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Análise da Substituição de Tubos Metálicos a Base de Chumbo por Tubos Sintéticos no Setor da Construção Civil em Vitória da Conquista BA Samella Gomes Pereira 1 Ana Carla Borges dos Santos 2 Sara Carvalho Oliveira 3 Orley Magalhães de Oliveira 4 Francisco Rolando Valenzuela-Diaz 5 Maria das Graças Valenzuela-Diaz 6 Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Bahia, campus Vitória da Conquista. 1-4 Universidade de São Paulo 5 Universidade Federal do ABC 6 Rua Pedro Álvares Cabral, N.º55, bairro Ibirapuera, Vitória da Conquista/BA, CEP: 45075-140. Telefone (77) 988529689, e-mail: [email protected]. RESUMO O chumbo é um metal pesado muito utilizado em diversos setores da indústria. Sua elevada ductilidade e maleabilidade favorecem o uso em forma de chapas pela facilidade de trabalho. A flexibilidade permite sua utilização na forma de tubo, porém o chumbo é um material de grande potencial de toxidez, o que resultou na acumulativa pressão ambiental pela substituição do chumbo por materiais de mesma espécie ou qualidade. O uso de materiais sintéticos confere mais resistência, melhor trabalhabilidade, além de serem 22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil 10176

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Análise da Substituição de Tubos Metálicos a Base de Chumbo por Tubos

Sintéticos no Setor da Construção Civil em Vitória da Conquista – BA

Samella Gomes Pereira1

Ana Carla Borges dos Santos2

Sara Carvalho Oliveira3

Orley Magalhães de Oliveira4

Francisco Rolando Valenzuela-Diaz5

Maria das Graças Valenzuela-Diaz6

Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Bahia, campus Vitória da

Conquista. 1-4

Universidade de São Paulo5

Universidade Federal do ABC6

Rua Pedro Álvares Cabral, N.º55, bairro Ibirapuera, Vitória da Conquista/BA,

CEP: 45075-140. Telefone (77) 988529689, e-mail: [email protected].

RESUMO

O chumbo é um metal pesado muito utilizado em diversos setores da

indústria. Sua elevada ductilidade e maleabilidade favorecem o uso em forma

de chapas pela facilidade de trabalho. A flexibilidade permite sua utilização na

forma de tubo, porém o chumbo é um material de grande potencial de toxidez,

o que resultou na acumulativa pressão ambiental pela substituição do chumbo

por materiais de mesma espécie ou qualidade. O uso de materiais sintéticos

confere mais resistência, melhor trabalhabilidade, além de serem

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ambientalmente corretos, o que permite uma larga vantagem sobre os tubos de

chumbo. O presente artigo tem como objetivo principal analisar o crescente uso

de tubos sintéticos em detrimento de tubulações metálicas a base de chumbo,

coletando dados de projetos civis de obras da cidade de Vitória da Conquista,

Bahia. Este estudo apresenta uma descrição detalhada de uma pesquisa de

campo feita nesta cidade para averiguar a percepção dos engenheiros civis e

responsáveis técnicos de obras sobre a importância da sustentabilidade na

construção civil e correlacionar com a demanda pela sustentabilidade do

mercado atual, visando a utilização de materiais que não degradam a natureza

e saúde pública. Foi feita uma pesquisa qualitativa e quantitativa, pelo qual foi

aplicado um questionário aos participantes do rol de pesquisa, sendo estes

engenheiros e responsáveis técnicos de grandes obras da cidade, coletando

dados e transformando-os em tabelas e gráficos que definem a

empregabilidade de tubos sintéticos em Vitória da Conquista, que se encontra

na região do sudoeste da Bahia, uma vez que este local está em crescente

crescimento do setor da construção civil. Além disso, a proposta do trabalho

também serve para dissertar acerca da possibilidade de uma cidade de médio

porte se adequar ao apelo ambiental e se tal ideia pode ser aplicada a outras

cidades em desenvolvimento.

Palavras-chave:

Tubos de chumbo, construção civil, sustentabilidade.

