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Curso de Aperfeiçoamento Profissional NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Básico

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Curso de Aperfeiçoamento Profissional

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Básico

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Robson Braga de AndradePresidente da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor de Educação e Tecnologia

Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor Geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Gustavo Leal Sales FilhoDiretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Glauco José CôrtePresidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC

Sérgio Roberto ArrudaDiretor Regional do SENAI/SC

Marco Antônio DociattiDiretor Regional Adjunto do SENAI/SC

Antônio José CarradoreDiretor de Operações do SENAI/SC

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Confederação Nacional da Indústria

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso de Aperfeiçoamento Profissional

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Básico

Antonio Erico Fuckner Kátia Hayashi

Ricardo Rodrigues Misumoto

Joinville/SC2013

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É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor.

SENAI Departamento Regional de Santa CatarinaNúcleo de Educação – NED

AutoresAntonio Erico FucknerKátia HayashiRicardo Rodrigues Misumoto

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting Takiuchi CRB 14/937 F951n

Fuckner, Antonio Erico NR 10 : segurança em instalações e serviços em eletricidade : básico /

Antonio Erico Fuckner, Kátia Hayashi, Ricardo Rodrigues Misumoto. – Joinville : SENAI/SC/DR, 2013.

207 p. : il. color ; 30 cm.

Inclui bibliografias.

1. Instalações elétricas – Medidas de segurança. 2. Eletricidade – Medidas de segurança. 3. Primeiros socorros. 4. Prevenção de acidentes. I. Hayashi, Kátia. II. Misumoto, Ricardo Rodrigues. III. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. IV. Título.

CDU 621.316.17

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem IndustrialRodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SCCEP: 88034-001Fone: (48) 0800 48 12 12www.sc.senai.br

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Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as necessidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Educação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com animações, tornando a aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento.

Prefácio

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Sumário

Conteúdo Formativo 9

Apresentação 11

Sobre o autor 11

14 Unidade de estudo 1

Norma Regulamentadora 10

15 Seção 1 - Norma Regulamen-tadora 10 – Por que ela é impor-tante?

17 Seção 2 - Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10

20 Seção 3 - Medidas de prote-ção coletiva e individual

24 Seção 4 - Segurança nas insta-lações elétricas

32 Seção 5 - Alta-tensão e qualificação de trabalhadores

36 Seção 6 - Incêndio, sinaliza-ções de segurança e procedimen-tos de trabalho

42 Seção 7 - Situações de emer-gência e responsabilidades

46 Unidade de estudo 2

Riscos Elétricos

47 Seção 1 - Introdução aos riscos elétricos

48 Seção 2 - Riscos em instala-ções e serviços com eletricidade

71 Seção 3 - Técnicas de análise de riscos

79 Seção 4 - Medidas de contro-le do risco elétrico

105 Seção 5 - Proteção individual e coletiva

115 Seção 6 - Normas Técnicas Brasileiras

117 Seção 7 - Rotinas de traba-lho

130 Unidade de estudo 3

Prevenção contra incêndios

131 Seção 1 - Prevenção contra incêndio

135 Seção 2 - Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio

141 Seção 3 - Classes de incên-dio e agentes extintores

154 Unidade de estudo 4

Noções básicas de primeiros socorros

155 Seção 1 - Conceitos básicos

156 Seção 2 - APH – atendimen-to pré-hospitalar

158 Seção 3 - Procedimentos de primeiros socorros

162 Seção 4 - Legislação sobre primeiros socorros

163 Seção 5 - Salvando vidas: como identificar o problema

165 Seção 6 - Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência

179 Seção 7 - Técnicas para remoção e transporte de aciden-tados

Finalizando 185

Referências 187

Anexos 191

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8 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

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9NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Conteúdo Formativo

Carga horária da dedicação

Carga horária: 40 horas

Competências

Conhecer o texto da Norma Regulamentadora N° 10 e compreender a sua aplica-ção a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo todas as etapas de projeto, construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas.

Conhecimentos

▪ Introdução à segurança em Eletricidade.

▪ Riscos em instalações e serviços em Eletricidade: a) o choque elétrico, mecanis-mos e efeitos; b) arcos elétricos; queimaduras e quedas; c) campos eletromagné-ticos.

▪ Técnicas de Análise de Risco

▪ Medidas de Controle do Risco Elétrico: a) desenergização; b) aterramento fun-cional (TN / TT / IT); de proteção; temporário; c) equipotencialização; d) seccio-namento automático da alimentação; e) dispositivos a corrente de fuga; f) extra baixa tensão; g) barreiras e invólucros; h) bloqueios e impedimentos; i) obstácu-los e anteparos; j) isolamento das partes vivas; k) isolação dupla ou reforçada; l) colocação fora de alcance; m) separação elétrica.

▪ Normas Técnicas Brasileiras - NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras.

▪ Regulamentações do MTE: a) NRs; b) NR-10 (Segurança em Instalações e Servi-ços em Eletricidade); c) qualificação; habilitação; capacitação e autorização.

▪ Equipamentos de proteção coletiva.

▪ Equipamentos de proteção individual.

▪ Rotinas de trabalho - Procedimentos. a) instalações desenergizadas; b) libera-ção para serviços; c) sinalização; d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento.

▪ Documentação de instalações elétricas.

▪ Riscos adicionais: a) altura; b) ambientes confinados; c) áreas classificadas; d) umidade; e) condições atmosféricas.

▪ Proteção e combate a incêndios: a) noções básicas; b) medidas preventivas; c) métodos de extinção; d) prática.

▪ Acidentes de origem elétrica: a) causas diretas e indiretas; b) discussão de casos.

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10 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Primeiros socorros: a) noções sobre lesões; b) priorização do atendimento; c) aplicação de respiração artificial; d) massagem cardíaca; e) técnicas para remoção e transporte de acidenta-dos; f) práticas.

▪ Responsabilidades.

Habilidades

▪ Executar atividades relacionadas à área elétrica aplicando as de segurança especificadas na NR10.

Atitudes

▪ Organização das atividades.

▪ Cumprimento dos prazos.

▪ Participação nas atividades.

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NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Apresentação

Seja bem-vindo ao Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, exigido pela Norma Regulamentadora 10 (NR 10)! A NR 10 é uma regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego, e trata sobre segurança e saúde no trabalho em instalações elétricas. Além disso, ela prevê formação também sobre prevenção a incêndios e noções básicas de primeiros socorros.A relação de dependência que o homem moderno tem com a eletricidade pode ser considerada imensurável; é um tipo de energia que caminha lado a lado com a evolução tecnológica e com o bem-estar das pessoas. Ao mesmo tempo, continua sendo um agente de risco causador de muitos acidentes, não só com pessoas, mas também com severos prejuízos ma-teriais. Como é um tipo de perigo invisível, que só pode ser detectado através de instrumentos específicos, a energia elétrica continua matando desavisados. Para combater esta infeliz realidade, apenas a disseminação de formação técnica de qualidade se torna um instrumento eficaz.Neste contexto, o curso NR 10 pretende capacitar o trabalhador na pre-venção de acidentes utilizando tanto o conhecimento teórico sobre energia elétrica quanto o uso correto de equipamentos de trabalho, nas normas de segurança estipuladas e também na correta prestação de socorros no caso de acidentes.No início do curso você conhecerá o texto da NR 10 comentada e suas aplicações práticas. Em seguida, na unidade 2, estudará os riscos elétricos propriamente ditos e tudo o que envolve a segurança em instalações elé-tricas – análise de riscos, as variadas medidas de controle de acordo com a situação, equipamentos de proteção e rotinas seguras de trabalho. Já a unidade de estudos 3 possui informações sobre prevenção de incêndio e procedimentos de emergência ligados à propagação de fogo e calor; e por fim na última unidade de estudos você terá noções básicas – e im-portantíssimas! – de primeiros socorros no atendimento a pessoas que sofrerem acidentes ou mal súbito.A tarefa deste curso é oferecer treinamento e um quadro detalhado sobre a atividade do profissional do setor elétrico, com informações úteis ao dia a dia. O objetivo é preparar o trabalhador para a uma ação segura, competente e eficaz no seu dia a dia profissional.

Bons estudos!

Antonio Erico Fuckner

Tecnólogo em Segurança no Trabalho, cursando Pós Graduação em Urgência e Emergência e Aten-dimento Pré- Hospitalar, Técnico de Enfermagem com experiência de sete anos de trabalho no setor de emergência, experiência e atuação em tratamento de feridas com medicina hiperbarica e operador de câmara hiperbarica, curso de instrutor (FOCA ) certificado pela UFSC, Policial Militar Ambiental atuou na área de atendimento Pré- Hospitalar (Paramédicos) durante dezoito anos como socorrida. Instrutor do SENAI nos cursos de NR5, NR10 e NR33, instrutor de APH no curso de Pós Graduação de Engenharia de Segurança no trabalho da SOCIESC, instrutor de APH no curso CVE/INFRAERO - Joinville. Atua em empresas como instrutor ministrando palestras de DST/Aids, evitando acidentes de trajeto, segurança no trânsito, acidentes de trabalho, socorrida/brigadista, curso de conhecimento básico de primeiros socorros para gestantes, palestra nas escolas, em creches para cuidadores e professores, entre outros.

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12 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Katia Hayashi

Graduada em Engenharia Elétrica pela UDESC − Joinville. Graduada no curso de Formação de Formadores para Educação Profissional pela UNISUL e Pós-Graduada em Administração de Empresas. Atuou em desenvolvi-mento de pré-projeto e orçamento de instalações elétricas e automação industrial em Refrigeração Industrial. Atua no SENAI/SC de Joinville como professora titular de Eletricidade Básica, Eletroténica, Eletrônica Básica, Eletrônica Digital, Software de Supervisão Industrial e Robótica Industrial nos cursos técnicos de Automação Industrial e Mecatrônica. Atua como tutora de curso NR 10 na modalidade de Educação a Distância.

Ricardo Rodrigues Misumoto

Técnico em Segurança do Trabalho, atuou como profissional de segu-rança nos últimos 12 anos em diversos segmentos da indústria. Ainda no segmento corporativo, teve a oportunidade de realizar inúmeras apresen-tações, palestras e cursos voltados ao segmento de saúde e segurança, meio ambiente e gestão de pessoas. Na área acadêmica, atualmente é professor do SENAI nas disciplinas de Saúde e Segurança do Trabalho, Ética Cidadania e Meio Ambiente, Organização e Preparação para o trabalho, Gestão Ambiental e Gestão da Qualidade.

NotaEste livro didático foi adaptado de: TOCANTIS, Vander Diniz. Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Disponível em: <ftp://ftp.fiemg.com.br/Utilitarios/TEMP/Tamara/NR10/NR10%20-%20Comentada.pdf>.

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Unidade de estudo 1

Seções de estudo

Seção 1 – Norma Regulamentadora 10 – Por que ela é importante?Seção 2 – Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10Seção 3 – Medidas de proteção coletiva e individualSeção 4 – Segurança nas instalações elé-tricasSeção 5 – Alta-tensão e qualificação de trabalhadoresSeção 6 – Incêndio, sinalizações de segu-rança e procedimentos de trabalhoSeção 7 – Situações de emergência e res-ponsabilidades

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15NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Norma Regulamentadora 10

SEção 1 Norma Regulamentadora 10 – Por que ela é importante?

A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes que geram, também, prejuízos materiais, além dos danos e perdas com tra-balhadores e usuários de energia elétrica. Nem todas as pessoas sabem que muitos destes riscos podem ser identificados por meio de uma rápida observação, como o risco de queda em um trabalho em altura, o risco devido ao vazamento de gases tóxicos ou combustíveis, percebidos pelo olfato. No entanto, em condutores ou dispositivos energizados, o risco só pode ser constatado através de instrumentos específicos.

Sam Robinson ([20--?])

Figura 1: Linhas de distribuição do SEP

Segundo dados estatísticos da FUNCOGE, o Sistema Elétrico de Po-tência (SEP) do Brasil, que reúne as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, em 2003 contabilizou 80 acidentes fatais com empregados próprios e funcionários das empreiteiras. Este número aumenta consideravelmente, chegando a 323 mortes que ocorreram no mesmo ano com pessoas que tiveram contato com as instalações perten-centes ao SEP, sem as devidas precauções.

Sistema Elétrico de Potência (SEP): Conjunto das instala-

ções e equipamentos destinados à geração, transmissão e distri-buição de energia elétrica até a medição, inclusive.

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16 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Ou seja, estes números apresen-taram motivos, o suficiente, para fomentar a necessidade da revisão e atualização da NR 10, para que projetos e trabalhos em eletricidade sejam executados com a utilização de procedimentos específicos de segurança, aliados a um intenso programa de treinamento, em conformidade com uma assumida política de segurança do trabalho nas empresas; e tudo isso dentro dos critérios estipulados pela Nor-ma Regulamentadora n° 10. Para que a NR 10 também atendesse às mudanças organizacionais e aos processos de privatização inicia-dos na década de 90, houve a sua atualização em 2004.Em 2009, os dados estatísticos da FUNCOGE apresentaram 67 acidentes fatais com empregados próprios e funcionários das emprei-teiras, e 288 mortes que ocorreram no mesmo ano com pessoas que tiveram contato com as instalações pertencentes ao SEP sem as devidas precauções. Estes novos números apresentam uma redução no número de acidentes fatais, mostrando que a aplicação do conceito de segurança preventiva é o caminho certo a ser seguido.Esta atualização traz alguns pontos fortes, como você percebe a seguir:

▪ a obrigatoriedade de existência do memorial técnico de instalações existentes (Prontuário de Instalações Elétricas);

▪ a necessidade de antecipação de uma filosofia de segurança ainda na fase de projeto (tornando obrigatória a existência do manual descritivo dos itens de segurança nas instalações).

Stockbyte ([20--?])

Figura 2: Trabalhos no SEP

Após a transcrição da Portaria nº 598, de 7 de dezembro de 2004, os itens da Norma Regulamentadora nº 10 serão apresentados, seguidos de comentários que facilitarão a sua compreensão. Acompanhe!

PORTARIA Nº 598, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004 O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 200 da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e considerando a propos-ta de regulamentação revisada e apresentada pelo Grupo de Trabalho Tripartite da Norma Regulamentadora nº 10 (GTT/NR 10), e aprovada pela ComissãoTripartite Paritária Permanente (CTPP), de acordo com o disposto na Portaria nº1.127, de 2 de outubro de 2003, que estabelece procedimentos para elaboração de normas regulamentares relaciona-das à segurança, saúde e condições gerais de trabalho, resolve:Art. 1º Alterar a Norma Regulamentadora nº 10 que trata de Instalações e Serviços em Eletricidade, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 1978, que passa a vigorar na forma do disposto no Anexo a esta Portaria.Art. 2º As obrigações estabelecidas nesta Norma são de cumprimento imediato, exceto aquelas de que trata o Anexo II, que contém prazos específicos para atendimento.Parágrafo único. Até que se exaurirem os prazos previstos para os cum-primento das obrigações de que trata o Anexo II, permanecerá em vigor a regulamentação anterior. Art. 3º Criar a Comissão Permanente Nacional sobre Segurança em Ener-gia Elétrica (CPNSEE), com o objetivo de acompanhar a implementação e propor as adequações necessárias ao aperfeiçoamento da Norma Re-gulamentadora nº 10.Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.RICARDO BERZOINIMinistério do Trabalho e Emprego

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17NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Aqui você teve contato com a NR 10 e pôde verificar sua importância para prevenção de acidentes elétricos. Acompanhe a seguir os objetivos, aplicação e controle da NR 10.

SEção 2 Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10

Nas próximas páginas você vai conhecer o texto da NR 10 que discorre sobre seus objetivos, apli-cação e medidas de controleAcompanhe a norma, entrelaçada com comentários.

10.1 Objetivo e campo de apli-cação10.1.1 Esta Norma Regulamen-tadora (NR) estabelece os requi-sitos e condições mínimas que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, deforma a garantir a segurança e saúde dos traba-lhadores que, direta ou indire-tamente, interajam em insta-lações elétricase serviços com eletricidade.10.1.2 Esta NR se aplica a todas as fases de geração, transmis-são, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, ope-ração, manutenção das insta-lações elétricas, e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais es-tabelecidas pelos órgãos com-petentes e, na ausência ou omissão destas, as normas in-ternacionais cabíveis.

10.2 Medidas de controle10.2.1 Em todas as interven-ções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do “ris-co” elétrico e de outros “riscos adicionais”, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e saúde no trabalho.

Note-se que não apenas os riscos referentes à área elétrica são considerados, mas também os chamados riscos adicionais, como o risco de queda (tra-balho em altura), exposição a produtos químicos, acidentes com ferramentas, etc.

O item 10.2.1, ao referir-se a me-didas preventivas de controle de risco, descreve o que se entende por atitude proativa quando o assunto é Segurança do Trabalho. Em outras palavras, atitude proativa é forma-da por meio de conscientização, treinamento adequado e técnicas de análise de riscos (ferramentas gráficas), quando se procura:

▪ identificar o risco;

▪ avaliar o risco;

▪ implementar medidas de controle.

Assim define-se o propósito do trabalho de um profissional da área de segurança: “garantir a saúde e a integridade física do trabalhador”, e que, por meio de treinamento adequado, deve ser, também, o propósito de todos os trabalhado-res, não só em relação a si mesmos, como também em relação aos seus companheiros de trabalho.

Risco: Capacidade de uma grandeza com potencial para

causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

Riscos Adicionais: Todos os demais grupos ou fatores de

risco, além dos elétricos, especí-ficos de cada ambiente ou pro-cessos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

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18 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

iStockphoto ([20--?])

10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, saúde e do meio am-biente do trabalho.

O item 10.2.2 refere-se à gestão integrada de saúde, segurança e meio ambiente mencionada como política obrigatória das empresas.

10.2.3 As empresas estão obri-gadas a manter esquemas unifilares atualizados das insta-lações elétricas dos seus esta-belecimentos com as especifica-ções do sistema de aterramento e demais equipamentos e dis-positivos de proteção.

A NR 10, no sentido de implementar as medidas de controle de riscos nos trabalhos com eletricidade, estabelece a obrigação de existência de documentação técnica, como diagramas unifilares (em que três fios de um sistema trifásico são representados por apenas um fio em diagramas elétricos) para todas as empresas (item 10.2.3). Estabelece obrigação também da criação do prontuário técnico para as empresas comcarga instalada acima de 75 kW (item 10.2.4).

10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e man-ter o “Prontuário” de Instala-ções Elétricas, contendo além do disposto no item 10.2.3 no mínimo:a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e adminis-trativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medi-das de controle existentes;b) documentação das inspeções e medições do sistema de pro-teção contra descargas atmos-féricas e aterramentos elétricos;c) especificação dos “Equipa-mentos de Proteção Coletiva” e individual e o ferramental, aplicáveis, conforme determina esta NR;

A NR 6 (Equipamento de Proteção Individual – EPI), no seu item 6.2, obriga as empresas a só utilizarem EPIs que foram testados pelo órgão nacional competente (empresas cer-tificadoras reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação), e aprova-dos pelo Ministério do Trabalho e do Emprego. Atestada a sua qualidade, um “Certificado de Aprovação (CA)” é fornecido para cada equipamento (ver item 10.2.9, mais adiante, e seus comentários).

Prontuário: Sistema organi-zado de forma a conter uma

memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): Dispositivo,

sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destina-do a preservar a integridade físi-ca e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

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19NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

O que você entende quando lê o termo“ferramental”? Em atividades elétricas, as ferramentas de mão, como alicates e chaves de fenda, têm sua empunhadura isolada para evitar choques elétricos. Quando se refere a ferramentas elétricas manuais (furadeiras, serras, etc.), a sua especificação deve contem-plar o requisito isolação dupla ou reforçada, dando um maior grau de segurança à separação de suas partes energizadas das suas partes metálicas, e revendo ainda recursos para aterramento. O item 10.2.4c garante a necessidade da correta especificação (principalmente quan-to ao nível de tensão) para estes e outros equipamentos usados para atividades em instalações elétricas, como “Caminhões Munck com cesta aérea”, para trabalhos em redes de média tensão (linha viva), escadas duplas extensíveis, varas de manobra, coberturas isolantes flexíveis para condutores. Esta necessidade aplica-se também com relação aos EPC e EPI. Continue acompanhando o item 10.2.4.

d) documentação comprobató-ria da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamen-tos realizados;e) resultados dos testes de “Iso-lação Elétrica” realizados em equipamentos de proteção indi-vidual e coletiva;f) certificações dos equipamen-tos e materiais elétricos aplica-dos em “áreas classificadas”; eg) relatório técnico das ins-peções atualizadas com reco-mendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

O Prontuário de Instalações Elé-tricas é uma das mais importantes inovações da NR 10, em vista da homogeneização do conjunto de documentos técnicos obrigatórios nas empresas, como procedimentos de segurança, relatórios de inspeções e testes de equipamentos, cadastro de pessoal autorizado (item 10.8, comentários adiante), especifica-ção de equipamentos de proteção individual e coletivo (EPI e EPC), certificações de equipamentos e dispositivos aplicados em áreas classificadas. Alterações nas instala-ções, substituições de equipamentos, novos procedimentos de segurança, implementação de novas ativida-des nas proximidades de Sistemas Elétricos de Potência, e mudanças no cadastro de trabalhadores obri-garão os responsáveis a atualizar o Prontuário de Instalações Elétricas (item 10.2.4g).

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Áreas Classificadas: Local com potencialidade de ocor-

rência de atmosfera explosiva.

Isolação Elétrica: Processo destinado a impedir a pas-

sagem de corrente elétrica por interposição de materiais isolan-tes.

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20 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamen-tos integrantes do “Sistema Elé-trico de Potência” devem consti-tuir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar os documentos listados a seguir: a) descrição dos procedimentos para emergências;b) certificações dos equipamen-tos de proteção coletiva e indi-vidual;10.2.5.1 As empresas que reali-zam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.

Uma importante inovação pode ser constatada no item 10.2.5: ela diz respeito a empresas que exerçam atividades nas proximidades de Sis-temas Elétricos de Potência (SEP). Estas estarão obrigadas a possuir, além do Prontuário de Instalações Elétricas, um Plano de Emergência e Certificados de Aprovação dos Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual. Verifique!

10.2.6 O Prontuário de Instala-ções Elétricas deve ser organi-zado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formal-mente designada pela empresa, devendo permanecer à disposi-ção dos trabalhadores envolvi-dos nas instalações e serviços em eletricidade.10.2.7 Os documentos técni-cos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional le-galmente habilitado.

Percebeu que momento importante? Aqui você conheceu o texto da NR 10 que discorre sobre objetivos, aplicação e medidas de controle. Vamos seguir com o aprendizado, pois tem muito mais pela frente!

SEção 3 Medidas de proteção coletiva e individual

Chegou o momento de você ficar por dentro do quesito proteção coletiva e individual! Acompanhe!

10.2.8 Medidas de proteção co-letiva10.2.8.1 Em todos os serviços executados em “Instalações Elétricas” devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante “Procedi-mentos”, às atividades a serem desenvolvidas de forma a ga-rantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.10.2.8.2 As medidas de pro-teção coletiva compreendem prioritariamente a desenergiza-ção elétrica conforme estabele-ce esta NR e, na sua impossibili-dade, o emprego de tensão de segurança.10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabe-lecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras me-didas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, “Obstáculos”, “Barreiras”, sinali-zação, sistema de seccionamen-to automático de alimentação, bloqueio do religamento auto-mático.10.2.8.3 O aterramento das ins-talações elétricas deve ser exe-cutado conforme regulamenta-ção estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes.

Instalação Elétrica : Conjun-to das partes elétricas e

não-elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcio-namento de uma parte determi-nada de um sistema elétrico.

Procedimento: Sequência de operações a serem de-

senvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibili-tem sua realização.

Barreira: Dispositivo que impede qualquer contato

com partes energizadas das ins-talações elétricas.

Obstáculo: Elemento que impede o contato acidental,

mas não impede o contato direto por ação deliberada.

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21NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

As medidas de Proteção Coletiva visam a proteção não só de traba-lhadores envolvidos com a atividade principal, que será executada, mas também a proteção de outros funcionários que possam executar atividades paralelas nos arredores, ou até passantes, cuja proximidade de percurso pode levá-los à expo-sição de riscos. Inicialmente, para trabalhos em instalações elétricas, você sabe qual o passo mais importante? Bem, trata-se da “desenergização” dos circuitos ou equipamentos energiza-dos. Porém, caso não seja possível a desenergização dos circuitos ou equipamentos, outros procedimentos e medidas de segurança deverão ser utilizados Observe na sequência quais seriam estes procedimentos e medidas!

a. Emprego de tensão de segu-rança, em que o uso de extrabaixa tensão é utilizado. A aplicação correta da extrabaixa tensão é encontrada na NBR5410, atra-vés das siglas SELV (Separeted Extra Low Voltage) e PELV (Protected Extra Low Voltage). Muitas ferramentas manuais podem ser encontradas para a tensão de 24 V, para trabalhos em locais úmidos, pois, com a umidade, a resistência do corpo humano diminui, e o poder de isolamento dos equipamentos fica comprometido.

b. Isolação das partes vivas, que, através da utilização de materiais isolantes, evita o risco de con-tato acidental com condutores ou peças metálicas energizadas e consequente eletrocussão dos trabalhadores envolvidos. Como exemplo, podemos citar a capa plástica de isolamento em condutores.

c. Obstáculos e barreiras, representados por cercas de madeira, cercas de redes plásticas, cavaletes, cones, fitas vermelhas ou zebradas, com sinalização reflexiva, cercas metálicas, etc. Pela definição, obstáculos impedem o contato acidental, mas não o contato intencional, e barreiras impedem todo e qualquer contato.

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Apesar de não mencionados especificamente, os relês de fuga para terra, ou “dispositivos diferenciais residuais”, são importantes ferramentas para a proteção de trabalhadores ou outros em contatos indiretos ou até contatos diretos. Trata-se de relês do tipo diferencial que operam segundo o equilíbrio de correntes que entram e saem do circuito, que estão equilibradas. Em caso de contato acidental (por exemplo, uma pessoa tocando num ponto energizado, ou por falta de fase-massa num equipamento) há um desequilíbrio nas correntes do circuito que produz um valor diferencial e que fará o relê atuar, desligando a alimentação. Como são muito rápidos, diminuem o tempo de exposição a uma corrente, e consequentemente os danos físicos em caso de choque elétrico em uma pessoa.

d. Sinalização, em que placas e cartazes alertam sobre: “perigo de vida”, “homens trabalhando no equipamento”, “não ligue esta chave”, “alta-tensão”, etc. Os trabalhos de manutenção em linhas elétricas aéreas ou subterrâneas exigem a utilização de barreiras e sinalizações devido ao grande movimento de transeuntes e veículos nas imediações.

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22 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

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e. Seccionamento automático da alimentação, inexistente em algumas instalações mais antigas, permite a manobra de dispositivos de seccionamento (disjuntores, chaves seccionadoras para carga ou não) automática e remotamente, desenergizando os circuitos ou instalações com mais segurança, para fins de manutenção. O seccionamento automático, comandado através de relês de proteção de diversos tipos, também protege as instala-ções e funcionários presentes em diversas condições inesperadas de falha.

f. Bloqueio do religamento auto-mático, para evitar reenergização do circuito em manutenção e risco de eletrocussão nos funcionários envolvidos.

g. Aterramento das instalações elétricas, cuja função é escoar para terra as cargas elétricas indesejáveis, que podem ser decorrentes da falta de fase-massa, indução eletromag-nética, eletricidade estática e descargas atmosféricas. A falta fase-massa decorre de contato acidental de condutores

energizados com materiais me-tálicos condutores, mas que não pertencem à instalação, como a caixa metálica que protege um eletrodoméstico. O campo eletromagnético produzido por um circuito elétrico pode, atra-vés do fenômeno da indução, produzir uma tensão elétrica em outro circuito desenergizado. Um exemplo é o aparecimento de tensões em redes desligadas devido à existência de outra rede ou linha de transmissão próximas. A eletricidade estática é gerada através do atrito, podendo causar centelhamento e incêndio ou explosão em áreas classifica-das (ver item 10.9 – Proteção contra Incêndio e Explosões e comentários).

DICA Descargas atmosféricas são os raios em dias de tempestade, originadas por diferentes cargas elétricas geradas nas nuvens, que podem escoar para o solo através de estruturas, causando grandes acidentes e prejuízos.

Um sistema de aterramento é formado por condutores, eletrodos e malha de terra, se necessário. O princí-pio funcional é criar um caminho facilitado para o escoamento dessas cargas elétricas a terra, através de um circuito de baixa impedância. Isso protegerá os funcionários ou pessoas que possam vir a ter con-tato (indireto) com essas estruturas indevidamente energizadas. No caso de descargas atmosféricas existe ainda o captador, conjunto de pequenas hastes pontiagudas, no alto dos prédios (pára-raios tipo Franklin), e ligado ao condutor de descida.

“Contatos diretos” são com pontos normalmente energizados; “contatos indiretos” são com partes metálicas das estruturas, mas que não pertencem ao circuito elétrico, e que se encontram acidentalmente energizadas.

Equipotencialização evita com que haja uma diferença de potencial entre partes metálicas de uma estrutura que não pertencem ao circuito elétrico, mas que se estiverem nessa situação causarão um choque elétrico em pessoas que as tocarem simultaneamente. A ligação equipo-tencial principal interliga todas as estruturas que não fazem parte do circuito elétrico com o terminal de aterramento principal. As ligações equipotenciais secundárias interligam as massas e partes condutoras da estrutura entre si, neutralizando o risco de choque elétrico entre partes metálicas diferentes.

A equipotencialização pode ser observada durante o aterra-mento temporário, onde, por exemplo, condutores trifásicos são ligados entre si e, depois, ao dispositivo de aterramento tem-porário do conjunto.

Depois de conhecer estes conceitos, reflita: quantos equipamentos de proteção coletiva você conhece? Verifique a lista, abaixo, e confira seus conhecimentos. Na sequência , você vai estudar as medidas de proteção individual.Principais Equipamentos de Pro-teção Coletiva.

▪ Coletes reflexivos.

▪ Fitas de demarcação, reflexivas.

▪ Coberturas isolantes.

▪ Cones de sinalização (75 cm, com fitas reflexivas).

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▪ Conjuntos para aterramento temporário.

▪ Detectores de tensão para BT e AT, imprescindíveis em procedimentos de segurança com teste de circuitos ou equipamentos, que devem estar efetivamente desenergizados para início do trabalho com segurança.

10.2.9 Medidas de proteção in-dividual10.2.9.1 Nos trabalhos em ins-talações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equi-pamentos de proteção individual específicos e adequados às ativi-dades desenvolvidas, em atendi-mento ao disposto na NR 6.

As medidas de Proteção Coletiva serão prioritárias em vista de sua abrangência. Caso não sejam sufi-cientes, utiliza-se, então, a proteção individual, item 10.2.9.1.A norma de segurança que trata dos equipamentos de proteção in-dividual (EPI) é a NR 6, e pode ser resumida da seguinte forma: “Todo EPI deve possuir CA (Certificado de Aprovação)” (ver item 10.2.4 e comentários).E quanto às responsabilidades de segurança entre patrão e funcionário, você sabe o que compete a quem? Observe, a seguir, as definições dos papéis de cada um!Obrigações do empregador quanto, ao EPI.

1. Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.

2. Exigir seu uso.

3. Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão na-cional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.

4. Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação.

5. Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado.

6. Responsabilizar-se pela higieni-zação e manutenção periódica.

7. Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Obrigações do empregado quanto ao EPI.

1. Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina.

2. Responsabilizar-se pela guarda e conservação.

3. Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso.

4. Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Continue acompanhando a norma!

10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequa-das às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

Os uniformes de trabalho devem ser fornecidos pela empresa, não permitindo a utilização de outras vestimentas que possam introduzir riscos, como condutibilidade do próprio tecido ou através de peças metálicas (fechos, tachas, rebites, etc.) e também não devem ser de materiais facilmente inflamáveis, como alguns tipos de materiais sintéticos.O item 10.2.9.3 enfatiza a proibição de uso de adornos pessoais em instalações elétricas, como colares, anéis, pulseiras e relógios que podem causar acidentes por contatos com partes energizadas.E quanto aos Equipamentos de Proteção Individual, qual o seu conhecimento? Confira, a seguir, a listagem dos principais EPIs do setor elétrico.Principais Equipamentos de Pro-teção Individual.

▪ Cintos de segurança para eletri-cista, com talabarte.

▪ Capacetes classe “B”, aba total (uso geral e trabalhos com energia elétrica, testados a 30.000 V).

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Nikolay Postnikov ([20--?])

Figura 3: EPIs

▪ Luvas de cobertura para proteção das luvas de borracha.

▪ Bolsas para içamento de ferramentas.Aqui você pôde conhecer mais, a respeito das medidas de proteção coletiva e individual, e como elas são fundamentais para manter sua integridade física. Continue aprendendo sobre como proteger-se com o item segurança nas instalações elétricas

SEção 4 Segurança nas instalações elétricas

Prepare-se para conhecer o que a norma NR 10 fala sobre a segurança nas instalações elétricas. Acompanhe e fique bem informado!

10.3 Segurança em projetos10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para “Impedimento de Reenergização”, para “Sinalização” de advertência com indicação da condição operativa.

▪ Botas com proteção contra choques elétricos, bidensidade, sem partes metálicas.

▪ Óculos de segurança para proteção contra impacto de partículas volantes, intensos raios luminosos ou poeiras, com proteção lateral.

▪ Protetores faciais contra impacto de partículas volantes, intensos raios luminosos ou poeiras.

▪ Braçadeiras ou mangas de se-gurança para proteção do braço e antebraço contra choques elétricos, e coberturas isolantes.

▪ Luvas de borracha com as classes de isolamento descritas a seguir.

Tabela 1: Classes de isolamento de luvas de borracha

ClasseTensão de trabalho (V)

Corrente alternada

0 1000

1 7500

2 17500

3 26500

4 36000

Fonte: Ministério do Trabalho (2004)

Impedimento de Reenergi-zação: Condição que garan-

te a não energização do circuito através de recursos e procedi-mentos apropriados, sob contro-le dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

Sinalização: Procedimento padronizado destinado a

orientar, alertar, avisar e advertir.

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10.3.2 Todo projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simul-tânea que permita a aplicação de “Impedimento de Reenergi-zação” do circuito.10.3.3 O projeto de instala-ções elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localiza-ção de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manu-tenção.10.3.3.1 Os circuitos elétricos comfinalidades diferentes, tais como: comunicação, sinaliza-ção, controle e tração elétrica devem ser identificados e ins-talados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compar-tilhamento, respeitadas as definições de projetos.10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não des-tinadas à condução da eletrici-dade.10.3.5 Sempre que tecnicamen-te viável e necessário devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotenciali-zação e aterramento do circuito seccionado.10.3.6 Todo projeto deve pre-ver condições para a adoção de “Aterramento Temporário”.

O item 10.3, todo, é uma inovação bastante importante na NR 10, pois introduz o conceito de antecipação no reconhecimento dos riscos potenciais de futuras instalações. Ele orienta o projetista, nessa fase preliminar do projeto a fazer mo-dificações que irão neutralizar esses riscos, tornando mais eficiente a execução de atividades sob a filosofia da segurança do trabalho.

Zoonar ([20--?])

Todo e qualquer equipamento ou rotina de operação que venha a incrementar a segurança intrínseca das instalações deverá ser implemen-tada, desde que dentro de critérios racionais.Assim, devem ser previstos os quesitos a seguir:

▪ dispositivos de desligamento de circuitos (disjuntores) com dispositivos de impedimento de reenergização (relês de bloqueio que impedem a reenergização, a menos que sejam operados manualmente) que vão eliminar o risco de eletrocussão de trabalhadores no serviço de manutenção em circuitos desener-gizados, assim como sinalização de advertência e de condições opera-cionais (ex.: dispositivo aberto ou fechado, sistemas de supervis com painéis mímicos, telas do sistema em computadores), evitando acidentes devido à falta de informações sobre o real estado do sistema;

▪ a previsão do distanciamento e espaços seguros nas instalações impede contatos acidentais com partes energizadas, em atividades de manutenção, além da preocupação ergonômica com as posições de trabalho;

Aterramento Elétrico Tem-porário: Ligação elétrica

efetiva confiável e adequada in-tencional a terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elé-trica.

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▪ aterramento de todas as partes condutoras que não façam parte dos circuitos elétricos, o que neutraliza a possibilidade de choque elétrico por contato (indireto) com essas partes que podem ser energizadas por indução elétrica ou contato acidental de outros condutores (ver item 10.2.8 – Medidas de Proteção Coletiva e comentários; aterramento e indução);

▪ previsão de incorporação de dispositivos de seccionamento com recursos fixos de equipoten-cialização e aterramento ao circuito seccionado, e, também, condições para a execução de aterramento temporário, como proteção do trabalhador contra reenergização de circuitos já desenergizados (ver item 10.2.8 – Medidas de Proteção Coletiva, e comentários; aterramento e equipotencialização).

10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser manti-do atualizado.10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Nor-mas Regulamentadoras de Saú-de e Segurança no Trabalho, às regulamentações técnicas ofi-ciais estabelecidas, e ser assina-do por profissional legalmente habilitado.10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança:a) especificação das caracterís-ticas relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;b) indicação de posição dos dis-positivos de manobra dos circui-tos elétricos: Verde – “D”, des-ligado e Vermelho – “L”, ligado;

c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipa-mentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento dos condutores e os próprios equipamentos e estrutu-ras, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;e) precauções aplicáveis em face das “Influências Externas”;f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do pro-jeto, destinados à segurança das pessoas; eg) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a ins-talação elétrica.10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho se-gura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

Como inovação importante da NR 10, nos itens 10.3.7, 10.3.8, 10.3.9 e 10.3.10, os projetos elétricos são normatizados e padronizados com relação ao memorial descritivo, itens necessários ao memorial.Devem ser seguidas as normas de segurança do trabalho em conjunto com as normas técnicas oficiais, a obrigação de disponibilidade do projeto, principalmente junto aos trabalhadores autorizados, e ainda a necessidade de previsão de um nível de iluminação adequado e posicionamento ergonômico de trabalho conforme a NR 17 – Ergonomia (item 10.4.5 e comentários).

Agora você conhecerá aplicações da NR 10 em construção, montagem, operação e manutenção.

10.4 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, opera-das, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a ga-rantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários e serem supervisionadas por profissional autorizado conforme dispõe esta NR.10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem ser adotadas me-didas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especial-mente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, ado-tando-se a sinalização de segurança.

O principal foco desta norma é o risco elétrico, mas muitos riscos adicionais devem ser controlados ou neutralizados, pois trabalhos de manutenção costumam apresentar situações de extrema gravidade. Observe a seguir.

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27NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ O trabalho em altura em redes elétricas ou torres, com risco de quedas, deve ser encarado com muita seriedade e treinamento es-pecífico. Em determinadas situações é importante a utilização de cinto de segurança tipo paraquedista, dois talabartes, contando sempre com uma rígida inspeção do equipamento de proteção contra quedas.

▪ Espaços confinados, com risco de asfixia, exposição a contaminantes, afogamento, explosão e incêndio, dificuldade de resgate, necessitando equipamentos para resgate, operação de ventilação para remover gases ou vapores explosivos ou contaminantes, máscaras contra produtos químicos, roupas especiais, instrumentação de teste de explosividade, nível de oxigênio (atmosfera respirável com nível correto de O2).

▪ Campos elétricos e magné-ticos, que possam induzir tensões em circuitos desenergizados, ou simplesmente interferir nos apare-lhos de comunicação, instrumentos de medição e comandos remotos.

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▪ Umidade, que potencializa os riscos, propiciando choques elétricos e arcos voltaicos.

▪ Poeira, que além de contaminante também pode ser explosiva.

▪ Fauna, como cobras, aranhas, escorpiões, sempre presentes em cubículos, caixas de passagem, inte-rior de armários, painéis e bandejas de cabos.

▪ Flora, em que há presença de riscos biológicos, como bactérias e fungos.

Todos esses riscos adicionais listados, além da possibilidade de produzir acidentes, podem afetar a saúde do trabalhador. Além dos EPIs e EPCs (incluída a sinalização de se-gurança), para cada atividade devem ser realizadas as Análises de Risco, Autorizações de Serviço, Permissões de Trabalho, Liberações de Área e seguidos os Procedimentos de Segurança adequados (item 10.4.2).

10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equi-pamentos, dispositivos e fer-ramentas elétricas compatí-veis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, res-peitadas as recomendações do fabricante e as influências ex-ternas.10.4.3.1 Os equipamentos, dis-positivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às ten-sões envolvidas, e serem inspe-cionados e testados de acordo com as regulamentações exis-tentes ou recomendações dos fabricantes.

Todos os dispositivos e ferramentas utilizadas devem estar em condições próprias de uso, serem compatíveis com as instalações elétricas e pos-suirem em isolamento adequado à tensão do local (itens 10.2.4 com comentários, 10.4.3 e 10.4.3.1).

10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condi-ções seguras de funcionamen-to e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamenta-ções existentes e definições de projetos.10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e in-vólucros de equipamentos e ins-talações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo ex-pressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

Figura 4: Linhas de força do campo eletromagnético

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28 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

A NR 10, como descrito no item 10.4.4.1, proíbe que funcionários guardem pertences pessoais e ferra-mentas dentro de compartimentos, invólucros de equipamentos e pai-néis elétricos, pois podem ocorrer acidentes de trabalho, tais como, curtos-circuitos e choques elétricos com graves consequências devido a essa prática de risco.

10.4.5 Para atividades em insta-lações elétricas deve ser garan-tida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas.

Ergonomia significa, de forma sim-plificada, o estudo da adaptação do trabalho ao ser humano. “Ergos” em grego significa “trabalho”, e “nomos” significa “regras”. Alguns de seus focos de estudos são os posi-cionamentos de trabalho, condições visuais, controles e ferramentas, entre outros. O emprego da ergonomia tem como objetivo evitar acidentes e doenças ocupacionais, devido ao mau posicionamento ou manejo incorreto de máquinas e ferramentas, ou falta de percepção visual. Essa preocupação é demonstrada nos itens 10.4.5 e 10.3.10 – Segurança em Projetos.

10.4.6 Os ensaios e testes elé-tricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de insta-lações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizados por traba-lhadores que atendam às con-dições de qualificação, habilita-ção, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR.

Então, como estão seus estudos sobre segurança na construção? A seguir, você conhecerá as definições de segurança previstas na NR 10 para instalações elétricas desenergizadas e energizadas. Verifique!

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10.5 Segurança em instalações

elétricas desenergizadas

10.5.1 Somente serão conside-radas desenergizadas as insta-lações elétricas liberadas para trabalho mediante os procedi-mentos apropriados, obedecida a sequencia abaixo:a) Seccionamento;b) Impedimento de reenergiza-ção;c) Constatação da ausência de tensão;d) Instalação de “Aterramento Temporário” com equipoten-cialização dos condutores dos circuitos;e) Proteção dos elementos energizados existentes na “Zona Controlada” (Anexo I); ef) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

Zona Controlada: Entorno de parte condutora energi-

zada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

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Dentro dos preceitos que regem a segurança do trabalho existem pro-cedimentos específicos para cada atividade. Em manutenção elétrica é bastante utilizado um procedimento de segurança denominado travamento (ou bloqueio) e etiquetagem (ou sinalização). Visa controlar os riscos do trabalho com eletricidade, protegendo o trabalhador de exposição ao risco de contato com partes energizadas e consequente eletrocussão. Este procedimento é, também, aplicado quando se necessita controlar outras formas de energia de risco, como, por exemplo, energia pneumática, hidráulica, química, etc.

Diego Fernandes (2012)

Figura 5: Sinalização de bloqueio e etiquetagem

As instalações elétricas só serão consideradas desenergizadas e seguras para trabalhos após os procedimentos de “travamento e sinalização”, como listados no item 10.5.1.

1. Seccionamento: onde chaves, seccionadoras, ou outros dispositivos de isolamento são acionados para a desenergização dos circuitos.

2. Impedimento de reenergização: onde, por meio de bloqueios mecânicos, cadeados ou outros equipamentos, é garantido a impossi-bilidade de reenergização dos circuitos, o que fica facultado, apenas, ao responsável pelo bloqueio.

3. Constatação da ausência de tensão: onde por meio de dispositivos de “detecção de tensão” é garantida a desenergização dos circuitos.

Travamento: Ação destinada a manter, por meios mecâ-

nicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

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30 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

4. Instalação de aterramento temporário: e equipotencialização de condutores trifásicos, curto--circuitados na mesma ligação de aterramento temporário, o que garante a proteção completa do trabalhador em situações outras de energização dos circuitos já seccionados, provocados por indução, contatos acidentais com outros condutores energi-zados, etc..

5. Proteção dos elementos ener-gizados existentes na “zona controlada”: o que significa a colocação de barreiras, obstá-culos, e que visem a proteger o trabalhador contra contatos acidentais com outros circuitos energizados presentes na “zona controlada”.

6. Instalação da sinalização de impedimento de energização:com etiquetas ou placas contendo avi-sos de proibição de religamento, como: “homens trabalhando no equipamento”, “não ligue esta chave”, (ver comentários de “Medidas de Proteção Coletiva”, item 10.2.8).

Continue atento ao que diz a nor-ma com relação à segurança em instalações elétricas desenergizadas.

10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser manti-do até a autorização para ree-nergização, devendo ser reener-gizada respeitando a sequência de procedimentos abaixo:a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de ree-nergização;c) remoção do aterramento temporário, da equipotencia-lização e das proteções adicio-nais;d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e) “Destravamento”, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

Após a finalização dos trabalhos, assim que for emitida a autorização para reenergização, os procedimentos descritos da letra “a” até a letra “e” do item 10.5.2 devem ser seguidos e respeitados até a religação dos dispositivos de seccionamento. É importante ressaltar que a retirada de todos os equipamentos e ferra-mentas do local de trabalho evita a possibilidade de acidentes causados por curtos-circuitos após a reener-gização; e da mesma forma, todos os trabalhadores presentes na zona controlada que não estejam envol-vidos no processo de reenergização devem ser retirados do local para sua própria segurança.

10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, amplia-das ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada si-tuação, por profissional legal-mente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado.10.5.4 Os serviços a serem exe-cutados em instalações elétri-cas desligadas, mas com pos-sibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

Instalações elétricas desligadas mas com possibilidade de serem energi-zadas passam a ser tratadas como “Instalações Elétricas Energizadas”, item 10.5.4.Conseguiu dominar todos os procedimentos de segurança em instalações elétricas desenergizadas? Em função de todos os conteúdos estudados, até aqui, você já deve estar ciente de que energia é coisa séria! Portanto, lembre-se: se houver possibilidade de uma instalação desligada ser energizada, ela deve ser tratada desde o começo como energizada! Neste caso, as normas a serem aplicadas serão as do item 10.6, que você conhecerá na sequência.

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31NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

10.6 Segurança em instalações elétricas energizadas10.6.1 As intervenções em ins-talações elétricas com tensão igual ou superior a 50V em corrente alternada ou superior a 120V em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta norma.10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segu-rança para trabalhos com ins-talações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determina-ções estabelecidas no Anexo II desta NR.

Instalações elétricas energizadas são aquelas com tensão superior à tensão de segurança (Extrabaixa Tensão – EBT), ou seja: 50VCA ou 120 VCC (VCA – Volts em Corrente Alternada; VCC – Volts em Corrente Contínua). O trabalho nessas condições só poderá ser rea-lizado por profissionais autorizados, como é descrito no item 10.8 e seus comentários (itens 10.6.1 e 10.6.1.1).

