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NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA.

Sandra Daniel Lousano Vera Sanchez Reis1

Luis de Castro Campos Júnior2

RESUMO

Este artigo tem a intenção de relatar uma experiência docente de pesquisa e intervenção em sala deaula, desenvolvida para o PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). Propõe-se a abordarnovas perspectivas a serem utilizadas pelo professor no ensino da História indígena, através dealgumas ideias expostas no material didático elaborado, uma Unidade Didática. Partindo dessaperspectiva, buscou-se caminhar na direção de novas maneiras de trabalhar destacando avalorização dos povos indígenas, fornecendo subsídios, colaborando para uma nova forma deabordar a temática indígena e a aplicação da lei nº 11.645/2008 que institui a obrigatoriedade doestudo da história e das culturas dos povos indígenas. Essa valorização tem como finalidade tentardesfazer os estereótipos criados ao longo dos séculos e que permeiam a comunidade escolar, tendoem vista que os povos indígenas estão presentes na sociedade brasileira e devem ser tratados,estudados e pesquisados não necessariamente como uma população passiva, mas sim como umapopulação que busca seu espaço para o reconhecimento e a aceitação das suas diferenças.

Palavras-chave: Estereótipos. Sociedades Indígenas. Valorização. Lei 11.645/2008.

INTRODUÇÃO

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 – em seu

parágrafo 4º, artigo 26 postula:

A preocupação com o estudo da história desses povos remonta à década de

1990. Em 2003, com a promulgação da Lei 10.639/2003 tornou-se obrigatório, nos

níveis fundamental e médio das escolas brasileiras o estudo da história e cultura

afro-brasileira, mas a temática indígena não foi inserida nesse contexto. Somente no

ano de 2008 essa omissão foi corrigida, com a Lei 11.645/2008, que torna

obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena no ensino

fundamental e médio, nas escolas brasileiras públicas e particulares. Passou a

vigorar com o seguinte texto:

1Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Integrante do Programa de DesenvolvimentoEducacional – PDE – História. [email protected] em História pela Unesp – Universidade. Professor Adjunto D CCHE - UENP – Campus deJacarezinho/PR. [email protected]

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Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,

públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-

brasileira e indígena.

§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá

diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da

população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o

estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos

indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio

na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas

áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos

povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo

escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e

história brasileiras. (BRASIL,2008)

Ao analisarmos a lei, entendemos que a sua intenção é fazer com que se

estude, colocando em evidencia as minorias para que todos tenham compreensão

sobre outras culturas e suas trajetórias históricas.

Podemos ver que a primeira redação do artigo 26-A incluía somente o

estudo da cultura afro-brasileira, e mais tarde, ao considerar que o Brasil é um país

marcado pela diversidade social e que, portanto, vários povos fazem parte da nossa

identidade nacional, sobretudo, os índios – que antes mesmo da chegada dos

colonizadores, já habitavam o território brasileiro – postulou-se a necessidade do

respeito e do reconhecimento à cultura indígena. Por essa razão, foi promulgada a

Lei 11.654, em 2008, que complementou a lei 10.639 alterando a redação do artigo

26 – A, acrescentando, ao lado do grupo étnico dos negros, o estudo sobre os

índios.

Isto demonstra claramente um esforço em busca de democratização da

sociedade, o que é muito importante. A medida que os grupos minoritários se

organizam, podem reivindicar seus direitos de reconhecimento, respeito e igualdade.

O que esta Lei altera no conteúdo programático da educação básica é a

inclusão dos diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação

da população brasileira, a partir dos dois grupos étnicos: africana e indígena. A lei

enfatiza o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos

indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na

formação da sociedade nacional. Resgata assim as suas contribuições nas áreas

social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Estes conteúdos não

serão ministrados em forma de disciplina específica, porém, no âmbito de todo o

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currículo escolar, principalmente através das aulas de Educação Arte, Literatura e

História do Brasil.

O sistema educacional brasileiro não contempla nossa herança cultural,

formada a partir das heranças culturais europeias, indígenas e africanas. Os livros

didáticos apresentam uma visão eurocêntrica da História de nosso país,

perpetuando estereótipos e preconceitos.

Apesar desse fato inquestionável de que somos, em virtude de nossa

formação histórico-social, uma nação multirracial e pluriétnica, de notável

diversidade cultural, a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa

realidade e, portanto, não sabe trabalhar com as crianças e jovens das camadas

sociais mais pobres, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços.

O espaço destinado aos povos indígenas na história mostra-se igualmente

reduzido. A maioria dos livros didáticos de História do ensino fundamental, muitas

vezes utilizados como o principal recurso didático em sala de aula, costuma deixar

de lado a população indígena ou se limitar apenas a citar sua contribuição. Quando

encontramos referências ao tema, observa-se que esses povos se encontram

ausentes enquanto sujeitos de sua História.

Estudos efetivados por Zamboni e Bergamaschi (2009) em livros didáticos

adotados na primeira metade do século XX mostram que as concepções que

predominavam nesses manuais, amplamente usados nas escolas brasileiras,

estavam marcadas pelas visões da literatura romântica do século XIX, que mostra o

indígena idealizado, representado a um só tempo como herói e vítima, fadado ao

extermínio. Derivadas dessas concepções, predominavam nos livros didáticos de

história narrativas que abordavam os povos indígenas como representantes do

passado, só aparecendo como primeiros habitantes do Brasil, concepções

responsáveis pela formação de muitas gerações escolares.

Existe ainda hoje uma tendência nas escolas em priorizar apenas alguns

aspectos da cultura indígena na sua materialidade sem destacar os significados

atribuídos em diferentes ambientes. Assim, o que é denominado como “herança

cultural” reduz-se a listas de palavras, comidas, remédios, deuses, etc. Uma rápida

análise nos livros didáticos de História nos impele a pensar que o índio ocupa um

lugar muito reduzido na sociedade brasileira desde o processo de colonização.

