Notas 2010 FM
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTOCENTRO DE CINCIAS EXATAS
G. M. Sotkov e U. Camara dS
Notas de Funes Especiais
VITRIA2010
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Resumo
Estas notas 1, auto-consistentes, foram feitas para auxiliar o aluno (voc mesmo) no es-tudo das seguintes funes especiais: Gamma, Beta, Hipergeomtrica, HipergeomtricaConflluente, os Polinmios de Hermite, de Legendre e as Funes de Legendre Associa-das. Ns enfatizamos as propriedades que sero teis em vrios cursos2: condies paraas hipergeomtricas se tornarem polinmios e expanses assintticas das hipergeomtricas.Tambm so oferecidos vrios exerccios, todos com aplicaes na fsica, com o objetivode estimular o aluno a se interessar mais pelo assunto. No fim, temos trs apndices:No primeiro damos uma pequena introduo sobre a Transformada de Fourier (essencialna Mec. Quntica) e a funo Delta de Dirac, no segundo tratamos do problema deSturm-Liouville e o terceiro dedicado obteno da segunda soluo independente dumaequao diferencial ordinria de segunda ordem quando j conhecemos uma soluo.Basicamente todo o contedo dessas notas pode ser encontrado nas referncias bibliogrfi-cas, a nica diferena est na ordem de exposio. Os livros, em geral, discutem as funeshipergeomtricas e hipergeomtricas confluentes aps estudar os polinmios ortogonais eas Funes de Legendre Associadas. Ns fazemos exatamente o oposto, j que as ltimasfunes citadas no passam de casos particulares de hipergeomtricas e hipergeomtricasconfluentes. Com isso, entendemos que ao estudar os casos mais gerais no incio o leitorter uma base slida para aprender, rapidamente, os casos particulares.
1ainda em construo2os principais so: Mecnica Quntica e Eletromagnetismo Clssico
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Sumrio
1 Funes Gamma e Beta 1
1.1 Funo Gamma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Funo Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Relao entre a funo Gamma e funes trigonomtricas . . . . . . . . . . 5
1.4 Frmula de duplicao de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Exerccios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Funes Hipergeomtrica e Hipergeomtrica Confluente 10
2.1 Funo Hipergeomtrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1.1 Equao diferencial e soluo via srie de potncias . . . . . . . . . 10
2.1.2 Representao Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.1.3 Relaes teis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.4 Expanses Assintticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 Funo Hipergeomtrica Confluente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.1 Equao diferencial e soluo via srie de potncias . . . . . . . . . 19
2.2.2 Representao Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.3 Expanso Assinttica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.4 Hipergeomtrica confluente como um problema de Sturm-Liouville . 22
2.3 Exerccios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 Polinmios de Hermite 25
3.1 Definio via Funo Geratriz, Relaes de Recorrncia e a EDO de Hermite 25
3.2 Ortogonalidade e norma dos Polinmios de Hermite . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Relao com a funo Hipergeomtrica Confluente . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 Exerccios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4 Funes de Legendre 31
4.1 Polinmios de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1.1 Funo Geratriz, Relaes de Recorrncia e Equao Diferencial . . 31
4.1.2 Ortogonalidade e norma dos polinmios de Legendre . . . . . . . . 33
4.1.3 Relao entre os polinmios de Legendre e a funo hipergeomtrica 35
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4.1.4 Exerccios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2 Funes de Legendre Associadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2.1 Definio e equao diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2.2 Ortogonalidade e norma das Funes de Legendre Associadas . . . 39
4.2.3 O caso m < 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.3 Exerccios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
A Transformada de Fourier e Delta de Dirac 43
A.1 Delta de Kronecker e Sries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
A.2 Transformada de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
A.3 Delta de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
A.4 Transformada de Fourier em d dimenses e consequncias . . . . . . . . . . 48
B Problema de Sturm - Liouville 53
C Wronskiano e a segunda soluo independente 56
C.1 Wronskiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Referncias Bibliogrficas 60
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1Captulo 1
Funes Gamma e Beta
1.1 Funo Gamma
A funo Gamma () pode ser definida como a integral abaixo:
(z)
0
ettz1dt ; 0, (1.1)
sua propriedade mais importante :
(1 + z) = z(z). (1.2)
Para provar, basta integrar a eq. (1.1) por partes
(1 + z) = ettzt=t=0
+ z
0
ettz1dt = z(z).
Repare que (1) = 1, ento para z = n N, temos de (1.2) que: (1 + n) = n!. Ou seja,(z) uma generalizao natural do fatorial. Outra quantidade importante (1/2)
(1/2) =
0
ett12dt
t=u2= 2
0
eu2
du =pi,
-
2= (3/2) = 12(1/2) =
pi
2; (5/2) = 3
2(3/2) = 3
pi
4; . . . onde novamente usamos a eq.
(1.2).
A eq. (1.1) est definida na regio 0, porm com uma continuao analtica,pode-se definir a funo (z) em todo plano complexo, exceto nos seus pontos singulares
(que iremos descobrir).
Mas antes de prosseguir, vamos responder a pergunta que est na sua cabea (ou no): o
que uma continuao analtica?
A resposta ser dada em um exemplo muito parecido com o nosso, porm (provavelmente)
mais familiar ao leitor. Tenha a srie progresso geomtrica
f(z) =n=0
zn, (1.3)
quando |z| < 1, a srie converge para o valor:
f(z) =1
1 z . (1.4)
Entretanto, a eq. acima est definida z 6= 1 e coincide com velha definio (eq. (1.3))para |z| < 1. Com isso, a eq. (1.4) fornece uma continuao analtica da eq. (1.3) paratodo plano complexo (exceto no plo simples em z = 1).
Agora, vamos usar a mesma lgica para encontrar uma definio mais abrangente da
funo . Comecemos reescrevendo a eq. (1.1) da seguinte forma
(z) = limn
n0
(1 t
n
)ntz1dt,
j que1
limn
(1 t
n
)n=n=0
(1)n tn
n! et,
1o famoso limite fundamental que pode ser facilmente verificado via expanso binomial
-
3com a troca de varivel u = tne integrando n vezes por partes
(z) = limn
nz 1
0
(1 u)nuz1dt
= limn
nzn
z
10
(1 u)n1uzdt
= limn
nzn(n 1)z(z + 1)
10
(1 u)n2uz+1dt
= limn
nzn(n 1)(n 2)z(z + 1)(z + 2)
10
(1 u)n2uz+2dt...
= limn
nzn(n 1)(n 2) . . . 1
z(z + 1)(z + 2) . . . (z + n 1) 1
0
(1 u)nnuz+n1dt = 1z+n
,
logo
(z) = limn
n!
z(z + 1)(z + 2) . . . (z + n)nz. (1.5)
Da mesma forma que nosso exemplo simples (eqs. (1.3) e (1.4)), a eq. (1.5) uma
continuao analtica da definio (1.1) que estende o domnio da funo (z) para todo
plano complexo, exceto nos pontos z = 0,1,2, . . ., onde a funo, claramente (pela eq.(1.5)), possui plos simples. A eq. (1.5) pode ser encarada como uma definio da funo
(a mais geral possvel), seu problema ser de difcil manuseio2.
1.2 Funo Beta
A funo Beta definida como a seguinte combinao de funes Gammas:
B(a, b) (a)(b)(a+ b)
(1.6)
2uma propriedade que no difcil provar com essa frmula : (1 + z) = z(z). Prove!
-
4Atravs da eq. (1.1), vamos derivar uma representao integral para a funo Beta.
(a)(b) =
( 0
exxa1dx
)( 0
eyyb1dy
);
-
51.3 Relao entre a funo Gamma e funes trigono-
mtricas
B(, 1 ) ()(1 )(1)
=1
=
0
u1
(1 + u)du ; 0 <
-
6C1:
C1
z1
1 + zdz ; z = ei
= 2pi
0
iei
1 + eid 0 ( 0).
C2:
C2
z1
1 + zdz ; z = Rei,
= R 2pi
0
iei
1 +Reid 1
R1 0 (R).
No limite 0 e R
2piieipi(1) =(1 e2pii(1))
0
x1
1 + xdx,
0
x1
1 + xdx = 2pii(
epii(1) epii(1)) = pisin pi( 1) = pisin pi. (1.12)Substituindo (1.12) em (1.11) temos a relao desejada:
(z)(1 z) = pisin piz
. (1.13)
A eq. (1.13) foi derivada apenas para o intervalo 0 <
-
7No caso de z ser um imaginrio puro, i.e. z ix, com x R, temos uma outra importanterelao:
(ix)(ix) = |(ix)|2 = pix sinhpix
. (1.15)
1.4 Frmula de duplicao de Legendre
Para encerrarmos o captulo sobre funes Gamma e Beta, iremos derivar uma ltima
relao, muito utilizada, entre as funes Gamma. Tenha:
B(z +
1
2, z +
1
2
)=
(z + 12)2
(2z + 1)
eq.(1.8)=
10
tz1/2(1 t)z1/2dt = 2 1/2
0
tz1/2(1 t)z1/2dt,
porque o integrando par em ralao ao ponto t = 12. Com a troca 2t = 1x
= 22z 1
0
x1/2(1 x)z1/2 eq.(1.8)
= B(1/2,z+1/2)=pi(z+1/2)(z+1)
,
ento
pi(2z + 1) = 22z(z + 1)(z + 1/2), (1.16)
que a frmula de duplicao de Legendre. No caso particular de z = n N, a frmula(1.16) fornece a relao:
(n+ 1/2) =(2n)!
pi
22nn!. (1.17)
1.5 Exerccios Propostos
(1) ngulo slido e volume de uma bola em d dimenses:
-
8O elemento de volume d-dimensional em coordenadas esfricas dado por: ddx = dd1rd1dr,
onde dd1 ngulo slido.Prove que:
(a)Sd1 d
d1 = 2pid/2
(d/2), onde Sd1 a esfera em (d 1)-dimenses.
