NOME DO ALUNO DE MESTRADO -...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
SILVIA PELIÇÃO BATISTA
LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS: UMA PROPOSTA METODOLÓGIA PARA
O DESENVOLVIMENTO DOS CONHECIMENTOS QUÍMICOS NO ENSINO MÉDIO.
SÃO MATEUS
2016
SILVIA PELIÇÃO BATISTA
LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS: UMA PROPOSTA METODOLÓGIA PARA
O DESENVOLVIMENTO DOS CONHECIMENTOS QUÍMICOS NO ENSINO MÉDIO.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica, do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES/UFES), como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ensino na Educação Básica.
Área de concentração: Ensino de Ciências Naturais e Matemática.
Orientadora: Profª Drª Ana Nery Furlan Mendes
Coorientadora: Profª Drª Andrea Brandão Locatelli
SÃO MATEUS
2016
SILVIA PELIÇÃO BATISTA
LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS: UMA PROPOSTA METODOLÓGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DOS CONHECIMENTOS QUÍMICOS NO ENSINO MÉDIO.
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em educação do Centro
Universitário Norte do Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito para a obtenção do título de Mestre em educação na área de
concentração Ensino de Ciências Naturais e Matemática.
Aprovada em 23 de março de 2016
Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Profª. Drª. Ana Nery Furlan Mendes – UFES - (Orientador)
___________________________________________________________________
Prof. Dr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX– XXXX
___________________________________________________________________
Prof. Dr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX– XXXX
___________________________________________________________________
Prof. Dr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX– XXXX
Dedico esse trabalho aos meus pais, em especial, pelos significados que uma conquista nos promove, por meio do comprometimento, da seriedade e reflexões em todas as ações que se desenvolve nesse processo, aos meus filhos Lísia e Herculano, ao meu esposo Francisco que sempre me apoiaram nos momentos difíceis e entenderam que minha ausência seria necessária para compartilhar essa conquista entre todos nós e a todos os alunos, porque contribuíram de forma significativa em todo o processo, por meio de uma comunicação e aprendizados inesquecíveis.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-graduação em Ensino na Educação Básica - PPGEB,
pela oportunidade de realização de trabalhos em minha área de pesquisa.
Aos meus colegas de trabalho do IFES-Campus São Mateus, por me
motivarem a continuar, em especial, a Rivana, Adriana, Nágila Rabelo Moraes,
Luciane, por contribuírem significativamente no desenvolvimento desse trabalho.
Aos professores de Química das escolas Estaduais de São Mateus, que
disponibilizaram o seu tempo para desenvolver essa pesquisa, confiando-me as
suas concepções e metodologias de trabalho.
A diretora da escola EEEFM “Wallace Castello Dutra” Judithi, por permitir que
o projeto Leitura de Artigos Científicos pudesse ser desenvolvido na escola,
confiando-me a utilização de novas metodologias.
A todos alunos que contribuíram fornecendo conteúdos valorativos para a
reflexão de um trabalho no processo ensino aprendizado de Química.
A minha Maravilhosa orientadora Ana Nery Furlan Mendes, que acreditou em
todos os momentos do desenvolvimento desse trabalho, me motivando,
apresentando novos caminhos que eu não enxergava, sendo para mim um alicerce
no desenvolvimento dessa pesquisa.
A coordenadora Andrea Brandão Locatelli pela atenção e as contribuições
nesse processo.
Aos meus eternos professores Lenir Basto Zanon e Otávio Aloísio Maldaner,
pelos quais identifico como referência no Ensino da Ciência Química, porque
apresentam que cada professor é capaz de organizar e desenvolver propostas de
ensino que contribui com o ensino de Química.
Aos meus familiares pela ajuda constate durante esses dois anos de trabalho
intenso.
A Maria Marta pelos momentos dedicados enquanto estagiaria na sala de
aula, quando foi desenvolvido esse trabalho no ano de 2015, contribuído
significativamente na finalização dessa pesquisa.
RESUMO
Este estudo aborda um processo de reflexão e construção desenvolvido diante de atores e cenas que constituem as diversidades do ambiente escolar para o ensino de Química, bem como a relevância ministrada no ensino de química, pelas relações de poder, descritas por meio do tempo diante das reformas educacionais de Gustavo Capanema e Francisco Campos. Os atores desses ambientes são entendidos como pessoas que constituem a comunidade escolar, em especial professores e alunos, e as cenas são as relações de poder, as organizações curriculares, as avaliações do conhecimento apresentado pelos alunos e as leis que as fundamentam, a exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Essa pesquisa se desenvolveu em espaços diferenciados diante do contexto histórico e nas escolhas das teorias curriculares dos professores da cidade de São Mateus-ES, com o objetivo de encontrar convergências entre atores e cenas que se comunicam nesse ambiente escolar, para construir e desenvolver uma proposta de ensino de química na qual pudesse aproximar os atores e cenas na construção de conhecimentos significativos para os alunos, por meio dos conhecimentos escolares para o ensino de Química . O desenvolvimento do estudo permitiu analisar os seguintes aspectos: a) a análise do contexto histórico entre as reformas indicadas importante para a educação; b) o pluralismo dos saberes docente proposto por Maurice Tardif (2005) e as escolhas das teorias curriculares no desenvolvimento das práticas de sala de aula; c) a análise e avaliação do desenvolvimento de uma proposta metodológica, “Leitura de Artigos Científicos”, como contribuintes no processo ensino aprendizagem de química para os alunos das séries finais do Ensino Médio. A pesquisa é de natureza interpretativa exploratória e quantitativa, orientada pelos pressupostos da pesquisa-ação. Os dados descritivos dessa pesquisa foram produzidos a partir de questionários, atividades descritivas, construção de fluxogramas conceituais, gravações em áudios, entrevistas e vídeos aulas. O trabalho envolveu 13 professores de química do ensino médio e 242 alunos de duas escolas públicas das séries finais do Ensino Médio da cidade de São Mateus-ES no período anual entre 2014 a 2015. A principal contribuição dessa dissertação é refletir sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas e propor, na Leitura de artigos Científicos, um norteador das teorias curriculares críticas, (re)significando, em especial, o ensino de Química.
Palavras-chaves: Proposta Ensino, Leitura artigos Científicos, Química
ABSTRACT
This study is a process of reflection and construction developed at the school environment about the relevance of teaching chemistry, as well as its relations of power, described through the time by Capanema and Francisco Campos’ educational reform. The characters of these environments are teachers and students at the school community and we describe the relations of power, the curricular organizations, assessments and the laws which they are based on, such as, Law of Directives and Bases of Education - LDB. This research was developed in different spaces on the historical context and the choices of teachers curricula theories from São Mateus-ES. It has the purpose of finding convergences between characters and scenes that communicate each other into the school environment, to build and develop a chemistry teaching proposal in which it could approach characters and scenes in the construction of a meaningful knowledge to students through school knowledge for chemistry teaching. The development of the study allowed us to analyze the following aspects: a) analysis of the historical context of the pointed reforms important for education; b) the plurality of teaching knowledge proposed by Maurice Tardif (2005) and the choices of curricula theories in the development of classroom practices; c) analysis and evaluation of a methodology development, " Scientific papers Reading ", as contributors in the chemistry learning teaching process for final grades students from high school. The research is exploratory and quantitative interpretive nature, guided by action-research assumptions. The descriptive were collected from questionnaires, classroom activities, construction of conceptual flow diagrams, audio recordings, interviews and video lessons. The study involved 13 high school chemistry teachers and 242 students from two public schools in final years of high school in São Mateus-ES from 2014 to 2015. The main contribution of this work is to reflect on the pedagogical practices developed in schools and propose a Paper Scientific Reading that could be a curricula theories guiding, giving a new meaning, especially about chemistry teaching.
Keywords: Proposed Education, Paper Scientific Reading, Chemistry
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Formação acadêmica dos professores de química da cidade de São Mateus- ES. ............................................................................................................... 29
Gráfico 2 - Resposta dos professores de química à pergunta: “O que motivou para ser professor? ........................................................................................................... 34
Gráfico 3 - Respostas dos professores a pergunta: “O que o professor precisa fazer para ser um bom professor na disciplina que atua? ”. ............................................... 37
Gráfico 4 - Respostas dos professores de química: metodologias mais comuns nas aulas de química. ...................................................................................................... 38
Gráfico 5 - Respostas dos professores de química: Consegue ministrar os conteúdos do CBC? .................................................................................................................... 44
Gráfico 6 - Respostas dos professores de química: quando os alunos aprendem melhor? ..................................................................................................................... 45
Gráfico 7 - Respostas dos 242 alunos quando avaliou a proposta metodológica de leitura de artigos científico para a compreensão dos conteúdos de química. ........... 77
Gráfico 8 - A visão dos discentes, diante da pergunta “quando e como identificaram que aprenderam de forma significativa? ” ................................................................. 78
Gráfico 9 - Respostas dos alunos a respeito dos livros didáticos para o desenvolvimento do ensino de química. ................................................................... 82
Gráfico 10 - Respostas dos 242 alunos diante da pergunta: “a experimentação contribuiu para construção do conhecimento”? ......................................................... 83
Gráfico 11 - Notas quantitativa e qualitativa turma EP1-T6, diante do questionário das setes questões: .................................................................................................. 86
Gráfico 12 - Notas quantitativa e qualitativa turma EP1-T7, diante do questionário das setes questões: .................................................................................................. 87
Gráfico 13 - Notas quantitativa e qualitativa turma EP2-T8, diante do questionário das setes questões: .................................................................................................. 88
Gráfico 14 - Notas quantitativa e qualitativa turma EP2-T9, diante do questionário das sete questões: .................................................................................................... 89
Gráfico 15 - Resultado da escola EP1, descritores R, RD, NR e NF, em relação aos conteúdos apresentados na proposta leitura de artigos. ........................................... 90
Gráfico 16 - Resultado da escola EP2, nos descritores R, RD, NR e NF, em relação aos conteúdos apresentados nessa proposta. .......................................................... 91
Gráfico 17 - Diferenças nos resultados das questões 3 e 6, dos descritores R, RD, NR, NF das escolas EP1 e EP2. ............................................................................... 92
Gráfico 18 - Alunos selecionados aleatoriamente das escolas EP1 e EP2 e o resultado dos dois processos avaliativos qualitativo e quantitativo. .......................... 94
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Formação específica dos professores de São Mateus. ............................ 30 Tabela 2 - Docentes na Educação Profissional no ES com Formação Superior com Licenciatura, sem Licenciatura e com Complementação Pedagógica - 2009-2013.... .................................................................................................................................. 33 Tabela 3 - artigos escolhidos para a leitura e o desenvolvimento dos trabalhos para o ensino de química ..................................................................................................... 63
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Os saberes dos Professores. .................................................................. 27
Quadro 2 - Respostas dos professores de química e a classificação por meio da tipologia do saber docente. ....................................................................................... 36
Quadro 3 - Conteúdos de química - CBC- do Estado do Espírito Santo para o 3° ano do Ensino Médio. ....................................................................................................... 41
Quadro 4 - Respostas dos professores as perguntas em relação aos objetivos das aulas de química. ...................................................................................................... 47
Quadro 5 - Avaliação que o professor ministrava na apresentação de cada grupo. . 65
Quadro 6 - Avaliação que a turma desenvolvia no momento da apresentação oral dos grupos que compartilhavam as leituras dos artigos. ........................................... 66
Quadro 7 - Demonstração da planilha do excel para a consolidação da avaliação final de cada grupo que compartilharam a leitura de artigo. ...................................... 68
Quadro 8 - Relação da quantidade de alunos que desenvolveram a proposta por turma. ........................................................................................................................ 70
Quadro 9 - Transcrição da avaliação diagnóstica da escola ep2, no ano de 2015, pelos professores da área da ciências da natureza. ................................................. 72
Quadro 10 - alunos selecionados aleatoriamente diante dos critérios de rendimento... .................................................................................................................................. 74
Quadro 11 - Alunos selecionados aleatoriamente das escolas ep1 e ep2 e o resultado dos descritores diante das sete questões. ................................................. 94
Quadro 12 - Artigos e conteúdo que foram contemplados nos artigos. ................... 110
Quadro 13 - ............................................................................................................. 112
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6- A7...........................................................97
Figura 2 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7- A6 .......................................................... 96
Figura 3 - Mapa Conceitual aluno EP2-T8- A8...........................................................97
Figura 4 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9- A11 ........................................................ 97
Figura 5 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6-A10..........................................................98
Figura 6 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7-A8 ........................................................... 98
Figura 7 - Mapa Conceitual aluno EP2-T8-A2............................................................99
Figura 8 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9-A20 ......................................................... 98
Figura 9 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6-A24........................................................100
Figura 10 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7-A16 ....................................................... 99
Figura 11 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9-A17 ..................................................... 100
Figura 12 - Mapa Conceitual aluno EP2-T-A16 ....................................................... 100
LISTAS DE SIGLAS
ANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica.....................................................37
CBC – Currículo Básico Comum...............................................................................18
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio...............................................................17
EP1 – Escola Pública 1..............................................................................................62
EP2 – Escola Pública 2..............................................................................................62
INEP - Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.......................................42
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica..........................................37
LDB – Lei de Diretrizes e Bases................................................................................16
MEC – Ministério da Educação..................................................................................36
PAEBES – Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo.............15
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais................................................................44
PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes....................................17
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica.................................................17
SEDU – Secretaria Estadual de Educação................................................................16
SRE – Superintendência Regional de Ensino............................................................55
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................09
1.1 JUSTIFICATIVA...............................................................................................17 1.3 OBJETIVOS.....................................................................................................18 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA AO ENSINO DE
QUÍMICA NO BRASIL
2.1 BRASIL COLÔNIA E A EDUCAÇÃO...............................................................18 2.2 AS REFORMAS EDUCACIONAIS E O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DE QUÍMICA.................................................................................................................. 2.3 CONTEXTUALIZADO A HISTÓRIA DO ENSINO DE QUÍMICA....................... 3 ESCOLHAS DAS TEORIAS CURRICULARES PARA O ENSINO DE
QUÍMICA: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS E VIVENCIADAS NA PRÁTICA DOS
PROFESSORES DA CIDADE DE SÃO MATEUS
3.1 ORGANIZANDO OS PASSOS PARA DESVELAR AS RESPOSTAS DOS PROFESSORES DE QUÍMICA NA CIDADE DE SÃO MATEUS-ES............................ 3.2 RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DE QUÍMICA NA CIDADE DE SÃO MATEUS-ES.................. 3.3 A DOCÊNCIA E AS ESCOLHAS DAS TEORIAS CURRICULARES.................. 4 LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA CONTRIBUIR NO ENSINO DE QUÍMICA........................................................... 4.1 4.2 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA.................................................................. 4.3 A VISÃO DOS DISCENTES DIANTE DA PROPOSTA: “LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS NO ENSINO DE QUÍMICA.................................................... 4.4 CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR QUÍMICO PELOS ATORES NA LEITURA DE ARTIGOS.............................................................. 4.5 5 PRODUÇÕES SIGNIFICATIVAS ALÉM DA SALA DE AULA POR MEIO DA LEITURA DE ARTIGOS 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42
ANEXOS ................................................................................................................... 44
14
O desenvolvimento do ensino de Química no Brasil, atualmente, vem conquistando,
mesmo que lentamente, espaços de reflexões pelas discussões que têm liderado a
demanda educacional ao remeter a questão do conhecimento escolar para o ensino
de Química, antecipadamente definida como de má qualidade, largamente difundida
pela mídia e pelo Sistema Nacional de Avaliação da educação Básica –SAEB, como
de baixa qualidade.
Esse cenário educacional afirma a necessidade de reflexões e propostas para a
ocorrência de aprendizagens reais no desenvolvimento dos conhecimentos
escolares. Lopes (1999, p.226) entende o conhecimento escolar por ser constituído
a partir das relações entre os saberes científicos e cotidianos e, a maneira de como
ocorre, “interfere diretamente na forma de compreendermos o conhecimento
escolar”.
Nesse sentido, deixa clara a importância das várias expressões dos saberes,
definido por plural (MARQUES, 2000), diverso social e cultural, partindo
principalmente da interlocução desses saberes, que ao se relacionarem desenvolve
novas construções. Para Marques (1996), a interlocução detém-se em,
[...] saberes constituídos em anterioridade, prévios as relações com que se vão reconstruir enquanto aprendizagem, não mera repetição ou cópia, mas efetiva reconstrução enquanto desmontagem e recuperação de modo novo na perspectiva do diálogo dos interlocutores constituídos em comunidade de
livre-conversação e de argumentação. (MARQUES,1996)
Vygotsky (2001), entende que o ser humano é interativo na criação de seu contexto
cultural, ao mesmo tempo em que é constituído, porque a cultura faz parte da
natureza humana e passa a evoluir por meio das interações que se estabelece entre
os sujeitos e participantes. Ainda afirma que no processo da construção dos
conhecimentos científicos e cotidianos não há rupturas.
O desenvolvimento do conhecimento escolar para o ensino de Química, precisa ser
analisado em sua complexidade no ambiente educacional, para que sejam
administradas ações que favoreçam o processo de ensino aprendizagem dos
alunos, a iniciar, pelo contexto histórico desenvolvido através do tempo até a sala de
aula, visto que esta é constituída por um sistema complexo, dinâmico, com
subjetividade e conflitos, e com dimensões valorativas que se estabelecem na
15
vivência, entendendo que a educação não está circunscrita exclusivamente em
paredes e muros de uma estrutura geográfica escolar.
Na tentativa de compreender os resultados apresentados pelos alunos da cidade de
São Mateus-ES, classificados como insuficiente, em sua maioria, pelas avaliações
internas dos professores acompanhadas pela Secretaria de Educação Regional de
São Mateus (SRE - São Mateus-ES) e as avaliações externas do Programa de
Avaliação da Educação Básica do Estado do Espírito Santo (PAEBES) apresentadas
no ano de 2011 e pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB),
buscou-se entender inicialmente: Como o Ensino de Química se desenvolveu por
meio das principais reformas educacionais? E qual a importância atribuída a essa
disciplina?
As reformas educacionais indicadas nessa pesquisa, que não tem a pretensão de se
aprofundar nos aspectos de natureza sociológica, são as de Francisco Campos,
vigente no período de 1931 a 1941 e Gustavo Capanema no período de 1942 a
1960, na qual buscou-se fazer alguns apontamentos, a exemplo, sobre a
importância atribuída a disciplina de Química e os objetivos gerais para o
conhecimento escolar no ensino secundário (1931-1941), no curso científico (1942-
1960), no segundo grau (1961-1995) e no atual ensino médio
Segundo Roseli P. Schnetzler (2013)
São propostos, basicamente, os mesmo objetivos para o ensino secundário, a saber: promover a aprendizagem dos princípios gerais da ciências Química, enfatizar o seu caráter experimental e suas relações com a vida cotidiana dos alunos , propósitos estes que , a meu ver, buscavam e
buscam conferir significados à obrigatoriedade. (SCHNETZLER, 2013, p.
56).
Essa linha de reflexão entendida pela pesquisadora remete o olhar para a
consideração de que o objetivo geral no processo de ensino aprendizagem de
Química se desvinculam a partir dos materiais disponibilizados para os alunos,
como os livros didáticos, visto que as suas características desenvolvem a
“manutenção de um ensino tradicional”, mesmo porque uma organização
educacional é constituída por elementos que interferem nesse processo de
construção dos conhecimentos, de forma direta e \ou indireta.
16
Esses elementos serão identificados nessa pesquisa pelos atores e cenas. Os
atores são entendidos como pessoas que constitui a comunidade escolar, em
especial professores e alunos, e as cenas são as relações de poder, as
organizações curriculares, as avaliações externas do conhecimento e as leis que as
fundamentam a exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB.
Toda organização educacional é constituída de elementos que estão em constantes
construções e reconstruções, por meio das relações de poder, do currículo, dos
conhecimentos transmitidos por cada profissional, das avaliações externas, da
organização da escola regida por uma identidade cultural e social. Política para
Noberto Bobbio (1996) são as relações de poder, logo educação também é uma
prática política pela relação de poder estabelecida institucionalmente.
Certamente, o currículo encontra-se inserido no interior dos jogos de poder, em um
campo privilegiado, para a regulação do governo social das condutas, ditando
normas, valores, atuando nos moldes da subjetivação com um caráter
eminentemente político.
O currículo apesar de apresentar um campo de conflitos, tem um papel importante
como elemento mediador no processo educacional, e Gilmeno Sacristán (2000)
apresenta uma concepção de currículo como uma forma de acessar o
conhecimento, sem esgotar seu significado em algo estático, visto que as funções
cumpridas pelo currículo como projeto de cultura e socialização são realizadas
através do formato das práticas, dos conteúdos que é criado em torno de si.
Conhecer o ambiente escolar, constituído por atores e cenas que se comunicam, é
importante para refletir sobre o desenvolvimento dos conhecimentos escolares e
para auxiliar no desenvolvimento de novas propostas para melhoria do ensino de
Química, tendo em vista que estão intrinsicamente interligados nesse espaço,
desenvolvendo convergências e divergências que podem sinalizar exatamente em
que meio e atividade deve ser repensado. De acordo com Vital Didonet (2006), a
qualidade do ambiente escolar, no texto feito para FUNDESCOLA, a escola é
[...] mais do que quatro paredes; é clima, espírito de trabalho, produção de aprendizagem, relações sociais de formação de pessoas. O espaço tem que gerar ideias, sentimentos, movimentos no sentido da busca do conhecimento; tem que despertar interesse em aprender; além de ser alegre
17
aprazível e confortável, tem que ser pedagógico. Há uma 'docência do espaço'. Os alunos aprendem dele lições sobre a relação entre o corpo e a mente, o movimento e o pensamento, o silêncio e o barulho do trabalho, que constroem conhecimento. (DIDONET,2006).
Ao buscar respostas sobre como se desenvolve a construção dos conhecimentos
escolares de Química para alunos do Ensino Médio da cidade de São Mateus-ES,
tornou-se relevante conhecer também os diversos saberes dos professores de
química, por meio da formação acadêmica, das concepções construídas de “ser
professor”, da pratica docente para o desenvolvimento das escolhas e as
organizações metodológicas para a construção dos conhecimentos escolares.
Os conhecimentos construídos por cada profissional, enquanto um ator, em sua
prática de sala de aula é definido por Tardif (2005) como “saber docente”, que pode
ser provenientes de “diferentes fontes de aquisição”, entendidos como saberes
sociais, experienciais, disciplinares, profissionais e curriculares, podendo ser definido
como um “saber plural oriundos da formação profissional e experienciais”.
Na literatura educacional (Alarcão, 1996; Nóvoa, 1997; Schön, 1997 ;Maldaner 2003;
Schnetzler 2002; Marques 2006; ) encontram-se pesquisadores que tem-se
debruçado em uma vasta produção intelectual relacionado à formação acadêmica
dos professores e a continuidade dessa formação. Essas literaturas discutem,
principalmente, à necessidade da qualificação e apresentam propostas para o
desenvolvimento profissional do professor.
Esse trabalho de pesquisa estar-se-á apoiado em Tardif (2005; 2006) em favor das
concepções do saber docente, Maldaner (1997; 200; 2003; 2007) e Zanon (2006)
para argumentar alguns aspectos em que a formação dos professores de química se
relaciona com o processo ensino aprendizagem dos alunos do Ensino Médio da
Cidade de São Mateus-ES.
Ao fundamentar-se no pluralismo dos saberes profissionais, encontram-se algumas
afirmações que podem trazer muitas reflexões, a exemplo, que “a escolha das
metodologias a ser desenvolvida uma sala de aula, fica na dependência exclusiva do
perfil de cada professor”. Para Pimenta (2000), o saber docente não é formado
apenas da prática, mas também nutrido pelas teorias da educação, que
18
fundamentam a ação pedagógica, diferenciando o fazer pedagógico do
simplesmente indutivo.
Na tentativa de encontrar enlaces com o contexto histórico e os saberes dos
professores, identificou-se: como a formação acadêmica dos professores de química
da cidade de São Mateus-ES contribui no processo ensino aprendizagem dos
alunos? Quais as concepções desses professores? Como desenvolvem as escolhas
das metodologias? Como ministram as aulas? Como norteiam o processo ensino
aprendizagem dos alunos? Como se relacionam com as cenas curriculares?
Os argumentos para responder esses questionamentos foram produzidos a partir de
questionários descritivos, entrevistas com os professores de química, das escolas
públicas da cidade de São Mateus-ES, na análise e reflexão sobre a ação nesse
processo de pesquisa-ação.
A necessidade dessa pesquisa em fazer apontamentos significativos por meio do
contexto histórico de química e dos saberes dos professores, fundamenta e justifica
a necessidade do desenvolvimento de propostas metodológicas desenvolvidas por
professores de Química, para que atendam às necessidades em tempo real dos
alunos, no desenvolvimento dos conhecimentos escolares.
A proposta metodológica por meio da leitura de artigos científicos foi desenvolvida,
diante da necessidade em aproximar os alunos ao conhecimento Químico, visto que
muitos artigos publicados em revistas, a exemplo, Química Nova na Escola e a
Química Nova, desenvolve por meio de alguns artigos linguagens acessíveis para
alunos do Ensino Médio, na qual traduzem situações do cotidiano, em que muitas
vezes, são divulgadas pela mídia de forma fragmentada e equivocada.
Foi desenvolvida a proposta de Leitura de artigos em duas escolas públicas da
cidade de São Mateus-ES, dos 3°anos, na qual apresentam tipologias diferentes,
uma escola técnica integrada identificada como EP1 e outra do ensino médio regular
identificada como EP2, para que fosse analisado se haveria contribuições que
pudessem favorecer no processo ensino aprendizado de Química.
A análise das contribuições dessa proposta justifica-se a aceitação, enquanto
pesquisa, tendo em vista que Demo (1991,1995a, 1995b, 1996, 1997) apresenta os
19
pressupostos teóricos e destaca a pesquisa como proposta metodológica em sala de
aula, e afirma que a “discutibilidade é o critério principal da cientificidade”.
Toda pesquisa ou proposta metodológica esta´ propicia a validação, para Lukesi
(2010) a diferença da pesquisa para a avaliação é que a “pesquisa pretende
desvendar como funciona a realidade e a avaliação pretende desvendar a qualidade
da realidade”, nesse sentido esse trabalho se desenvolverá para a validação da
pesquisa por meio das avaliações da proposta de leitura de artigos científicos.
No ambiente educacional, sabe-se que as avaliações internas são desenvolvidas no
ambiente escolar e as externas são desenvolvidas pelo governo federal através do
Sistema de Avaliação do Ensino Básico Prova Brasil – SAEB, nomeadas
inicialmente de Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb), que tem por objetivo
fornecer um modelo por amostragem, em 2005 passou por uma estruturação com
duas avaliações.
