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Estudo histórico sobre a constituição do território paulista nos séculos XVI/XVIII à luz das tensões entre colonos e ordens religiosas

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  • Mirza Pellicciotta

    A colonizao do Brasil ganhou forma em meio aos percursos de reforma da cristandade europeia. A imaginria paulista nasceu fruto da complexidade deste mundo cristo em expanso. Ao longo dos sculos XVI, XVII e XVIII, a iconografia devocional traduziu anseios e proposies de uma Igreja em mudana; uma igreja que tambm se fez integrada ao projeto lusitano de colonizao. Sua imaginria emergiu dos processos de expanso da f, ao mesmo tempo, que de fenmenos de resistncia, interao e transformao de um vasto conjunto de etnias indgenas e populaes procedentes de diferentes regies do mundo que, no curso do tempo, deram forma a Amrica Portuguesa. A imaginria paulista portadora de mltiplas histrias. Ela nos fala das trajetrias de conquista e ocupao do territrio; da criao e desenvolvimento de instituies; da proposio de relaes e experincias de trabalho; da expanso de atividades produtivas, ou ainda, do nascimento de uma sociedade mestia fundamentada em iderios cristos. Os santos e objetos sacros guardados pelos museus de So Sebastio, Canania e Caraguatatuba (litoral paulista); Santana do Parnaba, Santo Andr, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Barueri, Emb das Artes, Cajamar, Mau, Santo Andr, So Caetano do Sul, Pirapora do Bom Jesus, So Paulo (grande So Paulo); Jacupiranga, Miracat, Iguape (vale do ribeira); Guaratinguet, Aparecida, Taubat, So Jos dos Campos, Jacare (vale do paraba); trazem tona possibilidades inestimveis de investigao e de compreenso das bases histricas de constituio do mundo paulista e tambm da Amrica Portuguesa.

    IMAGINRIA COLONIAL

    A formao da Amrica Portuguesa se nutriu de diretrizes, instituies, procedimentos e operaes condizentes com a expanso da f crist nos moldes definidos pelo Conclio de Trento (1545-1563). A cristandade colonial constituda por membros do clero regular e secular, em conjunto com a administrao real, desempenhou papel estrutural na orientao e efetivao dos percursos de penetrao, fixao e desenvolvimento de povoados, aldeamentos e fazendas em regies litorneas e sertanejas, de diferentes pores da colnia portuguesa. Entre os fundamentos desta reforma tridentina, constava o resgate de teses do II Concilio de Nicia (sculo VIII) acerca da invocao e venerao das santas imagens; o reforo de representaes artsticas conferidas desde o sculo XII pelo papado, aos santos, mrtires, confessores, doutores da igreja e virgens; e ainda, a incorporao de novos santos, os santos fundadores das ordens, cujas representaes conferiram novos sentidos imaginria at ento celebrada.

    A reforma tridentina procurava elucidar, orientar, conduzir e reforar, atravs da imaginria, as aes missionrias, devocionais e litrgicas das ordens religiosas que se encontravam frente dos trabalhos de (re)construo da cristandade dentro e fora da Europa. Esta imaginria se centrava nas representaes da Virgem Maria, dos santos, do papado, dos sacramentos e das obras de misericrdia para a propagao da f catlica, mantendo ateno sobre as virtudes, realizaes e vitrias contra a heresia de santos como So Bento de Nrsia (480/547); So Domingos de Gusmo (1170/1221), So Francisco de Assis (1182/1226), Santo Incio de Loyola (1491/1556, canonizado em 1622),

    NOS CAMINHOS DA IMAGINRIA PAULISTA

  • So Francisco Xavier (1506/1552, canonizado em 1622), Santa Tereza de vila (1515/1582, canonizada em 1622), entre outros. O alargamento das representaes e significados motivou as autoridades eclesisticas a estabelecer, entre meados do sculo XVI e a segunda metade do sculo XVII, tratados artsticos destinados a controlar a produo de imagens religiosas de instruo. Neste sentido, a iconografia devocional tridentina promoveu a instalao de oficinas e escolas artsticas no interior das ordens, ganhando forma, pouco a pouco, um universo simblico enriquecido pelas proposies do clero regular. No territrio paulista dos sculos XVI, XVII e XVIII, a imaginria que integrou os trabalhos missionrios, devocionais e litrgicos de padres, freis e monges, antes de tudo, se prestou a traduzir as aes de suas ordens religiosas nos aldeamentos, vilas e povoados. E na medida em que as capelas, igrejas, colgios e seminrios se multiplicavam, a produo de imagens tambm se intensificou, incorporando em seu percurso elementos jesuticos, beneditinos, franciscanos, carmelitas, entre outros, essenciais s prticas de converso e administrao da vida religiosa na colnia.

