Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

24
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA NOÇÕES DE CONFIABILIDADE E MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

Transcript of Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Page 1: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

1

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIANOÇÕES DE CONFIABILIDADE E MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

Page 2: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

2

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

Page 3: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

3

CURITIBA2002

Equipe Petrobras

Petrobras / Abastecimento

UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap

NOÇÕES DE CONFIABLIDADE EMANUTENÇÃO INDUSTRIAL

CARLOS ALBERTO GURSKI

Page 4: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

4

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

620.0046 Gurski, Carlos Alberto.G979 Curso de formação de operadores de refinaria: noções de confiabilidade

e manutenção industrial / Carlos Alberto Gurski. – Curitiba : PETROBRAS :UnicenP, 2002.24 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,RECAP, SIX, REVAP.

1. Manutenção industrial. 2. Serviços de manutenção. 3. Qualidadetotal. I. Título.

Page 5: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

5

Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-

renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos devocê e de seu perfil empreendedor.

Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre oCentro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representadapela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicosque auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planosde aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como umprocesso contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizadopela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades daPetrobras.

Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outrasfontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundarseu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão naPetrobras.

Nome:

Cidade:

Estado:

Unidade:

Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.

Page 6: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

6

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

Sumário

1 HISTÓRICO DE MANUTENÇÃO...................................................................................... 7

1.1 Introdução ...................................................................................................................... 7

1.1.1 A Primeira Geração ............................................................................................ 7

1.1.2 A Segunda Geração ............................................................................................ 7

1.1.3 A Terceira Geração ............................................................................................. 7

1.2 Manutenção – Conceitos Principais ............................................................................... 8

1.2.1 Manutenção eficiente e manutenção eficaz ........................................................ 8

1.2.2 Custo de Manutenção ......................................................................................... 8

1.2.3 Confiabilidade .................................................................................................... 8

1.2.4 Manutenção Centrada na Confiabilidade ........................................................... 9

1.2.5 Disponibilidade ................................................................................................ 10

1.2.6 Mantenabilidade ............................................................................................... 10

1.3 Produto da Manutenção ................................................................................................11

1.4 Trabalho em Equipe ..................................................................................................... 12

1.5 Tipos de Manutenção ................................................................................................... 13

1.5.1 Manutenção Corretiva ...................................................................................... 13

1.5.2 Manutenção Preventiva, Preditiva e Detectiva ................................................. 14

1.5.3 Engenharia de Manutenção .............................................................................. 14

1.6 Sistemas de Controle da Manutenção .......................................................................... 15

1.6.1 Introdução ......................................................................................................... 15

1.6.2 Sistemas de Controle ........................................................................................ 15

1.7 Política e diretrizes da manutenção ............................................................................. 22

1.7.1 Política .............................................................................................................. 22

1.7.2 Diretrizes .......................................................................................................... 22

Page 7: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

7

1Histórico deManutenção

1.1 IntroduçãoO conceito de manutenção, assim como a

grande maioria dos conceitos relacionados coma indústria, foi modificado ao longo do tem-po, em função das necessidades cada vez maio-res e dos estudos correspondentes que procu-ravam responder a essas necessidades. Assim,até bem pouco tempo, o conceito predominanteera de que a missão da manutenção consistiaem restabelecer as condições originais dos equi-pamentos ou sistemas. Hoje, é possível afirmarque a missão da manutenção é:

– garantir a disponibilidade da funçãodos equipamentos e instalações demodo a atender a um processo deprodução e a preservação do meio am-biente, com confiabilidade, segurançae custos adequados.

Acompanhe, a seguir, um breve históricode evolução dos conceitos de manutenção.

1.1.1 A Primeira GeraçãoA Primeira Geração abrange o período

antes da Segunda Guerra Mundial, quando aindústria era pouco mecanizada, os equipa-mentos eram simples e, na sua grande maio-ria, superdimensionados.

Aliado a tudo isto, devido à conjunturaeconômica da época, a questão da produtivi-dade não era prioritária. Conseqüentemente,não era necessária uma manutenção sistema-tizada; apenas serviços de limpeza, lubrifica-ção e reparo após a quebra, ou seja, a manu-tenção era, fundamentalmente, corretiva.

1.1.2 A Segunda GeraçãoEsta geração vai desde a Segunda Guerra

Mundial até os anos 60. As pressões do perío-do da guerra aumentaram a demanda por todotipo de produtos, ao mesmo tempo em que ocontingente de mão-de-obra industrial diminuiusensivelmente. Como conseqüência, neste pe-ríodo, houve forte aumento da mecanização, bemcomo da complexidade das instalações industriais.

Começa a se evidenciar a necessidade demais disponibilidade, bem como maior confia-bilidade: a indústria estava bastante dependentedo bom funcionamento das máquinas. Isto le-vou à idéia de que falhas dos equipamentospoderiam e deveriam ser evitadas, o que re-sultou no conceito de manutenção preventi-va.

Na década de 60, esta manutenção con-sistia em intervenções nos equipamentos fei-tas a intervalo fixo.

O custo da manutenção também começoua se elevar muito em comparação com outroscustos operacionais. Esse fato fez aumentar ossistemas de planejamento e controle de ma-nutenção que, atualmente, são parte integran-te da manutenção moderna.

Finalmente, a quantidade de capital inves-tido em itens físicos, juntamente com o nítidoaumento do custo deste capital levou as pes-soas a buscarem meios para aumentar a vidaútil dos itens físicos.

1.1.3 A Terceira GeraçãoA partir da década de 70, acelerou-se o

processo de mudança nas indústrias. A parali-sação da produção era uma preocupação ge-neralizada, já que diminui a capacidade de pro-dução, aumenta os custos e afeta a qualidadedos produtos. Na manufatura, os efeitos dosperíodos de paralisação foram se agravandopela tendência mundial de utilizar sistemasjust-in-time, em que estoques reduzidos paraa produção em andamento significam que pe-quenas pausas na produção/entrega, naquelemomento, poderiam paralisar a fábrica.

O crescimento da automatização e da me-canização passou a indicar que confiabilidadee disponibilidade tornaram-se pontos-chaveem setores tão distintos quanto saúde, proces-samento de dados, telecomunicações e geren-ciamento de edificações.

Maior automação também significa quefalhas cada vez mais freqüentes afetam nossa

Page 8: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

8

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrialcapacidade de manter padrões de qualidadeestabelecidos. Isso se aplica tanto aos padrõesdo serviço, quanto à qualidade do produto; porexemplo, falhas em equipamentos podem afe-tar o controle climático em edifícios e a pon-tualidade das redes de transporte.

Cada vez mais, as falhas provocam sériasconseqüências na segurança e no meio ambien-te, em um momento em que os padrões de exi-gência nessas áreas estão aumentando rapida-mente. Em algumas partes do mundo, as em-presas devem satisfazer as expectativas de se-gurança e de preservação ambiental, ou po-dem ser impedidas de funcionar.

Na Terceira Geração, reforçou-se o con-ceito de uma manutenção preditiva. A intera-ção entre as fases de implantação de um siste-ma (projeto, fabricação, instalação e manu-tenção) e a Disponibilidade/Confiabilidadetorna-se mais evidente.