(b) O volume da bola d-dimensional de raio R : V (Bd) = 2pid/2d(d/2)
Rd.
Dica: use a igualdade:
(pi)d
=
(
ex2
dx
)d=
(
ex21dx1
). . .
(
ex2ddxd
)=
RdePdi=1 x
2i ddx.
(2) Usando as eqs. (1.1) e (1.2), prove, via expanso de Taylor de (1 + z) em torno de
z = 0, a relao abaixo:
(z 0) = 1z +O(z), (1.18)
onde
0
et ln(t)dt = ddz
(1 + z)z=0 0.5772, (1.19)
a famosa constante de Euler.
A eq. (1.18) muito importante para o processo de renormalizao dimensional em teorias
qunticas dos campos.
(3) Calcule a integral4:
pi0
(sin )2n+1d, n N
(Resposta: 22n+1(n!)2
(2n+1)!)
Dica: Identifique a integral como uma funo Beta e use a eq. (1.17).
(4) Funo Digamma e mais sobre a constante de Euler:4os autores agradecem a aluna Amanda Ziviani de Oliveira por apontar erros de digitao neste
exerccio.
-
9A funo Digamma definida como a derivada logartmica de (z), i.e.
(z) ddz
ln (z). (1.20)
Usando a identidade (1 + z) = z(z) em conjunto com a eq. (1.5), demonstre que
(1 + z) = limn
(n
m=1
1
m lnn
)+l=1
z
l(z + l). (1.21)
Obs.: (1) = 1(1)
ddz
(1 + z)z=0
= pela eq. (1.19), logo tomando z = 0 no resultadoacima chegamos numa outra forma de escrever a constante de Euler:
= limn
(n
m=1
1
m lnn
). (1.22)
A eq. (1.22) til para encontrarmos valores aproximados de de forma bem simples
(usando uma calculadora), basta fixar um valor finito para n (quanto maior o valor esco-
lhido, melhor ser a aproximio)5.
(5) Definio alternativa para a funo Gamma:
Comeando da eq. (1.5), mostre que
1
(z)= zez
m=1
(1 +
z
m
)e
zm , (1.23)
onde dado pela eq. (1.22). A definio da funo como (1.23) chamada de definio
de Weierstrass.
5por exemplo, n=10 = 0.6263. O erro percentual de 8, 5.
-
10
Captulo 2
Funes Hipergeomtrica e
Hipergeomtrica Confluente
2.1 Funo Hipergeomtrica
2.1.1 Equao diferencial e soluo via srie de potncias
Tenha a seguinte equao diferencial ordinria (EDO) de segunda ordem1:
z(1 z)d2y(z)
dz2+ [c (a+ b+ 1)z]dy(z)
dz aby(z) = 0. (2.1)
Tal equao invariante a permutao a b e singular2 nos pontos z = 0, z = 1 ez =3 (todos regulares). Vamos procurar uma soluo via srie de potncias (Frobenius)
y(z) =n=0
gnzn+k ; k R ; g0 6= 0.
1no captulo 2, o argumento z ser considerado como real ou um imaginrio puro.2Uma EDO do tipo y(z) + P (z)y(z) + Q(z)y(z) = 0 singular no ponto z0 se ao menos um dos
limites no bem definido:limzz0
P (z) , limzz0
Q(z)
3para mostrar a singularidade no infinito, faa a troca u = 1z na eq. (2.1) e analise o comportamentopara u 0
-
11
O raio de convergncia da srie |z| 1 para 0 (a ser justificado)
y(z) =n=0
(k + n)zk+n1,
y(z) =n=0
(k + n 1)(k + n)zk+n2.
Substituindo em (2.1) e agrupando termo a termo:
k(k 1 + c)g0zk1 +n=0
[(k + n+ 1)(k + n+ c)gn+1 [(k + n)(k + n+ a+ b) + ab]gnzn+k
]= 0,
como g0 6= 0 k(k + c 1) = 0 ou
k =
01 cCaso k = 0:
Temos a relao de recorrncia:
gn+1 =(n+ a)(n+ b)
(n+ 1)(n+ c)gn ; c 6= 0,1,2, . . . , (2.2)
escolhendo g0 = 1
y(z)k=0 = 1 + abcz +
a(a+ 1)b(b+ 1)
c(c+ 1)
z2
2+ . . . ,
ou
y(z)k=0 =(c)
(a)(b)
n=0
(a+ n)(b+ n)
(c+ n)
zn
n! 2F1(a, b; c; z), (2.3)
pois, usando sucessivamente a eq. (1.2) chega-se igualdade:
a(a+ 1)(a+ 2) . . . a(a+ n 1) = (a+ n)(a)
. (2.4)
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12
A eq. (2.3) a famosa funo hipergeomtrica em sua representao de srie de potencias.
Propriedades importantes
(a) se a (ou b) N, ento:
ga+1 =(a+ a)(a+ b)(a+ 1)(a+ c)ga = 0 ; a N,
logo
gn = 0 ; n > a (a N),
2F1(N, b; c; z) um polinmio de grau N (N N). Utilizando o fato que:
((N n))(N) =
(N + n 1)!(N 1)! = (N + n 1)(N + n 2) . . . (N + n (n 1))(N),
= (1)nN(N 1)(N 2) . . . (N (n 2))(N (n 1))(
(N n)!(N n)!
),
= (1)n N !(N n)! , (2.5)
o polinmio 2F1(N, b; c; z) toma a forma:
2F1(N, b; c; z) = (c)(b)
Nn=0
(1)n N !(N n)!
(b+ n)
(c+ n)
zn
n!, (2.6)
(b) se b = c
2F1(a, b; b; z) =1
(a)
n=0
(a+ n)
n!zn,
= 1 + az + (a+ 1)az2
2+ (a+ 2)(a+ 1)a
z3
3!+ . . . ,
= (1 z)a, (2.7)
que pode ser facilmente verificado expandindo (1 z)a em srie de Taylor em torno dez = 0.
-
13
Caso k = 1 c:A recorrncia fica:
gn+1 =(1 c+ n)(1 + n+ a+ b c) + ab
(2 c+ n)(1 + n) gn =(n+ a+ 1 c)(n+ b+ 1 c)
(n+ 2 c)(1 + n) gn ; c 6= 2, 3, . . .
Assim, a segunda soluo tambm pode ser escrita em termos de uma hipergeomtrica:
y(z)k=1c = z1c2F1(a+ 1 c, b+ 1 c; 2 c; z) (2.8)
A soluo geral da eq. (2.1) 4:
y(z) = A2F1(a, b; c; z) +Bz1c
2F1(a+ 1 c; b+ 1 c; 2 c; z) ; c / Z (2.9)
onde A e B so constantes.
Observaes :
(1) Se 1, ento a segunda soluo singular em z = 0, portanto se as condiesde contorno exigirem uma soluo finita em z = 0 B = 0 ( 1).(2) Assim como a eq. diferencial (2.1), a eq. (2.9) invariante a permutao a b.
2.1.2 Representao Integral
Vamos estudar representaes integrais para a funo hipergeomtrica que, em particular,
sero teis na seo (2.1.4), onde derivaremos as formas assintticas da hipergeomtrica.
Iniciando com a integral:
I =(c)
(d)(c d) 1
02F1(a, b; d; zt)t
d1(1 t)cd1dt ; 0
4no caso c Z, o mtodo de srie de potncias s fornece uma soluo. A explicao desse problemae um mtodo alternativo para encontrar a segunda soluo independente encontram-se no apndice C
-
14
Substituindo a eq. (2.3) dentro da integral e invertendo a ordem da soma e integral
I =(c)
(d)(c d)
((d)
(a)(b)
) n=0
(a+ n)
(b+ n)(d+ n)
zn
n!
( 10
tn+d1(1 t)cd1dt eq.(1.8)
= B(n+d,cd)= (n+d)(cd)(n+c)
)
=(c)
(a)(b)
n=0
(a+ n)(b+ n)
(c+ n)
zn
n! 2F1(a, b; c; z)
Assim:
2F1(a, b; c; z) =(c)
(d)(c d) 1
02F1(a, b; d; zt)t
d1(1 t)cd1dt; (2.10)
Essa uma representao integral de uma hipergeomtrica em termos de outra vlida
para 0.No caso particular d = b, ela assume uma forma mais simples. Da eq. (2.7) temos:
2F1(a, b; c; z) =(c)
(b)(c b) 1
0
tb1(1 t)cb1(1 zt)adt; 0 (2.11)
que a representao integral usual da hipergeomtrica.
Vamos mostrar duas aplicaes simples da eq. (2.11).