    Os jesutas, no curso dos sculos XVII e XVIII, desenvolveram uma imaginria primorosa nos colgios do Rio de Janeiro, Belm e Rio Grande do Sul; sua arte escultrica cumpriu funo primordial nos trabalhos catequticos e desde sua origem, contaram com as populaes indgenas na fabricao das peas. Por outro lado, os beneditinos, que desempenharam um papel destacado na formao do prprio clero da Amrica Portuguesa, tambm se especializaram na confeco da imaginria crist, surgindo no colgio de Salvador, uma escola escultrica de grande presena na imaginria colonial. Coube a ela formar, no sculo XVII, frei Agostinho de Jesus que, de Santana do Parnaba, forneceu imagens sacras em terracota para as congregaes beneditinas do Rio de Janeiro e So Paulo.

    INVOCAES CRISTS NO TERRITRIO PAULISTA DOS SCULOS XVI E XVII

    O territrio paulista ganhou forma no curso do sculo XVI. Em sua poro litornea, os primeiros ncleos de povoamento surgiram na dcada de 1530 com a instalao das vilas de So Vicente (1532), Santos (1545), Nossa Senhora da Conceio de Itanham (1561) e So Joo Batista de Canania (1600). No planalto, os percursos de fixao tiveram incio em meados do sculo XVI com a constituio da vila de Santo Andr da Borda do Campo (1553) e do aldeamento jesuta de So Paulo de Piratininga (1554), logo transformado em vila (1558) em lugar de Santo Andr. A ordem dos jesutas auxiliou, em grande medida, estes caminhos de penetrao e povoamento ao mediar os conflitos entre colonizadores e etnias indgenas, e mais do que isso, ela se revelou fundamental s perspectivas de avano das reas produtivas num territrio de fortssima presena indgena. Foi com esta perspectiva que os padres inacianos instalaram nas margens do rio Tiet e de um de seus afluentes, o rio Pinheiros, dois novos aldeamentos em 1560: So Miguel e Pinheiros. Data, ainda, de 1585 a criao de um terceiro aldeamento no rio Tiet, na margem oposta ao aldeamento de So Miguel: o de Nossa Senhora de Guarulhos, mas de iniciativa da Cmara Municipal de So Paulo. Nos primeiros oitenta anos de constituio da Capitania de So Vicente, alguns santos cultuados tradicionalmente por lusitanos se somaram a um conjunto de santos de preferncia jesuta para compor a imaginria do territrio paulista. As representaes jesutas de Jesus Cristo, da Virgem Maria (em especial, de Nossa Senhora da Assuno, Nossa Senhora da Candelria e Nossa Senhora da Conceio), de So Miguel, So Paulo e So Joo Batista; se uniu s devoes tradicionais de Santo Antonio, So Gonalo, Santa Isabel, So Vicente, para celebrar a f e a conquista paulatina de um territrio ocupado por etnias indgenas. Entre as igrejas do perodo, encontramos templos dedicados a So Vicente (1532), So Paulo (aldeamento

  • em 1554, vila em 1558), Nossa Senhora da Conceio de Itanham (1561, conhecida como a Virgem de Anchieta), So Miguel (aldeamento em 1560), entre outros.

