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Nota: Se procura o livro de Maquiavel, veja A Arte da Guerra (Maquiavel) . O início de A Arte da Guerra, em um livro de bambu da época do reino do Imperador Qianlong , século XVIII . A Arte da Guerra (chinês : 孫孫孫孫; pinyin : sūn zĭ bīng fǎ literalmente "Estratégia Militar de Sun Tzu"), é um tratado militar escrito durante o século IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu . O tratado é composto por treze capítulos, onde em cada capítulo é abordado um aspecto da estratégia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e estratégias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro tenha sido usado por diversos estrategistas militares através da história como Napoleão , Zhuge Liang , Cao Cao , Takeda Shingen , Vo Nguyen Giap , Mao Tse Tung e o general brasileiro Alberto Mendes Cardoso . Desde 1772 existem edições européias (quatro traduções russas , uma alemã , cinco em inglês ), apesar de serem consideradas insatisfatórias. A primeira edição ocidental tida como uma tradução fidedigna data de 1927 . A Arte da Guerra foi traduzido para o português por Caio Fernando Abreu e Miriam Paglia (1995 ). Apesar da antiguidade da obra, nenhuma obra ou tratado é tão compreensível e tão atual quanto A Arte da Guerra.

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Nota:Se procura o livro de Maquiavel, veja A Arte da Guerra (Maquiavel).

O incio de A Arte da Guerra, em um livro de bambu da poca do reino do Imperador Qianlong, sculo XVIII.A Arte da Guerra (chins: ; pinyin: sn z bng f literalmente "Estratgia Militar de Sun Tzu"), um tratado militar escrito durante o sculo IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu. O tratado composto por treze captulos, onde em cada captulo abordado um aspecto da estratgia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e estratgias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro tenha sido usado por diversos estrategistas militares atravs da histria como Napoleo, Zhuge Liang, Cao Cao, Takeda Shingen, Vo Nguyen Giap, Mao Tse Tung e o general brasileiro Alberto Mendes Cardoso.Desde 1772 existem edies europias (quatro tradues russas, uma alem, cinco em ingls), apesar de serem consideradas insatisfatrias. A primeira edio ocidental tida como uma traduo fidedigna data de 1927.A Arte da Guerra foi traduzido para o portugus por Caio Fernando Abreu e Miriam Paglia (1995).Apesar da antiguidade da obra, nenhuma obra ou tratado to compreensvel e to atual quanto A Arte da Guerra.Com seu carter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general cujas qualidades so o segredo, a dissimulao e a surpresa.

Edio de bolso americana de A Arte da Guerra.Hoje, A Arte da Guerra parece destinado a secundar outra guerra: a das empresas no mundo dos negcios. Assim, o livro migrou das estantes dos estrategistas para as do economista e do administrador[1]Embora as tticas blicas tenham mudado desde a poca de Sun Tzu, esse tratado teria influenciado, segundo a Enciclopdia Britnica, certos estrategistas modernos como Mao Ts-Tung, em sua luta contra os japoneses e os chineses nacionalistas.Inclusive encontra-se nos escritos militares de Mao-Tse-Tung citaes do livro A Arte da Guerra de Sun Tzu.O general brasileiro Alberto Mendes Cardoso chamou o livro do Sun Tzu de clssico militar.ndice[esconder] 1 A guerra na poca de Sun Tzu 2 Captulos 3 Entendendo A Arte da Guerra 4 Anlise de A Arte da Guerra 5 Anlise de militares sobre A Arte da Guerra 6 Trechos do livro 7 Panorama histrico 8 A Arte da Guerra e o taosmo 8.1 Relaes com a medicina tradicional chinesa e com as artes marciais 8.2 Ligaes com outros textos clssicos chineses 8.3 A estratgia militar taosta e o Livro dos Mestres Huainan 8.4 Comentrios de Zhuge Liang, seguidor de Sun Tzu 8.5 O aparente paradoxo de abordar a guerra com serenidade 8.6 A histria do Rei Macaco apreciada a partir da abordagem de Sun Tzu 9 Referncias 10 Ver tambm 11 Ligaes externas