10.6.1.2 As operações elemen-tares como ligar e desligar cir-cuitos elétricos, realizadas em “baixa tensão”, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, po-dem ser realizadas por qualquer “pessoa não advertida”.

Qualquer pessoa não treinada em eletricidade pode realizar operações elementares de ligar ou desligar circuitos elétricos em baixa tensão (a baixa tensão vai de 50VCA até 1.000VCA ou 120VCC até 1.500VCC), desde que se encontrem em perfeitas condições de operação (item 10.6.1.2).

Jeffrey Hamilton ([20--?])

10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos res-peitando as distâncias previstas no Anexo I.

Sempre que atividades forem execu-tadas no interior da zona controlada, deve-se observar procedimentos de segurança específicos, respeitando-se as distâncias de segurança (Anexo I), isolamento de partes energizadas, proteção por barreiras, indicação aos trabalhadores envolvidos quanto a pontos energizados, palestra inicial de segurança, preenchimento de permissões de trabalho, utilização de listas de verificação, etc. (item 10.6.2).

10.6.3 Os serviços em instala-ções energizadas, ou em suas proximidades devem ser sus-pensos de imediato na iminên-cia de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em “Perigo”.10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implemen-tadas ou para a entrada em ope-rações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

Tensão de Segurança: extra-baixa tensão originada em

uma fonte de segurança.

Baixa Tensão (BT): Tensão superior a 50 volts, em cor-

rente alternada, ou 120 volts, em corrente contínua e igual ou in-ferior a 1.000 volts, em corrente alternada ou 1.500 volts, em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

Pessoa não Advertida: Pessoa não informada ou sem co-

nhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade.

Perigo: Situação ou condição de risco com probabilidade

de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

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32 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

O item 10.6.4 alerta para entrada em operação e testes de novos equi-pamentos, com nova tecnologia ou modificação de instalações existentes. Nessa fase de testes, correções e ajustes é mais provável a ocorrência de acidentes. Antes dessas atividades é necessária a elaboração de aná-lises de risco e procedimentos de segurança específicos ao momento, e desenvolvidos com os circuitos desenergizados.

10.6.5 O responsável pela exe-cução do serviço deve suspen-der as atividades quando ve-rificar situação ou condição de risco não prevista, cuja elimina-ção ou neutralização imediata não seja possível.

Antes de qualquer nova atividade é necessária a identificação dos riscos inerentes. Depende desses riscos a utilização de um determinado pro-cedimento, de tipos diferenciados de EPIs e de EPCs, e de diferentes acessórios de trabalho. A esse pro-cedimento dá-se o nome de “Análise de Risco”. No entanto outros riscos não previstos podem surgir, como inundações, tempestades, raios, ou quaisquer outros cuja neutralização não seja possível. Nesse caso, o responsável pela atividade deve suspender as atividades.

Com o estudo efetuado, até aqui, você conheceu a sequência correta para desenergização e reenergiza-ção de áreas, bem como demais procedimentos de segurança para operação e manutenção de serviços. Na sequência, você aprenderá detalhes e procedimentos relativos ao trabalho envolvendo alta tensão. E saberá o que diz a lei sobre a habilitação e o treinamento dos trabalhadores do sistema elétrico. Vamos lá!

SEção 5 Alta-tensão e qualificação de trabalhadores

Novamente você vai estudar o texto da NR 10 na íntegra, e como foi feito anteriormente com os devidos comentários para ajudá-lo no en-tendimento da norma. Siga atento!

10.7 Trabalhos envolvendo alta-tensão (AT)10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com “Al-ta-Tensão” que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como “Zonas Controladas e de Risco”, confor-me Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR.10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem rece-ber treinamento de segurança, específico em segurança no Sis-tema Elétrico de Potência (SEP) e em suas “Proximidades”(tra-balho em proximidade) , com currículo mínimo, carga horária e demais determinações esta-belecidas no Anexo II desta NR

Alta-Tensão (AT): Tensão superior a 1.000 volts em

corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua, entre fases ou entrefase e terra.

Zona Controlada e de Risco: Entorno de parte condutora

energizada, não segregada, aces-sível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumen-tos apropriados de trabalho

Trabalho em Proximidade: Trabalho durante o qual o

trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou ex-tensões condutoras, representa-das por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

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33NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Trabalhos em alta-tensão envolvem um grande risco de acidentes, não apenas pela possibilidade de choque elétrico por contatos diretos ou indiretos, mas principalmente pela formação de arcos voltaicos, que são o resultado do rompimento do dielétrico (capacidade de isolamento) do ar, com grande dissipação de energia, liberando luminosidade, calor, e partículas metálicas em fusão.

Devem ainda estar em condições de saúde compatíveis com as atividades a serem executadas em conformidade com a NR 7, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), tendo recebido todo o treina-mento previsto no AnexoII, principalmente o treinamento específico de Segurança em Sistemas Elétricos de Potência (SEP), itens 10.7.1 e 10.7.2.

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Figura 6: Trabalho SEP

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência (SEP), não po-dem ser realizados individualmente. 10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área.

Todo e qualquer trabalho realizado em instalações elétricas em Alta Tensão ou em Sistema Elétrico de Potência (SEP) deve ser totalmente controlado através de ordens de serviço, assinadas pelo superior responsável (item 10.7.4).

10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o supe-rior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar ações desenvolvidas de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço.10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, deta-lhados e assinados por profissional autorizado.

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Esse tipo de acidente provoca graves queimaduras em todos que estive-rem situados dentro do seu raio de ação. Daí a definição de “Zona de Risco” e “Zona Controlada” (ver Anexo I), importante para o perfeito posicionamento do trabalhador em seus limites, e dos procedimentos e equipamentos (EPIs, EPCs), ne-cessários à execução de atividades dentro dos princípios da segurança do trabalho. Alta-tensão é a tensão definida como tendo valores acima de 1.000V em Corrente Alternada (CA) e 1.500V em Corrente Contí-nua (CC) entre fases ou entre fases e terra. Trabalhadores exercendo atividades dentro dos limites das “Zonas de Risco” ou “Zonas Con-troladas” (ver Anexo II) têm que atender ao disposto no item 10.8, sendo Habilitados, Qualificados, e Autorizados, ou Capacitados e Autorizados.

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34 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

10.7.7 A intervenção em ins-talações elétricas energizadas em AT dentro dos limites esta-belecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada me-diante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de re-ligamento automático do circui-to, sistema ou equipamento.10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identifica-ção da condição de desativação, conforme procedimento de tra-balho específico padronizado.

Nos limites interiores da “Zona de Risco” (ver Anexo II), os trabalha-dores devem ser protegidos contra a possibilidade de reenergização dos circuitos, por meio da desativação ou bloqueio dos dispositivos de religamento automático, que devem estar com sinalização adequada indicando desativação, itens 10.7.7 e 10.7.7.1, item 10.10 (Sinalização de Segurança), item 10.5 (Segurança em Instalações Elétricas Desener-gizadas) e item 10.2.8 (Medidas de Proteção Coletiva).

10.7.8 Os equipamentos, ferra-mentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao traba-lho em alta-tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório, pe-riódicos, obedecendo-se às es-pecificações do fabricante, aos procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente.10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energiza-das em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP deve dispor de equipamen-to que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

É importante observar que a norma prevê necessidade de realização de testes elétricos nos elementos de isolamento de ferramentas e equipamentos a serem utilizados em trabalhos em AT ou no SEP.Agora que você conheceu os conceitos de trabalho em alta-tensão, zonas de risco e zonas controladas, chega o momento de estudar os requisitos de qualificação para o trabalhador do sistema elétrico. É isso que você vai aprender nos próximas conteúdos!

10.8 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalha-dores10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às se-guintes condições, simultaneamente:a) receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado; eb) trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autori-zado.10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação.

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35NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

O item 10.8, na sua totalidade, descreve detalhadamente como deve ser definido o trabalhador autorizado a trabalhar em insta-lações elétricas, evitando-se assim que funcionários sem treinamento específico e de segurança venham a exercer atividades de risco, expondo-se desnecessariamente a acidentes do trabalho.O profissional qualificado completou com êxito seu curso de formação na área elétrica, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Tornou-se habilitado assim que se registrou no seu Conselho de Classe. Com relação ao trabalhador capa-citado, observe:

▪ foi treinado por profissional habilitado e autorizado;

▪ trabalha sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.Perceba que esta capacitação só tem valor na empresa em que trabalha. Com a anuência formal da empresa em que trabalham, e devidamente identificados em seus registros, eles estão autorizados a exercer atividades em instalações elétricas.

10.8.4 São considerados auto-rizados os trabalhadores qua-lificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa.10.8.5 A empresa deve estabe-lecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da au-torização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4.10.8.6 Os trabalhadores auto-rizados a trabalhar em instala-ções elétricas devem ter essa condição consignada no siste-ma de registro de empregado da empresa.

10.8.7 Os trabalhadores autori-zados a intervir em instalações elétricas devem ser submeti-dos a exame de saúde compa-tível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR 7 e re-gistrado em seu prontuário mé-dico.

É necessário ainda passar por exames de saúde que lhes permitam trabalhar em instalações elétricas, conforme definido pela NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde ocupa-cional (PCMSO).

10.8.8 Os trabalhadores autori-zados a intervir em instalações elétricas devem possuir treina-mento específico sobre os ris-cos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de aci-dentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissio-nais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatório dos cursos constantes do Anexo II desta NR.10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bie-nal e sempre que ocorrer algu-ma das situações a seguir:a) troca de função ou mudança de empresa;b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por pe-ríodo superior a três meses; ec) modificações significativas nas instalações elétricas ou tro-ca de métodos, processos e or-ganização do trabalho.

10.8.8.3 A carga horária e o con-teúdo programático dos treina-mentos de reciclagem destina-dos ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender às necessidades da situação que o motivou.10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedi-dos de treinamento específico de acordo com risco envolvido.

A autorização para trabalhadores capacitados, ou qualificados e habilitados será dada pela empresa aos que tiverem acompanhado, com aproveitamento, os cursos previstos no Anexo II desta Nor-ma (treinamento específico sobre os riscos das atividades elétricas e medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas.

Curso Básico – Segurança em Ins-talações e Serviços de Eletricidade;

Curso Complementar – Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas Proximidades.

10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas, desen-volvidas em zona livre e na vi-zinhança da zona controlada, conforme define esta NR, de-vem ser instruídos formalmente com conhecimentos que per-mitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as pre-cauções cabíveis.

A novidade desta norma é prever treinamentos de reciclagem, trei-namento de riscos relacionados a áreas classificadas, além do treina-mento de trabalhadores de outras áreas que não a elétrica, visando à identificação de riscos, assim como formas de prevenção de acidentes do trabalho que porventura venham a exercer atividades na zona livre ou proximidade de zona controlada.

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36 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Com os estudos realizados você constatou que a qualificação dos trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas, seja de alta tensão, zona controlada ou de risco, também é definida por lei através da NR 10. Ela define detalhes como currículo mínimo, carga horária dos cursos e outras determinações com o objetivo de formar um profissional com plena capacidade de operar sistemas elétricos. A seguir, você conhecerá detalhes de proteção contra incêndio, sinalização de segurança e procedimentos de trabalho. Preparado? Então ,vamos lá!

SEção 6 Incêndio, sinalizações de segurança e procedimentos de trabalho

Nos próximos estudos, além dos comentários nos textos da própria NR 10, você vai entender as classes de fogo (definidas na NR 23) e o conceito de “áreas classificadas”. Acompanhe!

10.9 Proteção contra incêndio e explosão 10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e ex-plosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios.10.9.2 Os materiais, peças, dis-positivos, equipamentos e siste-mas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambien-tes com “Atmosferas Potencial-mente Explosivas” devem ser avaliados quanto à sua confor-midade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

Em presença de atmosferas explo-sivas, a fonte de ignição pode ser algum dispositivo, acessório ou equipamento elétrico que possa produzir centelhamento. Normas nacionais e internacionais especifi-cam equipamentos elétricos para serem utilizados com segurança em áreas classificadas e à prova de acidentes por centelhamento. São ditos: “à prova de explosões, pressurizados, imersos em óleo, em areia, em resina, de segurança aumentada, herméticos, especial, e de segurança intrínseca”.

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Para que esses equipamentos cumpram sua função dentro dos critérios de segurança exigidos, eles têm que ser testados dentro de rígidos padrões de qualidade (teste de conformidade). Somente as empresas certificadoras reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação, que congregam as certificadoras reconhecidas junto ao Inmetro (item 10.9.2), podem atestar a conformidade.

10.9.3 Os processos ou equi-pamentos suscetíveis de gerar ou acumular eletricidade está-tica devem dispor de proteção específica e de dispositivos de descarga elétrica.

Atmosfera Potencialmente Explosiva: Mistura com o ar,

sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a combustão se propaga.

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37NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

A eletricidade estática é gerada por atrito de correias de máquinas, peças em movimentos repetidos, movimentação de fluidos e produtos pulverizados em tubulações e silos, sólidos em suspensão na atmosfera, etc. A tensão elétrica acumulada pode produzir descargas elétricas, que em presença de baixa umidade do ar, gases inflamáveis, fibras e/ou poeiras inflamáveis podem causar explosões e incêndios de grandes proporções. Existem vários métodos para dissipar a eletricidade estática (item 10.9.3), como o uso de ionizadores, mantas dissipadoras ou dissipativas, pulseiras antiestáticas e sistemas compostos por cabos e hastes de cobre.

10.9.4 Nas instalações elétri-cas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e sec-cionamento automático para prevenir sobretensões, sobre-correntes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condi-ções anormais de operação.

Dentro da necessidade de um rígido controle da possibilidade de ocorrên-cia de acidentes por equipamentos elétricos em áreas classificadas, a norma exige um maior controle das condições elétricas desses sistemas, com relês de proteção contra sobre-corrente, sobretensão, aquecimento de motores, falta de fase, correntes de fuga, motores com segurança aumentada, alarmes e seccionamento automático através de disjuntores (item 10.9.4). É importante, ainda, lembrar que, dentro de tão críticas condições de segurança, é neces-sário uma detalhada supervisão e acompanhamento seguidos de uma rígida manutenção para correção das não conformidades.

Maria Komrakova ([20--?])

10.9.5 Os serviços em instala-ções elétricas nas áreas clas-sificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabe-lece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determi-na a classificação da área.

As permissões de trabalho são auto-rizações por escrito para trabalhos diversos de manutenção, montagem ou outros que envolvam riscos à in-tegridade do pessoal, das instalações, meio ambiente, ou continuidade operacional. Estas permissões des-crevem ainda o trabalho, os riscos envolvidos, o pessoal, os EPIs, EPCs, e as precauções de segurança a serem seguidas. São utilizadas em conjunto com listas de verificação de requisitos de segurança apropriadas a cada atividade, que, depois de satisfeitos, possibilitam o início das atividades. A supressão do risco, em áreas classificadas, significa a retirada dos gases ou vapores inflamáveis através de ventilação ou inertização, e em caso de risco elétrico significa a desenergização do circuito a ser trabalhado (item 10.9.5).Quando o assunto é proteção contra incêndios e explosões, é preciso entender as classes de fogo, que são definidas pela NR 23, bem como o conceito de “áreas classificadas”. Acompanhe!

NR 23 – Proteção contra incêndios

Hemera ([20--?])

A NR 23, dispondo sobre Proteção Contra Incêndios, orienta que as classes de fogo são as listadas a seguir. Classe “A”: materiais de fácil com-bustão que queimam na superfície e profundidade, e deixam resíduos (madeira, tecidos, papel, fibras, etc.).Classe “B”: líquidos inflamáveis que queimam somente na superfície, e não deixam resíduos (óleos, graxas, tintas, solventes, vernizes, gasolina, éter, etc.).Classe “C”: equipamentos elétricos energizados (motores, transfor-madores, painéis de distribuição, fios, etc.).

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38 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Classe “D”: elementos pirofóricos (magnésio, zircônio, titânio, etc.).A Classe “C” de incêndio é a que mais interessa quando se estuda instalações ou equipamentos elétricos. A água pura, em forma de espuma, ou em recipientes sob pressão (extintores de água pressurizada ou extintores água-gás), não pode ser utilizada no combate a incêndios Classe “C” devido à sua condutibilidade elétrica, podendo causar choques elétricos ou curtos-circuitos, tornando ainda mais grave o acidente. Apenas água pulverizada poderá ser utilizada, desde que existam os equipamentos necessários, manejados por comba-tentes treinados nesta modalidade de combate a incêndio. Para o combate com água, o sistema elétrico deverá ser desligado.

Ryan McVay ([20--?])

O combate correto a incêndios da “Classe C” será feito com extin-tores de Gás Carbônico (CO), e extintores de Pó Químico. Mas vale a pena observar que o Pó Quí-mico pode ser prejudicial quando usado em salas de computadores ou de equipamentos telefônicos, visto que causa danos aos pequenos componentes eletrônicos desses equipamentos. Nesse caso, nor-malmente utilizam-se extintores de Gás Carbônico, que são eficientes sem causar danos materiais.Alguns sistemas fixos de CO são ativados automaticamente, em caso de incêndio, pela detecção através de sensores específicos (térmicos, infravermelho, fotoelétricos, ou de ionização). Nesse caso, o risco seria o da presença de pessoas nesses locais confinados, devido à possibilidade de asfixia pelo fato de o CO eliminar o oxigênio do ambiente ao expulsar a atmosfera respirável do recinto. Por isso, na presença de sistemas automáticos de CO , não é permitida a presença de pessoas no local.Áreas ClassificadasO termo “Áreas Classificadas” (presente nos itens 10.9.2, 10.9.4 e 10.9.5), significa áreas passíveis de possuir atmosferas explosivas. Atmosferas explosivas são forma-das por gases, vapores ou poeiras e oxigênio, na proporção correta que dependerá das características de cada produto, e que em presença de uma fonte de ignição causará incêndio ou explosão. O termo refere-se à classificação dessas áreas, em função do seu potencial de risco devido às subs-tâncias inflamáveis presentes. Assim, esses ambientes podem ser dividi-dos em três classes, que são ainda subdivididas em grupos e divisões (ou zonas, pela norma brasileira).

Sistema Elétrico: Circuito ou circuitos elétricos inter-re-

lacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

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39NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Figura 7: Roupa anti-chama

Acompanhe.Classe I – Gases e vapores, dividida em quatro grupos, de “A” a “D”, e algumas das substâncias são: acetileno, hidrogênio, butadieno, acetaldeído, eteno, monóxido de carbono, ace-tona, acrinonitrila, amônia, butano, benzeno, gasolina, etc.Classe II – Poeiras, dividida em três grupos, de “E” a “G”, sendo poei-ras metálicas combustíveis, poeiras carbonáceas (carvão mineral, hulha), e poeira combustível, como farinha de trigo, ovo em pó, goma-arábica, celulose, vitaminas, etc.Classe III – Fibras combustíveis, como rayon, sisal, fibras de madeira, etc. Existe ainda uma classificação em que são consideradas as proba-bilidades de ocorrência da mistura explosiva, divisão 2 e 1 (pelas nor-mas internacionais) e zonas 0, 1, e 2 (pelas normas brasileiras). As normas mencionadas são a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), IEC (International Elec-trotechnical Commission, europeia), NEC (National Electrical Code, americana), API (American Petroleum Institute) e NFPA, (National Fire Protection Association, americana).

Você conseguiu compreender os conceitos de áreas classificadas e as classes de incêndio? Portanto, você está preparado para seguir adiante! Agora, conheça o que diz a NR 10 sobre a sinalização obrigatória de segurança.

10.10 Sinalização de segurança10.10.1 Nas instalações e ser-viços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à ad-vertência e à identificação, obe-decendo ao disposto na NR 26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, entre outras, as situações a seguir:a) identificação de circuitos elé-tricos;b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de ma-nobra e comandos;c) restrições e impedimentos de acesso;d) delimitações de áreas;e) sinalização de áreas de cir-culação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas;f ) sinalização de impedimento de energização; eg) identificação de equipamen-to ou circuito impedido.

O item 10.10.1 também refere-se à NR 26, que dispõe sobre sina-lização de segurança e orienta a utilização das cores como meios identificadores de equipamentos de segurança, delimitando áreas e identificando riscos. As cores específicas também aparecem em associação com frases, desenhos e símbolos, com o objetivo de pre-venção dos acidentes do trabalho.

DICA A correta identificação de cir-cuitos elétricos leva à eficácia no desligamento dos circuitos corretos, seja por necessidades de manutenção, seja por ma-nobras de emergência.

Antigamente não existia padroni-zação de identificação de circuitos elétricos energizados, o que facilitava a ocorrência de acidentes. O mesmo se aplica à utilização de etiquetas e placas para a identificação de travamentos, bloqueios de disposi-tivos e de sistemas de manobras e comandos em instalações elétricas.

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40 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Restrições e impedimentos de acesso e delimitações de áreas impedem a livre circulação de trabalhadores que não estejam diretamente envolvidos com as atividades presentes num determinado local, que consequen-temente não estão suficientemente informados dos riscos ali existentes. Devem ser utilizados cartazes, cones, fitas, luzes, e até a própria viatura de manutenção, principalmente nos trabalhos na área urbana. Veja comentários dos itens 10.5 (Segurança em Instalações Elétricas Desenergizadas) e 10.2.8 (Medidas de Proteção Coletiva).

Cores de sinalização em trabalhos de eletricidade

Nos trabalhos em instalações elétricas é interessante ressaltar e resumir o emprego de algumas cores. Observe.Vermelho – Identificação de siste-mas de combate a incêndio; como hidrantes, bombas, caixas de alarme, extintores e sua localização, tubu-lações da rede d’água de incêndio, portas de saída de emergência, etc. e excepcionalmente em situações de advertência de perigo, como luzes em barricadas e barreiras, e em botões interruptores de circuitos elétricos, em paradas de emergência.

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Amarelo – (Alta visibilidade) – Cuidado, no sentido de chamar a atenção, alertar, distinguir, advertir, em corrimãos, parapeitos, bordos desguarnecidos de abertura no solo, vigas colocadas em baixa altura, empilhadeiras, tratores, pontes ro-lantes, guindastes, na delimitação de circulação de máquinas e pedestres, no piso, e em combinação com listras pretas em fitas de sinalização zebradas.

Hemera ([20--?])

Verde – Associado à segurança, em canalizações d’água, (verde claro – água potável; verde – água industrial), caixas de equipamento de socorro de urgência, chuveiros de segurança, lava olhos, emblemas de segurança, salas de curativos de urgência, etc.Laranja – (Alta visibilidade) – Aler-ta, em partes móveis de máquinas e equipamentos, faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos, faces externas de polias e engrenagens, botões de arranque de segurança, dispositivos de corte, bordas de serras, prensas, etc. Púrpura – Riscos de exposição à radiação nuclear.

Hemera ([20--?])

Antes de iniciar o próximo tópico, é importante que você tenha em mente o conceito de “procedimen-to”, ou seja, da sequência de ações para realização de um determinado trabalho. Observe o que a norma menciona em relação a isto.

10.11 Procedimentos de traba-lho10.11.1 Os serviços em instala-ções elétricas devem ser plane-jados e realizados em conformi-dade com “Procedimentos” de trabalho específicos, padroni-zados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinado por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

Procedimentos são o detalhamento das atividades intermediárias, opera-ções necessárias e padronizadas para se realizar um trabalho, levando-se em conta as necessidades materiais e humanas, e a certeza de que o resultado final será alcançado res-peitando as regras de qualidade e de segurança desejadas.Sua definição deve contar com a participação dos integrantes dos Serviços Especializados em En-genharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), segundo a Norma Regulamentadora 4.

10.11.2 Todos os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de servi-ço específicas, aprovadas por trabalhador autorizado, conten-do, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos proce-dimentos de trabalho a serem adotados.

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41NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Os trabalhos só podem ter início, ou existência real, se precedidos por uma ordem de serviço, que garanta as responsabilidades e procedimentos necessários. A assinatura de apro-vação só terá validade se pertencer a um trabalhador autorizado.

Wavebreak Media ([20--?])

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de con-trole e orientações finais.10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segu-rança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo o processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), quando houver.10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformi-dade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR.

10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos.10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe, os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.10.11.8A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.Você já ouviu falar no documento de análise de risco? Análise de risco é uma ferramenta gráfica na qual uma atividade é analisada passo a passo, com cada passo associado a um responsável, identificando-se o(s) risco(s) correlatos. Como resultado, elabora-se a lista de controles necessários à neutralização de cada risco identificado.A análise de risco deve também contemplar, quando necessário, o modo de detecção dos riscos e as ações de emergência. Observe um exemplo!

Tabela 2: Exemplo de passo referente à abertura de uma chave corta-circuito, den-tro de uma atividade mais complexa

Passo 11 Responsável Riscos Efeitos Controle

Abrir a chave corta-circuito

Descrição: Abrir as cha-ves utilizando a vara de manobra e observando a sequencia correta, ou seja: “Primei-ro a chave da extremidade mais próxima da chave do meio, depois a chave da extremidade mais distante da chave do meio, e por último a chave do meio.”

▪ Eletricista

▪ Arco elétrico

▪ Postura

▪ Quei-madura

▪ Entorse muscular

▪ Usar luvas isolantes de borracha para alta-tensão, capacete de segurança, óculos e botas de segurança;

▪ Manu-sear firme e corretamente a vara de ma-nobra;

▪ Assumir posição e pos-tura corretas.

A análise de risco vai gerar os procedimentos de segurança necessários à realização de uma atividade! A seguir prepare-se para adquirir novos conhecimentos com a última seção desta unidade de estudos. Nela você vai conhecer o que diz a NR 10 sobre situações de emergência e divisão de responsabilidades.

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42 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

SEção 7 Situações de emergência e responsabilidades

Para iniciar você saberá o que diz a norma com relação à situação de emergência.

10.12 Situação de emergência 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade de-vem constar do plano de emer-gência da empresa.

O Plano de Emergência é uma ferramenta preventiva e prática que permite desencadear ações (de emergência) rápidas e eficazes, visando controlar e minimizar as con-sequências de eventos que colocam em risco as instalações industriais, meio ambiente, funcionários e a comunidade.

10.12.2 Os trabalhadores au-torizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar pri-meiros socorros a acidentados, especialmente por meio de rea-nimação cardiorrespiratória.10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padroniza-dos e adequados às suas ativi-dades, tornando disponíveis os meios para a sua aplicação.10.12.4 Os trabalhadores au-torizados devem estar aptos a manusear e operar equipamen-tos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instala-ções elétricas.

É possível listar várias formas de sinistros, como vazamento de gases tóxicos ou inflamáveis, vazamentos de líquidos voláteis, vazamentos de produtos tóxicos, incêndios, explosões, alagamentos, choques elétricos, etc.Acidentes em instalações elétricas normalmente causam incêndios, queimaduras, paradas cardiorrespi-ratórias, e muitas vezes é necessário o resgate de acidentados em altura (torres, postes) ou no interior de locais com dificuldade de acesso. Então, especificamente, empresas com possibilidades de acidentes em instalações ou serviços com eletri-cidade, devem observar que todo trabalhador deverá ser treinado em resgate de acidentados, primeiros socorros, reanimação cardiorrespi-ratória, e combate a incêndio, sendo capazes de uma perfeita utilização dos equipamentos de resgate e de extinção de incêndios.

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10.13 Responsabilidades10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratan-tes e contratados envolvidos.

Com relação ao item “10.13 – Res-ponsabilidades”, a norma atualizada mostrou-se bem mais detalhada em relação ao envolvimento de todos, empresa contratante, contratadas, e trabalhadores no cumprimento dos artigos da norma. O termo solidário significa que todos os mencionados poderão responder juridicamente pelo não cumprimento dos artigos desta norma (item 10.13.1).

10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os tra-balhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos pro-cedimentos e medidas de con-trole contra os riscos elétricos a serem adotados.10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de tra-balho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, pro-por e adotar medidas preventi-vas e corretivas. 10.13.4 Cabe aos trabalhadores:a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho;b) responsabilizar-se com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regula-mentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de se-gurança e saúde; ec) comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço às situações que consi-derar de risco para sua seguran-ça e saúde e a de outras pesso-as.

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43NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

DICA Ato inseguro é tudo o que o trabalhador faz, voluntariamente ou não, e que pode provocar um acidente. São considerados atos inseguros imperícia, excesso de confiança, imprudência, exibicionismo, negligên-cia, desatenção, brincadeiras no local de trabalho, etc.Condição Insegura é decorrente de situações existentes no ambiente de trabalho e que podem causar acidentes, como piso escorregadio, iluminação deficiente, excesso de ruído, falta de arrumação, instalações elétricas sobrecarregadas, máquinas defeituosas, matéria-prima de má qualidade, calçado ou vestimentas impróprios, falta de planejamento, jornada de trabalho excessiva, etc.

O trabalhador não só tem o direito de ser informado, pela empresa, de todos os riscos a que estão expostos, e dos procedimentos de segurança e de controle de riscos correlatos, como também passa a estar legalmente envolvido com a responsabilidade de zelar pela própria integridade física e saúde, assim como a de seus companheiros de trabalho, obrigando-se a cumprir os procedimentos de segurança, procedimentos legais e regula-mentos da empresa, e tendo a obrigação de comunicar possíveis situações de risco (atos ou condições inseguras) que possam afetar a sua integridade física e saúde e a de seus companheiros.

DICA As disposições finais da NR 10 dizem respeito mais uma vez aos direitos e deveres de trabalhadores e empregadores.

Acompanhe o último trecho da norma.

10.14 Disposições finais10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o “Direito de Recusa”, sempre que constatarem evidências de riscos gra-ves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que dili-genciará as medidas cabíveis.

O item 14.1 acrescenta um tópico importantíssimo à norma, pois exer-cendo o “direito de recusa” o trabalhador pode interromper sua atividade sempre que for constatada a condição de “risco grave e eminente” com relação a si ou a outras pessoas. A condição de “risco grave e eminente” é definida na Norma Regula-mentadora 3 (Embargo ou Interdição) como toda condição ambiental de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do trabalhador.

Direito de Recusa: Instru-mento que assegura ao

trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por consi-derar que ela envolve um grave e iminente risco para sua segu-rança e saúde ou de outras pessoas.

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44 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Robert Marfin (2013), SENAI DN (2013)

10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos origi-nados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato quando cabível, denúncia aos órgãos competentes.10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nes-ta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR 3.10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemen-te à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas.10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanente-mente, à disposição das autoridades competentes.10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por “Extrabaixa Tensão”.

Extrabaixa Tensão (EBT): Tensão não superior a 50

volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

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45NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

A Norma Regulamentadora nº 3 (Embargo ou Interdição) também é mencionada no item 10.14.3, no qual o Ministério do Trabalho e do Em-prego (MTE), através do Auditor Fiscal do Trabalho, pode embargar ou interditar total ou parcialmente qualquer instalação, ou parte de instalação que não esteja de acordo com a NR 10.Você está encerrando a primeira unidade do curso básico da Norma Regulamentadora 10! A intenção desta etapa é destacar a importância da NR 10 como força de combate aos acidentes e consequentemente como auxílio na saúde do trabalho em instalações e serviços em eletricidade.No decorrer desta unidade, você conheceu todo o texto da norma e seus comentários, passando por objetivos, campo de aplicação, medidas de controle, segurança em projetos e em instalações elétricas, alta tensão, habilitação de trabalhadores, proteção contra incêndio, sinalização, pro-cedimentos de trabalho, situações de emergência e divisão de responsabi-lidades. É um texto abrangente e complexo como a própria NR 10. Nas próximas etapas você estudará estes conceitos de forma mais aplicada.

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Unidade de estudo 2

Seções de estudo

Seção 1 – Introdução aos riscos elétricosSeção 2 – Riscos em instalações e serviços com eletricidadeSeção 3 – Técnicas de análise de riscosSeção 4 – Medidas de controle do risco elétricoSeção 5 – Proteção individual e coletivaSeção 6 – Normas Técnicas BrasileirasSeção 7 – Rotinas de trabalho

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47NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Riscos Elétricos

SEção 1 Introdução aos riscos elétricos

Uma forma brusca, porém verdadeira, de iniciar um estudo sobre segu-rança em eletricidade é informar que eletricidade pode ser fatal. O gráfico mostra a evolução de óbitos ligados ao sistema elétrico nacional. Observe.

1999 2000 2001 2005 2006 20072002 2003 2004 2008 2009 2010

200180160140120100806040200

Qu

anti

dad

e d

e p

ess

oas

Acidentes fatais

Qtde totalContratadosEmpregados

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 8: Acidentes fatais ocorridos no Sistema Elétrico de Potência (SEP)Fonte: Fundação COGE (2010)

Sempre que trabalhar com equipamentos elétricos, ferramentas manuais ou com instalações elétricas, você estará exposto aos riscos da eletricidade. Isso ocorre no trabalho, em casa e em qualquer outro lugar, afinal você está cercado por redes elétricas em todos os lugares.

O que ocorre

O contato com partes energizadas da instalação pode fazer com que a corrente elétrica passe pelo corpo humano. Os resultados podem ser choque elétrico e queimaduras externas e internas. As consequências dos acidentes com eletricidade são muito graves, provocam lesões físicas e traumas psicológicos, e muitas vezes são fatais. Os incêndios originados por falhas ou desgaste das instalações elétricas são outro viés negativo.

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48 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

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Definição de tensões

A NR 10 estabelece os requisitos e as condições mínimas para as medidas de controle e sistemas pre-ventivos relacionados a instalações que operam em extrabaixa tensão, baixa tensão e alta tensão. Sob a ótica da NR 10, são instalações de alta tensão aquelas que operam com tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. Acima dos valores estipulados, os critérios de segurança são, no mínimo, os definidos pela NR 10.

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Em relação à baixa tensão, as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (normas regulamentadoras) e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (normas técnicas) são idênticas à NR 10 e definem “baixa tensão” como superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. As extrabaixas tensões, por sua vez, são as tensões não-superiores a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua.Aqui você pôde perceber a importância de saber como se proteger quando manusear a eletricidade. Na próxima seção você estudará os riscos elétri-cos propriamente ditos, com a adoção de respectivos procedimentos e medidas de controle. Seu estudo e disciplina vão gerar segurança para a vida de muitas outras pessoas, incluindo você. Pense nisso!

SEção 2 Riscos em instalações e serviços com eletricidade

Existem diferentes tipos de riscos elétricos, devido aos efeitos da eletri-cidade no ser humano e no meio ambiente. Os principais são o choque elétrico, o arco elétrico, a exposição aos campos eletromagnéticos e o incêndio. Confira na sequência os malefícios que pode causar a eletricidade.

▪ Choque elétrico: é o principal e mais grave risco elétrico derivado das redes de energia elétrica. O choque elétrico decorre da corrente elé-trica, ou seja, o fluxo de elétrons que circula quando existe um caminho denominado circuito elétrico, estabelecido entre dois pontos com po-tenciais elétricos diferentes, como um condutor energizado e a terra. Se você encostar em ambos simultaneamente formará o circuito elétrico e permitirá que a corrente circule através do seu corpo.

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49NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Atualmente os condutores ener-gizados perfazem milhões de qui-lômetros, portanto aleatoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolação) aparecerá em algum lu-gar, produzindo um potencial de risco ao choque elétrico. Assim, a compreensão do mecanismo do efeito da corrente elétrica no corpo humano é fundamental para a efetiva prevenção e o combate aos riscos provenientes do choque elétrico.

Hemera ([20--?])

Em termos de riscos fatais, o choque elétrico pode ser analisado sob dois aspectos. Acompanhe!

1. Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa tensão, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardíacas e respiratórias.

2. Estas cargas elétricas residuais podem estar presentes em acumuladores ou capacitores e pode também estar presente de forma indevida em máquinas e equipamentos que não estejam aterrados.

3. Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta tensão, sendo o efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e internas no corpo humano.

Concluindo, o choque elétrico é a perturbação de natureza e efeitos diversos que se manifesta no or-ganismo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica. Os efeitos do choque elétrico variam e dependem dos fatores a seguir:

▪ percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;

▪ intensidade da corrente elétrica;

▪ tempo de duração;

▪ área de contato;

▪ frequência da corrente elétrica;

▪ tensão elétrica;

▪ condições da pele do indivíduo;

▪ constituição física do indivíduo;

▪ estado de saúde do indivíduo.

Tipos de choques elétri-cos

O choque elétrico pode ser divi-dido em duas categorias, estático e dinâmico. Saiba mais sobre eles!

Choque estático

Ocorre devido à descarga eletros-tática, ou seja, pela descarga de cargas elétricas residuais existentes em equipamentos. Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em climas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependen-do do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo.

Choque dinâmico

É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado. Este tipo de choque acontece em duas ocasiões:

▪ toque acidental na parte metálica do condutor denominada “parte viva”;

▪ toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e ins-talações, que fiquem energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolação.Este tipo de choque é o mais perigo-so, porque a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a persistência da corrente atravessando o corpo, os órgãos internos sofrem consequências gradativas, como as destacadas a seguir:

▪ elevação da temperatura dos órgãos devido ao aquecimento produzido pela corrente de choque;

▪ tetanização (rigidez) dos músculos;

▪ superposição da corrente do choque com as correntes neuro-transmissoras que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos e involuntários;

▪ comprometimento do coração quanto ao ritmo de batimento car-díaco e à possibilidade de fibrilação ventricular;

▪ efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue;

▪ comprometimento da respiração;

▪ prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua devida posição;

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50 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ comprometimento de outros órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos genitais e reprodutores.

Muitos órgãos aparentemente sadios só vão apresentar sintomas devido aos efeitos da corrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque elétrico. As sequelas muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo decorrido desde o acidente.

Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou pela tensão de passo. Acompanhe!

Tensão de toque

Tensão de toque é a tensão elétrica (diferença de potencial) existente entre os membros superiores e inferiores do indivíduo, devido à circulação de corrente no objeto tocado. Por exemplo, um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmissão provoca a tensão de toque. O cabo condutor ao tocar na parte metálica da torre produz um cur-to-circuito do tipo monofásico a terra. A corrente de curto-circuito passará pela torre, entrará na terra e percorrerá o solo até atingir a malha da subestação, retornando pelo cabo da linha de transmissão até o local do curto. A figura mos-tra a situação e o circuito elétrico equivalente.No solo, a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o“pé” da torre até uma distância remota. Este potencial é apresentado pela curva da figura.

Curva do potencial emrelação a um ponto remotona terra durante a falta

R1 R2

1m R c 2

Rch Ichoque

Vtoque

IF

Vtoque

IF Rcorpo humano

R1

R2 R c 2

Ichoque

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 9: Tensão de toque

Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficará submetida a um choque proveniente da tensão de toque. Entre a palma da mão e o pé haverá uma diferença de potencial chamada de tensão de toque.Por norma, e nos projetos de sis-tema de aterramento, considera-se a pessoa afastada a um metro do equipamento em que está tocando com a mão. Neste caso, a resistência R1 representa a resistência da terra do “pé” da torre até a distância de 1 metro. O restante do trecho da terra é representado pela resistência R2.A resistência do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz (no caso de pele suada), submetida a uma tensão de toque maior que 250 V fica saturada em 1.000 ohms.Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por R contato. Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula a seguir.

V toque = (R corpo hu-mano + R contato ÷ 2) I cho-que

O aterramento no “pé” da torre só estará adequado se, no instante do curto-circuito monofásico a terra, a tensão de toque ficar abaixo do limite de tensão para não causar fibrilação ventricular.

A tensão de toque é perigosa porque o coração está no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco de fibrilação ventricular.

Tensão de passo

A tensão de passo é a tensão elétrica (diferença de potencial) entre os dois pés no instante da operação ou defeito tipo curto-circuito mo-nofásico a terra no equipamento. A figura mostra a situação e o circuito elétrico equivalente.

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51NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

No caso da torre de transmissão, a pessoa receberá entre os dois pés a tensão de passo. Nos projetos de aterramento considera-se a distância de um metro entre os dois pés.

R1 R3

Ich

Vpasso

IF

Vpasso

IFRcorpo humano

R2

R3

Ichoque

Rc Rcontato

Rcorpo humano

Rcontato

Rcontato

R2

R1

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 10: Tensão de passo

Pela figura apresentada, obtém-se a expressão seguinte.

V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque

O aterramento só será bom se a tensão de passo for menor do que o limite de tensão de passo, para não causar fibrilação ventricular no ser humano.

A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque. Isso se deve ao fato de o coração não estar no percurso da corrente de choque quando o corpo é submetido à tensão de passo. Esta corrente vai de pé em pé, mas mesmo assim é também perigosa. As veias e artérias vão da planta do pé até o coração. Por esse motivo, a tensão de passo é também perigosa e pode provocar fibrilação ventricular. Observe que as tensões geradas no solo pelo curto circuito criam superfícies eqüipotenciais.

Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial, a tensão de passo será nula, não havendo choque elétrico. Confira!

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52 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Vpasso Vpasso

Ichoque =

(Rcorpo + 2Rcontato)

Vchoque

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 11: Tensão de passo e seus valores

A tensão de passo poderá assumir uma gama de valores, que vai de zero até a máxima diferença entre duas superfícies equipotenciais separadas de um metro. Um agravante é que a corrente de choque devido à tensão de passo contrai os músculos da perna e coxa, fazendo a pessoa cair e, ao tocar no solo com as mãos, a tensão se transforma em tensão de toque no solo. Nesse caso, o risco é maior, porque o coração está contido no percurso da corrente de choque.No gado, a tensão de passo se transforma em tensão entre patas. Essa tensão é maior que a tensão de passo do homem, com o agravamento de que no gado a corrente de choque passa pelo coração.

Fatores determinantes da gravidade do choque

Os principais fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são os seguintes:

▪ trajeto da corrente elétrica;

▪ características da corrente elétrica;

▪ resistência elétrica do corpo humano.

Efeitos dos choques elétricos em função do tra-jeto

O trajeto que a corrente faz pelo corpo influencia nas consequências do acidente por choque elétrico. Isso é um dado importante, já que é mais fácil prestar socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilação ventricular – neste caso é exigido um processo de reanimação por massagem cardíaca que nem toda pessoa que está prestando socorro sabe realizar.A tabela apresenta os prováveis locais por onde se poderá dar o contato elétrico, o trajeto da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa pelo coração.

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53NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 3: Trajeto de corrente elétrica e porcentagem de corrente que passa pelo Coração

Local de entrada Trajeto Porcentagem da corrente

Figura A Da cabeça para o pé direito 9,7%

Figura B Da mão direita para o pé esquerdo 7,9%

Figura C Da mão direita para a mão esquerda 1,8%

Figura D Da cabeça para a mão esquerda 1,8%

Características da cor-rente elétrica

Corrente contínua (CC)

A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto, específico e vulnerável do ciclo cardíaco.

Corrente alternada (CA)

Correntes com frequências entre 20 e 100 Hz, são as que oferecem maior risco. As de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são especifica-mente mais perigosas, uma vez que se situam próximo à frequência na qual a possibilidade de ocorrência da fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de fre-quências elevadas, acima de 2.000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são pequenas, contudo, ocorrerão queimaduras, devido ao fato de a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invés da interna.

Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente

A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é extrema-mente relevante nos acidentes por choque elétrico. Como se observa no gráfico, a norma NBR 6533, da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas que pesem 50 kg.

10000

5000

2000

1000

500

200

100

50

20

10

T (ms)

0.1 0.2 0.5 1 2 5 10 20 50 100 200 500 1000 2000 5000 10000

I (mA)

a b c d

1 2 3 4 5

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 12: Choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente

Zona 1 – Habitualmente nenhuma reação.Zona 2 – Habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso.Zona 3 – Habitualmente nenhum risco de fibrilação.Zona 4 – Fibrilação possível (probabilidade de até 50%).Zona 5 – Risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%).

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54 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Observe o exemplo do toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um circuito elétrico. Quando a pele estiver seca, uma resistência de 400.000 ohms; quando úmida, uma resistência de apenas 15.000 ohms. Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito elétrico que representa uma diferença de potencial de 120 volts, o resultado será.Quando seca:I = 120 V ÷ 400.000 = 0,3 mAQuando molhada:I = 120 V ÷ 15.000 = 8 mA

Resistência elétrica do corpo humano

A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima de-penderá, em muito, da resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente, e de qualquer outra resistência adicional entre a vítima e a terra. A resistência que o corpo humano oferece à passagemda corrente é quase que exclusiva-mente devida à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100.000 ohms e 600.000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes. A variação apresentada é em função da espes-sura. Quando a pele, no entanto, encontra-se úmida, condição mais facilmente encontrada na prática, a resistência elétrica do corpo pode ser muito baixa, atingindo 500 ohms. Esta baixa é originada pelo fato de que a corrente pode então passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistência elétrica.

Ao estar com cortes, a pele também pode oferecer uma baixa resistência. A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500 ohms.Todas estas diferenças são condições que influem muito na possibilida-de de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico.

Hemera ([20--?])

DICA O termo “corrente de largar” reflete o valor máximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segu-rando um objeto energizado e ainda ser capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente estimulados por esta corrente.

Espraiamento de cor-rente do choque elétrico

Devido à diferença da resistência elétrica e de seções transversais das várias regiões do corpo humano, a corrente que provoca o choque elétrico sofre, dentro de um indiví-duo, uma distribuição diferenciada, ou um espraiamento, como mostra a figura.

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 13: Espraiamento de corrente do choque elétrico

Portanto, o efeito da corrente do choque se dá de maneira diferenciada no corpo humano. Desse modo, os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta densidade de corrente, podendo produzir quei-maduras de alto risco. Já na área de baixa densidade de corrente o calor produzido é pequeno. Em virtude da área da região do tórax ser maior, a densidade de corrente é pequena, diminuindo os efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração. Isso é positivo do ponto de vista da segurança humana. O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque.O macrochoque é definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da dife-rença de potencial do choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depender do estado da pele.

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55NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

DICA O macrochoque é o choque comum, sentido pelas pessoas. Qualquer pessoa ao encostar num local energizado, ou num equipamento elétrico com defeito na sua isolação, ficará à mercê do macrochoque.

Já o microchoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano. É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipa-mento médico-hospitalar. Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qualquer órgão humano, poderá produzir microchoque.Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condutores internos no corpo. A resistência elétrica nestas condições é muito baixa, aumentando o perigo do choque.

Efeitos do choque no indivíduo

O choque elétrico provoca os efeitos relacionados a seguir.

▪ Parada respiratória – inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiração.

▪ Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação e uma consequente parada.

▪ Necrose – resultado de quei-maduras profundas produzidas no tecido.

▪ Eletrólise – alteração no sangue provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos da corrente elétrica.

▪ Tetanização – paralisia muscular provocada pela passagem de corrente elétrica nos nervos que controlam a movimentação dos músculos.

▪ Perturbação do sistema nervoso.

▪ Sequelas em vários órgãos do corpo humano.

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É importante lembrar que, se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede, todas as manifestações podem ocorrer. Para os choques elétricos devido à tensão de toque e à de passo impostas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a manifestação mais importante a ser considerada é a fibrilação ventricular do coração, que será abordada mais adiante.

Você sabe as diferenças entre pa-rada cardíaca e fibrilação ventricu-lar?Importante esta pergunta! Veja a seguir exatamente o que significa cada uma delas.Parada cardíaca é a falta total de funcionamento do coração. Quan-do ele está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai a zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado, as fibras musculares estão inativas, inter-rompendo o batimento cardíaco.