Atualmente busca-se representar os resultados das instituições educacionais, no
âmbito Nacional, a partir dos resultados dos alunos apresentados nas avaliações
externas. As políticas de avaliações externas, tem influenciado diretamente na
seleção dos conteúdos curriculares escolares, entendidas também, como um
elemento na garantia da ampliação progressiva do Programa Internacional de
Alunos - PISA que determina uma meta para 2020 o percentual de 7%.
No entanto, essas avaliações externas, apesar de auxiliar de forma geral a
reprodução dos conhecimentos, por meio da compreensão e interpretação,
apresenta-se muito limitante na indicação do fracasso ou sucesso das instituições,
visto que é regido por algumas folhas de papeis para os conhecimentos construídos
em uma vida escolar, na qual são contempladas exclusivamente questões objetivas
para a disciplina de Química.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, o conhecimento é o resultado de
um processo de modificação, construção e reorganização utilizado pelos alunos para
assimilar e interpretar os conteúdos escolares, não é entendido como um único x de
uma questão
20
A escolha da proposta de leitura de artigos para essa pesquisa, decorre
principalmente do reconhecimento dos alunos ao afirmarem que a proposta
metodológica “Leitura de Artigos Científicos” contribui para a construção dos
conhecimentos escolares.
Essa proposta desenvolve atividades para transformar a sala de aula em um espaço
dinâmico, dialético e de significados que não se esgota, mas que constantemente
precisam ser (re) significados, por meio da leitura de artigos, dos debates, das
pesquisas, das práticas experimentais, das impressões dos alunos e pela forma que
cada aluno constrói seu conhecimento. Essa proposta desenvolve atividades para
transformar a sala de aula em um espaço dinâmico, dialético e de significados que
não se esgota, mas que constantemente precisam ser (re) significados, por meio da
leitura de artigos, dos debates, das pesquisas, das práticas experimentais, das
impressões dos alunos e pela forma que cada aluno constrói seu conhecimento.
Desse modo os objetivos foram delineados como princípio condutor deste estudo:
Objetivo Geral
Identificar os possíveis problemas que possam fragmentar o conhecimento escolar e
que dificultam a construção dos saberes químicos dos alunos que cursam o terceiro
ano do ensino médio na cidade de São Mateus-ES. Desenvolver e avaliar a proposta
metodológica por meio da “Leitura de Artigos Científicos”.
Objetivo Específico
Identificar os avanços significativos para o Ensino de Química nas principais
reformas educacionais.
Investigar o pluralismo docente e as metodologias utilizadas no ensino de
química para o ensino médio na cidade de São Mateus-ES.
Avaliar o rendimento dos alunos do terceiro ano na disciplina de química por
meio das avaliações externas.
Identificar convergências entre as reformas educacionais, o pluralismo
docente e as avaliações externas.
21
Aplicar e avaliar a proposta metodológica “Leitura de Artigos Científicos” para
alunos do terceiro ano do ensino médio por meio da situação problema que
fragmenta e dificulta a construção do conhecimento químico pleno.
Apresentar as contribuições da proposta metodológica por meio da “Leitura de
Artigos Científicos”
Para desenvolver os objetivos estabelecidos, essa pesquisa pretende apresentar por
meio dos seus capítulos o contexto histórico pela relevância ministrada ao ensino de
química e responder os seguintes questionamentos: a) como esse contexto histórico
influenciou para que os professores da cidade de São Mateus-ES construíssem as
suas concepções e, por meio dessas, fizessem as suas escolhas para o
desenvolvimento do processo ensino aprendizado de química? b) como os alunos
transferem o conhecimento químico escolar por meio das avaliações externas? c)
como uma proposta de ensino pode contribuir para que os alunos transitem pelos
conceitos químicos em seu cotidiano com significados?
No capítulo intitulado “Breve Contextualização da Importância Atribuída ao
Ensino de Química no Brasil”, é feito um convite para transitar do período colonial
ao século XXI, por meio das reformas, em especial de Francisco Campos e Gustavo
Capanema, com o objetivo de fazer uma reflexão sobre a importância ministrada à
disciplina de química no currículo escolar através do tempo e como se
desenvolveram as construções evolutivas das propostas no ambiente educacional
para a melhoria do Ensino de Química.
No capítulo “Escolhas das Teorias Curriculares para o Ensino de Química:
Experiências Acadêmicas e Vivenciadas na Prática dos Professores da Cidade
de São Mateus” apresenta-se uma pesquisa qualitativa desenvolvida com
professores de química das escolas públicas na cidade de São Mateus-ES,
transcrevendo a formação acadêmica, as teorias curriculares que construíram na
teoria e prática de ser professor, analisando a contribuição dessa formação para as
escolhas metodológicas e do desenvolvimento dos conhecimentos de Química para
os alunos.
22
No capítulo “Leitura de Artigos Científicos: Uma proposta Metodológica para o
Ensino de Química” desafia a desequilibrar a zona de conforto existente por meio
das cópias dos modelos aplicados em sala de aula. Nesse capítulo é descrita a
metodologia desenvolvida nessa proposta e apresenta os resultados construídos
pelos alunos, por meio das avaliações qualitativas e quantitativa, com a participação
de 242 alunos dos terceiros anos do Ensino Médio em duas escolas públicas da
cidade de São Mateus-ES. Essa proposta possibilita uma diversidade de
movimentos e atividades, e contempla os alunos como atores principais por meio
das impressões, debates, questionários orais, pesquisa, aumentando o potencial
formativo e oferendo maiores chances de (re)significação e produção dos
conhecimentos escolares, dando concretude aos conhecimento construído.
No capítulo 4 “Produções Significativas Além da Sala de Aula Por Meio da
Leitura de Artigos”, são apresentadas as produções dos alunos por meio da
“Leitura de Artigos científicos” para identificar as contribuições na contextualização
entre os artigos e os significados do cotidiano dos alunos e a aproximação da
Comunicação Científica.
As “Considerações Finais”, apresenta as conclusões entre todos os capítulos e
propõe a continuidade do desenvolvimento de estudos e pesquisas em relação a
leitura de artigos científicos para o ensino médio, numa perspectiva de análise e
comparação dos dados e resultados aqui apresentado
23
CAPÍTULO 2 –
Escolhas das Teorias Curriculares para o Ensino de Química:
Experiências Acadêmicas e Vivências Práticas dos Professores da
Cidade de São Mateus
24
Ao transitar pela educação por meio do contexto Histórico do Brasil retratado em
livros, artigos e periódicos, tem-se a impressão, em uma visão geral, de que muitas
vezes se reescrevem as mesmas necessidades e dificuldades há décadas,
mediadas pelo objetivo de prover um ensino de Química com qualidade e
significados, para que todos os alunos desenvolvam os conhecimentos escolares.
A educação é constituída por atores e cenas curriculares e subsidiada por relações
de poder, a exemplo, a organização curricular, visto que apresenta um caráter
socializador e norteador do processo ensino-aprendizagem, em que se manifestam
os interesses eminentemente políticos, permeados por relação de poder.
Neste cenário educacional, os atores são entendidos como pessoas que constituem
a comunidade escolar, em especial professores e alunos, e as cenas são as
relações de poder, as organizações curriculares, as avaliações externas do
conhecimento e as leis que as fundamentam. Como exemplo, cita-se a Lei de
Diretrizes e Bases – LDB, seguida pelas orientações ministradas pelos PCN e
PCNEM.
O desenvolvimento do conhecimento escolar está pautado principalmente pelos
ditames da organização curricular, visto que etimologicamente a palavra currículo
significa: o caminho a percorrer. Acerca desse assunto, Saviane (2002) esclarece
que o currículo
Compreende conhecimentos, ideias, hábitos, valores, convicções, técnicas, recursos, artefatos, procedimentos, símbolos, dispostos em conjuntos de matérias/disciplinas escolares e respectivos programas, com indicações de atividades/experiências para sua consolidação e avaliação (SAVIANE, 2002, pg.)
A resolução 04/2010 –Art. 13: § 2° na organização da proposta curricular, determina
que se deve assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares
que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais,
articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos
historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos
educandos.
Nesse sentido, o currículo ultrapassa o entendimento de atividades escolares
baseadas exclusivamente em conteúdos disciplinares, livrescos e teóricos. O
25
espanhol Cesar Coll orienta, nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, a
classificação dos conteúdos enquanto conhecimento para ser desenvolvido no
ambiente escolar como conteúdos conceituais, factuais, procedimentais e atitudinais
que estão diretamente ligados às práticas no processo ensino aprendizagem dos
professores, sem força de lei.
Também Donald Schon (1997) define o conhecimento escolar por um tipo de
conhecimento que professores supostamente possuem e transmitem aos alunos por
meio dos fatos, teorias, atitudes, que se estabelecem de forma isolada e que podem
ser combinadas em sistemas cada vez mais elaborados e complexos do
conhecimento, evidenciando uma ideia de que o conhecimento é certo, factual e
categorial, significando uma profunda e quase mística crença em respostas exatas
(Schön, 1997, p. 81-82).
Todavia, a ideia de Schon é refutada quando caracteriza o saber escolar por meio
de uma pedagogia de conhecimentos isolados, que poderia completar-se de forma
categorial de estruturas lógicas e classificatórias, tendo em vista que a mente do
sujeito nunca está pronta, é elástica (SMAGORINSKY, 1995), pode modificar-se
constantemente na interação social e cultural.
Os conhecimentos escolares são desenvolvidos por meio das escolhas das Teorias
Curriculares que se constituem nas relações dos espaços vivenciais dos
profissionais da educação por um conjunto de representações, imagens, reflexões,
signos que produzem e descrevem uma realidade sobre o que significa o currículo,
classificadas em teorias acrítica, críticas e pós-críticas.
As teorias acríticas traduzem um acúmulo de informação específica, e ao mesmo
tempo, promovem a alienação social e econômica de um modelo fordista e teorista,
a exemplo, a visão tradicional caracterizada por um currículo dividido em disciplinas.
(ZABALA,1998).
Por outro lado, a teoria curricular crítica são as tendências pedagógicas
progressistas. Essa disposição não se preocupa exclusivamente com objetivos e
métodos, mas com as intenções desses métodos e objetivos com um caráter
subjetivo. O estudioso Demerval Saviani apresenta como uma concepção de um
26
modelo libertador "Pela mediação da escola, dá-se a passagem do saber
espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita" (SAVIANI,
1991, pg;29). Nesse sentido, o saber do senso comum é o início e o que dá acesso
ao saber sistematizado, por meio do saber científico.
Na teoria curricular pós-crítica a cultura patriarcal predomina no currículo
desvalorizando, assim, o conhecimento cultural e histórico de alguns grupos
mediados por conhecimentos incertos e indeterminados, questionando, com isso,
quais os parâmetros utilizados para se concretizar uma verdade.
Portanto, a educação não pode ser identificada de forma unidirecional e
fragmentada em pedaços que podem ser isolados, porque se trabalha com
indivíduos que constantemente estão aptos a desenvolver novos traços de
conhecimentos, tornando-se complexa, principalmente por ser constituída de
elementos significativos, como os atores e as cenas, que se comunicam e estão em
constante necessidade de transformação.
Diante desse contexto, encontra-se o professor, um ator nomeado como o
responsável no provimento da construção de todo o conhecimento dos alunos, e
dotado de um pluralismo de saberes docente. Tardif (2005) afirma que o saber
docente se compõe, na verdade, de vários saberes provenientes de diferentes
fontes, sendo estes saberes sociais, experienciais, disciplinares, profissionais e
curriculares, podendo ser definido como um saber plural oriundo da formação
profissional e experiencial.
Afirma-se, assim, que os professores são constituídos de teorias curriculares que os
fundamentam por meio de experiências vivenciadas na formação acadêmica, na
prática e na sala de aula, e se organizam em um espaço planejado, supervisionado,
remunerado, com tensões, colaborações e reajustamentos circunstanciais. Além
disso, a todo o momento o educador fica sujeito a fazer escolhas, pelas condições
históricas e sociais do exercício profissional.
Para encontrar respostas e confluências de como os professores de química
desenvolvem os conhecimentos escolares em suas práticas metodológicas, buscou-
se fazer uma relação entre as teorias Curriculares e as escolhas pelo pluralismo
27
docente, descrito por meio de um modelo tipológico, na identificação e na
classificação dos saberes docente, tendo em vista que Tardif (2005) coloca em
evidência as fontes de aquisição desses saberes e seus modos de integração no
desenvolvimento dos saberes docente (Quadro 1).
Quadro 1 - Os saberes dos Professores.
Saberes dos professores
Fontes sociais de aquisição
Modos de integração do trabalho docente
Saberes pessoais dos professores
A família, o ambiente de vida, a educação no
sentido lato, etc.
Pela história de vida e pela socialização primária.
Saberes provenientes da formação escolar anterior.
A escola primária e secundária, os estudos pós-secundários não especializados, etc.
Pela formação e pela socialização pré-
profissionais.
Saberes provenientes da formação profissional para
o magistério.
Os estabelecimentos de formação de professores, os estágios, os cursos de
reciclagem, etc.
Pela formação e pela socialização profissional
nas instituições de formação de professores
Saberes provenientes dos programas e livros
didáticos usados no trabalho.
A utilização das ferramentas dos
professores: programas, livros didáticos, cadernos de exercícios, fichas, etc.
Trabalho na sua adaptação às tarefas.
Saberes provenientes de sua própria experiência na
profissão, na sala de aulas e na escola.
A prática do oficio escolar na sala de aula, a
experiência dos pares, etc.
Pela prática do trabalho e pela socialização
profissional.
Fonte: TARDIF, 2005.
Espera-se por meio dessa pesquisa responder “como a formação acadêmica e as
práticas vivenciais dos professores se constituíram para que possam fazer as
escolhas das teorias Curriculares no processo ensino aprendizado de química”?
28
2.1. ORGANIZANDO OS PASSOS PARA DESVELAR AS RESPOSTAS DOS
PROFESSORES DE QUÍMICA NA CIDADE DE SÃO MATEUS-ES.
Nesse trabalho, será apresentado uma pesquisa exploratória, interpretativa e
quantitativa diante das coletas de dados primários com entrevistas orais e
transcrição de um questionário descritivo/oral (Anexo 1), contendo 14 questões
abertas e 5 questões fechadas.
O resultado da pesquisa proveio da aplicação do questionário e das entrevistas orais
foram com 13 professores que ministram aulas de química nas escolas públicas da
cidade de São Mateus-ES, no ano de 2014. Esses educadores serão representados
pela letra maiúscula P precedido por um número, a exemplo, P1, P2, P3...P13,
totalizando os treze professores entrevistados.
Nessa pesquisa, serão apresentados, ainda, os atores e as cenas curriculares que
constituem o cenário da educação para a disciplina de química da cidade de São
Mateus-ES. Os atores são as pessoas, alunos e professores, e as cenas curriculares
são compostas pela LDB- Lei de Diretrizes e Bases, Conselho Nacional de
Educação CNE- com força de lei, seguida pelas orientações ministradas nos PCN,
PCNEM, que não apresentam força de lei e, pelos ditames das instâncias
constituídas por diferente grupo sociocultural.
Inicialmente, buscou-se identificar a formação acadêmica dos professores e analisar
os pontos relevantes dos saberes pessoais, como contribuintes na formação
acadêmica e nas escolhas metodológicas para desenvolverem os conhecimentos
escolares de química.
Para classificar as respostas emitidas pelos professores nas questões abertas, foi
necessário encontrar sinônimos das expressões escritas, a exemplo, das frases
“conhecer os conteúdos” e “estar se atualizando”, que foram substituídas pela
palavra conhecimento, para melhor ordenar em classes as variáveis que os
professores identificaram como importante para ser um bom professor de química,
representado no Gráfico 3.
Os questionamentos eram conduzidos aos professores para identificar como
fundamentam o conhecimento enquanto “ser professor” e como transferem esses
29
conhecimentos para os alunos? Como classificam os conhecimentos que
administram para os alunos do Ensino médio? Quais as metodologias que utilizam?
Os objetivos? Quais as concepções construídas diante da prática docente vivencial?
Após análise dos resultados descritos pelos professores, foram entrevistados alguns
educadores oralmente que por meio do questionário descritivo. Os docentes
trouxeram dúvidas quanto ao posicionamento de algumas questões, para que não
fossem validadas interpretações infundadas, além, é claro, de uma melhor
compreensão dos dados.
2.2. RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
PARA PROFESSORES DE QUÍMICA NA CIDADE DE SÃO MATEUS-ES.
Nessa pesquisa, inicialmente, buscou-se identificar a formação acadêmica dos
professores das escolas públicas da cidade de São Mateus que ministram aulas de
Química.
As respostas da primeira pergunta, em relação à formação inicial dos professores,
indicaram que todos os professores de química apresentam uma formação completa
no Ensino Superior, seguido de Especialização e alguns com Mestrado, conforme
apresentado no Gráfico 1.
Gráfico 1 - Formação acadêmica dos professores de química da cidade de São Mateus- ES.
Fonte: Autor
30
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) indica a necessidade da
formação acadêmica por meio do curso superior. No entanto, ao analisar a formação
específica dos professores de Química (Tabela 1), encontra-se um quadro
preocupante, pois 12 desses professores fizeram complementação pedagógica de
química ou fizeram cursos de áreas afins, sendo que somente um professor
apresenta na sua formação acadêmica Licenciatura plena de Química. Por
conseguinte, a maior representação foi para os professores que cursaram Farmácia,
conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Formação específica dos professores de São Mateus.
FONTE: Autor
Torna-se relevante observar que aproximadamente 92% dos professores
apresentaram o curso de complementação pedagógica. Esses docentes estão
embasados no Art. 2º da Resolução 02/97, destinado aos portadores de diploma de
nível superior. Isso justifica, quiçá, o porquê do curso de Licenciatura em Química
apresentar uma procura baixa quando comparado a outros cursos da educação.
No entanto, ao analisar a grade curricular da complementação pedagógica, não é
garantida a formação adequada para o ensino de Química, visto que não são
ofertadas as disciplinas que estabelecem relações do conhecimento escolar de
química com as práticas pedagógicas que deveriam alinhavar com o conhecimento
científico e o conhecimento do senso comum dos alunos. Para tanto, tornar-se-ia
Professor
Tempo de experiência profissional (acima de)
Formação Acadêmica
na graduação
Especialização na Disciplina.
Ensino de Química
Mestrado
Complementação Pedagógica
Licenciatura e em outras áreas afins.
P1 10 anos L. Química X P2 5 anos Farmácia X X P3 4 anos Farmácia X P4 4 anos Farmácia X P5 9 anos Farmácia X P6 4 anos Química
Industrial X
P7 4 anos Farmácia X P8 9 anos Matemática X X P9 3anos Farmácia X P10 4 anos Farmácia X P11 5 anos Farmácia X X X P12 9 anos Química
Industrial X
P13 4 anos Farmácia X
31
necessário garantir a formação continuada desses professores. Essa ideia pode ser
ratificada pelo parágrafo único da LDB, que assegura que
garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
Em relação a isso, no site da Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo –
SEDU, pode-se constatar que, entre os anos de 2013 e 2014, foram apresentadas
significativas ações da formação continuada para os professores da rede estadual,
no entanto não contemplam uma formação contínua e continuada por meio das
necessidades dos professores que ministram aulas de Química na cidade de São
Mateus-ES.
Segundo Schnetzler (1996), três razões têm sido usualmente apontadas para
justificar a formação continuada de professores:
A necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de reflexões
críticas sobre a própria prática pedagógica, pois a efetiva melhoria do
processo ensino-aprendizagem só acontece pela ação do professor; a
necessidade de se superar o distanciamento entre contribuições da
pesquisa educacional e a sua utilização para a melhoria da sala de aula,
implicando que o professor seja também pesquisador de sua própria prática.
Em geral, os professores têm uma visão simplista da atividade docente, ao
conceberem que para ensinar basta conhecer o conteúdo e utilizar algumas
técnicas pedagógicas. (SCHNETZLER, 1996)
O desenvolvimento das ações de formação continuada é considerado de extrema
importância, porque se espera que sejam feitas reflexões sobre o processo de
ensino aprendizagem, que desenvolvam os planejamentos direcionados às
necessidades da comunidade escolar, que se discutam e se compartilhem as
estratégias metodológicas na qual viriam a contribuir com o desenvolvimento das
práticas no processo de ensino aprendizagem de Química. Segundo Maldaner
(1997; 2000):
Os processos de formação continuada já testados e que podem dar
respostas positivas têm algumas características relevantes: os grupos de
professores que decidem “tomar nas próprias mãos” o tipo de aula e o
conteúdo que irão ensinar, tendo a orientação maior – parâ- metros
curriculares por exemplo –, como referência e não como fim; a prevalência
32
dos coletivos organizados sobre indivíduos isolados como forma de ação; a
interação com professores universitários, envolvidos e comprometidos com
a formação de novos professores; o compromisso das escolas com a
formação continuada de seus professores e com a formação de novos
professores compartilhando seus espaços e conquistas(MALDANER,
2000,p. 25).
Por meio das respostas orais dos professores, foi identificada outra situação
preocupante, visto que na rede Estadual de Educação do estado do Espírito Santo,
os profissionais são vinculados ora por concurso público, ora por contratação em
regime de designação temporário.
Dos 13 professores entrevistados, somente três fazem parte do quadro permanente
de professores, os demais são contratados temporariamente, sendo que a maioria
atua entre 3 e 9 anos como professores de química na cidade de São Mateus.
Contudo, essa maioria é desprovida de uma formação continuada, visto que
preferencialmente selecionam-se professores do quadro permanente.
O diagnóstico da Educação do Estado do Espírito Santo, publicado no portal da
Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo – Sedu
(http://portal.sedu.es.gov.br:85/PDFs/DIAGNOSTICO.pdf)(2014), divulga uma
relação entre professores com e sem Licenciatura, entre os anos de 2009 a 2013, e
justifica que o aumento da procura por professores não licenciados, a partir do ano
de 2011, ocorreu depois da publicação da Lei 9.971/2012, que assegura aos
bacharéis a igualdade salarial em relação aos professores portadores de
licenciatura, havendo um decréscimo na procura de Cursos de Complementação
Pedagógica em 2013 (Tabela 2).
33
Tabela 2 - Docentes na Educação Profissional no ES com Formação Superior com Licenciatura, sem Licenciatura e com Complementação Pedagógica - 2009-2013.
Fonte: Portal Sedu: Diagnóstico da Educação do Estado do Espírito Santo.
Nesse sentido, buscou-se identificar as concepções que foram construídas por
esses professores ao compartilharem a formação acadêmica, o tempo que ministram
as aulas de química e as práticas utilizadas nesses espaços escolares. Segundo
Tardif (2005), à docência é constituída de relações humanas com pessoas capazes
de iniciativas e dotadas de certa capacidade de resistir ou de participar da ação dos
professores.
Para identificar as relações entre os saberes docentes e as escolhas das teorias
curriculares nas ações metodológicas para o Ensino de química, buscou-se
respostas sobre a concepção de cada entrevistado para o significado de “ser
professor”, visto que, a pergunta analisada foi “o que te motivou a ser professor?”.
Diante dessa pergunta, classificaram-se cinco respostas que associavam os
professores com: 1) a presença de professores na família; 2) o desejo de ajudar a
sociedade e transformar cidadãos mais críticos, 3) um caminho alternativo
financeiro; 4) o conhecimento e 5) o simples gostar. O resultado obtido está
apresentado no Gráfico 2.
O conhecimento, definido pelos docentes como as informações dos conteúdos
disciplinares de química, apresentou a maior importância para a escolha da
profissão de professor de Química, representando aproximadamente 46% das
respostas dos treze professores entrevistados.
Ano Total Geral
Possui curso com Licenciatura
Possui curso sem Licenciatura
Total Com complementação
2009 1.204 506 694 - 2010 1.149 474 675 - 2011 1.834 602 1232 414 2012 1.859 651 1208 493 2013 1.851 809 1042 306
34
Gráfico 2 - Resposta dos professores de química à pergunta: “O que motivou para ser professor?
FONTE: Autor
Afim de analisar as respostas apresentadas pelos professores, identifica-se a
representação significativa do ambiente familiar e do gostar nas escolhas pela
profissão. Para Vygotsky (apud OLIVEIRA, 1993), o desenvolvimento sócio cultural
que se desenvolve no sentido de produzir adultos que operam psicologicamente de
uma maneira particular, de acordo com os modos culturalmente construídos de
ordenar o real, dentro de uma perspectiva interacionista, nos traz que o sujeito
interfere no meio e que o meio interfere no sujeito.
As concepções que são constituídas por qualquer indivíduo estão intrinsecamente
ligadas a suas vivências como “sujeitos deste meio”, ao momento que lhes são
apresentados novos caminhos, somente assim poder-se-ia avaliar suas escolhas por
meio de suas produções.
Nesse sentido, configura-se a presença do modelo tipológico indicado por Tardif
(2005), ao indicar que as vivências de formação pré-profissionais que compreendem
as experiências familiares e escolares dos professores no sentido lato e a
escolarização primária e secundária, baseada na proveniência social dos saberes,
representam, também, que uma parte importante da competência profissional tenha
raízes em sua história .
É importante ressaltar, porém, que Tardif(2005) faz críticas quando o saber docente
apresenta visões relativamente simplificadoras, porque a competência profissional
35
não pode ser confundida com a sedimentação temporal e progressiva das crenças e
representações dos modelos formativos exclusivamente acadêmicos ou pessoais,
tendo em vista que nas práticas docentes nascem saberes plurais que devem estar
intrinsicamente interligados.
Certamente, quando não fica claro a grande responsabilidade que compete ao
profissional da educação diante da sua função de mediar o ato de contribuir com a
construção dos conhecimentos químicos escolares, não se dará conta da
importância que a ciência representa nesse complexo ambiente escolar. Sobre esse
assunto, Maldaner (2000) advoga que
“é preciso analisar também que ainda existem práticas docentes que muitas
vezes não levam em consideração as novas abordagens, bem como
encontram na profissão “ser professor” apenas um trabalho técnico,
desprezando os aspectos pedagógicos, ou ainda valorizam o ensino em
detrimento da aprendizagem desconhecendo seus alunos, no que se refere
aos anseios, vontades, dificuldades, tempo de aprender, e enfatizam suas
aulas pela memorização de fórmulas e atividades”. (MALDANER, 2000, p.)
