s establishment was entirely due to the efforts of three very progressive farmers of that time.

Hugh Watson became tenant of Keillor Farm in Angus in 1808. He gathered stock widely and produced cattle of outstanding qual-ity and character.

William McCombie took the farm of Tillyfour in Aberdeenshire in 1824 and founded a herd from predominantly Keillor blood-lines. His well documented close breeding produced outstanding cattle that he showed widely in England and France. The reputa-tion of the Aberdeen-Angus breed was founded on the efforts of the McCombie family.

Sir George Macpherson-Grant returned to his inherited estate at Ballindalloch, in the heart of the Scottish highlands in 1861 and took up the refining of the breed that was to be his life’s work for almost 50 years.

By line breeding and selection for type, these early pioneers established the foundation for what is arguably the greatest beef breed in the world.

From those humble beginnings the Aberdeen-Angus breed was established and went on to populate the major beef producing countries of the world. Its ability to convert poor quality forage into high quality beef quickly established the breed’s reputation with both consumers and farmers alike. The Aberdeen-Angus brand was born.

Today, the Aberdeen-angus Cattle Society is in good health. We are now easily the second largest beef breed in the UK with clear intentions of increasing our market share. We currently register 13,000 pedigree calves from some 2,400 members spread across the UK and Ireland and also some in Portugal.

From those early days of close line breeding we are now leading the field in genetic improvement with our breeders searching the world for the best possible genetics and more recently many of the

world’s leading breeders coming back to the home of the breed for some of our best cattle. Gene marker technology and highly developed perfor-mance recording pro-grammes are driving the Aberdeen-Angus breed to new heights and maintaining our competitive advantage.

May we wish those pioneer breeders in the Azores every success with their Aberdeen-Angus cattle and hope that our history plays a large part in defining their future.

NotíciasAlunos finalistas do PRoFiJ ele-gem a Aberdeen-Angus para visita de estudo

Os alunos finalistas do curso de Agro-Pecuária do PROFIJ - Escola Secundária Jerónimo Emilia-no de Andrade (Ilha Terceira) - escolheram uma criação de animais em linha pura para uma visita de estudo no final do curso, a Quinta dos Talhões, propriedade de Luís Machado, ilha Terceira, Aço-res.

Um grupo de 15 alunos, orientados pela Prof. Luz Monjardino, teve a oportunidade de ter o pri-meiro contacto com a raça Aberdeen-Angus.

Desde logo destacaram o temperamento calmo dos animais, pois nunca estivera um número tão grande de pessoas misturadas no rebanho, facto que até surpreendeu o criador.

Durante a visita os alunos colocaram várias questões sobre quais as razões para a escolha da raça, o maneio alimentar e sanitário e a genética que Luís Machado selecciona. Foi um momento interessante de troca de conhecimentos e de pro-moção da raça.

Foi curioso verificar que, mesmo face à con-juntura da actividade agro-pecuária actual que é desencorajadora, estes alunos demonstram uma grande paixão pelo sector pecuário, assim o futu-ro do sector agrícola está assegurado!!

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O programa de certi-ficação da carne da raça

Aberdeen-Angus (i.e. Certified Aberdeen-Angus) come-çou no Reino Unido em 1981, com o objectivo de criar um preço diferenciado aos criadores.

A Aberdeen-Angus Cattle Society (i.e. Sociedade de Criadores do Gado Aberdeen-Angus) garante a autentici-dade do animal puro e/ou cruzado (o pai tem de estar inscrito num Livro Genealógico e ter um perfil de DNA registado) desde o nascimento, abate, até à venda ao con-sumidor.

Todos os matadouros, talhos, distribuidores e restau-rantes devem ser licenciados pela Aberdeen-Angus Cattle Society e serem controlados, anualmente, por um organis-mo independente de modo a ser verificado o cumprimen-to das especificações do produto.

Benefícios do programa:a) Consumidores: garantia que estão a consumir carne

Angus;b) Restaurantes: possuem uma vantagem no marketing

através de um produto Premium com certificação, podendo fixar um preço acrescentado (mais lucro) e promover uma ementa

“única” que vai cativar o consumi-dor;

c) Distribuidor ou superfície comercial: a rastreabilidade do produto é assegurada e esse facto origina um produto diferenciado que transmite segurança e é uma marca Premium;

d) PRODUTORES!!!: dado que existe uma garantia de mercado, o rendimento é superior venden-do animais Angus para abate com certificação por um preço mais elevado que a carne indiferenciada. No Reino Unido o preço da carne Angus ao produtor é 12% superior à média do mercado.

Neste momento existem vários restaurantes, distribui-dores e talhos a processar e comercializar, anualmente, cerca de 20.000 carcaças Angus certificadas no Reino Uni-

do. São exemplos a empresa de distribuição “COSTCO” que abate animais para certificação na unidade AKS em Edimburgo e a “BURGER KING”que nos últimos 3 anos comercializa a hamburger “Angus” na sua cadeia de res-taurantes em mais de 800 pontos em todo o país, acrescen-do valor comercial e aos produtores, utilizando as peças dos dianteiros.

Por outro lado, a Sociedade de Criadores recebe um valor por carcaça, pela cedência do uso da marca (i.e. CERTIFIED ABERDEEN-ANGUS BEEF) e um valor pela renovação anual da licencia a cada unidade. Desta forma consegue-se capitalizar e investir no controlo e certifica-ção do processo, assim como criar e apoiar campanhas de marketing para promover o processo junto dos produtores e sensibilizar os consumidores.

Julgo que agora pode ser o momento para criar um programa “Carne Angus Certificada” em Portugal (Conti-nente e Açores), enquanto o número de produtores ainda é diminuto, pois é mais fácil a implementação e organiza-ção do processo. O registo da marca deve ser a prioridade, assim como estabelecer as especificações do produto de acordo com o mercado português (não esquecendo os tu-ristas!).

No Reino Unido apenas se abatem novilhas ou castra-dos Angus (não há carne de machos inteiros) e cujo pai tem de ser um toiro Aberdeen-Angus registado. O animal não pode exceder os 30 meses ao abate, a conformação e estado de gordura da carcaça de referência é R4- e o peso entre 260 a 400kg.

Espero poder provar carne Angus Certificada Nacional quando visitar Portugal em 2010!

Certified Aberdeen-Angus BeefCertified Aberdeen-Angus BeefNigel Hammill – Tegsnose AngusMacclesfield – Reino Unido

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The “Certified Aberdeen-Angus” beef scheme was first launched in the UK in 1981, to create a premium priced market for our members̀ cattle, when slaughtered. The AA society would guaran-tee authenticity of pure or cross-bred Angus cattle (sired by a reg-istered pedigree AA bull, which in the near future will have DNA record on file ) from birth, through slaughter, to final consumer.

All participating abattoirs, wholesale and retail butchers, and restaurants are licensed by the AA cattle society, and checked by independent auditors each year to ensure compliance with the scheme.

This benefits:a) Consumers: they know they are buying genuine Angus beefb) Restaurants: they have a marketing advantage over com-

petitors, with a certified premium product, for which they can command a higher price (so more profit), and advertise “unique” menu items to attract extra customers.

c) Retail Butcher, or Supermarket: authenticity of product is assured, so they can charge higher prices for a PREMIUM BRAND

d) FARMERS!!!: because of a guaranteed market for their ani-mals, they generate more profit by selling Angus beef cattle to a Certified outlet, for a PREMIUM PRICE above alternative beef animals (in UK 2009, approx 12%).

There are Restaurants,Caterers,Wholesale and Retail butchers throughout the UK now processing tens of thousands of carcases for Certified Angus beef each year.

Prominent examples are the wholesaler, “COSTCO” (see brand-ed beef packs photo jpg 001 and 005) whose certified beef is slaugh-tered at AKS meats, Edinburgh, and in the last three years, the

“BURGER KING” restaurant chain (see attachments with copy li-cence, and packaging box), who sell the “ANGUS” burger in over 800 restaurants throughout UK.

The AA society receives a Royalty payment for each certified carcase, and an annual licence fee from each participating outlet. This is considerable income, which is spent on the audit checks, as well as marketing and sponsorships to further improve consumer and farmer awareness.

Now is a good time to establish a “Certified Angus Beef” prod-uct in Portugal and the Azores, while the number of Angus pro-ducers is still quite small, so communication is simple.The trade mark should be registered as a priority, and a product specifica-tion should be defined, which is appropriate to the Portuguese market (including the tourists!). In UK it is a heifer or steer (no bull beef), sired by a registered Aberdeen-Angus bull. The animal must be less than 30 months of age, conformation target R4L, car-case weight (dead) between 260 – 400 kg.

I hope to enjoy some Portuguese Certified Angus beef on our next visit in 2010!

NotíciasCarne Angus é um sucesso no Dia do Agricultor na ilha Graciosa

No dia 30 de Julho de 2009, as Associações Agrícolas da Ilha Graciosa e a Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário — SRAF, levaram a efeito o Dia do Agricultor, espaço e tempo para deixar, temporariamente, de lado os afazeres da lavoura e aproveitar a “grelha e o molho” para confraternizar em ambiente festivo.

Nesta edição, a Organização promoveu um churrasco de degustação de carne de animais cruzados das raças de carne utilizadas nos Açores (i.e. Charolesa, Limousine, Simmental e Aberde-en-Angus).

O contributo da Angus ficou a cargo do criador Carlos Brum (Vice-Presidente da Aberdeen-Agus Portugal), (novilha cruzada Angus - mãe Simmen-tal-Fleckvieh).

A qualidade da carne, que tanto se fala foi en-tão testada, não tendo sido defraudadas as ex-pectativas dos presentes. O resultado foi no geral SURPREENDENTE pela tenrura e sabor que apresentou, segundo as opiniões!

Para se exaltar a qualidade que uma carne tem, não pode faltar quem a trate com primor antes e durante o churrasco, tendo Eurico Picanço, “ho-mem da grelha”, sido um dos “culpados” pelo su-cesso e satisfação dos degustadores!

Os comentários foram muito positivos e inte-ressantes, destacando-se o facto da qualidade da carne ter sido comparada com a da Argentina, dado que este país (maior consumidor de carne per capita do mundo) assenta a sua produção no sistema de extensivo e que cerca de 80% da com-posição genética dos animais é Angus.

Esta comparação é bem exemplo do potencial que raça tem na Região e da forma como poderá contribuir para o sector da carne em Portugal.

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Perguntas frequentes sobre a raça de carne com maior número de registos no mundo

1. Quando e onde foi visto o primeiro gado Angus nos Estados Unidos?

George Grant importou quarto toiros Angus da Escócia para Victoria, Kansas., em 1873. Os toiros pretos, provavel-mente da criação de George Brown de Westertown, Focha-bers, Escócia, deixaram, no entanto, um enorme legado no sector da carne dos Estados Unidos da América. Hoje, a raça constitui a maioria das vacadas, graças ao empenha-mento dos criadores da American Angus Association e aos produtores de carne. As suas histórias, as notícias Angus, as actualizações, os vídeos e a cobertura dos vários eventos na Associação podem ser vistas em: www.angus.org.

2. Quantos animais Angus foram registados no ano passado?

Registaram-se 282.911 animais no fiscal de 2009, que termina a 30 de Setembro.

3. Quais os Estados com mais Angus?Os Estados top 10 em registos durante o ano fiscal de

2009 foram: Montana 29,750Texas 19,942Oklahoma 19,695Nebraska 19,017Missouri 16,799Dakota do Sul 16,764Kansas 16,197Iowa 9,435Dakota do Norte 9,434Kentucky 9,001

4. Como fazer parte da American Angus Association?Existem cinco formas de se tornar associado: vitalício,

anual, junior, não residente ou filiado. Para se tornar só-cio, peça informações na Associação através do site

www.angus.org ou utilize os nossos contactos.

5. Quais são os atributos da raça Angus que a torna mais apetecida do que outras?

O gado Angus pode dar aos produtores vantagens sig-

nificativas através da genética; dos dados produtivos; dos programas e serviços; assim como das pessoas ligadas à raça.

• Genetica: contínuo o aumento da procura de genética Angus representa um claro retorno para o criador. Resul-tados de leilões indicam que os animais Angus rendem mais do que outras raças, graças à reputação de ter boa eficiência alimentar e de carne de qualidade. É uma raça com baixas necessidades de manutenção, conhecida por ter facilidade de parto e boas características maternais. O produtor poupa tempo e dinheiro com vitelos natural-mente mochos. Actualmente os Angus e os cruzados re-presentam a maioria das vacadas nos Estados Unidos, com mais de 60% das explorações a declararem ter Angus.

• Dados: Com mais de 16 milhões de dados validados a base de registo da American Angus Association é a maior do género. Os programas de registo de performance fo-ram criados e equipados para servirem a criação em linha pura, como animais para abate, disponibilizando um con-junto de ferramentas para avaliar as necessidades genéti-cas. A Associação utiliza tecnologia do ADN combinada com o pedigree e dados de performance para gerar EPDs – expected progeny diferences (diferenças esperadas na des-cendência) melhor apetrechados. Também são calculados EPDs que possuem genoma analisados para as carcaças e que são publicados semanalmente – uma capacidade que não se encontra noutro lado. Estes EPDs são calculados em função do registo de performance de quase 2 milhões de animais. A Associação tem a capacidade de funcionar 24h através de um sistema que recebe movimentos electró-nicos (i.e. registos, transferência ou registo de performan-ce) dos seus criadores.

• Programas e Serviços: a Associação e as entidades a ela ligadas possuem diversos programas e serviços para contribuir para o sucesso dos produtores. No sentido de acrescer valor ao uso da genética Angus, a Associação criou em 1978 a marca mundialmente conhecida - Certi-fied Angus Beef®. É uma marca líder de mercado, tendo sido comercializadas 300.000t de produto no ano fiscal de 2009 (termina em Setembro). Através da AngusSource® e da Gatway, a Associação oferece duas formas de encontrar, concentrar e fornecer animais para o mercado. Adicional-mente, a Associação faz-se representar por 13 Directores Regionais espalhados pelos diversos Estados, desenvol-vendo com a American Angus Association várias acções e eventos ligados à raça. A National Junior Angus Associa-

Angus FAQSAMERICAN ANGUS ASSOCIATIONAssociação Americana de Criadores Angus3201 Frederick Ave. St. Joseph, MO 64506Tel: 001 816 383 5100 . Fax: 001 816 233 [email protected]

www.angus.org/default.aspx

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tion continua a ser a maior do mundo, com mais de 6.000 membros activos. A Fundação Angus é uma das organiza-ções sem fins lucrativos, mais activa na área da produção animal. A Angus Productions Inc. (API) serve como um meio de divulgação da raça e da selecção genética. A An-gus Genetics Inc. (AGI) apoia a fileira da carne através da avaliação genética dos vários caracteres produtivos.

• Pessoas: a Angus não é apenas uma raça de carne ou um item no cardápio. Por de trás de um nome estão cria-dores e produtores que estão empenhados em produzir qualidade, sempre com um espírito de contínuo progres-so. A American Angus Association é construída pela di-versidade e união dos seus membros, aliada a uma rede de parceiros comerciais, engordadores, distribuidores e tantos outros intervenientes.

EN

Frequently asked questions about the world’s largest beef breed registry

1. When and where were Angus cattle first seen in the United States?

George Grant imported four Angus bulls from Scotland to Vic-toria, Kan., in 1873. The black polled bulls, likely from the herd of George Brown of Westertown, Fochabers, Scotland, made a last-ing impression on the U.S. beef industry. Today, the breed forms the majority of the U.S. cow herd thanks to the commitment of American Angus Association breeders and their commercial cus-tomers. Their stories, Angus news, important updates, videos and online event coverage is available at the Association’s comprehen-sive web site, www.angus.org.

2. How many Angus cattle were registered last year?282,911 head of Angus cattle were registered in fiscal 2009,

which ended Sept. 30.

3. What states have the most Angus cattle?The top ten states in registrations for the 2009 fiscal year were: Montana 29,750Texas 19,942Oklahoma 19,695Nebraska 19,017Missouri 16,799South Dakota 16,764Kansas 16,197Iowa 9,435North Dakota 9,434Kentucky 9,001

4. How do I join the American Angus Association?There are five types of Association memberships available: life,

regular, junior, non-resident and affiliate. Membership applica-tions can be accessed online at www.angus.org or by contacting the Association.

5. What attributes make the Angus breed more desirable than other breeds?

Angus cattle offer producers significant advantages through superior genetics; data; programs and services; and people of the breed.

• Genetics: U.S. studies show Angus animals bring more at auctions than non-Angus contemporaries thanks in part to their well-earned reputation for feed efficiency and superior beef. The low-maintenance breed is known for calving ease and maternal characteristics, and cattlemen save time and expense with natu-rally polled, black Angus calves. Today, Angus and Angus-cross cattle represent the majority of the total U.S. cow herd, with more than 60% of commercial cattle producers reporting their herds as Angus.

• Data: With more than 18 million cattle records, the Amer-ican Angus Association database is the largest of its kind among beef breeds. Extensive performance programs are geared toward both purebred and commercial producers, provid-ing a wide range of selection tools to evaluate genetic needs. The Association has incorporated DNA technology with pedigree and performance data to create genomic-enhanced expected prog-eny differences (EPDs). Genomic-enhanced carcass EPDs are now calculated and released to breeders on a weekly basis - a capability unavailable elsewhere. These EPDs are provided across the entire performance database, encompassing nearly 2 million animals. The Association’s information management system allows the organization to accept electronic data submissions from breeders while providing 24-hour turnaround time on all registrations,

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transfers, memberships and performance data.• Programs and Services: The American Angus Associa-

tion and its entities dedicate numerous supporting programs and services toward the success of Angus ranchers and farmers. Helping individuals capitalize on the value of Angus genet-ics, the Association formed the first branded beef program in 1978. Today, the world-renowned Certified Angus Beef® brand is the largest branded beef program, topping a record-setting 663 million pounds of CAB product in FY 2009. Through AngusSource® and Gateway, the Association offers two of the most cost-competitive age- and source-verification programs available. In addition, the Association provides extensive outreach through13 regional managers stationed across the country, as well as a progressive series of Angus activities, events and shows. The National Junior Angus Association continues to be the largest in the world, with more than 6,000 active members. The Angus Foundation serves as one of the most active non-profit organiza-tions in animal agriculture. Angus Productions Inc. (API) con-tinues to offer award-winning publications, online services, and advertising opportunities. And Angus Genetics Inc. (AGI) assists the beef industry in the genetic evaluation of cattle traits.

• People : Angus isn’t just a breed of cattle or another menu item. Behind the familiar name are the farmers and ranchers who re-main committed to unprecedented quality and a progressive spirit. The American Angus Association has been built by the diversity and strength of its members and its network of commercial part-ners, feeders, retailers and others.

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introduçãoContactei, pela primeira vez, com a raça Aberdeen An-

gus, na República da África do Sul.Por lá, emigrado, à força, trabalhei então, como “far-

ming manager”, para um grupo de fazendas de produção de carne, de 2.000 vacas de ventre, cujo objectivo princi-pal era o de produzir bezerros desmamados para abate; cerca de 1.000 por ano. A maior parte das vacas eram das raças Africânder e Brahaman, animais muito bem adapta-dos ao clima quente e árido, como era o caso, no Calaári, junto às cidades de Kuruman e Vryburg. Estas vacas eram cruzadas com toiros de raça europeia, das raças Aberdeen Angus, Shorthorn (de carne), Hereford e Simentaler. Des-sa minha experiência resultou a convicção da excelência do Angus, da sua excelente adaptação a condições difíceis, dando origem a animais que manifestavam grande vigor híbrido; muito boa conformação, sendo muito procura-dos pelo mercado do “baby beef” pela excelência da sua carne.