Tabela 1: Evolução da Manutenção

19301940

Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração

19702000

AUMENTO DA EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À MANUTENÇÃO

– Conserto após afalha

– Disponibilidade cres-cente

– Maior vida útil doequipamento

– Maior disponibilida-de e confiabilidade

– Melhor custo-benefício– Melhor qualidade

dos produtos– Preservação do meio

ambienteMUDANÇAS NAS TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO

– Conserto após afalha

– Computadores gran-des e lentos

– Sistemas manuais deplanejamento e con-trole do trabalho

– Monitoração por tempo

– Monitoração de con-dição

– Projetos voltados paraconfiablilidade e ma-nutenção

– Análise de riso– Computadores peque-

nos e rápidos– Softwares potentes– Análise de modos e

efeitos da falha(FMEA)

– Grupos de trabalhomultidisciplinares

19301940 1970

2000

Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração

1.2 Manutenção – Conceitos Principais1.2.1 Manutenção eficiente e manutenção eficaz

A atividade de manutenção precisa ser eficien-te e eficaz; ou seja, não basta, apenas, reparar oequipamento ou instalação tão rapidamente,

quanto possível, mas, principalmente, é preci-so manter a função do equipamento disponí-vel para a operação, evitar a falha do equipa-mento e reduzir os riscos de uma parada deprodução não planejada.

– Eficiência: fazer certo a intervenção.– Eficácia: fazer a intervenção certa.Estrategicamente, a manutenção precisa

medir qual é a sua contribuição para:– faturamento e lucro da empresa;– segurança da instalação;– segurança das pessoas;– preservação ambiental.E, mais do que isto, é preciso que todas as

pessoas envolvidas tenham conhecimento des-tes dados.

O gerenciamento estratégico da atividadede manutenção consiste em ter a equipe atuan-do para evitar que ocorram falhas, e não ape-nas na correção rápida destas falhas.

Pode ser comparada a uma brigada de in-cêndio: quando o incêndio ocorre, a brigadadeve extinguí-lo da forma mais rápida possí-vel, mas a principal atividade da brigada é evi-tar a ocorrência de novos incêndios.

1.2.2 Custo de ManutençãoExiste uma grande preocupação gerencial

em reduzir o custo de manutenção, e isto ésaudável à medida que se constata que, na qua-se totalidade das empresas brasileiras e namaioria das empresas internacionais, o custode manutenção é elevado e não compatívelcom a competitividade globalizada.

O custo anual de manutenção representa, emmédia, 4,39% do faturamento bruto das empre-sas e, por este motivo, uma redução de custona manutenção mal conduzida pode levar àperda de faturamento e lucro da organização.

1.2.3 ConfiabilidadeQuando se pergunta, quais são as caracte-

rísticas desejáveis em um produto, certamen-te a resposta seria que ele deveria ter uma vidaútil ilimitada, e que, durante esta, funcionasseisento de falhas. É claro que isso dificilmenteserá um dia alcançado. As limitações de or-dem física, econômica e social impõem restri-ções à vida útil, o que indica a possibilidadede falhas em cada equipamento. Ou seja, du-rante uma vida útil de determinado sistema/equipamento, tem-se situações indesejáveissob o ponto de vista do usuário, que deverãoser avaliadas dentro de parâmetros estatísti-cos de custos e possibilidades de ocorrências.

Page 9: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

9

Esse pensamento pode levar a uma con-ceituação de Confiabilidade, termo que defi-ne uma das mais importantes premissas damanutenção:

Confiabilidade é a probabilidade de queum componente, equipamento ou sistema exer-cerá sua função sem falhas, por um períodode tempo previsto, sob condições de operaçãoespecificadas.

Na definição, confiabilidade é uma medi-da estatística (probabilidade), determinada pelograu de admissibilidade abaixo da qual a fun-ção não é mais satisfatória (falha), dentro deum determinado tempo definido (ou seja, emintervalos diferentes de tempo, haverá diferen-tes níveis de confiabilidade), e sob condiçõesdefinidas de uso (o mesmo equipamento sujei-to a duas condições diferentes de uso, apresen-tará diferentes confiabilidades em cada caso).

Todo item, componente, máquina ou equi-pamento, é projetado e fabricado para atendera uma especificação. Ou seja, qualquer equi-pamento ao ser projetado tem por base a fun-ção que irá desempenhar. Nesse aspecto, odesempenho dos equipamentos pode ser ana-lisado por dois enfoques:

– desempenho inerente – é o desempe-nho que o equipamento é capaz de for-necer;

– desempenho requerido ou desejado– é o desempenho que se quer obter doequipamento.

Essa caracterização é importante, porquea manutenção consegue apenas recuperar odesempenho inerente do equipamento. Se odesempenho do equipamento não é o deseja-do, ou se reduz a expectativa ou se introdu-zem modificações.

Em termos financeiros, a importância daConfiabilidade pode ser verificada por:

– plantas que apresentam alta confiabili-dade também têm menores custos ope-racionais (de manutenção; redução deprodutos fora de especificação; consu-mo de energia; etc) pela redução de fa-lhas em equipamentos;

– as falhas reduzem a produção e, conse-qüentemente, os lucros;

– as falhas podem interferir na qualidadedos produtos;

– quanto mais competitiva, maior a chancede sobrevivência da empresa.

Entretanto, manter a confiabilidade altatambém implica custos e, obviamente, existeum limite acima do qual não vale a pena in-vestir.

1.2.4 Manutenção Centrada na ConfiabilidadePara que a confiabilidade seja incremen-

tada, ou seja, para que um item, sistema ouequipamento passe a atender ao desempenhorequerido, é necessária a introdução de umnovo conceito, o de Manutenção Centrada naConfiabilidade.

A Manutenção Centrada na Confiabilida-de é um processo usado para determinar o queprecisa ser feito para assegurar que qualqueritem físico continue a cumprir as funções de-sejadas no seu contexto operacional atual.

Nesse processo, várias ferramentas podemser utilizadas, primeiramente, a fim de quanti-ficar custos importantes e número de falhas,e, posteriormente, para resolver os problemasde modo eficaz, tais como FMEA (Análise doModo e Efeito de Falha); RCFA (Análise dasCausas Raízes da Falha); o MASP (Métodode Análise e Solução de Problemas); etc.

A Manutenção centrada na Confiabilida-de procura responder a sete questões básicas:

1. Quais são as funções do item no seucontexto atual?

2. De que forma ele falha em cumprir suasfunções?

3. O que causa cada falha operacional?4. O que acontece quando ocorre cada

falha?5. De que forma cada falha tem impor-

tância?6. O que pode ser feito para prevenir cada

falha?7. O que deve ser feito se não for encon-

trada uma tarefa preventiva apropriada?As respostas a tais questões básicas de-

vem ser dadas por uma equipe multidiscipli-nar, formada por componentes da Operação,da Manutenção, Inspeção de Equipamentos, eSegurança.

Fundamentalmente, esse grupo possui asseguintes características:

– grupo pequeno;– habilidades complementares;– propósito comum;– conjunto de objetivos de performance

(indicadores);– conjunto de princípios comuns a outros

grupos da planta;– responsabilidade mútua.

Page 10: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

10

Noções de Confiabilidade e Manutenção IndustrialEntre os benefícios dessa busca pelo au-

mento da Confiabilidade podem ser citados:incremento no conhecimento que a operaçãotem do equipamento; garantia de que os re-cursos da manutenção serão aplicados onde oefeito é maior; melhoria das condições ambien-tais e de segurança; aumento de vida útil doequipamento; compartilhamento dos proble-mas da manutenção; senso de equipe e moti-vação de pessoal entre outros.

1.2.5 DisponibilidadeDisponibilidade é a probabilidade que um

sistema esteja em condição operacional no ins-tante determinado.

