Novas Cartografias

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novas CARTO GRAFIAS SIMPÓSIO & EXPOSIÇÃO MAIO/JUNHO 2013 RIO DE JANEIRO CENTRO CARIOCA DE DESIGN PRAÇA TIRADENTES Patrocínio CAMPO aud Realização Instituto Rio Patrimônio da Humanidade © NOVAS CARTOGRAFIAS 2012 Vencedor do Edital Pró-Design Categorias EXPOSIÇÃO & SIMPÓSIO

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Novas Cartografias - Projeto, Exposição e Simpósio

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novasCARTOGRAFIAS

SIMPÓSIO & EXPOSIÇÃO

MAIO/JUNHO 2013 RIO DE JANEIROCENTRO CARIOCA DE DESIGN

PRAÇA TIRADENTES

Patrocínio

CAMPO audRealização Instituto Rio

Patrimônio da Humanidade

© NOVAS CARTOGRAFIAS 2012 Vencedor do Edital Pró-Design Categorias EXPOSIÇÃO & SIMPÓSIO

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1.1. Mapeamento como Reflexão e Ação

Os trabalhos ao lado From South to Norte. da artista

Lize Mogel, fazem parte da publicação An Atlas of

Radical Carthography, coletânea de mapas e ensaios

sobre cartografia e política. Ilustra a ideia de mapa como

instrumento critico de reflexão e posicionamento.

“… a função do mapeamento – ao invés de

ser estritamente um espelho da realidade – é

produzir a reformulação dos mundos nos quais as

pessoas vivem.”

JAMES CORNER

The Agency of Mapping

Já o trabalho Locals and Tourists, do artista Eric Fischer

mapeia o fluxo de locais e turistas em londres, mostrando

como a cartografia pode representar dados invisíveis

lidando com a temporalidade.

1. REFERÊNCIAS GERAIS

1.2. Rio de Janeiro e Representação

As imagens abaixo ilustram como as reproduções do Rio

de Janeiro expressam uma determinada visão da cidade

e portanto constroem a percepção coletiva.

Pode-se perceber na maioria dos mapas turísticos a

ênfase dada à Zona Sul do Rio de Janeiro, destacando

à orla da cidade, aos espaços públicos de lazer e ao

ambiente natural, aspectos que são exportados (e

importados também) como imagem absoluta da realidade

urbana carioca.

Os cartões postais exemplificam o que poderíamos

chamar de pré-definição da experiência da cidade.

Um visitante já espera os cenários estereotipados e

romantizados do hedonismo carioca.

From South to Norte, Lize Mogel

Locals and Turists, Eric Fischer

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2. EIXOS TEMÁTICOS

Temos como principal interesse de experimentação a

forma como dados que dizem respeito à temporalidade

dos espaços e às percepções subjetivas individuais e

coletivas podem ser coletados e/ou inseridos em um

sistema dinâmico de mapeamento. Esses dados em

constante movimento tratam de informações “invisíveis”

para o mapeamento tradicional (serviços informais,

percursos cotidianos, atividades esporádicas, histórias

esquecidas), porém igualmente relevantes de serem

estudados. Considerando que não se vislumbra aqui uma

definição fechada de um produto final gráfico ou digital,

mas sim em abrir possibilidades a serem desenvolvidas

no processo de trabalho, elegemos cinco campos

temáticos em torno dos quais a reflexão se desenvolve.

It´s Good to be Here, trabalho da artista Candy Chang.

http://www.soundwalk.com/

Site que relata as experiências urbanas de grupos sociais

específicos que sugerem visitas áudio guiadas.

2.1. Identidade e Familiaridade

Como podemos ressaltar a identidade de cada lugar?

Esse tema trata a cidade como um conjunto das

experiências cotidianas. Os diferentes pontos de vista

sobre o espaço urbano, longe de competirem entre si, se

complementam em um conjunto diversificado e rico. Essas

experiências evidenciam a familiaridade de cada um com

a cidade, além de evidenciarem grupos sociais que agem

de forma completamente diferente, mas usando o mesmo

espaço como suporte.

Uma vez levantadas as peculiaridades de uma vizinhança,

podem ser enfatizados alguns aspectos que ajudem a

construir um sentimento de grupo, um reconhecimento

afetivo das pessoas com aquele espaço.