ABSTRACT

The lead is a heavy metal widely used in various sectors of industry. Their high

ductility and malleability favor the use of shaped plates for work facility. The flexibility

allows its use in the form of tube, but the lead is a great potential for toxicity material,

resulting in a cumulative environmental pressure for the substitution of lead by the

same type or quality materials. The use of synthetic material gives more resistance,

better workability, besides being environmentally conscious, which permits a large

advantage on the lead pipe. This article has as main objective to analyze the

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increasing use of synthetic pipes over metal pipes lead-based, collecting civil project

data from Vitória da Conquista (BA) city works. This study presents a detailed

description of a field research done in the city to ascertain the perception of civil

engineers and technicians in charge of works on the importance of sustainability in

construction and correlate with the demand for the sustainability of the current market,

targeting the use of materials that do not degrade the nature and public health. A

qualitative and quantitative survey was conducted, in which a questionnaire was

administered to participants in the survey list, which are engineers and technicians

responsible for great works of the city, collecting data and turning them into charts and

graphs that define the employability of synthetic tubes in Vitoria da Conquista, located

in the southwestern region of Bahia, once this location is on increasing growth in the

construction sector. In addition, the proposed work also serves to lecture about the

possibility of a medium sized city to suit environmental appeal and such an idea can be

applied to other developing cities.

key words:

Lead pipes, construction, sustainability.

1. INTRODUÇÃO

O uso do metal chumbo na construção civil remonta desde a

Antiguidade. Características como a maleabilidade, ductilidade e vastas

possibilidades de ligas permitiram seu uso em tubulações durante largo

período. Entretanto a elevada toxidade do chumbo pôs em xeque este uso,

destacados os prejuízos para saúde pública e a contaminação ambiental.

A preocupação em substituí-lo na indústria de construção civil encerra

em si a preocupação socioambiental e caráter econômico. Materiais sintéticos,

tais como resinas e polímeros desenvolvem-se como potenciais substitutos,

devido a sua maior resistência, trabalhabilidade e adequação ao apelo

ambiental.

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A análise desta substituição em obras de engenharia numa cidade de

médio porte como Vitória da Conquista, permite inferir a adequação a

tendência mundial e o peso dos valores econômicos, sociais e ambientais

nesta transição.

1. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é analisar a percepção dos engenheiros civis

e/ou responsáveis técnicos de grandes obras de construção civil da cidade de

Vitória da Conquista, Bahia – o shopping Boulevard, obras da construtora

Araújo, entre outros – sobre a opinião deles a respeito do crescente uso de

tubos sintéticos em detrimento de tubulações metálicas a base de chumbo na

construção civil.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste artigo, utilizamos um pré questionário simples com perguntas

abertas e aplicamos a três engenheiros civis que trabalham em obras na

cidade de Vitória da Conquista, Bahia. O pré questionário foi baseado em 5

perguntas logo abaixo.

Pré questionário

1. Qual o grau de importância você daria para o conhecimento sobre a

toxicidade do chumbo em tubulações metálicas?

2. O que você pensa sobre sustentabilidade na construção civil?

3. A obra que você trabalha atualmente possui alguma tubulação

metálica a base de chumbo?

4. Você já trabalhou em alguma obra em que foi possível adotar

medidas sustentáveis em relação os tipos de materiais utilizados na

sua construção?

5. Dê sua opinião sobre os tubos de PVC.

Através desse pré questionário, fizemos um outro questionário, com

perguntas fechadas e aplicamos a um número maior no rol de pesquisa, isto é,

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a cinco engenheiros civis. Desta vez, podemos analisar com mais exatidão os

dados coletados pelo questionário, transformando-os em gráfico e tabela. O

questionário de perguntas fechadas se encontra logo abaixo.

Questionário

Atribua notas de 0 a 4 de acordo com suas aptidões, sendo 4 a que

você mais se identifique e 0 a que menos se identifique e marque

com um x.

(Para cada pergunta, havia esse quadro abaixo.)