Primeira: tomando z = 1 em (2.11):
2F1(a, b; c; 1) =(c)
(b)(c b) 1
0
tb1(1 t)cab1dt eq.(1.8)
= B(b,cab)= (b)(cab)(ca)
=(c)(c a b)(c a)(c b) (2.12)
-
15
com5 0 e 0.Segunda: derivando a eq.
d
dz2F1(a, b; c; z) = a
(c)
(b)(c b) 1
0
tb(1 t)cb1(1 zt)(a+1)dt
=ab
c
(1+c) c(c)
b(b) (1+b)
(c b) 1
0
t(b+1)1(1 t)(c+1)(b+1)1(1 zt)(a+1)dt
=ab
c2F1(a+ 1, b+ 1; c+ 1; z)
Repetindo o processo m vezes
dm
dzm2F1(a, b; c; z) =
[a(a+ 1) . . . (a+m 1)][b(b+ 1) . . . (b+m 1)]c(c+ 1) . . . (c+m 1) 2F1(a+m, b+m; c+m; z)
que pode ser escrito de uma forma mais elegante (via eq. (2.4))
dm
dzm2F1(a, b; c; z) =
(m+ a)
(a)
(m+ b)
(b)
(c)
(m+ c)2F1(a+m, b+m; c+m; z) (2.13)
2.1.3 Relaes teis
(i) Da representao integral (2.11), temos:
2F1
(a, c b; c; z
1 z)
=(c)
(c b)(b) 1
0
tcb1(1 t)b1(
1 +zt
1 z)a
dt
=(c)
(c b)(b)(1 z)a
10
tcb1(1 t)b1(1 (1 t)z))adt
agora faa a troca: 1 t = u
= (1 z)a (c)(c b)(b)
10
ub1(1 u)cb1(1 + zu)adt
= (1 z)a2F1(a, b.c.z)5condio de vlidade da equao (1.8), justificando o raio de convergncia da srie de potncias
-
16
2F1(a, b; c; z) = (1 z)a2F1(a, c b; c; z
1 z)
(2.14)
que relaciona valores da hipergeomtrica no intervalo |z| < 1 (aonde vale a srie (2.3))com valores fora desse intervalo. Assim, a eq. (2.14) uma continuao analtica da
funo hipergeomtrica.
(ii) Definindo y(z) = (1 z)cab(z).
y(z) = (1 z)cab[(c a b)(1 z)1 + ]
y(z) = (1 z)cab[(c a b)(c a b 1)(1 z)2 2(c a b)
1 z +
]
Substituindo na eq. (2.1) e simplificando:
(1 z)(cab)[z(1 z) [c ((c a) + (c b) + 1)z] (c a)(c b)
]= 0
(z) = A 2F1(c a, c b; c; z) +Bz1c2(a+ 1,b+ 1, 2 c; z), A,B = const,
evidente que B = 0, pois, para B 6= 0 e c > 1 o lado direito da eq. fica singular emz = 0 enquanto o lado esquerdo regular (uma contradio) e se c < 1, expandindo os
dois lados em potncias de z os termos que multiplicam B sero da forma BO(z1c+n)que no possuem anlogo no lado esquerdo, novamente levando B = 0. Portanto:
2F1(a, b; c; z) = A(1 z)cab2F1(c a, c b; c; z)
Aplicando em z = 0 fica claro que A = 1, ou seja:
2F1(a, b; c; z) = (1 z)cab2F1(c a, c b; c; z) (2.15)
-
17
2.1.4 Expanses Assintticas
As equaes (2.14) e (2.15) em conjunto com a representao integral (2.10) so suficientes
para derivarmos os assintticos da funo hipergeomtrica quando:
(i) |z|
(ii) z 1
(i) |z| colocando (2.14) dentro da integral (2.10):
2F1(a, b; c; z) =(c)
(d)(c d) 1
0
td1(1 t)cd1(1 zt)a2F1(a, d b; d; zt
1 zt)dt
para |z| e
-
18
das equaes. Agora o resultado :
2F1(a, b; c; z)|z| (c)(a b)
(a)(c b)(z)b ;
-
19
2.2 Funo Hipergeomtrica Confluente
2.2.1 Equao diferencial e soluo via srie de potncias
Com as trocas z z e b 1/, a eq. (2.1) fica:
z(1 z)y(z) + [c (a+ 1 1)z]y(z) ay(z) = 0
Tomando o limite 0 temos a EDO hipergeomtrica confluente:
zy(z) + (c z)y(z) ay(z) = 0 (2.18)
De forma anloga, a funo hipergeomtrica confluente (uma das solues da equao
acima) definida como:
1F1(a; c; z) lim0 2
F1(a, 1/; c; z)
= lim0
(c)
(a)
n=0
(a+ n)
(c+ n)
(z)n
n!
(1/+ n)
(1/) 1n
(1+)(1+2)...(1+(n1))
1F1(a; c; z) = (c)(a)
n=0
(a+ n)
(c+ n)
zn
n!; c 6= 0. 1,2, . . . (2.19)
que a funo hipergeomtrica confluente em sua representao de srie de potncias.
A segunda soluo independente de (2.18) pode ser obtida da mesma forma:
lim0
(z)1c2F1(1 + a c, 1/+ 1 c; 2 c; z) = z1c1F1(1 + a c; 2 c; z)
-
20
Soluo geral de (2.18)7
y(z) = A1F1(a; c; z) +Bz1c
1F1(1 + a c; 2 c; z); c / Z (2.20)
onde A e B so constantes.
Observaes :
(i) A eq. (2.18) singular nos pontos z = 0 (regular) e z = (irregular8). A singularidadeno formada pela confluncia de duas singularidades regulares da hipergeomtrica(pontos z = 1 e z =).(ii) A hipergeomtrica confluente um polinmio de grau N se a = N N. E com aajuda da eq. (2.5) o polinmio pode ser escrito como:
1F1(N ; c; z) =Nn=0
(1)n N !(N n)!
(c)
(c+ n)
zn
n!(2.21)
(iii) 1F1(a; a; z) =
0zn
n!= ez
2.2.2 Representao Integral
Fazendo b 1 e z z em (2.10) e tomando o limite 0
1F1(a; c; z) =(c)
(d)(c d) 1
01F1(a; d; zt)t
d1(1 t)cd1dt; 0,(2.22)
Para d = a, temos a representao integral da hipergeomtrica confluente usualmente
encontrada na literatura:
1F1(a; c; z) =(c)
(a)(c a) 1
0
eztta1(1 t)ca1dt; 0. (2.23)
7no caso c Z, recamos na nota de rodap da pg. 13.8ver prximo pargrafo
-
21
2.2.3 Expanso Assinttica
Da eq. (2.23) iremos achar o comportamento da funo hipergeomtrica confluente para
|z| .
1F1(a; c; z) =(c)
(a)(c a) 1
0
eztta1(1 t)ca1dt
com a troca u = tz
1F1(a; c; z) =(c)
(a)(c a)(z)a(
0
euua1(
1 +u
z
)ca1du
(I)
+
z
euua1(
1 +u
z
)ca1du
(II)
)
(I): |z|
(I)
0
euua1du = (a)
(II):
(II) =
z0
eu(
1 +u
z
)ua1du v=u+z=
0ezv
(vz
)ca1(v z)a1dv
(II) |z| ezzac+1(z)a1
0
evvca1dv = ezzac+1(z)a1(c a)
Assim:
1F1(a; c; z)|z| (c)
(c a)(z)a +
(c)
(a)ezzac (2.24)
que o resultado desejado9.9repare que a eq. (2.24) cresce exponencialmente, por isso a singularidade no infiito irregular
(essencial)
-
22
2.2.4 Hipergeomtrica confluente como um problema de Sturm-
Liouville
Vamos aplicar a lgica desenvolvida no apndice B funo hiperg. confluente. Primeiro,
reescrevemos a eq. (2.18) na forma Auto-Adjunta:
(zcezy
)= a(zc1ez)y(z)
Comparando com a eq. (B.3) (ver apndice), temos: p(z) = zcez, q(z) = 0, (z) =
zc1ez e n = a. A eq. hiperg. confluente uma eq. de autovalores, sendo a oautovalor. Se 0 p(z = 0) = p(z ) = 0, ento nosso espao CP o dasfunes continuas por partes (ver apndice A) com z [0,), onde os vetores ya e ya(a 6= a) so ortogonais com relao ao produto interno (B.5), i.e.
0
zc1ez1F1(a; c; z)1F1(a; c; z) = 0, a 6= a, 0 (2.25)
2.3 Exerccios Propostos
(1) Resolva a eq. (2.18) atravs do mtodo de Frobenius (srie de potncias), chegando
eq. (2.19).
(2) Integral elptica completa de primeiro tipo e o perodo do pndulo:
(a) A integral elptica completa de primeiro tipo definida como
k(m) =
10
dt
(1 t2) 12 (1mt2) 12 , |m| < 1. (2.26)
Comparando com a forma integral (2.11) da funo hipergeomtrica, demonstre a igual-
dade:
k(m) =pi
22F1
(12,1
2; 1;m
)
-
23
(b) O perodo de oscilao de um pndulo dado pela integral:
T = 4
l
2g
M0
dcos cos M
onde l o comprimento do pndulo, g a acelerao gravitacional e M o ngulo mximo
de oscilao (ponto de retorno). Com a troca sin 2
= sin M2
sin e usando a eq. (2.26),
chegue em:
T = 4
l
gk(
sin2(
2
))= 2pi
l
g
(1 +
1
4sin2
(2
)+
9
64sin4
(2
)+O
(sin6
(2
)))
(3) A definio da funo Gamma Incompleta :
(z, x) x
0
ettz1dt = 2 x
0
eu2
u2z1du, x > 0, (2.27)
Atravs da representao integral (2.23), verifique a igualdade:
(z, x) =xz
z1F1(z; z + 1;x), (2.28)
(4) A funo Beta Incompleta definida como:
B(a, b)x x
0
ta1(1 t)b1dt, 0 < x 1, (2.29)
(a) Demonstre a seguinte srie de Taylor:
(1 t)b1 =n=0
(1 b+ n)(1 b)
tn
n!
(b) Substitua o resultado da letra (a) na definio de B(a, b)x, inverta a ordem da soma
e integral e integre para obter o resultado:
B(a, b)x = xa
n=0
(1 b+ n)(1 b)
xn
n!(n+ a)
-
24
(c) Comparando com a srie (2.3), chegue igualdade
B(a, b)x =xa
a2F1(a, 1 b; a+ 1;x) (2.30)
(5) Utilizando as representaes na forma de sries de potncias da hipergeomtrica e da
hipergeomtrica confluente (eqs. (2.3) e (2.19)), demonstre a frmula:
0
ett1F1(; ; kt) =( + 1)
+12F1
(, + 1; ;
k
)(2.31)
que serve, por exemplo, para normalizar os auto-estados de energia do potencial de Morse
unidimensional na Mecnica Quntica.
