Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

5
Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier 1 Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital http://www.leiturasjlumierautor.pro.br  Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento Por Jacob (J.) Lumier  A colocação do conhecimento em perspectiva sociológica suscitou a oposição de críticos competentes. O principal argumento contrário pretendeu identificar a sociologia do conhecimento à chamada “ sociologia radical”. Para tais críticos, a sociologia do conhecimento influente nos anos de 1960 deve ser lida ou entendida em ligação com a atitude que procura contrastar o estrutural-funcionalismo de Talcott Parsons, isto é, em ligação com a chamada  “teoria do conflito” e com o argumento de que “importa alcançar o significado das oposições de interesses geradas pelos cortes, quebras de continuidade ou divisões seccionais dentro da sociedade como um todo” (cf. Giddens, 1975: p.14,15).  A sociologia do conhecimento se colocaria como “um corpo teórico empiricamente verificável” e, ao mesmo tempo, como “um guia moral para a ação política”, se constituindo basicamente como protesto contra a proposição de neutralidade da explicação em sociologia. Desta forma, os críticos da nossa disciplina parecem se colocar contra o estudo dos coeficientes existenciais do conhecimento, constatados no fato originário de que todo o conhecimento humano é uma atividade prática e, em razão disto, comporta aspectos pragmáticos e políticos, além de irredutíveis variações nas relações entre os quadros sociais e os próprios conhecimentos. O argumento de que esse estudo diferencial constitui uma “sociologia radical” em verdade é restrito ao debate nos Estados Unidos, em torno dos escritos de Alfred Schutz, o notável pesquisador e antigo colaborador do mestre da filosofia fenomenológica no século XX Edmund Husserl (1859 - 1938). De fato, no estudo intitulado “O Interior da Ciência: Ideologia e a Sociologia do Conhecimento” (cf. Hall, 1980: pp.27 a 31), em que introduz a noção de "paradigma" como objeto de crítica, Stuart Hall nos diz que “na obra de Schutz vemos a sociologia do conhecimento – que ele coloca entre aspas – sendo levada ao seu ponto extremo”. Faz referência ao livro aqui já referido de Peter Berger e Thomas Luckmann, intitulado “A Construção Social da Realidade” – cujo subtítulo na edição brasileira é “Tratado de Sociologia do Conhecimento” – nos dizendo com certo exagero e pouca percepção do problema sociológico dos símbolos sociais, que a “linha de pensamento” desses dois autores leva “até seus limites máximos” a proposição atribuída a Schutz de que “as relações sociais são concebidas essencialmente como estruturas de conhecimento.

Transcript of Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

8/8/2019 Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

http://slidepdf.com/reader/full/notas-para-uma-introducao-a-sociologia-do-conhecimento 1/5

Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier

1

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br 

Notas para uma introdução à

sociologia do conhecimento

Por

Jacob (J.) Lumier

 

A colocação do conhecimento em perspectiva sociológica suscitou a oposição decríticos competentes. O principal argumento contrário pretendeu identificar asociologia do conhecimento à chamada “sociologia radical”.

Para tais críticos, a sociologia do conhecimento influente nos anos de 1960deve ser lida ou entendida em ligação com a atitude que procura contrastar oestrutural-funcionalismo de Talcott Parsons, isto é, em ligação com a chamada

 “teoria do conflito” e com o argumento de que “importa alcançar o significadodas oposições de interesses geradas pelos cortes, quebras de continuidade oudivisões seccionais dentro da sociedade como um todo”  (cf. Giddens, 1975:p.14,15). 

A sociologia do conhecimento se colocaria como “um corpo teóricoempiricamente verificável” e, ao mesmo tempo, como “um guia moral

para a ação política”, se constituindo basicamente como protesto contra aproposição de neutralidade da explicação em sociologia.

