Novela de Alexandre Peixoto Escrita por Alexandre Peixoto...

Cap. 002

OS PECADOS DA VIDA

Novela de

Alexandre Peixoto

Escrita por

Alexandre Peixoto

Personagens deste capítulo

ALINE

AGNALDO

ANA PAULA

ARIOVALDO

ARMANDO

CAMILA

CARINA

CELINA

CLÁUDIO

DANIEL

ÉDER

FELIPE

FÉLIX ABRAMOVITZ

FERNANDO

HENRIQUE

JANICE

JOÃO

LUÍSA

MANUELA

MARCOS PENHA

MURIEL

NATÁLIA

ONERO

ROSA

SARA

SUMAIA

VERIDIANA

VÍTOR

VIVIANA

WILLIAM

WILLY

YOLANDA

ZENAIDA

Participações especiais

MÉDICO

BOMBEIROS

PARAMÉDICOS

JORNALISTAS

ENFERMEIRA

VITÓRIA

MENINA

FRED

DOIS HOMENS MISTERIOSOS

OS PECADOS DA VIDA Capítulo 002 Pág.:

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CENA 1. ESTRADA. EXTERIOR. NOITE

Continuação imediata do fim do capítulo anterior. A penas

closes no carro. Sem nenhuma reação.

CORTA PARA:

CENA 2. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. NOITE.

Viviana assiste televisão e começa a ficar angustia da.

CORTA PARA:

CENA 3. CASA DE MURIEL. SALA INTERIOR. NOITE.

Continuação imediata da cena 55 do cap. anterior. P assado o

susto, Muriel se recupera quando Aline fala.

ALINE — O que foi, professor?

MURIEL — (sem jeito, meio que gaguejando) Não,

nada, não houve nada!

Muriel fica olhando para o corpo dela de novo.

ALINE — Você está olhando pra mim de cima a baixo,

é a minha roupa por acaso?

MURIEL — (rápido) Não, não, a sua roupa ta linda...

até demais! Só um pouco ousada!

ALINE — Ah, mil desculpas... Eu vou em casa

colocar algo mais comportado então...

MURIEL — Não precisa! É a moda mesmo!

ALINE — Ah, bom...

Os dois se olham...

ALINE — (sorrindo) Não vai me convidar para

entrar?

MURIEL — (sorri, envergonhado) Ah, me desculpe,

pode entrar! Sinta-se em casa!

Aline entra. Vai analisando a casa.

ALINE — Muito bonita a sua casa, professor.

MURIEL — Obrigado... Foi a minha esposa que decorou

ela todinha!

ALINE — Ela é decoradora?

MURIEL — Não... Mas é como se fosse! Tem capacidade

pra isso, percebe-se olhando o belo trabalho

efetuado.

ALINE — (ainda admirada) Com certeza!

MURIEL — Bem, e você quer beber alguma coisa?


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ALINE — Obrigado, agora não, mais depois.

MURIEL — Então você pode ficar a vontade que eu vou

subir e ver a Natália.

ALINE — Tudo bem!

Muriel sobe. Aline analisa mais a casa, observa uma s

fotografias que estão expostas. Observa uma do casa l, de

trajes de banho, abraçados, com muito amor. Close e m outra

foto onde os dois se beijam. Aline vira o porta-ret rato.

Muriel desce, Aline disfarça.

MURIEL — Não consigo achar a Natália em nenhum

lugar. E a irmã dela também não tá aqui.

ALINE — A irmã dela mora com vocês?

MURIEL — Mora... Na verdade é até bom ela morar

aqui porque ela fica fazendo companhia pra

Natália porque eu não gosto de deixar ela

sozinha.

ALINE — Ela não é casada?

MURIEL — Ela não... É solteirona! Depois que teve

um namorado, não quis mais se envolver com

ninguém.

ALINE — Deve ter tido alguma decepção então?!

MURIEL — Não sei...

CORTA PARA:

CENA 4. ESTRADA. EXTERIOR. NOITE

Muita movimentação na estrada, muito murmúrio, muit o barulho.

Ao som de uma música leve, porém triste, os bombeir os

resgatam do carro de Vítor. Close nele, machucado, e

desacordado.

CORTA PARA

CENA 05. DANCETERIA. INTERIOR. NOITE.

Close em forma de clipe, som alto, efeitos especiai s, jovens

dançando, se beijando, tomando bebidas, etc; Corta para outro

ponto onde vemos Camila e Daniel agarrados, como ma nda o

figurino, se beijando apaixonadamente. Presenciamos agora uma

leve conversa entre os dois. Segue eles dançando ai nda.

CAMILA — Sabe que no meu histórico é a primeira vez

que eu vô tão rápido?


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DANIEL — É mesmo? E eu que achei que a gente tava

indo devagar demais...

Camila ri.

CAMILA — Você tá querendo subir mais um degrau?

DANIEL — Você representa ser nova, menina... Já tá

pronta pra tamanha responsabilidade?

CAMILA — Eu to pronta pra tudo, meu bem...

DANIEL — Então vamo nessa... tem um quartinho aqui

do lado!

Os dois saem caminhando lentamente de mãos dadas.

CORTA IMEDIATO.

CENA 6. ESCADARIAS/QUARTO. INTERIORES. NOITE.

ATENÇÃO, DIREÇÃO: Dois ambientes numa cena só. Os d ois

lentamente sobem as escadas. Focamos eles entrando num

quartinho, cortamos pra lá. Daniel fecha a porta e

imediatamente se beijam. Daniel tira a blusa de Cam ila e

imediatamente seu sutiã. Enquanto Daniel tira, se a braçam.

Close em Camila sorrindo, encantada.

Tomada de cena leve, música lenta e apaixonada. Cli ma

romântico, que deixe o telespectador encantado com a beleza

da cena. Valorizamos um pouco o momento e cortamos para...

CENA 7. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXTERIOR. NOIT E.

Belas imagens da nossa cidade maravilhosa, tomadas

interessantes à noite... Muito calor, gente em barz inhos, na

praia, crianças em pracinhas...

CORTA PARA:

CENA 8. HOSPITAL. INTERIOR. NOITE.

Edição: Ritmo e agilidade.

Correria no hospital, a ambulância com Vítor chega e ele é

rapidamente levado para a sala de cirurgias.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 09. CASA DE VITOR. SALA. INTERIOR. NOITE

Viviana está assistindo televisão e o telefone toca . Ritmo

intenso sempre, nas tomadas e atuações.

VIVIANA — Alô? (p) Sim, sou eu.../ (tempo) O quê?


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No espanto de Viviana,

CORTA PARA:

CENA 10. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. NOITE.

Sala de espera do melhor e mais equipado hospital d o Rio de

Janeiro (pesquisa); Viviana chega desesperada, chor ando,

aflita, nervosa, acompanhada do seu filho Felipe e da nora

Manuela, não menos do que ela. Felipe vai falar com a

enfermeira que estava ali atendendo.

FELIPE — Por favor enfermeira, eu queria

informações sobre o paciente Vitor de

Andrade, ele deu entrada aqui nesse hospital

agora há pouco.

ENFERMEIRA — Vocês são parentes desse que chegou de um

acidente?

FELIPE — Sim, somos. Eu sou filho dele, (aponta)

minha mãe e (aponta) minha esposa.

ENFERMEIRA — Olha, eu vou checar, vocês por favor

aguardem um pouquinho ali na sala, tudo bem?

VIVIANA — (SE METENDO) (NERVOSA, AFLITA, FALANDO

RÁPIDO) Pra você é fácil pedir pra esperar,

né? Não é com você, não é o seu marido que

tá mal aqui e você não sabe de nada...