Já nos Açores, e mais recentemente, sugeri que se re-alizassem alguns cruzamentos AngusxHolstein, na Gran-ja da Universidade dos Açores, com o principal objectivo de se obterem vacas de amamentação, com a finalidade comprovar a sua mais valia em cruzamentos com uma terceira raça terminal. Infelizmente, porque nem sempre conseguimos os financiamentos necessários para realizar este tipo de trabalhos, não foi possível prosseguir com o trabalho. Pudemos no entanto comprovar a mais valia da raça Angus na cobrição das novilhas de leite, no que toca à facilidade partos.

São muitos os aspectos, factores, ou caracteres, que po-

dem contribuir para o sucesso de uma raça na exploração de carne:

No Período de Cria• Fertilidade• Longevidade• Tamanho da Vaca• Peso do Vitelo ao Nascimento• Facilidade de Parto• Habilidade materna• Requerimento total de nutrientes/ingestão/eficiência

No Período de Recria e Engorda• Índice de Crescimento• Eficiência conversão alimentar• Capacidade de ingestão • Peso da carcaça• Idade ao acabamento • Classificação final da carcaça

No Retalhista/Consumidor• Rendimento em peças nobres (de 1ª)• Tenrura• Sucosidade• Marmoreado• Textura• Flavour (Gosto, sabor, cheiro)• Cor da carne e da Gordura

Segundo Schiefelbein (1998), é maior o peso económi-co das características relacionadas com a 1ª fase, a de cria

A raça Aberdeen AngusUm testemunho sobre a excelência da sua qualidadeJosé Estevam MatosDepartamento de Ciências Agrárias, Centro de BiotecnologiaUniversidade dos Açores

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(vaca/vitelo). Obviamente, este maior peso económico, têm muito a haver com os custos de manutenção, espe-cialmente das vacas, incluindo a sua cria até ao primeiro parto, período seco e de lactação. (Gráfico 1)

Em alguns destes aspectos a raça Aberdeen-Angus des-taca-se em relação a outras, nomeadamente relativamente à eficiência biológica/económica, à longevidade, habilida-de materna, eficiência, precocidade no acabamento, qua-lidade da carne (marmoreado, tenrura), aspectos corrobo-rados pelos trabalhos de diversos investigadores.

Convicto de tudo disto, mas também do facto de que não existe no Mundo uma única raça que seja superior em todos os caracteres considerados importantes na produ-ção de carne, tentarei aqui apresentar argumentos a favor da vantagem de utilizar o Angus para a obtenção de uma carne de excelência, quer em raça pura, quer em cruza-mento, em sistemas de pastoreio, em particular no caso

dos Açores, mas não só!

Eficiência Biológica/EconómicaA investigação tem demonstrado que a eficiência bio-

lógica, embora muito importante, nem sempre é sinóni-mo de eficiência económica (lucro). Taylor (1994) refere que o máximo de lucro é quase sempre obtido antes de se atingir o máximo de eficiência biológica. Van Oijen et al. (1993) num estudo de eficiência económica (valor de ou-tput por $100 de impute) comparou 3 grupos de vacas, do mesmo tamanho e tipo, com três níveis de produção leitei-ra diferentes, baixo, médio e alto, alimentadas de acordo com o seu nível de produção e chegaram à conclusão que as mais rentáveis eram as de baixa, ou média, produção leiteira; apesar de, obviamente, os vitelos filhos de vacas de maior produção crescerem a ritmo superior. Notter (1984) chegou também à conclusão que um nível de produção de 5,5 kg de leite/dia poderia ser considerado suficiente para que o vitelo tivesse um nível aceitável de crescimento.

A eficiência biológica nas explorações de carne é prin-cipalmente reflectida pelo número de vitelos desmamados por vaca exposta ao toiro. O peso dos vitelos desmamados é geralmente de importância secundária na definição da eficiência biológica de sistemas integrados, mas desempe-nha um papel importante na definição da eficiência eco-nómica para o produtor de vitelo em sistema de amamen-tação natural.

Várias medidas de eficiência de um rebanho, ou de animais tomados individualmente, têm sido descritas na literatura. Estas medidas, apesar de serem avaliadas por diferentes metodologias de cálculo, procuram levar em consideração as diferenças em peso (ou tamanho) e ou requerimentos nutricionais dos animais. São utilizadas, por exemplo, as relações entre os pesos dos bezerros ao desmame, ou ao abate, com o peso vivo das vacas na altura do parto, no início da época de reprodução, ou no mo-

GRáFiCo 1.

Importância relativa dos caracteres relevantes para a produção de carne bovina, por fases

(Schiefelbein,1998)

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mento de desmame dos bezerros, bem como com o consu-mo total, ou relativo, de energia, capacidade de ingestão, eficiência alimentar (Kress et al., 1990; Maddock e Lamb S/data).

Medidas de eficiência biológicaAs medidas de eficiência biológica da produção de gado

bovino de carne até ao desmame, comummente utilizadas em diversos estudos são:

• Kgs de vitelo desmamado por cada vaca emreprodução;

• Kg de vitelo desmamado por kg de vaca emreprodução;

• Kg de vitelo desmamado/(ou abatido) por cada vacaem reprodução/por unidade de energia consumida;

• Kg de carcaça de vitelo, por cada vaca emreprodução/por unidade de energia consumida;

• Kg de carne limpa, por cada vaca emreprodução/por unidade de energia consumida.

São importantes os indicadores de eficiência alimen-tar tais como, como a Eficiência de Conversão Alimentar (Feed Conversion Efficiency - FCE) e a Ingestão Alimen-tar Residual (Residual Feed Intake - RFI). Este último indicador, o RFI, definido como sendo a diferença entre a ingestão alimentar verificada e a predita com base nas necessidades de produção e de manutenção, tem vindo a tornar-se a medida de eleição para avaliar a eficiência ali-mentar do gado bovino de carne, uma vez que é indepen-dente do crescimento e do peso corporal. Este carácter é moderamente herdável e é um bom candidato à selecção genética com base em marcadores, dada a variabilidade da sua expressão nas diferentes raças e entre indivíduos da mesma raça (Crews, 2005; Moore et al. 2009).

O consumo de energia pelo conjunto vaca/vitelo na

fase de ciclo produtivo de cria representa 72% do consu-mo energético total nos sistemas de amamentação natural e 70-75% da energia consumida pelo rebanho das vacas é usado para a sua própria manutenção (Ferrell e Jenkins, 1982), sendo que as vacas de raças de elevada estatura/peso, elevado nível de produção leiteira e massa corporal mais magra, têm requisitos energéticos mais elevados por unidade de peso corporal, do que as vacas de estatura mé-dia, níveis mais baixos de produção leiteira e com maior quantidade de massa gorda corporal. Os níveis de inges-tão, e as necessidades de energia e proteína são influencia-dos pelo tamanho corporal das vacas. Quando o tamanho aumenta de 454 para 635 kgs de peso vivo, a ingestão, de energia, e as necessidades proteicas aumentam 23%, 19%

e 13%, respectivamente. Vacas maiores implicam maiores imputes, em parte por-

que têm um maior massa corporal para ser mantida. De forma semelhante vacas com maior produção leiteira têm custos adicionais, associados com as necessidades proteicas e energéticas, que poderão não ser totalmente compensa-dos por maiores níveis de crescimento dos vitelos. Para além disso o status energético das vacas tem um grande impacto a nível reprodutivo (Short e Adams, 1988) e, nos sistemas de produção de carne, o sucesso reprodutivo é da maior importância.

O tamanho óptimo do gado carne é um assunto mui-to debatido entre os especialistas na matéria. As raças de gado de carne variam muito no seu tamanho e o tamanho óptimo depende do sistema de produção, nomeadamente dos níveis de ingestão de matéria seca que estes proporcio-nam, períodos de carência alimentar e de stress ambien-tal.

Uma explicação para os levados níveis de ineficiência energética dos sistemas de produção de carne é os elevados custos de manutenção dos rebanhos: 71% do dispêndio de energia na produção de carne é usada para a manutenção

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dos animais, e 50% da energia dispendida na produção de carne é usada para manter a vaca. No entanto a inves-tigação tem comprovado haver diferenças genéticas entre as raças (Farrell e Jenkins, 1984;1985). (Quadro 1) Sen-do que as vacas de maior nível de produção leiteira, têm maiores exigências de manutenção quando em lactação, mas também quando secas e que, também, as raças com maior potencial genético para maior produtividade, estão em desvantagem num ambiente mais restritivo do ponto de vista alimentar. Além disso o aumento de massa cor-poral em raças de elevado índice muscular resultaria em elevado dispêndio energético, o que é demonstrado pelos maiores níveis de dispêndio energético de manutenção de um determinado peso de massa muscular quando compa-rado com igual peso de gordura (Pullar e Webster, 1977; Thompson et al., 1983; DiConstanzo et al., 1990;1991).

Baseados nestes estudos podemos concluir que, vacas com elevados níveis de exigências de manutenção se ca-racterizam por terem elevados níveis de produção leiteira, elevado peso visceral, elevado peso corporal magro, bai-xo nível de gordura, elevado nível de output mas elevados níveis de imputes. Pelo contrário as vacas com baixos ní-veis de exigências de manutenção têm, baixos níveis de produção leiteira, baixo peso de vísceras, níveis baixos de massa corporal magra e elevados níveis de gordura, baixos outputs e baixos imputes.

É conhecido que num ambiente de abundância alimen-tar, em ambiente de conforto, não há diferenças consis-tentes em eficiência entre os vários tipos biológicos/raças, mas há uma tendência para os tipos biológicos/raças de maior tamanho/peso, com maiores produções leiteiras se-rem mais eficientes do que os tipos biológicos/raças mais pequenas. Mas que em condições de restrição alimentar e/ou em ambiente stressante, os tipos biológicos/raças de tamanho moderado e produção de leite moderada ten-dem a estar melhor adaptadas e ultrapassam em eficiência as raças/tipos de maior peso/tamanho e de maior produ-ção leiteira.

Estas conclusões são confirmadas por um estudo exten-sivo, levado a cabo durante 5 anos, abrangendo 9 raças puras, feito por Jenkins e Farrell (1994), em que estes au-tores compararam a eficiência biológica, determinada a 4 níveis de ingestão alimentar. O Quadro 2 mostra que, se a ingestão de matéria seca aumentar de 3.500 para 7.000 Kg, por vaca/ano, há uma mudança dramática na eficiência

das raças. A 3.500 Kg de ingestão de matéria seca as raças mais eficientes foram a Red Poll e a Angus, mas a 7.000 Kg de ingestão de matéria seca foram as raças de maior porte, Charolês, Simmental, Gelbvieh, Braunvieh e a Limousin,

QUADRo 1.

Energia metabolizável (EM) requeridas para a manutenção de vacas prenhes, não lactantes, de quatro tipos biológicos

Raça da vaca Requisitos de manutenção(quilo calorias de EM, por kg de peso metabólico, por dia)

Angus x Hereford 130

Charolês x Raça Inglesa 129

Jersey x Raça Inglesa 145

Simentaller x Raça Inglesa 160

Farrel e Jenkins, 1984 . J. Anim. Sci. 58:234.

QUADRo 2.

Eficiência biológica de nove raças de carne a dois níveis de ingestão de matéria seca

Raça

ingestão de matéria seca, Kg/vaca/ano 3.500 7.000

Gramas de vitelo desmamado/Kg MS/vaca exposta

Angus 39 17

Hereford 30 13

Red Poll 47 24

Charolês 27 45

Limousine 33 42

Simentaller 26 42

Gelbvieh 29 36

Braunvieh 33 42

Braunvieh 33 42

Adaptado de Jenkins e Farrell, 1994. J. Anim. Sci. 72:2787

QUADRo 3.

Diferenças relativas de apetite entre 9 raças de gado(Regressão da ingestão da matéria seca sob o peso corporal, assumindo-se

que os níveis de ingestão são proporcionais ao peso adulto elevado a 0.73)

Angus 0.493

Charolês 0.480

Red Poll 0.465

Hereford 0.454

Gelbvieh 0.425

Braunvieh 0.423

Pinzgauer 0.412

Simmental 0.409

Limousine 0.367

lb MS/peso 0.73; Taylor et al., 1981

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as mais eficientes. Outro dos factores, nem sempre levado em considera-

ção e que muito contribui para a eficiência alimentar das vacas de carne, particularmente quando exploradas em regime de pastoreio, é a sua capacidade de ingestão. As-sumindo que os níveis de ingestão são proporcionais ao peso adulto elevado a 0.73, Taylor et al. (1981) avaliou va-riação de apetite entre 9 raças, em animais em equilíbrio de peso, alimentados ad libitum. Como se pode constatar pelo Quadro 3 a raça Angus destaca-se pela positiva, com uma constante de regressão de 0,493. Também se cons-tatou que com níveis de restrição de ingestão da matéria seca havia uma tendência das raças com maior apetite

quando alimentadas ad libitum exibirem um maior suces-so reprodutivo.

Longevidade e FertilidadeUma das características que muito influencia a eficiência económica de um rebanho de carne é a longevidade das vacas de cria e a longevidade está, obviamente, relacio-nada com o sucesso reprodutivo, pois é conhecido que a principal causa de reforma prematura das vacas é a falha reprodutiva.

A raça Angus é conhecida pela longevidade das suas va-cas, fazendo mesmo parte da história da fundação da raça o facto da vaca com o nome de “Old Grannie,” a vaca mais

QUADRo 4.

Efeito da longevidade das vacas na eficiência económica do rebanho

idade máxima (anos)de reforma das vacas

Medida de eficiência

Biológica(lb TDN/lb de peso abatido)

Económica(custo $/cwt de peso abatido)

7 10.09 74.83

9 9.78 72.12

11 9.55 69.39

13 9.30 68.03

15 9.10 67.57

Adaptado de Kress et al., 1988. J. Anim. Sci. 66 (Suppl.1):175

QUADRo 5.

Eficiência pós-desmame em relação a vários pontos de acabamento a)

Grupo/Raça

Ponto de Acabamento

Tempo207 d

Peso de carcaça333 Kg

Produto retalho210 Kg

Pontuação demarmoreado

Gramas de ganho de peso vivo/Mcal de EM

Red Poll 49 48 47 51

Hereford 54 51 46 57

Angus 50 49 46 54

Limousin 54 54 57 47

Braunvieh 50 51 51 49

Pinzgauer 50 50 50 51

Gelbvieh 48 49 50 45

Simmental 51 52 54 49

Charolês 52 53 55 49

Diff (P<.05)b 1,9 2.0 2.4 1.9

a) Adaptado de Gregory et al. 1994. JAS. 72:1138b) A diferença (P<.05) é a diferença aproximada entre médias das raças para haver significância estatística

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famosa nos registos da Aberdeen Angus Society, ter vivido 36 anos e ter produzido 29 vitelos.

O Quadro 4 demonstra o efeito da longevidade das va-cas na eficiência do rebanho (Kress et al., 1988). A medida da eficiência económica neste estudo foi o custo $ por 100 lb de peso ao abate da descendência. Este estudo ilustra a valia económica da longevidade das vacas, diminuindo o custo de produção à medida que as vacas de cria ficam

mais anos no rebanho.A eficiência produtiva em bovinos de corte, na fase de

cria, está directamente relacionada com o desempenho reprodutivo das fêmeas, com a sua habilidade materna e com o potencial de ganho de peso dos bezerros.

idade/Ponto de Acabamento (Market End Point)

Gregory et al. (1994) avaliaram a eficiência de cresci-mento pós-desmame em novilhos castrados, de 9 raças puras, quando alimentados para atingirem vários pontos de acabamento para o mercado: idade = 207 dias; peso de carcaça = 333 Kg; produto de retalho (peças comestíveis) = 210 lb; ou grau de marmoreado (Quadro 5). A eficiência

biológica foi expressa em gramas de peso vivo por me-gacaloria (Mcal) de energia metabolizável (EM) da dieta consumida. Quando os animais foram alimentados para serem abatidos num determinado “timing” (207 dias) não houve uma tendência consistente mas no geral animais

QUADRo 6.

Características da carcaça - médias de acordo com as raças1

Raça Peso de carcaça, lb.Espessura gordura in

área do long. dorsi in2

Percentagem de Peças de

talho %

Pontuação Marmoreado2

% CLASSE USDA CHoiCE

Shorthorn 707 .49 11.1 67.0 566 74.7

Hereford-Angus

707 .63 11.2 67.2 543 70.7

Simmental 695 .37 11.9 70.1 510 63.4

Charolês 747 .36 12.6 70.2 523 58.9

Maine Anjou 705 .38 12.3 70.1 501 49.5

Gelbvieh 686 .39 12.0 70.2 507 45.2

Salers 707 .41 12.0 70.0 515 44.5

Limousine 667 .39 12.3 71.5 477 43.8

Chianina 692 .32 12.4 71.9 448 27.5

1 Adaptado de Cundiff et al., 1993.2 400 = Pouco marmoreado = Classificação Select; 500 = pouco marmoreado = Classificação Choice

GRáFiCo 2.

Efeitos da raça na classificação MP4

Adaptado de : “Producing and Processing Quality Beef from Australian Cattle Herds” ed. P Dundon, B Sundstrom e R Gaden (2000)

6050403020100

52,7

38,1

47,4 47,3 49,1 48,4 47,1 46,9

Ang

us

Bra

hman

Bel

mon

t Red

Cha

rolê

s

Her

efor

d

Lim

ousi

n

San

ta G

ertru

dis

Sho

rthom

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22

de raças mais pequenas, com menos peso corporal para ser mantido tenderam a ser mais eficientes; quando ali-mentados para atingirem um determinado peso de car-caça (333 kg), ou quando alimentadas para atingirem um peso constante de produto de venda a retalho, produto comestível (210 kg), as raças de maior tamanho, raças di-tas continentais, com maiores índices de ganho de peso corporal foram mais eficientes; mas quando alimentadas para atingirem um mesmo índice de marmoreado (grau de acabamento) as raças inglesas, de menor porte e meno-res índices de crescimento, mais precoces na deposição de gordura/acabamento, foram as mais eficientes.

Qualidade da CarneO termo qualidade, no contexto da carne, engloba uma

série de propriedades que a tornam, uma vez cozinhada, num produto não só comestível, mas apelativo e apetecí-vel, para além das propriedades nutricionais, mas também funcionais, que são exigidas no processamento de produ-tos alimentares dela derivados (Klettner, 1995).

A capacidade dos tecidos para satisfazer todas estas pro-priedades depende da idade do animal, da sua alimenta-ção, da genética e do seu estado de desenvolvimento, da prepração dos animais pré-abate, bem como das trans-formações ocorridas post mortem (maturação da carne) (Ingr, 1989).