A respeito disso, Tardif (2006, p. 60) define o termo “saber” como os conhecimentos,
competências, habilidades e as atitudes dos docentes ao longo de uma trajetória. O
autor explica que:
Um professor de profissão não é somente alguém que aplica conhecimentos
produzidos por outros, não é somente um agente determinado por
mecanismos sociais: é um ator no sentido forte do termo, isto é, um sujeito
que assume sua prática a partir dos significados que ele mesmo lhe dar ,
um sujeito que possui conhecimento e um saber-fazer proveniente de sua
própria atividade e a partir dos quais ele a estrutura e a orienta.( TARDIF,
2005, p.230)
Sob a ótica do que significa “ser professor” de química, foi perguntado aos
professores “O que o professor precisa fazer para ser um bom professor na
disciplina que atua? ”. As respostas de cada professor são apresentadas no Quadro
dois, associando-as aos saberes dos professores de acordo com a tipologia de
Tardif e as fontes sociais de aquisição.
36
Quadro 2 - Respostas dos professores de química e a classificação por meio da tipologia do saber docente.
Fontes sociais de aquisição
Respostas dos professores de Química
Saberes dos professores de acordo com a tipologia
de Tardif
A família, o ambiente de vida, a educação no sentido lato.
P-5 Gostar do que faz e planejar as aulas P-10 Gostar de ser professor P-13Gostar do que faz e conhecer os conteúdos que irá trabalhar.
Saberes pessoais dos professores
A escola primária e secundária, os estudos pós-secundários não especializados.
P-1Ter conhecimento acerca do currículo, didática e empatia. P-2Saber a matéria e tentar facilitar o entendimento da mesma ao máximo, de forma a alcançar a compreensão da maioria dos alunos. P-3Ter conhecimento prévio, ser dinâmico, acreditar que através do ensino a vida pode ser melhor. P-4Sempre estar se atualizando e estudando, procurando novos métodos para a sala de aula, que motive os alunos. P-12Mediar o conhecimento entre seus alunos. P-6 -Se capacitar -Transformar as aulas em algo atrativo.
Saberes provenientes da formação escolar anterior e traços da formação profissional do magistério
A prática do oficio escolar na sala de aula, a experiência dos pares.
P-11 Paciência Conhecimento e prazer. P-8 Dedicação e paciência. P-9Dedicação, dedicação, conhecimento e vontade. P-7. Atencioso, ser criativo, dedicado, saber lhe dar com as adversidades.
Saberes pessoais dos professores e Saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na sala de aulas e na escola
Após análise das respostas, percebeu-se que O “conhecimento” e o “gostar” são
significativos para os professores, visto que tanto na pergunta “o que te motivou a
ser professor? ” como na “o que o professor precisa fazer para ser um bom
professor de química? ” dois termos foram apresentados com maior porcentagem
(Gráfico 3).
37
Gráfico 3 - Respostas dos professores a pergunta: “O que o professor precisa fazer para ser um bom professor na disciplina que atua? ”.
Fonte: autor
No entanto, os professores não fizeram nenhuma referência aos conhecimentos
escolares por meio dos conteúdos conceituais, procedimentais, atitudinais e os
factuais e, quando instigados oralmente, não emitiram o parecer a respeito.
Os professores P4 e P6, apresentam informações valorativas, afirmando a
necessidade do conhecimento por meio da atualização profissional, como um dos
fatores mais importante de ser um bom professor. Como já mencionado, os
professores de química da cidade de São Mateus-ES estão desprovidos de uma
formação continuada, visto que se prioriza no estado, a formação para os
professores com as contratações efetivas e a maioria desses professores é
contratado por meio da designação Temporária – DT.
Com os professores desprovidos de formação continuada há mais de quatro anos,
foi perguntado “Quais as metodologias e os materiais mais comuns nas aulas de
química que você utiliza? ” (Gráfico 4).
Ao analisar as respostas da maioria dos professores referente às metodologias e os
materiais, parece que não está claro para os professores o que significa
metodologia, visto que responderam à pergunta “Qual (is) o(s) material(is) e
38
metodologia(s) utilizada(s) mais comuns para ministrar as aulas?” sem diferenciar a
metodologia dos materiais utilizados nos planejamentos das aulas de química.
Gráfico 4 - Respostas dos professores de química: metodologias mais comuns nas aulas de química.
FONTE: Autor
A etimologia da palavra Metodologia, considerando a sua origem grega, advém de
methodos, que significa META (objetivo, finalidade) e HODOS (caminho,
intermediação), caminho para se atingir um objetivo. LOGIA quer dizer
conhecimento, estudo. Portanto, metodologia significaria o estudo dos métodos, dos
caminhos a percorrer, tendo em vista o alcance de uma meta, objetivo ou finalidade
por meio de estratégias ou técnicas.
No entanto, para Masetto, (2003, p. 88) estratégia e técnica não são sinônimos. O
autor nos coloca que a estratégia é um termo mais amplo que técnica. Estratégia é
uma maneira de se decidir sobre um conjunto de disposições, ou seja, são os meios
que o docente utiliza para facilitar a aprendizagem dos estudantes. Já a técnica, os
recursos e meios materiais que estão relacionados aos instrumentos utilizados para
atingir determinados objetivos.
Na verdade, a concepção a respeito da metodologia na literatura é diversa e cheia
de contradições, e se desenvolve por meio de modismos em conjunto com as
evoluções no processo ensino aprendizado. Nesse sentido, é entendido por meio
39
das diversas formas que os professores encontraram para descrever as
metodologias associadas aos instrumentos pedagógicos.
Pelas respostas obtidas dos professores, nota-se que 40% utilizam o data show com
aulas expositivas, 23% afirmam usar a experimentação, 20% utilizam vídeos e
atividades descritivas e, aproximadamente, 17 % utilizam outras atividades como
jogos, trabalho de grupo, leitura de artigos e a utilização do Laboratório de
Informática-Lied e da biblioteca da escola.
Os materiais mais utilizados pelos professores são o data show e algumas vidrarias
de laboratório. Já as metodologias, na maioria, desenvolvem-se por meio da
transmissão e recepção com aulas expositivas explicativas e experimentais.
Para Destarte e Líbano (1985, p.137), o trabalho docente deve ser contextualizado
histórica e socialmente, isto é, articular ensino e realidade. O que significa isso?
Significa perguntar, a cada momento, como é produzida a realidade humana no seu
conjunto, ou seja, que significado tem determinados conteúdos, métodos e outros
eventos pedagógicos, no conjunto das relações sociais vigentes.
Os professores, mesmo não sabendo diferenciar as palavras entre as concepções
metodológicas, técnicas e materiais, fazem uso de técnicas e estratégias
metodológicas variadas, mesmo que em menor concentração, demonstrando que
estão abertos para novas propostas para desenvolver atividades que possam
auxiliá-los no processo ensino–aprendizagem dos alunos.
Essa ideia é defendida também por Masetto, (1997, p. 35), defensor de que “a sala
de aula deve ser vista como espaço de vivência”. Quando o aluno percebe que pode
estudar nas aulas, discutir e encontrar pistas e encaminhamentos para questões de
sua vida e das pessoas que constituem seu grupo vivencial, quando seu dia-a-dia de
estudos é invadido e atravessado pela vida, quando ele pode sair da sala de aula
com as mãos cheias de dados, com contribuições significativas para os problemas
que são vividos “lá fora”, este espaço se torna espaço de vida, e desta maneira a
sala de aula assume um interesse peculiar para ele e para seu grupo de referência.
No entanto, cada professor desenvolve suas escolhas de acordo com os seus
saberes, visto que os professores P5, P7, P8, P9, P10 e P13 responderam que
40
utilizam aulas expositivas, data show e atividades. No entanto, P1, P2, P3, P4, P6 e
P12, responderam com maior diversidade de materiais e estratégias em sua prática,
concordando aqui que as escolhas dos professores se projetam apresentando
confluências significativas diante dos Saberes provenientes da formação escolar
anterior e traços da formação profissional estabelecida por Tardif(2005).
Além das escolhas diárias dos professores em sua pratica, a educação é subsidiada
por relações de poder, a exemplo, a organização curricular, tendo em vista que
apresenta um caráter socializador e norteador do processo ensino-aprendizagem.
O currículo, para Pacheco (2003), é um projeto, um artefato, cuja construção se
insere numa dinâmica e complexa conversação. O currículo regional é um
documento de trabalho em permanente elaboração, pois não é possível definir a
aprendizagem a partir nem de um receituário nem de uma única perspectiva. Para
além do conflito, o currículo regional só se torna possível se for rompido com os
processos uniformes e estandardizados de decisão curricular.
Certamente, o currículo, apesar do campo de conflitos, tem um papel importante
como elemento mediador no processo educacional, e Gilmeno Sacristán (2000)
apresenta uma concepção de currículo como uma forma de acessar o
conhecimento, sem esgotar seu significado em algo estático, visto que as funções
cumpridas pelo currículo como projeto de cultura e socialização são realizadas
através do formato das práticas, dos conteúdos que são criados em torno de si.
O estado do Espírito Santo apresenta uma Organização Curricular por meio do
Currículo Básico Comum - CBC, que foi desenvolvida com a participação dos
profissionais da rede, entre os anos de 2008 e 2009. O CBC apresenta uma unidade
de conteúdos para cada série, conforme apresentado no Quadro 3, por meio das
áreas do Conhecimento, a exemplo das Ciências Naturais que contempla a
disciplina de química, física e biologia.
41
Quadro 3 - Conteúdos de química - CBC- do Estado do Espírito Santo para o 3° ano do Ensino Médio.
COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS
Dominar a norma culta
da Língua Portuguesa e
fazer uso das linguagens
matemática, artística e
científica.
Construir e aplicar
conceitos
das várias áreas do
conhecimento para a
compreensão de
fenômenos naturais,
processos histórico-
geográficos, produção
tecnológica e
manifestações artísticas
.
Selecionar, organizar,
relacionar,
interpretar dados e
informações
representados
de diferentes formas,
para
tomar decisões e
enfrentar
situações-problema..
Relacionar informações,
representadas
em diferentes
formas, e conhecimentos
disponíveis em situações
concretas, para construir
argumentação
Identificar diferentes
formas de variação de
energia em
transformações
químicas.
Compreender a energia
envolvida na formação e
na “quebra” de ligações
químicas.
Compreender o
conceito de calor e sua
relação com
transformações
químicas e com a
massa de reagentes e
produtos.
Compreender o
significado das
aplicações da primeira e
da segunda leis da
termodinâmica no
estudo das
transformações
químicas.
Compreender
qualitativamente o
conceito de
entalpia, entropia e
potencial-padrão de
eletrodo.
Compreender a entalpia
Processos endotérmicos e
exotérmicos.
Variações de energia que
acompanham as
transformações:
∆H.
Espontaneidade das
reações
e seus aspectos qualitativos.
Energia de ligação,
formação e combustão.
Relações estequiométricas
nas reações termoquímicas.
Notação, nomenclatura e
propriedades dos
hidrocarbonetos, álcoois,
fenóis, derivados
halogenados, aldeídos,
cetonas, ácidos carboxílicos,
éteres, ésteres, ácidos
sulfônicos, aminas e amidas.
Detergentes e eutrofização.
Alimentos e qualidade de
vida : carboidratos, lipídeos
e proteínas.
Polímeros, consumo e meio
ambiente.
42
consistente.
Recorrer aos
conhecimentos
desenvolvidos na escola
para
elaboração de propostas
de
intervenção solidária na
realidade,
respeitando os valores
humanos e
considerando a
diversidade
sociocultural.
de reação como
resultante do balanço
energético advindo de
formação e ruptura de
ligação química.
Identificar e reconhecer
a importância das
estruturas químicas dos
hidrocarbonetos,
álcoois, aldeídos,
cetonas, ácidos
carboxílicos, ésteres,
carboidratos, lipídeos e
proteínas.
Reconhecer a
associação entre
nomenclatura de
substâncias com a
organização de seus
constituintes.
Reconhecer a
importância da química
orgânica para a
produção de fármacos e
a relação desses
com a vida.
Reconhecer a
importância e as
implicações das
substâncias orgânicas
na sociedade moderna.
Identificar e reconhecer
a importância dos
polímeros
Plantas medicinais nas
culturas
Afro e Indígena: princípios
ativos.
Radioatividade: histórico e
aplicações na sociedade
43
para a sociedade,
considerando suas
implicações ambientais.
Compreender o
processo histórico de
descoberta das
radiações nucleares e
suas diferentes
aplicações na
sociedade (agricultura,
medicina, produção de
energia e bélico).
Fonte: Currículo Básico Estadual/ES, 2009.
Diante da organização estabelecida pelo CBC do estado do Espírito Santo, a
pergunta direcionada aos professores de química foi se eles conseguem “ministrar
os conteúdos do CBC? ” (Gráfico 5).
Os professores P4, P7 e P11 responderam que sim, mas 77% dos professores
expuseram que não conseguem desenvolver os conteúdos propostos pelo CBC e
justificam que o tempo de duas aulas semanais é insuficiente, relatando, ainda, que
uma das grandes dificuldades encontradas é a falta de interesse dos alunos no
conhecimento Químico. Indicando que se torna um dos fatores que os desmotivam
e, por conseguinte, escolhem alargar somente o conhecimento superficial, que
chamaram de “básico”.
44
Gráfico 5 - Respostas dos professores de química: Consegue ministrar os conteúdos do CBC?
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8 P-9 P-10 P-11 P-12 P13
Consegue ministrar os conteudos do CBC? sim
Consegue ministrar os conteudos do CBC? não
Fonte: autor
Foi descrito pelos professores de química da cidade de São Mateus-ES que são
muitas as dificuldades que os alunos apresentam, como: a) falta de interesse, b) a
falta de conhecimentos prévios para darem continuidade à construção do
conhecimento químico, c) dificuldades primárias nos cálculos e relações
quantitativas, d) a falta das aulas práticas por falta de infraestrutura, e) a falta de
leitura e interpretação. Diante do exposto pelos professores, quando descreveram as
dificuldades identificadas pelas impressões e os olhares dos atores, a pergunta
subsequente foi “Quando os alunos aprendem melhor o que você ensina? ” (Gráfico
6).
45
Gráfico 6 - Respostas dos professores de química: quando os alunos aprendem melhor?
Fonte: autor
Dessa forma, tornam-se necessárias reflexões nas abordagens do processo ensino
aprendizagem dos alunos e nas práticas educacionais desenvolvidas nesse
processo, porque os próprios atores demonstram insatisfações e desejo de
mudanças desse cenário por meio das respostas orais.
Percebe-se que na maioria das respostas emitidas pelos professores, entre as
atividades normalmente desenvolvidas em sala de aula e como os alunos aprendem
melhor, nem sempre leva-se em consideração a melhor forma de aprendizado dos
alunos aprendem. Os professores indicaram que na maioria das vezes utiliza-se
40% de aulas expositivas em suas aulas, ao mesmo tempo relatam que os alunos
aprendem mais por meio da relação entre a teoria e práticas experimentais,
perfazendo um total de 39% das respostas.
Outra observação é a respeito dos exercícios contextualizados, que não foram
apresentados como uma das atividades mais comuns em sala de aula. Para
(Vygotsky, 2000), o ensinar e o aprender seriam dois processos indissociáveis,
formando uma unidade delimitadora do campo de constituição do indivíduo na
cultura, o que implica a participação direta do professor na constituição de processos
psíquicos do aluno.
46
Por meio dessa pesquisa, torna-se relevante argumentar a existência das diferenças
entre as atividades mais comuns na sala de aula aplicadas pelos professores,
apresentado no Gráfico 4, e das atividades que os alunos aprendem mais
facilmente, apresentadas no Gráfico 5, visto que essas duas situações deveriam
nortear o processo ensino-aprendizagem. No entanto, o professor P3 informou que
os alunos aprendem melhor quando são utilizados os jogos, no entanto ele não
indica essa atividade como uma atividade mais comum aplicada em suas aulas.
Não obstante, os professores P1 e P2, que ministram aulas na mesma escola,
relatam que as dificuldades dos alunos estão nos cálculos e informam que esses
alunos aprendem com mais facilidade por meio de atividades mais “intensas” (muitas
atividades-repetição).
Notavelmente o ensino de química ainda apresenta uma elevada importância na
utilização de cálculos algébricos, no entanto, deve-se refletir sobre a importância
ministrada atualmente por meio desses cálculos no ensino de química, para não
distanciar o entendimento de que a matemática é uma ferramenta no auxílio da
compressão fenomenológica e na interpretação para as soluções de problemas
práticos do cotidiano do aluno.
Segundo Zanon e Silva (2000), o professor tem a tarefa de ajudar os alunos a
aprenderem através do estabelecimento das inter-relações entre os saberes teóricos
e práticos inerentes aos processos do conhecimento escolar.
Para tanto, na tentativa de entender a perspectiva dos objetivos para as aulas de
química dos professores da cidade de cidade de São Mateus-ES, foi perguntado
quais os objetivos de uma aula que devem ser observados? E o que identifica de
importante e essencial para alunos aprenderem no tempo escolar que é
disponibilizado em sua pratica? (Quadro 4).
Santos e Schnetzler (1996, p. 28) compreendem “a função do ensino de química
deve ser a de desenvolver a capacidade de tomada de decisão, o que implica a
necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o contexto social em que o
aluno está inserido”, afirmando a relevância de atividades que se desenvolvem a
partir das próprias vivencias dos estudantes. Para isso, faz-se necessário superar a
47
sequencialidade tradicional que tem guiado os modos nos programas de ensino
(Maldaner et al., 2007, p. 113).
Os atores entrevistados concordam, em sua maioria, que o principal objetivo é a
aprendizagem. Essa aprendizagem foi identificada aproximadamente 61% para os
valores e 38% para os conteúdos de Química. Santos (2007, p. 2) enfatiza que os
valores estão “vinculados aos interesses coletivos, como os de solidariedade, de
fraternidade, de consciência do compromisso social, de reciprocidade, de respeito ao
próximo e de generosidade”, estão diretamente relacionadas às necessidades da
formação humanística.
Quadro 4 - Respostas dos professores as perguntas em relação aos objetivos das aulas de química.
Professor Os principais objetivos de uma aula de
química?
O que torna importante os alunos
aprenderem
P1 A aprendizagem, a relação aluno-
professor e aluno-aluno
Disciplina, frequência e interesse
P2 O ensino-aprendizagem do aluno. Mais interesse da parte dos alunos
P3 Compreensão do conteúdo ministrado Organização, planejamento dedicação
de docente e discente
P4 Disciplina em sala de aula, domínio do
conteúdo
...”trazer o meio cotidiano para dentro
da sala de aula
P5 Introduzir os alunos na aula para
estarem aprendendo
Base de cálculo, interpretação, tabela
periódica, soluções, reações químicas,
classificação ácidos base e química
orgânica.
P6 Que o conteúdo passado atinja o aluno. Precisam ter conhecimentos que
ajudem na sua vivencia, no cotidiano e
para sua formação.
P7 Perceber que o aluno ficou
interessado...”Aprendizado”
Reações químicas
P8 Aspectos conceituais e científicos. Assuntos e temas voltados para sua
48
realidade
P9 A produção conjunta de conhecimentos Dedicação entusiasmo e vontade.
P10 Informar, contextualizar e desafiar. Ter a consciência da posição de aluno,
ser disciplinado, aberto a novas ideias.
P11 Aprendizagem Modelo atômico, soluções,
hidrocarbonetos.
P12 Aprender os conteúdos de química Transformação da matéria
P13 Fazer os alunos aprender Os conteúdos de química
Fonte: Autor.
A experimentação é, em maioria, uma das escolhas metodológicas dos professores,
indicada quando foi perguntado se “utilizam essa prática na sala de aula? ” Após
verificar as respostas, observou-se que somente os professores P11, P12, P13
informaram que não utilizam a experimentação nas aulas de Química. Subsequente
a essa pergunta, foram indicadas as seguintes dificuldades para a não utilização da
experimentação:
P1: “Consiste na ausência de um técnico de laboratório e no grande número de
alunos para o professor assistir no laboratório”.
P2: “Falta de um auxiliar no laboratório”.
P3: “Falta laboratório”.
P4: Não apresentou dificuldades
P5: Não apresentou dificuldades
P6: “Falta de monitores de laboratório, reagentes e tempo para planejamento. ”
P7: “Espaço físico”.
P8: “Reagentes que não possui na escola”.
P9: “Recursos são limitados”.
P10: “Quantidade de alunos maior que o espaço destinado a prática”
P11: “Condições laboratório não ajuda”
49
P12: “Falta de espaço”.
P13: “Para o prepara do experimento”
Durante a análise do questionário descritivo, foi identificado que grande parte dos
professores concorda com a importância da experimentação no processo ensino-
aprendizagem. Entretanto, justificam que a falta do direcionamento dos recursos
financeiros para as escolas na construção e manutenção dos laboratórios, vidrarias
e reagentes faz com que essa prática fique cada vez mais distante da realidade dos
alunos e dos professores e, por conseguinte, em muitas escolas, a responsabilidade
é transferida para os professores buscarem materiais alternativos para a substituição
dos convencionais de laboratório.
Acerca desse recurso de ensino-aprendizagem, Maldaner (2003) diz que
a experimentação tem o objetivo de aproximar os objetos concretos das descrições teóricas criadas, produzindo idealizações e, com isso, originando sempre mais conhecimento sobre esses objetos e, dialeticamente, produzindo melhor matéria-prima, melhores meios de produção teórica, novas relações produtivas e novos contextos sociais e legais da atividade produtiva intelectual (MALDANER, 2003, p.).
Em resposta à pergunta do questionário descritivo “qual o papel da experimentação?
Os professores responderam:
P1:"Experimentação deveria instigar os alunos a propor hipóteses e
teorias"
P2: "Compreensão melhor do conteúdo".
P3: "Fixar ou visualizar a teoria ministrada em sala de aula. Incentivo a
novos cientistas"
P4: "Conseguimos mostrar a realidade do meio em que vivem ...maior
interesse"
P5: "Para mostrar o que ocorre na reação e o aluno entende melhor"
P6: "Gerar interesse ao aluno e levar par o cotidiano deles"
P7: "Sem ele não tem como aliar e entender a teoria"
P8: "Relacionar conteúdo"
P9: "Fundamental para diversificação do conhecimento"
P10: "Observar o experimento e utilizar o método científico "
50
P11: "Provar"
P12: "Assimilar o conteúdo"
P13: "Incentivar os alunos para aprender o conteúdo"
Para maioria dos professores, o papel da experimentação tem a função de
reprodução, comprovação de teorias, no entanto Zanon (2000) alerta para essa
visão simplista da experimentação por meio da concepção reproducionista ou
cientifista, afirmando que
Pesquisas revelam a prevalência de visões essencialmente simplistas sobre a experimentação no Ensino de Ciências. Muito se tem discutido a esse respeito e, como sabemos, ainda é amplamente vigente a acepção de experimentação como mera atividade física dos alunos [manipulam, “vêem a teoria com seus próprios olhos”], em detrimento da interação e da atividade propriamente cognitiva-mental (ZANON, 2000, p.121)
A preocupação emitida pela Zanon (2000) está na reprodução dessas concepções
para os alunos, de que ciência é constituída por uma única verdade, sem levar em
consideração a complexidade do comportamento das espécies químicas quando
interagidas com os fenômenos físicos, químicos e biológicos.
2.3. A DOCÊNCIA E AS ESCOLHAS DAS TEORIAS CURRICULARES.
Encontram-se na função da docência os professores, como atores que são
constituídos por pluralismos de saberes diretamente influenciados pelas fontes de
aquisição desses saberes e de seus modos de integração nos quais lhes são
apresentados e reproduzidos por meio das atividades profissionais. Em
concordância com a afirmativa de Tardif (2006, p.297), que os professores se
apoiam em diversas forma de saberes , o saber curricular provenientes dos
programas; o saber disciplinar, a formação profissional inicial e contínua, o saber
experiencial vivenciado em suas práticas docentes.
51
Os professores da cidade de São Mateus apresentam, por meio das fontes sociais
de aquisição, saberes pessoais e saberes provenientes da formação escolar anterior
com traços da formação profissional do magistério valorativos, de acordo com a
tipologia de Tardif, quando afirmam que gostam da profissão e identificam o
conhecimento sob a ótica de ser professor.
No entanto, necessitam que seja garantida a formação continuada direcionada ao
ensino de Química, na perspectiva de refletir as concepções e as escolhas das
teorias curriculares, visto que em sua maioria fazem as escolhas das teorias
curriculares acríticas, valorizando o acúmulo de informações teóricas, como uma
das respostas em maior evidência nos questionários descritivos e nas entrevistas
orais, afirmada principalmente pelas respostas das atividades diárias ministradas em
sala de aula por meio da metodologia de transmissão e recepção.
Um novo olhar e estudo devem ser direcionados para o CBC, visto que a maioria
dos professores afirma não conseguir trabalhá-lo, mesmo que esteja clara que a
função deste não é esgotar conteúdos, mas de organizar um Currículo Comum para
o estado do Espírito Santo.
São muitas as possibilidades de planejamentos que podem efetivar o processo
ensino aprendizado de Química de forma significativa para os alunos, por isso é
necessário identificar as necessidades em tempo real, para que intervenções
pedagógicas sejam construídas com a presença dos próprios professores nesse
processo de forma dialética e dialógica.
52
CAPÍTULO 3 –
LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS: UMA PROPOSTA
METODOLÓGICA PARA CONTRIBUIR NO ENSINO DE QUÍMICA
53
No cenário educacional, entre as reformas que fizeram parte da história e as
escolhas das teorias curriculares dos professores da cidade de São Mateus-ES,
percebeu-se que a palavra com maior intensidade, por meio das reflexões e das
várias interpretações, foi conhecimento. Maldaner e Zanon (2013, p.), afirmam que
“o conhecimento no processo histórico foi construído pela humanidade de forma
cada vez mais complexa e intencional”, a exemplo, o conhecimento científico e o
escolar, como produções culturais.
Por conseguinte, o desenvolvimento do conhecimento torna-se uma inquietação
para a educação, por não possuir respostas prontas e únicas, ocasionando
preocupações pela incansável necessidade de reflexão nesse processo construtivo.
Nesse sentido, Madaner e Zanon (2013), alertam, ainda, que deve ser analisado sua
significação e ressignificação, visto que quanto mais profunda for a significação
dessa cultura, “mais capacidade terão as novas gerações de recriá-la e projetá-la
para novas possibilidade de entendimento do meio que vive” (MALDANER, ZANON,
2013).
Certamente, essa influência na qual constrói a compreensão desses conhecimentos
culturais e a forma de interpretá-los, apresenta uma dualidade de construções,
porque pode ser utilizado para contribuir de forma favorável às futuras produções
desse meio, ou pode pormenorizar a construção desses conhecimentos,
convalidando o processo, pelo qual se desenvolvem esses saberes.