ENFERMEIRA — (UM POUCO ALTERADA) Minha senhora, por

favor... Eu to cumprindo o meu dever. E eu

espero que a senhora cumpra o seu. O seu

marido acabou de chegar aqui e ninguém sabe

ainda o que ele tem e como ele tá. Por

favor, aguarde que eu já trago informações.

O sofá é ali.

MANUELA — (ALTERADA P/ ENFERMEIRA) Ei, mais

respeito, por favor... Você tem que entender

a fragilidade da pessoa no momento. É

complicado ou não?

ENFERMEIRA — Peço que me desculpe, o pavio curto às

vezes estoura!

MANUELA — Pois trate de segurar esse pavio e faça o

que essa senhora está te pedindo... Entenda


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a situação e colabore por favor! A gente vai

te esperar aqui quietinhos!

ENFERMEIRA — Sim senhora...

A enfermeira sai. Manuela abraça a sua sogra.

VIVIANA — (CHORANDO) Muito obrigado, minha filha.

CORTA PARA:

CENA 11. HOSPITAL. CTI. INTERIOR. NOITE.

Focamos Vítor sedado, com aquela aparelhagem toda l igada. Seu

rosto encontra-se machucado, com muitas escoriações por conta

do acidente.

ENTRADA PARA FB; Inserts de imagens para serem grav ados:

Vítor, com sua idade atual, encontra-se num lugar l indo,

maravilhoso... Ele encontra seus pais e abraçado a eles,

passeia dando muita risada e feliz. Parece uma cria nça apesar

da idade. Depois de um tempo de passeio, eles vêem o irmão de

Vítor olhando para eles à distância, com uma cara d e ódio.

SAÍDA DE FB: Focamo-lo novamente no seu estado atua l. Entra

no quarto Viviana e vai correndo abraçá-lo. Chora a o seu

lado. No meio dessa emoção,

CORTA PARA:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA.

STOCK-SHOTS.

FUSÃO PARA:

CENA 13. QUARTO. INTERIOR. DIA.

Camila e Daniel estão dormindo lado a lado abraçado s,

agarrados. Camila aos poucos vai despertando, pega o celular,

olha a hora e dá um pulo.

DANIEL — (sem entender, mal acordado) O que foi,

menina, o que tu tem?

CAMILA — Ora o que eu tenho, olha a hora, cara! A

gente amanheceu aqui, os meus pais vão me

matar!

Camila bota suas roupas correndo.

CAMILA — Calma, não precisa ter tanta pressa assim!


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DANIEL — Claro que precisa. Eu só não consigo

pensar na justificativa fajuta que eu vou

ter que dar pra eles.

Close em Daniel.

CORTA PARA:

CENA 14. CASA DE MURIEL. SALA. INTERIOR. DIA.

Natália está tomando café na sala. Muriel aparece c om cara de

sono.

MURIEL — Bom dia!

Muriel senta.

NATÁLIA — Bom dia, como é que passou a noite?

MURIEL — Bem...

NATÁLIA — É, só imagino... Sonhando com uma bela

professora com uma roupa pra deixar até gay

de queixo caído...

MURIEL — Eu não acredito que você vai implicar até

com a roupa da Aline.

NATÁLIA — Não estava extravagante para um jantar na

casa de duas pessoas numa hora daquelas?

Sabe Deus o que ela fez depois que saiu

daqui.

MURIEL — O que ela faz, o que ela veste e a vida

dela não nos interessa. Aliás, foi de muito

mal tom as suas atitudes no jantar de ontem,

devia rever alguns conceitos seus.

NATÁLIA — Quer dizer que a de mal tom fui eu, uma

mulher doente, não a professora sedutora?

Close em Muriel com cara de irritado.

NATÁLIA — A do mal tom fui eu, não foi você que

ficava babando olhando praquela bunda

empinada dela que nem um mendigo quando vai

numa cozinha de restaurante? / Que

maravilha, em que mundo nós vivemos então?

Muriel bate na mesa e vai saindo.

MURIEL — Vou tomar café na cantina da escola.

Muriel sai. Close em Natália que chora.

CORTA PARA:


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CENA 15. CASA NOVA. COZINHA. INTERIOR. DIA.

Ana Paula está fazendo café. Cláudio chega.

CLÁUDIO — Bom dia, amor...

ANA PAULA — (contida) Bom dia, meu bem!

Close em Ana Paula preocupada. Cláudio percebe.

CLÁUDIO — O que você tem querida?

ANA PAULA — (disfarçando) Nada, por quê?

CLÁUDIO — (direto) Eu te conheço melhor do que

ninguém... O que é que tá acontecendo?

ANA PAULA — Eu não consigo disfarçar mesmo, né? (p) É

a Camila que não dormiu em casa essa noite.

CLÁUDIO — (espantado) O quê? Ela não dormiu em casa ,

mas como assim?

ANA PAULA — Hoje eu fui acordá-la e não encontrei n a

cama, tá como ontem ela deixou.

CLÁUDIO — (começando a ficar desesperado) Mas você

age assim nessa tranqüilidade? A nossa filha

sumiu, Ana! Temos que avisar a polícia,

ligar para todos os amigos dela.../

ANA PAULA — (corta) Calma, também não é pra tanto!

CLÁUDIO — Mas como não é pra tanto? Que frieza sua!

ANA PAULA — Eu confio na minha filha!

CLÁUDIO — É, mas eu não! Vou ligar agora pra políci a

pra procurá-la!

No momento em que Cláudio vai ao telefone, Camila c hega.

ANA PAULA — Aonde você estava, Camila?

CAMILA — (p/ Ana) Ei, calma...

CLÁUDIO — (ZANGADO, FALANDO ALTO) Como calma? Você

sabe, você tem noção do que fez essa família

passar? A sua mãe está mais do que certa em

perguntar aonde é que você tava porque eu

também quero saber... e a verdade!

CAMILA — Eu passei a noite com umas amigas.

Estudamos até tarde e adormecemos! Pronto,

satisfeito, pai?

CLÁUDIO — Não...

CAMILA — Pois eu não sei mais o que fazer. Não quer

acreditar, não acredite mas eu tô com a


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consciência tranqüila ao pensar que eu não

fiz nada de errado!

Camila sai. CAM pega Cláudio furioso.

CORTA PARA:


TAKES DE HELICÓPTERO. ORLA DO COPACABANA, BONDE DO PÃO-DE-

AÇÚCAR.

FUSÃO PARA:

CENA 17. HOSPITAL. EXTERIOR. DIA.

STOCK-SHOT geral da ambientação. Aquela movimentaçã o típica

de hospital, mostramos.

Direção> do jeito que desejar a seqüencia.

CENA 18. HOSPITAL. CTI. INTERIOR. DIA.

Vemos Vítor no mesmo estado descrito na cena 11 des te mesmo

capítulo; Um momento e mostramos Viviana que entra na sala,

com as vestimentas necessárias, um pouco mais calma do que na

noite anterior. Ela se aproxima do marido, a cena s ilencia

por uns instantes . Viviana aproxima seu rosto ao dele e solta

as palavras mágicas...

VIVIANA — [som calmo, sereno, devagar] Eu te amo!

Close em Vitor. Áudio: a frase de sua mulher repeti da.

Close. Aos poucos Vítor abre os olhos. Está voltand o a si.

Ele, debilitado, aos poucos vira seu rosto e tenta falar para

a sua mulher, com voz debilitada.

VÍTOR — Eu também!

Viviana é um poço de alegria, de felicidade. Ela ab raça seu

marido muito feliz. Close neles, e corta para:

1º INTERVALO COMERCIAL.


TAKES DA CIDADE.

Sonoplastia: Música mais alegre.

FUSA COM

CENA 20. CASA NOVA. QUARTO DE CAMILA. INTERIOR. DIA .


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Camila está deitada na cama sorrindo. Ela fecha os olhos,

imagina coisas...

