Nota Sb a Constr Do Caso - Pierre Malengreau
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Nota sob(e aPierre Malengreou
xiste um modo de apresentao clnica que tavorea a
co nstr u o do caso
' o' e mostrao ou denitiplos, de ensino ou de transmlssdemonstrao'Vale a Pena desdobrar a questo assim'
medidal^
que um certo.rr,, u clnica e, portanto' do caso' pode',.urio.ru1.n.nte, incidit sobre a ptpria clnica de onde o
extramos'
q.r. r..ro fazemos de nossos casos nas. nosss exposies' nos:'rossos ensinamentos? Existe uma maneira e falar de seus
casos'
.:ropria Psicanlise? clnica psicanaltica exige uma aproximao do caso' que
:-o desmente, de incio, sua persPectiva' Ela supe uma
,.rordagem do caso que inciui a ortentao da experincia em
-i.eJ ao real' A experincia do real em uma psicanlise a
.rperincia de um encontro com um real que se esquiva'2Duas
:rn-ienses do real se coniugam nessa defnio' uma concerne ao
::r1 como encontfo' como eftao'e a outra concefne ao teal como
:-,ra do sentido. Uma abordagem do caso coerente com essa
:ientao em direo ao realsupe a incluso da contingncia na
,:.r prpria construo' "A clnica psicanaltica interroga aos
:.:canalistas, a fim de que eles possam considerar o que su pttica
, ;;;; de inusitad o" 'Lucannos convida alevat a srio o fato de:,:: existe, na experincia analitica' uma parte de acaso que
faz
-,.:te da prpria experincia, e que por tratar isso "da boa..
,:;1eira"a q,re t.mos alguma chance de transmitir o que ela tem
-- especco. Que lugar damos ao teal da clnica no modo de
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- ..:laf nOSSOS CaSOS?
Uma obse rvao de J'-A' Miller' na Conuersao de'';:i(|Jlil, nos permite desdobrar essa questo' Evocando certos',:,rmenosdeirrupolibidinai'J'-A'Milterinsistiasobrea- :::ssidacle de situ-los nos seus Processos simblicos'
Sem isso'
- -:.r. ele, ficamos num clnica a qual' retomando uma expresso
,: E. Laurent, "eu gostaria de torcer o pescoo"' uma clnica que
.: :,lntenta com um
elabotao de um ptoblema psicanaltico como tal?' interroga-
se E. Lauren tnal-'ettre nenselh''A questo aceita uma dupla
abordagem : ela tz re speito tanto ao material clnico
ap re s entado quanto uo .t ro que. no-s f azemo s lttt I ^t^1 -o::
pos bem, ele est invaclido pelo gozo' Po-rque placas
upur...- sobre o corpo do paciente?' E um fenmeno degoro. Irto no o que fazemos' Eu digo que Peciso tentr'
em todos os csos' restitur o qr:e sabemos cla fase da
alienao, para dar a eles o cievdo ugar iunto aos fenmenos
da separao.5
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o."ntnorr r.9 rov 1003 | lNsrruro DE PsrcqNALrs E sAUDE MF\r^r DE MrNAs cERArs
Essa nota de J.-4. Miller, extrd de seu contexto, deflagra eope duas abordagens do caso, e, portanto, duas concepes da clnica.
A primeira faz as dehcias de uma clnica que se poderia flomearobjetiva. A clnica objetiva se apia sobre o que se observa, seja deum ponto de vista inocente ou advertido. Ela usa o significante-mestrepara fins de identificao. A noo de gozo, qual ela faz referncia,se transfofm, nesse caso, em insttumento de observao, e perdesua pertinncia conceitual, por no ser tomada do real da experincia.No sobre esse uso dos conceitos que o psicanahstalacaniano deveregular sua abordagem do caso.
A outra clnica, que se poderia nomear demonstrativa,apia-se sobre um modo de consttuo do caso que leva emconta a impossibilidade de se dizer tudo, ou ainda, pata tetom^to contexto de Arcachon, que considera que a construo daoperao da alienao, por mais elaborada que ela esteja, jamaispoder recobrir o que se opera do iado da separao. Essa clnica,fundada sobre a temporaidade freudiana do aprs-coap, temnecessidade de instrumentos que no dependem mais dosmtodos da observao, mas sim daquees da lgica. Aarticulao, desenr-olr-ida porJ.-. trIiller em seu "Homlogo de)Ilaga",o entre a noco intuitiva da srie e a teoria das seqncias,pode nos serr ir de guia neste contexto.