O conhecimento científico se desenvolve por meio da pesquisa e se ressignifica a
cada um novo olhar do objeto, a cada uma nova descoberta, ao negar, ao reafirma-
se, caracterizando assim a sua objetividade, passível de verificação e isenta de
emoção. Acerca desse tipo de conhecimento, Maldaner e Zanon (2013) defendem
que
A compreensão do que seja ciência e como ela é produzida influenciam em muito o ensino escolar da ciência. Se, por exemplo, a compreensão é que ciência constituem um conjunto de verdades estabelecidas e que seus enunciados coincidem com a realidade das coisas e do mundo natural e dos fatos, o professor tende de ensiná-las, assim. (MALDANER, ZANON, 2013. pg.334)
Afirmar-se-ia, nesse sentido, a existência de uma única verdade, sem a possibilidade
de refutá-la, logo, professores estariam dotados de argumentos em sala de aula de
54
forma retórica, exclusivamente para o convencimento de informações únicas,
dificultando o diálogo e a projeção de novos campos de possibilidades, tornando as
aulas exclusivamente de transmissão e recepção.
Todavia, atualmente, busca-se na educação reflexões significativas por meio das
Teorias Curriculares Críticas, que possibilitam a passagem do saber espontâneo ao
saber sistematizado, por meio do saber científico e não a introspecção exclusiva das
produções cientificistas.
Sabe-se que há consenso estabelecido entre pesquisadores educacionais
(MALDANER, ZANON 2013, DEMO 1997, 2006) que ensinar a ciência Química é
diferente de produzir ciência, mesmo quando o conhecimento escolar não se
desvincula dos princípios, leis, teorias da própria produção científica nas aulas de
química. Para Demo (2006) “existem dois princípios para a pesquisa: o científico e o
educativo”, tornando-se necessário diferenciá-los, porque a cada um é designado a
sua função.
Busca-se, no desenvolvimento do conhecimento escolar, alcançar objetivos
significativos no processo ensino aprendizado, por meio dos recursos pedagógicos e
das práticas desenvolvidas nas salas de aula para o ensino de Química. Demo
(1991,1996,1997), com base na teoria de Habermas, propõe a pesquisa como
essência da ação do professor em sala de aula para possibilitar a transformação do
educando de objeto a sujeito.
Maldaner (2003, p.), ao escrever sobre o assunto, estabelece que o professor pode
ser classificado em reflexivo quando “é capaz de refletir a respeito de sua prática de
forma crítica para além do conhecimento na ação e de responder, reflexivamente,
aos problemas do dia a dia nas aulas”. Essa ideia é ratificada por Lima (2007),
quando defende a pesquisa como elemento primordial na atividade do professor e
que, para o pleno exercício dessa atividade, o educador deve ser
pesquisador/reflexivo.
Portanto, entende-se que a pesquisa na educação é uma aliada que promove
movimentos, que pode alargar caminhos significativos para auxiliar na construção de
55
conhecimentos escolares, favorecendo, a exemplo, no processo ensino aprendizado
de Química.
O cenário educacional é constituído por atores e cenas curriculares, nesta pesquisa,
foram apresentados os professores de Química da cidade de São Mateus, enquanto
um dos atores, as impressões e concepções, a formação acadêmica, e as escolhas
curriculares que a prática educacional os proporcionou na docência diante das
cenas curriculares, traduzindo as dificuldades, as necessidades e o desejo da
conquista por uma educação de qualidade.
No entanto, tornou-se necessário também identificar as impressões e as construções
dos alunos, na tentativa de investigar a produção dos alunos quando lhes são
apresentados propostas metodológicas de ensino, contrárias às escolhas
curriculares acríticas, tendo em vista que a aprendizagem dos alunos é um dos
maiores objetivos a ser alcançado na educação e precisa ser constantemente
construída e reconstruída.
Entende-se que, para o desenvolvimento das práticas metodológicas em uma sala
de aula, devem-se analisar os indivíduos que fazem parte desse meio, visto que a
sala de aula é constituída por um sistema dinâmico, complexo, com subjetividades e
conflitos, e com dimensões valorativas que se estabelecem na vivência. Os
pesquisadores Souza e Justi (2015) afirmam que:
As propostas mais recentes de ensino de química têm como um dos pressupostos a necessidade do envolvimento ativo dos alunos nas aulas, em um processo interativo professor/aluno, em que os horizontes conceituais dos alunos sejam contemplados. Isso significa criar oportunidades para que eles expressem como veem o mundo, o que pensam, como entendem os conceitos, quais são as suas dificuldades. (SOUZA, JUST, 2005)
Esses atributos indicam a necessidade do desenvolvimento de metodologias de
ensino que atenda aos cenários educacionais para a construção significativa do
processo ensino-aprendizagem, não cabendo à utilização de sistemas lineares de
ensino, mesmo porque “as ideias não existem separadas dos processos semióticos
pelo qual elas são formuladas e comunicadas” (GALIAZZI, 2014, p.).
Parafraseando Maldaner (2000), existem práticas docentes que não valorizam o
ensino reflexivo, desconhecendo os seus alunos, aos seus anseios, vontades,
56
dificuldades, tempo para aprender e ainda utilizam a memorização de fórmulas e
atividades que não fazem os alunos pensarem. Wells (1999) argumenta que a
“educação deveria ser conduzida como um diálogo sobre assuntos que são de
interesse dos participantes e os afetam” (WELLS, 1999, p.).
Notavelmente, busca-se substituir os conteúdos lineares e o tecnicismo pelo
desenvolvimento de projetos disciplinares, interdisciplinares e Inter complementares,
que visam a desenvolver os conhecimentos escolares procedimentais, atitudinais,
conceituais e factuais orientados por Cesar Coll, nos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs, para serem desenvolvidos no ambiente escolar.
Para o desenvolvimento dos conhecimentos escolares, na complexidade exigida
pelo cenário educacional, tornou-se necessário saber fazer escolhas diante dos
recursos pedagógicos. Galiazzi (2014) afirma a importância de todos os professores
trabalharem a leitura e a escrita em sala de aula. O autor se fundamenta em
Maturana e Varela (1995), ao afirmarem que “a linguagem humana é que possibilita
o surgimento da consciência, do mental e da reflexão" e na crença ao “princípio de
que os recursos culturais transformam os processos cognitivos” (GALIAZZI, 2014
pg.96).
Concorda-se com GALIAZZI (2014) que, se todas as pessoas “são produtos da
linguagem e da cultura pela capacidade de armazenar informação por meio dos
recursos da leitura e escrita”, esses recursos continuarão “formando a percepção, a
ação”, na reconstrução dos conhecimentos já construídos, “desempenhando um
papel fundamental na cognição” (GALIAZZI, 2014), para o ensino de Química.
Marques (2008) indica, também, a importância do exercício da escrita em sala de
aula. Ademais, o autor afirma que “ler e escrever é preciso” (MARQUES, 2008), em
concordância com a afirmativa que ler e escrever deveriam ser uma das funções de
todas as áreas do conhecimento a ser trabalhada em sala de aula.
Outro recurso importante para o ensino de Química é a experimentação
fundamentado por Maldaner (2003), quando descreve que um dos objetivos da
experimentação é “aproximar os objetos concretos das descrições teóricas criadas,
produzindo idealizações dialeticamente e novos contextos sociais e legais da
57
atividade produtiva intelectual” (MALDANER, 2003, p.) e por Zanon (2000), quando
refuta o entendimento que a experimentação tem a função reprodução ,
comprovação de teorias, subsidiadas por “visões simplistas reproducionistas ou
cientistas”, sem levar em consideração a complexidade do “comportamento das
espécies químicas quando interagidas com os fenômenos físicos, químicos e
biológicos”(ZANON, 2000).
Dar condições para que as aulas de Química desenvolvam movimentos dinâmicos, é
incluir o aluno como o principal sujeito de todo o processo. Para isso, são
necessários recursos metodológicos organizados, como leituras diversificadas de
artigos científicos, livros e outras formas de textos associadas à pesquisa
experimental, tornando possível, com isso, o envolvimento dos educandos de forma
ativa, mesmo em espaços desfavoráveis, na comunicação dialética e dialogada, com
intervenções contínuas organizadas pelo professor no processo ensino-aprendizado.
É importante lembrar que passam muitas vezes despercebidos, nos planejamentos
diários dos professores da cidade de São Mateus, as atividades que contemplam a
melhor forma de aprender dos alunos, desvinculando-os completamente do
processo na construção do conhecimento Químico.
Por isso, a leitura de Artigos Científicos pretende se fundamentar como uma das
alternativas metodológicas enquanto proposta, pois se entende que o cenário
educacional é um espaço de investigação para os atores, professores e alunos,
como um dos contribuintes na validação favorável da construção dos conhecimentos
Químicos escolares e, além disso, porque promove, ao mesmo tempo, a
movimentação sistemática interacionista entre esses atores.
Maldaner (2008) defende que cada grupo de professor deveria produzir o seu
próprio material de ensino seguido de parâmetros amplos que “reflitam as ideias
gerais da comunidade de educadores ligados a matéria disciplinar e que produzam
as condições para realizá-lo” (MALDANER, 1997, p.).
Todavia, a produção de materiais que torne o acompanhamento real na construção
dos conhecimentos dos alunos, não é a única atividade que causa a inquietação
entre os professores, mas outra atividade que implica nesse processo é o ato de
58
avaliar, visto que é outra dificuldade no cenário educacional a ser superada, porque
necessita de um acompanhamento sistemático na validação ou não dos
conhecimentos escolares construídos pelos sujeitos.
De acordo com Luckesi (2010), o entendimento se contrapõe ao modelo de
avaliação baseado exclusivamente em exames escolares por meio da seletividade,
como ocorrido no século XVI, no processo de emergência e cristalização burguesa.
Esse modelo seletivo perdurou na educação ocidental até o século XX, mas as
consequências desse modelo associado ao imperialismo do medo ainda podem ser
identificadas no cenário educacional atual, quando professores utilizam esse
instrumento para manter o controle disciplinar. Para o autor:
A utilização das provas como ameaça aos alunos, por si, não tem nada a ver com o significado dos conteúdos escolares, mas sim, como disciplinamento social dos educandos sob a égide do medo. (LUCKESI, 2010, p. 21-22)
Na educação contemporânea, não cabe a utilização de controles disciplinares
rígidos pela avaliação para construir conhecimentos, mesmo porque, para Moretto
(2007), a avaliação precisa ser analisada sob novos parâmetros, “em uma
perspectiva construtivista sócio interacionista”, visto que o aluno não pode ser
avaliado meramente como acumulador de informações, mas sim como construtor do
seu conhecimento, que deve ser mediado pela ação do professor (MORETTO,
2007).
Deixa claro Moretto (2007) que a construção é um processo interior do sujeito da
aprendizagem, estimulado por condições exteriores criadas pelo professor.
Compartilhando esse pensamento, Haudn (2008), entende que “Ensinar e aprender
são dois verbos indissociáveis, duas faces da mesma moeda. Ao avaliar seus
alunos, o professor está, também, avaliando seu próprio trabalho”. (Haydn, 2008, p.
7).
Para Luckesi (2010) existe uma equivalência entre a pesquisa científica e a
avaliação, a diferença é que “a pesquisa cientifica pretender desvendar como
funciona a realidade e a avaliação qual é a qualidade da realidade”, e precisa ser
“praticada com o rigor da metodologia científica”, porque se não fica por
59
exclusivamente em juízos subjetivos e emoções, o rigor metodológico vai minorar
essas emoções.
A avaliação da produção do conhecimento escolar dos alunos é entendida como
processo, reguladora da relação ensino aprendizado, diagnóstica, contínua,
norteadora da intervenção do professor no acompanhamento dos alunos. Além
disso, essa avaliação também é considerada a orientadora do replanejamento do
ensino e parâmetro para o aluno situar-se e avançar nesse processo de construção
dos conhecimentos Químicos.
Para desenvolver essa forma de avaliar, será utilizada as avaliações quantitativa e
qualitativa, essa última assimilada a Novak (1981, 1997), por fornecer subsídios para
avaliar a aprendizagem do aluno, por meio da elaboração de mapas conceituais, os
quais exteriorizam num dado momento o conhecimento do aluno retido em sua
estrutura cognitiva.
Segundo Moreira (1999), por meio dos mapas conceituais são demonstradas
relações hierárquicas significativas entre conceitos presentes no conteúdo de uma
aula, de uma unidade ou de um curso inteiro (MOREIRA e BUCHWEITZ, 1993).
Diante da complexidade de uma sala de aula, entre o ensinar, aprender e avaliar, o
objetivo central dessa pesquisa é analisar e fazer apontamentos das possíveis
contribuições que a proposta metodológica intitulada “Leitura de Artigos Científicos”
pode favorecer no processo ensino aprendizado de Química diante de seus
fundamentos e de suas práticas.
Contudo, foram delineados princípios condutores dessa pesquisa, como os objetivos
específicos, que os contemplam: a) desenvolver a proposta Leitura de Artigos
Científicos”, para alunos do 3° ano do Ensino Médio; b) identificar a visão dos
discentes diante da proposta da “Leitura de Artigos Científicos”; c) Analisar e
identificar a construção do conhecimento escolar químico entre os atores por meio
das avaliações qualitativa e quantitativa.
Ao pensar na possibilidade de transformar a sala de aula em um objeto de pesquisa
da própria prática docente, para desenvolver a maior aproximação dos saberes, ser,
fazer, entre alunos e professor, ampliam-se as oportunidades de identificação da
60
visão dos discentes de “como os alunos pensam e aprendem os conhecimentos
químicos? Como transitariam pelas leituras de artigos e outras referências
bibliográficas que não sejam os livros didáticos? Qual a percepção do significado
das palavras nos livros didáticos e na observação da experimentação para a
construção dos conhecimentos no Ensino de Química? ”.
Portanto, a Leitura de Artigos Científicos: Uma Proposta Metodológica e
Contribuição no Ensino de Química é uma proposta metodológica para turmas do
Ensino Médio, para vincular o saber docente e a análise contínua das contribuições
desenvolvidas nessas práticas docentes, justificando-se a aceitação, enquanto
pesquisa, tendo em vista que Pedro Demo (1991,1995a, 1995b, 1996, 1997)
apresenta os pressupostos teóricos e destaca a pesquisa como proposta
metodológica em sala de aula, afirmando que a “discutibilidade” é o critério principal
da cientificidade.
5.1 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
A pesquisa desenvolvida tem caráter exploratória, porque permite um conhecimento
mais completo e mais adequado da realidade, corresponde a uma visualização da
face oculta da realidade, por meio da pesquisa-ação, tendo em vista que o
pesquisador e os participantes precisam agir em conjunto para resolver uma
situação real.
Acerca disso, Gil (2008) afirma que o elemento mais importante da fase de
delineamento é a coleta de dados que se direcionou de forma interpretativa, porque
buscou compreender os fenômenos vivenciados durante o desenvolvimento da
proposta da Leitura de Artigos Científicos para o ensino de Química, possibilitando
reconstruções de conhecimentos da pesquisadora em relação ao processo
educativo. Contudo, esse tipo de pesquisa exige um envolvimento muito intenso do
pesquisador com seu objeto de estudo (GUNTHER,2006) e quantitativa descritiva
por ser considerado um método de condução da pesquisa exploratória.
61
As coletas de dados são primárias, com entrevistas por meio de questionário
descritivo/oral, contendo questões abertas e fechadas, exclusivamente com 242
alunos por meio de nove turmas do terceiro ano do Ensino Médio, em duas escolas
públicas da cidade de São Mateus-ES, escolhidas por meio da aceitação no
desenvolvimento do trabalho, no qual serão identificadas como Escola Pública I-EP1
e Escola Pública II- EP2.
O período anual do trabalho foi entre os anos de 2014 e 2015, nos horários das
aulas disciplinares de Química. Por esse motivo, cada turma necessitou desenvolver
esse trabalho, com períodos mensais diferentes, entre quatro a seis meses, com
uma carga horária de 2 horas/aulas semanais. Para a seleção desse período de
realização do trabalho, os horários que apresentavam feriados, as paralizações de
aulas e as especificidades de cada turma, foram levados em consideração.
Na EP1 foram atendidas o total de quatro turmas e na EP2 foram atendidas o total
de cinco turmas, simultaneamente no período de 2014 e 2015. Na EP1, os alunos
faziam parte do Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio e, na escola EP2, os
alunos faziam o Ensino Médio Regular, no turno matutino.
Nesta pesquisa, foram analisadas as metodologias que contribuem para o
aprendizado na visão dos discentes, a investigação e identificação da construção do
conhecimento escolar químico desenvolvido pelos atores por meio das avaliações
qualitativa e quantitativa.
Para analisar as metodologias que contribuem para o aprendizado na visão dos
discentes, por meio da proposta “Leitura de Artigos Científicos” foi desenvolvido, em
sala de aula, foram realizadas as atividades: a) leitura de artigos científicos da
Química Nova (QN) e Química Nova na Escola (QNE), b) construção da escrita entre
fichamentos, relatórios e textos dissertativos; c) desenvolvimento da experimentação
e de pesquisa experimental d) contínua avaliação de alunos e professor, com
debates, releituras e reescritas.
As orientações fornecidas aos alunos para o desenvolvimento das atividades, na
visão docente, foram pautadas no contrato didático e pedagógico, sendo
organizados antecipadamente, a todos os alunos, os passos dessas atividades com
62
o cronograma da realização das atividades durante as aulas. Esse contrato em uma
escola pública, EP2, foi acompanhado de forma ativa pela equipe pedagógica no
ano de 2014.
Essas orientações tem o objetivo de esclarecer aos alunos uma nova forma de
aprender, agora como participantes ativos do processo. O professor não é o detentor
de todo o saber, mas parte do princípio de que as aulas se desenvolvam com a
contribuição do pensar de cada ator desse processo, por meio de suas impressões,
avaliação e o desenvolvimento de caminhos para soluções dos problemas de forma
participativa e ativa.
A investigação do trabalho, direcionada na visão dos discentes, desenvolveu-se na
observação e coleta dos dados descritivos, orais\transcrição, durante todo o
trabalho, na identificação do pensar e ser dos discentes como contribuintes na
organização do trabalho do professor.
Os questionários orais foram desenvolvidos para os 242 alunos, na identificação
qualitativa do pensar dos alunos e seguiram esta sequência: i) o que pensam sobre
a aprendizagem na disciplina de química, ii) o que esperam aprender em química?
iii) já leram algum artigo? Qual?
Diante das respostas orais emitidas pelos alunos em i, ii e iii, foram feitas as
escolhas dos artigos. Para análise da visão dos discentes, foi proposta a atividade
da leitura de artigos científicos da Química Nova (QN) e Química Nova na Escola
(QNE). No período de um mês, aproximadamente, cada turma tinha contato com três
artigos, que se referiam aos conceitos e conteúdos de química desenvolvidos em
sala de aula. Para que cada grupo, composto no máximo de quatro alunos,
desenvolvesse todas as atividades propostas, houve, a posteriori, entre os grupos, o
compartilhamento de interpretações, observações relevantes, dúvidas e pesquisas
experimentais.
Como eram disponibilizados em média três artigos, somente três grupos poderiam
se comprometer com essa atividade a cada mês. Os alunos escolhiam os artigos
que mais chamavam atenção ou indicavam outros artigos de seu maior interesse,
por conseguinte, algumas turmas compartilharam alguns artigos diferentes, visto que
63
se tornava necessário o envolvimento ativo dos alunos no processo, desde que isso
não comprometesse o desenvolvimento dos conteúdos de Química orientado pelo
cenário educacional.
Logo, identificou-se a necessidade de agendar atendimentos em horários inversos,
de uma hora semanal para cada grupo, com o professor e os estagiários de
Química, totalizando quatro horas de orientação para cada grupo. Na escola EP1 já
havia no plano de trabalho individual de cada professor esse atendimento à turma,
mas na escola EP2 o atendimento para os alunos é organizado exclusivamente para
a sala de aula.
Como dito, algumas turmas apresentaram leituras de artigos diferentes, porque a
escolha dos artigos foi planejada diante das expectativas dos discentes, na visão
institucional associada ao plano de trabalho já preestabelecido e, também, na visão
do docente enquanto mediador do conhecimento, capaz de promover integração
para a construção do conhecimento químico dinâmico para a maior aproximação de
uma educação plena. Os artigos apresentados na Tabela-3 são os artigos que a
maioria das turmas tiveram contato.
Tabela 3 - artigos escolhidos para a leitura e o desenvolvimento dos trabalhos para o ensino de química
ARTIGOS LIDOS PELOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
AUTOR
ANO
Publicação
Interações Intermoleculares. Willian R. Rocha 2001
Solubilidade das Substâncias Orgânicas. Cláudia Rocha Martins
2013
O que é gorduras Trans. Fábio Merçon 2010
As questões ambientais e a química dos sabões e detergentes Elaine M. F.Ribeiro Juliana O. Maia Edson José Wartha
2010
Explorando a Química na determinação do teor de álcool na
gasolina
Melissa Dazzani,
Paulo R.M. Correia,
Pedro V. Oliveira
Maria E. R.
Marcondes
2003
Fármaco e Quiralidade. Fernando A.S. Coelho
2001
Rotação da Luz polarizada. Olga Bagatin 2005
Confirmação a Esterificação de Fischer. Thiago Santangelo 2004
64
Costa
Proteína, Hidrólise Precipitação e um Tema para o ensino de Química.
Wilmo Ernesto Francisco Junior
2006
A Importância da Vitamina C. Antonio Rogério Fiorucci
2003
A Importância das Propriedades Físicas dos Polímeros na Reciclagem.
Sandra Mara M. Franchetti
2003
Fonte: autor
Concomitante à leitura dos artigos, os três grupos de cada mês, responsáveis por
compartilhar a leitura, desenvolviam, com a orientação do professor, a construção da
escrita de fichamentos de transcrição, relatórios e textos dissertativos e o
desenvolvimento da pesquisa experimental. A avaliação quantitativa e qualitativa
dessas atividades foi entendida e desenvolvida como interventora do processo
ensino-aprendizagem, por meio dos debates, releituras e reescritas antes e durante
o compartilhar da leitura do artigo de cada grupo com toda a turma.
As escolas EP1 e EP2, não possuíam laboratório para a realização das pesquisas
experimentais, portanto, foi necessário solicitar parcerias com outras instituições
educacionais para o desenvolvimento de algumas pesquisas experimentais e, para
outras, foi necessário adaptá-las com materiais alternativos.
O plano de trabalho anual das escolas públicas de São Mateus contemplava para o
Ensino de química dos terceiros anos, conteúdos diferentes entre a EP1 e EP2. Na
EP1, o plano de ensino anual era pré-estabelecido diante dos conteúdos
estabelecidos na grade curricular de cada curso para os três anos, com flexibilidade
na ordem dos conteúdos, e na EP2, os conteúdos eram orientados por meio dos
Conteúdos Básicos Curriculares-CBC (Quadro 3).
Fizeram parte desse trabalho a seleção dos seguintes conteúdos: Os compostos
formados por átomos de carbono, estrutura dos compostos formados por átomos de
carbono, propriedades físicas e químicas, isômeros, reações orgânicas e polímeros.
Portanto, para que fosse feita uma abordagem dos temas por meio da leitura dos
artigos, das impressões, dos julgamentos e dos questionamentos dos alunos
enquanto cidadãos críticos na leitura do mundo químico, associados aos conteúdos
65
já preestabelecidos no plano de trabalho anual de cada escola. Para isso,
necessitou-se a realização de constantes mudanças nos planejamentos do
professor, a exemplo, na escola EP2 não se contempla no CBC o conteúdo de
isômeros. Por outro lado, na EPI esse conteúdo é contemplado no 3° ano do Ensino
Médio.
Os alunos, ao compartilharem a leitura dos artigos por meio da oralidade na turma e
todas as atividades, foram avaliados de forma descritiva pelo professor (Quadro-5) e
pela turma (Quadro- 5).
Quadro 5 - Avaliação que o professor ministrava na apresentação de cada grupo.
São Mateus, ----de outubro de -------.
Apresentação Oral – Avaliação do Professor Título artigo: _______________________________________________________
No
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min
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gru
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OB
S:
Média (nota da turma) : ________+ Nota (professor) _______= Total
______________
Fonte: Autor
Constantemente, os alunos eram levados às reflexões, para que fosse construída
uma comunicação sócio interacionista entre os atores. Cita-se como exemplo a
relação entre a forma dos pensamentos e a transformação dessas ideias em
comportamentos e atitudes no momento em que os estudantes eram submetidos a
se autoavaliarem e a qualificarem os colegas de turma, além, é claro, dos momentos
em que as suas informações eram confrontadas, com o objetivo de favorecer o
66
processo de construção dos conhecimentos escolares de forma crítica, reflexiva e
construtiva.
Além disso, os alunos tomaram ciência de que o valor quantitativo de todas as
atividades, somente poderiam serem consolidados após o desenvolvimento de todas
as atividades realizadas pelos grupos da sala e que poderiam a cada dia melhorar
seu desenvolvimento por meio dos debates e preposições significativas.
Quadro 6 - Avaliação que a turma desenvolvia no momento da apresentação oral dos grupos que compartilhavam as leituras dos artigos.
AVALIAÇÃO DA APRESENTAÇÃO ORAL.
Nome dos integrantes\grupo: ___________________________________________
Título do Artigo Revisado: ____________________________________________
Ano
te
as
info
rma
çõe
s
que
julg
a
imp
orta
ntes
na
aval
iação do trabalho deste grupo
O que aprendeu com a apresentação deste grupo?
ASSINATURA DO AVALIADOR: ____________________________________________
Critério para Avaliação dos trabalhos Orais
Valor Nota
Domínio do tema do trabalho (demonstração de conhecimento de todo o trabalho) e Evolução lógica utilizada para demonstrar as ideias.
0,40
Apresentação da pesquisa experimental foi coerente ao artigo.
0,30
Apresentou objetividade, clareza e criatividade na exposição oral e visual.
0,30
Capacidade de argumentar as respostas elaboradas considerando as questões formuladas pela banca examinadora.
0,40
Apresentou discussões fundamentadas na análise do artigo. 0,40
Postura do grupo. 0,20
TOTAL
2,0
Fonte: próprio autor
Para a organização do professor no acompanhamento de todas as atividades, cada
grupo de aluno tinha uma pasta indicando nome, turma e ano, com as fotocópias das
orientações de todas as atividades que seriam realizadas, cronograma de
atendimento ao grupo de aluno, reescrita dos textos desenvolvidos pelo grupo de
67
aluno, descrição das orientações ministrada pelo professor, avaliação descritiva
emitida pela turma e pelo professor, para que de forma organizada facilitasse na
consolidação da avaliação final de todo o trabalho.
A avaliação quantitativa e qualitativa dos alunos foi desenvolvida por meio da
apresentação oral, escrita e da realização da pesquisa experimental, apresentada
quando os alunos compartilhavam a leitura de artigo. A nota quantitativa na
apresentação oral era somada pela média da nota da turma mais a nota do
professor. Em cada escola atribuíram-se pontuações diferentes, visto que na EP1 os
alunos eram avaliados por semestres e na EP2 os alunos eram avaliados por
trimestre.