ENTRADA PARA FB: Tomadas da cena 06 deste mesmo capítulo em

que mostra cenas e momentos calientes de Camila e D aniel.

Fica a critério da direção as tomadas e o tempo, al ém das

seqüências usadas para adequação de tempo de arte d o

capítulo.

CORTA PARA:

CENA 21. ESCOLA. SALA DOS PROFESSORES. INTERIOR. DI A.

Muriel está mexendo em seus papéis [critério de com o] e Aline

aparece.

Atenção , a sala está deserta e o silêncio reina.

ALINE — (chegando de fininho) Oi!

MURIEL — (toma um susto) Ai, que susto, mulher!

ALINE — Ei, desculpa, fessor lindão...

MURIEL — (RI) Fessor lindão? Menina, você inventa

cada coisa...

ALINE — Eu não minto.

MURIEL — Você está mentindo ao dizer que não mente!

Aline se aproxima dele. Muriel recua e sai pro lado .

MURIEL — Eu queria te pedir desculpas pelo

comportamento desagradável da minha mulher

ontem à noite. De coração. Não sei o que deu

nela, ela não costuma ser assim.

ALINE — Não esquenta... Eu não me importo.

MURIEL — Mas foi uma falta de educação, isso pode

fazer você não querer ir mais lá em casa.

ALINE — (se aproxima dele) Mas de onde você tirou

essa besteira? Não é sua mulher, a irmã

dela, o raio que o parta que vai impedir que

eu te visite, que eu te veja... (p) que eu

te beija!

Aline tasca um beijaço em Muriel. Ele não faz nada. Close na

porta. Willy está ali, sem ser notado, observando t udo. No

espanto do diretor,

CORTA PARA:

CENA 22. ESCRITÓRIO DE FÉLIX. INTERIOR. DIA.


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Félix fala ao telefone. Segue.

FÉLIX — Exatamente! Esse serviço que eu to te

propondo não é nenhum bicho de sete cabeças,

muito pelo contrário. Você vai receber muito

por tão pouco! / (p) Claro, de certa forma

eu entendo, mas você é um modelo desimpedido

que precisa desse rolo para voltar à mídia

que te esqueceu, eu to errado? / (p) E isso

sempre dá certo, não se lembra que teve

jornalista esquecida que se envolveu com o

presidente do senado e tempos depois saiu

pelada na revista e ganhou um programa na

televisão aberta estando em evidência até

hoje? / (p) Pois é, eu não te garanto um

programa de televisão, mas em evidência você

vai voltar a estar, tenho certeza absoluta!

/ (p) Claro que sim, eu te dou garantias

desde que você não me coloque no meio! / (p)

Vem aqui no meu escritório e conversamos

melhor, tá? Pra ontem.../ (p) Um abraço!

Close em Félix sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 23. REPÚBLICA. QUARTO FEMININO. INTERIOR. DIA.

Thaís está na internet.

Clipe: Alternamos imagens de Thaís e da tela do com putador.

Está empolgada conversando. Mostramos na tela uma f oto de um

rapaz bonito, parece um modelo.

Tela: Combinado. Hoje de noite a gente se encontra.

Close em Thaís orgulhosa.

Paola aparece.

PAOLA — Thaís, eu preciso do computador. Tenho que

terminar um trabalho pra entregar amanhã sem

falta e que vale bastante.

THAÍS — Ah, espera um pouco. Tô conversando com um

gatinho aqui no MSN combinando um encontro.


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PAOLA — Thaís, a dona Janice colocou esse

computador aqui pra gente estudar, não ficar

combinando encontro...

THAÍS — (olhando pra Paola) Eu não vou sair, que

coisa!

PAOLA — Você vai sair sim!

Paola puxa Thaís pelos cabelos e começa uma briga c orporal.

Muito murmúrio, as duas se rolam no chão. Xingament os com

palavrões, puxação de cabelo, gritaria... Janice en tra no

quarto de pressa e aparta a briga das duas.

JANICE — (colocando a casa em ordem) Mas o que é

isso, meu Deus?! Pra que brigarem assim?

PAOLA — Dona Janice, a Thaís não quer me dar o

computador pra mim terminar um trabalho que

eu tenho que entregar amanhã.

THAÍS — (alterada) Mas eu tava usando pra uma

coisa importante...

PAOLA — Não era coisa importante nada, sua

vagabunda...

As duas começam a discutir de novo.

JANICE — (GRITO) Chega! (t) Thaís, o que você tava

fazendo no computador?

THAÍS — (gaguejando) Eu... eu tava...

PAOLA — (ALTERADA) Fala a verdade, sem vergonha...

THAÍS — Tá bom, eu não preciso esconder... Eu tava

combinando um encontro pra hoje de noite.

JANICE — (p/ Paola) E você, o que queria fazer?

PAOLA — Eu tenho um trabalho pra entregar amanhã e

queria terminar. Só isso.

JANICE — Tá bom, Paola... pode terminar o trabalho.

E você Thaís, pode combinar depois o

encontro. Eu coloquei esse computador aqui

nesse quarto pra vocês estudarem em primeiro

lugar e se sua colega tem um trabalho pra

entregar, tu tem que respeitar.

Close em Paola sorrindo. Close em Thaís, zangada.

CORTA PARA:

CENA 24. ESCOLA. SALA DOS PROFESSORES. INTERIOR. DI A.


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Continuação imediata da cena 21.

Depois do beijo...

MURIEL — O que você fez?

ALINE — O que eu deveria ter feito há muito tempo.

MURIEL — Você é maluca, menina. Coisa feia, eu sou

um homem casado.

ALINE — Coisa feia é roubar e não conseguir

carregar. Eu te amo, professor. E vou fazer

de tudo pra te conquistar!

Muriel suspira.

MURIEL — Eu amo a minha mulher e sou muito grato a

tudo que ela me proporcionou nesses anos que

estamos juntos. Aline, me deixa sozinho, por

favor. Eu tenho aula no próximo período e eu

tenho que me preparar.

ALINE — Muriel, eu.../

MURIEL — (corta) Por favor, professora Aline...

ALINE — (triste) Tudo bem...

Aline sai. Willy se esquiva para ela não enxergá-lo .

Close em Muriel que começa a chorar.

CORTA PARA:

CENA 25. CASA DE MURIEL. COZINHA. INTERIOR. DIA.

Câmera nervosa: Natália caminha devagar, modesta, s em fazer

nenhum barulho sequer... Vai na cozinha, abre a gel adeira,

tira uma jarra de suco, pega um copo, serve um pouc o e toma.

Tudo isso a câmera a acompanha nas ações.

Sonoplastia: leve suspense.

Ela guarda o suco, enxágua o copo, guarda. Câmera f oca seu

rosto inquieto. Seu rosto está sem maquiagem, seu c abelo

desarrumado. Câmera foca seus pés, estão descalços. Ela se

aproxima de uma gaveta da pia, câmera foca que dent ro da

gaveta estão os talheres da casa. Close em Natália que pega

uma faca grande, de cortar carne. Ela olha a faca, a alisa, a

admira.

Marcação da câmera: No enquadramento de tela, Natál ia

segurando a faca e o foque fica juntamente na porta da

cozinha. Natália continua alisando a faca e a pega numa


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posição em que fosse fincá-la em si mesma. Veridian a aparece

na porta.

VERIDIANA — (grito) Natália, não!

Natália fica como se fosse uma estátua. Veridiana i dem,

espantada, com medo de se aproximar.

CORTA PARA:


Som da vinheta: o mesmo suspense da cena

CENA 26. CASA DE MURIEL. COZINHA. INTERIOR. DIA.

Continuação imediata da cena anterior.

Veridiana continua olhando para Natália de longe, c om medo de

se aproximar.

Atenção, direção de câmeras: A mesma marcação do in ício.