0 1 2 3 4

1. Você se considera engajado com as questões sobre

sustentabilidade?

2. As obras em que trabalhou ou trabalha atualmente utiliza medidas

sustentáveis?

3. O chumbo é um metal tóxico. Ele é utilizado como forro em algumas

tubulações. Você considera necessária a utilização deste tipo de

material na obra em que trabalha?

4. Você mudaria a tubulação empregada para um tipo de tubulação

mais cara apenas pelo fato dela ser ambientalmente correta?

5. Pesquisas apontam que a indústria da construção civil é atualmente

a que mais adota medidas sustentáveis no Brasil. Você considera

que a obra em que trabalha está inserida dentro dessas pesquisas?

6. Você acredita que as cidades de porte médio podem se adequar ao

apelo ambiental em suas obras civis?

7. Antigamente, se usava com mais frequência tubulações a base de

chumbo em encanações de telefonia, indústrias, etc. Atualmente,

você considera que esse tipo de material pode ser substituído?

8. Você possui algum conhecimento sobre a toxicidade de tubulações

de chumbo?

9. Você acha esse tema relevante para sua atuação como engenheiro

civil?

10. O uso de tubulações de chumbo é frequente em seus projetos?

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Através do questionário final, analisamos os resultados de engenheiros

civis sobre o tema, contudo, não divulgaremos seus nomes por princípios de

sigilo de opinião. Com esses resultados, foi escolhido quatro perguntas de

maior relevância para o tema e foi dada uma pontuação de 0 a 4 para cada

pergunta. O gráfico foi montado com as médias aritméticas das perguntas 6, 7,

8 e 10.Abaixo está a equação (A) da média aritmética que foi utilizada.

𝑥 =𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 + 𝑥5

5

(A)

Para cada uma das quatro perguntas selecionadas, foi somada a

pontuação e dividida por cinco, uma vez que foram cinco pesquisados. Desta

forma, foram calculadas quatro médias aritméticas e colocadas no gráfico.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O elemento químico Chumbo é um metal do grupo do carbono. De

número atômico 82 e símbolo químico Pb, derivado do latim plumbum, o metal

cinzento azulado é dúctil, maleável, trabalhável a frio, razoável condutor de

calor e eletricidade, coeficiente de expansão térmica linear de 29x10-6/1°C,

peso específico 11,37, peso atômico 207,2, baixo ponto de fusão (327°C),

ponto de ebulição a 1.717°C emitindo em temperaturas ainda inferiores

vapores tóxicos (1).

A importância comercial do chumbo e sua utilização pela indústria, deve-

se a seu caráter metálico maleável, baixo ponto de fusão, alta densidade, alta

resistência a corrosão, alta opacidade ao Raio X e Gama, reação

eletroquímica com o ácido sulfúrico e estabilidade química em variados meios.

A ampla variedade de ligas metálicas expande ainda mais sua possibilidade de

uso: 40% é usado com metal, 35% em compostos químicos e 25% em ligas (2).

A resistência à corrosão, a flexibilidade e a maleabilidade justificam o

uso do chumbo metálico na forma de lâminas ou tubos na indústria química e

de construção (3). Os seus sais encontram uso na fabricação de tintas e

pigmentos que tardiamente recebeu uma legislação especial no Brasil: em

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2008 foi publicada a lei n° 11.769 que estabelece um limite máximo de 0,06%

em peso de chumbo em tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, vernizes e

materiais similares de revestimento de superfícies, fabricadas, comercializadas

e distribuídas no país (4). Na construção civil o chumbo também encontra

importante uso na produção de sistemas acústicos em prédios e edificações

especiais, bloqueio da difusão de raios-X em centros médico-hospitalares e

adequação de sistemas de contenção de radiação em usinas nucleares (1).

Segundo um relatório do Ministério de Minas (2009), a partir da década

de 60 do século XX a produção de baterias assumiu a liderança no consumo

mundial de chumbo, passando a representar 75% do consumo mundial. A

construção civil assume a segunda maior demanda, sendo verificado na

Inglaterra o maior consumo, com o uso na impermeabilização de casas e

edifícios (1).