É comum, na prática, se fazer uma certaconfusão entre Disponibilidade e Confiabili-dade. O seguinte exemplo ilustra bem a ques-tão: a disponibilidade da lâmpada de ilumina-ção da mesa de cirurgia de um neurocirurgiãoé altíssima, da ordem de um milhão de horas,porém de nada adianta se ela apagar por 5 se-gundos no meio de uma cirurgia, ou seja, nãotiver a adequada confiabilidade quando neces-sária. Para aumentar a confiabilidade, nestecaso, pode ser usado sistema redundante deiluminação, no-break, entre outros.

A Disponibilidade de um sistema é defi-nida pela seguinte relação:

DISP = TOPT

TOPT TRPT+

Em que:TOPT = å dos tempos de disponibilidade e/ou

operação;TRPT = å dos tempos de indisponibilidade.

1.2.6 MantenabilidadeA maioria dos sistemas sofre manutenção,

ou seja, são reparados quando falham e sofremoutras atividades para mantê-los operando. Afacilidade com que se efetuam reparos e ou-tras atividades de manutenção determinam aMantenabilidade de um sistema/equipamento.Por exemplo, uma válvula importada, cujotempo de reposição de qualquer componenteseja elevado, terá uma baixa mantenabilidade.Trata-se,portanto, da facilidade de se recolocarum equipamento em operação, a partir domomento em que falha.

Sob o ponto de vista da matemática, tem-se uma definição mais objetiva: Mantenabili-dade é a probabilidade do equipamento serrecolocado em condições de operação dentro

de um dado período de tempo, quando a açãode manutenção é executada de acordo com osprocedimentos prescritos.

Não devem ser confundidos os termosManutenção (conjunto das ações destinadas amanter ou recolocar um item em um estadoem que possa executar sua função requerida)e Mantenabilidade (característica de projetoque define a facilidade de manutenção, o tem-po de manutenção, os custos e as funções queo item executa).

O maior ou menor grau de facilidade emexecutar a manutenção de um equipamentopode ser medido pelo tempo médio para repa-ro (Mean Time to Repair ou MTTR).

MTBF = TOPTn

MTTR = TRPTn

Em que:MTBF = Tempo Médio Entre Falhas (Mean

Time Between Failures);MTTR = Tempo Médio para Reparo (Mean

Time to Repair);TOPT = å dos tempos de disponibilidade e/

ou operação;TRPT = å dos tempos de indisponibilidade; n = número de intervenções.

Verifica-se que a disponibilidade do equi-pamento ou sistema está relacionada com otempo de indisponibilidade, que inclui o tem-po de reparo propriamente dito e todas as es-peras que retardem a colocação do equipamen-to disponível para a operação.

Alguns princípios podem ser considera-dos como fundamentais em busca da melho-ria da mantenabilidade:

1. A Mantenabilidade deve sempre estarassociada aos conceitos fundamentais dequalidade, segurança, custos, tempo.– Qualidade do serviço a ser execu-

tado (e entregue).– Segurança do pessoal que executa o

serviço e da instalação.– Custos envolvidos, incluindo perdas

de produção.– Tempo ou indisponibilidade do equi-

pamento.2. A Mantenabilidade será melhor se os

seguintes critérios relacionados à áreade suprimentos forem adotados:– intercambialidade;– padronização de sobressalentes;– padronização de equipamentos na

planta.

Page 11: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

11

3. Sistemas de detecção e indicação dedesgaste, condições anormais ou falhas(monitoramento) fazem parte da me-lhoria da mantenabilidade da planta,pois permitem atuação orientada dopessoal de manutenção.

4. A Mantenabilidade será tanto maior,quanto mais sejam adotadas técnicascomuns, clássicas ou de domínio ge-ral, que não exijam habilidades especiaisdo pessoal da manutenção.

5. Os equipamentos devem apresentar fa-cilidade de montagem e desmontagem,que incluem:– utilização de ferramentas universais

(não especiais);– acesso (escadas, passarelas, bocas de

visita, portas de inspeção, espaçosuficiente para fazer regulagens oucolocar ferramentas). Esse é o itemmenos observado no projeto e quemais problemas causa à manutenção;

– fácil retirada e colocação de subcon-juntos, instrumentos ou acessóriosque exijam manutenção, aferição ouinspeção com freqüência elevada;

– paus de carga, turcos, macaquinhose dispositivos que permitam movi-mentação de peças ou componentesde mais pés, principalmente em lo-cais onde o acesso de máquinas deelevação de carga é prejudicado;

– simplicidade de projeto, a fim de evi-tar regulagens e verificações comple-xas após desmontagem;

– alternativas para que a atuação dopessoal de manutenção seja feita emlocal seguro e longe de exposiçãode ambiente agressivo.

6. As informações relativas à manutençãodevem ser claras e concisas e de fácilcompreensão. Tais informações devempermitir:– treinamento do pessoal;– estabelecimento de política de ma-

nutenção;– estabelecimento de padrões simpli-

ficados de manutenção;– inserção de dados, desenhos e dia-

gramas em computador (solicitar aofabricante entrega dos dados emmeio magnético ou CD-ROM).

1.3 Produto da ManutençãoA produção é, de maneira básica, compos-

ta pelas atividades de operação, manutenção eengenharia. Existem outras atividades que dãosuporte à produção: suprimento, inspeção deequipamentos, segurança industrial, entre outras.

O único produto que a operação desejacomprar da manutenção e da engenharia cha-ma-se maior disponibilidade confiável aomenor custo. Às vezes, o aumento da confia-bilidade é feito com prejuízo da disponibili-dade; em sistemas de alta complexidade e ris-co, este balanço tende a caminhar para o ladoda segurança, por exemplo, sistemas de inter-travamento que privilegiam a segurança doequipamento.

Quanto maior for a Disponibilidade, me-nor será a Demanda de Serviços, e a medidadesta dá, de maneira indireta, a medida daquela.

Disponibilidade x Demanda de Serviços.

O aumento da disponibilidade, da quali-dade do atendimento, da segurança e da redu-ção de custos passa, necessariamente, pela re-dução da demanda de serviços, que tem as se-guintes causas básicas:

– Qualidade da Manutenção – A faltade qualidade na manutenção provocao “retrabalho”, que nada mais é do queuma falha prematura. A Figura a seguirmostra todo o fracasso da manutençãoe a frustração do cliente quando istoacontece, além das perdas de produçãodecorrentes.

Retrabalho

Page 12: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

12

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial– Qualidade da Operação – do mesmo

modo, sua não-qualidade provoca umafalha prematura, não por uma questãoda qualidade intrínseca do equipamen-to/sistema, mas por uma ação operacio-nal incorreta. Também, aqui, a conse-qüência imediata é a perda de produção.

– Qualidade da Instalação/ProblemasCrônicos – existem problemas que sãodecorrentes da qualidade não adequa-da do projeto da instalação e do pró-prio equipamento (hardware). Devidoao paradigma ultrapassado de restabe-lecer as condições dos equipamentos/sistemas, o homem de manutenção e aprópria organização habituaram-se anão buscar a causa básica dos proble-mas e, com isto, dar uma solução defi-nitiva que evite a repetição da falha.Com este procedimento, é comum con-viver com problemas repetitivos, ain-da que de solução conhecida. Isto tra-duz uma cultura conservadora que pre-cisa ser mudada.

– Qualidade da Instalação/ProblemasTecnológicos – a situação é exatamen-te a mesma da anterior, apenas a solu-ção não é de todo conhecida, o que exi-girá uma engenharia mais aprofundadaque redundará em melhorias ou moder-nização dos equipamentos/sistemas.

– Serviços Desnecessários – isto acon-tece não só devido a uma filosofia er-rada de aplicar uma manutenção pre-ventiva exagerada, sem se consideraro binômio Custo x Benefício, como,também, por uma natural insegurança,pelo excesso de falhas, que levam oshomens de manutenção e de operaçãoa agirem “preventivamente” em excesso.