NATÁLIA — (não olha para a irmã, ainda olha para a

faca e a admira) Por que você tinha que

aparecer?

VERIDIANA — Porque Deus me colocou aqui no momento

certo para evitar uma desgraça.

NATÁLIA — Você acha que eu ia cometer uma desgraça?

VERIDIANA — Só se eu fosse cega pra não perceber.

NATÁLIA — (olha para a irmã) Você acha que eu devo

fazer isso?

VERIDIANA — Por mais desgraçada que seja sua vida,

você não deveria.

NATÁLIA — Mas eu fazendo isso, poderia melhorar.

VERIDIANA — Deveria haver uma melhora? Seu marido i ria

chorar uns dias, mas depois ia esquecer...

Ia se casar de novo, ter filhos, ser

feliz... e você? O que estaria fazendo? Ia

vagar por aí, ser um espírito sem luz? Ia

assombrar a vida do Muriel sem ele ser

culpado por alguma coisa? Pensa um

pouquinho... Estar condenada pra sempre a

viver por entre os mortos. (p) Agora pense

nas possibilidades da vida seguir assim.

NATÁLIA — Se não terminar agora, não vai demorar

muito!


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VERIDIANA — Pois aproveite o tempo que falta da mel hor

maneira possível. Seja feliz, seu marido te

ama! Você tem que agradecer a Deus!

NATÁLIA — Ele vai me trocar por aquela professora.

VERIDIANA — Quem disse?

NATÁLIA — (t) Eu! O jeito que eles se olhavam

naquele jantar... Dava vontade de botar tudo

pro chão, quebrar tudo. E sumir.

VERIDIANA — Isso são fantasias montadas na sua cabe ça.

Se tivesse que acontecer, já teria

acontecido. Eu penso assim. Agora se você

pensa o contrário, vá em frente! Se mata! (a

ignora) Só depois não venha se arrepender e

pedir perdão a Deus... Depois não tem como

voltar pra mesma vida que tinha. Aí começa

outra.

Veridiana vira de costas para Natália.

VERIDIANA — Sua cabeça é sua sentença, minha irmã. Eu

não posso te obrigar a nada, sempre tomamos

nossas próprias decisões sozinhas sem apoio

dos nossos pais... E agora que eles estão

mortos, menos ainda.

Close em Veridiana. Continuamos a filmando e Natáli a guarda a

faca atrás dela. Veridiana sorri, aliviada. Veridia na se

vira. Natália começa a chorar e as duas se abraçam

fortemente.

NATÁLIA — (chorando) Obrigado, mana. Obrigado por

ter estado todos esses anos do meu lado

sempre me apoiando.

VERIDIANA — Eu te amo... Te vi crescer, te criei... e

vou estar aqui sempre! Aconteça o que

aconteça!

Close em Natália ainda abraçada com ela.

CORTA PARA:

CENA 27. REPÚBLICA. SALA PRINCIPAL. INTERIOR. DIA.

Diálogo entre Janice e Thaís. Segue.


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JANICE — Thaís, a situação tá muito complicada. Ou

você toma jeito ou eu vou ter que pedir pro

seu pai te tirar daqui.

THAÍS — (implorando) Não, por favor, Dona Janice,

não fala nada pro meu pai! Ele bebe demais e

se souber que eu não ando bem, ele vai me

matar!

JANICE — Pois trate de tomar jeito, menina! Eu

entendo a tua situação, mas você tem que

entender a minha!

THAÍS — O que a senhora quer que eu faça?

No close em Janice,

CORTA PARA:

CENA 28. HOSPITAL. SALA DO DOUTOR. INTERIOR. DIA

Viviana conversa com o médico.

MÉDICO — Eu chamei a senhora aqui pra explicar a

real situação do seu marido. O negócio não é

tão simples como se parece.

VIVIANA — Mas ele acordou.

MÉDICO — Ele acordou, está progredindo, mesmo com

as fortes dores. Amanhã eu já vou mandá-lo

para o quarto pra vocês ficarem mais perto

dele.

VIVIANA — O que aconteceu com ele?

MÉDICO — (curto e grosso) Eu acho que ele não volta

a andar.

Viviana se espanta, se desespera.

CORTA PARA:

CENA 29. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA. NOITE.

Planos gerais da cidade. Anoitece.

Cortamos para uma Avenida deserta. Noite calma, tra nqüila,

serena. De repente, ouvimos barulhos de carros.

Agilidade, ritmo: uma corrida, um racha. Agilidade nos cortes

de câmera , em um dos carros, observamos que Daniel está

dirigindo. Parece que está dopado, está feliz, louq uinho.

Corta pra dentro e pra fora, muito ritmo. Eles pass am numa

esquina e Daniel quase atropela uma pessoa que quer ia


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atravessar a Avenida. A corrida termina e Daniel é o

vencedor, porém com disputa equilibrada.

Daniel desce do carro e grita comemorando. Aparece uma menina

e ele a beija apaixonadamente.

CORTA PARA:

CENA 30. CASA DE MURIEL. QUARTO. INTERIOR.NOITE

Muriel e Natália estão dormindo. Natália acorda e

simplesmente observa o sono do marido.

ENTRADA PARA FB: Inserts de imagens a serem gravado s como

descritos a seguir:

Entram imagens do casal em momentos de amor. Seqüên cias e

tempo a critério da direção.

SAÍDA DE FB: As imagens retomam em Natália.

FUSA PARA:

CENA 31. CASA NOVA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Cláudio e Ana Paula estão na sala.

CLÁUDIO — E a Camila, aonde é que tá?

ANA PAULA — Ficou no quarto trancafiada o dia intei ro.

CLÁUDIO — Será que ela vai na aula amanhã?

ANA PAULA — Espero que sim, né Cláudio?

CLÁUDIO — Depois de hoje... (p) (suspiro) Ah, já

começamos errado na casa nova.

ANA PAULA — Não é questão de começar mal na casa no va.

A questão é que a Camila, na idade que ela

tá e no tipo de amizade que tem, com casa

nova ou sem casa nova ia resultar nisso.

CLÁUDIO — Essa idade é complicada, mas tem tanta

gente nessa faixa que são comportados, de

bom caráter.

ANA PAULA — Mas a nossa filha é de bom caráter.

Confiamos na educação que demos a ela. O que

acontece é que o jeito que você foi criado é

diferente. Os adolescentes de hoje são

assim, e não se surpreenda se amanhã ou

depois ela aparecer grávida.

Close em Cláudio.


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ANA PAULA — A realidade é essa e a gente tem que

aprender a lidar. O que nos resta é só

aconselhar e rezar pra que a nossa filha não

tome rumos errados. E eu já te aviso de uma

coisa: se caso um dia ela aparecer de

barriga, você não desconte na criança que

não tem culpa nenhuma. Porque eu te conheço,

Cláudio. Te conheço mais do que você mesmo.

CLÁUDIO — Eu sei que se viesse uma criança, ela não

teria culpa no cartório. Mas essa não é a

educação que demos.

ANA PAULA — Os jovens preferem acreditar, seguir os

conselhos dos amiguinhos ao invés de seguir

os conselhos dos pais.

CLÁUDIO — E cadê o Henrique?

ANA PAULA — Tá num coleguinha jogando vídeo game. E le

tirou dez numa prova de matemática hoje.

CLÁUDIO — (FELIZ, ORGULHOSO) Ah, que coisa boa...

Esse sim é filho que me deixa orgulhoso! E

não dá trabalho nenhum!

ANA PAULA — É, Deus te ouça!

CORTA PARA:

Cena 32. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. NOITE

Viviana conversa com os filhos e sua nora.

VIVIANA — Eu os reuni aqui pra colocar vocês a par

das últimas notícias do pai de vocês.

FELIPE — O que aconteceu, mãe?