Bittencourt, ao analisá-los, considera que:

(…) o livro didático é um importante veículo portador de um sistema de

valores, de uma ideologia, de uma cultura. Várias pesquisas demonstram

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como textos e ilustrações de obras didáticas transmitem estereótipos e

valores dos grupos dominantes, generalizando temas como família, etnia,

de acordo com os preceitos da sociedade branca burguesa (BITTENCOURT

2005, p. 4 72)

Apesar da renovação teórico-metodológica da História nos últimos anos, o

conteúdo programático dessa disciplina na escola fundamental tem primado por uma

visão monocultural e eurocêntrica de nosso passado. Inicia-se o estudo da chamada

“História do Brasil” a partir da chegada dos portugueses, ignorando-se a presença

indígena anterior ao processo de conquista e colonização. Exalta-se o papel do

colonizador português como desbravador e único responsável pela ocupação de

nosso território. Oculta-se, no entanto, o genocídio e etnocídio praticados contra as

populações indígenas no Brasil: eram cerca de 5 milhões à época do chamado

“descobrimento”, hoje são 817.963.

A partir do final dos anos 70 do século XX, novos atores sociais na cena

política, protagonizados pelos movimentos populares, sobretudo os ligados ao

gênero e à etnia, passaram a reivindicar uma maior participação e reconhecimento

de seus direitos de cidadania. Entre esses movimentos sociais, podemos indicar o

movimento indigenista, que reivindica, do governo, a demarcação das terras

indígenas e o direito à sua própria cultura, e os movimentos de consciência negra,

que lutam, em todo o país, contra quaisquer formas de preconceito e discriminação

racial.

É nesse contexto que se insere a questão relativa à valorização da

diversidade étnico cultural de nossa formação no sistema educacional brasileiro, no

qual desponta a inserção de temáticas e conteúdos programáticos sobre a história

da África, do negro e do índio em nosso país.

Consideramos, pois, de fundamental importância a inclusão do ensino de

história indígena no currículo da educação básica, por saber que a instituição escolar

tem um papel fundamental no combate ao preconceito e à discriminação, porque

participa na formulação de atitudes e valores essenciais à construção da cidadania

de nossos educandos.

A implementação das referidas Leis apresenta ao sistema educacional

desafios: a promulgação das Leis abre novas demandas para produção de

conhecimentos sobre africanidades, as lutas do negro no Brasil, a Consciência

Negra, a resistência indígena no contato com os brancos, a cultura indígena, entre

outros. É preciso além da publicação de materiais sobre tais temáticas, uma urgente

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política de formação continuada para capacitar os professores a trabalharem com

estes novos temas.

Nesse sentido, dentre as inúmeras aprendizagens e conhecimentos

necessários de se discutir, destaca-se a capacitação do corpo docente para

o conteúdo específico legalmente exigido e o desenvolvimento de

procedimentos pedagógicos adequados, o que implica a necessidade de

práticas pedagógicas que visem a aprendizagem do conteúdo dos estudos

de África e dos povos indígenas no Brasil, relacionado às dificuldades em

que se debatem os educadores envolvidos na operacionalidade da referida

lei. Carência de pesquisa e debates a respeito dos recursos que possam ser

ágil e enriquecedores na aplicação desses conteúdos em sala de aula e

adequação dos livros didáticos (ROCHA, 2007).

Faz-se urgente envolver a comunidade escolar em um projeto de discussão,

de problematização e de engajamento em ações concretas que visem à valorização

da diversidade cultural brasileira.

A Lei 11.645, de 2008, afirma que a temática História e Cultura Afro-

Brasileira e Indígena devem ser trabalhadas de forma interdisciplinar.

Selva Fonseca mostra que é notória a importância de uma prática

interdisciplinar para a renovação do ensino brasileiro. A exigência de trabalho

interdisciplinar, com a temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, vem

corroborar com este desejo de inovação. A temática é instigante por diversas razões,

mas fundamentalmente porque nos faz pensar na construção de propostas

pedagógicas capazes de garantir o princípio que dê embasamento e justifique a

educação escolar: o desenvolvimento pleno do educando nas suas múltiplas

dimensões: cognitivas, sociais, políticas, afetivas e éticas.

O trabalho tem como objetivo principal trazer para os alunos uma nova visão

sobre os povos indígenas e consequentemente desconstruir estereótipos como:

índios são preguiçosos, atrasados são todos iguais, índio é passado, que muitas

vezes surgem devido a falta de conhecimento concreto, é preciso repensar os

preconceitos que estão arraigados em nossa sociedade e comunidade escolar.

NOVAS IDEIAS SOBRE O ÍNDIO NA ATUALIDADE.

A formação dos educandos tornando-os pessoas conscientes e

comprometidas com a sua realidade histórica e com a sociedade deve ser o principal

objetivo da educação. Diante disso devem ser pensadas práticas de ensino que

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contribuam para alcançar esse fim.

Rediscutindo o papel e o compromisso com a educação enquanto

professora de História, este trabalho busca, através de estudos, pesquisas, troca de

experiências, entender as diferenças entre as sociedades indígenas, ressaltar as

mudanças que ocorreram ao longo do tempo e principalmente mostrar como vivem e

onde estão os povos indígenas do Brasil e do Paraná, dando ênfase aos povos da

Terra Indígena do Pinhalzinho em Tomazina, norte do Paraná.