Demanda de Serviços.

Pode-se afirmar, com certeza, que esta deman-da de serviços pode ser sensivelmente reduzida!

A visão estratégica da manutenção podeser resumida no quadro a seguir:

Visão estratégica da manutenção.Q – qualidade

1.4 Trabalho em EquipeO trabalho em equipe é o fator crítico de

sucesso da manutenção e a maior dificuldadedas organizações. Constitui uma das principaiscausas que determina o sucesso ou o fracassoempresarial. Às vezes, uma organização commuitos talentos individuais consegue resulta-dos inferiores a uma outra com menos talen-tos individuais e mais espírito de equipe. Essaparceria, operação e manutenção, além da en-genharia, é fundamental para o processo pro-dutivo da empresa.

Espírito de Equipe.

A Importância do Cliente.

Semantivermos

osnossos

clientessatisfeitos,

eles nosmanterão

trabalhando!

Na verdade, embora a questão da impor-tância do trabalho em equipe já tenha sido temade diversos cursos, seminários e congressos,tanto no Brasil, quanto no exterior, alguns sobo sugestivo título “A Guerra dos Aliados”,muitas empresas ainda não conseguiram quea manutenção e a operação formassem umverdadeiro time na busca de soluções para a

Page 13: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

13

organização. Até pelo contrário, é comumencontrar especialistas em apontar o erro dooutro sobre o qual ele não tem ação, esque-cendo-se do seu próprio problema, sobre o qualele pode e deve agir.

A questão é abrangente e envolve não sóa integração da manutenção com a operação,mas também com a engenharia, e deve serbuscada de duas maneiras:

– educação – através de um trabalho per-sistente de treinamento, vivências, vi-sitas a empresas de alta competitivida-de, depoimentos de pessoas reconhe-cidas com experiências bem-sucedidas;enfim, é uma nova cultura em que to-dos reconhecem a importância destetema, mas poucos conseguemimplementá-lo. Ousa-se dizer que éuma questão de sobrevivência e, comotal, uma questão estratégica.

– organização – são necessários meca-nismos organizacionais que favoreçama formação destas equipes mistas demanutenção e operação, em trabalho in-tegrado para a otimização do todo. Istopode ser conseguido através de estru-tura matricial, times multifuncionais,que envolvam operação, manutenção,engenharia, segurança, entre outras es-pecialidades. As empresas que já estãono estágio da excelência empresarialtêm o trabalho em equipe como um dosfatores críticos de sucesso.

A integração manutenção-operação é fun-damental para a criação de equipes multifun-cionais de análise da confiabilidade, indepen-dente das ferramentas utilizadas.

1.5 Tipos de ManutençãoAlgumas práticas básicas definem os ti-

pos principais de manutenção:– Manutenção Corretiva não Planejada;– Manutenção Corretiva Planejada;– Manutenção Preventiva;– Manutenção Preditiva;– Manutenção Detectiva;– Engenharia de Manutenção.

1.5.1 Manutenção CorretivaÉ a atuação para a correção da falha ou do

desempenho menor do que o esperado. Dessemodo, a ação principal na Manutenção Cor-retiva é Corrigir ou Restaurar as condiçõesde funcionamento do equipamento ou sistema.

A manutenção deve ser organizada de talmaneira que o equipamento pare de produzirsomente de forma planejada, para que se pos-sa fazer uma Manutenção Corretiva Planeja-da. Quando o equipamento pára de produzirpor si próprio, sem uma definição gerencial,há necessidade de uma intervenção não pla-nejada ou uma Manutenção Corretiva Não Pla-nejada. Manutenção Corretiva Não Planejadaé a correção da falha aleatória.

É importante distinguir bem as conseqüên-cias da Manutenção Corretiva Planejada daNão Planejada. Enquanto na Planejada a per-da de produção é reduzida ou mesmo elimina-da, além do que o tempo de reparo e o custosão minimizados; na Manutenção Não Plane-jada ocorre justamente o oposto. Esta se ca-racteriza pela atuação da manutenção em fatojá ocorrido, seja este uma falha ou um desem-penho menor do que o esperado. Não há tem-po para preparação do serviço.

Normalmente, a manutenção corretiva nãoplanejada implica altos custos, pois a quebrainesperada pode acarretar perdas de produção,perda da qualidade do produto e elevados cus-tos indiretos de manutenção. Além disso, que-bras aleatórias podem ter conseqüências bas-tante graves para o equipamento, isto é, a ex-tensão dos danos pode ser bem maior. Em plan-tas industriais de processo contínuo (petróleo,petroquímico, cimento, etc.), estão envolvidasno seu processamento elevadas pressões, tem-peraturas, vazões, ou seja, a quantidade deenergia desenvolvida no processo é conside-rável. Interromper processamentos desta na-tureza de forma abrupta para reparar um de-terminado equipamento compromete a quali-dade de outros que vinham operando adequa-damente e leva-os a colapsos após a partidaou uma redução da campanha da planta. Umexemplo típico é o surgimento de vibração emgrandes máquinas que apresentavam funcio-namento suave antes da ocorrência.

Quando uma empresa tem a maior partede sua manutenção corretiva na classe não pla-nejada, seu departamento de manutenção écomandado pelos equipamentos e o desempe-nho empresarial da organização, certamente,não está adequado às necessidades de compe-titividade atuais.

Manutenção Corretiva Planejada é a cor-reção do desempenho menor do que o espera-do ou da falha, por decisão gerencial, isto é,pela atuação em função de acompanhamentopreditivo ou pela decisão de operar até a quebra.

Page 14: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

14

Noções de Confiabilidade e Manutenção IndustrialUm trabalho planejado é sempre mais ba-

rato, mais rápido e mais seguro do que um tra-balho não planejado. E será sempre de melhorqualidade. A característica principal da manu-tenção corretiva planejada é função da quali-dade da informação fornecida pelo acompa-nhamento do equipamento.

As razões que levam aos melhores resul-tados da Manutenção Corretiva Planejada são:

– possibilidade de compatibilizar a ne-cessidade da intervenção com os inte-resses da produção;

– melhor planejamento dos serviços;– garantia da existência de sobressalen-

tes, equipamentos e ferramental;– garantia da existência de recursos hu-

manos com a qualificação necessáriapara a execução dos serviços e emquantidade suficiente, que podem, in-clusive, ser buscados externamente àorganização.

1.5.2 Manutenção Preventiva, Preditiva eDetectiva

Manutenção Preventiva é a atuação reali-zada de forma a reduzir ou evitar a falha ouqueda no desempenho, de acordo com um pla-no previamente elaborado, baseado em inter-valos definidos de tempo.

Inversamente à política de ManutençãoCorretiva, a Manutenção Preventiva procuraobstinadamente evitar a ocorrência de falhas,ou seja, procura prevenir. Em determinadossetores, como na aviação, a adoção de manu-tenção preventiva é imperativa, pois o fatorsegurança sobrepõe-se aos demais.

A Manutenção Preventiva, adotada emexagero no passado sem uma adequada análi-se do custo x benefício, só deve ser realizadanos seguintes casos:

– quando não é possível a preditiva;– quando estão envolvidas seguranças

pessoal e operacional;– quando há oportunidade em equipa-

mentos críticos de difícil liberação;– em sistemas complexos e de operação

contínua – ex. petroquímica e siderúr-gicas, dentre outras;

– quando pode colocar em risco o meioambiente.