Desta forma, os críticos da nossa disciplina parecem se colocar contra o estudodos coeficientes existenciais do conhecimento, constatados no fato originário deque todo o conhecimento humano é uma atividade prática e, em razão disto,comporta aspectos pragmáticos e políticos, além de irredutíveis variações nasrelações entre os quadros sociais e os próprios conhecimentos.

O argumento de que esse estudo diferencial constitui uma “sociologia radical” em verdade é restrito ao debate nos Estados Unidos, em torno dos escritos deAlfred Schutz, o notável pesquisador e antigo colaborador do mestre da filosofiafenomenológica no século XX Edmund Husserl (1859 - 1938).

►De fato, no estudo intitulado “O Interior da Ciência: Ideologia e a Sociologiado Conhecimento”  (cf. Hall, 1980: pp.27 a 31), em que introduz a noção de"paradigma" como objeto de crítica, Stuart Hall nos diz que “na obra de Schutzvemos a sociologia do conhecimento – que ele coloca entre aspas – sendo levadaao seu ponto extremo”. Faz referência ao livro aqui já referido de Peter Berger eThomas Luckmann, intitulado “A Construção Social da Realidade” – cujo subtítulona edição brasileira é “Tratado de Sociologia do Conhecimento” – nos dizendo comcerto exagero e pouca percepção do problema sociológico dos símbolos sociais, quea “linha de pensamento” desses dois autores leva “até seus limites máximos” aproposição atribuída a Schutz de que “as relações sociais são concebidasessencialmente como estruturas de conhecimento”.

8/8/2019 Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

http://slidepdf.com/reader/full/notas-para-uma-introducao-a-sociologia-do-conhecimento 2/5

Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier

2

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br 

O suposto “radicalismo” desses dois autores, pelo que podemos verdiretamente em sua obra, estaria então em que “essa linha de pensamento” estáou estaria em ligação com sua posição de considerar “as explicações funcionalistas” como “prestidigitação teórica” e em afirmar que “uma sociologia puramente

estrutural corre endemicamente o perigo de reificar os fenômenos sociais (cf.Berger, 1978: op.cit. p. 44) – fenômenos sociais estes que os dois autoresmencionados consideram como aspectos desse “espantoso fenômeno” que é asociedade, isto é, como parte de um mundo humano, feito pelos homens, habitadopor homens, por sua vez, fazendo os homens” (ib. p.247). Não se vê, pois,radicalismo algum.

Quanto a Schutz, nos é dito que este pensador “estava interessado na maneirapela qual os pensamentos ganharam uma faticidade objetiva no mundo”, e, emfavor do realismo sociológico, tomava em consideração que “o mundo não étotalmente reduzido aos pensamentos existentes na cabeça do homem”.

É-nos dito também que esse interesse de pesquisa é desdobrado: 1) - naconstatação de que a reciprocidade de perspectivas entre as consciências era ofundamento para os processus de estabelecimento do significado e interpretação dosignificado; 2) - no paradigma crítico da psicologia coletiva, segundo o qual “ a 

a t i v i dade (p r áx i s ) de cons t ru ção do s ign i f i cado” , que p roduz iu “ os  

s i gn i f i cados ob je t i vados capazes de re t roag i r sob r e os su je i t os ” como q ue  

“ de fo ra ” , “ pe rdeu-se pa ra a consc iênc ia ( a l i enou- se ) ”  .

E prossegue Stuart Hall, citando a seguinte passagem de Jean Paul Sartre:  “Desse modo, as significações provêm do homem e de seu projeto, mas estãoinscritas em toda a parte, nas coisas e na ordem das coisas. Tudo a todo instanteestá sempre significando, e as significações revelam-nos os homens e as relaçõesentre os homens através das estruturas de nossa sociedade” (Cf. Sartre, 1960,p.98).