Todas as avaliações das atividades desenvolvidas pelos alunos foram consolidadas
por meio de uma planilha desenvolvida no Excel (Quadro 7), para que fosse
calculado a média da nota quantitativa da turma, por meio das impressões com a
validação da avaliação qualitativa, aprendizados e questionamentos que cada aluno
apresentava de forma descritiva em sua avaliação.
68
Quadro 7 - Demonstração da planilha do excel para a consolidação da avaliação final de cada grupo que compartilharam a leitura de artigo.
MEDIA TOTAL DA TURMA (2,0) 1,98
NOTA PROFESSOR (3,0) 2,7
TRABALHO ESCRITO (5,0) 3
RECUPERAÇÃO TRAB. ESCRITO (5,0) 4
TOTAL (10,0) 8,68
Fonte: Autor
Na planilha do Excel, todas as observações emitidas pelos alunos avaliadores
(Quadro 6) eram transcritas para a planilha para a avaliação qualitativa do
desenvolvimento do trabalho, juntamente com a apresentação de citações e na
observação de informações incompletas ou mesmo erradas.
A organização da estrutura inicial para a coleta dos dados, na análise das
impressões dos discentes sofreram alterações, por ser percebida, durante o
desenvolvimento da proposta, a necessidade de tornar mais claras as impressões
TÍTULO: INDICAR O TÍTULO DO ARTIGO DATA E
TEMPO DE
APRESENTAÇ
ÃO
INTEGRANTES DO GRUPO
QUANT. AVALIAD
. VALOR
QUANTIDADE
VALOR
MEDIA DA
AVALIAÇÃO
ORAL
OBSERVAÇÃO DOS ALUNOS
QUANT DE
OBS.
FEZ CITAÇÃ
O
COMETEU ERR
O
DIA MÊS ANO
ALUNO 1,2,3 34
2 18 36 FALTA DA PARTICIPAÇÃO 0
NÃO
1,99 1 1,99 FALTA DE CONCEITOS E DOMINEO 0 INDICAR
1,95 1 1,95 DISTRIBUIÇÃO DO TEMA 0 CITAÇÃO
1,93 1 1,93 REPETIÇÃO DE CONCEITOS 0
1,9 6 11,4 FALTA COERENCIA 0 1,88 1 1,88 FALTA QUANTIFICAR 5 1,85 2 3,7 FALTA DOMÍNEO 0 1,8 1 1,8 FALTA ORGANIZAÇÃO 1 1,7 1 1,7 NÃO RESPONDEU AS
PERGUNTAS 0 1,6 1 1,6 DIFÍCIL COMPREENSÃO 1 1,35 1 1,35 0 0 GOSTEI DA
EXPERIENCIA 6 0 ARGUMENTAÇÃO \
APRESENTAÇÃO BOA 3 AVALIAÇÕES
NULAS 1 DOMÍNIO/ TRABALHO DENTRO DO TEMPO 7
MÉDIA DAS AVALIAÇÕES 1,98 BOM TEMA 18
69
dos alunos e as contribuições significativas que a metodologia desenvolveu no
processo ensino aprendizagem de Química.
Por causa disso, foi desenvolvida avaliação com os alunos por meio de
questionários descritivos, para identificar as impressões quanto à metodologia para o
Ensino de Química. No ano de 2015, foram acrescidas as avaliações voltadas para
as contribuições do conhecimento químico por meio da análise de mapas
conceituais, entrevistas gravadas em grupo e individual.
Na avaliação qualificada pelos discentes, foram observadas as respostas das
seguintes perguntas: 1) ao ler o artigo e apresentar você acredita que esta
metodologia pode auxiliar em uma maior compressão sobre os conteúdos de
química? Justifique. 2) quando e como mais aprendeu em todo o desenvolvimento
deste trabalho? 3) ao fazer as leituras dos livros didáticos e em outros livros o que
pode afirmar em relação aos conteúdos de química presente nos livros didáticos? É
suficiente ou insuficiente para a compreensão dos artigos? 4) A experimentação
contribuiu para construção do seu conhecimento?
As perguntas 1, 2,3 são perguntas abertas e, por isso, foi preciso identificar as
semelhanças entre as respostas. Porém, a pergunta 4 é fechada e, por isso,
entrevistam foram feitas aos alunos, para melhor compreender o significado do
porquê daquela resposta.
Na questão 2, foram selecionadas, aleatoriamente, as justificativas de 22 alunos dos
242 estudantes que responderam à questão “quando e como mais aprendeu em
todo o desenvolvimento deste trabalho? ”, para uma amostragem na qual identifica
como as respostas se assemelham em relação à forma de aprender apresentadas
pelos alunos diante da leitura, da escrita, da experimentação e do desenvolvimento
dos debates.
Esses alunos serão representados por meio das escolas EP1 e EP2 e das turmas
que são representadas com a letra T maiúscula, precedidas dos números de 1 a 9, a
saber: EP1-T1; EP1-T2; EP2-T3; EP2-T4; EP2-T5; EP1-T6; EP1-T7; EP2-T8 e EP2-
T9.
70
Apesar de cada turma iniciar com um número elevado de alunos, somente fizeram
parte desta análise os alunos que desenvolveram a proposta em sala de aula. No
quadro 9, será apresentada a quantidade total de cada turma e os alunos que
participaram dessa pesquisa, diante de seus respectivos anos letivos, sendo
excluídos dessa investigação alunos faltosos, transferidos, desistentes, com
matrículas erradas e com atestados prolongados.
Quadro 8 - Relação da quantidade de alunos que desenvolveram a proposta por turma.
TURMA EP1-T1
EP1-T2
EP2-T3
EP2-T4
EP2-T5
EP1-T6
EP1-T7
EP2-T8
EP2T9
ANO LETIVO 2014 2014 2014 2014 2014 2015 2015 2015 2015
QUANT. ALUNOS
25 30 28 31 26 31 23 25 23
Fonte: Autora.
É importante ressaltar que as turmas T1; T2; T3; T4 e T5 foram as turmas que
desenvolveram o trabalho em 2014, voltado para a identificação e análise da visão
dos alunos diante da proposta; e as turmas T6; T7; T8 e T9 desenvolveram a mesma
proposta em 2015, no entanto, foram acrescidas a análise e a identificação na
contribuição da proposta para o ensino de Química por meio de avaliações
sistematizadas do conhecimento.
Para identificar a contribuição do desenvolvimento do projeto no processo ensino-
aprendizagem desses discentes, foram apresentados questionários com questões
abertas e fechadas, entrevistas individuais com transcrição, e a construção de
fluxogramas conceituais, com abordagens avaliativas dos mapas conceituais.
No questionário, contendo sete questões semiestruturadas, de caráter quantitativo
para investigar o desempenho dos estudantes, foram abordados os conteúdos de
química desenvolvidos durante as atividades sugeridas pela proposta da “Leitura de
Artigos Científicos”, a exemplo, da leitura e interpretação dos artigos, das atividades
experimentais e os debates durante as 18 horas/aulas.
Cada questão(Q) elaborada foi enumerada de 1 a 7 com os seguintes descritores:
Q1) Propriedade física (PE) em relação à cadeia carbônica; Q2) Compostos
71
formados por átomos de carbono, “isômeros” e o funcionamento do polarímetro; Q3)
Análise das propriedades físicas e químicas (polaridades e interações
intermoleculares) para a solução de um problema no contexto ambiental; Q4)
Geometrias cis e trans; Q5) Interpretar as propriedades, polaridades e densidade em
relação ao cálculo da quantidade de álcool na gasolina; Q6) Nomenclaturas dos
compostos formados por átomos de carbono, propriedade física e química; Isômeros
constitucionais; Q7) análise do comportamento das moléculas complexas em relação
à solubilidade ou não em água.
Neste primeiro momento do questionário, os alunos foram avaliados
quantitativamente por meio do julgamento da professora, diante das respostas
apresentadas a cada questão. Determinou-se uma pontuação de zero (0) a quinze
(15) pontos nesse primeiro momento.
Posteriormente, cada aluno foi argumentado individualmente, tendo a possibilidade
de externarem oralmente a afirmação das suas respostas, ou mesmo, emitir novas
preposições, concordando ou não com a resposta dada ao questionário.
A cada resposta emitida pelos discentes durante o desenvolvimento dessa proposta,
foi associado um indicador do seu desempenho. Quando os alunos respondiam as
questões fundamentadas teoricamente, o indicador atribuído foi a letra R (resolve).
No entanto, quando iniciavam a resposta, mas não a concluíam fundamentando-a
teoricamente, o indicador foi representado por RD (resolve com dificuldades).
Porém, quando somente iniciavam, mas não conseguiam desenvolvê-la e a
fragmentavam, o indicador foi representado por NR (não resolve) e, por último,
quando os alunos nada respondiam, deixando sem resposta o indicador, foi
representado por NF (nada faz).
Para apresentar uma amostra da análise realizada na construção do conhecimento
escolar químico desenvolvido pelos atores, por meio das avaliações qualitativa e
quantitativa, foram selecionados 3 alunos de cada turma que desenvolveram a
proposta no ano de 2015, diante de três critérios avaliativos para cada aluno, que os
contemplam em: a) bom rendimento; b) rendimento intermediário; c) baixo
rendimento, na qual cada escola determinaria diante de suas avaliações.
72
Nesse caso, foi inevitável que formas diferentes na identificação desses critérios se
estabelecessem, visto que as escolas EP1 e EP2 apresentam organizações
diferentes. Na escola EP1, os alunos das turmas T6 e T7 foram selecionados a partir
da média quantitativa diante do histórico escolar entre os dois anos na disciplina de
Química I e Química II. Alunos que apresentavam valores no histórico acima de 80%
de aproveitamento foram considerados com bom rendimento, alunos considerados
entre 79% a 60% foram considerados rendimento intermediário e alunos abaixo de
60% como alunos de baixo rendimento.
Na escola EP2 os alunos foram selecionados por meio da Tabulação da Avaliação
Diagnóstica, orientada pela Secretaria de Educação do Estado –ES, para que todas
as Secretarias Regionais de Educação se mobilizassem e efetivassem a avaliação
diagnóstica, em que todos os professores das áreas deveriam avaliar seus alunos na
primeira quinzena de aula antes de iniciar qualquer atividade curricular.
Os professores da área das Ciências da Natureza e Matemática das turmas T8 e T9
avaliaram os alunos por meio dos indicadores: insuficiente (I), básico (B) e
proficiente (P), no ano de 2015, observado o desenvolvimento na leitura e
intepretação, no conhecimento geométrico, no conhecimento aritmético e no
conhecimento algébrico (Quadro 9).
Quadro 9 - Transcrição da avaliação diagnóstica da escola ep2, no ano de 2015, pelos professores da área da ciências da natureza.
TABULAÇÃO -AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA EP2- 2015
CIENCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA
EP2- T8 EP2-T9
Aluno Leitura e
interpretação Conhecimento
geométrico Conhecimento
aritmético Conhecimento
algébrico Aluno Leitura e
interpretação Conhecimento
geométrico Conhecimento
aritmético Conhecimento
algébrico
A1 I I I I A1 I I I I
A2 B B B B A2 I I I I
A3 I I I I A3 I I I I
A4 B B B B A4 B B B B
A5 I I I B A5 B B B B
A6 I B B B A6 B B B B
A7 B P P P A7 B B B B
A8 I I I I A8 B B B B
A9 I I I I A9 B B B B
73
A10 I I I I A10 I I I I
A11 I I I I A11 P P P P
A12 I I I I A12 B B B B
A13 P B B P A13 B B B B
A14 I I I I A14 I I I I
A15 I I I I A15 I I I I
A16 I I I I A16 B B B B
A17 I I I I A17 I I I I
A18 I I I I A18 I I I I
A19 I I I I A19 I I I I
A20 I I I I A20 B B B B
A21 I I I I A21 I I I I
A22 I I I I A22 B B B B
A23 I I I I A23 B B B B
A24 I I I I A24
A25 I I I I A25 Fonte: autor
As turmas que fizeram parte dessa investigação são: EP1-T6, EP1-T7, EP2-T8 e
EP2-T9. Cada turma foi dividida em três grupos, em que um aluno foi selecionado
aleatoriamente. Após terem desenvolvido todas as atividades dessa proposta, todos
os 242 alunos passaram pelos mesmos processos avaliativos.
Depois da avaliação quantitativa e qualitativas dos questionários, foi solicitado aos
discentes que representassem os conteúdos e conceitos de química aprendidos em
uma folha, de forma organizada por meio de um fluxograma (mapa conceitual), não
sendo permitida a consulta a qualquer material, para que fosse analisado o que
promoveu significado durante o desenvolvimento do projeto.
Esse material foi coletado e analisado para ser validado nas avaliações qualitativa e
quantitativa de todo o processo de construção do conhecimento escolar de Química,
com abordagens avaliativas por meio dos mapas conceituais desenvolvidos por
Novak e Gowin (1984) e a estratégia proposta por Mendonça (2012) na classificação
de “critérios qualitativos ao grau de Hierarquia Conceitual (HC) classificadas em alta
(A), média (M), baixa (B) e nula (N) e os seguintes Critérios Quantitativos: número
total de conceitos (TC); número de conceitos válidos (CV); número total de
proposições (TP); proposições válidas (PV); relações cruzadas (RCZ); número de
exemplos (EX)” ( MENDONÇA, 2012).
74
Quadro 10 - alunos selecionados aleatoriamente diante dos critérios de rendimento.
Fonte: autor
Essa coleta dos fluxogramas aconteceu de maneira diferente nas duas instituições
de ensino. A EP1 trabalha com a avaliação semestral, o que facilitou o parecer final
de todo o processo dessa proposta. No entanto, na EP2 a organização avaliativa
ocorre trimestralmente, o que acarretou na divisão da proposta em duas coletas de
fluxograma, sendo aqui apresentada apenas primeira.
5.2 A VISÃO DOS DISCENTES DIANTE DA PROPOSTA: “LEITURA DE ARTIGOS
CIENTÍFICOS NO ENSINO DE QUÍMICA”
Conhecer os 242 alunos dos 3° anos do Ensino Médio, torna-se um fator
imprescindível para essa investigação, mesmo porque esses alunos vivenciaram a
disciplina de Química em um período de dois anos de sua vida escolar e, ao fazer a
pergunta “o que pensavam sobre a aprendizagem na disciplina de química e o que
esperavam aprender? ”, apresentaram especificadamente somente três respostas
com características diferentes entre as escolas.
Na EP1, os alunos se preocupavam em “passar no vestibular” e fazer uma “boa
prova no ENEM”, no entanto na EP2 as respostas, em sua maioria, se destinavam
para que fosse “o suficiente para passar de ano”.
Na pergunta “já leram algum artigo? Qual? ” a média das respostas identificou uma
porcentagem de 1%, dos 242 alunos, que teve contato com Artigos Científicos.
Alguns alunos indicaram a leitura em outras áreas do conhecimento, como artigo de
ALUNOS
CRITÉRIO
Escola EP1 Escola EP2
T6 T7 T8 T9
BOM RENDIMENTO A-7 A-6 A-8 A-11
RENDIMENTO INTERMEDIÁRIO A-10 A-8 A-16 A-20
BAIXO RENDIMENTO A-24 A-16 A-2 A-17
75
jornal, mas não foi manifestada pelos alunos a leitura de artigos na área da Ciência
ou da Química.
Diante das respostas dos alunos, percebeu-se, por meio das expressões orais, uma
certa estranheza sobre o assunto, confirmando que não tiveram contato com essa
linguagem, o que afirma as indicações dadas pelos professores, em sua maioria,
quando responderam que o desenvolvimento no Ensino de Química era “Básico”,
justificando que os alunos apresentavam muitas dificuldades e a existência da falta
de interesse.
Nesses alunos, não foi identificado o interesse profissional pela ciência Química,
mas, ainda assim, uma média percentual de 15% de cada turma sinalizou o
interesse em áreas correlatas, como a medicina, biologia e agricultura, o que abriu
possibilidades no desenvolvimento da proposta de leitura de artigos.
No entanto, o maior interesse identificado foi direcionado para a tecnologia da
informação e para a área das Humanas, com certo repúdio a disciplina Química,
herança de um contexto histórico que nas reformas educacionais não proporcionou
avanços significativos que estimulassem o ensino de Química, favorecendo as áreas
de Humanas
Certamente pela influência desse contexto, estava-se diante de turmas
desmotivadas com a construção dos conhecimentos de Química, com manifestações
de sentimentos negativos externando, dessa maneira, que se tratava de uma
disciplina de difícil aprendizagem, apesar de passarem dois anos de sua vida escolar
em contato com a disciplina de Química.
Os professores de Química da cidade de São Mateus-ES apresentaram a
necessidade da formação profissional voltada para o ensino de química, ao sinalizar
a falta da formação continuada no desenvolvimento de metodologias que possam
auxiliar no processo ensino aprendizagem dos alunos.
Certamente, cada ação metodológica desenvolvida pode resultar de forma favorável,
ou não, na construção dos conhecimentos escolares, tornando-se, nesse sentido,
uma tarefa perigosa, porque os indivíduos que estão envolvidos no processo de
76
construção do conhecimento estão sujeitos ao fracasso ou ao sucesso,
estabelecidos muitas vezes pelo próprio método da avaliação.
O ato de avaliar deve ter a função de investigar o desempenho dos estudantes, com
intervenções que reconstruam novos conhecimentos, e não a função de
minimamente examinar a classificação dos educandos em aprovados ou reprovados.
Reafirma-se, nesse sentido, que a escolha das metodologias a serem desenvolvidas
em uma sala de aula fica na dependência exclusiva do perfil de cada professor. Para
Pimenta (2000), o saber docente não é formado apenas da prática, mas também
nutrido pelas teorias da educação, que fundamentam a ação pedagógica,
diferenciando o fazer pedagógico do simplesmente indutivo. Tardif(2005) faz um
alerta quando o saber docente apresenta visões relativamente simplificadoras.
Para continuar a investigação na visão dos discentes, foi desenvolvida uma proposta
baseada na Leitura e interpretação dos artigos científicos, com desenvolvimento de
várias atividades como a experimentação em relação ao artigo e o conteúdo
ministrado em sala de aula; apresentação das produções escritas dos fichamentos
de transcrição; relatório científico experimental e a construção de texto dissertativo.
Após esse processo, os alunos foram novamente ao seguinte questionamento: “ao
ler o artigo e apresentar você acredita que esta metodologia pode auxiliar em uma
maior compressão sobre os conteúdos de química”. Apresentado no Gráfico 7, por
meio das respostas das nove turmas do terceiro ano do ensino médio.
77
Gráfico 7 - Respostas dos 242 alunos quando avaliou a proposta metodológica de leitura de artigos
científico para a compreensão dos conteúdos de química.
Fonte: autor
Diante das respostas dos alunos, torna-se irrefutável a concordância de que o
desenvolvimento da proposta da Leitura de Artigos Científicos favorece o ensino de
Química, totalizando 95% dos alunos que responderam sim, sendo que em média
4% não respondeu e 1% dos alunos não identifica essa proposta para uma maior
compressão nos conteúdos de química.
É importante ressaltar que não foram encontradas na escrita dos alunos que a leitura
tenha sido “impossível de ser compreendida e interpretada” ou que “não gostaram”
de ler os artigos, desencadeando a reflexão, quando que realmente os alunos não
estão dispostos em realizar as atividades que auxiliam na construção do seu
conhecimento?
Certamente, a participação ativa do aluno o faz sentir parte integrante do processo
ensino-aprendizagem, mesmo quando através do seu conhecimento apresente
concepções da ciência Química fragmentada com visões deformadas para o mesmo
conceito, mas de acordo com Schnetzler e Aragão (1995), o “objetivo central da
educação é melhorar o ensino e aprendizagem de Química”, para isso o aluno
precisa ter contato com as diversas comunicações promovidas por esta ciência, a
exemplo, a leitura de artigos científicos.
78
Ao perguntar “Quando e como identificaram que aprenderam de forma significativa?”
As respostas foram variadas apresentando sentidos semelhantes entre lendo,
escrevendo, experimentando e debatendo. (Gráfico 8).
Gráfico 8:
Gráfico 8 - A visão dos discentes, diante da pergunta “quando e como identificaram que aprenderam de forma significativa? ”
Fonte: autor
O Gráfico 8 transfere informações significativas diante da visão dos 242 discentes,
visto que deixa claro a necessidade de atividades diversificadas no processo ensino
aprendizagem de Química, reafirmando que cada aluno aprende de forma singular e
subjetiva, visto que a média aritmética é de 1,7438, apresentando,
aproximadamente, a necessidade de mais de um recurso na identificação da forma
significativa de aprender desses discentes.
Nota-se que a leitura de artigos apresenta um maior significado para a escola EP1,
tendo em vista que as turmas T1, T2, T6 e T7 afirmam que a melhor forma de
aprender é lendo. No entanto, para escola EP2 a experimentação representou a
melhor forma de aprender diante dessa proposta.
Essas escolas públicas apresentam características diferentes desde o processo na
entrada dos alunos na escola até a sua tipologia de ensino. Na escola EP1, por
tratar-se de um curso Técnico Integrado ao Ensino Médio, os alunos passam por um
79
processo seletivo, uma vez que há limitação de vaga. Diferente acontece na EP2,
escola exclusivamente do Ensino Médio.
Chassot (1993), por exemplo, chama a atenção para a diferente leitura do mundo
possibilitada às pessoas pelo conhecimento químico. Em concordância, sabe-se que
cada “indivíduo atua no meio segundo as teses do pensamento dialético”
(MALDANER, 1995), quando esse conhecimento científico fica à disposição.
Certamente, desenvolver atividades nas aulas de química que integram leitura,
escrita, experimentação, debate e uma contextualização com o conhecimento do
aluno, pode aproximá-lo da zona do desenvolvimento do sujeito (ZD), traduzidas nas
teorias de Vygotsky.
Buscou-se, com isso, identificar os significados da forma de aprender destes alunos
através das entrevistas individuais com transcrição. A seguir serão apresentadas as
respostas dos 22 alunos, em que justificaram a pergunta “quando e como
identificaram que aprenderam de forma significativa?”
EP1-T1: “No momento que li o artigo e surgiu dúvidas e tive a oportunidade de sana-
las. ”
EP1-T1: “Quando li o artigo e quando fiz o trabalho escrito, pois para escrevê-lo, foi
necessário muita pesquisa e entendimento do conteúdo. ”
EP1-T1: “No momento do experimento onde pudemos ver de maneira prática a
teoria estudada. ”
EP1-T2: “Na revisão do artigo, porque são feitos confrontos entre as ideias
apresentadas e através desta parte ocorre novos aprendizados e o “concerto” de
ideias que foram ensinadas de forma errada.
EP1-T2: “Quando me questionava sobre informações presentes no artigo e
procurava sana-las seja com auxílio da professora, seja buscando em livros ou
internet.
EP1-T2: “Durante o levantamento bibliográfico para o fichamento a busca pela
explicação de alguns conceitos estar durante o desenvolvimento e também os
procedimentos de experimentos.
EP2-T3: “...para todos nós é difícil entender para que serve estudar química em
nosso cotidiano, através desse trabalho, conseguimos fazer essa relação.
80
EP2-T3: “...a pesquisa experimental porque pude ir ao laboratório da faculdade, isso
ajudou aprender os conteúdos de química.
EP2-T4: “...poder compartilhar a leitura de artigos.
EP2-T4: “A experimentação, tira nossas dúvidas, a leitura nos fundamenta.
EP2-T5: “...por meio da pesquisa em muitos livros, porque precisei buscar
informações. ”
EP2-T5: “Acredito que toda a atividade fez com que eu aprendesse mais. ”
EP1-T6: “Lendo o artigo e escrevendo, mas a confecção de um artigo foi muito boa
também, porque buscamos outras fontes de leitura. ”
EP1-T6: “A leitura auxilia, mas é a partir dos questionamentos que construímos
nosso próprio conhecimento. ”
EP1-T6: “No início do trabalho deu vontade de rasgar o artigo pela linguagem muito
difícil, porque era de isomeria óptica, mas é muito simples de entender isomeria e
consegui responder a prova do Enem (ENEM-2014) tinha tudo que discutimos.
Gostei muito de ler o artigo...”
EP1-T6: “ Eu aprendi mais com o experimento, porque pude visualizar de uma
maneira mais concreta o que havia lido anteriormente. ”
EP1-T7: “No momento que pudemos criar através do artigo. ”
EP1-T7: “...quando foi mostrado na pratica facilitou a aprendizagem. A experiência
ajudou interpretar o artigo, nunca pensei em ler um artigo de química e entender. ”
EP2-T8: “ No início do ano a gente dizia -eu odeio química -e esse ano vimos que dá
para aprender e passamos a gostar lendo o artigo. ”
EP2-T8: “Trabalhar com artigo sobre fármaco e quiralidade, foi muito interessante”
EP2-T9: “A experiência, porque nos ajudou a interpretar o artigo”
EP2-T9: “Quando tive condição de perceber que nosso livro didático é cheio de
tópicos e não consegue fazer agente aprender. ”
Percebe-se que no gráfico 8 e nas respostas individuais os alunos indicaram que,
apesar de não terem em suas aulas a prática da utilização de debates, aprendem
melhor por meio desse recurso, acrescentando a informação que para fazer parte de
um debate é necessário ter conhecimento sobre o que se vai concordar ou
contrapor. Sobre esse tema, Antunes (2007) considera que
A diferença que existe em trabalhar inteligências e competências em sala de aula está na forma diferente com que as informações são trabalhadas,
81
atribuindo-lhes significado, impregnando-as de uma contextualização com a vida e com o espaço no qual o aluno se insere. (ANTUNES, 2007, p.).
Neste sentido, os alunos apresentam diversidades na forma de aprender e
transferem de formas distintas suas construções. Se em um processo ensino
aprendizagem não for levado em consideração as metodologias diversificadas, a
avaliação, neste processo, transforma-se em uma quantificação de dados e não um
processo diagnosticador e interventor na construção do conhecimento químico.
Para encontrar significado e sentido das palavras que os alunos indicavam, foi
proposto que fizessem um texto contemplando todo o trabalho, desde a leitura do
artigo até a experimentação, e para isso necessitariam comparar de forma favorável
ou não a utilização do livro didático e mais duas referências através da seguinte
pergunta: “ao fazer as leituras dos livros didáticos e em outros livros o que pode
afirmar em relação aos conteúdos de química presentes nos livros didáticos? ”.