A manutenção Preditiva, também conhe-cida por Manutenção Sob Condição ou Ma-nutenção com Base no Estado do Equipamen-to, pode ser definida como a atuação realizadacom base em modificação de parâmetro de

condição ou desempenho, cujo acompanha-mento obedece a uma sistemática.

Seu objetivo é prevenir falhas nos equi-pamentos ou sistemas através de acompanha-mento de parâmetros diversos, com o intuitode permitir a operação contínua do equipamen-to pelo maior tempo possível. Na realidade, otermo associado à Manutenção Preditiva é ode predizer as condições dos equipamentos.A Manutenção Preditiva privilegia, portanto,a disponibilidade à medida que não promovea intervenção nos equipamentos ou sistemas,pois as medições e verificações são efetuadascom o equipamento produzindo.

Manutenção Detectiva é a atuação efetua-da em sistemas de proteção, de forma a detec-tar falhas ocultas ou não-perceptíveis ao pes-soal de operação e manutenção.

Desse modo, tarefas executadas para ve-rificar se um sistema de proteção ainda estáfuncionando representam a Manutenção De-tectiva. Um exemplo simples e objetivo é obotão de teste de lâmpadas de sinalização ealarme em painéis.

A identificação de falhas ocultas é primor-dial para garantir a confiabilidade. Em siste-mas complexos, essas ações só devem ser le-vadas a efeito por pessoal da área de manuten-ção, com treinamento e habilitação para tal,assessorado, pelo pessoal de operação.

1.5.3 Engenharia de ManutençãoPraticar a Engenharia de Manutenção

significa deixar de ficar consertando continua-damente, para procurar as causas básicas, mo-dificar situações permanentes de mau de-sempenho, deixar de conviver com problemascrônicos, melhorar padrões e sistemáticas, de-senvolver manutenabilidade, dar feedback aoprojeto, interferir tecnicamente nas compras,perseguindo o benchmarking em manutenção.

À medida que melhores técnicas vãosendo introduzidas, os resultados da manuten-ção vão sendo melhorados. Uma planta volta-da para manutenção corretiva, ou seja, coman-dada pela quebra aleatória dos equipamentos,apresenta resultados medíocres. Esses resul-tados são levemente melhorados com a práti-ca da manutenção preventiva, e sofrem umsensível incremento com a prática da manu-tenção preditiva.

No estágio de manutenção preditiva, amáxima disponibilidade para a qual os equi-pamentos foram projetados é alcançada, o queproporciona o aumento na produção e fatura-mento. Os dados coletados na Manutenção

Page 15: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

15

preditiva, tais como curvas de tendência, da-dos instantâneos e valores de alarme, guiarãorecomendações para intervenção, antes da fa-lha ocorrer.

No momento em que a estrutura de ma-nutenção dessa planta estiver utilizando paraanálise, estudo e proposições de melhoria detodos os dados que o sistema de preditiva co-lhe e armazena, estará praticando a Engenha-ria de Manutenção. A Engenharia de manu-tenção utiliza dados adquiridos pela Manuten-ção para melhorar sempre.

1.6 Sistemas de Controle da Manutenção1.6.1 Introdução

Para harmonizar todos os processos que aintegram, é fundamental a existência de umSistema de Controle da Manutenção, que per-mitirá, entre outras coisas, identificar clara-mente:

– que serviços serão feitos;– quando os serviços serão feitos;– que recursos serão necessários para a

execução dos serviços;– quanto tempo será gasto em cada ser-

viço;– qual será o custo de cada serviço, cus-

to por unidade e custo global;– que materiais serão aplicados;– que máquinas, ferramentas e dispositi-

vos serão necessários.Além disso, o sistema possibilitará:– nivelamento de recursos – mão-de-

obra;– programação de máquinas operatrizes

ou de elevação de carga;– registro para consolidação do histórico

e alimentação de sistemas especialistas;– priorização adequada dos trabalhos.Pode-se afirmar que, até 1970, os Siste-

mas de Planejamento e Controle da Manuten-ção, no Brasil, eram todos manuais. A partirdessa data, grandes empresas começaram autilizar computadores para realizar o controleda manutenção. Utilizavam-se computadoresde grande porte como os IBM.

Nesses computadores, o desenvolvimen-to de um sistema para controle da manutençãoera muito caro, além de bastante demorado.Os documentos eram preenchidos manualmen-te, recolhidos no final do dia, digitados e du-rante a noite era feito o processamento, demodo que, no dia seguinte, a programação deserviços estivesse disponível.

O primeiro programa de computador, paraa manutenção, surgiu em 1964, na Petrobras,desenvolvido na Refinaria Duque de Caxias(Rio de Janeiro), destinado a auxiliar o plane-jamento de paradas de manutenção. O progra-ma era processado em um computador IBM1130, tinha a capacidade para processar 1.400tarefas por projeto e seu processamento demo-rava 20 horas.

O primeiro software para planejamento econtrole da manutenção rotineira foi desenvol-vido por Furnas Centrais Elétricas no ano de 1970.

O Sistema de Gerenciamento da Manuten-ção – SIGMA, desenvolvido na Petrobras, co-meçou a operar em 1975, baseado em umdesenvolvimento feito pela refinaria Gabriel Passos(Betim-MG), em 1973, denominado Procex,que era processado em computadores IBM.

Até 1983, os softwares existentes paracontrole da manutenção eram desenvolvidosdentro das grandes empresas e processados emmáquinas de grande porte. A partir dessa datacomeçaram a ser oferecidos programas desen-volvidos no exterior, que podiam ser processa-dos em computadores de médio e grande porte.

A partir do desenvolvimento de micro-computadores, aliado à disponibilidade denovas linguagens, cresceu sensivelmente aoferta de softwares, tanto por empresas nacio-nais, como por estrangeiras. Em 1993, já exis-tiam cerca de 30 empresas oferecendo softwa-res para a área de manutenção.

1.6.2 Sistemas de ControleOs sistemas de controle de manutenção

podem ser divididos em dois blocos:

Sistemas de Controle da Manutenção de RotinaManutenção de Rotina é aquela realizada

no dia-a-dia, sem grandes perturbações no pro-cesso produtivo.

Sistemas de Controle de ParadasParadas de Manutenção são grandes even-

tos de reparo e inspeção de equipamentos, queexigem interrupção da atividade produtiva to-tal ou parcial da planta por determinado perío-do. Como a interrupção da produção caracte-riza baixo faturamento, normalmente, as pa-radas de manutenção estão centradas na exe-cução em menor período possível, mas podeocorrer que, estrategicamente, a parada estejacentrada na realização pelo menor custo pos-sível, ou ainda uma combinação das duas.

Page 16: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

16

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

Sistemas de Controle da Manutenção de RotinaNa figura seguinte, encontram-se esque-

matizadas as atividades atribuídas à Manuten-ção, a partir da identificação do problema, atéa conclusão dos serviços.

O diagrama apresentado permite visuali-zar, de modo global, os processos que com-põem a estrutura do controle e planejamentoda manutenção de rotina.

A seguir estão detalhados os principaisprocessos, constantes do diagrama, que cos-tumam ser referidos nos softwares disponíveisno mercado como “módulos”.

Processamento das Solicitações de ServiçoÉ a entrada (input) do sistema em relação

aos serviços do dia-a-dia. Os serviços, inde-pendentemente de sua origem, devem ser pe-didos através da Solicitação de Serviços.

Normalmente, as Solicitações de Serviçossão oriundas da área operacional – de produ-ção, da inspeção de equipamentos e da pró-pria manutenção.

Antes da inclusão da solicitação no siste-ma, deve haver uma sistemática de verifica-ção que, dentre outras coisas, questione:

– A solicitação é procedente?– Qual a sua prioridade?– O serviço enquadra-se na manutenção

do dia-a-dia ou é serviço de parada ouainda serviço especial?