VIVIANA — A situação não é confortadora. O pai de

vocês, segundo o médico, poderá não voltar

mais a andar.

Todos se espantam.

CARINA — (TRISTE) Mas como isso?

VIVIANA — Ele acordou, está bem, mas ainda dopado

por causa da bateria de medicamentos e

injeções de morfina que é submetido para as

dores diminuírem. Mas depois que ele voltar

a si, melhorar por completo, (triste) ele

vai perguntar porque não sente as pernas. E


18

vocês têm que serem os mais fortes possíveis

para a hora que ele souber a notícia.

MANUELA — Mas ele nunca mais vai voltar a andar?

VIVIANA — O acidente feriu muito as pernas e a

coluna. Há uma possibilidade muito remota,

mas a tendência é que... (p) Não! Ao que

tudo indica o meu marido querido nunca mais

vai andar.

Carina abraça a mãe.

VIVIANA — (chama) João!

João aparece.

JOÃO — Sim, senhora.

VIVIANA — Avise os empregados para prepararem um do s

quartos do andar de baixo para o Vítor

quando ele voltar do hospital. O patrão de

vocês está com um problema nas pernas e não

poderá usar as escadas no momento.

JOÃO — Por quê?

VIVIANA — Faça apenas o que eu te solicitei. Depois

eu vou reunir vocês todos e explicar a

situação.

JOÃO — Como quiser, senhora.

VIVIANA — E seu filho, como está?

JOÃO — Graças a Deus está bem. Nunca dá um passo

maior do que a perna.

VIVIANA — Que bom que ele soube entender o problema .

JOÃO — Ele está crescendo, Dona Viviana. Agora

ele entendendo fica mais fácil.

VIVIANA — Não pense que eu esqueci dele. Assim que o

Vítor melhorar nós vamos nos concentrar na

cirurgia do William.

JOÃO — Se vocês fizerem os olhinhos do meu filho

enxergarem, eu vou ser eternamente grato.

VIVIANA — Os gratos somos nós. Pelos serviços

prestados de vocês.

JOÃO — (Sorrindo) Eu vou fazer o que a senhora me

pediu, com licença.

João sai.


19

CARINA — Mamãe, você gosta do filho do João como se

fosse seu filho.

VIVIANA — Eu gosto muito daquele menino mesmo. Não

sei dizer se por pena. Mas ele me enfeitiça,

adoro ele, de verdade!

CORTA PARA

CENA 33. ESCRITÓRIO DE FÉLIX. INTERIOR. NOITE.

Félix está no escritório impaciente. Anda de um lad o para

outro e olha para o relógio.

FUSÃO PARA


STOCK-SHOTS.

FUSÃO PARA:

CENA 35. PRESÍDIO. EXTERIOR. DIA

CORTA PARA AÉREAS de um presídio. O presídio é esco lhido a

esmo, não importa tanto. Temos uma movimentação de presos, um

pequeno murmúrio, desentendimentos. Focamos o irmão de Vítor,

numa cela, comendo um pão puro e tomando um copo de leite.

Ele está numa aparência boa, está contente.

ARIOVALDO — O dia tá chegando... em breve vou estar

livre! Livre!

Close em Ariovaldo.

CORTA PARA

CENA 36. HOSPITAL. CORREDOR. INTERIOR. DIA.

A Maca com Vítor está sendo levada pelos corredores do

hospital. O acompanhamos, está ali junto Viviana, C arina,

Felipe e Manuela. Eles entram no quarto.

CORTA PARA:


Marcos abre a porta do escritório de Félix, que est ava em sua

mesa.

FÉLIX — (irritado) Mas o que é isso? Quem você

pensa que é pra entrar no meu escritório

assim, desse jeito? Tá louco?


20

MARCOS — Eu vim aqui te dizer que eu não estou de

acordo com o que quer me propor. Eu não vou

me submeter a isso, nós ganharemos de você

com uma campanha limpa!

No close irritado de Félix,

CORTA PARA:

CENA 38. TRAILER DE SUMAIA. INTERIOR. DIA.

Sumaia, sozinha, joga os búzios. Ela estuda e se su rpreende

com o que constata.

SUMAIA — (chama) Filha! Filha!

Paloma chega correndo.

PALOMA — O que foi, mãe?

SUMAIA — Me leva no hospital rápido... eu preciso

ver o Vítor e contar uma coisa pra ele!

No susto de Paloma,

CORTA PARA:

CENA 39. R. DE JANEIRO. MERC. MUNICIPAL. EXT. INT. DIA.

Internas do Mercado Municipal do Rio de Janeiro.

Corta para,

Clipe : O mercado está cheio, super lotado. Os vendedores

estão malucos, alguns nem conseguem dar conta de ta nta gente.

Cortamos para a barraca de frutas e verduras onde F ernando

trabalha. Está também movimentada.

FUSÃO PARA:

CENA 40. CASA DE FERNANDO. SALA. INTERIOR. DIA

Zenaida está sentada no sofá assistindo televisão. Fernando

chega.

FERNANDO — Oi, mãe...

ZENAIDA — Oi, meu filho... Como foi o trabalho hoje ?

Fernando a beija.

FERNANDO — A mesma coisa de sempre. O mercado é

sempre cheio e hoje não foi diferente.

ZENAIDA — Como eu queria poder te ajudar, filho...

Maldito acidente!

FERNANDO — Faça o favor de não falar besteira! A

senhora não teve culpa nenhuma por perder os


21

dois braços naquele atropelamento. E nem

precisou da ajuda daquele advogado babaca

que a atropelou. Ah, se um dia eu encontrar

ele na rua...

ZENAIDA — Você não vai fazer nada. Mil vezes perder

os dois braços, do que a vida.

No close em Fernando,

CORTA PARA:

CENA 41. ESCRITÓRIO DE FÉLIX. INTERIOR. DIA

Continuação imediata da cena 37 deste mesmo capítul o. Félix

continua irritado com os modos em que Marcos entrou dentro do

seu escritório.

FÉLIX — Se o senhor já disse o que tinha pra

dizer, (t) fora do meu escritório!

MARCOS — Ainda falta uma coisa antes de eu ir...

Marcos dá um soco na cara de Félix.

FÉLIX — (com a mão no ferimento na boca) Por que

você fez isso, Marcos?

MARCOS — Pelo cafajeste que o senhor é. O senhor

não tem escrúpulos, Félix. Não merece o meu

apoio pra assumir a prefeitura. Nunca!

FÉLIX — Eu vou te processar.

MARCOS — Sem provas, só por um soco? Ninguém

presenciou absolutamente nada.

FÉLIX — Você acaba de cutucar onça com vara curta.

Vai se arrepender de ter nascido, Doutor

Marcos Penha! (GRITO) Fora do meu escritório

antes que eu chame a segurança! Fora!

Marcos sai. Félix lança tudo na mesa pra longe!

FÉLIX — (grito) Desgraçado! Você vai me pagar!

Close em Félix.

Corta para:

CENA 42. HOSPITAL. QUARTO DE VÍTOR. INTERIOR. DIA.

Vítor já está na cama rodeado pela sua esposa, seus dois

filhos e sua nora. O médico aparece.

MÉDICO — Eu detesto ser estraga prazeres, mas o

paciente tem que descansar.


22

CARINA — Nós já estamos indo, doutor.

VIVIANA — (p/ o doutor) Doutor, eu posso posar com o

meu marido?

MÉDICO — Pode, mas só a senhora. Os outros terão

que ir pra casa.

FELIPE — Nós vamos sim... (p/ Vítor) Amanhã a gente

volta, pai.

Carina, Felipe e Manuela se despedem de Vítor e Viv iana e

saem.

VÍTOR — (p/ Viviana) Que a família maravilhosa a

gente tem, né?

VIVIANA — Com certeza.