    A partir da dcada de 1580, perodo que se tornou conhecido por Unio Ibrica (por marcar a juno das coroas da Espanha e Portugal, sob domnio dos Filipes, reis espanhis), a Amrica Portuguesa passou a contar com a presena de outras ordens religiosas, alm da jesuta; com beneditinos, franciscanos e carmelitas, entre outras. E o territrio paulista viu diversificar suas invocaes. Em fins do sculo XVI, seriam acrescidos o culto de santos hispnicos (Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora das Cabeas, Nossa Senhora das Mercs) e de santos de preferncia das ordens recm chegadas: de So Roque e Nossa Senhora de Monteserrate (beneditinos); de So Joo da Cruz e Nossa Senhora do Carmo (carmelitas); de Nossa Senhora do Amparo, So Francisco de Assis e Santo Antonio (franciscanos). Em princpios do sculo XVII, a ordem jesuta instalou novos aldeamentos num territrio localizado a oeste da vila de So, nas proximidades do rio Cotia (outro afluente do rio Tiet Paulo): os aldeamentos de Nossa Senhora da Escada de Barueri (1609, nas margens do rio Tiet), de Nossa Senhora da Graa de Carapicuiba (1615) e de Nossa Senhora do Rosrio de Emb (1624). Tambm se deu a instalao do aldeamento de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapecerica da Serra (sculo XVII), nas proximidades deste mesmo rio. No mesmo perodo, os carmelitas se fixaram em Santos (em 1589) e alcanaram a vila de So Paulo de Piratininga em 1594; nas dcadas seguintes criaram um convento em Mogi das Cruzes (em 1629) e j no comeo do sculo XVIII estabeleceram uma residncia em It (1719). Os freis tambm foram chamados a substituir os jesutas na gesto de alguns aldeamentos, em momentos de crise entre a ordem e os colonos paulistas. No mbito da arte sacra, foi na vila de It, na segunda metade do sculo XVIII, que os carmelitas ganharam notoriedade com os trabalhos de Jesuno de Monte Carmelo, pintor, escultor, arquiteto, alm de entalhador, msico e poeta, que nutriu forte devoo ordem. Os beneditinos chegaram Vila de So Paulo do Piratininga em 1598 e no curso das primeiras dcadas do sculo XVII, eles enfrentaram dificuldades. Sua abadia foi criada em 1635, ocasio em que receberam terras nas margens do rio Tamanduate do Capito Duarte Machado (no tijucuu, origem de So Bernardo do Campo); esta fazenda seria ampliada em 1671 por doaes de Ferno Dias Paes Leme. Mas foi no curso do sculo XVII que os monges ampliaram sua presena no territrio paulista, instalando novos mosteiros em Santana do Parnaba (1643), So Vicente (1650), Santos (1660), Sorocaba (1667) e Jundia (1668). Em Santana do Parnaba, Frei Agostinho de Jesus produziu por longo perodo sua imaginria em terracota. Os franciscanos chegaram Amrica Portuguesa nos primeiros momentos de ocupao; no entanto, foi apenas em 1584 que a ordem decidiu criar misses e estabelecer residncias na Amrica Portuguesa, fixando-se em Olinda, Salvador, Porto Seguro, Vitria, So Francisco do Sul, ilha de Santa Catarina e So Paulo. Na capitania de So Vicente, os freis chegaram em 1532, mas foi apenas em 1583 que eles alcanaram a Vila de So Paulo do Piratininga; seu convento, instalado numa das bordas da colina paulistana, foi inaugurado dcadas depois, em 1647. Em paralelo fixao e desenvolvimento das quatro ordens religiosas, o mundo seiscentista paulista vivenciou a descoberta de ouro na Serra do Voturuna (ou Boturuna), processo extrativo que em fins do sculo XVI promoveu uma importante mudana nos caminhos de ocupao do planalto paulista. A busca pelo ouro intensificou o avano das populaes para os sertes, ao mesmo tempo em que reforou o carter mercantil da economia em formao, enfrentando os jesutas, srios limites nas proposies de formar e oferecer ndios aldeados s frentes econmicas de colonizao. Seus aldeamentos seriam paulatinamente substitudos pela captura e pelo trabalho forado dos ndios nas novas frentes produtivas. A escravizao indgena, adotada inicialmente nos trabalhos de extrao aurfera, logo se expandiu para as lavouras de abastecimento e, de forma especial, para o cultivo e beneficiamento do trigo, gnero que contribuiu de maneira especial para o reforo das bases mercantis da economia paulista.