Os indígenas são sujeitos de sua história e, que para isso se torne claro, é

necessário que a história desses povos possa ser conhecida e reconhecida pela

comunidade escolar. Esse trabalho foi pensado durante uma aula de História, com

alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, onde falávamos sobre os indígenas que

vivem na Reserva de nosso município. Percebemos, então, que o assunto era

tratado por parte dos alunos como algo sem importância.

Foram realizados alguns questionamentos e o que mais chamou a atenção foi

quando, ao perguntar sobre a Reserva Indígena de Tomazina, qual a imagem que

tinham dos indígenas e principalmente daqueles que habitavam o referido município.

A maioria dos alunos foi taxativa em responder que não tinha conhecimento da

reserva neste município, que os índios são preguiçosos, ganham muitos recursos e

que esses índios não eram de verdade, pois viviam igual a eles.

A concepção de índios para eles era a de pessoas morando em ocas,

pintados, seminus, usando arco e flechas, como se a história indígena ficasse muito

distante do cotidiano desses alunos. Ao analisar os planos de trabalho dos

professores foram observados poucos registros sobre a temática indígena.

Constatou-se desse modo, que existe uma ausência de identificação com os índios

que vivem próximos a eles (alunos), surgindo assim a falta da imagem indígena.

Porém, esse tipo de conhecimento não se resulta unicamente pela falta de interesse

por parte dos alunos, mas também pela inexistência de conteúdo referente ao tema

no material didático utilizado pelos mesmos, deixando claro que o que se ensina aos

alunos sobre os povos indígenas é superficial.

São mínimos os materiais utilizados na escola que mencionam lutas e

demandas atuais dos povos indígenas, seu futuro, a importância e a contribuição

para o país hoje. Por que acontece hoje esse pensamento tão retrógrado sobre o

Indígena Brasileiro?

Trabalhar com essa temática na sala de aula, implica uma série de questões

que vão muito além do currículo ou da lei em si, principalmente em relação aos

professores e as suas perspectivas de ensino, suas relações com o tema e até a

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formação inicial e falta de interesse desses profissionais.

Um dos grandes problemas em trabalhar com essa temática nas aulas de

história é que muitas vezes no currículo da disciplina predomina principalmente uma

gama de conteúdos eurocêntricos. Outro fator que dificulta o trabalho com esse tema

é que há, por parte de alguns professores, um desconhecimento sobre a cultura

indígena. (ALMEIDA,2003, p.5).

Não há uma “formula” para selecionar os materiais que serão utilizados pelo

professor para trabalhar em conjunto com o aluno a construção da noção de Cultura

e História dos povos indígenas, principalmente porque cada professor deve escolher

algo que se adapte melhor a realidade da sua escola e da sua turma.

Existe uma variedade muito ampla de recursos que podem ser utilizados

pelos professores em colaboração com o livro didático no desenvolvimento de suas

atividades. Entre esses recursos didáticos cabe destaque para o uso de músicas,

filmes, vídeos, depoimentos, visitas, histórias em quadrinhos, entre outros.

O professor pode escolher, com o devido cuidado, esses materiais de apoio

e adequá-los ao tema a ser trabalhado, como no caso da temática abordada pela lei

11.645/08.

Um novo olhar sobre o ensino de história indígena, é o título do Projeto de

Intervenção Pedagógica na Escola, que foi desenvolvido no oitavo ano do período

vespertino da Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira Ensino Fundamental.

Esse tema foi escolhido devido à necessidade em se desfazer a visão estereotipada

que a comunidade escolar tem a respeito dos indígenas e combater assim o

preconceito e a discriminação, que nos foram colocados através das primeiras

representações sobre dos povos indígenas. As atividades desenvolvidas pelo

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE no decorrer de 2017 foram

constituídas em três partes. A primeira através de cursos de capacitação e

aprofundamentos teóricos presenciais para que fosse possível o desenvolvimento

dos trabalhos como: Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, pela Produção

Didático Pedagógica, intitulada Um Novo Olhar Sobre o Ensino de História Indígena,

que contribuiu para que a temática indígena fosse discutida e repensada em sala de

aula e o Artigo Científico. Além do que foi mencionado, aconteceu o Grupo de

Trabalho em Rede GTR, curso à distância que foi ministrado pela professora PDE,

envolvendo os demais professores da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná.

Através do trabalho desenvolvido com a Unidade Didática os alunos tiveram

oportunidade de interagir com a temática indígena do Brasil e do Paraná e ter um

maior conhecimento sobre os indígenas da Terra Indígena do Pinhalzinho, através

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da visita a Reserva.

Em seu texto: CINCO IDEIAS EQUIVOCADAS SOBRE OS ÍNDIOS, José

Ribamar Bessa Freire nos diz que é importante discutir essas ideias equivocadas,

porque com elas não é possível entender o Brasil atual. Se a sociedade não possuir

um conhecimento correto sobre a história indígena, sobre o que aconteceu na

relação com os índios, será inviável procurar explicar o Brasil contemporâneo. As

sociedades indígenas constituem um indicador extremamente sensível da natureza

da sociedade que com elas interage. A sociedade brasileira se desnuda e se revela

no relacionamento com os povos indígenas. É ai que o Brasil mostra a sua face.

Nesse sentido, tentar compreender as sociedades indígenas não é apenas procurar

conhecer “o outro”, “o diferente”, mas implica conduzir as indagações e reflexões

sobre a própria sociedade em que vivemos.

A ideia do índio como selvagem, preguiçoso, que vive da caça e da pesca,

místico e guerreiro, segundo BITTENCOURT (1998, p. 69-90) tem povoado o

universo linguístico das crianças e jovens ao longo da vida escolar. Tais

representações, em diferentes contextos históricos de ensino-aprendizagem, estão

presentes na literatura, nos textos didáticos, na iconografia, nas músicas, nos filmes,

na fala docente e nos discursos de 19 de abril – Dia do Índio.

