No Chile, explode o modelo que Paulo Guedes implanta no Brasilrotas e, nesse reinventar, encontrar...

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A importância da Língua portuguesa Comemoramos no dia 05 de novembro o Dia Nacional da Língua Portuguesa . Essa língua falada e cantada em nove países, chama- dos países lusófonos. E também falada em várias diásporas espa- lhadas por aí. Lusofonia é o que nos une. É sinônimo de língua, história, cultura, sentimentos. É herança que une comunidades es- palhadas pelo mundo. . Apesar da calmaria a, a crise está pertinho de todos Nosso palco político atual é um navio que enfrenta batalhas e tem- pestades. Para isso é preciso ser “bom marinheiro”, estar preparado para mu- danças de rotas e adversidades, saber agir sob pressão e ter muito cuidado na escolha da tripulação para delegar corretamente as ati- vidades... Ano XII - Edição 144 - Novembro de 2019 Distribuição Gratuita Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar No Chile, explode o modelo que Paulo Guedes implanta no Brasil O nível de conflito no Chile faz as manifestações do Brasil parecerem piqueniques de jovens. A razão de- tonadora foi o aumento do preço da passagem do metrô, mas é evidente que isso foi apenas estopim de uma crise eco- nômica muito mais profunda e cujas sementes estão no mesmo tipo de política “ajustista” que se pretende aplicar no Brasil, visando à valorização dos ativos finan- ceiros, através da deflação e da redução dos benefícios aos mais pobres, aumentan- do a parcela da economia reservada para a concentração de renda e riqueza. Tudo em nome do mercado. As evidências de rachaduras no modelo chileno já vinham de longe. A qualidade da educação já vinha caindo há muito tempo. O modelo absurdo e fracassado de capi- talização na previdência produziu legiões de idosos sem renda. Apenas mentes des- ligadas do mundo real podem propor o sistema de capitalização em países pobres. O Chile, sob a capa de uma economia pequena e menos complexa, continua sendo um país pobre e com largas fissuras sociais. O conflito sociopolítico chileno que explodiu nas ruas de Santiago, resultando em um “toque de recolher”, mecanismo implantado pela primeira vez desde o fim do gover- no Pinochet, tal a violência das manifestações, teve sua prévia no mesmo tipo de conflito que ocorreu no Equador duas semanas atrás, provocado pelo aumento do preço dos combustíveis. Todos eles são conflitos resultantes de uma ideologia neoliberal na economia. Um modelo absolutamente em descompasso com a realidade de países emergentes, que necessitam de um Estado protetor eficiente e não devem contar com um modelo de “mercado resolve tudo “. Como bem sabia o economista Milton Friedman, mal estudado e mal interpretado, o mercado pode fazer uma parte, mas não pode fazer tudo em países frágeis. É uma loucura completa pretender um projeto neoliberal em países carentes de ações básicas, que só o Estado pode realizar. Não se pode contar com o mítico “investidor” para fazer o que é função do Estado. Mas tem quem acha que pode. Fonte: Urbs Magna Quando as ruas queimam Os 15 erros mais comuns da Língua Portuguesa Um relato fundamen- tal de Claudio Souza, ex-morador de rua CONTO: Em cima da hora Quando a vida do entregador vale menos que a pizza Hiroxima e o eixo do mal Qual a função do anti- comunismo no mundo sem comunismo? Você entende a impor- tância das florestas para o planeta e para a humanidade? Foi João! Breve visão da Institucionalização da Lusofonia + NESTA EDIÇÃO Língua Portuguesa: a curiosa origem da palavra Saudade Qual é a origem da palavra saudade? E ela é exclusiva da Língua Portuguesa? Descubra mais um dos segredos do belíssimo idioma português. CULTURAonline BRASIL Palestras e boa música - Cultura - Educação - Meio Ambiente - Cidadania Baixe o aplicativo Google Play no site www.culturaonlinebr.org Combate à corrupção não pode virar discur- so contra os direitos fundamentais

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A importância da Língua portuguesa

Comemoramos no dia 05 de novembro o Dia Nacional da Língua Portuguesa . Essa língua falada e cantada em nove países, chama-dos países lusófonos. E também falada em várias diásporas espa-lhadas por aí. Lusofonia é o que nos une. É sinônimo de língua, história, cultura, sentimentos. É herança que une comunidades es-palhadas pelo mundo. .

Apesar da calmaria a, a crise está pertinho de todos

Nosso palco político atual é um navio que enfrenta batalhas e tem-pestades. Para isso é preciso ser “bom marinheiro”, estar preparado para mu-danças de rotas e adversidades, saber agir sob pressão e ter muito cuidado na escolha da tripulação para delegar corretamente as ati-vidades...

Ano XII - Edição 144 - Novembro de 2019 Distribuição Gratuita

Informar para educar - Educar para formar - Formar para transformar

No Chile, explode o

modelo que Paulo

Guedes implanta no

Brasil

O nível de conflito no Chile faz as manifestações do Brasil parecerem piqueniques de jovens. A razão de-tonadora foi o aumento do preço da

passagem do metrô, mas é evidente que isso foi apenas estopim de uma crise eco-nômica muito mais profunda e cujas sementes estão no mesmo tipo de política “ajustista” que se pretende aplicar no Brasil, visando à valorização dos ativos finan-ceiros, através da deflação e da redução dos benefícios aos mais pobres, aumentan-do a parcela da economia reservada para a concentração de renda e riqueza. Tudo em nome do mercado. As evidências de rachaduras no modelo chileno já vinham de longe. A qualidade da educação já vinha caindo há muito tempo. O modelo absurdo e fracassado de capi-talização na previdência produziu legiões de idosos sem renda. Apenas mentes des-ligadas do mundo real podem propor o sistema de capitalização em países pobres. O Chile, sob a capa de uma economia pequena e menos complexa, continua sendo um país pobre e com largas fissuras sociais. O conflito sociopolítico chileno que explodiu nas ruas de Santiago, resultando em um “toque de recolher”, mecanismo implantado pela primeira vez desde o fim do gover-no Pinochet, tal a violência das manifestações, teve sua prévia no mesmo tipo de conflito que ocorreu no Equador duas semanas atrás, provocado pelo aumento do preço dos combustíveis. Todos eles são conflitos resultantes de uma ideologia neoliberal na economia. Um modelo absolutamente em descompasso com a realidade de países emergentes, que necessitam de um Estado protetor eficiente e não devem contar com um modelo de “mercado resolve tudo “. Como bem sabia o economista Milton Friedman, mal estudado e mal interpretado, o

mercado pode fazer uma parte, mas não pode fazer tudo em países frágeis. É uma loucura completa pretender um projeto neoliberal em países carentes de ações básicas, que só o Estado pode realizar. Não se pode contar com o mítico “investidor” para fazer o que é função do Estado. Mas tem quem acha que pode.

Fonte: Urbs Magna

Quando as ruas queimam

Os 15 erros mais comuns da

Língua Portuguesa

Um relato fundamen-tal de Claudio Souza,

ex-morador de rua

CONTO: Em cima da

hora

Quando a vida do entregador vale

menos que a pizza

Hiroxima e o eixo do mal

Qual a função do anti-comunismo no mundo

sem comunismo?

Você entende a impor-tância das florestas para

o planeta e para a humanidade?

Foi João!

Breve visão da Institucionalização

da Lusofonia

+ NESTA EDIÇÃO

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fundamentais

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A importância da Língua portuguesa

Comemoramos no dia 05 de novembro o Dia Nacional da Língua Portuguesa . Essa língua falada e cantada em nove países, chamados países lusófonos. E também falada em várias diásporas espalhadas por aí. Lusofonia é o que nos une. É sinônimo de lín-gua, história, cultura, sentimentos. É herança que une comunidades espalhadas pelo mundo. É a língua de Pessoa, Camões, Machado de Assis, Eça de Queiróz, Jorge A-mado, Padre Antonio Vieira, tantos que fizeram chegar ao mundo nossa língua, e unir de maneira única pessoas de tantos lugares em torno de um denominador comum.

A escolha desta data é uma homenagem a um grande estudioso da língua portuguesa, o escritor brasileiro Ruy Barbosa, que nasceu em 5 de novembro de 1849.

Também se comemora a língua portuguesa no dia 10 de junho. É comemorada em Portugal (o berço do idioma português). A escolha desta data é uma homenagem a Lu-iz Vaz de Camões, o autor de Os Lusíadas. Camões foi um dos maiores poetas da lín-gua portuguesa e um dos mais importantes autores da literatura lusófona.

E ainda temos mais um dia em que se comemora nossa língua que é o dia 05 de maio. É o dia internacional da língua portuguesa e da cultura dos países lusófonos, promovi-da pela CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com o intuito de propa-gar o espírito lusófono entre os falantes do português. Data que foi escolhida na XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros realizada em Cabo Verde em 2009. Esse documento diz que a língua Portuguesa é “um vínculo histórico e um patrimônio co-mum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada”.

Essa data é comemorada não apenas pelos governos, mas também, pela sociedade civil. Afinal é sabido que a língua faz parte da nossa identidade, da identidade dos po-vos que tem a lusofonia como um elo.

Então comemorar a língua, agrega e aproxima os povos desses nove países. Não exis-te dúvida que a língua é o alicerce, a base do espaço lusófono. O que une e cria laços entre os povos, visto que esse espaço está espalhado por vários continentes, onde a diversidade cultural é imensa, o elo comum a todos, é a língua. É sabido que não são apenas os nove países que fazem parte da lusofonia, mas também comunidades e re-giões espalhadas pelo mundo. Temos as comunidades inseridas em cada país e regi-ão.

A língua é um forte elemento de união de um povo, compõe a identidade de uma na-ção. FIORIN (1997) diz que: A língua pode ser considerada uma manifestação de uma cultura. A língua nos une a todos. É um patrimônio que deve ser preservado e valoriza-do, é uma língua mundial, está presente em todos os continentes, e a mais falada no hemisfério sul. Vemos a cada dia crescer o interesse global pelo aprendizado do portu-guês.

È importante homenagearmos a língua e darmos projeção ao seu significado. O mun-do lusófono vai além da língua, é uma multiculturalidade, uma afinidade natural, um sentimento. Mais coisas comuns nos ligando do que nos separando.

Língua é muito mais que norma, preceitos, princípios. Através dela nos comunicamos, de forma oral, escrita. Expressamos nossas emoções, sentimentos, desejo, aflições. Temos mesmo é que comemorar a língua Portuguesa e a sua importância histórica e cultural para os países e diásporas falantes do português, temos que comemorar e pro-piciar eventos e encontros que garantam e afirmem essa importância para o mundo. O português é o idioma que mais cresce na Europa, na África e na América do Sul.

O estudo da Língua Portuguesa no Brasil diz que ela deve se estruturar em quatro ba-ses que são: a leitura e a escuta, a produção escrita, a oralidade e a análise linguísti-ca.. Não importa como ela se estrutura em cada país, não importa o sotaque, ou a maneira de falar, ela é um sistema de representação e comunicação de um povo, de um país. É a maneira que mostramos ao mundo nossa maneira de existir e pertencer a ele. A língua portuguesa está sempre em evolução e em expansão. É a língua mais falada do Hemisfério Sul, língua oficial de três organizações regionais e da Conferência Geral da UNESCO.

Motivos não faltam para comemorar a língua portuguesa. Entre eles, estimular o espíri-to de comunidade e diversidade dos falantes do português.

Mariene Hildebrando e-mail: [email protected]

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 2

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A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Colaboradores Fixos:

Mariene Hildebrando Genha Auga Filipe de Sousa João Paulo E. Barros Marcelo Goulart Loryel Rocha Callendar (datas) Fábio Luiz de Souza + Colaboradores e Fontes nesta edição: Márcia Telles Eduardo de Paula Barreto Claudio Souza Vitor Souza Ana Carolina Bartolamei Ramos Victor Farinelli Guilherme de Souza Nucci Elenira Vilela Rogério Daflon Urbs Magna

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira responsa-bilidade dos colaboradores que assinam as

matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS Todas as Datas?

Visite nossa biblioteca no site

BRINQUE COM A SUA PIPA, MAS NÃO SE TORNE UM CRIMINOSO!

05 - Dia Nacional da Língua Portuguesa 07 - Dia do Radialista 12 - Dia do Diretor de Escola 14 - Dia do Bandeirante 14 - Dia Nacional da Alfabetização 15 - Proclamação da República 16 - Dia Internacional da Tolerância 17 - Dia da Criatividade 17 - Dia Internacional dos Estudantes 19 - Dia Mundial do Vaso Sanitário 19 - Dia Internacional do Homem 20 - Dia Nacional da Consciência Negra 22 - Dia do Músico 23 - Dia Nacional de Combate ao Câncer In-fanto-Juvenil 25 - Dia do Doador Voluntário de Sangue 25 - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres 27 - Dia Nacional de Combate ao Câncer

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 3

Apesar da calmaria, a crise está pertinho de todos

Nosso palco político atual é um navio que enfrenta batalhas e tempestades.