  • Data das primeiras dcadas do sculo XVII, a fixao e desenvolvimento de uma rede de fazendas (de trigo, milho, entre outros gneros de abastecimento) e de capelas rurais que, orientadas pela passagem do rio Tiet e de seus afluentes, se fixaram nas serras do Votoruna, da Cantareira e do Japi. Na serra do Votoruna e nas margens do rio Tiet surgiu, tambm, uma nova vila: Santana do Parnaba (1625), que desde sua origem se firmou como um ncleo de atividades extrativas, de prticas agrcolas e de comrcio, alm de uma rea especializada na organizao de entradas para a captura de ndios nos sertes. Nas proximidades e no interior da serra da Cantareira instalaram-se as capelas rurais de Nossa Senhora do (1615, prxima ao rio Tiet); Nossa Senhora da Luz (1603, na outra margem do rio Tiet); Nossa Senhora do Desterro ou Santa Ins (1625), Nossa Senhora do Desterro (1683, prxima do rio Juqueri); Nossa Senhora da Penha (1668, do outro lado do rio Tiet); Nossa Senhora do Bonsucesso (1680, prxima do rio Baquirivu). Em terrenos h leste da Vila de So Paulo e nas margens do rio Tiet, tambm surgiu no comeo do sculo XVII, a vila de Santana de Mogi das Cruzes (1611) e a noroeste, nas margens do rio Paraba, a vila de Nossa Senhora da Conceio do Paraba ou Jacare (1653). Nos primeiros cem anos de ocupao do litoral e do planalto paulista, enfim, as invocaes de santos respondiam a diversos processos. Entre os jesutas, centrados nos trabalhos missionrios e nos povoados em formao, os santos preteridos seriam, numa primeira fase (1550/1580), Nossa Senhora da Assuno, Nossa Senhora da Candelria e Nossa Senhora da Conceio, Jesus Cristo, So Miguel, So Paulo e So Joo Batista. Numa segunda fase (1580/1640) seriam Nossa Senhora da Conceio (de Guarulhos, 1585), Nossa Senhora da Escada (de Barueri, 1609); Nossa de Nossa Senhora da Graa (de Carapicuiba, 1615) e Nossa Senhora do Rosrio (do Emb, 1624). Entre os colonos, responsveis pela instituio de capelas rurais, os santos escolhidos foram Nossa Senhora da Luz (1603), Nossa Senhora do (1615), Nossa Senhora do Desterro ou Santa Ins (1625). E no espao das vilas, onde se encontravam reunidas as diversas ordens religiosas e uma populao de diferentes procedncias, as devoes se centraram em So Joo Batista de Canania (1600), SantAna (de Mogi das Cruzes, em 1611 e de Parnaba, em 1625), Nossa Senhora do Amparo (convento franciscano de So Sebastio, 1637) e Santa Cruz (de Ubatuba, 1637). E ento, em meados do sculo XVII, a Capitania de So Vicente se viu imersa num contexto mais amplo de mudanas conhecido como perodo de restaurao (a partir de 1640). Nesta ocasio, a monarquia lusitana retomou o controle de seus territrios do domnio da Espanha e redesenhou seus projetos de ocupao, desenvolvimento e expanso da f no alm-mar. Data deste perodo a celebrao de Nossa Senhora da Conceio como padroeira da casa de Bragana; sua invocao se prestaria a celebrar, alm da imagem santificada, o trono portugus. Neste perodo tambm veramos se intensificar a migrao de lusitanos que, para alm do culto de Nossa Senhora da Conceio, reforaram ou introduziram o culto de santos tradicionais portugueses a Nossa Senhora de Nazar, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora do , Nossa Senhora dos Prazeres e Virgem do Lavramento.

    No mbito do territrio paulista, este perodo se fez marcado, ainda, pela ocupao de terrenos e regies mais interiorizadas. A serra do Voturuna ganhou novas fazendas e capelas rurais, entre elas, as de invocao de So Roque (1653), Santo Antonio (1681), Nossa Senhora da Conceio de Voturuna (1687) e Nossa Senhora da Conceio de Araariguama (1697). Os paulistas seguiram rumo ao oeste da vila de So Paulo e fizeram nascer as vilas de Nossa Senhora da Candelria de Itu (1658) e Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba (1661), alm de realizar os primeiros movimentos de ocupao da serra do Japi, territrio situado ao norte da calha do rio Tiet, e no qual nasceu a Vila de Nossa Senhora do Desterro de Jundia (1655). Nesta rea seriam instaladas fazendas e as capelas rurais de Nossa Senhora de Belm (1673), de So Joo de Atibaia (1669) e de Nossa Senhora de Nazar (1676), j nas proximidades do rio Atibaia.

