Nº 3 - Junho de 2008

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Junho de 2008 Edição bimensal Nº 3 Objectivos de Desenvolvi- mento do Milénio. Sabe mais sobre este desafio! Boccia para Todos! Mais uma iniciativa de inclusão. Frente a Frente: a praxe na ESE em discussão. pgs. 10 e 11 pg.6 pg. 5 2007/2008: O Virar da Página Foto: Denise Peleteiro

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2007/2008: O Virar da Página Boccia para Todos! Mais uma iniciativa de inclusão. Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Sabe mais sobre este desafio! Frente a Frente: a praxe na ESE em discussão

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Junho de 2008Edição bimensal

Nº 3

Objectivos de Desenvolvi-mento do Milénio.Sabe mais sobre este desafio!

Boccia para Todos!Mais uma iniciativa de inclusão.

Frente a Frente: a praxe na ESE em discussão.

pgs. 10 e 11pg.6pg. 5

2007/2008: O Virar da Página

Foto: Denise Peleteiro

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EDITORIAL2

por Luís Rothes

O conteúdo de cada artigo é da responsabilidade dos seus signatários ou responsáveis pelos órgãos.

A publicação Note-se é uma iniciativa do Centro de Recursos em Conhecimento da Escola Superior de Educação do Porto e do Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação, e conta com o apoio do Conselho Directivo da ESE/PP.

NOTE-SE: para valorizar as dinâmicas académicas

A vida no ensino superior pode constituir, para toda a comunidade aca-

démica e não apenas para os alunos, um tempo e um espaço fantástico de

aprendizagem. É uma oportunidade, que não devemos desperdiçar, para

consolidarmos saberes, atitudes e valores, desenvolvendo competências

que nos são fundamentais em termos de empregabilidade, mas sobretudo

de cidadania. Em toda a nossa vida temos que ser capazes de enlaçar

aprendizagem e labor científicos e técnicos, práticas de fruição e criação

culturais e exercício de cidadania, no quadro de um processo permanente

de formação pessoal e social.

O tempo vivido no ensino superior tem que ser encarado por todos nós

como um ensejo para vivermos tudo isto, um espaço em que se fortalecem

hábitos e convicções que nos acompanharão toda a vida. Ser estudante no

ensino superior – como professor ou outro funcionário - é, neste sentido,

uma imensa possibilidade, o que não significa que seja um tempo fácil: é um

“ofício” em que tem de haver o prazer e o convívio enriquecedor, mas que

exige também trabalho, rigor e uma curiosidade sempre insaciável.

Temos pois que multiplicar os motivos e os modos de nos associarmos e

de nos implicarmos na vida académica. Todos nós podemos contribuir para

a construção de espaços mais ou menos formais de diálogo, de trabalho e

de criação. E sempre que isso aconteça, sabemos que podemos contar com

mais esta plataforma de comunicação interna e externa. O que, NOTE-SE,

é evidentemente imprescindível!

EDITORIAL

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NOTÍCIAS 3

Workshop NAID

por Jorge Leite e Rui Teles

O Núcleo de Apoio à Inclusão Digital realizou, no passado dia 16 de Abril, um workshop temático direccionado para pessoas com de-ficiência visual sobre as potenciali-dades do software Supernova e da máquina Braille eléctrica Mountbat-ten, conjuntamente com a Electro-sertec, empresa importadora oficial destes produtos em Portugal.

N o v a v e r s ã o d o Supernova, programa que permite fazer a ampliação e leitura de ecrã

O workshop realizou-se na sala de exposições da ESE durante todo o dia e contou com a pre-sença de cerca de meia centena de pessoas que, na primeira parte do evento, tomaram conheci-mento da nova versão do Supernova, programa que permite fazer a ampliação e leitura de ecrã, além de permitir o acesso a Braille com a uti-lização de um terminal próprio.

Mountbatten, uma máquina eléctrica de Braille

Na segunda parte, os participantes tiveram também oportunidade de experimentar a nova Mountbatten, uma máquina eléctrica de Braille muito sofisticada que permite escrever, imprimir e realizar trocas de ficheiros com o computador. Foram também reveladas as po-

tencialidades da Mountbatten com a utilização do Mimic, aparelho que permite acompanhar “a ne-gro” (em escrita normal) o que o utilizador da Mountbatten está a escrever em Braille, em tempo real ou numa fase posterior.Foram salientadas as potenciali-dades deste tipo de tecnologias de apoio nos mais diversos con-textos em que as pessoas cegas ou amblíopes se movimentam, com especial relevo para a sua utilização nas Escolas, onde os alunos com estas características se debatem muitas vezes com dificuldades de comunicação que,

em geral, se traduzem em insucesso escolar. Os participantes deram, no final, um feedback muito positivo dos resultados deste workshop, quer em termos de organização, quer no que respeita à relevância da informação transmitida, ecos que fazem com que o NAID se sinta cada vez mais motivado no seu trabalho pela inclusão digital de pessoas com necessidades especiais.

A Queima das Fitas 2008 fez mais uma vez parte das agendas e da vida da cidade do Porto na primeira semana do mês de Maio! Este evento, cujo início no Porto está associado à Faculdade de Medicina da UP, já desde 1920, tem vindo a crescer e a marcar de forma cada vez mais evidente a presença da comunidade estudantil na cidade, sendo actualmente con-siderado por muitos a segunda maior festa da Invicta – sendo que a primeira continua a ser o tradicional S. João!

As festividades foram longas e variadas, tendo havido actividades e acontecimentos para todos os gostos. A abrir as solenidades tivemos a tradicional Serenata, seguindo-se a missa da Bênção das Pastas, que encheu a Avenida dos Aliados, a Imposição de Insígnias, que levou às instituições de ensino superior estudantes, amigos e familiares para testemunharem esta cerimónia solene.