– O serviço é atividade de manutenção?É importante que o planejamento atue “fil-

trando” os serviços solicitados, e somente pro-grame aqueles que se justificam.

Quando a solicitação do serviço é incluí-da no sistema, ela:

– recebe um número;– define a prioridade do serviço;– define a especialidade responsável pelo

serviço;– identifica o código do equipamento

(Tag), para posterior levantamento his-tórico tanto de manutenção, quanto decustos;

– identifica o centro contábil de onde se-rão debitados os custos;

– identifica o local de realização dos tra-balhos;

– traz o nome do solicitante, o que possi-bilita contato para posterior esclareci-mento de dúvidas;

– traz a descrição mais completa possí-vel dos sintomas da falha, com o intui-to de permitir um melhor planejamen-to dos trabalhos;

– registra o dia em que foi solicitado oserviço.

Planejamento dos ServiçosO planejamento dos serviços é uma etapa

importantíssima, independente do tamanho ecomplexidade do serviço. Normalmente, o pla-nejamento da manutenção do dia-a-dia podeser feito em um tempo muito curto. Já o mes-mo não se afirma sobre o planejamento deparadas, que pode demandar meses para exe-cução.

Normalmente, o planejamento executa asseguintes atividades:

Detalhamento do ServiçoNessa fase, são definidos as principais ta-

refas que compõem o trabalho, os recursosnecessários e qual o tempo estimado para cadauma delas.

Define-se também a dependência entre astarefas. No exemplo, só é possível executar atarefa 4, após executadas as tarefas 2 e 3.

Exemplo: Revisão Geral de uma BombaCentrífuga de Processo.

Processamento dasSolicitações de

Serviço(SS)

Planejamento dosServiços

Administração daCarteira de Serviços

Gerenciamento dosPadrões de Serviço

Programação dosServiços

Gerenciamento dosRecursos Disponíveis(Máquinas, Mão-de-

Obra)

Gerenciamento daExecução

dos Serviços

Administração deEstoques (Materiais e

Sobressalentes)

Registro dosServiços

e Recursos

Gerenciamento deEquipamentos Baseado no DFD

ref. 36

Page 17: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

17

Tarefa Descrição Dep. Recurso Qte. H01 Desenergizar, drenar e liberar equipamento Operador 1 102 Soltar flanges e retirar tubulações auxiliares e desacoplar 1 Mecânico 2 103 Retirar instrumentos 1 Instrumentista 1 0,504 Retirar bomba da base e levar para a oficina 2,3 Mecânico 2 0,505 Lavar o equipamento, desmontar e inspecionar peças 4 Mecânico 2 206 Pintar a base conforme Recomendação de Inspeção 4 Pintor 1 307 Substituir peças, balancear e montar 5 Mecânico 2 308 Levar equipamento para a base e instalar 5,6 Mecânico 2 209 Montar instrumentos 8 Instrumentista 1 0,510 Testar e fazer relatório de manutenção 8 Mecânico 1 1

Dep. = dependência. Qte = Quantidade de pessoas. H = Tempo para execução.

O exemplo mostra um serviço relativa-mente simples. À medida que os serviços vãoficando mais complexos, aumenta a necessi-dade de maior detalhamento.

O planejamento também deve forneceruma análise prévia do serviço a ser executa-do, com o objetivo de trazer informações bá-sicas aos executantes, de modo que eles nãopercam tempo indo e vindo do local de traba-lho para buscar ferramentas, analisar desenhosou consultar catálogos. Os principais pontos,previamente analisados, são os seguintes:

– ferramentas necessárias, que não fazemparte da caixa de ferramentas do exe-cutante. Por exemplo, mesmo que ummecânico tenha um jogo de chaves-de-boca, dificilmente ele terá uma chavede 2,3/4”, necessária para soltar para-fusos de fixação dos pés de um motorelétrico.

– facilidades existentes no local do ser-viço. Caso seja necessária a instalaçãode um painel de campo, que fará ali-mentação de uma bomba para esgota-mento de um tanque, a análise préviafornecerá um croqui de onde e comodeve ser “puxada” a ligação e evita queo executante “descubra” esses detalhesapenas na hora do serviço.

– aspectos ligados à segurança – reco-mendações importantes, aos executan-tes, relacionadas com as condições doserviço.

– dados sobre o equipamento – informa-ção sobre o produto, temperatura, pres-são, vazão entre outras.

– recomendações especiais.

Várias dessas informações podem estarcontidas em módulo específico do software, apedido do usuário, para que sejam impressasno momento da entrega do serviço ao execu-tante.

Orçamento dos ServiçosNormalmente, os sistemas atuais possuem

um módulo de orçamento e apropriação decustos. O usuário fornece as tabelas com osvalores de custo de recursos humanos, hora/máquina e materiais, e o sistema fornece a or-çamentação do serviço a partir da apropriação.

O custo, além de ser utilizado na área con-tábil da empresa, realimenta o módulo de pla-nejamento de serviço, ficando disponível parautilizações futuras.

Análise Preliminar (AP)O planejamento só pode ser considerado

completo quando, além do detalhamento daseqüência de atividades e dos recursos a se-rem utilizados, houver a certeza sobre as alte-rações que a intervenção pode proporcionar nosistema; o impacto que o serviço pode ter nomeio-ambiente; e de que modo a intervençãopode afetar a segurança das instalações e pes-soas.

Nessa etapa do planejamento, é elabora-do um documento chamado AP (Análise Pre-liminar), realizado por uma reunião entre ope-ração; manutenção e segurança, que procura-rá prever todos os impactos da intervenção sobos aspectos acima. Essa equipe é a mínimanecessária, mas tem autoridade suficiente pararequisitar apoio de outras áreas da empresa(Inspeção de Equipamentos, Engenharia, ouqualquer outro), para auxiliar a elaboração dodocumento.

Page 18: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

18

Noções de Confiabilidade e Manutenção IndustrialA confecção do documento comprova que

todos os recursos foram empregados na buscada segurança total durante a intervenção.

O Planejamento, então, incorpora a se-qüência de atividades, os recursos necessários(material e mão-de-obra), os tempos estima-dos, as ferramentas e procedimentos, diagra-mas esquemáticos, croquis de instalação, or-çamentação, análise de impactos no ambien-te, no sistema, e na segurança das instalaçõese das pessoas. Feita toda essa análise, o servi-ço estará apto para entrar na fila para ser pro-gramado para execução.

Programação dos ServiçosA programação dos serviços é a etapa que

define quais são os serviços no dia ou semanaseguinte, função das prioridades já definidas,data de recebimento da solicitação de servi-ços, recursos disponíveis (mão-de-obra, ma-terial, máquinas) e liberação pela produção.

A programação dos serviços segue algu-mas regras já consagradas pelo uso, que sãoutilizadas tanto na programação feita manual-mente, como nos softwares.

– Prioridades – são definidos quatro ti-pos de prioridades para os serviços:1. Urgente – o serviço deverá ser

realizado imediatamente: as conse-qüências da falha já estão sendosentidas, seja no processo produti-vo, na segurança das pessoas/equi-pamento, ou em agressão ao meio-ambiente;

2. Importante – serviços que devemser realizados em um curto espa-ço de tempo, pois podem interfe-rir no processo produtivo, na se-gurança das pessoas/equipamentosou resultar em agressão ao meio-ambiente.

3. Prioritário – serviços cuja execu-ção pode esperar um tempo maislongo, pois a função dos equipa-mentos não está perdida, ou aindapode ser realizada por outros equi-pamentos.