  • Entre as invocaes religiosas, as capelas rurais adotaram o culto a So Roque (1653), Nossa Senhora de Monte Serrate (1662), So Joo (Atibaia, 1669), Nossa Senhora da Penha (1668), Nossa Senhora de Belm (1673), Nossa Senhora de Nazar (1676), Nossa Senhora do Bonsucesso (1680), Santo Antonio (1681), Nossa Senhora do Desterro (1683), Nossa Senhora da Conceio de Voturuna (1687), Nossa Senhora da Conceio (Araariguama, 1697) e So Gonalo (capela em So Sebastio, de fins do sc XVII). Nas vilas do perodo, foram adotadas as invocaes de So Francisco de Chagas de Taubat (1645), Nossa Senhora da Conceio (do Rio Paraba/Jacare, 1653), Nossa Senhora do Rosrio (Paranagu, 1653), Nossa Senhora do Desterro (do Campo Alegre de Jundia, 1655), Santo Antonio (de Guaratinguet, 1657), Nossa Senhora da Candelria (de Out Guau, Itu, 1657), Nossa Senhora da Ponte (de Sorocaba, 1661), Nossa Senhora das Neves (de Iguape, 1665), Nossa Senhora da Luz (dos Pinhais de Curitiba, 1693). Em seus primeiros cento e setenta anos de formao (1530/1700), o planalto paulista passava a contar com um raio de povoamento estimado em 60 km (nos limites de Jundia, Parnaba, It, Sorocaba e Atibaia) (MATOS, 1991); na poro litornea, a ocupao assumia um formato esgarado entre as reas atuais de Ubatuba e Paranagu (no Estado do Paran).

    A IMAGINRIA PAULISTA DOS SCULOS XVIII E XIX

    Em fins do sculo XVII, a descoberta de veios aurferos, por paulistas, em pores muito interiorizadas da colnia deu lugar a um novo perodo de expanso territorial. A presena, mais uma vez, de metais preciosos nos sertes provocou mudanas nos caminhos de desenvolvimento paulista, valendo observar que a diversidade e a qualidade destes veios aurferos provocaram transformaes mais profundas, entre elas, a aquisio, pela Metrpole Portuguesa, da prpria Capitania de So Vicente. A partir de 1709, ganhou forma a Capitania Real de So Paulo e Minas de Ouro, e no curso das dcadas seguintes, a antiga capitania deu origem aos territrios reais de Minas Gerais (1720), Mato Grosso (1748), Gois (1748), Santa Catarina e Rio Grande, restringindo-se o territrio propriamente paulista a uma rea prxima a do atual Estado de So Paulo, ento sob administrao da Capitania do Rio de Janeiro (1738 a 1765). Estas terras, enfim, se fizeram reconfiguradas como Capitania Real de So Paulo, em 1765, e com um papel primordial: o de se firmar como celeiro de abastecimento das capitanias aurferas, alm de auxiliar na defesa das fronteiras meridionais do Brasil (nos termos do Tratado de Madrid, de 1750). Para assumir o novo papel, caberia administrao real romper com as formas tradicionais paulistas de ocupao (consideradas esparsas e auto-suficientes), para instalar uma rede de povoados e vilas fundada em sesmarias e fazendas lucrativas. Na viso metropolitana, tratava-se de repovoar estes sertes atravs da fixao, apoio e desenvolvimento de uma populao organizada em ncleos produtivos. O mundo paulista comeava a enfrentar alteraes sociais, culturais e econmicas ainda mais profundas.

    Data deste perodo, a instaurao de freguesias e vilas no planalto, nos vales do Paraba e do Ribeira, entre outras reas, orientada pela abertura de estradas e distribuio de sesmarias. Entre elas, surgiriam as vilas de Pindamonhangaba, So Jos dos Campos, So Luiz do Paraitinga, Cunha e Lorena nas imediaes da Estrada do Norte de So Paulo (que seguia para o Rio de Janeiro atravs do Vale do Paraba). Seriam criadas as vilas de Itapeva, Itapetininga e Apia no Caminho para o Paran (que rumava por Cotia e So Roque para Sorocaba e da para os campos de Viamo, no atual estado do Rio Grande do Sul, passando pelo Vale do Ribeira). Tambm seriam constitudas, as vilas de Mogi Mirim e Campinas nas margens da Estrada do Anhanguera (ou Estrada dos Goiases, que seguia para o serto da farinha podre, no atual tringulo

