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Misteacuterios da economia (divina) e do ministeacuterio (angeacutelico)Quando a teologia fornece um paradigma para

a filosofia poliacutetica e esta retroage agrave teologia

Mysteries of (divine) economy and (angelic) ministryWhen theology provides a paradigm for political philosophy

and this retroact to theology

Resumo

Busco por meio deste artigo compreender a influecircncia da religiatildeo na estrutura de poder moderna e a necessidade de resgate pelo cristianismo de um tempo messiacircnico a partir da obra de Giorgio Agamben Segundo Agamben antes mesmo de o Estado moderno inventaacute-lo o governo burocraacutetico encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo an-geacutelicardquo isso tem reflexos na forma como a economia opera na sociedade atual Nesse sentido a economia moderna tem a necessidade de um misteacuterio para sobreviver a partir disso se torna urgente desvelar tal misteacuterio

Palavras-chave Agamben Economia Teologia

Abstract

Through this paper I try to understand the influence of religion on the modern power structure and the need to rescue through Christianity a messianic time from the work of Giorgio Agamben According to Agamben even before the modern state invented it bureaucratic government finds its signature in the angelic organization ldquothis has reper-cussions on the way the economy operates in todayrsquos society In this sense the modern economy needs a mystery to survive and from that it becomes urgent to unveil this mystery

Keywords Agamben Economy Theology

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Cadernos

IHUideias

Misteacuterios da economia (divina) e do ministeacuterio (angeacutelico)

Quando a teologia fornece um paradigma para a filosofia poliacutetica e

esta retroage agrave teologia

Alain Gignac Universidade de Montreal

ISSN 1679-0316 (impresso) bull ISSN 2448-0304 (online) ano 17 bull nordm 280 bull vol 17 bull 2019

Traduccedilatildeo Vanise Dresch

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Cadernos IHU ideias eacute uma publicaccedilatildeo quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto aleacutem de artigos ineacuteditos de pesquisadores em diversas universidades e instituiccedilotildees de pesquisa A diversidade transdisciplinar dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute a caracteriacutestica essencial desta publicaccedilatildeo

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ndash UNISINOS

Reitor Marcelo Fernandes de Aquino SJVice-reitor Pedro Gilberto Gomes SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor Inaacutecio Neutzling SJGerente administrativo Nestor Pilz

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Cadernos IHU ideiasAno XVII ndash Nordm 280 ndash V 17 ndash 2019ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor Prof Dr Inaacutecio Neutzling ndash Unisinos

Conselho editorial MS Rafael Francisco Hiller Profa Dra Cleusa Maria Andreatta Prof MS Gilberto Antocircnio Faggion Prof Dr Lucas Henrique da Luz MS Marcia Rosane Junges Profa Dra Marilene Maia Profa Dra Susana Rocca

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Responsaacutevel teacutecnico MS Rafael Francisco Hiller

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Revisatildeo Carla Bigliardi

Editoraccedilatildeo Gustavo Guedes Weber

Impressatildeo Impressos Portatildeo

Cadernos IHU ideias Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos ndash Ano 1 n 1 (2003)- ndash Satildeo Leopoldo Universidade do Vale do Rio dos Sinos 2003-

v

Quinzenal (durante o ano letivo)

Publicado tambeacutem on-line lthttpwwwihuunisinosbrcadernos-ihu-ideiasgt

Descriccedilatildeo baseada em Ano 1 n 1 (2003) uacuteltima ediccedilatildeo consultada Ano 11 n 204 (2013)

ISSN 1679-0316

1 Sociologia 2 Filosofia 3 Poliacutetica I Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos

CDU 316 1

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Bibliotecaacuteria responsaacutevel Carla Maria Goulart de Moraes ndash CRB 101252

ISSN 1679-0316 (impresso)

Solicita-se permutaExchange desiredAs posiccedilotildees expressas nos textos assinados satildeo de responsabilidade exclusiva dos autores

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MISTeacuteRIoS DA ECoNoMIA (DIVINA) E Do MINISTeacuteRIo (ANGeacuteLICo)

QUANDo A TEoLoGIA FoRNECE UM PARADIGMA PARA A FILoSoFIA PoLiacuteTICA E ESTA RETRoAGE agrave TEoLoGIA1

Alain GignacUniversidade de Montreal

ldquoSuggerirei a chiunque desideri comprendere veramente quel che accade oggi di non trascurare la teologia [hellip] Come ne lo Stato drsquoeccezione parafrasando il monito di Alberico Gentile provocavo i giuristi ad affrontare questo istituto giuridico dal loro proprio punto di vista inviterei oggi i teologi a fare altrettanto a affrontare come teologi questo problema la cui rimozione ha avuto conseguenze nefaste sia in teologia che in politicardquo2

Introduccedilatildeo minha postura 1 2

O reino e a gloacuteria talvez seja a obra mais diretamente teoloacutegica de Giorgio Agamben3 Meu objetivo aqui eacute propor uma interpretaccedilatildeo do dis-positivo bipolar da economia divina tal qual reconstituiacutedo (ou construiacutedo a partir do zero) por Agamben Vou me basear principalmente em dois capiacutetulos do livro (os capiacutetulos II e VI) que marcam duas inversotildees seme-

1 Reuacuteno aqui minhas duas apresentaccedilotildees no VI Coloacutequio Internacional IHU Poliacutetica Economia Teologia Contribuiccedilotildees de Giorgio Agamben (Unisinos Satildeo Leopoldo 24 e 25 de maio de 2017)

2 SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia poliacutetica alla teologia economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze de 2004 on-line 2010-02-01 lthttpwwwrivistassefitwwwrivistassefitsite623bhtmlpage=20040308184630627ampeditiongt ldquoRecomendo a todos aqueles que realmente desejam compreender o que estaacute acontecendo hoje natildeo negligenciar a teologia [] Assim como em O Estado de Exceccedilatildeo em que parafraseando a advertecircncia de Alberico Gentile provoquei os juristas a enfrentarem a instituiccedilatildeo juriacutedica a partir de sua proacutepria perspectiva exorto os teoacutelogos hoje a fazer o mesmo a confrontar como teoacutelogos esse problema [da economia] cujo eclipse teve consequecircncias desastrosas tanto na teologia quanto na poliacuteticardquo

3 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo Sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007)

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lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 2: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Misteacuterios da economia (divina) e do ministeacuterio (angeacutelico)Quando a teologia fornece um paradigma para

a filosofia poliacutetica e esta retroage agrave teologia

Mysteries of (divine) economy and (angelic) ministryWhen theology provides a paradigm for political philosophy

and this retroact to theology

Resumo

Busco por meio deste artigo compreender a influecircncia da religiatildeo na estrutura de poder moderna e a necessidade de resgate pelo cristianismo de um tempo messiacircnico a partir da obra de Giorgio Agamben Segundo Agamben antes mesmo de o Estado moderno inventaacute-lo o governo burocraacutetico encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo an-geacutelicardquo isso tem reflexos na forma como a economia opera na sociedade atual Nesse sentido a economia moderna tem a necessidade de um misteacuterio para sobreviver a partir disso se torna urgente desvelar tal misteacuterio

Palavras-chave Agamben Economia Teologia

Abstract

Through this paper I try to understand the influence of religion on the modern power structure and the need to rescue through Christianity a messianic time from the work of Giorgio Agamben According to Agamben even before the modern state invented it bureaucratic government finds its signature in the angelic organization ldquothis has reper-cussions on the way the economy operates in todayrsquos society In this sense the modern economy needs a mystery to survive and from that it becomes urgent to unveil this mystery

Keywords Agamben Economy Theology

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Cadernos

IHUideias

Misteacuterios da economia (divina) e do ministeacuterio (angeacutelico)

Quando a teologia fornece um paradigma para a filosofia poliacutetica e

esta retroage agrave teologia

Alain Gignac Universidade de Montreal

ISSN 1679-0316 (impresso) bull ISSN 2448-0304 (online) ano 17 bull nordm 280 bull vol 17 bull 2019

Traduccedilatildeo Vanise Dresch

numero 280 - mioloindd 1 19022019 111805

Cadernos IHU ideias eacute uma publicaccedilatildeo quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto aleacutem de artigos ineacuteditos de pesquisadores em diversas universidades e instituiccedilotildees de pesquisa A diversidade transdisciplinar dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute a caracteriacutestica essencial desta publicaccedilatildeo

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ndash UNISINOS

Reitor Marcelo Fernandes de Aquino SJVice-reitor Pedro Gilberto Gomes SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor Inaacutecio Neutzling SJGerente administrativo Nestor Pilz

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Cadernos IHU ideiasAno XVII ndash Nordm 280 ndash V 17 ndash 2019ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor Prof Dr Inaacutecio Neutzling ndash Unisinos

Conselho editorial MS Rafael Francisco Hiller Profa Dra Cleusa Maria Andreatta Prof MS Gilberto Antocircnio Faggion Prof Dr Lucas Henrique da Luz MS Marcia Rosane Junges Profa Dra Marilene Maia Profa Dra Susana Rocca

Conselho cientiacutefico Prof Dr Adriano Naves de Brito Unisinos doutor em Filosofia Profa Dra Angelica Massuquetti Unisinos doutora em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade Profa Dra Berenice Corsetti Unisinos doutora em Educaccedilatildeo Prof Dr Celso Cacircndido de Azambuja Unisinos doutor em Psicologia Prof Dr Ceacutesar Sanson UFRN doutor em Sociologia Prof Dr Gentil Corazza UFRGS doutor em Economia Profa Dra Suzana Kilpp Unisinos doutora em Comunicaccedilatildeo

Responsaacutevel teacutecnico MS Rafael Francisco Hiller

Imagem da capa background-2734972_1920(pixabay)

Revisatildeo Carla Bigliardi

Editoraccedilatildeo Gustavo Guedes Weber

Impressatildeo Impressos Portatildeo

Cadernos IHU ideias Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos ndash Ano 1 n 1 (2003)- ndash Satildeo Leopoldo Universidade do Vale do Rio dos Sinos 2003-

v

Quinzenal (durante o ano letivo)

Publicado tambeacutem on-line lthttpwwwihuunisinosbrcadernos-ihu-ideiasgt

Descriccedilatildeo baseada em Ano 1 n 1 (2003) uacuteltima ediccedilatildeo consultada Ano 11 n 204 (2013)

ISSN 1679-0316

1 Sociologia 2 Filosofia 3 Poliacutetica I Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos

CDU 316 1

32

Bibliotecaacuteria responsaacutevel Carla Maria Goulart de Moraes ndash CRB 101252

ISSN 1679-0316 (impresso)

Solicita-se permutaExchange desiredAs posiccedilotildees expressas nos textos assinados satildeo de responsabilidade exclusiva dos autores

Toda a correspondecircncia deve ser dirigida agrave Comissatildeo Editorial dos Cadernos IHU ideias

Programa Publicaccedilotildees Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos ndash Unisinos

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numero 280 - mioloindd 2 19022019 111805

MISTeacuteRIoS DA ECoNoMIA (DIVINA) E Do MINISTeacuteRIo (ANGeacuteLICo)

QUANDo A TEoLoGIA FoRNECE UM PARADIGMA PARA A FILoSoFIA PoLiacuteTICA E ESTA RETRoAGE agrave TEoLoGIA1

Alain GignacUniversidade de Montreal

ldquoSuggerirei a chiunque desideri comprendere veramente quel che accade oggi di non trascurare la teologia [hellip] Come ne lo Stato drsquoeccezione parafrasando il monito di Alberico Gentile provocavo i giuristi ad affrontare questo istituto giuridico dal loro proprio punto di vista inviterei oggi i teologi a fare altrettanto a affrontare come teologi questo problema la cui rimozione ha avuto conseguenze nefaste sia in teologia che in politicardquo2

Introduccedilatildeo minha postura 1 2

O reino e a gloacuteria talvez seja a obra mais diretamente teoloacutegica de Giorgio Agamben3 Meu objetivo aqui eacute propor uma interpretaccedilatildeo do dis-positivo bipolar da economia divina tal qual reconstituiacutedo (ou construiacutedo a partir do zero) por Agamben Vou me basear principalmente em dois capiacutetulos do livro (os capiacutetulos II e VI) que marcam duas inversotildees seme-

1 Reuacuteno aqui minhas duas apresentaccedilotildees no VI Coloacutequio Internacional IHU Poliacutetica Economia Teologia Contribuiccedilotildees de Giorgio Agamben (Unisinos Satildeo Leopoldo 24 e 25 de maio de 2017)

2 SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia poliacutetica alla teologia economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze de 2004 on-line 2010-02-01 lthttpwwwrivistassefitwwwrivistassefitsite623bhtmlpage=20040308184630627ampeditiongt ldquoRecomendo a todos aqueles que realmente desejam compreender o que estaacute acontecendo hoje natildeo negligenciar a teologia [] Assim como em O Estado de Exceccedilatildeo em que parafraseando a advertecircncia de Alberico Gentile provoquei os juristas a enfrentarem a instituiccedilatildeo juriacutedica a partir de sua proacutepria perspectiva exorto os teoacutelogos hoje a fazer o mesmo a confrontar como teoacutelogos esse problema [da economia] cujo eclipse teve consequecircncias desastrosas tanto na teologia quanto na poliacuteticardquo

3 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo Sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007)

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lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 3: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Cadernos

IHUideias

Misteacuterios da economia (divina) e do ministeacuterio (angeacutelico)

Quando a teologia fornece um paradigma para a filosofia poliacutetica e

esta retroage agrave teologia

Alain Gignac Universidade de Montreal

ISSN 1679-0316 (impresso) bull ISSN 2448-0304 (online) ano 17 bull nordm 280 bull vol 17 bull 2019

Traduccedilatildeo Vanise Dresch

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Cadernos IHU ideias eacute uma publicaccedilatildeo quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto aleacutem de artigos ineacuteditos de pesquisadores em diversas universidades e instituiccedilotildees de pesquisa A diversidade transdisciplinar dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute a caracteriacutestica essencial desta publicaccedilatildeo

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ndash UNISINOS

Reitor Marcelo Fernandes de Aquino SJVice-reitor Pedro Gilberto Gomes SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor Inaacutecio Neutzling SJGerente administrativo Nestor Pilz

ihuunisinosbr

Cadernos IHU ideiasAno XVII ndash Nordm 280 ndash V 17 ndash 2019ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor Prof Dr Inaacutecio Neutzling ndash Unisinos

Conselho editorial MS Rafael Francisco Hiller Profa Dra Cleusa Maria Andreatta Prof MS Gilberto Antocircnio Faggion Prof Dr Lucas Henrique da Luz MS Marcia Rosane Junges Profa Dra Marilene Maia Profa Dra Susana Rocca

Conselho cientiacutefico Prof Dr Adriano Naves de Brito Unisinos doutor em Filosofia Profa Dra Angelica Massuquetti Unisinos doutora em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade Profa Dra Berenice Corsetti Unisinos doutora em Educaccedilatildeo Prof Dr Celso Cacircndido de Azambuja Unisinos doutor em Psicologia Prof Dr Ceacutesar Sanson UFRN doutor em Sociologia Prof Dr Gentil Corazza UFRGS doutor em Economia Profa Dra Suzana Kilpp Unisinos doutora em Comunicaccedilatildeo

Responsaacutevel teacutecnico MS Rafael Francisco Hiller

Imagem da capa background-2734972_1920(pixabay)

Revisatildeo Carla Bigliardi

Editoraccedilatildeo Gustavo Guedes Weber

Impressatildeo Impressos Portatildeo

Cadernos IHU ideias Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos ndash Ano 1 n 1 (2003)- ndash Satildeo Leopoldo Universidade do Vale do Rio dos Sinos 2003-

v

Quinzenal (durante o ano letivo)