Ao estudar o índio somente pela ótica do passado os alunos não são

preparados para entenderem a presença dos índios no presente e no futuro.

(GRUPIONI,1995, p. 429).

O ÍNDIO NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA.

*Segundo Eduardo Viveiros de Castro, pesquisador e professor deantropologia do Museu Nacional (UFRJ) índio é qualquer membro de umacomunidade indígena, reconhecido por ela como tal.

Já uma comunidade indígena é fundada em relações de parentesco ouvizinhança entre seus membros, que mantém laços histórico-culturais com asorganizações sociais indígenas pré-colombianas.

Quando comparados à nossa sociedade, os povos indígenas apresentamcaracterísticas comuns. No entanto, quando vistos de perto, nota-se além dassemelhanças, muitas diferenças.3

No cotidiano da sociedade brasileira a contribuição indígena foi relevantegerando grande influência na nomenclatura de objetos e no nome das pessoas. Écomum observar cidadãos de nome como Ubiratan ou Jacira. Pode ser também3 Variam as culturas, as línguas, as formas de organização social e política, os rituais, as cosmologias,os mitos, as formas de expressão artística, as habitações, as maneiras de se relacionar com o ambiente em que vivem.

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Iracema, Tainá, Cauã ou Jandira.4 Em boa parte do país o brasileiro já teve contatocom uma infinidade de palavras de origem indígena, sobretudo da língua tupi-guarani (união entre as tribos tupinambá e guarani),

Mas não foi só na língua portuguesa que se observa a influência indígena.Sua herança e contribuição para a formação da cultura brasileira foi além passandoda comida à forma como os brasileiros enfrentam as doenças. Os índios, através desua forte relação e dependência da floresta, descobriram nela uma variedade dealimentos, como a mandioca (e suas variações como a farinha, o pirão, a tapioca, obeiju e o mingau), o caju e o guaraná, utilizados até hoje em nossa alimentação.

Esse conhecimento das populações indígenas em relação às espéciesnativas é fruto de milhares de anos de conhecimento da floresta vivendo seusdesafios cotidianos.

Outro benefício herdado da intensa relação dos índios e a floresta é emrelação às plantas e ervas medicinais. O conhecimento da flora e das propriedadesdas plantas os fez utilizá-las no tratamento de doenças.5

O artesanato também foi outro campo da atividade humana em que ainfluência indígena se apresentou com importante intensidade. Bolsas trançadascom fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e escamas de peixesão utilizados em diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com umaaldeia indígena.

Segundo Chang Whan,6 embora haja o costume de separar a culturaindígena da cultura brasileira, essa dissociação não está correta. “A cultura brasileiraseria resultante da conjunção de muitas contribuições indígenas, com a influência natoponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na culinária e notratamento de saúde utilizando as ervas medicinais”.

Os primeiros habitantes do Brasil, utilizando os recursos da natureza, sealimentavam basicamente de mandioca, macaxeira ou aipim e milho7. Esse costumepersiste até hoje com os índios que não têm muito contato com os homens brancose que conseguem dessa forma preservar melhor a sua cultura.

4 Vejamos o exemplo no estado do Rio de Janeiro: nomes como Pavuna, Jacarepagua, Tijuca, Itaipu, Ipanema apresentam a contribuição indígena. No caso de São Paulo temos: Jundiaí, Itaquecetuba, Butantã, Piracicaba, Jundiaí.

5 a alfavaca que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é digestivo, antitóxico,combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres intermitentes (que cessam e voltamlogo) são descobertas dos índios utilizadas no nosso dia a dia.

*Este texto foi retirado do site do Instituto Socioambiental (ISA) Eduardo Viveiros de Castro,pesquisador e professor de antropologia do Museu Nacional (UFRJ) e sócio-fundador do ISAdisponível em https://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/quem-e-indio

6 Pesquisadora do Museu Nacional do Índio no Rio de Janeiro.Influência da cultura indígena emnossa vida vai de nomes à medicina Março/2012 disponivel emhttp://progdoc.museudoindio.gov.br/noticias/retorno-de-midia/66-influencia-da-cultura-indigena-em-nossa-vida-vai-de-nomes-a-medicina

7 Também faziam parte de sua dieta: carne de caças, peixes, raízes, frutas silvestres, palmito, castanhas, “cocos” de palmeiras e algumas folhas.

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A castanha do Pará (conhecida hoje como castanha do Brasil) e o mel deabelha também constituíam parte da dieta do índio brasileiro8. Ao mesmo tempo queespantavam os insetos, tinham o cuidado de deixar um pouco de mel viabilizando acontinuação do trabalho da colmeia, o que lhes garantia uma fonte de sustentofutura.

Já no caso das hortaliças não faziam parte dos hábitos alimentares doindígena. Cultivavam a mandioca– o pão do índio –, a macaxeira ou aipim, o milho, oamendoim. As mulheres cuidavam do plantio e a colheita de qualquer cultura,enquanto os homens se ocupavam das atividades da caça e da pesca.

Quanto aos temperos utilizavam o sal e a pimenta ou uma mistura dos dois.Alguns inseriam o limão, ervas silvestres, palmito de pindoba e o bredo ou carurupara temperar seus alimentos. Para obter o sal se serviam da evaporação da águado mar, no caso das tribos que habitavam a região litorânea, em salinas naturais(areias impregnadas de sal) ou a partir da queima de madeira.

Por meio do processo de fermentação do milho, da macaxeira, do caju, dojenipapo, da jabuticaba e da mangaba, os índios fabricavam bebidas, uma espéciede vinho chamado genericamente na língua tupi de cauim ou cahoi.9

Desde o século XVI, viajantes e cronistas estrangeiros em terras brasileirasfalam de usos e costumes indígenas, sua alimentação e técnicas de cozinha.