Como essa pergunta no primeiro questionário do ano de 2014 foi apresentada aos
alunos como uma questão aberta, ela foi mantida no ano subsequente e, mesmo
que os alunos utilizassem várias nomenclaturas para identificar os sentidos e
significados transmitidos para eles pelos livros didáticos, após compartilhar as
leituras dos artigos, elas foram classificadas e representadas pelas palavras
“consistente e não consistente”, visto que classificaram os conteúdos presente nos
livros didáticos como: conteúdo superficial, básico, vazio, falta de conteúdo,
fragmentado, resumido, incompleto e generalizado.
Gráfico 9:
82
Gráfico 9 - Respostas dos alunos a respeito dos livros didáticos para o desenvolvimento do ensino de química.
Fonte: autor
Observa-se que os alunos não identificam os livros didáticos apropriados para o
ensino de química, portanto, as respostas dos educandos trazem duas
interpretações. A primeira é que nessa proposta não eram encontradas respostas
prontas nos livros, com as quais estavam acostumados a desenvolver suas
atividades, porque cada aluno era levado a buscar perguntas e possibilidades de
respostas, EP2-T5 afirmou que aprendeu “por meio da pesquisa em muitos livros,
porque precisei buscar informações”, indicando a necessidade da busca do
conhecimento, e não simplesmente a reprodução do conhecimento explanado pelo
professor.
A segunda é que o livro didático ainda não atende às necessidades reais do
processo ensino aprendizado contextualizado. EP2-T9 afirma que aprendeu
“Quando tive condição de perceber que nosso livro didático é cheio de tópicos e não
consegue fazer agente entender...” Percebia-se na fala da aluna um desabafo
misturado com alívio, visto que em sua concepção não aprendia química porque o
livro sempre foi a única fonte de lhe promover aprendizado, e o livro não a auxiliava
diante da sua zona de desenvolvimento.
Conforme preconizada nas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio-
OCNEM- (Brasil, 2006), sua deficiência já tinha sido identificada e torna-se claro
83
para os alunos a desatualização conceitual quando é apresentada em alguns livros
didáticos que “solvente é tudo aquilo que dissolve”, “a água vai acabar”. Os alunos
ainda identificaram que os livros didáticos não relacionam as transformações
químicas com o envolvimento da cinética e a energia, os livros não abordam o
contexto histórico da Ciência Química, a exemplo como no artigo A Importância da
Vitamina C.
Outro recurso utilizado foram atividades voltadas para a pesquisa experimental e a
experimentação e, portanto, foi perguntado aos alunos “A experimentação contribuiu
para construção do conhecimento”? (Gráfico 10).
Gráfico 10:
Gráfico 10 - Respostas dos 242 alunos diante da pergunta: “a experimentação contribuiu para construção do conhecimento”?
Fonte: autor
A resposta é praticamente unânime quando afirmam que a experimentação contribui
para a aprendizagem. O aluno da EP1-T1 indica que o experimento foi importante “...
onde pudemos ver de maneira prática a teoria estudada”, ao mesmo tempo, os
alunos demonstraram que não identificam como o único recurso que irá desenvolver
o conhecimento químico, visto que quando foi perguntado, “quando e como
identificaram que aprenderam de forma significativa? ”, as respostas variaram entre
a leitura, escrita, debates e a experimentação.
Nesse sentido, afirma-se que a experimentação não é o único contribuinte neste
processo de aprendizado, para Maldaner (2003) a experimentação ainda não é
84
compreendida na sua função e no desenvolvimento científico e escolar, visto que é
um princípio orientador da aprendizagem, devendo ser percebida sua relevância
enquanto contribuinte nesse processo.
As justificativas apresentadas pelos alunos, ao indicarem a importância da
experimentação, foram a de que essa prática facilita a assimilação, a solidificação e
a fixação do conteúdo, além de estimular o maior interesse, completando, ainda, que
é a teria que justifica a prática. O aluno EP2-T4 afirma que “a experimentação, tira
nossas dúvidas, a leitura nos fundamenta”, esse aluno compreende que não basta
visualizar somente o colorido do experimento é necessário fundamentá-lo.
Para Silva e Zanon (2000) “ter aulas experimentais não assegura, por si só, a
promoção de aprendizagens significativas; o estabelecimento de relações entre
teoria e prática”. Para tanto, não pode ser identificada em uma visão “simplista”, mas
de forma significativa na construção dos conhecimentos ao nível teórico conceitual,
entre os potenciais humano e social.
5.3 CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR QUÍMICO
PELOS ATORES NA LEITURA DE ARTIGOS.
Ao buscar o significado e sentido das palavras dos discentes, foi percebido que na
proposta leitura de artigos, o aluno se tornou parte ativa e integrante em todo o
processo ensino-aprendizado, tendo em vista que são vários os momentos em que
apresentaram suas ideias e as interpretações sem o medo de errar, porque foram
valorizados em sua forma de pensar para a construção de novos conhecimentos.
Entretanto, somente as visões e impressões dos alunos diante da proposta não
apresentaria de forma sistemática as contribuições efetivas da construção dos
conhecimentos escolares de Química, precisaria da transcrição dos alunos da sua
forma de aprender e como se reproduziria essa aprendizagem, o que justifica a
diversidade de momentos avaliativos, para tentar aproximar a aprendizagem real do
aluno na construção dos conhecimentos da ciência Química.
85
Luckesi (2010) afirma que a função da avaliação é de ser uma parceira do professor
no alcance do sucesso, “porque ela pesquisa a qualidade do resultado”, a “solução
decorre da gestão”, do investimento para favorecer a construção desse
conhecimento (LUCKESI, 2010).
Portanto, foi analisado como os conteúdos e conceitos foram aprendidos neste
processo, com avaliações quantitativas por meio de questionários descritivos, das
avaliações qualitativas com entrevistas gravadas individuais\grupo e por meio da
construção de fluxogramas com abordagem nos mapas conceituais.
Para a avaliação quantitativa, inicialmente foi trabalhado um questionário com sete
descritores identificados como Q1,Q2,Q3,Q4, Q5, Q6 e Q7, mensurada,
exclusivamente, uma pontuação numérica total de 15 pontos, para as sete questões
aos alunos das turmas EP1-T6; EP1-T7; EP2-T8 e EP2-T9 e, posteriormente, os
alunos foram entrevistados para a validação ou não da sua escrita. (Quadros 11, 12,
13 e 14).
Cada resposta oral a respeito da escrita do aluno foi avaliada em R, RD, NR e NF.
Essa avaliação teve o objetivo de compreender o significado qualitativo da escrita do
aluno por meio da linguagem oral, na qual resultaram valores diferentes entre a
escrita das respostas e a explicação oral dessas respostas, diferenciadas pelos
nomes que seguem: nota da prova e avaliação qualitativa.
Para que a comparação da avaliação quantitativa (nota da prova) fosse equivalente
com a avaliação qualitativa, utilizou-se a pontuação numérica para cada indicador
diante das produções orais e escritas apresentadas pelos alunos, proporcional à
pontuação total de 15 pontos, admitindo o valor de 2,14 para R; zero para o
indicador NF; 1,42 para a resolução com dificuldades RD; e 1,0 para o indicador NR,
que representa os alunos caminhando no processo, mas sem conseguir, ainda,
concluir o conhecimento por meio do seu pensamento.
86
Gráfico 11 - Notas quantitativa e qualitativa turma ep1-t6, diante do questionário das setes questões:
Fonte: autor Nesse Gráfico-11, é apresentada a escola EP1-T6, na qual os alunos indicaram o
melhor rendimento em relação as demais turmas, visto que a média da prova escrita
representou uma pontuação 9,56 em relação a pontuação total de 15 pontos, com
um desvio padrão de s2=4,74, apresentando a maior dispersão em relação a
avaliação qualitativa, na qual tem uma média de 10,43 pontos com um desvio
padrão de s2=3,20, imediatamente às primeiras avaliações desse processo.
As notas dos alunos dessa turma apresentaram maior homogeneidade nas
avaliações qualitativas. Identificou-se que uma porcentagem de 25% dos alunos
apresentou maior dificuldade na transcrição descritiva, não conseguindo organizar e
sistematizar o conhecimento, a fim de fundamentá-los por meio da transcrição
descritiva, obtendo um menor rendimento na prova escrita. No entanto, o aluno A14
apresentou dificuldade na oralidade, envolvido por aspectos sócio emocional, visto
que o aluno foi oportunizado a transcrever em uma folha branca de papel o que não
apresentaria oralmente, quando o avaliador percebeu sua ansiedade ao ter que
utilizar a oralidade.
Essa turma da escola EP1-T6 apresentava uma variedade muito rica de saberes, de
impressões constituídas pela vivência cultural e familiar de cada aluno, os quais a
maioria se posicionava por meio das construções desenvolvidas no seu cotidiano e
no ambiente escolar concordando e/ou contrapondo.
87
A turma EP1-T7 indica uma média de 7,65 pontos na prova escrita em relação a
pontuação total de 15 pontos, com um desvio padrão de s2= 0,14 pontos,
apresentando a menor dispersão em relação a avaliação qualitativa, na qual
apresentou uma média de 10,36 pontos com um desvio padrão maior em relação a
prova escrita. O desvio padrão da avaliação qualitativa é de s2= 1,92, nas primeiras
avaliações desse processo, representado no Gráfico 12.
Gráfico 12 - Notas quantitativa e qualitativa turma ep1-t7, diante do questionário das setes questões:
Fonte: autor
A turma T7 apresentou uma característica valorativa na oralidade explicativa,
apresentando aproximadamente 78% dos alunos, evidenciando principalmente, por
meio da avaliação qualitativa, quando esses alunos apresentam os conceitos dos
compostos formados por átomos de carbono e suas propriedades, visto que a
oralidade oportuniza a autocorreção do sentido das palavras em fração de
segundos, sendo válidas sem a perda da valorização do conhecimento pelo
avaliador, não havendo esse momento direto por meio da escrita, visto que o tempo
geralmente é muito limitado.
A turma da escola EP2-T8 indica uma média de aproximadamente 9,0 pontos na
prova escrita em relação a pontuação total de 15 pontos, com um desvio padrão de
s2= 2,91 pontos, apresentando a maior dispersão em relação à avaliação qualitativa,
na qual apresentou uma média de 9,98 pontos com um desvio padrão menor em
88
relação a prova escrita. O desvio padrão da avaliação qualitativa é de s2= 2,41 nas
primeiras avaliações desse processo, representado no Gráfico 13.
Gráfico 13:
Gráfico 13 - Notas quantitativa e qualitativa turma EP2-T8, diante do questionário das setes questões:
Fonte: autor.
A turma da escola EP2-T9 indica uma média de aproximadamente 6,25 pontos na
prova escrita em relação a pontuação total de 15 pontos, com um desvio padrão de
s2= 2,47 pontos, apresentando a maior dispersão em relação a avaliação qualitativa,
na qual apresentou uma média de 10,95 pontos com um desvio padrão menor em
relação a prova escrita. O desvio padrão da avaliação qualitativa é de s2= 2,42 nas
primeiras avaliações desse processo, representado no Gráfico 14.
89
Gráfico 14 - Notas quantitativa e qualitativa turma ep2-t9, diante do questionário das sete questões:
Fonte: autor A avaliação no cenário educacional deve-se constantemente promover intervenções,
porque o conhecimento se constrói a cada enlace diante das informações vivencias
e significativas do processo, por conseguinte, também precisa ser interiorizada nas
práticas educacionais como diagnóstica e interventora do processo ensino
aprendizagem. O aluno EP1-T2 informa que aprendia por meio dos erros “quando
me questionava sobre informações presentes no artigo e procurava sana-las seja
com auxílio da professora, seja buscando em livros ou internet”.
Portanto, foi necessário encontrar essas dificuldades nos conceitos e conteúdos e o
que promovia a falta de significados para os alunos aprenderem, para que as
intervenções fossem efetivas em tempo real, depois das avaliações quantitativa e
qualitativa, para que as dificuldades da turma fossem mensuradas, apresentadas por
meio dos resultados das escolas EP1 e Ep2 nos Gráficos 15 e 16.
90
Gráfico 15 - Resultado da escola ep1, descritores r, rd, nr e nf, em relação aos conteúdos apresentados na proposta leitura de artigos.
Questões que envolviam identificar :Q1) Propriedade física (PE) em relação à cadeia carbônica; Q2) Compostos formados por átomos de carbono, “isômeros” e o funcionamento do polarímetro; Q3) Análise das propriedades físicas e químicas (polaridades e interações intermoleculares) para a solução de um problema no contexto ambiental; Q4) Geometrias cis e trans; Q5) Interpretar as propriedades, polaridades e densidade em relação ao cálculo da quantidade de álcool na gasolina; Q6) Nomenclaturas dos compostos formados por átomos de carbono, propriedade física e química; Isômeros constitucionais; Q7) análise do comportamento das moléculas complexas em relação à solubilidade ou não em água. Fonte: autor
Não foram identificadas dificuldades ao associar os cálculos e geometria aos
conteúdos de química nessa escola, visto que por se tratar de um curso técnico, os
alunos têm maior contato com disciplinas associadas com as relações matemática,
lembrando que esses dados apresentados foram por meio dos primeiros contatos
das avaliações quantitativa e qualitativa.
Como intervenção, para cada turma foi proposto que os alunos indicassem
atividades que os motivariam a realizar e, com isso, o professor ficou responsável
em estruturá-las. As turmas T1 e T2 sugeriram atividades extras, a turma T6 a
escrita de um artigo e a turma T7 a construção de jogos para revisar os conteúdos.
Além das atividades realizadas e propostas pelos alunos, o professor fazia os
atendimentos individuais, visto que na escola EP1 já contemplava esse atendimento,
além dos atendimentos da monitoria de Química.
91
Gráfico 16:
Gráfico 16 - Resultado da escola ep2, nos descritores r, rd, nr e nf, em relação aos conteúdos apresentados nessa proposta.
QUESTÕES QUE ENVOLVIAM IDENTIFICAR :Q1) Propriedade física (PE) em relação à cadeia carbônica; Q2) Compostos formados por átomos de carbono, “isômeros” e o funcionamento do polarímetro; Q3) Análise das propriedades físicas e químicas (polaridades e interações intermoleculares) para a solução de um problema no contexto ambiental; Q4) Geometrias cis e trans; Q5) Interpretar as propriedades, polaridades e densidade em relação ao cálculo da quantidade de álcool na gasolina; Q6) Nomenclaturas dos compostos formados por átomos de carbono, propriedade física e química; Isômeros constitucionais; Q7) análise do comportamento das moléculas complexas em relação à solubilidade ou não em água. Fonte: autor
A escola EP2 apresentou maior dificuldade no critério R, em comparação com a
escola EP1, tendo em vista que na produção da escrita dos alunos deveria
apresentar explicações com os conteúdos fundamentadas por meio das leis, teorias,
cálculos, de acordo com as perguntas de cada questão.
Como intervenção para as turmas que apresentaram dificuldades nas interpretações,
foi trabalhado com os alunos como retirar dados da questão, o que fazer com esses
dados e apresentar soluções possíveis. Nas turmas T8 e T9 os alunos sugeriram
que eles fizessem as perguntas para os colegas responderem e a professora
analisaria a forma de pensar e responder, portanto, foi realizada essa prática nessas
turmas e os alunos manifestaram que sentiram dificuldades em formular as
perguntas. Quando necessário, a professora fazia intervenções nas respostas e
perguntas.
92
A escola EP2 somente contempla o atendimento dos alunos nos horários de aula,
sendo duas aulas de química por semana. Ademais, a própria escola dificulta a
presença dos estudantes nos horários inversos para abiblioteca da escola. A
coordenação do contra turno apenas libera a entrada dos alunos com a presença de
um professor responsável. Isso já não acontece na EP1, em que todos os alunos
são recebidos e com direito a atendimento sempre que preciso. Isso acontece, pois
nessa escola, desde o primeiro aluno, os alunos são orientados acerca de suas
responsabilidades, de seus direitos e deveres com o patrimônio público.
No entanto, os alunos da escola EP2 apresentaram um significativo desenvolvimento
nas questões Q3 e Q6(Gráfico 17), nas quais as abordagens foram desenvolvidas
com análises na experimentação, porque na maioria dos artigos eram discutidos as
propriedades dos compostos, a exemplo, “ teor de álcool na gasolina”, “as questões
ambientais e a química dos sabões e detergentes”, a “luz polarizada”. Todos esses
artigos contemplavam na realização do experimento o comportamento das
estruturas, e a maiorias dos alunos indicou que a experimentação foi o que mais
significou no aprendizado.
Gráfico 17:
Gráfico 17 - Diferenças nos resultados das questões 3 e 6, dos descritores R, RD, NR, NF das escolas EP1 e EP2.
Fonte: autor
Notoriamente, os alunos se desenvolveram de forma significativa nas propriedades
físicas e químicas dos compostos formados por átomos de carbono, analisando
estruturas pequenas e a isomeria cis trans, visto que manifestavam o sabor em
aprender o comportamento dessas estruturas em nosso meio.
93
Nas constantes intervenções que esta proposta desenvolve, foi possível dialogar
com os professores de matemática na busca de alternativas para a dificuldade de
cálculos com operações simples, visto que muitos alunos conseguiram ler,
interpretar e desenvolver pesquisa experimental, mas se perdiam nos dados com
interpretações quantitativas, tendo em vista que foi apresentado, na questão Q5, que
a maioria dos alunos não conseguiu completar as interpretações dos cálculos
quantitativos.
As questões que mais trouxeram dúvidas para as escolas EP1 e EP2 foram as que
envolviam análise do comportamento das moléculas mais complexas, principalmente
quando apresentavam cadeias carbônicas grandes e com a presença de mais uma
função, mesmo que os artigos contemplassem essas estruturas, necessitariam para
terem segurança um maior contato com essas estruturas, necessitando assim uma
reformulação dessa questão.
Certamente, as propriedades físicas e químicas analisadas em estruturas com
cadeias carbônicas menores com aproximadamente quinze carbonos tiveram o
maior significado na aprendizagem dos alunos, juntamente com a relação em que os
isômeros e os materiais poliméricos se interagem com essas propriedades.
Este questionário foi aplicado após a leitura dos artigos que contemplavam os
conteúdos dos compostos formados por átomos de carbono; propriedades físicas e
químicas e Isomeria através da leitura dos artigos, das práticas experimentais, dos
debates e escrita textual durante as 18 horas/aulas de química.
Para a amostragem dos resultados, os alunos foram separados em três grupos
(Quadro-10), identificados pela pontuação no histórico escolar da escola EP1 e pela
Avaliação Diagnóstica da escola EP2. Nessa amostragem foi selecionado,
aleatoriamente, um estudante de cada grupo.
Diante das avaliações qualitativas, esses alunos foram avaliados pelos indicadores
R, RD, NR e NF, por meio das entrevistas após a prova escrita, apresentados no
quadro 11
94
Quadro 11 - Alunos selecionados aleatoriamente das escolas ep1 e ep2 e o resultado dos descritores diante das sete questões.
Fonte: autor
Os descritores foram validados pela pontuação numérica e comparados entre os
dois processos avaliativos, qualitativo e quantitativo, para que fosse produzida uma
amostragem quantitativa descritiva de efeito entre os dois processos avaliativos,
apresentado no Gráfico 18.
Gráfico 18 - Alunos selecionados aleatoriamente das escolas ep1 e ep2 e o resultado dos dois processos avaliativos qualitativo e quantitativo.
Fonte: autor
ESCOLAS ALUNOS Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7
EP1 T6, A-7 R R R R R R R
EP1 T6, A-10 RD NR NR R NR NR RD
EP1 T6, A-24 NR NF NF NF NF NF NF
EP1 T7, A-6 R R R R R R RD
EP1 T7, A-8 R RD R RD RD R RD
EP1 T7, A-16 R R R R R R NR
EP2 T8, A-8 RD RD R R R NR NR
EP2 T8, A-2 R R R RD R R RD
EP2 T8, A-16 R R RD RD RD R RD
EP2 T9, A-11 R RD R RD R R RD
EP2 T9, A-20 R R R RD RD R R
EP2 T9, A-17 RD NR RD R RD RD NF
95
Diante do conflito de alguns resultados, em relação à construção dos conteúdos,
entre os dois momentos avaliativos, foi solicitado aos alunos que apresentassem os
conceitos construídos através das atividades realizadas neste projeto por uma
organização de pensamentos, por meio de palavras em um diagrama,que fosse
capaz de ser lido de cima para baixo.
Como os alunos não conheciam a construção de um mapa conceitual, esta atividade
somente teve a intenção de avaliar a relação entre conceitos organizados
hierarquicamente, sendo possível distinguir os conceitos primários inclusivos e
conceitos secundários, com a apresentação de exemplos, mesmo sabendo que para
essa avaliação objetiva a reconcialização integrativa.
Sabe-se que os Mapas Conceituais(MC) foram desenvolvidos por Novak e Gowin
(1984) e foram propostos como uma forma de instrumentalizar a teoria da
aprendizagem significativa de Ausubel(2004), autor que explica que:
A aprendizagem significativa resulta na aquisição de novas informações mediante esforço deliberado por parte do aprendiz para ancorar a informação nova com conceitos ou proposições relevantes presentes na estrutura cognitiva do aluno (AUSUBEL et al., 1978 apud CAÑAS et al., 2004).
Ainda Novak afirma que os MC podem ser avaliados utilizando-se critério tanto
quantitativo quanto qualitativo de análise. Portanto, para identificar o sentido
cognitivo constituído pelos alunos, foi necessário utilizar a estratégia proposta por
MENDONÇA (2012) na classificação de critérios qualitativos ao grau de Hierarquia
Conceitual (HC) classificadas em alta (A), média (M), baixa (B) e nula (N) e os
seguintes Critérios Quantitativos: número total de conceitos (TC); número de
conceitos válidos (CV); número total de proposições (TP); proposições válidas (PV);
relações cruzadas (RCZ); número de exemplos (EX).
Neste sentido, foram selecionadas doze produções dos alunos com as seguintes
características: quatro (4) alunos com o rendimento escolar baixo; quatro alunos (4)
com rendimento intermediários e quatro (4) alunos com bom rendimento. Embora os
alunos tenham realizado apenas um mapa conceitual, entende-se que não inviabiliza
a utilização desta estratégia, visto que se torna mais uma avaliação dos
conhecimentos construídos pelos alunos nessa proposta.
96
Ao analisar o rendimento dos alunos A-7 (Figura 1) e A-6 (Figuras 2), da escola EP1
em relação à hierarquia conceitual, percebe-se que o A-7 contém informações
conceituais relevantes, está bem hierarquizado, com o conceito inclusor no topo, em
seguida os intermediários e, posteriormente, os mais específicos com os exemplos,
mas não fez relações entre o conceito por meio da escrita, mas os identificaram na
avaliação por meio da entrevista.
No entanto, o A-6 apresentou poucos conceitos intermediários, mas demonstrou
uma reconciliação integrativa, ou seja, apresentou uma maior relação para chegar
ao mesmo conceito, mesmo quando identificou hidrocarbonetos no topo do mapa
por meio das funções químicas. Identificou os conceitos intermediário nos
questionamentos justificando que não os colocou por entender que deveria sintetizá-
los.
Figura 1 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6- A7. Figura 2 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7- A6
Os alunos da escola EP2, na categoria de bom rendimento, apresentaram uma boa
reconciliação integrativa, com diferenças significativas, visto que o aluno A8
desenvolveu todas as proposições das propriedades físicas e químicas dos
compostos por meio da leitura de artigos, da experimentação, mas separa as
interações dessas propriedades fragmentando o conhecimento; o aluno A 11 faz
menção às atividades realizadas, apresentando exclusivamente os conteúdos por
meio de três conectores principais: o carbono; compostos formados por carbono; e
interações intermoleculares, apresentando um baixo conceito intermediário, no
entanto com as proposições válidas.
97
Figura 3 - Mapa Conceitual aluno EP2-T8- A8 Figura 4 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9- A11
No mapa conceitual da Aluna A-10 (Figura 5), que havia apresentado na prova
escrita uma pontuação de 4,6 pontos, e, quando avaliada de forma qualitativa
externando todos os conceitos, contextos das atividades desenvolvidas na sala de
aula, sua pontuação foi 9,0, visto que possui uma HC média, com dificuldades
lineares em conectar as palavras de ligação indicando fragmentação dos conceitos,
a exemplo quando externa os conceitos de reações químicas. O MC do aluno A-08
(Figura 6) apresenta uma organização linear dos conceitos construídos, com um HC
alto e um número total de conceitos e proposições significativos, separa os artigos
identificando-os nas propriedades físicas e químicas, apresentando a fragmentação
desses conceitos.
98
Figura 5 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6-A10 Figura 6 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7-A8
Figura 7 - Mapa Conceitual aluno EP2-T8-A2 Figura 8 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9-A20
Os alunos da escola EP2, na categoria de rendimento Intermediário, apresentam
semelhanças em seus mapas, por apresentarem palavras de ligações cruzadas;
ausência de repetição de conceitos e proposições com alguns conceitos centrais do
tema, mas com uma hierarquia apreciável. O aluno A2 apresenta fragmentos na
base conceitual.
Os mapas conceituais dos alunos A-24 (Figura 5) e A-5 (Figura 6) com a maior
quantidade de NF, mesmo não respondendo a maior parte dos questionários
99
escritos, estes alunos não são simplesmente constituídos de um nada de
conhecimento. Apresentam conceitos primários e necessitam organizá-los de forma
processual, utilizando as ligações entre as palavras e seus significados/ mas
apresentam evidências de aprendizagem nas estruturas conceituais encontradas.
Figura 9 - Mapa Conceitual aluno EP1-T6-A24 Figura 10 - Mapa Conceitual aluno EP1-T7-A16
Os alunos classificados com baixo rendimento, foi o grupo que apresentou maior
discrepância, entre a avalição descritiva por meio das sete questões e a avaliação
qualitativa, visto que indica compreensão mediana do tema, apresenta conceitos
centrais do tema; mas fragmenta os conceitos sobre o conteúdo trabalhado.
Possuem hierarquia básica, demonstrando conhecimentos muito simples. Fazem
algumas relações cruzadas, com palavras de ligação; necessitando abranger essas
ligações.
100
Figura 11 - Mapa Conceitual aluno EP2-T9-A17
Figura 12 - Mapa Conceitual aluno EP2-T-A16
Um aspecto importante a ser considerado na análise é a apresentação da evolução
dos conceitos, quando um novo conteúdo é incorporado às estruturas cognitivas,
relacionado ao conhecimento prévio, tem-se os subsensores.
A aplicação dos Mapas Conceituais –MC, na educação para os alunos podem ser
utilizados na metacognição, para que o aluno reflita sua própria aprendizagem,
colocando em cheque como ele está aprendendo e, para o professor, uma avaliação
tanto prognóstica quanto formativa reguladora.