[editar] A guerra na poca de Sun TzuS poderemos apreciar a originalidade do pensamento de Sun Tzu se dispusermos de uma noo das diferenas qualitativas entre as artes de guerrear nos sculos IV e V e as de perodos anteriores. At 500 a.C., a guerra era, de certo modo, ritual. Efetuavam-se campanhas sazonais, em conformidade com um cdigo mais ou menos estabelecido. Estavam proibidas as hostilidades durante os meses das sementeiras e das colheitas, enquanto no inverno os camponeses semi-hibernavam nas suas cabanas de tijolos, sendo o frio demasiado para se poder combater. Tambm no vero era quente demais. Teoricamente, pelo menos, as guerras eram interrompidas durante os meses de nojo que se seguiam morte de um senhor feudal. Em combate, no era correto bater em homens velhos ou aplicar qualquer golpe a quem j estivesse ferido. O governante de boa ndole no "massacrava cidades", no "emboscava exrcitos adversrios", nem levava a guerra para alm da estao prpria, e nenhum prncipe que se prezasse se baixava a qualquer dissimulao ou aproveitaria qualquer oportunidade desleal.Quando o rei Chuang, de Ch'u, cercava a capital de Sung, em 594 a.C., a certa altura os mantimentos comearam a escassear, tendo o seu ministro da Guerra observado: "Se os mantimentos nos acabam antes de subjugarmos a cidade, teremos de voltar para casa".O rei mandou que Tzu-fan subisse a rampa encostada muralha, da cidade para apreciar os sitiados.O prncipe de Sung enviou o seu ministro, Hua-Yuan, muralha para o interceptar, tendo entre os dois ocorrido a seguinte troca de impresses:Tzu-fan: "Como vo as coisas por a?"Hua-Yuan: "Estamos exaustos. Trocamos as crianas e comemo-las; partimo-lhes os ossos e os chupamos".Tzu-fan: "Cus! Esto mesmo apertados! No entanto, tinham me dito que nas cidades cercadas era costume amordaar os cavalos, quando lhes davam de comer, e enviar somente os ainda gordos ao encontro do inimigo. Como poder o senhor ser to franco?".Hua-Yuan: "Consta-me que um homem superior sente compaixo quando v outro sofrer e que o homem inferior se regozija com o sofrimento de outrem. Por isso fui franco".Tzu-fan: "Assim . Oxal prevaleam. O nosso exrcito tem raes para apenas sete dias".Tzu-fan informou o rei Chuang da conversa, e este perguntou-lhe: "Como esto eles?"Tzu-fan: "Exaustos. Trocam as crianas, comem-nas e partem-lhes os ossos para os chuparem".Rei Chuang: "Cus! Esto mesmo apertados! Resta-nos venc-los e regressarmos".Tzu-fan: " impossvel. J lhes disse que o nosso exrcito s tem raes para apenas sete dias".Rei Chuang, zangado: "Mandei-te observ-los. Por que lhes disseste isso?".Tzu-fan: "Se um Estado to pequeno como Sung ainda dispe de um sdito incapaz de mentir, como poder Ch'u no ter um tambm? Foi por isso que lhe falei a verdade".Rei Chuang: "Mesmo assim vamos venc-los e regressar".Tzu-fan: "Fique Vossa Majestade aqui. Eu, se mo permitirdes, voltarei para casa".Rei Chuang: "Se fores para casa., deixando-me, com quem ficarei eu? Regressarei, como desejas".E assim fez, acompanhando-o o Exrcito.Os homens superiores apreciam fazer as pazes. Hua-Yuan contara a verdade a Tzu-fan, conseguindo que o cerco fosse levantado, mantendo-se intacta a integridade dos dois Estados.Os filsofos e os reis faziam distino entre guerras corretas e guerras incorretas. Era moralmente correio a qualquer prncipe esclarecido atacar "uma nao rstica e obscura", civilizar os brbaros, punir aqueles que voluntariamente desejavam manter-se na cegueira, ou sumariamente arrumar um Estado em degradao. Tais castigos, em perfeito acordo com a vontade do Cu, eram executados pelo prprio governante ou por um ministro por ele delegado. Os comandantes das diferentes colunas eram elementos da aristocracia hereditria, refletindo) a graduao na hierarquia militar a posio na sociedade feudal. Maspero ilustrou essa questo num interessante estudo, onde demonstrou ter o comando dos exrcitos do Centro de Chin sido, durante um sculo, a partir de 573 a.C., monoplio de algumas poucas famlias.Os exrcitos da China antiga eram particulares, tal como as levas feudais europeias o foram. A pedido do soberano, esperava-se que os elementos da nobreza concorressem com determinado nmero de carros, cavalos, carroas, bois, pees, cozinheiros e carregadores. O tamanho e o gnero desses contingentes variavam de conformidade com a importncia dos feudos, que, oscilando entre poucas vintenas e muitos milhares de famlias, faziam com que os grupos, ao apresentar-se nos pontos de reunio fossem, por certo, extremamente variados.Como um aldeo valia muito menos do que um boi ou um cavalo, o seu bem-estar no era motivo de grande preocupao. Os servos, analfabetos e dceis, tinham lugar de pouca importncia nas batalhas do tempo, onde o papel principal pertencia aos carros, quadrigas, equipadas com cocheiro, um lanceiro e um arqueiro nobre. Os dispensveis aldees, geralmente protegidos por jaquetas estofadas, agrupavam-se em torno dos carros. Um pequeno grupo de alguns selecionados entre eles dispunha de escudos de bambu entranado ou, s vezes, de altamente incmodo e rudemente curtido couro de boi ou de rinoceronte. O seu armamento consistia em adagas ou espadas curtas, lanas de ponta de bronze e ganchos e lminas cortantes atados com tiras de couro a varas de madeira. O arco era arma s para nobres.O terreno apropriado aos carros ditava e restringia o decorrer da luta, limitando simultaneamente os elementos tticos. A estrutura feudal no admitia a existncia de oficiais no originrios da nobreza.As batalhas na China de antanho eram primitivas refregas, que a nada conduziam na maior parte dos casos. Usualmente, os opositores assentavam arraiais frente a frente, assim se conservando durante vrios dias, enquanto os adivinhos examinavam augrios e os respectivos comandantes executavam sacrifcios propiciatrios.Quando o auspicioso momento escolhido pelos vaticinadores chegava, toda a hoste, com gritaria que deveria fazer estremecer os cus, se lanava desordenadamente sobre o inimigo. Uma vez no local logo se chegava a uma deciso: ou o atacante era repelido e a sua retirada permitida, ou conseguia romper as formaes contrrias, matava aqueles ainda com disposio para oferecerem oposio ativa, perseguia os fugitivos ao longo de umas centenas de metros, pilhava o que de valor houvesse e regressava ao acampamento ou sua capital. Raramente se explorava qualquer vitria. Quando muito, apenas algumas aes limitadas e com objetivos limitados eram levadas a efeito.Pouco antes de 500 a.C, os conceitos moderando o guerrear principiaram a alterar-se. A guerra tornava-se mais feroz. Uma batalha travada em 518 a.C. entre exrcitos de Wu e Ch'u retrata-nos macabramente tais mudanas. Foi aqui que o visconde de Wu ordenou que trs mil homens condenados se alinhassem frente s suas formaes, onde, vista das hostes inimigas, todos se suicidaram cortando a garganta. Os exrcitos de Ch'u e dos seus aliados, aterrados, debandaram.Quando Sun Tzu surgiu, a estrutura feudal, ou, melhor, os seus ltimos resqucios de degradao, j ia sendo substituda por um tipo completamente diferente de sociedade, onde o indivduo de talento usufrua de muito mais possibilidades. A evoluo era gradual, mas verificava-se em todos os campos, incluindo o militar. A originalidade e o empreendimento traziam recompensasUma vez que as levas transitrias de antes, de pouca confiana e ineficientes, j no eram consideradas como adequadas, os grandes Estados passaram a dispor de exrcitos permanentes, comandados por oficiais profissionais. O sistema de mobilizao foi introduzido junto dos camponeses. Os novos exrcitos passaram a ser constitudos por tropas disciplinadas e bem preparadas, s quais se acresciam recrutas com idades variando entre os 16 e os 60 anos. frente desses exrcitos havia tropas de escol, ou de choque, especialmente escolhidas pela sua valentia, habilidade, disciplina e lealdade. A primeira das formaes desse gnero apareceu cerca do ano de 500 a.C., chamando sobre si ateno suficiente para que Mo Tzu comentasse que o rei Ho-l havia treinado as suas tropas durante sete anos, podendo os seus grupos de escol marchar 300 li (mais ou menos 180 km) sem descansar! Os "guardas" de Ch'u envergavam armadura e elmos, usavam bestas com quinze virotes emplumados, pontas de virote extra, espadas e um suprimento de arroz seco bastante para trs dias. Na mesma ocasio surgiram unidades mais ligeiras tambm. Com exrcitos permanentes, dessa forma constitudos, as operaes deixaram de ser sazonais, podendo passar a ser levadas a cabo muito mais rapidamente e a representar ameaas bem mais constantes para os adversrios em potncia.O tempo dos bravos e dos guerreiros, cuja farra provinha de proezas individuais, acabara. Combates singulares, caracterstica prpria de todas as sociedades feudais, poderiam ainda ocorrer aqui e alm. Simplesmente, os generais recusavam-se a faz-lo agora eles prprios.Quando Wu Ch'i lutou contra Ch'in, houve um oficial que, antes de a batalha se iniciar, no pde refrear o seu mpeto. Adiantou-se, cortou algumas cabeas e regressou s suas linhas. Wu Ch'i mandou que o decapitassem.O comissrio do Exrcito admoestou-o: "Trata-se de um oficial de talento. No o devereis decapitar".Wu Ch'i contestou: "Acredito que seja talentoso, mas desobediente".Ordenou depois execuo do castigo.As batalhas tinham-se mudado, transformando-se em operaes perfeitamente orientadas. Nem os avanavam desapoiados, nem os covardes debandavam.Elementos dos novos exrcitos, capazes de movimentos coordenados e de acordo com planos preestabelecidos, funcionavam segundo sinais sistemticos.A cincia (ou arte) da ttica havia nascido. O inimigo atacado por uma unidade cheng (ortodoxa) era vencido pelas unidades ch'i (no ortodoxa, nica, rara, maravilhosa), sendo o costumeiro cheng agarrar-se ou fixar-se ao terreno, enquanto as unidades ch'i atacavam os flancos e a retaguarda. Os movimentos de diverso passaram a assumir grande importncia e o sistema de comunicaes do adversrio, a ser um dos principais objetivos.Muito embora no saibamos responder a muitas questes relativas a pormenores tticos, sabemos, pelo menos, que os fatores tempo e espao eram calculados com perfeio. A convergncia de vrias colunas sobre um objetivo preestabelecido fazia parte de uma tcnica que os chineses do tempo de Sun Tzu dominavam admiravelmente.O conceito de "Estado-maior" teve a sua origem na era dos Estados Guerreiros. Estes Estados-maiores incluam inmeros especialistas, previsores meteorolgicos, cartgrafos, oficiais comissrios e engenheiros de tneis e minas. Havia ainda peritos na travessia de rios, de operaes anfbias, de inundaes, de ataques com fogo e da utilizao de fumo.J que o mago do exrcito era composto por profissionais bem treinados, representando um pesado investimento, grande ateno era dada ao moral e correta alimentao das tropas, aos prmios e aos castigos, esses ltimos claramente codificados e com equidade concedidos ou administrados. O esprito do exrcito era, pois, acarinhado a ponto de, s ordens dos seus comandantes, os homens se sentirem dispostos a atirar-se sobre o ferro e o fogo. Os soldados que se distinguiam eram galardoados e promovidos. Tudo isso, lenta mas inexoravelmente, seguia minando a oposio da hierarquia hereditria na tropa.A doutrina de uma responsabilidade coletiva durante as batalhas deve ter nascido a essa altura. Os comandantes que renunciassem sem autorizao eram executados. Se uma seo batesse em retirada e o seu chefe prosseguisse lutando, aqueles que o haviam abandonado eram sumariamente decapitados. Se um comandante de coluna ou brigada recuasse sem ordens para tal, ficava sem a cabea. Mesmo assim, a promulgao de cdigos militares, por muito severos que fossem, correspondia a um passo em frente, e, se certo que alguns generais os faziam cumprir implacavelmente, outros havia que reconheciam que um arbitrarismo aterrorizante no era o melhor modo de criar a vontade de combater. A profissionalizao dos exrcitos abria as portas a gente talentosa e, ao mesmo tempo, ia inibindo generais e oficiais quanto prtica de castigos incrivelmente cruis e exigncias exageradamente desnecessrias. claro que nem todos os generais do sculo IV a.C. atingiram as suas altas posies em virtude da sua habilidade. Era no entanto possvel a um homem de valor ascender a postos de comando, independentemente da sua origem, aristocrtica ou no, e receber, em investidura cerimonial, a acha-de-armas simbolizando a sua posio de comandante-chefe, com autoridade suprema quando fora da capital. A administrao do exrcito e a sua utilizao operacional caber-lhe-iam desse momento em diante. Quando um general passava para alm das fronteiras, havia mesmo algumas ordens do seu soberano que poderia esquecer. Perante os seus oficiais, porm, estava sujeito lei militar.Melhorias tcnicas tambm influram na revoluo havida na forma de guerrear na China. A introduo de bestas e de armas cortantes de ferro de qualidade suficientemente alta para poder receber e conservar um bom fio tiveram especial importncia. Bem antes de a besta ter aparecido, j o arco de reflexo heterognea era de emprego vulgar.A besta, inveno chinesa do sculo IV a.C., disparava pesados virotes, suficientemente fortes para transformar em passadores quaisquer escudos gregos ou macednios. Cr-se terem sido besteiros de grande pontaria quem tornou o emprego de carros de combate impraticvel.Os exrcitos que Sun Tzu conheceu compunham-se de espadeiros, arqueiros, lanceiros (ou alabardeiros), besteiros e carros. A cavalaria s surgiria mais tarde, mas cavaleiros montando sem selas ou estribos j eram empregados como batedores e mensageiros. A infantaria servia-se de dois tipos de lanas, uma com cerca de cinco metros e outra com metade desse tamanho. Essas lanas possuam um ferro misto, ou seja, uma ponta perfurante, e uma segunda lmina cortante e enganchante. As lanas nunca serviam como arma de arremesso, visto os chineses j disporem na besta de uma arma de combate a curta distncia, de trajetria horizontal, de imensa exatido e tremenda fora de impacto.As operaes no terreno eram normalmente feitas a partir de campos fortificados, traados segundo a arquitetura das cidades chinesas: um quadrado encaixado em barrancos inclinados de terra rodeado por um fosso. Ruas ou paradas, cruzando-se nos sentidos norte/sul e leste/oeste, permitiam linhas de fogo interligadas. No centro, a bandeira do comandante-chefe drapeja-va sobre o seu quartel-general, rodeado pelas tendas engalanadas dos seus conselheiros e espadeiros de escol, sua guarda pessoal.Antes de um exrcito sair do seu acampamento, formava para escutar as exortaes do general, que, trovejando, os arengaria da justia da sua causa e denegriria o selvagem adversrio. Os oficiais manifestariam grande satisfao e fariam juras e promessas sobre ensanguentados tambores de guerra. Enquanto a tropa bebia vinho, o seu nimo era levantado plos rodopios de danarinos de espadas.Um exrcito chins dos Estados Guerreiros em formao de combate devia ser um espetculo impressionante, com as suas cerradas fileiras e vintenas e vintenas de estandartes repletos de bordados flutuando ao vento. Esses, decorados com tigres, aves, drages, serpentes, fnix e tartarugas, apontavam a localizao do comandante-chefe um pouco atrs do centro e da dos generais comandantes das alas. Movimentaes contnuas perturbavam o inimigo e colhiam oportunidades para atuaes ch'i contra os seus flancos e retaguarda.A organizao descrita por Sun Tzu dava grande mobilidade s foras em marcha, ao mesmo tempo que a sua grande articulao tornava possvel um rpido desdobramento das unidades a entrar na luta. A quina, ou seo de cinco homens, tanto podia avanar a par como em fileira. E como se distribua o armamento? Estariam os arqueiros e os besteiros em contingentes separados ou enquadrados em pequenas-sees de um "par" e um "trio"? Esses termos levar-nos-iam a crer que sim, mas, pelas escassas informaes de que dispomos, parece que por ocasio da batalha de Ma Ling (341 a.C.) agrupavam-se separadamente.Qual o alcance efetivo dos arcos e das bestas? Mais uma vez nos faltam dados, j que os nmeros registrados no nos merecem confiana. Dizem-nos, por exemplo, que a besta atingia at 600 passos. Trata-se de um exagero, se o critrio estivesse baseado no alcance mortal. A fora da arma era medida pelo nmero de escudos que podia atravessar quando disparada de vrias centenas de passos. O tipo de escudos no , porm, descrito, o que torna as informaes sem qualquer valor. Fosse como fosse, eram armas poderosas.Que os processos de cerco j tinham atingido um estgio altamente refinado confirmado plos diversos fragmentos das obras de Mo Tzu, onde vrios maquinismos e aparelhos destinados ao assalto de cidades muradas so mencionados. Escadas j eram empregadas muitos sculos antes do seu tempo, e no Livro dos Cnticos h menes a torres mveis, de vrios andares, que se podiam encostar s muralhas, tal como a "tartarugas", mveis tambm, para a proteo de mineiros. Quanto a cercos, encontram-se mais pormenores no Lvro do Mestre Shang. Numa cidade cercada, toda a populao era mobilizada, e trs exrcitos criados, sendo um de homens vlidos, que, com provises abundantes e armas aceradas, enfrentavam o inimigo, outro de mulheres robustas, que erguiam montes de terra, cavavam tocas-de-lobo e fossos, e, finalmente, um outro de crianas e velhos, que davam de comer e de beber, e guardavam o gado.Em Sun Tzu encontram-se recomendaes referentes ao reconhecimento ttico, observao, ao patrulhamento dos flancos, todas medidas que tendem a garantir marchas e acampamentos seguros. Sondar o inimigo antes da luta era essencial.Desse modo, no sculo IV, ou algumas dcadas mais cedo, a guerra na China j havia atingido a maioridade, estado que manteria, apenas com a oportuna adio da cavalaria, por muitas centenas de anos, sem alterao significativa.Por esses tempos, os,chineses.dispunham de armas, dominavam tticas e tcnicas ofensivas e defensivas que lhes permitiriam poder causar muito mais problemas ao grande Alexandre do que os gregos, os persas e indianos lhe causaram.