O primeiro registro feito pelos colonizadores portugueses está na carta de

Pero Vaz de Caminha, em 1500:

[...] Dizem que em cada casa se recolhiam trinta ou

quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes

davam de comer daquela vianda, que eles tinham a saber,

muito inhame e outras sementes que na terra há e eles

comem [...] (Pero Vaz de Caminha, citado por LODY,

2000).

Os viajantes como Caminha, ficaram surpresos com novos sabores ealimentos como o moquém, trazido posteriormente da África para o Brasil, era naverdade a mandioca, confundida pelo português devido à semelhança entre as duasraízes.

O viajante francês Jean de Léry, em 1557, no seu livro, História de uma

viagem feita à terra do Brasil, descreve diversos costumes indígenas sobre a

alimentação e modo de preparar os alimentos e bebidas:

8 Embora não conhecessem a cana-de-açúcar – que chegou ao Brasil em 1502, proveniente da Ilhada Madeira –, os indígenas também utilizavam o mel em sua dieta. Primeiro afugentavam as abelhascom fogo para depois retirar o mel dos favos nas inúmeras colmeias.9 Fonte: GASPAR, Lúcia. Índios do Brasil: alimentação e culinária.Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>.Acesso em: 10 set.2017.

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[...] os indígenas americanos têm nas suas terras duas

espécies de raízes, a que chamam aipim e mandioca, as

quais em três ou quatro meses crescem no solo e ficam

tão grossas como a coxa de um homem, com o

comprimento de pé e meio, mais ou menos: quando as

arrancam, as mulheres (pois os homens não se ocupam

disso) secando-as ao fogo no moquém, tal como logo

descreverei, ou tomando-as ainda frescas, as ralam à

força em pontas de pedras miúdas fixadas e arranjadas

em uma peça chata de madeira (como ralamos e

raspamos o queijo e a noz moscada), e as reduzem a

farinha alva como a neve. [...] (LÉRY, 1889, p. 194).

[...] a raiz do aipim não só é boa transformada em

farinha, mas também pode comer-se assada inteira no

borralho ou no fogo; pois assim fica tenra, abre-se, e

torna-se farinácea como a castanha nas brasas, cujo

gosto é quase igual.

Entretanto, o mesmo não acontece com a raiz da

mandioca, pois serve somente para fazer farinha, e é

venenosa se a comermos de outro modo (LÉRY, 1889, p.

196).

[...] quanto ao modo de cozinhar e preparar a carne,

nossos selvagens a fazem, moquear, na forma de seu

costume. [...] infincam em suficiente profundidade na terra

quatro forquilhas [...]

formam uma grande grelha de madeira, que na sua

linguagem chamam de moquem. [...] E por que não

salgam suas viandas para guardá-las, como cá nós

fazemos, não têm outro meio de as conservar senão

fazendo-as assar. (LÉRY, 1889, p. 207).

O moquém ajudava a conservar os alimentos, desidratando-os, mas

conservando seu sabor. Constituía em um processo similar ao fumeiro usado pelos

europeus. A carne fica parcialmente assada, sendo necessário normalmente levá-la

novamente ao fogo para o consumo.

Uma grande contribuição indígena no preparo de alimentos foi o biaribi – umforno construído em um buraco no chão, forrado com folhas10. Havia também oprocesso de espetar a carne e o peixe em varetas de madeira e colocá-los10 Colocavam a carne, também envolta em folhas e cobre-se com terra. Sobre o forno acende-se umafogueira utilizada para assar.

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diretamente no fogo.

Estudos revelaram na atualidade, mais de duzentos grupos indígenasconhecidos no território brasileiro. Cada um possui diferentes hábitos alimentares,preferências gastronômicas e alimentos que não conseguem ingerir. Iguarias paraalguns são alimentos repulsivos para outros.

Alguns grupos inserem em sua dieta a carne de animais como antas e jabutis– caso dos índios Caiapó, que preferem carnes gordas –, e os que se alimentammais de peixes e carne de macacos, como os da região do Alto Xingu.

A caça era uma das principais fontes de alimento para o indígena. Animaiscomo porco-do-mato, paca, veado, macaco, javali, capivara, cotia, tatu, gato-do-mato e anta eram preparados com pele e vísceras.11

Percebe-se grande quantidade de alimentos de origem indígena, assim como aforma de prepará-los e de consumi-los, que acabaram influenciando a culináriabrasileira como: o uso da farinha de mandioca em beijus, tapiocas e no pirão;alimentos cozidos ou assados em folhas de bananeira; comidas de milho e apaçoca, uma espécie de farofa feita com peixe ou carne pilados com farinha..12

LÍNGUAS INDÍGENAS.

Por meio de pesquisas e estudos envolvendo os indígenas foi possívelencontrar mais de 150 línguas e dialetos presentes entre os povos indígenas noBrasil. Elas integram o acervo de quase sete mil línguas faladas no mundocontemporâneo (SIL Internacional, 2009). E aqui reside uma das preocupações comestes grupos. No Brasil esse número devia ser próximo de mil, o que demonstrainfelizmente os traços do genocídio cometido em nome da descoberta e civilização.

Colonos e missionários aprenderam da língua dos Tupinambás que apresentouum uso estratégico visando a catequização sendo ensinada aos índios nas missõese reconhecida como Língua Geral ou Nheengatu. Até hoje, muitas palavras deorigem Tupi fazem parte do vocabulário dos brasileiros.

Outra língua importante, o Tupi influenciou o português falado no Brasil mas emvirtude do contato entre povos suas línguas apresentaram constante modificação.As línguas guardam entre si origens comuns, integrando, famílias linguísticas que,por sua vez, podem fazer parte de divisões mais englobantes – os troncoslinguísticos.