A familiaridade com um lugar influencia na autoestima das

pessoas e muda a maneira com que essas interagem com

o mesmo. Nós precisamos de mapas que sejam atentos a

quanto um lugar é importante para nós.

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http://www.cardiffmiller.com/artworks/walks/

Artista que sugere caminhos a serem percorridos a partir de um áudio-

guia. Esse áudio contém sonoridades diversas que estimulam percepções

e encaminham o deslocamento e o olhar.

The Naked City

Mapa que divide a cidade de Paris em “unidades de ambiência” e faz

ligações afetivas entre elas. A psicografia era uma técnica usada pelos

Situacionistas, que buscava cartografar as diferentes ambiências

psíquicas provocadas pelas deambulações urbanas.

2.2. Percursos

Como incorporar no mapa o ponto de vista individual dos

habitantes e visitantes da cidade? Quais os caminhos que

definem a sua cidade do Rio de Janeiro? Como explorar

essas subjetividades?

As cidades vivem hoje um fenômeno global que pode

ser entendido como uma crise da própria noção de

cidade que leva os cenários urbanos a oscilarem entre a

cidade-museu congelada pela noção de patrimônio e a

cidade genérica que, sem particularidades, proporciona

uma experiência pasteurizada. A cidade espetacularizada,

caracterizada por esses dois cenários, baseia-se na

alienação e na passividade, ou seja, é o oposto da

participação ativ dos indivíduos em todos os campos

da vida social. Ainda olhamos para o mapa de forma

funcionalista. Não levando em conta a função psicológica

da ambiência. No entanto, um percurso pode ser mais do

que sair de um ponto e chegar a outro...

O mapeamento pode ser sensível aos anseios e

sentimentos de cada cidadão. Ao agregarmos esses

dados ao mapeamento, o mapa passa a funcionar como

uma coletânea de experiências. O mapa geralmente

pressupõe neutralidade, mas é um guia da nossa

percepção. E como seria de fato receber coordenadas

a partir do ponto de vista de alguém? A cidade pode ser

divertida nesse jogo de significados...

“A brusca mudança de ambiência numa rua,

numa distância de poucos metros; (...) o aspecto

atraente ou repulsivo de certos lugares; tudo isso

parece ser deixado de lado. Pelo menos nunca

é percebido como dependente de causas que

podem ser esclarecidas por uma análise mais

profunda, e das quais se pode tirar partido.”

PAOLA BERENSTEIN-JACUES,

Apologia da Deriva, Escritos situacionistas sobre a cidade

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http://heyneighbor.com

Site que promove a interação entre vizinhos. Você pode pedir uma ajuda

ou estender a mão; compartilhar, comprar ou vender perto de casa; ou

atualizar seus vizinhos com informações relevantes.

http://www.portoalegre.cc/

Site que permite o micro-ativismo interativo

I wish this was

trabalho da artista Candy Chang, no qual coloca

cartões para sugestões em lugares abandonas de

determinada vizinhança. Os moradores sugerem o que

queriam que fosse aquele lugar.

2.3. Micro-Ativismo

Quem melhor do que o morador para cuidar do seu

bairro, apontar seus problemas e potencialidades e se

tornar também um agente responsável pelo espaço em

que habita e circula? A ideia de “micro-ativismo” parte da

possibilidade de reconhecimento da cidade através da

vivência ativa no dia-a-dia da própria vizinhança (espaços

e pessoas): às vezes a solução para os nossos problemas

habita a porta ao lado.

Quer seja para a solução individual de um problema

comum, quer seja na ajuda comunitária a um problema

individual, o mapeamento pode servir como plataforma

de relações de vizinhança, onde ativamente construímos

nossa cidade.

2.4. Temporalidade

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http://www.historypin.com/

Site que permite a visualização de imagens históricas de forma

georeferenciada.

http://archive.onedayonearth.org/videos

Site que reúne vídeos feitos no mesmo dia do ano em todos os lugares do

mundo. É uma espécie de arquivo de um momento histórico, que nos faz

perceber a simultaneidade de diversas atividades no mundo.

