Machado, Alesandro Dos Santos e Outros - Ngamos, Contos Tradicionais Moçambicanos
Novos Contos Tradicionais
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NOVOS CONTOS TRADICIONAIS
Alunos do 7ºBda Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Pedro Nunes
Edições Esquisitas
Título: Novos Contos Tradicionais____________________________________________________________________________
©Edições Esquisitas e autores, Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Pedro Nunes, 2012____________________________________________________________________________
Autores: António Queimado, Beatriz Pereira, Beatriz Rodrigues, Bernardo Freire, Catarina Raposo, Diogo Nóbrega, Gonçalo Querido de Freitas, Inês Gomes, Isabella
Guzman, João Lages, Julieta Ricciardi, Leonor Rosas, Magda Ferreira, Mariana Cabral, Mariana Malagueta, Margarida Almeida Garrett, Rafaela Estreia, Salvador Magrinho,
Sara Costa, Tomás Paulino____________________________________________________________________________
Edição: Joana Lima de Oliveira (mestranda em Ensino do Português e das Línguas Clássicas no Secundário e no 3º Ciclo do Ensino Básico da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)___________________________________________________________________________
_
Contactos: [email protected]
NOTA INTRODUTÓRIA
Consistindo numa antologia de contos tradicionais concebidos por alunos da
turma 7ºB da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Pedro Nunes,
esta obra é uma recolha do agora, da imaginação criativa de jovens do século XXI,
alimentada pelo estudo e pela leitura de variados textos da literatura tradicional
europeia (fábulas, mitos, lendas, trava-línguas, lenga-lengas, romances e contos
tradicionais) feita nas aulas de Língua Portuguesa da professora Maria do Carmo
Soares e da mestranda em Ensino do Português Joana Lima de Oliveira.
Princesas enfeitiçadas, espelhos que dizem verdades incómodas, jarras que
transformam água em rosas, netos muito amigos dos avós, pianos que mandam no sol,
arcas mágicas, capas com o poder da invisibilidade, portas de segredos, feitiços
temíveis, bruxas azaradas, beijos apaixonados, bonecas queridas, monstros medrosos
são alguns ingredientes destes contos que se constroem a partir da ideia de literatura
como ensinamento e entretenimento. Porque a literatura se constrói aos pedaços,
lendo o passado e escrevendo no presente, poderemos, mais do que deliciar-nos com a
fantasia impressa nestas páginas, projetar nestes contos uma possibilidade de tradição
do futuro.
Joana Lima de Oliveira
ÍNDICE
O MONSTRO DA TORRE 6 A MENINA E A BONECA CARLOTA 7 O BEIJO APAIXONADO 8A PORTA DOS SEGREDOS 9A MENINA DESAPARECIDA 10 O SALVAMENTO 11UMA ARCA MÁGICA 12A VIAGEM DO RATO 13O RAPAZ E O PIANO 14A VELHA, A BRUXA E O NETO 15A JARRA MÁGICA 16AS PRIMAS E O ESPELHO... 17A MENINA RUIVA 18A VIDA NEGRA DOS PRÍNCIPES 19A PRINCESINHA 20OS DESEJOS DA MENINA 21O POBRE ALDEÃO E A FILHOTA 22A PROMESSA DO ÍNDIO 23A MENINA E O PEIXINHO 24A PRINCESA ENFEITIÇADA 25
NOVOS CONTOS TRADICIONAIS
Alunos do 7ºBda Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Pedro Nunes
O Monstro da TorreAntónio Queimado
Era uma vez um monstro que vivia numa torre. Um dia, um aldeão avistou
o monstro à janela. Contou a todos os habitantes da aldeia, para que ficassem a
sabê-lo. O monstro ficou cheio de medo e tentou fugir, mas já era tarde demais,
os aldeões já estavam à porta da torre com tochas acesas.
Os aldeões queriam matar o monstro sem o rei saber, pois, se isso
acontecesse, a aldeia estaria para sempre livre de guerras. Então, o monstro
encostou a sua cama à janela, para que os aldeões pensassem que o que tinham
visto era uma cama. E conseguiu-o. O monstro escapou descendo uma trepadeira.
Ao entrarem na torre, os aldeões aperceberam-se da fuga do monstro, mas não
o seguiram, pois este já deveria estar muito longe. Com o monstro posto fora, os
aldeões não têm de se ir embora.