101
CONCLUSÕES
As contribuições do projeto “Leitura de Artigos Científicos” foi significativa
principalmente na visão dos alunos, visto que todos os alunos pontuaram suas
impressões de forma favorável, após o desenvolvimento final das atividades,
indicando que a proposta da Leitura de artigos Científicos, associadas a escrita, a
experimentação e os debates, favorecem o processo ensino-aprendizagem no
Ensino de Química para as duas escolas EP1 e EP2.
Ao avaliar os conhecimentos conceituais de química, a proposta desenvolve a
avaliação participativa qualitativa e quantitativa, não desprezando o conhecimento
do Senso Comum dos discentes, mas através deste, reconstrói novos conceitos do
Conhecimento escolar e Científico.
Sabe-se que na sala de aula são identificados os fatores que podem interferir na
construção significativa dos conhecimentos químicos, mas o cenário educacional
deve garantir a construção dos conhecimentos para todos os alunos, e a equipe
pedagógica deve andar junto com os professores para dar suporte às atividades que
fogem da dimensão que o professor tem acesso.
A maior parte dos alunos apresentou em seus mapas conceituais a diferenciação e
hierarquizados, porque a racionalidade e a forma de ensino apresentada foi em sua
maioria de forma linear, e alguns bidimensionais.
Mesmo diante de todas as atividades, ainda não foi possível inserir todos os alunos
no processo, visto que no resultado final da escola EP1 quatro (4) alunos não
conseguiram atingir a média de 60% de aproveitamento, e na escola EP2 seis (6)
alunos não conseguiram atingir essa média. No entanto, ao considerar os 242
alunos, o total de alunos que não conseguiram se desenvolver foi de
aproximadamente 4%.
Portanto, considera-se que avaliar é uma ação complexa, mas necessária para
nortear novas construções do aprendizado, tornando-se notória a necessidade de
discussões das práticas avaliativas, por se tratar de uma ferramenta que ainda se
encontra em contínua construção nas práticas dos professores no ensino de
química.
102
Se nessa proposta fosse somente direcionada um processo avaliativo, os
rendimentos de alguns alunos estariam comprometidos, visto que cada indivíduo
desenvolve suas construções e as representam de acordo com a dialética de seu
pensamento pela subjetividade do contexto cultural desenvolvido ao longo dos anos.
Percebeu-se que ao desenvolverem as atividades da proposta, em especial a leitura
dos artigos, os alunos foram estimulados a reconhecerem que o Conhecimento
Científico faz parte do cotidiano, com novas construções teóricas fundamentadas, na
qual se familiarizaram de forma dialética e dialógica com o processo.
Com isso, criam-se reflexões para futuros estudos na educação, sobre como outros
alunos e professores transitariam por meio desta proposta utilizando a Leitura de
Artigos Científicos associada aos recursos da escrita, experimentação e debates de
forma participativa nas aulas de Química?
103
CAPÍTULO 4 –
PRODUÇÕES SIGNIFICATIVAS ALÉM DA SALA DE AULA POR
MEIO DA LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS
104
Nesse capítulo será apresentado as produções dos alunos, na qual a proposta
Leitura de Artigos Científicos possibilitou desenvolver ao transcender os
conhecimentos além da sala de aula, visto que a educação não está circunscrita
exclusivamente em paredes e muros de uma estrutura geográfica escolar, ela
precisa ser aberta e interagir com as outras comunidades, a exemplo, o contado com
a comunidade científica.
Sala de Aula: “Um início para o Desenvolvimento de Possibilidades.
A sala de aula é composta de professores e alunos, que se interagem para o
desenvolvimento de vários saberes, no entanto cada professor apresenta um
pluralismo, identificado por Tardif (2005), que se constituem por meio de interações
das fontes de aquisição.
Esses professores por sua vez, fazem escolhas das teorias curriculares crítica,
acrítica ou pós-critica, para o desenvolvimento de suas práticas em sala de aula.
Diante das escolhas dos professores por essas teorias, os alunos podem se
desenvolver enquanto exclusivamente receptor e transmissor ou sujeito ativo no
processo ensino aprendizado, definindo sucintamente esse espaço em sala de aula.
Se nessa relação, entre professor e aluno , a sala de aula for entendida como um
espaço dinâmico, complexo cheio de conflitos, por meio da apropriação dos
conhecimentos em que cada indivíduo se constitui, diante da vivencia experiencial,
fica dotado de diversidades incontáveis que poderá transcender de forma natural,
favorecendo as construções significativas inerentes ao ensino de Química,
significando o conhecimento para os alunos e ao mesmo tempo produzindo novos
campos de possibilidades.
Foi nessa perspectiva de sala de aula, que a proposta da leitura de artigos
científicos se desenvolveu, a exemplo, no momento em que cada turma manifestou
a sua melhor forma de aprender.
Os alunos da EP1-T7, sugeriram jogos para ajudar na superação de suas
dificuldades de aprendizagem, essa turma indicava suas projeções profissionais
105
futuras com o maior interesse na tecnologia digital. Os alunos da escola EP2, em
sua maioria, indicaram que as experimentações trairiam o melhor entendimento aos
conteúdos que ainda não foram aprendidos. Portanto, bastou interagir os interesses
dos alunos aos conteúdos e conceitos da Química para estimular nos alunos, novas
produções.
Diante dos interesses manifestados pelos alunos e por ser levado em consideração
as suas impressões, foi possível desenvolver a motivação para a participação em
eventos científicos, como Congressos Internacionais, Feiras Estaduais e Encontros
científicos.
A construção das produções dos alunos tornou-se um processo natural no instante
que eram apresentados os conteúdos e contextualizados, desenvolvia-se
interrogativas, possibilidades e a vontade de se ter a verificação de cada ação.
Certamente trabalhar com as habilidades que cada grupo apresentava, associados
aos conhecimentos de química desenvolvidos em sala de aula, facilitou a harmonia
no desenvolvimento das produções voltados para o ensino de Química.
Na escola EP1 os alunos se identificaram por meio da leitura e escrita, apresentando
uma diversidade de trabalhos relevantes, como a escrita de artigos, pesquisas
interpretativa e quantitativa, no entanto, serão apresentados alguns desses trabalhos
idealizados na sala de aula, a exemplo, os que tiveram a publicação nos anais do III
Congresso Internacional de Educação Científica e Tecnológica (CIECITEC), no ano
de 2015, na modalidade de mostra de produtos com a produção de jogos didáticos
dos trabalhos intitulados Jogo on line: “Juntos na Química” , “Dispositivo Digital
Utilizando Arduíno como Medidor de Ultra Violeta Visível para Quantificar Fe3+
Dissolvido em Água” e a “Guerra Química”: Uma Atividade Lúdica para
Contextualizar os Conteúdos de Química.
Todos os trabalhos foram desenvolvidos pelos alunos quando manifestavam os
interesses projetados em suas realizações profissionais futuras, sendo uma das
primeiras perguntas no início do desenvolvimento desta proposta, associadas as
dificuldades identificadas no processo ensino aprendizagem de Química.
106
Relatos dos alunos que desenvolveram essas produções, indicam que a construção
dessa ferramenta incentivou a leitura de conteúdos de Química, visto que para
desenvolver os trabalhos teriam que ter o conhecimento dos conceitos da química e
isso os motivaram a aprender Química, para um dos alunos “passei a gostar de
química porque encontrei relação entre a química e o desenvolvimento do trabalho
Jogo on line: “Juntos na Química”.
O trabalho Jogo on line: “Juntos na Química” é uma ferramenta digital, na qual
auxilia alunos e professores. Para os alunos é uma forma diferente de responder
questões de química e para o professor uma avaliação imediata das questões
elaboradas e formuladas por cada professor, visto que essa ferramenta indica uma
estatística das respostas emitidas pelos alunos como certa ou errada. Para esse
grupo de alunos é justificado o uso dessa ferramenta, porque (Anexo 2 – texto
completo)
em uma sociedade continuamente conectada, os computadores tornaram-se ferramentas essenciais em muitos processos humanos e, um deles, é sua aplicação nos diversos setores da educação, inclusive na sala de aula como instrumento de auxílio no aprendizado.[...] o uso de jogos computacionais educativos como contribuintes no processo ensino aprendizagem, além de explorar o campo computacional crescente no mundo, fugindo daquela metodologia tradicional, em que o aluno é tratado como uma máquina que está pronta para aprender, escutando ou copiando diversos conteúdos propostos.[...] o objetivo deste trabalho é possibilitar o ensino de química associado à realidade tecnológica na vida dos estudantes, por meio do uso racional do computador.
Torna-se clara as contribuições compartilhadas entre alunos e professor, tendo em
vista que os alunos desenvolveram uma ferramenta inicialmente para superar as
suas próprias dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo ampliaram para
auxiliar professores em suas atividades diárias. Essa ferramenta educativa,
encontra-se disponível na página http://www.juntosna.com/quimica/, e para o
professor na página http://juntosna.com/professor/ , tendo em vista que os
professores podem inserir as questões que estiver trabalhando.
O trabalho “Dispositivo Digital Utilizando Arduíno como Medidor de Ultra Violeta
Visível para Quantificar Fe3+ Dissolvido em Água” desenvolvido pelos alunos
afirmaram que não há limites para o entendimento dos conteúdos que se associam
ao conhecimento escolar de química, mesmo quando é utilizado um tema muito
107
trabalhado no ensino da ciência, como a água, e pouco conhecido pelos alunos
devido à complexidade que envolve esse tema no ensino de Química.
Para esses alunos a água apresenta parâmetros pouco conhecido, devido a
necessidade de um espaço, equipamentos e reagentes nas escolas para
desenvolver conhecimentos quantitativos e qualitativos referente a cada amostra.
Esse grupo, ainda considera um tema eminentemente importante para os
educadores no desenvolvimento dos conhecimentos químicos, tendo em vista que o
balneário de Guriri na cidade de São Mateus-ES, apresenta muitas complicações na
distribuição da água, levando a população construir desenfreadamente poços para
abastecimento nas casas, tornando-se
[...] necessária a análise por meio de parâmetros físico, biológico e químico. Porém, falar sobre análise qualitativa e quantitativa no Ensino Médio parece estar distante da realidade de muitas escolas. A fim de aproximar essa prática dos alunos, foi desenvolvido um dispositivo para quantificar Fe3+ dissolvido em água, elemento proveniente da dissolução de compostos ferrosos de solos arenosos. Levando-se em consideração a hipótese de elevadas concentrações de ferro em poços artesianos do Balneário de Guriri do Município de São Mateus-ES, devido as obstruções apresentadas nas tubulações e a cor avermelhada da água, foi proposta a construção de tal dispositivo para a análise dessa água, sabendo que a região constantemente apresenta dificuldades de abastecimento de água em suas casas, e a utilização desses poços parece ser a única alternativa conhecida pela população.
A maior contribuição desse grupo, foi de compartilharem conhecimentos entre os
cursos técnico em mecânica e o curso técnico da eletrotécnica, diante de uma
situação problema em sua própria cidade, encontrando-se preservado as
orientações do PCNEM, pela qual indica a contextualização na abordagem dos
conteúdos a temas sociais e regionais a serem desenvolvidos em no ambiente
educacional. Os PCNEM, na seção “O papel da educação na sociedade
tecnológica”, indica a
capacidade de abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao
contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da
criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas
para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do
pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da
108
disposição de procurar e aceitar críticas, da disposição para o risco, do
desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da
capacidade de buscar conhecimento (Brasil, 1999a, p.24).
O trabalho “Guerra Química”: Uma atividade lúdica para contextualizar os conteúdos
de Química para os alunos é a afirmativa da possibilidade em contextualizar
atividades por meio da interdisciplinariedade e intercomplementariedade, o jogo foi
baseado na parte física do jogo “WAR”, dividido em territórios, sendo eles a África do
Sul, Nigéria/Egito, Tunísia, Califórnia, Canadá, Groelândia, Nova York, Argentina,
Brasil, Chile, China, Japão, Oriente Médio, Sibéria, Alemanha, Inglaterra, Moscou,
Austrália e Sumatra/Nova Guiné. Esse jogo contextualiza questões econômicas e
geográficas importantes de cada território com as perguntas relacionado aos
conteúdos de químicas trabalhados em sala de aula. Para esse grupo,
Nota-se uma necessidade em facilitar e aprimorar os conhecimentos de uma forma dinâmica e diversificada no ensino de Química. A proposta do projeto “Leitura de Artigos Científicos” desenvolvido nas aulas de química promoveu uma variedade de atividades para o ensino de química e desenvolveu entre os alunos a necessidade de superar as dificuldades na construção de materiais alternativos para o ensino de química de forma contínua e participativa.
Os trabalhos dos alunos da escola EP2, tiveram igualmente relevância quanto os
temas e abordagens significando os conteúdos escolares, prevalecendo as
pesquisas experimentais e as participações nas feiras Municipais e Estadual do
estado do Espírito Santo, os trabalhos “Calorímetro Alternativo” e “ Dessalinizador
Sucata”, possibilitando aos alunos a participação respectivamente na 10ª e 11ª 11ª
Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, visto que no ano de 2014 o projeto
“Dessalinizador Sucata” recebeu a premiação no 3° lugar a nível estadual e o
Calorímetro Alternativo o 2° lugar na Semana da Ciência e tecnologia na feira
municipal de São Mateus a nível do Ensino Médio.
O trabalho Dessalinizador Sucata, consiste em um sistema criado para retirar o sal
da água, através da energia solar, para o uso doméstico, desenvolvida na percepção
das dificuldades encontrada no balneário de Guriri pela distribuição de água. Os
alunos desenvolveram esse trabalho após a leitura do artigo “As questões
ambientais e a química dos sabões e detergentes”
109
O “Calorímetro Alternativo” foi desenvolvido para analisar a quantidade de calorias
em diversas marcas de amendoim, identificando a quantidade de calorias para uma
dieta saudável associados aos seus respectivos nutrientes, os alunos
desenvolveram esse trabalho após a leitura do artigo “O que é gorduras Trans? ”
Por meio da leitura dos artigos e a proposta de desenvolver atividades que
envolvesse os alunos segundo suas habilidades e projeções profissionais futuras foi
possível desenvolver diversidades nas produções dos alunos associados ao ensino
de Química. Vigotski dá ênfase a aprendizagem escolar para a construção de
conhecimentos científicos e o papel do professor como organizador da
aprendizagem para a significação da aprendizagem.
A Leitura, a escrita, a Experimentação e a Contextualização.
Como a proposta da leitura de artigos científicos utilizavam os recursos, leitura,
escrita, pesquisa bibliográfica e experimental concomitante aos conteúdos e
conceitos ministrados em sala de aula, isso possibilitou aos alunos produzirem seus
trabalhos, ao invés de simplesmente reproduzirem ou copiarem.
Além dos recursos, os próprios artigos contextualizavam os conteúdos
desenvolvidos em sala de aula, em sua maioria os artigos selecionados para a
leitura representavam os conteúdos dos compostos formados por átomos de
carbono; propriedades físicas e químicas desses compostos; isomeria; e algumas
reações químicas. (Quadro 12).
Alunos utilizaram a escrita para construir os fichamentos, textos dissertativos e
algumas turmas sugeriram a escrita de artigos. Na escola EP1 como os alunos
indicavam a leitura e a escrita como um dos recursos que proporcionavam maior
conhecimento, a maior parte da produção foi a escrita de artigos.
110
Quadro 12 - Artigos e conteúdo que foram contemplados nos artigos.
Artigos lidos Abordagem dos conteúdos
O que é gorduras Trans.
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades dos compostos orgânicos Geometria molecular Interações intermoleculares Isomeria geométrica
As questões ambientais e a química dos sabões e detergentes
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermoleculares
Explorando a Química na determinação do teor de álcool na gasolina
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermoleculares
Fármaco e Quiralidade.
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares Isomeros
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares Isômeros
Confirmação a Esterificação de Fischer.
Compostos formados por átomos de carbono (ácidos e álcool) Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares Reação de esterificação
Proteína, Hidrólise Precipitação e um Tema para o ensino de Química.
Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares Reações de adição
A Importância da Vitamina C.
Contexto histórico e a Química Compostos formados por átomos de carbono (ácidos) Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares
A Importância das Propriedades Físicas dos Polímeros na Reciclagem.
Macromoléculas Compostos formados por átomos de carbono Propriedades físicas e químicas Polaridades dos compostos Geometria molecular Interações intermolecolares
Fonte: próprio autor
111
Para um grupo de três alunas da escola EP1- T6 a leitura do artigo Proteína,
Hidrólise Precipitação e um Tema para o ensino de Química, publicado na revista
Química Nova na Escola, escrito por Wilmo Ernesto Francisco Junior e Wellington
Francisco, representou que (anexo-2, texto completo):
[...] A leitura e compreensão do artigo foi o processo mais gratificante. Havia conteúdos vistos em sala de aula que pareciam distantes, entretanto a aplicação no estudo das proteínas e dos aminoácidos fez aproximar os conceitos a elementos presentes em nossa vivência, afinal, sem essas moléculas a vida não existiria.[...] O artigo traz um exemplo de um experimento que aborda a hidrólise da gelatina por enzimas proteolíticas, precipitação de proteínas e explica esses fenômenos através de conceitos químicos.[...] Esse experimento pode ser classificado como simples pelo fato de não ser necessário o uso de equipamentos ou máquinas de difícil acesso.[...] Durante o processo de pesquisa, o grupo encontrou um software criado por alunos de Bioquímica da Universidade de São Paulo que trata do “estudo interativo da estrutura de proteínas”. Esse outro elemento que pode ser utilizado no ensino de Bioquímica é bem simples de ser manipulado e compreendido.
Esse grupo de alunos afirmam que não há limites a serem traçados para o
desenvolvimento dos conteúdos de Química e que todos os recursos disponíveis
podem favorecer a maior compreensão entre o conhecimento escolar e o
conhecimento científico.
Para um grupo de três alunos da escola EP1-T7, foi desenvolvido um texto por meio
da leitura do artigo artigo “As questões ambientais e a química dos sabões e
detergentes” de Elaine Maria Figueiredo Ribeiro, Juliana de Oliveira Maia e Edson
José Wartha, publicado na revista Química Nova na Escola, e os fichamentos de
transcrição dos livros didático desses alunos, no qual encontraram convergências
quando (anexo -2, texto completo)
Eduardo Fleury Mortimer e Andréa Horta Machado (2014, p.156), autores do nosso livro didático, também partilham dessa opinião, para eles “[…] Um dos parâmetros importantes da qualidade da água é o oxigênio dissolvido. Ele é essencial para a vida existente nos cursos de água. […] Do ponto de vista ecológico, o oxigênio dissolvido em água interfere na qualidade da água é uma variável extremamente importante, haja vista que a maioria dos organismos necessita dessas substâncias para a respiração. […]”.
Mesmo quando a maioria dos alunos identificaram que os livros didáticos não são
consistentes para o ensino de química é possível encontrar convergências a respeito
desse recurso para a leitura. Certamente não são invalidadas as impressões
manifestadas pelos alunos, quando indicam que deveriam ser produzidos livros
112
didáticos que houvesse uma maior aproximação dessa ciência, sem fragmentá-la e
de forma significativa para os alunos.
Os trabalhos com os fichamentos descritivos proporcionaram um auxílio na produção
dos textos dos alunos, visto que a cada dúvida de uma palavra, um conceito ou
conteúdo, os alunos foram orientados a pesquisar em livros didáticos, revistas ou
artigos e fazerem a transcrição dessa nova leitura (Anexo 3- fichamentos 1,2,3 e 4).
Os alunos da escola EP2, realizaram a experimentação com maior destaque em
suas atividades, portanto trabalhou-se com a contextualização dos conceitos e
conteúdo de química para apresentar maior significado, a tabela indicará a
realização dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos após a leitura dos artigos com
as descrições das pesquisas.
Quadro 13 – Pesquisas desenvolvidas por meio da Leitura de Artigos Científicos.
Artigos lidos Descrição da pesquisa experimental produzida pelos
alunos
Ano de apresentação dos alunos
O que é gorduras Trans.
Quantificação da gordura presente no macarrão.
Calorímetro alternativo
Retirando gordura da batata em saquinhos
Pesquisa na escola e na universidade “gordura”
2014
2014
2015
2015
As questões ambientais e a química dos sabões e detergentes
Analise do fosfato na água.
Produção de sabão e suas consequências.
Dessalinizador Sucata
2015
2014 e 2015
Explorando a Química na determinação do teor de álcool na gasolina
Analise do teor de álcool dos postos da cidade de são Mateus
2014 e 2015
Fármaco e Quiralidade.
Identificando fármacos que apresentam estrutura opticamente ativas na farmácia.
Pesquisa bibliográfica efeitos da talidomida
Pesquisa na utilização dos
2014 e 2015
2015
2015
113
conteúdos de isômeros no 3°ano do ensino médio pelos professores de Química.
Rotação da Luz polarizada.
Dispositivo na identificação de substancia que apresentam atividade ópitica.
2014 e 2015
Confirmação a Esterificação de Fischer.
Produção do acetato de etila.
Extração de essências.
2014
2015
Proteína, Hidrólise Precipitação e um Tema para o ensino de Química.
Reprodução do experimento do artigo alterando as concentrações e temperaturas.
2015
A Importância da Vitamina C.
Analise quantitativa da presença da vitamina C em alimentos. (limão; laranja; mixirica)
2014 e 2015
A Importância das Propriedades Físicas dos Polímeros na Reciclagem.
Separando o lixo poliméricos
Pesquisa com entrevista “Acompanhamento no lixão”
2014
2015
Ao analisar as contribuições entre a contextualização da química na vida cotidiana
dos alunos, por meio da pesquisa experimental, foi identificado que a leitura dos
artigos, facilitou a apropriação do conhecimento científico e isto, os estimulou a
participarem de eventos, a exemplo, da 10ª e da 11ª Feira Estadual de Ciências e
Tecnologia Vitória- ES, nos anos de 2014 e 2015; a construir protótipos e materiais
que auxiliam no processo ensino-aprendizado e apresentar em eventos como a II
Semana de Química do Norte do Espírito Santo- IISEQUINES e no III Congresso
Internacional de Educação Científica e Tecnológica – III CIECITEC Santo Ângelo-
RS, em 2015.(Anexo 3 – imagens e produções dos alunos)
115
Diante da representatividade do contexto histórico para a educação e
consequentemente para o ensino de Química, entre o período Colonial – de 1500-
1808 – e do século XVI ao século XXI, por meio das reformas educacionais, em
especial de Francisco Campos e Gustavo Capanema, não foram identificadas ações
políticas que justificassem e significasse o ensino de Química no Brasil, por meio
destas reformas. No entanto, se faz necessário refletir alguns apontamentos na
educação que se relacionam com o panorama do ensino de Química apresentado
no primeiro capítulo.
Na reforma de Francisco Campos os alunos passam a ter a obrigatoriedade em
aulas, e não mais em períodos, somente as disciplinas Física, Química e História
Natural seriam trabalhadas nas séries finais com uma carga horária reduzida.
Contudo não tinha professores com formação academia, principalmente de Química,
para atender a todos, um problema que se perpetua até os dias de hoje.
Gustavo Capanema tenta instaurar uma educação para Química de forma
diferenciada, na qual deveria apresentar-se na sua objetividade e instrumentalidade,
ficado somente nas reflexões, onde prevaleceu o Ensino de Química de uma
sequência fixa, neutra e científica, na essa neutralidade perde forças por meio dos
movimentos da Ciência Tecnologia e Sociedade CTS.
No capítulo 2, é reafirmada a falta de professores na cidade de São Mateus-ES,
quando a maior parte dos professores de Química apresentam em sua formação
acadêmica o curso de Farmácia, acrescido de uma complementação pedagógica
que não contempla as disciplinas pedagógicas e especificas da Licenciatura de
Química, dificultando o processo ensino aprendizagem dos alunos, pela falta de
formação continuada para os professores, exclusivamente na área desse
conhecimento. A maioria dos professores apresentam escolhas das teorias acríticas,
por meio da neutralidade no ensino de Química.
Tardif(2005) define professores por meio das interações das fontes de aquisição, no
entanto, se professores em sua formação acadêmica não tiveram contato com
processos de ensino aprendizagem significativos para o desenvolvimento dos
conhecimentos conceituais, factuais , procedimentais e atitudinais, em sua formação
116
acadêmica ou na experiencial de ser professor, como poderiam desenvolver com
seus alunos esses conhecimentos escolares?
Todavia, torna-se necessário apresentar propostas que possam auxiliar de forma
efetiva, em tempo real, significados para o ensino de Química na
contemporaneidade, visto que identificar exclusivamente os problemas, a exemplo,
representada pelas avaliações externas, já não é mais suficiente, porque esses
problemas no Ensino de Química se propagam desde a institucionalização da
Educação no Brasil.
Argumenta-se em defesa das percepções identificadas por aulas exclusivamente de
transmissão e recepção por não favorecer o ensino de Química, necessitando que
professores desenvolva propostas de ensino que faça com que o aluno participe
efetivamente do processo ensino aprendizagem, contribuindo com suas impressões
e habilidades durante o processo de construção do conhecimento no ambiente
escolar, visto que os alunos apresentados nessa pesquisa, já haviam vivenciado
aproximadamente 10 anos nesse ambiente.
Nesse sentido, afirma-se que a escolha pelas teorias curriculares ainda fica na
escolha exclusiva de cada professor, podendo ou não favorecer o ensino
aprendizado, bem como a forma de avaliar, porque ao analisar a avaliação
qualitativa e quantitativa, percebeu-se um desvio padrão significativos entre as duas
metodologias, afirmando que não deve-se utilizar somente um método com
exclusividade, porque os alunos constroem seu conhecimento, diante da dialética do
seu pensamento, fazendo conexões por meio da zona do desenvolvimento,
referenciado por Vigostki.
A proposta da leitura de artigos Científicos para o Ensino de Química, contribui para
o desenvolvimento dos conhecimentos sugeridos no Currículo Básico Comum –
CBC do estado do Espírito Santo, com observância nos PCNEM, porque percebeu-
se que identificaram significados nos conteúdos e conceitos da ciência Química.
Essa percepção foi comprovada quando nas avaliações os alunos conquistaram a
maior porcentagem nas avaliações quantitativas, com a maior porcentagem de cada
turma por meio das notas mensuradas acima da média, elevando a pontuação na
117
avaliação qualitativa diante das entrevistas orais e a análise dos mapas conceituais
dos 242 alunos do 3° ano do Ensino médio, além de favorecer o maior contado dos
alunos com a participação da comunicação científica.