Publicado tambeacutem on-line lthttpwwwihuunisinosbrcadernos-ihu-ideiasgt

Descriccedilatildeo baseada em Ano 1 n 1 (2003) uacuteltima ediccedilatildeo consultada Ano 11 n 204 (2013)

ISSN 1679-0316

1 Sociologia 2 Filosofia 3 Poliacutetica I Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos

CDU 316 1

32

Bibliotecaacuteria responsaacutevel Carla Maria Goulart de Moraes ndash CRB 101252

ISSN 1679-0316 (impresso)

Solicita-se permutaExchange desiredAs posiccedilotildees expressas nos textos assinados satildeo de responsabilidade exclusiva dos autores

Toda a correspondecircncia deve ser dirigida agrave Comissatildeo Editorial dos Cadernos IHU ideias

Programa Publicaccedilotildees Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos ndash Unisinos

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Email humanitasunisinosbr

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MISTeacuteRIoS DA ECoNoMIA (DIVINA) E Do MINISTeacuteRIo (ANGeacuteLICo)

QUANDo A TEoLoGIA FoRNECE UM PARADIGMA PARA A FILoSoFIA PoLiacuteTICA E ESTA RETRoAGE agrave TEoLoGIA1

Alain GignacUniversidade de Montreal

ldquoSuggerirei a chiunque desideri comprendere veramente quel che accade oggi di non trascurare la teologia [hellip] Come ne lo Stato drsquoeccezione parafrasando il monito di Alberico Gentile provocavo i giuristi ad affrontare questo istituto giuridico dal loro proprio punto di vista inviterei oggi i teologi a fare altrettanto a affrontare come teologi questo problema la cui rimozione ha avuto conseguenze nefaste sia in teologia che in politicardquo2

Introduccedilatildeo minha postura 1 2

O reino e a gloacuteria talvez seja a obra mais diretamente teoloacutegica de Giorgio Agamben3 Meu objetivo aqui eacute propor uma interpretaccedilatildeo do dis-positivo bipolar da economia divina tal qual reconstituiacutedo (ou construiacutedo a partir do zero) por Agamben Vou me basear principalmente em dois capiacutetulos do livro (os capiacutetulos II e VI) que marcam duas inversotildees seme-

1 Reuacuteno aqui minhas duas apresentaccedilotildees no VI Coloacutequio Internacional IHU Poliacutetica Economia Teologia Contribuiccedilotildees de Giorgio Agamben (Unisinos Satildeo Leopoldo 24 e 25 de maio de 2017)

2 SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia poliacutetica alla teologia economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze de 2004 on-line 2010-02-01 lthttpwwwrivistassefitwwwrivistassefitsite623bhtmlpage=20040308184630627ampeditiongt ldquoRecomendo a todos aqueles que realmente desejam compreender o que estaacute acontecendo hoje natildeo negligenciar a teologia [] Assim como em O Estado de Exceccedilatildeo em que parafraseando a advertecircncia de Alberico Gentile provoquei os juristas a enfrentarem a instituiccedilatildeo juriacutedica a partir de sua proacutepria perspectiva exorto os teoacutelogos hoje a fazer o mesmo a confrontar como teoacutelogos esse problema [da economia] cujo eclipse teve consequecircncias desastrosas tanto na teologia quanto na poliacuteticardquo

3 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo Sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007)

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4enspbullenspAlAin GiGnAc

lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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6enspbullenspAlAin GiGnAc

conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 4: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Cadernos IHU ideias eacute uma publicaccedilatildeo quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto aleacutem de artigos ineacuteditos de pesquisadores em diversas universidades e instituiccedilotildees de pesquisa A diversidade transdisciplinar dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute a caracteriacutestica essencial desta publicaccedilatildeo

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ndash UNISINOS

Reitor Marcelo Fernandes de Aquino SJVice-reitor Pedro Gilberto Gomes SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor Inaacutecio Neutzling SJGerente administrativo Nestor Pilz

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Cadernos IHU ideiasAno XVII ndash Nordm 280 ndash V 17 ndash 2019ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor Prof Dr Inaacutecio Neutzling ndash Unisinos

Conselho editorial MS Rafael Francisco Hiller Profa Dra Cleusa Maria Andreatta Prof MS Gilberto Antocircnio Faggion Prof Dr Lucas Henrique da Luz MS Marcia Rosane Junges Profa Dra Marilene Maia Profa Dra Susana Rocca

Conselho cientiacutefico Prof Dr Adriano Naves de Brito Unisinos doutor em Filosofia Profa Dra Angelica Massuquetti Unisinos doutora em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade Profa Dra Berenice Corsetti Unisinos doutora em Educaccedilatildeo Prof Dr Celso Cacircndido de Azambuja Unisinos doutor em Psicologia Prof Dr Ceacutesar Sanson UFRN doutor em Sociologia Prof Dr Gentil Corazza UFRGS doutor em Economia Profa Dra Suzana Kilpp Unisinos doutora em Comunicaccedilatildeo

Responsaacutevel teacutecnico MS Rafael Francisco Hiller

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Revisatildeo Carla Bigliardi

Editoraccedilatildeo Gustavo Guedes Weber

Impressatildeo Impressos Portatildeo

Cadernos IHU ideias Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos ndash Ano 1 n 1 (2003)- ndash Satildeo Leopoldo Universidade do Vale do Rio dos Sinos 2003-

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Quinzenal (durante o ano letivo)

Publicado tambeacutem on-line lthttpwwwihuunisinosbrcadernos-ihu-ideiasgt

Descriccedilatildeo baseada em Ano 1 n 1 (2003) uacuteltima ediccedilatildeo consultada Ano 11 n 204 (2013)

ISSN 1679-0316

1 Sociologia 2 Filosofia 3 Poliacutetica I Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos

CDU 316 1

32

Bibliotecaacuteria responsaacutevel Carla Maria Goulart de Moraes ndash CRB 101252

ISSN 1679-0316 (impresso)

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MISTeacuteRIoS DA ECoNoMIA (DIVINA) E Do MINISTeacuteRIo (ANGeacuteLICo)

QUANDo A TEoLoGIA FoRNECE UM PARADIGMA PARA A FILoSoFIA PoLiacuteTICA E ESTA RETRoAGE agrave TEoLoGIA1

Alain GignacUniversidade de Montreal

ldquoSuggerirei a chiunque desideri comprendere veramente quel che accade oggi di non trascurare la teologia [hellip] Come ne lo Stato drsquoeccezione parafrasando il monito di Alberico Gentile provocavo i giuristi ad affrontare questo istituto giuridico dal loro proprio punto di vista inviterei oggi i teologi a fare altrettanto a affrontare come teologi questo problema la cui rimozione ha avuto conseguenze nefaste sia in teologia che in politicardquo2

Introduccedilatildeo minha postura 1 2

O reino e a gloacuteria talvez seja a obra mais diretamente teoloacutegica de Giorgio Agamben3 Meu objetivo aqui eacute propor uma interpretaccedilatildeo do dis-positivo bipolar da economia divina tal qual reconstituiacutedo (ou construiacutedo a partir do zero) por Agamben Vou me basear principalmente em dois capiacutetulos do livro (os capiacutetulos II e VI) que marcam duas inversotildees seme-

1 Reuacuteno aqui minhas duas apresentaccedilotildees no VI Coloacutequio Internacional IHU Poliacutetica Economia Teologia Contribuiccedilotildees de Giorgio Agamben (Unisinos Satildeo Leopoldo 24 e 25 de maio de 2017)

2 SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia poliacutetica alla teologia economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze de 2004 on-line 2010-02-01 lthttpwwwrivistassefitwwwrivistassefitsite623bhtmlpage=20040308184630627ampeditiongt ldquoRecomendo a todos aqueles que realmente desejam compreender o que estaacute acontecendo hoje natildeo negligenciar a teologia [] Assim como em O Estado de Exceccedilatildeo em que parafraseando a advertecircncia de Alberico Gentile provoquei os juristas a enfrentarem a instituiccedilatildeo juriacutedica a partir de sua proacutepria perspectiva exorto os teoacutelogos hoje a fazer o mesmo a confrontar como teoacutelogos esse problema [da economia] cujo eclipse teve consequecircncias desastrosas tanto na teologia quanto na poliacuteticardquo

3 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo Sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007)

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lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 5: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

MISTeacuteRIoS DA ECoNoMIA (DIVINA) E Do MINISTeacuteRIo (ANGeacuteLICo)

QUANDo A TEoLoGIA FoRNECE UM PARADIGMA PARA A FILoSoFIA PoLiacuteTICA E ESTA RETRoAGE agrave TEoLoGIA1

Alain GignacUniversidade de Montreal

ldquoSuggerirei a chiunque desideri comprendere veramente quel che accade oggi di non trascurare la teologia [hellip] Come ne lo Stato drsquoeccezione parafrasando il monito di Alberico Gentile provocavo i giuristi ad affrontare questo istituto giuridico dal loro proprio punto di vista inviterei oggi i teologi a fare altrettanto a affrontare come teologi questo problema la cui rimozione ha avuto conseguenze nefaste sia in teologia che in politicardquo2

Introduccedilatildeo minha postura 1 2

O reino e a gloacuteria talvez seja a obra mais diretamente teoloacutegica de Giorgio Agamben3 Meu objetivo aqui eacute propor uma interpretaccedilatildeo do dis-positivo bipolar da economia divina tal qual reconstituiacutedo (ou construiacutedo a partir do zero) por Agamben Vou me basear principalmente em dois capiacutetulos do livro (os capiacutetulos II e VI) que marcam duas inversotildees seme-

1 Reuacuteno aqui minhas duas apresentaccedilotildees no VI Coloacutequio Internacional IHU Poliacutetica Economia Teologia Contribuiccedilotildees de Giorgio Agamben (Unisinos Satildeo Leopoldo 24 e 25 de maio de 2017)

2 SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia poliacutetica alla teologia economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze de 2004 on-line 2010-02-01 lthttpwwwrivistassefitwwwrivistassefitsite623bhtmlpage=20040308184630627ampeditiongt ldquoRecomendo a todos aqueles que realmente desejam compreender o que estaacute acontecendo hoje natildeo negligenciar a teologia [] Assim como em O Estado de Exceccedilatildeo em que parafraseando a advertecircncia de Alberico Gentile provoquei os juristas a enfrentarem a instituiccedilatildeo juriacutedica a partir de sua proacutepria perspectiva exorto os teoacutelogos hoje a fazer o mesmo a confrontar como teoacutelogos esse problema [da economia] cujo eclipse teve consequecircncias desastrosas tanto na teologia quanto na poliacuteticardquo

3 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo Sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007)

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4enspbullenspAlAin GiGnAc

lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp5

havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

numero 280 - mioloindd 36 19022019 111811

CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 6: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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lhantes e muito importantes na exposiccedilatildeo do filoacutesofo italiano uma delas eacute a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo a outra a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do ministeacuteriordquo

Minha postura poreacutem eacute um pouco aquela de um ldquoimpostorrdquo4 Natildeo sou filoacutesofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomaacutes de Aqui-no Nunca li textualmente uma paacutegina de Heidegger e mal toquei em Mi-chel Foucault ndash dois pensadores essenciais para compreender Agamben Sou apenas um exegeta especialista em epiacutestolas do Novo Testamento especialmente as epiacutestolas paulinas Aliaacutes foi no campo dos estudos paulinos que conheci Agamben atraveacutes de um ldquocomentaacuteriordquo sobre a Car-ta aos Romanos intitulado O tempo que resta5 Esse eacute um pequeno livro paralelo agrave seacuterie Homo sacer que recapitula vaacuterias intuiccedilotildees apresentadas nessa seacuterie de nove livros entre os quais O reino e a gloacuteria De acordo com Agamben natildeo podemos entender a nossa eacutepoca sem ler Satildeo Paulo e soacute podemos entender Satildeo Paulo em nossa eacutepoca Ateacute agora ningueacutem entendeu o pensamento do apoacutestolo ndash inclusive entre outros um certo Martinho Lutero que quinhentos anos atraacutes expocircs suas famosas teses Em outras palavras Paulo eacute a figura que torna possiacutevel entender a estru-tura do tempo messiacircnico e o tempo messiacircnico eacute a soluccedilatildeo para as aporias poliacuteticas do nosso tempo

No mundo francoacutefono acredito ser um dos poucos estudiosos da Biacuteblia a ter levado a seacuterio Agamben6 natildeo por causa de seu rigor exegeacuteti-co (deve-se admitir que ele tem um jeito proacuteprio de ler natildeo convencional associativo ecleacutetico quase ldquorabiacutenicordquo) mas porque tal qual um escriba instruiacutedo do Reino dos ceacuteus ele extrai o novo e o velho das cartas de Paulo7 Podemos afirmar que a ldquonovidaderdquo agambeniana tem potencial para abalar o vasto ldquopequeno mundordquo exegeacutetico ao despertar os exege-tas desestabilizando-os e tirando-os de sua zona de conforto Porque a exegese paulina especialmente na perspectiva histoacuterica (com seus ava-tares retoacutericos e sociocriacuteticos) repete-se muito sobretudo num ambiente de liacutengua inglesa que sofre de verborragia Mas Agamben vai direto ao ponto e vecirc coisas que ningueacutem vecirc estabelece conexotildees que ningueacutem

4 Nota da traduccedilatildeo o jogo de palavras eacute explicitamente desejado pelo autor5 ______ o tempo que resta Um comentaacuterio agrave carta aos romanos Autecircntica 2016b Ibid6 Com exceccedilatildeo do meu colega CUVILLIER Le ldquotemps messianiquerdquo reacuteflexion sur la

temporaliteacute chez Paul In DETTWILER Andreas KAESTLI Jean-Daniel et al (Ed) Paul une theacuteologie en construction Genegraveve Labor et Fides 2004 pp 187-213

7 ldquoPor isso todo escriba instruiacutedo acerca do Reino dos ceacuteus eacute semelhante a um pai de famiacutelia que tira do seu tesouro coisas novas e velhasrdquo (Mt 1352 as citaccedilotildees biacuteblicas foram extraiacutedas de ARC 2009 ndash Almeida Revista e Corrigida) Pode-se criticar Agamben por uma abordagem rabiacutenica ou pelo menos associativa em suas leituras mas certamente natildeo se pode criticaacute-lo por natildeo ser fascinado pelo reino

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havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 7: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp5

havia pensado Acima de tudo ele devolve a Paulo seu status de pensa-dor poliacutetico Em suma o gesto de Agamben eacute fascinante e sedutor mas poucos se interessam por isso

Foi entatildeo por eu ter escrito trecircs breves estudos sobre ldquoPaulo e Agambenrdquo que fui convidado a redigir o presente ensaio8 Mas por que um teoacutelogo deveria se interessar por Agamben o que buscariacuteamos na sua obra prolixa As anaacutelises luacutedicas e ecleacuteticas do filoacutesofo italiano nos diver-tem por seu brilhantismo ou mais seriamente seu diagnoacutestico sobre a biopoliacutetica nos abriria os olhos como uma espeacutecie de revelaccedilatildeo Sabe-mos que Agamben eacute agnoacutestico o fato de um filoacutesofo agnoacutestico fazer uso da teologia de sua histoacuteria e de seus conceitos para pensar sobre o poliacute-tico talvez envaideccedila nossa identidade de teoacutelogos e teoacutelogas que bus-camos reconhecimento Mas em que sentido um filoacutesofo que recorre agrave teologia pode ser uacutetil para ela ou para os teoacutelogos A menos que se tenha de ser honesto e talvez fazer uma objeccedilatildeo um filoacutesofo que tortura a te-ologia teria direito ao reconhecimento entre os teoacutelogos