{expe1ienig-geli,*: jJ",3]gg.grt"rp--r:9r-cl-1.-4-9s-gpo-dossignifi cantesque jtgql!111_pgr4"_q*l9ie1lg:l111g:.:.9,p33-11 q : 1!:-:gg-9:i{9:9 tlej
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!3-.e-s*-!-e-$b- ra! as,,3 E_{alsqes9"-.P.1tjgsiNs partimos do passo a passo de uma colocao em sriedaquilo que importz- p^r^ o analisante. A construo do casopass de incio por essa Iocalizao. sso no , entretanto,especificamente psicanaltico. Descrever a ordem simblica naqual um sujeito est enredado no o prprio de uma prticaorientada em direo ao real.1 A localizao e seriao dasidentificaes e dos significantes regressivos poderiam muitobem nos levar ao que Lacan denomina o "engano comum clacompreenso".8 No seria preciso, ento, que aparecesse tambm,em nossas construes, a falta de um significante na cadeia dos
.{ signifcantes que determinam o sujeito, e a considerao de que--'ol "rrn
falta no acidental? Essa falta deve, portanto, ser apontadaj-.Jn de modo preciso, se queremos cercar, mais dc perto, o real em).
r!l ,.,' logo na nossa praxls.F- c E sobre esse ponto que uma teoria das seqncias pode nosservir para conceber uma construo do caso, que convenha psicanlise. J.-4. Miller distingue dois tipos de seqncia. Aprimeira, dita normal, "aquela que ns vamos extrair de um.rrrtodo". E g1::_"_q*qqa r._*
_qUIPlglg l e aptqqsffaj-_qryiglaa-e1ra inteir4ryg!!949-!9-rr!l1ryrd1' Freqentemente, convincentespor sua forma, as construes de caso que se apiam a, deixamatrs delas uma impresso de dej uu, reforada pela ggs_g-p_c-!4!aspeez^ clnica.
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J.-4. Miller fazvalerum outro tipo de seqncia, uma seqnctaque se autorizade uma aproximao entre a lgica do tratamento e aposio feminina. Essa seqncia se distingue da precedente por seapoiar sobre essa falta muito particular aos olhos do universal, queLacan designa nos termos do no-todo:
O no-todo propriamente lacaniano no deve serconfundido como o no-todo da incompletude, com o qualele no tem nada a ver, o qual ele oposto. O no-todo daincompletude aquele que ns podemos apreender sob aforma de um elemento que falta ao conjunto. O no-todoacaniano inteiramente outro. o no-todo indecidvel.e
O exemplo proposto por J.-4. Miller, a propsito de umcomedor de balas, evoca o exemplo do jogo de cartas que motivadisputas ertre as crianas, e que denominamos "batalha". Cadarez que dois jogadores pem sobre a mesa uma carta, eleslormam uma seqncia determinada por um regra que diz quer cztt^ mais alta g nha,. Suponhamos que introduzssemos umaregra suPlementf que acfescentsse uma carta, um cufinga, pofe\emplo, de tal sorte que, tendo essa carta qualquer valor, otogador que tivesse, pudesse utiliza-Ia como bem quisesse e:nesmo no utiliz-la. Isso muda todo o jogo. E,sse novo dado:ntroduz na seqncia um elemento aleatrio) um incgnita. Issoi:rnece ao jogo de batalha uma estfutura de encontro, de ach,:::e implica o desejo do jogador, Temos a um outro tipo de.;qncia, uma seqncia que comporta uma incgnita, um::.rraco na prptia seqncia.
A construo do caso, prpria psicanse, poderia encontrari.: um assento lgico. Tratar-se-ia, nesse caso, de construif uma:eqncia que fizesse apaecer, nela mesma,no a falta de um termo,:rls a parte de indecidvel que.ela comport. Isso consiste,:J3cretamente, em fazet aparccer, na seqnca,a incidncia do no::ggramado. A nica seqncia que conviria construo do caso::a psicanlise seria, ento, uma seqncia que incluiri
^ parte
:::sitada da experincia. Certos testemunhos de passe camnham:::sse sentido. Eles poderiam servir de exemplos para nossas:
- rstrues.
Seguramente, poderamos fazer uma objeo a esse modo:i ver, segundo o qual, uma seqncia, depois de construda, se:- rna uma descrio do caso. Seria subestimar o alcance do convite:: Lacan paraTevar a srio o que a experincia analitica ceve ao::;1 do encontro. A incluso do "como que por acaso"lona: rrstruo do caso no vale somente par
^ seqncia construda,
-.-r'e tambm para. o uso que fazemos clela. A clnica demonstrativa:, rostra por isso, indissocivel da Escola. Clnica objetiva e clnicaj-nonstativa aqui se opem. A primeira espera do parceiro, amor: reconhecimento. A segunda inclui a interlocuco. Ela convida::a a conve rsao e ela oferece ao debate um material seqencial:e 3 torna possvel. A clnica demonstrativa se oferece como
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M],".,,,u,oDEPsIcANLlsE'S^DENlENTALDEMlNsGLRAIs
"um parceiro que tem chance de responder".ll Era se inscreve,por isso, em uma transfernca de trabaiho.
Traduo: Maria Bernadete de CarvalhoReviso: Samyra Assad
Agradccemos a Pietre Nlalengreau pea gentil autorzao cle pubicao datraduo desse rexro, originamente publicado em Ltunare des XXXnes Jaurnede L'Etole de la Cause Freulenne. Texto difundido pea ECF-Dbats, na JornaclaInstitucional de 13 / 05 / 2001.
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:"J. LACAN, l-es qaatre connptsfondanentaux tJe lapslchanafise' p'54' (Traduzido
como ar qmro concetosfandantentas dapscantilse'O Seminrio' vro 11' Rio de
Janeiro: J28,1988).,,-J. LACAN, ..Introduction I'edition alemande ces crits", Autres ffits,Le
Seuil,2001,p.558.(fraduziclocomo..IntroduoedioalemdosEscritos''.Ottros Escritos. Rio de Janeiro: J28,2003)'