Nove respostas sobre alfabetização

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A reportagem sobre “NOVE RESPOSTAS SOBRE ALFABETIZAÇÃO” Com Texto publicado no Blog: http://richardreinaldo.blogspot.com.br, e extraído do site EDUCAR PARA CRESCER, nos trás dicas para aprimorarmos a alfabetização das crianças nos primeiros anos de forma bem simples confira... GOSTOU? DEIXE SEU COMENTÁRIO OU SUGESTÃO!!!

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A reportagem sobre “NOVE RESPOSTAS SOBRE ALFABETIZAÇÃO” Com

Texto publicado no Blog: http://richardreinaldo.blogspot.com.br, e extraído

do site EDUCAR PARA CRESCER, nos trás dicas para aprimorarmos a

alfabetização das crianças nos primeiros anos de forma bem simples

confira...

ALFABETIZAÇÃO

Nove Respostas Sobre Alfabetização

Por onde começar? Quando meus alunos precisam estar

alfabetizados? Pode-se alfabetizar na Educação Infantil?

Tire estas e outras dúvidas sobre alfabetização Texto: Meire Cavalcante e Juliana Bernardino (edição)

Foto: Fernanda Sá

Estimular a leitura é o primeiro passo para incentivar a escrita

Inserir todas as crianças de seis anos em um ambiente alfabetizador foi um dos

principais objetivos da aprovação do Ensino Fundamental de 9 anos, em

fevereiro de 2006. A medida beneficiou crianças que não tinham acesso à

Educação Infantil, ficando, muitas vezes, completamente distantes da cultura

escrita - o que poderia representar um obstáculo para a sua experiência futura

de alfabetização.

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Apesar de a medida ser um passo importante, Telma Weisz, criadora do

Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do Ministério

da Educação, acredita que ainda há muito a aprimorar na questão da

alfabetização, sobretudo porque a tarefa não é apenas dos professores das

séries iniciais. "Estamos sempre nos alfabetizando, a cada novo tipo de texto

com o qual entramos em contato durante a vida", afirma.

Por essa razão, tratar leitura e escrita como conteúdo central em todos os

estágios é a maior garantia de sucesso que as escolas podem ter para inserir

os estudantes na sociedade. É o que fazem muitas professoras de 1ª a 4ª série

de Catas Altas (MG), capacitadas pelo Programa Escola que Vale. Mesmo

recebendo crianças que não nunca tiveram contato com o chamado mundo

letrado antes da 1ª série, os educadores conseguem alfabetizar ao final de um

ano.

"Um fator determinante para a alfabetização é a crença do professor de que o

aluno pode aprender, independentemente de sua condição social", diz Antônio

Augusto Gomes Batista, diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da

Universidade Federal de Minas Gerais. Esse olhar do docente abre as portas

do mundo da escrita para os que vêm de ambientes que não ofereceram essa

bagagem.

No município de São José dos Campos (SP), professores de Educação Infantil

tentam evitar essa defasagem, lendo diariamente para os pequenos. Assim,

por meio de brincadeiras, criam situações das quais a língua escrita faz parte.

Já em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, duas especialistas de Língua

Portuguesa e Ciências tiveram de correr atrás do prejuízo com turmas de 5ª

série que ainda apresentavam problemas de escrita. Para isso, aliaram muita

leitura a um trabalho sobre prevenção à aids, que fazia sentido para eles e

tinha uma função social.

Com base nessas experiências, relatadas a seguir, e na opinião de

especialistas, respondemos a nove questões sobre alfabetização, mostrando

ser possível formar leitores e escritores competentes em qualquer estágio do

desenvolvimento.

1- Meus alunos de 1ª série não têm contato com a escrita. Por onde começo?