O grau de tenrura é a característica organoléptica que mais influencia a opinião do consumidor de carne de bo-vino. Esta é influenciada directamente pela quantidade de tecido conjuntivo, particularmente o colagéneo presente na carne, que aumenta com a idade do animal. Mas a ten-rura também está relacionada com o método de confecção culinária, com a peça de talho, com o grau de maturação da carne, sexo e idade do animal, mas também com a sua genética (raça e genótipo individual) (Heinze e Brugge-mann., 1994; Shortose e Harris, 1990; Smith et al. 1987; 2007; Savell et al. 1989; Miller et al. 1995; Choat et al. 2006; Maher et al. 2004).

Considerando os efeitos da raça na classificação da qualidade organoléptica da carne (Classificação compósi-ta, MQ4 = tenrura x 0.4 + flavour x 0.2 + sucosidade x 0.1 + aceitação geralx 0.3.) Dundon et al. (2000) colocam a raça Angus em primeiro lugar relativamente a esta classi-ficação (Gráfico 2).

Para além da tenrura, a sucosidade - que está relacio-nada com o marmoreado - a textura, o flavour, a própria cor e brilho da carne, são características susceptíveis de in-fluenciar a preferência do consumidor. Bureš et al. (2006) compararam a composição química, as características sensoriais e o perfil de ácidos gordos de novilhos toiros das raças Aberdeen Angus, Charolês, Simmental, e Here-ford. Os novilhos da raça Angus receberam a maior pon-tuação para as diferentes características sensoriais (cheiro, flavour, textura, e sucosidade) e a concentração em ácido linolénico (C18:3-n3), um ácido gordo poli-insaturado, foi também mais elevada na carne dos novilhos desta raça, bem como o teor em lípidos intra-musculares.

Nos Estados Unidos da América, Cundiff et al., (1993),

compararam as médias de diferentes raças de carne re-lativamente às características de carcaça e colocaram as raças inglesas Shorthorn, Angus e Hereford nos primeiros lugares, no que diz respeito ao marmoreado (566 e 543 pontos respectivamente), atingindo estas raças uma maior percentagem (74,7% e 70,7 %) na classificação de CHOI-CE (Quadro 6) (a classificação da carne de vaca nos EUA inclui - baseada nos critérios do marmoreado da carne e idade estimada - as categorias: Prime; Choice; Select; Stan-dard; Commercial; Utility; Cutter; e Canner) (Menos de 4% por cento da carne de bovino classificada nos Estados Unidos atinge a qualidade de excelência “Prime”).

Considerando estes atributos, não será por acaso que a carne Angus tem vindo a ser comercializada, a nível mundial, com recurso a marcas registadas que envolvem o nome da própria raça, como são os exemplos da Certified Angus Beef®; a AngusPride®; Premium Gold Angus®, Certified Australian Angus Beef®, New Zealand AngusPu-re®, Angus Burger®, etc. o que faz dela uma caso único, a nível Mundial, nesta relação entre raça e certificação de qualidade, um aspecto cada vez mais importante na fideli-zação do consumidor.

ConclusõesA opção pela raça Aberdeen Angus é uma opção que se

justifica, no caso dos Açores e não só, principalmente para a produção de carne a partir da erva, em raça pura ou em cruzamentos, com acabamento precoce, vitelão (baby-be-ef), ou novilhos castrados, ou inteiros, acabados aos 16-18 meses na erva, ou com alguma suplementação de concen-trados, ou, preferencialmente, silagem de milho. As vacas cruzadas HolsteinxAngus, dada a sua boa produtividade leiteira, poderiam mesmo ser utilizadas, nos Açores, em sistemas de dupla amamentação, com o desmame de 4 be-zerros por vaca.

Uma vez que se confirma uma vantagem competitiva da raça Aberden Angus, em relação aos parâmetros de qualidade organoléptica da carne, seria conveniente que a sua comercialização se fizesse mais dirigida à restaura-ção de qualidade, nomeadamente aos restaurantes que se dedicam à confecção de rodízios; bifes; espetadas, etc; procurando-se junto destas instituições e dos seus clientes, um melhor reconhecimento desta qualidade reconhecida-mente superior.

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PT

A Irlanda é famosa pelo seu gado, desde que começou a exportar animais há cerca de 1.000 anos. Desde dessa época que tem assumido um papel importante na cons-tituição de núcleos puros em vários países do mundo, de forma particular na Grã-Bretanha e nas Américas do Nor-te e Sul.

A raça Aberdeen-Angus foi introduzida na Irlanda em 1860.

Na Irlanda a maioria das explorações tem um número reduzido de vacas, mas no entanto também existem ou-tras possuem em meia 50 fêmeas reprodutoras. Contudo, o baixo número de animais é contrabalan-çado com elevada qua-lidade.

Os criadores são muito dedicados e fa-zem a selecção do gado com muito dedicação. Ao longo dos anos têm sido comprados toiros de top na Escócia, EUA e no Canadá, permitin-do acompanhar sem-pre a novas tendências do mercado. Ao mes-mo tempo, nos últimos 20 anos, várias são as fêmeas e machos, ex-portados, que têm in-fluenciado a raça nas ilhas Britânicas.

Alguns toiros têm mesmo ocupado lugares de honra nos leilões de Perth - Escócia.

A Irish Aberdeen-Angus Association (i.e. Associação Ir-landesa da Aberdeen-Angus) foi fundada em 1894, para promover a raça na Irlanda, tendo actualmente mais de 800 associados na República da Irlanda e na Irlanda do Norte. Os animais estão inscritos no Livro Genealógico da Aberdeen-Angus Cattle Society em Perth.

A influência da raça Angus como cruzamento indus-trial em explorações de leite e carne tem aumentado re-centemente, contribuindo já para 15% dos nascimentos no país.

A irish Aberdeen-Angus Association deseja aos mem-bros da Aberdeen-Angus Portugal todo o sucesso para

o futuro.

EN

Ireland has been famous for its cattle since it first started export-ing livestock almost 1.000 years ago. Since then Irish stock has played a major role in the foundation of breeding herds through-out the world, particularly in Great Britain and both the North and South American continents.Aberdeen-Angus were first introduced into Ireland as far back as 1860. While Ireland has a large number of breeders with small herds of breeding females other herds range to over 50 females. However what is lacking in numbers is counterbalanced in qual-

ity.Breeders are very dedi-cated and breed Ab-erdeen Angus with me-ticulous care. Down the years top grade bulls have been pur-chased in Scotland, USA and Canada en-abling breeders to keep pace with modern de-mands. For the past 20 or more years Irish bred bulls and females have made a major influence on the breed throughout the British Isles. Irish bred bulls and their offspring have taken major hon-ours at Perth in the

past.The Irish Aberdeen-Angus Association, established in 1894, pro-motes the breed in Ireland. The Association has currently over 800 member breeders in the Republic of Ireland and in Northern Ireland who register their cattle with the Aberdeen-Angus Cattle Society in Perth, Scotland.The influence of Angus as a sire in Irish dairy and beef herds has shown a gradual increase in recent years and now accounts for 15% of all calf births. The Irish Aberdeen-Angus Association would like to wish the members of “The Portuguese Angus Association” every success in the future.

A Raça Aberdeen-Angus na irlandaAberdeen-Angus in irelandKathryn Bradshaw, Secretary of The Irish Aberdeen Angus-Association Main Street, Mohill, County Leitrim , IrelandTelephone: + 353 719 632 099 . Fax: +353 719 632 140 [email protected]

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Situado no Atlântico Norte, a meio caminho entre a Eu-ropa e a América, o arquipélago dos Açores possui carac-terísticas edafo-climáticas propícias à exploração do gado bovino.

Com chuvas frequentes e terrenos muito férteis, dada a sua natureza vulcânica, as ilhas reúnem as condições que tornam possível um grande desenvolvimento das pasta-gens que as cobrem e que fornecem alimento em abun-dância aos animais.

O arquipélago possui um clima temperado marítimo, com temperaturas amenas e amplitudes térmicas, quer di-árias quer anuais, muito pequenas. O clima permite man-ter os animais no exterior durante todo o ano, evitando-se os problemas e os custos da estabulação.

Os Açores produzem cerca de um terço do leite portu-guês, pelo que o seu efectivo bovino é constituído princi-palmente por animais de raças leiteiras. Os animais pre-to- malhados da raça Holstein-Frísia são os mais comuns, embora se possam encontrar também animais das raças Jersey, Red Danish ou Brown Suisse.

A carne produzida nos Açores resulta do abate de ani-mais dessas raças ou de produtos resultantes dos cruza-mentos de raças de carne com fêmeas leiteiras.

Actualmente muitos produtores começaram a especiali-zar-se na produção de carne recorrendo a animais de raças puras, verificando-se uma melho-ria acentuada na qualidade das carcaças. As raças mais comuns são a Limousine e a Charolesa.

Há muito que alguns técnicos advogam que deviam ser outras a raças utilizadas pela Região para a produção de carne. As raças Aberdeen-Angus e Hereford sem-pre foram as preferidas, pela sua rusticidade, precocidade, quali-dades maternais e qualidade da carne.

Melhoramento animalPor melhoramento animal

entende-se o apuramento das ra-ças, para que o desempenho dos indivíduos seja cada vez melhor, de acordo com os critérios estabe-lecidos previamente como orien-

tadores desse melhoramento.Nos animais leiteiros pretende-se principalmente o au-

mento da produção láctea (quantidade e componentes) e a melhoria da conformação.

Nos animais de carne pretende-se melhorar as aptidões maternais das fêmeas, a facilidade de parto e a fertilidade, os ganhos médios diários, a conformação das carcaças e a qualidade da carne.

Qualquer programa de melhoramento visa obter uma animal altamente rentável para a exploração. Este melho-ramento pode ser acelerado recorrendo-se às tecnologias reprodutivas actualmente disponíveis.

inseminação ArtificialA inseminação artificial, considerada isoladamente, é a

técnica mais importante que se desenvolveu para o melho-ramento genético dos animais.

Esta técnica consiste na deposição do sémen, previa-mente colhido do macho, no interior do aparelho repro-dutor da fêmea sem que se verifique a união macho-fêmea ou cópula. Esta deposição é realizada por um técnico vul-garmente chamado inseminador.

Largamente difundida nas explorações de leite, a inse-minação artificial tem baixa penetração nas explorações de carne, por exigir maior conhecimentos dos criadores

Tecnologias reprodutivas nas manadas de carneJoão Fernandes Fagundes da SilvaMédico VeterinárioClínico de Espécies PecuáriasDirector do Subcentro de Inseminação Artificial da UnicolCoordenador da Secção de Assistência Veterinária da Unicol

Meios de contenção, como as mangas e os troncos, são essenciais para o maneio seguro dos animais.

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magazine 01.2010

e manejadores, disponibilidade de tempo para a detecção de cios e movimentação das vacas e meios de condução e contenção eficientes (mangas e troncos).

Hoje em dia, muitos criadores estão habilitados a reali-zar a inseminação artificial na sua manada. Para que a téc-nica seja bem sucedida é importante que o inseminador tenha conhecimentos de anatomia e fisiologia do apare-lho reprodutor feminino, conhecimentos de conservação e manipulação de sémen congelado e treino na execução da técnica propriamente dita.

A inseminação artificial apresenta inúmeras vantagens de natureza zootécnica, sanitária e económica sobre a co-brição natural:

- Acelera o melhoramento das manadas quando compa-rado com a cobrição natural;

- Permite o acesso à melhor genética disponível a nível mundial;

- Facilidade de transporte e distribuição do sémen devi-do à congelação em azoto líquido e acondicionamento em tanques facilmente manuseáveis;

- Uso de touros testados que oferecem muitas informa-ções sobre o desempenho da descendência;

- Possibilidade de armazenamento do sémen indefinida-mente;

- Elevada fertilidade do sémen usado em inseminação artificial, porque todos os ejaculados são analisados após a colheita, sendo rejeitados os que não apresentam a qua-lidade exigida;

- Garantia da qualidade sanitária do sémen porque os touros são submetidos periodicamente a testes para ava-liar o seu estado de saúde;

-Controle das doenças sexualmente transmissíveis, por-que todo o material usado e que tem contacto com a vaca é descartável;

- Torna desnecessária a importação de touros de raças exóticas;

- Indispensável após a sincronização de cios em grandes grupos de fêmeas.

As inúmeras vantagens da inseminação artificial, em es-pecial, a possibilidade de usar os melhores reprodutores do mundo para beneficiar as fêmeas da manada, tornam indispensável a sua utilização nas explorações mais evolu-ídas e com maior potencial de valorizar o seu património genético.

Sémen sexadoA sexagem do sémen é um processo que permite sepa-

rar os espermatozóides portadores do cromossoma Y (ma-chos) dos espermatozóides portadores do cromossoma X (fêmeas).

Este processo é moroso, desperdiça grandes quantida-des de sémen e resulta num produto de fertilidade baixa e que deve ser manuseado respeitando todas as regras de conservação e manipulação de sémen.

A sua utilização está aconselhada apenas em novilhas virgens; neste escalão etário consegue-se uma taxa de con-cepção muito semelhante à conseguida com a utilização de sémen convencional.

Actualmente estão disponíveis no mercado dois tipos de sémen sexado:

Sémen sexado 90% - baixa fertilidade e garantia de 90% de nascimentos de produtos do sexo escolhido;

GRáFiCo 1.

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Sémen sexado 75% - fertilidade mais elevada e garantia de 75% de nascimentos de produtos do sexo escolhido.

Sincronização de CiosConsiste num tratamento hormonal aplicado a um gru-

po de fêmeas e que tem por objectivo, conseguir que uma grande percentagem dos animais tratados entre em cio ao mesmo tempo ou apenas com algumas horas de dife-rença.

Ter várias vacas em cio ao mesmo tempo tem muitas vantagens:

- Reduz o tempo necessário para a observação dos cios;- Exacerba o comportamento de cio;- Facilita o uso da inseminação artificial e reduz o custo

com as visitas do inseminador;- Facilita o uso da inseminação artificial em novilhas que

vão ser servidas pela primeira vez;- Permite planear com antecedência o esquema reprodu-

tivo da exploração – dias de inseminação, época de partos, organização de grupos;

- Reduz o tempo de observação de partos permitindo uma melhor assistência;

- A melhor assistência aos partos reduz a mortalidade dos vitelos à nascença;

- O agrupamento dos partos facilita a obtenção de colos-tro para as crias das vacas que adoeceram ou morreram.

As fêmeas a sincronizar devem estar em boa condição corporal. As novilhas virgens devem ter idade e peso para iniciarem a sua vida reprodutiva e as vacas adultas devem estar paridas há mais de 45 dias e não devem apresentar sinais de metrite.

Para a sincronização de cios são utilizados vários es-quemas terapêuticos, dependendo do tempo que se tem para observação de cios, da ciclicidade das vacas e do or-çamento disponível. Os fármacos utilizados são as prosta-

glandinas e os progestagéneos ou uma associação dos dois. (Quadro 1)

Sincronização da ovulaçãoTratamento hormonal que visa a sincronização do mo-

mento da ovulação, libertação do óvulo a partir do folícu-lo ovárico, num grupo de fêmeas.

Este tratamento torna possível a inseminação artificial a tempo fixo, com resultados de fertilidade satisfatórios. Os animais podem ser inseminados mesmo sem detecção de cios.

Podem ser usados diversos protocolos, recorrendo-se à utilização de GnRH, PGF 2 alfa e/ou progestagéneos (CIDR). O primeiro protocolo desenvolvido e que serve de base aos restantes é conhecido por Ovsynch e é descrito no Quadro 2.

Transferência de EmbriõesÉ um método de maneio reprodutivo pelo qual os óvu-

los fecundados são recolhidos do tracto genital de uma fêmea designada dadora e, são transferidos para o tracto genital de uma ou mais fêmeas designadas de receptoras, nas quais decorrerá a gestação até ao termo.

Pretende-se com este método potenciar o número de descendentes de fêmeas de elevado valor genético.

Uma fêmea para ser recrutada como dadora de embri-ões deve:

- Possuir elevado valor genético;Revelar boa fertilidade (não mais de duas inseminações

por concepção);- Ser relativamente jovem (3 a 10 anos);- Estar isenta de anomalias de conformação ou doenças

genéticas;- Não ter registo de anomalias reprodutivas ou proble-

mas nos partos;

QUADRo 1. Apresentamos de seguida dois esquemas de tratamento básicos e muito comuns

Prostaglandinas (PGF 2 alfa)

Dias 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

PGF PGF Cios e IA

Este esquema consiste na administração de duas injecções de Prostaglandina F2 alfa com 11 dias de intervalo. Os cios ocor-rem geralmente entre 48 e 72 horas após a última administração, podendo ser usada a inseminação com hora marcada às 56 horas (1 dose) ou às 48 e 72 horas (2 doses).

Progestagéneo (CIDR ou PRID) + Prostaglandina

Dias 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

PGF Cios e IA

CIDR ou PRID

Este esquema utiliza um dispositivo intravaginal libertador de progesterona que é colocado na vagina da vaca por um período de 7 a 9 dias. Na véspera da remoção do dispositivo é administrada uma injecção de Prostaglandina F2 alfa. No dia da remoção é aconselhada a administração de PMSG às vacas aleitantes e às vacas acíclicas. Os cios ocorrem 48 a 72 horas depois da remoção do dispositivo. Pode recorrer-se à inseminação artificial com hora marcada às 56 horas (1 dose) ou às 48 e 72 horas (2 doses).

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magazine 01.2010

- Ter cumprido um mínimo de 50 dias pós-parto;

- Ter tido pelo menos dois ciclos éstricos regulares antes do início do programa;

- Apresentar boa condição cor-poral.

As dadoras são submetidas a um tratamento hormonal – trata-mento superovulatório – que esti-mula o desenvolvimento folicular e permite que a vaca possa libertar vários óvulos (ovulação múltipla) durante o cio superovulatório. A vaca pode produzir vários embri-ões (7 a 9 em média) que serão recolhidos, por lavagem uterina, 7 dias mais tarde e transferidos para as receptoras ou congelados.

As receptoras dos embriões de-vem ser animais com fertilidade excepcional. Normalmen-te são escolhidas novilhas virgens.

A congelação dos embriões permitiu dispensar os en-cargos com a sincronização de receptoras, mas acima de tudo, permitiu que pudessem ser comercializados a nível mundial. Pode-se assim ter acesso a descendentes de vacas e touros extraordinários, que irão contribuir para um me-lhoramento mais rápido da manada que os adquirir.

Este mercado de embriões é muito vasto e dinâmico, ora existindo embriões de um reprodutor, ora não existin-do. Os preços variam muito e estão directamente relacio-nados com o valor dos progenitores envolvidos.

A sexagem de embriões vai permitir ao criador ocupar as receptoras disponíveis apenas com animais do sexo pre-tendido (machos ou fêmeas). O grau de confiança é supe-rior a 90%.

A congelação e a manipulação dos embriões, como a bi-secção ou a sexagem, vão reduzir a sua viabilidade e deve-mos esperar uma redução na percentagem de gravidezes conseguidas.

Nota FinalÉ um facto que as explorações dedicadas à produção

de carne recorrem pouco às tecnologias reprodutivas para melhoramento das manadas, no entanto, os produto-res mais avançados não podem dispensar a sua utilização. Mais recentemente, motivados pela importação de animais seleccionados, a pontuação dos animais e a respectiva ins-crição nos livros genealógicos das raças, muitos criadores começaram a recorrer à inseminação com touros de elite para beneficiação das suas vacas.