  • mineiro, e de l para Gois); e, nas proximidades da Estrada para a divisa de Minas Gerais, as vilas de Atibaia e Bragana Paulista. Entre as novas freguesias, constariam as invocaes de Nossa Senhora do Bonsucesso (de Pindamonhangaba, 1705), de So Jos (de Paraba/So Jos dos Campos, 1767), de So Joo Batista (de Atibaia, 1769), de So Jos (de Mogi Mirim, 1769), de Nossa Senhora dos Prazeres (de Itapetininga, 1770), de Santo Antonio (das Minas de Apia, 1771), de Nossa Senhora da Piedade (de Lorena, 1788), de So Carlos (Campinas, 1797), de So Miguel (de Areias, 1816). Na regio cortada pela Estrada para Itu, tambm seria criada a vila de Porto Feliz, valendo observar que nesta poro territorial achava-se presente a rota fluvial das mones (que seguia pelos rios Tiet, Paran, Pardo, afluentes do Paraguai e So Loureno at chegar ao rio Cuiab) e o Picado de Cuiab (caminho em sua maior parte por terra e por diversas vezes abandonado, que partia de So Paulo, seguia pela margem direita do Rio Tiet at acessar o rio Paran acima, e em seguida, tomava o rio Paranaba para chegar a Cuiab). No curso do sculo XVIII, apesar de diminudo em sua extenso, o territrio paulista passava a contar com uma nova e profcua rede de caminhos, povoados, freguesias, vilas e fazendas produtivas, que seguiam em diferentes direes, j superando em muito as demarcaes dos sculos XVI e XVII. No universo das prticas religiosas, esta nova e efetiva expanso de fronteiras se veria complementar pela entrada progressiva de etnias africanas que traziam consigo um outro corpo de referenciais e prticas religiosas. Data de fins do sculo XVIII a presena progressiva de santeiros populares, alm da multiplicao de capelas rurais e igreja no Vale do Paraba, Vale do Ribeira, nos sertes a oeste, entre outras regies. No incio do sculo XIX, as atividades agrcolas e criatrias associadas ao mercado interno ganhariam, por fim, uma nova especialidade: as lavouras extensivas de cana de acar e caf, que agora passavam a se orientar pelo mercado externo. As lavouras de acar se fariam introduzidas nas ltimas dcadas do sculo XVIII na poro sul da Capitania (no chamado quadriltero do acar, formado entre as regies de Constituio/Piracicaba, Mogi Guau, So Carlos/Campinas e Itu) e j nas primeiras dcadas do sculo XIX, elas subsidiariam a instalao de lavouras de caf. O chamado complexo cafeicultor, que tambm ganharia forma no territrio carioca, tornaria ainda mais integrado e dinmico o sistema produtivo, mercantil e virio paulista, promovendo, no curso do sculo XIX, uma acelerao dos processos de desenvolvimento. Fundado na monocultura extensiva, na diversificao do capital, na especializao regional e na migrao em massa, esta economia cafeeira acabaria por transformar vastas pores de sertes paulistas (em diferentes direes) em novas reas de lavoura, criao e industrializao; So Paulo comeava a assumir a fisionomia que viria a apresentar no sculo XX. A presena negra no mundo paulista (adensada no curso do sculo XIX), somada a entrada de um nmero progressivo de migrantes de diferentes regies do Imprio e, depois, da Repblica brasileira; podem estar nas origens da intensa produo de imagens de barro queimado de uso domstico, chamadas paulistinhas, que ao longo do sculo XIX, celebrizaram diversos santeiros no litoral e planalto paulista, entre eles, Benedito Luzia, de Aruj; Benedito Amaro de Oliveira ou Dito Pituba, de Santa Isabel; Jos Alves do Nacimento ou Juca Anglico, de Piedade; Chico Santeiro de Aparecida; Boaventura dos Santos de Guarulhos; Jos Benedito da Cruz ou JBC, de Guararema. Entre as invocaes das paulistinhas, estudadas por Eduardo Etzel, encontramos antigas devoes paulistas (So Joo Batista, Nossa Senhora das Dores, Santana Mestra, Nossa Senhora da Conceio, Nossa Senhora das Dores, Bom Jesus, Nossa Senhora com menino, Nossa Senhora da Piedade, So Miguel, Santo Bispo, So Roque, So Sebastio, So Bento, Santa Escolstica, Santa Gertrudes, Santa Brbara, So Gonalo, So Jos) que se somam, agora, s representaes de santos negros (So Benedito, Santo Antonio do

