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Artigo de pesquisa NotiWiener Nº 193 - Junho 2021 - 1 193 Ano LV 06/2021 Doenças crônicas associadas à inflamaçã ocelular. Marcadores bioquímicos a serviço da medicina e nutrição anti-inflamatória Bioq. Mauricio Farías [email protected] Centro de Investigação e Biotecnologia – Wiener Laboratorios SAIC, Rosario – Argentina Novidades Pág. 8 Vacunas O laboratório prático Pág. 6 Artigo de pesquisa Pág. 1 Artigo de pesquisa Boletim de Serviço Bibliográfico da Wiener Laboratorios S.A.I.C Pág. 4 Doenças crônicas associadas à inflamação celular. Marcadores bioquímicos a serviço da medicina e nutrição anti inflamatória A tecnologia RT-PCR como ferramenta para o diagnóstico e monitoramento da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 Doseamento do lítio no sangue (litemia). Utilidade, aspectos a considerar e metodologias Uma das descobertas médicas mais impor- tantes das últimas duas décadas foi que o sistema imunológico e os processos inflamatórios que estão envolvidos não apenas em alguns distúrbios específicos, mas também em uma ampla variedade de problemas de saúde física e mental que dominam a morbimortalidade em todo o mundo. Na verdade, as doenças inflamatórias crônicas silenciosas foram reconhecidas como a causa de morte mais importante no mundo Atualmente, mais de 50 de todas as mortes são atribuíveis a doenças relacionadas à inflamação, como a cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral, câncer, diabetes mellitus, doença renal crônica, doença hepática gordurosa não alcoólica e doenças autoimunes e neurodegenerativas. Inflamação A inflamação é um processo conservado evolutivamente, caracterizado pela ativação e não ativação da imunidade das células que protegem o hospedeiro de bactérias, vírus, toxinas e infecções. Sempre foi considerado como a resposta para infecções e lesões tissulares. Atual- mente, sabe se que há inflamação em muitos distúrbios em que não há infecção ou lesão tissular, e que as moléculas que participam do processo inflamatório também estão envolvidas na restauração da homeostase. Por tudo isso, sugere se redefinir a inflamação como a resposta imune inata a estímulos que podem ser prejudiciais, como germes, lesões e estres- se metabólico. Resposta resolutiva A resposta resolutiva (é a capacidade do corpo de se curar rapidamente de lesões ou doenças. Esta RR é formada por uma série de etapas sequenciais altamente coordenadas e, se não for forte e eficaz, as lesões e doenças continuam silenciosa- mente sem a presença de sintomas ou dor, isso é conhecido como "inflamação crônica sistêmica", e com o tempo causam o aparecimento das chamadas doenças crônicas. Portanto, a principal causa de qualquer doença crônica não é a inflamação em si, mas a falta de uma forte resposta resoluti- va do corpo para resolver e reparar a lesão tissular causada pela inflamação celular. Fontes de inflamação crônica sistêmica Acredita se que um processo complexo denominado senescência celular ocorra na medula espinhal de pessoas mais velhas, caracterizada pela interrupção da prolifer- ação celular e pelo desenvolvimento de um fenótipo secretor associado à senescência (sigla em inglês SASP). Este SASP é caracterizado pelo aumento da secreção de citocinas pró inflamatórias, quimiocinas e outras moléculas pró inflamatórias celulares por sua vez, as células senescentes expressadas por este fenótipo podem promover inúmeras doenças crônicas, incluindo resistência à insulina, doenças cardiovasculares, hipertensão pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisema, doenças de Alzheimer e Parkinson, degeneração macular, osteoartrite e câncer. Embora não seja totalmente compreendido como essas células senescentes adquirem este SASP, acredita se que seja devido a uma combinação de fatores endógenos e riscos sociais, ambientais e de estilo de vida. As causas endógenas conhecidas incluem danos ao DNA, telômeros disfuncionais, alteração epigenômica, sinais mitogênicos e estresse oxidativo. Os contribuintes não endógenos incluem infecções crônicas, obesidade induzida pelo estilo de vida, disbiose do microbio- ma, dieta, mudanças sociais e culturais e toxinas ambientais e industriais. evidências de que as taxas de doenças relacionadas à inflamação celular sistêmi- ca aumentaram dramaticamente, tanto em pessoas mais velhas como em jovens que vivem em países industrializados e que seguem um estilo de vida ocidental, mas são relativamente raras em indivíduos de populações não ocidentalizadas, que aderem a dietas, estilos de vida e nichos ecológicos que mais se assemelham aos que estiveram presentes em grande parte da evolução humana. Por outro lado, a dieta e o estilo de vida, bem como a exposição prolongada ao longo da vida a diversos poluentes, podem aumentar o estresse oxidativo e causar

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Artigo de pesquisa

NotiWiener Nº 193 - Junho 2021 - 1

Nº 193Ano LV 06/2021

Doenças crônicas associadas à inflamaçã ocelular. Marcadores bioquímicos a serviço da medicina e nutriçãoanti-inflamatóriaBioq. Mauricio Farí[email protected] de Investigação e Biotecnologia – Wiener Laboratorios SAIC, Rosario – Argentina

