Notas qualidade e design multimedia

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Notas Qualidade e Design Multimédia A utilização dos recursos educativos digitais ou de Objectos de aprendizagem, tem como porta de entrada tipicamente um portal temático. Nesse enquadramento tanto o portal como o próprio Recurso em si deverá formar um todo com critérios de qualidade que se encontram já definidos na literatura. Existe uma experiência relativamente a este assunto em outros países, nomeadamente em Inglaterra (TEEM), França (RIP), Portugal (SACAUSEF), Estados Unidos (WEB-MAC). De acordo com a literatura, existem critérios para que um determinado recurso seja reconhecido um Recurso Educativo Digital de qualidade. A avaliação destes recursos é no entanto variável dependendo do Recurso Educativo em análise. No caso de utilização destes recursos em bibliotecas digitais deverá ter-se em conta a Micronavegação, que analisa todos os aspectos relativos à navegação interna nos próprios conteúdos (Clauson, 1999), assim como a Macro navegação, esta relacionada com a ligação do sítio ao exterior, e a visibilidade do mesmo relativamente á Web. De entre os critérios (Alexandre & Tate, 2000) podemos destacar a : Autoria : Parâmetro que permite identificar o responsável do portal, criando-se assim um sentido de credibilidade ao sítio , tendo para isso que se incluir como informação adicional: Uma descrição do autor e da organização a que pertence, informação sobre o currículo académico e profissional. Incluir inclusão do correio, uma declaração de princípios e intenções com a finalidade do portal. Algum tipo de logótipo que represente a instituição. Actualização : Este critério tem como referência a actualidade dos conteúdos avaliados que existem no portal assim como a actualização dos mesmos. Deverá neste caso ser valorizado indicadores tais como, A indicação da ultima data de actualização do portal, a indicação explicita da data de actualização dos conteúdos, a presença de informação actualizada,a não existência de quebras de ligações Web .

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Notas Qualidade e Design Multimédia

A utilização dos recursos educativos digitais ou de Objectos de aprendizagem, tem como

porta de entrada tipicamente um portal temático. Nesse enquadramento tanto o portal

como o próprio Recurso em si deverá formar um todo com critérios de qualidade que se

encontram já definidos na literatura.

Existe uma experiência relativamente a este assunto em outros países, nomeadamente em

Inglaterra (TEEM), França (RIP), Portugal (SACAUSEF), Estados Unidos (WEB-MAC).

De acordo com a literatura, existem critérios para que um determinado recurso seja

reconhecido um Recurso Educativo Digital de qualidade.

A avaliação destes recursos é no entanto variável dependendo do Recurso Educativo em

análise.

No caso de utilização destes recursos em bibliotecas digitais deverá ter-se em conta a

Micronavegação, que analisa todos os aspectos relativos à navegação interna nos próprios

conteúdos (Clauson, 1999), assim como a Macro navegação, esta relacionada com a

ligação do sítio ao exterior, e a visibilidade do mesmo relativamente á Web.

De entre os critérios (Alexandre & Tate, 2000) podemos destacar a :

Autoria : Parâmetro que permite identificar o responsável do portal, criando-se assim um

sentido de credibilidade ao sítio , tendo para isso que se incluir como informação adicional:

Uma descrição do autor e da organização a que pertence, informação sobre o currículo

académico e profissional.

Incluir inclusão do correio, uma declaração de princípios e intenções com a finalidade do

portal.

Algum tipo de logótipo que represente a instituição.

Actualização : Este critério tem como referência a actualidade dos conteúdos avaliados

que existem no portal assim como a actualização dos mesmos. Deverá neste caso ser

valorizado indicadores tais como, A indicação da ultima data de actualização do portal, a

indicação explicita da data de actualização dos conteúdos, a presença de informação

actualizada,a não existência de quebras de ligações Web .

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Conteúdos : Este critério, integra um conjunto de requisitos específicos dos conteúdos e

dependente deste. Middleton, 1999; Zellouf, 2000 consideram os seguintes indicadores.