[editar] CaptulosA obra composta por 13 captulos:1. Planejamento Inicial (, pinyin: Shj)2. Guerreando (, pinyin: Zuzhn)3. Estratgia ofensiva (, pinyin: Mugng)4. Disposies (, pinyin: Jnxng)5. Energia (, pinyin: Bngsh)6. Fraquezas e foras (, pinyin: Xsh)7. Manobras (, pinyin: Jnzhng)8. As nove variveis (, pinyin: Jibin)9. Movimentaes (, pinyin: Xngjn)10. Terreno (, pinyin: Dxng)11. As nove variveis de terreno (, pinyin: Jid)12. Ataques com o emprego de fogo (, pinyin: Hugng)13. Utilizao de agentes secretos (, pinyin: Yngjin)[editar] Entendendo A Arte da GuerraA Arte da Guerra, obra permeada pelo pensamento poltico e filosofico do Tao Te King, tambm se iguala ao grande clssico taosta na estrutura formal, composta por uma coleo de aforismos em geral atribudos a um autor obscuro e quase lendrio. Alguns taostas acreditam que o Tao-Te King seja a transmisso de um conhecimento antigo, compilado e elaborado pelo seu "autor", e no que seja uma obra totalmente original. O mesmo pode-se dizer de A Arte da Guerra. Seja l como for, ambos os clssicos tm em comum a estrutura geral formada por nas centrais que reaparecem ao longo do texto em contextos diferentes.1. Planejamento InicialO primeiro captulo de A Arte da Guerra dedicado importncia da estratgia. Como o clssico I Ching afirma: "O lder planeja no incio, antes de comear a agir", e "o lder avalia os problemas e os previne." Em termos de operaes militares, A Arte da Guerra coloca cinco aspectos que devem ser determinados antes de empreender qualquer ao: Caminho, o clima, o terreno, a liderana militar e a disciplina.Nesse contexto, o Caminho (Tao) se refere liderana civil, ou, antes, ao relacionamento entre a liderana poltica e a populao. Tanto na linguagem taosta como na confucionista, um governo justo descrito como "imbudo pelo Tao", e Sun Tzu tambm fala do Caminho como aquele que "induz o povo a ter o mesmo objetivo que os lderes".O exame do clima, o problema da estao mais propcia para a ao, tambm tem relao com o interesse pelo povo, significando tanto a populao em geral quanto os militares. O ponto essencial, aqui, evitar a interrupo das atividades produtivas do povo, as quais dependem das estaes, e evadir extremos climticos que poderiam criar obstculo ou prejudicar as tropas no campo de batalha.O terreno deve ser avaliado em termos de distncia, grau de dificuldade para a locomoo, dimenses e segurana. A utilizao de batedores e de guias nativos importante nesse ponto porque, como diz o I Ching, "Ir caa sem um guia perder o dia". Os critrios oferecidos por A Arte da Guerra para avaliar os lderes militares so as virtudes tradicionais, as mesmas que so recomendadas pelo Confucionismo e pelo Taosmo medieval: a inteligncia, a confiabilidade, a humanidade, a coragem e a austeridade. De acordo com o grande budista Chan, Fushan: "Humanidade sem inteligncia como ter um campo, mas no ar-lo. Inteligncia sem coragem como ter uma vegetao florescente, mas no limp-la das ervas daninhas. Coragem sem humanidade saber colher, mas no saber semear." As outras duas virtudes, a confiabilidade e a austeridade, so as que possibilitam ao lder obter, respectivamente, a lealdade e a obedincia das tropas.O quinto elemento a ser avaliado, a disciplina, refere-se coerncia e eficincia organizacional. A disciplina est muito ligada confiabilidade e austeridade, ambas desejveis nos lderes militares, visto que ela utiliza os mecanismos correspondentes da recompensa e da punio. Muita nfase posta na tarefa de estabelecer um sistema claro e objetivo de prmios e castigos que seja aceito plos guerreiros como justo e imparcial. Este foi um dos aspectos mais importantes do Legalismo, uma escola de pensamento que surgiu durante o perodo dos Estados Belicosos e que acentua mais o valor da organizao racional c do estatuto da lei do que o de um governo feudal personalista.Continuando a discusso dessas cinco avaliaes, A Arte da Guerra passa a analisar a importncia fundamental da simulao: "Uma operao militar envolve simulao. Mesmo sendo competente, mostra-te incompetente. Embora eficiente, aparenta ser ineficiente." como o Tao-Te King recomenda: "Quem tem grande habilidade mostra-se inapto." O elemento surpresa, to necessrio para a vitria com o mximo de eficincia, depende de conhecer os outros sem ser por eles conhecido, de modo que o segredo e a informao distorcida so considerados artes essenciais.Falando de maneira geral, a luta corpo a corpo o ltimo recurso do guerreiro habilidoso. Deste, Sun Tzu diz que deve estar preparado e, no entanto, tem de evitar o confronto direto com um adversrio destemido. Mestre Sun recomenda que, em vez de dominar o inimigo diretamente, deve-se cans-lo pela fuga, fomentar a intriga entre seus escales, manipular seus sentimentos e usar sua ira e seu orgulho contra si prprio. Assim, em sntese, a proposio inicial de A Arte da Guerra introduz os trs aspectos principais da arte do guerreiro: o social, o psicolgico e o fsico.2. GuerreandoO segundo captulo de A Arte da Guerra, sobre a batalha, ressalta as consequncias domsticas da guerra, mesmo da guerra externa. A nfase posta sobre a velocidade e a eficincia, com advertncias incisivas para no prolongar as operaes, especialmente campo adentro. A importncia de se conservar a energia e os recursos materiais recebe ateno particular. Para minimizar o desgaste que a guerra causa na economia e na populao, Sun Tzu recomenda a prtica de alimentar o inimigo e de usar as foras cativas por meio de um bom tratamento.3. Estratgia ofensivaO terceiro captulo, planejamento do assdio, tambm acentua a conservao o objetivo geral chegar vitria mantendo intacto o maior nmero possvel de bens, sociais e materiais, e no destruindo todas as pessoas e coisas que estejam no caminho. Neste sentido, Mestre Sun afirma que melhor vencer sem lutar.Vrias recomendaes tticas reforam este princpio de conservao geral. Primeiro, por ser desejvel vencer sem lutar, Sun Tzu diz que melhor vencer os adversrios logo no incio das operaes, frustrando assim seus planos. Se isso no for possvel, Sun Tzu recomenda isolar o inimigo e torn-lo indefeso. Aqui tambm poderia parecer que o tempo essencial, mas, na verdade, velocidade no significa pressa, e uma preparao completa se faz necessria. Sun Tzu conclui enfatizando que, obtida a vitria, esta deve ser completa e total, para evitar os custos de manuteno de uma fora de ocupao.O captulo prossegue delineando as estratgias para a ao de acordo com o nmero relativo de protagonistas e de antagonistas, novamente observando que mais prudente evitar pr-se em circunstncias desfavorveis, se possvel. O I Ching diz: " m fortuna teimar diante de circunstncias insuperveis." Alm disso, enquanto a formulao da estratgia depende de uma inteligncia prvia, tambm imperativo adaptar-se s situaes reais da batalha. Como afirma o I Ching: "Chegando a um impasse, muda; depois de mudar, podes prosseguir." Em seguida, Mestre Sun relaciona cinco modos de averiguar a possibilidade de vitria, de conformidade com o tema de que guerreiros hbeis lutam s quando tm certeza da vitria. De acordo com Sun, os vitoriosos so aqueles que sabem quando lutar e quando no lutar; os que sabem quando usar muitas ou poucas tropas; aqueles cujos oficiais e soldados formam uma unidade compacta; os que enfrentam os incautos com preparao; e os que so comandados por generais capazes que no so pressionados pelo governo.Este ltimo ponto muito delicado, visto que pe uma responsabilidade moral e intelectual ainda maior sobre os lderes militares. Enquanto a guerra nunca deve ser deflagrada plos militares, como mais adiante se explicar, mas pelo comando do governo civil, Sun Tzu afirma que uma liderana civil ausente que interfere de modo ignorante no comando de campo "afasta a vitria embaraando os militares".Novamente, a questo parece ser a do conhecimento; a premissa de que a liderana militar no campo no deve estar sujeita interferncia do governo civil baseia-se na ideia de que a chave para a vitria o conhecimento profundo da situao real. Delineando esses cinco modos para determinar qual dos lados tem possibilidade de prevalecer sobre o outro, Sun Tzu afirma que quando conhecemos a ns mesmos e aos outros nunca estamos em perigo; quando conhecemos a ns mesmos, mas no aos outros, temos cinquenta por cento de possibilidade de vencer, e quando no conhecemos a ns prprios nem aos outros, estamos em perigo em qualquer batalha.4. DisposiesO quarto captulo de A Arte da Guerra trata da formao, uma das questes mais importantes da estratgia e do combate. Numa postura caracteristicamente taosta, Sun Tzu declara que o segredo para a vitria so a adaptabilidade e a inescrutabilidade. Como o comentador Du Mu explica: "A condio interior do informe inescrutvel, enquanto que a daqueles que adotaram uma forma especfica claramente manifesta. O inescrutvel vence, o manifesto perde." Neste contexto, a inescrutabilidade no meramente passiva, no significa apenas afastar-se ou esconder-se dos outros; significa, sim, a percepo do que invisvel aos olhos dos outros e a reao a possibilidades ainda no percebidas por aqueles que s observam o manifesto. Discernindo oportunidades antes que sejam visveis aos outros e agindo com rapidez, o misterioso guerreiro pode tomar conta da situao antes que as coisas se escoem por entre os dedos.Seguindo esta linha de raciocnio, Sun Tzu volta a pr nfase na busca da vitria certa pelo conhecimento do momento de agir e de no agir. Torna-te invencvel, diz ele, e enfrenta o adversrio no momento em que ele vulnervel: "Os bons guerreiros tomam posio onde no podem perder e no descuidam das condies que tornam o inimigo propenso derrota." Revendo essas condies, Sun reelabora alguns dos pontos principais para a avaliao das organizaes, tais como a disciplina e a tica versus ambio e corrupo.5. EnergiaO tema do captulo quinto de A Arte da Guerra a fora, ou o mpeto, a estrutura dinmica de um grupo em ao. Aqui, Mestre Sun ressalta as habilidades organizacionais, a coordenao e o uso tanto de mtodos de guerra ortodoxos como de guerrilha. Ele enfatiza a mudana e a surpresa, empregando variaes interminveis de tticas e usando as condies psicolgicas do adversrio para manobr-lo a posies vulnerveis.A essncia do ensinamento de Sun Tzu sobre a fora a unidade e a coerncia na organizao, utilizando a fora do mpeto antes de contar com as qualidades e habilidades individuais: "Bons guerreiros buscam a eficcia da batalha na fora do mpeto, no em cada pessoa." esse reconhecimento do poder do grupo para equilibrar disparidades internas e para funcionar como um nico corpo de fora que distingue A Arte da Guerra do individualismo idiossincrtico dos espadachins samurais do Japo feudal posterior, cujas artes marciais estilizadas so to conhecidas no Ocidente. Esta nfase uma das caractersticas essenciais que tornou a antiga obra de Sun Tzu to til para os guerreiros organizados em corporao da sia moderna, entre os quais A Arte da Guerra amplamente lida e ainda hoje considerada o clssico inigualvel de estratgia no conflito.6. Fraquezas e forasO captulo sexto aborda, a questo da "vacuidade e da plenitude", j mencionadas como conceitos taostas fundamentais geralmente adaptados s artes marciais. A ideia encher-se de energia ao mesmo tempo que se esvazia o oponente. Como Mestre Sun diz, isto feito para nos tornarmos invencveis e para enfrentar os adversrios somente quando estes so vulnerveis. Uma das mais simples dessas tticas muito conhecida no apenas no contexto da guerra, mas tambm na manipulao social e dos negcios: "Bons guerreiros atraem o inimigo a si; no so eles que atacam o inimigo." Outra funo da inescrutabilidade to intensamente valorizada pelo guerreiro taosta a que recomenda conservar a prpria energia ao mesmo tempo que se induz os outros a desperdiar a sua: "O objetivo de formar um exrcito chegar no-forma", diz Mestre Sun; assim, ningum poder elaborar uma estratgia contra ti. Ao mesmo tempo, diz ele, induz o adversrio a organizar suas prprias formaes, leva-o a esparramar-se; testa o oponente para sondar seus recursos e reaes, mas permanece desconhecido.Neste caso, o informe e o fluido no so apenas meios de defesa e surpresa, mas meios de preservar o potencial dinmico, a energia que pode ser facilmente perdida por manter-se numa posio ou formao especfica. Mestre Sun compara uma fora bem-sucedida gua, que no tem forma constante, mas que, como observa o Tao-Te-King, prevalece sobre tudo a despeito de sua fraqueza aparente. Sun afirma: "Uma fora militar no tem formao constante, a gua no tem forma constante. A habilidade de alcanar a vitria mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo chamada de genialidade."7. ManobrasO stimo captulo de A Arte da Guerra, sobre a luta armada, trata da organizao efetiva no campo e das manobras de combate, e tambm reintroduz vrios dos principais temas de Sun Tzu. Comeando com a necessidade de informaes e preparao, Sun afirma: "Entra em ao somente depois de fazer a devida avaliao. Aquele que por primeiro avaliar a distncia do perto e do longe vencer est a lei da luta armada." O I Ching diz: "Prepara-te, e ters boa fortuna." Novamente expondo sua filosofia ttica minimalista/essencialista, caracterstica que lhe muito prpria. Sun Tzu continua: "Suga a energia do exrcito adversrio, arranca o corao dos seus generais." Retomando seus ensinamentos sobre a vacuidade e a plenitude, tambm afirma: "Evita a energia intensa, ataca a moderada e a fugidia." Para aproveitar ao mximo os benefcios dos princpios da vacuidade e da plenitude, Sun ensina quatro tipos de habilidades essenciais ao guerreiro insondvel: domnio da energia, domnio do corao, domnio da fora e domnio da adaptao.Os princpios da vacuidade e da plenitude tambm pem mostra o mecanismo fundamental dos clssicos princpios yin-yang, sobre os quais os primeiros se baseiam, o mecanismo da reverso de um para o outro nos extremos. Mestre Sun diz: "No interrompas a marcha de um exrcito em seu retorno para casa. Um exrcito cercado deve ter uma sada. No pressiones um inimigo desesperado." O / Ching diz: "O soberano usa trs caadores, deixando a caa frente escapar", e "se fores muito inflexvel, a ao ser mal sucedida, mesmo que estejas certo."8. As nove variveisO captulo oitavo dedicado adaptao, j vista como uma das pedras angulares da arte blica. Mestre Sun assevera: "Se os generais no souberem adaptar-se de modo vantajoso, mesmo que conheam a disposio do terreno, no conseguiro tirar proveito dela." O I Ching diz: "Persiste intensamente no que est alm de tua profundidade, e tua fidelidade a essa direo trar a desgraa, no o proveito." A adaptabilidade depende naturalmente da prontido, outro tema que se repete de A Arte da Guerra. Mestre Sun afirma: "O preceito das operaes militares no supor que o inimigo no avance, mas dispor de meios para lidar com ele; no confiar que o adversrio no ataque, mas esperar em ter o que no pode ser atacado." O I Ching diz: "Se te sobrecarregares sem ter uma base slida, sers por fim exaurido, o que te trar dificuldades e m fortuna." Em A Arte da Guerra, a prontido no significa apenas preparao material; sem um estado mental apropriado, a mera fora fsica no suficiente para garantir a vitria. Mestre Sun define indiretamente as condies psicolgicas do lder vitorioso, enumerando cinco perigos ter muita disposio para morrer, ter muita ansiedade de viver, encolerizar-se com muita rapidez, ser puritano ou sentimental demais. Mestre Sun afirma que qualquer um desses excessos cria pontos vulnerveis que podem ser facilmente explorados por adversrios astutos. O I Ching diz: "Ao aguardar beira de uma situao, antes que o tempo adequado para entrar em ao chegue, mantm-te alerta e evita ceder ao impulso assim fazendo, no errars."9. MovimentaesO captulo nono trata de exrcitos em manobras estratgicas. Mais uma vez Mestre Sun fala sobre os trs aspectos da arte do guerreiro o fsico, o social e o psicolgico. Em termos fsicos concretos, ele recomenda certos tipos bvios de terreno que favorecem as probabilidades de vitria: elevaes, rio acima, o lado ensolarado dos morros, regies abundantes de recursos. Com base nas trs dimenses, descreve ainda os modos de interpretar os movimentos do inimigo.Embora Mestre Sun nunca deixe de levar em conta o peso dos nmeros ou do poder material, aqui como em outras partes h uma forte sugesto de que fatores sociais e psicolgicos tm condies de superar o tipo de poder que pode ser quantificado fisicamente: "Nas questes militares, no necessariamente benfico ter mais: benfico evitar agir agressivamente; suficiente consolidar o teu poder, avaliar os adversrios e conquistar o povo; isto tudo." O I Ching afirma: "Quando tens os meios, mas no ests chegando a lugar nenhum, procura parceiros apropriados, e ters boa fortuna." Do mesmo modo, enfatizando o esforo do grupo dirigido, A Arte da Guerra diz: "O individualista sem estratgia que considera os adversrios com leviandade ir inevitavelmente tornar-se um cativo." A