MÉDICO — Seu Vítor, eu já deixei com as enfermeiras

toda a medicação necessária pro senhor.

Amanhã eu venho de novo pra ver como passou

a noite.

VÍTOR — Será que eu vou sair logo daqui?

MÉDICO — Isso vai depender da sua recuperação. Tudo

está indo melhor do que eu imaginava, mais

alguns dias o senhor já pode voltar pra casa

e ficar mais perto da família.

VÍTOR — (SORRINDO) Ótimo!

MÉDICO — Procure não se esforçar muito. Qualquer

coisa, chame as enfermeiras.

VÍTOR — A minha mulher é a melhor enfermeira que

eu posso ter, Doutor.

MÉDICO — (SORRI) Que bom. Até amanhã.

VÍTOR — Até amanhã!

O médico sai.

VIVIANA — Vítor, eu queria te perguntar uma coisa.

VÍTOR — O que foi?

VIVIANA — (CURTA E GROSSA) Como é que você foi para r

naquela estrada de terra? O que estava

fazendo lá?

No espanto de Vítor,

CORTA PARA:



23

CENA 43. RUA. EXTERIOR. DIA.

Camila e Daniel estão se beijando perto da casa del a.

CAMILA — Não dá pra abusar, Daniel.

DANIEL — Por quê?

CAMILA — Porque eu to perto de casa... Não pega

bem.

DANIEL — Por causa do seu pai?

CAMILA — É por causa dele sim.

DANIEL — Ele não vai com a minha cara, né?

CAMILA — Não, não é bem assim. O meu pai é muito

ciumento, sempre foi. E você é o meu

primeiro namorado sério. Eu só te peço

paciência com ele.

DANIEL — Eu vou ter, prometo.

CAMILA — (SORRI) É por isso que eu te amo tanto...

Os dois se beijam.

CAMILA — Tchau, amor.

DANIEL — Tchau, gata.

Camila vai pra casa.

CORTA PARA:

CENA 44. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA.

Sumaia e Paloma entram no hospital e falam alguma c oisa com a

recepcionista que não ouvimos. Ela indica um caminh o a elas.

CORTA PARA:


Continuação imediata da cena 42 deste mesmo cap.

Viviana ainda espera a resposta de Vítor.

VIVIANA — Eu to esperando a resposta, Vítor. Nós nu m

instante estávamos na sala assistindo

televisão e numa distração minha você some e

me aparece acidentado numa estrada de

terra...

VÍTOR — O que aconteceu foi o seguinte.../

Batem na porta. É Sumaia e Paloma.

VÍTOR — (ALTERADÍSSIMO) O que essa mulher tá

fazendo aqui? Saia daqui, saia do meu

quarto!


24

Vítor tenta levantar e cai da cama. Não sente as pe rnas.

VÍTOR — (DESESPERADO) Viviana, o que tá

acontecendo com as minhas pernas, Viviana?

Por que eu não to sentindo?

Close em Viviana sem ação. CORTA PARA:

CENA 46. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. ANOITECER. CHUVA .

STOCK-SHOTS da cidade maravilhosa. Noite chuvosa.

CORTA PARA:

CENA 47. HOSPITAL. QUARTO DE VÍTOR. INTERIOR. NOITE . CHUVA

Viviana observa o temporal que está caindo na parte de fora.

Depois sai da janela e observa Vítor dormindo. Está sob

efeito de medicação, observamos o cateter em seu br aço. Close

nela que observa atentamente o seu marido. Deixamos assim por

um instante.

CORTA PARA:

CENA 48. CASA DE FELIPE. QUARTO CASAL. INTERIOR. NO ITE. CHUVA

Felipe e Manuela observam abraçados a chuva.

MANUELA — Coisa boa uma chuva forte dessas... A

cidade tava precisando.

FELIPE — Já tá pensando no bem estar da cidade, é

Senhora Prefeita?

Manuela sai da janela e caminha pelo quarto.

MANUELA — (PREOCUPADA) É, a eleição tá chegando!

FELIPE — E por que esse ar de preocupação, meu

amor?

MANUELA — É a primeira vez que eu vou disputar um

cargo dessa grandeza... eu to nervosa!

FELIPE — (rindo) Mas meu amor... (se aproxima dela)

Você é uma mulher experiente na política,

forte... Vai ficar nervosa por conta de uma

simples eleição?

MANUELA — Não é uma simples eleição. É um passo

maior na minha carreira. Ser vereadora não é

tão pesado como prefeita, apesar de ter

responsabilidades também, mas nada se

compara.


25

FELIPE — (SE APROXIMA MAIS) Pois não dá pra parar

agora. Tem que deixar esse nervosismo de

lado e ir à luta! Você é uma guerreira e vai

ser eleita e governar essa cidade como nunca

governaram antes!

MANUELA — (SORRINDO) Você me tranqüiliza...

FELIPE — Vai dar tudo certo! Confie em mim! Confie

no seu maridinho!

MANUELA — É claro que eu confio!

Os dois se beijam.

Corta para:

CENA 49. CASA NOVA. QUARTO DE HENRIQUE. INT. NOITE. CHUVA

SONOPLASTIA: Forte temporal. Trovoadas e relâmpagos .

Henrique se retorce na cama.

FUSÃO PARA: Inserts de imagens a serem gravados.

Henrique está numa rua deserta caminhando. De repen te

aparecem vários rapazes rindo de Henrique. Ele não entende o

que está acontecendo, se olha para ver se está algo errado...

EFEITO: A imagem volta à realidade. Henrique dá um pulo na

cama e não entende nada do que sonhou.

CORTA PARA:

CENA 50. AVENIDA BRASIL EXTERIOR. NOITE. CHUVA.

Forte chuva castiga a cidade. Avenida deserta até q ue

avistamos um carro chegando correndo. Logo depois o utro passa

voando pela avenida.

Corta para outro ponto onde observamos uma espécie de linha

de chegada. É uma corrida. Os carros se aproximam. O carro

verde ganha do azul. Derrapa perigosamente no piso molhado e

escorregadio. O carro pára e o motorista eis que su rge. É

Daniel.

CORTA PARA:

CENA 51. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA. AMANHECER.

Eis que o céu azul se forma banhado à luz firme e f orte de um

lindo dia de sol. Nada se compara ao dia anterior.

Mostramos as praias cariocas. Lindas meninas de biq uíni,

rapazes conversando, surfando, casais namorando, am bulantes


26

conquistando o pão de cada dia... A câmera passeia pela praia

até que foca Celina e Sara conversando sentadas num a mesa.

CELINA — Então o pai da Carina não vai mais poder

andar?

SARA — Pelo menos foi o que a Carina me disse

ontem. O médico não deu boas esperanças

apesar do Seu Vítor estar muito bem depois

do acidente que sofreu. Mas isso não

significa nada também.

CELINA — Mas será que vai ser pra sempre?

SARA — Aí eu não sei.

CELINA — Que barra pesada, hein?!

SARA — Nem me fala... tenho pena da Carina, sabe?

A família, a casa ficam num clima pesado pra

lidar com um problema desse.

Celina não dá atenção para Sara. Olha fixada para o utro lado.

SARA — (SEM ENTENDER | CHAMA CELINA) Celina...

Celina... Ei!

CELINA — (voltando a si) O que foi?

SARA — Não sei! Você de repente ficou olhando lá

praquele lado como um morcego moribundo...

CELINA — Não foi nada!

Sara desconfiada; Celina ainda olha atenta. Eis que a imagem

nos mostra em detalhes: É Luisa, tomando banho de s ol embaixo

de um guarda-sol.

CORTA PARA:


Viviana continua cuidando de seu marido. Ele acorda . Batem na

porta. É Éder.

ÉDER — (SEMPRE CONTENTE) Bom diaaaaa!

VÍTOR — (CONTENTE) Éder! Meu amigo! Que surpresa!