Para isso é preciso ser “bom marinheiro”, estar preparado para mudanças de rotas e ad-versidades, saber agir sob pressão e ter muito cuidado na escolha da tripulação para de-legar corretamente as atividades.

É preciso ter foco na trajetória para quando houver desvios perceber as variáveis das in-certezas que possa afastar o objetivo a ser atingido.

As mudanças na política brasileira andam por caminhos ortodoxos, pautada no estímulo excessivo ao consumo, instabilidades e tempestades que assombram o país sem previ-são de melhoras.

O brasileiro segue lento, ora navegando e ora remando, mas sempre nas adversidades do tempo tentando superar a crise e evitar o colapso.

As empresas, os empreendedores estão sempre se reinventando, tentando extraordinari-amente enfrentar o temor do futuro para ter condições de seguir a jornada traçando novas rotas e, nesse reinventar, encontrar maneiras de agir sabendo que os ventos estão sem-pre em constante mudança.

No Brasil temos quase a mesma porcentagem de pessoas que se declaram de direita e de esquerda. No aspecto ideológico, podemos dizer que os brasileiros se encontram bem divididos, não havendo uma predominância clara.

Essa divergência pode gerar debates e discussões saudáveis, mas também aumentar os conflitos e resultar problemas na governabilidade, especialmente se os diferentes grupos e partidos não aceitarem colaborar e dialogar para chegar a conclusões comuns e resulta-dos favoráveis a todos.

As ideologias são parte importante na política de um país e um indicativo do pensamento predominante, porém, apesar das denominações “direita e esquerda” serem muito sim-plistas para explicar todas as diferenças de opiniões políticas existentes aqui dentro, ain-da não há um indicativo claro do pensamento predominante.

Fatos acirraram os ânimos sociais como: a prisão do ex-presidente Lula, do ex-presidente Temer, o atentado ao candidato Bolsonaro, greves, violências, frustrações com o nível a-vassalador da corrupção, a intolerância tanto por parte do eleitor como dos candidatos, reformas políticas, a questão da Amazônia, e, principalmente a falta de líderes políticos e intelectuais.

O crime se organizou e nós, cada vez mais desigualmente divididos não só na política, mas também na religião, nas torcidas (aliás, se o brasileiro brigasse por seus direitos co-mo briga por futebol, o Brasil seria outro), socialmente, racialmente, sexualmente...

Isso tudo tem mantido a insegurança, desânimo e alienação e nossa aliança política cada vez mais, baseada em ódios comuns!

Dizem que depois da tempestade, vem a calmaria só que aqui, o problema se agrava a cada dia e, para quem diz que pior do que estão não fica. Ficou!

Embora nas urnas o povo acreditasse que o destino teria outro rumo com uma escolha de um perfil diferenciado, nada disso impediu que a marchal na gestão do atual presidente, deixasse de ser marcado por crises e controvérsias e, apesar de estar no seu primeiro mandato, já existem denúncias de corrupção envolvendo seus aliados tornando o clima político ainda mais instável.

A cultura política do brasileiro ainda é pouco participativa, descrente dos políticos e da po-lítica e dividida ideologicamente, assim se mantém o Brasil de hoje na prática.

A batalha está sendo travada entre os brasileiros pelos “partidos”, enquanto a calmaria do povo por não batalhar por seus direitos, por um futuro melhor e digno, permite que a cor-rupção siga desenfreada e aos comandantes o habeas corpus por uma qualidade de vida e plena.

Pergunto: será que essa cultura política é a cultura ideal?

Brasil foi descoberto entre tempestades, mas a calmaria o está afundando...

Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

O homem triste Todos os dias eu passo por quatro vezes perto de um homem triste. Deve ter uns sessenta anos, por aí, talvez ele nem saiba a idade que tem, pra quem é triste contar o tempo que já passou talvez não tenha im-portância. O homem triste tem uma borra-charia numa avenida movimentada, já pas-so por ali há 7 anos, a primeira vez que o vi trocava o pneu de um carro enquanto fala-va com um.bebe que estava num cercado de tela montado na calçada perto dele, dentro do cercado fazendo compania para a criança havia um cachorrinho amarelo, passei a olhar curiosa para saber do BB e o cachorro, as vezes o cachorro ficava amar-rado na ilha da avenida, noutras o via pas-seando com o cãozinho pela coleira e o BB num carrinho, o BB começou a andar e o cachorrinho ficou adulto, o homem sempre de olhos tristes cumprindo suas tarefas re-signado, um ano depois havia um novo BB no cercadinho enquanto o maior já ficava perto do homem triste trocando pneus. O novo BB também cresceu e passou a brin-car com o maior na calçada e foi aí que no-tei que eram duas meninas, um dia um pneu do meu carro furou e então parei na borracharia do homem triste, vi que depois da porta estreita o espaço era maior e lá dentro havia um sofá onde estavam senta-das as duas crianças vendo TV e pra meu espanto num carrinho uma terceira criança de uns dois meses, vendo meu olhar de espanto o homem triste falou pela primeira vez, são meus netos! A terceira criança tempos depois foi para o cercadinho depois para a calçada com as irmãs e o cachorri-nho, era um menino. O homem triste con-seguia cumprir sua tarefa cuidando numa avenida movimentada de três crianças e um cachorrinho, num dia das crianças parei e levei um brinquedinho para os meninos, enquanto eles abriam os pacotes o cachor-rinho veio correndo lá de dentro olhando na sacola esperando um mimo também, e eu não tinha!!! Passei a não me esquecer dele quando preparávamos os pacotinhos para as crianças. Na passagem do tempo vi por algumas vezes o avô levando as duas cri-anças menores na sua bicicleta e a menina maior seguindo o avô numa bicicletinha, o homem triste de poucas palavras cumpria com muita calma o seu destino. Há poucos dias vi atravessado na avenida perto da borracharia o cachorrinho e estava morto, alguém não pode ou não quis parar para ele, certamente não sabia que ele compu-nha o quadro da vida do homem triste. Pa-rei na borracharia e fui muito sem jeito dar a triste notícia para o homem triste...Ele chorou muito, imagino que tenha convertido em lágrimas todas as dores que silenciou por tanto tempo e depois me olhando dis-se: sabe dona aquele cachorro era meu ú-nico amigo, agora estou só!

Márcia Telles PRECISA-SE de voluntário corretor (a) de textos do Jornal.

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Quando as ruas queimam

Talvez estejamos dian-

te de uma segunda on-

da de insurreições que parecem seguir,

mais ou menos, o mesmo padrão, seja no

Chile, no Equador, na França, no Líbano.

Por outro lado, pergunta-se por que tais in-

surgências não ocorrem no Brasil.

“Um mar de tranquilidade”. Fora assim que o presidente chileno Sebastian Piñera havia definido seu país, antes da população ir às ruas para não mais sair, queimar prédios, desafiar toques de recolher, decretos de e-mergência e ser assassinada pelo seu pró-prio governo. Até agora 18 mortos, sendo uma criança de quatro anos: algo que seria mais correto descrever como um puro e sim-ples massacre. Depois do exército cometer tais assassinatos, vimos Piñera em cadeia nacional pedindo perdão pela insensibilida-de diante dos problemas sociais que ele a-parentemente sequer sabia existir.

De fato, os que nos governam parecem ter uma definição muito peculiar de tranquilida-de. Isto já aconteceu outras vezes. Em 2011, os países árabes pareciam “tranquilos” até que um trabalhador tunisiano ateou fogo em seu próprio corpo, imolando-se em praça pública, abrindo uma sequência de mobilizações populares que derrubou go-vernos e colocou novamente a política nas ruas. Essa sequência de insurreições aca-bou por chegar até mesmo ao Brasil, que em 2013 vendia para o mundo interior a ver-são de que era “um mar de tranquilidade” e de estabilidade tropical.

Agora, talvez estejamos diante de uma se-gunda onda de insurreições que parecem seguir, mais ou menos, o mesmo padrão, seja no Chile, no Equador, na França, no Líbano. Começa-se com uma rebelião con-tra um medida econômica punitiva para os mais pobres: aumento de imposto de gasoli-na, aumento de passagens de transporte público, criação de taxa em uso de What-sapp. A pauta parece pontual mas ela rapi-damente se alastra expondo um desconten-tamento profundo e estrutural com as condi-ções econômicas e sociais. Os governos i-mediatamente agem mobilizando aparatos impressionantes de violência e controle. A França dos coletes amarelos conta presos em manifestações aos milhares. Cenas de jovens secundaristas de Mantes-la-Jolie de joelhos, em fileira e com as mãos na cabeça circundados por policiais rodaram o mundo. Não por acaso, elas pareciam saídas da Se-gunda Guerra.

Depois de compreender a ineficácia da vio-lência extrema, os mesmos governos pas-sam à negociação. Mas agora descobrem que de nada adianta voltar atrás nas medi-das econômicas. A população quer o fim desses governos, ela sabe que as decisões serão sempre tomadas ouvindo interesses que lhes são contrários. Um setor funda-mental da sociedade descola-se da sua ade-

rência aos princípios gerais da governabili-dade. Ela está disposta a seguir novos ru-mos.

Este é um ponto central para compreender-mos essa segunda leva de insurreições mundiais: elas recolocam em circulação a experiência da luta de classes e de recusa a ser governado por quem tem compromisso com políticas de empobrecimento. Muitos analistas percebem termos dessa natureza como resquícios arcaicos de algum Museu das Ideias Perdidas. Sua aderência à crença de que a história terminou na defesa da de-mocracia liberal tal como a conhecemos até agora os impede de compreender o sentido de processos de desidentificação generali-zada com o poder. Processos que eles pro-curam colocar todas na conta do “populismo” e de formas de “regressão” das massas para fora dos acordos de gestão que pareciam aceitos por todos.

No entanto, é de luta de classe que se trata no que estamos a ver agora. A compreen-são de que as políticas de austeridade e-ram, na verdade, políticas de concentração e de defesa de interesses intocados das eli-tes rentistas espalha-se de forma cada vez mais sistemáticas. A linha de clivagem fun-damental reaparece como divisão entre ri-cos e os economicamente vulneráveis. Pode não existir mais uma consciência de classe, por uma série de razões vinculadas à confi-guração dos processos políticos contempo-râneos com suas dificuldades estruturais em produzir dinâmicas de emergência de cor-pos políticos convergentes. Há de se lem-brar também da demissão genérica de pro-cessos de crítica cultural, o que faz com que até as lutas políticas pareçam necessitar de um gramática forjada na indústria cultural, nos quadrinhos e nos filme de super-heróis. Mas o que vemos atualmente são lutas de classe sem consciência de classe, ao me-nos até agora. O que não significa que a próxima volta do parafuso não seja exata-mente a consolidação de uma consciência genérica de classe renovada capaz de arti-cular transversalmente a multiplicidade de experiências de espoliação e exploração.

Por outro lado, pergunta-se por que tais in-surgências não ocorrem no Brasil. Até mes-mo comentários a respeito da falta de “bravura” do povo brasileiro começam a cir-cular. Quem acredita em explicações psico-lógicas dessa natureza deveria subir algum dia o Complexo do Alemão a fim de ver ruas com barricadas, com grandes tonéis de con-creto construídos pela própria população a fim de impedir a subida de “caveirões” da polícia. Eles poderiam também ver os telha-dos cheios de projéteis de fuzis militares e ouvir os relatos de mães que contam a his-tória do extermínio de seus filhos pelas “forças da ordem”. Ou seja, a relação entre estado e populações pobres e negras no Brasil só pode ser descrita de forma precisa mobilizando conceitos como “guerra civil não declarada” e “praça de guerra”.

Isto ocorre porque o poder sabe muito bem

que as possibilidades de insurreição em nosso país são reais. Pois é praticamente inevitável que tais possibilidades se tornem realidade. No mesmo momento que as ruas de Santiago ardiam em chamas, o mesmo projeto ultraneoliberal autoritário que estava queimando no Chile era implementado no Brasil através da última votação da reforma da previdência. Algumas pessoas devem lembrar que a pobreza não mente. Tais re-formas não levarão a classe trabalhadora ao paraíso, como não levaram em lugar algum. Antes, elas levarão a mesma frustração que chilenos e equatorianos expressaram. Os números fazem arder toda ideologia: menos de 3% das famílias se apropriam atualmente de 20% da renda total do país (segundo IB-GE). Em 2018, o rendimento do grupo 1% mais rico cresceu 8,4% enquanto o dos 5% mais pobres caiu 3,2%. Isto em um país com taxas de desigualdade impensáveis pa-ra o resto do mundo. Tal processo irá ape-nas se acentuar. Que não nos enganemos: o Chile é aqui.