A cidade é um acumulo de camadas de história que

podem ser lidas pelas permanências que alcançam

o nosso tempo presente. Porém, aquilo que vemos

do passado são as estruturas físicas que resistiram às

transformações e raramente paramos para imaginar os

costumes do passado e do futuro naquele lugar.

O mapa representa usualmente um recorte temporal e

não transparece as outras camadas de tempo daquele

mesmo espaço físico. Como podemos atravessar as

camadas históricas que delinearam e irão delinear a

nossa cidade? Como um mapa pode fazer a cidade

se tornar um museu dela própria? Como podemos

aprender sobre a cidade ao mesmo tempo em que a

experimentamos?

“A cidade é então figura espacial do tempo onde

se conjugam presente, passado e futuro. Ela é,

por sua vez, o objeto da experiência sideral, da

lembrança e da expectativa.”

MARC AUGÉ

Por uma Antropologia da Mobilidade

Outros dados que podem ser relevantes para olhar a

cidade hoje são as suas possibilidades futuras. As utopias

dos projetos não realizados ou planos urbanos não

executados podem nos dar pistas para refletir e intervir

na cidade atual. Os diversos planos que definiram um

Rio de Janeiro futuro ficam na história do planejamento,

mas também permanecem em trechos de ruas, edifícios,

ideologias. Essas utopias permanecem, em certo sentido,

na cidade real “são as formas que a cidade teria podido

tomar se, por uma razão ou por outra, não tivesse se

tornado o que é atualmente” (Ítalo Calvino, As Cidades

Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990).

E quais são as utopias e os projetos de hoje que definem

os “Rios” de amanhã? Quais espaços são palco de

projeções futuras? O mapeamento deve dar conta de

representar tanto esses anseios futuros, como as histórias

passadas: conhecer um Rio de Janeiro que foi, mas não é

mais, outro que poderia ter sido e ainda outro que virá a

ser. Todos ajudam a compreender e apreciar a riqueza do

Rio agora, no tempo presente.

2.5. Efemeridades

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Urban Voids

Projeto realizado pelo CAMPO aud para o workshop

“Unsolicited Architecture” no Rio de Janeiro. O diagrama

acima mostra o funcionamento do bairro da Lapa nas

diversas horas do dia, explicitando o funcionamento cíclico

da cidade.

http://julioportfolio.com/hidden/hiddencity.html

Trabalho que procura registrar espaços da cidade de Barcelona

incorporando movimento à fotografia. Passando o mouse sobre algumas

das fotos montadas vemos um vídeo do mesmo ponto de vista.

Além do tempo histórico, o registro convencional da

cidade não dá conta das mudanças cotidianas de usos

e atividades dos espaços. Uma praça que durante a

semana é vazia pode abrigar a mais frequentada feira de

antiguidades aos domingos, ou uma vez no ano podem

estar ali milhares de pessoas com fantasias de carnaval.

Como a dinâmica cíclica da cidade pode se tornar um

dado a ser computado no mapeamento?

Essas atividades espontâneas no espaço público têm

como característica autogerenciar seu aparecimento

e desaparecimento. Elas reforçam a realidade do

território urbano como o lugar onde diferentes usos se

sobrepõem uns aos outros, em oposição à crescente

homogeneização dos espaços públicos.

“Indo de encontro com as ideias de cidade como

o lugar do consenso e consumo, as ocupações

temporárias do espaço clamam por seu valor

de uso, revelam diferentes necessidades e

deficiências, que afetam grupos específicos e

ainda impulsionam a criatividade e o imaginário

subjetivo.”

Prof. Theoharis David

texto para a exposição Post-it City: Occasional Urbanities, 2008

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3. BIBLIOGRAFIA ABRAMS, Janet; HALL, Peter. Else/Where: Mapping New

Cartographies Of Networks And Territories; Elsewhere; Mapping

New Cartographies Of Networks And Territories. Minneapolis:

University Of Minnesota Design Institute, 2006

AMIN, Ash; THRIFT, Nigel. Cities: Reimagining the Urban.

Londres: Polity Press, 2002

AUGÉ, Marc. Por uma Antropologia da Mobilidade. Maceió:

Editora UNESP/ Editora UFAL, 2010

BERENSTEIN-JACQUES, Paola (org). Apologia da Deriva,

Escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da

Palavra, 2003

CALVINO, Ítalo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das

Letras, 1990

de CERTEAU, Michel. The Practice of Everyday Life. Berkeley:

University of California Press, 1988

CORNER, James. The Agency Of Mapping; Speculation, Critique

And Invention. Págs. 231-252 In COSGROVE, Denis. Mappings.