Na ilha Terceira existe sémen de touros de elite das ra-ças Limousine, Charolesa e Aberdeen-Angus que se desti-nam a ser utilizados em núcleos de raças puras. A impor-tação de embriões Aberdeen-Angus também aconteceu num passado recente e está a ser preparada a produção e recolha a partir de vacas residentes na ilha.

Para que estas tecnologias se possam tornar rotineiras é necessário que, as explorações sejam dotadas de condi-ções (mangas, meios de contenção) e que os criadores e os seus empregados melhorem os seus conhecimentos nos diversos domínios, em especial, o da reprodução.

Os Açores possuem condições ímpares para num futuro próximo possuírem reprodutores, tanto de raças de carne como de leite, de grande valor genético e com um estatuto sanitário invejável. Basta continuar no bom caminho!

QUADRo 2.

Dias 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

GnRHPGF 2 alfa

GnRHIA – 8 a 20 horas

Este protocolo consiste na administração de duas injecções de GnRH, no dia 0 e dia 9. Dois dias antes da 2ª injecção de GnRH é administrada uma injecção de Prostaglandina F2 alfa (dia 7). A inseminação é feita a todas as vacas 8 a 20 horas depois da 2ª injecção de GnRH.

Sessão de recolha de embriões em exploração leiteira terceirense

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PT

Os primeiros animais da raça Angus chegaram ao Ca-nadá em 1860, importados a partir da Escócia. Seguiram-se então outras importações que contribuíram para o de-senvolvimento da raça.

Em 1905, os criadores juntaram-se para fundar a Ca-nadian Angus Association (i.e. Associação Canadiana da Angus). O Governo do Canadá reconheceu oficialmente a Associação em 1906 e desde então que esta efectua o registo de animais da raça Angus no país.

A Canadian Angus Association mantém o Livro Genea-lógico fechado, isto é apenas regista animais puros Angus. São registados animais de pelagem preta e vermelha, sen-do que estes últimos possuem a palavra RED (vermelho) como prefixo do nome, para assim haver um distinção en-tre cor de pelagens.

A Canadian Angus Association representa 3.000 associa-dos, com o intuito de inscrever animais, manter a pureza e de disponibilizar serviços que permitam desenvolver e promover a raça. A Associação também representa 15.000 produtores de carne que utilizam animais puros nas suas explorações.

O Livro regista cerca de 150.000 vacas. Em 2008 regis-taram-se 62.283 vitelos puros e 24.933 declarados. A Ca-nadian Angus Association transferiu, em 2008, 25.084 animais puros para explorações de carne. Estes dados representam, mais de metade de todos os registos de ani-mais puros no Canadá e a presença da raça em cerca de 60% das explorações de carne.

Os consumidores canadianos reconhecem a Angus como uma raça de carne e é sinónimo de qualidade na cabeça de muitos consumidores. A sua procura deve-se ao seu sabor, à tenrura e ao marmoreiro que apresenta. Ten-do em conta esta procura, a Canadian Angus Association criou recentemente a Canadian Angus Rancher Endorsed, como forma de promover programas relacionados com a carne Angus. A Canadian Angus Rancher Endorsed exige que o gado tenha um brinco com identificação por rádio-frequência.

Estes brincos são obrigatórios para a identificação do gado no Canadá e a raça Angus tem uma identificação restrita para os seus animais puros e para os cruzados que tenham pelo menos um dos pais como puro Angus. Assim, através deste sistema a Canadian Angus Association pode garantir que o Canadian Angus Rancher Endorsed beef

usa genética Angus.A Canadian Angus Association teve a honra de orga-

nizar o 10º World Angus Forum em Calgary, Alberta em Julho de 2009. No ano de 2005, aquando da preparação do evento, tivemos a ideia de sugerir às outras associações de criadores do mundo, uma mostra de como a genética com origem na Escócia tinha se espalhado e adaptado às mais variadas zonas do planeta. Nove países responderam ao nosso apelo e enviaram embriões para o Canadá onde foram implantados em vacas receptoras na Remington Cattle Company em 2007. Os animais nascidos em 2008 foram expostos durante o Fórum, constiuindo, como é na-tural, uma grande atracção pelo feito extraordinário de concentrar animais da mesma raça que tendo uma origem comum, o berço da raça, desenvolveram-se em condições edafo-climáticas tão diversas, nasceram e foram criados em condições semelhantes.

EN

Angus animals were first imported to Canada from Scotland in 1860. Several more importations contributed to the growth of the breed and in 1905 breeders joined together to form the Canadian Angus Association. The Government of Canada officially incorpo-rated the Association in 1906 and since then has been the official register of Angus cattle in Canada.

The Canadian Angus Association maintains a closed herd book and registers only purebred Angus cattle with no breeding up program. Both Red and Black Angus are included in the Registry. There is a requirement that all Red animals have the word “Red”

Canadian Angus AssociationCanadian Angus AssociationDoug Fee, Chief Executive OfficerCanadian Angus Association142, 6715 – 8 Street NE Calgary, Alberta T2E 7H7 CanadaPhone: (403) 571-3580 . Fax: (403) 571-3599Email: [email protected]: www.cdnangus.ca

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included as a prefix to their name.The Canadian Angus Association represents 3,000 members

across Canada for the purposes of registering and recording the pedigrees of purebred Black and Red Angus cattle and promot-ing the breed. Its member-approved mandate is to maintain breed registry, breed purity and provide services that enhance the growth and position of the Angus breed. The Association also represents an additional 15,000 commercial producers who use registered breeding animals in their herds.

There are just over 150,000 registered breeding females in the Canadian Angus database. In 2008, 62,283 purebred calves from these females were registered and an additional 24,933 were recorded. The Canadian Angus Association transferred 25,084 registered breeding animals to commercial producers in 2008. These figures equal more than half of all purebred beef cattle regis-tered in Canada and about 60% of the commercial herd.

Canadian consumers recognize the name Angus as a breed of beef cattle. Angus is synonymous with quality in the minds of many consumers, and they want Angus beef for its flavour, ten-derness and marbling. With this in mind, the Canadian Angus Association recently created Canadian Angus Rancher Endorsed, a way for the Association to publicly endorse and promote Angus beef programs in Canada that use Angus genetics. Canadian An-gus Rancher Endorsed requires that the cattle use a Canadian Angus radio-frequency identification (RFID) tag. RFID tags are mandatory for cattle in Canada, and only the Angus breed has a tag that is restricted to purebred Angus cattle and commercial with at least one purebred Angus parent. Through the Angus tag program, the Canadian Angus Association can guarantee that Canadian Angus Rancher Endorsed beef has Angus genetics.

The Canadian Angus Association was proud to host the 10th World Angus Forum in Calgary, Alberta in July 2009. In 2005, a Canadian idea was suggested to other Angus associations to showcase how Angus genetics have expanded from Scotland to the world. Nine countries sent embryos to Canada which were all im-planted in Canadian Angus recipient cows at Remington Cattle Company in 2007. The resulting calves were born in 2008 and were displayed at the Forum. It was an exciting and interesting opportunity to see international genetics all raised in a common environment and was one of the highlights at the Forum.

Notícias

Feira Açores 2009 dedica atenção à criação em linha pura das raças de carne exploradas na região

A Secretaria Regional da Agricultura e Flores-tas organizou com a colaboração das Associações Agrícolas da Ilha do Faial (AAIF e JAGRIFA) a edição 2009 da Feira Agrícola Açores, evento Re-gional de exposição dos vários sectores da agro-pecuária.

Nesta edição, a bovinicultura de carne teve des-taque, com um pavilhão coberto onde estiveram representadas as raças de carne exploradas em linha pura (Charolesa, Limousine e Simmental-Fleckvieh) nos Açores, onde se incluiu a recente raça Aberdeen-Angus.

A Aberdeen-Angus não foi a concurso, dado não ter sido possível representar a maioria dos criadores. Todavia repetiu-se o sucesso de 2008 durante a Feira Agroter, organizada pela Associa-ção Agrícola da Ilha Terceira, com uma demons-tração de animais da raça, comentada por Nigel Hammill, antigo Presidente da Aberdeen-Angus Cattle Society e detentor do rebanho Tegsnose (Inglaterra) e da preparação e condução de bovi-nos em concurso, por Leo McEnroe, membro da Irish Aberdeen-Angus Association e detentor do rebanho Lisduff – Irlanda.

Este evento atraiu o interesse do público e dos criadores, dado ser mais usual este tipo de inter-venção em gado leiteiro. Todavia, revelador da ne-cessidade de acções de formação para criadores de raças de carne, para que também este sector possa no futuro dignificar ainda mais os animais a concurso e o espectáculo dos eventos.

Os criadores presentes na Feira foram: Ema-nuel Araújo e Hildegard Neves – ilha do Faial; Ma-nuel Costa, Manuel Rapinha e Ricardo Silva – ilha do Pico e Luís Machado – ilha Terceira.

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PT

O gado Angus foi introduzido na Austrália por volta de 1820 e desde então que é a raça que predomina na zona temperada (i.e. sul) da Austrália. A raça Angus é também utilizada em programas de cruzamento com outras raças adaptadas a climas tropicais, que são exploradas na zona norte.

Os animais Angus e as suas cruzas possuem uma gran-de procura e por isso têm um preço mais elevado e isso deve-se à qualidade que a carne apresenta, tanto daqueles acabados a pasto como os em feedlot.

A raça é reconhecida pela sua fertilidade, facilidade do parto, fazendo por isso parte da maioria das vacadas da região temperada da Austrália.

A Angus Society of Austrália (i.e. Sociedade de An-gus da Austrália) foi fundada em 1919 e é actualmente a maior associação de criadores do país. No início de 2010, existiam 1.020 associados, 1.293 produtores associados e 301 jovens sócios registados. Em 2008, foram declarados 52.369 vitelos Angus, o que representou, aproximadamen-te 26% do efectivo bovino puro na Austrália.

A maioria dos vitelos inscritos pela Angus Australia es-tão integrados no programa de registo de performance chamado Angus BREEDPLAN. Este sistema de avaliação genética fornece valores estimados para a selecção genéti-ca (i.e. Estimated Breeding Values – EBVs) para 24 carac-teres, que inclui a fertilidade, facilidade do parto, cresci-mento, dados de carcaça, eficiência alimentar e caracteres estruturais.

Para mais informação sobre a raça Angus na Austrália, consulte o nosso website

http://www.angusaustralia.com.au

EN

Angus cattle were originally introduced into Australia in the 1820s and have since become the predominant breed in temperate (southern) Australia. Angus cattle are also used in crossbreeding programs with other tropically adapted breeds in many parts of northern Australia.

Angus and Angus-cross cattle command price premiums in markets across Australia due to their strong demand for the pro-duction of high quality beef from both pasture and feedlot finish-ing systems. Angus are recognised as fertile and easy calving cattle and now form the basis of the majority of beef cow herds in temperate Australia.

The Angus Society of Australia (Angus Australia) was formed in 1919 and is now the largest beef breed association in Australia. At the commencement of 2010, there were 1,020 Full Members, 1,293 Commercial Members and 301 Junior Members enrolled in the organisation. In 2008, members of Angus Australia recorded 52,369 straightbred Angus calves, which was approximately 26% of the total number of registered seedstock in Australia.

The majority of calves registered by Angus Australia are com-prehensively performance recorded through the Angus BREED-PLAN system. This genetic evaluation system provides Estimated Breeding Values for up to 24 traits, including fertility, calving ease, growth, carcase, feed efficiency and structural traits.

Further information on Angus cattle in Australia can be ob-tained from the Angus Australia website

http://www.angusaustralia.com.au

Angus na AustraliaAngus na AustraliaAngus Society of Australia86 Glen Innes Road, Armidale, NSW, 2350AustraliaPhone: +61 2 6772 3011 . Fax: +61 2 6772 [email protected]

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A chegada à Região da raça Aberdeen-Angus é sem dú-vida alguma um marco na produção de carne nos Açores, não só pela excelente qualidade desta, mas principalmen-te pelas características específicas da raça. As suas dimen-sões associadas à precocidade, à rusticidade, ao seu tempe-ramento dócil, à elevada facilidade de parto assim como ao excelente aproveitamento da pastagem levam a crer que foi criada para as nossas condições edafo-climáticas.

Apesar de ser uma das raças de carne mais antiga da Europa a utilização entre nós de animais puros é recente, devendo-se a sua introdução ao espírito empreendedor de alguns particulares que ao reconhecerem a importância desta contribuíram de uma forma substancial para a pro-dução sustentável de carne na Região.

Um outro facto associado a esta iniciativa pioneira me-recedor de especial relevo é o de que a gestão do Livro Ge-nealógico da raça foi concedida à Federação Agrícola dos Açores. A incumbência de gerir o livro genealógico é de grande interesse, visto que é uma ferramenta crucial para o melhoramento genético animal e é também a garantia da pureza da raça. O reconhecimento da importância da recolha de dados, de cada indivíduo, para uma futura selecção genética levou a que em 1862 aparecesse o pri-meiro Livro Genealógico para o gado mocho, designado por “Polled Cattle Herdbook”, posteriormente denomina-do “Aberdeen-Angus”. Este facto ocorreu ainda antes de serem publicadas pela primeira vez por Gregor Mendel as leis da Hereditariedade, o que vem demonstrar o cuidado de outrora em elaborar registos detalhados dos animais e a enorme sensibilidade dos fundadores da raça. Estes re-gistos baseavam-se meramente em dados fenotípicos isto é características morfológicas mensuráveis que são o resul-tado da interacção entre os genes e o meio ambiente.

A selecção fenotípica, bastante utilizada pelos produto-res por ser a mais fácil de realizar, já que só é necessária a observação e o conhecimento do que se deseja produzir, não deverá necessariamente ser a única e a mais adequada, pois nem sempre as características visíveis são expressas num determinado ambiente ou são transmitidas aos des-cendentes. Para além disto, muitas destas características têm origem num vasto número de genes e na sua comple-xa interacção.

Com o avanço das tecnologias de ADN novas perspec-tivas se abriram no melhoramento genético do gado de carne, tendo como base a detecção de mutações, ou seja pequenas alterações na molécula de ADN, dando assim

início à Selecção Assistida por Marcadores Moleculares.Uma das metodologias que é hoje em dia utilizada para

o estudo destas alterações é a análise de QTLs (do inglês “Quantitative Trait Loci”). Esta consiste na análise de regi-

ões específicas do cromossoma (microssatélites) de todos os indivíduos de determinadas famílias de animais, gera-das por cruzamentos direccionados e com as característi-cas que se pretende. Esses estudos permitem correlacionar as frequências alélicas dos marcadores microssatélites com as características que determinam o desempenho produti-vo dos animais testados. Desta forma, pode-se rastrear os cromossomas localizando os genes responsáveis por deter-

Selecção Assistida por Marcadores Moleculares na

Gestão e Melhoramento de Gado de CarneErica BaronArtur da Câmara Machado ([email protected])Centro de Biotecnologia dos Açores Universidade dos Açores – Departamento de Ciências AgráriasTerra-Chã, 9701-851 Angra do HeroísmoTel. 295 402 235 Fax. 295 402 205

António Araújo | Di

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minada característica de produção (deposição de gordura, marmoreado, suculência, tenrura da carne, produção de leite, desenvolvimento corporal, resistência a doenças, fer-tilidade, entre outras). Uma determinada região de QTL pode gerar por si só um marcador genético sem, necessa-riamente, identificar o gene ou os genes responsáveis pelo fenótipo.

Na produção de bovinos de carne, o aumento da mus-culatura e por consequência o rendimento da carcaça, tem sido um dos maiores desafios para os investigadores e produtores, sendo uma das principais metas do desen-volvimento de programas de melhoramento assistido por marcadores.

Hoje em dia, diversas raças bovinas apresentam o que se chama de musculatura dupla. Esses animais são carac-

terizados por extrema hipertrofia dos músculos especial-mente na região do quarto traseiro. Quando comparados com os animais normais, os bovinos de musculatura dupla têm proporcionalmente menos osso, menos gordura, mais músculo e maior rendimento de corte de carne com alto valor no mercado, realizando em média 20% mais carne por animal. No entanto essa característica aparece asso-ciada a problemas de fertilidade, alta incidência de partos distócicos e baixa viabilidade dos bezerros, além do au-mento à susceptibilidade e ao stress. Esses animais apesar do bom rendimento de carcaça possuem baixa adaptabi-lidade às condições de maneio extensivo do rebanho de bovinos normais. Alguns artigos indicam também a baixa ingestão de alimentos, devido provavelmente ao menor tamanho do tracto digestivo, que no entanto, quando ali-

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mentados com rações ricas expressam todo o seu potencial de crescimento e massa muscular. Ainda nesses animais, as suas grandes dimensões associadas ao elevado peso representam, por vezes, um problema acrescido quando a base da alimentação é a pastagem, o que não acontece com o Aberdeen-Angus devido ao seu médio porte.

O gene responsável pela elevada massa muscular é o gene da miostatina que tem sido estudado em várias partes do mundo. Daí conhecer-se a variabilidade genética exis-tente neste gene e quais as mutações de maior interesse.

Ainda no âmbito da selecção assistida por marcadores em programas de melhoramento genético, outro gene que é muito estudado e economicamente importante para a bovinicultura é o gene da leptina. Este gene é também conhecido como gene da obesidade por ser o responsá-vel pela produção da hormona leptina, que está envolvida nos mecanismos que regulam a ingestão de alimentos, o metabolismo energético, a fisiologia reprodutiva e o siste-ma imunológico. Desta forma o seu estudo proporciona conhecimento que pode ser associado a características de interesse económico, tais como deposição de gordura na carcaça, precocidade sexual, percentagem de gordura no leite, entre outras. Em bovinos de carne foram asso-ciados polimorfismos deste gene ao maior peso de carca-ça e maior deposição de gordura na mesma, sendo assim também um gene interessante a ser estudado do ponto de vista económico, podendo direccionar produtores e inves-tigadores para a obtenção de rebanhos com maior rendi-mento na produção.

Para além das características acima mencionadas, em que é possível aplicar na selecção genética os marcadores moleculares, estes são também a base da certificação das genealogias. Hoje em dia o método de excelência para este fim é sem dúvida alguma a genotipagem por marcadores microssatélites, onde através de uma escolha adequada dos mesmos, para além de garantirem a veracidade dos pedigrees podem ser utilizados na selecção genética.

Por fim cabe-nos realçar a importância dos marcadores moleculares no rastreio de produtos alimentares em que se pretende proteger a origem dos mesmos, não só em pro-dutos frescos mas também em produtos transformados.

Esperamos que esta modesta apresentação sobre o po-tencial da genética molecular no melhoramento genético do gado de carne sirva de apoio ao dinamismo dos respon-sáveis pela presença da raça Aberdeen-Angus nos Açores e à sua gestão.

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A Associação Argentina de criadores Angus (i.e. Aso-ciacion deArgentina de Angus) foi fundada em 1920. Ac-tualmente existem 1843 criadores. Devido ao crescente interesse na raça Angus e nos programas e serviços de-senvolvidos pela Associção, estes números aumentam ano após ano.