No entanto, há um dado importante e dife-rencial no Brasil. Os que ocupam atualmen-te o governo já se colocam como força anti-institucional. Temos um governo que fala, a todo momento, estar operando uma revolu-ção no país. Por isto, ele mobiliza continua-mente a lógica do “governo contra o estado”. Diante de manifestações com as que esta-mos vendo agora eles podem muito bem as-sociar a mais extrema violência a um discur-so de acolhimento. Algo do tipo: “entendo seu descontentamento. Estou, desde que entrei no governo, lutando contra as forças do estado, do parlamento e mesmo do meu partido que procuram me impedir de gover-nar. Peço a vocês mais poderes contra as forças ocultas que dominam a política nacio-nal e não permitem que um não-político co-mo eu atue”.

Isto significa que, assim como em 2013, as força de transformação podem ser coloniza-das por processos autoritários no Brasil. Por isto, todo o esforço deveria se dirigir para se preparar a esses processos insurrecionais. Ou seja, todo esforço em direção a traba-lhos transversais de convergência e assun-ção de uma pauta clara de ruptura econômi-ca. Para se ter uma ideia, há dias o candida-to democrata Bernie Sanders divulgou seu programa econômico para a próxima eleição norte-americana. Esse programa, de um candidato do Partido Democrata, é infinita-mente mais radical do que todos os progra-mas que a esquerda oficial brasileira foi ca-paz de apresentar. Suas proposições sobre modificação estrutural das relações traba-lhistas ao dar aos trabalhadores quantidade igual de assentos nos boards de empresas e garantir que, ao menos, 20% das ações es-tejam nas mãos dos trabalhadores é sim-plesmente fora da pauta no Brasil. Isso de-monstra como não estamos politicamente preparados para o novo round da luta de classes.

Henry Romero (Reuters)

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 4

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 5

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Os 15 erros mais comuns da Língua Portuguesa A Língua Portuguesa é tão complexa que nos leva a cometer erros de português todos os dias. Estes são alguns dos mais frequentes.

A Língua Portuguesa é riquíssima no seu vocabulário, nos seus sons e nos seus sota-ques. É considerada como sendo um dos mais belos idiomas do mundo para ser usado em poesia ou em música por causa do seu carácter doce e melodioso.

No entanto, a Língua Portuguesa é também desrespeitada e mal usada por muitas pes-soas. Mas temos que admitir: por vezes é mesmo complicado perceber se realmente es-tamos a falar ou a escrever bem o nosso idioma.

A Língua Portuguesa é um dos mais belos idiomas do mundo. E, ao mesmo tempo, é também um dos que possui mais “ratoeiras” que podem apanhar desprevenidos até os mais experientes ou os mais estudados.

Um idioma com tantos pequenos pormenores tem, obrigatoriamente, que causar algumas confusões, mesmo àquelas pessoas que acham que dominam por completo a Língua Portuguesa.

Diz-se “ovelha ranhosa” ou “ovelha ronhosa”? Diz-se “mal e porcamente” ou “mal e par-camente”? Diz-se “salganhada” ou “salgalhada”? Se acha que sabe as respostas a todas estas dúvidas, então é melhor ler o artigo porque de certeza que vai falhar algumas.

Todos os dias, quando falamos com os nossos amigos ou familiares, quando vemos as notícias na televisão ou quando lemos os jornais, cometemos erros (ou assistimos a al-guém a cometê-los) que, de tão frequentes, se assumiu serem as formas corretas de os dizer ou escrever.

O livro Dicionário de Erros Frequentes da Língua, (www.bertrand.pt) escrito por Manuel Monteiro, pretende corrigir os erros mais usuais de quem fala português. Descubra os 15 erros mais frequentes da língua portuguesa.

1. Alta recreação (certo)

Autorrecreação (errado)

2. Cartapácio (certo)

Catrapázio (errado)

3. Mal e parcamente (certo)

Mal e porcamente (errado)

4. Ovelha ronhosa (certo)

Ovelha ranhosa (errado)

5. Olhos azul-escuros (certo)

Olhos azuis escuros (errado)

6. Atenazar (certo)

Atazanar (errado)

7. Quando muito (certo)

Quanto muito (errado)

8. Reouvéssemos (certo)

Reavêssemos (errado)

9. Ribaldaria (certo)

Rebaldaria (errado)

10.

Aselha (certo)

Azelha (errado)

11. Rinque de patinagem (certo)

Ringue de patinagem (errado)

12.

Há uma semana (certo)

Há uma semana atrás (errado)

13. Escravismo (certo)

Esclavagismo (errado)

14. Bandidismo (certo)

Banditismo (errado)

15. Passada uma semana (certo)

Passado uma semana (errado)

Simbiose A lagarta conservadora Rejeitou a chegada do futuro E por causa de tal escolha Morreu seca no casulo Enquanto o girino progressista Aceitando as nuanças da vida Dirigiu-se para fora do lago E adaptou-se às novidades Até atingir a maturidade Transformando-se em sapo. . Os conservadores nascem e morrem Presos a conceitos paralisantes Enquanto os progressistas absorvem Chances de renascer a cada instante Em que aceitam dividir espaço Com outros bichos alados Que adaptaram os seus conceitos Fomentando o livre-arbítrio E oferecendo a cada indivíduo O mais profundo respeito. . Vivemos em constante simbiose Somos bichos em plena evolução Progressistas querem metamorfoses Conservadores preferem a reclusão Nos seus casulos de ignorância Preconceitos e intolerância De onde veem asas rasgar Os casulos que envolvem Os progressistas que desenvolvem A capacidade de voar. Eduardo de Paula Barreto.

22 - Dia do Músico

O Dia do Músico é celebrado em 22 de no-vembro em homenagem à figura de Santa Ce-cília, considerada a padroeira dos músicos, de acordo com a tradição Católica.

Santa Cecília nasceu em Roma em meados do século III. A jovem costumava participar das missas do Papa Urbano I e era uma cristã bastante devota. No entanto, um dia, sem sa-ber, foi prometida por seu pai para se casar com Valeriano, um homem pagão.

Diz a lenda que, na noite de núpcias, Cecília recusou-se a perder a virgindade e cantou pa-ra o esposo a beleza de manter a castidade.

O canto de Cecília convenceu Valeriano a manter a esposa virgem. Na verdade, o mari-do se emocionou tanto que decidiu se conver-ter ao cristianismo e sair da vida pagã. Em se-guida, o irmão de Valeriano, Tibúrcio se con-verteu ao cristianismo e ambos foram conde-nados à morte.

Mais tarde, Cecília se enfrentaria aos funcio-nários da corte romana e seria torturada a fim de renunciar sua fé. No entanto, qual mais lhe submetiam aos sofrimentos, mais ela se mos-trava mais disposta e cantava a Deus.

Ao fim de alguns dias foi decapitada. Sua festa se comemora desde o século V, mas somente em 1594, ela foi nomeada padroeira da músi-ca pelo papa Gregório XIII.

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 6

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Um relato fundamental de Claudio Souza, ex-morador de rua:

“Quando ela (a rua) acabou de me educar, eu era um bicho”.

Eu saí de casa com pouco mais, meses, de dose anos. E vivi, na verdade mal sobrevivi, nas ruas de Sampa até os 17 e alguma coisa. Eu tive bons momentos e mesmo momen-tos em que houve até mesmo "especialização minha em sobrevivência!".

Mas o sistema de vida nas ruas acaba corroendo, geralmente de dentro para fora, qual-quer especialização que você possa desenvolver.

Trinta e tantos anos atrás, em face à realidade dos dias de hoje, a situação poderia ter si-do tratada como "light".

Ontem mesmo eu vi, com um misto de horror, pavor e novo "um homem" (sic) agredir uma moradora de rua porque ela estava pedindo ajuda dentro da "empresa dele" que, parecia, um posto de gasolina.

Muitos dirão que o dinheiro era para drogas. Eu não vi isso. E nem ouvi. O que sei é que, usando drogas ou não, são seres humanos e se você pensa que não, que Deus lhe dê guarida para protegê-lo de ter um filho ou filha nestas condições.

Eu vi e vivi para ver muita coisa, como esta abaixo.

Mas vi um monstro envergando a forma humanoide dando pelo menos três chutes na ca-beça de uma mulher com dois terços do peso dele, CAÍDA NO CHÃO. Os chutes eram na nuca, ou perto dela.

Entenda-se. Ela recebeu chutes que sequer pode pressentir e tentar cobrir-se com as mãos pois, além de estar caída, foi agredida pelas costas. Eu sou muito sensível ao pro-blema de moradores de rua, pois conheço o sistema, a forma como as coisas acontecem.

É um moto-perpétuo.... Você não tem emprego, ou trabalho porque está sujo. E não con-segue tomar um banho porque não tem casa. Como vc não tem casa, não consegue tra-balho. E não conseguindo trabalho você passa mais um dia sem banho e o mecanismo se retroalimenta, em um magnificamente perfeito inferno autogerador.

Além da violência física, há a violência estrutural. Falta tudo e a falta de tudo te impede de buscar o mínimo. Sem mínimo.... Seria mais fácil ilustrar com a Faixa de Moebius.

Eu escrevi um depoimento sobre um momento trágico em minha vida, que quase culminou com minha morte por hipotermia, décadas atrás. Perguntaram-me porque não os alber-gues.

Pois bem.

Eu estive em um numa certa noite.

Ao me aproximar da cama, uma coisa que cheirava tão mal que dava náuseas, eu, mais por instinto e medo do que por qualquer malícia, levantei o colchão.

E lá eu encontrei.

Sim! Eu encontrei agulhas, seringa suja de sangue. Eu tive medo. E nojo.

Assim eu aprendi, de uma vez por todas, que aquele era uma espécie de local onde não se pode arriscar nada.

Quando você vê uma pessoa deitada em uma calçada, envolta ou não em papelão, você pode ter certeza que tudo, absolutamente tudo e todos falharam com ela. Família, pais, sociedade, políticos, a maior parte deles são cães em figura humana, e todo “o resto”.

Ninguém! Absolutamente ninguém cumpriu tudo o que devia em matéria de solidariedade, respeito e atenção. Antes de resolver não voltar mais para casa eu levei surra após surra, espancamento após espancamento….

Eu passei por muitas coisas e fui salvo de mim, pois no fim das contas estava me encami-nhando em definitivo para uma estação do metrô com o fito de descer à via e tocar o trilho eletrificado para não ter uma só possibilidade de sobrevivência.

Fátima, e eu não sei ao certo se este era mesmo o nome dela, me sustou o ato sem se dar conta que o fazia.

Assim eu acabei de uma maneira ou de outra, sobrevivendo a tudo e, no final, a mim!

Eu tenho muito a contar e estou trabalhando nisso.

Infelizmente a neuropatia periférica por HIV tem me tolhido os movimentos e este texto foi digitado apenas com os indicadores, que são os remanescentes ativos nas duas mãos.

Eu escolhi tudo isso para mim?

De certa forma, eu ousaria dizer que sim!

Mas veja. A bem da verdade eu não recebi nenhuma educação diferente de pancadas! A Rua ensina. Do jeito dela.

Quando ela acabou de me educar eu era um bicho.

Eu precisei da paciência diletante de um amigo para me reformar. Eu não sou, mais, nem levemente parecido com a criatura animalizada que as ruas tornearam.

Graças Deus!

Claudio Souza

Até 1958, existiam zoológicos humanos pelo mundo

Na lista de coisas terríveis que a humanida-de, em um determinado período histórico, achava normal estão itens como a escravi-dão e as lutas sangrentas no Coliseu, onde gladiadores (escravos) lutavam até a morte para um público que incluía famílias com crianças. A lista inclui também os zoológi-cos humanos.

Os chamados “zoológicos humanos” eram bastante populares na Europa e na Améri-ca do Norte ao longo do século XIX e início do século XX. Também conhecidas como “vilas de negros” ou “exposições etnológi-cas”, estas exposições ficaram marcadas como exemplos perversos do tipo de olhar que as sociedades ocidentais construíram sobre outros povos e culturas neste perío-do. A última dessas exposições ocorreu em 1958, em Bruxelas, na Bélgica, onde o que era considerada pelos expositores como uma “autêntica família de um vilarejo do Congo” foi exposta em uma jaula.

A existência desse show de horror era justi-ficada pelas mais absurdas teses. Como, por exemplo, que o negro africano seria o elo biológico entre o homem branco ociden-tal e o macaco. Eram vistos nestas exposi-ções homens, mulheres, idosos e crianças de diversas etnias como africanas, indíge-nas ou esquimós encarcerados em jaulas, como animais, ou em espaços que imitas-sem seus “ambientes naturais” (ou estado primitivo); tudo isso observado por olhos curiosos dos visitantes brancos que iam ver como essas pessoas supostamente viviam em suas sociedades.