A s N o i t e s d a Q u e i m a f o r a m indubitavelmente as

mais mediatizadas

A festa continuou pela semana fora, com outros eventos, destacando-se o Cortejo, na terça-feira, que encheu as ruas da Baixa da cidade para ver passar os estudantes, o Encontro de Tunas Académicas, a Garraiada, entre outros. As Noites da Queima foram indubitavelmente as mais mediatizadas, devido às suas caracterís-

ticas tão próprias, marcadas sempre por muitos espectáculos musicais, animação, diversão, cor, alegria e por vezes também alguns excessos. A componente de crítica social, económica e política que tem estado sempre associada a este evento ao longo dos anos também não foi esquecida, marcando de forma mais ou menos evidente todas as actividades inseridas neste grandioso acontecimento. Os estudantes da Escola Superior de Educação do Porto marcaram também presença nesta celebração nas diversas actividades, pautando a sua presença pela animação e convívio salutar entre colegas da ESEP e de outras instituições.

Queima das Fitas 2008

por Teresa Martins

EDITORIAL

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4 NOTÍCIAS

O Gabinete de Relações Internacionais – Actividades: Janeiro a Maio de 2008

por Inês Pinho

Desde o início de 2008, um dos objectivos fundamentais do Gabinete de Relações In-ternacionais tem sido incentivar e apoiar o lançamento e participação dos docentes da ESE em projectos internacionais.

O GRI apresentou, durante os meses de Fevereiro e Março, quatro candidaturas de projectos a programas internacionais

Neste âmbito, o GRI apresentou, durante os meses de Fevereiro e Março, quatro candidatu-ras de projectos a programas internacionais, sendo estes:1."HRM in VET: Attractiveness of Teaching Professions", um projecto Leonardo Da Vinci, coordenado pelo European Educative Projects, Holanda. A ESE é parceira neste projecto, pela coordenação do Dr. Rui Ferreira;2."IP COMPASS – Comparison and Assess-ment: Quality in Primary Education in Europe”, um Programa Intensivo Erasmus, coordenado pela Hogeschool Utrecht, da Holanda. A ESE-IPP é parceira neste projecto na pessoa da Dra. Isabel Pereira Pinto e, apesar de ser co-ordenado pela Hogeschool Utrecht, o projecto irá decorrer no Porto;3."IP Millennium Development Goals (MDG): Reproductive Health, a measure of equity. Portugal is commited...what about you?", um Programa Intensivo Erasmus, em que a ESE-IPP é líder, pela coordenação da Dra. Carla Serrão; 4."SMILE – Sign, Meaning and Identification: (deaf) Learners in Europe”, um projecto Comenius em que a ESE também é líder, pela coordenação da Dra. Isabel Pereira Pinto e da Dra. Susana Barbosa.Está previsto pela Agência Executiva de Bru-xelas que os resultados destas candidaturas sejam publicados em meados de Junho/Julho. Vamos torcer para que a ESE seja escolhida!Gostaríamos de agradecer aos docentes acima mencionados pelo esforço e colaboração

na organização dos respectivos projectos. Neste momento, o GRI está aberto ao esclarecimento de dúvidas aos colegas que desejem organizar projectos no início do ano lectivo 2008/2009, dispondo para o efeito de uma sinopse das respectivas modalidades de candidatura eu-ropeias. A colaboração de todos é fundamental para a prossecução do objectivo estratégico de inter-nacionalização da ESE nos anos vindouros! Contamos convosco!

O GRI consolidou a rede de escolas parceiras estabelecidas no âmbito LLP/Erasmus

Além destas candidaturas, o GRI também consolidou a rede de parceiras estabelecidas no âmbito LLP/Erasmus, estreitando assim as relações existentes com outras universidades estrangeiras.Assim sendo, desde Janeiro até Maio, a ESE contou com a visita de 13 professores de universidades estrangeiras, de diversas áreas, através da Mobilidade Erasmus de Docentes (Teaching Mobility). Eis os docentes que nos visitaram:1.Em Janeiro, os professores Frøydis Hausmann e Torbjørn Lundhaug (área de Educação Física) da Universidade de Bergen, Noruega;2.Em Fevereiro, a professora Montserrat Var-gas (área de Matemática) da Universidade de Cádiz, Espanha;3.Em Abril, a professora Tiina Selke (área de Educação Musical) da Universidade de Tallinn,

Estónia; os professores Paul Helmes e Maartje Kniest (área de Educação Musical) da Univer-sidade de Nijmegen, Holanda; os professores Wojtech Bajorek, Anna Niziol, Marian Rezpko e Pawel Król (área de Educação Física) da Uni-versidade de Rzeszowski, Polónia e o professor Robert Habich (área de Língua e Literatura Inglesa) da Ball State University dos Estados Unidos da América;4.Em Maio, os professores Albin Waid e Wilfried Scharf (área de Educação Musical) da Universidade de Linz, Áustria.Os docentes responsáveis por organizar o programa de trabalho dos professores que recebemos na ESE foram:-Dr. Tiago Pereira, Dr. Miguel Nascimento e Dr. António Cardoso (área de Educação Física);-Dra. Dárida Fernandes (área de Matemática);-Dra. Graça Palheiros e Dr. Francisco Monteiro (área de Educação Musical); -Dra. Cristina Pinto (área de Estudos Franceses e Ingleses).Gostaríamos de agradecer a todos os docentes da ESE que se prontificaram a organizar a visita destes professores estrangeiros e os demais envolvidos, que os acolheram com tanta sim-patia e eficácia.Durante o mês de Abril, a ESE teve ainda a oportunidade de participar na Conferência Anual da ETEN (European Teacher Education Network), que este ano se realizou em Liver-pool, Reino Unido, nos dias 23 a 27. Os representantes da ESE nesta conferência foram o Presidente da Escola, o Dr. Rui Fer-reira e as docentes Dra. Dárida Fernandes, Dra. Edite Orange, Dra. Cristina Pinto e Dra. Inês Pinho, que apresentaram uma comunicação nos TIGs “Mathematics Education”, “Myths and Fairytales” e “Internationalisation”, respectivamente.

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5NOTÍCIAS 5

Palestras, workshops, SPA Emocional, relaxa-mento, passeios pedestres, demonstrações de actividades desportivas e um Sarau Cultural preencheram, entre os dias 12 e 19 de Abril, o programa da I Semana Saúde e Bem-Estar do Politécnico do Porto. Esta iniciativa, resultado da colaboração entre o Gabinete do Estudante, o Gabinete de Desporto e as Associações de Estudantes das Escolas do Politécnico do Porto, pretendeu promover estilos de vida mais saudáveis e comportamentos preventivos na comunidade do Politécnico do Porto. Durante sete dias foram re-alizadas actividades que contemplaram as diversas áreas do bem-estar: saúde mental e emocional; controlo de stress; nutrição saudável; sexualidade; saúde ambiental; actividade física.