Novidades Pág. 8Vacunas

O laboratório prático Pág. 6Artigo de pesquisa Pág. 1 Artigo de pesquisa

Boletim de Serviço Bibliográfico da Wiener Laboratorios S.A.I.C

Pág. 4

Doenças crônicas associadas à inflamação celular. Marcadores bioquímicos a serviço da medicina e nutrição anti inflamatória

A tecnologia RT-PCR como ferramenta para o diagnóstico e monitoramento da infecção pelo vírus SARS-CoV-2

Doseamento do lítio no sangue (litemia).Utilidade, aspectos a considerar e metodologias

Uma das descobertas médicas mais impor-tantes das últimas duas décadas foi que o sistema imunológico e os processos inflamatórios que estão envolvidos não apenas em alguns distúrbios específicos, mas também em uma ampla variedade de problemas de saúde física e mental que dominam a morbimortalidade em todo o mundo.Na verdade, as doenças inflamatórias crônicas silenciosas foram reconhecidas como a causa de morte mais importante no mundo Atualmente, mais de 50 de todas as mortes são atribuíveis a doenças relacionadas à inflamação, como a cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral, câncer, diabetes mellitus, doença renal crônica, doença hepática gordurosa não alcoólica e doenças autoimunes e neurodegenerativas.

InflamaçãoA inflamação é um processo conservado evolutivamente, caracterizado pela ativação e não ativação da imunidade das células que protegem o hospedeiro de bactérias, vírus, toxinas e infecções. Sempre foi considerado como a resposta para infecções e lesões tissulares. Atual-mente, sabe se que há inflamação em muitos distúrbios em que não há infecção ou lesão tissular, e que as moléculas que participam do processo inflamatório também estão envolvidas na restauração da homeostase. Por tudo isso, sugere se redefinir a inflamação como a resposta

imune inata a estímulos que podem ser prejudiciais, como germes, lesões e estres-se metabólico.

Resposta resolutivaA resposta resolutiva (é a capacidade do corpo de se curar rapidamente de lesões ou doenças. Esta RR é formada por uma série de etapas sequenciais altamente coordenadas e, se não for forte e eficaz, as lesões e doenças continuam silenciosa-mente sem a presença de sintomas ou dor, isso é conhecido como "inflamação crônica sistêmica", e com o tempo causam o aparecimento das chamadas doenças crônicas.Portanto, a principal causa de qualquer doença crônica não é a inflamação em si, mas a falta de uma forte resposta resoluti-va do corpo para resolver e reparar a lesãotissular causada pela inflamação celular.

Fontes de inflamação crônica sistêmicaAcredita se que um processo complexo denominado senescência celular ocorra namedula espinhal de pessoas mais velhas, caracterizada pela interrupção da prolifer-ação celular e pelo desenvolvimento de um fenótipo secretor associado à senescência (sigla em inglês SASP). Este SASP é caracterizado pelo aumento da secreção de citocinas pró inflamatórias, quimiocinas e outras moléculas pró inflamatórias celulares por sua vez, as células senescentes expressadas por este fenótipo podem promover inúmeras

doenças crônicas, incluindo resistência à insulina, doenças cardiovasculares, hipertensão pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisema, doenças de Alzheimer e Parkinson, degeneração macular, osteoartrite e câncer. Embora não seja totalmente compreendido como essas células senescentes adquirem este SASP, acredita se que seja devido a uma combinação de fatores endógenos e riscos sociais, ambientais e de estilo de vida. As causas endógenas conhecidas incluem danos ao DNA, telômeros disfuncionais, alteração epigenômica, sinais mitogênicos e estresse oxidativo.Os contribuintes não endógenos incluem infecções crônicas, obesidade induzida pelo estilo de vida, disbiose do microbio-ma, dieta, mudanças sociais e culturais e toxinas ambientais e industriais. Há evidências de que as taxas de doenças relacionadas à inflamação celular sistêmi-ca aumentaram dramaticamente, tanto em pessoas mais velhas como em jovens que vivem em países industrializados e que seguem um estilo de vida ocidental, mas são relativamente raras em indivíduos de populações não ocidentalizadas, que aderem a dietas, estilos de vida e nichos ecológicos que mais se assemelham aos que estiveram presentes em grande parte da evolução humana.Por outro lado, a dieta e o estilo de vida, bem como a exposição prolongada ao longo da vida a diversos poluentes, podemaumentar o estresse oxidativo e causar

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Artigo de pesquisaDoenças crônicas associadas à inflamação celular. Marcadores bioquímicos a serviço damedicina e nutrição anti inflamatória

Figura 1

Lesão ou doença Inflamação resposta resolutiva cura

Lesão ou doença Inflamação resposta resolutiva cura

Inflamação celular não resolvida ← inflamação induzida por dieta

Doença crônica

Figura 2

Obesidade

HipertensãoTabagismo

Sedentarismo Diabetes

Resistênciaa Insulina

Risco Moderado

Perfil de Inflamação Celular AZVEPA:

Meu Resultado

Baixo Risco Alto Risco Risco Muito Alto

distúrbios genômicos e epigenômicos que podem induzir o fenótipo secretor associa-do à senescência.