ÉDER — Vim ver como está o meu amigo adoentado!

(Beija Viviana) Tudo bem, querida?

VÍTOR — Rapaz, por um instante ao invés do médico

me cuidar eu quase fui parar nas suas mãos.

ÉDER — Cala a boca, rapaz, eu nunca enterro

amigos! Eu quero que todos me enterrem

antes!


27

Vítor ri.

VÍTOR — E aí, como é que anda a vida?

ÉDER — Há, sempre na mesma. Ontem foram dez!

nunca enterrei tanta gente na minha vida num

dia só!

VÍTOR — Comigo seria onze!

ÉDER — É, mas você não morreu, pois eu só enterro

números redondos! Vai ficar pra próxima!

VÍTOR — (RINDO) Só você pra me fazer rir, meu

amigo.

ÉDER — Ai, Vítor... eu enterro gente há mais de

vinte anos! Coveiro vem de família. Meu pai

era, meu avô era... eu tenho uma casinha lá

no fundo do cemitério. Não quis estudar, e

vou acabar como comecei. Se eu não fosse

feliz do jeito que eu sou, eu não estaria

aqui conversando com você e nem tinha te

conhecido e nem a sua família maravilhosa!

Éder aperta as mãos de Vítor.

VÍTOR — Você é uma grande pessoa!

Close em Éder sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 53. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR. DIA .

INSERIR LEGENDA: UMA SEMANA DEPOIS

FUSÃO PARA:

CENA 54. CASA DE VÍTOR. SALA. INTERIOR. DIA.

João trás Vítor para dentro de casa o empurrando na cadeira

de rodas. Sua esposa está junto. Já na sala a esper a dele

estão Felipe, Manuela, Carina, Rosa, Maria, Vitória e

William. Além de mais uns dois empregados. Todos o aplaudem

quando ele entra em casa. Vítor chora de emoção.

VÍTOR — (emocionado) Obrigado pela recepção. Eu

amo vocês demais.

VIVIANA — (BEIJA SEU AMADO) Você merece, meu amor.

Isso foi pouco por tanto que você é especial

pra essa casa e essa família.


28

Viviana o beija. Suas filhas, fazem o mesmo. O mesm o também,

Felipe. Os outros o cumprimentam com um simples ape rto de

mão.

VÍTOR — Como é bom estar em casa, o clima do

hospital é muito desagradável.

VIVIANA — Agora você vai se curar mais rápido com o

clima da sua família.

VÍTOR — (triste) É, Deus te ouça... Porque vai ser

difícil.

Todos, inclusive os empregados abraçam Vítor.

CORTA PARA:


Félix está no seu escritório fazendo alguma coisa e seu

telefone toca.

FÉLIX — (atende) Pode mandar entrar.

Félix vai receber na porta. É Fred.

FÉLIX — Vamos entrar.

Félix pede que ele sente. Os dois sentam frente a f rente.

Segue...

FÉLIX — Você demorou a aparecer, estava

impaciente. Já comecei a imaginar que você

não viria mais.

FRED — Eu não pude vir antes. Mas estou aqui

pronto pra tudo que o senhor me mandar

fazer.

Close em Félix sorrindo, orgulhoso.

CORTA PARA:

CENA 56. RIO DE JANEIRO. RUAS. EXTERIOR. DIA.

Clipe: Carreata de Manuela percorre as ruas da cida de.

Atenção aos focos: (1) Pessoas que estão nas ruas, apóiam a

carreata e gritam seu nome; (2) Manuela está em cim a de um

caminhão de som acompanhada de seu fiel marido e de seu

candidato a vice, Dr. Marcos; (3) Outro ponto: João está

dirigindo o carro onde leva Carina, Sara, Celina e Vitória

atrás do caminhão; (5) Focos de militantes do parti do, carros

embandeirados, pintados com fotos da nossa candidat a;

Valorizar.


29

Ligar no áudio, a música tema da campanha de Manuel a que será

adenda ao capítulo.

CORTA PARA:


Continuação imediata da cena 55 deste mesmo capítul o;

Sonoplastia: suspense.

Reunião entre Félix e Fred. O rapaz está prestando muita

atenção ao que o deputado fala. Valorizar uns momen tos.

DETALHE: O ÚNICO ÁUDIO DA CENA É A MÚSICA DE SUSPEN SE. NÃO

OUVIMOS NADA O QUE ESTÃO FALANDO.

CORTA PARA:

CENA 58. CASA NOVA. SALA. INTERIOR. DIA.

Camila está sentada no sofá telefonando no celular. Liga,

liga, liga e não obtém êxito no que pretende. Câmer a foca sua

apreensão.

FUSA COM:

CENA 59. QUARTO DE MOTEL. INTERIOR. DIA

Daniel está na cama com a mesma menina que ele beij ou depois

da corrida que ele venceu. Valorizar.

Alternar planos com a cena anterior. Camila angusti ada.

FUSÃO PARA:

CENA 60. CASA DE VÍTOR. QUARTO DELE. INTERIOR. DIA.

Vitor está no seu quarto com um rádio no seu ou ouv ido

tentando escutar algo. Está impaciente. Entra Vivia na.

VIVIANA — O que você está fazendo, querido?

VÍTOR — Tô tentando ver se escuto alguma coisa

sobre a carreata da Manuela.

VIVIANA — Não vai dar nada, no máximo amanhã sai

alguma manchetezinha de meia dúzia de linhas

no jornal. Do jeito que o governo é, se o

rádio falar alguma coisa, vão dizer que eles

estão favorecendo a Manuela.

VÍTOR — Favorecendo a vencedora, você quer dizer.

VIVIANA — É, mas pra eles não importa quem será a

vencedora das eleições, nem nada. (t) Sai


30

desse rádio, é muito mais vantajoso e

prático ligar pro Felipe e saber a quantas

anda.

VÍTOR — Boa idéia.

Vítor se desloca com a cadeira até o criado-mudo on de está o

telefone; O pega.

CORTA PARA:

CENA 61. ALTO DO CAMINHÃO DE SOM. EXTERIOR. DIA.

Religiosamente Felipe está ao lado de sua amada que acena

para a sua militância por cada rua em que eles pass am com a

carreata. Felipe sente seu celular vibrar. Muito mu rmúrio,

muito barulho, agitação, ensurdecedorismo. Ele aten de.

ALTERNAR PLANOS COM A CENA ANTERIOR.

FELIPE — (tel.) Alô?! (p) Oi, pai, como é que tá?

VÍTOR — Eu to bem, graças a Deus. E a carreata

como anda?

FELIPE — (Tel. / grita) O quê? Eu não entendi!

VÍTOR — (tom) Como é que tá a carreta?

FELIPE — (tel. / grita) Tá grandiosa e animada como

sempre. Eu não tenho dúvida alguma que a

Manuela será a vencedora dessa eleição do

mês que vem.

VÍTOR — Que bom... Então depois a gente se fala!

Beijo, filho!!!

FELIPE — (tel. / grita) Beijo, pai! Depois a gente

se vê!

Felipe desliga o celular e continua a curtir a carr eata.

CORTA PARA:

CENA 62. ESCRITÓRIO DE FÉLIX/SACADA. INTERIOR/EXTER IOR. DIA.

Continuação da reunião entre Félix e Fred.

FRED — Ah, eu sei de quem o senhor está falando.

Da Manuela, aquela que é candidata pra

prefeitura.

FÉLIX — Exatamente!

FRED — Linda, gostosa, corpo perfeito. Não vai

ser difícil.


31

FÉLIX — É, mas tome cuidado, porque essa moça

linda, gostosa e com corpo perfeito como

você diz, é casada.

FRED — Não conheço o marido dela.

Tempo; Sonoplastia: Buzinas de carros ficando cada vez mais

altas.