LiderançaAlguns dados suportam a nossa convicção de que a Angus é a raça líder na Argentina.

As amostras a mais de 350.000 cabeças permite afirmar que mais de 50% desses animais são Angus puros e outros 20% são cruzados Angus.

Quando se trata da criação em linha pura (i.e. amostra de 350.000 cabeças), verifica-se que metades dos criadores escolheram a Angus o que é o dobro daqueles que esco-lheram outras raças. O número anual de registos para pe-digree também mostra que a Angus está à frente: mais de 40% de todos os registos são Angus.

Carne Angus da ArgentinaDesde 1994 que o programa Argentine Certified AnGus fornece o melhor produto ao mercado interno, assim como para exportação. Em 1999 o programa foi aprovado pela USDA e mais recentmente aceite pela União Europeia, a marca Angus para a carne importada da Argentina.

Programa de avaliação genéticaDe forma a apoiar a posição que a raça Angus assume na Argentina, a nossa Associação desenvolve, desde 1989, um programa que produz dados em EPDs para as principais características produtivas (i.e. 12), assim como marcado-res moleculares associados à tenrura da carne.

Todos os anos a Associação edita o Sumário de mais de um milhar de Touros Angus considerados de valor genéti-co elevado, tanto para o crescimento como para as quali-dades organolépticas.

Reunião Técnica do Secretariado Mundial da Angus em 2011A Asociacion Argentina de Angus está feliz e orgulhosa de ter sido escolhida para organizar o World Angus Secreta-riat Meeting (Reunião do Secretariado Mundial da Raça Angus) em Outbro de 2011. Já começamos a trabalhar no sentido de oferecer aos visitantes um programa atractivo, não apenas para os que participam na Reunião, mas tam-bém para todos os criadores e pessoas que queiram visitar a Argentina. Será uma honra receber a vossa visita.

EN

The Argentine AnGus Association was founded in 1920. At present it has 1,843 members. Due to the increasing interest in the AnGus breed and the Association’s work programs and services, this number is growing year after year.

AnGus is the leading breed in Argen-tinaSome figures support our Association’s conviction: AnGus is the leading breed in Argentina.

Our Association’s samplings over 350,000 heads let us claim that more than 50 percent of those heads are pure-blood AnGus, and another 20 percent are AnGus crosses.

When focusing on pedigree seedstock breeders in Argentina, we’ll find that half of them have chosen AnGus, near-ly doubling those that have chosen the other beef breeds. The number of annual pedigree registrations also shows the An-

A raça Angus na ArgentinaAngus in ArgentinaCerviño 4449 5° Piso, CP 1425 - Buenos AiresTel.: ( 54 11) 4774-0065 (Líneas rotativas) | Fax: ( 54 11) [email protected]

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Gus leadership: more than 40 percent of all the registered heads are AnGus.

Argentine AnGus BeefSince 1994 the Argentine Certified AnGus Beef program provides the best product to both, the domestic and export markets. On 1999 it was recognized as a USDA Verified Program, and has also been recently recognized by the EU to label AnGus importations from Argentina.

Genetic evaluation programSupporting the firm AnGus breed position in Argentina, our As-sociation carries on since 1989 a genetic evaluation program to generate EPD data for the main commercial traits (12), as well as four molecular markers associated to tenderness.

Every year the Argentine AnGus Association edits the AnGus Sire Summary, with the EPD information for more than a thou-sand of the superior bulls genetically influencing the breed, both for growing and quality beef traits.

World AnGus Secretariat Meeting in 2011The Argentine AnGus Association is very happy and very proud of having been elected to host the World AnGus Secretariat Meet-ing on October 2011. We have already begun working hard to offer our visitors an attractive program not only to those attending the

Technical Meeting, but also their partners and every AnGus cattle breeder interested in visiting Argentina.

We will be honoured receiving your visit to Argentina. Thank you very much.

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PT

A seleção de bovinos da raça Angus começou no Uruguai em 1888, quando D. Luís Mongrell importou o toiro “Bard Naughton da Inglaterra.

Logo se sucederam 19 importações de animais e em 1912 faz-se a introdução de linhas Argentinas, pela aquisição de “Tomi Ombú”, Grande Campeão e fêmeas das famílias Blondetta, Annabel, Ithaca e Acton, adquiridos no concurso de Palermo. Em 1919, realiza-se a primeira importação dos EUA com “Bar Marshall 3º” e de seguida, de forma ininterrupta numerosas a partir da Inglaterra, Argentina e EUA.

Em 1938, tendo em conta a difusão e a prosperidade da raça, um gru-po pequeno de criadores fundou a Sociedad de Criadores de Aberdeen-Angus, dando pequenos passos, mas seguros, permitiu que no início deste século a organização conte com 450 criadores das diversas regiões do país e com o registo anual no Livro Genealógico da Asociación Rural del Uruguay, de 6.000 vitelos puros e puros controlados.

Em 1917 a raça participa pela primeira vez na Expo Prado, principal feira uruguaia, com um concurso que perdura até hoje, sendo a raça com maior número de animais em exposição.

Com a difusão da raça e das suas cruzas, torna-se necessário um con-trolo de qualidade, por parte da Associação. Assim, em 1955 cria-se a tatuagem do puro de origem “Selección Aberdeen-Angus” tanto para machos como para fêmeas. Actualmente, inspecciona-se 18.000 ani-mais/ano.

As várias Direcções da associação têm tido a preocupação de acom-panhar as mais avançadas tecnologias na avaliação genética. Em 1973 realiza-se a primeira prova de performance. Os dados obtidos demons-traram o excelente trabalho dos criadores e a adaptação aos avanços dos modelos estatísticos (modelo baseado no pai e posteriormente no animal) permitem avaliar toda a população. A Sociedad de Criadores de Aberdeen Angus capitaliza estes avanços e estabelece um protocolo com a Faculdade de Agronomia – Departamento de Zootecnia e como o INIA (Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias) para dar continuidade ao Serviço de Avaliação dos Reprodutores, constituindo a primeira prova de descendência em gado de carne do Uruguai.

Em 1998 a Sociedade inicia, em parceria com as associações de cria-dores da Argentina, Brasil, Paraguai e Chile, o processo de criação da Federación Angus del Mercosur y Chile, que vem a ser fundada em

1999.Em 2004, a Associação e um grupo de criadores formam a “Carne Angus del Uruguay S.A.” com o objectivo de

Algo da historia e evolução da raça Angus no Uruguai

Something about the history anddevelopment of the Angus breed in Uruguay

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preservar e promover a raça, valorizando o produto final a “Carne Angus”. O fortalecimento do abastecimento da carne Angus Certificada aos restaurantes nacionais (e.g. o Hotel Conrad localizado no resort da Punta del Este) e estrangeiros deve-se à elevada qualidade da carne (i.e. tenrura, sabor e sucolência dos animais jovens); ao sistema de produção extensivo, sem o uso de hormonas de cresci-mento nem proteínas de origem animal e ao sistema de rastreabilidade que permite controlar todos os passos, do prado ao prato do consumidor.

Angus no Uruguai, país 100% ganadeiro e da produ-ção de carne no extensivo

O Uruguai, é um paraíso para a pecuária natural a céu aberto, sem concentrados nem hormonas, mas com o re-curso às pastagens de acordo com as condições climaté-ricas e localização geográfica, onde precipitação média anual é de 1200 mm. No entanto, existem anos em que a chuva é mal distribuída, verificando secas severas, ou en-tão chuvas torrenciais que originam inundações. Os Inver-nos são longos e duros, embora sem neve, muitos dias as temperaturas ficam abaixo do 0ºC.

É portanto neste contexto climatérico que se cria o gado Angus no Uruguai, com um biótipo que tem de ser adequado e eficiente face às condições de exploração.

As vacas são largas, muito profundas, de tamanho mo-derado, frame 4.5 a 5.5, parem um vitelo todos os anos sem dificuldade e no final da sua vida produtora pesam bem no matadouro (490 a 550 kg.). A vaca Angus do Uru-guai, com maneio adequado e baixos custos providenciará 80% do alimento de um vitelo.

O vitelo nasce pequeno com um peso entre os 27 a 35 kg. Desenvolve-se muito rápido, é vigoroso, saudável e mui-to vivo, fácil de criar devido às boas características mater-nais das fêmeas e pelo temperamento.

A vaca, com mínimo de maneio, é coberta aos 24 me-ses. Devido às suas excepcionais condições de crescimento (eficiência e conversão) e pela sua precocidade, está pronta para a cobrição aos 15 meses. O novilho está acabado por volta dos 24 meses, explorado em pastagens melhoradas, demonstrando grande eficiência e velocidade de engorda, obtendo-se um produto final de excelente qualidade (An-gus é sinónimo de qualidade da carne). O bom rendimen-to de carcaça (acima dos 56%) é aliado a uma qualidade das peças que corresponde aos mercados mais exigentes e se fornece a carne mais tenra e marmoreada do mundo.

Para produzir tudo isto, o Uruguai cria os melhores toi-ros a campo. O protocolo com o INIA (Instituto de Inves-tigaciones Agropecuarias) e a Faculdade de Agronomia, permite a recolha de dados de performance e da qualida-de da carcaça e transformando-os em EPD. Estes dados são depois usados pelas explorações especializadas.

O criador uruguaio é um artesão na selecção e do melhoramento genético. Com estas novas ferramentas, o trabalho atrás referido transforma-se em ciência. Isso verifica-se nos resultados que actualmente se obtêm com reprodutores de qualidade excepcional.

Por tudo isto, afirmamos que o gado Angus do Uruguai,

é, hoje, o mais rústico, o mais fértil, com a melhor facilida-de no parto, que produz o melhor vitelo, os animais mais resistente às doenças e o toiro que serve mais vacas na épo-ca de cobrição. Como raça pura de carne, é do melhor. Apresentando apenas vantagens, o seu uso no cruzamento industrial é insubstituível.

EN

Angus was first introduced in Uruguay in 1888, when D. Luís Mongrell imported a bull named “Bard Naughtom”, from England.

19 imports of Aberdeen-Angus cattle followed, and in 1912 the-re was an introduction of Argentinean bloodlines, “Tomi Ombú”, Grand Champion, and females from the families Blondetta, An-nabel, Ithaca and Acton, purchased in the Palermo Show. In 1919, the first US import takes place with “Bar Marshall 3º” included, followed by several operations from England, Argentina and US.

Taking into account of the breed’s development and its solid future prospects, a small group of breeders established the Sociedad de Criadores de Aberdeen-Angus in 1938. Their slow but sure steps resulted in today’s 450 members across the country, registering 6.000 calves annually at the Asociación Rural del Uruguay.

Back in 1917 the breed participated, for the very first time, in the Expo Prado show, the main Uruguayan livestock event, pre-sently having the largest number of show cattle.

The growth in number of purebred and cross cattle numbers, called for a quality control scheme enhanced by the Society and in 1955 the purebred tattoo, “Selección Aberdeen Angus”, was im-plemented for both males and females. At present, over 18.000 animals are inspected annually.

One of the chief objectives of the past boards was to track the developments of genetic evaluations. Therefore in 1973 the first performance assessment was conducted on beef cattle. The data recorded revealed the finest breeding selection carried out by bree-ders and were adapted to become the “sire evaluation and animal record data system”.

In order to capitalize these developments the Society established a protocol with the Faculty of Agronomy and INIA (National Agrarian Investigation Institute), so that the Sire Evaluation Service would continue, being the first progeny evaluation to be carried in beef cattle in Uruguay.

In 1998, the Breed Societies/Associations of Uruguay, Argenti-na, Brazil, Paraguay and Chile meet to establish the Federación Angus del Mercosur y Chile.

“Carne Angus del Uruguay S.A.” is formed by the alliance of the Society and its members in order to promote and add value to the product – Angus beef. The high demand for Angus in national restaurants (e.g. the Hotel in Punta del Este resort) and overseas, is a natural outcome of its consistent eating quality (i.e. tender-ness, flavour and juiciness), the extensive production system, no growth promoters or animal protein in feed, and a “farm to fork” traceability system.

Angus in Uruguay, 100% range producing countryUruguay is a paradise for range production, no growth promo-

ters, purely grass-based depending on climatic conditions and lo-cation, with a mean rainfall of 1200 mm. Nevertheless, extremes

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may take place, drought or floods. Winters, although without snow, are long and hard with temperatures below 0ºC.

It is in this context that Angus is bred, thus they must be able to thrive under these conditions.

Cows are wide and deep bodied, moderate frame (i.e. 4,5-5,5), calving every year easily and in the end a good slaughter weight (490-550kg). An average Angus cow in Uruguay, with no particular management, no labour or extra feeding costs will raise a calf with only 20% extra feed.

Calves are small and have a low birth weight, 27 to35 kg. They grow fast, are vigorous, healthy and willing to live, easy to manage and nurse because of their temperament and cow’s maternal ability.

A heifer, with low feeding management is served at 24 months. In animals with exceptional feed efficiency and early maturing, the age is reduced to 15 months.

A steer is finished at 24 months on improved grasslands, is efficient and matures early producing a superior quality beef(Angus means quality). Good carcase dressing (over 56%) and retail yield meeting the most discerning ma-rkets by supplying superior eating quality, the world’s most tender and marbled beef.

In order to ensure this feature, the best sires are range reared. The protocol with INIA and the Agronomy Faculty allows collecting performance and carcase data into EPDs. These programs are then enhanced by breeders.

The Uruguayan breeder is a “handcrafter” on selection and genetic improvement. With these innovative tools, craft is turned to science. The output is the top quality bulls we produce.

This is why we say that the Angus stock bull in Uruguay is the hardiest, fertile, easy calving, produces the best calf and serves more cows in the herd. There is no pure breed like Angus. .

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PT

Em primeiro lugar quero dar as felicitações à Aberde-en-Angus Portugal pela publicação da revista, decorridos apenas 2 anos da sua constituição. A Aberdeen-Angus Cat-tle Society (Escócia) publicou a primeira em 1919, cerca de 40 anos após a sua fundação!

A Aberdeen-Angus Cattle Society foi fundada oficial-mente em 1879, mas um grupo de entusiastas começou a desenvolver e a melhorar a raça 70 anos antes, se-leccionando os melhores exemplares, do gado mo-cho nativo do Nordeste da Escócia, que inclui os condados de Aberdeen e de Angus.

O primeiro livro ge-nealógico foi editado, de forma privada, em 1862 e registados dados de 20 anos de cerca de 80 cria-dores. O primeiro Livro Genealógico sob a respon-sabilidade da Sociedade foi publicado em 1881 e continha detalhes de 1.200 registos. Estes ascen-dentes foram a base para as centenas de milhar de animais com registo que se seguiram e mais tarde dos milhões de puros e cruzados Aberdeen-Angus que se encontram, hoje, em toda a parte do mundo.

O início da criação sistemática e do uso das técnicas de selecção genética, necessárias para criar uma raça, aconte-ceram mais tarde do que para outras raças importantes da época, a Shorthorn e a Hereford. Os primeiros criadores eram muito determinados e persistentes para alcançar o reconhecimento público da sua raça favorita e consegui-ram-no no melhor local, nas Exposições Internacionais de Paris. Para já movimentar animais desde o Nordeste da Escócia para a França não era tarefa fácil, mas uma proeza para o gado e determinação para os criadores.

Em diversas ocasiões, começando em 1856, a raça foi

exposta com grande sucesso nestes certames, culminando com o êxito na Paris Universal Exhibition de 1878, onde foram expostos animais da raça Aberdeen-Angus, atrain-do e agradando visitantes de todo o mundo. Ao todo par-ticiparam no certame, 1.314 animais de França e 370 “es-trangeiros” (incluindo raças Portuguesas).

O prémio para o melhor grupo de animais foi decidido por um painel de 31 juízes, ganhando a raça Aberdeen-Angus com 24 votos contra 7. Um membro do Conselho de

Agricultura do Estado de Illianois visitou a feira e voltou para os Estados Unidos extremamente bem impressiona-do com as características da raça.

Estes resultados e tantos outros sucessos alcançados, por exemplo nos concursos de Smithfield em Londres, re-afirmaram os méritos da raça na produção de carne de qualidade, e esse atributo proporcionou a sua internacio-nalização, espalhando a sua reputação nos principais paí-ses produtores do mundo.

No final do século 19 e início do século 20 a raça che-ga e desenvolve-se no Novo Mundo (América do Norte e do Sul, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul) onde as enormes extensões de pastagem natural foram ideais para

Expansão da raça Aberdeen-AngusExpansion of Aberdeen-Angus throughout the worldBob Anderson – antigo Secretário da Aberdeen-Angus Cattle Society

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a sua disseminação e uso para produção de carne. Hoje, a raça é o ponto de referência no que diz respeito à produ-ção de carne de qualidade da carne.

Embora existam registos da exportação de Aberdeen-Angus para a Europa continental, aquando do início da se-lecção genética, o seu número era diminuto e com pouca aceitação em países onde se procuravam animais de dupla (i.e. leite e carne) ou mesmo tripla aptidão (i.e. trabalho).

Já na segunda metade do século 20 houve uma mudan-ça gradual, maior especialização nas práticas agrícolas, maior fluxo de pessoas a viajar e o facto de haver cada vez mais consumidores exigentes na qualidade da carne que consomem. Assim, houve um maior interesse em raças especializadas na produção de carne e portanto também na Aberdeen-Angus. É introduzida em primeiro lugar em países Escandinavos e depois na zona Norte e Este da Eu-ropa. Todos estes países continuam a criar e aumentar o efectivo da raça.

Mais recentemente, o Sul da Europa tem vindo a de-monstrar interesse nas qualidades raciais: na sua capacida-de de adaptação às mais variadas localizações geográficas e sistemas de produção; ao fácil maneio e à possibilidade de criar um nicho de mercado com base na qualidade da sua carne.

Um dado que é frequente na extraordinária história da expansão da raça Aberdeen-Angus a nível mundial, reside na capacidade desta criar paixão a quem se envolve. É qua-se uma acção missionária na promoção e melhoramento da raça independentemente das circunstâncias ou locali-zação geográfica.

Tive o prazer de trabalhar com o Paulo Costa e conside-ro, por tanto, que ele se enquadra perfeitamente naquilo que foi descrito atrás. Dada a oportunidade de ter conhe-cido alguns criadores Portugueses, não tenho qualquer dúvida em afirmar que o futuro da raça está em boas mãos e estou confiante no progresso da Aberdeen-Angus Portu-gal, que agora se junta aos cerca de 50 países que fazem parte do universo do gado ABERDEEN-ANGUS.

EN

Congratulations to Aberdeen-Angus Portugal Breeders Associa-tion on publishing a magazine within two years of their formation. The Aberdeen-Angus Cattle Society published its first magazine in 1919, some 40 years after its formation!

The Aberdeen-Angus Cattle Society was officially formed in 1879; but a number of enthusiasts had been developing the breed over the previous 70 years by selecting the best of, and breeding from, the native hornless beef cattle of that area in the North-East of Scotland which included the counties of Aberdeen and Angus.

The first herd book was produced privately in 1862 and reg-istered details covering the previous 20 years from the breeding records of around 80 owners. The first herd book for which the Society was responsible was published in 1881 and contained the details of around 1200 registrations. From these and their ances-tors come the hundreds of thousands of registered and millions of pure and cross bred Aberdeen-Angus found in all corners of the world today.