O uso de chumbo nas construções esteve presente desde a antiguidade

e muitos desses usos perduraram por séculos, ou ainda subsistem. Um

exemplo disso é que mundialmente é documentada a presença de

encanamentos de chumbo e o uso de soldas e peças a base desse metal nas

redes de abastecimento público e em residências, especialmente as

construídas até a década de 70 (4).

Os avanços científicos quanto à elevada toxidez do chumbo levaram ao

descrédito quanto ao seu uso. Na obra histórica Águas Potáveis e

Encanamentos de chumbo (1877), o engenheiro Solto já aponta a hostilidade

ao material na rede de água como antiga, descrevendo os esforços europeus

para bani-lo e o acate do Brasil a questão, tal como os outros países,

considerando-a questão de saúde pública (5).

Seus efeitos degradantes à saúde podem resultar tanto do contato direto

no processo produtivo como indiretamente através do contato por elementos

construtivos que o tem na sua constituição tal como instalações hidráulica e

tintas. Os efeitos biológicos da contaminação independem da rota de entrada

(inalação ou ingestão) já que o elemento se acumula no organismo acarretando

a reversibilidade das mudanças químicas e funcionais induzidas (6). Superada

a capacidade de eliminação do corpo, os problemas se agravam de anemia,

dores de cabeça e constipação a dano cerebral ou até a morte, faces da

doença da intoxicação plúmbea Saturnismo (3).

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O efeito significativo na saúde pública e também no meio ambiente, para

Pantaroto (2006) justifica a atenção dada a cadeia produtiva do chumbo e dos

artefatos que contém este elemento (6). O desuso do chumbo tornou-se então

progressivo, e embora atualmente não tenham sido registradas novas

aplicações para o chumbo em serviços e produtos, sua concepção como “metal

decadente” é incongruente conforme o Ministério de Minas e Energia (2009)

apontando o crescimento mundial do consumo de chumbo a uma taxa superior

à da economia global como resultado da abundante utilização pelo setor de

acumuladores de energia (1). Segundo a pesquisa realizada, dos setores que

melhor de se adequaram a tendência de substituição deste metal, destaca-se o

da construção civil (1):

“O setor de construção civil talvez seja o que mais rapidamente tem substituído o metal: tubulações metálicas a base de chumbo tem sido progressivamente substituídas por produtos sintéticos (resinas e polímeros) que são mais resistentes e possui melhor trabalhabilidade, tendo a vantagem serem ecologicamente corretos.” (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2009, p 16)

O apelo ecológico da substituição dos tubos de chumbos caracteriza a

ênfase do setor construtivo na sustentabilidade de obra:

“Uma das formas de se contribuir com o desenvolvimento sustentável do setor é com as escolhas e usos conscientes dos materiais de construção. Sua contribuição é justificada uma vez que representam os principais elementos da edificação que ditam seus impactos ao meio ambiente durante todo seu ciclo de vida.” (OLIVEIRA, 2015, p 2)

Deve-se destacar que não somente as pressões ambientais pressionam

o desuso da tubulação plúmbea, mas também o caráter econômico dessa

transição. Oliveira (2015) destaca que em países em desenvolvimento a

escassez de recursos financeiros torna os custos a prioridade no

desenvolvimento de projetos e construções, promovendo uma cultura de curto

prazo que em valor dos custos negligencia questões futuras e propõe então

uma integração entre critérios ambientais e econômicos na avaliação da

seleção dos materiais de que agregam sustentabilidade à obra (7).

A mudança dos elementos construtivos é natural e depende da evolução

de uma sociedade. Caiado (2014) avalia que o avanço dos grupos humanos ao

longo da história exigiu o aperfeiçoamento dos materiais, a necessidade de

inovação e tecnologias no sentido de fabricá-los (8). Deste modo, o emprego

de chumbo em muitos produtos industriais é “anacrônico frente às soluções

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mais eficientes, baratas e ecologicamente defensáveis.” (1). A adequação às

inovações no sentido de contribuir para a sustentabilidade e o compromisso

socioambiental somam-se como responsabilidade e atribuição do engenheiro

civil (9).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tabela logo abaixo contém a pontuação de cada pergunta fornecida

pelos cinco engenheiros pesquisados.