Os zoos com humanos eram tão populares à época que diversos deles foram construí-dos ao redor do mundo, em países como Inglaterra, França e Estados Unidos. Na Alemanha, por exemplo, chegou a ser cu-nhado nestes anos um termo específico para esse tipo de show: Völkerschau. Outro argumento utilizado na defesa destas expo-sições se encontrava na intenção de enfati-zar as diferenças culturais e de evolução tecnológica entre europeus e povos não europeus, procurando, por meio destas, atestar uma suposta superioridade ociden-tal nestes aspectos de comparação.

A partir do século XX, a rejeição a tais ex-posições começou a crescer, pelas condi-ções degradantes e perversas para com a dignidade humana daqueles que eram ex-postos, o que culminou em seu gradativo desaparecimento.

observatorio3setor.org.br

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EM CIMA DA HORA - Você precisa fazer com antecedência sua mala para viajar e deixar tudo planejado para sair com mais antecedência. Disse a mãe pa-ra seu filho Marcelo.

- Mãe! Responde o filho, relaxa, você é muito ansiosa, se preocupa à toa.

- Acontece que São Paulo é imprevisível. Basta chover que o trânsito para, há muitos acidentes, manifestos, atrasos, problemas técnicos, assaltos e muita gente saindo ao mesmo tempo. Se de-pender de transporte coletivo, corre risco diariamente de se atrasar para os compromissos e, sem contar que aos domingos e feriados o número de trans-portes circulando é bem menor.

Sem dar muita atenção, ele continuou na tranquilidade e quando a mãe pensa-va que já deveria sair para rodoviária, ele foi tomar um café, ligou para a amiga, procurou o documento, verificou seus pertences e foram para o elevador. Leva-va a mochila, uma bagagem de mão, o violão e Luísa, sua mãe, para ajudar, carregava a sacola com presentes que Marcelo ganhara. Ao abrir a porta do elevador, lembrou-se do carregador do celular, voltou e não o encontrou, pois deixara na casa do amigo, pediu o da mãe emprestado para não viajar com o aparelho quase descarregado.

Parou na padaria para comprar cigarros, no mercadinho para comprar barri-nhas de cereais, na bilheteria do metrô para comprar o bilhete e seguiram pela catraca e entraram no trem. A mãe fez questão de lhe acompanhar até o de-sembarque, assim aproveitaria mais algumas horinhas com o filho.

Seguiam conversando quando Marcelo percebeu que faltava a bagagem de mão e achou que alguém havia pegado dentro do vagão, mas, Luísa, sua mãe, lembrou-se das paradas que fizera; colocou seus pertences no chão para pa-gar suas compras, com exceção da sacola que ficara com ela.

Provavelmente, você pode ter esquecido no chão de um desses lugares em que parou, devido à pressa.

- E agora mãe?

Ela pensativa, suspirou e pensou “tivesse saído com antecedência”...

Para tentar resolver, ele seguiu em frente e ela voltou para passar nos lugares em que ele esteve e verificar se alguém havia achado e guardado.

No metrô, devido ao movimento, não lhe deram muita atenção e para procurar na seção de “achados e perdidos” havia uma burocracia e demora; na padaria ninguém havia guardado nada, porém, chegando ao mercadinho, deparou-se com a bagagem na porta, parecendo esperar ansiosamente por seu dono. Luí-sa a recuperou e voltou correndo para ir de encontro ao filho.

Correndo contra o tempo, encontrou Marcelo nervoso no guichê surtando.

- O que aconteceu? Perguntou ela.

- Mãe do céu! O trem parou em uma estação porque um usuário passou mal, por cinco minutos perdi o ônibus e a pessoa que pode resolver para que eu possa embarcar em outro ônibus ainda não chegou e não há como resolver com outra pessoa.

- Não é demais perder o ônibus por conta dessas coisas? Não acredito, vou perder o dia de trabalho, perder dinheiro por isso. O que eu faço?

Ela olhou bem firme para ele e deu um sorrisinho lembrando as palavras dele e respondeu: “Filho, relaxa, você é muito ansioso, não se preocupe”.

Ele entendeu o recado e constrangido, sem ter o que fazer a não ser esperar e ficar à mercê de quem viria lhe atender, olhou para sua mãe e entendeu que ela tinha razão e nunca mais deixaria para última hora seus compromissos, pois se a tivesse ouvido, teria tido tempo para resolver tudo com tranquilidade ou, nem estaria passando por esse transtorno.

Bem, tudo se resolveu, despediram-se, e ele partiu.

Ela, do lado de fora acenando.

Ele, dentro do ônibus pensou: “Minha mãe realmente é precavida e resolve tu-do a tempo, por isso, nunca esquece nada”.

Ufa! Quanta confusão pensou Luísa e, quando se virou seguindo de volta pra casa, percebeu que segurava em suas mãos o quê?

A sacola de presentes dele que ficara o tempo todo com ela...

Genha Auga Jornalista MTB: 15.320

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 7

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FINADOS VIVOS

Genha Auga

DEIXARAM LÁGRIMAS E ALEGRIAS, EXISTIRAM EM ALGUM LUGAR.

TINHAM FORÇA E MEDO, MORRERAM MAS SÃO ETERNOS.

HUMANOS QUASE INVENCÍVEIS,

PODER NO CORAÇÃO, RAZÃO PARA LUTAR. DEFENDERAM PESSOAS, O COLETIVO,

IMBATÍVEIS OU IMPREVISÍVEIS.

VIVERAM APENAS O TEMPO DE SE TORNAREM HERÓIS E ETERNOS.

FORAM GRÃOS ENTERRADOS PARA A VIDA NOS DAR.

QUANTAS CONQUISTAS, GRAÇAS A ELES.

FINADOS QUE LUTARAM PELO POVO, NOSSAS TERRAS, SONHOS, LIBERDADE.

SOBREVIVEM ATRAVÉS DE NÓS.

MORRERAM PERFILADOS, COMO MÁRTIRES, INDEFESOS, SOLDADOS, FORTES.

TERMINARAM EM DESPEDIDAS. NO CHÃO FICARAM.

EM PROCISSÃO ELEVARAM SUAS ALMAS,

DOS CÉUS ELES NOS ESPIAM, DERAM O SANGUE PARA FICARMOS ILESOS

E LUTANDO FORAM MORTOS.

APAGADOS E LEVADOS COMO FUMAÇA, CONTINUAM ENTRE NÓS ACESOS.

ASSIM MERECEM E DEVEMOS, MANTÊ-LOS VIVOS!

25 - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres

A data tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os casos de violência e maus tratos contra as mulheres. A violência física, psicológica e o assédio sexual são alguns exemplos desses maus tratos.

De acordo com as estatísticas, uma em cada três mu-lheres sofre de violência doméstica. A violência contra a mulher é uma questão social e de saúde pública, não distingue cor, classe econômica ou social, e está presente em todo o mundo.

A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1999, reconhece o dia 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

A data surgiu em decorrência do Dia Latino-americano de Não Violência Contra a Mulher, que foi criada durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado em Bogo-tá, Colômbia.

O 25 de novembro foi escolhido em homenagem às irmãs Pátria, Maria Tereza e Minerva Maribal, que fo-ram violentamente torturadas e assassinadas nesta mesma data, em 1960, a mando do ditador da Repú-blica Dominicana Rafael Trujillo.

As irmãs dominicanas eram conhecidas por "Las Ma-riposas" e lutavam por melhores condições de vida na República Dominicana.

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 8

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Quando a vida do entregador vale menos que a pizza

Uma história real sobre o trabalho no Século XXI

“Como está o pedido? Está em bom ou mal estado para poder ser entre-gue?”.

As perguntas não foram acidentais, mas surgiram em meio a um aciden-te de trânsito real ocorrido neste fim

de semana, em Buenos Aires.

O protagonista desta história é Ernesto, um homem de 63 anos que trabalha para a empresa Glovo, um desses aplicativos de entrega a domicílio, que opera na Argentina.

Ernesto estava a uma quadra e meia do local de destino da pizza que transportava, quando um carro o atropelou. O acidente (felizmente) não chegou a colocar sua vida em risco, mas foi forte o suficiente para deixá-lo imobilizado durante o socorro médico. Mi-nutos depois, ao ser informada do acidente, a central de operações de Glovo entrou em contato com ele e fez a pergunta que era mais importante para eles naquele momento:

– Como está o pedido? Está em bom ou mal estado para poder ser entregue?

– Não sei, não posso me levantar – respondeu Ernesto

– Espere um momento, por favor. Ernesto, poderia me mandar uma foto dos produtos por favor? – perguntou novamente a pessoa da central de operações.

– Não, não posso me mover – voltou a responder o trabalhador.

– É parte do procedimento, por favor. Você teria que mandar a foto para poder cancelar o pedido – insistiu a empresa.

– Impossível me mover – retrucou o motoqueiro.

O caso se tornou conhecido em todo o país e em várias partes do mundo graças à jornalista Yanina Otero, que foi uma das pessoas que estava próxima ao local. Ela ajudou no socorro do entregador, e depois soube do problema, tirou uma foto da tela ainda suja de sangue mostrando o lamentável diálogo e publicou em suas redes sociais.

O relato de Otero foi o seguinte: “ajudei a socorrer um entregador atropelado por um carro. Enquanto eu chamava a ambulância, o homem – jogado no chão e sangrando – avisou a empresa sobre o acidente. O único que lhes importou foi o estado da pizza. Perverso é pouco”.

Horas depois, a imagem havia viralizado e a repercussão negativa fez com que a empresa Glovo se pronunciasse, reconhecendo “um erro no manejo deste caso específico, já que os protocolos de ação não foram cumpridos corretamente (...) o primeiro passo do proto-colo é confirmar o estado do entregador e entrar em contato com o serviço de saúde no menor tempo possível”.

Mas a história não termina aí, já que Ernesto, também depois da comoção nacional que seu caso gerou, deu declarações à impren-sa defendendo a empresa, afirmando que “a dúvida deles é perti-nente, porque tem muitos entregadores que inventam mentiras pa-ra afanar a mercadoria”.

O caso de Ernesto é uma crônica sobre o trabalho precarizado e desumanização das relações empregatícias neste Século XXI. Tempos de mega concentração econômica e flexibilização das leis trabalhistas, consequências desse neoliberalismo recarregado que vem se estabelecendo como guia econômico dos novos governos na América do Sul, como a Argentina de Mauricio Macri, mas tam-bém o Brasil desde Michel Temer, e mais ainda com Jair Bolsona-ro.

Há várias reflexões que se podem fazer sobre o episódio. Uma de-las é sobre se é correto condenar o trabalhador por uma declara-ção que justifica o atuar vergonhoso da empresa. Não é possível saber se a frase é resultado de um funcionário com medo de perder até mesmo esse trabalho precarizado, e ter que enfrentar o desem-prego exorbitante de uma Argentina afundada em enorme crise fi-nanceira.

Contudo, mesmo que seja o outro caso, daquele tipo de trabalha-dor que pensa que está no mesmo nível do patrão, seria também mais um exemplo da derrota da disputa cultural por parte do campo popular, que ao não saber mais dialogar com a sociedade sobre os seus valores, permite que os da elite se imponham até mesmo na cabeça dos que mais sofrem com este modelo de relação de traba-lho.

Para mudar esta situação, será preciso mais que novas lei ou no-vos governos que recuperem, no futuro, os direitos trabalhistas per-didos nestes últimos tempos. Será preciso também enfrentar a ba-talha cultural e comunicacional, aquela que os já superados gover-nos progressistas latino-americanos não tiveram coragem de en-frentar, mesmo em seus melhores momentos, e razão pela qual ti-veram como resultado a perda da hegemonia e do poder.

O fato é que casos como estes tendem a se tornar mais frequentes, também no Brasil, em um futuro onde as regras são pensadas vi-sando proteger mais as pessoas enquanto consumidoras do que enquanto trabalhadoras ou cidadãs.

Victor Farinelli

Hoje há mais escravos do que havia antes da proibição da escravidão

“Crescimento não é o mesmo que desenvolvimento, e o desenvolvi-mento não precisa necessariamente de crescimento”, defende o economista Manfred Max Neef, que também constata: “Hoje em dia, início do século XXI, chegamos ao extremo em que há mais escravos do que havia antes da proibição da escravidão no século XIX. Escravos de verdade, não em sentido figurado, dos quais 60% são crianças e os demais, principalmente, mulheres”. O artigo é pu-blicado por Religión Digital, 07-06-2016. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Continuar forçando o crescimento para consumir mais e continuar produzindo uma infinita quantidade de coisas desnecessárias, ge-rando uma das instituições mais poderosas do mundo como é a pu-blicidade (cuja função é uma e muito clara: fazer você comprar a-quilo que não precisa, com o dinheiro que não possui, para impres-sionar aqueles que não conhece), isso evidentemente não pode ser sustentável.