  • Categer, Santa Ifignia), valendo observar que a presena negra tambm se faria responsvel pela produo de imagens em n de pinho, de grande significao na imaginria paulista do sculo XIX. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ABREU, Daisy Bizzocchi Lacerda de. O imaginrio e o emocional nos fundamentos histricos paulistas (sculos XVI e XVII). So Paulo, tese de doutorado em Histria, FFLC/USP, 1990 ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes. A Formao do Brasil no Atlntico Sul. So Paulo. Companhia das Letras. 2000 ALCANTARA, Ailton S. de. Paulistinhas: imagens sacras, singelas e singulares. Mestrado em Artes, UNESP, 2008 ANDRADE, Solange Ramos de. O Culto aos santos: a religiosidade catlica e seu hibridismo. Revista Brasileira de Histria das Religies. ANPUH, Ano III, n. 7, Mai. 2010 ARGAN, Giulio Carlo. Imagem e persuaso. Ensaios sobre o barroco . So Paulo. Cia. das Letras, 2004 ARROYO, Leonardo. Igrejas de So Paulo: introduo ao estudo dos templos mais caractersticos de So Paulo nas suas relaes com a crnica da cidade. 2 edio, Cia Editora Nacional, 1966 ASSIS, Angelo Adriano Faria de. O Licenciado Heitor Furtado de Mendoa, inquisidor da primeira visitao do Tribunal do Santo Ofcio ao Brasil. ANPUH, XXIII Simpsio Nacional de Histria, Londrina, 2005 ASSUNO, Paulo de. A cidade de So Paulo no perodo colonial: as cartas jesuticas. Revista Integrao, ano XIII, n.50, jul/ago/set 2007, pp205-218 AZZI, Riolando. A instituio eclesistica durante a primeira poca colonial IN Histria da Igreja no Brasil: ensaio de interpretao a partir do povo. Petrpolis, Vozes, 1977 BOSSY, J. A Cristandade no Ocidente: 1400-1700, Lisboa: Edies 79, 1990 BRUNETTO, Carlos Javier Castro. Franciscanismo y Arte Barroco em Brasil. Associacin Hispnica de Estudios Franciscanos, 1996 BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. Brasilia: DF: Iphan/Documenta, 2006 BOXER, Charles. A Igreja e a Expanso Ibrica (1440-1770). Traduo Portuguesa. Lisboa. Edies 70. 1981 CAMARGO, Paulo Florncio da Silva. A Igreja na Histria de So Paulo, 1676-1745. So Paulo: Instituto Paulista de Histria e Arte Religiosa, 1953 CECHINATO, Luiz. Os 20 Sculos de Caminhada da Igreja; principais acontecimentos da cristandade, desde os tempos de Jesus at Joo Paulo II. Editora Vozes. Petrpolis -RJ, 1996. COSTA, Lucio. Arquitetura jesuta no Brasil. Revista do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, Rio de Janeiro, n. 5, p. 105-169, 1941 COSTA, Susana Goulart. Reforma Tridentina em Portugal: balano historiogrfico. Lusitania Sacra, 2 srie, 21 (2009) 237-248 CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Histria dos ndios no Brasil. 2 ed. So Paulo: Companhia das Letras/FAPESP/Secretaria Municipal de Cultura, 1998 DINIZ, Aldilene M. Csar Almeida. Francisco e Domingos: uma iconografia comum de dois santos fundadores - Sculos XVI-XVII). In: Anais do I Encontro de Pesquisadores do PPGA/RJ: [Des] Limites da arte: reencantamentos, impurezas e multiplicidade. Rio de Janeiro, RJ, UERJ/UFF/UFRJ, 2010. p. 342-353. DINIZ, Aldilene Marinho Csar Almeida. O Santo em Imagens: relaes entre concepes de santidade e iconografia na poca Moderna IN VII Encontro de Histria da Arte, UNICAMP, 2011 ETZEL, Eduardo. Arte sacra bero da arte brasileira. So Paulo: Melhoramentos, EDUSP, 1984. ETZEL, Eduardo. Arte sacra popular brasileira. So Paulo: Melhoramentos, EDUSP, 1975. ETZEL, Eduardo. O barroco no Brasil. So Paulo: Melhoramentos, 1974. ETZEL, Eduardo. Divino simbolismo no folclore e na arte popular. Rio de Janeiro: Kosmos, 1995.

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