-
25
Captulo 3
Polinmios de Hermite
3.1 Definio via Funo Geratriz, Relaes de Recor-
rncia e a EDO de Hermite
Uma tima forma de definir os polinmios de Hermite (Hn(u)) como os coeficientes da
srie de potncias da seguinte funo geratriz
g(z, u) ez2+2zu =n=0
zn
n!Hn(u) (3.1)
Tal definio til, pois possibilita a derivao de relaes de recorrncia entre os polin-
mios de forma muito simples. Aplicando z
na eq. acima:
g
z= (2z + 2u)g =
n=1
zn1
(n 1)!Hn(u) =n=0
zn
n!Hn+1(u)
(2uH0 H1) +n=1
(2uHn 2nHn1 Hn+1)zn
n!= 0
nos levando a relao de recorrncia:
2uHn 2nHn1 = Hn+1, n = 0, 1, 2, . . . (3.2)
-
26
que permite a obteno de qualquer Hn(u) conhecendo apenas H0. Como g(0, u) = 1,
temos que H0(u) = 1. Logo, os primeiros polinmios podem ser facilmente encontrados
via eq. (3.2):
H0(u) = 1; H1(u) = 2u; H2(u) = 2(2u2 1); H3(u) = 12u
(23u2 1
). (3.3)
Agora, vamos derivar a funo geratriz em relao varivel u para encontrar outra
recorrncia:
g
u= 2zg =
n=0
zn
n!H n(u)
2nn=1
zn
n!Hn(u) =
n=0
zn
n!H n(u)
H n = 2nHn1(u) (3.4)
Derivando a eq. (3.4) e usando a eq. (3.2) chegamos EDO de Hermite:
H n(u) 2uH n(u) + 2nHn(u) = 0 (3.5)
Os polinmios de Hermite s representam uma das solues dessa eq. diferencial de
segunda ordem. A outra soluo (que no um polinmio) ser discutida na seo (3.3).
3.2 Ortogonalidade e norma dos Polinmios de Hermite
Seguindo o mtodo desenvolvido no apndice B, iremos mostrar que os polinmios de
Hermite so vetores ortogonais1 do espao vetorial das funes contnuas por partes (ver
apndice A) com o argumento u R (na verdade eles formam uma base desse espaovetorial). Para isso, vamos reescrever a eq. (3.5) na forma Auto-Adjunta:
(eu
2
H n(u))
= 2neu2Hn(u)1em relao a um produto interno a ser definido
-
27
ou seja, a EDO de Hermite uma eq. de auto-valores. Comparando com a eq. geral
(B.3), temos que p(x) = (x) = eu2 ( 0, quando u ), q(x) = 0 e n = 2n.Substituindo em (B.5):
(Hn, Hm)
eu2
Hn(u)Hm(u)du = 0, n 6= m
Alm da ortogonalidade, tambm precisamos da norma do vetor (para normalizar a funo
de onda do oscilador harmnico), i.e. de
(Hn, Hn) =
0
eu2
Hn(u)2du An
Com a ajuda da ortogonlidade e da eq. de recorrcia (3.2), calcular tal norma ser uma
tarefa bem simples, vamos ela! Pela eq. acima tem-se que:
2nAn1 =
0
eu2
(2nHn1)Hn1dueq. (3.2)
=
0
eu2
(Hn+1 + 2uHn)Hn1
=
eu2
Hn(2uHn1)dueq.(3.2)
=
eu2
Hn(Hn + 2(n 1))Hn2
=
eu2
H2ndu = An
An+1 = 2(n+ 1)An (3.6)
A eq. (3.6) relaciona as normas dos polinmios Hn e Hn+1, logo s precisamos calcular
(H0, H0) A0 =
eu2
du =pi
para conhecer qualquer An.
A1 = 2A0 = 2pi, A2 = 2
22pi, A3 = 2
33!pi . . .
An = 2nn!pi,
ou seja:
(Hn, Hm) =
0
eu2
Hn(u)Hm(u)du = 2nn!pinm (3.7)
-
28
3.3 Relao com a funo Hipergeomtrica Confluente
At aqui, discutimos as principais propriedades dos polinmios de Hermite exatamente
da mesma forma que o leitor pode encontrar em qualquer livro de fsica matemtica ou
mec. quntica (ver referncias bibliogrficas). Entretanto, o que no muito discutido na
literatura que quando vamos resolver a eq. de Schrdinger para o oscilador harmnico
no chegamos imediatamente eq. diferencial (3.5), mas sim eq.:
H (u) 2uH (u) + 2H(u) = 0 (3.8)
com (a priori) > 12. Ento, por que nos interessamos tanto pelo caso = n =
0, 1, 2, . . .? E qual o paradeiro da segunda soluo independente desta eq. diferencial
de segunda ordem? As respostas para essas perguntas esto na relao entre a funo H
e a hiperg. confluente, juntamente com a condio de contorno imposta pela mecnica
quntica. Tal relao pode ser facilmente obtida com a troca x = u2 que transforma a eq.
(3.8) em:
xd2H(x)
dx2+(1
2 x)dH(x)
dx+
2H(x) = 0
que a EDO hiperg. confluente para a = 2, c = 1
2, cuja soluo dada pela eq. (2.19),
i.e.
H(u) = A1F1
(
2;1
2;u2)
+Bu1F1
( ( 1)
2;3
2;u2)
(3.9)
Quando u , H(u) cresce exponencialmente ( eu2), devido eq. (2.24). Por outrolado, a mec. quntica impe uma condio de contorno sobre a soluo. exigido que a
integral
(H , H) =
0
eu2
H(u)2du
-
29
convirja. Isso s possvel se H for um polinmio2 (1F1(n; c;u2), n N). Entretanto,repare que impossvel as duas solues independentes serem polinmios ao mesmo tempo.
Se = n = 0, 2, 4, . . ., devemos tomar Bn = 0 para Hn(u) ser um polinmio e se = n =
1, 3, 5, . . . An quem deve ser nulo. Em suma temos:
Hn(u)
(1)n2
n!(n
2)! 1F1
( n
2; 1
2;u2), n = 0, 2, 4, . . .
(1)n12 2(n!)(n1
2)!u 1F1
( n1
2; 3
2;u2), n = 1, 3, 5 . . .
(3.10)
onde as constantes foram ajustadas para as eqs. (3.2) e (3.10) coincidirem3. O estudo
desta seo explica o porqu de n = 0, 1, 2, . . . (justificando a quantizao da energiado oscilador) e o motivo de s utilizarmos uma das solues da EDO de Hermite.
3.4 Exerccios Propostos
(1) Derivao alternativa da eq. (3.9):
Faa a troca H(u(x)) =xW (x) (onde x = u2) na eq. (3.8), encontre a eq. diferencial
para W (x) (uma hipergeomtrica confluente) e chegue novamente em (3.9).
(2) Frmula de Rodrigues
Uma outra forma de definir os polinmios de Hermite atravs da frmula de Rodrigues:
Hn(u) (1)neu2 dn
duneu
2
(3.11)
Verifique que para os valores de n = 0, 1, 2 e 3 ela coincide com a eq. (3.3).
(3) Expanso de uma funo em termos dos polinmios de Hermite
(a) Seja F (u) uma funo contnua por partes (ver apndice A), com u R. Supondoque F (u) possa ser expandida em termos dos polinmios de Hermite
F (u) =n=0
CnHn(u) (3.12)
2j que nenhuma combinao linear das duas solues pode cancelar os termos divergentes.3compare com a eq. (3.3)
-
30
mostre (com a ajuda da eq. (3.7)) que
Cn =1
2nn!pi
eu2
F (u)Hn(u)du (3.13)
(b) Prove a chamada relao de completude (ver eq. (B.8)):
eu2(u u) =
n=0
Hn(u)Hn(u)
2nn!pi
(3.14)
-
31
Captulo 4
Funes de Legendre
4.1 Polinmios de Legendre
4.1.1 Funo Geratriz, Relaes de Recorrncia e Equao Dife-
rencial
Os polinmios de Legendre (Pl(x)) podem ser definidos atravs da seguinte funo geratriz:
g(x, t) 11 2xt+ t2 =
l=0
Pl(x)tl, 0 t < 1, 1 x 1 (4.1)
Como g(x, 0) = 1, ento P0(x) = 1. O que ser suficiente para conhecermos todos
os polinmios Pl(x), assim que derivarmos algumas relaes de recorrncia. Para isso,
comearei aplicando t
em (4.1)
g(x, t)
t=
x t(1 2tx+ t2)1/2(1 2tx+ t2) =
l=0
lPl(x)tl1 ll+1=
l=0
(l + 1)Pl+1(x)tl
eq.(4.1) (x t)l=0
Pl(x)tl = (1 2xt+ t2)
l=0
(l + 1)Pl+1(x)tl
-
32
Agrupando os termos em potncias de t
(xP0 P1)t0 + (3xP1 P0 2P2)t+l=2
[(2l + 1)xPl (l + 1)Pl+1 lPl1]tl = 0
levando relao
(l + 1)Pl+1 = (2l + 1)xPl lPl1, l = 0, 1, . . . (4.2)
Os polinmios Pl(x) podem ser facilmente derivados, para qualquer l, via eq. (4.2),
sabendo que P0(x) = 1 (como j havamos adiantado). Os primeiros termos so:
P0(x) = 1, P1(x) = x, P2(x) =1
2(3x2 1),
P3(x) =1
2(5x3 3x), P4(x) = 1
8(35x4 30x2 + 3) (4.3)
Outras relaes de recorrncia, agora relacionando derivadas de Pl(x), resultam da dife-
renciao da funo geratriz (4.1) com relao x (P l dPl(x)dx ).