Abrangência: Amplitude e nível de profundidade com que os conteúdos são abordados.

Precisão, rigor e exactidão, os conteúdos devem de ser rigorosos , claros legíveis,

correctamente formulados e devem de conter referências bibliográficas de acordo com o

texto ou tema apresentado.

Pertinência: Este critério encontra-se relacionado com a utilidade e validade dos

conteúdos contidos no portal.

Objectividade: Deverá comprovar qual o nível de dependência ou de ausência de qualquer

indicação de carácter comercial, religioso ou politico. Tem de se conhecer a perspectiva da

autoria dos conteúdos face à proliferação de técnicas de marketing embebido nas páginas

através dos vários operadores de Internet.

Relativamente ao critério de acessibilidade, critério que obriga a que o portal tenha a

capacidade de navegado por pessoas com algum grau deficiência, nomeadamente

incapcidade física, a nível auditivo e visual .

Os indicadores de acordo com (Lawrence, 1999, Pinto e tal, 2004) são os seguintes:

Desenho compatível com os diferentes navegadores de Internet e diferentes resoluções de

ecran.

Verificação da existência de distorções da visibilidades das páginas do sítio web, utilizando

navegadores de mercado que tenham expressão em quantitativa de utilização.

Cumprimento da norma WAI (Web Accebility Initiative) . Este critério passou a ser

obrigatório a partir de 2007 de acordo com a lei sobre sítios públicos.

Interactividade de utilização, nomeadamente a possibilidade de gravar, exportar e

imprimir dados.

Existência de ajuda para o utilizador do portal.

Presença de outras Línguas dos conteúdos do portal.

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Funcionalidade: Este critério pretende medir a forma como um utilizador pode localizar

num portal de conteúdos a informação de seu interesse, de forma rápida. De acordo com

(Alexandre & Tate 1999) deve de ser criada:

Estrutura lógica de conteúdos, organizada através de uma forma de tabela de conteúdos,

menu hierárquico, ou outra organização para que o utilizador tenha a percepção de quais

os conteúdos mais relevantes existentes.

A pertinência e a adequação dos títulos existentes de forma organizada de forma a

proporcionar coerência e homogeneidade.

Existência de um mapa hierárquico com todas as ligações activas.

A existência de um sistema de pesquisa de conteúdos apropriados.

Existência de ferramentas de personalização.

Navegabilidade

Refere-se à facilidade com que o utilizador navega nas páginas que compõem o portal de

forma à localização da informação e orientação do utilizador.Deve-se valorizar os

seguintes indicadores(Holmes, 2002)

Presença de menu de conteúdo de forma sempre visível, e ser possível sempre o mesmo

lugar e em cada página que compõe o portal.

Presença de botões de navegação que permita ao utilizador utilizar o portal de forma

lógica.

Simplecidade no uso dos percursos de navegação e de fácil acesso às ferramentas.

Desenho

Neste caso valorizam-se as várias questões relacionadas com o aspecto físico e a

ergonomia, que fazem com que o portal possa ser um recurso digital agradável à vista e

fácil de ler.

Neste aspecto os indicadores referidos são:

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Desenho de Web funcional e atractivo, adequada combinação de cores, formas e imagens,

que facilitam a leitura dos conteúdos, Desenho da informação textual de forma a ter uma

leitura fácil .

Homogeneidade de estilo e formato em todas as páginas do conteúdo.

Avaliação de qualidade de recursos electrónicos com fins pedagógicos existem vários

métodos de análise, existe o método misto em que o especialista tem um peso de 80% e o

utilizador de 20% na relação de avaliação do recurso educativo digital. Um outro método

(CTLO, 2005) é o da utilização de investigação acção, com a análise dos Objectos de

Aprendizagens através de questionários após a aplicação e consequente melhoria de

acordo com o feedback recebido dos alunos.