4. Não prioritário – serviços que nãointerferem na capacidade produtivada unidade e, por isso, podem aguar-dar um melhor momento para exe-cução.

– Os serviços de maior prioridade sãoprogramados primeiro, seguidos pelosde prioridade imediatamente inferior,até os recursos disponíveis, naqueladata, se esgotarem.

– Data de recebimento da Solicitaçãode Serviços – dentro de uma mesmaprioridade, o sistema programa primei-ro as Solicitações mais antigas.

– Serviços com data marcada – é umartifício utilizado para que os serviçosiniciem-se em uma data determinada.Os serviços com data marcada têm priori-dade sobre a antiguidade da solicitação.

– Bloqueios – quando ocorre falta de ma-terial, falta de informação, falta de ferra-mentas, necessidade de serviço externoou falta de liberação, o sistema permitefazer um bloqueio para que a programa-ção do serviço seja interrompida até quea causa do bloqueio seja resolvida.

Para exemplificar, tem-se, a seguir, a ta-bela de priorização dos serviços utilizada naRefinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).As prioridades são estabelecidas conforme oimpacto que a falha causa, e conforme o tipode serviço a ser realizado. Priorizações comnúmero maior são atendidas, primeiramente,pela manutenção.

Gerenciamento da Execução dos ServiçosO gerenciamento da execução dos servi-

ços, do ponto de vista do planejamento, estávoltado para o seguinte:

– acompanhamento das causas de blo-queio de serviços;

– controle de back-log, que é a carteirade serviços da manutenção. Esse con-trole contempla a carga de serviço glo-bal e por especialidade. Assim, o siste-ma deve informar, por exemplo, qual acarga de trabalho para a manutençãocomplementar e, dentro dela, qual acarga para montador de andaime. Comisso, é possível auxiliar no dimensio-namento das equipes de manutenção;

– acompanhamento da execução no to-cante ao cumprimento da programação,isto é, se os serviços programados es-tão sendo executados e, se não, por quê;

– acompanhamento dos desvios em rela-ção ao tempo de execução previsto.Caso haja desvios significativos, o tem-po deve ser alterado para que o sistemacontinue programando o serviço.

Page 19: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

19

Tabela: Priorização de Serviços

Registro dos Serviços e RecursosO registro dos serviços e recursos objeti-

va informar ao sistema:– quais recursos foram utilizados (exe-

cutantes), quantos homens/hora foramgastos no serviço e se este foi concluí-do ou não. Esse processo é conhecidocomo apropriação;

– que materiais foram aplicados;– gastos com serviços de terceiros.

Gerenciamento de EquipamentosConsiste em fornecer informações relevan-

tes para o histórico dos equipamentos. Comomencionado no item Processamento das Soli-citações de Serviço), o código incluído no sis-tema faz a ligação com o histórico do equipa-mento, o que permite a inserção desses dados.

Do ponto de vista do planejamento, o de-talhamento deve ser arquivado para utilizaçãonuma programação. Do ponto de vista da es-pecializada, dados relativos ao serviço e da-dos para análise da falha devem ser registrados.

Administração da Carteira de ServiçosSignifica fazer o acompanhamento e aná-

lise, visando ter:

– acompanhamento orçamentário – pre-visão x realização global, e separadapor especialidade, por área ou unidadeoperacional;

– cumprimento da programação pelas di-versas áreas e especialidades;

– tempos médios de execução de serviços;– índices de atendimento, incluindo de-

mora entre solicitação e início dos ser-viços;

– back-log global, por especialidade e porárea;

– composição da carteira de serviços –percentual por unidade, etc.;

– índices de ocupação da mão-de-obradisponível;

– índices de bloqueio de programação se-parado por causa.

Gerenciamento dos Padrões de ServiçosApesar dos serviços de manutenção apre-

sentarem uma característica de diversidademuito grande, é possível e importante o esta-belecimento de padrões de manutenção. Amanutenção em trocadores de calor, por exem-plo, tem uma seqüência conhecida, que podeser colocada sob a forma de detalhamento deserviços, com recursos necessários e tempoprevisto. Isso se torna um padrão que será a

Page 20: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

20

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrialbase das próximas programações. Além dis-so, os padrões podem incluir detalhes e parti-cularidades relativos aos equipamentos, quemuitas vezes passam despercebidos nos deta-lhamentos feitos às pressas.

Outra aplicação do Gerenciamento dosPadrões de Serviço é a interligação com osprogramas de Preventiva e Preditiva, que, narealidade, dependem de Detalhamento-Padrãopara sua execução.

Gerenciamento dos Recursos O Gerenciamento dos Recursos é conse-

qüência do Registro de Recursos, abordadoanteriormente. Dentre os recursos, a mão-de-obra é a que mais necessita de gerenciamento,com vias à otimização de sua aplicação. Des-se modo, o planejamento deve ter uma visãoglobal da distribuição da mão-de-obra por todaa planta, com os quantitativos definidos porcada área de atuação.

Deve estar informado também daindisponibilidade de mão-de-obra, por afasta-mentos médicos, férias, licenças e outros, demodo que a programação de serviços seja con-fiável.

A disponibilidade de todas as máquinascadastradas no sistema – máquinas operatrizes,máquinas de elevação de carga, etc. – deve serde conhecimento do planejamento pelos mes-mos motivos.

Administração de EstoquesEm virtude da interface manutenção su-

primento, os softwares disponíveis no merca-do incorporam um módulo de Gestão de Esto-ques. A informação de estoque, o acompa-nhamento de compra e o recebimento de mate-riais são fundamentais para que o planejamentoadministre bem a carteira de serviços.

Sistema de Controle de ParadasParada de Manutenção é um tipo de ma-

nutenção cíclica, levada a efeito nas instala-ções industriais, que visa a restaurar e/ou me-lhorar as condições dos equipamentos e insta-lações. É a atividade preventiva mais impor-tante no ciclo de operação da planta ou insta-lação, montada a partir de dados da operação,manutenção e inspeção de equipamentos.

Pode-se comparar a parada de manuten-ção a uma montagem industrial, que é aconcretização de um projeto. Entre o projeto ea montagem tem que existir a função de pla-nejamento. Isso também é verdade na parada,

com uma pequena diferença: “o projeto”, nes-se caso, é assumido também pelo planejamento.

A maioria das empresas, principalmenteem grandes instalações, adota a figura do “gru-po de paradas”, um grupo multidisciplinarcomposto de, pelo menos, uma participante decada área cujo envolvimento é mais significa-tivo na parada:

– manutenção – planejamento;– suprimento – materiais;– inspeção de equipamentos;– operação.A coordenação do grupo deve ser exerci-

da por um gerente da área de produção, oumanutenção, ou ainda pelo superintendente dasduas áreas.

O sistema de planejamento de paradasdeve, preferencialmente, ser capaz de interagircom outros sistemas existentes na empresa,como softwares da área de suprimento, porexemplo.

Dentre as várias atividades do planejamen-to de uma parada de manutenção, estão lista-das, a seguir, as mais significativas:

01. Cronograma Geral de Paradas de Unidades da Planta.02. Cronograma Específico de Parada de uma determinada

Unidade Operacional.03. Constituição do Grupo de Paradas, que terá, entre outras,

as seguintes atribuições:3.1. Relacionar, analisar e definir os serviços da parada.3.2. Discutir as interfaces existentes em nível local, na

empresa, e com terceiros.3.3. Definir a filosofia da parada - tempo mínimo, custo

mínimo ou os dois.3.4. Definir estratégias globais que incluem aspectos de

compras, contratação, regime de trabalho, etc.04. Delineamento dos Serviços de Parada.05. Programação.06. Emissão de Ordens de Serviços (ou Ordens de Trabalho).07. Determinação do Caminho Crítico.08. Nivelamento de Recursos.09. Projeto de Facilidades de Manutenção e dispositivos para

melhoria da mantenabilidade e melhoria da segurança ge-ral na Parada.