Embarking on the systematic selection and line breeding tech-niques required to create a breed type some years later than the other great beef breeds of the time, the Shorthorn and Hereford, the early breeders were determined to strive for wider recognition of their favourite breed and the place to do so was the early Interna-tional Exhibitions in France.

Considering the handicap of transporting cattle from the North East of Scotland to Paris, one can only admire their en-terprise. On a number of occasions beginning in 1856 the breed was exhibited with great success culminating in the glories of the 1878 Paris Universal Exhibition where the display of Aberdeen-Angus attracted much attention and praise from visitors drawn from many parts of the world. There were 1314 French cattle and 370 ‘foreign’ cattle (including Portuguese) representing 65 variet-ies. The prize for the best group of animals for beef producing purposes was judged by a panel of 31 and the winners by 24 to 7 were ‘Aberdeen-Angus’. A member of the Illinois State Board of Agriculture who attended the exhibition was full of praise on his return to the USA.

These results, combined with similar successes at the Smithfield shows in London revealed the merits of Aberdeen-Angus as ef-ficient producers of quality beef and spread the reputation of the breed in cattle-breeding nations around the world, from this time onwards the Aberdeen-Angus began its international ascendancy. In the latter part of the 19th century and the early part of the 20th century they found enthusiastic supporters in the New World where the vast ranges were ideal for the production of beef. North America, South America, Australia, New Zealand, South Africa. Countries where a hundred years later the breed is the mainstay of quality beef production.

While there are records of a few animals being exported to conti-nental Europe in the early days, these were insignificant in num-ber and little appreciated in countries where cattle were required to be dual purpose (milk and beef) if not triple purpose (draught).

The second half of the 20th century saw a gradual change as farming practices became more specialised, international travel expanded and more consumers became aware of quality beef. In-terest in specialised beef breeds and therefore in Aberdeen-Angus was coming from the Scandinavian countries then countries in Northern and Eastern Europe and continues to grow significantly today.

More recently Southern European countries are appreciating the merits of the breed. Its ability to adapt and survive in a vari-ety of geographic and management conditions, to respond to good husbandry and to obtain an assured market for the quality of its beef.

A constant in the wonderful history of the expansion of Ab-erdeen-Angus throughout the world is its ability to create a pas-sion for the breed in those who become involved. Creating an almost missionary zeal in promoting and improving the breed within their own circumstances and location.

Having had the pleasure of working with Paulo Costa he un-doubtedly fits this portrait, and having met some of the breeders I am in no doubt that the future of the breed is in capable hands and confidently look forward to following the progress of Aberdeen-Angus Portugal as they join the other 50 or so countries in the world of Aberdeen-Angus Cattle.

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PT

A raça Aberdeen-Angus é seleccionada na Alemanha desde o início do século passado.

Em 1955, uma mulher e nove homens fundaram a 30 de Julho a Associação Deutsche Aberdeen-Angus-Herdbuch e.V. e marcaram o início da sua criação sistemática, basea-da no padrão seleccionado na Grã-Bretanha.

Desde 1956 que foram importados da Escócia animais em grande número e hoje são a base da genética explora-da no país. Nos primórdios, muitas explorações leiteiras trocaram as vacas por animais Angus, a fim de reduzir o trabalho e os custos de produção. Nos meados dos anos 60 do século passado, a introdução de raças tardias, como a Charolesa e a Limousine, com maior potencial de cresci-mento e carcaças mais pesadas, tornaram-se concorrentes directas da raça Angus que na altura era muito precoce, com baixa estatura e levada deposição de gordura, sendo economicamente menos viável em termos económicos.

O bovino Angus moderno volta a ter uma boa repu-tação no mercado pelos atributos da sua produção e da qualidade da carne. Parte das explorações comer-cializam animais abatidos entre os 10 e os 11 meses de idade, em que a carne é vendida a partir da própria exploração. Os outros animais são acabados mais tar-de com ganhos diários de 1.200-1.300 g, carcaças com bom desenvolvimento muscular e carne com boa gor-dura intramuscular (i.e. marmoreado).

Encontram-se registados, oficialmente na Alema-nha, cerca de 40.000 bovinos Angus, dos quais 9.000 em linha pura. A população de Angus ocupa hoje o 4º lugar entre as raças de bovinos explorados no país.

Na Alemanha, a selecção de animais em linha pura é da responsabilidade das associações de criadores em cada Estado Federal.

A avaliação do potencial genético é efectuado nas vacas reprodutoras, pela pontuação linear (escala de 9 pontos) do desenvolvimento muscular e esquelético o qual se adiciona o peso aos nascimento, aos 200 e 300 dias de idade no sistema BLUP relacionado com os parentes. De forma voluntária, muitos animais fa-zem testes genéticos para a tenrura e marmoreado (i.e. marbling). Além disso, existem os futuros toiros repro-dutores que são testados em 3 estações. Nestes centros avaliam o ganho médio diário (GMD), a ingestão de matéria seca (IMS) diária, o consumo de energia por

cada kg de crescimento e o desenvolvimento mus-cular. Das raças testadas a An-gus atingiu uma IMS de 9.6kg/ dia e a área de lombo de 88 cm2. Um dos centros efec-tua a testagem de vitelos desmamados entre os 9-10 meses de idade sob um regime alimentar forrageiro (i.e. silagem) com suplementação mineral durante um período de 150 dias, registando-se um GMD de 800-1.200g. Os melhores novilhos em teste têm grande procura pelas explorações nacionais mais também estrangeiras para o uso no regime extensivo no sentido de reduzir os custos na produção de carne.

Os progressos genéticos conseguidos na selecção de animais Angus na Alemanha são notáveis e encorajadores para um auspicioso futuro na comercialização da nossa genética.

A Raça Aberdeen-Angus na AlemanhaAberdeen-Angus in GermanyBundesverband Deutscher Angushalter e.V.BDAH e.V.Hauptstraße 1435279 Neustadt-MombergTel.: 06692 - 202 89 24 . Fax: 06692 - 202 89 [email protected]

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EN

Aberdeen-Angus cattle have been bred in Germany since the beginning of the last century.

One woman and 9 men have found-ed on 30th July 1995 the Deutsche Ab-erdeen-Angus-Herdbuch e.V. based on British standards.

Numbers of Scottish imported cattle, since 1956, were the foundation of Ger-man stock. In early times many farms changed milking production for beef us-ing Angus, with less labour and produc-tion costs. In the 60s the increased use of continental breeds, such as Charolais and Limousins, bigger framed cattle producing heavier carcases were more competitive in the market than smaller and fatter Angus animals.

The modern Angus is renowned in market for its eating qual-ity attributes and many farms slaughter animals between 10-11 months old. Others are finished older with daily weight gains of 1.200-1.300g, with heavier muscle and good marbling condition. Germany records, officially, nearly 40.000 Angus cattle,of which 9.000 are purebred. Today the Angus is placed 4th breed in Ger-many.

Each Federal state has a breeder’s association for pedigree reg-istration and performance records, cows are scored (1 to 9 point scale) for muscle and skeleton development. Added to this infor-

mation, birth weight, 200 day and 300 day weight are recorded through a BLUP system included in the Pedigree information. Also marbling and tender-ness gene tests are now conducted on a voluntary basis by breeders.

There are 3 bull test stations to evaluate breed-ing value, regarding daily weight gains, daily Dry Matter Intake, energy intake per kg of growth and eye muscle area. The Angus breed has reached 9,6kg of daily DMI and 88cm2 of eye muscle area.

Testing includes growth potential after weaning (9-10 months) where calves are placed on a silage plus mineral diet for a 150 day period. Performance records a daily weight gain of 800-1200gr. Top performers are in high

demand for extensive production systems from local and foreign herds.

Progress accomplished by German breeders gives fine future prospects for the Angus breed as animals genetically suited to to-day’s market requirements.

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Mértola é Referência da Raçano Continente

Para quem pensa que a raça Aberdeen-Angus apenas se cria em pastagens luxuriantes no Reino Unido, nos Pam-pas da Argentina ou nos cerrados dos Açores, terá dificul-dade de imaginar a rusticidade destes animais suportan-do 43ºC no Verão e temperaturas negativas no Inverno do Baixo Alentejo.

Na verdade é possível e com bons resultados, assim ates-ta Roland Winter que possui uma criação de Angus desde 1998, no Vale das Antas em Mértola, sen-do um autêntico

“embaixador da raça” no Conti-nente.

Numa zona onde a raça autóc-tone Mertolenga tem o seu solar, a Aberdeen-Angus tem vindo a de-monstrar o seu valor e a razão do seu sucesso nos 5 Continentes— a excelente capaci-dade de adapta-ção.

Roland Win-ter, com nacio-nalidade Suíça, instalou-se em Mértola em 1992, criador de cava-los da raça Quarto-Milha, o uso de bovinos teve como pri-meira função o treino dos equídeos.

Experimentou várias raças, mas nenhuma é tão comple-ta como a Angus. O temperamento, as baixas necessidades de manutenção, a habilidade materna (facilidade de par-to e produção de leite) a precocidade no acabamento e a excelente qualidade da carne, foram determinantes para a escolha.

O núcleo começou com a importação de animais da Alemanha, dos quais uma fêmea prenha do conhecido

TORNADO que foi vendida a um produtor, mas que de-pois comprou a cria que hoje é o macho reprodutor de referência, chamado ZÉ, que se mantém na exploração como o “melhorador” da criação RW.

Quando escolheu a Angus para criação muitos o apeli-daram de “suíço maluco”! Pois o uso de uma raça precoce onde imperaram as tardias ia contra a corrente.

A exploração de 150 hectares é utilizada para a alimen-tação de um total de 102 bovinos, 38 inscritos na Secção Principal (7 machos e 31 fêmeas) e 33 fêmeas na Secção Anexo (em melhoramento) e ainda 11 machos filhos de fê-meas em Livro Anexo que tem como destino a venda para cruzamento ou o abate.

Refere que a marcada sazonalidade na produção de erva constitui o maior desafio na gestão da exploração, pois o maneio das pastagens e o suplemento deve ser cri-terioso, são, de resto, as razões para utilizar a Aberdeen-

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Angus. Animais com baixas ne-cessidades de manutenção, boas mães, com elevado potencial de crescimento e baixo suplemento alimentar.

Nas condições de Mértola, tudo tem de se conjugar e é as-sim que Roland dirige a criação, tenta que seja certo como “um re-lógio suíço”. Tende a concentrar os partos entre Outubro e Maio, evitando assim o Verão. A média do peso ao nascimento é 36kg e ao desmame, entre os 6 e 8 meses, de 280kg, obtendo um intervalo médio entre partos de 11 meses.

Refere ser indispensável um bom maneio sanitário para que os custos na alimentação sejam racionais e o cálculo do suple-mento sustentável, para que cada classe etária atinja os ganhos médios diários desejados.

Na época de escassez, as fêmeas paridas recebem um 1kg de farinha/dia, as novilhas em crescimento 4kg/ani-mal/dia e os machos em acabamento 6kg/animal/dia.

Os machos que se destinam ao abate saem da explora-ção entre os 14 e os 16 meses com um peso vivo médio de 600kg. O peso de carcaça médio é de 350kg e a classifica-ção média R 2.

Roland refere que o melhor investimento que fez na ex-ploração foi a balança. Permite fazer pesagens regulares, e controlando deste modo a performance animal, ajustando o maneio alimentar, avaliar a influência genética das mães e dos toiros utilizados e a venda de animais para abate com o acabamento correcto.

O objectivo da criação é desenvolver uma linha mater-na homogénea, fixando as características: facilidade de parto, baixo peso ao nascimento, a capacidade aleitante e performance adaptada às condições de produção, tornan-do mais fácil a rotação de toiros para produção de fêmeas para reposição e a produção de machos para núcleos pu-ros ou para cruzamento industrial.

Neste momento encontra-se a avaliar o comportamento e performance das fêmeas que importou de Irlanda e da Inglaterra, utilizando dois toiros em monta natural, o ZÉ e BALLINWING VAIN ELIXIR F504 (Irlanda), filho do toi-ro americano Ankonian Elixir 100. Em inseminação artifi-cial utiliza o toiro americano ROCKN D AMBUSH 1531.

Roland Winter tem vendido machos, ao longo dos anos, para cruzamento industrial em diversas explorações de carne na região do Alentejo, como por exemplo uma vaca-da da raça Mertolenga onde são utilizadas para cruzamen-to, as fêmeas que o criador entende não reunir condições para inscrição o Livro Genealógico. Estamos a falar do Sr. José Romana que utiliza um toiro Angus para cruzamento nas primíparas e um toiro Charolês para as vacas. Os re-sultados preliminares são muito interessantes, no seu en-tender, uma vez que os produtos dos cruzamentos estão a

apresentar ganhos médios diários semelhantes.Roland Winter diz que procura de animais tem vindo a

aumentar, desde a oficialização da selecção em linha pura em Portugal e que os critérios de quem demanda são: o temperamento, a boa performance reprodutiva, a capaci-dade aleitante, a precocidade no acabamento e qualidade da carne, que tornam a Aberdeen-Angus uma referência.

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A Irish Angus Cattle Society (Sociedade Irlandesa do Gado Angus) foi fundada em 1967, tendo como objectivo primeiro desenvolver e melhorar a raça na Irlanda.

Uma organização em constante progresso foi responsá-vel pela introdução da inseminação artificial e de linhas Canadianas que melhoraram a raça Angus no país.

É também a primeira associação de criadores na Irlan-da a criar uma programa de qualidade para a carne com base na raça, a “Certified Irish Angus Beef Scheme”.

O Livro Genealógico foi aprovado pela União Europeia tendo assim um reconhecimento internacional.

A Sociedade tem um papel activo no Pedigree Cattle Breeders Council of Ireland (i.e. Conselho Irlandês de Criadores de Raças Bovinas) e é membro do World Angus Form.

AssociadosA Sociedade tem actualmente 1200 associados espalha-

dos por toda a Irlanda e os números continuam a aumen-tar.

EfectivoEmbora existam explorações com grandes efectivos, a

media situa-se nas 4 a 5 vacas.

Registos de VitelosEm 2009 foram registados mais de 4.500 vitelos com

um peso médio à nascença de 35kg.Os clubes de criadores de Munster e Leinster ajudam

à organização de eventos para a promoção da raça em vá-rias zonas do país.

VendasAs vendas de animais puros acontecem em Carrick on

Shannon, Kilkenny e Kilmallock. Informações sobre lei-lões e vendas de animais podem ser encontradas no nosso website (www.irishangus.ie).

ExportaçõesA exportação de gado para os Estados Unidos da Améri-

ca tem acorrido há já vários anos, sendo possível encontrar a influência da genética Irlandesa nas mais conhecidas ex-plorações americanas.

Muitos países Europeus procuram genética Angus na Irlanda. A Sociedade convida e disponibiliza a grupos de criadores visitas a explorações de forma a promover a com-pra de reprodutores.

irish Angus Producer Group O agrupamento de produtores (Irish Angus Producer

Group) foi constituído em 1996 por criadores e produto-res que utilizam a genética Angus, sendo o objectivo, de-

senvolver um mercado que potencie a raça e assegure um preço superior ao produ-tor.

A desmancha e embala-mento começou com 40 car-caças/semana em 1996 para mais de 600 no presente, sen-do a comercialização em par-ceria com as empresas irlan-desas Kepak Group e AIBP.

Esta parceria tem tido su-cesso e actualmente a Certi-fied Irish Angus Beef é co-mercializada não apenas na Irlanda mas na maioria dos mercados Europeus, como um produto premium.

Temos o prazer de infor-mar que o nosso produto é em comercialização em Por-tugal através de uma conhe-

The irish Angus Cattle SocietyThe irish Angus Cattle Society24 Hawthorn Crescent, Boyle Road, Carrick on Shannon, Co. Roscommon. IrelandTel: + 353 71 9620253/ [email protected]

www.irishangus.ie

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cida cadeia de supermercados. Esperamos que possa pro-var e aprovar a nossa carne.

EN

The Irish Angus Cattle Society was established in 1967 having as its primary objective the development and improvement of the breed in Ireland.

A progressive Society, it is responsible for introducing AI to the breed and for acquiring Canadian bloodlines which radically im-proved the confirmation of the Angus breed.

It is also the first Breed Society in Ireland to introduce a breed specific beef scheme, the “Certified Irish Angus Beef Scheme”

The Irish Angus Herd Book is approved by the European Union and therefore has international standing.

The Society takes an active role in the Pedigree Cattle Breeders Council of Ireland and is a member of the World Angus Form.

MembershipThe Society now has a membership of 1200 members covering

all of Ireland, this membership continues to grow.

Herd SizeWhile there are a number of large herds in Ireland the average

herd consists of four to five cows.

Calf RegistrationsWith in excess of four thousand five hundred registrations in

2009 the percentage of male/female is about 50/50 with the aver-age birth weight around 35kgs.

Breeders Clubs in both Munster and Leinster help to organise the members and promote the breed in specific areas.

SalesIrish Angus sales are held in Carrick on Shannon, Kilkenny,

and Kilmallock and for further information log on to www.iris-hangus.ie

ExportsIrish Angus cattle have been successfully exported to America

over the years and Irish bloodlines can be found in many of the popular American herds.

Most of the EU Countries have benefited from Irish Angus im-ports and sales continue to grow. We invite groups or individual breeders to contact the office regarding organised tours of Irish Angus farms with a view to purchase males and females.

The Irish Angus Producer Group The Producer Group was formed in 1996 by pedigree and com-

mercial Angus breeders, whose main object is to build a market-ing foundation to promote the Angus breed and to secure a price premium for its producer’s.

Processing has increased from 40 cattle per week in 1996 to in excess of 600 cattle per week at present

The Producer Group formed a processing and marketing alli-ance with the Kepak Group and AIBP in Ireland.

This alliance has proved very successful and to day Certified Irish Angus Beef is marketed not only in Ireland but in most EU

beef markets as a premium product.We are delighted to inform you that “Certified Irish Angus Beef”

is available in Portugal at a local Supermarket chain and we hope you enjoy the experience.

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i PARTE

o valor da raçaA introdução de uma raça de car-

ne, para a selecção em linha pura, deve ter como principal objectivo a exploração das suas aptidões natu-rais, optimizando-as para a melho-ria da produção e da qualidade da carne - amplificar o mercado e/ou criar um segmento diferenciador.

Neste artigo tentarei expor as razões subjacentes à constituição do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus em Portugal, com sede na Região Autó-noma dos Açores, que adiciona as-sim uma opção às demais raças exó-ticas exploradas no país, assim como contar um pouco do percurso já percorrido e o caminho que deve ser seguido.

Desde a minha altura de estudante universitário que a raça Aberdeen-Angus me cativou pelas suas características, em particular a famosa qualidade da sua carne, produzida principalmente à base de forragem. Não entendia portan-to, porque razão o seu uso era sobretudo em cruzamento industrial em gado leiteiro (i.e. Holstein-Friesian) com o critério da elevada facilidade de parto.