De iniacutecio eacute bom levantar algumas questotildees No entanto para aleacutem das criacuteticas que possam ser feitas a Agamben (e ningueacutem se constrangeu em fazecirc-las) do ponto de vista filosoacutefico teoloacutegico ou biacuteblico (voltarei a isso mais adiante) minha pergunta incocircmoda natildeo eacute Como as anaacutelises teoloacutegico-poliacuteticas de Agamben lanccedilam luz sobre o governo de nosso tempo Minha pergunta eacute a seguinte Quais satildeo os impactos retroativos dessas anaacutelises na teologia Em outras palavras natildeo tanto a pergunta de como a teologia explica a filosofia poliacutetica mas antes o contraacuterio como a filosofia poliacutetica de Agamben nos permite rever nosso campo teoloacutegico Para tanto vamos dar apenas dois exemplos dessa retroaccedilatildeo que foram sugeridos pelo proacuteprio Agamben Em primeiro lugar por que os Padres da Igreja sentiram a necessidade de usar o conceito de economia no discur-so teoloacutegico Como vieram a falar de economia divina9 Mais diretamen-te por que entenderam a vida divina e o governo divino em termos eco-nocircmicos e natildeo poliacuteticos10 Em segundo lugar por que os teoacutelogos ofuscaram subsequentemente a economia da salvaccedilatildeo para preferir o

8 GIGNAC Taubes Badiou Agamben Reception of Paul by Non-Christian Philosophers Today In oDELL-SCoTT David (Ed) Reading Romans with Contemporary Philosophers and Theologians New York TampT Clark 2007 pp 155-211 Lrsquoeacutevangile de Paul selon Agamben ou comment penser le messianique Eacutetudes Theacuteologiques et Religieuses v 88 n 1 p 15-35 2013a pp 15-35 Agambenrsquos Paul Thinker of the Messianic In FRICK Peter (Ed) Paul in the Grip of the Philosophers The Apostle and Contemporary Continental Philosophy Minneapolis Fortress 2013b pp 165-192

9 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1510 SACCo Intervista a Giorgio Agamben

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6enspbullenspAlAin GiGnAc

conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp7

1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 8: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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conceito estreito e acriacutetico (ou mesmo hegeliano) da histoacuteria da salva-ccedilatildeo11 Essas satildeo perguntas que podem perturbar o teoacutelogo

eacute claro que para entender o impacto retroativo de Agamben na teo-logia eacute importante entender o gesto dele quando ele revisita a tradiccedilatildeo teoloacutegica e ter um panorama do seu ldquosistemardquo de pensamento eacute o que tentarei fazer neste ensaio

Assim dialogarei com Agamben a partir da minha postura como exe-geta embora diferentemente de O tempo que resta O reino e a gloacuteria fala pouco a partir da Biacuteblia Neste diaacutelogo imaginaacuterio eu gostaria de dizer a Agamben como compreendo o seu ldquogestordquo e trazer-lhe alguns textos biacuteblicos que possam alimentar a reflexatildeo teoloacutegico-poliacutetica Se haacute uma coisa pela qual da minha postura como exegeta eu censuraria o filoacutesofo italiano seria por atomizar os textos concentrando-se no vocabulaacuterio nu-ma anaacutelise essencialmente terminoloacutegica No entanto ningueacutem sabe me-lhor do que Agamben que as palavras soacute fazem sentido dentro de um discurso dentro de um fluxo de significantes12

Procedo em cinco etapas Primeiramente lanccedilo um olhar sobre o meacutetodo de Agamben considerado negativamente pelas criacuteticas suscita-das e depois positivamente em uma descriccedilatildeo minha Em segundo lu-gar apresentarei como hipoacutetese uma chave para a leitura do livro como um todo que tambeacutem permite a leitura de todo o Homo sacer Em terceiro e quarto lugar analisarei as duas inversotildees semacircnticas jaacute mencionadas quando a economia e o ministeacuterio do misteacuterio se tornam respectivamen-te o misteacuterio da economia e do ministeacuterio conforme refletimos sobre Deus (teo-logia) ou sobre seus mensageiros (angelologia) Por uacuteltimo farei uma releitura do capiacutetulo trecircs da carta aos Efeacutesios da qual Agamben extrai dois versiacuteculos que sustentam sua tese da inversatildeo mas sem con-siderar sua inserccedilatildeo dentro de um discurso Agamben busca a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo em Ep 3 mas evita justamente (por que razotildees) seguir o discurso que desdobra o conteuacutedo e o alcance desse misteacuterio No entanto Ep 3 em seu conjunto lhe teria dado a possibilidade de refletir sobre vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria

11 AGAMBEN O reino e a gloacuteria uma genealogia teoloacutegica da economia e do governo Homo sacer II 2 Satildeo Paulo Boitempo 2011 (italiano 2007) pp 9-10

12 Conveacutem lembrar que antes de sua seacuterie Homo sacer e de sua construccedilatildeo biopoliacutetica Agamben interessou-se pela linguagem (interagindo com eacutemile Benveniste entre outros) _____ Stanze la parola e il fantasma nella cultura occidentale Torino G Einaudi 1977 _______ Infanzia e storia distruzione dellrsquoesperienza e origine della storia 2a Torino G Einaudi 1979 _____ Il linguaggio e la morte un seminario sul luogo della negativitagrave Torino Einaudi 1982 ______ Il sacramento del linguaggio archeologia del giuramento (Homo sacer II 3) 1 Roma Laterza 2008b

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 9: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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1 O meacutetodo Agamben objeccedilotildees e direito de resposta

11 Objeccedilotildees

Agamben foi contestado em duas frentes teoloacutegica e filosoacutefica Natildeo quero fazer uma avaliaccedilatildeo minuciosa da questatildeo (status queastionis) mas apenas lembrar algumas objeccedilotildees

bull Em termos de meacutetodo ele eacute criticado por distinccedilotildees semacircnticas aguccediladas e duvidosas envoltas numa erudiccedilatildeo chamariz13 em que o fato de descontextualizar idealiza e enrijece as coisas alcanccedilando um alto grau de abstraccedilatildeo14

bull Em seu estudo das assinaturas Agamben identifica certamente mo-mentos importantes do pensamento em torno da estrutura da economia mas esses momentos satildeo pouco articulados e existem buracos lacunas15 Em outras palavras a amostragem proposta eacute incompleta ateacute mesmo ale-atoacuteria ou pior ideologicamente orientada Agamben teria escolhido apenas o que lhe convinha Um acircngulo morto em sua construccedilatildeo do Homo sacer seria o racismo16 A resposta de Agamben para essas duas primeiras criacuteti-cas talvez fosse o fato de ele natildeo ser historiador e como filoacutesofo natildeo pre-tender propor uma histoacuteria das ideias Evidentemente eacute um pensamento filosoacutefico abstrato que busca a purificaccedilatildeo ao mesmo tempo em que se insere num discurso tortuoso muito longo fazendo malabarismos com da-dos muacuteltiplos e ecleacuteticos Haacute um estilo Agamben

bull Sua amostragem do vocabulaacuterio dispensa uma anaacutelise do discurso (como proposto por exemplo por Jacques Derrida) Isso vale para os textos biacuteblicos como jaacute mencionei mas tambeacutem para os textos patriacutesti-cos Assim Agamben foi criticado por truncar sua anaacutelise trinitaacuteria de Gre-goacuterio de Naziance no capiacutetulo 3 de O reino e a gloacuteria Especificamente natildeo falta sutileza a Agamben em sua anaacutelise das querelas trinitaacuterias mas sua maneira de chegar a um Filho an-archos anaacuterquico ou seja sem fundamento eacute um tanto redutora Contudo o gesto redutor de Agamben natildeo eacute desprovido de consequecircncias serviraacute para sustentar a intuiccedilatildeo de que a economia imanente tambeacutem eacute infundada anaacuterquica (RG 47)17 ora fazer do Filho um siacutembolo da anarquia do infundado agride o Credo ni-ceno-constantinopolitano que diz que o Filho natildeo eacute archegrave temporal (natildeo

13 MATHEWES Feasting on Glory Political Theology v 14 n 1 2013 pp 65-7614 CHAREIRE Giorgio Agamben et la gloire vide Theacuteophilyon v 18 n 2 2013 pp

267-28915 HARDING Review of The Kingdom and the Glory For a Theological Genealogy of

Economy and Government Heythrop Journal v 56 n 3 2015 pp 531-53216 CARTER The Inglorious with and beyond Giorgio Agamben Political Theology v 14

n 1 2013 pp 77-8717 Para facilitar as referecircncias cito aqui a ediccedilatildeo brasileira AGAMBEN O reino e a gloacuteria

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

numero 280 - mioloindd 36 19022019 111811

CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 10: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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eacute criado) mas possui uma archegrave eterna fundamental (eacute engendrado) Em outras palavras o Filho natildeo tem comeccedilo mas depende do Pai como seu princiacutepio18

bull Agamben tambeacutem foi acusado de criptoteologia ignorando a secu-larizaccedilatildeo19 Essa criacutetica erra o alvo porque em uacuteltima anaacutelise pelo me-nos em O reino e a gloacuteria Agamben faz teologia explicitamente (ateacute mes-mo muita teologia teologia boa e sensiacutevel agraves nuances e desafios) Aleacutem disso a tese de que a estrutura da poliacutetica moderna eacute herdeira da estru-tura teoloacutegica parece-me sustentaacutevel e natildeo eacute criptoteologia No entanto o recurso agrave teologia eacute um gesto deve-se admitir surpreendente Por que uma concepccedilatildeo imanentista niilista e passiva da redenccedilatildeo deveria ser baseada no messianismo Agamben responderia porque eacute o resultado de uma arqueologia rigorosa cabendo assim aos pensadores contempo-racircneos assumi-la ou natildeo

bull Por outro lado para onde leva o pensamento de Homo sacer Um pensamento que deve ser qualificado como niilista20 o que significa essa resistecircncia que se potildee em repouso em recuo na margem o que signifi-ca esse sabaacute [ou sabbat] essa ociosidade essa in-accedilatildeo (inaccedilatildeo) Deve-mos cruzar os braccedilos para desativar a opressatildeo o que significa essa resistecircncia paradoxal21 Em suma concretamente o que essa postura messiacircnica significa para um paiacutes como o Brasil que se vecirc agraves voltas com complexas dificuldades poliacuteticas

18 SINGH Anarchy Void Signature Agambenrsquos Trinity Among orthodoxyrsquos Remains Politi-cal Theology v 17 n 1 2016 pp 27-46

19 ToSCANo Divine Management Critical Remarks on Giorgio Agambenrsquos The King-dom and the Glory Angelaki Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011 pp 125-136

20 FAGENBLAT The kingdom and the glory for a theological genealogy of economy and government Political Theology v 15 n 3 2014 pp 270-278

21 NEGRI Giorgio Agamben The Discreet Taste of the Dialectic In CALARCo Matthew e DECARoLI Steven (Ed) Giorgio Agamben Sovereignty and Life Stanford Uni-versity Press 2007 pp 109-125 (pp 118-121) Agamben cunhou vaacuterias expressotildees para falar da alternativa poliacutetica que ele vislumbra vocaccedilatildeo messiacircnica (que revoga toda vocaccedilatildeo toda identidade) forma-de-vida comunidade que vem Essa intuiccedilatildeo jaacute se encontra em AGAMBEN La comunitagrave che viene Torino G Einaudi 1990 Mas a uacuteltima frase de O reino e a gloacuteria indica claramente que a reflexatildeo deve seguir adiante laquoSe depois como procuramos mostrar in limine a gloacuteria cobre e captura como ldquovida eternardquo aquela praacutexis particular do homem vivente que definimos como inoperosidade e se eacute possiacutevel como anunciamos no final do Homo Sacer I pensar a poliacutetica ndash para aleacutem da economia e da gloacuteria ndash a partir de uma desarticulaccedilatildeo inoperosa tanto do bios quanto da zoe isso ficaraacute como tarefa para uma investigaccedilatildeo futuraraquo (RG 167) De certa forma os dois volumes da quarta parte de Homo sacer que eu ainda natildeo exami-nei suficientemente trazem elementos de resposta a esse questionamento ______ Altissima povertagrave regole monastiche e forma di vita Homo sacer IV I Vicenza N Pozza 2011b ______ Lrsquouso dei corpi Homo sacer IV 2 Vicenza Neri Pozza 2014

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

numero 280 - mioloindd 36 19022019 111811

CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 11: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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Essas satildeo algumas perguntas que poderiam nos alertar sobre Agam-ben que disse a respeito de Heidegger seu mestre que este era ao mesmo tempo um remeacutedio e um veneno como qualquer bom filoacutesofo22 Temos de ser capazes de dosar e avaliar os pontos fracos da estrutura formidaacutevel desenvolvida por Agamben ndash em dose excessiva um remeacutedio pode fazer mal

12 Meacutetodo

o modo de proceder do filoacutesofo italiano eacute muito complexo Ele expli-ca isso brevemente na introduccedilatildeo de O reino e a gloacuteria muito importante em minha opiniatildeo (RG 7-8)23 Prestemos atenccedilatildeo em trecircs pontos 1) na noccedilatildeo de assinatura 2) no pano de fundo de Homo sacer 3) no gesto fi-losoacutefico de Agamben

121 Assinatura e dispositivo

Agamben reivindica explicitamente a arqueologia de Foucault mas critica-o por natildeo ter remontado aleacutem da modernidade Ele propotildee entatildeo ir mais longe remontando ateacute a cultura greco-romana e a teologia cristatilde matrizes da nossa civilizaccedilatildeo Agamben propotildee tambeacutem investigar dois campos deixados intocados por Foucault a Lei e a Teologia24 Vaacuterios criacute-ticos foucaultianos tecircm tentado mostrar que Agamben natildeo poderia reivin-dicar a heranccedila de Foucault25 mas outros satildeo menos categoacutericos26 Na verdade Agamben natildeo estuda a histoacuteria das ideias a genealogia histoacuteri-ca de tipo ldquocausaefeitordquo Ele contextualiza pouco Seu propoacutesito natildeo eacute fazer uma investigaccedilatildeo histoacuterica buscar as causas ou encontrar a origem mas transformar ldquothe present through an approach to the past [hellip] The result of this practice is that we are not returning to the past but transform-

22 MARoNGIU AGAMBEN Agamben le chercheur drsquohomme (entrevista) Libeacuteration quinta-feira 1ordm de abril de 1999 pp 2-3

23 Nessa introduccedilatildeo Agamben tambeacutem nos convida especificamente a prestar atenccedilatildeo no fim do capiacutetulo 8 Um leitor atento vale por dois como diz o ditado

24 SACCO Entrevista a Giorgio Agamben25 Por exemplo GENEL Le biopouvoir chez Foucault et Agamben Methodos v 4 2004

pp REVEL Lire Foucault agrave lrsquoombre de Heidegger Critique v 836-837 n 1-2 2017 pp 53-65

26 FUGGLE Excavating Government Giorgio Agambenrsquos Archaeological Dig Foucault Stud-ies v 7 2009 pp 81-98 SCHUumlTZ Imperatives Without Imperator Law and Critique v 20 n 3 2009 pp 233 SNoEK Agambenrsquos Foucault An overview Foucault Studies v nordm 10 2010 pp 44-67 CUNHA RIBEIRo The Foucaultian Archaeological Method in Gior-go Agamben In Human Rights Democracy Internet Intellectual Property Globalization 25th IVR World Congress Law Science And Technology Frankfurt Am Main 15ndash20 August 2011 Frankfurt am Main Goethe University 2012