Tabela I. Relação da pontuação das dez perguntas do questionário final

Pontuação Fornecida Pelos engenheiros

Perguntas Engenheiro 1 Engenheiro 2 Engenheiro 3 Engenheiro 4 Engenheiro 5

Pergunta 1 3 4 3 3 2

Pergunta 2 3 4 3 3 2

Pergunta 3 0 0 1 1 3

Pergunta 4 2 3 2 2 1

Pergunta 5 2 4 2 3 1

Pergunta 6 3 4 3 3 2

Pergunta 7 4 4 2 4 3

Pergunta 8 1 1 2 2 3

Pergunta 9 4 4 2 4 3

Pergunta 10 0 0 1 1 2

A seleção das perguntas foi feita de acordo com a necessidade do

trabalho, então selecionamos as perguntas 6, 7, 8 e 10 para fins de análise.

A pergunta 6 (Você acredita que as cidades de porte médio podem se

adequar ao apelo ambiental em suas obras civis?) foi feita com a finalidade de

demonstrar como os engenheiros pesquisados encaram o advento econômico

e populacional da cidade de Vitória da Conquista, visto que, agora ela é

considerada a terceira maior do estado da Bahia e já se encontra em destaque

de crescimento industrial, sobretudo na construção civil.

Já a pergunta 7 (Antigamente, se usava com mais frequência tubulações

a base de chumbo em encanações de telefonia, indústrias, etc. Atualmente,

você considera que esse tipo de material pode ser substituído?) demonstra

claramente a tendência do direcionamento em questão, pois nos dias atuais,

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quase não se usa esse tipo de tubulação, mesmo os engenheiros com mais

tempo de serviço, pouco se é empregado nos projetos esse tipo de material,

portanto, sua substituição não seria mal vista.

Pela pergunta 8 (Você possui algum conhecimento sobre a toxicidade de

tubulações de chumbo?), a intenção foi de questionar se houve conhecimento,

na formação acadêmica ou mesmo na prática sobre os perigos de tubos de

chumbo. Na pergunta 10 (O uso de tubulações de chumbo é frequente em seus

projetos?) foi direcionada diretamente a saber se ainda há uso dessas

tubulações, pois sabe-se o quanto é crescente o número de construções civis

diversas na cidade, sendo de inteira responsabilidade do engenheiro os

materiais selecionados para os projetos.

Gráfico I. Representação gráfica das médias aritméticas das 4 perguntas

selecionadas do questionário final.

De acordo com o gráfico acima, temos a média aritmética das respostas

das quatro perguntas selecionadas. O eixo x do gráfico representa as médias

das quatro perguntas (6,7,8 e 10) e o eixo y, a pontuação que foi dada pelo

questionário (de 0 a 4).

Em análise a média da pergunta 6, entende-se que os engenheiros

acreditam que a cidade de Vitória da Conquista, bem como qualquer outra

cidade brasileira que sofre os mesmos processos de crescimento e

desenvolvimento, pode se adequar ao apelo ambiental, isto é, não haverá

dificuldade de se elaborar projetos civis sustentáveis para cidades de porte

médio, pois as pesquisas por novos materiais são bem difundidas neste meio

da construção civil. A pergunta 7 evidenciou ainda mais o fato de que a

33,4

1,8

0,8

0

1

2

3

4

6 7 8 10

Po

ntu

ação

Perguntas

Média Aritmética das Perguntas Selecionadas

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substituição de tubulações de chumbo é válida, pois foi a maior média das

quatro, destacando a comprovação do tema desse artigo. Por outro lado, a

pergunta 8 teve a segunda menor média, negligenciando o ensino da

toxicidade desse material na formação acadêmica dos engenheiros, apesar de

ser um tema exposto na grade curricular pela disciplina obrigatória de

Introdução as Ciências dos Materiais nos cursos de engenharia civil. Em última

análise, a pergunta 10 é a de maior prestígio, visto que ela apresenta a menor

média, mostrando a evolução da construção civil e a real adaptação das boas

práticas sustentáveis pelos engenheiros civis.

