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Novo acelerador de particulas brasileiro, capaz de emitir radia@o especial, ficar5 pronto em 2018, em Campinas, e poder5 ser o melhor de sua categoria no mundo

RAFAEL GARCIA ENVIADO ESPECIAL ACAMPINAS
Quem visita o campus do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Mate- riais), em Campinas, j% pode ver no solo o tra~ado de uma
I circunferencia de 235 metros de dihetro. N%o 4 um aero- porto para discos voadores.
, Nesse circulo ficari o Sirius, o novo acelerador de particu- las da instituiq%o, uma m%- quina de R$1,3 bilhiio.
A maior parte ser% finan- ciada pelo Minist4rio da Cien- cia, Tecnologia e Inovaqao. A Fapesp (Fundaqiio de Ampa- ro 5 Pesquisa do Estado de Siio Paulo) tamb4m contribui para o projeto.
0 tamanho do projeto po- de n%o ser muito impressio- nante comparado aos maio- res aceleradores de particu- las do mundo -0 LHC, na Sui- Ca, tem 8,6 lun de dismetro- mas a maquina brasileira tem a chance de ser a melhor de sua categoria quando for inaugurada, em 2018.
Diferentemente dos acele- radores que produzem coli- s6es entre particulas, o Sirius vai gerar raios de luz sincro- tron, tip0 especial de radia- @o. Ela 4 usada para obter imagens de alta definiqiio em tkcnicas de anase estrutural de materiais e mol4culas.
Dentro do acelerador cir- cularn el6trons que, ao serem desviados por imiis para se- guirem a trajet6ria do anel, emitem radiaqao sincrotron pela tangente (veja a dir.).

AMPLO ESPECTRO A radiaqtio gerada pel0 Si-
rius terii muitas caracteristi- cas especiais se comparada a uma fonte de luz comum. Seu espectro serii muito amplo, indo desde a luz infraverme- lha (de frequikcia baixa) at6 o raio X (de frequ@ncia alta), passando pelas sete cores da luz visivel e pel0 ultravioleta.
Outra coisa que torna es- pecial a luz gerada pel0 Sirius e sua "baixa emitincia". Isso significa que sua radiaqgo se- rii separada em raios distin- tos e estreitos, corn apenas 0 5 micrtimetro de largura (0,5% de um fio de cabelo). Focali- zados, eles sso capazes de se- guir longos percursos sem se dispersar, como o laser.
"A emitsncia, que 6 medi- da em uma unidade chama- da nantimetros-radianos [nm.rad], 6 o parimetro que caracteriza a qualidade da miiquina", explica Liu Lin, uma das cientistas responsii- veis pel0 projeto do Sirius.
0 LNLS (Laboratbrio Na- cional de Luz Sincrotron), di- vistio do CNPEM encarrega- dado Sirius, opera desde 1997 outro acelerador, o WX, que gera raios com emitsncia de 100 nm.rad em seu anel de 30 m de dihetro. A do Sirius serd de apenas 0,27 nm.rad.
"Serii possivel sondar ob- jetos menores, com cada vez mais resoluqZo", explica He- lio Tolentino, pesquisador do LNLS. "Al6m disso, o Sirius vai produzir mais fbtons [par- ticulas de luz], o que permi- tirii observar materiais corn

muito mais detalhe." Dessa forma, linhas de luz
do Sirius ser5o capazes de analisar amostras de metal e rocha que s5o opacas diante da capacidade do WX
A demanda por uma tecno- logia melhor ja existe no se- tor de pesquisas de empresas como a Petrobras, que lida com equipamentos de explo- ra~5o e analise de rochas a serem perfuradas. 0 laboratbrio colocara as
linhas de luz A disposi~50 de cientistas que estudam des- de proteinas e farmacos at6 ligas metacas, passando por anaise de solo e produtos da agroindustria.
Maquina ja nasce competitiva e deve atrair parcerias DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
0 novo acelerador de par- ticulas deve ser mais compe- titivo, com potencial real de atrair colabora~des com ou- tros paises - diferentemente do outro acelerador ja exis- tente, o WX, que ja era uma fonte sincrotron de segunda categoria quando ficou pron- ta, em 1997. "0 Sirius vai nascer na li-
deran~a", diz Jose Roque da Silva, diretor do Laboratbrio Nacional de Luz Sincrotron, que compara o projeto nacio-
nal ao MAX IV, na Sukia, uni- co acelerador em constrq5o no mundo com emitancia comparavel ?I do Sirius.
Segundo o cientista, foi a expertise adquirida na cons- truq5o do WX, que comeqou em 1987 e durou dez anos, que permitiu o projeto mais ousado agora.
"Se vocs quer aprender a fabricar carro, 6 dificil fazer uma Ferrari logo de cara. Pri- meiro vocs tem que fazer um carro mais normal", compa- ra Roque. "Mas agora o Bra- sil esta fazendo uma Ferrari."
Cerca de metade do custo bilionario do acelerador 6 do pr6dio que vai abriga-lo, que requer condi~des muito espe- cificas. 0 piso onde o anel acelerador sera assentado, por exemplo, tera mais de 500 metros de circunfersncia, e n5o podera contrair imper- fei~des maiores do que 0,25 mm por ano para n5o atrapa- lhar o funcionamento da maquina.
Segundo Roque, o labora- tbrio fez um esfor~o de arti- culaq5o com empresas brasi- leiras para conseguir desen-
volver e produzir dentro do pais a tecnologia necessaria para colocar o Sirius de pe.
Nos prbximos dois anos, porem, para que o projeto n5o atrase o cronograma - algo que em geral implica tambem um aumento de cus- to-, sera precis0 obter um fluxo deverbas de R$300 mi- lhdes anuais. 0 Ministerio da CiPncia,
Tecnologia e Inova~5o pro- meteu honrar o compromis- so, por considerar o Sirius de importancia estrategica para a pesquisa nacional. .