Fibrilação ventricular no coração humano é um fenômeno diferente da parada cardíaca, mas com con-sequências idênticas. Na fibrilação ventricular as fibras musculares do coração ficam tremulando desordenadamente, havendo, desta forma, uma total ineficiência no bombeamento do sangue.

Queimadura devido ao choque elétrico

Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia térmica. Este fenômeno é denominado efeito Joule.

E térmica = R corpo humano . I2 choque . t choqueOnde:R corpo humano - Resistência elétrica (ohms) do corpo hu-mano. Ou, se for o caso, só a resistência de parte do corpo, do músculo ou órgão afetadoI choque - Corrente elétrica do choque (A).t choque - Tempo do choque (s).E térmica -Energia em joules (J) liberada no corpo humano.

O calor liberado aumenta a tempe-ratura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser os seguintes:

▪ queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo;

▪ aquecimento do sangue, com a sua consequente dilatação;

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56 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;

▪ queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida;

▪ queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.

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Essas condições não acontecem isoladamente, mas sim associadas, gerando em consequência outras causas e efeitos nos demais órgãos. O choque de alta tensão queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e saída da corrente pelo corpo humano. As vítimas do choque de alta-tensão morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevi-vem ficam com sequelas, como os exemplos a seguir:

▪ perda de massa muscular;

▪ perda parcial de ossos;

▪ diminuição e atrofia muscular;

▪ perda da coordenação motora;

▪ cicatrizes, entre outras.Choques elétricos em baixa tensão, por outro lado, têm pouco poder térmico. O problema maior é o tempo de duração, que, se persistir, pode levar à morte, geralmente por fibrilação ventricular do coração.

A queimadura também é provocada de modo indireto, isto é, devido ao mau contato ou a falhas internas no aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos internos, elevando a temperatura em níveis perigosos.

Proteção contra efeitos térmicos

Tanto as pessoas quanto os componentes fixos de uma instalação elétrica e os materiais fixos próximos devem ser protegidos contra os efeitos pre-judiciais do calor ou da irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétricos. Isso vale particularmente nos seguintes casos:

▪ riscos de queimaduras;

▪ prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação;

▪ combustão ou deterioração de materiais.

Proteção contra queimaduras

As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas. Devem também atender aos limites de temperaturas, ainda determinados pela NBR 14039, e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental.

Tabela 4: NBR 14039 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipa-mentos elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal

Tipo de superfície Temperaturas máximas (°C)

Superfície de alavancas, volantes ou punhos de dispositivos de controle manuais:

Metálicas 55

Não-metálicas 65

Superfícies previstas para serem tocadas em serviço normal, mas não destinadas a serem mantidas à mão de forma contínua:

Metálicas 70

Não-metálicas 80

Superfícies acessíveis, mas não destinadas a serem tocadas em serviço normal:

Metálicas 80

Não-metálicas 90

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57NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Até agora você já conheceu uma parte dos riscos elétricos, a corrente elétrica no corpo e alguns efeitos dela, como a liberação de calor. A seguir, você conhecerá um fenômeno de alto risco chamado arco elétrico, ou arco voltaico. Acompanhe!

Arco elétrico

Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por ou-tro meio isolante (óleo, por exemplo) está ocorrendo um arco elétrico, conforme mostra a figura.

Wallace Fontes (2012)

O arco elétrico, também chamado de arco voltaico, é uma ocorrência de curtíssima duração (menor que 0,5 segundo), e muitos são tão rápidos que o olho humano não chega a perceber.Os arcos elétricos são extremamente quentes. Sua temperatura pode alcançar 20.000°C. Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras.Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia. Forte explosão e ener-gia acústica acompanham a intensa energia térmica. Em determinadas situações, uma onda de pressão também pode se formar, sendo capaz de atingir quem estiver próximo ao local da ocorrência.

Consequências de arcos elétricos (queimaduras e quedas)

Caso ocorra centelha ou arco, a temperatura deste será tão alta que poderá destroir os tecidos do corpo.

Também podem desprender-se partículas incandescentes, perigosas aos olhos.O arco pode ser causado por fato-res relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a pessoas. Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de forma insegura ou manejam ferra-mentas, instrumentos ou materiais condutores próximos de instalações energizadas.Outras causas podem estar relacio-nadas a equipamentos, e incluem falhas em partes condutoras que integram ou não os circuitos elétricos. Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira ou água, ou ainda pela presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circui-tos em barramentos de painéis ou subestações).A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende da energia liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que utilizam. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da vítima pelo calor do arco elétrico. Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por exem-plo) de queima contínua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da queimadura quanto a área total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da lesão e a própria sobrevivência da vítimaA proteção para evitar danos ocasio-nados pelo arco depende do cálculo da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteção adequadas devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do arco elétrico. Portanto, muitas vezes, além da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capuzes.

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58 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Leal ([20--?])

O que agora parece óbvio nem sempre foi observado! Em determinadas situações uma análise de risco bem-feita indica a necessidade de uma vesti-menta de proteção contra o arco elétrico, conforme demonstrada na figura.

Pressão

Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico, tam-bém está presente o risco de ferimentos e quedas decorrentes das ondas de pressão que podem se formar pela expansão do ar.Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e derrubar o trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em lesões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em alturas, o que é comum em diversos tipos de instalações.

Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco

Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados e instalados de forma a garantir a se-gurança das pessoas que trabalham nas instalações.

Existem algumas medidas para garantir a proteção contra os peri-gos resultantes de faltas por arco. Acompanhe!

▪ Utilização de um ou mais dos seguintes meios: dispositivos de abertura sob carga; chave de ater-ramento resistente ao curto-circuito presumido; sistemas de intertrava-mento; fechaduras com chaves não intercambiáveis.

▪ Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível.

▪ Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas.

▪ Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos.

▪ Emprego de dispositivos limi-tadores de corrente.

▪ Seleção de tempos de interrupção muito curtos, o que pode ser obtido através de relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos.

▪ Operação da instalação.

Campos eletromagnéti-cos

O termo “campo” indica que em um determinado espaço existe uma força que pode ser responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua, que determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de campo. Além do campo gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e eletromagnético.

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O campo elétrico se caracteriza pela presença de corpos eletrizados, ou seja, ao redor de corpos eletrizados existe uma região que irá exercer força elétrica em outros corpos inseridos na mesma região. O valor do campo depende da distância em relação ao corpo eletrizado é e medido em Volts/metro.

+q

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 14: Quadro da linha de força do campo e das superfícies equipotenciais em torno de uma esfera carregada de eletricidade.

O campo magnético se caracteriza pela presença de um fluxo magnético, provocado por ímãs ou eletroímãs, em uma determina região. O fluxo magnético consegue magnetizar corpos metálicos nele inseridos determi-nando o aparecimento de forças de origem magnética. O fluxo magnético ou campo magnético é medido em Tesla ou em Gauss. Um fenômeno importante da eletricidade está associado a campos magnéticos variáveis. Eles criam campos elétricos variáveis. O inverso também ocorre, dando origem aos campos eletromagnéticos. As figuras demonstram como se representam os campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos.

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Figura 15: Representação gráfica plana do campo de uma linha fibrilar de alta ten-são.

DICA A queda de um raio é um bom exemplo de formação de campos eletromagnéticos na atmosfera. Como a corrente do raio sofre variação no tempo, ela cria campos elétricos e magnéticos no espaço ao redor do canal de corrente entre a nuvem e o solo.

As manifestações dos dois campos são sentidas nas linhas elétricas ou de telecomunicações próximas, evidencian do que o campo se propaga no ar. Nas linhas aparecem sobretensões (tensões induzidas) como consequência dos campos eletromagnéticos causados pelos raios.

Dois efeitos ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnéticos: o campo elétrico provoca a formação de uma carga sobre a superfície da pele, e o magnético causa fluxo de correntes circulando em todo corpo.

Normalmente estes efeitos não são prejudiciais ao seres humanos, mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito intensos, podem ocorrer disfunções em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores de insulina), além da circulação de correntes em próteses metálicas, a ponto de provocar aquecimento. Também merece atenção a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros.

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60 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

que concerne a defeito nas costu-ras, rebites, argolas, mosquetões, molas e travas, bem como quanto à integridade da carneira e da jugular.

▪ Ferramentas, peças e equipa-mentos devem ser levados para o alto apenas em bolsas especiais, evitando o seu arremesso.

iStockphoto ([20--?])

Quando for imprescindível o uso de andaimes tubulares em locais próximos à rede elétrica, eles devem seguir os requisitos na sequência:

▪ respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as operações de montagem e desmontagem;

▪ estar aterrados;

▪ ter as tábuas da(s) plataforma(s) com, no mínimo, uma polegada de espessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime;

▪ ter base com sapatas;

▪ ter guarda-corpo de noventa centímetros de altura em todo o perímetro com vãos máximos de trinta centímetros;

▪ ter cinturão de segurança tipo pára-quedista para alturas iguais ou superiores a 2 metros;

▪ ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.

A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletro-magnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado.

DICA Por isso é fundamental que você, além de desligar o cir-cuito no qual vai trabalhar, confira, com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão), se o circuito está efetivamente sem tensão.

Até o momento você estudou uma série de riscos elétricos e como lidar com eles. Mas existem ainda os chamados riscos adicionais que, além dos elétricos, são específicos de cada ambiente ou processo de trabalho. Direta ou indiretamente, estes riscos também podem afetar a segurança e a saúde dos que tra-balham com eletricidade. Portanto, fique atento neste conteúdo que você estudará na sequência!

Riscos adicionais – Classificação

Altura

Você sabia que em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas, é importante seguir algumas instru-ções de segurança fundamentais? Sim, é isto mesmo! A seguir, você irá conhecê-las!

▪ É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular.

▪ Os equipamentos do item ante-rior devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu uso, no

Estais: significa utilizar um cabo ou vergalhão esticado

que permite equilibrar um ele-mento vertical (andaime) em pé.

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Manuseio de escada simples e de extensão

Observe as instruções de segurança no uso de escadas:

▪ inspecione visualmente a escada antes de usá-la, a fim de verificar se apresenta rachaduras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados;

▪ se houver qualquer irregularida-de, deve ser entregue ao superior imediato para reparo ou troca;

▪ deve ser manuseada sempre com luvas;

▪ limpe sempre a sola do calçado antes de subir;

▪ ao transportá-la em veículos, coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos ganchos-suportes, devida-mente amarrada;

▪ ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando firmemente os montantes;

▪ trabalhe somente depois de a escada estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de segurança e com os pés apoiados sobre os seus degraus;

▪ a escada deve ser conservada com verniz ou óleo de linhaça;

▪ cuidado ao atravessar as vias públicas, observando que ela de-verá ser conduzida paralelamente ao meio-fio;

▪ ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da escada seja de aproximadamente ¼ do seu comprimento;

▪ antes de subir ou descer, exija um companheiro ao pé da escada para segurá-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada;

▪ instalar a escada usando o pé di-reto para o apoio e a mão fechando por cima do degrau, verificando o travamento da extensão;

▪ não podendo amarrar a escada (como em uma fachada de prédio), mantenha o companheiro no pé dela, segurando-a.Percebeu como são importantes estes detalhes para que você mantenha sua integridade física? Vamos seguir aprendendo com os cuidados nos ambientes confinados!

Ambientes confinados

São locais com acesso e movimentação dificultados; reduzida ou nenhuma ventilação/iluminação e, em alguns casos, com a presença de vapores que podem causar intoxicação. Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, explosão, intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção. Confira!

iStockphoto ([20--?])

▪ Treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco.

▪ Nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhado-res não poderão realizar suas atividades sem um programa de proteção respiratória.

▪ A realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados.

▪ O monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explo-são e intoxicação no interior de locais confinados deve ser realizado por trabalhador qualificado, sob supervisão de responsável técnico.

▪ Proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado.

▪ Ventilação local exaustora eficaz, que faça a extração dos contaminan-tes e ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar.

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62 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Sinalização com informação clara e permanente durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados.

▪ Uso de cordas ou cabos de segu-rança e pontos fixos para amarração que possibilitem meios seguros de resgates.

▪ Acondicionamento adequado de substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares.

▪ A cada grupo de 20 (vinte) tra-balhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados para resgate.

▪ Manter ao alcance dos trabalhado-res ar mandado e/ou equipamento autônomo para resgate.

▪ No caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da execução do trabalho.

Áreas classificadas

Por definição, são áreas sujeitas à formação (ou existência) de uma atmosfera explosiva pela presença normal ou eventual de gases/vapo-res inflamáveis ou poeiras/fibras combustíveis. São consideradas áreas de alto risco aquelas nas quais existe a possibilidade de vazamento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas, como desgaste ou deterioração de equipamentos.Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme normas internacionais, e de acordo com a classificação exi-gem a instalação de equipamentos e/ou interfaces que atendam aos requisitos nelas prescritos.As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou os gases inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de explosão ou combustão.

Maria Komrakova ([20--?])

Segundo as recomendações da IEC 60079-10, as áreas são classificadas em três zonas. Acompanhe!

▪ Zona 0 – área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, está presente continuamente ou por grandes períodos de tempo.

▪ Zona 1 – área na qual a mistura gás/ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o fun-cionamento normal do processo.

▪ Zona 2 – área na qual uma mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, não está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos.É evidente que um equipamento instalado dentro de uma área classificada também deve ser classificado. Esta é baseada na temperatura superficial máxima que o equipamento possa alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a temperatura superficial máxima em seis níveis, assumindo como temperatura ambiente de referência 40ºC. Os níveis de tem-peratura superficial máxima são os seguintes.

▪ T1 450ºC

▪ T2 300ºC

▪ T3 200ºC

▪ T4 135ºC

▪ T5 100ºC

▪ T6 85ºC

Para facilitar seu entendimento acompanhe um exemplo. Um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambientes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC. Para diminuir o risco de uma ex-plosão, podem-se adotar diversos métodos. Um deles é eliminar um dos elementos do TETRAEDRO do fogo: calor, oxigênio, reação em cadeia e combustível; outro é através de uma das três alternativas a seguir.

1. Contenção da explosão: na verdade, este é o único método que permite que haja a explosão, porque esta fica confinada em um ambiente bem-definido e não pode propagar-se para a atmosfera do entorno.

2. Segregação: é o método que per-mite separar ou isolar fisicamente as partes elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva.

3. Prevenção: através deste método limita-se a energia, seja térmica ou elétrica, a níveis não peri-gosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada deste método de proteção e a mais efetiva. O que se faz é limitar a energia armazenada em circuitos elétricos para torná-los totalmente incapazes, tanto em condições normais de operação quanto em situações de falha, de produzir faíscas elétricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar a explosão.

As indústrias que processam pro-dutos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem, antes de sua implantação, efetuar uma análise acurada dos riscos e tomar as precauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas.

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Porém, as indústrias já implantadas poderão equacionar razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes com o auxílio de um profissional competente.Observe alguns tipos de indústrias reconhecidamente perigosas quanto aos riscos de incêndios e explosões.Indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas.

▪ Indústrias fabricantes de rações animais.

▪ Indústrias alimentícias.

▪ Indústrias metalúrgicas.

▪ Indústrias farmacêuticas.

▪ Indústrias plásticas.

▪ Indústrias de beneficiamento de madeira.

▪ Indústrias do carvão.

Instalações elétricas em ambientes explosivos

As instalações e os serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuição de energia e isolamento, bem como correta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos, entre outros riscos. Os cabos e os condutores de ali-mentação elétrica utilizados devem ser certificados por um organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus-trial – Inmetro.

Fernando Rebouças (2010)

Os locais de instalação de trans-formadores e capacitores, seus painéis e respectivos dispositivos de operação devem atender aos requisitos a seguir.

1. Ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia adequada para ope-ração em ambientes confinados.

2. Ser construídos e ancorados de forma segura.

3. Ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a alertar que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas.

4. Não ser usados para finalidades diferentes daquelas do projeto elétrico.

5. Possuir extintores portáteis de incêndio, adequados à classe de risco, localizados na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilação.

iStockphoto ([20--?])

Os cabos, instalação e equipamen-tos elétricos devem ser protegidos contra impactos, água e influência de agentes químicos, observando-se suas aplicações, de acordo com as especificações técnicas.Os serviços de manutenção ou re-paro de sistemas elétricos só podem ser executados com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto os casos a seguir.

▪ Utilizadas técnicas adequadas para circuitos energizados.

▪ Utilizados ferramentas e equipa-mentos adequados à classe de tensão.

▪ Tomadas precauções necessárias à segurança dos trabalhadores.O bloqueio durante as operações de manutenção e reparo de insta-lações elétricas deve ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visível contendo, no mínimo, as seguintes indicações.

▪ Horário e data do bloqueio.

▪ Motivo da manutenção.

▪ Nome do responsável pela operação.Acompanhe agora uma série de regras para instalações elétricas em ambientes explosivos!

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64 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Os equipamentos e máquinas de emergência, destinados a manter a continuidade do fornecimento de energia elétrica, devem estar disponíveis em perfeito estado de funcionamento.

▪ Redes elétricas, transformadores, motores, máquinas e circuitos elé-tricos devem estar equipados com dispositivos de proteção automáti-cos, para os casos de curto-circuito, sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente.

▪ Os fios condutores de energia elétrica instalados no teto de galerias para alimentação de equipamentos devem ser protegidos contra con-tatos acidentais. Os sistemas de recolhimento automático de cabos alimentadores de equipamentos elétricos móveis devem ser eletri-camente solidários à carcaça do equipamento principal.

▪ Os equipamentos elétricos móveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado. Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos, as tarefas de manutenção elétrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor, com a rede de energia desligada e a chave de acionamento bloqueada, monitorando-se a con-centração dos gases. Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados por barreiras ou outros meios físicos, a fim de evitar contatos acidentais.

▪ Toda instalação, carcaça, invólu-cro, blindagem ou peça condutora que possa vir a armazenar energia estática com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas deve ser aterrada. As malhas, os pontos de aterramento e os para-raios devem ser revisados periodicamente, com resultados registrados.

Condições atmosféricas

Umidade

Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados só deve ser iniciado com boas condições meteorológicas. Não são permitidos trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. Fique atento a este que-sito essencial!Como foi visto anteriormente, sa-be-se que a existência de umidade propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de acidentes elétricos.Deve-se levar em consideração, também, que os equipamentos iso-lados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade elevada, pois o óleo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometendo, desta forma, suas características isolantes.

DICA É possível determinar a condição de umidade favorável ou não com a utilização do termo-hi-grômetro. Na falta deste, há a opção de umedecer com um pano a superfície de um bastão de manobra, e aguardar apro-ximadamente cinco minutos. Desaparecendo a película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços.

Descargas atmosféricas (raios) – mecanismo

Devido a longos períodos de estia-gem, as chuvas que começam a cair são normalmente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas do encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente ou a partir do aquecimento do solo pelos raios solares e consequente

▪ As implantações, operações e manutenções de instalações elétricas devem ser executadas somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manu-seio e operação de equipamentos de combate a incêndios e explosões, bem como na prestação de primeiros socorros a acidentados.

▪ Trabalhos em condições de risco acentuado deverão ser executa dos por duas pessoas qualificadas, salvo critério do responsável técnico.

▪ Durante a manutenção de máquinas ou instalações elétricas, os ajustes e as características dos dispositivos de segurança não devem ser alterados, não prejudicando,desta forma, sua eficácia.

▪ Trabalhos em redes elétricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato visual entre os operadores somente podem ser realizados por meio de rádio ou outro sistema de comunicação que impeça a energização acidental.

▪ As instalações elétricas com possibilidade de contato com água devem ser projetadas, executadas e mantidas com especial cuidado quanto à blindagem, estanqueida-de, ao isolamento, aterramento e à proteção contra falhas elétricas.

▪ Os trechos e pontos de tomada de força de rede elétrica em de uso devem ser desenergizados, marcados e isolados, ou retirados quando não forem mais utilizados.

▪ Em locais sujeitos a emanações de gases explosivos e inflamáveis, as instalações elétricas serão à prova de explosão.É importante você estar ciente de que as condições atmosféricas também constituem um risco para operações com energia elétrica. Sim, é isto mesmo! Portanto, na sequência da aprendizagem você aprenderá a lidar com este tipo de ameaça.

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subida do ar quente carregado de partículas de vapor de água.O raio é um fenômeno de natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumulus nimbus, que têm for-ma to parecido com uma bigorna e chegam a ter 12 quilômetros de altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com trovoadas são verificadas quando certas condições particulares (temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente carregada devido à fricção entre as partículas de água decorrentes da condensação do vapor de água.

Zoonar ([20--?])

O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de tal modo que dá origem a uma descarga elétrica (raio), que partirá da base da nuvem em direção ao solo, definindo uma trajetória ra-mificada e aleatória. Esta primeira descarga é denominada “líder”, a qual define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do solo. A partir deste estágio, o raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo, que permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20.000 ampères passando pelo ar.

O aquecimento deste meio chega a 30.000°C, provocando a expansão do ar (trovão).As descargas atmosféricas podem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens.Ao cair na terra, o raio pode pro-vocar grande destruição, devido ao alto valor de sua corrente elétrica, que gera intensos campos eletro-magnéticos e calor.Além dos danos causados direta-mente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, em redes de telecomu-nicações, de TV a cabo, antenas parabólicas, redes de transmissão de dados, etc.Com a intenção de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas, é importante esclarecer três pontos. Para conhecê-los basta seguir adiante!

1. O raio é um fenômeno da na-tureza absolutamente imprevi-sível, tanto em relação às suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre edificações, pessoas ou animais.

2. Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a “que-da” de uma descarga em uma determinada região. Assim, as soluções aplicadas buscam somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instala-ções adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra.

3. A incidência de raios é maior em solos maus condutores do que em solos condutores de eletricidade, pois nos maus condutores, na existência de nuvens carregadas sobre ele, criam-se cargas positivas por indução no terreno: a nuvem funciona como placa negativa, o solo como placa positiva, e o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, serve como um isolante de baixo poder dielétrico, propiciando assim a existência de raios.

Sobre tensões transi-tórias

Sempre que a tensão elétrica em um circuito elétrico sofre um au-mento por determinado período, fica caracterizada uma sobretensão transitória. Partidas de motores de alta potência, manobras de cargas, curtos-circuitos e descargas elétricas atmosféricas (raios ou relâmpagos) podem provocar sobretensões transitórias.As sobretensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade con-sumidora. Os seus possíveis efeitos, além de causar danos a pessoas e animais, podem ser os seguintes.

▪ Provocar a queima total ou parcial de equipamentos elétricos ou danos à própria instalação elétrica interna e telefônica, entre outras.

▪ Reduzir a vida útil dos equipa-mentos.

▪ Provocar enormes perdas econô-micas, com a parada de equipamentos.

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66 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

As sobrecorrentes transitórias ori-ginadas de descargas atmosféricas podem ocorrer de dois modos. Na descarga direta, o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou telefônica. Nesse caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretensões nos diversos circuitos.

Stockbyte ([20--?])

Já na descarga indireta, o raio cai a uma distância de até um quilômetro de uma rede elétrica. A sobretensão gerada é de menor intensidade do que a provocada pela descarga di-reta, mas pode causar sérios danos. Essa sobretensão induzida acontece quando uma parte da energia do raio é transferida através de um acopla-mento eletromagnético com uma rede elétrica. A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosférica, que causam danos a equipamentos, provoca a ruptura das isolações e dos arcos elétricos.

Frente a tantas possibilidades de problemas que não podem ser previstos, que tal conhecer uma listagem de medidas preventivas a serem tomadas no caso de uma tempestade?

▪ Evitar a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas internas e externas.

▪ Nunca procurar abrigo sob ár-vores ou construções isoladas sem sistemas de proteção atmosférica adequados.

▪ Não entrar em rios, lagos, pis-cinas, guardando uma distância segura destes.

▪ Procurar abrigo em instalações seguras, jamais ficando ao relento.

▪ Caso não encontre abrigo, procurar não se movimentar, e se possível ficar agachado, evitando assim o efeito das pontas.

▪ Evitar o uso de telefones, a não ser que seja sem fio.

▪ Evitar ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas.

▪ Evitar tocar em qualquer equipa-mento ligado à rede elétrica.

▪ Evitar locais extremamente perigosos: topos de morros, topos de prédios, proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefônicas, linhas aéreas.

Sistemas de Proteção con-tra Descargas Atmosféricas (SPDA)

Você sabia que toda empresa deve possuir um sistema de proteção contra descarga atmosférica? Sim, é verdade! E necessita ainda levar em consideração o especificado na NBR 5419 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas), estando definido em um projeto assinado por profissional habilitado.O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI), e deve ser executado e mantido nas condições de projeto, uma vez que é considerado uma proteção coletiva.O projetista de SPDAs deve verificar as possíveis interferências do sub-sistema de aterramento do SPDA nos demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa, como os sistemas de aterramento funcionais e de proteção.

Como recomendação ge-ral, os eletrodos de aterra-mento dos diversos sistemas elétricos devem estar interli-gados, mas sempre com base em estudo de engenharia, uma vez que o aterramento é uma proteção coletiva.

Uma opção muito aceita tecnicamente é o uso das estruturas metálicas de estacas das fundações como eletrodos de aterramento, e os diversos terras dos sistemas elétricos conectados a uma barra de aterramento ligada aos eletrodos de aterramento da fundação por um único ponto, conforme demonstra a figura.

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67NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Malha de aterramento

Configuração radial sem “loops”Equip. 1

Equip.2

Equip.3

Equip. n

Equip.4

Equip.5

Cabos isolados Ponto central de aterramento

Equip.6

Diego Fernandes (2013)

Figura 16: Malha de aterramento

A NBR 5419(2005) estipula que o valor da resistência de aterramento deve ser inferior a 10 ohms, pois as medidas utilizadas para minimizar as consequências das descargas atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência a terra, escoando nesta as correntes elétricas dos raios.Os principais componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas são os seguintes.

▪ Terminais aéreos – conhecidos como para-raios, eles são hastes montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações com o objetivo de propiciar um caminho mais fácil para os raios que venham a incidir na edificação, sendo geralmente interligados através de condutores horizontais.

▪ Condutores de descida – cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento.

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68 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Captor

Mas

tro

Prédio

Terminais aéreos ou para-raios

Condutores de descidas

Quadro geral

BEP

BarramentoEquipotencializaçãoPrincipal

Condutores de ligação

Equipotencial

Solo

Terminais de aterramento

Diego Fernandes (2013)

Figura 17: SDPA

▪ Terminais de aterramento – condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo, sendo eles constituídos usualmente de cabos e hastes enterradas no solo – propiciando uma baixa resistência a terra, conforme as características do solo.

▪ Condutores de ligação equipotencial– visam à interligação do sistema de aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo assim a existência de diferenças de potenciais entre os ele-mentos interligados. Como visto no capítulo sobre equipotencialização, todas as partes metálicas da edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteção atmosférica, entre outros, devem ser interligados a um mesmo referencial de terra.

Eletroduto dePVC rígido preto

Min 20 X 20 X 20 cm

Cavidade de inspeção

Condutor aterramento

Haste de aterramento

Diego Fernandes (2013)

Figura 18: Detalhe de aterramento

▪ Supressores de surto, varistores, para-raios de linha, centelhados – são instalados em pontos de entrada de energia, cabos telefônicos e de dados, instrumentação industrial, etc., com o intuito de proteger as instalações e os equipamentos contra sobrecorrentes transitórias (sobretensões) provocadas por descargas direta, indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica.

Descargas atmosféricas

As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos materiais nas construções atingidas por elas.Você sabia que estes fenômenos induzem surtos de tensão que chegam a centenas de quilovolts? Sim, é isto mesmo! A fricção entre as partículas de água que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas elétricas. Verifica-se, experi-mentalmente, que as cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, ao passo que as cargas elétricas negativas se posicionam na parte inferior, acarretando, conse-quentemente, uma intensa migração de cargas positivas na superfície da terra para a área correspondente à localização da nuvem, dando dessa forma uma característica bipolar às nuvens. A concentração de cargas elétricas positivas e negativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra e a nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente elevada, que depende de certas condições ambientais.

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69NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

O aumento dessa diferença de po-tencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a rigidez dielétrica do ar interposto entre a nuvem e a terra. Isso faz com que as cargas elétricas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificações, cujo fenômeno é conhecido como “descarga piloto”. É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida.

Polarização do dielétricoOs condutores possuem elétrons livres e, portanto, podem ser eletri-zados por indução. Os isoladores, conhecidos também por dielétricos, praticamente não possuem elé-trons livres. Será que eles podem ser eletrizados por indução, isto é, aproximando um corpo eletrizado, sem, contudo, tocá-los?Pois bem, normalmente os centros de gravidade das massas dos elétrons e prótons de um átomo coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima desses átomos, há um deslocamento muito pequeno dos seus elétrons e prótons, de modo que os centros de gravidade destes não mais se coincidem, formando assim um dipolo elétrico.

Corpo carregadoisolado da terra

ÄU≠0 ÄU=0

Potencial de terra Potencial de terra

Diego Fernandes (2013)

Figura 19: Polarização do dielétrico

Um dielétrico que possui átomos assim deformados(achatados) está eletricamente polarizado, e quanto maior for a polarização, maior a probabilidade da ruptura da isolação.

Tensões induzidas em linhas de transmissões de alta tensão

Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condições secas (baixa umidade), as linhas de alta tensão sofrem fenômenos eletrostáticos que induzem tensões que se somam às demais presentes. As tensões estáticas crescem continuamente, e após um longo período podem ser relativamente elevadas.Importante ressaltar que também há tensões induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e eletromagnético devido à proximi-dade de outras linhas elétricas. Se dois condutores ou um condutor e o potencial de terra estiverem separados por um dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre ambos o efeito capacitivo.

Ao aterrar uma linha, as correntes são drenadas imediatamente – isso por causa das tensões induzidas ca-pacitivas e das tensões estáticas ao referencial de terra. Todavia, existirão

tensões de acoplamento capacitivo e eletromagnético induzidas pelos condutores energizados próximos à linha.

Essas tensões são induzidas por linhas energizadas que cruzam ou são paralelas à linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha. Elas dependem da distância entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho onde há paralelismo ou cruzamento e da existência ou não de transposição nas linhas.No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a ten-são induzida eletromagneticamente terá seu maior vulto na extremidade não-aterrada; e se ambas as extremi-dades estiverem aterradas, existirá uma corrente fluindo num circuito fechado com a terra.Ao se instalar o aterramento provi-sório, uma corrente fluirá por seu intermédio, diminuindo a diferença de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a área de trabalho, o que possibilita neste ponto uma maior segurança para o homem de manutenção.Em linhas de transmissão alta-extra ou ultra-alta tensão, portanto com indução elevada, é recomendável a adoção de critérios que levem em conta o nível de tensão dos circuitos e a distância entre eles, o que poderá determinar se as outras medidas de segurança ainda deverão ser adotadas ou até mesmo se o trabalho deverá ser feito como em linha energizada.Na sequência você vai conhecer a última parte desta seção: os acidentes de origem elétrica. Prepare-se, pois será fundamental para você saber acerca dos atos inseguros, condições inseguras e, por fim, verá notícias que infelizmente circularam nos meios de comunicação relatando fatalidades com este tipo de acidente.

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70 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Acidentes de origem elétrica

A segurança no trabalho, ou o conjunto de normas que visam garantir a saúde e evitar acidentes no ambiente de trabalho, é um item obrigatório em todas as profissões. É possível classificar acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humanos (atos inseguros) e com o ambiente (condições inseguras). Essas causas são apontadas como responsáveis pela maioria dos aci-dentes. No entanto, deve-se levar em conta que, às vezes, os acidentes são provocados pela presença de condições inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo.

Atos inseguros

Os atos inseguros são geralmente definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusi-vamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução das tarefas de forma contrária às normas de segurança. É a maneira como os trabalhadores se expõem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes.

É falsa a ideia de que não se pode predizer nem controlar o comporta-mento humano. Na verdade, é possível analisar os fatores relacionados com a ocorrência dos atos inseguros e controlá-los.

Observe a seguir alguns fatores que podem levar trabalhadores a praticarem atos inseguros!

▪ Inadaptação entre homem e função por fatores constitucio-nais. Por exemplo: sexo, idade, tempo de reação aos estímulos, coordenação motora, agressividade, impulsividade, nível de inteligência, grau de atenção.

▪ Na maquinaria: localização imprópria das máquinas, falta de proteção em partes móveis, pontos de agarramento e elementos ener-gizados, máquinas apresentando defeitos.

▪ Na proteção do trabalhador: proteção insuficiente ou totalmente ausente, roupa e calçados impróprios, equipamentos de proteção com defeito (EPIs, EPCs), ferramental defeituoso ou inadequado.

▪ No conhecimento e habili-dades do trabalhador: motivado por falhas no treinamento ou falta de treinamento.

Causas diretas de acidentes com eletricidade

Pode-se classificar como causas diretas de acidentes elétricos as propiciadas pelo contato por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao tipo de contato físico. Acompanhe!

1. Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente sob tensão (partes vivas).

2. Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento. O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e ope-ração de sistemas industriais, é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e terra.

▪ Fatores circunstanciais. Fato-res que influenciam o desempenho do indivíduo no momento. Por exemplo: problemas familiares, abalos emocionais, discussão com colegas, alcoolismo, estado de fadiga, doença, etc.

▪ Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de evi-tá-los. Estes fatores são na maioria das vezes causados por: seleção ineficaz, falhas de treinamento, falta de treinamento que caracterizam condição insegura. Por exemplo: manutenção sendo realizada por operador de máquina segundo a aplicação de técnicas intuitivas.

▪ Desajustamento. Este fator é relacionado com certas condições específicas do trabalho. Por exemplo: problema com a chefia, problemas com os colegas, políticas salariais impróprias, política promocional imprópria, clima de insegurança.

▪ Personalidade. Fatores que fazem parte das características da personalidade do trabalhador e que se manifestam por comportamentos impróprios. Por exemplo: o deslei-xado, o machão, o exibicionista, o desatento, o brincalhão.

Condições inseguras

São aquelas que, presentes no am-biente de trabalho, põem em risco a integridade física e/ou mental do trabalhador. Tais condições manifestam-se como deficiências técnicas, podendo apresentar-se de diversas maneiras. Observe na sequência!

▪ Na construção e instalações em que se localiza a empresa: áreas insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e tre-pidações, falta de ordem e limpeza, instalações elétricas impróprias ou com defeitos, falta de sinalização.

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71NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Causas indiretas de aciden-tes elétricos

Classificam-se como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por descargas atmosféricas, ten-sões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas, que você já estudou. Agora acompanhe alguns exemplos relacionados aos acidentes com eletricidade.

Acidentes com eletricidade

As declarações pessoais dos treinandos do Curso Básico previsto na NR 10 e ministrado pelo SENAI corro-boram que a prevenção, conforme prescrito na norma, é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.Inúmeros casos estão sendo rela-tados, e muitos, como os citados a seguir, devem servir de justificativa para as empresas, profissionais e trabalhadores adotarem ações preventivas.

▪ Choques elétricos entre cabeça e mãos, seguidos de desfalecimento.

▪ Queimaduras por arco elétrico decorrentes de curtos-circuitos pro-vocados por queda de ferramentas de trabalho durante serviços com circuitos energizados.

▪ Quedas, pela ausência do cinto de segurança, depois de choques elétricos.

▪ Energizações acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas redes elétricas.

▪ Desligamentos incorretos de circuito por falta de informação (diagramas, plantas) e de testes para comprovação da desenergização.

▪ Casos de falecimento por choque elétrico durante o serviço em am-bientes úmidos com o trabalhador molhado.

▪ Desmaio em ambiente confinado devido à remoção do EPI.

▪ Princípios de incêndio a partir da eletricidade estática.

▪ Enfrentamento de cobra, abelhas e animais peçonhentos.

▪ Arco elétrico provocado por ca-vaco oriundo de máquina operatriz em operação na zona controlada.

▪ Choques elétricos em linhas aéreas decorrentes de tensões induzidas por descargas atmosféricas.

▪ Eliminação dos DRs por impos-sibilitada detecção dos pontos de fuga à terra.

▪ Alterações nas instalações elétricas sem a devida correção das plantas e dos diagramas elétricos.

▪ Realização de trabalhos em alta tensão sem procedimentos e análise preliminar de riscos.

▪ Surgimento de tensões de toque e choque elétrico em pessoas que moram em um andar de um pré-dio de apartamento em função de falhas de isolação, fuga de corrente e utilização da ferragem estrutural do prédio como terra em andares superiores.

▪ Casos fatais decorrentes de quedas de telhado.Aqui você encerra seus estudos desta seção. É importante não se concentrar nas fatalidades, e sim tomar consciência de que energia elétrica é um item ao mesmo tempo necessário e perigoso para a vida das pessoas. E é por isso que você, como profissional do setor elétrico, tem enorme responsabilidade nas mãos. Isso é reforçado com a for-mação técnica! Na próxima etapa da aprendizagem, você conhecerá a análise preliminar de riscos e suas principais técnicas para identificar os perigos no seu trabalho! Vamos em frente!

SEção 3 Técnicas de análise de riscos

Para iniciar esta lição, primeiro acompanhe dois trechos importan-tes da NR 10, relativos a “medidas de controle” e à “segurança em instalações elétricas energizadas”.

10.2 - Medidas de controle10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventi-vas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a se-gurança e a saúde no trabalho. 10.6 - Segurança em instalações elétricas energizadas10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implemen-tadas ou para a entrada em ope-rações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

O que você entende por análise de riscos? Boa pergunta! Acompanhe para ficar esclarecido.A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que, aplicada a uma atividade, identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa de uma forma geral para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa.Já os acidentes são materializações dos riscos associa-dos a atividades, procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos.Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários de acidentes, suas fre-quências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis con-sequências.

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72 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Para alcançar estes resultados, a análise de riscos deve incluir as medidas de prevenção de aciden-tes e as medidas para controle das consequências de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que vivem ou trabalham próximo à instalação, ou mesmo para o meio ambiente.Para reduzir a frequência de aciden-tes, é preciso avaliar e controlar os riscos a partir, por exemplo, dos questionamentos apresentados a seguir e de suas respectivas respostas.

O que pode acontecer de errado?

Quais são as causas básicas dos eventos não desejados?

Quais são as consequências?

As metodologias representam os tipos de processos ou de técnicas de execução dessas análises de riscos da instalação ou da tarefa. Alguns exemplos dessas técnicas são apresentados a seguir com uma pequena descrição do método.

Conceitos básicos

Acompanhe agora os principais conceitos de perigo e risco. E, a seguir, entenda as principais técnicas de análise de riscos.

Perigo

Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou uma combinação de todos.

Risco

Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana, resultante da combinação entre a frequência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências). O risco também pode ser definido através das expressões a seguir.

Combinação de incerteza e de dano.Razão entre o perigo e as medidas de segurança.Combinação entre o evento, a probabilidade e suas consequências.

A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por eventos pouco frequentes, mas que causam danos importantes.

Análise de riscos

É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) dos riscos, baseada na engenharia de avaliação e em técnicas estruturadas para promover a combinação das frequências e consequên-cias de cenários acidentais.

Siri Stafford ([20--?])

Patrick Ryan ([20--?])

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73NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Avaliação de riscos

É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerabilidade previamente estabelecidos.

Gerenciamento de riscos

É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis.

É um método de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvolvimento de um determinado processo, tarefa ou planta indus-trial, com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e de execução da tarefa.

Análise de falha humana

Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial. O método também identifica as condições dos equipamentos e dos processos que possam contribuir para provocar esses erros.

iStockphoto ([20--?])

Método de análise de falhas e de efeitos

Método específico de análise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos mecânicos, com o objetivo de identificar as falhas poten-ciais que possam provocar acontecimentos ou eventos adversos e efeitos desfavoráveis desses eventos.É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste em princi-palmente três requisitos. Na sequência você irá conhecê-los.

▪ Tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa ins-tituição ou planta industrial.

▪ Identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles.

▪ Especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e sobre o conjunto das instalações.

Análise de segurança de sistemas

Trata-se de uma técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nível de segurança intrínseca de um sistema determinado, para os riscos previsíveis. Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de vulnerabilidade, todos os projetos de redução de riscos e de preparação para desastres concorrem para incrementar o nível de segurança.

Patrick Ryan ([20--?])

Principais técnicas para a identificação dos riscos/perigos

Análise preliminar de riscos

Método de estudo preliminar e sumário de riscos, normalmente conduzido em conjunto com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes potenciais de maior pre-valência na tarefa e as características intrínsecas destes.

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74 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Árvore de eventos

Esta técnica dedutiva de análise de riscos é utilizada para avaliar as pos-síveis consequências de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual pode ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do equipamento. É um método que tem por objetivo antecipar e descrever, de forma sequenciada, a partir de um evento inicial, as consequências lógicas de um possível acidente. Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam sequências de eventos intermediários, ou melhor, um conjunto cronológico de falhas e de erros que, a partir do evento inicial, culminam no acidente ou evento-topo ou principal. A figura mostra uma representação da árvore de eventos.

Exemplo de árvore de eventos

Paradado

elevadorde cargafora deposição

Sistema de freio

desregulado

Sistema de

detecçãode

posiçãoavariado

Excessode peso

Colocaçãode carga

com pesoexcessivo

Acidente Probabilidade

Não 0,200

Não 0,794

Sim

Sim

0,004

0,001

Sim 0,001

Não(0,200)

Sim(0,800)

Não(0,995)

Sim(0,005)

Não(0,999)

Sim(0,001)

Não(0,999)

Sim(0,001)

Sim(1)

Diego Fernandes (2013)

Figura 20: Árvore de eventos

Árvore de falhas

Esta técnica dedutiva de análise de riscos parte da escolha de um determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal. Constrói-se um diagrama lógico que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de fenômenos/ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento.

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75NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

A figura mostra uma representação da árvore de falhas. Neste trabalho você vai tratar apenas da metodologia denominada Análise Preliminar de Riscos (APR), também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP), pois se considera ser a de mais simples aplicação por parte dos profissionais que atuam nas instalações elétricas.

Exemplo de árvore de falha para a falha de atuaçãodo relé térmico do motor elétrico

de uma esteira transportadora

Atuação relé térmico do motor elétricoda esteira transportadora

Ou

Defeito isolação domotor elétrico

Corrente alta por travamentodo eixo do motor

E

Sistema de embreagem desregulado Esteira transportadora travada

Diego Fernandes (2013)

Figura 21: Árvore de falhas

Análise preliminar de riscos(APR)

É uma técnica qualitativa. Você saberia dizer qual o objetivo desta téc-nica? Arrisca um palpite? Pois bem, o objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos potenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes.Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com a severidade das consequências, um conjunto de causas é levantado. Isso possibilita a classificação qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de frequência de ocorrência. A tabela a seguir demonstra a correlação entre a frequência de ocorrência, a gravidade e a classificação do risco.

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76 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Tabela 5: Classificação qualitativa dos riscos

CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DOS RISCOS

CATE

GO

RIA

DA

FRE

QU

ÊNCI

A D

E O

CORR

ÊNCI

A

ocor

rênc

ias/

ano

ALTA

(ocorre)MÉDIO MÉDIO MÉDIO ALTO ALTO

MÉDIA

(esperando ocorrer)

BAIXO MÉDIO MÉDIO ALTO ALTO

BAIXA

(pouco

provável)

BAIXO BAIXO MÉDIO MÉDIOALTO

REMOTA

(improvável)IRRELEVANTE BAIXO BAIXO MÉDIO MÉDIO

PEQUENA

(defeito)CONSIDERÁVEL

(falha exige opera-ção manual)

CRÍTICA

(falha com restrição de velocidade)

CATASTRÓFICA

(descarrilhamento)

CATEGORIA DE CONSEQUÊNCIA(GRAVIDADE)

A APR permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes encontrados, facilitando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da instalação, quando julgadas necessárias, além da avaliação da necessidade de aplicação de técnicas complementares de análise. Acompanhe!

Tabela 6: Classificação dos riscos e medidas de controle

Risco Medidas de controle

Irrelevante Inspeções

Manutenção corretiva programada dentro da preventiva

Baixo Manutenção corretiva

Médio Melhorias no equipamento

Substituição do equipamento

Redução da periodicidade da manutenção preventiva

AltoProcedimentos administrativos (perfi l da mão-de-obra, nível de segurança,

treinamento)

Procedimentos operacionais

Procedimentos de manutenção

Procedimentos para emergência

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77NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Você sabia que estas tabelas são associadas a uma análise feita em equipamentos eletromecânicos instalados em vias férreas, em que um descarrilhamento pode provocar mortes e prejuízos de grande monta?Sim isto mesmo! Desta forma associadas aos riscos, foram definidas medidas de controle genéricas que, quando elaboradas, passam a atender aos aspectos de segurança dos equipamentos e dos mantenedores.A metodologia adotada nas Análises Preliminares de Riscos compreende a execução das seguintes tarefas. Observe!

▪ Definição dos objetivos e do escopo da análise.

▪ Definição das fronteiras das instalações analisadas.

▪ Coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias perigosas envolvidas e os processos.

▪ Subdivisão da instalação em módulos de análise.

▪ Realização da APR propriamente dita (preenchimento da planilha).

▪ Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de frequência e de severidade.

▪ Análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do relatório.

▪ Sabe quais as principais informações requeridas para a realização de uma APR são necessárias? Acompanhe na sequência!

3ª coluna: Modos de detecçãoOs modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na segunda coluna de-vem ser relacionados nesta coluna. A detecção da ocorrência do risco/perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão, de temperatura, etc.) como através da percepção humana (visual, odor, etc.).4ª coluna: EfeitosOs possíveis efeitos danosos nas pessoas, originados por cada ris-co/perigo identificado devem ser listados nesta coluna.5ª coluna: Frequência do risco6ª coluna: Consequência (gravidade) do risco7ª coluna: Classificação do risco8ª coluna: Recomendações/observaçõesEsta coluna deve conter as reco-mendações de medidas mitigadoras de risco propostas pela equipe de realização da APR ou quaisquer ob-servações pertinentes ao cenário de acidente em estudo. Ela deve conter também as medidas de emergência quando necessárias. Deve sempre ser preenchida em caso de identificação de risco/perigo.Observe na sequência uma planilha de APR para uma tarefa realizada por mantenedores da área elétrica. Nas colunas 5, 6 e 7 foram lançadas as categorias de frequência, gra-vidade e classificação dos riscos, conforme as tabelas apresentadas anteriormente.Uma planilha de APR, em branco, pode ser encontrada ao final deste material didático (Anexo B), no espaço destinado aos anexos. Ela serve para aplicações práticas em sala de aula ou no campo.

▪ Sobre as instalações: especificações técnicas de projeto, especificações de equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas de proteção e segurança.

▪ Sobre os processos: descrição dos processos envolvidos.

▪ Sobre as substâncias: características e propriedades físicas e químicas.Para simplificar a realização da análise, as instalações estudadas são divididas em “módulos de análise”, os quais podem ser:unidades com-pletas, locais de serviço elétrico, partes de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, tais como subestações, painéis, etc.

A divisão das instalações é feita com base em critérios de funcionalidade, complexidade e proximidade física.

A realização da análise propriamente dita é feita através do preenchimento de uma planilha de APR para cada módulo de análise da instalação. A planilha utilizada nesta APR, mos-trada a seguir, contém oito colunas, as quais devem ser preenchidas conforme a descrição apresentada. Acompanhe.1ª coluna: OperaçõesEsta coluna deve descrever, su-cintamente, as diversas etapas da atividade/operação.2ª coluna: RiscoEsta coluna deve conter os riscos/perigos identificados para o módulo de análise em estudo. De uma forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que têm potencial para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente.