FÉLIX — Então venha conhecer...

Félix e Fred vão para a sacada do escritório.

Corta para a sacada;

Direção: Como achar melhor filmá-los. A sacada não é grande.

Focamos de cima da sacada a rua e a carreata aos po ucos se

aproximando.

PV DE FRED: Detalhes minuciosos de Manuela.

FRED — Que gostosa!

FÉLIX — E quanto ao marido?

FRED — O marido eu me viro... Já sei muito bem

como me aproximar dele e tirá-lo da linha

pra mim ter aquele corpo só pra mim.

Suspense. Close em Fred.

CORTA PARA:


CENA 63. CASA DE MURIEL. QUARTO DELE. INTERIOR. DIA .

Observamos Muriel e Natália transando. De longe, na porta,

sem ser percebida, focamos Veridiana vendo tudo e c horando.

CORTA PARA:

CENA 64. REPÚBLICA. QUARTO DE LUÍSA. INTERIOR. DIA.

Luisa está atenta ao computador e sua mãe entra. A menina

rapidamente trata de ‘esconder’ da mãe o que estava vendo,

mas Janice não foi enganada.

LUÍSA — (irritada) Não sabe bater não?

JANICE — Por acaso a minha filha esconde alguma

coisa que eu não possa saber?

LUÍSA — Não, mas se eu estivesse pelada aqui?

JANICE — Aí com certeza a porta estaria chaveada...

Close em Luísa ‘vencida’.


32

JANICE — Tem uma amiga de escola sua aí na porta e

quer falar com você. Tá lá na recepção te

esperando.

LUÍSA — Quem é?

JANICE — Não sei, essa eu não conheço.

Luísa sai do quarto. Janice vai ver o que a filha e scondeu no

computador e constata...

Close na tela: Diversas fotos sensuais de mulheres de biquíni

e de diversas poses que deixariam homens loucos. Ja nice se

espanta.

JANICE — A troco de quê a Luisa tá vendo essas

fotos?

Marcação da CAM: Janice no computador e close na po rta. Luísa

aparece.

LUÍSA — (alteradíssima) Sai do meu computador,

mãe!

No espanto de Janice, corta para:

CENA 65. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE.

STOCK-SHOTS.

FUSÃO PARA:

CENA 66. RESTAURANTE CHIQUE. INTERIOR. NOITE.

Restaurante chique do Rio de Janeiro. CAM passeia p or ele e

encontra Willy e Aline numa das mesas.

ALINE — Não precisava ter me trazido até aqui.

Esse restaurante é muito caro.

WILLY — Isso é uma forma simples de agradecimento

por você ter sido tão gentil comigo.

ALINE — É, mas se algum aluno nos vê aqui vai sair

dizendo que não temos direito de reclamar

pelos nossos baixos salários.

WILLY — Professores tem direito de se divertirem

em lugares caros pelo menos uma vez na vida.

E esse restaurante é pouco para o que você

merece.

ALINE — Olha, Willy.../

WILLY — (CORTA) Aline, hoje quem vai falar sou eu.

Close em Aline.


33

WILLY — Eu tomei coragem e vou dizer agora tudo o

que eu sinto pra você. Não me importo com o

que você vai dizer depois, não me importa

sua resposta, não me importa sua reação.

Porque eu sei quais serão. A única coisa que

me importa é que eu vou desentalar tudo que

ainda tá aqui na garganta e vou dormir

tranqüilo. (p) Aline, eu estou completamente

apaixonado por você!

Aline não se espanta, sabia o que iria ouvir.

WILLY — Eu sou louco por você desde o primeiro dia

em que eu te vi. Você é linda, inteligente,

sexy... e não merece esperar por um homem

casado! Você merece coisa melhor e eu sou

melhor do que o Muriel, porque eu tenho uma

coisa que ele não pode te dar: AMOR ! Eu

estou disposto a fazer você esquecer o

Muriel, é só você querer.

Close em Aline sem reação.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 67. CASA DE MURIEL. QUARTO DELE. INTERIOR. NOI TE.

CORTE DESCONTÍNUO: Muriel jogado na cama, sem camis a e de

cueca, levemente ofegante depois do amor ao lado de Natália

no mesmo estado de dever cumprido do marido; Natáli a está

deitada, onde seu corpo curvilíneo está coberto por um lençol

branco e suas belas pernas a mostra. Está completam ente nua

debaixo do pano branco.

NATÁLIA — Preciso te dizer uma coisa.

MURIEL — Diga...

NATÁLIA — Há muito tempo eu não sentia tanto prazer

como hoje... Nem sabia mais qual era a

sensação.

MURIEL — (ORGULHOSO) Sério?

NATÁLIA — Sério... Não sei, me senti tão culpada

hoje. Transar com sentimento de culpa é tão

bom...

MURIEL — E com amor é melhor ainda.

Os dois se beijam.


34

MURIEL — O que eu não entendi é o porquê da culpa.

NATÁLIA — Parece que não estávamos sozinhos... Sei

lá, não me senti só com você. Acho que

alguém estava nos vigiando...

Close em Muriel inquieto.

NATÁLIA — Mas eu adorei... Vamos enlouquecer de

novo?

MURIEL — (SORRI) Você quer mais?

NATÁLIA — Quero, mas não sexo... quero enlouquecer

de outra maneira!

MURIEL — Como?

NATÁLIA — Vamos pra uma boate dançar?

MURIEL — Dançar?

NATÁLIA — É, vamos nos divertir em outro lugar...

dançar bastante, sem se preocupar com o dia

de amanhã!

MURIEL — (SORRINDO) Você é maluca!

Close em Natália sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 68. ALTO DO CAMINHÃO DE SOM. EXTERIOR. NOITE.

Com a carreata terminada, o caminhão de som encosta em frente

ao prédio do comitê de Manuela. Atrás dele, o carro com João

dirigindo transportando Carina, Sara, Celina e Vitó ria.

Corta para o caminhão onde Marcos desce e Manuela p ermanece

com Felipe.

MANUELA — (P/ FELIPE) Mais um dever cumprido!

FELIPE — Viva à nossa prefeita maravilhosa!

Manuela sorri. Os dois se beijam apaixonadamente.

CORTA PARA:

CENA 69. ESTACIONAMENTO DO COMITÊ. EXTERIOR. NOITE.

Estacionamento atrás do prédio.

Câmera foca os pés de dois homens que se aproximam. Eles vão

em direção ao carro de Manuela. Não avistamos direi to, está

meio escuro. Um deles joga um galão de gasolina no carro e

outro risca um palito de fósforo e joga. Gota d’águ a: o carro

começa a pegar fogo.

Corta rápido


35

CENA 70. ALTO DO CAMINHÃO DE SOM. EXTERIOR. NOITE.

Manuela e Felipe interrompem o beijo e avistam as c hamas

atrás do prédio.

MANUELA — (ESPANTADA) Meu Deus!

Os dois descem do caminhão correndo e a imagem cong ela.

Corta

Fim do cap. 002

Adendo ao capítulo, a música tema da campanha da personagem Manuela: É Manuela pra prefeita, é Manuela pra prefeita! Para deixar a cidade ainda mais perfeita... Votando no Oitenta você não vai se arrepender, Porque a cidade vai voltar a sobreviver... Uma cidade sem crime, sem violência, sem tráfico de influência, É o melhor que há! Votando em Manuela pra prefeita, é o número oitenta na cabeça, É pra ganhar! A sua vida vai melhorar! Vai melhorar! Votando no oitenta pra ganhar! Pra ganhar! A sua vida vai melhorar! Vai melhorar! Votando no oitenta pra ganhar! Pra ganhar! [repetir mais uma vez] Aberto a sugestões de mudança ou outro modelo.


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Novela de Alexandre Peixoto Escrita por Alexandre Peixoto...

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