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 12: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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ing the present by seeing in the past the manifest expressions of both our own present and the numerous presents we have never graspedrdquo27

o que Agamben busca eacute o que ele chama de assinatura ou seja uma estrutura uma articulaccedilatildeo que se desloca de um campo ao outro (por exemplo da teologia para a filosofia poliacutetica) mas sem mudanccedila de estrutura28 Em outras palavras uma assinatura se desloca sem alteraccedilatildeo semacircntica apenas mudando de denotaccedilatildeo (RG 10) No entanto essa estrutura tem uma polaridade que gera uma oscilaccedilatildeo e pela qual os bina-rismos satildeo articulados indo aleacutem da aparente dicotomia em que geral-mente satildeo pensados Em sua extensa investigaccedilatildeo sobre a poliacutetica de nosso tempo Agamben buscou assim as intuiccedilotildees teoloacutegicas que trans-postas para o campo secular (nisso ele segue Carl Schmitt) estruturaram a teoria e a praacutetica do governo no ocidente Segundo a tese do livro O reino e a gloacuteria a economia eacute uma assinatura um dispositivo bipolar que articula ldquoreino e governordquo ndash dois aspectos que devem ser diferenciados sem serem separados ndash e ao qual estaacute associado outro binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo (RG 141) A descoberta de Agamben eacute que o binocircmio ldquogloacuteria e glorificaccedilatildeordquo daacute coesatildeo ao dispositivo econocircmico e faz com que ele funcione

Nesse contexto o filoacutesofo italiano usa ainda a metaacutefora do laboratoacute-rio os textos e autores convocados servem para testar para pensar o funcionamento do sistema poliacutetico Agamben tambeacutem usa um termo em-prestado de Foucault o dispositivo Em Foucault a palavra designa uma rede de elementos heterogecircneos que tem uma funccedilatildeo estrateacutegica de re-lacionar o saber com questotildees de poder e assim explicaacute-las29 Mas Agamben redefine o dispositivo como um conjunto de praacuteticas saberes medidas e instituiccedilotildees que tecircm o objetivo pragmaacutetico de governar contro-lar e orientar os comportamentos e os pensamentos dos humanos30 co-mo por exemplo a prisatildeo os asilos as escolas as faacutebricas (todos os lugares de poder) mas tambeacutem a literatura a filosofia a agricultura os computadores e os telefones celulares E ldquopor que natildeo a proacutepria lingua-gemrdquo31 ora Agamben demonstraraacute que o ldquodispositivordquo original o archegrave (no sentido de paradigma e natildeo de origem) que torna possiacutevel compreen-der todos os outros dispositivos de poder natildeo eacute outro senatildeo a dispositio

27 MURRAY Archeology In MURRAY Alex e WHYTE Jessica (Ed) The Agamben Dic-tionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 24-25

28 AGAMBEN Signatura rerum sul metodo Torino Bollati Boringhieri 2008a Voir aussi HERoN DispositifApparatus In MURRAY ALEX e WHYTE JESSICA (Ed) The Ag-amben Dictionary Edinburgh Edinburgh University Press 2011 pp 59-61

29 AGAMBEN Che cosrsquoegrave un dispositivo Roma Nottotempo 2006 p 1430 Ibid p 2031 Ibid p 22

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teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 13: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp11

teoloacutegica criada atraveacutes da articulaccedilatildeo da dupla economia divina ndash dispo-sitio (origem da palavra dispositivo) era a traduccedilatildeo latina do vocaacutebulo gre-go oikonomia Em outras palavras o ldquodispositivo econocircmicordquo que esta-mos estudando aqui eacute uma espeacutecie de pleonasmo um dispositivo elevado agrave potecircncia dois

122 Homo sacer

Foi recentemente publicada em francecircs pela editora Seuil sob o tiacutetu-lo Homo sacer - Lrsquointeacutegrale uma ediccedilatildeo revisada em um uacutenico volume dos nove livros da seacuterie32 Abaixo apresento a ordem atual mas tambeacutem a ordem de publicaccedilatildeo (entre colchetes) O reino e a gloacuteria foi o quarto li-vro da seacuterie a ser publicado e agora ocupa o centro da composiccedilatildeo (o 5ordm lugar)

Quadro 1 Tiacutetulos da seacuterie Homo sacer

Vaacuterias ideias dominantes dos primeiros livros aparecem aqui e ali em O reino e a gloacuteria Cito algumas

bull a ideia do estado de exceccedilatildeo uma suspensatildeo da lei que possibilita abordar a verdade do atual sistema poliacutetico (RG 37)

32 _____ Homo sacer lrsquointeacutegrale 1997-2015 Paris eacuteditions du Seuil 2016a

I Homo sacer Il potere sovrano e la nuda vita 1995 [1ordm]

II 1 Stato di eccezione 2003 [3ordm]

II 2 Stasis La guerra civile come paradigma politico 2015 [9ordm]

II 3 Il sacramento del linguaggio Archeologia del giuramento 2008 [5ordm]

II 4 Il regno e la gloria Per una genealogia teologica dellrsquoeconomia e del governo 2007 [4ordm]

II 5 opus Dei Archeologia dellrsquoufficio 2012 [7ordm]

III Quel che resta di Auschwitz Lrsquoarchivio e il testimone 1998 [2ordm]

IV 1 Altissima povertagrave Regole monastiche e forma di vita 2011 [6ordm]

IV 2 Lrsquouso dei corpi 2014 [8ordm]

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12enspbullenspAlAin GiGnAc

bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp13

Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 14: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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bull a ideia de anarquia que expressa uma constataccedilatildeo e uma soluccedilatildeo a constataccedilatildeo de que o governo gestor natildeo tem qualquer fundamento (nenhum princiacutepio o embasa de acordo com a etimologia de an-archegrave RG 46) a soluccedilatildeo para as aporias de um sistema biopoliacutetico desumano que por sua vez tambeacutem eacute anaacuterquica e supotildee neutralizar a lei ndash eacute aqui que seratildeo enxertadas as outras ideias (RG 108)

bull a ideia de ociosidade como inativaccedilatildeo da lei e recusa de abastecer a maacutequina econocircmica que produz constante e incansavelmente sendo portanto impiedosa (RG 8 54-55 105- 106 155-157 159)

bull a ideia do ldquocomo natildeordquo natildeo se trata de sair do sistema numa fuga lateral tampouco viver ldquocomo serdquo o sistema estivesse realmente mudado ou fosse capaz de mudar numa fuga acelerada mas sim de viver no coraccedilatildeo do sistema recusando-se a jogar o seu jogo e a ser solidaacuterio com ele (RG 160)

bull a ideia de vida nua eacute brevemente abordada com menccedilatildeo a zoe aionios a vida eterna (RG 8 10 160)

Uma observaccedilatildeo para concluir essa constataccedilatildeo por nos levar para o que ele chama de arcanos do misteacuterio econocircmico Agamben nos fascina hipnotiza talvez desestabiliza por sua erudiccedilatildeo e pela esteacutetica da sua cons-truccedilatildeo Afinal seraacute que natildeo encontra o que estaacute buscando eacute normal que o projeto Homo sacer tenha sua coerecircncia mas natildeo poderiacuteamos aqui sus-peitar Natildeo seria excessivamente coerente Agamben estaria realmente agrave escuta dos textos que ele convoca ou ele os usa para apoiar sua tese Minha observaccedilatildeo talvez seja um truiacutesmo hermenecircutico pois nenhum au-tor estaacute imune a um ciacuterculo vicioso hermenecircutico mas no caso de Agam-ben levantar essa questatildeo parece especialmente importante

123 Gesto

Em vaacuterias ocasiotildees Agamben empenha-se em descrever o gesto ou a estrateacutegia discursiva dos autores que analisa Por exemplo ele faz isso com Ireneu de Lyon que combate os gnoacutesticos (RG 28) com Hipoacutelito (RG 32) com Tertuliano o antifiloacutesofo que saqueia os conceitos filosoacuteficos (RG 33) com Schmitt que relecirc Peterson (RG 52) com o gesto mistificador por exce-lecircncia de Pseudo-Dioniacutesio [o Areopagita] (RG 100) etc Aleacutem disso Agamben eacute adepto de uma hermenecircutica do segredo do tipo de Leo Strauss ou Walter Benjamin as verdadeiras coisas natildeo satildeo ditas ou satildeo silenciadas apenas os iniciados que sabem ler nas entrelinhas desvendam o misteacuterio filosoacutefico

Cabe a noacutes agora tambeacutem tentarmos ler o gesto de Agamben em sua empreitada da leitura dos padres da Igreja e dos teoacutelogos da Idade Meacutedia Precisamos analisar a trama que ele constroacutei integralmente Ele opotildee dois pensadores catoacutelicos alematildees Erik Peterson (1890-1960) e Carl

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp13

Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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14enspbullenspAlAin GiGnAc

definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp17

De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 15: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp13

Schmitt (1888-1985) oferecendo uma narrativa dos debates de ambos fragmentada mas cheia de anedotas A maior parte da narrativa eacute apresen-tada no Capiacutetulo 1 mas as referecircncias a ambos os autores retornam regu-larmente (por exemplo nos Capiacutetulos 4 6 e 7)33 os dois pensadores lhe satildeo uacuteteis para formular sua tese para estabelecer sua estrutura34 agraves ve-zes ele defende a posiccedilatildeo de Peterson contra Schmitt para refutar a pos-sibilidade de um fundamento teoloacutegico de uma poliacutetica baseada em um poder soberano (monaacuterquico) outras vezes dando razatildeo a Schmitt contra Peterson Agamben sustenta que a teologia alimentou o pensamento poliacute-tico mundano na forma de secularizaccedilatildeo Por fim opotildee-se a Peterson e a Schmitt porque ambos estavam cegos e natildeo viram a estrutura econocircmica bipolar do sistema teologicamente estruturada35 Dessa forma quando ele descreve no primeiro niacutevel a teologia econocircmica Agamben nunca perde de vista seu objetivo de segundo niacutevel que eacute descrever o funcionamento teoloacutegico-poliacutetico do governo moderno Se Agamben nos fala de Deus eacute para entender melhor a biopoliacutetica de hoje

Parece que o livro constroacutei aos poucos pacientemente uma seacuterie de binarismos que acabam se fortalecendo Foi prestando atenccedilatildeo nesse processo ndash e lendo nas entrelinhas ndash que consegui formular a hipoacutetese de leitura que apresento a seguir

2 Hipoacutetese bipolaridades

o Quadro 2 (na paacutegina seguinte) mostra a lista talvez natildeo exaustiva de cinquenta binarismos ndash o proacuteprio nuacutemero e a dispersatildeo deles indicam o teor do gesto agambeniano

os dois primeiros binarismos (fundo cinzento linhas 1 e 2) satildeo mais verdadeiras dicotomias que na verdade fazem parte da anaacutelise dos pri-meiros volumes de Homo sacer bios x zocircegrave poliacutetica x econocircmica Eles

33 Ver o iacutendice (RG 190-198) no fim de O reino e a gloacuteria34 KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v ndeg 744 p 355-375

2009 pp 355-375 p 365-36635 Ver tambeacutem SACCo Intervista a Giorgio Agamben dalla teologia politica alla teologia

economica Rivista della Scuola superiore dellrsquoeconomia e delle finanze 2004 pp laquoLa cultura teologica di Peterson era vastissima e non egrave nemmeno pensabile che ignoras-se il problema Del resto egli interrompe le citazioni per esempio in Tertulliano esatta-mente nel punto in cui compare la parola oikonomigravea Schmitt da parte sua vedeva con chiarezza quello che potremmo definire il trionfo dellrsquoeconomia e la depoliticizzazione del mondo che esso implicava nella modernitagrave ma per lui era strategicamente impor-tante negare che questo sviluppo avesse un paradigma teologico Non solo percheacute ciograve avrebbe significato conferire una patente di nobiltagrave teologica allrsquoeconomia ma anche e soprattutto percheacute ciograve avrebbe messo in questione la possibilitagrave stessa del paradigma teoloacutegico-politico che gli stava a cuoreraquo

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definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

numero 280 - numeros anterioesindd 24 19022019 111609

Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 16: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

14enspbullenspAlAin GiGnAc

definem a oposiccedilatildeo entre duas concepccedilotildees da vida poliacutetica de um lado o ideal da polis grega e da vida boa e plenamente humana do outro a biopo-liacutetica moderna que apesar de sua etimologia emprestada de Foucault natildeo tem nada a ver com o bios proacuteprio do humano poliacutetico mas tudo a ver com a gestatildeo (econocircmica) da zocircegrave a vida animal reduzida unicamente agrave dimen-satildeo da vida nua Ao bios politikos associa-se o poder absolutista (defendido por Schmitt e baseado para ele em certa concepccedilatildeo ndash poliacutetica ndash da teolo-gia) agrave vida nua estatildeo associados nossos Estados democraacuteticos por traacutes dos quais se escondem o estado de exceccedilatildeo e o paradigma do campo de concentraccedilatildeo (anaacutelise defendida por Agamben e com base em uma teolo-gia econocircmica) ldquoo paradigma econocircmico-providencial eacute nesse sentido o paradigma do governo democraacutetico assim como o teoloacutegico-poliacutetico eacute o paradigma do absolutismordquo (RG 94) Agamben pretende ir aleacutem dessa di-cotomia em um terceiro tipo de vida uma vida singular que chama de ldquofor-ma-de-vidardquo expressatildeo em que o hiacutefen indica a impossibilidade da separa-ccedilatildeo entre bios e zocircegrave e sua reduccedilatildeo agrave vida nua Essa forma de vida tem algo a ver com o tempo messiacircnico e a zocircegrave aiocircnios (vida eterna)

Todas as outras linhas do Quadro 2 satildeo bipolaridades que com-potildeem gradativamente o funcionamento de uma concepccedilatildeo econocircmica da vida divina

Quadro 2 Lista dos binarismos de O reino e a gloacuteria

PAacuteGINAS VIDA INTERNA DE DEUS

GoVERNo Do MUNDo

CAPiacuteTULo LIMIAR oU [AUToR]

1 10 Bios Zoe Homo sacer

2 47 Poliacutetica Econocircmica Homo sacer

3 30 Unidade Multiplicidade [Hipoacutelito]

4 38 Unidade do ser Pluralidade de accedilotildees

o misteacuterio da economia

5 30 PoTEcircNCIA Economia [Hipoacutelito]

6 30 36 135 150 Teologia Economia [Euseacutebio]

7 30 32 Status Gradus [Tertuliano]

8

32 42 43 47 (40 41 4244 46 62 75 76 89 92135 136)

Ser Agir (praacutexis)

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp15

9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

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16enspbullenspAlAin GiGnAc

32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp17

De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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18enspbullenspAlAin GiGnAc

ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

numero 280 - numeros anterioesindd 24 19022019 111609

Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 17: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp15

9 32 39 (40 43 46 47 5861 76 135) [39]

Ontologia Praacutetica (Praacutexis)[Pragmaacutetica]

10 43 89 167 ontologia Economia

11 32 Substacircncia Forma [Tertuliano]12 32 PoTEcircNCIA Espeacutecie [Tertuliano]

13 36 Administraccedilatildeo da vida divina

Governo das criaturas

[Clemente de Alexandria]

14 36 41 Natureza de Deus Sua accedilatildeo histoacuterica

[Clemente de Alexandria]

15 37 Deus ocioso Demiurgo [Dualismo gnoacutestico]

16 38 ontologia Histoacuteria Misteacuterio da economia

17 38Estranheza em relaccedilatildeo ao mundo

Governo do mundo

Misteacuterio da economia

18 39 Articulaccedilatildeo trinitaacuteria

Governo mundial

Misteacuterio da economia

19 41 Ser Vontade

20 48 57 93 Transcendecircncia ImanecircnciaMaacutequina providencial

2149 50 52 57 58 89 94177

Reino Governo

22 67 69 70 PoDER Seu exerciacutecioo reino e o governo

23 70 71 72 PoTEcircNCIA absoluta

Potecircncia ordenada

o reino e o governo

24 71 SoBERANIA Seu exerciacutecioo reino e o governo

25 93 Eternidade TemporalidadeA maacutequina providencial

26 93Conhecimento intelectual Praxis

A maacutequina providencial

27 94 177 Ordinatio Executio A maacutequina providencial

28 Governo imediatoGoverno mediato

A maacutequina providencial

29 (93) 94 177 Providecircncia (geral)Providecircncia especial (destino)