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78 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

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Agora que você conheceu as principais técnicas de análise e identificação de perigos e riscos, está na hora de aprender as medidas de controle do risco elétrico assunto que você verá na sequência. Vamos lá!

SEção 4 Medidas de controle do risco elétrico

Você sabe do que trata este assun-to? Faz alguma idéia? A expressão “medidas de controle” abrange o conjunto de atividades que permi-tem avaliar um risco: desde a sua identificação, o entendimento de como se manifesta, a sua detecção, o seu monitoramento, os seus efeitos e as ações que devem ser imple-mentadas para evitar que acidentes decorrentes do risco ocorram ou para administrar os seus efeitos quando se manifestarem.

Em relação aos riscos elétricos e adicionais, as me-didas de controle começam a ser definidas na fase de proje-to das instalações elétricas e terminam nos procedimentos para situações de emergên-cia.

Prever instalações à prova de ex-plosão em ambientes explosivos, utilizar equipamentos à prova de explosão certificados, ter profissionais treinados para a realização dos ser-viços de manutenção e preparados para resgate, primeiros socorros e operação de equipamentos de combate a incêndio são exemplos de medidas de controle.Na sequência você acompanha me-didas de controle do risco elétrico! Continue atento!

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79NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Agora que você conheceu as principais técnicas de análise e identificação de perigos e riscos, está na hora de aprender as medidas de controle do risco elétrico assunto que você verá na sequência. Vamos lá!

SEção 4 Medidas de controle do risco elétrico

Você sabe do que trata este assun-to? Faz alguma idéia? A expressão “medidas de controle” abrange o conjunto de atividades que permi-tem avaliar um risco: desde a sua identificação, o entendimento de como se manifesta, a sua detecção, o seu monitoramento, os seus efeitos e as ações que devem ser imple-mentadas para evitar que acidentes decorrentes do risco ocorram ou para administrar os seus efeitos quando se manifestarem.

Em relação aos riscos elétricos e adicionais, as me-didas de controle começam a ser definidas na fase de proje-to das instalações elétricas e terminam nos procedimentos para situações de emergên-cia.

Prever instalações à prova de ex-plosão em ambientes explosivos, utilizar equipamentos à prova de explosão certificados, ter profissionais treinados para a realização dos ser-viços de manutenção e preparados para resgate, primeiros socorros e operação de equipamentos de combate a incêndio são exemplos de medidas de controle.Na sequência você acompanha me-didas de controle do risco elétrico! Continue atento!

Proteção contra choques elétricos

O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra cho-ques elétricos, conforme a NBR 5410:2005, pode ser resumido em dois tópicos.

1. Partes vivas de instalações elétricas não devem ser acessíveis.

2. Massas ou partes conduti-vas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as torne acidentalmente vivas.

Comstock ([20--?])

No caso 1, o choque elétrico acontece quando se toca inadvertidamente a parte viva do circuito de instalação de energia elétrica. Acontece so-mente quando duas ou mais partes do corpo tocam simultaneamente duas fases ou uma fase e a massa aterrada do equipamento elétrico.

Nesse caso, a corrente elétrica do choque é atenuada pelos seguintes fatores.

▪ Resistência elétrica do corpo humano.

▪ Resistência do calçado.

▪ Resistência do contato do calçado com o solo.

▪ Resistência da terra no local dos pés no solo.

▪ Resistência do aterramento da instalação elétrica no ponto de alimentação de energia.Assim, devem ser providas medi-das de proteção básicas que visem impedir o contato com partes vivas perigosas em condições normais, como as seguintes.

▪ Isolação básica ou separação básica.

▪ Uso de barreira ou invólucro.

▪ Limitação de tensão.Já no caso 2, o choque ocorre quando regiões neutras ficam com diferença de potencial devido a um curto-circuito na instalação ou nos equipamentos. Deve-se notar que neste tipo de choque a pessoa está tocando ou pisando regiões ou elementos não energizados da instalação. Porém, durante o curto--circuito, estas áreas neutras ficam com diferença de potencial, advindo daí o choque elétrico.Nesse caso devem-se prover medidas de proteção supletivas que visem suprir a proteção contra choques em caso de falha da proteção básica, como os seguintes exemplos.

▪ Equipotencialização e secciona-mento automático da alimentação.

▪ Isolação suplementar.

▪ Separação elétrica.

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80 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Desenergização

É o conjunto de procedimentos visando à segurança pessoal dos envolvidos ou não em sistemas elétricos. É realizada por no mínimo duas pessoas. Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos descritos a seguir.

Seccionamento

É a ação da interrupção da alimentação elétrica em um equipamento ou circuito. A interrupção é executada com a manobra local ou remota do respectivo dispositivo de manobra, geralmente o disjuntor alimentador do equipamento ou circuito a ser isolado. Note a figura.

Fonte de alimentação

Seccionadora

Disjuntor a sermanobrado(desligado)

Circuito a serdesenergizado

Diego Fernandes (2013)

Figura 22: Seccionamento

Sempre que for tecnicamente possível, deve-se promover o corte visível dos circuitos, provendo afastamentos adequados que garantam condições de segurança específica, impedindo assim a energização acidental do equi-pamento ou circuito.

O seccionamento tem maior eficácia quando há a constatação visual da separação dos contatos (abertura de seccionadora, retirada de fusíveis, etc.).A abertura da seccionadora deverá ser efetuada após o desligamento do circuito ou equipamento a ser seccionado, evitando-se, assim, a formação de arco elétrico.

Impedimento de reenergização

É o processo pelo qual se impede o religamento acidental do circuito desenergizado. Esse impedimento pode ser feito por meio de bloqueio mecânico, como os exemplos a seguir.

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81NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

LIGA

DESL.

Diego Fernandes (2013)

Figura 23: Bloqueio mecânico

▪ Em seccionadora de alta tensão, utilizando cadeados que impeçam a manobra de religamento pelo travamento da haste de manobra.

▪ Retirada dos fusíveis de alimen-tação do local.

▪ Travamento da manopla dos disjuntores por cadeado ou lacre.

▪ Extração do disjuntor quando possível.

Constatação de ausência da tensão

Usualmente, por meio de sinalização luminosa ou de voltímetro instalado no próprio painel, deve-se verificar a existência de tensão em todas as fases do circuito.Na inexistência ou na inoperabilidade de voltímetros no painel, deve-se constatar a ausência da tensão com equipamento apropriado ao nível de tensão à segurança do usuário, como, por exemplo, voltímetro, detectores de tensão de proximidade ou contato. Observe a figura.

Fonte de alimentação

Disjuntor e seccionadora manobrados anteriormente

Circuito a serseccionado

Travamento da haste de manobra

por chave

Constatar a ausência de tensão

Diego Fernandes (2013)

Figura 24: Constatação de ausência da tensão

Aterramento temporário

A instalação de aterramento temporário tem como finalidade a equipo-tencialização dos circuitos desenergizados (condutores ou equipamento), ou seja, ligar-se eletricamente ao mesmo potencial, no caso ao potencial de terra, interligando-se os condutores ou os equipamentos à malha de aterramento através de dispositivos apropriados ao nível de tensão nominal do circuito. Veja a figura.

Fonte de alimentação

Circuito a serdesenegizado

Locais comumente utilizados para a instalação de

aterramento temporário

Seccionadora e disjuntor manobrados

anteriormente

Diego Fernandes (2013)

Figura 25: Aterramento temporário

Para a execução do aterramento, deve-se atender às seguintes etapas.

▪ Solicitar e obter autorização formal.

▪ Afastar as pessoas não envolvidas na execução do aterramento e verificar a desenergização.

▪ Delimitar a área de trabalho, sinalizando-a.

▪ Confirmar a desenergização do circuito a ser aterrado temporariamente.

▪ Inspecionar todos os dispositivos utilizados no aterramento temporário antes de sua utilização.

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82 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Ligar o grampo de terra do conjunto de aterramento temporário com firmeza à malha de terra e em seguida a outra extremidade aos condutores ou equipamentos que serão ligados à terra, utilizando equipamentos de isolação e proteção apropriados para a execução da tarefa.

▪ Obedecer aos procedimentos específicos de cada empresa.

▪ Na rede de distribuição deve-se trabalhar, no mínimo, entre dois aterramentos.Observe, na figura, normas importantes para o aterramento temporário!

220V

Cadeado

evahc atse eugil oãN

1

2

3

4

31. Bloqueio e etiquetagem2. Equipamento emmanutenção3. Aterramentos provisórios4. Detector de tensão

Diego Fernandes (2013)

Figura 26: Aterramento temporário

a. Se for necessário remover o aterramento por um breve período para execução de testes de isolação num equipamento que já estiver aterrado, este deverá ser reconectado imediatamente após o término do teste.

b. Com os equipamentos apropriados (bastão, luvas e óculos de seguran-ça), desconecta-se em primeiro lugar a extremidade ligada ao condutor ou equipamento e, logo após, a extremidade ligada à malha de terra.

c. Nos serviços que exijam equipamentos não aterrados, estes devem ser descarregados eletricamente em relação à terra, seguindo-se para isso os procedimentos de aterramento estabelecidos.

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83NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Instalação da sinalização de impedimento de energização

Esse tipo de sinalização é utilizado para diferenciar os equipamentos ener-gizados dos não energizados, afixando-se no dispositivo de comando do equipamento principal um aviso de que ele está impedido de ser energizado.

iStockphoto ([20--?]), Hemera ([20--?])

Figura 27: Sinalização de impedimento de reenergização

Fique atento que somente depois de efetuadas todas as etapas discriminadas anteriormente, o equipamento ou circuito estará no estado desenergizado, podendo assim ser liberado pelo profissional responsável para intervenção. Porém, o equipamento ou circuito pode ser modificado com a alteração da ordem das etapas, ou mesmo com o acréscimo ou supressão de etapas, dependendo das particularidades do circuito ou equipamento a ser exe-cutada a desenergização, além da aprovação por profissional responsável.

DICA A instalação da sinalização de impedimento de energização deve ser executada em todos os pontos possíveis de alimentação do equipa-mento ou circuito a ser desenergizado.

Aqui você conheceu as principais formas e procedimentos de desener-gização,prepare-se para estudar sobre o aterramento. Vamos lá!

Aterramento

Trata-se de um sistema constituído por eletrodos de aterramento, cravados no solo, e condutores de aterramento, destinados a prover uma ligação intencional entre os circuitos elétricos e a terra (solo) por questões fun-cionais e de proteção.

Os sistemas de aterramento devem satisfazer às prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação. O valor da resistência de aterramen-to deve satisfazer às condições de proteção e de funcionamento da instalação elétrica.

Ligações a terra

Qualquer que seja sua finalidade (proteção ou funcional), o aterra-mento deve ser único em cada local da instalação.Para casos específicos, de acordo com as prescrições da instalação, podem existir aterramentos sepa-rados, desde que sejam tomadas as devidas precauções.

Aterramento funcional

É o aterramento de um ponto (do sistema, da instalação ou do equipamento) destinado a outros fins que não a proteção contra choques elétricos. Em particular, no contexto da seção, o termo “funcional” está associado ao uso do aterramento e da equipotencialização para fins de transmissão de sinais e de compa-tibilidade eletromagnética.

Aterramento do condutor neutro

Quando a instalação for alimentada diretamente pela concessionária, o condutor neutro deve ser aterrado na origem da instalação.Do ponto de vista da instalação, o aterramento do neutro na origem proporciona uma melhoria na equalização de potenciais essenciais à segurança. Observe a figura.

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84 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Com o aterramento a correntepraticamente não circula pelo corpo

Sem o aterramento o únicocaminho é o corpo

Diego Fernandes (2013)

Figura 28: Aterramento da carcaça

A proteção complementar, proporcionada pela instalação, consiste em ligar esse equipamento adequadamente, conectando-se o PE do equipamento ao PE da instalação, na tomada ou caixa de derivação – o que pressupõe uma instalação dotada de condutor PE, evidentemente (e isso deve ser regra, e não exceção). Pressupõe ainda garantir que, em caso de falha na isolação desse equipamento, um dispositivo de proteção atue automati-camente, promovendo o desligamento do circuito.

Aterramento por razões combinadas de proteção e funcio-nais

Quando for exigido um aterramento por razões funcionais e de proteção, as prescrições relativas às medidas de proteção devem prevalecer. Ob-serve os esquemas de ligação de aterramento em baixa tensão! Confira os símbolos utilizados.

Condutor neutro (N)

Condutor de proteção (PE)

Condutor (PEN)

Diego Fernandes (2013)

Figura 29: Símbolos de aterramentos

Esquema TN-SO condutor neutro e o condutor de proteção são separados ao longo de toda a instalação.Observe a figura.

Aterramento de proteção (PE)

A proteção contra contatos indiretos proporcionada em parte pelo equi-pamento e em parte pela instalação é aquela tipicamente associada aos equipamentos classe I.Você sabe o significado de equipamento classe I? Não? Bem, este equipamento tem algo além da isolação básica: sua massa é provida de meios de aterramento, isto é, o equipamento vem com condutor de proteção (condutor PE, ou “fio terra”) incorporado ou não ao cordão de ligação, ou então sua caixa de terminais inclui um terminal PE para aterramento.

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85NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

L1

L2

L3

N

PE

Aterramento dealimentação

Massas

Diego Fernandes (2013)

Figura 30: Esquema TN-S

Esquema TN-C-SAs funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas em um único condutor em uma parte da instalação.Veja a figura, na sequência.

L1

L2

L3

PEN

Aterramento dealimentação

Massas

PE

N

Diego Fernandes (2013)

Figura 31: Esquema TN-C-S

Esquema TN-CAs funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas em um único condutor ao longo de toda a instalação. Note, a seguir.

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86 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

L1

L1

L1

PEN

Aterramento dealimentação

Massas

Diego Fernandes (2013)

Figura 32: Esquema TN-C

Esquema TTPossui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos dos eletrodos de aterramento da alimentação.Veja a figura, na sequência.

L1

L2

L3

N

Aterramento dealimentação

Massas

PE

Diego Fernandes (2013)

Figura 33: Esquema TT

Esquema ITNão possui qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado, estando aterradas as massas da instalação. Observe, na sequência.

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87NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

L1

L2

L3

N

Aterramento dealimentação

Massas

PE

Impedância

Diego Fernandes (2013)

Figura 34: Esquema IT

Esquemas de ligação de aterramento em média tensão

A norma NBR 14039(2005) diz que as massas devem ser ligadas a con-dutores de proteção para cada esquema de aterramento (apresentados a seguir). A mesma norma destaca ainda que massas simultaneamente acessíveis devem ser ligadas à mesma rede de aterramento individualmente, por grupos determinados ou coletivamente.Segundo a NBR 14039:2003, são considerados os esquemas de aterramento para sistemas trifásicos comumente utilizados, descritos na sequência, sendo esses classificados conforme a simbologia a seguir. Primeira letra – situação da alimentação em relação a terra:T = um ponto de alimentação (geralmente o neutro) diretamente aterrado.I = isolação de todas as partes vivas em relação a terra ou aterramento de um ponto através de uma impedância.Segunda letra – situação das massas da instalação elétrica em relação à terra:T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de ponto de alimentação.N = massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o neutro).Terceira letra – situação de ligações eventuais com as massas do ponto de alimentação:R = as massas do ponto de alimentação estão ligadas simultaneamente ao aterramento do neutro da instalação e às massas da instalação.N = as massas do ponto de alimentação estão ligadas diretamen te ao aterramento do neutro da instalação, mas não estão ligadas às massas da instalação.

S = as massas do ponto de alimenta-ção estão ligadas a um aterramento eletricamente separado daquele do neutro e daquele das massas da instalação.

Esquema TNR

O esquema TNR possui um ponto da alimentação diretamente aterra-do, sendo as massas da instalação e do ponto de alimentação ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. Nesse esquema, toda corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-circuito. Observe!

RpnA

Diego Fernandes (2013)

Figura 35: Esquema TNR

Esquemas TTN e TTS

Os esquemas TTx possuem um ponto da alimentação diretamen-te aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento do ponto de alimentação. Nesses esquemas, as correntes de falta direta fase-massa devem ser inferiores a uma corrente de curto circuito, sendo, porém, suficientes para provocar o surgimento de ten-sões de contato perigosas. Verifique as figuras, na sequência.

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88 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Rpn RA

Diego Fernandes (2013)

Figura 36: Esquema TTN

RARp Rn

Diego Fernandes (2013)

Figura 37: Esquema TTS

São considerados dois tipos de es-quemas, TTN e TTS, de acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção das massas do ponto de alimentação, a saber:

a. esquema TTN, no qual o con-dutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimentação são ligados a um único eletrodo de aterramento;

b. esquema TTS, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimen-tação são ligados a eletrodos de aterramento distintos.

Esquemas ITN, ITS e ITR

Os esquemas ITx não possuem qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado ou possuem um ponto da alimentação aterrado através de uma impedância, estando as massas da instalação ligadas a seus próprios eletrodos de aterramento.Você sabia que nesse modelo, a corrente resultante de uma única falta fase-massa não deve ter inten-sidade suficiente para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas? Sim, é verdade!

São considerados três tipos de es-quemas, ITN, ITS e ITR, de acordo com a disposição do condutor neutro e dos condutores de proteção das massas da instalação e do ponto de alimentação, a saber:

a. esquema ITN, no qual o con-dutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimentação são ligados a um único eletrodo de aterramento e as massas da instalação ligadas a um eletrodo distinto;

RARn

Z

Diego Fernandes (2013)

Figura 38: Esquema ITN

b. esquema ITS, no qual o con-dutor neutro, os condutores de proteção das massas do ponto de alimentação e da instalação são ligados a eletrodos de ater-ramento distintos;

RARn

Z

Rp

Diego Fernandes (2013)

Figura 39: Esquema ITS

c. esquema ITR, no qual o con-dutor neutro, os condutores de proteção das massas do ponto de alimentação e da instalação são ligados a um único eletrodo de aterramento.

RpnA

Z

Diego Fernandes (2013)

Figura 40: Esquema ITR

Medida da resistência de aterramento

Quando se estuda aterramento, há um conceito fundamental que não pode ser desprezado! Acompanhe e fique atento!

O aterramento é uma proteção coletiva e, por con-seguinte, deve ser projetado por profissional habilitado, e constar do projeto das insta-lações elétricas.

Quer conhecer uma questão im-portante? É só seguir!Muito debatida nos dias de hoje, é o valor da resistência de aterramento e o valor da resistividade do solo. Em virtude da resistividade do solo e dos eletrodos de aterramento (sejam verticais ou horizontais), obtém-se o valor da resistência de aterramento, que pode variar em função das condições climáticas como chuva, por exemplo.A própria resistividade do solo sofre influência do tipo de solo (lama, argilas, terra de jardim, granito), da umidade, concentração e tipos de sais, compacidade do solo, gra-nulometria e temperatura.Normalmente, quando se precisa de valores de resistência de aterramento muito baixos, menores que 5 ohms, é comum utilizar-se mais que um eletrodo de aterramento. Uma vez projetado e instalado, o sistema de

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89NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

aterramento normalmente é medido pelo método da queda de potencial (três terminais) que se encontra normatizado no Anexo J da NBR 5410(2004). Norma esta que não está contida neste material didático.

Equipotencialização

Define-se equipotencialização como o conjunto de medidas que visa minimizar as diferenças de potenciais entre componentes de instalações elétricas de energia e de sinal telecomunicações, rede de dados, etc.), prevenindo acidentes com pessoas e baixando a níveis aceitáveis os danos tanto nessas instalações quanto nos equipamentos a elas conectados.

Condições de equipotencial-ização

Faz-se necessário a Interligação de todos os aterramentos de uma mesma edificação, exceto casos específicos de acordo com as prescrições das instalações.O quadro geral de baixa tensão (QGBT), o distribuidor geral da rede telefônica, o da rede de comunicação de dados, e outros equivalentes deverão ser convenien-temente interligados, formando um só aterramento.Todas as massas metálicas de uma edificação, como ferragens estru-turais, grades, guarda-corpos, cor-rimãos, portões, bases de antenas, bem como carcaças metálicas dos equipamentos elétricos, devem ser convenientemente interligadas ao aterramento.Todas as tubulações metálicas da edificação, como rede de hidran-tes, eletrodutos e outros, devem ser interligadas ao aterramento de forma conveniente.

Os aterramentos devem ser realizados em anel fechado, malha, ou preferen-cialmente pelas ferragens estruturais das fundações da edificação, quando esta for eletricamente contínua (na maioria das vezes é).Todos os terminais “terra” exis-tentes nos equipamentos deverão estar interligados ao aterramento via condutores de proteção PE que, obviamente, deverão estar distribuídos por toda a instalação da edificação.Todos os ETIs (Equipamentos de Tecnologia de Informações) devem ser protegidos por DPSs (Dispositivos de Proteção Contra Surtos), constituídos por varistores centelhadores, diodos especiais, ou a associação deles. Todos os terminais “terra” dos DPSs devem ser ligados ao BEP (Barramento de Equipotencializa-ção Principal) através da ligação da massa dos ETIs pelo condutor de proteção PE.No QDP (Quadro de Distribui-ção Principal de Baixa Tensão) ou no quadro do secundário do transformador (dependendo da configuração da instalação elétrica de baixa tensão), deve ser instalado um DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surtos) de características nominais mais elevadas para coor-denar com eficácia os quadros de alimentação dos circuitos terminais que alimentam os ETIs.Nesses casos podem ser utilizados vários recursos que otimizem o custo da instalação, como, por exemplo, o aproveitamento de bandejamen-to dos cabos ou hidrantes, se for garantida sua continuidade elétrica em parâmetros aceitáveis.

O uso frequente da palavra “conveniente” nos itens ante-riores enfatiza que a interliga-ção entre aterramentos deve obedecer a certos critérios, pois interligar aterramentos não é simplesmente interligar um eletrodo ao outro.

Para que a interligação ocorra de ma-neira correta e eficaz, deve-se instalar próximo ao QDP, para instalações de energia da edificação, uma barra de cobre distanciada da parede em alguns centímetros e isolada desta por isoladores de porcelana, resina, ou outro material isolante.Essa barra deve ter dimensões compatíveis que assegurem um bom contato elétrico, preservando suas características de resistência mecânica e de baixa impedância elétrica.

Bons parâmetros para as di-mensões dessa barra são os seguintes.Largura = 50 mm.Espessura = 6 mm.Comprimento = pelo menos 500 mm.

Tanto a NBR 5410(2004) quanto a NBR 5419(2001) denominam este barramento de BEP (Barramento de Equipotencialização Principal).

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90 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

DICA Portanto, fazer uma interligação convenientemente consiste em se conectar todos os aterramentos nesse BEP, inclusive as ferragens da edificação, pelo caminho mais curto possível e dela se retirar tantos condutores de proteção PE quantos forem necessários para “servir” a instalação.

Se por qualquer motivo alguma tubulação metálica não puder ser diretamente interligada ao BEP, por exemplo, a corrosão galvânica, essa interligação deverá ser realizada de forma indireta via centelhador.Observe a ilustração e a legenda dos elementos que aparecem nela.

Detalhe A (**)

4.a

4

4.b

2

EC

EC

EC

3

3.c

5EC

3

3.a 3.b

(*)

BEPEC

3.d

3

Diego Fernandes (2013)

Figura 41: Exemplo de Interligação

Legenda:BEP = Barramento de equipotencialização principal.EC = Condutores de equipo-tencialização.1 = Eletrodo de aterramento (embutido nas fundações).2 = Armaduras de concreto armado e outras estruturas metálicas da edificação.3 = Tubulações metálicas de utilidades bem como os elementos estruturais metálicos a eles associados.Por exemplo:

3.a = Água.3.b = Gás.(*) = Luva isolante (ver nota 2 de 6.4.2.1.1).3.c = Esgoto.3.d = Ar-condicionado.4 = Condutos metálicos, blindagens, armações, coberturas e ca-pas metálicas de cabos.5 = Condutor de aterramento principal.

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91NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Confira a seguir.

N PE PEPEPEQuadro dedistribuição

principal

Barra PE

Detalhe A

BEP

PEN

N PEPEPEQuadro dedistribuição

principal

Barra PE

Detalhe A

BEP

N

Diego Fernandes (2013)

Figura 42: Esquena TN(esquerda) e esquema TT

Estas figuras são essencialmente ilustrativas. Se o quadro de distribuição principal se situar junto ou bem próximo do ponto de entrada da linha na edificação, uma barra PE, caso não haja outras restrições, poderia acumular a função de BEP.

Falta de equipotencialização

Você sabe que existem dois problemas causados pela falta de equipo-tencialização (diferença de potenciais) em aterramentos de uma mesma instalação? Sim! Para descobrir como funcionam é só seguir com o estudo!O primeiro é o risco de choques, que podem provocar danos fisiológicos às pessoas e aos animais. Se a isolação de um dos equipamentos vir a ser rompida, gerando assim uma diferença de potencial entre a carcaça do equipamento em relação ao aterramento ou à carcaça de outro equipa-mento, pode ocorrer um circuito fechado no toque simultâneo entre o equipamento com isolação danificado e outro equipamento ou aterramento. Dessa forma, uma corrente de falta flui pelo corpo da pessoa ou animal que venha a executar este tipo de ação.O segundo é o risco de rompimento de isolação em equipamentos de tecnologia da informação e similares que necessitem de interligações para intercâmbio de dados, e em equipamentos eletrônicos suscetíveis a interferência. Isto causa danos aos equipamentos, prejudicando seu funcionamento individual ou, em casos extremos, paralisando grandes linhas de produção.Na sequência o foco de seu estudo serão as medidas de controle do risco elétrico. Para tal você iniciará com o seccionamento automático da alimentação. Vamos lá!

Seccionamento automá-tico da alimentação

No sistema de proteção contra cho-ques elétricos (contatos indiretos) por seccionamento automático da alimentação, as massas devem ser ligadas a condutores de proteção, compondo uma “rede de aterra-mento”. Um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito por ele pro-tegido sempre que uma falta (falha) entre parte viva e massa der origem a uma tensão de contato perigosa. Observe a figura.

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92 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Dispositivo de proteção

Diego Fernandes (2013)

Figura 43: Seccionamento automático da alimentação

O tempo máximo admissível de seccionamento é dado em função da tensão fase-terra-Uo em esquemas de ligação de aterramento TN, e em função da tensão fase-fase em esquemas de aterramento IT. Sendo também classificado em função da seletividade (situação 1 e situação 2), conforme discriminado nas tabelas a seguir.

Tabela 8: Tempos de seccionamento máximos no esquema TN

Tempos de seccionamento máximos no esquema TN

U0(V)Tempo de seccionamento

Situação 1 (áreas internas) Situação 2 (áreas externas)

115, 120, 127 0,8 0,35

220 0,4 0,20

277 0,4 0,20

254 0,4 0,20

400 0,2 0,05

Onde:Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada;As situações 1 e 2 estão definidas no Anexo C da NBR 5410(2004). Norma esta que está contida neste material didático.

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93NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 9: Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (segunda falta)

Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (SEGUNDA FALTA)

U(V) U0(V) Tempo de seccionamento

Neutro não distribuído Neutro distribuído

Situação 1 Situação 2 Situação 1 Situação 2

208, 220, 230

115, 120, 127 0,8 0,4 5 1

380, 400 220 0,4 0,2 0,8 0,5

440, 480 254, 277 0,4 0,2 0,8 0,5

690 400 0,2 0,06 0,4 0,2

Onde:U é a tensão nominal entre fases, valor eficaz em corrente alternada;Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada.Para valores intermediários de tensão deve ser adotado o valor (da tabela) imediatamente superior.São utilizados na proteção por seccionamento automático dispositivos de sobrecorrente (disjuntores, fusíveis) ou dispositivos de corrente dife-rencial, sendo sua utilização condicionada aos esquemas de aterramento, conforme mostrado a seguir.

Tabela 10: Caracterização das situações 1, 2 e 3

CARACTERIZAÇÃO DAS SITUAÇÕES 1, 2, E 3, CONFORME NBR 5410:2004

RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO

CORPO HUMANO

ALTA

(seco)SITUAÇÃO 1 (seco)

NORMAL

(ÚMIDO)

SITUAÇÃO 2 (jardins, feiras e canteiros de obras) MUITO BAIXA

(imerso)

BAIXA

(ÚMIDO)SITUAÇÃO 3 (banheira e piscinas)

MUITO BAIXA

(molhado)NULO RARO FREQUENTE CONTÍNUO

CONTATO DAS PESSOAS COM O POTÊNCIAL DA TERRA

Observa-se a incompatibilidade entre os dispositivos tipo DR e os sis-temas PEN e PE, pois utilizar estes dispositivos nestas instalações não gera diferença de corrente residual no sensor do DR na ocorrência de falhas. Isso porque o condutor de proteção PEN ou PE está passando no sensor, havendo assim o equilíbrio entre as correntes, e porque toda diferenciação entre as fases acarretarem uma corrente de mesma inten-sidade no condutor PEN ou PE. Deve-se, então, executar a separação entre condutor= PE e N para utilização de DR.

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94 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

A seguir serão apresentadas informações importantes para as ligações equipotenciais observe.Um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento protegido contra contatos indiretos sempre que uma falta entre a parte viva e a massa no circuito ou equipamento considerado der origem a uma tensão de contato superior ao valor apro-priado de [UL (V)]. Veja a tabela na sequência.

Tabela 11: Valores máximos de tensão de contato limite U1(V)

Valores máximos de tensão de contato limite U1(V)

LO Natureza da corrente Situação 1 Situação 2

Alternada, 15 Hz - 1000 Hz 50 25

Contínua sem ondulação 120 60

Obs.: Situação 1 – áreas internas; Situação 2 – áreas externas.Uma tensão contínua sem ondulação é convencionalmente definida como apresentando uma taxa de ondulação inferior a 10% em valor eficaz. O valor da crista máxima não deve ultrapassar 140 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 120 V nominais; ou 70 V para um sistema em CC sem ondulação com 60 V nominais.

Dispositivo de proteção a corrente diferencial-residu-al (DR)

Princípio de funcionamento O DR opera em função do campo magnético resultante da circulação da corrente pelos condutores de alimentação dos circuitos elétricos. Em condições normais esse campo magnético é praticamente nulo, mas em caso de fuga associada a choques elétricos ou defeitos de isolação, o seu valor deixa de ser nulo e assume um valor proporcional à corrente que está fugindo (vazando) do circuito.O princípio citado também vale para os circuitos trifásicos a três ou quatro condutores. Nesses circuitos as correntes estão defasadas entre si e os campos magnéticos ao redor dos condutores de alimentação se anulam, desde que não exista fuga (vazamento). Ou seja, o seu valor é praticamente nulo.

Assim foi concebido o DR, que possui internamente jogos de contatos, meca-nismo de acionamento manual, um transformador de corrente com núcleo toroidal, um enrolamento de detecção, um sistema mecânico de disparo e outro de teste de funcionamento do próprio DR.

Como funciona?

Como as correntes do circuito estarão sempre passando pelo transforma-dor de corrente do DR, em caso de fuga (vazamento) o campo magnético resultante é diferente de zero, e assim é percebido pelo enrolamento de detecção, que aciona o sistema de disparo responsável pela abertura dos contatos elétricos, interrompendo assim o circuito monitorado pelo DR.

O sistema de teste do DR, ao ser acionado por um botão existente no próprio DR, provoca a circulação de uma corrente por fora dos condu-tores que passam dentro do núcleo toroidal. Isso simula realisticamente uma fuga e consequente verificação do desligamento do próprio DR.

Capo Eletronica ([20--?])

Figura 44: Dispositivo a corrente dife-rencial residual (DR) Bipolar

Como o DR mede permanentemente a soma vetorial das correntes que percorrem os condutores, enquanto o circuito se mantiver eletricamente sem fugas de corrente, a soma vetorial das correntes nos seus condutores é praticamente nula. Ocorrendo a falha de isolamento em um equipa-mento alimentado por esse circuito, interromperá uma corrente de falta a terra, ou seja, haverá uma corrente residual para a terra. Devido a este “vazamento” de corrente para a terra, a soma vetorial das correntes nos condutores monitorados pelo DR não é mais nula e o dispositivo detecta justamente essa diferença de corrente.

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95NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Nexx ([20--?])

Figura 45: Dispositivo a corrente dife-rencial residual (DR) Tretapolar

A situação é análoga se uma pessoa tocar uma parte viva do circuito protegido: a porção de corrente que irá circular pelo corpo dessa pessoa provocará igualmente um desequilíbrio na soma vetorial das correntes. A diferença, então, é de-tectada pelo dispositivo diferencial, tal como se fosse uma corrente de falta a terra. Quando essa diferença atinge um determinado valor, é ativado um relé. Este relé provoca a abertura dos contatos principais do próprio dispositivo ou do dispositivo associado (contator ou disjuntor).

DICA O relé poderia, eventualmente, como observado no início, apenas acionar um alarme visual ou sonoro. Mas neste caso se trata de proteção; e proteção no caso mais geral significa desligamento do circuito.

O dispositivo DR é composto basicamente de dois elementos. Acompanhe!

1. Um TC de detecção, toroidal, sobre o qual são enrolados, de forma idêntica, cada um dos condutores do circuito e que acomoda também o enrolamento de detecção, responsável pela medição das diferenças entre correntes dos condutores.

2. Um elemento de “processamento” do sinal e que comanda o disparo do DR, geralmente designado relé diferencial ou relé reversível.

Verifique a figura.

S

N

I1 I2I3

I4

(a)

EixoAlavanca

Mola

Imã permanenteCircuito

magnético

Circuito dedetecção

Relédiferencial

(b)

TC - monofásicoL1 L1

Fonte Carga

Detecção

N N

TC - trifásicoL3 L3

L2 L2Fonte Detecção

Carga L1

N N

L1

Circuito de detecção

Diego Fernandes (2013)

Figura 46: Elementos de um DR

Uso do dispositivo DR

Independentemente do esquema de aterramento TN, TT ou IT, o uso de proteção DR, mais particularmente de alta sensibilidade (isto é, com corrente diferencial-residual nominal igual ou inferior a 30 mA), tornou-se expressamente obrigatório nos casos a seguir.

▪ Circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo banheiro ou chuveiro.

▪ Circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas ex-ternas à edificação.

▪ Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos no exterior.

▪ Circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas, lavande-rias, áreas de serviço, garagens e, no geral, de todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens.

Page 96: Nr10 basico

96 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

DICA Pode-se dizer que não há ra-zões para preocupação quanto ao atendimento da regra do seccionamento automático quando se usam dispositivos DR, a não ser que a proteção diferencial-residual usada seja de baixíssima sensibilidade.

Os dispositivos DR (diferencial--residual) podem ser do tipo com ou sem fonte auxiliar, que pode ser a própria rede de alimentação.No caso de DR com fonte auxiliar, se não atuar automaticamente por falha de fonte auxiliar, é um dis-positivo admitido somente se uma das duas condições na sequência for satisfeita.

1. A proteção contra contatos indiretos for assegurada por outros meios no caso de a fonte auxiliar falhar.

2. Os dispositivos forem instalados em instalações operadas, testadas e mantidas por pessoas advertidas ou qualificadas .

Esquema TN – pode ser protegido por um dispositivo DR, o mesmo ocorrendo em circuitos terminais. Nesse caso as massas não precisam ser ligadas ao condutor de proteção do esquema TN, desde que sejam ligadas a um eletrodo de aterramento com resistência compatível com a corrente de atuação do dispositivo DR.Esquema TT – se uma instalação for protegida por um único disposi-tivo DR, este deve ser colocado na origem da instalação, a menos que a parte da instalação compreendida entre a origem e o dispositivo não possua qualquer massa e satisfaça a medida de proteção pelo emprego de equipamentos classe II (50 a 1.500

V) ou pela aplicação de isolação suplementar.Esquema IT – quando a proteção for assegurada por um dispositivo DR e o seccionamento à primeira falta não for cogitado, a corrente diferencial-residual de não atuação do dispositivo deve ser no mínimo igual à corrente que circula quando uma primeira falta franca à terra afete um condutor-fase.A sensibilidade determina se um DR pode ser aplicado à proteção contra contatos indiretos e à proteção contra contatos diretos. A aplicação do DR pode ser dividida em três tipos, de acordo com a sensibilidade. Para conhecê-las é só seguir com o aprendizado.

▪ Uso obrigatório de DR de alta sensibilidade (< 30 mA): na proteção complementar contra choques elétricos em circuitos de banheiros, tomadas externas, tomadas de cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e assemelhados.

▪ Uso de DR de alta sensibilidade (< 30 mA) como alternativa: na proteção de equipamentos situados próximo a piscinas.

▪ Uso previsto de DR de baixa sensibilidade (< 500 mA): um dos meios prescritos para limitar as correntes de falta/fuga a terra em locais que processem ou armazenem materiais inflamáveis.

Tipos de DR

Importante destacar que na prática, a proteção diferencial-residual pode ser realizada por meio dos seguintes equipamentos.

▪ Interruptores diferenciais-residuais.

▪ Disjuntores com proteção dife-rencial-residual incorporada.

▪ Tomadas com interruptor DR incorporado.

▪ Blocos diferenciais acopláveis e disjuntores em caixa moldada ou a disjuntores modulares (mini-disjuntores).

▪ Peças avulsas (relé DR e transfor-mador de corrente toroidal), que são associadas apenas a um elemento de sinalização e/ou alarme, se eventu-almente for apenas este, e não um desligamento, que é o objetivo da detecção diferencial-residual.Encerrado o conteúdo sobre DR, está na hora de conhecer as demais medidas de controle do risco elétri-co. São as proteções por extrabaixa tensão, por barreiras e invólucros, por obstáculos e anteparos, por iso-lamento das partes vivas, parcial por colocação fora de alcance, e ainda por separação elétrica. Acompanhe todos estes tipos de proteção, na sequência!

Proteção por extrabaixa tensão

É comum o emprego da tensão de 24V para condições de trabalho desfavoráveis, como trabalho em ambientes úmidos. Tais condições são favoráveis a choque elétrico nestes tipos de ambiente, pois a resistência do corpo humano é diminuída e a isolação elétrica dos equipamentos fica comprometida. Equipamentos de solda emprega-dos em espaços confinados, como tanques, requerem que as tensões empregadas sejam baixas.

A proteção por extrabaixa tensão consiste em empregar uma fonte da baixa tensão ou uma isolação elétrica confiável, se a tensão extrabaixa for obtida de circuitos de alta tensão.

A tensão extrabaixa é obtida tanto através de transformadores isolado-res como de baterias e geradores. A tensão extrabaixa é aquela situada abaixo de 50 V.

1. Não aterrar o circuito de extrabaixa tensão.

2. Não fazer ligações condu-toras com circuitos de maior tensão.

3. Não dispor os condutores de um circuito de extrabaixa tensão em locais que conte-nham condutores de tensões mais elevadas.

Do ponto de vista da segurança, este método é excelente, pois aqui o fator de segurança é multiplicado por três, ou seja, multiplica-se pelos três fatores: a isolação funcional, a isolação do sistema, no caso de transformadores, e a redução da tensão. Contudo, do ponto de vista prático, este método de proteção tem suas desvantagens, como: ne-cessidade de uma instalação elétrica de baixa tensão, grandes secções transversais para os condutores de fornecimento da baixa tensão e, frequente, construção de equipa-mentos de dimensões relativamente grandes quando comparados com equipamentos que se utilizam de tensões mais altas para o seu fun-cionamento.

Tabela 12: Resistência de isolamento

Resistência de Isolamento

Tensão nominal do circuitoTensão de ensaio em corrente

contínua (V)Resistência de isolamento mínimo

em megohms

Extrabaixa tensão maior ou igual a 250 0,25

Page 97: Nr10 basico

97NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

A tensão extrabaixa é obtida tanto através de transformadores isolado-res como de baterias e geradores. A tensão extrabaixa é aquela situada abaixo de 50 V.

1. Não aterrar o circuito de extrabaixa tensão.

2. Não fazer ligações condu-toras com circuitos de maior tensão.

3. Não dispor os condutores de um circuito de extrabaixa tensão em locais que conte-nham condutores de tensões mais elevadas.

Do ponto de vista da segurança, este método é excelente, pois aqui o fator de segurança é multiplicado por três, ou seja, multiplica-se pelos três fatores: a isolação funcional, a isolação do sistema, no caso de transformadores, e a redução da tensão. Contudo, do ponto de vista prático, este método de proteção tem suas desvantagens, como: ne-cessidade de uma instalação elétrica de baixa tensão, grandes secções transversais para os condutores de fornecimento da baixa tensão e, frequente, construção de equipa-mentos de dimensões relativamente grandes quando comparados com equipamentos que se utilizam de tensões mais altas para o seu fun-cionamento.

Tabela 12: Resistência de isolamento

Resistência de Isolamento

Tensão nominal do circuitoTensão de ensaio em corrente

contínua (V)Resistência de isolamento mínimo

em megohms

Extrabaixa tensão maior ou igual a 250 0,25

Proteção por barreiras e invólucros

Proteções por barreiras e invólu-cros são destinadas a impedir todo contato com as partes vivas da instalação elétrica. Na verdade, as partes vivas devem estar no interior de invólucros ou atrás de barreiras.

DICA As barreiras e os invólucros devem ser fixados de forma segura e possuir robustez e durabilidade suficiente para manter os graus de proteção e ainda apresentar apropriada separação das partes vivas.

As barreiras e os invólucros agem de duas formas, descritas a seguir:

▪ impedindo que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes vivas;

▪ garantindo que as pessoas sejam advertidas de que as partes acessíveis através da abertura são vivas e não devem ser tocadas intencionalmente. A figura a seguir exemplifica barreiras e invólucros.

Figura 47: Barreiras e invólucros

Proteção por isolamen-to das partes vivas

Isolamento elétrico

É a ação destinada a impedir todo contato com as partes vivas da instalação elétrica. As partes vivas devem ser completamente recobertas por uma isolação que só possa ser removida através de sua destruição. O isolamento pode ser destruído por sobretensões transitórias, que provocam uma descarga elétrica no isolamento que, por sua vez, causa sua ruptura (perfuração).

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98 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Proteção por obstáculos e anteparos

São destinados a impedir contatos acidentais com partes vivas, mas não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de contorno do obstáculo. Os obstáculos e anteparos devem impedir aproximação física não intencional das partes vivas (por exemplo, por meio de corrimãos ou de telas de arame). Este tipo de proteção deve impedir também contatos não intencionais com partes vivas por ocasião de ope-ração de equipamentos sob tensão (por exemplo, por meio de telas ou painéis sobre os seccionadores). A figura mostra exemplos de obs-táculos e anteparos.

Tribuna do Norte (2010)

Nestes locais a NBR 5410(2004) admite o uso de medidas de pro-teção apenas parciais ou mesmo a sua dispensa. Estes locais técnicos abrigam equipamentos elétricos, sendo proibido o ingresso de pes-soas que não sejam advertidas ou qualificadas. Em suma, o acesso a esses locais é restrito apenas aos técnicos responsáveis.

Isolação dupla ou refor-çada

Sabe qual a razão da utilização de isolação dupla ou reforçada? Esta isolação tem a finalidade de propiciar uma dupla linha de defesa contra contatos indiretos. A isolação dupla, como o nome diz, é constituída de dois tipos.

▪ Isolação básica – isolação aplicada às partes vivas, destinada a asse-gurar proteção básica contra choques.

▪ Isolação suplementar – isolação independente e adicional à isolação básica, destinada a assegurar proteção contra choques elétricos em caso de falha da isolação básica (ou seja, assegurar proteção supletiva). Note a figura.

Fio bom Fio ruim

Diego Fernandes (2013)

Figura 48: Isolamento elétrico

Comumente, são utilizados sistemas de isolação dupla em alguns eletro-domésticos e ferramentas elétricas portáteis (furadeiras, lixadeiras, etc.). Neste caso, em sua plaqueta de identificação haverá um símbolo indicativo gravado, ou seja, dois quadrados de lados diferentes, paralelos, um dentro do outro, como indica a figura.

Diego Fernandes (2013)

Figura 49: Dupla isolação – simbologia normalizada internacionalmente

Pode-se observar este tipo de isolação na instalação de um padrão de medição em baixa tensão, pois neste tipo de instalação os condutores não tendo dupla isolação devem ser instalados em eletroduto flexível isolante, conforme mostrado a seguir.

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99NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Medidorde

kWh

Condutores isolados em eletrodutoflexível isolante; ou

feixe de cabos unipolares; oucabo multipolar

Terminal deaterramento principal

PEN

Eletrodutode entrada

Eletrodutode saída

Diego Fernandes (2013)

Figura 50: Caixa de entrada de energia em baixa tensão

A isolação reforçada é um tipo de isolação única aplicada às partes vivas que assegura um grau de proteção contra choques elétricos equivalente ao da dupla isolação. A expressão“isolação única” não implica que a iso-lação deva constituir uma peça homogênea. Ela pode comportar diversas camadas impossíveis de serem ensaiadas isoladamente, como isolação básica ou como isolação suplementar.Na prática pode-se considerar como condutor com isolação reforçada o cabo mostrado na figura a seguir. Ele pode ser instalado em locais inacessíveis sem a utilização de invólucros/barreiras (eletrodutos, calhas fechadas, etc.), sendo constituído de isolação (2) e cobertura (4) em composto termoplástico de PVC, não sendo considerada pelo fabricante a função de isolação da camada de cobertura (4), considerando-se esta somente como proteção contra influências externas.

4 3 2 1

1. Condutor-material: fio de cobre nu, têmpera mole;-forma: redonda normal compacta ou setorial;-encordoamento: classe 2.

2. IsolaçãoComposto termoplástico de PVC em chumbo anti-chama.

3. EnchimentoComposto termoplástico de PVC sem chumbo.

4. CoberturaComposto termoplástico de PVC sem chumbo anti-chama.

Identificação

Cabo unipolar: cobertura preta

Cabos multipolares (2, 3 e 4 condutores): veias numeradas e cobertura preta

Temperaturas máximas do condutor: 70°C em serviço confinado, 100°C em sobrecarga e 160°C em curto-circuito

Diego Fernandes (2013)

Figura 51: Isolação reforçada

Proteção parcial por colocação fora de alcance

A colocação fora de alcance destina--se somente a impedir os contatos involuntários com as partes vivas. Quando há o espaçamento, este deve ser suficiente para que se evite que pessoas circulando nas proxi-midades das partes vivas possam entrar em contato, seja diretamente ou por intermédio de objetos que elas manipulem ou transportem. Observe o exemplo.

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100 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

iStockphoto ([20--?])

Figura 52: Exemplo de proteção parcial por colocação fora de alcance em uma subestação

Distâncias mínimas em locais sem proteção

As distâncias mínimas aplicáveis a locais desprovidos de qualquer meio de proteção contra contatos diretos estão indicadas nas figuras e tabelas apresentadas a seguir.

700 mm

1000 mm 1000 mm

23

00

mm

900 mm

1100 mm

1000 mm

1200 mm

1) 2)

1500 mm

1500 mm

Passagemdestinada àmanutenção

Passagemdestinada à

operação

23

00

mm

Diego Fernandes (2013)

Figura 53: Espaçamento para instalações internas

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101NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 13: Espaçamento para instalações internas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039)

Dimensões mínimas - mm

D300 até 24,2 KV

400 para 36,2 KVDistância entre a parte viva e um anteparo vertical.

A – Valores de distâncias mínimas da tabela.

R 1200 Locais de manobra.

B 2700 Altura mínima de uma parte viva com circulação.