g(x, t)
x=
t
(1 2xt+ t2)l=0
Pltl =
l=0
P l (x)tl
l=1
Pl1tl =l=0
P l tl 2x
l=0
P l1tl +
l=2
P l2tl
0 = P 0t0 + (P 1 2xP 0 P0)t+l=2
(P l + Pl2 2xP l1 Pl1)tl
A igualdade s verdadeira se cada potncia for nula, ou seja:
P 0(x) = 0, P1(x) = 1
P l+1(x) + Pl1(x) = 2xP
l (x) + Pl(x), l 1 (4.4)
Vamos efetuar a seguinte operao: 2 ddx[eq. (4.2)](2l + 1)[eq. (4.4)]. Aps um pequeno
trabalho algbrico
(2l + 1)Pl(x) = Pl+1(x) P l1(x) (4.5)
-
33
Combinaes das eqs. (4.4) e (4.5) fornecem vrias relaes interessantes. Por exemplo,
eq. (4.4)+ eq. (4.5) (com l l 1)
P l = xPl1 + lPl1 (4.6)
e x(eq. (4.4)eq. (4.5))
xP l1 = x2P l lxPl (4.7)
Atravs dessas relaes, vou derivar a eq. diferencial de segunda ordem, cujo polinmio
Pl(x) uma das solues. Somando (4.6) e (4.7)
(1 x2)P l = lPl1 lxPl, (4.8)
uma consequncia importante de (4.8) : Pl(1) = Pl1(1) e Pl(1) = Pl1(1), l =0, 1, 2, . . .. Como P0(x) = 1, ento Pl(1) = (1)l. Derivando (4.8)
(1 x2)P l 2xP l = lP l1 eq.(4.7)
= l(xP llPl)
lPl lxP l
assim, terminamos com a seguinte eq. diferencial de segunda ordem (onde s aparece Pl)
(1 x2)P l (x) 2xP l (x) + l(l + 1)Pl(x) = 0 (4.9)
que a eq. de Legendre. A outra soluo da eq. (4.9) ser discutida daqui a pouco (seo
(4.1.3)).
4.1.2 Ortogonalidade e norma dos polinmios de Legendre
trivial ver que pode-se reescrever a eq. (4.9) como
((1 x2)P l ) = l(l + 1)Pl
-
34
i.e., temos uma eq. de auto-valores (ver apndice B), onde (x) = 1, q(x) = 0 e p(x) =
1 x2 p(1) = p(1) = 0. Logo os polinmios Pl so ortogonais em relao ao seguinteproduto interno
(Pl, Pm) =
11Pl(x)Pm(x)dx = 0, l 6= m
A norma (Pn, Pn) facilmente calculada atravs da eq. (4.2) e da ortogonalidade. Primeiro
faa l l 1 em (4.2), ento multiplique-a por Pl(x) e integre:
(Pl, Pl) = 11Pl(x)
2dx =1
l
11Pl(x)
((2l 1)xPl1(x) (l 1)Pl2(x)
)=
(2l 1)l
11xPl(x)Pl1(x)dx
onde a ortogonalidade foi usada.
Agora multiplique a eq. (4.2) por Pl1 e integre:
(Pl1, Pl1) = 11P 2l1 =
1
l
11Pl1(x)
((2l + 1)xPl (l + 1)Pl+1
)=
(2l + 1)
l
11xPl1(x)Pl(x)dx
Comparando as eqs.
(Pl, Pl) =2l 12l + 1
(Pl1, Pl1)
Sabendo que
(P0, P0) =
11dx = 2 (P1, P1) = 1
32 , (P2, P2) =
3
5
1
32, . . . ,
(Pl, Pl) =(2l 1
2l + 1
)(2l 32l 1
)(2l 52l 3
). . .(1
3
)2 =
2
2l + 1
Levando forma final
(Pl, Pm) =
11Pl(x)Pm(x)dx =
2
2l + 1lm (4.10)
-
35
4.1.3 Relao entre os polinmios de Legendre e a funo hiper-
geomtrica
Faa a troca y = 1x2
(x = 2y + 1) na eq. diferencial de Legendre (4.9). Aps umapequena lgebra
y(1 y) d2
dy2Pl(y) + (1 2y) d
dyPl(y) + l(l + 1)Pl(y) = 0
Uma rpida comparao com a eq. (2.1) mostra que a eq. acima uma hipergeomtrica
com os parmetros a = l (como deve ser para a hipergeomtrica ser um polinmio),b = l + 1 e c = 1. J que c = 1 Z, a segunda soluo independente singular no pontoy = 0 (x = 1)1. Sendo Pl(1) = 1 (ver exerccio (1) deste pargrafo) e 2F1(a, b; c; 0) = 1, a
relao entre essas funes fica
Pl(x) = 2F1
( l, l + 1; 1; 1 x
2
)(4.11)
Queremos deixar claro que a segunda soluo da eq. (4.9) existe, mas pela relao com
a eq. diferencial hipergeomtrica fica claro (pois c = 1 Z) que ela no um polinmioe diverge em y = 0 (x = 1) (da forma ln y, y 0, como mostrado no apndice C). Empraticamente todas as aplicaes fsicas exige-se a regularidade de Pl(x) no ponto x = 1
(y = 0), assim essa segunda soluo descartada.
Outro comentrio digno de nota que na Mecnica Quntica (e quase todas as outras
aplicaes fsicas2) a eq. (4.9) no aparece (a priori) com l = 0, 1, 2, . . ., mas sim com
l = > 0. A discretizao de l uma imposio que ocorre quando as condies de
contorno do problema exigem regularidade da soluo no ponto x = 1 (y = 1), j quepela eq. (2.12) 2F1(l, l+1; 1; 1) (0) (plo simples), pois c = a+ b = 1, a menosque a hipergeomtrica seja um polinmio3.
1ver apndice C2existem excees, principalmente no eletromagnetismo.3um polinmio no pode divergir num valor finito. Alm disso, a M.Q. exige que
11(P(x))
2dx
-
36
4.1.4 Exerccios Propostos
(1) Usando a eq. (4.1) no ponto x = 1, mostre que Pl(1) = 1 l = 0, 1, 2, . . .(2) Frmula de Rodrigues:
Uma definio alternativa para os polinmios de Legendre :
Pl(x) =1
2ll!
dl
dxl(x2 1)l (4.12)
Verifique que os primeiros termos coincidem com a eq. (4.3).
(3) Paridade dos Polinmios de Legendre: novamente com a ajuda da eq. (4.1), demonstre
a igualdade
Pl(x) = (1)lPl(x) (4.13)
(4) Prove a relao (basta usar a funo geratriz (4.1))
1
|~r ~r| =1
r
l=0
Pl(cos )( rr
)l, r < r (4.14)
onde cos = ~r.~r|~r||~r| . A eq. acima muito til no eletromagnetismo, em especial na expanso
multipolar (ver final do apndice A).
(5) Expanso de uma funo em termos dos polinmios de Legendre
(a) Seja F (x) uma funo contnua por partes definida no intervalo x [1, 1]. Supondoque F (x) possa ser expandida em termos dos polinmios de Legendre
F (x) =l=0
ClPl(x) (4.15)
mostre (com a ajuda da eq. (4.10)) que
Cl =2l + 1
2
11F (x)Pl(x)dx (4.16)
(b) Prove a chamada relao de completude (ver eq. (B.8)):
(x x) =l=0
(2l + 1)
2Pl(x)Pl(x
), 1 < x, x < 1 (4.17)
-
37
4.2 Funes de Legendre Associadas
4.2.1 Definio e equao diferencial
A definio das Funes de Legendre Associadas
Pml (x) = (1 x2)m/2dm
dxmPl(x), l m l (4.18)
A eq. acima fornece alguns resultados importantes de imediato. Um que
Pml (1) = Pml (1) = 0 (4.19)
outro a paridade de Pml (x). Fazendo x x na definio acima mais a ajuda da eq.(4.13):
Pml (x) = (1)l+mPml (x) (4.20)
Tambm evidente que Pml (x) = 0 se m > l (explicando parte da restrio sobre os
valores de m), pois Pl(x) um polinmio de grau l, logo, se o derivarmos mais de l vezes o
resultado ser zero. J a outra restrio (l < m) necessria, pois a definio (4.18) nofaz sentido para esses valores de m < l. Na verdade, vamos considerar, por enquanto,apenas m > 0, mais frente ser mostrado que existe uma relao entre Pml (x) e P
ml (x),
i.e. suficiente nos restringirmos ao caso m > 0.
Pela definio (4.18) mais a eq. (4.3) fica fcil derivar algumas das Funes de Legendre
Associadas:
l = 1 : P 11 (x) = (1 x2)1/2 (4.21)
l = 2 : P 12 (x) = 3x(1 x2)1/2, P 22 (x) = 3(1 x2)
l = 3 : P 13 (x) =3
2(5x2 1)(1 x2)1/2, P 23 (x) = 15(1 x2), P 33 = 15x(1 x2)3/2
l = 4 : P 14 (x) =5
2(7x3 3x)(1 x2)1/2, P 24 (x) =
15
2(7x2 1)(1 x2)
P 34 (x) = 105x(1 x2)3/2, P 44 (x) = 105(1 x2)2
-
38
O estudo dessas funes ser feito de forma bastante ortodoxa aqui. Apelarei diretamente
para a relao entre os polinmios de Legendre e a funo hipergeomtrica mais a eq.
(2.13), o que permite (de uma forma bem simples) relacionar as funes de Legendre
Associadas com hipergeomtricas.
dm
dxmPl(x) =
dm
dxm2F1
( l, l + 1; 1; 1 x
2
),
eq.(2.13)=
((l +m)
(l))
(l +m)!
l!