Inflamação induzida pela dietaAs mudanças na dieta dos últimos 50 anosintroduziram uma nova fonte de nflamação a inflamação induzida pela dieta. Isso se tornou um ponto de partida para continuar a aumentar os níveis de inflamação celular que levam ao desen-volvimento mais rápido de uma doença crônica. A inflamação induzida pela dieta corta o equilíbrio exato necessário entre a inflamação e a resposta resolutiva. A incorporação de alimentos altamente processados, ricos em açúcares, tem gerado um cenário mundial de inflamação celular não resolvida.

Marcadores de inflamação que podem sermedidos no sangueA resposta resolutiva é controlada por fatores hormonais e genéticos difíceis de medir, pois não circulam no sangue como é o caso do fator de transcrição nuclear kappa (NF kB), ou AMP quinase, ou devido a um período de vida muito curto em níveis muito baixos, como ocorre com os eicosanóides (tromboxanos, leucotrienos e compostos semelhantes) e resolvinas (ampla gama de hormônios envolvidos naresposta de resolutiva). No entanto, existem marcadores no sangue que podem ser facilmente medidos, o que pode indicar se a resposta resolutiva de um indivíduo está otimizada ou não Esses marcadores são:1. A relação AA EPA no sangue2. Níveis de insulina em jejum3. A relação TG HDL4. Hemoglobina Glicosilada (HbA 1 c)

1. Relação de ácido araquidônico (AA) / ácido eicosapentaenoico (EPA) - Relação de AA/EPA (Figura 1)AA é o bloco de construção molecular para

os eicosanóides e o EPA para resolvinas. Quanto melhor seu equilíbrio no sangue, maior será a capacidade de resolver a inflamação celular residual. O primeiro uso da relação AA EPA para demonstrar a correlação com a redução decitocinas inflamatórias apareceu no New England Journal of Medicine em 1989. Seuuso em pesquisa clínica tem sido extrema-mente robusto ao longo dos anos, demon-strando que à medida que o AA EPA diminui, há melhora clínica significativa em várias doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, autoimunes eneurológicas.Esse parâmetro é o melhor marcador de inflamação, pois é utilizado para determi-nar a extensão da inflamação silenciosa em um paciente. Sua relação ideal é entre 1,5 e 3.

Esses valores podem ser encontrados na população japonesa que é considerada a mais saudável e longa do mundo, em pacientes com obesidade, diabetes tipo 2 bem como em doenças crônicas associa-das à inflamação silenciosa, valores de 20 ou mais podem ser encontrados.A melhor forma de reduzir essa relação é aumentar o consumo de ácidos graxos ômega 3 (óleo de peixe e marisco, nozes, sementes, etc e ao mesmo tempo reduzir oconsumo de ácidos graxos ômega 6 (óleo de girassol, óleo de milho etc.

2. Níveis de insulina em jejum (Figura 2)Com este parâmetro medido junto com a glicemia em jejum, o índice HOMA-IR pode ser obtido, um marcador de resistên-cia à insulina e avalia indiretamente a função das células beta do pâncreas.

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Em condições normais, há um equilíbrio entre a produção hepática de glicose e a secreção de insulina pelas células beta do pâncreas. Quando um indivíduo tem resistência à insulina, considera se que eleapresenta uma diminuição na função biológica desse hormônio, o que o obriga a gerar um aumento em suas concen-trações plasmáticas para manter a homeo-stase.Além disso, é considerado um fator de risco para doenças cardiovasculares, comohipertensão arterial e a cardiopatia isquêmica ou mesmo o desenvolvimento de diabetes mellitus. Além disso, é utiliza-do em casos de doença hepática gorduro-sa não alcoólica como um preditor de síndrome metabólica. Níveis de insulina maiores que 10 mU/mL têm maior poder preditivo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares do que níveis elevados de colesterol LDL.

3. Relação TG/HDL (Figura 3)A relação entre a concentração de triglic-erídeos (TG) e a lipoproteína de alta densidade (HDL) foi descrita como um marcador comparável de resistência à insulina, com a vantagem de ser uma ferramenta simples e amplamente disponível.Uma das primeiras consequências da inflamação induzida pela dieta é o desen-

volvimento de resistência à insulina no fígado, onde ocorre o processamento disfuncional das lipoproteínas, resultando no aumento dos níveis de TG e diminuição dos níveis de HDL, refletindo no aumento na relação TG/HDL.Este é um marcador de síndrome metabólica que precede o aparecimento da DBT tipo 2 em 8 a 10 anos. Além disso, há evidências de que esteja relacionado a fatores de risco cardiovascular em indivíduos aparentemente saudáveis.