De acordo com Costa,F. , existe um outro critério de avaliação dos conteúdos On-Line e

que tem a ver com a aprendizagem dos alunos . Neste critério um dos métodos de

verificação da qualidade do conteúdo, tem a ver não só com as questões de ordem

técnica, mas sim como foi concebido do ponto de vista do currículo, tendo em conta o

contexto escolar os níveis de escolaridade.

De entre estes critérios destacam-se:

As tarefas propostas que promovem de forma interactiva, a actividade intelectual no

aluno, em especial, o raciocínio, a reflexão critica e a criatividade.

Se o recurso engloba tarefas que promovam as actividades colectivas de aprendizagem em

termos de comunicação e da construção do conhecimento.

Se o recurso apresenta relativamente à avaliação, dispositivos de auto-avaliação e auto-

regulação da aprendizagem.

A forma como é concebido o recurso educativo ou o Objecto de aprendizagem deverá

também reger-se por critérios que têm a ver com a carga cognitiva que os mesmos

representam, devido ao seu design.

Teoria da Carga Cognitiva

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Uma dos aspectos a ter em conta na selecção dos REDs ou O.A. é a carga cognitiva

potencial que o mesmo pode ter no aprendente.

Partindo do princípio que existe toda a informação necessária e que a mesma se

encontra disponibilizada de uma forma transparente, seja através de livrarias digitais ou

portais educativos ou através de outra qualquer estrutura, é necessário ter em

consideração o grau de carga cognitiva presente no REDs ou O.A. escolhido e em que

contexto o mesmo será aplicado em sala de aula.

Segundo Sweller (2005), em alguns ambientes, existem factores que podem distrair o

aprendente e causar um impacto negativo no processo de aprendizagem, resultando

numa sobrecarga cognitiva. Sendo a carga cognitiva um factor presente na iteração entre

Homem e computador (HCI), torna-se importante ter o conhecimento básico da sua

existência de modo a se escolher um recurso que apresente uma carga reduzida e que

possa maximizar o processamento da transferência do que se pretende ensinar.

A Teoria da Carga Cognitiva defende que a elaboração de materiais didácticos, com

especial enfoque aqueles que utilizam multimédia, deve seguir alguns princípios de

Desenho e concepção de modo a diminuir a sobrecarga cognitiva do aprendente. De

acordo com Mayer (2002) foram definidos os seguintes Princípios:

Princípio de Representação Múltipla: os aprendentes aprendem melhor quando se

combinam texto e imagens, do que se utilizarem apenas texto.

Princípio de Proximidade Espacial: esse princípio diz respeito à proximidade de texto e

imagens, quando texto e imagens correspondentes ou relacionadas se encontram

próximas em vez de afastadas, existe uma melhor aprendizagem.

Princípio da Não Divisão ou da Proximidade Temporal: nesse princípio a apresentação

de texto e imagens é realizada simultaneamente em vez de forma sequencial. Este facto

uma vez que a apresentação de um texto e de uma animação no mesmo espaço do ecrã

divide a atenção do aprendente.

Princípio das Diferenças individuais: sabe-se que aprendentes com maior nível de

conhecimento, sobre um determinado assunto e com grau maior de orientação espacial

possuem maiores condições de organizar e processar seu próprio conhecimento ao

interagir com o assunto relacionado.

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Princípio da Coerência: refere-se à exclusão de palavras, imagens ou sons não

relevantes para o assunto. Quanto mais simples e objectiva for à apresentação do

conteúdo, mais livre ficará a memória de trabalho para processar um número maior de

conhecimentos.

Princípio da Redundância: nesse princípio, ressalta-se que o uso da animação e

narração, quando usadas simultaneamente no processo de ensino, potencia o

conhecimento, actuando de forma diferente de quando usadas separadamente.