Esta pesquisa encontrou convergências em relação as dificuldade identificadas no
contexto histórico para o ensino de Química, por meio das cenas curriculares e no
desenvolvimento de metodologias no processo ensino aprendizagem, porém foi
identificado que a proposta Leitura de artigos científico contribuiu significadamente
para os alunos do 3° ano do Ensino Médio, para escolas com duas tipologia
diferenciada, uma com o curso técnico integrado e a outra somente com a
classificação do Ensino médio.
Portanto deixa-se em aberto, e propõe-se que sejam realizadas novas pesquisas por
meio dessa proposta, para a identificação dos significados desenvolvidos e
construidos por outros alunos.
118
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123
Anexo 1: Questionário para Professores que atuam na Área Ciência da Natureza - Ensino Médio nas Escolas Estaduais da Cidade de São Mateus.
Nome
Formação
Magistério
Ensino superior
Especialização
Mestrado
Doutorado
Outros
Magistério
Ensino superior Especialização Mestrado Doutorado
s n
Licenciatura na disciplina que atua
s n
Complementação pedagógica na disciplina que atua?
s n
Outros
Na disciplina que atua?
s N
Outros
Ensino
s n
Educação
s n
Outros
Ensino
s n
Educação
s n
Outros
Instituição de Ensino
Disciplina(s) que atua.
Química
1° 2° 3°
Física
1° 2° 3°
Matemática
1° 2° 3°
Biologia
1° 2° 3°
Tempo que atua nesta disciplina(s)
Até um ano.
De um a dois anos
Dois anos a cinco anos
De cinco a 15 anos
A mais de 15 anos
O que te motivou a ser professor?
O que o professor precisa fazer para ser um bom professor na disciplina que atua?
Quais os principais objetivos de uma aula que devem ser considerados.
O que você identifica como importante e essencial para os alunos
124
aprenderem no tempo escolar que é disponibilizado na(s) série(s) que atua.
Quais os conteúdos que trabalha?
Consegue ministrar o que o CBC sugere? Justifique.
Qual a maior dificuldade apresentada pelos alunos, que você mesma identifica para que a aprendizagem seja efetivada?
Quando os alunos aprendem melhor o que você ministra?
Qual(is) o(s) material(is) e metodologia(s) utilizada(s) mais comuns para ministrar as aulas?
Indique os outros materiais que utiliza às vezes.
Para você qual o papel da experimentação ?
Na sua escola é possível promover a experimentação ? Qual a dificuldade encontrada?
Você utiliza a experimentação?
125
s n
3 vezes por semestre
Sempre que possível
30 % das aulas
Indique quais as formas Avaliativas que utiliza para validar o conhecimento do aluno.
Você acha válidas as avaliações externas como indicador do processo ensino-aprendizagem? Qual a sua opinião?
Observe os conteúdos na folha em anexo e indique os conteúdos que devem ser ministrado nos 3 anos.
1° ano
2° ano 3° ano
Descreva o que gostaria de acrescentar:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Obrigado (a) professor(a) pela sua contribuição que nos é tão valiosa neste processo de
identificação e reflexão de nossas práticas
126
Anexo 2: Texto dissertativo escrito por três alunas da escola EP1-T6, ao emitirem a
importância da leitura de artigos.
TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Está inserido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LEI Nº 9.394, DE 20 DE
DEZEMBRO DE 1996 no artigo 206, que o ensino deve ser ministrado com base em alguns
princípios, dos quais no inciso III se encontra o pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas. As instituições de ensino devem considerar que a qualidade do ensino passa
pelo respeito a pensamentos e concepções de professores e alunos em diversos domínios
do conhecimento, ou seja, não há a possibilidade de apresentar somente uma concepção ou
ideia.
É notável a dificuldade dos alunos em aprender a química que, de um modo geral, é
ensinada sem que haja a apresentação da história dos métodos utilizados para o
desenvolvimento dos conteúdos lecionados e através da transmissão de um conhecimento
essencialmente acadêmico. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (PCNEM), os alunos devem ser estimulados a compreender o meio em que vivem de
maneira abrangente e integrada e, ao se tratar da química, compreender as transformações
químicas que ocorrem no mundo. Esse aprendizado deve abranger a compreensão dos
processos químicos e a construção dos conhecimentos escolares e científicos.
Existem muitas publicações a respeito do desenvolvimento do ensino e da utilização de
ferramentas pedagógicas em sala de aula para que ocorra a construção do conhecimento e,
por conseguinte, a abolição da memorização de conteúdos abordados. O artigo “Proteínas:
Hidrólise, Precipitação e um Tema para o Ensino de Química” publicado na revista Química
Nova na Escola, escrito por Wilmo Ernesto Francisco Junior e Wellington Francisco, abrange
esse conjunto de publicações de acordo com o exposto pela lei federal e pelo PCNEM. De
maneira simples, traz uma abordagem interdisciplinar da Bioquímica com a finalidade de
auxiliar a discussão de conceitos químicos relacionados às proteínas e o debate de temas
associados.
As estruturas moleculares, os mecanismos e os processos químicos responsáveis pela vida
estudados na Bioquímica são conteúdos interdisciplinares, entretanto, como diz no artigo, a
Bioquímica é pouco explorada por professores de Química no Ensino Básico. Isso se deve,
além das lacunas existentes durante o processo de formação dos docentes, à falta de
materiais didáticos que explorem adequadamente essa interação.
A abordagem de conceitos de proteínas e suas ações enzimáticas, como tratada no artigo, é
fragmentada, ou seja, são ensinados em momentos distintos durante o Ensino Médio nas
aulas de Química e Biologia e são estritamente relacionados à conceitos químicos ou
biológicos, sem haver uma abordagem bioquímica. A importância das proteínas para a
existência das células dos seres vivos é conhecida por muitos estudantes, todavia o
conhecimento da existência de constituintes fundamentais das proteínas, suas funções,
propriedades físico-químicas e reações químicas para explicar as diferentes formas,
atividades e outras aplicações biológicas não é comum.
127
A leitura e compreensão do artigo foi o processo mais gratificante. Havia conteúdos vistos
em sala de aula que pareciam distantes, entretanto a aplicação no estudo das proteínas e
dos aminoácidos fez aproximar os conceitos a elementos presentes em nossa vivência,
afinal, sem essas moléculas a vida não existiria. O estudo das especificidades dessas
moléculas destituídas de vida tornam as proteínas cada vez mais interessantes e com uma
abrangência em inúmeros campos da ciência, tecnologia e inovação.
Entender tantos conceitos muitas vezes é complicado e, para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem, pode-se utilizar táticas de ensino de uma maneira dinâmica para instigar os
alunos a pensar os porquês ao invés de simplesmente decorá-los. Alguns professores
costumam dizer que não abordam estratégias didáticas dinâmicas por demandarem muito
tempo para serem realizadas e/ou por serem inviáveis. Para resolver esses problemas foram
propostas ideias de construção de experimentos simples e da utilização de ferramentas
virtuais criadas para a dinamização das aulas.
O artigo traz um exemplo de um experimento que aborda a hidrólise da gelatina por enzimas
proteolíticas, precipitação de proteínas e explica esses fenômenos através de conceitos
químicos. O experimento foi reproduzido pelo grupo e as explicações básicas surgiram para
justificarmos os fenômenos.
Apesar de simples, o experimento é bastante metodológico e, por isso, exige bastante
atenção e organização ao realizá-lo. Tivemos, também, algumas dificuldades relacionadas
aos resultados de algumas das amostras por, de imediato, se apresentarem incoerentes.
Esse experimento pode ser classificado como simples pelo fato de não ser necessário o uso
de equipamentos ou máquinas de difícil acesso. Para se adequar à uma situação sem a
utilização de equipamento de um laboratório de química convencional, basta adaptar
quantidades de soluções, recipientes e equipamentos.
Durante o processo de pesquisa, o grupo encontrou um software criado por alunos de
Bioquímica da Universidade de São Paulo que trata do “estudo interativo da estrutura de
proteínas”. Esse outro elemento que pode ser utilizado no ensino de Bioquímica é bem
simples de ser manipulado e compreendido.
Por meio da realização de todo o trabalho foi possível perceber que o avanço tecnológico, os estudos referentes à metodologias educacionais e o avanço científico vêm para auxiliar professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem. Anexo 2: Texto dissertativo escrito por três alunos da escola EP1-T7, ao emitirem as
convergências entre a leitura de artigos e os fichamentos, a exemplo, dos livros didáticos .
Ao ler o artigo “As questões ambientais e a química dos sabões e detergentes” de Elaine Maria Figueiredo Ribeiro, Juliana de Oliveira Maia e Edson José Wartha, conseguimos compreender seu objetivo no que diz respeito ao aprendizado de forma dinâmica com relação à química e demais matérias relacionadas a ela. Entretanto, o artigo não se preocupa em ensinar a matéria para quem o lê, isso somente foi feito com os alunos os quais a tese que o grupo desenvolveu foi feita.
128
O grupo propôs para determinadas turmas, um ensino temático acerca da química, tentando inseri-la no contexto em que vivemos e mostrando àqueles jovens que ações comuns do nosso cotidiano interferem em questões ambientais. Uma grande parte dos alunos têm dificuldades na compreensão de disciplinas abstratas como a química.
Vários aspectos – senão todos – estão relacionados aos conteúdos aprendidos em sala de aula. Assim, é de extrema importância a contextualização da disciplina em questão, de forma que ela assuma um papel social, auxiliando no aprendizado de alunos que veem na química uma grande dificuldade devido a seu grande caráter abstrato.
O tema escolhido para ser abordado foi acerca do uso de sabões e detergentes e a degradação ambiental de um rio presente nos limites dos municípios de Itabuna e Ilhéus (BA). Apesar de estarmos diariamente em contato tanto com sabões, quanto detergentes, raramente damos seu devido valor e muito menos paramos para pensar no seu impacto ambiental no momento do uso. A química precisou aliar-se às outras disciplinas para esse estudo.
O artigo nos mostra que conhecer aquilo que consumimos nos ajuda na hora de fazer escolhas, além de evitar incidentes indesejados (uma vez que desconhecemos seu impacto ambiental, social e à saúde humana).
Sobre os alunos, Elaine Ribeiro, Juliana Maia e Edson Whartha afirmam que “eles são levados a [...] investigar se durante o processo de produção e no descarte houve ou não geração de resíduos; se tais resíduos agridem ou não o ambiente […] e como interpretamos tais informações.” (2010, p. 170)
O grupo primeiramente explicou o conteúdo referente ao assunto e, em seguida, propuseram experimentos (envolvendo o Ph, a tensão superficial, o oxigênio dissolvido na água e a eficiência dos sabões). Para abordar os impactos dos sabões e detergentes na natureza, precisamos primeiro explanar o assunto usando como base livros didáticos e de apoio. O que, de início, se torna uma dificuldade para quem lê o artigo, uma vez que os autores não se preocuparam com a explicação para seu público secundário – seu enfoque são os discentes –, somente com a conscientização.
O primeiro assunto abordado pelo grupo foi o que realmente são sabões e detergentes – frisando que a explicação não está contida no artigo. Segundo os autores Theodore Brown, H. Jr., Bruce Bursten e Julia Burdge (2005, p. 668), “saponificação é o nome que se dá à reação utilizada para produzir sabão. A mais comum pode ser representada genericamente por: gordura ou óleo + NaOH(aq) Sabão + Glicerol”.
No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos (ABIHPEC), atualmente são consumidas 218 mil toneladas de sabonetes em barra e 48 mil toneladas de sabonetes líquidos por ano. Para Feltre (2004, p. 346),
Atualmente, o sabão é obtido de gorduras (de boi, porco, carneiro etc.) ou de óleos (de algodão, vários tipos de palmeiras etc.) A hidrólise do glicerídeo pode, inclusive, ser feita apenas com água, em autoclaves e temperaturas elevadas, o que facilita o aproveitamento da glicerina. O sabão mais comum é o de sódio. O sabão de sódio praticamente neutro, que contém glicerina, óleos, perfumes e corantes, é o sabonete.
129
O sabão, em sua estrutura, possui uma cadeia carbônica longa, apolar e um grupo carboxílico polar. A parte apolar do sabão interage com a gordura, enquanto a parte polar interage com a água, isso possibilita a formação e solubilização de gotículas de gordura na água.
Os detergentes apresentam estrutura semelhante à dos sabões, dentre eles os mais comuns são sais de ácidos sulfônicos de cadeia longa. Segundo Feltre, existem dois tipos de detergentes: os detergentes aniônicos e os detergentes catiônicos. Detergentes aniônicos possuem a parte orgânica situada no ânion do composto, já nos detergentes catiônicos isso é o contrário, ou seja, a parte orgânica esta localizada no cátion do composto.
Os detergentes comercializados são misturas que contém, além do próprio detergente, fosfatos que neutralizam a água, bórax – que tira odores –, descorantes – que tiram manchas –, enzimas – para eliminar manchas gordurosas –, perfumes etc.
Comparação Sabão & Detergente
Propriedades Sabão Detergente
Matéria prima Óleo e gordura Petróleo
Comportamento no Biodegradável Biodegradável ou não
130
ambiente
Tabela 1. Comparação Sabão e Detergente
Explicado o que são sabões e detergentes, os graduados propuseram aos alunos que produzissem seu próprio sabão, então dividiram os alunos em vários grupos e cada um fez um sabão diferente do outro, com isso os alunos começaram a perceber a química presente no nosso dia-a-dia que nos deixamos passar desapercebida, eles tiveram que identificar reagentes, relacionar quantidades, e puderam comparar alguns processos químicos, e também foram levados a trabalhar com cálculos estequiométricos e solubilidade.
O segundo assunto abordado pelos alunos foi sobre a quantidade de oxigênio dissolvido na água. Os universitários começaram falando que a quantidade de oxigênio dissolvido na água é muito importante para os seres vivos que vivem na água. Depois eles explicaram o que realmente é o oxigênio dissolvido na água, e qual a sua importância, para o ecossistema aquático.
Segundo os autores Theodore Brown, H. Jr., Bruce Bursten e Julia Burdge (2005, p. 668), “[…] A quantidade de oxigênio dissolvido na água é um importante indicador da qualidade da água. […] O oxigênio é necessário para os peixes e muitas outras vidas aquáticas. […]”
Eduardo Fleury Mortimer e Andréa Horta Machado (ano, página), autores do nosso livro didático, também partilham dessa opinião, para eles “[…] Um dos parâmetros importantes da qualidade da água é o oxigênio dissolvido. Ele é essencial para a vida existente nos cursos de água. […] Do ponto de vista ecológico, o oxigênio dissolvido em água interfere na qualidade da água é uma variável extremamente importante, haja vista que a maioria dos organismos necessita dessas substâncias para a respiração. […]”.
Eles também dizem, em nosso livro didático que, a dissolução do oxigênio na água ocorre de duas maneiras. A primeira é pelo contato da superfície da água, com o ar atmosférico, que é constituído de 20,8 % de oxigênio. Em quedas-d’água e corredeiras, por haver uma maior movimentação da água, a quantidade de oxigênio dissolvido aumenta. Entretanto essa não é principal forma em que ocorre o aumento da porcentagem de oxigênio dissolvido na água, a principal fonte de oxigênio a para a água é a fotossíntese realizada pelas plantas e algas.
Explicado o que é oxigênio dissolvido, o grupo de começou a explicar como os sabões e detergentes interferem na quantidade de oxigênio dissolvido na água. Falando primeiro sobre os detergentes, eles podem ser ou não biodegradáveis; até alguns anos atrás eles eram fabricados com compostos orgânicos de cadeia ramificada, ou seja, não eram biodegradáveis, pois essas substâncias não eram consumidas pelos microrganismos existentes na água. Com isso, eles se acumulavam nos rios e lagos, formando uma camada de espuma que impede a entrada de oxigênio do ar na água, e também impedem a passagem de luz para as plantas realizarem fotossíntese e isso resulta na morte de plantas aquáticas e peixes.
Outro aspecto abordado em relação aos detergentes é o problema causado pelos fosfatos existentes, na sua composição. Fosfatos agem como adubos e fertilizantes para as plantas, portanto quando o detergente chega aos rios e lagos, causando um elevado crescimento de algumas espécies de algas e plantas aquáticas, isso consome muito oxigênio, o que diminui a porcentagem de oxigênio dissolvido na água. Esse processo é chamado de eutrofização. O processo também faz com que surja uma camada de algas
131
sob a superfície da água, tornando-a turva, impedindo a entrada de luz e consequentemente diminuindo a quantidade de oxigênio produzido pela fotossíntese das plantas e algas que estão situadas mais ao fundo dos lagos ou rios.
Em relação aos sabões, estes são biodegradáveis, ou seja, é consumido e destruído pelos microrganismos existentes na água, com isso esta não fica poluída. Porém o excesso desses compostos na água cria uma camada de espuma, sendo ela que impede a entrada de luz na água fazendo com que a quantidade de oxigênio produzido pela fotossíntese das plantas seja menor.
Após explicado toda a parte teórica eles propuseram um experimento para embasar o que disseram. O experimento tinha finalidade de medir a quantidade de oxigênio dissolvido, no rio em vários pontos de seu percurso. Para isso eles dividiram os alunos em grupos para coletarem amostras de água do rio, e em seguida cada grupo mediu relativamente a quantidade de oxigênio dissolvido no rio, e concluíram que a quantidade de oxigênio dissolvido no rio é menor na parte do rio que passa pela cidade.
O terceiro assunto abordado pelos graduados foi em relação ao pH do rio. Eles começaram falando da importância do pH, na avaliação da qualidade da água.
Para Eduardo F. Mortimer e Andréa H. Machado:
Além do oxigênio, o valor de pH constitui um outro parâmetro que é muito importante para a avaliação da qualidade das águas. Isso se dá porque organismos aquáticos estão geralmente adaptados a um ambiente com determinado valor de pH.
Quando os sabões e detergentes chegam aos rios e lagos, eles alteram o valor do pH da água, e como os organismos aquáticos possuem uma estreita faixa de tolerância ao valor de pH em que está adaptado, os sabões e detergentes são muito perigosos para esses organismos, pois essa alteração pode causar a morte dos organismos.
Para o melhor entendimento dos alunos foi proposto um experimento no qual poderia ser visto, o experimento consiste em medir o valor do pH dos sabões feitos anteriormente pelos alunos. Não foi citado no artigo que método foi proposto aos alunos para medir o valor do pH. Nós fizemos um experimento para comprovar o que foi dito usando o extrato de repolho roxo como indicador ácido-base, e sabões e detergentes encontrados em supermercados como amostras e pudemos comprovar que os sabões e detergentes não apresentam caráter neutro em relação ao valor de pH, portanto ao chegarem nos rios e lagos estes serão um problema para os organismos aquáticos.
O assunto abordado na sequência foi tensão superficial. Primeiramente, foi explicado o que é tensão superficial. Segundo Jeniffer Fogaça (2014):
A tensão superficial da água é resultado das ligações de hidrogênio, que são forças intermoleculares causadas pela atração dos hidrogênios de determinadas moléculas de água (que são os polos positivos (H+)) com os oxigênios das moléculas vizinhas (que são os polos negativos (O-)).
Para Jeniffer, “a força de atração das moléculas na superfície da água é diferente da força que ocorre entre as moléculas abaixo da superfície. Isso ocorre porque essas últimas apresentam atração por outras moléculas de água em todas as direções. Isso significa que elas se atraem mutuamente com a mesma força”. A mesma continua o assunto falando que,
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[…] no que diz respeito às moléculas da superfície, elas não apresentam moléculas acima delas, portanto suas ligações de hidrogênio se restringem às moléculas ao lado e abaixo. Essa desigualdade de atrações na superfície cria uma força sobre essas moléculas e provoca a contração do líquido, causando a chamada tensão superficial, que funciona como uma fina camada, película, ou como se fosse uma fina membrana elástica na superfície da água.
Os detergentes são tensoativos e é característica que os confere a capacidade de remover sujeiras, e isso é devido a sua estrutura possuir uma parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica, o que os faz reduzir a tensão superficial da água, permitindo que a sujeira possa ser removida através da formação de micelas.
O rompimento da tensão causa vários problemas ao ecossistema aquático. Nos lagos existem microrganismos, que vivem sobre a tensão superficial e estes podem morrer quando a tensão superficial é rompida. Existem também outros seres vivos que de alguma forma precisão da tensão superficial que também são prejudicados, como por exemplo besouros d’água e aves aquáticas.
Para demonstrar o que foi dito, foi proposto outro experimento no qual em um recipiente cheio de água foi colocado pó de giz e em seguida pingaram algumas gotas de detergente, com isso os alunos puderam ver o rompimento da tensão superficial.
O último aspecto abordado pelo grupo de graduados foi relacionado à eficiência dos sabões e detergentes. O uso excessivo de sabões e detergentes cria, nos rios e lagos, uma camada de espuma e está, impede a passagem de luz - que dificulta as algas e plantas aquáticas fazerem fotossíntese - e a absorção de oxigênio pela superfície da água. Afim de dos alunos assimilarem melhor o conteúdo os graduados propuseram outro experimento, que consistia em provocar uma reação emulsificante em cada sabão feito anteriormente pelos alunos, e depois comparar a eficiência dos mesmos, verificando qual produziu mais espuma
Por fim, ao fim de todo o processo, os alunos das seis turmas sabiam identificar se um determinado composto era sabão ou detergente pela formula química ou estrutural. Muitos alunos, depois do projeto, tomaram gosto pela química e alguns até mostraram interesse em trabalhar em algo relacionado a química e todos os alunos foram conscientizados sobre a poluição do rio e que parte disso vem do uso de sabões e detergentes das nossas próprias residências.
Bibliografia
Brown, T. L., Lemay Jr, H. E., & Bursten, B. E. (2005). Química, a ciência central. São Paulo. Feltre, R. (2004). Química Orgânica. São Paulo: Moderna. Fogaça, J. (s.d.). Tensão Superficial. Acesso em 06 de Junho de 2014, disponível em Brasil
Escola: http://www.brasilescola.com/quimica/tensao-superficial-agua.htm Mortimer, E. F., & Mortimer, A. H. (2010). Química, 3: Ensino Médio. São Paulo: Scipione. Russel, J. B. (1994). Química Geral. São Paulo: Pearson Makron Books.
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Anexo 3: Fichamento de transcrição dos alunos que leram o artigo “As questões ambientais e a química dos sabões e detergentes”. Fichamento 1 Química da vida: química orgânica e biológica (p.940). Capítulo 25
Brown, Theodore. Química, a ciência central/Theodore L. Brown, H. Eugene Lemay, Jr., Bruce E. Bursten;
tradutor Robson Matos; consultores técnicos André Fernando de Oliveira e Astréa F. de Souza Silva. – São
Paulo: Pretice Hall, 2005.
“A hidrólise de um éster na presença de uma base é chamada de saponificação, termo que vem da palavra
latina para sabão (sapon). Os ésteres naturais incluem gorduras e óleos. No processo de fabricação de
sabão, gordura animal ou óleo vegetal estável é fervido com base forte, geralmente NaOH. O sabão
resultante consiste em uma mistura de sais de sódio de ácidos carboxílicos de cadeia longa (chamados
ácidos gordurosos), que se formam durante a reação de saponificação.” (p. 940)
Fonte : Alunos escola EP1-T7
Fichamento 2 Química Orgânica
Russel, John Blair, 1929-
Química geral / John B. Russell; tradução e revisão técnica Márcia Guekezian... let. al.l – 2. ed. - São
Paulo: Pearson Makron Books, 1994.
Volume II.
“Glicerídeos sofrem hidrólise básica, comumente chamada saponificação, produzindo sabões.” (p.
1217).
“Os sabões mais comuns são sais de sódio ou potássio. A extremidade carboxílica de um ânion
sabão, assim como íon estearato, é altamente polar e por isso tende a se dissolver em água, sendo
chamada de hidrofílica (“ávido por água”). A cadeia longa, hidrocarbônica, não polar, do íon solúvel
em óleos e é chamada hidrofóbica (“repulsão a água”). Esta estrutura permite que os ânions de sabão
dispersem pequenos glóbulos de óleo em água. A própria cadeia hidrocarbônica dos ânions de sabão
penetra nos glóbulos oleosos deixando as extremidades carboxílicas nas superfícies dos glóbulos.
Isto evita que os glóbulos unam-se uns aos outros e deixa o óleo emulsionado. Frequentemente,
partículas de sujeiras acompanham os óleos, de maneira que a lavagem com sabão é utilizada
porque a sujeira é removida com óleo emulsionado. Como tivemos ocasião de mencionar, os íons de
sabão carboxilato são precipitados em água dura por íons, como por exemplo o Ca2+.” (p. 1218) .
Fonte: Alunos escola EP1-T7
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Fichamento 3 Água nos ambientes urbanos: Química para cuidar do planeta (p.156). Capítulo 3.
Mortimer, Eduardo Fleury Química, 3 : ensino médio / Eduardo Fleury Mortimer, Andréa Horta Machado. - São Paulo: Scipione, 2010. 1. Química (Ensino médio) I. Machado, Andréa Horta. II. Título.
“Um dos parâmetros importantes da qualidade da água é o oxigênio dissolvido. Ele é essencial para a vida existente nos cursos de água. Do ponto de vista ecológico, o oxigênio dissolvido na água é uma variavel extremamente importante, haja vista que a maioria dos organismos necessita dessa substancia para a respiração. O oxigênio dissolve-se na água, basicamente, por meio de duas fontes. A primeira é pelo contato da superfície da água com o ar atmosférico , que contém 20,8% de oxigênio. Em áreas de maior movimentação da água, como quedas de água e corredeiras, aumenta, portanto, a quantidade de oxigênio. Essa, no entanto, não é a principal fonte. A fonte, que produz a maior parte do oxigênio dissolvido em água é a fotossíntese de plantas e algas. A quantidade de oxigenio dissolvido depende da temperatura da água e da pressão atmosférica” (p.156)
Fonte: Alunos escola EP1-T7
Fichamento 4 Química Da Limpeza. Sabões e Detergentes (p.346). Capítulo 15.
Feltre, Ricardo, 1928- . Química / Ricardo Feltre. – 6. ed. – São Paulo: Moderna, 2004. Obra em 3 v. Conteúdo: V. 1. Química geral – v. 2. Físico-química – v. 3. Química orgânica Bibliografia 1. Química (Ensino médio) 2. Físico-química (Ensino médio) – Problemas, exercícios etc. I. Título.
“Atualmente, o sabão é obtido de gorduras (de boi, porco, carneiro etc.) ou de óleos (de algodão, vários tipos de palmeiras etc.) A hidrólise do glicerídio pode, inclusive, ser feita apenas com água, em autoclaves e temperaturas elevadas, o que facilita o aproveitamento da glicerina. ” (p.346) “O sabão mais comum é o de sódio. O sabão de sódio praticamente neutro, que contém glicerina, óleos, perfumes e corantes, é o sabonete. ” (p. 346)
Fonte: Alunos escola EP1-T7