K 2000 Altura mínima de um anteparo horizontal.

F 1700 Altura mínima de um anteparo vertical.

J E + 300 Altura mínima de uma parte viva sem circulação.

Dimensões máximas - mm

E 300Distância máxima entre a parte inferior de

um anteparo e o piso.

M 1200 Altura dos punhos de acionamento manual.

Malha 20 Abertura da malha.

A D

FM

F

A

R

R

F

F

J

A

X W X

Partes vivasW – área de circulação permitida a pessoas advertidas

AnteparosTela ou grade metálica X – área de circulação proibida – dispositivos de manobra

Circulação por mais de um lado

Diego Fernandes (2013)

Figura 54: Espaçamento para instalações externas

Observe agora espaçamento para instalações externas:

Page 102: Nr10 basico

102 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Tabela 14: Espaçamento para instalações externas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039)

Dimensões mínimas - mm

A – Valores de distâncias mínimas da tabela.

G 1500 Distância mínima entre a parte viva e a proteção externa.

B 4000 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação.

R 1500 Locais de manobra.

D 500 Distância mínima entre a parte viva e um anteparo vertical.

F 2000 Altura mínima de um anteparo vertical.

H

6000

5000

9000

7000

Em ruas, avenidas e entradas de prédios e demais locais com trânsito de veículos. Em local com trânsito de pedestre somente.

Em Ferrovias.

Em Ferrovias.

J 800 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação proibida.

K 2000 Altura mínima de um anteparo horizontal.

L 2000 Altura mínima da proteção externa.

C 2000 Circulação.

Dimensões máximas - mm

E 600 Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo vertical e o piso.

M 1200 Altura dos punhos de acionamento manual.

Malha 20 Abertura das malhas dos anteparos

Partes vivasW – área de circulação permitida a pessoas advertidas

AnteparosTela ou grade metálica X – área de circulação proibida – dispositivos de manobra

CI

LC

B

F

F

A

K

J

F

D R

M

WW X

Diego Fernandes (2013)

Figura 55: Partes vivas e anteparos

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103NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Rc

Rr

ZL

ZR zcP

PE

Diego Fernandes (2013)

Figura 56: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre – NR10.

Rc

Rr

ZR ZC

PE

ZL

ZL

SI

Diego Fernandes (2013)

Figura 57: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada – NR10

Acompanhe a legenda das figuras.ZL=Zona livre.ZC=Zona controlada, restrita e trabalhadores autorizados.ZR=Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.PE=Ponto da instalação energizado.SI= Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos os dispositivos de segurança.Observe a tabela na sequência.

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104 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Tabela 15: Distanciamento de segurança

TABELA DE RAIOS DE DELIMITAÇÃO DE ZONAS DE RISCO, CONTROLADA E LIVRE

Faixa de tensão nominal da

instalação elétrica em KV

PR – Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em

metros

RC – Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros

< 1 0,20 0,70

≥ 1 e < 3 0,22 1,22

≥ 3 e < 6 0,25 1,25

≥ 6 e < 10 0,35 1,35

≥ 10 e < 15 0,36 1,38

≥ 15 e < 20 0,40 1,40

≥ 20 e < 30 0,56 1,56

≥ 30 e < 36 0,58 1,58

≥ 36 e < 45 0,63 1,63

≥ 45 e < 60 0,83 1,83

≥ 60 e < 70 0,90 1,90

≥ 70 e < 110 1,00 2,00

≥ 110 e < 132 1,10 3,10

≥ 132 e < 150 1,20 3,20

≥ 150 e < 220 1,60 3,60

≥ 220 e < 275 1,80 3,80

≥ 275 e < 380 2,50 4,50

≥ 380 e < 480 3,20 5,20

≥ 480 e < 700 5,20 7,20

Proteção por separação elétrica

Este assunto está tratado na NBR 5410(2004),sendo que este tipo de proteção consiste em separar o circuito de tal forma que suas partes vivas não deva ser conectadas, em nenhum ponto, a um outro circuito, a terra ou a um condutor de proteção. A proteção por separação elétrica pode ser realizada por dois meios. Confira!

▪ Transformador de separação de segurança.

▪ Grupo motor-gerador com enrolamentos que forneçam uma sepa-ração equivalente à de um transformador.

Circuitos eletricamente separados podem alimentar um único ou vários equipamentos. A situação ideal é aquela em que se tem um único equipa-mento conectado ao circuito. Sua massa não deve ser aterrada.

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105NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Com vários equipamentos alimentados pelo mesmo circuito, estes devem ser ligados entre si por condutores de equipotencialidade, e não aterrados.Aqui você encerra a seção 4! Nesta parte do estudo, você conheceu as várias medidas de controle do risco elétrico, suas particularidades e aplicações. Tais estudos são fundamentais para sua atuação profissional.Verifique, na sequência, o resumo dos riscos elétricos e adicionais, com suas prin-cipais medidas de controle, o qual servirá para relembrar os conteúdos abordados. Em seguida, na seção 5, você estudará os equipamentos de proteção coletiva e individual. Siga em frente!

Tabela 16: Quadro-resumo dos riscos elétricos e adicionais com suas principais medidas de controle

Risco elétrico Principais medidas de controle

Choque elétricoDesenergização, tensão de segurança, barreiras, invólucros, luvas, bota de segurança, capacete.

Arco elétrico Protetor facial e vestimenta.

Campos eletromagnéticosNão possuir implantes eletrônicos no corpo e/ou próteses metálicas, blindagens.

Riscos adicionais Principais medidas de controle

Trabalho em alturaCinto de segurança com trava queda e linha de vida.

Ambiente confinado Treinamento específico.

Área classificada Treinamento específico.

Instalação elétrica em ambiente explosivo

Projeto e materiais certificados.

Sobretensões transitórias Dispositivos contra surtos (DPS).

Descargas atmosféricasSPDA e interrupção dos trabalhos a céu aberto.

Eletricidade estáticaEliminação a partir do uso de ionizado-res, aterradores e mantas dissipadoras.

Umidade Desumidificação.

FloraRemoção, considerando os critérios de preservação do meio ambiente.

FaunaImpedimento da circulação ou entrada nas instalações elétricas e controle das pragas.

SEção 5 Proteção individual e coletiva

Você já estudou que todos os serviços executados em instalações elétricas devem prever a adoção prioritária de medidas de proteção coletiva. Isso é uma medida necessária para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, por sua vez, devem utilizar também Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) apro-priados à atividade que estiverem executando.Nesta lição, você conhecerá pri-meiro os equipamentos coletivos. Acompanhe!

Equipamentos de Pro-teção Coletiva

As medidas de proteção coletiva compreendem primariamente a desenergização elétrica e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança, conforme estabelece a NR 10.Confira a seguir alguns equipamen-tos e sistemas de proteção coletiva usados nas instalações elétricas!

Conjunto de aterramento

Equipamento destinado à execução de aterramento temporário, visando à equipotencialização e proteção pessoal contra a energização indevida do circuito em intervenção.Note a seguir.

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106 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

NitSeg ([20--?])

Figura 58: Conjunto para aterramento temporário

Tapetes de borracha isolantes

Acessório utilizado principalmente em subestações, sendo aplicado na execução da isolação contra contatos indiretos, minimizando assim as consequências por uma falha de isolação nos equipamentos.

Diego Fernandes (2013)

Figura 59: Tapete de borracha

A minimização da corrente de falta fluindo pelo corpo (IC) ocorre quanto maior for o valor da resistência de isolação do tapete e menor a resistência do aterramento de proteção. Observe a figura.

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107NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

IA IC

T

IFIC

RC

RTRA

IA

Diego Fernandes (2013)

Figura 60: Resistência da isolação

3. Correntes para sinalização em ABS

Correntes de sinalização e isola-mento em plástico ABS de alta durabilidade, resistência mecânica e contra altas temperaturas. Excelente para uso externo por não perder a cor ou descascar com a ação de intempéries. São fabricadas nos tamanhos pequeno e grande, nas cores laranja, branco ou laranja e branco. Apresenta garantia contra defeitos de fabricação de 15 anos. São indicadas para uso na cons-trução, decoração, no isolamento e na sinalização de áreas, nas mais diversas aplicações, como em docas, ancoradouros, estacionamentos, rodovias, pedágios, bancos, parques, shopping centers, supermercados, etc.

Ferramentas Gerais ([20--?])

Figura 63: Correntes para sinalização em ABS

Placas de sinalização

São utilizadas para sinalizar perigo (perigo de vida, etc.) e situação dos equipamentos (equipamentos energizados, não manobre este equipamento sobre carga, etc.). Visam à proteção de pessoas que estiverem trabalhando no circuito e de pessoas que venham a manobrar os sistemas elétricos.

Cones e bandeiras de sinali-zação

Verifique, a seguir, os três principais materiais destinados a fazer a isolação de uma área onde estejam sendo executadas intervenções. Vamos lá!

1. Fita de sinalização

Fita plástica colorida em poliesti-leno, com listras laranja e preta intercaladas. Utilizada interna e externamente na sinalização, inter-dição, balizamento ou demarcação em geral por indústrias, contrutoras, transportes, órgãos públicos ou empresas que realizam trabalhos externos. Leve, resistente, dobrável e de fácil instalação, é fornecida em rolo de 200 metros de comprimento e 70 mm de largura, podendo ser afixada em cones e tripés.

Dorling Kindersley ([20--?])

Figura 61: Fita de sinalização

2. Cone em PVC para sinalização

Utilizado para sinalizar, isolar, ba-lizar ou interditar áreas de tráfego ou serviços com extrema rapidez e eficiência. Fornecido em polietile-no/PVC ou borracha, é altamente durável e resistente a intempéries e maus tratos. É usado nas cores laranja e branco.

iStockphoto ([20--?])

Figura 62: Cone em PVC para sinaliza-ção

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108 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

SOMA ([20--?]), Sinalização Fácil ([20--?]), Shopping Vetros ([20--?])

Figura 64: Bandeira com bastão e placas de sinalização

Protetores isolantes de borracha ou PVC para redes elétricas

Anteparos destinados à proteção contra contatos acidentais em redes aéreas são utilizados na execução de trabalhos próximos a elas ou em redes energizadas. Observe a figura.

Colocar pressionando firmementepara baixo

Braço pequeno

Braço grande

Braço grande

Braço pequeno

Para remover puxe movendo para frente e

para trás

Diego Fernandes (2013)

Figura 65: Protetores isolantes de borracha ou PVC para redes elétricas

Às vezes as medidas de proteção coletiva são inade-quadas ou insuficientes para determinado trabalho em ins-talações elétricas. Para estas ocasiões, que não são raras, é importante também adicio-nar o uso dos Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs. Não perca nunca de vis-ta que o objetivo principal é ter segurança!

Equipamentos de Pro-teção Individual

É importante destacar que nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equi-pamentos de proteção individual (EPIs) específicos e adequados às atividades desenvolvidas.

DICA Existe uma Norma Regula-mentadora do Ministério do Trabalho e Emprego específica para este tipo de equipamen-to, a NR 6.

O conceito de EPI envolve vá-rios aspectos. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, considerando-se também a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas. Também é vedado o uso de ador-nos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades, principalmente se forem metálicos ou facilitem a condução de energia.

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109NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Às vezes as medidas de proteção coletiva são inade-quadas ou insuficientes para determinado trabalho em ins-talações elétricas. Para estas ocasiões, que não são raras, é importante também adicio-nar o uso dos Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs. Não perca nunca de vis-ta que o objetivo principal é ter segurança!

Equipamentos de Pro-teção Individual

É importante destacar que nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equi-pamentos de proteção individual (EPIs) específicos e adequados às atividades desenvolvidas.

DICA Existe uma Norma Regula-mentadora do Ministério do Trabalho e Emprego específica para este tipo de equipamen-to, a NR 6.

O conceito de EPI envolve vá-rios aspectos. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, considerando-se também a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas. Também é vedado o uso de ador-nos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades, principalmente se forem metálicos ou facilitem a condução de energia.

Todo EPI deve possuir um Certifica-do de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Quer conhecer quando o EPI deve ser usado? Basta verificar a seguir.

▪ Quando não for possível eliminar o risco por outros meios.

▪ Quando for necessário comple-mentar a proteção coletiva.Exemplos de EPIs

1. Óculos de segurança

Equipamento destinado à proteção contra elementos que venham a prejudicar a visão, como descargas elétricas.

Hemera ([20--?])

Figura 66: Óculos de segurança

2. Capacetes de segurança

Equipamento destinado à proteção contra quedas de objetos e contatos acidentais com as partes energizadas da instalação. O capacete para uso em serviços com eletricidade deve ser da classe B (submetido a testes de rigidez dielétrica a 20 kV).

Hemera ([20--?]), JDN Comercial ([20--?]), Elastobor ([20--?])

Figura 67: Capacete, carneira e capace-te de aba total

3. Luvas isolantes

As luvas isolantes apresentam identificação no punho, próximo da borda, marcada de forma indelével (impossível de apagar), com infor-mações importantes, como a tensão de uso nas cores correspondentes a cada uma das seis classes existentes (veja a tabela a seguir).As luvas podem ser testadas com inflador de luvas para verificação da existência de furos, bem como por injeção de tensão de testes.

Protesil ([20--?]), Aliança ([20--?]), Hércules ([20--?]), Topmax ([20--?])

Figura 68: Luvas de cobertura, luvas isolantes para AT e BT, bolsa em lona, inflador de luvas

As luvas isolantes são classificadas pelo nível de tensão de trabalho e de teste, conforme tabela a seguir.

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110 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Tabela 17: Classes de luvas isolantes

TABELA – CLASSES DE LUVAS ISOLANTES (NBR 10622/89)

CLASSE COR TENSÃO DE USO (V) TENSÃO DE ENSAIO (V) TENSÃO DE PERFURAÇÃO (V)

00 bege 500 2500 5000

0 vermelha 1000 5000 6000

1 branca 7500 10.000 20.000

2 amarela 17.000 20.000 30.000

3 verde 26.500 30.000 40.000

4 laranja 36.000 40.000 50.000

Fonte: NBR 10622/89

As luvas de cobertura devem ser uti-lizadas por cima das luvas isolantes.

4. Calçados (botinas, sem biqueira de aço)

Utilizadas para minimizar as con-sequências de contatos com partes energizadas, as botinas são selecio-nadas conforme o nível de tensão de isolação e aplicabilidade (trabalhos em linhas energizadas ou não). Devem ser acondicionadas em local apropriado, a fim de que não percam suas características de isolamento.

Calçado de Proteção (2012)

Figura 69: Calçados de proteção

5. Cinturão de segurança

Equipamento destinado à proteção contra queda de pessoas, sendo obrigatória sua utilização em tra-balhos acima de dois metros de altura. Existem basicamente dois tipos de cinturão: abdominal e de três pontos (para-quedista).

Para o tipo para-quedista, podem ser utilizados trava-quedas instalados em cabos de aço ou flexíveis fixados em estruturas a serem escaladas. Observe a figura.

Vitória Martins ([20--?]), SoloStocks ([20--?]), EPIMT ([20--?])

Figura 70: Cintos de segurança

6. Protetores auriculares

Equipamento destinado a minimizar as consequências de ruídos preju-diciais à audição. Para trabalhos com eletricidade, devem ser utilizados protetores apropriados, sem elementos metálicos.

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111NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

iStockphotos ([20--?])

Figura 71: Protetores auriculares tipo concha e tipo descartável

7. Máscaras/respiradores

Equipamento destinado à utilização em áreas confinadas e sujeitas a emissão de gases e poeiras.

Conservação, transpor-te e inspeção de EPIs, ferra-mentas manuais

Dando continuidade a sua aprendi-zagem, você conhecerá, em tópicos objetivos, as principais regras de manuseio e armazenamento de EPIs e outros equipamentos. Confira!

a. Quanto à conservação

▪ Os equipamentos e ferramentas devem ser guardados em local isento de poeira e o mais seco possível.

▪ Os bastões devem ser guardados em locais apropriados e secos, sem poeira, fora da ação solar direta, livre da possibilidade de choques com materiais duros e do atrito com outras superfícies.

▪ As peças de borracha devem ser protegidas com talco e em sacolas de lona apropriadas. No caso das mangas isoladas, devem ser guar-dadas na posição plana, em pares, nas sacolas de lona e nas caixas.

▪ As peças de borracha devem ser lavadas com água e sabão neutro, enxaguadas completamente com água limpa e, após, deixadas secar à sombra.

▪ Os bastões devem ser limpos com flanela seca e depois lubrificados com silicone.

▪ As ferramentas manuais isoladas devem ter as partes móveis limpas e lubrificadas para uma operação mais suave.

b. Quanto ao transporte

▪ O bastão e os demais conjuntos de manobra devem ser acondicionados em sacola de lona e transportados na viatura em um tubo de PVC com diâmetro e comprimento apropriados, na cor branca, com tampão de PVC. Esse tubo deve estar posicionado na viatura em um local de fácil acesso e não apresentar nenhum orifício que permita a entrada de umidade.

▪ As luvas isolantes devem ser acondicionadas em sacolas, com a parte do punho colocada na parte mais baixa e com a ponta dos dedos na parte superior, evitando assim a inserção de materiais estranhos dentro destas.

▪ As mangas devem ser colocadas em uma sacola de lona com formato e tamanho apropriados.

▪ As ferramentas manuais isoladas devem ser transportadas em uma caixa ou maleta de couro.

c. Quanto à inspeção

Inspeção é uma tarefa conjunta da equipe de trabalho e do eletricista, que devem conhecer os aspectos que indicam as condições de uso das ferramentas e equipamentos de proteção individual e coletiva. Nas páginas a seguir você estudará a lista de EPIs, EPCs e ferramentas manuais e/ou isoladas, com os agentes particulares que merecem a inspeção de controle de risco. O objetivo, como você já estudou, é a diminuição das principais causas dos acidentes neste caso visando à boa qualidade dos equipamentos. Acompanhe!

EPIs e ferramentas

Alicate universal, de corte e de bico, isolados para 1.000 V

▪ Isolamento no cabo e trincas ou folgas que permitam seu des-lizamento.

▪ Folga no eixo que une as duas partes (desencontrando a “boca”).

▪ “Dentes” nas lâminas de corte.

▪ “Boca” danificada por curto-circuito ou por outros motivos.

▪ Lâminas de corte (as duas partes da “boca”) encostando uma na outra.

▪ Abertura da “boca” pelo efeito da gravidade.

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112 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Bolsa ou sacola de lona para luvas isoladas

▪ Sacola descosturada ou rasgada.

▪ Funcionamento das presilhas ou fechos.

▪ Furos, trincas ou danos nas partes de couro ou lona.

▪ Espaço disponível para luvas dentro da bolsa e/ou sacola.Calçados de segurança

▪ Furos ou partes descosturadas ou descoladas na sola.

▪ Deformados ou malconservados nas partes de couro.

▪ Solado com objeto metálico.Canivete

▪ Lâmina de corte com“dentes” ou desgaste excessivo.

▪ Partes quebradas ou trincadas (cabo e lâmina).

▪ Mola relaxada ou frouxa.Capacete de segurança com jugular

▪ Jugular bem presa à suspensão.

▪ Modelo e cor de acordo com o padrão da empresa.

▪ Trincas ou rachaduras.

▪ Funcionamento do dispositivo de regulagem e da fixação.

▪ Furos ou outras características diferentes da fábrica.

▪ Brilho produzindo o reflexo de luz.Chaves de fenda com cabos e hastes isoladas para 1.000 V

▪ Partes trincadas ou quebradas (cabo e haste).

▪ Isolamento da haste para trabalhos em redes energizadas.

▪ Haste torta ou empenada.

▪ Ponta quebrada ou amassada.

Cinturão de segurança com talabarte de couro e/ou embor-rachado

▪ Partes descosturadas, trincadas, quebradas, desgastadas ou modifi-cadas.

▪ Funcionamento das molas dos mosquetões e retorno à posição-fechada.

▪ Rebites desgastados.

▪ Furos das correias com sinais de ruptura.

▪ Limpo, conservado e dentro da faixa de segurança.Colete refletivo

▪ Tinta da fita fosforescente com condições de ser vista de longe e no escuro, quando da incidência de luz.

▪ Limpo e bem-conservado.

▪ Partes descosturadas ou rasgadas.Conjunto impermeável

▪ Completo, com calça e jaleco.

▪ Rasgos ou partes descosturadas.

▪ Sujo, desbotado ou apresentando mofo nas partes internas.

▪ Tamanho ou modelo de acordo com o usuário.Trepa para poste de madeira

▪ Partes quebradas ou trincadas.

▪ Esporão afiado adequadamente.

▪ Modelo de acordo com o padrão da empresa.

▪ Estado decorrente do uso e conservação dentro da faixa de segurança.

▪ Furos das correias com sinais de ruptura.

▪ Correias e almofadas em bom estado.

Trepa para poste duplo “T”

▪ Partes quebradas ou trincadas.

▪ Modelo de acordo com o padrão da empresa.

▪ Estado decorrente do uso e da conservação dentro da faixa de segurança.

▪ Furos das correias com sinais de ruptura.

▪ Correias e almofadas em bom estado.Luva isolante de borracha para AT (alta tensão)

▪ ”Frisos” provocados pela guarda da luva dobrada.

▪ Furos ou rasgos no corpo da luva.

▪ Luva do punho para os dedos com ar escapando.

▪ Trincas ou danos entre os dedos.

▪ Não transportar com ferramentas cortantes ou perfurantes.

▪ Limpa, conservada e polvilhada de talco.

▪ Acondicionamento em embala-gem individual (bolsa e/ou sacola para luvas).

▪ Teste de isolamento atualizado (conforme a NBR 10622).Luva isolante de borracha para BT (baixa tensão)

▪ “Frisos” provocados pela guarda da luva dobrada.

▪ Furos ou rasgos no corpo da luva.

▪ Luva do punho para os dedos com ar escapando.

▪ Trincas ou danos entre os dedos.

▪ Não transportar com ferramentas cortantes ou perfurantes.

▪ Limpa, conservada e polvilhada de talco.

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113NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Acondicionamento em embala-gem individual (bolsa e/ou sacola para luvas).

▪ Teste de isolamento atualizado (conforme a NBR 10622).Luva de vaqueta e/ou pelica protetora

▪ Partes rasgadas ou descosturadas.

▪ Limpa e conservada.

▪ Acondicionamento com luvas de borracha, na bolsa e/ou sacola.Maleta de couro para ferramentas

▪ Limpa e conservada no formato original.

▪ Partes rasgadas ou descosturadas.

▪ Correias arrebentadas.Óculos de segurança – lentes claras

▪ Partes trincadas ou arranhadas.

▪ Dispositivos de ajuste funcionando.

▪ Lentes arranhadas.

▪ Lentes de grau próprio do fun-cionário.

▪ Acondicionados dentro de estojo.Óculos de segurança – lentes escuras

▪ Partes trincadas ou arranhadas.

▪ Dispositivos de ajuste funcionando.

▪ Lentes arranhadas.

▪ Lentes de grau próprio do fun-cionário.

▪ Modelo e cor das lentes de acordo com o padrão da empresa.

EPCs e ferramentais

Bandeirola de sinalização

▪ Rasgada ou desgastada.

▪ Bem-amarrada nas escadas.

▪ Padrão utilizado pela empresa.

Caixa de primeiros socorros

▪ Relação dos medicamentos junto à caixa.

▪ Quantidade e qualidade satis-fatórias.

▪ Estados resultantes do uso e da conservação adequados.

▪ Medicamento com data vencida.

▪ Acondicionada em local de fácil acesso e que não permita deterio-ração dos medicamentos.Chaves de boca

▪ Trincas ou rachaduras no corpo da chave.

▪ Desgaste da “boca”, de maneira a prejudicar o seu desempenho.

▪ Jogo de acordo com o estabele-cido pela empresa.Chave inglesa ajustável

▪ Eixo de ajustagem funcionando.

▪ Partes quebradas, rachadas ou empenadas.

▪ Tamanho de acordo com o estabelecido pela empresa.Cobertura flexível para condu-tores e isoladores

▪ Limpas e conservadas.

▪ Trincas ou rasgos que possam comprometer o isolamento elétrico.

▪ Testes de isolamento atualizados.

▪ Acondicionadas em local apro-priado.

▪ Condições e sistema de fixação funcionando.Cones de sinalização

▪ Rachaduras ou partes quebradas.

▪ Cores em condições de serem vistas a distância.

▪ Condições de conservação e limpeza adequadas.

▪ Bem-acondicionados na viatura.

Detector de tensão

▪ Partes de adaptação do bastão em perfeitas condições.

▪ Funcionamento dos dispositivos de sinalização e ajuste.

▪ Partes quebradas ou trincadas.

▪ Pilhas em bom estado.Escadas em fibra extensível

▪ Escada empenada.

▪ Degraus quebrados, rachados ou soltos.

▪ Ganchos fixados e com as molas funcionando.

▪ Parte extensível da escada atende ao estabelecido pela empresa.

▪ Farpas ou lascas nos montantes.

▪ Cordas com partes corroídas ou apodrecidas.

▪ Pintura da escada com desgastes.

▪ Peças metálicas para fixação dos montantes bem apertadas.

▪ Partes inferiores dos montantes pintadas em listras.

▪ Peça que faz o descanso da escada no poste em condições.

▪ Sapata antiderrapante em con-dições.

▪ Bem fixada nos suportes da viatura.

▪ Corda permanente para amar-ração no poste.Escada em fibra singela

▪ Escada empenada.

▪ Degraus quebrados, rachados ou soltos.

▪ Corda permanente para amar-ração no poste.

▪ Pintura da escada com desgaste.

▪ Peça que faz o descanso da escada no poste em condições.

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114 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Partes inferiores dos montantes pintadas em listras.

▪ Sapata antiderrapante em con-dições.

▪ Bem fixada nos suportes da viatura.Facão

▪ Cabo quebrado.

▪ Cabo bem fixado à lâmina.

▪ Dentes na lâmina.

▪ Condições de uso da bainha.Farolete manual

▪ Condutores e conectores da extensão em condições.

▪ Vidro quebrado ou trincado.

▪ Farolete funcionando a contento.

▪ Condição do suporte do farolete.Fita refletiva

▪ Corroída ou rasgada.

▪ Pintura fosforescente pode ser vista a distância e no escuro.

▪ Comprimento adequado.

▪ Estado de conservação e limpeza dentro da faixa de segurança.Tapete de borracha

▪ Limpo e conservado.

▪ Trincas ou rasgos que possam comprometer o isolamento elétrico.

▪ Tamanho de acordo com o estabelecido pela empresa.

▪ Testes de isolamento atualizados.Lanterna manual

▪ Vidro quebrado ou trincado.

▪ Lanterna funcionando.

▪ Internamente apresenta sinais de oxidação.

▪ Pilhas em bom estado.

▪ Mola de compressão das pilhas com pressão.

Loadbuster

▪ Encaixes de arma e desarma funcionando corretamente.

▪ Controle do número de operações.

▪ Data da última inspeção.

▪ Transportado em estojo próprio.Placa de sinalização “NÃO LIGAR-HOMENS NA LINHA’’

▪ Quebrada ou amassada.

▪ Letreiro visível a distância.

▪ Dispositivo de fixação funcionando.Bastão para grampo de linha viva (pega-tudo)

▪ Teste de isolamento atualizado.

▪ Partes trincadas, quebradas ou arranhadas.

▪ Dispositivo de manobra funcio-nando perfeitamente.

▪ Condições de guarda e transporte adequadas.Conjunto de aterramento tem-porário de AT (alta tensão)

▪ Dispositivos de conexão na rede em perfeito estado.

▪ Conexões frouxas, não estanha-das ou com rompimentos parciais.

▪ Falhas ou desgastes nos condutores.

▪ Condições resultantes do uso e da conservação dentro da faixa de segurança.

▪ Cobertura dos condutores trans-parente.Conjunto de aterramento tem-porário de BT (baixa tensão)

▪ Dispositivos de conexão na rede em perfeito estado.

▪ Conexões frouxas, não estanha-das ou com rompimentos parciais.

▪ Falhas ou desgastes nos condutores.

▪ Condições resultantes do uso e da conservação dentro da faixa de segurança.

▪ Cobertura dos condutores trans-parente.Talco para luvas de borracha

▪ Quantidade suficiente.

▪ Utilizado corretamente.

▪ Armazenado em local adequado.Volt-amperímetro

▪ Partes quebradas ou trincadas.

▪ Parafuso de ajuste para zero funcionando.

▪ Sistema de leitura funcionando.

▪ Sendo transportado em estojo próprio.

▪ Equipamento aferido.Varas de manobra telescópica

▪ Elementos limpos e conservados.

▪ Partes trincadas ou arranhadas.

▪ Cabeçote apropriado para ma-nobras.

▪ Encaixes das seções funcionando.

▪ Acondicionadas em estojos protetores.

▪ Teste de isolamento atualizado.Conhecido todo o checklist de equipamentos, que tal estudar o que diz a lei sobre equipamentos de proteção individual e coletiva? Acompanhe, a seguir.

Legislação específica de EPIs

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresenta artigos específicos sobre os EPIs. Acompanhe!

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115NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Art. 166 – A empresa é obriga-da a fornecer aos empregados, gratuitamente, Equipamento de Proteção Individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamen-to, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com-pleta proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.Art. 167 – O EPI só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Tra-balho.

A Norma Regulamentadora nº 6, ao tratar dos equipamentos de proteção individual, estabelece as seguintes obrigações do empregador.

▪ Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.

▪ Exigir seu uso.

▪ Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.

▪ Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a conservação.

▪ Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado.

▪ Responsabilizar-se pela higie-nização e manutenção periódica.

▪ Comunicar ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) qualquer irregularidade observada.Quanto ao EPI, o empregado deve.

▪ Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina.

▪ Responsabilizar-se por sua guarda e conservação.

▪ Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso.

DICA O artigo 158 da CLT dispõe: “Constitui ato faltoso do empre-gado a recusa do uso do EPI.”

Além dessas obrigações legais, todo EPI antes de sua utilização deve ser inspecionado visualmente. Caso haja dúvidas sobre sua integrida-de, devem ser consultadas as suas especificações técnicas ou deve-se procurar o responsável pela área de segurança da empresa. Agora, prepare-se para conhecer as normas técnicas brasileiras!

SEção 6 Normas Técnicas Brasileiras

No Brasil, as normas técnicas ofi-ciais são aquelas desenvolvidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e registradas no Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO). Essas normas são o resultado de uma ampla discussão de profissionais e instituições, organizados em grupos de estudos, comissões e comitês. A sigla NBR, que antecede o número de muitas normas, significa Norma Brasileira Registrada.

Sempre Tops ([20--?])

A ABNT é a representante brasileira no sistema internacional de nor-malização, composto de entidades nacionais, regionais e internacionais. Há diversas normas para atividades com eletricidade, abrangendo quase todos os tipos de instalações e pro-dutos. Acompanhe, nos tópicos a seguir a abrangência de cada norma!NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa TensãoA NBR 5410 é uma referência obri-gatória quando se fala em segurança com eletricidade. Ela apresenta todos os cálculos de dimensionamento de condutores e dispositivos de proteção. Nela estão as diferentes formas de instalação e as influências externas a serem consideradas em um pro-jeto. Os aspectos de segurança são apresentados de forma detalhada, incluindo o aterramento, a proteção por dispositivos de corrente de fuga, de sobretensões e sobrecorrentes.Os procedimentos para aceitação da instalação nova e para sua manu-tenção também são apresentados na norma, incluindo etapas de inspeção visual e de ensaios específicos.

Brand X Pictures ([20--?])

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116 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

NBR 14039 – Instalações Elétri-cas de Média Tensão, de 1,0kV a 36,2kVA NBR 14039 abrange as instala-ções de consumidores, incluindo suas subestações, dentro da faixa de tensão especificada. Ela não inclui as redes de distribuição das empresas concessionárias de energia elétrica. Além de todas as prescrições técnicas para dimensionamento dos componentes dessas instalações, a norma estabelece critérios específicos de segurança para as subestações consumidoras, incluindo acesso, parâmetros físicos e de infraestru-tura. Procedimentos de trabalho também são objeto de atenção da referida norma que, a exemplo da NBR 5410, também especifica as características de aceitação e manu-tenção dessas instalações.

Existem muitas outras normas técnicas direcionadas às instalações elétricas. Cabe aos profissionais conhecerem as prescrições que elas estabelecem, de acordo com o tipo de instalação em que estão trabalhando.

As normas a seguir relacionadas são boas referências para consultas e seus títulos são auto-explicativos a respeito do seu escopo. Muitas delas são complementos das pres-crições gerais estabelecidas nas normas técnicas de baixa e média tensão anteriormente citadas. Siga em frente para verificá-las!NBR 5418 – Instalações Elétricas em Atmosferas ExplosivasFixa condições exigíveis para seleção e aplicação de equipamentos, projeto e montagem de instalações elétricas em atmosferas explosivas por gás ou vapores inflamáveis.

NBR 5419 – Proteção de Estruturas contra Descargas AtmosféricasFixa as condições exigíveis ao projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de estruturas, bem como de pessoas e instalações no seu aspecto físico dentro do volume protegido.

jupiterimages ([20--?])

NBR 6151 – Classificação dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos quanto à Proteção contra os Choques ElétricosClassifica equipamentos elétricos e eletrônicos quanto à proteção contra os choques elétricos em caso de falha da isolação.NBR 13534 – Instalações Elétricas em Ambientes Assistenciais de Saúde – Requisitos para a SegurançaEspecifica condições exigíveis às instalações elétricas de estabelecimen-tos assistenciais de saúde, a fim de garantir a segurança de pessoas (em particular de pacientes) e, onde for o caso, de animais.NBR 13570 – Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Pú-blico – Requisitos EspecíficosFixa requisitos específicos exigíveis às instalações elétricas em locais de afluência de público, a fim de garantir o seu funcionamento adequado, a segurança de pessoas e de animais domésticos e a conservação dos bens.

Quando a utilização de um produto pode comprometer a segurança ou a saúde do consumidor, o INMETRO ou outro órgão regulamentador pode tornar obrigatória a Avaliação de Conformidade desse produto. Isso aumenta a confiança de que o produto está de acordo com as Normas e os Regulamentos Técnicos aplicáveis.

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117NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Regulamentações do MTE

Os instrumentos jurídicos de proteção ao trabalhador têm sua origem na Constituição Federal que, ao relacionar os direitos dos trabalhadores, incluiu entre eles a proteção da saúde e segurança por meio de normas específicas. Coube ao Ministério do Trabalho estabelecer essas regulamentações (Normas Regulamentadoras – NR) por intermédio da Portaria 3.214/78. A partir de então, uma série de outras portarias foram editadas pelo Minis-tério do Trabalho com o propósito de modificar ou acrescentar normas regulamentadoras de proteção ao trabalhador, conhecidas pelas suas iniciais: NR.Você já sabe que, sobre a seguran-ça em instalações e serviços em eletricidade, a referência é a NR 10. Ela estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, em quaisquer das fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica.Percebeu como é importante a observância desta norma? Sim, isto mesmo! A NR 10 exige também que sejam observadas as normas técnicas oficiais vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais. A fundamentação legal, que dá o embasamento jurídico à existência desta NR, está nos artigos 179 a 181 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Acompanhe na sequência as rotinas de trabalho.

SEção 7 Rotinas de trabalho

Considerando o exposto na NR 10, procedimento é uma: sequência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem a sua realização.A seguir, você conhecerá os proce-dimentos gerais, de trabalho e de desenergização, além da liberação para serviços e demais responsabi-lidades do dia-a-dia profissional de instalações elétricas. Siga em frente e incremente sua aprendizagem!

Procedimentos de tra-balho

Você saberia dizer o que os procedi-mentos devem conter? Interessante pergunta! Pois bem, os procedimentos precisam ter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de con-trole e orientações finais.A norma padroniza que os procedi-mentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo o processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) quando houver.

DICA Um procedimento de trabalho deve ser elaborado por profis-sional qualificado e aprovado por profissional habilitado no tocante à aprovação técnica e de segurança e saúde.

No procedimento deve-se encontrar a sequência de operações (passos) que um trabalhador deve fazer para realizar uma tarefa. Por exemplo, para substituir a resistência de um chuveiro elétrico instalado no vestiário de uma empresa, considerando o proposto na NR 10, o procedimento ficaria com a forma apresentada na tabela a seguir.

O procedimento levou em consideração que, por questões de segurança, ergonomia e disponibilidade do vestiário, com o chuveiro instalado, só se troca a resistência, ou seja, qualquer outro tipo de reparo deve ser feito em bancada. Tal medida se justifica, uma vez que operações de reparo, que não a substituição da resistên-cia, exigem a manipulação de ferramentas e a realização de movimentos que devem ser realizados em bancada.

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118 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Note a tabela.

Tabela 18: Procedimento de substituição de resistência de chuveiro elétrico

LogoPROCEDIMENTO 0010SET2006

substituição de resistências elétricas nos chuveiros do vestiário III no bloco A

Página ¼

REV. 0

Informações relacionadas ao conteúdo vigente

Atividade função responsável visto data

Elaboração

Análise crítica

Compatibilidade com o SGQ

Compatibilidade com o SGA

Aprovações Função Responsável Visto Data

Técnica

Segurança

Histórico das Revisões

Data da primeira elaboração

Data da última revisão

1. OBJETIVO

Padronizar a substituição de resistências elétricas nos chuveiros do Vestiário III no Bloco A.

2. CAMPO DE APLICAÇÃO

Manutenção Elétrica e Empresas de Manutenção Terceirizadas.

3. BASE TÉCNICA

Informações do fabricante do chuveiro arquivadas na pasta “CHUVEIROS” no arquivo de aço na sala da Ma-nutenção Elétrica. Projeto das instalações elétricas e memorial descritivo arquivados na sala da Manutenção Elétrica.

4. COMPETÊNCIAS

Ser profissional autorizado pela empresa.

5. RESPONSABILIDADES

A responsabilidade pela elaboração e revisão deste documento e da Manutenção Elétrica e a responsabilidade pela execução do serviço é do profissional autorizado que realizar o trabalho conforme registro na ordem de serviço.

6. MATERIAL NECESSÁRIO

Além dos EPIs padrões, é necessária a relação de recursos apresentada a seguir.

▪ Uma escada de abrir de 7 degraus com pés antiderrapantes.

▪ Resistência de 220 volts, 2 400 watts, código de estoque 100.040.350.

▪ Bloqueio de disjuntor bipolar para quadro de distribuição.

▪ Placa de sinalização “CIRCUITO EM MANUTENÇÃO” com o nome e telefone do mantenedor responsável pelo serviço.

▪ Utilizar os EPIs padrões definidos pela Área de Segurança.

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119NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Programar a substituição fora do horário dos banhos, que habitualmente ocorrem no fim de cada turno de trabalho.

▪ Verificar as instruções do fabricante para substituição da resistência elétrica.

▪ Verificar, no projeto elétrico, o quadro de distribuição e a identificação do disjuntor.

▪ Requisitar a resistência elétrica e conferir suas características. Caso o estoque seja zero e não existam resistên-cias equivalentes, reprogramar o serviço e solicitar a aquisição da resistência.

▪ Nunca improvisar consertos na resistência que será removida.

▪ Verificar se o chão do boxe está seco e, caso contrário, pedir para o setor de limpeza secar o chão.

▪ Instalar a segurança antes de iniciar o serviço de substituição da resistência elétrica.

▪ Verificar as condições da escada antes de utilizá-la. Substituir a escada caso ela esteja com problemas ou re-programar o serviço.

8. DISPOSIÇÕES GERAIS

▪ Requisitar a resistência elétrica.

▪ Ir ao vestiário com a escada e verifi car a condição do piso. Caso necessário providenciar sua secagem.

▪ Dirigir-se ao quadro de distribuição e desligar o disjuntor respectivo ao chuveiro em manutenção.

▪ Instalar o bloqueio e a placa de sinalização.

▪ Retornar ao vestiário e colocar a escada em posição tal que permita o serviço sem molhar a escada.

▪ Remover o plugue da tomada.

▪ Soltar o bojo do chuveiro e remover a resistência quebrada.

▪ Fazer a limpeza do bojo, removendo qualquer parte metálica da resistência que foi removida e que possa ter se desprendido e fi cado dentro do bojo.

▪ Instalar a nova resistência.

▪ Colocar novamente o bojo no chuveiro.

▪ Descer e retirar a escada do boxe.

▪ Abrir o registro para correr água, conforme indica o fabricante do chuveiro.

▪ Fechar o registro, colocar a escada no boxe e religar o plugue na tomada.

▪ Descer da escada e a remover do boxe.

▪ Retirar o bloqueio do disjuntor bipolar e religá-lo.

▪ Voltarao boxe e testar o chuveiro. Caso o chuveiro não esquente, providencar um voltímetro, e com o auxílio de luvas medir a tensão na tomada.

▪ Caso exista tensão, repetir a segurança e os passos anteriores. Agora para trocar o chuveiro.

▪ Trocar o chuveiro inteiro por um do estoque. Nunca tentar reparar o chuveiro no boxe.

9. ORIENTAÇÕES FINAIS

Nada consta.

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120 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Procedimentos de desenergização

É fundamental ressaltar que toda empresa deve elaborar, aprovar e divulgar (distribuir) o procedimento de desenergização obedecendo à sequência indicada a seguir.

a. Seccionamento – Confirmar se o circuito desligado é o alimentador do circuito em que deve ser executada a intervenção, mediante a ve-rificação dos diagramas elétricos e da folha de procedimentos, bem como a identificação do circuito em campo.

b. Impedimento de reenergização – Verificar as medidas de impedi-mento de reenergização aplicadas, que sejam compatíveis ao circuito em intervenção, como: abertura de seccionadoras, retirada de fusíveis, afastamento de disjuntores de barras, relés de bloqueio, travamento por chaves, utilização de cadeados.

c. Constatação da ausência de tensão – É feita no próprio ambiente de trabalho através de: instrumentos de medições dos painéis (fixo) ou instrumentos detectores de tensão (observar sempre a classe de tensão desses instrumentos). Verificar se os EPIs e EPCs necessários ao serviço estão dentro das normas vigentes e se as pessoas envolvidas estão devidamente protegidas.

d. Instalação de aterramento temporário – Verificar a instalação do aterramento temporário quanto à perfeita equipotencialização dos condutores do circuito ao referencial de terra, com a ligação destes a esse referencial com equipamentos apropriados.

e. Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada – Verificar a existência de equipamentos energizados nas proximidades do circuito ou equipamento a sofrer intervenção, observando assim os procedimentos, materiais e EPIs necessários à execução dos trabalhos, obedecendo à tabela de zona de risco e zona controlada. A proteção poderá ser feita por meio de obstáculos ou barreiras, de acordo com a análise de risco.

f. Instalação da sinalização de impedimento de energização - Confirmar se foi feita a instalação da sinalização em todos os equi-pamentos que possam vir a energizar o circuito ou equipamento em intervenção. Na falta de sinalização de todos os equipamentos, esta deve ser providenciada.

Procedimentos gerais

A critério das empresas, procedimentos gerais para as tarefas que possuem operações comuns podem ser elaborados, aprovados e divulgados. São exemplos de tarefas comuns as “atividades preliminares”, a “obtenção de permissão para o trabalho (PT)”, as “medidas de controle durante a execução dos serviços” e a “conclusão dos serviços”. Verifique a tabela.

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Tabela 19: Atividades preliminares

ATIVIDADES PRELIMINARES

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Atividades pre-liminares.

Analisar a documentação técnica, tais como: diagramas unifilar e funcional, interligações, etc.

Para melhor conhecimento do sis-tema elétrico.

Realizar uma análise de risco da tarefa, observando toda documentação técnica e as particularidades de cada sistema elétrico. Para minimizar e manter sob controle

o potencial de risco do serviço.Verificar os EPIs e EPCs necessários.

Inspecionar ferramental e instrumental necessários.

Identificar os procedimentos técnicos para cada tipo de serviço.

Para garantir a eficiência dos mesmos.

A supervisão irá definir os trabalhadores habilitados para a execução da tarefa.

Para que os serviços sejam executados de forma padronizada.

Debater com a equipe as peculiaridades e todos os aspectos de segurança relativos ao serviço.

Para manter todos informados sobre o serviço.

Elaborar roteiro de manobras de liberação.Para liberar de forma segura os serviços.

Liberação para serviços

Tendo como base os procedimentos que você já viu nos estudos anterio-res, o circuito ou equipamento estará liberado para intervenção, sendo a liberação executada pelo técnico responsável pela execução dos trabalhos.

Somente estarão liberados para a execução dos serviços os profissionais autorizados, devidamente orientados e com equipamentos de proteção e ferramental apropriado.

Saiba que depois de concluída a liberação para serviços e antes de iniciar os trabalhos em equipe, conforme determina a NR 10, “os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem de-senvolvidas no local, de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço”.A tabela a seguir exemplifica os procedimentos preliminares a serem seguidos para a liberação do trabalho. Note!

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122 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Tabela 20: Obtenção da Permissão de Trabalho

OBTENÇÃO DE PERMISSÃO DE TRABALHO (PT)

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Obtenção de permissão de trabalho (PT)

Analisar em conjunto com o operados os riscos do serviço. Para eliminar ou mini-

mizar a possibilidade de acidente e/ou incidente.

Responsável pela PT deve ser autorizado.Verificar a análise de risco da tarefa.

Certificar-se da abrangência da PT.

Acompanhar ou executar as manobras de desener-gização e liberação dos serviços em conformidade com o roteiro previamente elaborado.

Para ter conhecimento da real condição do sistema elétrico.

Seguir procedi-mentos e obser-

var riscos.

Identificar com o operador os equipamentos e sistema a ser trabalhado.

Sinalizar com fita de cor amarela a área onde estão equipamentos energizados vizinhos à área do serviço.

Para evitar enganos.

Usar luvas e testar o detector em circuito sabida-mente energizado.

Para evitar manobras indevidas.

Verificar com detector de tensão a ausência ou não de potencial nos equipamentos e sistema liberados. Para garantir a integri-

dade dos profissionais.Travar com cadeado os equipamentos de manobras pertencentes ao sistema em serviço.

Aterrar os sistema/equipamento liberado.

Para proteger os exe-cutantes contra ma-nobras indevidas e/ou induções.

Atenção para as alimentações de retorno.

Procedimentos de travamento

O travamento é o próximo serviço. Veja, a seguir, os procedimentos para sua realização.

▪ Seccionamento – em que chaves seccionadoras ou outros dispositivos de isolamento são acionados para a desenergização dos circuitos.

▪ Impedimento de reenergização – em que os bloqueios mecâni-cos, cadeados ou outros equipamentos garantem a impossibilidade de reenergização dos circuitos, o que fica facultado apenas ao responsável pelo bloqueio.

▪ Constatação da ausência de tensão – em que os dispositivos de detecção de tensão garantem a desenergização dos circuitos. Exemplo de instalação de aterramento temporário e equipotencialização (curto- circuito das três fases ligadas ao aterramento). Após o travamento deve-se sina-lizar a área conforme os procedimentos apresentados na tabela a seguir.

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123NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 21: Medidas de controle durante a execução dos serviços

MEDIDAS DE CONTROLE DURANTE A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS

O que fazer? Como fazer? Por que fazer? Observações

Medidas de controle durante a execução dos serviços.

Avaliar os riscos e a sinalização quando da execução de testes com potencial elevado Para evitar descargas elétri-

cas em outros executantes.

Usar luvas de alta tensão e descarregar os equipamentos após os testes.Observar os procedimentos ope-

racionais para cada teste.

Verificar as condições de segurança sempre que se ausentar do local do trabalho e quando for reiniciar o serviço.