Desdobrando tal paradigma, Hall nos diz que, em Schutz, “as muitas e váriasobjetivações no mundo correspondem a diferentes níveis ou camadas daconsciência”. A realidade está estruturada em diferentes regiões, cada uma comsua camada apropriada de consciência: as múltiplas realidades do jogo, sonho,teatro, teoria, cerimônia e assim por diante.

 “Na medida em que se passava de um domínio para outro da realidade social” (...) se trazia “um modo de consciência para o primeiro plano, relegando o restantepara um segundo plano”. Só no domínio da vida cotidiana ou do senso comum éque não teríamos consciência em absoluto de estarmos operando num domínio designificados construídos.

Possivelmente, o caráter “radical” questionado pelos críticos da nossa disciplina

esteja nessa crítica da tendência vista como alienante da vida cotidiana, e dautilização da sociologia do conhecimento como atitude oposta ao conservadorismodo estrutural-funcionalismo, acusado de justificar a reificação dos papéis sociais.

Nada obstante, pelo que vimos do “paradigma” de Schutz desdobrando-se a partir da reciprocidade de perspectivas entre as consciências,podemos notar que a objeção dos críticos rotulando "radical" a sociologiado conhecimento refere-se a um tópico do estudo soc io lóg ico das  

re lações com ou t rem, como fo rma de soc iab i l i dade de que se  

ocupa a m ic rossoc io log ia  , tópico esse que em maneira alguma puderaservir para objetar e muito menos impugnar a orientação da sociologia doconhecimento para estudar os coeficientes humanos e sociais.

8/8/2019 Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

http://slidepdf.com/reader/full/notas-para-uma-introducao-a-sociologia-do-conhecimento 3/5

Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier

3

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br 

►Em outra passagem, não deixa de ser curioso que críticos aparentementecontrários à sociologia do conhecimento sejam os mesmos a declarar e arecomendar que se considere a Saint-Simon1 como “o pai da sociologia” (cf.Giddens, 1975: p.25), quando o posicionamento desse mestre fundador é

favorável à sociologia do conhecimento.Com efeito, no realismo de Saint-Simon, a sociologia deve manter o paralelismo

e a interpenetração dos modos de produção material e dos sistemas deconhecimento, “que são afinal tão-só aspectos parciais dos “regimes” ou, comodiríamos hoje, dos tipos de estruturas sociais " (cf. Gurvitch, 1968: pp.147).

Se a sociologia de Saint-Simon se defronta a limitações provenientes de seupanteísmo latente (conducente a uma harmonia otimista que minimiza os conflitose as antinomias entre as classes, entre Estado e Sociedade, etc.), e encaradificuldades oriundas da confusão entre a sociologia e a filosofia da história(anunciando a vinda do período orgânico, sem conflito), no seu realismo, porcontra, cabe à socio log ia estud ar o es fo rço co le t i vo , como cons i st i ndo tan t o  

“ n a p r o d u ç ã o d o s b e n s m a t e r i a i s p o r m e i o d o t r a b a l h o s o b d i f e r e n t e s  

f o r m a s ” , q u a n t o n a “ p r o d u ç ã o d a s f o r m a s d e c o n h e c e r ” ( e s f o r ç o e s s e  

e x t e n s ív e l à “ p r o d u ç ão d a s f o r m a s d e e st i m a r ” , n a s d o u t r i n a s m o r a i s  ).

Estudando a “constante correspondência entre as instituições e as idéias”,Saint-Simon propõe um esquema para a sociologia do conhecimento segundo oqual aos regimes “militares” (conquista, escravatura, servidão, agricultura, etc.)corresponde em particular o conhecimento teológico, e aos regimes industriais oconhecimento técnico, de que o conhecimento científico é apenas um sucedâneo.

Mas não é tudo. Gurvitch nota a concepção científica ou determinística dasociologia e nos lembra que Durkheim vai buscar conscientemente o termo

  “fisiologia social” em Saint-Simon, concebido como “os modos de operar” dasociedade implicando a liberdade humana (cf. Gurvitch, 1964: p.57 sq).