Cinco postulados fundamentais e um princípio de valor irrenunciá-vel que deveriam sustentar a economia ecológica ou qualquer outro

novo sistema econômico:

1. A economia existe para servir as pessoas e não as pessoas para servir a economia;

2. O desenvolvimento tem a ver com as pessoas e a vida, não com objetos;

3. Crescimento não é o mesmo que desenvolvimento, e o desen-volvimento não precisa necessariamente de crescimento;

4. Nenhuma economia é possível à margem dos serviços que pres-tam os ecossistemas;

5. A economia é um subsistema de um sistema maior e finito que é a biosfera, portanto, o crescimento permanente é impossível.

E o princípio de valor irrenunciável que deve sustentar uma nova economia é que nenhum interesse econômico, sob nenhuma cir-cunstância, pode estar acima da reverência à vida. Caso percorra estes pontos, verá que o que temos hoje – na economia neoliberal – é exatamente o contrário. Hoje em dia, início do século XXI, che-gamos ao extremo em que há mais escravos do que havia antes da proibição da escravidão no século XIX. Escravos de verdade, não em sentido figurado, dos quais 60% são crianças e os demais, prin-cipalmente, mulheres.

Manfred Max Neef

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Qual a função do anticomunismo no mundo sem comunismo?

Após a Revolução russa e particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, com a guerra fria, o anticomunismo foi uma pode-rosa força no mundo ocidental.

O macarthismo nos EUA instituiu enorme perseguição a artistas, intelectuais, estudantes, sindicalistas, etc. acusados de serem co-munistas.

Comumente, nem eram comunistas. Eram só pessoas criticando as desigualdades sociais, fazendo alguma crítica ao governo, etc.

O comunismo, de fato, foi uma força poderosa em todo o mundo ao longo do século XX. Foi a ideologia principal dos movimentos anti-imperialistas da América Latina e da África na segunda metade do século XX e das esquerdas de maneira geral, de todo o mundo.

A Revolução chinesa em 1949 na Ásia e a cubana (em menor pro-porção) em 1959 impulsionaram o comunismo em suas regiões.

No entanto, a URSS acaba em 1991, há 28 anos, portanto. A Chi-na, desde o fim dos anos 1970 vai aderindo ao capitalismo e tem hoje uma economia mista. Parte capitalista, parte estatal. Mesmo caminho adotado pelo Vietnam.

Cuba, com o fim da URSS e da ajuda econômica destes, desde os anos 1990, perde o poder de “exportar a revolução”, ainda que só simbolicamente.

O comunismo a partir dos anos 1990, se enfraquece vertiginosa-mente. A maioria dos partidos comunistas do mundo, muda de no-me, para partidos “socialistas”, social-democratas” e vão adotando políticas cada vez mais parecidas com os partidos de direita.

No caso brasileiro, parte do PCB (Partido Comunista Brasileiro), muda de nome para PPS (Partido Popular Socialista), que nunca foi socialista, e recentemente, muda o nome para Cidadania, um partido muito mais próximo da direita que da esquerda. Outra parte do PCB, menor quantitativamente, que manteve a sigla, não tem um deputado sequer (federal ou estadual).

Então, passados 28 anos do fim da URSS e fim do “perigo comu-nista”, por que do anticomunismo que vivemos hoje na era Bolso-naro?

O anticomunismo foi ressuscitado pela extrema-direita, que ascen-de no mundo nos últimos dez anos e se difunde principalmente pe-la internet, via redes sociais.

Essa extrema-direita ou até a “nova direita” chama de comunista tudo aquilo que considera ruim. Qualquer governo ditatorial é cha-mado de comunista. Qualquer intervenção do Estado na economia

é considerado comunismo. Por isso que alguns sem noção consi-deram que o Brasil sempre foi comunista.

Imagine se esse pessoal soubesse que a intervenção do Estado na economia nos países nórdicos e em boa parte da Europa ocidental é muito maior que no Brasil? Se soubessem que a carga tributária nesses países chega a ultrapassar os 45% do PIB, enquanto a nossa é 32%?

É chamado de comunista qualquer política estatal para beneficiar os pobres. O bolsa-família, política de renda mínima, defendidas por autores liberais proeminentes como Milton Friedman, são cha-mados de comunismo. Politicas de educação e saúde públicas tam-bém são chamados de comunismo. Por isso, a lista de comunistas só aumenta no Brasil para essas pessoas (rs).

Então, qual seria a função do anticomunismo num contexto históri-co sem comunismo?

Sua função é impedir qualquer crítica, qualquer limitação ao libera-lismo econômico. É impedir qualquer crítica ao sistema capitalista, mesmo o mais cruel e desenfreado. Sua função é oferecer terreno livre para a expansão do capitalismo em áreas antes com presença estatal.

Qualquer proposta para taxar grandes fortunas, ou apenas cobrar mais impostos do ricos e reduzir os dos pobres, qualquer proposta para defender a educação e saúde públicas, estão sujeitas a serem chamadas de comunismo, e associadas às piores ações dos paí-ses comunistas, amplamente difundidas entre nós pela grande mí-dia.

Por isso alguns deles têm falado em “comunismo do PT”, devido a uma maior intervenção do Estado na economia e/ou expansão de alguns serviços públicos, promovidos na “era PT”. Para eles, essas são características do comunismo.

Por isso também alguns deles dizem que nazismo é de esquerda, que é igual ao comunismo, etc. pois no nazismo o Estado era forte-mente intervencionista na economia.

Então, o anticomunismo existe porque cumpre uma função muito útil à direita como um todo, minar qualquer crítica às suas ações de privatizar todos os serviços públicos, reduzir impostos para os ri-cos, reduzir salários, aumentar a desigualdade social, etc.

Ao desqualificar as críticas ao capitalismo desenfreado, deixa o ter-reno livre para a atuação dos capitalistas a lá século XIX. Vivería-mos o paraíso das relações de trabalho livres do século XIX antes dos malditos comunistas estragarem tudo e obrigarem Estado e burguesia a conceder direitos trabalhistas e sociais.

Vitor Souza

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 9

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Nível do mar está subindo em ritmo acelerado, revela estudo do IPCC

Um relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudan-ças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre oceano e criosfera (as partes congeladas do planeta) lançou em Mônaco, no dia 25-/09, um sumário para formuladores de políticas.

De acordo com o documento, aprovado pelos 195 países membros

do IPCC, o nível do mar subiu globalmente em torno de 15 centí-metros (cm) durante todo o século 20 e, atualmente está subindo em ritmo acelerado, a uma velocidade duas vezes e meia maior – a 0,36 cm por ano. E a tendência é aumentar o ritmo.

Mesmo que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) fossem bastante reduzidas e o aquecimento global limitado a bem menos que 2 ºC dos níveis pré-industriais o nível do mar subiria entre 30 e 60 centímetros até 2100.

Se as emissões de GEE continuarem aumentando fortemente, o nível do mar pode subir entre 60 e 110 centímetros no mesmo perí-odo, de acordo com as projeções dos cientistas autores do docu-mento.

“Nas últimas décadas, a taxa de aumento do nível mar se acelerou devido ao aumento crescente do aporte de água proveniente do derretimento das geleiras, principalmente na Groenlândia e na An-tártica, e da expansão da água do mar pelo aumento da temperatu-ra marinha”, disse Valérie Masson-Delmotte, diretora de pesquisa da Comissão de Energias Alternativas e Energia Atômica da Fran-ça e copresidente do grupo de trabalho 1 do IPCC.

(Com informações de Elton Alisson/Agência Fapesp)

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 10

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Língua Portuguesa: a curiosa origem da pala-

vra Saudade

Qual é a origem da palavra saudade? E ela é exclusiva da Língua Portuguesa? Descubra mais um dos segredos do be-líssimo idioma português.

É uma das mais bonitas palavras da Língua Portuguesa e há quem defenda que é impossível de traduzir noutros idiomas. A saudade exprime um conjunto enorme de sen-timentos, muito típicos dos portugueses e dos povos que falam português, com especial destaque para os brasilei-ros. Mas afinal de contas, qual é a origem da palavra Saudade?

Há quem defenda que a nossa saudade vem do árabe saudah (como o brasileiro José António Tobias e o portu-guês António Borges de Castro) e quem entenda, como a eminente filóloga portuguesa Carolina Michaelis de Vas-concellos, que a origem da palavra está no latim.

De acordo com alguns especialistas, em árabe, as ex-pressões suad, saudá e suaidá significam sangue pisado e preto dentro do coração, além de serem metáforas de profunda tristeza.

Os árabes também designam o termo as-saudá para defi-nir uma doença do fígado, diagnosticada por aquele povo como uma espécie de melancolia do paciente (SILVA, 2009, p.898).

No entanto, a maioria dos especialistas segue a perspec-tiva de Carolina Michaelis, o mesmo acontecendo com José Pedro Machado. Podemos ler, no seu Dicionário Eti-mológico da Língua Portuguesa que a saudade vem do latim solitate, “isolamento, solidão”, através das formas soidade e suidade (séc. XIII – D. Dinis), soedade (séc. XV – Alfonso Alvares), suydades (séc. XVI – Gil Vicente), até à saudade na atualidade.

Curioso é que solitate significa, na origem, solidão. En-quanto nas outras línguas românicas esse sentido foi mantido (é o caso do castelhano soledad, do italiano soli-tudine e do francês solitude), em português e no galego (soidade), alterou-se substancialmente. Assim, quando alguém dizia “tenho saudades de casa” estaria a querer dizer “sinto solidão por não estar na minha casa”.

Um caso particular é o do romeno dor (que não tem nada com a nossa dor, que nesta língua se diz durere), termo que significa exatamente o mesmo que a nossa saudade, com todas as suas implicações e matizes.

Quanto ao caráter único da palavra saudade e da impos-sibilidade de a traduzir em qualquer outra língua, trans-crevemos um excerto da obra A Saudade Brasileira, de Osvaldo Orico (1948):

“Nenhuma palavra traduz satisfatoriamente o amálgama de sentimentos que é a saudade. Seria preciso nos ou-tros países a elaboração de um conceito que também a-malgamasse um mundo de sentimentos em apenas um termo.”

Recapitulando:

A palavra saudade vem do latim solitate. Do sentido origi-nal (solidão) evoluiu para o que conhecemos hoje: “sentimento melancólico causado pela ausência ou pelo desaparecimento de pessoas ou coisas a que se estava afectivamente muito ligado, pelo afastamento de um lugar ou de uma época, ou pela privação de experiências agra-dáveis vividas anteriormente”.

Há quem defenda, no entanto, que a palavra saudade vem do árabe saudah, que significa sangue pisado e pre-to dentro do coração e que também é usada como metá-fora para definir a melancolia.

Você entende a importância das florestas para o pla-neta e para a humanidade?

Onde você encontraria o maior centro de recre-ação do mundo e o supermercado mais natural de todos? Florestas não teriam sido sua pri-meira resposta, certo?Essa é a magia sobre as florestas. Eles guardam segredos. Por muito tempo pensávamos nas árvores como pura-

mente funcionais ou ornamentais, objetos no cenário. Eles decoram as ruas da cidade. Nos fornecem sombras para descanso e alívio do calor do sol. Nos fornecem papel e combustível, frutas e nozes. Esses benefícios são bastante óbvios.

No entanto, alguns de seus outros benefícios são quase invisíveis a olho nu. As florestas estão silenciosamente trabalhando em segundo plano, secreta-mente limpando nossa água, filtrando nosso ar e nos protegendo das mu-danças climáticas. Elas são anjos da guarda de mais de um bilhão de pes-soas, fornecendo alimentos, medicamentos e combustível para aqueles que não podem ter acesso a esses recursos. Elas abrigam mais de três quartos da biodiversidade terrestre e abrigam muitas das pessoas mais pobres do mundo.

As florestas desempenham um papel fundamental em nossas vidas. Papel que nem sequer reconhecemos. Aqui estão 6 dos seus segredos mais bem guardados:

1. Supermercados – Mais do que a ocasional maçã ou laranja que arranca-mos de uma árvore, as florestas são verdadeiros mercados de alimentos. Quase 50% das frutas que comemos vêm das árvores, sem mencionar as nozes e as especiarias que também obtemos dessas cestas básicas natu-rais.

2. Seguro de vida – Algumas comunidades dependem quase exclusiva-mente de florestas para suas fontes de alimentos. Cerca de 40% da extrema pobreza rural – cerca de 250 milhões de pessoas – vivem em áreas de flo-resta e savana. Para essas comunidades, florestas são um seguro contra a fome.

3. Energia – Cerca de um terço da população mundial usa madeira como fonte de energia para necessidades como cozinhar, ferver água e aqueci-mento. A madeira proveniente de florestas fornece cerca de 40% da energia renovável global – tanto quanto a energia solar, hidrelétrica e eólica juntas. As árvores voltam a crescer, mas precisamos dar mais ênfase ao uso sus-tentável desses recursos para proteger nossas florestas da degradação.