Alguns dos problemas que alguns dos R.E.D. ou O.A., apresentam são a carga cognitiva

externa, que é a carga cognitiva relacionada com a criação do recurso, causada pela

sobreposição de texto e a narração do mesmo, existindo assim simultaneidade dos dois

canais, auditivo e visual o que segundo a teoria da carga cognitiva, causa uma

sobrecarga cognitiva. Existindo em simultâneo os dois canais de percepção (visão e

audição) ao mesmo tempo e com informações redundantes, interferindo negativamente

no processo de aprendizagem. Também se verificou a presença de sobrecarga, causada

pela narração contínua de actividades, ou seja, a narração não é interrompida quando é

seleccionada outra actividade, ficando a narração da actividade anterior como pano de

fundo de outra actividade, o que pode causar confusão no aprendente.

Em alguns recursos educativos digitais no entanto a carga cognitiva é intrínseca, ou

seja, relacionadas com o conteúdo apresentado, pois, em alguns casos, existe um

excesso de informações redundantes.

A carga cognitiva interna, acontece devido ao conteúdo em si. Neste caso poderá

ocorrer que o O.A. ou Recurso de aprendizagem não possa ser reduzido. Se for o caso

Mayer (2002) propõe que se deverá proceder à segmentação da apresentação.

Segundo Mayer (2002), a redução da carga em decorrente da utilização de dois canais

de percepção ocorre apenas quando a informação não é redundante, pois se isso

acontecer a carga cognitiva aumenta. Quando se faz o uso de dois canais de percepção

em simultâneo, por exemplo, uma imagem e a narração de um texto em simultâneo.

No plano da aprendizagem multimédia (aprendizagem a partir de palavras - escritas ou

narradas, e de imagens - estáticas ou dinâmicas) existe uma relação entre a aprendizagem

significativa e a carga cognitiva.

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No contexto da investigação sobre a forma de reduzir a carga cognitiva, Mayer & Moreno

(2003), é apresentado um modelo mental de como funciona um sistema que permite a

aprendizagem. De acordo com estudo realizado existem três pressupostos (assumpções)

fundamentais:

Canal Duplo - Os seres humanos possuem sistemas (canais) separados para processarem

material verbal e material pictórico.

Capacidade limitada - Cada canal é limitado na quantidade de material que pode ser

processado de cada vez.

Processamento activo – A aprendizagem significativa envolve processos cognitivos

incluindo a construção de conexões entre as representações verbais e pictóricas.

Os autores do artigo em análise identificaram três tipos de exigências/necessidades

cognitivas a considerar no processo de aprendizagem utilizando recursos multimédia:

O Processamento essencial diz respeito aos processos cognitivos requeridos para dar sentido

ao material apresentado (seleccionar palavras e imagens, organizar palavras e imagens e

integrar palavras e imagens tendo em conta o conhecimento prévio), representado

esquematicamente na figura seguinte:

Fig. 2 – Representação do processamento essencial - Mayer & Moreno 2003

Processamento incidental (acessório) refere-se aos processos cognitivos que não são

requeridos para dar significado ao material apresentado mas são despoletados pelo design do

ambiente ou da tarefa de aprendizagem.

Retenção temporária de representações mentais na memória de trabalho (representações

suspensas, em transito...) processos cognitivos que mantém temporariamente as

representações mentais na memória de trabalho.

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Estas questões da sobrecarga cognitiva levantadas pelos investigadores deveriam de ser tidas

em conta no design dos Objectos de aprendizagem e nos recursos educativos.

Fernando Rui Campos – vários autores, 16-01-2011

MAYER, Richard. Multimedia Learning. Cambridge: Cambridge University Press.

2001.

MAYER, R., Moremo, R.(2003) Nine Ways to Reduce Cognitive Load in Multimedia Learning, Educational Phsychologist , 38, pag.43-52 .

SWELLER, John. (2003).Cognitive Load Theory: A Special Issue of educational

Psychologist”. LEA, Inc,

SWELLER, J.; MERRIENBOER, J. Cognitive Load Theory and Complex Learning:

Recent Developments and Future Directions. Educational Psychology Review, V.17,

N.2, June 2005.