Segundo novos estudos envolvendo a antropologia foi possível constatar quedentro de uma mesma aldeia fala-se várias línguas – fenômeno designado comomultilinguismo. Considerando um universo tão rico quanto a fala e comunicaçãoapenas 25 povos têm mais de cinco mil falantes de línguas indígenas como:Apurinã,Ashaninka,Baniwa,Baré,Chiquitano,Guajajara,GuaraniÑandeva/Guaraniiapo11 Os indígenas brasileiros consumiam também peixes, tartarugas, moluscos e crustáceos. Entre ospeixes mais consumidos estavam os pirarucus, carapebas, curimãs, tucunarés, comorins, cavalas,traíras, beijupirás, surubins, tambaquis, garoupas, sardinhas, agulhas, piranambus e jaús12 Fonte: GASPAR, Lúcia. Índios do Brasil: alimentação e culinária. Pesquisa Escolar Online,Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>.Acesso em: 10 set.2017.

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que,Ingarikó,Kaxinawá,Kubeo,Kulina,Kaingang,Kayapó.13

Conhecer esse extenso repertório tem sido um desafio para os linguistas, assimcomo mantê-lo vivo e atuante tem sido o objetivo de muitos projetos de educaçãoescolar indígena.

O ÍNDIO NA ATUALIDADE.

Embora estejamos em pleno século XXI existe uma acentuada falta deinformação na população em geral, a respeito dos povos indígenas que vivem nopaís. Estima-se que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000povos, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos noterritório brasileiro 254 povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes.

Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 896.917 pessoas.Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que correspondeaproximadamente a 0,47% da população total do país.14

A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas nointerior de 706 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional.

Tratar a respeito da temática envolvendo os povos indígenas no Brasil envolveuma série de considerações teóricas, mas pode-se levar em conta alguns elementosfundamentais como:

• Nestas terras colonizadas por portugueses,onde viria a se formar um país chamado Brasil, jáhavia populações humanas que ocupavam territóriosespecíficos;

• Não sabemos exatamente de onde vieram;dizemos que são “originárias” ou “nativas” porqueestavam por aqui antes da ocupação europeia;

• Certos grupos de pessoas que vivematualmente no território brasileiro estãohistoricamente vinculados a esses primeiros povos;

• Os índios que estão hoje no Brasil têm umalonga história, que começou a se diferenciar daquelada civilização ocidental ainda na chamada “pré-história” (com fluxos migratórios do “Velho Mundo”para a América ocorridos há dezenas de milhares deanos); a história “deles” voltou a se aproximar da“nossa” há cerca de, apenas, 500 anos (com achegada dos portugueses);

• Como todo grupo humano, os povos indígenas13 Também verificamos os seguintes grupos: Makuxi,Munduruku,Sateré-Mawé,Taurepang,Terena,Ticuna,Timbira, Tukano,Wapixana, Xavante, Yanomami, Ye'kuana.14 Fonte: https://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.htm acesso em 26/08/17

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têm culturas que resultam da história de relações quese dão entre os próprios homens e entre estes e omeio ambiente; uma história que, no seu caso, foi (econtinua sendo) drasticamente alterada pelarealidade da colonização;

• A divisão territorial em países (Brasil,Venezuela, Bolívia etc.) não coincide,necessariamente, com a ocupação indígena doespaço; em muitos casos, os povos que hoje vivemem uma região de fronteiras internacionais jáocupavam essa área antes da criação das divisõesentre os países; é por isso que faz mais sentido dizerpovos indígenas no Brasil do que do Brasil.15

Aqui cabe uma observação. Quando se usa a expressão “povos indígenas”refere-se a grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que apresentamdiferenças importantes. Para se ter ideia do problema no caso da Austrália aexpressão com maior peso é: aborígines.

QUAL O NÚMERO ESTIMADO DE INDÍGENAS?

É provável que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas,somando mais de 370 milhões de pessoas (IWGIA, 2015). No Brasil, até meadosdos anos 70, em função do acelerado processo de urbanização acompanhado pormudanças na agricultura e ocupação das terras, argumentava-se uma possívelextinção das diversas etnias indígenas..

Mas o que aconteceu nos anos 80? Verificou-se justamente o contrário comacentuada reversão da curva demográfica permitindo que a população indígena nopaís apresentasse um crescimento mais consistente além da tentativa derepresentatividade política por parte de algumas lideranças.

ONDE ESTÃO?

Os povos indígenas contemporâneos estão espalhados por todo o territóriobrasileiro. Vários desses povos também habitam países vizinhos. No Brasil, a grandemaioria das comunidades indígenas vive em terras coletivas, declaradas pelogoverno federal para seu usufruto exclusivo. As chamadas Terras Indígenas (Tis)somam, hoje, 706.

Nos estados da Amazônia Legal brasileira a população de pessoas indígenas,conforme o Censo IBGE 2010, é de 433.363 (somando os estados Acre, Amapá,Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e Maranhão –desconsiderando que apenas parte do Maranhão é Amazônia Legal, uma vez que osdados divulgados do Censo não possibilitam esse recorte apurado).

15 Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/ povos-indigenas. acesso em 26/08/17

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O reconhecimento das Terras Indígenas por parte do Estado (processo dedemarcação) é um capítulo ainda em curso na história brasileira. Muitas delas estãodemarcadas e contam com registros em cartórios, outras estão em fase dereconhecimento; há, também, áreas indígenas sem nenhuma regularização. Alémdisso, diversas destas terras infelizmente estão inseridas em conflitos e polêmicas.