4. Super heroínas – Florestas e árvores podem parecer inconspícuas, co-mo Clark Kent, mas elas são como o Super-homem de várias maneiras. E-las são nossas heroínas na luta contra a mudança climática. Elas tornam nossas cidades mais sustentáveis, resfriando naturalmente o ar e removen-do poluentes. Elas protegem a nossa saúde, dando-nos lugares para nos refugiarmos e relaxarmos. Elas combatem a degradação da terra e a perda da biodiversidade, fornecendo vida vegetal e animal em seus habitats.

5. Sumidouros de carbono – Como uma força para o bem, nossos super-heróis florestais agem como sumidouros de carbono, absorvendo o equiva-lente a cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono a cada ano. Como qualquer super-herói, eles têm uma falha. O desmatamento é sua criptonita. Quando as árvores são cortadas, elas liberam esse dióxido de carbono de volta ao ar. O desmatamento é, de fato, a segunda principal cau-sa da mudança climática após a queima de combustíveis fósseis. É respon-sável por quase 20% de todas as emissões de gases de efeito estufa – mais do que todo o setor de transportes do mundo.

6. Recreação – As árvores são apaziguadoras de estresse. O turismo base-ado na natureza está crescendo três vezes mais rápido do que a indústria do turismo como um todo e agora responde por aproximadamente 20% do mercado global. Estudos até ligam espaços verdes e cobertura de árvores nas cidades a níveis reduzidos de obesidade e criminalidade. Como um e-xemplo, a taxa de obesidade de crianças que vivem em áreas com bom a-cesso a espaços verdes é menor do que naquelas que têm acesso limitado ou nenhum acesso.

As florestas têm secretamente desempenhado um papel cada vez maior no nosso dia-a-dia. Não podemos esperar ter um mundo #FomeZero sem con-tar com a ajuda dos governos, das agências e dos órgãos que as protegem e ajudam a respeitá-las.

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O Dia do Bandeirante é comemorado anualmente em 14 de Novembro, no Brasil. A data homenageia os personagens responsáveis por desbra-var e ajudar a conquistar e proteger grande parte do território brasileiro durante o período da colonização portuguesa: os bandeirantes. Bandeirantes eram chamados os exploradores que saiam do litoral em direção ao interior do Brasil, uma região até então i-nexplorada, em busca de ouro e pedras preciosas. Foram res-ponsáveis pela expansão do território nacional, mas ao mesmo tempo, um dos principais inimigos dos indígenas da época. Os bandeirantes caçavam os índios e negros e escravizavam-os durante as expedições. Foram um dos grandes protagonis-tas do sistema escravocrata no período do Brasil Colonial. As expedições organizadas por grupos particulares (senhores do engenho, fazendeiros, comerciantes) eram chamadas de Bandeiras, já os grupos de desbravadores enviados pelo governo recebiam o nome de Entradas. Origem do Dia do Bandeirante O Dia do Bandeirante é celebrado em 14 de Novembro, no en-tanto não há um registro que oficialize a data ou que explique o motivo para a sua escolha. Mas, as comemorações acontecem em todo o país, principal-mente nas escolas. Os alunos realizam atividades que lem-bram a importância que estes personagens tiveram para a construção da história do Brasil.

A Proclamação da República do Brasil foi realizada em 15 de novembro de 1889. O evento aconteceu no Rio de Janeiro, a então capital do país, por um grupo de militares liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que deu um golpe de estado no Império. Marechal Deodoro da Fonseca instituiu uma república provisó-ria e, posteriormente, se consagrou o primeiro presidente do Brasil. O Brasil era o único país independente do continente america-no governado por um imperador. A independência do país havi-a sido conquistada em 7 de setembro de 1822, através da assi-natura do decreto por Dona Leopoldina e da ação de Pedro I. Origem da Proclamação da República do Brasil Após a Guerra do Paraguai, os militares brasileiros passaram a exigir mais reconhecimento por parte do governo. A oposição ao Império também partiram da igreja, pois o Impe-rador detinha o poder de interferir na organização do clero no Brasil. O incidente da "Questão Religiosa" provocou um grande descontentamento nos bispos, padres e demais membros da Igreja Católica. Porém, o fato que potencializou o movimento republicano foi a abolição da escravatura, através da Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888. Os grandes proprietários rurais escravocratas também passa-ram a se opor ao império, pois não receberam nenhum tipo de indenização pela perda da propriedade dos seus escravos. Sem querer provocar uma guerra fratricida entre os brasileiros, Dom Pedro II aceita ser expulso do Brasil na madrugada do dia 16 de novembro. Atividades para o Dia da Proclamação da República: - Fazer desenhos temáticos; - Criar e organizar peças teatrais ou musicais; - Escrever redações sobre a democracia ou a República; - Escrever poemas ou canções sobre o assunto; - Desfilar em homenagem à Pátria; - Cantar o Hino Nacional e da Proclamação da República; - Assistir filmes que discutam temas ligados a importância da democracia; - Fazer um jogo de perguntas e respostas sobre o episódio da Proclamação da República Brasileira.

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 11

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14 - Dia do Bandeirante

15 - Proclamação da República

20 - Dia Nacional da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novem-bro em todo o país. A data ho-menageia Zumbi, um africano que nasceu livre, mas foi escra-vizado aos seis anos de idade.

Mais tarde ele voltaria para sua terra natal e seria líder do Qui-

lombo dos Palmares. Zumbi morreu em 20 de novembro de 1695.

O objetivo do Dia da Consciência Negra é fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana no Brasil. Também serve para analisarmos o impacto que tiveram no desenvolvimento da iden-tidade cultural brasileira.

A música, a política, a religião e a gastronomia entre várias outras á-reas foram profundamente influenciadas pela cultura negra. Este é um dia de comemorar e valorizar a cultura afro-brasileira.

Feriado do Dia Nacional da Consciência Negra

Confira os estados e cidades que consideram o Dia Nacional da Consciência Negra como feriado:

Alagoas - Todos os municípios, Lei Estadual Nº 5.724/95

Amazonas - Todos os municípios, Lei nº 84/2010

Amapá - Todos os municípios, Lei Estadual Nº 1169/2007

Bahia - 3 municípios

Espírito Santo - 2 municípios

Goiás - 4 municípios

Maranhão - 1 município (Pedreiras)

Minas Gerais - 11 municípios

Mato Grosso do Sul - 1 município (Corumbá)

Mato Grosso - Todos os municípios, Lei Estadual Nº 7879/2002

Paraná - 3 municípios

Rio de Janeiro - Todos os municípios, Lei Estadual Nº 4007/2002

Rio Grande do Sul - Todos os municípios - facultativo, Lei Estadual nº 8.352

São Paulo - 102 municípios

Tocantins - 1 município (Porto Nacional).

O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo projeto Lei nº 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, apenas em 2011 a presidente Dilma Roussef sancionou a Lei 12.519/2011 que cria a da-ta, sem obrigatoriedade de feriado.

No entanto, atualmente, o Dia Nacional da Consciência Negra é con-siderado feriado em mais de mil municípios.

História de Zumbi

No período do Brasil colonial, Zumbi simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os africanos. Zumbi morreu enquanto defen-dia a sua comunidade e lutava pelos direitos do seu povo.

O Quilombo dos Palmares, localizado no atual estado de Alagoas, li-derado por Zumbi, formavam a resistência ao sistema escravocrata que vigorava. Ali os negros escravizados recuperavam sua liberdade, preservavam a cultura africana na colônia e viviam do plantio e do co-mércio realizado com cidades próximas.

O assassinato de Zumbi o transformou num mito entre os africanos escravizados e sua história foi passando de geração em geração.

Zumbi lutou até a morte contra a escravidão, que só terminaria em 13 de maio de 1888, com a abolição oficial da escravatura no Brasil, cer-ca de 193 anos após sua morte.

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 12

Aos indesejáveis, nem a Lei. Não é novidade para ninguém que há uma a-celeração na eliminação dos corpos indesejá-veis no Brasil.

Não causa estranhamento também que a dis-cussão do fascismo não saia da pauta, inclusi-ve porque, fora da possibilidade de entregar às redes sociais a sua condução, haveria a necessidade de enfrentamento dos corpos es-tirados e do sangue que lava as ruas.

Da mesma forma, a utilização do encarcera-mento em massa não é algo que possa ser considerado como aleatório, se é justamente na invisibilização e segregação dos corpos que diferem da padronização eurocêntrica de identificação, aos quais se impõe massiva-mente as penas a serem executadas pelo Es-tado brasileiro, que se sustenta o descaso com o confinamento degradante e a tolerância com que se tratam as masmorras contempo-râneas.

No entanto, falar mais uma vez disso para quem tem um mínimo de noção de como ocor-rem os processos criminais no Brasil e como estão as prisões brasileiras, apesar de impor-tante, não parece suficiente.

Se há uma apatia e até uma certa tolerância, mesmo inconsciente, talvez seja importante que se indague a articulação social e jurídica que nos trouxe até aqui.

E indagar o sistema de justiça penal não pres-cinde da percepção de que a forma com que se opera o direito é apenas o reflexo do que se é possível pactuar, sem comprometer a ló-gica da dominação, em nome da contenção da violência.

Partindo da premissa estabelecida por Freud de que a civilização exige do sujeito renúncia à satisfação pulsional, renúncia esta que é também causa de um mal-estar instransponí-vel ao pacto civilizatório, não se pode conside-rar aleatório que em uma organização social submetida à lógica neoliberal se pretenda des-locar a exigência de renúncia à satisfação a apenas uma parcela da população.

Nesta perspectiva, contudo, segundo Fou-cault, não é mais do enfrentamento de duas raças exteriores uma à outra que se trata, e sim “o desdobramento de uma única e mesma raça em uma super-raça e uma sub-raça”, que se sustenta num discurso de combate a partir de uma raça considerada como a verdadeira e a única, e por isso detentora do poder e titular da norma, contra aqueles que estão fora des-sa norma. Foucault apresenta, assim, o apa-recimento do que ele denomina de um racis-mo de Estado, “um racismo que uma socieda-de vai exercer sobre ela mesma, sobre os seus próprios elementos, sobre os seus pró-prios produtos; um racismo interno, o da purifi-cação permanente, que será uma das dimen-sões fundamentais da normalização social”.

Ana Carolina Bartolamei Ramos Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Es-tado do Paraná

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Foi João! Desce a rua o moleque inspirado. Leva nas mãos uma bola e é levado pelas solas, estas em contato direto com o chão quente. João é assim mesmo. João é assim e tão assim que até a mãe já se conformou.

- Ele é assim! Vive de pé no chão. Uma hora lhe meto a mão por pintar meu sofá de preto com os pés. – a mãe dizia.

E levava todos os demais meninos para as linhas riscadas com pedra no chão. Se faz ali um Maracanã. Talvez o Pacaembu. Se faz ali final de copa e João brilha de pés descalços. Ri de quando alguém mete o pé na guia e ri mais ainda quando este al-guém chora ao ver o sangue. Porque, quando com João, ele só se certifica de haver a necessidade de ir ao hospital e, caso não, rola a bola. Segue a vida. E faz mais um. Não sobra um. João faz fila. E quando os demais meninos cansam o cansaço de uma vida mais protegida, João bate para o gol e acerta, poxa vida, a porta de um carro es-tacionado. Não tem amassado, mas o dono entende a máquina com sua vida e, por ser sua vida, a bolada bate nele também. E grita em ódio pelo amor à máquina:

- Quem acertou minha máquina?

Os meninos se escondem em cantos ou asas das mães mais protetoras. E, como combinado, respondem:

- Foi João!

Num outro dia, João ria dos meninos que também riam dele. Os meninos trocam risos e provocações da idade. Dá, recebe e ri. João fala palavrão. Todos meninos falam pa-lavrões, mas João é quem toma a dura do vizinho que não admite palavrão. Adulto gosta, na verdade, é de regular. E entende a conservação do discurso em linhas ange-licais como ato nobre. Palavrão é coisa de maloqueiro, vadio. Todos falam, mas o vizi-nho sempre só ouve o que João fala:

- João, vai falar palavrão em frente sua casa! Maloqueiro!

E os demais meninos concordam. Apesar de também falarem, concordam. João é bo-ca suja, sem jeito. João é terrível, meu Deus.

Não raro, diante dos atentados juvenis, João era punido com o afastamento dos de-mais.

Havia uma organização, um combinado na qual os meninos eram todos e sempre bons e João os desviava dos caminhos do cidadão de bem. Certa vez um enorme gru-po de meninos, entre eles, João, soltou uma bombinha e o estrondo atrapalhou o cida-dão concentrado na tv. Culpa do João. Outra vez, os meninos acharam uma boa ideia trepar na árvore centenária e, veja só, um galho quebrou. Culpa do João. João saiu na porrada com o loiro que mora na esquina. Deu, tomou e retomaram a amizade no dia seguinte.

Mas antes, a confusão foi por culpa do João.

- Eita, João! Não tem jeito!