A maacutequina providencial

30 94 Ato primaacuterio Efeitos secundaacuterios

A maacutequina providencial

31 93 Causas primeiras Causas segundas

A maacutequina providencial

numero 280 - mioloindd 15 19022019 111806

16enspbullenspAlAin GiGnAc

32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

numero 280 - mioloindd 16 19022019 111806

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp17

De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 18: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

16enspbullenspAlAin GiGnAc

32 94 Primi agentes Agentes inferiores

A maacutequina providencial

33 100 Misteacuterio Ministro os anjos34 100 Assistir Administrar os anjos35 109 Assistentes Ministrantes os anjos

36 131 141 162 Gloacuteria Glorificaccedilatildeo Gloacuteria

37 131 Kabod subjetivo Kabod objetivo Gloacuteria38 131 Realidade divina Praacutexis humana Gloacuteria

39 135 Trindade imanente Trindade econocircmica Gloacuteria

40 135 Trindade de substacircncia

Trindade de revelaccedilatildeo Gloacuteria

41 135 Deus em si Deus para noacutes Gloacuteria42 162 Gloacuteria interna Gloacuteria externa [Espinosa]43 167 Divino Humano Gloacuteria44 167 Pai Filho Gloacuteria

45 167 Povo-substacircncia Povo-comunicaccedilatildeo Gloacuteria

46 177 PoTEcircNCIA soberana

Governo [Rousseau]

47 177 Vontade geral Vontade particular [Rousseau]

48 177 PoDER legislativo PoDER executivo [Rousseau]

Notemos desde jaacute uma ambiguidade todas as bipolaridades consti-tuem a economia divina mas a palavra ldquoeconomiardquo eacute tambeacutem (e acima de tudo) empregada para descrever o modo como Deus governa o mundo isto eacute o aspecto praacutetico de sua accedilatildeo sua intervenccedilatildeo providencial (coluna da direita)36 observamos tambeacutem que algumas palavras se repetem como refratildeos ldquopotecircnciardquo (em letras maiuacutesculas no Quadro 2 linhas 5 12 22-24 46 48) ldquogovernordquo (em negrito linhas 13 17 18 21 28 46) Da mesma forma os binocircmios ldquoser ndash agirrdquo ldquoontologia ndash praacuteticardquo e ldquoreino ndash governordquo (em negrito) formam uma trama transversal a espinha dorsal da argumentaccedilatildeo A complexidade do Quadro 2 vem do fato de que Agamben procede por pinceladas sucessivas que produzem um efeito de acumulaccedilatildeo enquanto ele aborda sucessivamente a economia atraveacutes de vaacuterios temas a econo-mia da salvaccedilatildeo (capiacutetulo 2) ser e agir (capiacutetulo 3) o reino e o governo (capiacutetulo 4) a providecircncia (capiacutetulo 5) a gloacuteria (capiacutetulos 7 e 8) ndash e recorre a vaacuterios autores Hipoacutelito Euseacutebio Tertuliano Clemente de Alexandria (pa-dres da Igreja) Espinosa Rousseau (filoacutesofos modernos)

36 Com semelhante ambiguidade nas linhas 28-29 as palavras ldquogovernordquo e ldquoprovidecircnciardquo que designam normalmente a accedilatildeo teo-loacutegica imanente satildeo aplicadas agrave vida interna de Deus

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 19: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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De fato podem-se simplificar os binarismos da seguinte maneira (Quadro 3)

Quadro 3 Bipolaridades fundamentais de O reino e a gloacuteria

VIDA INTERNA DE DEUS GoVERNo DoMUNDo

Reino GovernoGloacuteria GlorificaccedilatildeoPotecircncia EconomiaTeologia EconomiaSer (ontologia) Agir (praacutexis)Poder Seu exerciacutecioMisteacuterio MinistroPotecircncia soberana Governo

Nesse quadro encontramos em negrito o tiacutetulo do livro O reino e a gloacuteria que faz eco agrave aclamaccedilatildeo lituacutergica ldquoPois teu eacute o reino o poder [a potecircncia] e a gloacuteria para semprerdquo37 (extraiacutedo de Mt 613) o reino encarna num governo38 a gloacuteria revela-se pela glorificaccedilatildeo o misteacuterio manifesta-se por seu ministro o poder ldquopotencialrdquo do ser divino realiza-se num go-verno atuante ora essa estrutura ldquoteoloacutegico-poliacuteticardquo eacute a mesma dos sistemas poliacuteticos ocidentais39 o que dizer

Nos dois quadros (2 e 3) o resultado final daacute duas colunas a vida interna de Deus seu ser agrave esquerda seu governo providencial do mun-do agrave direita o ldquodispositivo econocircmicordquo (Deus e o mundo pensados em termos econocircmicos) eacute a articulaccedilatildeo das duas colunas que devem ser distinguidas sem serem separadas Agamben retoma vaacuterias vezes essa expressatildeo mimeacutetica da foacutermula cristoloacutegica do Conciacutelio de Calcedocircnia (451 EC ldquosem confusatildeo ou separaccedilatildeordquo) Acredito que essa distinccedilatildeo sem separaccedilatildeo estaacute no cerne da tese do livro

[] mesmo assim as duas racionalidades continuaratildeo ligadas e a cla-ra distinccedilatildeo entre os dois discursos natildeo deveraacute traduzir-se em uma cisatildeo substancial o cuidado que os Padres tecircm em natildeo confundir e

37 Exceto engano meu Agamben que trata da liturgia como glorificaccedilatildeo e modelo da encena-ccedilatildeo do poder governamental nunca faz alusatildeo a essa exclamaccedilatildeo lituacutergica o que significa tal omissatildeo E a omissatildeo da potecircncia

38 De fato no plano teoloacutegico a encarnaccedilatildeo eacute justamente a concretizaccedilatildeo o topo ou o ponto de conversatildeo central da intervenccedilatildeo da vida divina neste mundo

39 Como canadense (e quebequense) vivendo num sistema britacircnico de monarquia constitu-cional a evidecircncia salta aos olhos a rainha reina o primeiro ministro governa

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 20: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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ao mesmo tempo natildeo separar os dois logoi mostra que eles estatildeo conscientes dos riscos impliacutecitos em sua heterogeneidade (RG 45)

o arcano da divindade e o arcano do governo a articulaccedilatildeo trinitaacuteria da vida divina e a histoacuteria e a salvaccedilatildeo da humanidade satildeo ao mes-mo tempo distintos e inseparaacuteveis (RG 38)

No entanto a clivagem das linhas 1 e 2 do Quadro 2 ndash (bios + poliacuteti-ca) vs (zocircegrave + econocircmica) ndash eacute o que acontece quando separamos os dois polos da economia o que isso quer dizer

Quando secularizamos e retiramos a vida divina da coluna da es-querda soacute resta a coluna da direita uma economia truncada em seu ele-mento constituinte imanente que se reduz a uma biopoliacutetica e a nossa gestatildeo econocircmica (neoliberal) que esvazia toda a verdadeira poliacutetica Es-se era o dilema de Schmitt como fundamentar a coluna da direita sem cair no fora da lei na suspensatildeo da lei no Estado autoritaacuterio ou burocraacute-tico da coluna da direita Se ao contraacuterio a coluna da direita for removi-da agrave maneira de Peterson temos uma espeacutecie de angelismo desencar-nado uma contemplaccedilatildeo que foge do mundo A soluccedilatildeo de Agamben eacute paradoxal uma vez que ele deseja ldquoimanentizarrdquo a coluna da esquerda por assim dizer e acomodaacute-la agrave coluna da direita de modo a manter os dois polos da economia e resgatar a forccedila subversiva da economia trinitaacute-ria (interna a Deus) como um antiacutedoto contra a economia biopoliacutetica de-sumanizadora o que nos salvaraacute da vida nua fraacutegil anocircnima e sem valor do sistema capitalista e da economia de mercado eacute outra zocircegrave jaacute em accedilatildeo uma zocircegrave que pertence agrave coluna da esquerda a zocircegrave eterna sabaacutetica re-velada pelo tempo messiacircnico Uma vida natildeo produtiva inoperante

Em suma O reino e a gloacuteria procura demonstrar como passamos da economia teoloacutegica que pensa Deus em si e sua accedilatildeo no mundo para uma economia secular cujo avatar final eacute a economia neoliberal Nessa demonstraccedilatildeo haacute duas inversotildees determinantes que ao mesmo tempo em que satildeo semelhantes articulam-se como duas etapas sucessivas no processo de secularizaccedilatildeo a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo permite pensar Deus a partir do modelo de gover-nanccedila familiar a inversatildeo do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio do mi-nisteacuteriordquo torna possiacutevel pensar o governo burocraacutetico a partir do modelo teoloacutegico dos anjos Esse movimento portanto parte do profano para pensar o teoloacutegico e depois do teoloacutegico para pensar o profano Em uacuteltima anaacutelise se a ldquopoliacuteticardquo ocidental natildeo eacute realmente poliacutetica no sentido literal e nobre do termo eacute porque foi concebida conforme um modelo domeacutesti-co econocircmico ndash bem mais que isso de acordo com uma versatildeo redutora do modelo inicial da economia teoloacutegica o problema da poliacutetica moderna

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 21: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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portanto tem um fundamento teoloacutegico-poliacutetico e deve ser repensado nesses termos

3 Primeira inversatildeo (teoloacutegica) da economia do misteacuterio ao misteacuterio da economia (RG capiacutetulo 2)

Para apresentar a inversatildeo da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo como diagnosticada por Agamben procederei em duas etapas apresentarei primeiro uma definiccedilatildeo da economia e a seguir a inversatildeo propriamente dita e suas consequecircncias

31 Definiccedilatildeo da ldquoeconomiardquo

Agamben natildeo propotildee uma definiccedilatildeo expliacutecita da palavra economia mas expotildee as potencialidades desta em pinceladas sucessivas No en-tanto o ponto de partida dessa exposiccedilatildeo eacute crucial porque o significado domeacutestico original da palavra explica toda a articulaccedilatildeo subsequente Jaacute no iniacutecio de sua investigaccedilatildeo no capiacutetulo 2 Agamben chama nossa aten-ccedilatildeo para o significado inicial e etimoloacutegico da palavra ldquoeconomiardquo a ldquolei da casardquo Estamos no acircmbito da gestatildeo do oikos grego mas acima de tudo do domus latino Um uacutenico poder o do pater familias eacute exercido sobre a famiacutelia ampliada estruturada em trecircs feixes de relaccedilotildees (Quadro 3) ldquo[1] relaccedilotildees lsquodespoacuteticasrsquo senhores-escravos (que costumam incluir a direccedilatildeo de um estabelecimento agriacutecola de amplas dimensotildees) [2] relaccedilotildees lsquopa-ternasrsquo pais-filhos e [3] relaccedilotildees lsquogacircmicasrsquo marido-mulherrdquo (RG 19)

Quadro 4 A casa trecircs tipos de relaccedilotildees

ldquopaternasrdquo ldquodespoacuteticasrdquo ldquogacircmicasrdquo

Paisfilhos Senhoresescravos Maridomulherdarr darr

Articulaccedilatildeo trinitaacuteria Governo mundial

Reino Governo

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 22: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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Essa estrutura de poder natildeo eacute a mesma da polis e portanto a eco-nomia natildeo funcionaraacute como a poliacutetica Trata-se de um poder uacutenico mo-naacuterquico mas exercido em vaacuterias modalidades dependendo se for sobre servos filhos ou mulher

Logo percebemos a importacircncia desse conceito para pocircr em discur-so o Deus cristatildeo de um lado a relaccedilatildeo paterna se aplicaraacute agrave proacutepria ldquofamiacuteliardquo divina (a Trindade) de outro lado as relaccedilotildees despoacuteticas40 da economia se aplicaratildeo agraves relaccedilotildees entre Deus e os membros da comuni-dade cristatilde (Agamben diria a comunidade messiacircnica) Como Agamben gostava de lembrar Tertuliano partiu da analogia do funcionamento eco-nocircmico da casa real para explicar que existe em Deus apenas um rei (o Pai) o qual antes de reinar sobre seu impeacuterio reina sobre sua dinastia sua famiacutelia (o Filho)

Agamben ressalta apropriadamente a importacircncia do campo lexical de domus nas cartas do Novo Testamento ou seja todas as palavras re-lacionadas com as funccedilotildees na economia da casa ldquodoulos (escravo) hyperetes (servo) diakonos (criado) oikonomos (administrador)rdquo (RG 22) Com a notaacutevel exceccedilatildeo da ekklegravesia o vocabulaacuterio cristatildeo eacute maciccedila-mente econocircmico Agamben poderia ter se baseado nas investigaccedilotildees sociocriacuteticas dos estudos do Novo Testamento que mostraram a estrutu-raccedilatildeo domeacutestica e patriarcal das primeiras comunidades Meeks ateacute mes-mo cunhou o termo ldquolove patriarcalismrdquo para descrever a ideologia socio-loacutegica instaurada41 Aleacutem disso o Sitz-im-Leben o ponto de apoio das primeiras comunidades era efetivamente a casa [o lar] Falou-se com razatildeo de uma igreja domeacutestica de maneira metoniacutemica o lugar de en-contro deu origem a um tipo (econocircmico) de comunidade Agamben ob-servaria provavelmente que a expressatildeo ldquoigreja domeacutesticardquo ndash etimologica-mente ldquoassembleia de casardquo ndash eacute uma espeacutecie de oximoro ou pelo menos parece incongruente porque combina um termo poliacutetico com um termo econocircmico Dito isso deve-se no entanto relativizar essa importacircncia do modelo domeacutestico pois nestes uacuteltimos anos tem-se destacado a analo-gia das primeiras comunidades com as associaccedilotildees grego-romanas (thyases collegiae) tipos de guildas que agrupavam artesatildeos sob um modo econocircmico-religioso42

No Quadro 5 apresento novamente uma lista de significados que Agamben coleta e organiza numa investigaccedilatildeo desta vez sobre a pala-

40 A respeito disso Agamben natildeo diz mas eacute irocircnico a economia contemporacircnea o todo-e-conocircmico com sua onipresenccedila e supervalorizaccedilatildeo eacute por natureza despoacutetica

41 MEEKS The First Urban Christians The Social World of the Apostle Paul New Haven Yale University Press 1983

42 Horrell

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vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

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Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 23: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp21

vra ldquoeconomiardquo investigaccedilatildeo esta que o leva dos filoacutesofos gregos aos padres da Igreja As mesmas palavras aparecem administraccedilatildeo gestatildeo encargo atividade

Quadro 5 Construccedilatildeo do conceito de ldquoeconomiardquo

1 Administraccedilatildeo da casa (RG 19 33) Pseudo-Aristoacuteteles

2 organizaccedilatildeo funcional (RG 20)3 Gestatildeo (RG 20)4 Disposiccedilatildeo ordenada do material (retoacuterico) (RG 20) Quintiliano5 Missatildeo (RG 21) Paulo

6 Uma atividade e um encargoe natildeo um ldquoplano salviacuteficordquo (RG 21)

7 Aqui algo que eacute confiado (RG 21)

8 Realizaccedilatildeo administraccedilatildeonatildeo plano salviacutefico (RG 22)

9 Administraccedilatildeo domeacutestica (RG 22)

10 Tarefa confiada por Deus (RG 23) Inaacutecio de Antioquia

11 Tarefa (RG 24) Justino

12 Disposiccedilatildeo da mateacuteria (RG 25) Teoacutefilo de Antioquia

13 Disposiccedilatildeo ordenada (RG 25)

14 Atividade divina de gestatildeo e governo (RG 30) Hipoacutelito

15 Praacutexis atividade divina dirigida a um objetivo (RG 30)

16Atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio davontade ou da palavra de Deus (RG 31)