Talvez possa ser explicado por um lado, pela força das políticas de mercado da União Europeia que eram centra-das no incentivo à intensificação da produção, conseguida pelo uso de raças tardias que se tornaram muito popu-lares, também em território Nacional (e.g. Limousine), e por outro, para satisfazer a procura de carne mais magra quando comparadas com as raças precoces ou ditas Bri-tânicas (e.g. Aberdeen-Angus). Outro factor poderá ser de ordem histórica, uma vez que a disseminação da raça aconteceu em primeiro lugar nas colónias Britânicas (e.g. Austrália) e só depois nos países do Norte da Europa e por isso com pouca tradição no Sul.

No caso dos Açores, talvez por arrasto ou pelo facto do mercado Açoriano se ter centrado, durante muitos anos, na expedição massiva de gado vivo devido à falta de condições de abate que pudesse gerar comercialização em carcaça/peças em mercados exteriores. Assim, nunca houve espaço, ou melhor, incentivo para selecção de raças precoces.

A forma de sentirmos menos as alterações ocorridas a nível global, nomeadamente a instabilidade do preço dos cereais, é na redução dos custos. Isso passa pelo correc-to maneio da pastagem e de forragem conservada, pela melhoria da eficiência nutricional e reprodutiva dos nos-sos rebanhos e por fornecer carne de elevada qualidade, adequando o tipo de animal que melhor possa preencher estes requisitos.

Neste contexto a raça Aberdeen-Angus tem vindo a afir-mar-se cada vez mais como uma opção.

Maximizar o valor da vaca aleitanteNormalmente o produtor de carne dá maior enfoque à

produção (e.g. peso ao abate ou classificação da carcaça) e menos valor à rentabilidade da exploração. O chavão na produção de carne é “produzir um vitelo saudável a cada 365 dias”. Para isso a vaca aleitante deve cumprir a sua tarefa pois, os encargos para a sua manutenção são eleva-dos.

Muitas vezes a Aberdeen-Angus é apelidada como a “raça da vaca mãe” e constitui em linha pura ou em F1 (i.e. AngusxHereford) a mais utilizada nos principais países produtores do mundo, quer cruza com raças precoces (mercados que diferenciam a palatibilidade da carne) ou com raças tardias para potenciar o vigor híbrido.

A fêmea Aberdeen-Angus tem uma estrutura média, é rústica, tem precocidade sexual, boa capacidade aleitante e temperamento dócil. Vacas de médio porte têm menores

o Caminho faz andandoA raça Aberdeen-Angus e o seu Futuro em PortugalPaulo CostaSecretário Técnico do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus

Foto: Cortesia da Rosemead Angus

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Netherton - Escócia

custos de manutenção e maior longevidade. O início da reprodução dá-se por volta dos 15 meses para que o parto ocorra aos 24 meses. Uma vez que o anestro após o parto (i.e. período entre o parto e o novo cio) é curto e a taxa de prenhez elevada, consegue-se facilmente cumprir o objec-tivo de criar um de 1 vitelo/ano/vaca.

Para além disso, a elevada facilidade de parto diminui os custos de mão-de-obra e veterinários e aumenta a taxa de sobrevivência do vitelo. A selecção genética da raça sempre tem tido a preocupação de balancear a capacida-de aleitante e o desenvolvimento muscular e é por isso a razão de serem boas produtoras de leite. Adicionalmente, o baixo peso do vitelo ao nascimento (peso médio de 35kg

P.V.) permite que este tenha muito vigor e logo capacidade de se “fazer à vida”.

Com a vaca Angus, a longevidade associada à fertilida-de e à capacidade aleitante, representa, no final da sua vida produtiva, mais vitelos por fêmea e maior produto (i.e. kg de carne) por hectare.

Toiro Angus – maneio fácil e padronização da produçãoA padronização e a regularidade da oferta de animais

para o abate, a tipificação das carcaças e da qualidade da carne, são exigências correntes do mercado, quer para os produtores, quer para os operadores comerciais. Nesta ló-gica, a preponderância das características da raça Aberde-en-Angus facilitam esta tarefa.

O gene mocho dominante e a docilidade de tempera-mento facilitam o maneio animal e a redução da mão-de-obra. A sua precocidade (i.e. início da deposição de gordura) permite o abate de animais jovens com pesos de carcaça de maior valorização no mercado (i.e. 241 a 280kg) com adequado acabamento, sem contudo intensi-ficar o uso de suplemento, permitindo ao produtor lotes homogéneos e ao mercado a padronizarão da qualidade das carcaças e, potencialmente, diminuir a variabilidade da palatibilidade da carne.

Por último, isto por ser a primeira característica na sua escolha, a facilidade de parto. Quem utiliza genética An-gus (toiro de cobrição ou inseminação artificial) tem nor-malmente, um objectivo pessoal complementar: dormir descansado na época de partos!

Os problemas na altura do parto não resultam apenas na perda do vitelo e/ou da mãe, mas também das compli-cações resultantes que requerem mão-de-obra e cuidados veterinários e que normalmente comprometem a perfor-mance reprodutiva e a capacidade aleitante, que no caso das explorações leiteiras tem um impacto importante na

RWAngus - Mértola

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Netherton - Escócia

redução do rendimento.

Qualidade da Carne – denominador comumA qualidade da carne Angus é, sem dúvida, a caracterís-

tica que mais lhe dá notoriedade. Mesmo um consumidor dos meios urbanos que não tenha qualquer ligação à agro-pecuária relaciona a palavra ANGUS com QUALIDADE. Este facto é um claro estímulo para quem está a jusante

do processo (i.e. produtores e operadores) e a principal razão da multiplicidade de programas de certificação com base na genética Angus existentes em todo o mundo. Por exemplo, no Canadá 9 dos 17 programas de certificação são com base nesta raça.

O programa Certified Angus Beef da American Angus Association comercializou em 2009 mais de 300.000 tone-ladas de carne.

O Reino Unido e a Irlanda têm desenvolvido o seu mer-cado em torno da raça Aberdeen-Angus, nomeadamente na optimização do cruzamento industrial, em particular nas raças leiteiras, o que valoriza os F1 e incrementa a dis-ponibilidade de animais para o abate. No caso da Repú-blica da Irlanda a procura de novos mercados no exterior veio encontrar consumo em Portugal, já existindo com re-gularidade carne Angus nas prateleiras de uma conhecida cadeia Nacional.

Nos países da América do Sul, os principais concorren-tes dos produtores Europeus, a raça Angus tem trazido, pela sua eficiência no regime extensivo, mais valias ao sec-tor, reiterando a capacidade iminentemente exportadora do Mercosul. Na Argentina, 80% da genética de carne é Angus e no Brasil no Estado do Rio Grande do Sul, pelo seu clima temperado, é o ponto de referência da raça no país.

Do outro lado do mundo, a Nova Zelândia e a Austrá-lia possuem programas com vista, não só o abastecimento doméstico, mas também os aliciantes mercados Coreano e Japonês. No caso particular da Nova Zelândia, a selecção

genética é baseada na capacidade de produzir carne de elevada qualidade 100% à base de erva. É notável que o programa de melhoramento consiga hoje, fornecer um ín-dice genético para a produção de carne exclusivamente à base de erva, para além dos habituais índices para o cruza-mento industrial ou para a reposição do efectivo aleitante.

A carne Angus tem esta reputação imutável devido à precocidade da raça, o que significa elevada deposição de gordura subcutânea e intramuscular. Deste modo a in-filtração de gordura na carne (i.e. marmoreado) resulta numa maior satisfação no seu consumo, pelo sabor que encerra e a sucolência que incita. A carne é tida como sen-do muito tenra o que poderá dever-se a dois factores. O primeiro, relacionado com a uniformidade e espessura de gordura de cobertura das carcaças que tendo um efeito isolante poderá levar a um arrefecimento gradual nas pri-meiras 24h após o abate e assim impedir ou reduzir o efei-to do encurtamento da fibras musculares induzido pelo frio. Em segundo lugar, providenciar uma melhor matura-ção da carne se a isso for sujeita a carcaça ou partes desta.

Antes de prosseguir, darei algumas notas sobre matura-ção da carne. Segundo os especialistas, todas as carcaças de bovinos deveriam ser sujeitas a um período de matura-ção (ambiente com refrigeração e humidade controladas) de forma a diminuir a variabilidade da tenrura da carne e da palatibilidade no geral. Normalmente, a bibliografia refere que o processo de maturação de carcaças de bovi-nos deve situar-se entre os 7 e os 14 dias. A maturação das carcaças é um processo muito antigo que visa “deixar” a carne se tornar mais tenra e desenvolver mais sabor/aro-ma.

Quando a carne é mantida num ambiente refrigerado algunas enzimas têm a capacidade de serem activadas e degradarem proteínas do músculo, tornando a fibras me-nos “densas” e assim a carne mais tenra. As duas enzimas mais importantes são a calpaína; que torna a carne macia; e a calpastatina que tem um efeito de inibição da primeira. Deste modo, quanto menos activa a calpastatina maior a tenrura da carne.

Diversos trabalhos realizados nos EUA, Austrália e Ar-gentina sobre o genoma bovino, revelam que a raça Aber-deen-Angus apresenta uma boa frequência dos genes que intervêm na síntese da calpaína quando comparada com outras raças de carne. Deste modo, existindo um maior estudo sobre indivíduos cuja repetibilidade dos genes seja elevada, irá constituir mais uma ferramenta na selecção de reprodutores e amplificar de forma decisiva o valor da raça na produção de carne de elevada qualidade.

(continua na pag 57)

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Agradecemos a oportunidade de falar sobre a raça Aberdeen-Angus na Dinamarca.

A Danish Angus Association ce-lebra o seu 40º aniversário este ano. Temos cerca de 175 membros, que têm a oportunidade de participar em diversos eventos e obter da As-sociação vários serviços, dos quais o aconselhamento na escolha de toiros para melhorar a manada. A Associação também publica a re-vista “Angus Kontakt”, quarto ve-zes por ano.

Estão registados cerca de 6.000 Angus e 45.000 cruzados.

Os primeiros Angus que che-garam à Dinamarca, nos anos 50, eram pequenos e compactos, mui-to conhecidos pela rusticidade e elevada facilidade do parto. Actualmente, os animais são maiores muito pela in-fluência das linhas Canadianas que foram posteriormente introduzidas. Depois de muito debate entre os criadores, agora existe uma orientação comum na selecção genética.

Um toiro adulto pesa em media entre 1.200 – 1.300 kg e tem uma altura à garupa entre 145 -155cm. A vaca adulta tem um peso médio entre 700 -850 kg e uma altura entre 135 - 145cm. Os animais possuem bom desenvolvimento muscular e pouca deposição de gordura de cobertura, cor-pos compridos, linha dorsal e ventral paralelas, membros fortes e uma cabeça triangular, característica da raça.

Os animais Angus são pouco exigentes e muito rústicos, por isso muitas vezes não são necessárias construções para abrigo durante o Inverno.

Finalmente a raça é famosa pelas suas características maternais (e.g. facilidade do parto) e pela qualidade da sua carne.

O peso médio dos machos ao nascimento é de 38 kg e aos 365 dias de 545 kg;

O peso médio das fêmeas ao nascimento é de 36 kg e aos 365 dias de 421 kg;

Na Dinamarca, os machos são avaliados na Estação Na-cional de Testagem para o crescimento, a qualidade da carcaça e a eficiência alimentar (i.e. forragem). Outros

testes podem incluir a condição sanitária ou dos cascos e a avaliação do temperamento.

O Fórum Europeu da Angus (i.e. European Angus Fórum) de 2010 realizar-se-á na Dinamarca de 1 a 5 de Setembro por ocasião do 40º aniversário. Teremos muito prazer em receber-vos na Dinamarca para a participação no programa do evento.

Para mais informações sobre a Associação e o Fórum visite-nos em: www.danskangus.dk

EN

The Danish Angus Association celebrates its 40th anniversary this year. We are approximately 175 members. As a member of the Danish Angus Association you have the opportunity to partici-pate in several social occasions. The Association offers counselling in choosing bulls and semen for the progress of your herd. “An-gus Kontakt”, the Danish Angus magazine is published 4 times a year.

There are nearly 6000 registered pure-bred Angus and approx. 45oo unregistered Angus crossbred heads.

The first Angus came to Denmark in the early fifties were small, compact, known to be very strong and hardy and their calving qualities were absolute top notch. Many Danish animals are today much larger

A Aberdeen Angus na DinamarcaAberdeen Angus in DenmarkUdkærsvej 158200 Århus NTlf: 8740 5262 . og: 8740 [email protected]

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than the original imported ones, especially due to the Cana-dian imports. After a great deal of

debate among the breeders of Angus, there is now consensus about the breeding aim for the

breed. An adult bull weighs 1200 – 1300 kg. He is 145 -155 high at

hips. The cow weighs 700 -850 kg, and is 135 - 145 cm at hips. They have good muscle development and no visible fat deposit, good exterior with long, wide straight back, parallel underline, strong limps, fine bone quality and typically Angus touch with a fine triangular head. The cow should have a good udder with small teats. The temperament must be good.

Moreover Angus animals are undemanding and hardy, so the need for cowsheds is a minimum. Finally the breed is still known for its good mothering characteristics, easy calving and fine qual-ity of meat production.

Average birth weight for bull calves are 38 kg. - 365 days weight: 545 kg.

Average birth weight for heifer calves are 36 kg. - 365 days weight: 421 kg.

In Denmark we have a unique individual trial run at the Na-tional Test Station, where young bulls are tested for expected breed-ing values: growth, slaughter quality and as something special, fodder effectiveness. There is also a registration of health, hoof and temper.

European Angus Forum 2010 is held in Denmark from 1st – 5th of September, at the same occasion we celebrate our anniver-sary.

We will be pleased to welcome you in Denmark to these oppor-tunities.

You will find more about Danish Aberdeen Angus and the Fo-rum at www.danskangus.dk

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ii PARTE

A raça Aberdeen-Angus em Portugal – passado recente, presente e o caminho do futuro

Segundo a referência do Dr. Victor Machado Faria e Maia (1950) in Boletim da Comissão Reguladora dos Ce-reais do Arquipélago dos Açores, no período que decorre entre 1842 e 1909, por orientação da Sociedade Promoto-ra da Agricultura Micaelense, foram importados para o Distrito de Ponta Delgada, um grande número de repro-dutores de raças exóticas, todos oriundos dos respectivos países de origem, para as diversas aptidões produtivas, leite, carne e trabalho (e.g. Jersey e Salers), onde se inclu-íram, sem se saber as datas exactas e número por raça, as raças Britânicas Shorthorn, Galloway e Angus. Sobre a história da raça em Portugal ainda muito para investigar, constituindo um projecto interessante para desenvolver.

Em 2005, fui informado de uma importação de 12 ani-mais (2 toiros e 10 novilhas) puros Angus da Alemanha com destino à ilha Graciosa, exploração de Carlos Brum e à ilha Terceira para a exploração de Luís Machado. Esse foi o mote para que se estabelecesse um contacto com os criadores, pois tinha uma enorme curiosidade para ver

“ao vivo e “em directo” animais da raça ANGUS.Tendo estes criadores a ambição de fazer selecção em

linha pura, o facto de não ser oficialmente reconhecida pelo Sistema Nacional de Identificação e Registo Animal (SNIRA), constituía um entrave ao desenvolvimento da mesma, já que todos os animais seriam registados como

“cruzados de carne” ou “raça indeterminada”.Foi então colocada a hipótese de se proceder ao reco-

nhecimento da raça em Portugal, o que obrigaria a justifi-cação da sua implementação, a criação de um regulamen-to técnico para o registo e uma entidade gestora do Livro Genealógico. Não obstante, os criadores entenderam que esse feito seria importante e solicitaram o apoio técnico à Federação Agrícola dos Açores. A Direcção da altura de-cidiu analisar o potencial do uso em Portugal, tarefa que empreendi desde o início.

Desenvolveram-se, já no ano de 2005, inúmeros contac-tos com associações e criadores da raça na Europa (e.g. Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo) e de forma parti-cular com a Aberdeen-Angus Cattle Society na Escócia. Na altura era Secretário Técnico o Sr. Robert Anderson, que desde logo se prontificou a enviar diversa informação técnica e geral sobre a raça, desenvolvendo-se uma boa

relação de trabalho e de amizade, sendo a sua orientação determinante para a realidade que vivemos hoje.

Quando se projectou a criação do Livro Genealógico, deparamo-nos com a realidade de termos em Portugal re-produtores de dois genótipos Angus, facto que desconhe-cia. Os animais importados da Alemanha compreendiam reprodutores da raça Aberdeen-Angus e da raça Angus Alemão. Esta última criada, por absorção, com a introdu-ção de toiros Aberdeen-Angus importados da Escócia nos anos 50 e que foram sendo cruzados com raças locais para aumentar o tamanho e reduzir a acumulação de gordu-ra que a raça Britânica tinha na altura. Com este facto, cria-se uma nova raça, a Angus Alemão, tem hoje as mes-mas características raciais que aquela que lhe deu origem. Todavia os Livros Genealógicos da raça Aberdeen-Angus não aceitam a inscrição destes animais.

Outro desconhecimento era o facto do uso da raça sis-temática já ter sido iniciado, pelo menos desde 1998 em Portugal Continental por Roland Winter, suíço que se es-tabelecera em Mértola, Baixo Alentejo, criador fervoroso e que pretendia também ver a sua genética certificada, mas que tem como origem animais da Alemanha nas mesmas condições.

Os criadores e a Federação Agrícola dos Açores decidi-ram projectar a raça a longo prazo e permitir que um dia a comercialização de genética pudesse ser efectuada sem qualquer restrição de registo. Embora fosse uma decisão difícil de tomar, tendo em conta o efectivo da altura, admi-tiu-se registar as fêmeas Angus Alemão na Secção Anexa e apenas os Aberdeen-Angus na Secção Principal.

Em Agosto de 2006 a Federação Agrícola dos Açores foi convidada a participar no 5º Angus Forum Europa, que se realizou na Alemanha, evento que foi determinante para reiterar a institucionalização do Livro Genealógico e onde houve a oportunidade de conhecer associações e criado-res de diversos países europeus, contactos que perduram.

Foi assim possível criar os estatutos do futuro Livro Ge-nealógico e propor como entidade gestora a Federação Agrícola dos Açores, que contou com o apoio da Secreta-ria Regional da Agricultura e Florestas, junto da Direcção Geral de Veterinária – Ministério da Agricultura, Desen-volvimento Rural e Pescas.

A 8 de Junho de 2007 celebrou-se o protocolo de co-laboração para a implementação do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus, aquando da Feira Açores realizada na ilha Terceira. Na altura contou

o Caminho faz andandoA raça Aberdeen-Angus e o seu Futuro em PortugalPaulo CostaSecretário Técnico do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus

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com a presença do então Director Geral, Dr. Carlos Agrela Pinheiro em representação do Ministério da Agricultura, o Sr. Secretário Regional da Agricultura e Florestas, Dr. Noé Rodrigues, o Sr. Director Regional do Desenvolvimen-to Agrário, Eng.º Joaquim Pires e da Federação Agrícola dos Açores, o então Vice-Presidente Dr. Mário Nogueira de Castro.

Na altura, o protocolo reconhece os esforços desenvol-vidos na Região Autónoma dos Açores e em particular a capacidade da Federação Agrícola dos Açores em tornar-

se a gestora, por delegação de competências dos serviços oficiais, do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Aberdeen-Angus.