solidariedade requer especialmente compreenso mtua e relao estreita entre os lderes e os liderados, adquirida tanto atravs da educao como do treinamento. O sbio confuciano Meneio disse: "Os que enviam pessoas a operaes militares sem educ-las as destroem." Mestre Sun diz: "Dirige-os pelas artes da cultura, unifica-os pelas artes marciais; isto vitria certa." O IChing diz: " boa fortuna quando os dirigentes do suporte a seus dirigidos, ficando atentos a eles e deles extraindo suas potencialidades."10. TerrenoO captulo dcimo, que analisa a questo do terreno, d continuidade s ideias de manobras tcnicas e adaptabilidade, delineando tipos de terreno e maneiras adequadas de se acomodar a eles. Requer-se reflexo para transferir os padres desses tipos de terreno a outros contextos, mas o ponto fundamental est em considerar a relao do protagonista com as configuraes do ambiente material, social e psicolgico.Mestre Sun adota esse ponto de vista com observaes sobre as deficincias organizacionais fatais pelas quais o lder responsvel. Aqui, novamente, a nfase est posta no moral da unidade: "Considera teus soldados como filhos bem-amados, e eles de boa vontade morrero contigo." O I Ching diz: "Os que esto acima asseguram seus lares pela bondade para com os que esto abaixo." Apesar disso, ampliando a metfora, Mestre Sun tambm adverte contra ser abertamente indulgente, o que traria como consequncia tropas semelhantes a crianas mimadas. Este captulo ressalta tambm a inteligncia, no sentido de conhecimento preparatrio. Sua definio inclui de modo particular a percepo clara das capacidades das prprias foras, da vulnerabilidade do adversrio e da disposio do terreno: "Quando conheces a ti mesmo e aos outros, a vitria no est ameaada; quando conheces o cu e a terra, a vitria inesgotvel." O I Ching diz: "S cuidadoso no comeo, e no ters dificuldades no fim."11. As nove variveis de terrenoO dcimo primeiro captulo, intitulado "Nove Regies", apresenta um tratamento mais detalhado do relevo, especialmente em termos do relacionamento de um grupo com o terreno. Pode-se compreender que essas "nove regies" se aplicam no s ao mero territrio fsico, mas tambm ao "territrio" em seus sentidos social e mais abstraio.As nove regies relacionadas por Mestre Sun so assim denominadas: regio de dissoluo, regio leve, regio de contenda, regio de trfego, regio de interseco, regio pesada, regio ruim, regio sitiada e regio de morte (ou mortal).Uma regio de dissoluo um estgio de guerra destrutiva para ambos os lados ou guerra civil. A regio leve se refere a incurses marginais ao territrio inimigo. Uma regio de contenda a que pode ser vantajosa para ambos os lados de um conflito. Uma regio de trfego aquela em que se verifica passagem livre. Regio de interseco um territrio que controla artrias de comunicao importantes. Regio pesada, em comparao com a leve, refere-se a incurses profundas no territrio adversrio. Regio ruim terreno difcil ou imprestvel. Regio sitiada a que tem acesso restrito, prpria para emboscada. Regio de morte uma situao em que necessrio lutar imediatamente ou ser destrudo.Ao descrever a ttica apropriada a cada tipo de regio, Mestre Sun inclui uma reflexo sobre os elementos social e psicolgico do conflito, na medida em que esses esto inextricavelmente ligados reao ao ambiente: "Devem-se examinar os seguintes aspectos: adaptao s diferentes regies, vantagens da contrao e da expanso, padres de sentimentos humanos e condies."12. Ataques com o emprego de fogoO dcimo segundo captulo de A Arte da Guerra, sobre o ataque com fogo, inicia com uma breve descrio dos vrios tipos de ataque incendirio e inclui observaes tcnicas e estratgias para o acompanhamento.Talvez porque, num sentido material comum, o fogo seja a forma mais perversa de arte marcial (os explosivos existiam no tempo de Sun Tzu, mas no eram usados militarmente), neste captulo que encontramos o mais ardente apelo pela humanidade, fazendo eco ideia taosta de que as "armas so instrumentos de desgraa que devem ser usadas somente quando for inevitvel". Concluindo abruptamente sua breve reflexo sobre o ataque com fogo, Mestre Sun diz: "Um governo no deve mobilizar um exrcito motivado pela raiva, os lderes militares no devem provocar a guerra movidos pela clera. Antes, deves agir se for benfico; caso contrrio, deves desistir. A raiva pode se transformar em alegria, a clera pode se tornar prazer, mas uma nao destruda no pode ser restaurada para a existncia, e os mortos no podem ser devolvidos vida."13. Utilizao de agentes secretosO dcimo terceiro e ltimo captulo trata da espionagem, fechando assim o crculo com o captulo inicial sobre a estratgia, para a qual a inteligncia essencial. Novamente guiando-se pelo minimalismo orientado para a eficincia e pelo conservadorismo, para os quais se voltam as habilidades que ensina, Mestre Sun comea falando da importncia dos agentes de inteligncia nos termos mais enfticos: "Uma operao militar de importncia um escoadouro grave da nao, e pode ser mantida por anos de luta pela vitria de um dia. Por isso, desconhecer as condies do inimigo por no querer recompensar a inteligncia algo extremamente desumano."A seguir, Sun define cinco tipos de espies, ou agentes secretos. O espio local contratado dentre a populao de uma regio em que as operaes so planejadas. Um espio infiltrado contratado entre os oficiais de um regime contrrio. Um espio reverso um agente duplo, contratado dentre espies inimigos. Um espio morto o que recebe a misso de levar informaes falsas. Um espio vivo o que vem e vai com informaes.Neste ponto, tambm existe um forte elemento social e psicolgico na compreenso que Sun Tzu tem da complexidade prtica da espionagem do ponto de vista da liderana. A Arte da Guerra inicia com a questo da liderana, e tambm termina com a observao de que o uso eficaz de espies depende do lder. Mestre Sun diz: "No se pode utilizar espies sem sagacidade e conhecimento, no se pode usar espies sem humanidade e justia, no se pode sem sutileza conseguir a verdade de espies", e conclui: "S um governante hbil ou um general brilhante que pode utilizar os mais inteligentes para a espionagem tem garantia de sucesso."[editar] Anlise de A Arte da GuerraO verso inicial do clssico de Sun Tzu constitui uma chave para toda a sua filosofia. "A guerra uma questo vital para o Estado. Torna-se de suma importncia estud-la com muito cuidado em todos os seus detalhes." Aqui, ele reconhece, sendo o primeiro a faz-lo, que a luta armada no uma aberrao transitria, mas sim um ato consciente e peridico, suscetvel de anlise racional.Sun Tzu acreditava que a fora moral e as faculdades intelectuais do homem eram decisivas na guerra e ainda que, se estas fossem corretamente aplicadas, a guerra seria levada a cabo com sucesso, nunca devendo ser efetuada impensada ou desabridamente, mas sempre precedida de medidas que a tornassem fcil de vencer. grande vencedor frustrava os planos do seu inimigo e rompia as suas alianas. Abria clivagens entre o soberano e os seus ministros, entre comandantes e comandados, entre superiores e inferiores. Os seus espies e agentes estariam ativos em todo o lado, recolhendo informes, semeando a discrdia e alimentando a subverso. O inimigo devia ser isolado e desmoralizado, a sua fora de resistncia quebrada. S assim, e sem qualquer batalha, os seus exrcitos seriam vencidos, as suas cidades tomadas e o seu Estado derrubado. Apenas e somente quando o adversrio no pudesse ser dominado por aqueles meios se recorreria fora armada, a ser utilizada com a vitria como objetivo nico:a) No menor espao de tempo possvel;b) Com o mnimo de perda decidas e esforos possveis;c) Com o mnimo possvel de baixas causadas ao inimigo.A unidade nacional era para Sun Tzu uma condio essencial para a guerra. Isso s podia ser conseguido graas a um governo devotado ao bem-estar do povo, e no sua opresso. Sun Hsing-yen estava correto quando observava que as teorias de Sun Tzu se apoiavam na "benevolncia e retido".Ligando a guerra ao seu mais prximo contexto poltico, s alianas ou a sua inexistncia, unidade e estabilidade internas e ao moral dos exrcitos prprios, em contraste com a desunio dos adversrios, Sun Tzu procurava estabelecer uma base realstica para o clculo racional das foras em confronto. A sua percepo quanto interveno na guerra de componentes mentais, morais, fsicos e circunstanciais revela enorme acuidade. Muito embora Sun Tzu no tivesse sido a primeira pessoa a compreender que a fora armada o ltimo dos rbitros nos conflitos entre Estados, foi de fato o primeiro a dar uma perspectiva real ao entrechoque fsico.Sun Tzu sabia das implicaes econmicas da guerra. As suas referncias a preos inflacionados, valores desperdiados, limitaes de abastecimentos e as inevitveis sobrecargas impostas ao povo demonstram o seu conhecimento quanto importncia desses fatores, que at bem recentemente foram negligenciados.Sun Tzu distinguia perfeitamente entre o que hoje definiramos como "estratgia nacional" e "estratgia militar". Tal evidenciado na sua dissertao sobre o clculo das foras a enfrentar-se, no captulo 1, onde menciona cinco "assuntos" a ser ponderados nos conselhos: os humanos (o moral e o comando), os fsicos (o terreno e o clima) e os doutrinrios. S com a certeza de superioridade nesses pontos encarregava-se o conselho da aferio de efetivos (que Sun Tzu no considerava como decisiva), qualidade das tropas, disciplina, equidade na administrao, recompensas e castigos, e preparao.Por fim, o vetusto escritor afirma no lhe parecer dever ser o objetivo de aes militares o aniquilamento do exrcito inimigo, a destruio das suas cidades e o devastamento do seu territrio. "As armas so sempre motivo de maus pressentimentos, a utilizar somente quando outra alternativa no houver.'"Tzu-lu, um discpulo de Confcio ocasio discutiua guerra com o Mestre."Supondo que o comando das Trs Hostes vos fosse entregue, quem levareis convosco para vos auxiliar?", perguntou Tzu-lu.O Mestre respondeu-lhe: "O homem pronto a enfrentar um tigre ou um rio em fria, sem se importar se iria morrer ou viver, seria o que eu no levaria. Levaria, sim, algum que olhasse os problemas com a cautela devida e que preferisse o sucesso por meio de estratgia".Todo o guerreiro se baseia no ludbrio. Um general competente deve tambm ser um mestre nas artes complementares da, simulao e da dissimulao. Enquanto vai criando imagens para confundir e iludir o adversrio, esconde as suas verdadeiras intenes e a sua real disposio. Quando capaz, simula incapacidade; quando prximo, finge estar longe; quando afastado, que est prximo. Movendo-se de um modo to intangvel como um fantasma luz das estrelas, ser invisvel, inaudvel. O seu objetivo primeiro ser sempre a mente do comandante seu adversrio, a situao vitoriosa, um resultado da sua imaginao criadora. Sun Tzu compreendeu que um prembulo indispensvel em qualquer batalha era o ataque mente do inimigo.O perito achega-se ao seu objetivo indiretamente. Escolhendo uma rota imprpria e distante, poder avanar 500km sem oposio e colher o inimigo de surpresa. Tal tipo de comandante preza acima de tudo a liberdade de ao. Odeia situaes estticas, e por isso s assedia cidades quando outra hiptese no h. Os cercos, dispendiosos em vidas e tempo, levam abdicao do esprito de iniciativa.O general sbio nunca manipulado. Pode acontecer-lhe ter de recuar, mas, quando o faz, f-lo com tanta rapidez que no possvel apanh-lo. As suas retiradas destinar-se-o a atrair o opositor, a desequilibr-lo, a criar situaes apropriadas a contra-ataques, tornando-as pois, e paradoxalmente, ofensivas. Faz a guerra de movimento. Avana com rapidez alada, fere como os raios das "nove camadas celestes Impe situaes que conduzam a decises rpidas. Para ele,o fim da guerra a vitria, e no unia srie de operaes a conduzir brilhantemente. do seu conhecimento que as campanhas prolongadas esgotam o Tesouro, arrasam os soldados, fazem subir os preos e espalham a fome pelo povo. "Nenhuma nao jamais se beneficiou com uma guerra demorada."O comandante competente s desfere o seu golpe quando seguro da vitria. A criao de situaes permitindo-o o ltimo e real propsito dos generais. Antes de travar a batalha, o grande general obriga o inimigo a dispersar-se. Uma vez disperso e tentando defender-se em todos os lados, em todos os pontos fraqueja, sendo num desses pontos devidamente decidido que muitos batero poucos.A vulnerabilidade, contudo, no se mede apenas fisicamente. Um comandante adversrio pode ser vacilante, impetuoso, impulsivo, arrogante, teimoso ou facilmente ludibrivel. Possivelmente, ter divises mal treinadas, desinteressadas, acovardadas ou mal comandadas. Poder ter escolhido posies inconvenientes ou dilatado demasiadamente as suas linhas, dispor de mantimentos insuficientes ou encontrarem-se exaustos os seus soldados. Todas essas condies representam pontos fracos, dando assim oportunidade a um general com imaginao para conceber um plano de ao vantajoso.So exatamente esses mesmos fatores que delineiam o "molde" dos exrcitos adversos, sendo de acordo com esse mesmo molde do seu oponente que o comandante prudente estabelece os seus planos. "Amoldem-no", recomenda Sun Tzu. Sempre preocupado com a observao e sondagem do inimigo, o general inteligente vai ao mesmo tempo tudo fazendo para no ser ele prprio "amoldado".As aes dos instrumentos tticos do general, a fora cheng, normal e direta, e a desusada e indireta fora ch'i, so recprocas. Os efeitos de arribas so fecundos. Podemos definir o elemento cheng como de fixao e o ch'i como de flanqueamento ou de envolvimento, ou ainda como a(s) fora(s) de distrao e de deciso. H correlao nos golpes por elas produzidos. O cheng e o ch'i so como dois aros interligados. "Quem sabe onde comea um e acaba o outro?" A suas comutaes possveis so infinitas. Um esforo cheng pode passar a ch'i, e um ch'i, a cheng. Desse modo, pode-se redefinir um ataque ch'i como aquele que se executa quando uma deciso rapidamente materializvel, numa rea das defesas inimigas caracterizada por vazios e fissuras.Uma operao ch'i sempre inesperada, fora do comum, e no ortodoxa; uma cheng ser mais patente, mais bvia. Quando Sun Tzu recomendava para se iniciar com o cheng, mas vencer com o ch'i, insinuava serem necessrias as movimentaes ludibriosas como garantia de os golpes decisivos virem a ser dados onde o inimigo menos preparado estiver e onde menos o esperar. fato, porm, que procurar limitar as conotaes entre os dois termos, identificando-os somente com foras em luta, se tomar desencaminhador, j que as operaes ch'i e cheng tambm podem ser levadas a efeito no campo da estratgia.Para Sun Tzu, a funo de um general consiste, parcialmente, em criar alteraes e manipul-las, depois, em proveito prprio. O verdadeiro general pondera a situao antes de se movimentar. No cai, sem objetivos, em engodos armadilhados. prudente, mas no hesitante. Compreende haver "alguns caminhos que no devem ser seguidos, alguns exrcitos a no serem atacados, algumas cidades a no serem cercadas, algumas posies a no serem disputadas e algumas ordens do soberano a no serem acatadas". Assume riscos ponderados, mas nunca os toma por tomar. No "enfrenta um tigre nem um rio em fria sem se importar se vai viver ou morrer", mas, quando a oportunidade lhe surge, age rpida e decisivamente.A teoria de Sun Tzu, da adaptabilidade s situaes, constitui uma importante faceta do seu pensar. Tal como a gua se adapta conformao do terreno, tambm em guerra ter de ser adaptvel, empregando-se com frequncia tticas de conformidade com as posies dos adversrios. Isso no , de modo algum, um conceito passivo, dado que, se se der trela suficiente ao inimigo, ele prprio, muitas vezes, se esganar nela. Em determinados casos, deixar-se-o perder cidades, sacrificar-se-o pores das prprias foras ou ceder-se- terreno com o intuito de se ganhar qualquer outro objetivo mais valioso. Este tipo de cedncias, disfarando propsitos maiores, no mais do que ainda outra das caractersticas da flexibilidade mental tpica do guerreiro especialista.Sun Tzu mostra-se conhecedor das contingncias e vantagens do clima, preocupando-se de igual modo com o terreno. O general conhecedor do terreno leva o inimigo para o campo perigoso que ele prprio evitar. Escolhe o lugar onde vai pelejar, atrai o inimigo para l e l o combate. Para Sun Tzu, um general incapaz de se servir do terreno era ineficaz como comandante.O captulo de Sun Tzu a propsito de operaes secretas e hoje to pertinente como quando o comps, devendo no entanto recordar-se o fato de ele estar j perfeitamente ciente da preciso de compartimentao (celulizao) e atuao em todos os planos. Tampouco o valor que atribui aos agentes duplos pode, de modo algum, escapar nossa ateno. Igualmente as quintas colunas, bem conhecidas pelos chineses e gregos do passado, foram devidamente consideradas por Sun Tzu. O Ocidente pde recentemente apreciar os seus efeitos, bem como os esforos para as combater, nem sempre com total sucesso. Parece que a anlise de Tu Mu quanto s personalidades mais suscetveis de aliciamento para subverso ainda bastante merecedora de estudo.Foi com este ensaio, que horrorizou tantos confucionistas ortodoxos, que Sun Tzu terminou a sua obra A Arte da Guerra[editar] Anlise de militares sobre A Arte da GuerraGeneral Alberto Mendes Cardoso:"Apenas em 1772 o ocidente tomou conhecimento do tratado de Sun Tzu, por intermdio da verso de um missionrio jesuta em Pequim, Padre Amiot, publicado em Paris.Sua reedio de 1782 pode, perfeitamente, ter