17 Atividade divina misteriosa (RG 31)18 Dispensatio (RG 31) Tertuliano19 Dispositio (RG 31)

20 organizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo da vida (humana e divina) (RG 35) oriacutegenes

21 Articulaccedilatildeo (84) (RG 36) Clemente de Alexandria

22 Administraccedilatildeo da vida divina (RG 36)23 Governo das criaturas (RG 36)24 Exceccedilatildeo (RG 37) Igreja bizantina25 Atividade de governo (RG 39)

numero 280 - mioloindd 21 19022019 111807

22enspbullenspAlAin GiGnAc

Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 24: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

22enspbullenspAlAin GiGnAc

Vamos fazer trecircs observaccedilotildees Em primeiro lugar vecirc-se que oiko-nomia foi traduzido em latim por dois termos dispositio e dispensatio (linhas 18-19 do Quadro 5) Mas em teologia traduz-se por exemplo no texto de Efeacutesios 3 (que seraacute apresentado na quinta parte) a palavra oikonomia por ldquodispensationrdquo (dispensaccedilatildeo)43 que me parece um mau decalque Penso que a melhor traduccedilatildeo seria ldquoresponsabilidade mis-satildeordquo Em segundo lugar percebe-se que Agamben gosta de desenterrar acepccedilotildees que justifiquem seus caprichos suas obsessotildees Ele destaca na Seccedilatildeo 215 de O reino e a gloacuteria que economia pode tomar o sentido de exceccedilatildeo ou isenccedilatildeo (linha 24 do Quadro 5) No entanto lembremo-nos de que para Agamben o estado de exceccedilatildeo a suspensatildeo do direi-to eacute o avesso oculto da democracia liberal Satildeo as duas faces da mes-ma moeda Ele afirma

os paradigmas do governo e do estado de exceccedilatildeo coincidem na ideia de uma oikonomia de uma praacutexis gerencial que governa o cur-so das coisas adaptando-se a cada vez em seu intento salviacutefico agrave natureza da situaccedilatildeo concreta com que deve medir forccedilas (RG 37)

Em terceiro lugar eu gostaria de sublinhar uma descoberta teoloacutegica que Agamben fez em Taciano que desenvolve teologicamente uma po-tencialidade semacircntica da palavra ldquoeconomiardquo emprestada da retoacuterica No plano da teoria oratoacuteria a economia eacute tambeacutem a maneira pela qual se administra um discurso eacute a disposiccedilatildeo desse discurso No entanto uma vez que o Filho ou Cristo eacute tambeacutem o logos desponta um dos primeiros usos da palavra ldquoeconomiardquo para falar sobre as relaccedilotildees entre o Pai e o seu discurso Assim natildeo soacute o Pai envia seu filho como um encarregado da missatildeo mas tambeacutem o tem como seu proacuteprio porta-voz

Para concluir essas consideraccedilotildees sobre a definiccedilatildeo de economia cha-mo a atenccedilatildeo para um trecho da primeira Carta aos Coriacutentios em que a Trindade se esboccedila ou melhor as relaccedilotildees trinitaacuterias satildeo mencionadas num registro estritamente econocircmico Refiro-me a 1 Cor 12 3-6 em que satildeo men-cionadas as trecircs entidades divinas natildeo na ordem usual do sinal da cruz ldquoEm nome do Pai do Filho e do Espiacuteritordquo mas na ordem da experiecircncia espiritual que vai do Espiacuterito ao Senhor ressuscitado depois ao Pai

3 Portanto vos quero fazer compreender que ningueacutem que fala pelo Espiacuterito de Deus diz Jesus eacute anaacutetema E ningueacutem pode dizer que Jesus eacute o Senhor senatildeo pelo Espiacuterito Santo

4 ora haacute diversidade de dons mas o Espiacuterito eacute o mesmo

43 Nota de traduccedilatildeo em portuguecircs o vocaacutebulo eacute raro mas encontra-se dicionarizado Ver Dicionaacuterio Eletrocircnico Houaiss da Liacutengua Portuguesa

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp23

5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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24enspbullenspAlAin GiGnAc

Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 25: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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5 E haacute diversidade de ministeacuterios mas o Senhor eacute o mesmo

6 E haacute diversidade de operaccedilotildees mas eacute o mesmo Deus que opera tudo em todos

Charles Perrot exegeta francecircs explica essa passagem

o Pai eacute designado como aquele que produz no centro de todas as energias o Filho como aquele que rege e o Espiacuterito aquele que compartilha e distribui De certo modo a Trindade paulina faz parte de uma casa romana onde a produccedilatildeo a regecircncia e a distribuiccedilatildeo satildeo coerentes Isso eacute uma Trindade digamos econocircmica e natildeo ex-pressa em termos de paternidade e filiaccedilatildeo Em suma os servidores permanecem sob a regecircncia de Kyrios o dono da casa e ao mesmo tempo os carismas que moldam seu serviccedilo particularizando-o per-manecem sempre sob a influecircncia do Espiacuterito44

32 Inversatildeo

Passemos agrave inversatildeo propriamente dita De imediato eu a resumiria da seguinte forma passa-se de uma economia como praacutexis e palavra missionaacuteria (os Apoacutestolos satildeo os garantidores e os gerentes da palavra divina a ser propagada) a uma economia como praacutexis e palavra divina (Deus interveacutem no mundo para salvaacute-lo) Em outras palavras passa-se da gestatildeo missionaacuteria do anuacutencio da salvaccedilatildeo agrave gestatildeo misteriosa da proacutepria casa divina Essa inversatildeo eacute feita em trecircs etapas

Evidentemente o ponto de partida estaacute em Paulo ldquoAqui a relaccedilatildeo entre oikonomia e misteacuterio eacute evidente trata-se de ser fiel ao encargo de anunciar o misteacuterio da redenccedilatildeo que estava oculto na vontade de Deus e agora chega agrave sua realizaccedilatildeordquo (RG 22) Uma segunda etapa a da inver-satildeo propriamente dita eacute encontrada em Ireneu de Lyon em Adversus Haereseis III 17 4 IV 33 10 Passa-se da ldquoeconomia do pleromardquo pau-lino (Ef 3) ao ldquopleroma da economiardquo

No mesmo sentido deve ser vista a inversatildeo da expressatildeo paulina ldquoeconomia do pleromardquo (oikonomia tou pleromatos em Ef 110) em ldquocumprir realizar a economiardquo (ten oikonomian anapleroun)[] Ire-neu procura na realidade subtrair a natildeo totalmente clara expressatildeo paulina das interpretaccedilotildees gnoacutesticas que fazem da ldquoeconomia do pleromardquo o princiacutepio de uma processatildeo infinita de hipoacutestases para afirmar com vigor que a economia de que fala Paulo foi realizada de uma vez para sempre por Jesus (RG 28)

44 PERRoT Apregraves Jeacutesus le ministegravere chez les premiers chreacutetiens Paris eacuteditions de lrsquoAtelier eacuteditions ouvriegraveres 2000 p 48

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 26: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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Uma uacuteltima etapa de inversatildeo encontra-se em Hipoacutelito e Tertuliano com a expressatildeo ldquomisteacuterio da economiardquo

Enquanto em Paulo a economia era a atividade desenvolvida para revelar ou realizar o misteacuterio da vontade ou da palavra de Deus (Cl 124-25 Ef 39) agora eacute essa mesma atividade personificada na figura do filho-verbo que se torna o misteacuterio [] Natildeo haacute uma econo-mia do misteacuterio ou seja uma atividade voltada para cumprir e revelar o misteacuterio divino mas misteriosa eacute a proacutepria ldquopragmateiardquo a proacutepria praacutexis divina (RG 31 ndash o grifo eacute meu)

Nas palavras de Agamben o significado dessa inversatildeo eacute decisivo

o misterioso eacute agora a proacutepria economia a praacutexis mesma atraveacutes da qual Deus dispotildee ao mesmo tempo a vida divina articulando-a em uma trindade e o mundo das criaturas outorgando a cada acon-tecimento um significado oculto (RG 38 ndash o grifo eacute meu)

Mas Agamben natildeo responde agrave pergunta sobre como essa inversatildeo linguiacutestica muda as coisas Eu vejo trecircs razotildees Primeiro a inversatildeo sig-nifica uma mudanccedila de foco o que se torna central eacute a economia Em segundo lugar significa que agora se pensaraacute em Deus em termos eco-nocircmicos Em terceiro lugar acredito que a palavra-chave aqui eacute ldquomisteacute-riordquo e tem um peso muito grande na anaacutelise teoloacutegico-poliacutetica de Agam-ben ou em outras palavras na citaccedilatildeo acima a expressatildeo ldquosignificado ocultordquo torna-se a chave da interpretaccedilatildeo O governo se torna misteacuterio45 Tendo secularizado o governo divino do mundo o governo humano no entanto manteve a sua aura de misteacuterio (esta eacute uma das teses do livro) quanto menos se analisar a mecacircnica em accedilatildeo mais ela seraacute eficaz En-quanto as pessoas tiverem a ilusatildeo da democracia elas natildeo teratildeo cons-ciecircncia da biopoliacutetica em accedilatildeo A matildeo invisiacutevel de Adam Smith (a respeito da qual Agamben fala no anexo RG 182-183) seraacute ainda mais eficaz se for envolvida por uma aura quase divina

Em outras palavras em surdina Agamben continua sua criacutetica ao sistema poliacutetico ocidental que foca no todo-econocircmico que pensa unica-mente em termos econocircmicos e que envolve tudo com uma aura de mis-teacuterio Em suma foi pelo fato de a teologia ter acabado por focar no misteacute-rio da vida divina e do governo providencial do mundo conceituado de acordo com uma loacutegica um dispositivo econocircmico que essa articulaccedilatildeo misteriosa pocircde ser transposta para a ordem poliacutetico-imanente da moder-nidade Agamben faz o papel de um novo apoacutestolo de um encarregado

45 Segundo KARSENTI Agamben et le mystegravere du gouvernement Critique v nordm 744 p 355-375 2009 pp 355-375 (aqui p 373) o gesto de Agamben reintroduz o misteacuterio onde Foucault quis eliminaacute-lo

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 27: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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de missatildeo encarregado de denunciar a perversidade de um sistema que esconde seu funcionamento e sua intenccedilatildeo

Em outra parte do livro (no capiacutetulo sobre os anjos assunto da proacutexima parte) Agamben enfatiza que o mysterium se transforma em ministerium e o ministerium em mysterium (RG 100) o que isso signifi-ca o misteacuterio divino eacute secularizado no ministeacuterio do governo e esse governo resgata o caraacuteter misterioso do divino eacute outra maneira de dizer a mesma coisa

4 Segunda inversatildeo (angeloloacutegica) do ministeacuterio do misteacuterio ao misteacuterio do ministeacuterio (RG capiacutetulo 6)

Agamben explora a angelologia medieval para construir outros niacute-veis de seu dispositivo da economia os anjos tecircm duas funccedilotildees assistir e administrar Por um lado satildeo espectadores da gloacuteria divina e assistem agrave sua encenaccedilatildeo celestial por outro lado satildeo administradores que exe-cutam a vontade de Deus no mundo Em suma eles se mantecircm na pre-senccedila de Deus diante de sua gloacuteria para glorificaacute-lo e agem no mundo para sua gloacuteria maior Por um lado participam do misteacuterio do Reino por outro lado satildeo os ministros que governam o mundo em nome de Deus Aqui encontramos essencialmente a articulaccedilatildeo que distingue sem sepa-rar os dois planos da economia divina em si mesma e para o mundo

Significativamente os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando satildeo enviados ao mundo em serviccedilo Ao nos lembrar da existecircncia dos anjos Agamben soacute estaacute nos lembrando do antigo ideal da contemplaccedilatildeo na accedilatildeo que estaacute no cerne da espiritualidade inaciana Mesmo neste mundo os anjos participam da vida divina Voltaremos a isso na Seccedilatildeo 5 sobre o texto de Efeacutesios

Mas assim como a noccedilatildeo de economia a angelologia tambeacutem eacute usada para decifrar o impasse do governo moderno Para isso Agamben recorre ao teoacutelogo Peterson (jaacute mencionado na primeira parte em sua oposiccedilatildeo a Schmitt) e a Pseudo-Dioniacutesio [o Aeropagita]

No capiacutetulo 6 de O reino e a gloacuteria encontramos a figura do catoacutelico alematildeo Peterson cuja discussatildeo com Schmitt Agamben nos conta no iniacutecio do livro Agamben portanto tem o dom de desenterrar obras apa-rentemente menores ou esquecidas ndash neste caso O livro dos anjos situ-accedilatildeo e significado dos santos anjos no culto de Peterson o teoacutelogo ale-matildeo lembra que os anjos oficiam na liturgia celestial mas tambeacutem estatildeo presentes na liturgia terrena (e cuidam da comunicaccedilatildeo entre os dois pla-

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 28: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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nos46) o culto da Igreja eacute o eco do culto angeacutelico e tem neste sua legitimidade

Da Idade Meacutedia passamos entatildeo abruptamente para a modernida-de Graccedilas a Agamben sabemos que Schmitt defendeu a ideia de fundar a ordem poliacutetica deste mundo na monarquia divina o poder do imperador na terra refletiria o de Deus no ceacuteu No pano de fundo dessa tese deli-neia-se a ascensatildeo do nazismo um regime autoritaacuterio (e em uacuteltima anaacute-lise totalitaacuterio) que o catoacutelico Schmitt pretendia justificar em sua aborda-gem teoloacutegico-poliacutetica Peterson se opotildee categoricamente a isso No exato momento em que rejeitou a ideia de Schmitt Peterson afirmou que a Igreja era uma realidade sociopoliacutetica o poder da Igreja na terra seria um reflexo do poder de Deus no ceacuteu47 Tem-se a impressatildeo aqui de estar no centro da disputa pelo empossamento tatildeo medieval quanto a angelo-logia que opunha o imperador e o papa Agamben estaacute certo em opor Schmitt e Peterson porque a posiccedilatildeo dos dois eacute espelhada ambos pre-tendem fundar um poder imanente (seja o Estado ou a Igreja) sobre uma realidade celestial Como podemos notar a questatildeo dos anjos natildeo eacute uma curiosidade anedoacutetica dos arquivos teoloacutegicos mas uma maneira de pen-sar a poliacutetica

Agamben retraccedila a intuiccedilatildeo de Peterson em relaccedilatildeo a Pseudo-Dioniacute-sio que ele trata como um mistificador Este escritor teve grande influecircn-cia na teologia por exemplo sobre Tomaacutes de Aquino na Idade Meacutedia Todo o discurso desse ldquopadrerdquo da Igreja (que natildeo eacute realmente um padre) consistia em fazer da hierarquia angeacutelica o modelo e portanto a justifica-tiva ou a legitimaccedilatildeo da hierarquia eclesiaacutestica Agamben chama a aten-ccedilatildeo para uma acepccedilatildeo da palavra hierarquia a partir de sua etimologia eacute um significado tatildeo oacutebvio que o esquecemos hieacutera ndash archie significa ldquopo-der sagradordquo eacute justamente o que faz Pseudo-Dioniacutesio e por isso Agam-ben o critica ele sacraliza o poder o poder se torna sagrado o gesto de Pseudo-Dioniacutesio desenvolvido a partir de um discurso sobre o governo dos anjos eacute portanto uma maneira de fundamentar o poder da Igreja Pseudo-Dioniacutesio natildeo fala tanto dos anjos quanto dos humanos Quando fala sobre os anjos ele descreve na realidade os seres humanos quan-do fala dos humanos empresta a eles caracteriacutesticas ldquoangelicomoacuterficasrdquo