4. HbAlc hemoglobina glicosilada (Figura 4)É um bom marcador que define a capaci-dade de reparar danos tissulares devido à inflamação celular, embora também seja utilizado para confirmar doenças como a DBT ou para avaliar sua evolução, também é um bom marcador de estresse oxidativo.O estresse oxidativo é uma consequência da produção de radicais livres, quando a célula utiliza os nutrientes que são ingeri-dos para gerar energia, o corpo também gera esses radicais livres. Se forem produz-idos em excesso, a célula gera menos energia para reparar o dano de qualquer tecido. Além disso, quanto maior o HbAIc, mais o AMP quinase (complexo enzimáti-co que regula o balanço de energia celular) será inibido. Esta é a razão pela qual os diabéticos têm menor atividade da AMP quinase do que os não diabéticos. Esta enzima deve estar operando com eficiência máxima para completar a última etapa crítica necessária para otimizar a resposta resolutiva. Níveis elevados desses marcadores clínicos não indicam que haja uma doença crônica, mas sim que o potencial inflamatório do paciente aumentou signif-icativamente. Isto é que, embora o indivíduo não esteja doente o suficiente para considerar que tem uma doença metabólica crônica, não pode ser consider-ado saudável (apesar de não apresentar

sintomas).O objetivo do medicamento anti-in-flamatório é devolver ao paciente um estado de bem estar, e isso só pode ser alcançado diminuindo os níveis de inflamação silenciosa que podem ser determinados por esses marcadores de inflamação, sempre acompanhados de outros parâmetros laboratoriais e um boa avaliação clínica.

Referências• Sears B. La zona antiinflamatoria. Libros Regan. Nueva York, NY (2005).• Bierhaus A, Stern DM, y Nawroth PP. "Furia en la inflamación: ¿Una nueva diana terapéutica?" Curr Opinión Investig Drugs 7: 985-991 (2006).• Furman D, Campisi J, Verdin E. La inflamación crónica en la etiología de las enfermedades Nature Medicine 25: 1822–1832 (2019).• Baker RG, Hayden MS, y Ghosh S. "NF-κB, inflamación y enfermedad metabólica". Célula Metab 13: 11-22 (2011).• Antonelli M , Kushner. ¿Qué queremos decir cuando decimos "inflamación"? FASEB Journal 5:1787-1791 (2017).• Baez Duarte A, Nieva Vazquez A, Zamo-ra-Ginez A, RELACIÓN DEL ÍNDICE TG/HDL CON FACTORES DE RIESGO CARDIO-VAS-CULAR EN SUJETOS APARENTEMENTE SANOS. 8va Conferencia Científica Anual Sobre Síndrome Metabólico: 3, ISSN: 2395-8103 (2016).• González-Chávez A, Simental-Mendía L A, Elizondo-Argueta S. Relación triglicéridos/colesterol-HDL elevada y resistencia a la insulina. Cir; 79:126-131(2011).• López-Diazguerrero N, Königsberg M. Participación del fenotipo secretor de las células senescentes en el desarrollo del cáncer, el envejecimiento y las enferme-dades asociadas a la edad. Gac Med Mex.151:491-500 (2015).• De Fina LF. Vega GL. Leonard D. y Grundy SM. "La glucosa en ayunas, la obesidad y el síndrome metabólico como predictores de la diabetes de tipo 2: El estudio longitudinal del Cooper Center". J Investig Med 60: 1164-1168 (2012).• Baker RG, Hayden MS, y Ghosh S. "NF-κB, inflamación y enfermedad metabólica". Célula Metab 13: 11-22 (2011).Agradecimiento al Dr. Lisandro Romagnoli Médico especialista en Medicina interna y Nutrición Antiinflamatoria.

NotiWiener Nº 193 - Junho 2021 - 3

Artigo de pesquisaDoenças crônicas associadas à inflamação celular. Marcadores bioquímicos a serviço da

medicina e nutrição anti inflamatória

Figura 4

Figura 3

GlóbuloVermelho

HemoglobinaGlicosilada

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Diante do surgimento e da rápida dissemi-nação do vírus SARS-CoV-2 em todo o mundo, o principal desafio tem sido contar com métodos diagnósticos confiáveis e urgentes para detectar o vírus, diante de uma demanda constante e crescente. A rápida identificação e isolamento dos indivíduos infectados são cruciais. Uma vez que os sintomas e as descobertas radiológicas da doença causada por este vírus conhecido como COVID-19 são inespecíficos, a infecção por SARS-CoV-2 deve ser confirmada o mais rápido possível.Nas infecções respiratórias agudas em geral, o RT-PCR é utilizado rotineiramente para detectar microrganismos com genomas de RNA (ácido ribonucleico) responsáveis por tais, a partir de secreções respiratórias. Essa robusta tecnologia amplamente implantada no diagnóstico virológico tem servido, diante dessa emergência na saúde pública mundial, para estabelecer novos testes diagnósti-cos.Em geral, o diagnóstico laboratorial de SARS-CoV-2 (infecção aguda) é baseado em testes de detecção direta do genoma viral, especificamente amplificando regiões genômicas altamente conservadas do vírus, a partir de amostras respiratórias. Dentre os métodos molecu-lares de detecção do vírus, o RT-PCR é considerado o teste gold standard para o diagnóstico de pessoas sintomáticas com suspeita de COVID-19.A maioria dos testes comerciais disponíveis baseados em RT-PCR amplifi-cam simultaneamente mais de uma regiãogenômica do vírus, o que proporciona melhor sensibilidade e confiabilidade na detecção. Esses testes usam sequências denucleotídeos de regiões altamenteconservadas do genoma viral, relaciona-das a proteínas da nucleocapsídeo (gene N), RNA polimerase dependente de RNA (gene RdRp) e ou do revestimento (gene E)(Figura 1).Em geral, as mutações ou variações do genoma viral que podem ocorrer na regiãode ligação dos iniciadores desenvolvidos para RT-PCR podem influenciar no desem-