sido lida por Napoleo, ento jovem oficial, reconhecido por sua extraordinria curiosidade intelectual, que o fazia leitor vido de todas as novas ideias publicadas.Creio, mesmo, que a preferncia do grande corso pelas manobras de ala e sua engenhosa capacidade de fazer o inimigo dispersar-se, enquanto ele concentrava suas foras, tem algo a ver com as ideias de manobra indireta e de concentrao para a batalha do Mestre chins.E mais: no tivesse a viva de Clausewitz feito publicar o 'Da Guerra', na dcada de 1830, to pobremente interpretado em seu conceito do 'forte contra o forte do inimigo' e to distorcidamente exaltado com base nas campanhas vitoriosas de Napoleo, e a manobra poltica e estratgica indireta proposta por Sun teria preponderado no sculo XIX e se projetado no sculo XX, com grande probabilidade de haver impedido as desgraas de 1870, 1914 e 1939.O Ocidente somente se deu conta desse desnorteamento de rumo, quando as potncias terrestres da Eursia lhe mostraram, aps a II Guerra Mundial, que liam Clausewitz de maneira inversa e que adotavam os princpios de Sun Tzu como dogmas. A poltica era a continuao da guerra e a estratgia para sua execuo deveria ser indireta. Stalin, Kruschev e Mao foram mestres de pssimos alunos ocidentais.No Oeste, as nicas vozes de peso que se levantaram, advertindo para o erro, foram, inicialmente, Liddell Hart, na Estratgia Operacional, e, mais tarde, Andr Beaufre, na Estratgia Nacional, Total ou Grande Estratgia.Ambos retiram do 'artifcio do desvio' do autor chins as bases para as suas 'aproximao indireta' (L. Hart) e 'estratgia indireta" (Beaufre). Porm, o ingls quem mais deixa evidente a origem Suntzuniana de sua teoria da 'essncia concentrada da estratgia operacional e da ttica', com a sequncia 'nossa disperso diperso do inimigonossa concentrao' e com a esmagadora preponderncia de quinze citaes de pensamentos de Sun contra apenas cinco de outros clssicos, na abertura de seu livro-mor.Verifica-se, modernamente, o crescimento da ateno dedicada ao estudo dos Treze Captulos nas Foras Armadas dos principais pases. Inglaterra, Frana, Japo, Estados Unidos, Unio Sovitica e a prpria China capitaneiam essa atividade.Quanto a ns, no Brasil, preciso tir-los de algumas poucas prateleiras onde aguardam nossa ateno e transform-los em Treze Momentos da guerra e da vida." - Os 13 Momentos do general Alberto Mendes Cardoso.General Samuel B. Griffith:"Ssu-ma Ch'ien, cujo monumental Shih Chi (Arquivos His-ricos ou Arquivos do Historiador) foi concludo pouco depois fio ano 100 a. C., conta-nos que Sun Wu era natural do estado de Chi, e apresentou sua A arte da guerra, no final do sculo VI a. C., a Ho-l, rei do semibrbaro povo Wu. Por centenas de anos, contudo, estudiosos chineses tm questionado a veracidade dessa biografia. A maioria deles concorda em afirmar que o livro no poderia ter sido escrito na poca citada por Ssu-ma Ch'ien. Meu estudo sobre o texto sustenta-se nessa opinio e aponta para o sculo IV a. C. como a poca em que o livro foi escrito.A srie de ensaios de Sun Tzu no merece nossa ateno e interesse meramente como uma curiosidade do mundo antigo. A arte da guerra bem mais que isso. Trata-se de uma obra abrangente e bem-elaborada, que se destaca pelo carter perceptivo e imaginativo que durante sculos lhe garantiu posio de destaque no cnone da literatura militar chinesa.Esta primeira obra entre os clssicos marciais recebeu a ateno devotada de centenas de soldados e estudiosos chineses e japoneses. Entre os mais famosos, temos Ts'ao Ts'ao (155-220 d. C.), o grande general do perodo dos Trs Reinos e fundador da dinastia Wei. Durante o sculo XI, suas anlises sobre o texto, juntamente com as observaes de dez dos mais respeitados comentadores, foram compiladas em uma edio oficial. No ltimo quarto do sculo XVIII, essa edio foi revisada e comentada por Sun Hsing-yen, verstil estudioso e renomado crtico literrio. Desde ento, a sua verso, na qual baseei a traduo, tem sido considerada na China como padro.O mundo ocidental tomou contato com a obra de Sun Tzu pela primeira vez por meio de um missionrio jesuta em Pequim, o padre J. J. M. Amiot, cuja interpretao A A arte da guerra foi publicada em Paris em 1772, perodo em que a imaginao dos artistas, artesos e intelectuais franceses vinha sofrendo forte influncia do recm-descoberto mundo das artes e das letras chinesas. Publicaes da poca trouxeram resenhas favorveis sobre o livro e o trabalho de Amiot teve ampla aceitao. Foi novamente publicado em uma antologia em 1782. possvel que tenha sido lido por Napoleo, conforme afirmou recentemente um editor chins. Quando jovem oficial, o futuro imperador era um leitor vido; pouco provvel que este singular ensaio tenha escapado sua ateno.Alm da verso de Amiot, haveria ainda quatro tradues para o russo e pelo menos uma para o alemo. Nenhuma das cinco tradues para o ingls satisfatria; mesmo a de Lionel Gilles (1910) deixa muito a desejar.Sun Tzu percebeu que a guerra, uma questo de vital importncia para o Estado, exigia estudo e anlise; sua a primeira tentativa de formular uma base racional de planejamento e execuo de operaes militares. Diferentemente da maioria dos escritores gregos e romanos, Sun Tzu no estava particularmente interessado na elaborao de estratagemas complexos ou tcnicas superficiais e transitrias. Seu objetivo consistiu em desenvolver um tratado sistemtico destinado a orientar governantes e generais na conduo inteligente de uma guerra bem-sucedida. Em sua concepo, o estrategista vabilidoso deve ter a capacidade de subjugar o exrcito inimigo sem lutar contra ele, invadir cidades sem siti-las, derrubar governos sem o uso de espadas sangrentas.Sun Tzu tinha plena conscincia de que um combate envolve muito mais que o confronto entre homens armados. Os nmeros, isoladamente, afirma, no representam qualquer vantagem. Ele atribuiu maior importncia aos aspectos morais, intelectuais e circunstanciais envolvidos na guerra do que propriamente aos fsicos, e advertiu reis e comandantes para que no depositassem sua confiana nica e exclusivamente no poderio militar. No concebia a guerra como massacre e destruio; conquistar deixando tudo intacto, ou to intacto quanto possvel, era o maior objetivo da estratgia empregada.Sun Tzu estava convencido de que o planejamento cuidadoso, baseado em informaes confiveis sobre o inimigo, contribuiria para uma deciso militar rpida. Ponderou o efeito da guerra sobre a economia e, sem sombra de duvida, foi o primeiro a observar que a inflao dos preos era uma consequncia inevitvel das operaes militares. Nenhum pas, escreveu, jamais de beneficiou de uma guerra prolongada. Ele observa a influncia decisiva dos suprimentos durante as operaes militares e, entre outros fatores, discute a relao entre o soberano e seu comandante; as qualidades morais, emocionais e intelectuais do bom general; organizao, manobras, controle, terreno e condies climticas.Na viso de Sun Tzu, o exrcito era o instrumento que desfechava o coup degrce em um inimigo j tornado vulnervel. Antes do incio das hostilidades, agentes secretos cuidavam de romper as alianas do inimigo e realizavam diversas atividades subversivas. Suas misses compreendiam espalhar falsos rumores e informaes enganosas, corromper e subverter oficiais, criar e aumentar a discrdia interna e sustentar quintas-colunas. Enquanto isso, os espies, atuando em todos os nveis, informavam sobre a situao do inimigo. Os planos de vitria so baseados em seus relatrios. O marechal Shaposhnikov no foi o primeiro a compreender que o pr-requisito para a vitria efetuar os devidos preparativos no campo do inimigo para que o resultado seja definido antecipadamente. Assim prossegue o ex-comandante do Exrcito Vermelho, em uma notvel parfrase de Sun Tzu: o exrcito vitorioso ataca urn inimigo desmoralizado e derrotado.A arte da guerra tem exercido profunda influncia ao longo de toda a histria da China e no pensamento militar japons; a fonte das teorias estratgicas de Mao Tse-tung e da doutrina ttica dos exrcitos chineses. Por meio dos mongis-trtaros, as ideias de Sun Tzu foram transmitidas Rssia e tornaram-se parte substancial da herana oriental daquele pas. Assim, A arte da guerra constitui leitura obrigatria aos que pretendem obter um entendimento mais aprofundado da notvel estratgia desses dois pases nos dias de hoje." - General Samuel B. Griffith no prefcio de sua traduo de A Arte da Guerra[editar] Trechos do livro "A invencibilidade est na defesa; a possibilidade de vitria, no ataque. Quem se defende mostra que sua fora inadequada; quem ataca, mostra que ela abundante." "Existem cinco fatores que permitem que se preveja qual dos oponentes sair vencedor: aquele que sabe quando deve ou no lutar; aquele que sabe como adotar a arte militar apropriada de acordo com a superioridade ou inferioridade de suas foras frente ao inimigo; aquele que sabe como manter seus superiores e subordinados unidos de acordo com suas propostas; aquele que est bem preparado e enfrenta um inimigo desprevenido; aquele que um general sbio e capaz, em cujas decises o soberano no interfere." "A gua no tem forma constante. Na guerra tambm no existem condies constantes. Por isso pode-se dizer que divino aquele que obtm uma vitria alterando as suas tticas em conformidade com a situao do inimigo." "Dos cinco elementos, nenhum predominante; das quatro estaes nenhuma dura para sempre; os dias, uns so longos, outros curtos; a Lua enche e mngua." "Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo lutar cem batalhas sem perigo de derrota;para aquele que no conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitria ou para a derrota sero iguais;aquele que no conhece nem o inimigo e nem a si prprio, ser derrotado em todas as batalhas" "Evitar guerras muito mais gratificante do que vencer mil batalhas - Sun tzu ()"[editar] Panorama histricoA Arte da Guerra foi escrito durante o assim chamado perodo dos Estados Belicosos da antiga China, que durou do quinto ao terceiro sculo a.C. Constituiu uma poca de prolongada desintegrao da dinastia Chou (Zhou), que fora fundada havia mais de quinhentos anos plos sbios polticos que escreveram o I Ching. O colapso da antiga ordem foi marcado pela desestabilizao das relaes entre os Estados e pelo estado de guerra interminvel entre os aspirantes hegemonia em meio aos padres de aliana e oposio sempre em mudana.O prefcio a Estratgias dos Estados Belicosos (Zhanguo ce / Chan kuo ts'e), uma coleo clssica de histrias sobre as questes polticas e militares dos Estados feudais desse tempo, nos oferece uma descrio grfica do perodo dos Estados Belicosos:Usurpadores se proclamam senhores e reis, Estados governados por pretendentes e conspiradores reforam seus exrcitos para se tornarem superpotncias. Imitavam-se cada vez mais nisso, e sua descendncia seguiu-lhes o exemplo. No fim, enfrentaram-se e destruram-se uns aos outros, conspirando com territrios maiores e anexando territrios menores, passando anos em operaes militares violentas, enchendo os campos com morticnio. Pais e filhos no estavam prximos uns dos outros, irmos no estavam seguros uns com os outros, maridos e mulheres se separavam ningum podia responder por sua vida. A virtude desapareceu. Nos anos posteriores, isto se tornou cada vez mais extremado, com sete grandes Estados e cinco pequenos Estados lutando uns contra os outros pelo poder. Em geral, isso acontecia porque os Estados Belicosos eram vergonhosamente gananciosos, lutando insaciavelmente para desenvolver-se.O grande educador e filsofo humanista Confcio, que viveu exatamente na vspera da era dos Estados Belicosos, passou a vida trabalhando contra a deteriorao dos valores humanos que determinou o mergulho de sua sociedade em sculos de conflito. No clssico Os Analectos, de Confcio, o surgimento iminente dos Estados Belicosos previsto numa vinheta simblica do encontro de Confcio com um governante a quem tentou advertir: "O duque Ling, do Estado de Wei, perguntou a Confcio sobre formaes militares. Confcio respondeu: 'Aprendi sobre a disposio de vasos rituais, mas nunca estudei questes militares', e partiu no dia seguinte." Como que representando o desaparecimento do esprito humanitrio ("Confcio partiu no dia seguinte") do pensamento e das consideraes dos governantes nos sculos de guerra por vir, esta histria retomada pelo filsofo taosta Chuang-tzu, que viveu no quarto e terceiro sculos a.C., exatamente em meio ao perodo dos Estados Belicosos. De acordo com o desdobramento que Chuang-tzu faz do tema, Yen Hui, o mais brilhante discpulo de Confcio, dirigiu-se ao mestre e perguntou-lhe sobre a possibilidade de ir ao Estado de Wei. Confcio perguntou-lhe: "O que irs fazer l?" Yen Hui respondeu: "Ouvi dizer que o governante de Wei, no vigor da mocidade, tem um comportamento arbitrrio explora seu pas por capricho e no percebe seus prprios erros. Explora seu povo frivolamente, mesmo at a morte. Massas incontveis morreram naquele Estado, e o povo no tem para onde voltar-se. Ouvi meu mestre dizer: 'Deixa um Estado ordenado e vai a um Estado em desordem junto porta do mdico, muitos so os doentes.' Eu gostaria de usar o que aprendi para avaliar a orientao que oferece, de modo que o Estado de Wei possa ser curado."Confcio disse: "Ests inclinado a ir, mas apenas recebers punio."Muito poucas pessoas da poca deram ouvidos ao humanismo pacifista de Confcio e de Mncio. Alguns dizem que isso ocorreu porque no podiam implementar as polticas propostas plos confucianos originais; outros dizem que no podiam implementar as polticas porque no prestavam ateno, porque no queriam ser humanitrios e justos de fato.Por outro lado, os que ouviam o humanismo pacifista de Lao-tzu e Chuang-tzu em geral se escondiam e trabalhavam sobre o problema por ngulos diversos. Lao-tzu e Chuang-tzu mostram que o homem agressivo parece cruel, mas na verdade um tipo emocional; ento, eles assassinam o emocional com real crueldade antes de revelar a natureza espontnea da humanidade livre.Os antigos mestres taostas mostram como a crueldade real, a frieza da objetividade plena, sempre inclui a pessoa em sua avaliao incisiva da situao. O Buda histrico, um contemporneo de Confcio, ele prprio descendente de um cl de guerreiros num tempo em que esta casta estava consolidando seu domnio poltico, disse que o conflito cessaria se fssemos conscientes de nossa prpria morte.Esta a impiedade de Lao-tzu quando ele diz que o universo desumano e que o sbio v o povo como ces de palha usados para sacrifcios rituais. Chuang-tzu tambm apresenta diversos exemplos dramticos de impiedade com relao a si mesmo como um exerccio em perspectiva destinado a levar cessao do conflito interno e externo.Essa "desumanidade" no utilizada plos filsofos originais como uma justificativa para uma agresso possessiva quase cruel, mas como uma meditao sobre a falta de sentido ltimo da cobia e da possessividade que subjazem agresso.Na ndia, os aspirantes budistas visitavam locais de cremao e contemplavam os cadveres em decomposio daqueles cujas famlias no dispunham de recursos para uma cerimnia de cremao. Faziam isso para eliminar a cobia e a possessividade de dentro de si mesmos. Depois, voltavam o pensamento para pessoas e sociedades ideais.Da mesma maneira, Mestre Sun sugere que os leitores contemplem a devastao provocada pela guerra, desde as fases iniciais de traio e alienao at as formas extremas de ataque incendirio e assdio, vista como uma espcie de canibalismo em massa dos recursos humanos e naturais. Com este mecanismo, ele fornece ao leitor um sentimento mais ampliado para o significado das virtudes individuais e sociais esposadas plos pacifistas humanitrios.Deste ponto de vista, natural que se pense sobre a linha taosta de A Arte da Guerra no como um elemento cultural casual, mas como uma chave para a compreenso do texto em todos os seus nveis. Pela natureza de sua temtica manifesta, A Arte da Guerra exigia a ateno das pessoas que tinham menos possibilidades de compreender os ensinamentos pacifistas dos humanistas clssicos.Como o I Ching preservou certas ideias filosficas ao longo de toda espcie de mudana poltica e social pela sua popularidade como orculo e como livro de conselhos, assim A Arte da Guerra conservou o mago da filosofia prtica taosta da destruio pela sua anttese.Muitas vezes se pensa que o paradoxo um instrumento padro da psicologia taosta, utilizado para transpor barreiras imperceptveis de conscincia. Talvez o paradoxo de A Arte da Guerra esteja na sua oposio guerra. E como A Arte da Guerra guerreia contra a guerra, assim o faz por seus prprios princpios; ela se infiltra nas linhas inimigas, revela os segredos do inimigo e muda o corao das tropas adversrias.[editar] A Arte da Guerra e o taosmo[editar] Relaes com a medicina tradicional chinesa e com as artes marciaisDiz a lenda que um nobre da antiga China certa vez perguntou ao seu mdico, membro de uma famlia de terapeutas, qual dos seus familiares era mais hbil na arte da medicina.O mdico, de uma reputao to difundida que seu nome era sinnimo da prpria cincia mdica na China, respondeu:Meu irmo mais velho percebe o esprito da doena e o remove antes que possa assumir qualquer forma, e por isso seu nome no sai de casa. Meu segundo irmo mais velho cura a doena quando esta ainda bem pequena, e por isso seu nome no passa da vizinhana.Quanto a mim, perfuro as veias, prescrevo poes e massageio a pele, e por isso, de tempos em tempos, meu nome cruza as fronteiras e chega aos ouvidos dos nobres.