6
A Menina e a Boneca CarlotaBeatriz Pereira
Há muito tempo, numa pequena aldeia, vivia uma família muito pobre. Nessa
família, existia uma pequena menina que todos os dias ia ao hospital dos brinquedos que
havia na sua rua e que pertencia à realeza ver se trazia para casa alguma boneca.
Sempre que a menina ia ao hospital, encontrava o criado do hospital, que era muito
simpático para ela, mas que, para sua grande tristeza, tinha sempre de lhe dizer que não
havia nada. A menina, muito triste, dizia que voltava no dia seguinte. Quando a menina
saía do hospital, o criado ficava sempre muito comovido.
Certo dia, os príncipes estavam no hospital e, quando o criado ia responder o
mesmo do costume, a princesa interrompeu, dizendo:
- Meu Deus, que horror... – continuou – Vou dar-te esta boneca, é a Carlota.
O príncipe, chocado, respondeu à menina:
- Sois só uma pobre coitada!
A princesa ordenou à menina que voltasse no dia seguinte. Nessa noite, a princesa
pediu à rainha para ir para o hospital todas as tardes. A rainha autorizou-a, mas mal sabia
que, ao mesmo tempo, o príncipe estava a falar com o rei para tentá-lo convencer a levar
toda a família real a uma cerimónia que haveria na tarde do dia seguinte, para não deixar
a princesa ir falar com a menina. Para seu grande desgosto, o rei disse que não.
Desde então, as meninas brincaram todas as tardes. E foram felizes para sempre.
O Beijo ApaixonadoBeatriz Rodrigues
Era uma vez, no Reino Mágico, um menino chamado João. João era o rapaz mais
bonito do reino, com muita sorte ao amor. Até que Adevelina, a bruxa malvada, e sua mãe,
Franquelina, com inveja, decidiram enfeitiçar o rapaz com um encantamento feito no seu
caldeirão mágico. O plano das malvadas bruxas era lançar um feitiço que fizesse com que,
se João não recebesse um beijo apaixonado durante três dias, ficasse solteiro para a vida.
Nesse dia, João foi avisado do que se passava e, por isso, decidiu ir para a rua ver
se encontrava a mulher perfeita. Atrevido, João quase beijava todas as que passavam à
frente dele e acenavam. Como não teve sorte, experimentou no dia seguinte. No segundo
dia, havia um festival. Dentro do recinto do festival, viu passar a mulher dos seus sonhos,
por isso, foi atrás dela. Apaixonado, passou o dia todo com ela. No terceiro dia, o rapaz,
muito nervoso, decidiu então contar à rapariga o que se passava. Quando acabou, foi ter
com um amigo seu ao café. O amigo disse-lhe para ir ter com ela. João, decidido, foi.
Encontraram-se numa praia deserta. Na praia, passado algum tempo, João foi beijado pela
rapariga que era o seu amor, e o seu feitiço quebrou-se, ficando casado com a rapariga
dos seus sonhos. E foram felizes para sempre.
7
A Porta dos SegredosBernardo Freire
No tempo em que a magia reinava no Mundo, havia um rato que era gozado pelo
Diabo por ter segredos que ninguém viria a saber, como ter medo de comida, ser alérgico
ao pó, não conseguir passar um dia sem tomar banho... Por isso, o Diabo, guardador da
Porta dos Segredos, decidiu gozar com ele. O rato estava a ficar farto daquela situação,
até que um dia foi procurar a chave suplente da Porta dos Segredos, que o Diabo tinha
escondido. Procurou, procurou, procurou, até que encontrou. A chave estava no sítio onde
ninguém queria ir, no fundo do vulcão Vulcano, cheio de lava e temperaturas altíssimas,
que passavam os 70ºC. O rato, com muito mas mesmo muito esforço, conseguiu tirar a
chave da Porta dos Segredos. Foi imediatamente vingar-se do Diabo, que não esperava
nada disto, tendo descoberto todos os segredos e mais alguns do Diabo, deixando-o morto
de vergonha.