No documento justifica-se o apoio à implementação da raça por possuir características que a tornam adequada ao sistema de produção dos Açores baseado no recurso às pastagens, como seja: a precocidade, a rusticidade, a fácil adaptabilidade às nossas condições edafo-climáticas, a eficiência na utilização da pastagem para o crescimento e engorda, a aptidão para bons ganhos médios diários de peso em pastoreio, a brandura de temperamentos, a faci-lidade de parto e a excelente capacidade das fêmeas para aleitantes. Este foi o passo necessário para que a 27 de Novembro do mesmo ano o Livro Genealógico fosse apro-vado, a Federação Agrícola dos Açores indigitada como entidade gestora e eu fosse nomeado Secretário Técnico, função que assumo com muita honra e orgulho.

Já em 2007 os criadores entenderam que afirmação da raça passaria pela existência de reprodutores para o aumento da população em Portugal. Através dos nossos

contactos com a Aberdeen-Angus Cattle Society (AACS), o antigo Presidente, Sr. Nigel Hammill e o Secretário-Ge-ral, Sr. Ron McHattie deram seguimento ao nosso pedido para que fossem importados animais do Reino Unido. A Federação Agrícola dos Açores e a Cooperativa Agrícola da Ilha Terceira (Associação Agrícola da Ilha Terceira) organizam a importação, juntando os pedidos dos vários criadores. Todavia, o alastramento do vírus da Língua Azul na Europa e o aparecimento de um foco de febre af-tosa no sul de Inglaterra impede a sua concretização.

A procura então derivou para a República da Irlanda uma vez que a Irish Aberdeen-Angus Associa-tion (IAAA) é filiada na AACS e os animais são registados no mes-mo Herd Book. A IAAA organizou uma visita as várias explorações cobrindo praticamente todos os condados, estendendo-se à Irlan-da do Norte. Foram seleccionados 57 animais (4 toiros e 53 fêmeas) das explorações Strule; Crerogue; Lavally; Lisduff; Broomstreet; Clo-oncorick; Drumcarbin; Dunlever; Ballinwing; Ballinvoskig; Knocka-drinan e Moogley, com destino às explorações de Hildegard Neves e Emanuel Araújo – ilha do Faial; Maria Manuela Moniz, Manuel Costa e Manuel Rapinha – ilha do Pico; Carlos Brum e João Mendon-ça – ilha Graciosa, Stella Parreira e Luís Machado – ilha Terceira; Emanuel Freitas – ilha de S. Mi-

guel e Roland Winter – Mértola. Nesta importação incluí-ram-se duas fêmeas da raça Limousine com destino a uma exploração da ilha do Pico.

Com o aumento da procura de animais a Federação Agrícola dos Açores volta a apoiar, em 2009, os interessa-dos e com a colaboração da Cooperativa União Agrícola ( Associação Agrícola de S. Miguel) e organizou a impor-tação de animais vindos da Escócia e Inglaterra. Foram importados um total de 56 animais (4 toiros e 52 fêmeas). Tal como em 2008 a organização respondeu também a pe-didos para outras raças, o que incluiu a vinda de 7 animais da raça Simmental-Fleckvieh (3 toiros e 4 fêmeas) e uma fêmea Charolesa.

Com estas duas importações, onde se tentou seleccio-nar animais que tivessem capacidade de adaptação, tama-nho moderado e precocidade, constitui-se aquilo que será a base da selecção genética da raça Aberdeen-Angus em Portugal, com animais onde os seus pedigrees figuram os melhores toiros e vacas utilizados no país de origem, com a influência também de linhas Americanas e Canadianas.

Celebração do protocolo para a implementação da raça em Portugal – feira Açores 2007

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Ainda em 2009 foi constituída a Aberdeen-Angus Por-tugal – associação de criadores, que sendo associada da Federação Agrícola dos Açores, permite o registo de ani-mais de explorações fora da Região Autónoma dos Açores, reforçando o papel da entidade gestora no apoio a criação a nível Nacional. O trabalho desenvolvido foi reconhecido ao nível internacional com a admissão da associação/LG no World Angus Secretariat (i.e. Secretariado Mundial da Raça Angus)..

Com a crescente popularidade os criadores do presente e aqueles que vieram no futuro terão muitos desafios pela frente: a afirmação do uso da raça em Portugal, o melho-ramento genético, a mais valia no cruzamento industrial e a criação de valor acrescentado com base na raça Aber-deen-Angus. Este último desafio pode ter contexto tanto para os Açores como para Portugal Continental.

O mercado Nacional começa a conhecer melhor a qua-lidade da carne Angus, por fruto da importação regular que acontece actualmente; pelo crescente uso da raça em

cruzamento industrial, quer em raças de carne, quer em particular nos Açores, no gado leiteiro. Haja visão e orga-nização por parte da produção para que o retorno possa dar um contributo a todo o sector da carne, que vê a nível Nacional um espaço de mercado, dado que apenas produ-zimos 48% das nossas necessidades.

A selecção de animais, dadas as condições para a produ-ção, deve centrar-se no padrão médio da raça, procuran-do manter o tamanho moderado, a facilidade de parto, o baixo peso ao nascimento, a eficiência da produção à base de pastagem e a precocidade no acabamento. Animais com estas características terão um interesse multifuncio-nal porque se ajustam a vários objectivos de mercado e o seleccionador de bovinos Aberdeen-Angus deverá aprovei-tar a oportunidade de acrescer valor à genética que cria.

O único lugar onde “sucesso” vem antes de “trabalho” é no dicionário.

Albert Einstein

Descarregamento em Lisboa dos animais provenientes da República da Irlanda

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Na Austrália, assim como noutros países, alguns ani-mais vermelhos, i.e. Red Angus, aparecem em núcleos de animais pretos. Atribui-se a Baraon Beppo, Erison of Har-viestoun, Grandeur of Fordhouse e a Benes of Gaidrew, as principais fontes do gene vermelho na população Red An-gus. Mas um estudo das genealogias dos primeiros animais importados para a Austrália e Nova Zelândia, indicam que muitos outros toiros também eram portadores desse gene.

Nos EUA, por volta de 1945, muitos animais vermelhos eram criados principalmente por Waldo Forbes, criador que encontrou no controlo de performance a ferramenta para testar o efeito do maneio e da raça para a produção. Exemplo foi o resultado de 18 fêmeas Red Angus que de-monstaram vantagens sobre o seu núcleo de Hereford e em 1954, com mais outros 8 entusiastas dos Angus verme-lhos, formou a Red Angus Association of América, sendo obrigatório o controlo de performance, tornando-se a pri-meira associação do género no EUA.

Antes da fundação da Red Angus Cattle Society na Aus-trália, existiam 7 criações de animais vermelhos a expan-dir-se no país. A Waroo em Queensland, a Weewalla em NSW, a Blackwood em Penshurst - Victoria, a Bungaree, Anama, Vivigani e Rosebank em SA, e a Emuvale na Tas-mânia.

Normalmente os animais vermelhos não eram regista-dos, mas a crescente procura de toiros para cruzamento indicavam que os animais de pelagem vermelha teriam o futuro garantido na Austrália.

O valor produtivo deste gado era medido, na altura, pelo maior ou menor número de animais transaciona-dos. No entanto, é interessante verificar que Sr. Ritchie (Senior), que tinha a exploração de Blackwood em Victo-ria, comprava gado nos EUA e já em 1954 com o Sr. A.C.T Hewitt do Departamento de Agricultura de Victoria fazia controlos de performance e de fertilidade da descendên-cia desses Red Angus.

Em 1969, algumas estações de testagem de toiros fize-ram aproximações à Angus Society of Australia, para que os Red Angus fossem admitidos numa Secção Anexa e que depois do controlo a 3 gerações poderiam passar para o Livro Genealógico. No entanto, esta proposta não foi aceite e em Maio de 1970, reuniram-se em Melbourne um grupo de pessoas interessadas na formação da Red Angus Society.

O número de registos e criadores cresceu rapidamente. Todos os animais foram inspecionados e em 1971, cerca de 330 fêmeas e 75 machos estavam registados no Livro Genealógico e na secção anexa.

Em 1974, o Sr. F. C. Pearson tornou-se Presidente e o pimeiro Livro Genealógico foi editado. Na altura eram 43 membros acreditados e 25 ordinários. O interesse pela criação de animais vermelhos continuava a crescer.

Desde 1974 que o pool genético tornou-se mais diver-sifivcado, fruto das importações a partir do Canadá e dos EUA. Hoje os criadores Australianos criam animais de elevado valor genético que estão adaptados às condições ambientais da Austrália.

Toda esta história reflecte o estatuto que o Red Angus assume neste país, pois a sua impelmentação permite que esteja amplamente distribuído e com grande aceitação pe-los produtores, devido à sua eficiência nas mais diversas condições de produção. O trabalho meritório dos cria-dores é reconhecido no exterior pois têm havido exporta-ções para a China, EUA e Vietname.

O número de criadores aumentou 40% nos útimos sete anos, assim como o número de animais registados. A Red Angus Society of Austrália utiliza o seguinte slogan: Red Angus, Real Advantages (i.e. Red Angus, vantagens reais) para destacar os pontos fortes da raça.

Membros – 244Registos anuais – 2,748 (ano de 2008)Peso médio ao nascimento – 34kg

EN

In Australia as overseas, some Red calves appeared in black herds. It is generally acknowledged that Baraon Beppo and Erison of Harviestoun, Grandeur of Fordhouse and Benes of Gaidrew were the main source of the Red gene, but a study of the full pedi-grees of early cattle coming to Australia and New Zealand, indi-cate that many other would also have carried the red gene.

In the USA, circa 1945, Reds were being gathered, particularly by Waldo Forbes who recognised the many inefficiencies of cattle raising and started measuring the outputs as affecting cattlemen of the day. The output of 18 Red Angus heifers showed a great advantage over his Herefords and in 1954 along with 8 other enthusiasts he formed the

Red Angus Association of America which was a compulsory performance tested society, this being the first such society in the

Red Angus na AustráliaRed Angus in AustraliaRED ANGUS SOCIETY OF AUSTRALIAABRI - UNE ARMIDALE NSW 2351Executive Officer – Mr. Colin RexT: +61 2 6773 3022 . F: +61 2 6772 [email protected] – Mr. Erle [email protected]

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USA.Prior to the formation of the Red Angus Cattle Society in Aus-

tralia there were 7 well established herds of Red cattle together with small herds slowly expanding. Waroo in Queensland, Weewalla in NSW, Blackwood at Penshurst in Victoria, Bungaree, Anama, Vivigani and Rosebank in SA, and Emuvale in Tasmania.

With few exceptions, all of the Reds in the early herds were un-registered cattle and the growing demand for bulls for crossbreed-ing purposes indicated that the Red-coated Angus cattle had a sound commercial future in this country.

The commercial attributes of these cattle as assessed by the in-dustry of the day were the impetus of sales made, but it is interest-ing to note that at the Blackwood herd in Victoria, Mr Ritchie (Senior) purchased cattle scales from the USA in 1954 and to-gether with Mr A.C.T Hewitt of the Victorian Dept. of Agriculture, carried out progeny recording and fertility tests.

In early 1969, approaches were made to the Angus Society of Australia by some Angus Studs for the re-introduction of an ap-pendix system so that Red cattle known to be from registered herds could be introduced into a herd book after 3 controlled generations and with inspections at each step.

The proposed arrangement was not accepted, and in May 1970, a meeting of persons interested in forming a Red Angus Society was held in Melbourne.

Membership and cattle registrations grew rapidly. All cattle for registration were inspected for faults and by the completion of inspections in 1971 some 330 females and 75 males were in the herd book and appendices.

Come 1974, Mr F. C. Pearson became President, and the first Herd Book was produced. The full members then totalled 43 and ordinary members 25. Interest and membership continued to grow in the Red Angus.

Further imports of Red Angus from Canada and the United States of America have seen the gene pool diversified since 1974. Australian breeders have skillfully blended the best available ge-

netics to produce Red Angus suited to our environmental require-ments.

Red Angus cattle are now distributed across Australia with the acceptance by commercial breeders of their productivity in a range of environments. Australian Red Angus breeders have also ex-ported their genetics to China, United States and Vietnam.

Red Angus are now well established and accepterd in Australia. Membership with the Society has grown by 40% over the last seven years with excellent increase in registrations being recorded. The Society uses the slogan Red Angus, Real Advantages to highlight the all round strengths of the breed.

Members – 244Annual registrations – 2,748 (2008 data)Birthweight Average – 34kg

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As explorações pecuárias em geral e as de bovinos de carne em particular têm cada vez mais que começar a ser vistas como empresas que, para serem viáveis, têm que dar lucro aos seus proprietários. Há já muitos anos que cria-dores de suínos e aves ou mesmo de vacas de leite “fazem contas” enquanto que no mundo da carne, principalmen-te nas explorações no modo extensivo, poucos são aqueles que sabem quanto custa produzir um kg de carne. Com as margens de lucro cada vez mais pequenas torna-se in-dispensável ter em atenção todos os factores que possam influenciar a produtividade de uma vacada no sentido de maximizá-la. Nutrição, genética, maneio, reprodução e sanidade são alguns dos mais importantes factores que podem contribuir para o sucesso de uma exploração de carne ou seja, para a obtenção de um bezerro por vaca por ano.

É importante que os animais mantenham uma boa con-dição corporal, que tenham uma alimentação equilibrada e que supra as suas necessidades durante as várias fases produtivas, umas mais exigentes que outras. Em termos genéticos pode-se trabalhar no sentido de aumentar a eficiência alimentar, diminuir o risco e impacto de deter-minadas doenças ou seleccionar animais com bom tem-peramento, só para dar três exemplos. Á biosegurança e higiene das explorações assim como ao bem-estar animal

(cada vez mais na ordem do dia!) são cada vez mais re-conhecidos papéis determinantes na produtividade. Sem conhecer, registar e interpretar os dados reprodutivos de uma vacada (quer esta tenha época de partos ou não) não é possível determinar índices de fertilidade e intervalos entre partos e avaliar a performance reprodutiva do reba-nho. Nenhum destes factores pode ser visto isoladamente já que estes se encontram intimamente interligados: um mau maneio nutricional pode ser causa de infertilidade assim como o temperamento de alguns animais pode ser causa de mau maneio nutricional de outros.

Tudo isto está no entanto dependente do estatuto sani-tário da exploração e da ausência de doenças graves que possam afectar o possível bom trabalho que esteja a ser desenvolvido nas outras áreas.

Em primeiro lugar, quando falamos de estatuto sanitá-rio, falamos de brucelose, tuberculose e leucose, doenças de declaração obrigatória que são rastreadas pelo menos uma vez por ano. Com pequenas diferenças de acordo com a região do país onde a vacada se encontra este é um procedimento que em termos gerais se mantém igual des-

de há vinte e poucos anos, altura em que se iniciou em Portugal a tentativa de erradicação destas doenças.

Perante isto todas as explorações são iguais e todas têm de cumprir pois trata-se de uma questão legal. Uma vez adquirido o estatuto B4 T3 L4 a exploração é considerada indemne destas doenças. A partir daqui é que a aborda-gem que é feita a cada exploração em termos sanitários co-meça a diferir de acordo com uma série de outros factores que podem tornar mais propício o aparecimento de certas doenças num lado e não noutro. Neles incluo obviamente a localização geográfica com as suas especificidades cli-máticas, o tipo de solo e de culturas, a presença ou não de água, a raça em causa, a presença de outras espécies, a existência de outras explorações por perto, o maneio ge-ral da exploração, entre outros.

A situação ideal será sempre prevenir e não ter que tra-tar pois há doenças que podem ser extremamente penali-zadoras para os criadores por provocarem elevadas perdas. O programa vacinal implantado será específico para cada exploração de acordo com os riscos que esta corre e rec-tificado se entretanto dispusermos de dados laboratoriais que nos confirmem a presença de um qualquer agente.

As alturas em que vacinamos as vacadas dependem do objectivo que pretendemos obter. Se o objectivo é aumen-tar a protecção dos bezerros via colostro a melhor altura será vacinar antes dos partos. Nestes casos podemos pen-sar em vacinas de Clostrideos ou vacinas que transmitam imunidade contra as diarreias neonatais causadas por E. Coli, Rota e Coronavírus. No caso de pretendermos obter uma maior protecção da vaca prenhe a melhor altura será vacinar antes da cobrição. Neste caso falaríamos de BVD, IBR ou Leptospirose, por exemplo. É claro que tudo isto se torna mais simples quando existe uma época de partos e assim podemos facilmente fazer uma vacinação em que sabemos que todas se encontram no último terço da ges-tação. Quando assim não é e temos partos dispersos ao longo de todo o ano torna-se um pouco mais complicado determinar alturas ideais para estas intervenções. Muitas vezes assim o melhor é fazer duas vacinações por ano, uma na Primavera e outra no Outono, na tentativa de proteger o maior número de vacas possível.

Outra vantagem da época de partos é desmamar lotes de bezerros homogéneos com os quais também é muito mais fácil trabalhar em termos sanitários. Podem ser vaci-nados contra as principais patologias respiratórias e des-parasitados à entrada da engorda, já que este é sempre

Maneio sanitárioem explorações de carneRita Villa NovaMédica Veterinária

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um momento de grande risco em que vão ser misturados com outros animais e em que a densidade populacional é muito elevada. Isto aplica-se ainda com mais razão de ser quando são animais importados sujeitos a longas viagens ou animais comprados em feiras e leilões pelas mesmas razões e com a agravante do enorme stress que enfrentam ao estarem constantemente a ser agrupados com animais diferentes até chegarem ao destino final.

O mesmo se passa em relação às desparasitações. Para lá da escolha do princípio activo ser dependente dos riscos específicos de cada exploração as melhores alturas serão antes do início da época de partos e no final da época de cobrição. Mais uma vez, em vacadas com partos dis-persos ao longo do ano podemos fazer duas intervenções por ano também na Primavera e Outono. O ideal seria fazer a desparasitação e de seguida mudar a vacada para uma pastagem nova e não contaminada de modo a não haver reinfestações. Na Primavera e Verão, com o aumen-to das temperaturas e da proliferação de mosquitos, é im-portante manter os animais imunes às suas picadas pois estas podem transmitir importantes doenças. Refiro-me concretamente à Língua Azul, doença que está presente no continente desde 2004 e que tem causado bastantes transtornos aos criadores, principalmente de ovinos, mas também aos de bovinos pelas medidas impostas pela DGV,

nomeadamente a vacinação de bezerros contra o serótipo 1 da doença. Apesar de alguns casos descritos, este seróti-po não afecta significativamente os bovinos, preocupando apenas por estes servirem de intermediário na transmis-são aos ovinos. O mesmo não se passa com o serótipo 8 que existe em Espanha mas que felizmente nunca chegou a entrar em Portugal porque este sim é capaz de provocar sintomas nos bovinos podendo levar à morte dos animais e à existência de graves problemas reprodutivos.

Para finalizar gostaria de salientar que de facto um pro-grama vacinal adequado é uma ferramenta que não de-vemos dispensar no sentido de aumentar a produtividade mas que, por si só e como ficou patente no início deste artigo, não é suficiente e que todo o maneio da exploração não deve nunca ser descurado.

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