E João seguiu o caminho. Consciente, entendia a perseguição. Percebia que nunca estava só, mas levava o peso do que era feito. João era diferente dos demais. João era o que os demais meninos adorariam ser, mas não podiam. João estudava num co-légio diferente dos que moravam em sua rua. Os meninos pagavam por educação. Jo-ão, em janeiro, ficava zanzando entediado. E fazia festa na volta dos meninos de suas viagens.

João aproveitava a infância com gosto. Não queria saber dos eletrônicos. Um tanto por não ter os eletrônicos. Ele queria mesmo é seguir sendo o que os seus amigos não podiam ser. Acho que João não foi muito acreditado, não. Por não seguir a linha do protótipo de menino bom, não faziam o menor esforço para concluir o futuro ruim virando a esquina ao encontro dele:

- Só quer jogar bola! Falar palavrão...– um vizinho.

- Não se interessa por nada!– uma vizinha.

- Ih...esse aí vai ser ladrão.– um vizinho.

Erraram!

E o tempo passou. E nas voltas do mundo, João foi ser rei. Descobriu caminhos, pos-sibilidades. Adentrou espaços nunca imaginados. Contrariou tudo aquilo que tanto in-sistiam. Um dia, já adulto, percebeu que o segredo foi manter os pés no chão. Mesmo que ainda descalços. E que a fala é mais para comunicar mesmo. Porque a beleza é outra coisa. Num papo casual, foi lembrado de como era na infância, dos comentários e riu como quando menino:

- Sim! O segredo é manter o pé no chão! E foda-se essa gente! – concluiu feliz.

Manu Campagna

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Esta data homenageia o profissional responsável em apresentar os programas e informativos radiofônicos, que entretêm os ouvintes com suas características vozes marcantes.

O Dia do Diretor de Escola, ou simplesmente Dia do Diretor, é co-memorado em 12 de novembro. Esta data celebra o profissional responsável em gerir e administrar as decisões da escola, colaborando para construir um bom ambien-te para os professores, alunos e demais colaboradores dos colé-gios. Em alguns estados brasileiros, o Dia do Diretor Escolar é comemo-rado em 18 de outubro. Em São Paulo, por exemplo, a Lei nº 10.927, de 11 de outubro de 2001, declara o dia 18 de outubro co-mo o dia oficial do Diretor de Escola no estado. Em outros estados do país, como o Paraná, Maranhão e Pernam-buco, a data é celebrada em 12 de novembro.

A data tem o objetivo de conscientizar a população sobre a impor-tância da implantação de melhores condições de ensino e aprendi-zagem no país. A alfabetização não se baseia unicamente no ato de aprender a ler e a escrever, mas também no desenvolvimento da capacidade de compreensão, interpretação e produção de conhecimento.

data tem o objetivo de promover o bem estar, o progresso e a li-berdade de todos os cidadãos, assim como fomentar a tolerância, o respeito, o diálogo e cooperação entre diferentes culturas, religiões, povos e civilizações. O Dia Internacional da Tolerância combate qualquer tipo de intole-rância e preconceito, seja ele religioso, sexual, econômico ou cultu-ral. Com a globalização, a pluralidade cultural que existe no mundo se tornou ainda mais interligada, exigindo uma maior compreensão das pessoas em respeitar os diferentes modos de viver de cada ci-dadão. Isso, no entanto, não significa que devemos aceitar as idei-as ou doutrinas de todas as sociedades, mas apenas aprender a respeitá-las e conviver com as diferenças.

A criatividade é considerada como uma aptidão para inventar ou criar coisas novas. Uma pessoa criativa é uma pessoa inovadora, que tem ideias originais. Esta característica pode se revelar em várias áreas diferentes, co-mo a música, poesia, pintura, etc. Em algumas profissões a criativi-dade é um elemento essencial, como nas agências de publicidade e design. Além disso, a criatividade também pode estar relacionadas com á-reas como a engenharia (nas suas várias vertentes). Isto porque a criatividade é uma atitude de alguém que cria soluções para resol-ver um determinado problema. A criatividade está relacionada com a capacidade de fazer pergun-tas e procurar respostas para essas perguntas, usando para isso a capacidade de imaginação. Uma pessoa criativa é uma pessoa pioneira, que tenta fazer coisas que nunca foram feitas antes. A criatividade faz o mundo avançar, o pensamento criativo do ser humano foi o motor que capacitou grandes invenções e descobertas. No Dia da Criatividade comprometa-se a ser criativo no trabalho, na escola ou em casa. Faça as coisas de modo diferente, desde as refeições ao desporto que pratique. Aponte as suas ideias. Faça um vídeo, componha uma música ou escreva um texto para parti-lhar com os amigos ou para guardar para si mesmo.

Esta data é uma homenagem a memória e bravura de um grupo de estudantes da antiga Tchecoslováquia, que lutaram corajosamente contra as tropas nazistas que invadiram o país durante a Segunda Guerra Mundial. Em 17 de novembro de 1939, a Federação Central de Estudantes Tchescolovacos foi invadida pelos nazistas. Vários dirigentes estu-dantis foram assassinados e outros levados para campos de con-centração, onde sofreram com as cruéis torturas do Holocausto.

A data pode parecer uma grande brincadeira, mas o assunto não podia ser o mais sério: falta de saneamento básico para bilhões de pessoas! O World Toilet Day, como é conhecido internacionalmente, ajuda a conscientizar as pessoas e os governos sobre a enorme quantida-de de pessoas que não possuem acesso à um vaso sanitário limpo e com sistema de saneamento adequado. O problema vai muito além do que ter que urinar ou defecar ao ar livre, pois a falta de saneamento básico de qualidade facilita a proli-feração de doenças perigosas, como malária e a diarreia, que afeta principalmente as crianças e os recém-nascidos.

Chamar atenção para os cuidados da saúde masculina é um dos objetivos principais dessa comemoração. Nesta data também se debate outros temas, como a conscientiza-ção da igualdade entre gêneros e o destaque dos papéis positivos do homem na sociedade.

A data serve para conscientizar a população mundial sobre os cui-dados de prevenção da 2ª doença que mais mata pessoas em todo o mundo: o câncer, também conhecido por neoplasia. As causas para o surgimento do câncer podem ser as mais varia-das possíveis, desde motivos externos - como o ambiente, costume ou hábitos que o indivíduo possui - até fatores internos, como ca-racterísticas geneticamente predeterminadas. No Brasil, também é considerada a segunda doença que mais ma-ta, em especial o câncer de pele. O principal objetivo do Dia Mundi-al do Combate ao Câncer é informar as pessoas sobre a importân-cia de consultar sempre médicos e estar atento à saúde, para evitar o crescimento dessa doença.

A data, além de homenagear as pessoas que reservam um tempi-nho do seu dia para doar sangue, também serve para informar e conscientizar a população sobre a importância de ser um doador de sangue. No Dia Nacional do Doador de Sangue, os Bancos de Sangue de todo o país realizam atividades lúdicas e mutirões de coleta em es-colas, hospitais, shoppings, praças e demais espaços de acesso público.

O principal objetivo desta data é alertar a população brasileira so-bre os diferentes tipos de tratamentos e, principalmente, como evi-tar esta doença, considerada a segunda que mais mata no Brasil e no mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, aproximadamente 30% das mortes provocadas pelo câncer poderiam ter sido evitadas, caso o paciente tivesse feito o diagnós-tico prematuramente, ou com ações preventivas para garantir hábi-tos de vida mais saudáveis.

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 13

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+ ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS

07 - Dia do Radialista

12 - Dia do Diretor de Escola

14 - Dia Nacional da Alfabetização

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19 - Dia Mundial do Vaso Sanitário

17 - Dia Internacional dos Estudantes

16 - Dia Internacional da Tolerância

19 - Dia Internacional do Homem

17 - Dia da Criatividade

23 - Dia Nacional Combate Câncer Infanto-Juvenil

25 - Dia do Doador Voluntário de Sangue

27 - Dia Nacional de Combate ao Câncer

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O Porto Maravilha é negro Construído na região que abrigou o maior porto negreiro das Améri-cas, projeto da prefeitura “lembra pra esquecer” essa herança; de-baixo da atração turística há milhares de ossos de escravos trafica-dos, dizem especialistas.

O Porto Maravilha esconde saberes fundamentais à costura do passado do Rio de Janeiro. Para juntar os pedaços de tecido na-quela área, é necessário, primeiramente, saber onde se pisa. Em 1° de março de 2011, as obras do projeto de renovação do território portuário deixaram de ser somente um conceito moderno, que olha para o futuro. Naquele dia, por força de lei, uma equipe do Museu Nacional acompanhava as intervenções de drenagem no subsolo por escavadeiras das empreiteiras que constroem o arrojado em-preendimento. Os arqueólogos já sabiam o que estava por vir à su-perfície da rua Barão de Tefé: o Cais do Valongo, onde centenas de milhares de escravos aportaram a partir do século 18, sobre o calçamento de pé de moleque – técnica construtiva do Brasil Colô-nia, com pedras arredondadas de rios acomodadas sobre a terra batida. Os seixos irregulares estavam sob outra camada, mais à moda do Brasil Império, com conjuntos de blocos de granitos empi-lhados para receber, em 1843, a imperatriz Teresa Cristina, então futura esposa de dom Pedro II. Por cima desse revestimento, havia ainda o aterro planejado pelo prefeito Pereira Passos no início do século 20, que pôs um fim à memória do passado imperial. E es-condeu também o originário holocausto brasileiro.

O Cais do Valongo foi o maior porto negreiro das Américas e, se-gundo o historiador Manolo Florentino, esteve em atividade nas últi-mas décadas do século 18 até final de 1830, ocupando uma área entre os bairros da Gamboa, da Saúde e do Santo Cristo. Nele de-sembarcaram mais de 700 mil escravos, vindos, sobretudo, do Congo e de Angola – pode-se dizer que o Valongo foi o ponto de convergência de 7% de todos os cerca de 10,7 milhões de escra-vos traficados às terras do Novo Mundo. Pelo menos mais 700 mil foram traficados para outros pontos do litoral do estado do Rio de Janeiro.

A capital, naquela época, era umas das cidades mais negras do mundo colonial. E o trecho mais agitado por essa migração compul-sória era a rua do Valongo, atualmente rua Camerino. Sobre ela, como mencionado no livro 1808, do jornalista Laurentino Gomes, a viajante inglesa Maria Graham, amiga da imperatriz Leopoldina, es-creveu em seu diário: “Vi hoje o Valongo. É o mercado de escravos

do Rio. Quase todas as casas desta longuíssima rua são um depó-sito de escravos. Passando pelas suas portas à noite, vi na maior parte delas bancos colocados rente às paredes, nos quais filas de jovens criaturas estavam sentadas, com as cabeças raspadas, os corpos macilentos, tendo na pele sinais de sarna recente. Em al-guns lugares, as pobres criaturas jazem sobre tapetes, evidente-mente muito fracos para sentarem-se”.

Até as escavações, realizadas em 2011, o Cais do Valongo estava literalmente soterrado na memória dos cariocas. Por isso, a repor-tagem da Pública tentou averiguar como a cidade está lidando, cin-co anos depois, com seu passado em meio ao processo de revitali-zação do porto, fundado num tempo em que pessoas se achavam superiores a outras a ponto de escravizá-las.

Para o pesquisador Rogério Jordão, cuja tese de doutorado discor-reu sobre o próprio Cais do Valongo, a prefeitura se comporta de maneira paradoxal ao cuidar da memória da sofrida e pulsante Pe-quena África, como o artista e compositor Heitor dos Prazeres cha-mou aquela área no início do século 20. “É como se a prefeitura praticasse uma estranha dinâmica de lembrar esquecendo-se”, diz Jordão. Para ilustrar sua provocação, o pesquisador aponta para o Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã – este construído com investimento de R$ 215 milhões – ambos administrados pela Fun-dação Roberto Marinho e considerados símbolos do Projeto Porto Maravilha. “Estes dois museus começaram a ser construídos no mesmo período [da redescoberta do Cais do Valongo] e já estão em pleno funcionamento, enquanto os milhares de objetos de ma-triz africana encontrados nas obras [de escavação] ainda não estão disponíveis ao público”. São peças de barro, seguis [uma espécie de conta], monjolos, búzios, louças quebradas, ocutá [pedra que atrai o Orixá], como descreve Jordão em sua tese.

A prefeitura chegou a anunciar um projeto cujo nome seria Labora-tório Aberto de Arqueologia, a ser inaugurado até o fim de 2015, bem antes da Olimpíada… A ideia era que o público acompanhas-se in loco o processo de recuperação das peças. Mas até agora o projeto não saiu do papel.

Hoje o destino desses achados arqueológicos é conhecido por pou-cos. Eles estão no Galpão da Gamboa, no sopé do morro da Provi-dência e bem próximo à Cidade do Samba, no centro. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, os objetos já foram todos ca-talogados e estão embalados em contêineres.