8
A Menina DesaparecidaCatarina Raposo
Há milhares de anos atrás, um rei muito convencido vivia num reino chamado As
Maravilhas do Rei Juliam. O reino tinha uma floresta e nela vivia uma velha muito amiga
do Rei Juliam. Existia um príncipe e um sapo que tinha uma capa mágica, que eram muito
amigos. Certo dia, uma menina que vivia na aldeia desapareceu, foi raptada pelo Rei
Juliam e pela velha que vivia na floresta. Levaram a menina para uma gruta muito escura,
onde havia morcegos e muitos bichos. O sapo e o príncipe, quando se aperceberam do
desaparecimento, puseram-se logo em ação. Com os seus conhecimentos, conseguiram
localizar a menina, e com a capa mágica, que tinha o poder da invisibilidade, o sapo
salvou a menina. E viveram felizes para sempre.
9
O SalvamentoDiogo Nóbrega
Era uma vez um menino que ia todos os dias com a mãe passear ao jardim, a
seguir à escola. Um dia, quando estava a brincar, ouviu o barulho de um cão a ladrar e a
correr atrás de um gatinho que, cheio de medo, subiu para uma árvore. Ao ver aquilo,
virou-se para a mãe e disse:
- Mãe, temos de afastar o cão para tirarmos o gatinho da árvore! O gatinho está
cheio de medo e já não vai conseguir sair dali.
A mãe tentou afastar o cão mas não foi fácil porque o cão não queria sair dali.
Ela tanto insistiu que o cão acabou por se ir embora. Então o menino disse:
- Mãe, agora eu vou salvar o gato e tirá-lo dali, porque ele não vai descer sozinho.
Então o menino, como estava habituado a subir às árvores, conseguiu agarrar o gato
e desceram os dois. O gatinho começou a lamber a cara do menino de tão contente que
estava. Foram os três para casa, sãos e salvos.
10
Uma Arca MágicaGonçalo Querido de Freitas
No tempo em que os objetos falavam, havia um planeta “Iluminado”, que tinha
uma arca com um grande tesouro. Mas havia um problema: quem a procurava era uma
bruxa que tinha dois leões chamados Co e Mer.
A bruxa sabia que o tesouro estava enterrado, por isso, pediu ao Co e ao Mer
para esburacarem o planeta todo até encontrarem a arca do tesouro. Nesse mesmo dia, os
irmãos Wrap já sabiam o que se tinha passado, e por isso também foram à procura da
arca. Quando os irmãos Wrap encontraram a arca, que estava há anos numa mina deserta,
disseram em coro:
- Bingo! Vamos levá-la para casa para a bruxa não nos tirar a arca.
Quando a acartavam para casa, a arca falou com eles, pedindo-lhes para que a
protegessem da bruxa, pois o tesouro que continha era muito importante para ela.
Entretanto, cruzaram-se com a bruxa, que lhes lançou um feitiço que os impedia de se
mexerem. Tirou-lhes a arca das mãos e disse:
- Adeus, adeus, criancinhas! O tesouro agora é meu!
Mas, de repente, apareceu o feiticeiro Royal e disse à bruxa:
- Isso é o que vamos ver!
O feiticeiro lançou um feitiço chamado “tornado obscuro” à bruxa, para que ela
ficasse apavorada e largasse a arca. Nessa altura, os irmãos voltaram a mexer-se e ficaram
com a arca, que lhes pediu para viver numa casa blindada, para poder descansar para todo
o sempre. Os irmãos Wrap satisfizeram-lhe o desejo.
11
A Viagem do RatoInês Gomes
Era uma vez um rato que vivia muito longe da cidade. O rato morava com o seu
avô.
Um dia, o ratinho reparou que o seu avô andava nas últimas, a tossir muito. Então
o ratinho perguntou ao avô o que poderia fazer para o ajudar. O avô disse-lhe que havia
uma flor muito rara no outro lado da cidade, que em seu tempo curara muita gente. O
ratinho, aflito, porque tinha medo de ir sozinho, perguntou ao avô se não havia outra
solução. O avô disse:
- Temo que não!
O rato, depois de alguns dias a tentar arranjar outra solução, decidiu ir em busca da
flor.
No dia seguinte, depois de comunicar ao avô que estava de partida para o outro
lado da cidade, o ratinho lá foi, cheio de medo mas decidido a ajudar o avô. De caminho,
deparou-se com um gato que, de súbito, o ameaçou. O rato perguntava-se por que o gato o
estava a impedir de apanhar a flor, e disse:
- Ó gato, essa flor é para o meu avô, que está doente, ele é a única família que
tenho, deixa-me colher a flor, por favor.