Londres: Reaktion Books, 1999

DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. São Paulo: Graal, 2006

ERLHOFF, Michael et all; Designing Public - perspectives for the

public. Koln: Birkhauser, 2008

GRAHAM, Stephen; MARVIN, Simon. Splintering Urbanism –

Networked Infrastructures, Technological Mobilities and the Urban

Condition. Londres: Routledge, 2001

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de Presença – O que o

Sentido Não Consegue Transmitir. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio,

2010

KOOLHAS, Rem. Nova York Delirante. São Paulo: Cosac Naify,

2010

LYNCH, Kevin; The image of the city. Cambridge: MIT Press, 1960

McCullough, Malcolm; Digital Ground; architecture, Pervasive

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2004

OPEN magazine 2006/ no. 11 + 2010 no. 19

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Hucitec,

1996

SANTOS, Milton. O Espaço Dividido. São Paulo: EdUSP, 2004

WEIBEL, Peter (ed.). SurroundingS Surrounded: Essays on Space

and Science. Cambridge: MIT Press, 2001.

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RENATA BERTOL [ARQUITETA E URBANISTA]

Profissional com experiência em coordenação e execução de projetos de urbanismo e arquitetura, tendo atuado em projetos de dimensões e complexidades variadas para clientes públicos e privados no Brasil e no exterior.

• Arquiteta, FAU-UFRJ, Brasil• MA em Habitação e Urbanismo, Architectural Association, • Reino Unido

JULIANA SICURO [ARQUITETA E URBANISTA]

Profissional com experiência em projeto de arquitetura, urbanismo e interiores em escritórios de arquitetura cariocas, tendo participado de diferentes etapas de cada processo (concepção, detalhamento e execução). Experiência adicional em editoração e no desenvolvimento e produção de atividades acadêmicas ligadas a arquitetura e o urbanismo.

• Arquiteta, PUC-Rio, Brazil• Intercâmbio Acadêmico, Universidade Técnica de Lisboa,

Portugal

RICARDO KAWAMOTO [ARQUITETO E URBANISTA]

Profissional com experiência em coordenação e execução de projetos de urbanismo e arquitetura, tendo atuado em projetos de dimensões e complexidades variadas para clientes públicos e privados no Brasil e no exterior.

• Arquiteto, FAU-UFRJ, Brasil

GABRIEL DUARTE [ARQUITETO E URBANISTA]

Profissional com experiência em coordenação e execução de projetos de urbanismo e arquitetura, tendo atuado em projetos de dimensões e complexidades variadas para clientes públicos e privados no Brasil e no exterior. É Professor Assistente da PUC-Rio e foi Professor Visitante no MIT, Harvard, Architectural Association, entre outras.

• Arquiteto, FAU-UFRJ, Brasil• MSc em Urbanismo (cum laude), TU Delft, Holanda• DSc em Urbanismo (candidato), PROURB-UFRJ, Brasil

VITÓRIO BENEDETTI [DESIGNER DE INTERAÇÃO]

Profissional com experiência em múltiplas áreas do design e desenvolvimento ágil de software, com ênfase em design gráfico, design de informação e design de interação, onde atuou e também liderou equipes de designers e multidisciplinares além de trabalho individual. Também atuou como designer de produtos para empresas de pequena e larga produções, e na área de pesquisa em design, focando em soluções centradas no usuário.

• Designer, ESDI, Brasil• Mestrado em Design de Interação, Umea, Suécia

JULIO PARENTE [DESIGNER GRÁFICO]

Graduado no curso de Desenho Industrial na PUC-Rio, habilitação em Comunicação Visual. Desde cedo se interessa pelos campos da arquitetura, artes visuais e programação, tendo montando trabalhos para exposições multimídias no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza. Se interessa pela relação da tecnologia com a paisagem e arquitetura.

• Designer Gráfico, PUC-Rio, Brasil• Intercâmbio Acadêmico, Eina-Barcelona, Espanha

4. COORDENADORES DE PROJETO