O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas

em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais

folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a

internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro

cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao

observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e

incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para

brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um

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gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm

acesso a elas. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura

escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com

listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas

paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de

todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço

provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e

uma diversão. Outra medida para democratizar esses conhecimentos em sala

de aula é ler diariamente para a turma. "A criança lê pelos olhos do professor -

porque ainda não pode fazer isso sozinha -, mas vai se familiarizando com a

linguagem escrita", explica a educadora Patrícia Diaz, da equipe pedagógica do

Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São

Paulo.

2- Quando posso pedir que as crianças escrevam?

Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas

rabiscos. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento

escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem

começar a elaborar os seus. No primeiro momento, as crianças ditam e você,

professor, escreve num papel grande. Além de pensar na forma do texto, nessa

hora os estudantes percebem, por exemplo, que escrevemos da esquerda para

a direita. "Mostro que a escrita requer um tempo de reflexão antes de ser

colocada no papel", afirma Cleonice Maria Rodrigues Magalhães, professora de

1ª série da Escola Municipal Agnes Pereira Machado, em Catas Altas (MG).

Ela participou do Programa Escola que Vale, que capacitou professores de 1ª a

4ª série do município durante dois anos e meio. Antes da escrita, as crianças

devem definir quem será o leitor. Assim, quando você lê o texto coletivo, elas

imaginam se ele compreenderá a mensagem. Nas primeiras produções haverá

palavras repetidas, como "daí". Pelo contato diário com textos, os alunos já são

capazes de revisar e corrigir erros. "Com o tempo, antes mesmo de ditar, eles

evitam repetir palavras e pensam na melhor forma de contar a história", afirma

Rosana Scarpel da Silva, professora do Infantil IV (6 anos), da Escola

Municipal de Educação Infantil Maria Alice Pasquarelli, em São José dos

Campos. Em paralelo, é importante convidar a garotada a escrever no papel.

Isso dá pistas valiosas sobre seu desenvolvimento.

3- Como faço todos avançarem se os níveis de conhecimento são muito

diferentes?

Não há nada melhor em uma turma que a heterogeneidade. Como os níveis de

conhecimento são variados, existe aí uma grande riqueza para ser trabalhada

em sala. Organizar os alunos em grupos e duplas durante as atividades é

fundamental para que eles troquem conhecimentos. Mas essa mistura deve ser

feita com critérios. É preciso agrupar crianças que estejam em fases de

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alfabetização próximas. Quando você coloca uma que usa muitas letras para

escrever cada palavra trabalhando com outra que usa uma letra para cada

sílaba, a discussão pode ser produtiva. Como elas não sabem quem está com

a razão, ambas terão de ouvir o colega, pensar a respeito, reelaborar seu

pensamento e argumentar. Assim, as duas aprendem. Isso não ocorre, no

entanto, se os dois estiverem em níveis muito diferentes. Nesse caso, é

provável que o mais adiantado perca a paciência e queira fazer o serviço pelo

outro.

4- Posso alfabetizar minha turma de Educação Infantil?

Sim, desde que a aprendizagem não seja uma tortura. Participar de aulas que

despertem a curiosidade e envolvam brincadeiras e desafios nunca será algo

cansativo. Em turmas que têm acesso à cultura escrita, a alfabetização ocorre

mais facilmente. Por observar os adultos, ouvir historinhas contadas pelos pais

e brincar de ler e escrever, algumas crianças chegam à Educação Infantil em

fases avançadas. Por isso, oferecer acesso ao mundo escrito desde cedo é

uma forma de amenizar as diferenças sociais e econômicas que abrem um

abismo entre a qualidade da escolarização de crianças ricas e pobres. Dentro

dessa concepção, a rede municipal de São José dos Campos implementou

horas de trabalho coletivo para a formação continuada dos professores. Há um

coordenador pedagógico por escola e uma equipe técnica responsável pelo

acompanhamento dos coordenadores. As crianças de 3 a 6 anos atendidas

pela rede aprendem, brincando, a usar socialmente a escrita. Em sala, os

professores lêem diariamente e promovem brincadeiras. Os pequenos

identificam com seu nome pastas e materiais, usam crachás, produzem textos

coletivos que ficam expostos nas paredes e têm sempre à mão livros e

brinquedos. "Nossas atividades incentivam a pensar sobre a escrita, tornando-a

um objeto curioso a ser explorado. E tudo de forma dinâmica, porque a

dispersão é rápida", conta Clarice Medeiros, professora do Infantil III (5 anos)