Nenhum outro conto da antiga China capta de maneira to bela a essncia de A Arte da Guerra, o clssico mais importante sobre a cincia da estratgia no conflito. Um crtico da dinastia Ming assim se expressa a respeito dessa historieta do mdico:Nada alm disso necessrio aos lderes, generais e ministros no governo das naes e na conduo dos exrcitos.

Yang Chengfu divulgou o Tai Chi Chuan na China tanto como arte marcial quanto como prtica para a manuteno da sade.De maneira geral, as pessoas consideram as artes teraputicas e as artes marciais como dois mundos diferentes, mas na verdade so duas realidades paralelas em vrios sentidos: no reconhecimento, como se diz popularmente, de que quanto menos delas se precisar, melhor; no sentido de que ambas exigem uma estratgia no momento de lidar com um evento desarmnico, e no sentido de que, em ambas, o conhecimento do problema a chave para sua soluo.Como na histria dos antigos terapeutas, na filosofia de Sun Tzu a eficincia mxima do conhecimento e da estratgia tornar o conflito totalmente desnecessrio:A maior das habilidades vencer os exrcitos inimigos sem lutar.

E como a histria dos terapeutas, Sun Tzu explica que h muitas variantes de artes marciais: O militar de esprito superior faz malograr as maquinaes inimigas; A segunda melhor coisa a fazer minar suas alianas; Em seguida, atacar suas foras armadas; O pior de tudo sitiar suas cidades.Observe novamente a semelhana entre o conselho de Sun Tzu e a sabedoria mdica: Frustrar as maquinaes inimigas manter-se saudvel, de modo a resistir doena; Minar suas alianas evitar o contgio; Atacar suas foras armadas como tomar remdio; Sitiar suas cidades como realizar uma operao cirrgica.Como o irmo mais velho da histria era desconhecido devido sua perspiccia e o irmo do meio mal era conhecido por causa de sua vivacidade, Sun Tzu tambm afirma que nos tempos antigos os que eram considerados guerreiros hbeis venciam quando a vitria ainda era fcil; por isso, as vitrias de guerreiros habilidosos no eram conhecidas por ardis utilizados nem recompensadas por bravura demonstrada.[editar] Ligaes com outros textos clssicos chinesesEsta estratgia ideal pela qual se pode vencer sem lutar, realizar o mximo fazendo o mnimo, comporta a marca caracterstica do Taosmo, a antiga tradio de conhecimento que deu, na China, suporte tanto s artes teraputicas como s artes marciais. O Tao-Te King, ou O Livro do Caminho Perfeito, estende sociedade a mesma estratgia que Sun Tzu atribui aos guerreiros dos tempos primevos: Planeja o difcil enquanto ainda fcil, faz o que grande enquanto ainda pequeno. As coisas mais difceis devem ser feitas enquanto ainda so fceis, as maiores, enquanto ainda so pequenas. Por isso, o sbio nunca faz o que grande, e por este motivo que sempre alcana a grandeza.Escrita h mais de dois mil anos, durante um longo perodo de convulses sociais, A Arte da Guerra brotou das mesmas condies sociais que deram origem a alguns dos clssicos mais importantes do humanismo chins, incluindo-se o To Te King. Tratando a questo do conflito atravs de um modo mais racional que emocional, Sun Tzu mostrou que a compreenso do conflito pode levar tanto sua soluo como deciso de evit-lo completamente.Ao longo dos sculos, muitos estudiosos se deram conta da importncia do pensamento taosta em A Arte da Guerra: tanto as obras filosficas como as polticas do cnon taosta atestam seu reconhecimento pelo clssico da estratgia. O nvel de reconhecimento representado pelos pontos culminantes de A Arte da Guerra o nvel da invencibilidade e o da doutrina do no-conflito uma expresso do que o saber taosta chama de "conhecimento profundo e ao resoluta".O Livro do Equilbrio e da Harmonia (Chung-ho chi/Zhongho ji), uma obra taosta medieval, afirma:O conhecimento profundo do princpio sabe sem ver, a prtica resoluta do Caminho alcana o objetivo sem lutar. Conhecimento profundo 'saber sem sair pela porta, ver o caminho do cu sem olhar pela janela'. Ao resoluta 'tornar-se cada vez mais forte, adaptando-se a todas as situaes'.