CONCLUSÕES

Conclui-se que a tendência no mercado da construção civil é de

adequação, principalmente econômica, à substituição de tubulações metálicas

a base de chumbo por qualquer outra tubulação mais barata e menos

prejudicial à saúde humana, como as de produtos sintéticos.

A falta de conhecimento sobre a toxicidade dos tubos de chumbo se

deve primordialmente pelo seu desuso, pois essa tubulação já tornou-se

obsoleta ou inadequada. Contudo, existe uma falha de conhecimento por parte

dos engenheiros, possivelmente por falta de aprofundamento sobre a ciência

dos materiais durante sua formação acadêmica, indicando a necessidade de

envolver os alunos de graduação a elaborar pesquisas para aprofundar seus

conhecimentos técnicos com o intuito de formar engenheiros civis cada vez

mais capacitados no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

(1) MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA- MME. Relatório Técnico 66: Perfil do Chumbo. Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral – SGM. Set de 2009. Disponível em:< http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 26 de junho de 2016.

(2) WHO, 1995 apud PAOLIELLO, M.M.B; CHASIN, A.A.M. Ecotoxicologia do chumbo e seus compostos. Governo do Estado da Bahia. Centro de Recursos Ambientais. Salvador; CRA; 2001. 144 p. Cadernos de Referencia Ambiental, 003. Disponível em :< www.intertox.com.br>. Acesso em: 19 de junho de 2016.

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(3) PANTAROTO, H.L. Chumbo: sua exploração, Uso e Saúde Pública. Anais da 4ª Mostra Acadêmica da Unimep, 2006. Disponível em:< http://www.unimep.brpdf>. Acesso em: 19 de junho de 2016.

(4) WHO, 2008 apud EVANGELISTA, F.S.B; SILVA, I.C.R.D. . Fontes de contaminação pelo chumbo (Pb). Anais eletrônicos: PUC (GO), 2013. Disponível em: < http://www.cpgls.pucgoias.edu.br >. Acesso em: 10 de ago de 2016.

(5) SOUTO, L.R.V. Aguas potaveis e encanamentos de chumbo : refutação de uma parte da obra publicada pelo Dr. João Baptista dos Santos sob o titulo : aguas potaveis "contribuições á hygiene do Rio de Janeiro". Rio de Janeiro :Typografia Nacional, 1877. Disponível em: < www2.senado.leg.br>. Acesso em: 05 de ago de 2016.

(6) MOREIRA F.R; MOREIRA J.C. Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano e seu significado para a saúde. Rev Panam Salud Publica. 2004;15(2):119–29. Disponível em:< www.scielosp.org >. Acesso em: 14 de ago de 2016.

(7) OLIVEIRA, T.Y.M.D. Estudo sobre o uso de materiais de construção alternativos que otimizam a sustentabilidade em edificações. Anais eletrônicos: UFRJ. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:< http://monografias.poli.ufrj.br >. Acesso em: 17 de set de 2016.

(8) CAIADO, A. R. Contribuição ao Estudo da Rotulagem Ambiental dos Materiais de Construção Civil. Anais eletrônicos da USP ,São Paulo, 2014. Disponível em:<www.teses.usp.br>. Acesso em: 18 de set de 2016.

(9) SOUSA, A.A.P; CRUZ, D.B.P; MAGNO, P.C; CLAUDEMIR, Gomes. A responsabilidade ambiental na formação do engenheiro civil. REVISTA DO CEDS. Periódico do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB. N.3, vol 1, set/ dez, 2015. Disponível em: < http://www.undb.edu.br >. Acesso em : 17 de set de 2016.

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