A c t i v i d a d e c o m m a i o r visibilidade e afluência de part ic ipantes: rastre ios gratuitos

A actividade com maior visibilidade e afluência de participantes foi a realização de rastreios in-teiramente gratuitos, decorridos nas Escolas do Politécnico, e que incluíram a avaliação de alguns parâmetros - peso, altura, composição corporal, perímetro de cintura, tensão arterial, colesterol e glicemia – e consequente aconselhamento. Esta acção concretizou-se com a indispensável coo- peração dos estudantes voluntários, internos e externos, ao Politécnico do Porto. A Associação Portuguesa de Asmáticos esteve presente na ESE/IPP, onde realizou rastreios relacionados com a função respiratória. No total, mais de 400 estudantes tiveram a oportunidade de fazer uma

avaliação genérica das suas condições de saúde. De salientar o convívio da manhã do dia 12 de Abril, com a realização do city-pedal que contou com a participação de estudantes e funcionários que pedalaram num percurso iniciado nos Serviços Centrais em direcção ao Parque da Cidade onde foi realizado um pic-nic, e ainda do dia de sexta-feira, 18 de Abril, com os simpatizantes da natureza a completarem um autocarro com destino à Aldeia de Póvoa Dão, em Viseu, onde puderam realizar diversas actividades como slide, teia de cordas, tiro ao arco, karaoke, orientação nocturna, jogos de paintball, entre outras. A I Semana Saúde e Bem-Estar do Politécnico do Porto teve o apoio da Unidade Móvel do Projecto Ambulatório de Saúde Oral e Pública da Universidade Fernando Pessoa, Nestlé, Bicafé, Farmácia Silveira, Laboratórios Menarini e Alter, Associação de Estudantes da Faculdade de Ciên-cias da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e da Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto.A avaliação do evento revelou indicadores muito positivos, encontrando-se já em estudo a viabili-dade de uma segunda edição.

Iniciativa Inédita do Politécnico do PortoSete Dias dedicados ao Corpo e à Mente

Nos dias 28 e 29 de Maio desenvolveu-se o pro-jecto Aventur´Arte, organizado pelos alunos do 4º ano de Educação de Infância nas instalações da Escola Superior de Educação do Porto. Através do presente projecto, aberto à co-munidade educativa alargada, procurámos promover uma educação pelo lúdico que potenciasse o desenvolvimento da auto-estima e da socialização alargada das crianças e das equipas educativas. Apostámos na exploração de um novo contexto através da aventura, onde privilegiámos a criança enquanto sujeito activo na comunidade. Nesse sentido, e explicitando o trabalho desenvolvido na formação de Edu-cadores, o projecto organizou-se em diversos ateliês (Expressões Motora, Plástica, Musical e Dramática e Conhecimento do Mundo) a explorar pelas crianças dos vários centros de estágio, no âmbito da prática pedagógica do referido curso. A partir do feedback imediato por parte das crianças e equipas educativas, podemos in-ferir do sucesso do conjunto de actividades propostas. Alguns dos índices em que nos baseamos referem-se ao empenhamento que reflectiu a motivação das crianças, bem como o envolvi-mento numa lógica de cooperação por parte das educadores e auxiliares da acção educativa. Procederemos, num futuro próximo, à avalia-ção do projecto com base na reflexão escrita dos diversos intervenientes, tendo em vista a melhoria na organização e na dinamização do projecto.É de salientar que este projecto envolveu a co-laboração de outros cursos, nomeadamente de alguns alunos do curso de Educação Física dos 1º, 3º e 4º anos, dos 2º e 3º anos de Educação de Infância, de TCAV e Educação Social e de alguns elementos do pessoal docente e não docente da ESEP. Agradecemos todo o apoio prestado pelos diversos colaboradores. Gos-taríamos de reforçar a importância da colabo-ração nas dinâmicas da ESEP e da potencialidade da cooperação por parte da globalidade da comunidade educativa nas próximas edições do Aventur’Arte.

Aventur’Arte

por Gabinete do Estudante do IPP

por 4º ano de Educação de Infância

No âmbito da filosofia inclusiva do Centro de Recursos em Conhecimento (CRC) realizou-se, no passado dia 4 de Junho, um dia dedicado ao desporto adaptado, nomeadamente ao Boccia. O Boccia é uma prática desportiva que surgiu em 1983 e foi inserido nos paralímpi-cos no ano seguinte. Inicialmente, definiu-se como uma prática desportiva orientada para indivíduos com deficiência neuromotora, na sua maioria portadores de paralisia cerebral. O jogo, que pode ser jogado em equipas, pares ou individualmente, permite, através de um momento lúdico-recreativo ou em situação de competição, o «treino» das capacidades neuro-motoras dos seus jogadores. A riqueza deste desporto é visível no desenvolvimento de pessoas portadoras de deficiência e também naquelas cujas faculdades e destrezas físicas sofreram algum declínio, como por exemplo a população idosa. Assim, desde 1990, o Boccia ampliou o espectro da população participante aos idosos, sendo que a partir de 2000 o Boccia

Sénior ganhou visibilidade através da participa-ção em torneios, encontros regulares e forma-ção de equipas – apenas para maiores de 60! Na iniciativa do CRC intitulada Boccia para Todos, participaram três equipas, duas delas com jogadores portadores de paralisia cerebral e uma equipa sénior. Durante o dia, os jogadores praticaram o Boccia no ginásio da ESE, perante uma assistência estudantil bastante envolvida e atenta. Através de vários jogos/demonstrações e da própria experimentação desta prática desportiva, os cerca de 40 estudantes que par-ticiparam neste evento conheceram o Boccia e tiveram oportunidade de contactar com alguns praticantes da modalidade. No final do dia, assistiu-se à apresentação teórica do Boccia realizada pela aluna de Edu-cação Social Inês Braga, ela própria portadora de paralisia cerebral e jogadora de Boccia. Ao CRC resta agradecer a todos os partici-pantes: comunidade da ESE, jogadores, auxilia-res e treinadores da Associação do Porto de Paralisia Cerebral, do Estrela Vigorosa Sport e da Casa das Glicínias.