Neste enfoque de Saint-Simon se entende bem que a sociedade seja  “uma enorme oficina” chamada a dominar, não os indivíduos, mas anatureza, e que “a r e u n i ã o d o s h o m e n s c o n s t i t u i u m v e r d a d e i r o  

ser ”, mas este ser é u m e s f o r ç o s i m u l t a n e a m e n t e c o l e t i v o e  

i nd i v i dua l  , e é igual, recíproca ou paralela sua capacidade em"espiritualismo" (psicologia coletiva, conhecimento, vida moral, vida dodireito, dentre outros setores das obras de civilização) e em"materialismo" (morfologia social, incluindo os recursos, equipamentos,ferramentas, enfim, a infra-estrutura).

Daí a noção de quadros soc ia is   (incluindo os Nós, os agrupamentossociais particulares, as classes, as sociedades globais), como níveis na

configuração da vida das sociedades quanto a sua capacidade igual ou recíproca em"espiritualismo" (psicologia coletiva, conhecimento, vida moral, vida do direito,dentre outros setores das obras de civilização) e em materialismo (morfologiasocial, infra-estrutura), como disse. 

Sem dúvida, críticos como Anthony Giddens assinala que o tipo de sociedadeindustrial é sempre calcado na observação da divisão do trabalho (a grande oficinae suas engrenagens), porém parece não levar em conta que o estudo dos

1 Claude-Henri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon, (Paris, 17 de outubro de 1760 — Paris, 19 de maio de1825).

8/8/2019 Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

http://slidepdf.com/reader/full/notas-para-uma-introducao-a-sociologia-do-conhecimento 4/5

Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier

4

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br 

determinismos sociais e sociológicos está liberto da projeção de um determinismoúnico em sociologia, quase sempre identificado ao modo de produção capitalista(sobrevivência da filosofia da história do século XIX), ainda que esse determinismoúnico seja tratado – à maneira dos escritos sobre o realismo, de George Lukacs –

como engrenagem montada na e sobre a divisão do trabalho em regime capitalista,e tida como válida e eficaz acima dos tipos de sociedades particulares e suasestruturas.

Nada obstante, dizer que a tradição de Saint-Simon deu poucas contribuiçõesimportantes à teoria de classes (cf.op.cit: p.28) leva a desconsiderar que a teoriasociológica de estruturas ou de sociedades históricas só é eficaz do ponto de vistada explicação, só ultrapassa os dogmatismos e os preconceitos, se for precedida doestudo (dialético) dos determinismos sociais, a fim de colocar em relevo não só aanálise dos níveis de realidade cuja hierarquia integra as estruturas sociais, mas, afim de ressaltar que não há unificação sociológica dos fatos, das manifestações oumundos particulares de realidade (incluindo as classes sociais como unidadescoletivas reais mas parciais) sem o concurso da liberdade humana interveniente

nesses determinismos, de maneira realista e não simplesmente lógica oumatemática.

A “tradição” histórica da sociologia que se nutre em Saint-Simon (e no “jovem” Marx) é notadamente sociologia diferencial (voltada para o estudo das variaçõesnos quadros sociais) e não apenas sociologia sistemática (limitada ao estudo dasregularidades tendenciais), estando melhor “aparelhada” que esta última para isolaros preconceitos filosóficos inconscientes e desmontar os dogmatismos.

Ademais, note-se que, a respeito da decadência do Estado e do Contrato nofinal do século XIX 2, exatamente com esses termos seguintes, Émile Durkheimdesenvolverá seu conceito de “amorfismo social” (cf. “Le Suicide”, págs.421 segs.).

Para esse importante autor e mestre fundador da sociologia como disciplina

científica, a significação sociológica de tal decadência está em que a mesma se faze m p r o v e i t o d o d i r e i t o s o ci a l au t ô n o m o  , que impulsionará o desenvolvimentoda estrutura de classes no começo do século XX, com as relações coletivasproduzindo sem a imposição estatal (Soberania Social) os acordos, as convenções eos contratos coletivos no mundo do trabalho e da produção industrial.