penho dos testes. Por este motivo, tais devem ser monitorados continuamente para verificar sua compatibilidade com cepas de vírus circulantes. Este monitora-mento é muito importante no caso do SARS-CoV-2 uma vez que várias mutações foram descritas.Devido à sua alta sensibilidade, o RT-PCRpode detectar sequências de RNA do SARS-CoV-2 desde a fase assintomática deincubação até várias semanas após a resolução do quadro clínico. No entanto, percentagens variáveis de falsos negativostêm sido relatadas devido a fatores associados à coleta e processamento de amostras e à dinâmica da carga viral (CV).Existem publicações que descrevem percentual maior de falsos negativos nos primeiros 5 dias após a infecção (até 67%) e um percentual menor no dia 8 (21 %) portanto, seria aconselhável que os testesde RT-PCR fossem realizados de 1 a 3 diasapós o início dos sintomas, a fim de minimizar os riscos de um diagnóstico

incorreto e evitar a transmissibilidade da infecção.Embora excelentes técnicas estejam disponíveis para o diagnóstico de pacien-tes sintomáticos com COVID-19 em laboratórios bem equipados, lacunas críticas permanecem para o rastreamento de pessoas assintomáticas que estão na fase de incubação da infecção, bem como a determinação precisa da disseminação de vírus vivo durante a convalescença, para definir corretamente o fim do isolamento.Por outro lado, desde o início da pandemia, um grande número de ensaios clínicos foram realizados com tempos de execução e avaliação muito limitados. Diante disso, surge a necessidade de contar com métodos padronizados e clinicamente validados de monitoramento da infecção, que permitam avaliar as diferentes alternativas terapêuticas que vão aparecendo. Esses métodos quantita-tivos não têm como objetivo diagnosticar

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Imagem do Sars-CoV-2

A tecnologia RT-PCR como ferramenta para o diagnóstico emonitoramento da infecção pelo vírus SARS CoV 2PhD, Rosana [email protected] de Investigação e Biotecnologia – Wiener Laboratorios SAIC, Rosario – Argentina

Artigo de pesquisa

Figura 1: Organização genômica do SARS-CoV-2

Detecção

5' 3'

Detecção Detecção

Membrana

Envoltório

Nucleocapsídeo

Poliproteína ORFlab

Spike

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Um teste possa quantificar esse vírus também pode ajudar a entender sua dinâmica, bem como sua relevância em pacientes assintomáticos versus aqueles que desenvolvem a doença. Em geral, a CV afeta a gravidade da doença em infecções virais agudas.Embora existam muitas publicações sobre a utilidade da CV, não existem métodos comerciais disponíveis até o momento.A composição de um teste molecular que permite a quantificação absoluta do número de moléculas de RNA SARS-CoV-2 por RT-PCR a partir de amostras respiratórias deve incluir:• Iniciadores e sondas que reconheçam especificamente uma região genômica dovírus, particularmente as publicadas comoregiões altamente conservadas (gene RdRp,gene N, etc.• Um padrão de RNA viral SARS-CoV-2 deconcentração conhecida.• Uma mistura de reação que inclua as enzimas de transcrição reversa amplifi-cação em um meio adequado.• Também é desejável incorporar um Controle Interno Endógeno (como um gene constitutivo) que normalize a CV medida para o número de células na amostra biológica respiratória, minimizan-

do os erros devido à sua heterogeneidadeEstudos publicados revelam a importânciada dinâmica da CV do SARS-CoV-2 para gerar algoritmos integrais para a prediçãode risco e a abordagem de pacientes comCOVID-19. É descrito na bibliografia que a CV do SARS-CoV-2 atinge seu ponto máximo na primeira semana do início dos sintomas.Os padrões de Vírus de RNA observados em pacientes com COVID-19 leve e grave confirmam que os casos graves tendem a ter uma CV alta e um período mais longo de eliminação do vírus A CV média dos casos graves foi cerca de 60 vezes maior do que a de casos leves, sugerindo que uma CV mais alta poderia estar associada a resultados clínicos graves.Além disso, casos leves foram diagnostica-dos com paridade viral precoce 90 desses pacientes testaram repetidamente como negativos por RT-PCR no dia 10 após o início da doença. Pelo contrário, todos os casos graves deram positivo na mesma fase. Essa descoberta sugere que a carga viral do vírus pode ser um marcador útil para avaliar a gravidade e o prognóstico da doença.Também foi encontrada associação independente entre a CV alta e a mortali-