As palavras do rato sensibilizaram o gato, pois este, comovido, deixou-o levar a flor.
O ratinho agradeceu-lhe, dizendo que um dia voltaria para o visitar. Quando regressou a
casa, correu para os braços do avô, dando-lhe a magnífica flor. O avô fez um xarope e
tomou-o de seguida. Depois de o avô ter melhorado, foi com o ratinho visitar o gato. E
viveram felizes para sempre.
12
O Rapaz e o PianoIsabella Guzman
Era uma vez uma aldeia que era muito triste e muito obscura. Essa aldeia era
liderada por um pianista, que, quando tocava as notas de música mais tristes no seu piano,
fazia as pessoas chorar, tornando-as incapazes de o impedir de fazer maldades.
Até que, um dia, enquanto o pianista dormia, um rapaz entrou na sala do pianista
e, ao ouvir o som do vento a bater nas janelas e ao sentir o frio da sala, fechou os olhos
e começou a tocar no piano. Cada vez que tocava as notas, os raios de sol começavam a
penetrar as nuvens, os pássaros cantavam alegremente e as pessoas começavam a ganhar
forças.
O pianista acordou do seu sono profundo e começou a chorar sem parar porque a
música era tão bonita que até custava a acreditar. Depois desse dia, o pianista foi banido
pelos aldeões, o rapaz foi considerado um herói por salvar a aldeia da tristeza. Desde
então, o rapaz percebeu que o piano era mágico e só ele lhe poderia tocar para dar
alegria à aldeia.
13
A Velha, a Bruxa e o NetoJoão Lages
No tempo em que os animais falavam, existia uma velhinha que tinha um problema
de coração e que não aguentava partidas, e existia uma bruxa que adorava pregar partidas.
Um dia, a bruxa pensou em assustar a velha, pois ela morava sozinha, e então enviou o
seu animal de estimação, o lobo, a casa da velhinha. O lobo correu, correu, até que lá
chegou, mas, quando ia assustá-la, apareceu o neto da velha e matou o lobo. Quando a
bruxa se apercebeu disso, lançou um feitiço contra a velha, mas o neto quebrou a varinha
mágica da bruxa, o que desfez o feitiço. A velhinha agradeceu ao neto por a ter salvado.
O neto ficou com a avó e viveram felizes para sempre.
A Jarra MágicaJulieta Ricciardi
Era uma vez, num reino muito distante, uma família real. O rei e a rainha tinham
dois filhos e uma filha de dez anos.
Um dia, o rei e a rainha decidiram fazer um jantar de família, para o qual
convidaram parentes dos mais distantes reinos. Acabara-se a água e estes ordenaram à
filha mais nova que fosse encher a jarra à fonte mais perto. Assim o fez, a menina chegou
à fonte onde encontrou uma velhinha e lhe pediu que enchesse a jarra com a água da
fonte.
A senhora fez-lhe o favor, mas, enquanto enchia a jarra, enfeitiçou-a de modo a
que quem nela pegasse e fosse mentiroso transformasse a água em nojentas cobras, e
quem fosse verdadeiro e honesto transformasse a água em rosas brancas e cheirosas.
À hora do jantar, o rei pegou na jarra e transformou a água em mortíferos seres
rastejantes. Aí, o rei, devido ao feitiço, foi forçado a admitir os seus crimes.
Descaradamente, este disse que tinha uma amante e que só se casara com a rainha devido
a interesses financeiros. Esta, espantada e incrivelmente desiludida, tirou-lhe a jarra das
mãos e a água transformara-se em brancas e límpidas rosas.
O rei confessou tudo à rainha na noite seguinte e mais calmamente convenceu-a
de que iria mudar e de que estaria ainda apaixonado por ela. Por isso, continuaram juntos.
E assim viveu arrependido para sempre.
14
As Primas e o Espelho...Leonor Rosas
Em tempos longínquos, numa terra bela, duas primas disputavam o amor de um
charmoso príncipe. A mais bonitinha e abastadas logo captou a sua atenção. A mais
feiinha, embora bem esperta, não conseguiu cativá-lo.
- Menina mais bela, contigo ficarei, a tua beleza a nada compararei.
A prima rejeitada, de coração partido, voltou para casa. Mas logo ao portão
encontrou recostada e bem deitada a sua amiga fada gordinha.
- Que queres tu, amiga fada?