Aliás, o fato de que a realidade social exclui o chamado princípio de obediênciaà ordem que rege as consciências fechadas sobre si mesmas, introspectivas, e, porvia dessa negação, ultrapassa qualquer imposição de condutas preestabelecidas,constitui importante diferencial da sociologia, a quem repugna o paradigma dafilosofia social de Thomas Hobbes (1588 - 1679), acolhido especialmente peloscientistas políticos, notadamente o falso postulado da natureza heterogênea,levando ao atomismo que fragmenta a realidade social em uma poeira de indivíduosisolados ("o homem é o lobo do homem"), suportes de reflexos condicionados.

Para o sociólogo, suscitando as imanentes forças psicossociológicas de pressãoe de atração, a integração no conjunto da realidade social ultrapassa qualquer forçade imposição, qualquer força que se imponha logicamente do exterior, ainda quechamada a distribuir prestígio e influência.

2 No marco da Segunda Revolução Industrial iniciada na segunda metade do século XIX (desenvolvimentosdentro da indústria química, elétrica, de petróleo e de aço), diferencia-se notadamente o período datado de 1885 a1914 (Paz Armada), com o "neo-imperialismo" levando à contraposição da Tríplice Aliança (Alemanha, ImpérioAustro-Húngaro e Itália), por um lado, e a Tríplice Entente (Rússia, França e Inglaterra), por outro lado.

8/8/2019 Notas Para Uma Introducão à Sociologia do Conhecimento

http://slidepdf.com/reader/full/notas-para-uma-introducao-a-sociologia-do-conhecimento 5/5

Notas para uma introdução à sociologia do conhecimento © 2010 by Jacob (J.) Lumier

5

►Note-se para cocncluir que o problema das classes sociais foi vivamentediscutido e suscitou forte interesse na chamada “École durkheimienne”  3.Contribuições substanciais foram aportadas por Marcel Mauss (1872 - 1950) ,Celestin Bouglé (1870 – 1940), François Simiand (1873 – 1935) e por Maurice

Halbwachs (1877 - 1945) à sociologia das classes sociais, sendo a obra desteúltimo que seu sucessor no ensino, o notável Georges Gurvitch, examinarádetidamente antes de propor o conceito sociológico diferencial de classes sociais(cf. Gurvitch, G.: “Études sur les Classes Sociales”, pp.14 sq, pp.164 a 200).

Além disso, é da “tradição” de Saint-Simon que vem o compromisso com aexplicação em sociologia sem o qual é fácil enveredar através de portas já abertas4.

Finalmente, Saint-Simon trata do que é a realidade social; trata da relaçãoentre produção material e produção espiritual; das fases “militar”, “industrial” e dasépocas “críticas”; da dissolução futura do Estado na sociedade econômica e,finalmente, trata das classes sociais (cf.Gurvitch, ib. 1964: p.57 sq,). Enfim Saint-Simon apenas vê na economia, na vida moral e na vida intelectual aspectos de umaatividade coletiva total; é a correspondência entre estrutura social, produçãoeconômica, propriedade, regime político, idéias intelectuais e morais, assim comoos seus conflitos possíveis, que o interessam.

***

Rio de Janeiro, 07 de Dezembro de 20010

 Jacob J. Lumier Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br

 

3 Círculo de sociólogos em torno da revista L'Année sociologique , fundada em 1898 por Émile Durkheim(1858 - 1917).

Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV: Literatura Digital

http://www.leiturasjlumierautor.pro.br 

4 Circunstância esta que parece acontecer com o próprio Giddens, quem declara tentar “estabelecer”proposições que “são convencionais e já amplamente aceites” (ib.p.20).