Nos termos de A Arte da Guerra, o guerreiro-mestre aquele que conhece a psicologia e a mecnica do conflito com tanta preciso que percebe imediatamente qualquer movimento do adversrio; algum capaz de agir em harmonia perfeita com as situaes, ajustando-se aos seus padres naturais com um mnimo de esforo. O Livro do Equilbrio e da Harmonia aprofunda a descrio do conhecimento e da prtica taostas em termos familiares busca do guerreiro: Conhecimento profundo ter percepo da desordem antes da desordem, do perigo antes do perigo, ter conscincia da destruio antes da destruio, e da calamidade antes da calamidade. Ao resoluta treinar o corpo sem ficar sobrecarregado pelo corpo, exercitar a mente sem ser usado por ela, atuar no mundo sem ser afetado pelo mundo, realizar as atividades sem ser por elas absorvido.Pelo conhecimento profundo do princpio, pode-se transformar a desordem em ordem, o perigo em segurana, a destruio em sobrevivncia, a calamidade em prosperidade. Pela ao resoluta no Caminho, pode-se levar o corpo ao reino da longevidade, conduzir a mente esfera do mistrio, .proporcionar paz ao mundo e chegar realizao plena das atividades.Como essas passagens sugerem, os guerreiros da sia que praticavam as artes do Taosmo ou do Zen com o intuito de chegar serenidade profunda no estavam apenas preparando a mente para que esta suportasse a conscincia da morte iminente; eles as usavam tambm quando queriam alcanar a sensibilidade necessria para reagir s situaes sem parar para pensar. O Livro do Equilbrio e da Harmonia diz: Compreenso num estado de serenidade, realizao sem esforo, saber sem ver este o sentido e a resposta do To Transformador. A compreenso num estado de serenidade pode compreender tudo, a realizao sem esforo pode realizar tudo, o saber sem ver pode saber tudo.Como em A Arte da Guerra, a amplitude de conscincia e de eficincia do adepto taosta despercebida, imperceptvel aos outros, porque seus momentos crticos ocorrem antes que a inteligncia comum possa traar uma descrio da situao. O Livro do Equilbrio e da Harmonia reza: Sentir e compreender depois da ao no algo que merea ser chamado de compreenso. Realizar depois do esforo no algo que merea ser chamado de realizao. Saber depois de ver no algo que merea ser chamado de saber. Esses trs procedimentos esto longe do caminho do sentido e da resposta.Na verdade, ser capaz de fazer algo antes que exista, sentir algo antes que se torne ativo, ver algo antes que surja so trs habilidades que se desenvolvem de maneira interdependente. Ento, nada sentido, mas compreendido; nada empreendido sem resposta, a nenhum lugar se vai sem proveito.Um dos objetivos da literatura taosta ajudar a desenvolver essa sensibilidade e essa reatividade especiais para dominar as situaes da vida. O Livro do Equilbrio e da Harmonia menciona o "Tao Transformador" com relao aos ensinamentos de anlise e de meditao do I Ching, o locus classicus da frmula da sensibilidade e da reatividade. A exemplo do I Ching e de outras obras da literatura taosta clssica, A Arte da Guerra tem uma reserva de abstrao e um potencial metafrico incalculveis. E como outras obras da literatura clssica taosta, a obra revela suas sutilezas de acordo com a mentalidade do leitor e com a maneira pela qual posta em prtica.A associao das artes marciais com a tradio taosta remonta ao lendrio Imperador Amarelo, terceiro milnio a.C., um dos maiores heris da cultura chinesa e figura importante da tradio taosta. Segundo narra o mito, o Imperador Amarelo conquistou tribos selvagens utilizando-se de artes marciais mgicas que lhe teriam sido ensinadas por um taosta imortal. Diz-se tambm que comps o famoso Yin Convergence Classic (Yin-fu chinglYinfu jing), uma obra taosta muito antiga e que de longa tradio tem recebido interpretaes marciais e tambm espirituais.Cerca de mil anos mais tarde, os chefes guerreiros que eliminaram os ltimos vestgios da antiga sociedade escravagista chinesa e que introduziram conceitos humanistas de governo compuseram os dizeres clssicos do I Ching, outro texto taosta tradicionalmente utilizado como base tanto para as artes marciais como para as civis. Os princpios bsicos do I Ching figuram de modo expressivo na cincia da guerra poltica de Sun Tzu e so essenciais para o combate individual e para as tcnicas de defesa das artes marciais tradicionais que se desenvolveram a partir dos exerccios taostas.Depois do "Yin Convergence Classic" e do I Ching, temos o terceiro texto taosta mais importante, o Tao Te King. Como A Arte da Guerra, o Tao-Te King produto da era dos Estados Belicosos, os quais assolaram a China na metade do primeiro milnio a.C. Este grande clssico manifesta a atitude predominante com relao guerra que caracteriza o manual de Sun Tzu: que ela destrutiva mesmo para os vencedores, com frequncia contraproducente, uma alternativa de ao que se justifica somente quando no h escolha: Os que apiam um lder com o To no usam armas para coagir o mundo, pois essas tendem a produzir o efeito contrrio espinhos medram onde exrcitos acamparam e anos ruins se seguem a uma grande guerra.Armas so instrumentos nefastos, no ferramentas dos iluminados. Quando no h outra escolha, aconselhvel manter-se calmo, dominar a avidez, e no comemorar a vitria. Os que celebram a vitria so sanguinrios e estes no podem alcanar seu objetivo no mundo.De maneira semelhante, A Arte da Guerra considera a clera e a cobia as causas fundamentais da derrota. Segundo Sun Tzu, o guerreiro moderado, reservado, calino e cauteloso que vence, e no o impetuoso que busca a vingana nem o ambicioso que vai no encalo da fortuna. O Tao-Te King diz:O bom cavaleiro no belicoso, o bom guerreiro no se enraivece, o que conquista o inimigo no tripudia sobre ele.