- Eu um espelho da verdade te darei e assim tu verás e finalmente entenderás que a
beleza nos engana. Bastará pronunciares “Verdade verdade, será bondade ou
maldade?”.
Deu-lhe um espelho à rapariga e, com um “PUF!”, sumiu-se. A rapariga, cheia de
curiosidade, correu ao palácio:
- Querida prima, aqui te trago um espelho como presente de casamento.
A vaidosa rapariga afastou a prima e começou a mirar-se com maldade. “Verdade
verdade, será bondade ou maldade?”. No segundo seguinte, a imagem de fazer inveja
tornou-se num tenebroso retrato de uma miúda feia. A rapariga entendeu que, por trás
daquela beleza, estava uma menina feia e maldosa. Seguiu assim com a sua vidinha, à
procura de quem não ligasse a belezas.
15
A Menina RuivaMagda Ferreira
Era uma vez, numa aldeia onde eram todos loiros, uma menina ruiva. Essa menina
não pertencia à aldeia, pois tinha-se perdido da sua terra natal e tinha sido adotada por
uma família da aldeia, mas os habitantes não concordavam com a sua estadia lá. Porém, o
chefe concordou e ela ficou.
Com o passar do tempo, a menina ia ficando mais ruiva e, por esse motivo, era
mais desprezada pelos seus habitantes. Certo dia, tomou uma decisão e disse aos pais que
iria partir, eles ficaram muito tristes pois imaginavam o que sentia mas deixaram-na partir.
A menina ruiva partiu mas não sabia que se dirigia para a floresta encantada, onde
vivia a bruxa má. Após alguns minutos, a menina reparou que ia ficando mais escuro e de
repente foi agarrada e levada para a casa da bruxa.
A menina estava muito assustada mas de repente entrou pela porta uma raposa
que atacou a bruxa, tirou-lhe a varinha de condão e deu-a à menina para ela ir ter com a
velhinha que morava do outro lado, pois essa varinha era dela. No momento em que a
menina ruiva saiu, apareceu um lobo para ajudar a bruxa a lutar com a raposa.
Nesse momento, apareceu a velhinha com a varinha de condão e transformou a
bruxa e o lobo em compota e em mel. A menina ficou muito agradecida e a velhinha
perguntou-lhe se esta quereria viver consigo e com a raposa. A menina disse logo que sim.
As três viveram felizes para sempre a deliciarem-se com a compota e com o mel.
16
A Vida Negra dos PríncipesMariana Cabral
Era uma vez, num lugar muito distante, uma princesa e um príncipe que tinham um
amuleto muito precioso, um colar com uma chave. Essa chave abria um portal mágico,
onde podia pedir-se todos os desejos que se quisesse. Os príncipes viajaram para lá.
Mas, quando estavam quase a chegar, encontraram a irmã da princesa. A irmã, a
bruxa, tinha um grande ódio por ela e disse-lhe:
- Vais morrer!
A bruxa tinha um corvo preto que a ajudava e estava sempre contra a fada. A fada
ajudava sempre os príncipes. O corvo começou a voar para levar o colar e, ao pegar nele,
levou também a princesa pendurada para a torre. A princesa ficou aprisionada num quarto
e começou a gritar:
- Ajudem-me! Chamem o super-herói!
E assim foi. O super-herói avistou a princesa facilmente e levou-a para junto do
príncipe e foram felizes para sempre.
17
A PrincesinhaMariana Malagueta
Era uma vez uma princesa. Por ela ainda ser pequena toda a gente chamava-lhe princesinha.
Apenas com seis anos, já sonhava com as aventuras que haveria de ter. A princesinha adorava passear
no bosque com a sua ama e todas as tardes iam para lá.
Certo dia, quando a princesinha estava no bosque a brincar, a sua ama teve de se ausentar por
uns instantes. A princesinha avistou uma luz que vinha do interior do bosque. A princesa tentou lá ir
mas lembrara-se do que a sua mãe lhe dissera (“Nunca vás ao interior do bosque, pois nunca se sabe o
que poderemos lá encontrar”), mas princesinha estava tão curiosa para descobrir o que a luz seria que
ignorou o aviso e caminhou até ao interior do bosque.