Para garantir sua própria integridade.

Usar detector de tensão.

Executar serviços observando os procedimentos técnicos opera-cionais.

Para garantir qualidade e padronização.

O serviço somente deve ser iniciado após a liberação da PT.

Para se autopreservar.Usar ferramental adequado, nunca improvisar.

Portar e usar os EPIs recomendados.

Manter em local visível e de fácil acesso os diagramas unifilar e funcional.

Para não executar ser viços com dúvida.

Alterações na sequência ou nas condições e de segurança do serviço devem ser comuni cadas ao supervisor e, se necessário, revisar a PT.

Conservar a distância de segurança das partes energizadas.

Para garantir a barreira isolante do ar.

DICA A sinalização de impedimento de energização deve ser feita com eti-quetas ou placas contendo avisos de proibição de religamento, tais como: “Homens trabalhando no equipamento”, “Não ligue esta chave”, “Perigo de morte”, “Alta tensão”, etc.

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Para concluir os serviços, devem ser inspecionadas as áreas, o ferramental e os equipamentos, conforme a tabela.

Tabela 22: Conclusão dos serviços

CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS

O que fazer?

Como fazer?Por que fazer?

Observações

Conclusão de serviço.

Inspecionar os equipamentos e sistemas observando: condições de energização; cabos bem conectados; curtos-circuitos para testes retirados; sistemas de proteção ativos; caixas de conexões vedadas; buchas e isoladores limpos e sem avarias; sistemas de refrigeração desobstruídos; ausência de materiais/ferramentas no interior dos equipamentos.

Para garantir a condição operacional dos mesmos.

Retirar todos os aterramentos provisórios (na sequência inversa do aterramento).

Para evitar cur-tos circuitos.Retirar sinalização e fitas de isolamento da área.

Retirar equipamentos e materiais da área.

Acompanhar ou executar as manobras de normalização do sistema elétrico, conforme roteiro previamente elaborado.

Para manter a área limpa e em ordem.Dar baixa na PT.

Procedimentos de reenergização

Após a conclusão dos serviços e com a autorização para reenergização do sistema, devem-se realizar os seguintes procedimentos:

▪ retirar todas as ferramentas, os utensílios e os equipamentos;

▪ retirar todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reener-gização da zona controlada;

▪ remover o aterramento temporário da equipotencialização e as pro-teções adicionais;

▪ remover a sinalização de impedimento de energização;.

▪ destravar, se houver, e realizar os dispositivos de seccionamento.

Responsabilidades

Quando são definidas as atribuições e as responsabilidades dos diversos cargos (funções) existentes dentro de uma empresa, deve-se considerar obrigatoriamente a habilitação, qualificação, capacitação e autorização nos termos recomendados pela NR 10.

Os cargos que aprovam projetos e procedimentos de-vem ser ocupados por profis-sionais habilitados, bem como os responsáveis por profissionais capacitados, que também devem ser habi-litados.

jupiterimages ([20--?])

Como regra geral, os cargos que por atribuição são ocupados por profissionais que fazem diagnóstico e podem tomar decisões dentro de uma empresa devem ser ocupados por profissionais no mínimo qua-lificados, sendo recomendado que sejam habilitados.A habilitação, em função da legis-lação vigente na data da elaboração deste material didático impresso, obriga o contratado a fornecer para a empresa contratante uma anotação de responsabilidade técnica (ART) de cargo e função para ficar caracterizada a sua habilitação(e não apenas a qualificação).

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125NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Os cargos que aprovam projetos e procedimentos de-vem ser ocupados por profis-sionais habilitados, bem como os responsáveis por profissionais capacitados, que também devem ser habi-litados.

jupiterimages ([20--?])

Como regra geral, os cargos que por atribuição são ocupados por profissionais que fazem diagnóstico e podem tomar decisões dentro de uma empresa devem ser ocupados por profissionais no mínimo qua-lificados, sendo recomendado que sejam habilitados.A habilitação, em função da legis-lação vigente na data da elaboração deste material didático impresso, obriga o contratado a fornecer para a empresa contratante uma anotação de responsabilidade técnica (ART) de cargo e função para ficar caracterizada a sua habilitação(e não apenas a qualificação).

Gestão de Pessoas

Cabe à área de gestão de pessoas da empresa contratante “instruir formal-mente” todos os seus contratados (funcionários, prestadores de serviços terceirizados, temporários e estagiários) com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. Por exemplo, é necessário que todos os contratados saibam que “os locais de serviço, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos”.

Digital Vision. ([20--?])

A instrução formal, conforme estipula a norma, pode ser realizada no pro-grama de integração dos contratados, ou seja, antes que eles realizem suas atividades dentro da empresa.

Na integração das pessoas que irão realizar serviços em eletricidade, nas instalações elétricas ou nas suas proximidades, deve ser enfatizado que é “vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos”.

Área de Segurança e Medicina do Trabalho

A empresa deve manter atualizado o Laudo Técnico das Condições Ambien-tais de Trabalho (LTCAT), o programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e o Plano de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO). Em função da NR 10, nos exames médicos periódicos deve-se verificar a existência de implantes eletrônicos (marcapasso, dosador de insulina) e de próteses metálicas nos profissionais que atuam com eletricidade ou que estejam sujeitos a campos eletromagnéticos levantados no LTCAT. Nos casos em que a situação citada for detectada, o trabalhador deve ser orientado sobre os cuidados que deve tomar, ou deve ser submetido a exames periódicos com periodicidade menor que a anual.

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126 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Stockbyte ([20--?])

Área industrial

Cabe à área industrial da empresa desenvolver programas internos para manter as suas instalações elétricas em condições seguras de funciona-mento. Seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente de acordo com as regulamentações existentes e definições de projeto.

DICA Um exemplo de inspeção nos sistemas de proteção são os ensaios de tempo de operação e resistência de contato elétrico aplicáveis a disjuntores instalados nas subestações.

Gerência imediata

Conheça na sequência as atribuições típicas da gerência imediata .

▪ Instruir e esclarecer seus funcionários sobre as normas de segurança do trabalho e sobre as precauções relativas às peculiaridades dos serviços executados em estações.

▪ Fazer cumprir as normas de segurança do trabalho a que estão obri-gados todos os empregados, sem exceção.

▪ Designar somente pessoal devidamente habilitado para a execução de cada tarefa.

▪ Manter-se a par das alterações introduzidas nas normas de segurança do trabalho, transmitindo-as a seus funcionários.

▪ Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

▪ Proibir a entrada de menores aprendizes em estações ou em áreas de risco.

George Doyle ([20--?])

Supervisores e encarregados

Agora, você irá conhecer as atri-buições típicas de supervisores e encarregados. Confira!

▪ Instruir adequadamente os fun-cionários com relação às normas de segurança do trabalho.

▪ Certificar-se da colocação dos equipamentos de sinalização ade-quados antes do início da execução dos serviços.

▪ Orientar os integrantes de sua equipe quanto às características dos serviços a serem executados e quanto às precauções a serem observadas no seu desenvolvimento.

▪ Comunicar à gerência imediata irregularidades observadas no cum-primento das normas de segurança do trabalho, inclusive quando ocor-rerem fora de sua área de serviço.

▪ Advertir pronta e adequadamente os funcionários sob sua responsabi-lidade quando deixarem de cumprir as normas de segurança do trabalho.

▪ Zelar pela conservação das ferramentas e dos equipamentos de segurança, assim como pela sua correta utilização.

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127NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Proibir que os integrantes de sua equipe utilizem ferramentas e equipamentos inadequados ou defeituosos.

▪ Usar e exigir o uso de roupa adequada ao serviço.

▪ Manter-se a par das inovações introduzidas nas normas de segu-rança do trabalho, transmitindo-as aos integrantes de sua equipe.

▪ Providenciar prontamente os primeiros socorros para os funcio-nários acidentados e comunicar o acidente à gerência imediata, logo após sua ocorrência.

▪ Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

▪ Conservar o local de trabalho organizado e limpo.

▪ Cooperar com as CIPAs na sugestão de medidas de segurança do trabalho.

▪ Atribuir serviços somente a funcionários que estejam física e emocionalmente capacitados a executá-los, e distribuir as tarefas de acordo com a capacidade técnica de cada um.

▪ Quando houver a interrupção dos serviços em execução, antes de seu reinício devem ser tomadas precauções para verificação da se-gurança geral, como ocorreu antes do início do trabalho.

Digital Vision. ([20--?])

Empregados

Chegou o momento de você co-nhecer as atribuições típicas dos empregados. Siga em frente para verificá-las.

▪ Observar as normas e os preceitos relativos à segurança do trabalho e ao uso correto dos equipamentos de segurança.

▪ Utilizar os equipamentos de proteção individual e coletiva.

▪ Alertar os companheiros de trabalho quando estes executarem os serviços de maneira incorreta ou atos que possam gerar acidentes.

▪ Comunicar imediatamente ao seu superior e aos companheiros de trabalho qualquer acidente, por mais insignificante que seja, ocorrido consigo, com colegas ou terceiros, para que sejam tomadas as providências cabíveis.

▪ Avisar seu superior imediato quando, por motivo de saúde, não estiver em condições de executar o serviço para o qual tenha sido designado.

▪ Observar a proibição da ocorrên-cia de procedimentos que possam gerar riscos de segurança.

▪ Não ingerir bebidas alcoólicas ou usar drogas antes do início, nos intervalos ou durante a jornada de trabalho.

▪ Evitar brincadeiras em serviço.

▪ Não portar arma, excluindo-se os casos de empregados autorizados pela administração da empresa, em razão das funções que desempenham.

▪ Não utilizar objetos metálicos de uso pessoal, tais como: anéis, cor-rentes, relógios, bota com biqueira de aço, isqueiros a gás, a fim de se evitar o agravamento das lesões em caso de acidente elétrico.

▪ Não usar aparelhos sonoros.

Jack Hollingsworth ([20--?])

Visitantes

Saiba que o empregado encarre-gado de conduzir visitantes pelas instalações de empresa deve ficar atento aos seguintes itens.

▪ Dar-lhes conhecimento das normas de segurança.

▪ Fazer com que se mantenham juntos.

▪ Alertar-lhes para que mantenham a distância adequada dos equipa-mentos, não os tocando.

▪ Fornecer-lhes EPIs aplicáveis (capacetes, protetores auriculares, etc.).

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128 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Documentação de ins-talações elétricas

Todas as empresas são obrigadas a manter diagramas unifilares das instalações elétricas com as especifi-cações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

Os diagramas unifilares das instalações elétricas, devem estar atualizados, com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

Os estabelecimentos com potência instalada igual ou superior a 75 kW devem constituir Prontuário de Instalações Elétricas, de forma a organizar o memorial contendo no mínimo os itens a seguir.

a. Os diagramas unifilares, os sistemas de aterramento e as especificações dos dispositivos de proteção das instalações elétricas.

b. O relatório de auditoria de conformidade à NR 10, com recomendações e cronogramas de adequação, visando ao controle de riscos elétricos.

c. O conjunto de procedimentos e instruções técnicas e admi-nistrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas à NR 10 e descrição das medidas de controle existentes.

d. A documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

e. Os equipamentos de proteção coletiva e individual e o fer-ramental aplicáveis, conforme determina a NR 10.

f. A documentação comprobató-ria da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos profissionais e dos treinamentos realizados.

g. As certificações de materiais e equipamentos utilizados em área classificada.

As empresas que operam em instalações ou com equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência ou nas suas proximidades devem acrescentar ao prontuário os documentos relacionados anterior-mente e os a seguir listados.

a. Descrição dos procedimentos de ordem geral para contingências não previstas.

b. Certificados dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviço em ele-tricidade. Deve, também, ser revisado e atualizadosempre que ocorrerem alterações nos sistemas elétricos.

Os documentos previstos no Pron-tuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissionais legalmente habilitados.No interior das subestações deverá estar disponível, em local acessível, um esquema geral da instalação.Toda a documentação deve ser em língua portuguesa, sendo permitido o uso de língua estrangeira adicional.

Projetos

O “custo do ciclo de vida” de uma instalação elétrica considera os cus-tos de operação e de manutenção e é determinado principalmente na fase de projeto. Outro aspecto importante dos projetos é que eles definem as condições de segurança e saúde dos trabalhadores responsá-veis pela sua execução (montagem), operação e manutenção. No caso das instalações elétricas, a NR 10, no capítulo 10.3, Segurança em Projeto, padroniza os requisitos mínimos dos projetos relacionados às instalações elétricas.Segundo a NR 10, todo projeto de instalação elétrica deve considerar os itens a seguir.

Descrever o sistema de identificação e como tais in-dicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações, considerando a NR 26, que trata de sinaliza-ção de segurança e padroniza as cores que devem ser utiliza-das. Por exemplo, a cor laran-ja deverá ser empregada para identificar canalizações conten-do ácidos; partes móveis de má-quinas e equipamentos; partes internas das guardas de máqui-nas que possam ser removidas ou abertas; faces internas de caixas protetoras de dispositi-vos elétricos; faces externas de polias e engrenagens; botões de arranque de segurança e dispo-sitivos de corte, bordas de ser-ras, prensas.

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129NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Considerar o espaço seguro quanto ao dimensionamento e à localização de seus componentes e às influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção, considerando a NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão – e a NR 17 – Ergonomia.

▪ Assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores ilumi-nação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

▪ Definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção, e a conexão a terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

▪ Prever a instalação separada e a identificação individual dos circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento.

▪ Especificar dispositivos de desligamento que possuam recursos para impedimento de reenergização e, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

▪ Prever condições para a adoção de aterramentos temporários.

▪ Ser acompanhado de memorial descritivo que contenha também o princípio funcional dos dispositivos de proteção e recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações.

As influências externas relacionadas na NBR 5410 são: temperatura am-biente, condições climáticas do ambiente, altitude, presença de água, presença de corpos sólidos, presença de substâncias corrosivas ou po-luentes, solicitações mecânicas, presença de flext e mofo, presença de fauna, fenômenos eletromagnéticos de baixa frequência (conduzidos ou radiados), fenômenos eletromagnéticos de alta frequência conduzidos, induzidos ou radiados (contínuos ou transitórios), descargas eletrostáti-cas, radiações ionizantes, radiação solar, descargas atmosféricas, movi-mentação do ar, vento, competência das pessoas, resistência elétrica do corpo humano, contato das pessoas com o potencial terra, condições de fuga das pessoas em emergências, natureza dos materiais processados ou armazenados, materiais de construção, estrutura das edificações.

Aqui você encerra a unidade de estudo 2! Até este momento do curso, na maior parte, você conheceu vários aspectos relacionados ao risco elétrico: desde os perigos em si, passando pelas técnicas de análise de riscos, e as várias medidas de controle do risco elétrico existentes para cada ocasião de trabalho. Em seguida estudou os variados EPIs e EPCs, que complementam a segurança das medidas de controle. Por fim, você estudou as normas, rotinas de trabalho e documentação de instalações elétricas. Na próxima unidade você aprenderá a combater um risco es-pecífico de instalações elétricas, que é o incêndio. Preparado para seguir? Então vamos lá!

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Unidade de estudo 3

Seções de estudo

Seção 1 – Prevenção contra incêndioSeção 2 – Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio Seção 3 – Classes de incêndio e agentes extintores

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131NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Prevenção Contra Incêndios

SEção 1 Prevenção contra incêndio

A prevenção contra incêndio não requer o emprego de técnicas e ma-teriais especiais. O simples cuidado e atenção com os materiais usados no dia a dia constituem o básico para essa prevenção. Acompanhe!

Principais causas de incêndio

O mau uso da eletricidade e o des-tino das pontas de cigarro acesas são apontados como os principais iniciadores de incêndios.

iStockphotos ([20--?])

A sobrecarga na rede elétrica, através da instalação de vários equipamentos numa mesma tomada, é um risco potencial. Muita atenção deve ser dada ao uso do conhecido “T”, também chamado de benjamim, aquela peça que permite a ligação de até três aparelhos numa mesma saída elétrica. Dependendo da carga aplicada nele, a rede geral pode não suportar.

Sintel ([20--?])

Figura 72: Plugue de tomada com 3 saídas

O ferro elétrico é um grande gerador de incêndios, porque as pessoas se esquecem de desligá-lo ou porque seu “rabicho” está em péssimas condições, com fiação exposta, revestimento rompido, aquecendo e gerando faíscas.Você já deve estar ciente de que os fusíveis e os disjuntores funcionam como proteção aos circuitos elétri-cos! Isto mesmo! Eles desarmam e cortam a corrente em caso de sobrecarga. Precisam estar bem dimensionados e nunca devem ser travados, para evitar que se desarmem, nem substituídos por arames ou fios.

Irmãos Abage ([20--?])

Figura 73: Disjuntor

As máquinas, condicionadores de ar e outros equipamentos elétricos podem iniciar incêndios se as pre-cauções básicas não forem tomadas. Ao se encerrar o expediente ou o trabalho, deve-se desligar os mes-mos certificando-se de que ficaram completamente desligados. Fique sempre atento a este detalhe, trata-se de uma pequena atitude, mas que pode evitar transtornos futuros!Um simples cigarro é capaz de pro-vocar grandes tragédias: ou porque é atirado a esmo, ou então esquecido aceso no cinzeiro. O fumante deve se habituar a apagá-lo totalmente e não fumar ao deitar-se.Conheça, na sequência, alguns efeitos ocasionados pelos incêndios!

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132 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

a. Incêndio – efeito térmico

A corrente de curto-circuito provo-cará o aquecimento dos condutores percorridos se não for rapidamente suprimida por meio de equipamentos de atuação rápida. Quando as cor-rentes que fluem pelos condutores são de curta duração (um a cinco segundos), admite-se que o aque-cimento é adiabático, isto é, todo o calor é utilizado no aquecimento dos condutores. Esses aquecimentos podem representar uma redução de resistência mecânica dos con-dutores e, se eles forem isolados, há destruição do material isolante, com risco de incêndio.Disjuntores, ao interromperem a corrente de curto-circuito, limitam a energia que provocaria aquecimento exagerado de condutores e de seus isolamentos. Quando o disjuntor é limitador, essa redução é muito grande, permitindo um dimensio-namento bem menos generoso dos condutores, barramentos e equipa-mentos. Em geral, se o barramento suporta os outros dois esforços, será naturalmente satisfeita esta solicitação.

A corrente de curto-circuito resumida, a considerar para efeito de proteção da Central Elétrica de Proteção, é a disponível na alimentação.

b. Incêndio – proteção

Os componentes elétricos não de-vem apresentar perigo de incêndio para os equipamentos vizinhos. Os componentes fixos cujas superfícies externas possam atingir tempera-turas que venham causar perigo de incêndio a materiais adjacentes devem obedecer pelo menos um dos cuidados listados a seguir. Confira!

▪ Ser montados sobre materiais ou contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas.

▪ Ser separados dos elementos da construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas e que sejam de baixa condutância térmica.

▪ Ser montados de forma a permitir a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deverá ser de baixa condutância térmica.Quando em serviço normal, um componente instalado de modo permanente puder emitir arcos ou fagulhas, esse componente deve obedecer pelo menos um dos cui-dados listados a seguir.

▪ Ser totalmente envolvido por material resistente a arcos.

▪ Ser separado por materiais re-sistentes a arcos, de elementos de construção do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais.

▪ Ser montado de modo a permitir a segura extinção do arco a uma distância suficiente dos elementos do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais.Os componentes fixos que apre-sentem efeitos de focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância suficiente de qual-quer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo a não submetê-lo, em condições normais, à elevação perigosa da temperatura. Quando em um local forem usados equipa-mentos elétricos contendo líquidos inflamáveis em quantidade elevada (por exemplo: transformadores e disjuntores a óleo mineral), devem ser tomadas precauções para evitar que o líquido inflamável e os produtos da combustão do líquido (chamas, fumos, gases tóxicos) se espalhem para outras partes do prédio.

DICA Para quantidades líquidas superiores a 25 litros, é sufi-ciente uma providência que evite vazamento do líquido. É conveniente que o fornecimento de energia seja imediatamente interrompido quando houver ocorrência de incêndio. As instalações que contenham 100 litros ou mais de líquido isolante, no entanto, devem ser providas de tanque de contenção.

Veja os exemplos, a seguir:

▪ Construção de fosso de drenagem, para coletar vazamento de líquidos e assegurar a extinção de chamas, na eventualidade de incêndio.

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▪ Instalação do equipamento de uma câmara com resistência ao fogo adequada e previsão de peitoris ou outros meios para evitar que o líquido inflamável se espalhe para outras partes do prédio, sendo essa câmara ventilada apenas por atmosfera externa.Os materiais dos invólucros colocados em torno dos componentes elétricos durante a instalação devem suportar a maior temperatura suscetível de ser produzida pelo componente. Materiais combustíveis não são adequados para a construção desses invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra a ignição, tais como revestimento com material não combustível ou de combustão difícil e de baixa condutância térmica.Na prevenção contra incêndio, não se deve focar apenas nos aspectos de segurança da edificação, do sistema de alarme e do equipamento extintor. É imprescindível que os trabalhadores sejam treinados com respeito às atitudes corretas quando ocorrer o incêndio. Este treinamento faz parte de um plano de emergência.

PROCAVE (2013)

c. Plano de emergência

O pânico é um elemento que causa mais vítimas que o próprio fogo. Por-tanto, é preciso evitá-lo. Só mesmo o treinamento periódico e a informação são capazes de reduzir ou controlar essa reação coletiva que se desencadeia em ocasiões extremas, como um incêndio. O pânico é um fenômeno que ocorre com frequência durante os incêndios, especialmente quando as pessoas encontram dificuldades para abandonar o local. É também uma manifestação desesperada, provocada pelo instinto de autodefesa, que se apodera das pessoas na presença do perigo. Nessa ocasião, perdem o raciocínio lógico e tomam atitudes que colocam em risco suas vidas quando, muitas vezes, já estão prestes a serem salvas.

A engenharia, por outro lado, deve facilitar para que o ser humano não necessite pensar muito num acidente desses, pois se a pessoa não é treinada, perde o raciocínio lógico e a coordenação motora. Por isso, é preciso que seja montado na empresa o plano de emergência. Este plano deve ser trabalhado com todas as pessoas, quantas vezes forem necessárias, para que as atitudes a serem tomadas se tornem um hábito.

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134 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Santa Casa do Pará (2012)

Fases do plano

É importante você saber que para elaboração e implantação do plano de emergência, devem ser obser-vados vários aspectos, confira, na sequência.Levantamentos – Confira os dados que devem ser levantados.

▪ Número de empregados por setor/pavimentos.

▪ Saídas disponíveis.

▪ Áreas de maior risco.

▪ Meios de comunicação disponíveis e sinais de alarme.

▪ Material para primeiros socorros.Agora, observe as definições de estratégias.Definições de estratégias – De-ve-se estudar, definir e implantar os seguintes quesitos.

▪ Sistema de alarme.

▪ As opções de fuga do pessoal.

▪ Ponto de encontro do pessoal evacuado.

▪ Ponto de encontro da brigada.

▪ Controle dos sistemas elétricos/hidráulicos.

▪ Formação das brigadas de Com-bate e salvamento; Evacuação ou abandono; e Apoio.Na sequência, você fica por dentro dos treinamentos periódicos.Treinamentos periódicos – Visam instruir e exercitar, com todas as pessoas envolvidas, as etapas do plano, sendo tratados os assuntos a seguir.

▪ Divulgação do plano.

▪ Treinamento dos grupos.

▪ Exercícios práticos.

▪ Simulações.Chegou o momento de saber a respeito das revisões e atualizações do plano.Revisão e atualização do plano – Tem por finalidade verificar a eficácia das estratégias estabelecidas e atualizá-las, conforme a neces-sidade. Devem ser cumpridas as tarefas a seguir.

▪ Levantamentos dos pontos fortes, para sua manutenção.

▪ Levantamentos dos pontos fracos, para estudo e correção.

▪ Divulgação.

Conduta a ser seguida em caso de incêndio

Qualquer pessoa que notar indícios de fumaça ou de fogo, cheiro de queimado ou labaredas, deverá atentar imediatamente às seguintes ações.

Elastobor ([20--?])

▪ Procurar identificar o local, o material em combustão e combater o fogo com o extintor apropriado mais próximo.

▪ Acionar o sistema de alarme ou pedir que alguém o faça se o fogo não foi controlado com o primeiro extintor usado.

▪ Combater o fogo, na tentativa de mantê-lo sob controle até a chegada dos bombeiros.

▪ Em caso de não saber manejar o extintor adequado ou ter medo do fogo, evitar causar pânico entre as demais pessoas.

▪ Seguir o plano de abandono estabelecido.Até que seja elaborado e posto em prática o plano de abandono, agir sempre considerando as regras a seguir.

▪ Tratar de sair pelas portas princi-pais ou de emergência, de maneira rápida (eficaz), mas sem correrias.

▪ Não usar elevadores.

▪ Manter portas e janelas fechadas, porém sem trancá-las.

▪ Não tentar salvar objetos, mas salvar a própria vida.

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▪ Se possível, desligar as fontes de energia da área sinistrada.

▪ Se tiver que abrir alguma porta, antes de fazê-lo, usar as mãos para verificar se não está aquecida – ela pode esconder um calor de grandes proporções no outro ambiente.

▪ Em qualquer situação, proteger-se atrás da porta. Ao abri-la, não se expor à corrente de ar, fogo e fumaça.

▪ Para movimentar-se em local com fumaça e gases da combustão, proteger-se rastejando, aproximan-do-se o mais possível do solo, onde o ar é menos tóxico.Percebeu que as regras expostas acima são valiosas para emergências em incêndio?Mantenha-as em mente, pois vi-das podem ser salvas com estas normas baseadas em bom senso e conhecimento. Na próxima seção, você irá estudar propriedades do fogo e formas eficazes de extinguir incêndios. Continue atento para aprender cada vez mais!

SEção 2 Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio

O conhecimento das condições que determinam a ocorrência, ou não, da oxidação de um material é essencial para a compreensão dos princípios em que se baseia a ciência de prevenção e combate a incêndios. Confira!

a. Química e física do fogo

O fogo é uma reação química de oxidação que se processa rapida-mente, com desprendimento de energia na forma de luz e calor. Sua existência somente será possível se houver a combinação dos quatro elementos essenciais: calor, oxigênio, combustível e a reação em cadeia. Observe a figura!

FOGO

Calor

Reação em cadeia

Oxi

gên

io

Co

mb

ustível

Diego Fernandes (2013)

Figura 74: Elementos essenciais

Oxigênio – É o comburente mais facilmente encontrado na natureza e de grande importância na com-bustão. Facilita a aceleração da queima. É um elemento que está presente em todas as combustões e que possibilita vida às chamas e intensidade à combustão.

Comburente: É o elemento que dá vida as chamas e

intensifica a combustão. O oxigê-nio é o principal comburente, mas existem outros gases que podem ter a mesma função.

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136 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Diego Fernandes (2013)

O percentual de oxigênio no ar (em uma atmosfera comum) é o seguinte: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases.

Tabela 23: Relação entre concentração de O2 e combustão

Oxigênio x Combustão

21% a 14% Combustão viva

13% a 9% Combustão lenta

8% a 0% Não há combustão

Combustível - É todo material que pode ser queimado. Pode ser encontrado nas formas sólida, líquida e gasosa.Fonte de ignição (calor) – É uma forma de energia térmica, provocada por reações químicas e físicas, responsável pelo início da combustão.Reação em cadeia – Observando mais atentamente a química do fogo, nota-se que, depois de iniciado, o fogo passa a alimentar a si próprio. A explicação está na teoria da “reação em cadeia”, que é o mecanismo que garante a “manutenção” do fogo. A cadeia de reações formada durante a combustão propicia a formação de radicais livres, responsáveis pela transferência de energia à molécula ainda intacta, provocando, assim, a propagação do fogo numa verdadeira cadeia de reações.

Interferência na reação em cadeia – É o método também conhecido como extinção quími-ca, em que o agente extintor evita a reação das substâncias geradas durante a combustão. Essas subs-tâncias, conhecidas como produtos intermediários, são responsáveis pela continuidade da combustão. Isolamento (remoção do com-bustível) – A retirada do material ou controle do combustível é o método de extinção mais simples na sua realização, pois não exige aparelhos especializados. Consiste na retirada, diminuição ou interrupção, com suficiente margem de segu-rança, dos materiais combustíveis que alimentam o fogo e daqueles ainda não atingidos por ele. Como exemplo do emprego desse tipo de extinção está o “aceiro”, ou desbas-te de terreno no entorno de uma área. A área desbastada em matas, florestas ou campos interrompe a continuidade do fogo, e facilita o seu domínio.Você relacionará os métodos de extinção de incêndio com os tipos de extintores de in-cêndio mais adiante!Agora o foco será a respeito dos tipos de combustão! Continue atento!

c. Tipos de combustão

Alguns conceitos são importantes de serem compreendidos, pois auxiliam sua atuação no combate e prevenção a incêndios. Você já estudou oque é a combustão! Lem-bra do significado? Bem para você relembrar este conceito, combustão é uma reação química de oxidação rápida e exotérmica (liberação de calor), em que há geração de luz e calor. Para tanto, é necessária a combinação de alguns elementos essenciais em condições apropriadas.

Agora você vai conhecer os métodos para extinção dos incêndios. Siga em frente!

b. Métodos de extinção de incêndios

Você pode conseguir a extinção do fogo com a retirada de qualquer um dos lados do tetraedro, inter-rompendo-se a ação de um dos quatros elementos: calor, oxigênio, combustível ou reação em cadeia. Acompanhe!Resfriamento – É o método de extinção mais conhecido e consis-te em diminuir a temperatura do material em chamas até que este se situe abaixo do ponto de com-bustão, quando não mais haverá o desprendimento de vapores na quantidade necessária para sustentar a combustão.Abafamento – É o método de extinção que consiste em reduzir a concentração do oxigênio presente no ar, situado acima da superfície do combustível. Segundo experiências realizadas em laboratório, verificou-se que, em relação a líquidos e gases, as chamas existem somente em ambientes com mais de 13% de oxi-gênio. Qualquer meio de abafamento que consiga reduzir a porcentagem de oxigênio abaixo desse valor terá sucesso na extinção. Para sólidos, a combustão pode continuar ocor-rendo abaixo dos 13%, lentamente, sem chamas, e assim permanecerá até que a concentração de oxigênio atinja 6%, quando nenhuma forma de combustão existirá.

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Hemera ([20--?])

Os produtos mais comuns resultantes da combustão são o vapor d’água e o gás carbônico (CO2), podendo também ser produzido dióxido de enxofre (SO2). As chamas produzidas pela combustão formam um fluxo de gases ou vapores que queimam e emitem luz em decorrência da ação do calor sobre a substância combustível.

A oxidação lenta que ocorre com alguns materiais, como a oxidação do ferro (ferrugem) ou o amareleci-mento do papel, não é considerada uma combustão.

A combustão divide-se em quatro tipos. Acompanhe, para ficar bem informado!

▪ Combustão viva – É aquela que produz chama de imediato e sua temperatura se eleva rapidamente, como o fogo produzido por líquidos inflamáveis (gasolina, removedor, tinta, etc.) ou por combustíveis sólidos (linho, papel, etc.).

▪ Combustão lenta – É aquela que não produz chama de imediato e a sua temperatura não se eleva com rapidez.

▪ Combustão espontânea – Quando se produz a oxidação lenta de uma substância provocada por temperaturas baixas, que demoram em produzir o ponto ou a tempera-tura de ignição. Exemplos: estopa ou trapos, acumulados, embebidos em óleo; monte de feno úmido em fermentação; fardo de estopa ou de algodão úmido.

▪ Combustão incompleta – Quando a combustão se produz com insuficiência de oxigênio. Ao ocorrer esse fenômeno, primeiramente se reduz a velocidade da combustão e, ao ser atingido o ponto crítico do teor de oxigênio, a chama se extingue. A combustão incompleta é geralmente acompanhada de forte formação de fumaça.

d. Característica física e química da temperatura

Você sabe a diferença entre pontos de fulgor, combustão e ignição?Para que você entenda cada um destes significados, verifique na sequência!Ponto de fulgor – É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou gases inflamáveis, os quais, combinados com o oxigênio do ar em contato com uma fonte de calor, começam a se queimar, mas a chama não se mantém porque a quantidade de gases produzidos é ainda insuficiente. Note a figura.

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138 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Diego Fernandes (2013)

Figura 75: Ponto de fulgor

Ponto de combustão – É a temperatura na qual um corpo combustí-vel, em contato com uma fonte de calor, emite vapores em quantidade suficiente, que se inflamam em presença de uma chama, assim permane-cendo enquanto continuar em contato com esta. Veja, a seguir.

Diego Fernandes (2013)

Figura 76: Ponto de combustão

Na tabela, você acompanha um comparativo entre ponto de fulgor e ponto de ignição.

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139NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 24: Temperaturas de ponto de fulgor e ponto de ignição

Combustíveis Ponto de fulgor (ºC) Ponto de ignição (ºC)

Álcool etílico 13 371

Asfalto 204 484,5

Gasolina (até 92 oct) de -38 a -45 280

Óleo de soja 282 445

Óleo diesel (novo) 37,7 256

Querosene 38 210

Solvente (varsol) 38 210

Benzeno -11

Veja como acontece a passagem de um ponto para outro. Os pontos de fulgor e de combustão são muito próximos, sendo o de combustão ligeiramente superior em cerca de 5ºC. A passagem do ponto de fulgor para o ponto de combustão e deste para o ponto de ignição é feita pelo aumento de temperatura do combustível. Portanto, um com-bustível só se manterá queimando quando for atingido ou superado o seu ponto de combustão. Para que o combustível se inflame sem o contato com uma chama ou centelha, é necessário que seja aquecido até atingir o seu ponto de ignição.Agora, confira as formas de transmissão de calor.

e. Formas de transmissão de calor

O calor é transmitido de um corpo para outro por condução, convecção e radiação. Conheça, na sequência, estes conceitos importantes!Condução – O calor se propaga de um corpo para outro por contato direto ou através de um meio condutor do calor intermediário. Observe a figura.

Calor

Diego Fernandes (2013)

Figura 77: Condução

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140 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Convecção – É quando o calor se transmite através de uma massa de ar aquecida, que se desloca do local em chamas, levando para outros locais uma quantidade de calor suficiente para que os materiais combustíveis aí existentes atinjam seu ponto de combustão, originando outro foco de fogo. Verifique a figura.

Elevador

Janela aberta

Incêndio secundário

Diego Fernandes (2013)

Figura 78: Convecção

Radiação – O calor se propaga por meio de ondas caloríficas irradiadas por um corpo em combustão.

Incêndioprimário

Incêndiosecundário

Diego Fernandes (2013)

Figura 79: Radiação

Até aqui você estudou as formas de transmissão de calor, como o fogo se comporta e se sustenta. A seguir, prepare-se para estudar as classes de incêndio e os agentes extintores para cada ocasião. Vamos lá!

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SEção 3 Classes de incêndio e agentes extintores

Para facilitar a aprendizagem os estudos de prevenção e combate a incên-dios: consideram a existência de quatro classes gerais de incêndios: A, B, C e D. Em primeiro lugar, você verá a classe A.Incêndios da Classe ASão os que ocorrem em materiais de fácil combustão, com a propriedade de queimar em superfície e em profundidade, e que deixam resíduos. São exemplos: tecidos, madeira, papel e fibra. Para extinguir o incêndio, necessitam do efeito do resfriamento, isto é, a água ou as soluções que a contenham em grande proporção, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão abaixo do seu ponto de ignição. Note a figura!

Diego Fernandes (2013)

Figura 80: Incêndios de Classe A

Incêndios da Classe BSão os que ocorrem em produtos considerados inflamáveis, que queimam somente em sua superfície, não deixando resíduos. São exemplos: óleos, graxas, vernizes, tintas e gasolina. Exigem, para sua extinção, o princípio do abafamento, que isola o material combustível do ar, ou o princípio da interferência na reação em cadeia.

GLP gasolinaÁlcool

Diego Fernandes (2013)

Figura 81: Incêndios da Classe B

Incêndios da Classe CSão os que ocorrem em equipamentos elétricos energizados. São exemplos: motores, transformadores, quadros de distribuição e fios elétricos. Exi-gem, para sua extinção, um agente extintor não condutor de eletricidade.

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Diego Fernandes (2013)

Figura 82: Incêndios da Classe C

Incêndios da Classe DSão os que ocorrem em metais pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio, potássio, zinco, titânio, sódio e zircônio) e que exigem para sua extinção agentes extintores especiais. Esses tais agentes se fundem em contato com o metal combustível, formando uma capa que os isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão.

Magnésio Sódio

Diego Fernandes (2013)

Figura 83: Incêndios da Classe D

Os incêndios das Classes A e B caracterizam-se pelo modo como queimam; já os incêndios da Classe C caracterizam-se pelo risco de morte que podem oferecer à pessoa.

Agentes extintores

São denominados “agentes extintores” os produtos utilizados na extin-ção e prevenção de incêndios. São utilizados através de equipamentos especializados ou instalações adequadas, cuja finalidade é proporcionar a projeção dos agentes contra o fogo. A projeção dos agentes é feita por meio de um jato proveniente do equipamento ou instalação que os empregam, com as finalidades a seguir.

▪ Proteger a pessoa, mantendo-a a distância do foco.

▪ Alcançar o fogo nas mais desfavoráveis condições.

▪ Facilitar a distribuição gradativa e propícia do agente.

▪ Propiciar a penetração do agente no foco propriamente dito.

a.

Os agentes extintores são utilizados por equipa-mentos e instalações de com-bate a incêndio – extintores portáteis ou carretas, e insta-lações fixas automáticas ou sob comando.

Água

A água é a substância mais difundida na natureza; é o agente extintor mais antigo e mais utilizado.

TongRo Images ([20--?])

Propriedades – No seu estado normal, a água é líquida; pode ser congelada, solidificando-se a 0ºC, transformando-se em gelo. Pode, ainda, vaporizar-se, através da ebuli-ção, quando sua temperatura atinge 100ºC, transformando se em vapor. Essas regras valem nas condições normais e ao nível do mar, pois as temperaturas citadas variam com a altitude (pressão).

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Em contato com o calor, o grande volume de vapor desloca volume equivalente de ar, que envolve o fogo em suas proximidades, reduzindo, portanto, o oxigênio necessário à combustão. Como agente extintor, a água age principalmente por res-friamento e por abafamento.

Os extintores com carga d’água são classificados quanto ao uso (portátil ou rebocável), e ao tipo de pressurização (direta ou indireta).

Agora observe a figura do extintor com objetivo de identificar suas partes.1 – Recipiente.2 – Dispositivo para acionamento e descarga.2.1 – Alça para transporte.2.2 – Manômetro.2.3 – Gatilho.2.4 – Tubo sifão.2.5 – Mangueira com esguicho.

2.51

2.3

2.1

2.4

2

2.2

Diego Fernandes (2013)

Figura 84: Extintor de água

Principais limitações do extintor com carga d’águaSabe qual o maior limitador deste tipo de extintor? Pois bem, devido à presença de impurezas, a água em estado natural, torna-se condutora de eletricidade, o que limita a sua utilização sob o risco de eletrocutar o operador quando o jato d’água for direcionado para algum equipamento elétrico sob tensão.Lembre-se de que em produtos que reagem com a presença da água, ocorrerá a liberação de gases inflamáveis ou calor, tais como: car-buretos, peróxidos, sódio metálico, pó de alumínio, pó de magnésio. Os materiais como a cal viva e o hidrossulfito de sódio, quando úmidos, liberam calor, podendo incendiar embalagens ou o próprio material.Observe a seguinte operação com o extintor.Como operar o extintor do tipo água-gás

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura.

2. Diego Fernandes (2013)

Figura 85: Extintor com distância segura

3. Retirar o pino de segurança.

Diego Fernandes (2013)

Figura 86: Retirando o pino de segu-rança

4. Empunhar a mangueira e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Controlar a descarga dos jatos.

Diego Fernandes (2013)

Figura 87: Ataque ao fogo

b. Dióxido de carbono (CO2)

Propriedades – O dióxido de carbono, ou gás carbônico, vem sendo utilizado há muitos anos para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis, gases e em equipamentos elétricos energizados. O gás carbônico deve ser usado para a extinção de incêndios especiais, em que é exigido um agente extintor não-condutor de eletricidade e que não deixe resíduos.

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144 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

A aplicação do CO2 é feita através de extintores portáteis, carretas e instalações fixas. O CO2 é um pro-duto comercial muito utilizado, com inúmeras finalidades. Por exemplo: é usado nas indústrias de bebidas, pois produz a efervescência dos refrigerantes comuns.DensidadeA densidade relativa do gás carbônico (comparada com a do ar, a 0ºC e a 1 atm de pressão) é cerca de 1,5 vez mais pesada que o ar. Essa é uma característica importante para suas propriedades de agente extintor capacitado a substituir o ar acima da superfície em combustão, mantendo uma atmosfera abafadora.ToxicidadeO CO2 não é tóxico, embora possa causar inconsciência e morte se utilizado em ambiente fechado e em concentrações necessárias para a extinção de incêndio. Isso ocorrerá pela falta de oxigênio no ar, que é “empurrado” pelo CO2. Numa concentração de 9%, a maioria das pessoas pode resistir por alguns minutos, sem perda da consciência. A exposição a con-centrações mais altas pode tornar uma pessoa incapacitada quase que imediatamente. Em recintos de área reduzida, protegidos por CO2, uma pessoa presente no momento em que se inicie uma descarga de gás provavelmente não terá dificuldade em abandonar o local, antes que a concentração crítica seja alcançada.

Portanto, pode-se concluir que o CO2 não é um gás venenoso, mas um gás sufocante.

Pessoas desacordadas em atmosfera de CO2 devem ser imediatamente removidas para onde exista ar puro. Vale considerar também que, fisiologicamente, é um gás necessá-rio em pequenas quantidades para o estímulo da respiração. Por fim, o CO2 que deposita-se em locais baixos, e prejudica a visibilidade quando em ação.Propriedades extintorasSaiba que esse agente extintor age pela redução da concentração de oxigênio ou pela diminuição dos produtos gasosos de um combus-tível na atmosfera, a um ponto tal que torne a combustão impossível. Como agente extintor, tem inúmeras qualidades: não é corrosivo, não produz estragos, não deixa resíduos, fornece sua própria pressão para o funcionamento dos extintores. Como gás, penetra e se espalha por todos os lados. Não conduz eletricidade, por isso pode ser usado com segurança em equipamento elétrico energizado.

jupiterimages ([20--?])

Extinção por abafamentoUm quilograma de CO2 líquido a 0ºC e à pressão atmosférica libera em torno de 500 L de gás. Quando liberado sobre um material que queima, envolve-o e dispersa o oxigênio a uma concentração que não mantém a combustão.

DICA Os extintores deste tipo são empregados para extinguir pequenos focos de incêndios das Classes B e C (combustí-veis líquidos e equipamentos elétricos).

Quando o aparelho é acionado, o CO2 se expande formando uma nuvem que abafa e resfria. Devido à sua capacidade não condutora, o CO2 é muito indicado para a cobertura de riscos onde existem equipamentos elétricos. O alcance do jato de gás varia de 1 a 2,5 metros, dependendo da capacidade dos extintores. Os aparelhos carregados com CO2 devem ser instalados de modo que seu emprego seja o mais fácil possível, principalmente em locais onde trabalham mulheres e/ou menores.Os extintores com carga de gás carbônico são classificados quanto ao uso (portátil ou rebocável), e quanto ao tipo (apenas como de pressurização direta).Na sequência, observe as partes, subpartes e a operação do extintor com carga de gás carbônico portátil.1 – Recipiente.1.1 – Suporte para difusor.2 – Válvula de descarga.2.1 – Alça para transporte.3 – Mangueira.4 – Difusor.4.1 – Cabo.

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145NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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2.1

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Figura 88: Extintor com carga de gás carbônico

Agora verifique como você deve manusear este tipo de extintor.Como operar o extintor de CO2

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura.

Diego Fernandes (2013)

Figura 89: Extintor com distância segura

2. Retirar o pino de segurança.

Diego Fernandes (2013)

Figura 90: Retirando o lacre

3. Empunhar a mangueira e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Controlar a descarga dos jatos.

Diego Fernandes (2013)

Figura 91: Empunhando o extintor

4. Atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas; movi-mentar o difusor.

Diego Fernandes (2013)

Figura 92: Ataque ao fogo

Agora você irá saber quais as restrições quanto à utilização do extintor de CO2

Principais limitações do extintor de CO2

▪ Combustíveis sólidos com for-mação de brasas ou superfícies aquecidas. Nesses casos, o CO2 elimina apenas as chamas, podendo haver a reignição dos combustíveis assim que a atmosfera abafadora se dissipar.

▪ Materiais que contenham oxi-gênio (agentes oxidantes) como nitrato de celulose, permanganato de potássio e outros, pois poderão suprir-se de oxigênio.

▪ Produtos químicos reativos, como o sódio, o potássio, o magnésio, o titânio e o zircônio, pois os metais e hidretos, quando aquecidos, de-compõem o CO2.

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146 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Como há possibilidade de va-zamentos, esse tipo de extintor deverá ser pesado a cada três meses, apesar de a Norma Técnica estabelecer prazo de 6 meses para a pesagem. Toda vez que houver perda de mais de 10% no peso, deverá ser descarregado e carregado novamente. As vistorias devem ser executadas, no máximo, a cada 5 anos.

DICA Leia e consulte a ABNT – NBR 11716 – “Extintores de incêndio com carga de gás carbônico”.

c. Pó químico

Propriedades Pó químico para fins de combate a incêndio é o pó composto de finíssimas partículas de bicarbonato de sódio, com adição de determinados materiais específicos e submetido a tratamentos adequados para lhe dar resistência à vibração e duração, quando embalado.

O pó químico é um agente extintor conhecido por sua alta eficiência na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis; pode ser usado na maio-ria dos incêndios em equipamentos elétricos. No entanto, o pó químico tem aplicações limitadas no combate a incêndios da Classe A.

ToxicidadeOs ingredientes atualmente utiliza-dos no pó químico não são tóxicos. Entretanto, uma descarga de grandes volumes pode causar dificuldades respiratórias temporárias durante e imediatamente após tal descarga. Também dificulta seriamente a visibilidade. Propriedades extintorasSua ação extintora ocorre através da interferência na reação em cadeia. A descarga de pó químico interfere nos produtos intermediários formados durante a combustão, e que são responsáveis pela sua continuidade, quebrando, desta forma, a reação em cadeia.Você sabia que, por muitos anos, foi mantida a crença de que a ação extintora do pó químico residia principalmente na ação abafadora do CO2 liberado pelo aquecimento do bicarbonato pelas chamas? Sim, é verdade! Não há dúvidas de que o CO2 contribui para a eficiência da ação extintora, contudo, testes práticos revelaram que esse gás não é o principal fator de extinção. Acompanhe um exemplo: 5 libras de pó químico são tão eficientes quanto 10 libras de CO2. Ainda que todo pó químico seja decomposto, este produzirá somente 26% de seu peso em CO2. Concluiu-se, então, que o pó químico não extingue o fogo por seus efeitos abafadores.

Proteção contra a radiaçãoA descarga do pó químico produz uma nuvem entre as chamas e o operador. Essa nuvem o protege, por algum tempo, do calor irradiado pelas chamas.Na sequência você saberá a respeito dos problemas de utilização do pó químico. Principais limitações do extintor de pó químico

▪ Não é indicado para uso em produtos oxidantes, como nitrato de celulose.