dade, portanto, esse marcador poderia ser uma estratégia útil para estratificação de risco e seleção das terapias mais apropria-das para cada paciente em particular. A CV é também um fator decisivo para a implementação de medidas de isolamen-to, baseadas na infecciosidade. Estão pendentes estudos que podem revelar com maior profundidade a dinâmica da CVna infecção por SARS-CoV-2 e suas possíveis relações com anticorpos neutral-izantes, citocinas, comorbidades, tratamentos, etc.Então, medir a CV pode ser útil na prática clínica? Provavelmente sim, uma vez que um resultado de RT-PCR positivo pode nãosignificar necessariamente que a pessoa ainda seja infecciosa ou que ainda tenha uma doença significativa.O RNA pode ser de um vírus inviável e/ou a quantidade de vírus vivo pode ser muito baixa para transmissãoa.

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Artigo de pesquisaA tecnologia RT-PCR como ferramenta para o diagnóstico e monitoramento da infecção pelo vírus SARS-CoV-2

Figura 2: Estágios de testes baseados em RT-PCR

Bibliografía• The Lancet Respiratory Medicine May 2021, 9; 5/435-544.• Corman, V; et al – Detection of 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) by real-time RT-PCR. www.eurosurveillance.org,23 Jan 20.• https://covidreference.com/diagnosis_es• World Health Organization. Clinical mana-gement of severe acute respiratory infection (SARI) when COVID-19 disease is suspected - Interim guidance [Internet]. 2020 [cited 2020 Mar 18]. Available from: https://apps.who.int/iris/rest/bitstreams/1272156/re-trieve• Arons MM, et al. Presymptomatic SARS-CoV-2 Infections and Transmission in a Skilled Nursing Facility. New England Jour-nal of Medicine. 2020 Apr 24;0(0):null.• He X, et al. Temporal dynamics in vi-ral shedding and transmissibility of COVID-19. Nature Medicine. 2020 Apr 15;1–4.• Pan Y, et al. Lancet Infect Dis. 2020;( pu-blicado en línea el 24 de febrero) https://doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30113-• Younes, N. Challenges in Laboratory Diagnosis of the Novel Coronavirus SARS-CoV-2. Viruses 2020 May 26;12(6):582.•(https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32570045/).• Artesi M, et al. Failure of the cobas® SARS-CoV-2 (Roche) E-gene assay is asso-ciated with a C-to-T transition at position 26340 of the SARS-CoV-2 genome. me-dRxiv; 2020.04.28.20083337 (Preprint).10.1101/2020.04.28.20083337

I) Recolha de amostras respiratórias

III) RT-PCR

II)Extração de RNA viral

IV) Análise dos Resultados

Cópias por reação (Ct)

Fluo

resc

ênci

a

Linha base

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O lítio é um elemento químico de símbolo Li e número atômico 3 Na tabela periódi-ca, pertence ao grupo 1 dos elementos alcalinos. Sob condições normais, é um metal leve e branco prateado que oxida rapidamente no ar ou na água. Sua densidade é a metade da água, sendo o metal mais leve e menos denso.Como os outros metais alcalinos, é univa-lente e muito reativo, embora menos do que o sódio, por isso não é livre na nature-za. Aproximado de uma chama torna se

carmesim mas, se a combustão for violen-ta, a chama adquire uma cor branca brilhante.

UtilidadeO lítio é muito útil na indústria (é utilizadoprincipalmente em ligas condutoras de calor, em baterias elétricas, etc.) mas também é útil na clínica, pois é utilizado como agente farmacológico para o tratamento da fase maníaca de distúrbiosafetivos, manias e transtornos bipolares. O

transtorno bipolar conhecido anterior-mente como transtorno maníaco depres-sivo. É uma doença mental grave, que pode levar a comportamentos de risco e até tendências suicidas se não tratada, acredita se que afete 1 em cada 100 pessoas e, de acordo com a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) é a sexta princi-pal causa de deficiência no mundo.O mecanismo de ação do lítio não está totalmente esclarecido, mas acredita se que causaria depleção de inositol no cérebro, reduzindo a resposta à estimu-lação alfa adrenérgica (Figura 1).É administrado principalmente como carbonato de lítio, é totalmente absorvidopelo trato gastrointestinal e os níveis séricos máximos ocorrem de 2 a 4 horas após uma dose oral e tem vida média de 48 a 72 horas, sua principal via de excreção é a renal.O intervalo terapêutico do lítio é de 0,6-1,2 mmol/L, sendo superior a 1,5 mmol/L indicativo de intoxicação (Figura 2)Devido à estreita margem terapêutica, é importante monitorar os níveis sanguí-neos. Os primeiros sintomas de intoxi-cação incluem estados de apatia, preguiça, sonolência, letargia, movimen-tos mioclônicos, fraqueza muscular e ataxia, embora também possam afetar a nível cardiovascular, endócrino e gastroin-testinal.Apesar das possíveis dificuldades com o tratamento com lítio, continua sendo o tratamento escolhido para o transtorno bipolar e para estabilizar o humor na maioria dos pacientes, melhorando muitosua qualidade de vida.