Boccia para todos

por Ana Fernandes

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6 ÁGORA

por Ana Fernandes

(do Lat. agora < Gr. agorá, praça pública)

Objectivos… Desenvolvimento… Milénio… Termos que facilmente defini-mos, mais ou menos objectivamente, no nosso quotidiano. Mas será que os reconhecemos quando se edificam num mesmo conceito? Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, foi o nome determinado pelos Estados Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas num encontro em Nova Iorque no ano de 2000, para designar as metas/desafios que todos, numa perspectiva de cooperação, devem tentar alcançar. Porque o mundo é de todos nós, Estados, países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, organizações, ou simples cidadãos devemo-nos organizar de modo a lutar contra a pobreza, a iliteracia, a violência, as desigualdades e a degradação ambiental promovendo a educação, as condições de acesso à higiene, saúde e água potável. Posto isto, entre outros compromissos, na Declaração das Nações Unidas positivada então, estão congratulados 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio a serem cumpridos até 2015:

Portugal comprometeu-se a assumir uma postura activa neste projecto global. Assim, têm-se desenvolvido diversas iniciativas no nosso país, desde a for-mação de «agentes ODM» – jovens motivados para participar em acções de promoção dos ODM –, a projectos sociais organizados por instituições ou cidadãos envolvidos, e ainda ajuda pública para o desenvolvimento através da doação de uma percentagem do Rendimento Nacional Bruto.Muito mais há a fazer, e, tal como explicitam os banners das campanhas ODM: Sozinhos pouco podemos, mas Juntos mudamos o mundo!

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015

A Escola Superior de Educação do Porto é uma instituição empenhada na promoção, e acima de tudo na contribuição para a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Por este motivo têm vindo a acontecer algumas actividades neste âmbito, podendo-se destacar nos passados dias 19 a 21 de Maio de 2008 o Ciclo de Formações D’ ESEnvol-vimento, promovido pelo Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação. O Dia Mundial para a Diversidade Cultural, pelo Diálogo e Desenvolvimento – dia 21 de Maio – foi o mote para a realização deste evento. As formações inseridas neste Ciclo foram asseguradas por instituições nossas parceiras, como o ACIDI - Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, IP - Educação Intercultural (Sensibilização para o Diálogo Intercultural); a Rede Nacional de Consumo Responsável - Consumo(s) e Desenvolvimento; a Fundação Gonçalo da Silveira – Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio; o ISU Gaia - Voluntariado e Desenvolvimento ; e a Inducar - O Potencial da Educação Não-formal para o Diálogo, Mudança e Desenvolvimento. Nestes dias decorreu também no Átrio junto ao Auditório uma mostra e venda de produtos alimentares e artesanato do Comércio Justo, aqui representado pela Associação Reviravolta. Os princípios deste movimento estão também intimamente relacionados com alguns pressupostos do De-senvolvimento Sustentável: a promoção de trocas comerciais mais justas; a protecção e o respeito pelo trabalho e pela garantia de condições de vida dignas dos produtores (maioritariamente residentes nos chamados países em vias de desenvolvimento); e a defesa e promoção de práticas agrícolas e de manufactura ecologicamente sustentáveis. Para esta mostra/venda, o GEDC contou com a parceria com a Associação Reviravolta e, acima de tudo, contámos com a adesão da nossa comunidade educativa. Obrigada a todos os que quiseram e puderam envolver-se nas várias ini-ciativas que vos propusemos nestes dias, apesar da escassez de tempo que esta etapa do ano lectivo impõe. Aos que não puderam estar connosco, prometemos que haverão mais oportunidades!

D’ESEnvolvimento

Escrevemos esta notícia com um convite – convite a partilharem connosco as experiências da mais desafiante aventura em que o TRIP jamais embar-cou! Imaginem que o teatro é dança, que os dançarinos são actores e que dançamos a 9 vozes. Que A Menina dos Fósforos se passeia entre a ESE e o pavilhão do Estrela Vigorosa Sport, que os corpos que lhe dão vida(s) se unem nas suas diferenças quando sonham, que o palco dos sonhos se enche de sons e silêncios, luz e sombras, vozes e movimentos. E venham ver como fazemos acontecer! Nos dias 7 e 8 de Julho, na ESE, o TRIP e a Secção de Desporto Adaptado do Estrela Vigorosa Sport apresentam uma outra Menina dos Fósforos, que a partir do conto de Hans Christian Andersen e de textos de Gonçalo M. Tavares, pela mão do Manuel Neiva e do Paulo Magalhães, ganha vozes de bailarinos e corpos de actores. E enche-nos a alma do mundo sonhado em que queremos viver!

TRIP fora de portas, mundo adentro

por GEDC por Liliana Lopes

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5NOTE-SE7ÁGORA

B.I.: Serviços e Colaboradores da ESE

Designação: Serviço de Atendimento Telefónico

Funções do serviço: > Atendimento telefónico; > Informações; > Consultar a Intranet da escola; > Marcação de reuniões; > Atendimento ao público.

Funcionários do serviço: > Maria da Conceição Saraiva Rodrigues Freitas – telefonista; > Rui Fernando Melo – Técnico profissional principal.

Comentários pessoais:

Maria da Conceição Saraiva Rodrigues Freitas:

Fui a primeira funcionária desta escola. Faço 26 anos de serviço na ESE em Outubro.

No início trabalhei na secretaria uns 3 anos e depois vim para o telefone. Gosto do serviço que faço, apesar de ser bastante cansativo.

Atendo as pessoas com educação e não respondo mal às pessoas quando são desagradáveis. Tento estar com tom agradável a falar com as pessoas e

cumpro sempre com as minhas obrigações.

Rui Fernando Melo:

Estou cá há 20 anos. Quando vim para cá estive a trabalhar num Gabinete de Educação Especial (Centec) em que dava apoio em termos de “Optacon”

(aparelho que possibilitava aos cegos ler a negro através do tacto).