Rogério Daflon

Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 14

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20 - Dia Nacional da Consciência Negra

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Novembro de 2019 Gazeta Valeparaibana Página 15

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Breve visão da Institucionalização da Lusofonia

Coração da lusofonia, a (nossa) Língua Portuguesa é a expressão máxima da identidade de Luís Camões, José Saramago, João Ca-bral de Melo Neto, Mário Quintana, Mia Couto, José Eduardo Agua-lusa, dentre outros 280 milhões de falantes espalhados em quatro continentes, sendo reconhecida pelo Observatório da Língua Portu-guesa como a quarta língua materna mais falada no mundo.

Difundida em um espaço descontínuo, pluricontinental e multicultu-ral, facilitada pelas vantagens da atual globalização, a lusofonia é movida por laços históricos e culturais – ainda que o peso linguísti-co nos diferentes países não seja uniforme, a diáspora lusófona a-tinge, cerca de, 5 milhões de pessoas.

Contudo, a impertinente comparação imposta à lusofonia (frente à Francophonie e à Commnwealth) só corrobora a ideia que defendo a respeito de que as ligações imateriais tornaram-se limitadoras da própria lusofonia.

Posto que os membros de direi-to pleno da CPLP dispõem de heterogeneidades em diversos campos, especialmente no cam-po político-econômico, a ideia de uma compatibilização de in-teresses governamentais lusófo-nos vem de longe, apesar das dificuldades. As primeiras tratati-vas entre Portugal e Brasil, por

exemplo, são datadas de 1902, cuja proposta era estabelecer um bloco cultural e militar − à época, uma Federação Luso-Brasileira. Anos depois, em 1909, a Sociedade de Geografia de Lisboa pro-moveu o advento da Confederação Luso-Brasileira, prejudicada pe-la implantação da República em Portugal.

Somente na década de 1960, por meio do Instituto de Estudos Bra-sileiros e do Centro de Estudos Afro-Asiáticos, é que a questão vol-tou aos círculos intelectuais, a cargo especialmente de Agostinho da Silva, José Aparecido de Oliveira, Jorge Amado e Eduardo Por-tela.

Após novo hiato, as negociações foram retomadas em 1983. Em visita oficial à Cabo Verde, o, então, Ministro dos Negócios Estran-geiros de Portugal, Jaime José de Matos da Gama, articulou os pri-meiros passos para uma aproximação lusófona. Para Gama, tal a-proximação entre os países de língua portuguesa somente se tor-naria consistente e descentralizada se: (i) conferências rotativas bienais de Chefes de Estado e de Governo e de Ministros de Negó-cios Estrangeiros fossem agendadas; (ii) fosse constituído um gru-po de língua portuguesa no seio da comunidade.

Favorecido por uma conjuntura política mundial personificada pelo fim da Guerra Fria, o projeto oficial da constituição da CPLP foi a-presentado, enfim, pelo Embaixador José Aparecido de Oliveira aos Ministros dos Negócios Estrangeiros – equivalente ao Ministro das Relações Exteriores, no Brasil − durante Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1993.

Precedida por encontros em Brasília, 1994, Lisboa, 1995, e em Ma-puto, 1996, foi realizada em 17 de Julho de 1996, na capital portu-guesa, a I Conferência de Chefes de Estado e de Governo, marco da criação da CPLP, organização multilateral que congregara à é-poca os governos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Atualmente, Timor-Leste e Guiné Equatorial também fazem parte do grupo, sendo in-tegrados em 2002 e 2014, respectivamente.

São objetivos gerais da CPLP: (i) a concertação político-diplomática; (ii) a cooperação multidomínios; e (iii) a difusão da lín-gua portuguesa. Esta última, representada pelo Instituto Internacio-nal da Língua Portuguesa (IILP), proposta visionária de Gama.

A CPLP assume-se, portanto, como um projeto político multissetori-al, cuja base é a lusofonia, vista em essência como patrimônio cul-tural. Salienta-se, acima de tudo, que a organização intergoverna-mental tem como diretriz o respeito à integridade territorial e a não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado, bem como o di-reito à soberania nos campos político, econômico e social.

Para atender a esta demanda, os recursos financeiros – para mui-tos, escassos − são provenientes fundamentalmente da contribui-ção obrigatória dos governos dos Estados-membros, assim como de um Fundo Especial, oriundo de contribuições voluntárias, públi-cas ou privadas, que tem como finalidade apoiar projetos que pro-movam os objetivos da CPLP, em especial: (i) difundir a Língua Portuguesa; (b) promover intercâmbio cultural entre os pares; (c) protagonizar diferentes formas de cooperação por via da concerta-ção político-diplomática, com assertiva atuação nas organizações internacionais.

Desde então, o contorno geopolítico da CPLP, notabilizado pela centralidade da lusofonia, tem ingressado em diversas comunida-des políticas e/ou econômicas regionais. Ademais, o potencial de articulação da língua tem despertado de maneira substanciosa o interesse de países que não possuem o português como língua ofi-cial, haja vista os Observadores Associados.

De maneira que a cooperação internacional possui, além da con-certação interna, tem a missão de desenvolver a cooperação eco-nômico-empresarial ao propiciar um valor econômico para a língua portuguesa.

Em outro viés, a lusofonia pode representar, na realidade, um repú-dio ao antigo colonialismo lusitano, uma vez que a economia deve assumir a capacidade de projetar, concomitantemente, um futuro e uma nova identidade espacial ao espaço lusófono.

Nesse sentido, para além de uma vinculação estritamente linguísti-ca, vislumbro uma lusofonia pragmática, isto é, a lusofonia como um fenômeno, sobretudo, cooperativo entre os Estados-membros da CPLP. Retrato disso são os inúmeros acordos já firmados entre os quadros político-diplomáticos dos pares lusófonos e, mais recen-temente, entre estes e os Observadores Associados.

Neste cenário, lamento apenas que o Brasil, por ocupar uma posi-ção diferenciada no contexto internacional, ao mesmo tempo em que desfruta de um vasto comércio interno em função de suas di-mensões territoriais e estágio de desenvolvimento econômico, não valoriza a CPLP como esta deveria. Em concordância ao Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de Campi-nas, Shiguenoli Miyamoto, a política exterior do Brasil em referên-cia à CPLP é, sobretudo, retórica, pois os benefícios aparentemen-te são pequenos, dado à pujança nacional em comparação aos de-mais.

Assim sendo, concebo que a CPLP dará um largo passo para atin-gir um novo patamar no cenário internacional caso consiga conven-cer ao Brasil que isto é possível.

Marcelo Goulart

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional formada por países lusófonos,[2] cujo objetivo é o "aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros". De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a população de seus países membros soma aproximadamente 270 mi-lhões de pessoas. A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. No ano de 2002, após conquistar independência, Timor-Leste foi acolhido como país integrante. Em 2014, Guiné Equatorial tornou-se o nono membro da organização.

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Combate à corrupção não pode virar discurso contra os direitos fundamentais

Não se trata de uma questão política — direita ou esquerda —, mas, sim, de regimes totalitários. O aventado discurso de combate à corrupção já foi usa-do — e continua sendo — por governos de diversos conteúdos ideológicos, a ponto de atingir o indesejável: lutar contra a corrupção de qualquer forma, mesmo que se promova um leque de lesões a direitos individuais. Elege-se, numa proporcionalidade contestável, que o bem maior é o combate à corrup-ção, constituindo o bem menor os demais direitos e garantias humanas fun-damentais.

Eis a falácia. Eis o sofisma. Mas esse discurso encanta radicais de esquerda e direita, jamais chegando a um ponto final seguro e promissor, tendo em vista que, no percurso, são destruídos incontáveis direitos essenciais ao ser humano.

Valendo-se de lições básicas de criminologia, acolhendo-se o ensinamento atual da maioria dos autores dessa área, chega-se à conclusão de que a cri-minalidade é tão normal quanto a sociedade; são os criminosos tão normais quanto qualquer cidadão reputado honesto. O fato de merecer reprimenda não alterna essa normalidade. Assim sendo, tanto quanto qualquer outro de-lito, a corrupção faz parte das relações sociais, desde que se começou a computar as espécies delitivas. O corrupto não é um anormal, tanto quanto o furtador e o roubador também não são. São todos seres humanos normais, que, por razões variadas, seguiram a trilha da criminalidade.

Ora, se não se advoga a tese de que, para punir um furto sejam lesadas as garantias humanas fundamentais, inexiste razão para fazer o mesmo no to-cante à corrupção e infrações correlatas, como lavagem de dinheiro e sone-gação. No entanto, o discurso político se torna muito mais atrativo quando se aponta para o combate à corrupção — um crime do colarinho branco — do que quando se pretende a luta contra os delitos patrimoniais. Possivelmente, isso decorre do fato de que a corrupção espelha a atividade criminosa, como regra, de agentes de maior condição econômico-financeira. Seria uma puni-ção à elite, enquanto o furto e o roubo ligam-se à classe economicamente menos favorecida.

Sob o ponto de vista da dignidade da pessoa humana, princípio regente das ciências criminais, não importa quem seja o agente criminoso, pois todos têm direito a ter preservadas as salvaguardas previstas no artigo 5º da Constituição Federal.

Noutros termos, não vale tudo para punir corruptos. A partir disso, não se pode tolerar nenhum ferimento a direito individual, sob qualquer pretexto. Provas ilicitamente conseguidas devem ser expurgadas para a condenação de alguém. Para a absolvição, no entanto, pode-se aceitá-las, pois o que es-tá em jogo é a liberdade individual, valor muito acima, axiologicamente, do que o bem jurídico tutelado pelo crime, embora se possa punir o autor da ili-citude.

Assim sendo, grampos ilegais são imprestáveis para punir quem quer que seja. Mas também é preciso rejeitar o juiz parcial e antinatural, que se filia à acusação, quando em detrimento à defesa, com o fim de condenar um acu-sado. A malversação no trato das garantias fundamentais contesta a idonei-dade do Estado Democrático de Direito e fomenta mais deslizes.

Visualizando-se experiências históricas de totalitarismo de direita e de es-querda, o discurso, nesse campo, parece idêntico: combater a corrupção sob qualquer pretexto. Mas errados estão ambos os lados.

Há que se fugir desse cenário triste. Nenhum crime, seja qual for, deve ser combatido por meio de flagrante lesão a direito ou garantia humana funda-mental. É exatamente isso que sustenta a dignidade da pessoa humana, ali-cerce do Estado Democrático de Direito.

Guilherme de Souza Nucci

Desembargador na Seção Criminal do TJ-SP, professor da PUC-SP e livre-docente em Direito Penal, doutor e mestre em Direito Processual Penal pela mesma instituição.

Novembro de 2019 ÚLTIMA PÁGINA

Hiroxima e o eixo do mal Quem é o Eixo do Mal?

Quem deveria ser proibido de ter armas nucleares?

Quem é o país dirigido por psicóticos ditadores capazes de jogar uma bomba atômica sobre uma cidade e matar instantaneamente centenas de milhares de pessoas, ani-mais, plantas, biomas inteiros e outras tantas pelos efei-tos retardados de uma bomba atômica?

Irã? Coréia do Norte? Venezuela? União Soviética?

NÃO!

Apenas um país no mundo - à época por ordem de Harry Truman - ousou dizimar populações inteiras de civis por interesses militares usando uma bomba atômica. Deu o nome de "menininho" a ela, deu o nome da mãe de um dos envolvidos ao bombardeiro. Matar centenas de mi-lhares foi tratado como brincadeira de criança pelos Esta-dos Unidos da América!

Se os critérios da ONU e de outros organismos interna-cionais fossem o humanismo, a dignidade, a defesa da vida e a busca pela Paz para definir tratados de desar-mamento, sanções comerciais, multas, exigência de polí-ticas de reparação teriam que ser TODAS contra aquele país sem nome próprio. Mas esses organismos são con-trolados pelo país que mais desrespeita a vida no planeta e por isso países que jamais agrediram ninguém como Cuba ou o Vietnam sofrem sanções e os EUA que já jo-gou bombas atômicas, armas químicas e biológicas, já invadiu e saqueou, já matou indiscriminadamente, que não respeita nenhuma das leis de guerra, cujas forças armadas estupram mulheres e crianças, matam civis ex-plodindo escolas, usam de tortura, interferem financiando grupos extremistas racistas e religiosos e produzindo gol-pes e criando ditaduras, nunca sofreu sanções e se acha no direito de impô-las a quem quer que seja. Tudo em nome de manter seu domínio imperialista contra a auto-determinação de povos, as culturas, as democracias e a paz. #YankeesGoHome

Ficamos com Vinícius de Moraes para com poesia lem-brar dessa tragédia da humanidade promovida pelos EU-A que completou 74 anos sem reparação e sem punição aos genocidas.

Rosa de Hiroshima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada

Elenira Vilela