da escola Maria Alice Pasquarelli. "No ano passado, quando recebi os alunos

de 3 anos, eles já sabiam diversos poemas e conheciam Vinicius de Moraes.

Também identificavam as diferenças entre alguns gêneros textuais", lembra

Liliane Donata Pereira Rothenberger, professora do Infantil II (4 anos). De

acordo com a orientadora pedagógica Helena Cristina Cruz Ruiz, o objetivo é

desenvolver o comportamento leitor desde cedo para que os alunos se

comuniquem bem, produzam conhecimentos e acessem informações.

5- Faz sentido oferecer textos a estudantes não-alfabetizados?

Canções, poesias e parlendas são úteis para se chegar à incrível mágica de

fazer a criança ler sem saber ler. Quando ela decora uma cantiga, pode

acompanhar com o dedinho as letras que formam as estrofes. Conhecendo o

que está escrito, resta descobrir como isso foi feito. Se o aluno sabe que o

título é Atirei o Pau no Gato, ele tenta ler e verificar o que está escrito com

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base no que sabe sobre as letras e as palavras - sempre acompanhado pelo

professor. O leitor eficiente só inicia a leitura depois de observar o texto, sua

forma, seu portador (revista, jornal, livro etc.) e as figuras que o acompanham e

imaginar o tema. Pense que você nunca viu um jornal em alemão. Mesmo sem

saber decifrar as palavras, é possível "ler". Se há uma foto de dois carros

batidos, por exemplo, deduz-se que a reportagem é sobre um acidente. Ao

mostrar vários gêneros, você permite à criança conhecer os aspectos de cada

um e as pistas que trazem sobre o conteúdo. Assim, ela é capaz de antecipar o

que virá no texto, contribuindo para a qualidade da leitura.

6- Como seleciono e uso os textos em sala?

Segundo Patrícia Diaz, do Cedac, é preciso ter critérios e objetivos bem

estabelecidos ao escolher os textos. Por exemplo: se ao tentar diversificar os

gêneros você ler um por dia, os alunos não perceberão as características de

cada um. "O ideal é que a turma passeie por diversos gêneros ao longo do ano,

mas que o professor trace um plano de trabalho para se aprofundar em um ou

dois", afirma. Patrícia sugere a narração como base para o trabalho na

alfabetização inicial, pois ela permite ao aluno aprender sobre a estrutura da

linguagem e do encadeamento de idéias. A escolha dos textos deve ser feita

de acordo com o repertório da turma. É preciso verificar se a maioria dos

alunos passou ou não pela Educação Infantil, que experiência eles têm com a

escrita e que gêneros conhecem. Durante a leitura de uma revista, por

exemplo, é importante chamar a atenção para títulos, legendas e fotos. Assim,

as crianças aprendem sobre a forma e o conteúdo. Se o texto é sobre plantas,

percebem que nomes científicos aparecem em itálico. "Por isso é fundamental

trabalhar com os originais ou fotocópias", ressalta Patrícia. Adaptar os textos

também não é recomendável. As crianças devem ter contato com obras

originais, uma vez que, ao longo da vida, serão elas que cruzarão o seu

caminho. Se um texto é muito difícil para turmas de uma certa faixa etária, o

melhor é procurar outro, sobre o mesmo assunto, de compreensão mais fácil.

7- Ao fim da 1ª série, todos devem estar alfabetizados?