Depois passamos para as novas tecnologias e passei a dar apoio ao trabalho com computadores, trabalhando com uma colega normovisual.

Desde 2000 vim para este serviço e de há um ano a esta parte tenho estado também no NAID.

Tenho facilidade em me adaptar a qualquer coisa e estou sempre disponível para ajudar dentro das minhas possibilidades. Tento sempre ser o mais cor-

recto possível e dar o meu melhor.

Dou-me bem com toda a gente, gosto de ajudar e ser prestável a todos.

Designação: Serviço de Auxiliares e Manutenção

Funções do serviço: > Serviços externos; > Serviços internos; > Supervisão da limpeza; > Correios.

Quem compõe o serviço: > Maria Emília Fonseca da Rocha Benídio – Auxiliar de manutenção.

Comentário pessoal:

Tenho 23 anos de serviço cá na ESE. Já estive como funcionária de limpeza e agora estou com o serviço de auxiliar administrativa.

Gosto de trabalhar aqui. Gosto dos professores, dos colegas e dos alunos.

Fico feliz quando encontro os alunos que já cá estiveram, só tenho que dizer bem deles.

Espero que a Escola continue a progredir.

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por Liliana Abreu, Bolseira de Investigação do CIPEM

ÁGORA

De 13 a 18 de Julho, terá lugar na Escola Supe-rior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, um Seminário de Investigação em Edu-cação Musical organizado pelo CIPEM – Centro de Investigação em Psicologia da Música e Edu-cação Musical. A ISME – International Society of Music Education, realiza uma conferência mundial, de dois em dois anos, em diferentes países, já tendo sido realizada em cada um dos cinco continentes. Como já é tradição, na

CIPEM organiza Seminário da Comissão de Investigação da ISME

semana que precede a conferência mundial, realiza-se um seminário de investigação noutro país. Este ano a conferência decorrerá em Bo-lonha, Itália e o seminário de investigação no Porto, na ESE-IPP. O formato deste seminário inclui a participa-ção de 27 especialistas de origem geográfica diversificada e também inclui a presença de vários observadores. Neste seminário, o olhar do observador será guiado progressivamente através de elucidativas apresentações, feitas por investigadores experientes mas também por novos investigadores. Os temas em debate formarão uma complexa teia de conhecimentos e perspectivas sobre os vários pontos da investigação em educação mu-sical. Serão versados vários conteúdos relacio-nados com: educação musical; aprendizagem e ensino instrumental e relação da neurociência e das funções cognitivas com a educação musical. Todas as comunicações serão seguidas de de-bate em plenário e de discussões aprofundadas

em pequenos grupos, pretendendo-se criar um espaço reflexivo para que seja possível conjugar de forma transversal os conceitos de música, inovação, ensino, desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e pedagogias musicais. A Sociedade Internacional para a Educação Musical (ISME) é resultado de uma conferência da UNESCO. Remonta a 1952, quando ao longo dessa conferência um grupo de especialistas re-solveu seguir o objectivo de incluir a Educação Musical na educação em geral. Actualmente, a ISME está representada em mais de 70 países e é uma rede mundial de educadores music-ais, de todos os graus de ensino, estudantes e musicoterapeutas. O pressuposto da ISME respeita todas as culturas e acredita que todos os indivíduos têm o direito a receber educação musical. Através do debate sustentado dos resultados das várias investigações, procuram-se as âncoras e os pontos de referência que façam vigorar os saberes que emergem destes espaços de reflexão.

Designação: Biblioteca

Sobre o Serviço: Criada em 1986 e reorganizada em 1989 a Biblioteca da Escola Superior de Educação do Porto, integrou a biblioteca da antiga Escola do Magistério Primário de Penafiel e o ex-Centro de Documentação do Magistério Primário do Porto. Rege-se pelo "Regulamento de Consulta/Leitura - Despacho IPP/PR-013/2001, de 1 de Fevereiro".

Funcionárias do serviço: > Delfina Jagundo > Rosário Dominguez> Mónica Laureano

Comentários pessoais: Delfina Jagundo: Estou na ESE desde 1991. Colaborei no Projecto “Oficina de Formação e Interacção Cultural para uma Escola Europeia”. Quando este projecto, subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, terminou em 1993, passei para o Gabinete de Formação Contínua e para o secretariado do CIP.De Dezembro de 1996 a 1998 fiz o secretariado do Conselho Científico. No ano lectivo de 1997/1998 frequentei o Curso de Técnicos Adjuntos de Biblioteca e Documentação e fiz na Biblioteca da ESE o estágio do curso. No final deste curso fui contratada para os serviços da biblioteca e aí permaneço até hoje. Continuo, no entanto, e com muito gosto, a fazer o secretariado do CIP (uma manhã por semana)!As minhas funções na Biblioteca, resumidamente, são as seguintes: serviço de leitura (acolhimento e apoio, a alunos, professores e outros utentes da bib- serviço de leitura (acolhimento e apoio, a alunos, professores e outros utentes da bib-serviço de leitura (acolhimento e apoio, a alunos, professores e outros utentes da bib-lioteca, através do empréstimo domiciliário e local, através de pesquisas ou de outras informações pedidas pelos utentes); manutenção da sala de leitura de forma a facilitar o acesso rápido aos documentos; catalogação retrospectiva; elaboração das estatísticas do serviço de leitura; pequenos restauros.