10. Contratação de Pessoal Externo.11. Compra de Material.12. Preparativos Preliminares – incluem preparação da área,

montagem de dispositivos, preparação de rotas de fuga(quando necessária), construção de acessos alternativos,montagem de andaimes, montagem de painéis elétricospara ligação de máquinas de solda, montagem de contai-ners na área, etc.

13. Acompanhamento dos Serviços.14. Atualização das Tarefas Programadas e Inclusão de No-

vos Serviços.15. Apropriação e lançamento no programa.16. Catalogação das recomendações de inspeção.17. Registro fotográfico e documental das condições dos equi-

pamentos (relatórios técnicos).18. Acompanhamento dos testes finais.19. Acompanhamento da partida da unidade.20. Avaliação da parada e emissão de relatórios técnicos e

gerenciais.

Page 21: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

21

Após as definições pertinentes ao serviçoa ser realizado, toda a estrutura da empresaaguarda que o planejamento emita o cronogra-ma segundo o qual a parada irá se desenvol-ver. Em virtude do grande número de tarefas evariedade de recursos, duas ferramentas sãofundamentais no planejamento e programaçãode paradas de manutenção: O Diagrama PERT-CPM, e o Nivelamento de Recursos.

O PERT é uma técnica de avaliação e re-visão de programa, encomendado pela NASAà Booz Allen and Hamilton e utilizado pelaprimeira vez em 1958, pela marinha America-na no programa Polaris.

Pela metodologia do PERT, todo e qual-quer empreendimento deve ter uma seqüênciaótima de suas atividades, de tal modo que per-mita um perfeito entrosamento entre o contro-le e a execução. Mostra graficamente o me-lhor caminho para se alcançar um objetivo pre-determinado, geralmente em termos de tem-po. Isso é mostrado por um diagrama de fle-chas que mostra a seqüência de atividades e ainterdependência entre elas.

CPM é um método desenvolvido pelaDupont para controle de suas atividades demanutenção. Consiste na identificação de um

“caminho crítico” dentro da seqüência do con-junto de atividades, que determina o prazomínimo em que o trabalho será realizado.

A união dos dois métodos gerou o chama-do diagrama PERT-CPM.

Nivelamento de recursos é a busca da uti-lização dos recursos de maneira mais constantepossível ao longo dos serviços de uma paradaou de um projeto. Se o planejamento da ma-nutenção previr recursos para atender ao picodos serviços, haverá mão-de-obra ociosa namaior parte do tempo de duração da parada.De outro modo, se a previsão de recursos forpara a situação de menor demanda de mão-de-obra, nos demais dias será necessária acontratação. O nivelamento é feito com baseno método de caminho crítico.

Na Petrobras, tem-se utilizado, como sof-tware de nivelamento de recursos e planeja-mento de grandes serviços, o MS-Project daMicrosoft, mas há vários outros que poderiamser empregados com o mesmo propósito. Osdados são colocados em forma de Gráfico deGant e identificam os eventos a serem realiza-dos (PERT) e o caminho crítico (CPM) do ser-viço como um todo. Ver a figura a seguir: so-prador SP5301C – Substituição do Eixo.

Projeto de Substituição do Eixo do Soprador SP 5301C.

Page 22: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

22

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

1.7 Política e diretrizes da manutençãoA seguir, são explicadas as políticas e as

diretrizes da Petrobras para a manutenção desuas refinarias de petróleo, edição de 1997.

1.7.1 PolíticaContribuir para o entendimento do progra-

ma de produção, maximizando a confiabilida-de e a disponibilidade dos equipamentos e ins-talações dos órgãos operacionais, otimizandoos recursos disponíveis com qualidade e se-gurança, a fim de preservar o meio-ambientee contribuir para a continuidade do desenvol-vimento do refino.

1.7.2 Diretrizes– Manutenção com qualidade, formando,

por referência, indicadores de desem-penho das melhores empresas, prefe-rencialmente internacionais.

– Aumento da confiabilidade e da dispo-nibilidade das unidades industriais,através do trabalho integrado com aoperação e a engenharia, atuando, prio-ritariamente, nas seguintes áreas:– ênfase na preditiva e na engenharia

de manutenção;– solução de problemas crônicos;– eliminação de resserviços;– elaboração e utilização de procedi-

mentos;– participação da análise de novos

projetos;– participação em programas de ma-

nutenção produtiva total – TPM;– ênfase em Paradas de Manutenção

de mínimo prazo.– Garantia dos prazos de execução de ser-

viços, especialmente das Paradas deManutenção programadas das Unida-des.

– Elaboração dos planos de inspeção quegarantam os tempos de campanha dasunidades.

– Preservação da melhoria contínua dacapacitação, através da busca, avalia-ção, incorporação, aplicação e incorpo-ração de novas tecnologias, da realiza-ção de programas de treinamento e do

desenvolvimento de métodos e proce-dimentos

– Redução das interdependências na exe-cução dos serviços de manutenção einspeção, de forma a priorizar a capa-citação, a multifuncionalidade e a ga-rantia da qualidade pelo executante.

– Orientação dos recursos próprios de su-pervisão para gestão das atividades demanutenção, de inspeção e de supri-mento, macroplanejamento, análisepreditiva, suporte técnico, preservaçãoda experiência e competência, e para afiscalização dos serviços contratados.

– Utilização plena dos recursos própriosde execução orientados para serviçosde grande complexidade tecnológica oucrítica, com o intuito de atuar, priorita-riamente, de forma multidisciplinar.

– Contratação de empresas capacitadastécnicas e, geralmente, observando osaspectos de economicidade, qualidade,preservação de tecnologia, risco ope-racional, riscos materiais e humanos enecessidade de conhecimento global desistemas, a fim de viabilizar o desen-volvimento e consolidação da experiên-cia do mercado prestador de serviços ebuscar contratos o mais próximo pos-sível dos de parceria, através de:– contratação que garanta a multifun-

cionalidade, a otimização de méto-dos e de recursos e a minimizaçãode interfaces;

– incentivo ao aumento da produtivi-dade dos serviços e da disponibili-dade das instalações com ganhosdivididos entre as partes;

– adoção de prazos contratuais longos;– exigência de empregados qualifica-

dos e certificados pelo PNQC – Pro-grama Nacional de Qualificação eCertificação, da ABRAMAN;

– realização de Análise de Valor noscontatos mais representativos;

– manutenção de programa de audi-toria nos contratos.

– Implementação de auditorias para ve-rificação do uso das diretrizes de ges-tão na área de manutenção.

Page 23: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

23

Page 24: Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial - PETROBRAS

24

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

Principios Éticos da PetrobrasA honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, odecoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípioséticos são os valores maiores que orientam a relação daPetrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demaissegmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentesde competitividade e lucratividade, sem descuidar dabusca do bem comum, que é traduzido pela valorizaçãode seus empregados enquanto seres humanos, pelorespeito ao meio ambiente, pela observância às normasde segurança e por sua contribuição ao desenvolvimentonacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pelaCompanhia devem ser verdadeiras, visando a umarelação de respeito e transparência com seusempregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dosempregados é um assunto pessoal, desde que asatividades deles não prejudiquem a imagem ou osinteresses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado dojulgamento, considerando a justiça, legalidade,competência e honestidade.