Não necessariamente, apesar de ser recomendável. Se a criança foi exposta a

textos e leituras variadas e teve oportunidade de refletir sobre a língua e

produzir textos, é bem provável que ela termine essa série alfabetizada. Mas

isso depende de outros fatores, como ter cursado a Educação Infantil e

recebido apoio dos pais em casa. "Crianças que não têm esse contato com

textos e que não convivem com leitores podem precisar de mais tempo para

aprender o sistema de escrita. Mas minha experiência mostra que nenhuma

criança leva mais de dois anos para isso", diz a educadora Telma Weisz, de

São Paulo. Como na educação não existem fôrmas em que se encaixem as

crianças, é papel da escola oferecer condições para que elas se desenvolvam,

sempre respeitando o ritmo de cada uma. Quando se adota o sistema de

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ciclos, isso ocorre naturalmente, pois os alunos têm possibilidade de se

aperfeiçoar no ano seguinte. Quando não há essa chance, eles correm o risco

de engrossar os índices de reprovação. O aluno pode iniciar a 2ª série ainda

tendo que melhorar a sua compreensão sobre o sistema de escrita, mas ao fim

do segundo ano a escola teve tempo suficiente para ensinar a todos.

8- Preciso ensinar o nome das letras?

Sim. Como a criança poderá falar sobre o que está estudando sem saber o

nome das letras? Ter esse conhecimento ajuda a turma a explicar qual letra

deve iniciar uma palavra, por exemplo. Para ensinar isso, basta citar o nome

das letras durante conversas corriqueiras. Se a criança está mostrando a que

quer usar e não sabe o nome, basta que você a aponte e diga qual é. Trata-se

de algo que se aprende naturalmente e de forma rápida, sem precisar de

atividades de decoreba que cansam e desperdiçam o seu tempo e o do aluno.

9- Como ajudo alunos de 5ª série que ainda não lêem nem escrevem bem?

É angustiante para o professor receber crianças com problemas de

alfabetização. Por não conhecer o assunto, acredita que a escrita incorreta é

indício de que elas não se alfabetizaram. Mas nem sempre essa avaliação é

verdadeira. O mais comum é a criança já dominar a base alfabética, mas ter

sérios problemas de ortografia e interpretação. Daí a impressão de que ela não

sabe ler e escrever. Foi essa experiência por que passaram as professoras

Valéria de Araújo Pereira, de Língua Portuguesa, e Jaidê Canuto de Sousa, de

Ciências, ambas da Escola Estadual Maria Catharina Comino, em Taboão da

Serra (SP). Em 2005, elas lecionavam para uma turma de 5ª série de

recuperação de ciclos com muitos problemas de escrita, o que as motivou a

procurar a Diretoria de Ensino para participar do programa Letra e Vida,

oferecido pela rede paulista a professores de 1ª a 4ª série. "Fiquei surpresa

com a insistência das duas. Como havia vagas, abrimos uma exceção e valeu

a pena", diz Silvia Batista de Freitas, coordenadora-geral do programa na

Diretoria de Ensino da cidade. O curso iniciou em março. No segundo

semestre, a turma de alunos foi distribuída nas salas regulares. Com o objetivo

de trabalhar a escrita, Valéria e Jaidê elaboraram um projeto sobre aids. Os

alunos assistiram a vídeos, debateram e levantaram o que sabiam e o que

gostariam de saber sobre o assunto. As leituras foram sistemáticas e diárias,

com pesquisas em livros, revistas, enciclopédias, internet e panfletos

informativos - gênero escolhido para ser o produto final do projeto. "Leitura e

escrita não são apenas conteúdos de Língua Portuguesa. São práticas

necessárias em todas as disciplinas e em todas as séries", diz Jaidê. "Por isso,

temos a responsabilidade de conhecer o modo como os alunos aprendem e

assim estimulá-los a ser leitores e escritores mais competentes", conclui

Valéria.

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Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/dicas-alfabetizacao-403863.shtml