Rosário Dominguez: Comecei a trabalhar na ESE em Novembro de 1985. Primeiro estive no telefone e depois na reprografia e só depois vim para a biblioteca, que começou a funcionar em 1986 nas actuais salas 1, 2, 3, e 4. Quando a Biblioteca abriu tínhamos poucos livros, mas o facto de estarmos dentro do edifício da ESE proporcionava um melhor e maior contacto com alunos e docentes. Apesar de a actual biblioteca ser relativamente perto, nos primeiros anos de mudança notou-se uma menor afluência. Contudo, eu penso que a ESE só beneficiou com essa mudança porque se passou também a ter disponível o espaço da Biblioteca Central e as salas de estudo. Para além disso, os alunos podem também usufruir das salas de Multimédia para fazerem os seus trabalhos. Actualmente como faço a catalogação do material da biblioteca não tenho tanto contacto com as pessoas desta Escola. No entanto, e com muita tristeza minha, já deu para notar que o ambiente “família” que tínhamos já não existe.

por Teresa Martins

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5NOTE-SE9VOX POPULI

Convite aos leitores: Este espaço é vosso! Enviem os vossos textos para o endereço de e-mail [email protected]

por Ana Fernandes

D.ª Maria Emília Barbosa Pinto ficou muito emocionada com todas as actividades em que participou. Nunca teve oportunidade de estudar quando criança e para ela tudo isto foi uma novidade muito boa.Gostou muito da forma como foi tratada na Escola Superior de Educação e do respeito e carinho que lhe dispensaram. Gostou tam-bém da aula de ginástica que nunca tinha tido oportunidade de praticar e aprendeu rapidamente para poder continuar a fazer os exercícios em casa. Ficou muito emo-cionada com o grupo de estudantes que foram cantar em conjunto com as Seniores do Programa Viva+ porque se lembrou do tempo em que esteve internada no Hospi-tal de São João e eram os estudantes, que iam cantar para os doentes oncológicos, que alegravam os seus dias.A D.ª Balbina gostou muito de todas as ac-tividades, sobretudo da aula de informática. Gosta muito de participar no Programa Viva + da Legião da Boa Vontade através do qual tem tido oportunidade de obter conhecimentos e visitar locais que de outro modo não poderia ter feito. Ambas tiveram uma actividade de canto e música com alunas da Escola Superior de Educação e outros trabalhos manuais. Vão continuar com aulas de informática na Legião da Boa Vontade no Programa Viva +.Gostaram muito de todas as actividades e agradecem todas as oportunidades de aprender que têm tido e assim como todo o carinho dos estudantes da Escola Superior de Educação, das suas colegas do Programa Viva+ e das Monitoras do Programa Viva+.

Os idosos do programa Viva+ da L.B.V. vieram à Escola Superior de Educação do Porto fazer várias actividades.Fizemos uma visita pela escola, fomos con-vidar a turma a visitar a nossa exposição, estivemos a fazer alguns trabalhos manuais e a ensinar os alunos que nos visitaram, fomos ainda participar numa aula de música que gostamos muito porque dançamos, cantamos e tocamos instrumentos.No segundo dia tivemos actuação da Cantuna que adoramos muito, pusemos as capas e fizemos o curso em cinco minutos! Agradecemos ás nossas queridas doutoras Susana e Sofia, ás nossas meninas estag-iárias Cristiana e Pamela e a toda a escola muito obrigada.

Nós somos um grupo do programa Viva+ e estivemos dois dias na ESE.As estagiárias arranjaram-nos autorização para vir fazer uma exposição nesta escola. Estamos a gostar deste convívio, gostamos muito da aula de música. Tivemos ginástica e recordamos os computadores que já pas-samos por aqui há 2 anos. Deu-nos muita alegria e fomos muito bem recebidas por todos, principalmente pelas Doutoras e estagiárias que nos deram muita atenção. Gostaríamos muito que acontecesse mais vezes.Então por isto agradecemos as estag-iárias que nos tem ajudado muito. Até à próxima.

Estou muito contentePor estes 2 dias de alegriaChamo-me Laura MendesE a minha colega Maria

Mais uma vez, e sob a filosofia da inclusão social e digital, o CRC prestou apoio ao desenvolvimento do sub-projecto das alunas de Educa-

ção Social a estagiar no Programa Viva +, da Legião da Boa Vontade. O sub-projecto visava recordar as competências pessoais de TIC das

idosas participantes, uma vez que já haviam desenvolvido tais competências nos dois anos precedentes ao presente, com outros grupos

de estágio, no NAID. Desta feita, em grupos de dois elementos, as idosas redigiram pequenos textos onde expressaram a avaliação das

acções levadas a cabo nos dois dias que estiveram na ESEP. Ipsis verbis:

por Maria Emília Barbosa PintoMaria Balbina Ramos

Redigido por Isabel Silva (Voluntária do Programa Viva +)

por Maria Berta e Maria Rosa

por Laura Mendes e Maria

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10 DUAS DE LETRA

A Praxe na ESE em discussão

Frente a Frente: dois reversos da mesma medalha

Maio, mês de tradições académicas: cortejo, queima, benção das pastas...Simbolismos que para muitos têm elevada importância e, para outros, representam opressão de liberdades individuais.O Note-se quis saber o que ambas as partes pensam...Dois reversos da mesma medalha: a medalha da inte-gração no ensino superior.

Catarina: Tu não aderiste à praxe quando entraste na ESE. Há algum motivo que justifique essa opção?

Levou-me a ponderar se o sentido da praxe seria mesmo a integração (...) ou se seria mais uma questão de poder (Vítor)

Vítor: Tenho vários, mas se calhar o principal motivo é o facto de antes de entrar na ESE já tinha estado noutra faculdade e lá aderi à praxe. A determinada altura, mais concretamente no julgamento, aconteceu uma situação que me levou a ponderar se o sentido da praxe seria mesmo a integração, a questão das pessoas se conhecerem e se darem a conhecer, ou se seria mais uma questão de poder, ou seja, de se poder exercer poder sobre outras pessoas que não tinham grande conhecimento do que era o meio académico. Assim, quando vim para a ESE, achei que não valeria a pena estar na praxe e por isso é que não aderi.

Catarina: E na altura como é que reagiste à situação que te aconteceu e que não estava de acordo com as tuas expectativas, com aquilo que achavas que devia ser a praxe?

Vítor: Eu posso até explicar como foi a situação: na faculdade em que eu estudava era escolhido um caloiro de cada curso para ir a julgamento, e nessa altura o escolhido fui eu. A determinada altura mandaram-me pôr a cabeça no balde onde estava sentado – que tinha lá dentro tudo e mais alguma coisa. Disse que não ia fazer isso, e o «doutor» respondeu-me que se não o fizesse iria ser castigado e que ficava avisado que no dia seguinte iam cortar o cabelo aos restantes caloiros. Aí fiquei a pen-sar que se eu é que me estava a recusar fazer aquilo não faria sentido isto interferir com as outras pessoas. Mandaram-me embora a dizer que tinha representado mal o meu curso! No dia seguinte fui falar com os colegas e com um representante do curso, o «colher de pau», que disse para não me preocupar, que aquele julga-mento nem sequer tinha sido válido. Tudo ficou resolvido, mas a partir daí fiquei muito reticente em relação à praxe e há falta de coerência que muitas vezes a acompanha, e por isso achei que não fazia sentido ser novamente praxado.