1
m!
(1)m2m
2F1
( l +m, l + 1 +m; 1 +m; 1 x
2
).
Usando a eq. (2.5) (com N l e n m) no termo entre parnteses, as funes deLegendre Associadas podem ser escritas, de forma elegante, como:
Pml (x) =(l +m)!
(l m)!(1 x2)m/2
2mm!2F1
( (l m), l + 1 +m; 1 +m; 1 x
2
). (4.22)
A vantagem da eq. acima que obviamente Pml (x(y))
[1x2(y)]m/2 Pml (y)
[y(1y)]m/2 2F1((l m), l +1;m + 1; y) (y = 1x
2) soluo da eq. hipergeomtrica (2.1), com a = (l m),
b = l +m+ 1 e c = m+ 1, i.e.
y(1 y) d2
dy2
((y(1 y))m/2Pml (y))+ (1 +m 2(m+ 1)y) ddy((y(1 y))m/2Pml (y)) +
((l m))(l +m+ 1)((y(1 y))m/2Pml (x)) = 0
Abrindo as derivadas (e usando a igualdade (l m)(l +m+ 1) = l(l + 1)m(m+ 1))
y(1 y) d2
dy2Pml (y) + (1 2y)Pml (y) +
(l(l + 1) +
m2
4y(y 1))Pml (y) = 0
Passando para a coordenada x = 1 2y:
(1 x2) d2
dx2Pml (x) 2x
d
dxPml (x) +
(l(l + 1) m
2
(1 x2)
)Pml (x) = 0 (4.23)
que a eq. diferencial para as funes de Legendre Associadas. Os motivos por trs da
segunda soluo independente da eq. acima ser ignorada e de no ser discutido o caso
l / N so os mesmos j mencionados na seo dos polinmios de Legendre.
-
39
4.2.2 Ortogonalidade e norma das Funes de Legendre Associa-
das
Reescrevendo a eq. (4.23) na forma Auto-Adjunta:
d
dx
((1 x2) d
dxPml (x)
) m
2
(1 x2)Pml (x) = l(l + 1)Pml
Uma simples comparao com a eq. (B.3) fornece: p(x) = (1 x2), q(x) = m2(1x2) ,
l = l(l + 1) e = 1. Aplicando o resultado dado por (B.5), obtm-se
(Pml , Pml )
11dxPml (x)P
ml (x) = 0, l 6= l (4.24)
Repare que a eq. acima s tem sentido se os ndices ms das duas funes forem os
mesmos, devido ao fato de q(x) depender explicitamente de m (na verdade de |m|) e naderivao da eq. (B.5) assumirmos que apenas o auto-valor l = l(l + 1) muda.
O clculo da norma no nada simples. O mtodo que vamos usar trabalhoso mas
de fcil entendimento. Ele baseado na frmula de Rodrigues para Pml , algo facilmente
derivado via a frmula de Rodrigues dos polinmios Pl(x) (eq. (4.12)) e a definio (4.18)
Pml (x) =(1 x2)m/2
2ll!
dm+l
dxm+l(x2 1)l (1)
m/2
22l!Xm/2
dm+l
dxm+lXl (4.25)
onde X = (x2 1). Assim:
(Pml , PMl ) =
11dxPml (x)
2 =(1)m22l(l!)2
11dx
(Xm
dm+l
dxm+lXl)(
dm+l
dxm+lXl)
integrando por partes (e usando que Xx=1 = 0)
= (1)m
22l(l!)2
11dx
(dm+l1
dxm+l1Xl)d
dx
[Xm
dm+l
dxm+lXl]
aps l +m integrao por partes:
(Pml , PMl ) =
(1)l22l(l!)2
11dxXl
dm+l
dxm+l
[Xm
dm+l
dxm+lXl]
-
40
Usando a frmula de Leibniz
dn
dxn[A(x)B(x)
]=
ns=0
n!
(n s)!s!( dnsdxns
A(x))( ds
dxsB(x)
)(4.26)
temos:
dm+l
dxm+l
[Xm
dl+m
dxl+mXl]
=l+ms=0
(m+ l)!
(m+ l s)!s!( dm+lsdxm+ls
Xm)( ds+l+m
dxs+l+mXl)
como Xp um polinmio de grau 2p (p N)4, os termos no nulos da soma acima soaqueles que obedecem, simultaneamente, as duas desigualdades:
m+ l + s 2l
m+ l s 2m
implicando que s = l m (subtraia as desigualdades). Logo:
dm+l
dxm+l
[Xm
dl+m
dxl+mXl]
=(m+ l)!
(2m)!(l m)!(d2m
dx2mXm)(
d2l
dx2lXl)
=(m+ l)!
(2m)!(l m)!(2m)!(2l)!
Substituindo o resultado acima no clculo da norma e escrevendo X explicitamente:
(Pml , Pml ) =
(2l)!(l +m)!
22l(l!)2(l m)! 11dx(1)l(x2 1)l
=(2l)!(l +m)!
22l(l!)2(l m)! pi
0
(sin
)2l+1d
=22l+1(l!)2
(2l+1)!
, x = cos
=2
2l + 1
(l +m)!
(l m)!
onde o resultado da integral acima dado pelo exerccio (3) do captulo 1. Finalmente:
(Pml , Pml ) =
2
2l + 1
(l +m)!
(l m)!ll (4.27)
que a equao procurada.
4Xp = (x2 1)p = x2p +O(x2p1) d2pdx2pXp = (2p)!
-
41
4.2.3 O caso m < 0
Nosso interesse est na soluo, no singular em x = 1, da eq. diferencial (4.23) ( ela que
ir aparecer por toda a sua vida) e repare que tal eq. diferencial s depende dem2, i.e. no
depende do sinal de m. Esse fato demonstra que Pml (x) (m > 0) tambm soluo da
mesma equao. Consequentemente ou ela proporcional Pml ou corresponde segunda
soluo independente da equao de segunda ordem. A primeira opo a correta, j que
Pml no singular em x = 1 (y =1x
2= 0) (ver eq. (4.25) (fazendo m m)),
portanto no pode ter relao com a segunda soluo independente (que singular em
x = 1). Logo:
Pml (x) = ClmPml (x)
onde Clm uma constante de proporcionalidade que s depende de l e m. Para encontrar
Clm tenha:
(Pml , Pml ) =
11dxPml (x)P
ml (x)
eq.(4.18)=
11dx( dmdxm
Pl(x))( dm
dxmPl(x)
)
integrando por partes
=( dmdxm
Pl(x))( dm1
dxm1Pl(x)
)x=1x=1
11dx( dm+1dxm+1
Pl(x))( dm1
dxm1Pl(x)
)
o primeiro termo nulo devido a paridade de Pl(x) ( Pl(x) = (1)lPl(x) via eq.(4.13)). Aps m integraes por partes (sempre com o termo de derivada total dando
zero):
(Pml , Pml ) = (1)m
11dxPl(x)
2 = (1)m 22l + 1
Por outro lado:
(Pml , Pml ) = Clm(P
ml , P
ml ) = Clm
2
2l + 1
(l +m)!
(l m)!
-
42
Comparando:
Pml (x) = (1)m(l m)!(l +m)!
Pml (x) (4.28)
provando que Pml e Pml so proporcionais, i.e. linearmente dependentes.
4.3 Exerccios Propostos
(1) Os harmnicos esfricos (que descrevem a dependncia angular de um sistema qun-
tico no-relativstico com simetria radial) so definidos como:
Y ml (, ) =
2l + 1
4pi
(l m)!(l +m)!
Pml (cos )eim, 0 pi, 0 < 2pi (4.29)
onde l N e m = l,l + 1, . . . , l 1, l. Verifique que:
2pi0
d
pi0
d sin |Y ml (, )|2 = 1
-
43
Apndice A
Transformada de Fourier e Delta de
Dirac
O objetivo deste apndice de, sem se aprofundar na matemtica, introduzir elementos
bsicos da transformada de Fourier, ao menos o suficiente para os nossos propsitos1.
Antes de falar de transformada de Fourier vamos fazer uma pequena reviso sobre sries
de Fourier.
A.1 Delta de Kronecker e Sries de Fourier
Se n,m Z, ento o delta de Kronecker definido como:
nm =
0, se n 6= m1, se n = m (A.1)1o aluno que desejar se aprofundar mais no assunto deve consultar a bibliografia
-
44
Existem muitas representaes para a eq. (A.1). As de nosso interesse so:
nm =1
2piL
piLpiL
ei(nm)xLdx
=1
piL
piLpiL
cos(nxL
)cos(mxL
)dx
=1
piL
piLpiL
sin(nxL
)sin(mxL
)dx (A.2)
onde as duas ltimas no representam 00 = 1. Por inspeo direta voc pode confirmar
que essas representaes so legtimas. A eq. (A.2) serve como pr-requisito para a
definio de sries de Fourier.
Seja a funo f(x) um vetor no espao vetorial das funes contnua por partes2 no
intervalo x [Lpi, Lpi] (chamarei de CP ), ento assumindo que o conjunto de vetores(1/2, cos x
L, cos 2x
L, . . . , sin x
L, sin 2x
L, . . .) forma uma base de CP , f(x) pode ser escrita como:
f(x) =a02
+n=1
(an cos
(nxL
)+ bn sin
(nxL
))(A.3)
Mesmo sem provar nada a definio acima bem natural, onde a parte dos cossenos
(incluindo o termo a0) descreve a parte simtrica da funo, enquanto os senos a parte
anti-simtrica3. Para determinar os coeficientes de Fourier a0, an e bn, vamos aplicar, res-
pectivamente, LpiLpi dx,
LpiLpi dx cos
mxL, LpiLpi dx sin
mxL
na eq. acima e utilizar (assumindo
uma integrao termo a termo) a eq. (A.2). Assim temos:
a0 =1
Lpi
LpiLpi
dxf(x)
an =1
Lpi
LpiLpi
dxf(x) cos(nxL
)bn =
1
Lpi
LpiLpi
dxf(x) sin(nxL
)(A.4)
2funes que possuem apenas um nmero finito de descontinuidades e de extremos (mximos, mnimose pontos de inflexo) em um intervalo definido.