No contexto do índio na historiografia brasileira, segundo Manuela CarneiroCunha e John Manuel Monteiro, consideram-na com duplo desafio. Por um lado,historiador deve recuperar o papel histórico dos atores nativos na formação dassociedades e culturas do continente, revertendo o quadro hoje prevalecente. Poroutro lado, e muito mais complexo, é necessário repensar o significado da história apartir da experiência e da memória de populações que não registraram, seu passadoatravés da escrita.

Nessa grande reavaliação das sociedades indígenas, a historiografia tem umpapel fundamental, pois, cabe ao historiador, através de uma revisão séria dasabordagens vigentes, resgatar esses “esquecidos” da história, e redimir a própriahistoriografia de seu papel conivente na tentativa, fracassada, de erradicar os índios.

OS DESAFIOS SOBRE A TEMÁTICA INDÍGENA EM SALA DE AULA.

As considerações a serem aqui apresentadas tiveram origem a partir de umquestionamento realizado aos professores acerca do conhecimento e dos trabalhosdesenvolvidos em suas salas de aula no que se refere a temática indígena e a lei11.645/08. Ao analisar as respostas observou-se a presença de dificuldades, taiscomo: na aplicabilidade da lei no contexto escolar, seu entendimento, bem como afalta de material na escola. Em seguida foi realizado o desenvolvimento e aplicaçãoda Unidade Didática, um questionário realizado com os alunos do 8º ano C períododa tarde da Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira. As respostas presentesnos questionários evidenciaram elementos de que os alunos apresentavam umdesconhecimento enorme sobre os indígenas, inclusive com atitudesdiscriminatórias. As respostas apresentadas deixam transparecer que, odesconhecimento os leva a isso.

Retomados, os estudos foram apresentados aos alunos por meio de slidestextos, tabelas, gráficos. Informações sobre quem são, e onde estão os índios doBrasil.

Ao discutir sobre o material apresentado, observou-se que algumas dificuldadesse tornaram visíveis, revelando que a grande maioria dos alunos, durante as suasfalas, acumulava pouco conhecimento a respeito dos indígenas, demonstrandoausência de argumentos para discussão e a presença de estereótipos, reforçando oimperativo de um novo olhar sobre o ensino da temática indígena.

Durante as primeiras aulas foram constatadas resistências de alguns alunos emrelação ao tema: o começo era sempre polêmico, alguns alunos apresentavamargumentos contrários e poucos demonstravam estar interessados para discutir atemática; muitos apresentaram dificuldade para analisar e entender os gráficos do

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IBGE.

Observa-se na referida escola que a lei vem sendo implementada de maneirabem eventual, não desenvolvem conhecimentos relativos ao ensino da temáticaindígena, essa temática apenas é abordada e concentrada em datas comemorativas.

A partir do texto ““Identidade indígena: o orgulho de ser índio”, do livro O índiobrasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje(Baniwa, 2006: 38–43) foram elaboradas questões sobre o tema, tendo como foco acriação de uma visão de como o país se relaciona com o índio, provocando o alunopara uma reflexão sobre a relação com as lutas políticas que levaram a conquistasde direitos.

Durante o debate, de fato são muitas as ideias sobre os indígenas. O queprevalece são ideias generalizadas e que permanecem em nossa comunidadeescolar. São ideias errôneas que o aluno traz, pois através da mídia, de filmes, livrosdidáticos, o aluno já traz um conceito formado, que muitas vezes influenciam noconteúdo histórico. Segundo Marc Ferro,

A imagem que temos de outros povos, e até de nósmesmos, está associada à História tal como nos foicontada quando éramos crianças. Ela deixa suamarca em nós para toda a existência. Sobre estaimagem, que para cada um é um descobrimento domundo e do passado das sociedades, se incorporamde imediato opiniões, ideias fugidias ou duradouras,como um amor..., ao mesmo tempo quepermanecem, indeléveis, as marcas de nossasprimeiras curiosidades e de nossas primeirasemoções. São essas marcas que é precisoconhecer, ou reencontrar, as nossas, as dos demais(1990, p. 9).

A história dos índios é um exemplo disso. As imagens dos primeiros povos ahabitar o país, antes da chegada dos europeus, sempre foram tratadas de formaestereotipada e preconceituosa. Isso fica claro inclusive nos livros didáticos. É comose o tempo não tivesse passado para a população indígena. A respeito dosindígenas na atualidade foi proposta uma possibilidade de construção de novasrepresentações que vão para além do indígena que “mora na mata”, “que andaseminu”, “que usa cocar na cabeça”. A intenção é proporcionar outrosconhecimentos, novas possibilidades que envolvem a vida dos povos indígenas naatualidade sem que isso signifique abrir mão de seu passado histórico e pré-histórico. É interessante reconhecer que abordar a diversidade indígena na escolapossibilita um esforço de descolonização, no contrapelo da história oficial(BENJAMIN, 1986), no sentido de construção de uma representação plural doindígena contemporâneo, considerando sua diversidade, como sujeitos ecoletividades que estão presentes com suas tecnologias e relacionadas àstecnologias das modernidades globalizadas na sociedade nacional.

Atenção maior foi dada à ideia de que forma podemos acabar com osestereótipos que foram atribuídos aos indígenas ao longo do tempo e que ser índio

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se transformou em sinônimo de orgulho identitário.

Conheceram também um pouco do Paraná Indígena. Para a apresentação dosconteúdos selecionados sobre os indígenas paranaenses, foram utilizados mapaslocalizando as terras indígenas do Paraná. Para a apresentação dos conteúdosselecionados sobre os indígenas paranaenses, coube destaque para a exposiçãodialogada, onde o aluno participa da discussão, na qual é interrogado sobre seusconhecimentos informativos anteriores, bem como, através da exposiçãoconstrutivista que parte da iniciativa conduzida do aluno em explorar o tema emestudo, levantar as ideias e informações essenciais, colhidas para produzir e postaros textos com argumentos de seus pontos de vista (SCHMIDT, 2010).