A praxe aqui (na ESE) (...) é muito diferente das outras instituições, vivemos a praxe de uma forma saudável (Catarina)

Catarina: Acho legítimo que quando uma pessoa tem uma situação que a traumatiza por algum motivo, depois fique mais reticente em aderir a uma nova experiência que possa ser semelhante. Daquilo que vivi na ESE sempre achei que a praxe aqui é feita de uma forma muito diferente das outras instituições, vive-mos a praxe de uma forma saudável. Das experiências que tive, acho que a praxe foi das melhores coisas que podia ter tido cá na ESE em termos de integração, e acho que a praxe da ESE se pode orgulhar disso, de criar um grupo de coesão.

Vítor: Achas que se não houvesse praxe na ESE te terias integrado tão bem?

Catarina: Acho que não seria tão fácil, sem dúvida alguma! Quando vim no 1º dia para a ESE vim para a semana de recepção ao caloiro, para conhecer as pessoas com quem ia lidar. Entretanto algumas até acabaram por desistir da praxe e continuei a relacionar-me com elas. Na semana de recepção ficamos a conhecer o que é a praxe, e podemos logo ter uma noção

para decidir se queremos ou não queremos aderir e se estávamos ou não dispostos a entrar na brincadeira.

Vítor: A partir daquela situação também re-flecti em relação a muitas outras coisas. Uma das coisas em que pensei foi que quando passas do 1º para o 2ª ciclo também mudas de escola e acontecem outras mudanças. Nessa altura não há praxe e uma pessoa consegue integrar-se na mesma, tal como vai acontecendo em outros níveis de ensino. Acham que se fosse feito o mesmo processo de quando fomos mudando de graus de ensino não poderia resultar na mesma?! No meu caso concreto, vim para a ESE e integrei-me perfeitamente! Aqui há bem pouco tempo estava a ler qualquer coisa relativa à faculdade de Arquitectura e percebi que promovem outras formas de integração que não implica o “Põe-te de quatro, rasteja, deita!”. Há aqui um certo abuso de poder, ainda que consentido.

Catarina: Acho que isso depende das pes-soas. Mas aqui o mais importante nem é a nossa integração em relação aos «doutores», até porque aqui na ESE, segundo as regras da praxe, a relação entre «doutores» e caloiros não é autorizada, excepto a relação académica, de superioridade.O grande objectivo é estares com as pessoas que estão na mesma posição que tu, que vão contigo às aulas, é a relação entre caloiros que tem mais significado. Sempre achei que a praxe era mesmo para uma pessoa se divertir, quando ultrapassa o limite da diversão e do convívio já está a ultrapassar os limites razoáveis. As pes-soas têm que saber quais são os seus limites e dá-los a entender aos outros. Quem está hierarquicamente acima, segundo as normas da praxe, tem que saber aceitar isso. Se acontecessem coisas que me marcas-sem e fossem contra os meus princípios virava as costas.

Vitor: Tocaste agora num ponto que também me parece muito importante que é a questão da relação hierárquica, da relação de poder que se cria. Acho que é completamente desnecessário criar esse tipo de relações. Se quando entra-mos somos todos estudantes acho que não faz sentido fazermos essa demarcação, evidenciar essa desigualdade. Muitas das vezes, ouvi as pessoas dizerem que isso vai ser importante para a vida futura, porque existem sempre hierarquias. Isso é

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verdade mas, em termos de relacionamento humano, evidenciar deste modo a hierarquia não me parece positivo. Joana: Essa questão da hierarquia é pertinente. Isso foi uma coisa em que pensei quando entrei para a ESE. Que moral têm estas pessoas que andam aqui e que são tanto quanto eu para se evidenciarem como superiores?! Entretanto percebi que um dos pressupostos básicos da praxe é a hierarquia, e que se al-guém acredita que a praxe lhe vai dar alguma coisa de positivo e se adere a ela, tem que aceitar os pressupostos. Quanto ao facto de a hierarquia te ensinar muita coisa, ensina! Aprende-se a respeitar o superior, o que pode ser uma preparação importante para enfrentar situações futuras.

Catarina: Eu fui sempre inferior hierárquica em todas as etapas por que passei – era a caloira mais nova, a «doutora» mais nova e agora sou a veterana mais nova, não tinha ninguém, no meu nível hierárquico, abaixo de mim. Con-tudo nunca me senti inferiorizada, e sempre arranjei maneira de mostrar que apesar de ser a última do meu patamar, somos todos iguais e há que saber lidar com isso, respeitando-nos mutuamente. As pessoas mais velhas e mais experientes têm uma responsabilidade maior sobre os que vêm de novo, e isso é determinante. Quando há alguma falha na hierarquia as coisas correm mal! Ou por abuso de poder ou por os mais velhos se desleixarem.

Vitor: Mas acho que de alguma forma isso também não autonomiza as pessoas, porque se estás habituada a ter uma hierarquia, que te diz o que deves ou não fazer, habituas-te a essa hierarquia. Uma coisa que me custa a entender é como é que existe uma hierarquia em que a pessoa que está no topo é a pessoa que tem mais matrículas, e não a pessoa que foi eleita!

Catarina: Isso depende das situações. Em rela-ção à praxe na ESE, a pessoa hierarquicamente superior é o chamado DUX, que é a pessoa que tem mais matrículas. Pode ser por eleição, pode ser por delegação de poder, por uma in-finidade de coisas. Em relação à autonomização das pessoas, no nosso grupo académico uma coisa importante que aprendemos é a tomar uma atitude, a responder por ela e é ai que te autonomizas, porque tomas a atitude à tua responsabilidade e depois logo se vê. Praxe é desenrasque!

Vitor: Quais são as responsabilidades dos académicos?