3toda funo pode ser escrita como a soma de uma parte simtrica e uma ani-simtrica: f(x) =12 (f(x) + f(x)) + 12 (f(x) f(x))
-
45
Com as frmulas cos nxL
= 12(ei
nxL + ei
nxL ) e sin nx
L= 1
2i(ei
nxL einxL ), a srie de Fourier
(A.3) pode ser reescrita como:
f(x) =
n=cne
inxL (A.5)
onde
c0 =a02
cn =1
2(an ibn), se n > 0
cn =1
2(an + ibn), se n < 0
Substituindo (A.4) na eq. acima, chega-se a uma frmula universal para cn
cn =1
2Lpi
LpiLpi
dxf(x)einxL n Z (A.6)
que poderia ser derivada aplicando LpiLpi dxe
imxL na eq. (A.5) e usando a primeira eq.
de (A.1). Repare que nessa forma os coeficientes so imaginrios, porm cn = cn o que
garante a realidade de f(x) (f(x) = f(x)). Por outro lado, poderamos ter definido a
srie de Fourier como a eq. (A.5) (sem referncia eq. (A.3)) com f(x) sendo uma funo
complexa e mesmo assim a primeira eq. de (A.2) garantiria que os coeficientes cn seriam
dados por (A.6), i.e. as eqs. (A.5) e (A.6) definem a srie de Fourier mesmo para uma
funo complexa (s que sendo complexa, cn 6= cn). Isso encerra a pequena reviso sobresries de Fourier.
A.2 Transformada de Fourier
A transformada de Fourier consiste no limite L da srie de Fourier, ou seja, elarepresenta uma funo f(x) contnua por partes que est definida em toda reta. Vamos
ver como tomar tal limite.
Mudando a notao da seguinte forma: k nL, k k(n + 1) k(n) = 1
Le cn c(k),
-
46
ento temos pela eq. (A.5):
f(x) =k
(Lk
=1
)c(k)eikx
=12pi
k
k(
2piLc(k))eikx
Definindo:
F (k) (2piLc(k)) = 12pi
LpiLpi
dxf(x)eikx
a srie pode ser escrita como:
f(x) =k
F (k)2pieikxk =
k
reak (A.7)
onde reak explicado graficamente na figura A.1
Dk
Rea
real
l k
F.eikx
2
Figura A.1: Valores de F (k)2pieikx (com x fixo) para vrios valores de k em um
exemplo hipottico. A soma na eq. (A.7) dada pela soma das pequenas reas,como mostrado no ponto k = l.
Quanto maior L menor ser k = 1Le mais prximos estaro os pontos da fig. (A.1).
Fica evidente pela figura (A.1) que no limite L (k 0) a varivel k se tornacontnua, F (k)eikx (x fixo) vira uma funo contnua de k e a soma (A.7) tem como limite
uma integral em k (integral a rea sob a curva). Ou seja, o resultado final para a
-
47
transformada de Fourier :
f(x) =12pi
dkF (k)eikx
F (k) =12pi
dxf(x)eikx (A.8)
A.3 Delta de Dirac
A transformada de Fourier pode ser usada para derivar uma representao integral da
funo (distribuio) Delta de Dirac ((x)) que definida como:
f(x)(x x0)dx = f(x0) (A.9)
fazendo f(x) = (x) na segunda eq. de (A.8) implica que
F (k) =12pi
e, consequentente:
(x) =1
2pi
dkeikx (A.10)
que principal representao da Delta de Dirac usada na fsica. Se afrouxarmos a condio
de f(x) R, i.e. considerarmos f(x) uma funo complexa (de um argumento real), edefinirmos a transformada de Fourier de f(x) como a primeira eq. de (A.8), a eq. (A.10)
garante que a transformada inversa seja dada pela segunda eq. de (A.8) (basta aplicar
12
e
ikx nos dois lados da equao). O que quero dizer que a frmula (A.8) vale
mesmo para funes complexas.
Algumas propriedades da Delta de Dirac so:
(x) = (x)prova: basta re-derivar a representao integral tamando F (k) = (k) e f(x) = 1
2pi,
-
48
ao invs de f(x) = (x) e F (k) = 12pi.
f(x)(x a) = f(a)(x a) (|f(a)|
-
49
ou seja:
d(~x ~x) (x1 x1)(x2 x2) . . . (xd xd)
=
(1
2pi
dkeik1x1). . .
(1
2pi
dkeikdxd)
=1
(2pi)d
Rdddkei
~k.~x (A.13)
A forma natural da transformada de Fourier em d dimenses :
f(~x) =1
(2pi)d/2
RdddkF (~k)ei
~k.~x (A.14)
e a eq. (A.13) mais a definio (A.12) garantem que a transformao inversa (basta aplicar
1(2pi)d/2
Rd e
i~k.~x nos dois lados da eq. acima) seja dada por:
F (~k) =1
(2pi)d/2
Rdddxf(~x)ei
~k.~x (A.15)
definindo a transformada de Fourier em d-dimenses.
Uma propriedade interessante (e muito importante na mec. quntica) da transformada
de Fourier :
Rdddx|f(~x)|2 =
Rdddk|F (~k)|2 (A.16)
A prova consiste em usar a eq. (A.14) e depois a representao da Delta (A.13):
Rdddx|f(~x)|2 =
Rdddx
(1
(2pi)d/2
RdddkF (~k)ei
~k.~x)(
1
(2pi)d/2
RdddkF (~k)ei
~k.~x
)=
Rdddk
RdddkF (~k)F (~k)
1
(2pi)d
Rdddxei(
~k~k).~x =d(~k~k)
=
Rdddk|F (~k)|2
Iremos encerrar o apndice mostrando como resolver uma eq. diferencial parcial atravs
da transformada de Fourier e da representao integral (A.10) da Delta de Dirac. A eq.
-
50
em questo :
(2(x) 2)G(~x ~x) = e3(~x ~x) (A.17)
0 uma constante com dimenso do inverso do comprimento. Substituindo no ladoesquerdo a transformada de Fourier
G(~x ~x) = 1(2pi)3/2
R3d3kG(~k)ei
~k.(~x~x)
e no direito a eq. (A.13) (com d = 3), ficamos com:
1
(2pi)3/2
R3d3kei
~k(~x~x)( (|k|2 + 2)G(k) + e
(2pi)3/2
)= 0
como a transformada de Fourier de zero zero
G(|k|) = e(2pi)3/2(|~k|2 + 2)
O uso da transformada de Fourier transfere o problema de resolver a eq. diferencial (A.17)
em resolver a seguinte integral:
G(~x ~x) = e(2pi)3
R3d3k
ei~k(~x~x)
(|~k|2 + 2)
passando para coordenadas esfricas: d3k k2 sin dkdd e ~k(~x ~x) = kr cos , ondek |~k| e r |~x ~x|
G(~x ~x) = e(2pi)3
2pi0
d
0
dkk2
k2 + 2
pi0
d sin eikr cos R 11 de
ikr
=e
2pi2r
0
dkk sin(kr)
k2 + 2=
e
4pi2r
dkk sin(kr)
k2 + 2
=e
4pi2r=m(
dk
keikr
k2 + 2
)=
e
4pi2r=m(
dk
keikr
(k + i)(k i) =(I)
)
(I) =
C
dzzeizr
(z + i)(z i) = 2piiRes(
zeizr
(z + i)(z i))z=i
= ipier
-
51
onde o contorno C dado pela figura (A.2). Pegando a parte imaginria do resultado
acima chegamos resposta do problema:
i
-i
R
Re z
Im z
Figura A.2: Contorno C
G(r) =e
4pirer (A.18)
conhecido como potencial de Yukawa. No limite 0 e com e = 10, a eq. (A.17) vira
a eq. de Poisson que descreve o potencial eltrico no ponto ~x de uma carga pontual no
ponto ~x com carga eltrica unitria. E a soluo fica:
G(r) =1
4pi0
1
r(A.19)
Por fim, mostrarei como a soluo (A.19) suficiente para determinar o potencial ele-
trosttico de uma distribuio de carga (~x) localizada (a carga total da distribuio
q =R3 (~x)d
3x), com a condio de contorno (~x)|~x|
= 0. Tal potencial obedece a
eq. de Poisson:
2(~x) = (~x)0
(A.20)
Assumindo (~x) da forma:
(~x) =
R3d3xG(~x ~x)(~x)
-
52
Aplicando 2:
2(~x) =R3d3x2(G(~x ~x))(~x) != (~x)
0
que s verdade se G(~x ~x) for soluo de (A.17) com = 0 e e = 10, i.e. se for
a eq. (A.19). Portanto, a soluo geral da eq. (A.20), para a condio de contorno
(~x)|~x|
= 0, :
(~x) =1
4pi0
R3d3x
(~x)|~x ~x| (A.21)
onde o integrando pode ser expandido em termos de~x~x
= rr(se |~x| for maior que as
dimenses da distribuio de cargas) via frmula (4.14):
(~x) =1
4pi0r
l=0
R3d3x(~x)Pl(cos )
(rr
)l, cos =
~x.~x
rr
=1
4pi0
q
r+
1
4pi0
~p.~x
r3+
1
4pi0
xixj2r5
Qij + . . .
que a famosa expanso multipolar. Os termos ~p e Qij so, respectivamente, chamados
de momento de dipolo e tensor de quadripolo e so dados por:
~p =
R3d3x~x(~x)
Qij =
R3d3x(~x)(3xixj ijr2)
Qij um tensor simtrico (Qij = Qji) e de trao nulo (Qii = 0).