▪ Em equipamentos elétricos onde houver partes sensíveis e delicadas, os resíduos do pó podem trazer graves problemas e inutilizar o equipamento.

▪ Não possui ação de resfriamento, não sendo, portanto, indicado para combate a incêndios em combus-tíveis sólidos, que se queimam em profundidade. Se utilizado nesses casos, sua ação se limitará a eliminar apenas as chamas, necessitando da complementação do combate com água ou espuma para eliminar as brasas; caso contrário, poderá haver reignição.

▪ Não é indicado, também, para fogo em metais combustíveis como o sódio, o potássio, o magnésio, o zircônio e o titânio.

▪ Deve ser removido imediatamente do equipamento incendiado, pois poderá haver uma reação corrosiva ou produzir manchas.

Você sabia que os extintores car-regados com compostos químicos em pó utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio (o mais co-mum), bicarbonato de potássio e cloreto de potássio? Isto mesmo e são tratados com um estearato a fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil descarga.

O agente propulsor pode ser o dióxido de carbono ou o nitrogênio. O CO2 é o agente mais empregado para a ope-ração dos aparelhos portáteis (tipos com cilindro de gás), enquanto que o nitrogênio é o agente indicado para o fun-cionamento dos tipos pres-surizados e sobre rodas.

Os compostos químicos em pó são indicados para a extinção de fogo em líquidos inflamáveis ou combustíveis e equipamentos elétricos de grande porte (o bicarbonato de sódio, de potássio e o cloreto de potássio têm condutividade elétrica igual a do ar atmosférico).Para os casos de princípios de in-cêndio de Classe D, os compostos são à base de fosfato de monoa-mônia, trifosfato de cálcio, grafite e estearatos metálicos.Os extintores de incêndio com carga de pó químico são classifi-cados quanto ao uso (portáteis ou rebocáveis), ao tipo (pressurização direta ou indireta), e à temperatura.Observe, a seguir, o extintor do tipo pressurizado, suas partes, subpartes e operação.

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147NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Você sabia que os extintores car-regados com compostos químicos em pó utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio (o mais co-mum), bicarbonato de potássio e cloreto de potássio? Isto mesmo e são tratados com um estearato a fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil descarga.

O agente propulsor pode ser o dióxido de carbono ou o nitrogênio. O CO2 é o agente mais empregado para a ope-ração dos aparelhos portáteis (tipos com cilindro de gás), enquanto que o nitrogênio é o agente indicado para o fun-cionamento dos tipos pres-surizados e sobre rodas.

Os compostos químicos em pó são indicados para a extinção de fogo em líquidos inflamáveis ou combustíveis e equipamentos elétricos de grande porte (o bicarbonato de sódio, de potássio e o cloreto de potássio têm condutividade elétrica igual a do ar atmosférico).Para os casos de princípios de in-cêndio de Classe D, os compostos são à base de fosfato de monoa-mônia, trifosfato de cálcio, grafite e estearatos metálicos.Os extintores de incêndio com carga de pó químico são classifi-cados quanto ao uso (portáteis ou rebocáveis), ao tipo (pressurização direta ou indireta), e à temperatura.Observe, a seguir, o extintor do tipo pressurizado, suas partes, subpartes e operação.

1 – Recipiente.1.1 – Colar.2 – Dispositivo para acionamento e transporte.2.1 – Alça para transporte.2.2 – Gatilho.3 – Mangueira.4 – Pistola ou esguicho.

Diego Fernandes (2013)

1.1

3 24

2.2

2.1

1

Figura 93: Extintor do tipo pressurizado

DICA Existe no mercado um extintor de pó químico seco que pode ser utilizado nas Classes A, B e C. O uso desse tipo é, inclusive, obrigatório nos veículos por legislação do DENATRAN, desde janeiro de 2005. A validade destes extintores é de 5 anos.

Para o extintor ter bom funcionamen-to, deve-se observar o manômetro verificando se a pressão está dentro dos parâmetros.

Anti-higroscópico: que não absorve umidade do ar.

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148 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Na sequência, detalhes para orien-tá-lo como manusear o extintor de pó químico.Como operar o extintor de pó químico pressurizado

1. Levar o extintor ao local do fogo. Observar a direção do vento.

Diego Fernandes (2013)

Figura 94: Extintor no local do fogo

2. Empunhar difusor/pistola e retirar o pino de segurança.

Diego Fernandes (2013)

Figura 95: Retirando o pino de segu-rança

3. Atacar o fogo acionando o dispo-sitivo de descarga e procurando cobrir toda a área atingida com movimentação da mão.

Diego Fernandes (2013)

Figura 96: Atacando o fogo

d. Extintor apressurizado ou pressão injetada

Conheça, no detalhe, as partes e subpartes do extintor do tipo água e pó químico, com cilindro externo e sem dispositivo para descarga controlada. Em seguida você verá como operá-lo. Siga em frente!1 – Recipiente.1.1 – Tubo sifão.2 – Mangueira.2.1 – Esguicho.3 – Cilindro de gás.

Diego Fernandes (2013)

1.1

1

2

2.1

3

Figura 97: Extintor apressurizado ou pressão injetada

Esse extintor não é mais fabricado, porém ainda é encontrado em algu-mas empresas.

DICA Leia e consulte a norma ABNT – NBR 10721 – “Extintores de incêndio com carga de pó químico”.

Como operar o extintor apressu-rizado ou pressão injetada

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura.

Diego Fernandes (2013)

Figura 98: Extintor no local do fogo

2. Abrir a válvula do cilindro de gás.

Diego Fernandes (2013)

Figura 99: Abrindo a válvula de gás

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149NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

3. Empunhar a mangueira com o esguicho e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas.

Diego Fernandes (2013)

Figura 100: Atacando o fogo

Continuando seu estudo em relação aos agentes extintores, verifique detalhes importantes dos extintores sobre rodas, a seguir.

e. Extintores sobre rodas ou rebocáveis

São extintores que, devido à sua capacidade, são montados sobre rodas ou sobre carretas destinadas a facilitar o seu transporte.Podem conter CO2 de pressurização direta (PD) ou espuma, água, e pós químicos de pressurização indireta (PI) ou direta (PD). A mangueira acoplada ao difusor ou esguicho mede aproximadamente cinco metros e a capacidade do cilindro reflete, no mínimo, os valores a seguir.

▪ Espuma mecânica/água – 50 litros.

▪ CO2/gás carbônico – 30 quilos.

▪ Pós químicos – 20 quilos.

Hemera ([20--?])

Figura 101: Extintores sobre rodas ou rebocáveis

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150 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Confira as característiscas técnicas destes extintores.

f. Principais características técnicas dos extintores

Na tabela a seguir, estão os principais parâmetros normatizados tecnica-mente para os extintores de incêndio comerciais. Acompanhe!

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151NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Agora que você conheceu os agentes extintores e seus mecanismos, é hora de partir para a parte final desta unidade de estudos. Na sequência você irá estudar sinalização, simbologias, inspeção, manutenção e outras informações práticas sobre o uso de extintores de incêndio. Preparado para seguir? Vamos lá!

Sinalização, simbologia e localização dos extintores

A sinalização dos extintores deve atender às exigências legais, conforme a Portaria nº 3.214, da NR-23, e garantir que a manutenção seja feita por empresa certificada pelo INMETRO.O local dos extintores deve ser sinalizado por um círculo, ou uma seta, pintado internamente de vermelho e a borda, de amarelo. As letras (que identificam o agente extintor) devem ser brancas. A área livre para os extintores deve ser pintada de vermelho, X = 1m e h = 1,60m (máxima). Observe, a seguir.

Diego Fernandes (2013)

X X

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Figura 102: Sinalização extintores

Os extintores devem apresentar um selo, constando as seguintes infor-mações:

▪ código de identificação da empresa junto ao INMETRO;

▪ logotipo do INMETRO;

▪ logotipo da empresa;

▪ logotipo do organismo de certificação credenciado;

▪ capacidade do extintor expressa em “kg” ou “L” e capacidade extintora;

▪ número da norma aplicável;

▪ data de validade do teste hidrostático, que é contada cinco anos após a data de fabricação, expressa em “semestre/ano”.Quanto à simbologia, os adesivos devem ser padronizados com as iden-tificações a seguir.

▪ Identificação do agente extintor – devem ser fixados aos aparelhos adesivos indicando o agente extintor e sua classificação quanto ao tipo.

▪ Identificação das classes de incêndio – deve ser feita por um sistema de letras, figuras geométricas e cores, atendendo às condições estabelecidas na NBR 7532/82.

▪ Marcação – todo extintor deve ter marcado no recipiente, de forma indelével (impossível de apagar), a sigla do fabricante, o número de série, trimestre/ano de fabricação e o número da norma da ABNT. Nos extintores de pó químico, espuma e de água, a marcação deve ser feita na borda inferior. Nos extintores de CO2, a marcação deve ser feita na calota (próximo à válvula de disparo).Quanto à localização, os seguintes requisitos devem ser respeitados para armazenar extintores.

▪ Fácil acesso.

▪ Fácil visualização.

▪ De menor probabilidade do fogo bloquear o seu acesso.

▪ Não podem, de forma alguma, ser armazenados nas paredes das escadas.

▪ Não podem, de forma alguma, ser encobertos por pilhas de materiais.

Os extintores sobre rodas deverão ter garantido sempre acesso livre a qualquer ponto das instalações.

Inspeção, manutenção e recarga dos extintores (NBR 12962)

A inspeção é feita por meio de exame que se realiza no extintor de incêndio, com a finalidade de determinar se este permanece nas condições originais de operação. Serão verificados os itens a seguir.

▪ Selo de vedação.

▪ Pressão no manômetro (somente os que possuírem).

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152 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Peso do extintor.

▪ Suportes, mangueiras (cortadas, entupidas).

▪ Gatilho.

▪ Etiqueta onde são informados data da recarga e reteste.

Os testes hidrostáticos são exigência da ABNT e devem ser feitos a intervalos regulares ou quando o extintor sofrer pancadas, exposição a altas temperaturas, corrosão, e outras situações extremas.

Os intervalos regulares explicitados na norma são de 5 anos, a partir da data indicada na etiqueta do extintor. A manutenção do extintor de in-cêndio tem a finalidade de manter suas condições originais de operação após sua utilização ou quando requerido por uma inspeção. O termo “manutenção” deve ser entendido como sendo um trabalho que envolve descarga, desmontagem, reparo ou substituição de peças, teste hidrostático, pintura, marcação e recarga dos aparelhos. As normas também prescrevem intervalos máximos para recarga dos extintores.

Os extintores devem ser recarregados assim que forem usados, quando apresentarem variação no peso da ordem de 10% ou ainda anualmente, mesmo não sendo usados.

Distribuição dos extintores

A distribuição dos extintores de incêndio, em geral, obedece às exigências do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), informadas em sua publicação “Tarifa de Seguro-Incêndio do Brasil”. Você sabe que três detalhes quanto à distribuição devem ser observados com atenção?Para conhecê-los, siga adiante!

▪ Será exigido o mínimo de duas unidades extintoras para cada pavimento, mezanino, galeria, jirau ou risco isolado.

▪ Permite-se a existência de apenas uma unidade extintora nos casos de área inferior a 50 m2.

▪ Aos riscos constituídos por armazéns ou depósitos em que não haja processos de trabalho, a não ser operações de carga ou descarga, será permitida a colocação de extintores em grupos, em locais de fácil acesso, de preferência em mais de um grupo e próximo às portas de entrada e/ou saída.A unidade extintora é calculada pela tabela a seguir. Observe, para ficar bem informado!

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153NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Tabela 26: Cálculo de unidades extintoras

Agente extintor Capacidade dos extintoresNº de extintores que constituem a

unidade extintora

Água 10L 1

Espuma 10L 1

Dióxido de carbono (CO2) 6Kg 1

4Kg 2

2Kg 3

1Kg 4

Pó químico seco 4Kg 1

2Kg 2

1Kg 3

Fonte: do autor (2008)

Todo extintor deverá possuir uma ficha de controle, onde será registrada a vida do equipamento: número de fabricação, marca, data da recarga, data do próximo teste hidrostático, tipo de manutenção sofrida, etc.

Você está encerrando esta unidade de estudos do curso NR 10 – Curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade. Neste mo-mento, você estudou os princípios de prevenção e combate a incêndios, passando pela elaboração de planos de emergência, os diferentes tipos de incêndio e os diferentes tipos de extintores a serem aplicados, bem como as normas que regulamentam o uso e o armazenamento de extintores. Na próxima unidade de estudos, a última deste curso, você conhecerá os procedimentos básicos de primeiros socorros. Até lá!

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Unidade de estudo 4

Seções de estudo

Seção 1 – Conceitos básicosSeção 2 – APH – atendimento pré-hospi-talarSeção 3 – Procedimentos de primeiros socorrosSeção 4 – Legislação sobre primeiros socorrosSeção 5 – Salvando vidas: como identificar o problemaSeção 6 – Praticando os primeiros socor-ros: como agir em casos de emergênciaSeção 7 – Técnicas para remoção e trans-porte de acidentados

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155NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Noções básicas de primeiros socorros

SEção 1 Conceitos básicos

Quem presta primeiros socorros reconhece e valoriza o sentido da vida e da saúde. Consequente-mente, dá importância ao respeito e à solidariedade com as pessoas acidentadas.

Um socorrista também sabe que as duas primeiras horas após um acidente são fundamentais para garantir a sobrevida ou recuperação das vítimas. É nesse período que um atendimento adequado pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

Apesar das medidas de segurança comumente adotadas no ambiente de trabalho e dos cuidados pessoais de cada trabalhador, nem todos os acidentes podem ser evitados, porque nem todas as causas podem ser controladas. Assim, os riscos de acidente fazem parte do cotidiano, o que requer a presença de pessoas treinadas para atuar de forma rápida.Observe as cenas que podem ocorrer no dia a -dia.

BananaStock ([20--?])

David De Lossy ([20--?])

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que dois minutos são suficientes para que o cérebro de uma vítima de parada cardíaca comece a apresentar lesões. Os mesmos dois minutos de uma hemorragia não controlada podem causar o estado de choque e, por sua vez, uma parada cardíaca e a morte. Ou seja, a rapidez na adoção das providências pode salvar uma vida!

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156 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Uma vez que a maioria das pessoas desconhece as técnicas de primei-ros socorros, como os exemplos mostrados nas figuras, como elas podem ajudar? Como prepará-las para enfrentar uma situação de emergência? Essas são algumas questões de reflexão.Saiba que prestar os primeiros so-corros é uma atitude humana que requer coragem e conhecimento das técnicas adequadas capazes de auxiliar numa emergência. O socorro imediato evita que um simples ferimento se agrave ou que uma simples fratura se complique, ou ainda que um simples desmaio resulte na morte do acidentado.Portanto, o conhecimento e a apli-cação dos primeiros socorros têm como objetivo fundamental salvar vidas. Se você não tiver condições emocionais de prestar socorro di-reto à vítima, procure por alguém que o auxilie no atendimento e, em seguida, acione os serviços especia-lizados: pronto-socorro, ambulân-cias, bombeiros ou polícia. Nunca deixe uma pessoa acidentada sem uma palavra de apoio ou um gesto de solidariedade, e, muito menos deixe de adotar os procedimentos cabíveis! Muito importante a sua atitude, aja com responsabilidade e sensibilidade afinal está se falando em vidas humanas. A seguir, prepare-se para ampliar seus conhecimentos sobre atendimento pré-hospitalar.

SEção 2 APH – atendimento pré-hospitalar

Os leigos, ou pessoas não-especializadas, constituem o elo vital que liga a situação de emergência com o Sistema de Serviços de Emergências Médi-cas. Em geral, o leigo é sempre quem intervém para ajudar a vítima. Essa é a importância de você saber como atuar de forma segura e adequada. Acompanhe os passos!

a. Reconhecer uma emergência

O primeiro passo é saber reconhecer uma emergência, ou seja, perceber que alguma coisa está errada, notando mudanças na aparência ou na atitude de alguém, ou de uma circunstância.

b. Decidir ajudar

Decidir ajudar é um processo que envolve vários fatores, como, caráter, predisposição e capacidade de lidar com vítimas. Esses componentes são aspectos individuais que demandam tempo para se desenvolver.

c. Chamar o resgate

Você sabia que a maioria das pessoas tem dificuldade para decidir se deve chamar o resgate? Sim, muitas vezes as pessoas ficam esperando para ter absoluta certeza de que a situação é grave, ou então decidem levar a vítima para um hospital por seus próprios meios. Atenção! Essas atitudes colocam a vítima em risco. É muito importante você avaliar se será necessário, ou não, chamar o resgate.

iStockphotos ([20--?])

d. Avaliar a vítima

Ao saber como e o que avaliar, o leigo poderá concluir se existe ameaça iminente à vida e, também, que tipo de ação será necessário tomar, além de chamar o resgate.

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157NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

e. Avaliar o cenário

Se você presenciar uma emergência, avalie rapidamente o cenário, pro-curando os três seguintes aspectos.

▪ Perigos iminentes que ameacem sua segurança ou a de outras pessoas presentes no local.

▪ A causa do problema.

▪ Número de vítimas.

Essa avaliação não deve demorar mais que 10 segundos!

A primeira consideração é não co-locar de forma alguma sua própria segurança em risco, assumindo chances de se transformar em mais uma vítima. A segunda se refere à causa do problema, que pode ser trauma ou clínico. Tome nota de tudo e repasse as informações para o pessoal do resgate. Por último, determine quantas pessoas estão envolvidas na emergência. Poderá haver mais de uma vítima; portanto, olhe ao redor e pergunte se há mais alguém que possa estar necessitando de ajuda.

a. Quando chamar o resgate

Saber quando chamar o resgate é fundamental! Primeiro, para não desperdiçar o tempo da equipe de resgate com problemas que na verdade não necessitem desse tipo de assistência. E, segundo, para não deixar de chamar o resgate por supor que a situação não iria demandar esse tipo de assistência, demorando para a tomada de decisão e comprometendo as chances de sobrevivência da vítima. Se você estiver em dúvida, chame sempre o resgate.

Por exemplo: uma dor na parte superior do abdômen pode ser uma pequena indigestão, mas também pode ser um sintoma de um ataque cardíaco que re-quer atendimento imediato. Ou seja, sempre é melhor errar por exagero do que por omissão.

As autoridades médicas definem os seguintes sinais e sintomas que demandam transporte imediato para um hospital, em ambulância:

▪ desmaio sucessivo;

▪ dor ou pressão torácica ou abdominal;

▪ tontura repentina, fraqueza ou alteração da visão;

▪ dificuldade para respirar ou respiração curta e rápida;

▪ vômito intenso e persistente;

▪ dor repentina e forte em qualquer parte do corpo;

▪ vontade repentina de suicidar-se ou de matar;

▪ sangramento que não pare, mesmo após 10 minutos de pressão direta;

▪ ferimento com bordas que não retornam à posição original;

▪ lesões que provocam alteração nos movimentos ou na sensibilidade;

▪ lesões em órgãos funcionais como mãos, pés, face e genitália;

▪ ferimentos penetrantes;

▪ empalamentos;

▪ mordida de animal ou ser humano;

▪ alucinação ou perda de raciocínio lógico;

▪ envenenamento;

▪ lesão de coluna vertebral;

▪ overdose por droga;

▪ alteração comportamental acom-panhada de febre alta que não abaixa com antitérmico;

▪ pescoço endurecido, associado com febre e dor de cabeça;

▪ deformidade com inchaço ou depressão na fontanela (moleira) do bebê.

DICA Para diferenciar os parâmetros na hora de chamar o socorro é necessário ter em mente que emergência envolve risco de morte e urgência não apresenta risco de morte à vítima; esta pode aguardar atendimento da emergência em primeira instância.

Uma pessoa treinada está habilitada desde que conheça e domine os princípios básicos de primeiros socorros e técnicas de atendimento à vítima. Esses princípios são fun-damentais para controlar e prevenir o agravamento do seu estado.Você sabe quais características pessoais fazem parte do perfil do socorrista? Acompanhe, na sequ-ência, os requisitos que este tipo de profissional deve apresentar.

▪ Bom senso.

▪ Liderança e iniciativa.

▪ Domínio da situação com se-gurança.

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158 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Rapidez para improvisação com responsabilidade.

▪ Discrição nos comentários.

▪ Respeito pelo outro.

▪ Compromisso com a vida.

Photodisc ([20--?])

Agora acompanhe os requisitos para sua atuação nas condutas.

▪ EPIs (equipamentos de proteção individual).

▪ Caderneta de vacinas em dia.

▪ Cuidado em preservar sua própria integridade.

Até aqui você estudou a importância de se prestar primeiros socorros, e, também, os requisitos que um bom socorrista deve ter. Na etapa da aprendizagem, você conhecerá os procedimentos propriamente ditos. Siga em frente!

SEção 3 Procedimentos de primeiros socorros

Verifique, a seguir, algumas atitudes que contribuirão para que você execute os primeiros socorros em segurança.

a. Mantenha-se calmo e inspire confiança ao acidentado

O socorrista deve manter-se calmo e conduzir o socorro com serenidade, compreensão e segurança. Portanto, a primeira providência é controlar a si mesmo.Nesse momento, o socorrista enfrenta um problema bastante delicado, que é informar à vítima o que está ocorrendo. Manter-se em silêncio pode aumentar o medo e a ansiedade, por outro lado, se falar em demasia, pode alarmar indevida-mente a vítima e causar desespero. Lembre-se de que as ações falam mais do que as palavras, e que um tom de voz tranquilo e seguro dá à vítima o conforto de estar em boas mãos. Porém, cuidado com as palavras para não piorar ainda mais o quadro já existente.

A eficácia e a qualidade do primeiro atendimento dependem muito de quem o realiza.

Embora toda pessoa treinada esteja apta a prestar os primeiros socor-ros, o socorrista deve apresentar as seguintes características.

▪ Ter bom senso – fazer uma análise da situação, pensar antes de agir.

▪ Ter iniciativa para chamar socorro através de um telefone e habilida-de para estancar uma hemorragia ou fazer massagem cardíaca, por exemplo.

▪ Saber fazer uma ressuscitação cardiorrespiratória (RCP) e, princi-palmente, acalmar e dar segurança e amparo à vitima.

▪ Ter autocontrole (calma, tole-rância, paciência).

▪ Ter iniciativa e liderança.

▪ Ter conhecimento e avaliação técnica.

▪ Ter capacidade de improvisar com responsabilidade.

b. Sinalize o local para evitar ou-tros acidentes e peça ajuda aos curiosos

É preciso proteger e controlar o local do acidente através de isolamento e sinalização; iluminando, se for noite ou se a região for pouco iluminada, e arejando para que a vítima receba ventilação.

Utilize os EPIs (luva, óculos e máscaras).

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159NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

c. Avalie o estado geral da vítima

Sempre que for atender uma vítima, em primeiro lugar avalie o cenário. Uma avaliação cuidadosa poderá oferecer informações preciosas, como a segurança do local, a causa do trauma ou a natureza do mal súbito e o número de vítimas.Após checar o cenário, você deverá fazer uma avaliação inicial da víti-ma. Durante esta avaliação, você deverá procurar por problemas que ameacem iminentemente a vida da vítima, como obstrução das vias aéreas, falta de respiração e circulação. Se mais de uma vítima necessitar de atendimento, atenda em primeiro lugar a que estiver quieta e imóvel. Uma vítima quieta pode significar que tenha parado de respirar ou tenha uma parada cardiorrespiratória. A vítima que grita ou chora, ou que simplesmente esteja falando, significa obviamente que está respirando.

d. Verifique os sinais vitais

Verificar sinais vitais significa checar respiração, pulso e temperatura e pressão arterial. Pode ser avaliado ainda o aspecto da pele e o nível de consciência.

iStockphotos ([20--?])

Mal súbito: o estado ou sintoma característico que

surge de forma aguda e repenti-na.

Sinais vitais: são sinais orgâ-nicos ou sintomas que podem

ser alterados quando um ou mais sistemas são acometidos por al-guma falência no seu funciona-mento. Ex: Uma hemorragia não estancada pode provocar o esta-do de choque hemorrágico.

Triagem: seleção, escolha, separação.

Se houver mais de uma vítima envolvida, o socorrista deve fazer uma avaliação geral do estado delas e proceder a uma triagem, atendendo ,em primeiro lugar, os casos mais graves que, do ponto de vista dos primeiros socorros, são os seguintes.

▪ Obstrução das vias aéreas e/ou parada respiratória.

▪ Parada cardíaca.

▪ Hemorragias graves; amputações completas ou incompletas de extre-midades superiores ou inferiores.

▪ Feridas (úlceras) abertas no abdômen e/ou tórax.

▪ Traumatismo craniano.

▪ Envenenamento.

▪ Estado de choque.

▪ Queimaduras.

▪ Fraturas (principalmente de pelve e bilateral de fêmur).

▪ Hematomas.E, como se organizar para verificar os sinais vitais? Observe o passo a passo na sequência e fique apto a prestar socorro!

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160 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

1. Exame rápido (exame primário)

Tem o objetivo de verificar os riscos, em potencial para vítima, ou seja, problemas que ameacem a vida a curto prazo, por exemplo: parada car-diorrespiratória, obstrução de vias aéreas ou hemorragia grave. Em média, o tempo para realização desta avaliação é de até 30 segundos. Deve ser avaliada a frequência e qualidade da respiração, circulação e frequência do pulso, hemorragias e estado neurológico (se está responsivo, ou seja, se de alguma forma se comunica).

2. Avaliação do nível de consciência

Ajoelhe-se junto à vítima, próximo ao ombro desta (vítima em decúbito dorsal – deitada de costas). Primeiro olhe para vítima e verifique se está alerta/consciente, se estiver consciente, identifique-se e peça autorização para atuar. Chame por ela. Caso não obtenha resposta, nesse momento, se for vítima de trauma, a cervical da vítima deverá ser imobilizada pelo segundo socorrista. Proceda ao estímulo de dor, pressionando, com as mãos, na região muscular nos ombros do paciente. Se continuar sem resposta verbal e dolorosa, isso significa vítima irresponsiva (vítima inconsciente).

3. Avaliando ABCD

Conheça no detalhe o que significam.A – Airway – Via aérea - A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento e somente o queixo e o maxilar deverão ser deslocados, à frente para desobstruir as vias. A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento. Observe a figura.

Diego Fernandes (2013)

A B

Figura 103: Verificação das vias aéreas

B – Breathing – Ventilação e oxigenação - Verifique se existe algum corpo estranho na cavidade oral, retirando-o e realizando varredura digital (somente se a vítima estiver inconsciente), somente para casos aparentes. Para isso, perceba se a vítima se encontra cianótica (boca arroxeada) e/ou com palidez cutânea.C – Circulation – Circulação - Verifique o pulso radial nos punhos da vítima. Se presente, a vítima apresenta pressão arterial; se ausente, verifique o pulso carotídeo (no pescoço).

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161NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Pulso presente – verifique se está lento/rápido.

▪ Pulso ausente – indica cessação dos movimentos cardíacos. Iniciar compressão cardíaca o quanto antes. Note a figura.

Diego Fernandes (2013)

Figura 104: Verificação do pulso radial

D – Desbrilation – Desfibrilação ventricular - Por estar a fibrilação ventricular (FV) presente em muitas vítimas por parada cardíaca súbita e, principalmente, por choque elétrico, o desfibrilador (cardioversor elétrico) deverá ser utilizado quando a causa da parada cardíaca for por FV, a fim de estabelecer o ritmo cardíaco. Para fibrilação, somente o cardioversor elétrico poderá reverter o quadro.

O exame rápido (primário) de-verá ser interrompido, quando a vítima apresentar obstrução de vias aéreas e parada cardior-respiratória. O socorrista deve priorizar a desobstrução das vias aéreas, o restabelecimento e a manutenção da respiração, que é de vital importância para o cérebro, e o restabelecimento e manutenção da circulação.

e. Efetue as técnicas de primeiros socorros de acordo com cada caso

Antes de adotar qualquer procedi-mento, o socorrista deve avaliar se o local onde a vítima se encontra é seguro para a entrada da equipe de socorro. Além disso, avaliar o estado geral da vítima e efetuar a técnica de atendimento e resgate específica para o caso, que será analisada mais adiante, nesta unidade de estudo. Porém, algumas técnicas são válidas universalmente e podem ser aplicadas em todos os casos.

Ainda que a vítima pareça estar em bom estado, não confie nas aparências. Encaminhe-a para ser examinada por um profissional de saúde, pois só um exame detalhado pode definir o seu estado físico e psíquico. Ao prestar os primeiros socorros, é preciso que se utilizem materiais e instrumentos que facilitem a realização dos procedimentos necessários e impeçam o agra-vamento do estado da vítima – a caixa de primeiros socorros (Kit) deve conter os itens essenciais ao atendimento. É preciso que se tenha em casa ou no auto-móvel pelo menos o essencial, pois acidentes podem ocorrer, quando menos se espera.

Quer saber o que deve conter uma caixa de primeiros socorros para o atendimento de ferimentos leves e moderados? Acompanhe, para saber!

▪ Compressa de gaze esterilizada (5 envelopes).

▪ Ataduras de gaze em três tama-nhos (2 rolos de cada).

▪ Esparadrapo (1 rolo de 25mm x 4,5cm).

▪ Curativo adesivo (1 caixa).

▪ Soro fisiológico (2 frascos de 250ml).

Desobstrução: desimpedi-mento, liberação.

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162 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Tesoura limpa, ponta curva, média, sem ferrugem.

▪ Sacos plásticos brancos e de outra cor.

▪ Lanterna.

▪ Luvas de borracha.

▪ Talas de papelão, madeira mol-dável ou de alumínio.

▪ Máscara de respiração descartável.

▪ Luvas descartáveis.

Stockbyte ([20--?])

Logo após a ocorrência do acidente, peça ajuda ao Corpo de Bombeiros (193), Polícia Militar (190), ou SAMU (192): esses serviços são especializa-dos no atendimento a emergências e podem adotar os procedimentos necessários. A demora no pedido de socorro pode depender que uma vida seja salva: por exemplo, se o acidente tiver ocorrido numa estrada em local de difícil comu-nicação, peça aos motoristas que avisem a polícia rodoviária e entrem em contato imediatamente com o serviço especializado mais próximo.

Lembre-se: prestar socorro à vítima de um acidente é um dever de todo cidadão.

E por falar em deveres do cidadão, que tal conhecer a legislação que envolve a ação de primeiros socor-ros? É isso que você vai estudar na próxima seção.

SEção 4 Legislação sobre primeiros socorros

Devido à importância do ato de prestar os primeiros socorros, há artigos específicos na legislação brasileira acerca do assunto. Para o Código Penal Brasileiro, por exem-plo, todo indivíduo tem o dever de ajudar um acidentado ou chamar o serviço especializado para atendê-lo. A omissão de socorro constitui crime previsto no artigo 135!Na CLT, o artigo 181 prescreve a necessidade dos que trabalham com eletricidade de conhecerem os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. Por isso a NR 10, ao tratar de situações de emer-gência, reforça uma exigência em seu item 10.12.2, bem como, inclui um conteúdo básico de treinamen-to em primeiros socorros para os trabalhadores que venham a ser autorizados a intervir em situações de emergência nas atividades em instalações elétricas.

Código penal – Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pes-soal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou pe-dir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena – de-tenção de 1 (um) a 6 (seis) me-ses, ou multa.Parágrafo único – A pena é au-mentada de metade, se a omis-são resulta lesão corporal ou de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Omissão: ausência de ação; ato ou efeito de não fazer

aquilo que moral ou juridicamen-te se deveria fazer.

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Com todo o conhecimento adqui-rido é fundamental desenvolver uma mentalidade voltada para o respeito ao próximo e a si mesmo, e colaborar para reduzir os acidentes e auxiliar adequadamente as vítimas. Siga aprendendo com o próximo tópico: salvando vidas.

SEção 5 Salvando vidas: como identificar o problema

Você já estudou que o socorrista, no atendimento às vítimas de um acidente, deve estar apto a identifi-car e priorizar os casos de maior gravidade. Ele faz isso através do exame físico, verificando os sinais vitais. Agora, aprenda a reconhecer esses sinais e saber o modo mais adequado de agir, até a chegada do serviço especializado. Percebeu que momento interessante vem pela frente!Assim, antes de aplicar qualquer medida, o socorrista deve verificar os sinais vitais, que fornecem infor-mações valiosas para o diagnóstico do estado geral da vítima e permitem que se implementem as técnicas emergenciais mais apropriadas.Os sinais vitais são quatro. Acom-panhe!

1. Respiração verificado no local pelo socorrista leigo.

2. Pulso verificado no local pelo socorrista leigo.

3. Pressão Arterial verificado no local ou deslocamento pelo socorrista profissional.

4. Temperatura verificado no local pelo socorrista leigo com o dorso da mão.

A seguir, observe de que forma o socorrista pode verificar alguns desses sinais nas vítimas de acidente.

1. Respiração

A respiração é indispensável aos seres, portanto ela é o sinal de vida mais evidente de uma vítima acidentada. É o primeiro item a ser avaliado, pois se há respiração, existe circulação sanguínea. Caso não haja respiração, são possíveis duas situações: parada cardíaca ou quadro de OVACE (obstrução de vias aéreas por corpos estranhos).

Uma vez que a respiração é uma das funções vitais dos seres, sua interrupção ocasiona a morte da vítima. É por meio da respi-ração que o organismo capta o oxigênio necessário à obtenção de energia celular e elimina o gás carbônico proveniente do metabolismo respiratório.

Para verificar a frequência respiratória, são observados os movimentos de inspiração (quando o ar se introduz nas vias aéreas superiores e chega aos pulmões) e expiração (quando a musculatura respiratória relaxa e o ar é expulso dos pulmões), que ocorrem no intervalo de um minuto. Em seguida, costuma-se fazer a verificação da pulsação segundo a elevação do tórax – a vítima mulher expande o tórax; o homem, o abdômen.

2. Pulso

A paralisação de uma função vital como a do coração neutraliza a circulação do sangue e pode provo-car a morte, em quatro minutos. A contração do coração, necessária ao bombeamento do sangue, se repete com regularidade e se propaga em ondas pelas artérias.

Proveniente: que tem origem.

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164 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Há pontos do corpo onde algumas grandes artérias estão próximas à superfície que, quando pressionados de leve, nos fazem sentir o coração bombear o sangue – a isso se chama pulso ou pulsação.O pulso pode ser verificado nos pontos onde as artérias estão próximas à superfície e podem ser apalpadas: o lado externo do punho (artéria radial), em cada lado do pescoço (artéria carótida), na região inguinal (artéria femoral), na têmpora (artéria temporal), no meio do braço (artéria braquial).O socorrista verifica o pulso da vítima colocando os dedos indica-dor, médio na artéria, mas jamais deve utilizar o polegar, pois este apresenta pulsação própria.Quando a pulsação radial está muito fraca, a verificação do pulso pode ser feita com mais facilidade na região do pescoço (artérias carótidas). Observe na figura!

Diego Fernandes (2013)

Figura 105: Verificação da pulsação carótida

3. Temperatura

É verificada no local pelo socorrista leigo com o dorso da mão. Tem por objetivo avaliar se o paciente está quente ou frio. Temperatura baixa pode significar a presença de hemorragias interna ou externa.

4. Pressão Arterial

É a pressão exercida pelo sangue circulante na parede das artérias. Pode ser verificada no local do acidente ou no deslocamento para o pronto socorro, sempre pelo socorrista profissional. A pressão arterial é expressa em uma unidade especial de medida – milímetros de mercúrio (mmHg) e é aferida com auxílio de dois equipamentos, o es-figmomamômetro e o estetoscópio. Agora que você estudou os quatro sinais vitais, acompanhe os sinais de apoio que também poderão colaborar na ocasião da prestação de socorro.

Sinais de apoio

Há diversos sinais que auxiliam ou apóiam o diagnóstico do estado de uma vítima de acidente, com destaque para os seguintes.

▪ Aspecto da pele (cútis).

▪ Nível de consciência.Conheça, a seguir, como são estes sinais de apoio!

1. Aspecto da pele (cutânea)

Durante o atendimento, o socorrista deve observar o aspecto da pele, que pode apresentar alterações de origem fisiológica e patológica de acordo com as especificações a seguir.

▪ Cianose – ocorre em virtude da insuficiência de oxigênio no organismo e se caracteriza por uma coloração arroxeada (ausência de oxigênio nas extremidades, lábios, pontas dos dedos das mãos e dos pés).

▪ Palidez cutânea – ocorre devi-do à vasoconstrição periférica nos estados de necessidade de aporte sanguíneo às porções mais nobres do organismo ou para a manutenção da temperatura corporal. Hemorragias, parada cardiorrespiratória e exposição ao frio são causas de palidez cutânea.

Cutânea – da pele (cútis).

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165NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Pele fria e viscosa – ocorre nos casos de estado de choque em de-corrência de uma hemorragia grave.

2. Nível de consciência

É possível caracterizar o nível de consciência observando-se o estado psicológico e físico da vítima, que pode estar inconsciente em virtude de desmaio (síncope), choque, coma, convulsão, intoxicação ou óbito. Uma pessoa pode estar consciente, mas desorientada no tempo e no espaço, em virtude de um violento choque emocional ou traumático.Aqui você aprendeu como avaliar os sinais vitais e sinais de apoio dos acidentados, portanto já está capacitado a executar os primeiros atendimentos em casos de emer-gências. Siga, em frente, para saber cada vez mais!

SEção 6 Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência

A pessoa que se dispõe a prestar os primeiros socorros deve começar por analisar as condições em que ocorreu o acidente e o estado físico e mental do(s) envolvido(s). Após identificar o(s) caso(s) de gravidade, deve adotar as técnicas de primeiros socorros, algumas das quais são bastante simples e podem diminuir o sofrimento das vítimas, evitar complicações futuras e, até, salvar suas vidas. Em uma emergência é fundamental que a pessoa mantenha a calma e transmita confiança, até a chegada do socorro especializado.

É importante que aja com extremo rigor, pois do contrário o atendimento pode comprometer a saúde da vítima.

A seguir, você estudará alguns casos graves que requerem pronto atendi-mento do socorrista. É importante prestar atenção às técnicas e aos procedimentos de atendimento adequados bem como aos erros a serem evitados.

a. Parada respiratória

Você sabe como se caracteriza a parada respiratória?Bem, ela se caracteriza pela interrupção da respiração, ou seja, a entrada e saída de ar nos pulmões. O aparelho res-piratório é constituído de pulmões, via aérea superior (nariz, boca) e via aérea inferior (faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos). A via aérea inferior é responsável por umedecer, aquecer, purificar e filtrar o ar, para que ele chegue em boas condições ao interior dos alvéolos pulmonares, onde o oxigê-nio é retirado e transferido para o sangue. Assim, todo acidente que perturba esse mecanismo coloca em risco a oxigenação dos tecidos, porque provoca a morte celular e, em consequência ,a da própria vítima.Você sabe como verificar a respiração da vítima? Observe, na sequência.O socorrista deve aproximar-se do rosto da vítima, observar se há movimento do tórax, se há saída de ar do nariz ou da boca e se há sons de respiração: se não houver nenhum movimento respiratório, e se os lábios, a língua e as unhas da vítima estiverem azulados (cianose), o socorrista deve concluir que ela sofreu uma parada respiratória. Em seguida, o socorrista deve verificar se há alguma obstrução na via aérea da vítima, que pode ser provocada por três principais fatores.

Síncope: estado de incons-ciência resultante de queda

brusca de pressão arterial.

Traumático: resultante de um choque violento.

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166 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

1. Corpo estranho – prótese dentária, moeda, pedaço graúdo de alimento, espinha de peixe, osso de ave, etc.

2. Base da língua – caída para trás – em vítimas inconscientes.

3. Substância aspirada para os pulmões (broncoaspiração).

Diego Fernandes (2013)

Figura 106: Verificação da respiração

Métodos para desobstruir a via aérea (VAS)

O método para desobstruir a via aérea (VAS) varia de acordo com a gravidade e a causa da obstrução, mas em geral o procedimento deve ser a lateralização e visualização das VAS do paciente, até que esta tenha sido devidamente desobstruída. Observe a figura.

Diego Fernandes (2013)

Figura 107: Desobstrução de vias aéreas

Você sabe as causas de uma para-da respiratória? Veja a seguir para esclarecer! Queda da língua por inconsciência.

▪ Espasmo da laringe.

▪ Obstrução das vias aéreas (su-perior ou inferior).

▪ Choque elétrico.

▪ Traumatismo craniano com lesões dos centros respiratórios.

▪ Pneumotórax bilateral.Veja, na sequência, como funciona a respiração artificialRespiração artificial – Método boca-a-boca

DICA Pelo protocolo atual o socor-rista leigo não deverá realizar respiração boca-boca, apenas as compressões cardíacas. (American Heart Association – 2010).

Afrouxe as roupas da vítima, princi-palmente em volta do pescoço, tórax e cintura, para facilitar a circulação. Com a vítima deitada em decúbito dorsal (de costas) em superfície plana, rígida e com a cabeça no mesmo nível do tronco, abra a via aérea (VAS) e eleve o queixo.Abra a boca da vítima com os dedos cruzados e realize a varredura digital, removendo com cuidado qualquer corpo estranho que encontrar na cavidade oral como: restos alimen-tares, próteses dentárias, coágulos de sangue, caso apresente quadro de obstrução da VAS.

Pneumotórax bilateral: en-trada ou saída de ar ou gás

nos dois pulmões.

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Verifique, então, se a vítima passou a respirar (ver, ouvir, sentir). Em caso negativo, realize respiração boca-a-boca, fechando bem as narinas da vítima com o polegar e o indicador e soprando o ar para dentro dos pulmões (usando um respirador artificial), num intervalo de um segundo de duração para cada duas respirações.

DICA Na ausência da barreira de proteção, realize somente compressão cardíaca.

Toda vez que o ar for soprado para dentro dos pulmões, retire sua boca para que o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os movimentos do tórax. Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar.Toda vez que o ar for soprado para dentro dos pulmões, retire sua boca para que o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os movimentos do tórax. Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar.

b. Parada cardíaca

Você sabe como verificar se o coração está batendo? Pois bem, verifique o pulso carotídeo colocando os dedos indicador e médio, bem no meio do pescoço da vítima, deslizando-os para o lado até encontrar o vão entre a traquéia e o músculo do pescoço (pulso carotídeo).A parada cardíaca pode ser oca-sionada pelos seguintes fatores. Acompanhe!

▪ Isquemia cardíaca.

▪ Choque elétrico.

▪ Envenenamento.

▪ Afogamento.

▪ Infarto agudo do miocárdio.

▪ Consumo excessivo de drogas (overdose).

▪ Engasgamento.Portanto, uma vez confirmadas as paradas cardíaca e respiratória, o socorrista deve aplicar de imediato a RCP (reanimação cardiorrespiratória).Os casos de parada cardíaca exi-gem ação imediata e podem ser constatados pela observação dos seguintes sintomas.

▪ Inconsciência.

▪ Ausência de pulso.

▪ Palidez intensa.

▪ Extremidades frias.

▪ Dilatação das pupilas (midríase).No caso de uma compressão cardí-aca, saiba como proceder!Verifique, a seguir.Posicione-se em um dos lados da vítima. Localize a linha dos mamilos ou o osso esterno e na junção com o apêndice xifóide. Posicione dois dedos, e logo acima desses posicione a palma da mão (região hipotenar). Sobreponha a outra mão e realize a compressão cardíaca.

Isquemia: obstrução e con-tração muscular.

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168 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Diego Fernandes (2013)

Coração

Figura 108: Posicionamento das mãos

Faça pressão com bastante vigor, empurrando o esterno para baixo, cerca de cinco centímetros, afim de comprimir o coração de encontro à coluna vertebral e, depois, descomprima.

Diego Fernandes (2013)

Figura 109: Compressão cardíaca

Repita a manobra de 30 compressões para duas insuflações por cinco ciclos, checando os sinais vitais. Caso a vítima não reaja, retome a ma-nobra quantas vezes forem necessárias, ou até a exaustão dos socorristas ,ou ainda, até a chegada de outros profissionais para dar seguimento à conduta (cerca de 100 por minuto). Jamais interrompa as compressões.Observe como agir nos tratamentos diferenciados.O socorrista deve também prestar atenção à idade/constituição da víti-ma. Nos adultos, aplique a compressão utilizando o peso do corpo e não apenas a força dos braços, para evitar a fadiga.

DICA Atenção: essa pressão deve ser realizada com os braços retos, evitando assim a fadiga e fratura do osso esterno.

Nas crianças, comprima o esterno apenas com uma das mãos, e nos bebês, apenas com as pontas dos dedos indicador e médio,pressione cerca de três centímetros na linha dos mamilos.

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169NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Diego Fernandes (2013)

100 compressões por minuto

Figura 110: Compressão em crianças e em bebês

Tenha sempre em mente que o socorrista precisa ser bem treinado! Uma compressão mal feita pode trazer mais prejuízos à vítima.

A seguir, você irá identificar o tipo de acidente mais comum no trabalho em instalações elétricas: o choque elétrico. Você conhecerá os fatores de gravidade de um choque elétrico e os seus efeitos, bem como os pro-cedimentos de primeiros socorros (APH – atendimento pré-hospitalar) adequados a cada caso. Vamos seguir?

c. Choque elétrico

Qualquer pessoa desavisada pode ser vítima de um acidente com eletrici-dade. Quem já não ouviu falar de alguém que próximo a uma árvore foi atingido por um raio e morreu instantaneamente? As árvores atraem as descargas elétricas dos raios e o corpo humano é condutor de eletricidade. Todas as pessoas estão sujeitas a acidentes desse tipo.

iStockphotos ([20--?])

É importante que o socorrista tenha recebido bom treinamento, de modo a evitar as complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, como fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos pelos ossos das costelas, principalmente os pulmões.Em conformidade com a Ameri-can Heart Association (2010), se o socorrista estiver sozinho, deve fazer 30 compressões cardíacas, numa média de 100 compressões por minuto.

É importante ressaltar que as práticas atualizadas e normatizadas pela AHA são melhorias das práticas aplica-das anteriormente, o que não significa que as práticas ante-riores são incorretas. As nor-matizações mais atualizadas geralmente são atualizadas por profissionais com capaci-tação em Atendimento Avan-çado da Vida e que fazem uso do DEA (desfribilador auto-mático).

Além do controle das vias aéreas, o desenvolvimento das compressões cardíacas tornou possível que uma pessoa treinada dê início a uma inversão de morte clínica, mesmo fora do hospital.

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170 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Há diversos fatores que determinam a gravidade do choque elétrico. Veja, a seguir, que fatores são estes.

Trajeto da corrente elétrica

O trajeto da corrente elétrica no corpo humano, que funciona como um condutor de eletricidade, tem grande influência na gravidade do choque elétrico. Se uma corrente de intensidade elevada circula de uma perna a outra, pode resultar só em queimaduras locais, sem le-sões mais sérias. No entanto, se ela circula de um braço a outro, pode levar à fibrilação do coração, parada cardíaca ou paralisia da musculatura respiratória, ocasionando a asfixia da vítima.

Intensidade da corrente elétrica

Outro fator importante, na deter-minação da gravidade do choque elétrico é a intensidade da corrente. Observe os exemplos.

▪ 10 mA – intensidade de corrente elétrica, a partir da qual a vítima não consegue se livrar do ponto energizado que está em contato.

▪ 30 mA – intensidade de corrente elétrica, a partir da qual a vítima estará sujeita a efeitos graves, como parada cardiorrespiratória e fibrilação ventricular (FV).

iStockphotos ([20--?])