46 Veja a oraccedilatildeo Eucariacutestica nordm 1 do Cacircnon Romano da missa47 Agamben natildeo diz mas encontramos nas entrelinhas as duas interpretaccedilotildees opostas de

katechon de 2 Tessalonicenses propostas por Schmitt e Peterson mencionadas por Agam-ben no Capiacutetulo 1 (RG Seccedilatildeo 14) o que atrasa a paruacutesia ou impede que Cristo retorne eacute o impeacuterio cristatildeo (em Schmitt) ou a recusa de Cristo por Israel uma recusa que funda a Igreja (em Peterson) Essa mateacuteria mereceria ser aprofundada

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Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 29: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp27

Em um artigo subsequente publicado em 2011 Agamben voltou a afirmar a mesma coisa em outros termos os mensageiros celestiais estatildeo organizados de maneira antropomoacuterfica em escritoacuterios e ministeacuterios en-quanto os funcionaacuterios seculares assumem por sua vez feiccedilotildees angeli-cais e assim como os anjos tornam-se capazes de cura iluminaccedilatildeo e aperfeiccediloamento48

eacute aqui que Agamben insere sua segunda inversatildeo o ministeacuterio angeacutelico do misteacuterio tornou-se o misteacuterio do ministeacuterio angeacutelico o serviccedilo da majesta-de divina torna-se a majestade do governo humano A intuiccedilatildeo eacute anaacuteloga agravequela da passagem ao misteacuterio da economia (Seccedilatildeo 3) manteacutem-se a ideia de uma reversatildeo de uma inversatildeo ou mesmo de um desvio capital Essa inversatildeo eacute tambeacutem decisiva na medida em que permite apreender a revolu-ccedilatildeo teoloacutegico-poliacutetica que a modernidade institui ao mesmo tempo que seu caraacuteter eminentemente paradoxal Inicialmente a modernidade seculariza o poder e se liberta de Deus ndash eliminando assim qualquer norma ou instacircncia criacutetica transcendente (ou transcendental) que possa circunscrevecirc-lo49 o pon-to focal natildeo eacute mais o misteacuterio divino que deve ser servido mas o proacuteprio serviccedilo que por imitaccedilatildeo estaacute envolto em misteacuterio Porque ao mesmo tem-po que descarta qualquer referecircncia a Deus a modernidade importa da colu-na da esquerda do Quadro 2 a dimensatildeo sacra A glorificaccedilatildeo cuja respon-sabilidade cabia aos anjos eacute aplicada ao sistema governamental apesar de sua vacuidade ou melhor especialmente por causa dessa vacuidade desse vazio Mas pode natildeo ser tatildeo paradoxal quanto pareccedila agrave primeira vista Sem um fundamento transcendente o sistema precisa de um misteacuterio de uma aura miacutestica para funcionar

Em suma qualquer hierarquia eacute sagrada sem fundamento mas mesmo assim funcional devido ao caraacuteter sagrado pelo qual se afirma e que acaba impondo Pensemos aqui no caraacuteter sagrado das leis do mer-cado uma verdadeira crenccedila quase religiosa erigida em axioma do capi-talismo e aureolada de um caraacuteter de evidecircncia ora quem diz axioma diz duas coisas 1) uma premissa eacute indemonstraacutevel 2) uma premissa eacute uma decisatildeo axioloacutegica governada por valores

De acordo com Agamben mesmo antes de o Estado moderno inventar o governo burocraacutetico este encontra sua assinatura na organizaccedilatildeo angeacutelica

48 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 p 117-123 2011a pp 117-123 (aqui p 117)

49 Sobre este ponto Perterson e Schmitt concordariam que a Igreja ou o Estado reflexos da esfera celestial encontram nesta natildeo soacute a sua legitimidade mas tambeacutem a sua instacircncia criacute-tica os dois autores tambeacutem concordariam que a democracia liberal se emancipa incoeren-temente da esfera divina a uacutenica capaz de fundar o poder terreno ndash de acordo com o modelo angeacutelico em que os anjos podem governar o mundo porque assistem agrave liturgia celestial

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28enspbullenspAlAin GiGnAc

Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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30enspbullenspAlAin GiGnAc

Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 30: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

28enspbullenspAlAin GiGnAc

Em todo caso poreacutem eacute decisivo que bem antes de comeccedilar a ser elaborada e fixada a terminologia da administraccedilatildeo e do governo jaacute estivesse consistentemente constituiacuteda no acircmbito angeloloacutegico Natildeo soacute o conceito de hierarquia mas tambeacutem os de ministeacuterio e de mis-satildeo encontram como vimos sua primeira e articuladiacutessima sistema-tizaccedilatildeo precisamente no acircmbito das atividades angeacutelicas (RG 103)

No mesmo artigo de 2011 citado acima Agamben afirma que os tra-tados de angelologia foram os antepassados dos tratados sobre o governo do mundo por Deus ndash de certa forma extrapolando seriam os primeiros tratados modernos de ciecircncia poliacutetica muito antes de O priacutencipe de Ma-quiavel50 No entanto Agamben critica por fim a pseudopoliacutetica do governo moderno por ter mantido apenas novamente a coluna da direita tendo reduzido assim o dispositivo econocircmico ao seu componente administrativo de gestatildeo Mas um componente essencial para o equiliacutebrio do dispositivo era a contemplaccedilatildeo de Deus pelos anjos Indo aleacutem de Peterson e de Pseudo-Dioniacutesio Agamben propotildee reconsiderar a dimensatildeo contemplativa e ociosa da economia bipolar Aleacutem disso Agamben aponta que de acordo com Satildeo Paulo (natildeo havia como natildeo voltar ao Apoacutestolo) o tempo messiacirc-nico se caracterizaraacute por um sabaacute e pela desativaccedilatildeo do ministeacuterio dos anjos (e portanto do governo biopoliacutetico que eacute o seu reflexo caricatural e desviante) Agamben nos remete a 1 Cor 15 24-26 onde no entanto natildeo traduz o verbo καταργέω por ldquodestruirrdquo mas por ldquodesativarrdquo

24Entatildeo viraacute o fim quando ele entregar o Reino a Deus o Pai depois de ter [destruiacutedo] desativado todo domiacutenio autoridade e poder 25Pois eacute necessaacuterio que ele reine ateacute que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus peacutes

Nessa passagem as autoridades poderes e potecircncias satildeo os anjos Desta forma eacute desativado (como se desativa uma bomba) o cacircncer biopo-liacutetico que corroacutei o governo humano

o messianismo paulino deve ser visto nessa perspectiva Funciona como corretivo da hipertrofia demoniacuteaca dos poderes angeacutelicos e humanos o messias desativa e torna inoperosos (katargeo ndash ldquoeu torno argosrdquo inoperoso e natildeo simplesmente ldquoeu destruordquo ndash eacute o termo teacutecnico usado por Paulo para exprimir a relaccedilatildeo entre o messias e os poderes dos anjos e dos homens) tanto a lei quanto os anjos e dessa maneira reconcilia-os com Deus (todas as coisas como se lecirc em Cl 115-20 ldquoinclusive os tronos as dominaccedilotildees os principados e as potecircnciasrdquo foram criadas atraveacutes do messias e atraveacutes dele seratildeo reconciliadas no fim com Deus) (RG 108)

50 AGAMBEN Angels Angelaki-Journal of the Theoretical Humanities v 16 n 3 2011a pp 117-123 (aqui p 119)

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp29

o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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30enspbullenspAlAin GiGnAc

Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 31: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp29

o tema da lei natildeo mais aplicada poreacutem estudada que nos roman-ces de Kafka acompanha o dos funcionaacuterios-anjos constantemente inoperosos mostra aqui sua pertinecircncia messiacircnica o telos uacuteltimo e glorioso da lei e das potecircncias angeacutelicas assim como o dos poderes profanos consiste em ser desativado e tornado inoperoso (RG 108)

5 Releitura de Ef 3

No pensamento do filoacutesofo italiano haacute alguns tours de force e pontos cegos Um tour de force pode receber dois significados significa ter su-cesso em realizar um exerciacutecio difiacutecil mas tambeacutem pode significar exer-cer uma forccedila e cometer violecircncia ou forccedilar as coisas Na verdade Agam-ben tortura talvez os textos para encaixaacute-los agrave forccedila em seu dispositivo ndash e ao fazecirc-lo deixa de lado (conscientemente) ou esquece (inconscien-temente) alguns textos e deixa um resto Aquilo que ele deixa de lado pode ser tatildeo importante quanto o que ele fala De tanto lermos Agamben aprendemos a ler o resto a prestar atenccedilatildeo ao que natildeo pode entrar na explicaccedilatildeo Mas tambeacutem aprendi a mesma liccedilatildeo com a minha praacutetica exe-geacutetica um texto biacuteblico sempre resiste agrave interpretaccedilatildeo totalizante e totali-taacuteria que se tenta fazer dele Se natildeo houver nada no texto que natildeo se encaixe no que construiacutemos eacute porque algo estaacute errado em nossa inter-pretaccedilatildeo Em suma o texto resiste ao leitor e este eacute incapaz de compre-endecirc-lo integralmente No entanto muitas vezes eacute nossa postura que nos impede de ver certas coisas da mesma maneira que nossa posiccedilatildeo na direccedilatildeo de um automoacutevel comporta necessariamente ldquopontos cegosrdquo

Para concluir eu gostaria de investigar um ponto cego da demons-traccedilatildeo de Agamben sobre a economia e os anjos propondo uma breve anaacutelise discursiva do texto de Efeacutesios capiacutetulo 3 do qual Agamben extrai apenas dois versiacuteculos que contecircm a expressatildeo ldquoeconomia do misteacuteriordquo (versiacuteculos 2 e 9) Mas Agamben poderia ter-se interessado em ler o dis-curso paulino (ou decircutero-paulino indiferentemente) como um todo pois ali se encontram vaacuterios temas de O reino e a gloacuteria Isso natildeo eacute surpreen-dente porque o texto na opiniatildeo dos exegetas tem o traccedilo de uma cos-movisatildeo apocaliacuteptica Tambeacutem se percebe a influecircncia do misticismo ju-daico centrado na visatildeo da gloacuteria divina expressa nas duas metaacuteforas do transporte (Ez 1) e do palaacutecio ou trono celeste (Is 6)51 Vejamos a traduccedilatildeo do Quadro 6 cuja tipografia destaca alguns campos lexicais (famiacutelias de palavras)

51 LEMMER E oikonomia tou mysteriou tou apokekrymmenou en to theo -- Understand-ing lsquobody of Christrsquo in the Letter to the Ephesians Neotestamentica v 32 n 2 1998 pp 459-495

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30enspbullenspAlAin GiGnAc

Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp31

Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 32: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

30enspbullenspAlAin GiGnAc

Quadro 6 Efeacutesios 3

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC) (modificada)

Negrito graccedila

Sublinhado liturgia

Minuacutesculas misteacuterio

temporalidade

Itaacutelico don MAIUSCULO οἰκονομία Sublinhado em dobro

poder revelaccedilatildeo

gloacuteria

Dispensaccedilatildeo Graccedila Misteacuterio Dar Manifestado Agora Gentios

1Graccedilas a esta eu Paulo [sou] o prisioneiro de Jesus Cristo por voacutes os gentios 2se eacute que tendes ouvido a DISPENSACcedilAtildeO da graccedila [dispensaccedilatildeo gracioso encargo gracioso] de Deus

(τὴν οἰκονομίαν τῆς χάριτος) que para convosco me foi dada 3como me foi este MISTEacuteRIO

manifestado pela revelaccedilatildeo como acima em pouco vos escrevi 4pelo que quando ledes

podeis perceber (νοῆσαι) a minha compreensatildeo do MISTEacuteRIO de Cristo 5o qual noutras geraccedilotildees natildeo foi manifestado aos filhos dos homens como agora tem sido revelado pelo

Espiacuterito aos seus santos apoacutestolos e profetas 6[a saber] que os gentios satildeo coerdeiros e de um

mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho 7do qual fui feito ministro (διάκονος) pelo dom da graccedila de Deus que me foi dado segundo a operaccedilatildeo do seu poder (κατὰ τὴν ἐνέργειαν τῆς δυνάμεως αὐτοῦ)

Dar Graccedila Gentios Misteacuterio Dispensaccedilatildeo Agora Manifestada

8A mim o miacutenimo de todos os santos me foi dada esta graccedila de anunciar entre os gentios por meio do evangelho as riquezas incompreensiacuteveis de Cristo 9e esclarecer a

todos qual seja a DISPENSACcedilAtildeO do misteacuterio (ἡ οἰκονομία τοῦ μυστηρίου) que desde os

seacuteculos esteve oculto em Deus que tudo criou 10para que agora pela igreja a multiforme

sabedoria de Deus seja manifestada dos principados e potestades nos ceacuteus 11segundo o

eterno PROPOacuteSITO (πρόθεσιν) que fez em Cristo Jesus nosso Senhor 12no qual temos

ousadia e acesso com confianccedila pela nossa feacute nele

13Portanto [vos] peccedilo que natildeo desfaleccedilais nas minhas tribulaccedilotildees por voacutes que satildeo a vossa gloacuteria

14Por causa disso me ponho de joelhos perante o Pai 15 do qual toda a paternidade nos ceacuteus e na terra toma o nome 16 para que segundo as riquezas da sua gloacuteria vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no homem interior 17para que Cristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeo a fim de estando arraigados e fundados em amor 18poderdes perfeitamente compreender com todos os santos qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade 19e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento para que sejais cheios de toda a PLENITUDE (πλήρωμα) de Deus

20Ora aquele que eacute poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente aleacutem daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder que em noacutes opera 21a ele a gloacuteria na igreja por Jesus Cristo em todas as geraccedilotildees para todo o sempre Ameacutem

Satildeo apenas cinco sentenccedilas das quais as duas primeiras satildeo paralelas e fazem eco com as mesmas palavras ldquodispensaccedilatildeo (= economia) graccedila misteacuterio dar manifestado agora gentiosrdquo (coluna da esquerda no Quadro 6) A repeticcedilatildeo natildeo eacute feita na mesma ordem mas eacute significativa Entatildeo o discurso eacute redobrado os versiacuteculos 8-11 retomam os versiacuteculos 1-7

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 33: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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Esse eco entre as duas primeiras sentenccedilas se cristaliza em torno de um paralelismo surpreendente entre os versiacuteculos 5 e 10 enquanto o misteacuterio de Cristo que ainda natildeo havia sido manifestado aos filhos dos homens passa a secirc-lo agora a sabedoria de Deus se manifesta agora aos principados e potecircncias celestes (angeacutelicos) Tem-se a encenaccedilatildeo em dois quadros ou em dois planos proacutepria do apocaliacuteptico o que acon-tece na terra (para os humanos) eacute refletido no ceacuteu (para os anjos) o misteacuterio do messias agora revelado aos humanos reflete o misteacuterio da sabedoria de Deus agora revelado aos anjos encontramos aqui os dois planos da economia divina e do ministeacuterio angeacutelico que Agamben procura articular Encontramos tambeacutem o ldquoagorardquo caro a Agamben como marca-dor textual do tempo messiacircnico

Aleacutem disso existem trecircs campos lexicais de interesse para Agamben

bull a potecircncia com as palavras operaccedilatildeo (v 7 20) poder (v 5 16 18 20) principados e potestades (v 10) que tudo criou (v 9)

bull a gloacuteria com as palavras riquezas (v 8 16) esclarecer (v 9) gloacuteria (v 13 16 21)

bull o misteacuterio de Deus com as palavras misteacuterio (v 3 4 9) propoacutesito (v 11) plenitude (v 19)