Quando chegou, avistou uma torre bastante alta e rústica. Decidiu entrar e deu de caras com
uma velhinha muito assustadora e muito feia. A velhinha foi até bastante simpática, ao contrário do que
parecia. A bruxa convidou a princesa para um chá e esta aceitou. As horas passaram e quando a
princesinha deu por ela já era de noite e o céu estava tão enublado que nem se conseguia ver o
caminho para casa. Acabou por ficar a dormir na torre.
No dia seguinte, quando acordou, a princesa estava pronta para se ir embora, mas a bruxa,
muito chateada, não a deixou sair, obrigando-a a apanhar paus para acender a lareira. Enquanto
apanhava os paus, passaram por ela dois duendes que lhe perguntaram o que se tinha passado e ela
contou-lhes. Os duendes decidiram ajudá-la e combinaram que às 23:59 estariam na torre com as suas
varinhas mágicas. Assim foi, às 23:59 os dois duendes estavam na torre e viraram-se para a bruxa com
as suas varinhas e disseram:
- Abra cabri baixa, acaba com esta bruxa malvada!
Mal disseram esta frase, a bruxa evaporou-se e a princesinha agradeceu aos duendes. Estes
disseram que se a princesa contasse algo do que se tinha passado, poderia pôr em causa a sua
existência. Então a pequena princesa guardou o segredo até aos dias de hoje.
18
Os Desejos da MeninaMargarida Almeida Garrett
Era uma vez uma menina que vivia desconfortável com o facto de as colegas da
sua turma gozarem com ela todos os dias. Diziam sempre:
- És feia todos os dias, és um pãozinho sem sal – E riam-se, convencidas, sendo
bonitas.
A menina odiava estas suas colegas, principalmente a menina da saia cor-de-rosa.
Como a menina ia para casa constantemente a chorar, a sua avozinha dera-lhe um diário e
explicara-lhe:
- Ó minha netinha, aceita este diário que te dou e escreve tudo, tudo, tudo o que
quiseres e pede os desejos que vão nessa cabecinha. Eles irão realizar-se, prometo-te!
E, nesse dia, a menina, com esperança, escrevera o que lhe tinha sucedido e pedira
a coisa que mais queria: tornar-se linda de morrer e que as suas colegas se tornassem
horríveis. No dia seguinte, o desejo que a menina pedira surpreendentemente realizara-se!
Como vingança, esta gozara todo o dia com as colegas, tal como elas lhe faziam, mas à
noite tudo, de repente, voltou ao normal, e a menina percebera, naquele momento, que
talvez tivesse perdido os seus desejos devido ao facto de ter feito aos outros o que não
gostava que lhe fizessem a si.
Dali para a frente, passou a valorizar-se e a achar que não tinha de mudar por
causa da opinião dos outros. Vitória, vitória, acabou-se a história.
19
O Pobre Aldeão e a FilhotaRafaela Estreia
Era uma vez um aldeão muito pobre que vivia numa aldeia no meio do nada, o
tempo lá era muito frio. O pobre homem, com tão pouco, tentava sempre contentá-la com
alguma coisa que arranjava, mas a menina quando estava a brincar na rua via as outras
meninas com melhores brinquedinhos e roupas que ela.
Seu pai, certo dia, arranjou-lhe uma boneca de trapos e embrulhou-a e pô-la na
árvore de Natal. Como o dinheiro não chegava para tudo, decidiu arranjar umas velas para
iluminar o pinheiro na noite anterior à de Natal. A menina, muito curiosa, rasgou um
pouco do papel e ficou contente ao ver a lindíssima boneca. Mas aquela ponta de papel
foi encostada a uma vela, o que fez com que incendiasse a boneca. O pai, apressado,
apagou o fogo mas nada feito. A boneca desapareceu naquele monte de chamas sem
deixar qualquer pedaço de lã.
A menina ficou muito triste, mas logo se animou com o carinho e o consolo de seu
pai. Com glória ou sem glória, assim acabou esta história.
20
A Promessa do ÍndioSalvador Magrinho
Há muito tempo atrás, numa velha planície americana, viviam dois índios irmãos e
seu cão.
Certo dia, o irmão propôs à sua irmã que fossem ao bosque. A índia, habituada à
tranquilidade da planície, não gostou da ideia, mas, como o seu irmão queria tanto ir, ela
cedeu e lá foram os três. Já no bosque, durante o passeio, a índia começou a criticar tudo:
- É verde demais e muito húmido, não gosto!