Figura 111: Descarga elétrica

Continue estudando os fatores que determinam a gravidade do choque elétrico.

Tempo de contato com a corrente elétrica

O tempo de contato é outro fator determinante na gravidade dos aci-dentes com corrente elétrica, uma vez que determinadas intensidades de corrente produzem contrações musculares que levam à asfixia, num prazo de dois minutos, e à fibrilação ventricular, em 0,25 segundos. Assim, conclui-se que a passagem da corrente elétrica pelo corpo desencadeia efeitos diretos e indiretos, como paralisia ou quei-maduras. Acompanhe.

Efeitos diretos e efeitos indiretos

▪ Paralisia da musculatura respi-ratória, com queimaduras térmicas, ocasionando asfixia e morte antes de quatro minutos, desprendimento de calor na passagem da corrente.

▪ Queimaduras eletrotérmicas, ocasionadas pelo desprendimento de calor na passagem da corrente, causam, ao contrário das demais queimaduras, destruição da pele e de tecidos profundos. Em geral, são indolores, em virtude da des-truição das terminações nervosas, com regeneração muito lenta – a queimadura de terceiro grau não se regenera, ficando sequelas na epiderme (pele).

▪ Quedas, pancadas, fraturas ou ferimentos.

Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardiorres-piratória em ambientes de trabalho. O atendimento à vítima deve ser feito nos primeiros quatro minutos, para que haja chance de sobrevida e recuperação do acidentado.

Fibrilação: movimento des-coordenado do coração

(arritmia) causando a perda da capacidade de bombear o sangue. Ao invés de bombear, o coração apenas tremula. É um fenômeno gravíssimo, pois é irreversível naturalmente, e requer a utiliza-ção de um desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico) para a reanimação da vítima. O conhe-cimento do fenômeno da fibrila-ção ventricular do coração, por meio do choque elétrico, é im-portante para conscientizar a população e os técnicos das empresas dos riscos provenientes dos trabalhos envolvendo eletri-cidade.

Como prestar os primeiros so-corros a uma vítima de choque elétrico

1. Antes de tocar na vítima, certifique-se de que ela não está mais em contato com a corrente elétri-ca. Em caso positivo, desligue imediatamente a eletricidade. Se não for possível, interrompa o contato utilizando material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais utilize objeto metálico ou úmido.

2. Se as roupas estiverem em cha-mas, deite-a no chão e cubra-a com tecido bem grosso, para apagar o fogo.

3. Localize as partes do corpo comprometidas e resfrie-as somente com água corrente na temperatura ambiente (cuidado com a temperatura ambiente, pois em regiões extremas existem temperaturas também extremas, agravando ainda mais o quadro; a água deve ser tépida, 35,5ºC a 36ºC, suportável ao punho) ou panos umedecidos. Não aplique manteiga, gelo, pomada ou creme dental nos ferimentos.

4. Verifique se há parada cardior-respiratória por meio da avalia-ção dos sinais vitais. Em caso positivo, deite-a em decúbito dorsal (de costas) e inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar).

Após retirada da corren-te elétrica, já se pode tocar na vítima, uma vez que ela não retém corrente, pois não é ca-pacitor.

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171NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

Como prestar os primeiros so-corros a uma vítima de choque elétrico

1. Antes de tocar na vítima, certifique-se de que ela não está mais em contato com a corrente elétri-ca. Em caso positivo, desligue imediatamente a eletricidade. Se não for possível, interrompa o contato utilizando material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais utilize objeto metálico ou úmido.

2. Se as roupas estiverem em cha-mas, deite-a no chão e cubra-a com tecido bem grosso, para apagar o fogo.

3. Localize as partes do corpo comprometidas e resfrie-as somente com água corrente na temperatura ambiente (cuidado com a temperatura ambiente, pois em regiões extremas existem temperaturas também extremas, agravando ainda mais o quadro; a água deve ser tépida, 35,5ºC a 36ºC, suportável ao punho) ou panos umedecidos. Não aplique manteiga, gelo, pomada ou creme dental nos ferimentos.

4. Verifique se há parada cardior-respiratória por meio da avalia-ção dos sinais vitais. Em caso positivo, deite-a em decúbito dorsal (de costas) e inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar).

Após retirada da corren-te elétrica, já se pode tocar na vítima, uma vez que ela não retém corrente, pois não é ca-pacitor.

Leia atentamente o artigo da revista IstoÉ.

IstoÉ – Estado de choque: Me-nino sobrevive a 68 mil volts Dizer que alguém nasceu de novo ao sobreviver numa situa-ção limite entre a vida e a morte é uma expressão batida. Mas não há outra, absolutamente não há outra, para definir o que aconteceu no sábado 17 com o menino paulista Thiago Santos, de 13 anos de idade. Thiago entrou numa Estação Transfor-madora de Distribuição da Ele-tropaulo Metropolitana para apanhar a sua pipa que ali tinha caído. Ao subir numa das ante-nas (em formato de Y) o garoto recebeu uma descarga elétrica de 68 mil volts (um condenado a morte na cadeira elétrica com um choque 2.300 volts). Thiago sofreu parada cardíaca e teve 80% do corpo queimado. Nas-ceu de novo: está consciente (continua internado) e nenhum órgão interno foi afetado. “Hou-ve um milagre”, disse a ISTOÉ o pai do menino, Francisco de Almeida Cunha Júnior. (Revista ISTO É, 1999).

Por conta da variedade no uso da energia elétrica em nosso dia a dia e pelo fato de sua propriedade física ser invisível, qualquer pessoa menos avisa-da poderá vir a ser vítima de um acidente envolvendo ener-gia elétrica.

Sintomas da fibrilação ven-tricular

Quando a corrente elétrica alternada passa pelo coração, as camadas dos tecidos respondem vibrando de maneira distinta, provocando um batimento cardíaco distorcido, sem resultado eficaz de bombeamento de sangue. Esse estado caótico de polarização é irreversível, com perda total do sincronismo das contrações.Devido à heterogeneidade dos te-cidos da parede do coração, todos os mamíferos e animais superiores sofrem o efeito da fibrilação ventri-cular, em consequência do choque elétrico. Portanto, para correntes de choques grandes, os efeitos mais drásticos são as queimaduras, e para correntes pequenas, o maior perigo é a fibrilação ventricular.Quando uma pessoa, após receber uma descarga elétrica, entrar em fibrilação ventricular, a pressão cai a zero. Devido a essas ocorrências, os sintomas externos básicos são os seguintes:

▪ Vítima inconsciente.

▪ Palidez.

▪ Não há pulso.

▪ Não há respiração.

Causas da fibrilação ventri-cular

Você sabia que além do choque elétrico, a fibrilação pode ocorrer também em outros casos de natu-reza clínica, como o infarto, por exemplo? Sim, é isto mesmo!

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172 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Como a fibrilação ventricular é irreversível de forma natural, faz-se necessário o emprego de técnicas práticas e tecnológicas, de modo a fazer o coração retomar o seu ritmo normal. Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que obteve sucesso foi o desfibrilador elétrico (car-dioversor elétrico) que na, verdade, é um capacitor a ser descarregado no acidentado.Hoje existe no mercado modelos de desfibrilador automático exter-no, um equipamento portátil com tecnologia de onda bifásica para uso em qualquer ambiente. O aparelho é utilizado em unidades de resgate aéreo e terrestre e fornece suporte avançado à vida. O desfibrilador automático externo oferece a possibilidade de ser utilizado por leigos (acesso público à desfibrila-ção), após treinamento mínimo e sob supervisão médica. Dispõe de operacionalidade simples, com alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico de arritmias malignas. A segurança é enfatizada, e o risco de acidentes com o paciente e o operador é mínimo. A utilização do aparelho aumenta a taxa de sobrevida humana em uma parada cardiorrespiratória.

Noções sobre lesões

a. Queimaduras

São lesões causadas quando a pele entra em contato com temperaturas extremas e substâncias químicas corrosivas. O grau de lesão varia de acordo com a intensidade e a extensão de pele atingida: quanto maior a área, mais grave é o caso. De acordo com a profundidade da lesão dos tecidos, as queimaduras são classificadas em três tipos:

Assim, a extensão e a gravidade de uma queimadura determinam o procedi-mento que o socorrista deve adotar. Observe, a seguir, a classificação das queimaduras segundo a sua extensão e gravidade e os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados.

Gravidade quanto à exten-são

▪ Pequena queimadura – menos de 10% da área corpórea.

▪ Grande queimadura – mais de 10% da área corpórea.

O risco de morte ou risco de continuar com vida está mais relacionado com a extensão do que com a profundidade da lesão.

São consideradas graves as seguintes queimaduras.

▪ Elétrica.

▪ Em períneo.

▪ Com mais de 10% da área corpórea.

▪ Com lesão das vias aéreas.Observe, na sequência, as condutas a serem tomadas pelo socorrista.

▪ Prevenir o estado de choque.

▪ Evitar infecções na área queimada.

▪ Controlar a dor.Verifique os sintomas dos acidentes com queimaduras de 1º e 2º graus de grande extensão ou de 3º grau.

▪ Estado de choque – a necrose de uma vasta área de tecido impede a circulação sanguínea. Insufciência renal – as células destruídas pela queimadura entram na corrente sanguínea e impedem a formação da urina.

1. 1º grau – atinge somente a epi-derme. Dor e vermelhidão local.

2. 2º grau – é caracterizada por vermelhidão e formação de bolhas (com líquido cítrico). Que diferenciam de tamanhos – pequenas, médias e grandes, dolorosas.

3. 3º grau – atinge camadas pro-fundas da pele, ocasionando a destruição das terminações nervosas e sensitivas do tecido.

O socorrista pode avaliar a relação gravidade-extensão utilizando a regra dos nove, bastante útil e de fácil memorização, cujos valores são definidos em porcentagem (%) da superfície corporal de acordo com a seguinte especificação.

▪ Cabeça – 9%.

▪ Pescoço – 1%.

▪ Membro superior – 9% cada.

▪ Dorso – 18%.

▪ Tórax – 18%.

▪ Membro inferior – 18% cada.

▪ Genitália – 1%.

Diego Fernandes (2013)

9%

1%

18%

9% 9%18%

18% 18%

Figura 112: Identificação dos membros

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▪ Septicemia – a área queimada é atingida por microorganismos e tem início um violento processo infeccioso, choque séptico.Quer saber como efetuar socorro em caso de queimaduras de pequena extensão? É só acompanhar!

▪ Lavar o local com soro fisioló-gico ou água (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC) por dois a cinco minutos.

▪ Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada, no local do ferimento, para não encobrir a lesão.Agora observe como socorrer em caso de queimaduras térmicas.

▪ Apagar o fogo da vítima com água (tépida, temperatura de 35, 5ºC a 36ºC).

▪ Verificar vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência (especial atenção para as VAS em queimados de face).

▪ Retirar partes de roupas não queimadas. No caso de tecidos queimados aderidos ao local, re-cortar em volta.

▪ Retirar da vítima pulseiras, anéis, relógios e outros acessórios.

▪ Estabelecer extensão e profun-didade das queimaduras.

▪ Quando de 1º grau, banhar o local com soro fisiológico ou água (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC). Não passar nada no local.

▪ Cobrir regiões queimadas com manta aluminizada ou papel alumínio.

▪ Quando em olhos, cobrir com gaze embebida em soro.Chegou o momento de você apren-der como socorrer em caso de queimaduras químicas, veja a seguir.

▪ Descobrir qual tipo de produto químico causou a queimadura.

▪ Verificar as VAS (vias aéreas superiores), respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque.

▪ Retirar as roupas da vítima.

▪ Lavar com soro fisiológico ou água, sem pressão ou fricção.

▪ De acordo com o agente químico há um tempo de lavagem: ácido – lavar por cinco minutos; álcali – lavar por 15 minutos. Na dúvida, lave a queimadura por 15 minutos.

▪ Se álcali seco, não lavar: retirar manualmente (exemplo: soda cáus-tica) em peles íntegras. Quando se tratar de mucosas, retirar o excesso e lavar abundantemente, sem esfregar.Para saber como proceder, em caso de queimaduras de grande extensão observe, na sequência.

▪ Prevenir o estado de choque – o estado de choque é uma das consequências comuns nos casos de grandes queimaduras, quando então o socorrista deve acomodar a vítima.

▪ Controlar a dor – de acordo com a área atingida, a dor associada a queimaduras de 2º e 3º graus é insuportável.

▪ Evitar a contaminação – se houver formação de bolhas, o socorrista não deve irritá-las nem furá-las, pois elas podem romper e deixar uma ferida (úlcera) aberta, sujeita à entrada de micro-organismos patogênicos que podem ocasionar infecção.

▪ Lavar a área queimada com soro fisiológico ou água corrente em temperatura ambiente (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC).

▪ Se as roupas da vítima tiverem aderido à queimadura, não as remova.

▪ Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento.

▪ Não fornecer água.

▪ Mantê-la aquecida.

Septicemia: processo infec-cioso generalizado em que

microorganismos patogênicos penetram na corrente sanguínea e nela se multiplicam; choque séptico.

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174 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪ Manter os sinais vitais e, no caso de parada cardiorrespiratória, aplicar o método de reanimação mais adequado.

▪ Encaminhá-la ao hospital.Nos acidentes provocados por choque elétrico há, em geral, duas feridas cutâneas (úlceras): uma na entrada e outra na saída da corrente. Embora elas costumem parecer pe-quenas, uma quantidade considerável de tecido abaixo delas é destruída. Nesses casos, os procedimentos a serem adotados são os mesmos para outros tipos de queimadura. Quando o choque ocasiona a paralisação da respiração, em virtude da contração dos músculos respiratórios, o so-corrista deve efetuar as manobras de respiração, já estudadas, sobre reanimação cardiorrespiratória.

Lembre-se sempre de que o socorrista deve adotar todos os procedimentos ao seu alcan-ce, mas os seus cuidados não substituem os do profissional de saúde (enfermeiro ou médico). Uma vez que a gravidade das lesões pode exigir recursos adequados para lidar com os danos na pele e problemas de insuficiência circulatória e renal e de infecção, ele deve acionar de imediato os recursos hospitalares.

Continue seu estudo em relação às lesões, próximo tópico são as úlceras.

b. Úlceras (feridas)

São lesões que acometem a epi-derme (camada mais externa) e/ou derme (camada mais profunda da pele) e facilitam as infecções. A pele atua como barreira mecânica entre o corpo e o mundo externo, impedindo a entrada de micro-or-ganismos no corpo e fazendo a

termorregulação e a manutenção dos fluidos no organismo.Na presença de ferimentos, a conduta inicial, sempre que possível, deve -se lavar o local com soro fisiológico ou água corrente. Quando se tratar de lesões com grandes áreas atingidas e com sangramentos intensos, deve-se comprimir o local com pano limpo e fazer a compressão nas grandes veias e artérias, a fim de diminuir o fluxo local (sempre acima da lesão).Nos casos de amputação total e/ou esmagamento, deve-se proceder como indicado, acima e realizar garroteamento acima da lesão. A parte amputada deve ser recolhida e colocada em um saco plástico limpo preferencialmente embebido em soro fisiológico, colocado dentro de outro com gelo e levado com a vítima para o hospital a fim de se tentar o reimplante.

Nas lesões em que existir um ma-terial preso à pele, este não deverá ser retirado, devendo ser protegido durante o transporte para não haver deslocamento ou saída.

c. Lesão traumato-ortopédica

Existem diversos tipos de lesão traumato-ortopédica que afetam o aparelho locomotor e comprometem as articulações, ossos e músculos. Estude, a seguir, os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados para aliviar o sofrimento da vítima!EntorseNa entorse há distensão dos liga-mentos articulares, ocasionando a separação momentânea das superfícies ósseas da articulação e provocando edema e dor local, que se acentua com a movimentação.

Acionar: pôr em ação, em movimento, fazer funcionar

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175NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

LuxaçãoNa luxação há distensão ou rompi-mento dos ligamentos articulares, ocasionando separação das super-fícies ósseas da articulação.Em ambos os casos, o socorrista deve adotar os seguintes procedimentos:

▪ Evitar movimentar a articulação afetada.

▪ Imobilizar na posição encontrada

▪ Aplicar bolsa de gelo sobre o local a fim de reduzir o edema e a dor.Fraturas e lesões de articulaçãoVocê sabe quando ocorre um rompimento total ou parcial de um osso ou cartilagem? Bem, as fraturas podem ser fechadas, quando a pele não é rompida pelo osso fraturado e expostas ou abertas, quando o osso atravessa a pele e fica exposto. Toda suspeita de fratura ou lesão de articulação deve resultar em imo-bilização. Nas indústrias, a fratura pode ocorrer em razão de quedas e movimentos bruscos do empregado, batidas contra objetos, ferramentas, maquinário, assim como, quedas desses sobre o empregado.Suspeita-se de uma fratura ou le-são articular quando houver sido constatado pelo menos dois dos seguintes itens. Observe.

▪ Dor intensa no local, que au-menta ao menor movimento ou toque na região.

▪ Edema local (inchaço).

▪ Crepitação ao movimento (som parecido com o amassar de papel).

▪ Hematoma (rompimento de vaso com acúmulo de sangue no local) ou equimose (mancha de coloração azulada na pele), que aparece horas após a fratura.

▪ Paralisia (lesão dos nervos).

Nunca se deve tentar colocar o osso no lugar. Isso deverá ser feito em local e por profissional qualificado no hospital.

Confira os procedimentos básicos a seguir.

▪ Estancar eventual hemorragia em casos de fraturas expostas ou abertas.

▪ Imobilizar as articulações mais próximas do local com suspeita de fratura, afim de impedir a mo-vimentação, utilizando jornais, re-vistas, tábuas, papelão, etc.; convém acolchoar com algodão, lã ou trapos os pontos onde os ossos ficarão em contato com a tala, fixando-os acima e abaixo da lesão.

▪ Não deslocar ou arrastar a vítima antes de imobilizar os segmentos fraturados.

▪ Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e trata-mento precisos.Em caso de lesão articular (entorses e contusões), veja como proceder.

▪ Colocar a vítima deitada ou sentada em posição confortável.

▪ Imobilizar a região afetada com faixas, talas ou panos para impedir os movimentos, diminuindo, assim, a dor.

▪ Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e trata-mento precisos.

iStockphotos ([20--?])

Figura 113: Fraturas e lesões membros superiores

Tropa 1-75ºGear (2011)

Figura 114: Fraturas e lesões nos mem-bros inferiores

Nunca massagear ou friccionar o local afetado.

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176 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

d. Picadas e mordidas de animais

São considerados riscos adicionais aqueles causados por acidentes com cobras e serpentes, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal que se constituem em um tipo de envenenamento, cujo veículo de introdução, no corpo humano, se faz através de presas ou ferrões. Você sabe que existem diferenças importantes que devem ser consi-deradas entre animais venenosos e animais peçonhentos? Sim é muito importante desta distinção para saber como proceder. Conheça a seguir os detalhes destes animais!Animais venenosos – produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes ou fer-rões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo), ou por ingestão (peixe baiacu).Animais peçonhentos possuem glândulas de veneno que se comu-nicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. É o caso de serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas e arraias.

Um socorrista não precisa ser capaz de classificar insetos, aranhas, escorpiões e ofídios em gênero e espécie – tal atividade é reservada aos estudiosos desta área. No entanto, existe conhecimento indispensável sobre animais peçonhentos para que se possa utilizar uma técnica adequada a cada situação.

Continue atento para saber mais!

1. Serpentes

No Brasil, há cerca de 260 espécies catalogadas de serpentes, das quais cerca de 40 são peçonhentas. Os principais grupos de serpentes pe-çonhentas existentes no nosso país são as espécies jararaca, surucucu, cascavel e coral. O termo jararaca, por exemplo, refere-se a mais de 20 espécies de serpentes com caracte-rísticas semelhantes, como a forma da cabeça e do corpo.O veneno de cada grupo de serpentes peçonhentas tem uma composição diferente, provocando sintomas dis-tintos. A peçonha do grupo jararaca, por exemplo, encontrado em todo o país, tem efeito local: causa inchaço e hemorragia. Além disso, destrói os músculos da região onde é injetada. A ação do veneno das serpentes do grupo surucucu, que vivem na Mata Atlântica e Amazônia, produz sintomas semelhantes aos gerados pela peçonha do grupo jararaca.Já a toxina do grupo cascavel pro-voca visão dupla e paralisa os mús-culos, impedindo os movimentos. Serpentes desse grupo podem ser encontradas em todo o país, exceto na Mata Atlântica e na Amazônia.O veneno do grupo das corais, por sua vez, mata por parada respiratória ao bloquear os movimentos de um músculo chamado diafragma, que é responsável pela respiração. A toxicidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal agressor, da quantidade de veneno inoculado, do peso e estado de saúde da vítima. A cada ano, cerca de 20 mil pessoas são picadas por cobra no Brasil. Acidentes com serpentes do grupo jararaca são os mais frequentes e acontecem geralmente no campo.

No caso de envenenamento por ofídios, o socorro precisa ser rápido. O médico determina qual grupo de cobra picou a pessoa por meio dos sintomas que esta apresenta. Afinal, cada grupo de serpentes peçonhentas apresenta um veneno específico, que provoca sintomas diferentes. De maneira prática, as serpentes peçonhentas no Brasil são classificadas em quatro grandes gêneros:

▪ Micrurus – Corais (encontradas no Centro-Oeste, Sul e Nordeste)

▪ Crotalus – Cascavéis (encontradas no Centro-Oeste e Sul)

▪ Lachesis – Surucucu ou Suru-cutinga (encontradas no Sul, Re-gião Amazônica e Zona da Mata Nordestina)

▪ Bothrops – Jararacas, Urutu--Cruzeiro, Jararacuçu (encontradas em todas as regiões).Aqui você saberá a diferença das serpentes peçonhentas e não-pe-çonhentas. Confira!Existem alguns critérios básicos para distinguir serpentes peçonhentas de não-peçonhentas a uma distância segura. Para conhecê-los é só seguir com o estudo!O primeiro deles é a presença de um orifício entre o olho e a narina da serpente, denominado fosseta loreal. Toda serpente brasileira que possui esse orifício é peçonhenta. Ele é utilizado para perceber a presença de calor, o que permite à serpente caçar no escuro presas que tenham corpo quente (homeotérmicas), tais como mamíferos e aves.

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Olho Narina

Fosseta loreal

Diego Fernandes (2013)

Figura 115: Identificação da fosseta loreal

Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam um chocalho na ponta da cauda, que emite um som característico de alerta, quando são perturbadas. Essas são as cascavéis (cujo nome científico é Crotalus), facilmente encontradas em áreas abertas e secas, mesmo em áreas agriculturáveis de grande parte do Brasil, excluindo-se áreas de vegetação mais densa.As serpentes com fosseta loreal, cuja cauda é lisa até a extremidade, pertencem à família das jararacas (cujo nome científico é Bothrops). São encontradas, em sua grande maioria, em áreas mais limitadas, como as áreas de mata, apesar de alguns tipos habitarem também zonas de caatinga e cerrado.Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam a extremidade da cauda com as escamas eriçadas como uma escova. Essas são as chamadas surucucus ou pico-de-jaca (cujo nome científico é Lachesis).

O nome pico-de-jaca foi dado em virtude do aspecto da pele desse animal se parecer muito com a fruta. Elas são encontradas apenas em áreas de floresta tropical densa, tais como a Amazônia ou alguns pontos da Mata Atlântica.

Diego Fernandes (2013)

Figura 116: Tipos de caldas(com chocalho,lisa e com escamas)

Observe, a seguir, como diferen-ciar serpentes peçonhentas e não peçonhentas:

Atenção para a única exceção a essa regra, que é da cobra-coral. Ela é venenosa e não possui fosseta (cujo nome científico é Micrurus). Porém, as corais possuem um padrão carac-terístico de anéis pretos, vermelhos e brancos ou amarelos, que não permitem nenhuma confusão. Na Amazônia existem corais pretas e brancas ou marrons. Desse modo, deve-se considerar toda serpente com essa coloração como perigosa, apesar da existência de serpentes que imitam as corais verdadeiras, denominadas corais falsas. As corais verdadeiras não dão bote e, normalmente, se abrigam debaixo de troncos de árvores, folhas ou outros locais úmidos, em todas as regiões do país.

DICA Outra característica importante na distinção das serpentes peçonhentas é o tipo de cauda.

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178 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Diego Fernandes (2013)

Fosseta loreal

Ausente Presente

Com anéiscoloridos (pretos,

brancos evermelhos)

Cauda lisa

Cauda comescamas

arrepiadas

Cauda comchocalho

Micrurus** Bothrops Lachesis Crotalus

Nãopeçonhentas*

Peçonhentas

*As falsas corais podem apresentar o mesmo padrão de coloração das corais verdadeiras, sendo distinguíveis pela ausência de dente inoculador.**Na Amazônia, ocorrem corais verdadeiras desprovidas de anéis vermelhos.

▪ Deitar a vítima o mais rápido possível.

▪ Não deixar a vítima fazer qual-quer esforço, pois o estímulo da circulação sanguínea difunde o veneno pelo corpo.

▪ Aplicar gelo ou compressas frias e anestesia no caso de picada de lacraias, centopéias e lagartas.

▪ Lavar o local da picada com água abundante e de preferência com água e sabão.

▪ Não se deve fazer torniquete, pois isso impede a circulação san-guínea, podendo causar gangrena ou necrose.

▪ Não se deve furar, cortar, queimar, espremer, fazer sucção no local do ferimento nem aplicar folhas, pó de café ou terra, para não provocar infecção.

DICA Portal Saúde.Distinção entre serpentes peçonhentas e não peço-nhentas. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_peconhentos.pdf.

Veja, agora, como prevenir contatos indesejados com cobras.

▪ É muito importante evitar situações de risco de acidentes ofídicos. Não ande descalço. Ao caminhar na mata ou em plantações, use botas que o protejam até os joelhos.

▪ Não coloque a mão em buracos e, acima de tudo, não manipule ser-pentes, por mais inofensivas que elas possam parecer.

▪ Mantenha os quintais limpos, assim como as áreas ao redor de residên-cias. Não acumule detritos ou material que sirva de alimento para ratos, pois estes podem atrair serpentes, que se alimentam destes.Em caso de acidente, não faça qualquer tipo de atendimento caseiro, não corte nem perfure o local da mordida e não faça torniquete. Procure imediatamente um posto médico, porque somente o soro antiofídico cura. Ele é distribuído gratuitamente a hospitais, casas de saúde e postos de atendimento médico por o Hospital Vital Brazil, que pertence ao Instituto Butantan, que realiza esse tipo de atendimento 24 horas por dia.Como proceder em caso de picada.Observe!

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179NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

▪ Levar o acidentado imediata-mente ao serviço de saúde mais próximo.

▪ Se possível, levar o animal peçonhento junto, mesmo que morto. Isso facilita o diagnóstico e a detecção de qual soro será o mais apropriado para ser ministrado ao paciente.

DICA Nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonha!

2. Aranhas e Escorpiões

O filo dos artrópodes corresponde a mais de 80% das espécies animais existentes. Entre os principais grupos desse filo estão os arac-nídeos (subfilo Chelicerata – classe Arachnida), dos quais fazem parte as aranhas (ordem Araneae) e os escorpiões (ordem Scorpiones). Os aracnídeos são caracterizados por apresentarem o corpo dividido em duas partes (cefalotórax e abdômen), quatro pares de pernas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras (apêndices bucais).As aranhas compõem a ordem mais numerosa dos aracnídeos, sendo consideradas válidas cerca de 35.000 espécies em todo o mundo, porém somente cerca de 20 a 30 espécies são consideradas perigosas para o homem. Habitam praticamente todas as regiões do planeta, incluindo uma espécie aquática. Muitas espécies vivem próximas e, até mesmo dentro de habitações humanas, favorecendo a ocorrência de acidentes. O vene-no, produzido por duas glândulas situadas na região das quelíceras, pode ser utilizado na captura de presas e como defesa.

DICA Poucas espécies podem causar acidentes com envenena-mento humano importante. No Brasil, as espécies mais representativas pertencem aos gêneros Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus.

3. Animais raivosos e insetos

Mordidas de animais raivosos – Qualquer animal pode contrair a raiva e se tornar um transmissor. Quem for mordido por um animal deve suspeitar de raiva e mantê-lo em observação até prova em con-trário. Mesmo vacinado, o animal pode apresentar a doença. Todas as mordidas por animais devem ser vistas por um médico.Picadas e ferroadas de insetos – Há pessoas alérgicas que sofrem reações graves e/ou generalizadas devido a picadas de insetos. Tais pessoas devem receber um trata-mento médico imediato. Picada de inseto pode ser um risco de vida para pessoa sensível.Como proceder?

▪ Retirar os ferrões do inseto, através de técnicas adequadas.

▪ Lavar com água o local da picada.

▪ Procurar socorro médico o mais rápido possível.Você está encerrando a penúltima seção da unidade de estudos de primeiros socorros! A seguir, você estudará uma parte muito importante deste assunto: como transportar uma pessoa acidentada com segurança e com os menores transtornos possíveis. Está preparado? Desejo ótimos estudos!

SEção 7 Técnicas para remoção e transporte de acidentados

O transporte da vítima de acidente merece um tema especial. Nesse momento, as lesões já existentes podem ser agravadas, por isso o socorrista somente deve fazer o transporte se for absolutamente necessário. Caso contrário, deve aguardar atendimento do profissio-nal de saúde no local do acidente. Acompanhe, a seguir, os procedi-mentos adequados para transportar vítimas que merecem cuidados especiais.

▪ Controlar as hemorragias, para evitar sangramento abundante e exposição ao risco de a vítima entrar em choque.

▪ Se houver suspeita de fratura, principalmente no caso de atropela-mento, imobilizar o local fraturado sem tentar colocar o osso no lugar, nem mexer demasiadamente no local da fratura.

▪ Se houver parada cardiorres-piratória, iniciar imediatamente a respiração artificial e a compressão cardíaca.Acompanhe os parâmetros de decisão para transporteSaiba que devem ser transportados os acidentados que estiverem em qualquer uma das seguintes condições.

▪ Inconscientes.

▪ Em estado de choque.

▪ Gravemente queimados.

▪ Com hemorragia.

▪ Envenenados.

▪ Com fratura nos membros in-feriores, pelve e coluna vertebral.

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180 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Acidentados, com fratura no pescoço e suspeita de lesão da medula, não devem ser removidos antes do atendimento ser feito por profissional de saúde. Um erro de movimento pode ocasionar numerosas lesões.

Acompanhe como socorrer as vítimas.

▪ Se a vítima tiver que ser erguida para verificação das lesões, cada parte do corpo deve ser apoiada. Não deixar o corpo se dobrar, mantenha-o em linha reta.

▪ Ao transportá-la, puxar pela direção da cabeça ou dos pés, nunca pelos lados, e proteger o corpo com toalha ou outro material, principalmente a cabeça.

▪ Se não houver prancha para removê-la, adotar o método do auxílio de três pessoas, de acordo com a ilustração.

Diego Fernandes (2013)

Figura 117: Transporte com 3 pessoas

DICA O transporte em três pessoas só deve ser feito em mal súbito ou outro acometimento sem trauma de coluna.

O socorrista também pode improvisar uma maca amarrando um cobertor ou colcha em duas varas resistentes (nunca utilizar cabos de vassoura), de acordo com a ilustração.

Diego Fernandes (2013)

Figura 118: Maca improvisada

Vale lembrar que essas técnicas só poderão ser utilizadas se não hou-ver suspeita de lesão cervical e/ou vertebral; do contrário, a prancha longa e o colar cervical deverão ser utilizados, assim como o apoio de cabeça.Nesse tipo de situação, a vítima deverá ser virada em bloco, a fim de manter a coluna reta. Para essa conduta são necessários quatro socorristas, três atuando no corpo e um na cabeça. O socorrista que estiver posicionado no meio da vítima será responsável em puxar a prancha junto à vítima. Observe a figura!

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iStockphotos ([20--?])

Figura 119: Transporte com maca

Mas também é possível que o socorrista esteja sozinho, ao prestar auxílio à vítima e, mesmo assim, precise removê-la, em virtude de um perigo iminente,como desabamento ou incêndio. Nesses casos, ele pode contar com o auxílio de uma ou mais pessoas, desde que as oriente previamente. Conheça, a seguir, outros métodos de transporte a serem aplicados em situações especiais, desde que o socorrista esteja certo de sua adequação.Transporte de apoio: Se a vítima estiver consciente e com leves feri-mentos, o socorrista deve se posicionar ao lado, passar o braço dela pela sua própria nuca e segurá-la, com o outro braço.

Diego Fernandes (2013)

Figura 120: Transporte de apoio

Iminente: que está a ponto de acontecer.

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Transporte em cadeira improvisada: Dois socorristas podem impro-visar uma cadeira segurando os braços e punhos um do outro; a vítima senta e passa os braços ao redor dos seus pescoços.

Diego Fernandes (2013)

Figura 121: Transporte em cadeira improvisada

Transporte em cadeira: No transporte da vítima numa cadeira, que tem a vantagem de manter o corpo ereto e, desse modo, impedir o possível agravamento das lesões, deve-se incliná-la para trás.

Diego Fernandes (2013)

Figura 122: Transporte em cadeira

Transporte em braços: O socorrista pode levantar e transportar a vítima no colo, desde que aguente o peso.

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Diego Fernandes (2013)

Figura 123: Transporte em braços

Diego Fernandes (2013)

Figura 125: Transporte pela extremidade

O transporte de vítimas de acidente em veículos automotores também merece cuidados especiais: o so-corrista deve pedir ao motorista que tome cuidado e não exceda o limite de velocidade. Caso contrário, em lugar de salvar uma vida, pode ocasionar um acidente com novas vítimas. Além disso, as freadas e os solavancos do carro podem agravar o estado dos ferimentos.

Você encerrou a última unidade de estudo do curso básico de se-gurança em instalações e serviços em eletricidade. Nesta etapa, você estudou noções básicas de primeiros socorros – desde os requisitos de identificação do problema, passando pelos procedimentos práticos de primeiros socorros e os cuidados com o transporte do acidentado. Vale lembrar que este conteúdo é exigido para qualquer profissional que exerça atividades em instalações elétricas!

Transporte nas costas: A vítima passa os braços por cima dos om-bros do socorrista e se apoia nele.

Diego Fernandes (2013)

Figura 124: Transporte nas costas

Transporte pela extremidade: Dois socorristas carregam uma vítima: um, agarra com os braços o tronco da vítima e os passa por baixo das axilas, enquanto o outro, de costas para o primeiro, segura as pernas.

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Finalizando

Você está encerrando o curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade, baseado na Norma Regulamentadora 10! Durante todo este tempo, aprofundou conhecimentos sobre normas e procedimentos corretos para que o trabalho em instalações elétricas seja feito com segurança e sem incidentes.

O profissional que trabalha em instalações elétricas é, obrigatoriamente, pessoa habilitada e treinada, com conhecimento técnico e funcional tanto do equipamento quanto do sistema que irá dar manu-tenção. É, também, um responsável direto pela segurança da operação, pelas pessoas e demais bens interligados a ela. Por isso, há tantas normas de segurança e de bom senso, além das próprias inspe-ções visuais recomendadas. Operar um sistema elétrico significa grande responsabilidade! Um bom operador está sempre preparado para garantir a segurança do ambiente, enquanto exerce a sua função.

Agora, mãos a obra! Desejo-lhe saúde e sucesso profissional, com serviços qualificados e responsá-veis! Seu empregador certamente saberá reconhecer isso!

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Referências

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▪ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/>. Acesso em: 10 dez. 2012.

▪ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. vii, 209 p.

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▪ ______. NBR 14039: instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. 87 p.

▪ ______. NBR IEC 60529: 2005. Versão Corrigida 2: graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. 40 p.

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▪ ______. Portaria 598 de 7/12/2004. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/portaria--n-598-de-07-12-2004.htm>. Acesso em: 27 fev. 2013.

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188 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

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▪ SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI. Departamento Regional do Rio de Janeiro. Primeiros socorros: caderno do docente. Rio de Janeiro: SENAI/RJ, 2001.

▪ ______. Educação a Distância. Primeiros socorros. Rio de Janeiro: SENAI/RJ, 2001.

▪ SOUZA, João José Barrico; PEREIRA, Joaquim Gomes. Manual de auxílio na interpretação e apli-cação da nova NR 10. São Paulo: Ltr, 2006.

▪ SOUZA, José Rubens Alves de; MORENO, Hilton. Guia da NBR 5410: instalações elétricas em baixa tensão. São Paulo: Eletricidade Moderna, 2001.

▪ VALLANDRO, Luiz Paulo Correa. Segurança no sistema elétrico de potência: distribuição de energia elétrica. Porto Alegre: SENAI/RS, 2006.

▪ VISACRO FILHO, Silvério. Aterramentos elétricos: conceitos básicos, técnicas de medição e instru-mentação, filosofias de aterramento. São Paulo: Artliber, 2002. 159 p.

▪ UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG. Disponível em: <http://www.medicina.ufmg.br/edump/ped/paradacardio_r.htm>. Acesso em: 10 dez. 2012.

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Anexos

ANEXO A – NORMA NR 10

NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Publicação D.O.U.

Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78

Alterações/Atualizações D.O.U.

Portaria SSMT n.º 12, de 06 de junho de 1983 14/06/83

Portaria GM n.º 598, de 07 de dezembro de 2004 08/09/04

(Texto dado pela Portaria GM n.º 598, de 07 de dezembro de 2004)

10.1 OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a imple-mentação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos traba-lhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

10.2 - MEDIDAS DE CONTROLE

10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a se-gurança e a saúde no trabalho.

10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da pre-servação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho.

10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:

a. conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes;

b. documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e ater-ramentos elétricos;

c. especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

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192 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

d. documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

e. resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva;

f. certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;

g. relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contem-plando as alíneas de “a” a “f ”.

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados:

a. descrição dos procedimentos para emergências;

b. certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.

10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade.

10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

10.2.8 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritaria-mente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança.

10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático.

10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes.

10.2.9 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6.

10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades. [

10.3 - SEGURANÇA EM PROJETOS

10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de cir-cuitos que possuam recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

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10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito.

10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção.

10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tra-ção elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos.

10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da inter-ligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado.

10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário.

10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado.

10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no

Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado.

10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança:

a. especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;

b. indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado);

c. descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equipamentos e es-truturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;

d. recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;

e. precauções aplicáveis em face das influências externas;

f. o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à segurança das pessoas;

g. descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica.

10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

10.4 - SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

10.4.1 - As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervi-sionadas por profissional autorizado, conforme dispõe esta NR.

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194 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança.

10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas.

10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequa-dos às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos.

10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas.

10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizados por trabalhadores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR.

10.5 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DESENERGIZADAS

10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida a seqüência abaixo:

a. seccionamento;

b. impedimento de reenergização;

c. constatação da ausência de tensão;

d. instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;

e. proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo I);

f. instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo:

a. retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b. retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização;

c. remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais;

d. remoção da sinalização de impedimento de reenergização;

e. destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

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10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado.

10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

10.6 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS

10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta Norma.

10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida.

10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I.

10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo.

10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou con-dição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.

10.7 - TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)

10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR.

10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elé-trico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente.

10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área.

10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em ele-tricidade aplicáveis ao serviço.

10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

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196 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento.

10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado.

10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destina-dos ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente.

10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

10.8 - HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES

10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino.

10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.

10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente:

a. receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado; e

b. trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado.

10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo pro-fissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação.

10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa.

10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4.

10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.

10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico.

10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.

10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II desta NR.

10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir:

a. troca de função ou mudança de empresa;

b. retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses;

c. modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

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197NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situação que o motivou.

10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com risco envolvido.

10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conheci-mentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

10.9 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO

10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra in-cêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios.

10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica.

10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobre-tensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.

10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área.

10.10 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, desti-nada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir:

a. identificação de circuitos elétricos;

b. travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;

c. restrições e impedimentos de acesso;

d. delimitações de áreas;

e. sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas;

f. sinalização de impedimento de energização;

g. identificação de equipamento ou circuito impedido.

10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO

10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedi-mentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço especificas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

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198 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais.

10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, quando houver.

10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR.

10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos.

10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.

10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalha-dores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho.

10.12 - SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa.

10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardio-respiratória.

10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibili-zando os meios para a sua aplicação.

10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas.

10.13 - RESPONSABILIDADES

10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos.

10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados.

10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletrici-dade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.

10.13.4 Cabe aos trabalhadores:

a. zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omis-sões no trabalho;

b. responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e

c. comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.

10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS

10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que consta-tarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis.

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199NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia aos órgãos competentes.

10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR 3.

10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas.

10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades com-petentes.

10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extra-baixa tensão.

GLOSSÁRIO

1. Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

2. Área Classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva.

3. Aterramento Elétrico Temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

4. Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga.

5. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

6. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas.

7. Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.

8. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência co-letiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

9. Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira.

10. Extra-Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

11. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação.

12. Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.

13. Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso.

14. Impedimento de Reenergização: condição que garante a não energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

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200 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

15. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas.

16. Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes.

17. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada.

18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

19. Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade.

20. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

21. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

23. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de Trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

24. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.

25. Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, trans-missão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.

27. Tensão de Segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança.

28. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

29. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa deter-minada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

30. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

31. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabele-cidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

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201NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

ANEXO I

ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA

Tabela 27: Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Faixa de tensão Nominal da instalação elétrica em kV

Rr - Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em

metros

Rc - Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros

<1

≥1 e <3

≥3 e <6

≥6 e <10

≥10 e <15

≥15 e <20

≥20 e <30

≥30 e <36

≥36 e <45

≥45 e <60

≥60 e <70

≥70 e <110

≥110 e <132

≥132 e <150

≥150 e <220

≥220 e <275

≥275 e <380

≥380 e <480

0,20

0,22

0,25

0,35

0,38

0,40

0,56

0,58

0,63

0,83

0,90

1,00

1,10

1,20

1,60

1,80

2,50

3,20

0,70

1,22

1,25

1,35

1,38

1,40

1,56

1,58

1,63

1,83

1,90

2,00

3,10

3,20

3,60

3,80

4,50

5,20

Rc

Rr

ZL

ZR zcP

PE

Diego Fernandes (2012)

Figura 126: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre

Page 202: Nr10 basico

202 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Rc

Rr

ZR ZC

PE

ZL

ZL

SI

Diego Fernandes (2012)

Figura 127: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada.

Acompanhe a legenda das figuras.

ZL=Zona livre.

ZC=Zona controlada, restrita e trabalhadores autorizados.

ZR=Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.

PE=Ponto da instalação energizado.

SI= Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos os dispositivos de segurança.

ANEXO II

TREINAMENTO

1. CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE

I - Para os trabalhadores autorizados: carga horária mínima – 40h:

Programação Mínima:

1. introdução à segurança com eletricidade.

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203NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

2. riscos em instalações e serviços com eletricidade:

a. o choque elétrico, mecanismos e efeitos;

b. arcos elétricos; queimaduras e quedas;

c. campos eletromagnéticos.

3. Técnicas de Análise de Risco.

4. Medidas de Controle do Risco Elétrico:

a. desenergização.

b. aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário;

c. equipotencialização;

d. seccionamento automático da alimentação;

e. dispositivos a corrente de fuga;

f. extra baixa tensão;

g. barreiras e invólucros;

h. bloqueios e impedimentos;

i. obstáculos e anteparos;

j. isolamento das partes vivas;

k. isolação dupla ou reforçada;

l. colocação fora de alcance;

m. separação elétrica.

5. Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras;

6. Regulamentações do MTE:

a. NRs;

b. NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade);

c. qualificação; habilitação; capacitação e autorização.

7. Equipamentos de proteção coletiva.

8. Equipamentos de proteção individual.

9. Rotinas de trabalho – Procedimentos.

a. instalações desenergizadas;

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204 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

b. liberação para serviços;

c. sinalização;

d. inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento;

10. Documentação de instalações elétricas.

11. Riscos adicionais:

a. altura;

b. ambientes confinados;

c. áreas classificadas;

d. umidade;

e. condições atmosféricas.

12. Proteção e combate a incêndios:

a. noções básicas;

b. medidas preventivas;

c. métodos de extinção;

d. prática;

13. Acidentes de origem elétrica:

a. causas diretas e indiretas;

b. discussão de casos;

14. Primeiros socorros:

a. noções sobre lesões;

b. priorização do atendimento;

c. aplicação de respiração artificial;

d. massagem cardíaca;

e. técnicas para remoção e transporte de acidentados;

f. práticas.

15. Responsabilidades.

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205NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

2. CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) E EM SUAS PROXIMIDADES.

É pré-requisito para freqüentar este curso complementar, ter participado, com aproveitamento satisfatório, do curso básico definido anteriormente.

Carga horária mínima – 40h

(*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente para as condições de trabalho carac-terísticas de cada ramo, padrão de operação, de nível de tensão e de outras peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial de atividade, sendo obedecida a hierarquia no aperfeiçoamento técnico do trabalhador.

I - Programação Mínima:

1. Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP.

2. Organização do trabalho:

a. programação e planejamento dos serviços;

b. trabalho em equipe;

c. prontuário e cadastro das instalações;

d. métodos de trabalho; e

e. comunicação.

3. Aspectos comportamentais.

4. Condições impeditivas para serviços.

5. Riscos típicos no SEP e sua prevenção (*):

a. proximidade e contatos com partes energizadas;

b. indução;

c. descargas atmosféricas;

d. estática;

e. campos elétricos e magnéticos;

f. comunicação e identificação; e

g. trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais.

6. Técnicas de análise de Risco no S E P (*)

7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão. (*)

8. Técnicas de trabalho sob tensão: (*)

a. em linha viva;

b. ao potencial;

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206 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

c. em áreas internas;

d. trabalho a distância;

e. trabalhos noturnos; e

f. ambientes subterrâneos.

8. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação, verificação, ensaios) (*).

9. Sistemas de proteção coletiva (*).

10. Equipamentos de proteção individual (*).

11. Posturas e vestuários de trabalho (*).

12. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e equipamentos(*).

12. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho(*).

13. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso (*).

14. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de acidentados (*).

15. Acidentes típicos (*) – Análise, discussão, medidas de proteção.

16. Responsabilidades (*).

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Anexo

207NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

ANEXO B – PLANILHA DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS(APR)

Tabela 28: Análise Preliminar de Risco ou Perigos(APR)

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS

Atividade/operação:

Referência: Data: Revisão:

ETAPA RISCOS/PERIGO MODO DE DETECÇÃO EFEITO RECOMENDAÇÕES/CONT

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SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL SC

Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento RegionalAna Lúcia MagnaniLuciano Blauth

Coordenação do Projeto Raphael da Silveria GeremiasMagrit Dorotea Döding

Especialista em Educação a DistânciaLucinéia Dacoregio

EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS

Coordenação de Educação a DistânciaBeth Schirmer

Coordenação de Desenvolvimento de Recursos DidáticosGisele Umbelino

AutorVander Diniz Tocantis

Projeto EducacionalAngela Maria MendesIsrael Braglia

Projeto GráficoDaniela de Oliveira CostaJordana Paula SchulkaJuliana Vieira de Lima

Design EducacionalRosecler Fernandes

Ilustrações e Tratamento de ImagensDiego Fernandes

DiagramaçãoDaniela de Oliveira Costa

Ficha CatalográficaLuciana Effting Takiuchi

DNA TECNOLOGIA LTDA.

Revisão Ortográfica, Gramatical e NormativaSidiane Kayser dos Santos Schwinzer