Com o apoio de slides foram apresentadas aos alunos informações sobre ospovos indígenas que vivem no Paraná. Com isso surgiram momentos de discussãosobre o modo de vida desses povos em seus aspectos mais amplos, atividades comprodução de gráficos, mapas localizando as reservas do Estado do Paraná de modoa oferecer subsídios e levar a uma compreensão mais significativa da presençadestes povos no contexto do aluno.

O tema por si mesmo promoveu o interesse na busca por conhecer mais sobre acomunidade indígena em nosso município.

A Terra Indígena do Pinhalzinho foi trabalhada primeiramente em sala de aulaatravés de aula expositiva, com apresentação de imagens e textos selecionadas noPowerPoint, na sequência houve solicitação aos alunos em grupo uma pesquisamais completa sobre Terra Indígena do Pinhalzinho – Tomazina.

Para concluir, elaborou-se um debate com as informações obtidas,apresentando os aspectos mais observados e as ideias colocadas pelos alunos eelaboramos uma entrevista para a visita a Terra Indígena do Pinhalzinho.

No contexto da teoria socioconstrutivista de Vygotsky, a aprendizagem seprocessa gradualmente através do nível de interação social a que é exposto oindivíduo. Vygotsky defende que a criança aprende melhor quando é confrontadacom tarefas que impliquem um desafio cognitivo não muito discrepante, ou seja, quese situem naquilo a que o psicólogo soviético chama de zona de desenvolvimentopróximo. Esta teoria tem implicações importantes no processo de instrução: oprofessor deve proporcionar aos alunos a oportunidade de aumentarem as suascompetências e conhecimento, partindo daquilo que eles já sabem, levando-os ainteragir com outros alunos em processos de aprendizagem cooperativa.

A nível educativo, o modelo teórico de Vygotsky dá grande relevo aos processosinterativos na sala de aula como forma de possibilitar a promoção zona dedesenvolvimento próximo, dado o seu caráter dinâmico.

Para Vygotsky a zona de desenvolvimento proximal diz respeito aoconhecimento que se tem e o que será adquirido pela criança de acordo com amediação cultural e que acarretará no seu desenvolvimento humano e nodesenvolvimento de suas funções psicológicas superiores.

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Portanto, objetiva-se que os alunos envolvidos possam, mediante a atuação doprofessor no desenvolvimento das atividades planejadas, e em relações uns com osoutros, construir o conhecimento, uma vez que a aprendizagem não é algoindividual.

Pretende-se guiar os alunos na exposição de seus conhecimentos einterpretações para que não se perca a qualidade das reflexões. Procurar-se-á obterdas apresentações e observações dos alunos, elementos que colaborem com o usodos recursos didáticos.

Finalizando, a última atividade realizada em 2017 foi a visita à escola indígenada terra do Pinhalzinho município de Tomazina. A atividade teve por objetivo arealização de um intercâmbio cultural entre os alunos. Os alunos compartilharam asala de aula, realizaram entrevistas com professores e alunos, presentearam osalunos indígenas com mudas, sementes e livros, brincaram, trocaram experiênciassobre o que aprendem na escola e os projetos que desenvolvem, tiraram fotografiase dividiram o lanche. Foi possível a constatação de que a visita provocou umaalteração na imagem que os alunos não índios tinham sobre os alunos quepertencem à comunidade. Foi notável a admiração e surpresa por encontrarem umaescola muito semelhante a que frequentam em Tomazina. Após estas atividades deinteração, verificou-se que as aulas se tornaram mais proveitosas, visto que após ocontato com os indígenas, os alunos demonstraram maior conhecimento sobre atemática indígena, permitindo a construção de conhecimentos que permitem umafastamento das ideias estereotipadas do início do projeto.

Apesar de toda dificuldade apresentada, os alunos demonstraram boa vontadee disposição para desenvolverem as atividades propostas.

É preciso considerar as dificuldades que os alunos têm no sentido em tratarestas questões. Daí a necessidade de garantir-lhes subsídios teóricos, práticos quelhes permitam lidar com a diversidade cultural na escola, para que os mesmosatuem como agentes promotores da igualdade nas relações étnicas raciais.

Constata-se, com este trabalho, que, se faz necessário um pensar também naformação docente a partir de um estudo mais amplo com pontos de reflexão naquestão do currículo e da proposta curricular da escola, para que se dê conta dademanda trazida pela Lei 11.645/08.

É importante ressaltar a interatividade com os professores do GTR (Grupo deTrabalho em Rede), com participação importante nas contribuições do trabalhodocente dos professores participantes, as indicações de referências bibliográficasque contribuíram muito. Verificou-se que a maioria dos professores cursistasnecessitam de subsídios para trabalhar a temática indígena e também a carência dematerial nas bibliotecas.

Observou-se, nas diversas escolas onde os referidos professores enfrentam adificuldade em comum: trabalhar a temática indígena de forma interdisciplinar econhecer de maneira mais próxima uma terra indígena.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido com os alunos sobre Temática Indígena se mostroubastante satisfatório, desconstruindo preconceitos e estereótipos, mostrando aimportância da história dos povos indígenas, desenvolvendo nos alunos osentimento de valorização do outro, respeitando a diversidade dos grupos que fazemparte da nossa comunidade.

As atividades desenvolvidas propiciaram oportunidade de reflexão para quefossem formadas novas concepções, desconstruindo ideias generalistas a respeitode tal temática. Percebemos a desconstrução de preconceitos quando registraramos conhecimentos adquiridos durante as pesquisas e debates. Reconheceram aimportância da valorização dos indígenas na sociedade.

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