Considerações pré analíticasA etapa pré analítica como se sabe é fundamental dentro de um processo de análise, visto que aproximadamente 70% dos erros que podem ocorrer dentro de um

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Figura 2

O laboratório prático

Doseamento do lítio no sangue (litemia).Utilidade, aspectos a considerar e metodologiasBioq. Agustin [email protected] Corporativo – Wiener Laboratorios SAIC, Rosario – Argentina

LABORATÓRIOPRÁCTICO

Figura 1

RESPOSTA

Mobilização

Ativação de PKc

Receptor deneurotransmissor (GPCR)

Nível terapêutico 0,6-1,2mmol / L

Terapia demanutenção

Mania aguda

Toxicidade

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processo de análise ocorrem nesta fase, por isso é essencial minimizar tais erros para obter um resultado dentro dos padrões de qualidade.Para a dosagem de lítio, é importante ter informações do paciente, como:• Data, hora e dose (quantidade) de lítio ingerido. Esse é um ponto importante, pois é recomendável administrar a dosagem de lítio no sangue 12 horas após a última dose.• Medicamentos administrados (laxantes, diuréticos, etc.) pois afetam a duração média do lítio no sangue e, portanto, seunível no momento da extração.• Presença de doenças pré existentes (intestinais, endócrinas, etc.).• Ter tomado lítio regularmente e ter tomado a mesma dose por pelo menos 5 dias. A extração pode ser por punção venosa ou arterial e a amostra pode ser

soro ou plasma, lembrando que, se for escolhido plasma, não se deve usar heparina de lítio, no caso poderá utilizar heparina sódica ou Potássio + EDTA.Se a amostra não for processada durante odia, pode ser mantida por 5 dias em temperatura ambiente (20 25 °C) ou 30 dias entre 2-10 °C.

MetodologiasAtualmente existem diferentes métodos para determinação de lítio no sangue, as quais evoluíram com a finalidade se tornar mais acessível a determinação nos laboratórios.Vale ressaltar que esses métodos emergentes apresentaram boa correlaçãocom o método de referência (espectrosco-pia de absorção atômica de chama), aceitando seu uso e apresentando bom desempenho clínico.

Antes de 1987 o lítio era medido por espectrometria de emissão atômica com chama (FAES) em cerca de 90 dos laboratórios e por espectrometria de absorção atômica em chama (FAAS) no restante Isso implicava que nem todos oslaboratórios poderiam realizar essa determinação, mas que estava subordina-da àqueles que dispunham de equipamen-to e infraestrutura adequados para realizá la (Figura 3). Posteriormente, analisadores de lítio baseados na técnica seletiva de Íon (ISE) de 1 ª geração, e em 2 anos, (em 1989) o teste de lítio por ISE atingiu aprox-imadamente 20 de todos os ensaios clínicos devido ao custo benefício e facilidade de uso em comparação com o método FAES.Em 2001 foi desenvolvido um teste colorimétrico utilizando uma reação entre o lítio e um composto porfirínico em meio alcalino, formando um complexo que é absorvido a X 510/480 nm. Este ensaio tornou se imediatamente popular em laboratórios clínicos, pois pode ser utiliza-do em analisadores de química geral (Figura 4).Em 2008 uma nova forma de determinar olítio foi introduzida no mercado o teste enzimático do lítio. Este ensaio é baseado em uma enzima sensível ao lítio, cuja atividade depende da concentração de lítio e tem atividade de fosfatase. Esta enzima converte seu substrato Adenosina Bifosfato (PAP) em hipoxantina e através de uma reação enzimática acoplada é gerado o peróxido de hidrogênio (H2O2), que é quantificado por uma reação de Trinder convencional. A concentração de lítio na amostra é inversamente proporcio-nal à atividade enzimática ou à quanti-dade de H2O2 produzida na reação (Figura 5).