- Não digas isso! – apelou o índio – Cuidado com o espírito dono deste bosque.
Nesse momento, apareceu um espírito que transformou a índia num carvalho e
disse:
- Sou o dono do bosque e não admito que digam mal do meu lar! – E desapareceu
no ar.
Uma coruja que vira aquilo aproximou-se do índio, dando-lhe um colar e dizendo:
- Dá isto ao espírito como pedido de desculpas pelo que ela disse.
O índio fez isto e o espírito, aceitando as desculpas, fez com que a índia voltasse
ao normal. A irmã, arrependida, disse:
- Peço desculpa, senhor espírito, não devia ter dito mal do seu lar, estou arrependida.
E viveram felizes para sempre.
21
A Menina e o PeixinhoSara Costa
No tempo em que os mares e os oceanos viviam em harmonia, havia uma menina
que adorava o mar e a água e, por isso, ia nadar todos os dias para a praia que era à
frente de sua casa. Quando chegava a casa era hora do jantar, estava sempre a família
reunida a ver as notícias e em todos os canais só se ouviam as palavras “catástrofe”,
“destruição” e “oceano”. Ela chorava porque o mar e a natureza não mereciam isso.
Um dia, a menina foi nadar para ver se se aliviava daquelas notícias tristes.
Começou a pensar alto e um peixinho veio ter com ela e disse “Olá, eu sou um peixinho
que concorda contigo”. A menina nunca tinha visto tal coisa e ficou um pouco assustada,
mas continuou a falar com ele e levou-o para sua casa. No dia seguinte, o peixe foi
apresentá-la às suas amigas baleias, que lhe deram como presente uma bela concha que
brilhava com tanta intensidade como uma estrela. Nesse mesmo dia, descobriram que quem
andava a fazer essas catástrofes era o malvado capitão Refilão e o seu fiel animal, o
caranguejo Pincinhas. A baleia mais velha do grupo deu essa triste notícia e disse:
- “Há mar e mar, há ir e voltar”.
A menina percebeu o que a baleia disse, que os tempos bons iam faltar mas que
era preciso fazer alguma coisa. Então a menina e o peixinho decidiram lutar contra o
capitão Refilão e o caranguejo Pincinhas, e a menina, com a sua concha, venceu, tendo
sempre em mente que “há mar e mar, há ir e voltar”.
22
A Princesa EnfeitiçadaTomás Paulino
Há muito, muito tempo atrás, num reino longínquo, vivia uma pequena família, num grande
castelo. Existia o rei, um homem gordinho, simpático e conversador, a rainha, uma mulher simples,
simpática e alegre, e em breve haveria mais um a pertencer à família, uma princesa.
No lado completamente oposto do maravilhoso reino, existia outro castelo, sujo e velho. Nele
viviam uma bruxa má, uma mulher muito baixa, feia e com o nariz empinado. A bruxa era a grande
preocupação dos reis. Eles tinham medo porque a bruxa lhes estava sempre a tentar roubar o lugar, e,
como vinha uma princesa a caminho, receavam que a bruxa a tentasse matar. A bruxa tinha um cão,
que encontrou perdido numa floresta. Um cão de raça, dálmata, pequeno e meigo. Certo dia, à tarde, a
bruxa andava no seu castelo à procura de uma coisa para tirar os reis do trono. Procurou muito e
encontrou uma poção mágica que os conseguia prender numa jaula invisível. O cão, preocupado, foi
logo avisar os reis. A meio do caminho, encontrou um pobre e decidiu ir ter com ele. O pobre percebeu
logo que algo se passava, porque o cão estava muito nervoso. O pobre percebia muito de cães, logo, o
cão pensou em pedir ajuda. Contou ao pobre, através de uns sons esquisitos e caninos, e a única coisa
que o pobre disse foi “Faz o que achas que está certo”. O cão ao início não percebeu, mas depois
pensou e começou a correr de novo. Chegou ao pé dos reis e começou a chamá-los, para que estes
abandonassem o castelo. Mas estes, pensando que era brincadeira do cão, não lhe ligaram. Entretanto,
aparece a bruxa numa nuvem de fumo. O cão começa a ladrar imenso e começa uma luta quase sem
fim...
Passados anos a lutar com o cão, a bruxa percebeu que se poderia tornar importante no
reino, ajudando os outros. E assim o fez.
23
❦
Edições Esquisitas
abril de 2012