A ttica de agir sem deixar-se levar pelo emocional parte da estratgia geral da insondabilidade que A Arte da Guerra enfatiza num estilo caracteristicamente taosta. Sun Tzu afirma:Os hbeis na defesa escondem-se nas profundezas da terra; os hbeis no ataque manobram no mais alto dos cus. Por isso, podem proteger-se e alcanar a vitria total.

Esta relevncia posta na excelncia do insondvel permeia o pensamento taosta desde a esfera poltica at as reas do comrcio e da percia profissional. Nesse sentido, est dito:Um bom comerciante esconde seus tesouros e aparenta no ter nada

eUm bom profissional no deixa marcas.

Esses ditos foram adotados plos zen-budistas para representar a sua arte. Os mesmos zen-budistas, que se contavam entre os alunos mais notveis dos clssicos taostas e entre os que desenvolveram as artes marciais esotricas, adotaram a inescrutvel viso do caminho do guerreiro tanto no seu sentido literal como no figurado.[editar] A estratgia militar taosta e o Livro dos Mestres HuainanEncontramos escritos sobre aspectos civis e militares da organizao poltica em todo o cnon taosta. O Livro dos Mestres Huainan (Huainanzi ou Huai-nan-tzu) um dos grandes clssicos taostas do comeo da dinastia Han, instalada no final dramtico do perodo dos Estados Belicosos dedica um captulo inteiro cincia militar taosta, que retoma o tema central da prtica de A Arte da Guerra: Nas artes marciais, importante que a estratgia seja insondvel, que a forma seja oculta e que os movimentos sejam sbitos, para que se torne impossvel qualquer preparao.O que permite que um bom general alcance a vitria o fato de ter sempre uma sabedoria impenetrvel e um modus operandi que no deixa vestgios.Somente o informe no pode ser afetado. Os sbios se escondem na insondabilidade, e por isso seus sentimentos no podem ser observados; eles agem no nvel do informe, e assim suas linhas no podem ser cruzadas.Em A Arte da Guerra, Sun Tzu escreve:S extremamente sutil, at a total falta de forma. S extremamente misterioso, at a ausncia total de som. Assim fazendo, dirigirs o destino do inimigo.

Sun Tzu, e tambm os mestres de Huainan, um grupo de sbios taostas e confucionistas reunidos por um rei local, reconhecem a existncia de um nvel de sabedoria em que o conflito no emerge e em que a vitria no visvel ao olhar comum. Porm, ambos os livros foram escritos como testemunho da dificuldade e da raridade dessa experincia. Da mesma forma que a arte da guerra de Sun Tzu, a estratgia dos mestres de Huainan prepara para um conflito real, no apenas como um ltimo recurso, mas como uma operao a ser conduzida sob as condies mais rigorosas, com uma liderana apropriada:

O incio da Meditao Taosta Tao Yin uma mobilizao interna para esvaziar-se e conectar-se ao Tao. Vazio e plenitude integrados numa relao Yin Yang.Um general deve ver e saber sozinho, no sentido de que deve ver o que outros no vem e saber o que outros no sabem. Ao ato de ver o que outros no vem damos o nome de perspiccia, e denominamos genialidade o ato de saber o que outros no sabem. Gnios perspicazes vencem primeiro, significando que se defendem de tal modo que so inexpugnveis e atacam de forma tal que so irresistveis.As condies rigorosas da ao militar taosta so comparadas com sua prtica espiritual. Os manuais de meditao e de exerccios taostas esto repletos de metforas alusivas paz e guerra.Um dos princpios mais importantes da prtica taosta, derivado dos ensinamentos do / Ching, e que tem implicaes tanto fsicas como psicolgicas, o do domnio da "vacuidade e da plenitude".O domnio da vacuidade e da plenitude, ao qual Sun Tzu dedica todo um captulo de A Arte da Guerra, fundamental para o desempenho fsico das artes marciais taostas, como o Boxe Absoluto. essencial tambm no aspecto organizacional, ou sociopoltico, da arte de governar, quer no mbito civil quer no militar. Ao explicar a compreenso da vacuidade e da plenitude como o Caminho para a vitria, os mestres de Huainan afirmam:Esta uma questo de vacuidade e de plenitude. Quando existem desentendimentos entre superiores e subalternos, quando generais e oficiais vivem em estado de discrdia, e quando a insatisfao se instala no esprito das tropas, estamos diante da vacuidade. Quando os lderes civis so inteligentes e os militares so bons, quando superiores e subordinados compartilham as mesmas ideias, e quando a vontade e a energia agem solidariamente, a isto damos o nome de plenitude. Os governantes habilidosos infundem energia em seu povo para que este possa enfrentar a vacuidade dos outros, enquanto que os lderes incompetentes sugam a energia do seu povo ante a plenitude dos outros.Quando o bem-estar e a justia se estendem sobre todo o povo, quando as obras pblicas so suficientes para atender as emergncias nacionais, quando a poltica de seleo para os cargos pblicos agrada aos sbios, quando o planejamento leva ao conhecimento das foras e das fraquezas, temos a o fundamento da vitria certa.

A base poltica da fora militar, ou a base social da fora de qualquer organizao, um ensinamento que tambm tem suas razes no I Ching. Em A Arte da Guerra, esse ensinamento considerado da maior importncia. Assim, o primeiro item do primeiro captulo sobre a estratgia recomenda a avaliao do Caminho de um grupo adversrio a fibra moral, a coerncia da ordem social, a popularidade do governo ou o moral da populao. Segundo Sun Tzu, em condies apropriadas, um pequeno grupo pode impor-se a um grande grupo; e entre as condies que possibilitam esta situao esto a justia, a ordem, a coeso e o moral. Este outro ponto central do pensamento chins, tambm evidenciado plos mestres de Huainan no contexto da estratgia militar:A fora no apenas uma questo de extenso territorial e de populao numerosa, a vitria no apenas uma questo de armamento eficiente, a segurana no implica s muralhas altas e valas profundas, autoridade no simplesmente dar ordens estritas e aplicar punies frequentes. Os que estruturam uma organizao vivel sobrevivero a despeito de serem pequenos, enquanto que aqueles que instituem uma organizao moribunda perecero mesmo sendo grandes.

[editar] Comentrios de Zhuge Liang, seguidor de Sun Tzu

Zhuge Liang.Este mesmo tema foi ressaltado por outro grande estrategista militar da antiga China, Zhuge Liang, que viveu no sculo III d.C. Liang seguia os ensinamentos de Sun Tzu e tornou-se lendrio por sua genialidade:O Tao das operaes militares repousa num povo harmonizado. Quando o povo est em harmonia, ele lutar naturalmente, sem precisar ser incentivado a isso. Se os oficiais e os soldados suspeitarem uns dos outros, os guerreiros no formaro um grupo coeso; se um conselho amigo no foi ouvido, os medocres falaro e criticaro s ocultas. Quando reina a hipocrisia, mesmo que tenhas a sabedoria dos antigos reis-guerreiros, no poderas derrotar um nico campnio, que dir uma turba deles.

por isso que a tradio afirma:Uma operao militar como o fogo; se no for detida, extinguir-se- por si mesma.

A posio de Zhuge como gnio prtico to elevada, que seus escritos, seus projetos e os comentrios sobre ele fazem parte do cnon taosta. Como A Arte da Guerra e os clssicos taostas, a filosofia de guerra preconizada por Zhuge trata o positivo atravs do negativo, segundo a doutrina taosta da "no-ao":Nos tempos antigos, os que governavam bem no se preparavam para a guerra, os que se preparavam bem para a guerra no delimitavam linhas combate, os que delimitavam bem as linhas de combate no lutavam, os que l