-
53
Apndice B
Problema de Sturm - Liouville
Dada a equao diferencial ordinria de segunda ordem:
y(x) +a1(x)
a2(x)y(x) +
a0(x)
a2(x)y(x) = 0 (B.1)
com a2(x) 6= 0, exceto em alguns pontos isolados (possveis singularidades). Multiplicandoa eq. por p(x) = exp(
x a1(x)a2(x)
dx) e definindo q(x) = a0(x)a2(x)
exp( x a1(x)
a2(x)dx), reescrevemos a
eq. (B.1) na forma Auto-Adjunta (algo sempre possvel):
Ly(x) (p(x)y(x)) + q(x)y(x) = 0 (B.2)
A forma (B.2) pode ser til ao resolvermos problemas de auto valores, i.e.
Lyn(x) = n(x)yn(x) (B.3)
supondo que cada yn corresponda apenas uma constante n, ou seja, sem degenerescn-
cia. A funo (x) (positiva definida) chamada de funo peso e ser importante mais
frente.
As funes yn(x) (para vrios valores de n), esto definidas no espao vetorial das funes
continuas por partes, num certo intervalo do argumento x (por exemplo, [a, b], [0,),
-
54
(,), etc.) que vamos chamar de CP . Existem certas restries sobre p(x), q(x) e(x) que so:
p(x) > 0 diferenciavel em CP e p(x) = 0 em CP (extremos (ou bordas) de CP)
q(x) e (x) > 0 (pode ser zero em CP ) so continuas em CP
As condies acima so suficientes para mostrar a ortogonalidade entre as funes yn(x).
Para provar a afirmao, basta tomar a seguinte diferena:
yn(Lym) ym(Lyn) = (n m)(x)yn(x)ym(x)
que aps simplificaes no lado esquerdo (usando a eq. (B.2)) toma a forma
[p(x)
(yn(x)y
m(x) ym(x)yn(x)
)]= (n m)(x)yn(x)ym(x) (B.4)
conhecida como identidade de Lagrange.
De acordo com nossas condies, p = 0 em CP (limites de CP ). Assim ao integrar (B.4)
em CP temos:
p(x)(yn(x)y
m(x) ym(x)yn(x)
)CP
= 0 = (n m)CP
(x)yn(x)ym(x)
Com isso, conclumos que se n 6= n, ento
(yn, ym) CP
(x)yn(x)ym(x) = 0 n 6= m (B.5)
Ou seja, as funes yn e ym (n 6= m) so ortogonais em relao ao produto interno definidopela eq. (B.5), onde a funo peso (x) tem o papel de garantir que a norma quadrada
de yn seja bem definida, i.e. ||yn||2 (yn, yn)
-
55
No caso de n ser um ndice discreto, variando de zero at o infinito, a eq. (B.5) garante1
que uma funo F (x) em CP possa ser expandida em termos de yn (i.e. yn forma uma
base de CP )
F (x) =n=0
cnyn(x), com (B.6)
cn =1
||yn||2 (F (x), yn) =1
||yn||2CP
(x)F (x)yn(x)dx (B.7)
Se F (x) = (x x) (x, x CP ), temos a relao de completude (ou completeza):
(x x)(x)
= ( x
x(x)dx
)=n=0
1
||yn||2yn(x)yn(x) (B.8)
onde na primeira igualdade usei a manjada frmula (A.11).
1no uma prova matemtica
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Apndice C
Wronskiano e a segunda soluo
independente
Em alguns casos o mtodo de Frobenius s fornece uma das duas sulues independentes
de uma EDO de segunda ordem. O objetivo deste apndice tentar responder duas
questes: (1) Existe uma forma geral de encontrar a segunda soluo? (2) Por que o
mtodo de Frobenius falha em certas situaes.
Para responder a primeira pergunta (cuja resposta sim) vamos estudar o Wronskiano.
C.1 Wronskiano
Tenha uma EDO de segunda ordem do tipo
y(x) + P (x)y(x) +Q(x)y(x) = 0 (C.1)
cuja soluo geral seja dada por:
y(x) = Ay1(x) +By2(x); A,B = const
-
57
onde y1(x) e y2(x) so solues linearmente independentes (l.i.) da eq. Ento o Wronski-
ano definido como o seguinte determinante:
W (x)
y1 y2
y1 y2
= y1y2 y1y2 = y21d
dx
(y2y1
)6= 0 (C.2)
O Wronskiano no nulo, pois se o fosse indicaria que y1 e y2 no so l.i. (y1(x) y2(x)).Derivando o Wronskiano:
W (x) = y1y2 y1y2
como y1 e y2 so sulues de (C.1): yi = Pyi Qyi, i = 1, 2, a eq. acima pode serescrita da seguinte forma:
W (x) = y1y2 y1y2 = y1Py2 Qy1y2 + Py1y2 +Qy1y2= P (y1y2 y1y2) = P (x)W (x)
Integrando:
W (x) eR x P ()d (C.3)
Igualando as eqs. (C.2) e (C.3)
y21d
dx
(y2y2
) e
R x P ()d
x
d(y2y1
)
xdexp( P ()d)y21()
ento
y2(x) y1(x) x
dexp( P ()d)y21()
(C.4)
Portanto, se temos o conhecimento de uma das solues (y1(x)) a outra completamente
determinada pela eq.(C.4), respondendo a nossa primeira questo.
-
58
Vamos aplicar este mtodo num exemplo bem simples que dar a dica para a resposta da
segunda questo. Tenha a EDO:
xy(x) + y(x) = 0
Tentaremos resolver via Frobenius, i.e. substituindo o ansatz y(x) =
n=0Cnxn+k:
0 =n=0
(Cn(n+ k)(n+ k 1) + Cn(n+ k)
)xn+k1
=n=0
Cn(n+ k)2xn+k1
ou seja, Cn = 0, exceto Ck. Assim, y(x) y1(x) = Ck = const que obviamente soluo da eq. acima. O mtodo no forneceu a segunda soluo, vamos ach-la via eq.
(C.4) (com P (x) = 1x)
y2(x) x
dexp( 1
d)
=
x d
= ln|x|
A soluo geral fica:
y(x) = A+B ln|x|; A,B = const.
O exemplo acima muito simples, mas muito instrutivo, pois fornece a explicao exata
do mtodo de Frobenius falhar em certas ocasies. O motivo que uma das solues
(que chamamos de segunda) possui uma singularidade essencial no ponto x = 0 (no
caso, lnx, x 0) e como no possvel expandir uma soluo em srie de potnciasao redor de uma singularidade essencial natural que o mtodo de Frobenius falhe. O
comportamento apresentado pelo exemplo de certa forma geral, no sentido de quando o
mtodo de potncias falha temos uma segunda soluo com o comportamento lnx, x 0.Um exemplo mais complicado o da hipergeomtrica com c = 1. Nesse caso, as duas
solues independentes (ver eq. (2.9)) coincidem, i.e. o mtodo de Frobenius s fornece
uma soluo. A segunda soluo pode ser obtida por (C.4) (com y1(z) sendo dado por
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59
(2.3))
y2(z) y1(z) z
dz1
|z||1 z|a+b1
y1(z)2|z|1
z dz|z|
ln|z|
mostrando o comportamento logartmico prximo de z = 0. Por outro lado, como pode
ser visto nesse ltimo exemplo, o clculo da eq. (C.4) , em geral, muito complicado. Por
isso vamos desenvolver um mtodo alternativo para encontrar a segunda soluo.
Suponha que Frobenius s forneceu uma soluo para a eq. (C.1) (y1(x)), pelos nossos
argumentos a segunda soluo deve ter um comportamento lnx, x 0, o que nos estimulaa tentar o seguinte ansatz :
y2(x) = u(x) lnx+ v(x) (C.5)
u(x) e v(x) so funes a serem determinadas. Colocando em (C.1)
lnx(u + Pu +Q) +2u
x ux2
+u
xP + v + Pv + vQ = 0
Escolhendo u = y1 o primeiro termo se anula, resultando em:
v + P (x)v +Q(x) =y1x2 y1xP (x) 2y
1
x(C.6)
Agora podemos tentar resolver a eq. acima tomando
v(x) =n=0
Cnxn+k
i.e. com Frobenius. Escrevendo explicitamente a srie de y1(x) nos termos do lado direito
e comparando potncia a potncia, podemos determinar os coeficientes Cn.
Resumo: quando o mtodo de srie de potncias falha, demos argumentos para convencer
o leitor que isso resultado de um comportamento logartimico nas proximidades do
ponto de origem da srie, o que sugere o ansatz (C.5). Escolhendo u(x) = y1(x) (soluo
conhecida), chega-se eq. (C.6) que, talvez, seja resolvida pelo mtodo de Frobenius.
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Referncias Bibliogrficas
[1] Mathematical Methods for Physicists, Sixth Edition, Arfken and Weber.
[2] Funes Especiais com Aplicaes, Edmundo Capelas de Oliveira.
[3] Funes Analticas com Aplicaes, Edmundo Capelas de Oliveira e Waldyr AlvesRodrigues Jr.
[4] Notas de Fsica Matemtica, Carmen Lys Ribeiro Braga.
[5] Quantum Mechanics, Third Edition, L.D. Landau and E.M. Lifshitz.
[6] Special Functions and Polynomials, Gerard t Hooft and Stefan Nobbenhuis.
[7] Introduo Anlise Linear, Vols. 2 e 3, Donald Kreider e outros.
[8] Fsica Matemtica, Butkov.