NotiWiener Nº 193 - Junho 2021 - 7

O laboratório práticoDoseamento do lítio no sangue (litemia). Utilidade, aspectos a considerar e metodologias

Figura 4

Figura 5

Figura 3: Método de Espectrometria de Emissão Atômica por Chama (FAES)

AtomizarEstimular

Chama Monocromadorou filtro

AmostraSeleccionar

Emissã

Detector Registrador

Enzimasensível aoLítio

Substrato(PAP)

Inibição

Peroxidase

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A imunização salva milhões de vidas a cada ano e é amplamente reconhecida em todo o mundo como uma das intervenções de saúde com melhor custo benefício. Mesmo assim, ainda existem milhões de pessoas não vacinadas ou vacinadas de forma incompleta no mundo.As vacinas interagem com o sistema imunológico e produzem uma resposta semelhante à gerada por infecções naturais, mas sem causar doenças ou colocar o imunizado em risco por possíveiscomplicações. Uma vacina é uma prepa-ração que visa gerar imunidade contra uma doença, estimulando a produção de anticorpos (imunidade ativa). Existem trêsmétodos principais para fabricar uma vacina. Esses métodos são diferenciados conforme os vírus ou bactérias inteiras são utilizadas, apenas os fragmentos do patógeno que induzem uma resposta do sistema imunológico ou apenas o material genético que contém as instruções para a produção de proteínas específicas e não o vírus inteiro (Figura 1).Antes que a eficácia e a segurança das vacinas sejam determinadas no estágio dedesenvolvimento, muitas das vacinas experimentais são submetidas a testes. Por exemplo, aproximadamente 7 de cada 100 vacinas são analisadas em laboratóri-os e testadas em modelos experimentais são consideradas boas o suficiente para passar para a fase de ensaio clínico em humanos. De todas as vacinas que chegam à fase de ensaio clínico, apenas uma em cada cinco demonstra ter alguma utilidade real.

Vacinas inativadasA primeira das estratégias que podem ser utilizadas para projetar uma vacina é isolar o vírus ou bactéria patogênica, ou muito semelhante, e inativá las ou destruí las através de produtos químicos, calor ouradiação. Nesta estratégia utiliza se a tecnologia que já demonstrou funcionar no tratamento de doenças que afetam

humanos (por exemplo, este método é utilizado para fazer vacinas contra a gripee a poliomielite).

Vacinas vivasPara fabricar vacinas vivas, vírus patogêni-cos ou muito semelhantes são utilizados epermanecem ativos, mas enfraquecidos. Avacina do tipo MMR (com componente dosarampo, antiparotidítico e rubéola) as vacinas contra varicela e zoster são exem-plos desse tipo de vacina. Às vezes, não éconveniente administrar vacinas desse tipo a pessoas imunossuprimidas.

Vacinas baseadas em vetores viraisPara fabricar esse tipo de vacina, um vírusinofensivo é utilizado para transportar fragmentos específicos (chamados de “prote{inas”) do patógeno de interesse para que induzam uma resposta imune sem realmente causar a doença. Para conseguir isso, as instruções para fabricação de fragmentos específicos do patógeno de interesse são inseridas em um vírus inofensivo. Feito isso, o vírus inofensivo serve como uma plataforma (um “vetor”) para introduzir a proteína no organismo. Posteriormente, a proteína induz uma resposta imune. Por exemplo, a vacina contra o Ebola é uma vacina basea-da em um vetor viral Este tipo de vacina pode se desenvolver rapidamente.

COVID-19Atualmente, mais de 200 vacinas experi-mentais contra o COVID-19 estão sendo desenvolvidas. Destas, pelo menos 52 estão nas fases de teste em humanos. Existem muitas outras vacinas que estão atualmente na fase I ou II e que passarão

para a fase III nos próximos meses. Algumas das vacinas desenvolvidas contra COVID-19 contêm RNA mensageiro (mRNA) uma técnica que vem sendo estudada há mais de 10 anos e tem sido utilizada para fazer vacinas contra Zika, raiva e gripe.Os ensaios clínicos indicam que essas vacinas fornecem imunidade de longo prazo e foram exaustivamente testadas quanto à segurança. Como não contêm vírus vivos, não interferem no DNA humano.Como todas as vacinas, as desenvolvidas contra COVID-19 passam por um rigorosoprocesso multifásico que inclui, por exem-plo, a realização de extensos ensaios clínicos com dezenas de milhares de pessoas. Esses testes são projetados especificamente para detectar quaisquer efeitos colaterais ou outros problemas de segurança.Um comitê externo de especialistas, convocado pela OMS, analisa os resulta-dos dos ensaios clínicos e recomenda as vacinas que devem ser utilizadas e o modo de utilizá las. Posteriormente, cabe às autoridades de cada país autorizar ou não o uso de cada vacina em suas jurisdições edesenvolver políticas para administrá las, com base nas recomendações da OMS.Grandes ensaios clínicos randomizados foram realizados para avaliar as vacinas contra o COVID-19 que incluíram pessoas de uma ampla gama de idades, ambos os sexos e origens étnicas, e até mesmo pessoas com doenças prévias Os resulta-dos indicam que essas vacinas são muito eficazes em todos os grupos populacionais.

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Boletim de Serviço Bibliográfico da Wiener Laboratorios S.A.I.C.Número 193 - Año LV - Junho de 2021Diretora: Luisina Passarelli ([email protected])Editor: Centro de Investigação e Biotecnologia (CIBIO) - Marketing Corporativo Wiener lab.Editor Responsável: Wiener Laboratorios S.A.I.C.www.wiener-lab.com [email protected]

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Figura 1: Tres métodos principales para fabrica una vacuna.