Joana: As pessoas que não pertencem às comissões de praxe (CP), os académicos em geral, têm a responsabilidade específica de praxar os caloiros, havendo directrizes que são dadas pelo conselho de veteranos e pelo Dux.

Vitor: Se bem percebi, qualquer doutor tem margem para praxar como quiser, dentro das directrizes estipuladas. Aqui permitem-se praxes individuais?

Catarina: Desde que o caloiro aceite e isso não fira a sua susceptibilidade, podem-se fazer praxes individuais.

Vitor: Isso também acontece noutras uni-versidades, e de alguma forma permite alguns abusos de poder...

Joana: Mas isso é outra coisa. A praxe pessoal, ou seja, quando tens alguma quezília com a pes-soa e tentas descarregar os teus problemas em cima dela, não pode acontecer!

Catarina: Mas acontece, vai acontecendo algumas vezes….

Vitor: De facto é tudo muito pessoal, mas acho que para aquelas pessoas que não conhecem nada quando cá chegam, que estão sozinhas, num sítio novo, onde não conhecem nada, não será bem assim. Tudo isto pode levar a que se agarrem ao que lhes é dado, e muitas das vezes não estão a participar por gosto, mas porque têm receio de ser excluídos.

Joana: É uma espécie de instinto de sobre-vivência, acabas por não racionalizar o que está a acontecer. Aconteceu-me por acaso uma situação engraçada – ao 2º dia da recepção ao caloiro disse que não poria cá mais os pés, que ia para casa, não queria saber mais disto, porque saí daqui a chorar. Pensei: mas afinal porque estou eu aqui? Não sou obrigada a fazer isto, e para a semana vou às aulas, conheço as pessoas na mesma e corre tudo da mesma forma. No entanto pensei que podia não desistir da praxe, mas ir com outra postura e levar as coisas de forma mais descontraída, porque estava a levar as coisas muito a peito.

Não me fazia sentido estar na praxe para trajar, para praxar e fazer parte da hierarquia (Vitor)

Vitor: No meio disto tudo há uma questão curiosa: apesar de não ter sido praxado, nem ter participado em nada, no fim da primeira semana também já conhecia mesmo muita gente. Fui percebendo mais ou menos como era a praxe, como os meus colegas estavam nela, mas quis-me demarcar porque não me fazia sentido estar na praxe para trajar e para praxar, e fazer parte da hierarquia. Isso não me interessava de todo.

Catarina: E assim fazes as coisas que gostas de fazer e não participas naquilo com que não concordas, só vais até onde achas que deves ir…Quem interpreta a praxe da maneira saudável, percebe que só deve ir até onde se sente bem, independentemente de quem o está a praxar.

Aqui na ESE (...) e não há aquela diferenciação entre Praxe e Anti-praxe (Joana)

Joana: Aqui na ESE diz-se muito que na praxe tem que haver bom senso, e por isso quem não está também tem que o ter! Mas acho que aqui as pessoas têm respeito umas pelas outras, e não há aquela diferenciação entre Praxe e Anti-praxe.

Catarina: Uma questão importante nesta relação é o cortejo. Algumas pessoas que nunca foram praxistas, que sempre criticaram a praxe e que questionavam a nossa opção em pertencer, no final do curso acham bonito usar a cartola. Para quem nunca esteve na praxe isto é a mesma coisa que não ser polícia e vestir uma farda. Acho que não faz sentido, e para nós é uma ofensa.

Joana: O cortejo é a celebração do final de um curso, mas também, e sobretudo, de um percurso que fizemos a nível académico que os outros não fizeram.O que representa a finalização do curso é o diploma que a ESE nos dá no final, são coisas bem distintas. O cortejo, e tudo o que lhe está agregado, é o simbolismo que nos identifica enquanto académicos.

por Ana Fernandes e Teresa Martins

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12 NOTE-SE QUE...

SUGESTÕES

Esperamos pelos vossos

contributos para o

próximo número através

do e-mail:

[email protected]

Ficha TécnicaRedactoras: Ana Fernandes, Liliana Lopes,

Teresa Martins, Teresa Pereira

Designer gráfico: Rui Reisinho

Editores: Todos

JOGOS

Agenda da ESE

> ISME – 22nd International Seminar on Research in Music Education - de 13 a 18 de Julho no Edifício

de Música e Drama da ESEP;

> Seminário Final do Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores do 1º e 2º

ciclo do Ensino Básico - 2 de Julho no Fórum da Maia;

> Menina dos Fósforos (peça de Hans Christian Andersen) - interpretada pelo TRIP em associação

com a Secção de Desporto Adaptado do Estrla Vigora Sport; 7 e 8 de Julho na ESE.

> Festival Sudoeste TMN - de 7 a 10 de Agosto

na Herdade da Casa Branca na Zambujeira

do Mar;

> Super Bock Surf Fest - 14 e 15 de Agosto à

Praia do Tonel no Algarve;

> Paranormal (Teatro) – 5 a 29 de Junho no

Rivoli Teatro Municipal

> Taichi - pratique este desporto de 1 de Junho

a 31 de Julho, gratuitamente, nos Jardins do

Palácio de Cristal ou no Monte Aventino;

> Domingos de Yoga - todos os domingos

até ao final de Setembro no Monte Aventino,

Palácio de Cristal ou Parque da Cidade;

> Super Bock Super Rock - 4 e 5 de Julho no

Parque da Cidade

Mestrados disponíveis na ESE no próximo ano lectivo:

> Ensino de Educação Musical no Ensino Básico;

> Ensino de Inglês e Francês no Ensino Básico;

> Didáctica do Português, Língua Não Materna;

> Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico

ÚLTIMA NOTA

O Note-se deseja a todos os leitores um re-energizante Verão, pois esta publicação terá, até Setembro, um momento de descanso e lazer! A todos os que concluem agora as Licenciaturas na Escola Superior de Educação do Porto, ficam os votos de feliz ingresso no mercado de trabalho. Aos que ainda voltam como discentes no próximo ano e aos trabalhadores da ESE, docentes e não docentes, deixamos aqui um “Até à próxima edição”.Contamos sempre convosco para que a nossa/vossa publicação interna seja um reflexo das sinergias da ESE.