Sabemos que a liturgia eacute importante em O reino e a gloacuteria os versiacute-culos 14-21 tecircm acentos lituacutergicos com a expressatildeo ldquoponho-me de joe-lhos perante o Pairdquo (v 14) com a aclamaccedilatildeo ldquopara ele a gloacuteriardquo (v 21) e com o final ldquoameacutemrdquo

Encontramos o problema de reconciliar o ser e o agir em Deus (os dois planos da economia) por um lado a eterna imutabilidade de Deus e por outro lado seu projeto tambeacutem eterno de criar o mundo (v 9) e de se mani-festar manifestando Cristo (v 5 e 10) Esse problema que Agamben desta-ca em seu livro jaacute estaacute posto no texto de Efeacutesios Que Deus que natildeo pre-cisava tecirc-lo feito tenha escolhido criar e salvar o mundo eacute certamente um misteacuterio ateacute mesmo uma aporia A histoacuteria da teologia eacute prova disso

Chego ao meu comentaacuterio final e principal Em busca de uma estru-tura que explica o funcionamento da poliacutetica atual Agamben ignora a ex-periecircncia espiritual Em Efeacutesios 3 como geralmente nas cartas da escola paulina encontramos uma concepccedilatildeo da Trindade natildeo misteriosa mas miacutestica Para Paulo a Trindade natildeo eacute um misteacuterio mas uma experiecircncia de comunhatildeo ndash difiacutecil de descrever certamente mas vivida e concreta Seja em Romanos Gaacutelatas ou 1 Coriacutentios a proacutepria Trindade como uma especulaccedilatildeo sobre a natureza de Deus e as relaccedilotildees entre trecircs pessoas divinas natildeo interessa ao autor paulino o que interessa a Paulo (ou ao seu disciacutepulo no caso de Efeacutesios) eacute a experiecircncia da presenccedila divina Deus

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 34: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

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natildeo eacute uma abstraccedilatildeo o disciacutepulo messiacircnico (para usar o vocabulaacuterio de Agamben) experimenta Deus nele mesmo como uma segunda vida espi-ritual que se soma agrave sua zocircegrave animal A vida eterna que Agamben busca como soluccedilatildeo para o problema poliacutetico o cristatildeo vive (ou deveria viver) em sua experiecircncia espiritual

De certo modo para voltar agraves consideraccedilotildees angeacutelicas da seccedilatildeo anterior o disciacutepulo do messias tem acesso tal qual os anjos agrave proacutepria vida de Deus Essas consideraccedilotildees revolucionaacuterias que estatildeo no cerne da identidade cristatilde estatildeo bem enunciadas em Ef 3

bull no v 12 ldquoDeus no qual temos ousadia e acesso com confianccedilardquobull no v 16 ldquosejais corroborados com poder pelo seu Espiacuterito no ho-

mem interiorrdquobull no v 17 ldquoCristo habite pela feacute no vosso coraccedilatildeordquobull no v 19 ldquoconhecer o amor de Cristo que excede todo

entendimentordquobull no v 19 novamente ldquosejais cheios de toda a plenitude de Deusrdquo

Cabe assinalar algo significativo os anjos estatildeo sempre na presenccedila de Deus mesmo quando estatildeo a serviccedilo no mundo o autor de Efeacutesios capiacutetulo 3 transpotildee essa intuiccedilatildeo para os disciacutepulos de Cristo incluindo os pagatildeos eles tecircm seguranccedila e acesso a Deus Podem contemplar Deus e agir no mundo Em outras palavras os humanos natildeo satildeo apenas uma coacutepia dos anjos em sua funccedilatildeo ministerial mas tambeacutem em sua funccedilatildeo contemplativa No entanto Agamben nunca fala disso eacute por essa razatildeo que podemos falar de um ponto cego em sua demonstraccedilatildeo o que ele pensa da espiritualidade cristatilde A menos que Agamben seja cripto-cristatildeo e que sua soluccedilatildeo de uma retirada messiacircnica seja anaacuteloga agrave postura cristatilde

Talvez eu esteja avanccedilando aqui raacutepido demais indo longe demais Mas se a economia neoliberal eacute um avatar mesmo redutor do dispositivo econocircmico cristatildeo o antiacutedoto para essa economia neoliberal poderia ser um avatar da postura espiritual cristatilde

6 Conclusatildeo

Depois de ter problematizado o recurso a Agamben pela teologia (introduccedilatildeo) eu quis me debruccedilar sobre o modo de proceder do filoacutesofo italiano (primeira parte) que propotildee em O reino e a gloacuteria uma investiga-ccedilatildeo sobre o dispositivo econocircmico que se insere numa investigaccedilatildeo mais ampla do dispositivo de Homo sacer Desenvolvi entatildeo a hipoacutetese (segun-da parte) de que colocando uma seacuterie de binarismos Agamben busca

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cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 35: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

cAdernos iHU ideiAsenspbullensp33

num primeiro momento articular a vida interna e eterna de Deus com sua accedilatildeo providencial e temporal no mundo duas faces distintas de uma mes-ma medalha que nunca devem ser separadas Num segundo momento Agamben procura demonstrar precisamente acerca desse ponto da natildeo separaccedilatildeo que a poliacutetica moderna infelizmente assimilou apenas a par-te imanente do dispositivo econocircmico provocando um seacuterio desequiliacutebrio e dando origem agrave biopoliacutetica A soluccedilatildeo de Agamben consiste em encon-trar a articulaccedilatildeo bipolar original redescobrindo a dimensatildeo contemplati-va e ociosa da vida divina ou melhor do tempo messiacircnico

o restante do meu ensaio consistiu em ilustrar o meacutetodo agambenia-no e explicar minha hipoacutetese a partir de duas figuras a economia (terceira parte) e a angelologia (quarta parte) Ao fazecirc-lo pudemos compreender melhor a trajetoacuteria identificada por Agamben em quatro etapas primeiro a teo-logia (literalmente o discurso sobre Deus) foi construiacuteda a partir de um modelo econocircmico antigo extraiacutedo do mundo secular em seguida atraveacutes de uma reflexatildeo sobre o papel dos anjos na economia divina (em suas duas faces transcendente e imanente ser e agir reino e governo) o modelo econocircmico teoloacutegico foi secularizado depois a poliacutetica moderna a partir desse modelo foi reduzida agrave biopoliacutetica e hipertrofiou o todo-eco-nocircmico por fim eacute necessaacuterio desativar esse modelo reintroduzindo nele uma dimensatildeo de contemplaccedilatildeo Foi por isso que propus um retorno a Ef 3 (quinta parte) onde o discurso paulino que menciona ldquoa economia do misteacuteriordquo jaacute articula um plano celestial angeacutelico com um plano terrestre eclesial em que aqueles que realizam a experiecircncia messiacircnica partici-pam da proacutepria vida de Deus

Sucintamente podemos destacar os seguintes pontos bull A definiccedilatildeo de ldquoeconomiardquo proposta por Agamben eacute sustentaacutevel ou

seja ele introduz a metaacutefora da organizaccedilatildeo domeacutestica para falar de Deus e da comunidade messiacircnica

bull As inversotildees que ele observa com propriedade da ldquoeconomia do misteacuteriordquo em ldquomisteacuterio da economiardquo e do ldquoministeacuterio do misteacuteriordquo em ldquomis-teacuterio do ministeacuteriordquo talvez pareccedilam atraentes e jogos de palavras (e talvez natildeo sejam tatildeo decisivas como ele afirma) mas certamente se prestam agrave sua argumentaccedilatildeo para mistificar a economia (e seu avatar o todo-eco-nocircmico contemporacircneo)

bull Em outras palavras em sua investigaccedilatildeo sobre a estrutura ldquoeconocirc-micardquo da biopoliacutetica moderna Agamben usa brilhantemente a teologia para diagnosticar e explicar as aporias de nossos governos e governan-ccedilas contemporacircneos

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34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 36: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

34enspbullenspAlAin GiGnAc

bull O meacutetodo filoloacutegico de Agamben ndash seu haacutebito de seguir o rastro de uma palavra ndash pode impedi-lo de acompanhar os enunciados dentro de um discurso

bull Um ponto cego da anaacutelise da Trindade em termos econocircmicos como proposto por Agamben eacute ignorar o discurso paulino em termos de participaccedilatildeo miacutestica no misteacuterio de Deus ndash nada menos que isso

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Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

numero 280 - numeros anterioesindd 24 19022019 111609

Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 37: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Publicaccedilotildees do Instituto Humanitas Unisinos

Nordm 48 ndash Mineraccedilatildeo e o impulso agrave desi-gualdade impactos ambientais e sociais

Cadernos IHU em formaccedilatildeo eacute uma publicaccedilatildeo do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU que reuacutene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema jaacute divulgados na revista IHU On-Line e nos Cadernos IHU ideias Desse modo queremos facili-tar a discussatildeo na academia e fora dela sobre temas considerados de fronteira relacionados com a eacutetica o trabalho a teologia puacuteblica a filosofia a poliacutetica a economia a literatura os movimentos sociais etc que caracterizam o Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

A publicaccedilatildeo dos Cadernos Teologia Puacuteblica sob a responsabilidade do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU quer ser uma contribuiccedilatildeo para a relevacircncia puacuteblica da teologia na universidade e na sociedade A Teologia Puacuteblica busca articular a reflexatildeo teoloacutegica em diaacutelogo com as ciecircncias as culturas e as religiotildees de mo-do interdisciplinar e transdisciplinar Procura-se assim a participaccedilatildeo ativa nos debates que se desdobram na esfera puacuteblica da sociedade os desafios da vida social poliacutetica econocircmica e cultural da sociedade hoje especialmente a exclusatildeo socioeconocircmica de imensas camadas da populaccedilatildeo constituem o horizonte da teologia puacuteblica os Cadernos Teologia Puacuteblica se inscrevem nesta perspectiva

Nordm 130 ndash Desloca-mentos genealoacutegi-cos da economia teoloacutegica segundo Agamben ndash Joel De-cotheacute Junior

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Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

numero 280 - mioloindd 36 19022019 111811

CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

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N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

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N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 38: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Nordm 53 ndash Por Onde Na-vegam Estudo sobre jovens e adolescentes do Ensino Meacutedio de Satildeo Leopoldo e Novo Hamburgo ndash Hilaacuterio Dick Joseacute Silon Fer-reira amp Luis Alexandre Cerveira

os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-respesquisadores e por alunos dos cursos de Poacutes-Graduaccedilatildeo bem como trabalhos de conclusatildeo de acadecircmicos dos cursos de Graduaccedilatildeo os artigos publicados abordam os temas eacutetica tra-balho e teologia puacuteblica que correspondem aos eixos do Instituto Humanitas Unisinos ndash IHU

Nordm 268 ndash Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer au-tonomia ndash Alana Mo-raes de Souza

os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU A diversidade dos temas abrangendo as mais diferentes aacutereas do conhecimento eacute um dado a ser destacado nesta publicaccedilatildeo aleacutem de seu caraacuteter cientiacutefico e de agradaacutevel leitura

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CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

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N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 39: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

CADERNOS IHU IDEIAS

N 01 A teoria da justiccedila de John Rawls ndash Joseacute NedelN 02 O feminismo ou os feminismos Uma leitura das produ-

ccedilotildees teoacutericas ndash Edla Eggert O Serviccedilo Social junto ao Foacuterum de Mulheres em Satildeo

Leopoldo ndash Clair Ribeiro Ziebell e Acadecircmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N 03 O programa Linha Direta a sociedade segundo a TV Glo-bo ndash Sonia Montantildeo

N 04 Ernani M Fiori ndash Uma Filosofia da Educaccedilatildeo Popular ndash Luiz Gilberto Kronbauer

N 05 O ruiacutedo de guerra e o silecircncio de Deus ndash Manfred ZeuchN 06 BRASIL Entre a Identidade Vazia e a Construccedilatildeo do Novo

ndash Renato Janine RibeiroN 07 Mundos televisivos e sentidos identiaacuterios na TV ndash Suzana

KilppN 08 Simotildees Lopes Neto e a Invenccedilatildeo do Gauacutecho ndash Maacutercia

Lopes DuarteN 09 Oligopoacutelios midiaacuteticos a televisatildeo contemporacircnea e as

barreiras agrave entrada ndash Valeacuterio Cruz BrittosN 10 Futebol miacutedia e sociedade no Brasil reflexotildees a partir de

um jogo ndash Eacutedison Luis GastaldoN 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz ndash Maacutercia TiburiN 12 A domesticaccedilatildeo do exoacutetico ndash Paula CaleffiN 13 Pomeranas parceiras no caminho da roccedila um jeito de

fazer Igreja Teologia e Educaccedilatildeo Popular ndash Edla EggertN 14 Juacutelio de Castilhos e Borges de Medeiros a praacutetica poliacutetica

no RS ndash Gunter AxtN 15 Medicina social um instrumento para denuacutencia ndash Stela

Nazareth MeneghelN 16 Mudanccedilas de significado da tatuagem contemporacircnea ndash

Deacutebora Krischke LeitatildeoN 17 As sete mulheres e as negras sem rosto ficccedilatildeo histoacuteria e

trivialidade ndash Maacuterio MaestriN 18 Um itinenaacuterio do pensamento de Edgar Morin ndash Maria da

Conceiccedilatildeo de AlmeidaN 19 Os donos do Poder de Raymundo Faoro ndash Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN 20 Sobre teacutecnica e humanismo ndash Oswaldo Giacoacuteia JuniorN 21 Construindo novos caminhos para a intervenccedilatildeo societaacute-

ria ndash Lucilda SelliN 22 Fiacutesica Quacircntica da sua preacute-histoacuteria agrave discussatildeo sobre o

seu conteuacutedo essencial ndash Paulo Henrique DioniacutesioN 23 Atualidade da filosofia moral de Kant desde a perspectiva

de sua criacutetica a um solipsismo praacutetico ndash Valeacuterio RohdenN 24 Imagens da exclusatildeo no cinema nacional ndash Miriam RossiniN 25 A esteacutetica discursiva da tevecirc e a (des)configuraccedilatildeo da

informaccedilatildeo ndash Niacutesia Martins do RosaacuterioN 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos ndash UNISINOS ndash Rosa Maria Serra Bavaresco

N 27 O modo de objetivaccedilatildeo jornaliacutestica ndash Beatriz Alcaraz Marocco

N 28 A cidade afetada pela cultura digital ndash Paulo Edison Belo Reyes

N 29 Prevalecircncia de violecircncia de gecircnero perpetrada por com-panheiro Estudo em um serviccedilo de atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede ndash Porto Alegre RS ndash Joseacute Fernando Dresch Kronbauer

N 30 Getuacutelio romance ou biografia ndash Juremir Machado da Silva

N 31 A crise e o ecircxodo da sociedade salarial ndash Andreacute GorzN 32 Agrave meia luz a emergecircncia de uma Teologia Gay ndash Seus

dilemas e possibilidades ndash Andreacute Sidnei MusskopfN 33 O vampirismo no mundo contemporacircneo algumas consi-

deraccedilotildees ndash Marcelo Pizarro NoronhaN 34 O mundo do trabalho em mutaccedilatildeo As reconfiguraccedilotildees e

seus impactos ndash Marco Aureacutelio SantanaN 35 Adam Smith filoacutesofo e economista ndash Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Arauacutejo dos Santos

N 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro uma anaacutelise antropoloacute-gica ndash Airton Luiz Jungblut

N 37 As concepccedilotildees teoacuterico-analiacuteticas e as proposiccedilotildees de poliacutetica econocircmica de Keynes ndash Fernando Ferrari Filho

N 38 Rosa Egipciacuteaca Uma Santa Africana no Brasil Colonial ndash Luiz Mott

N 39 Malthus e Ricardo duas visotildees de economia poliacutetica e de capitalismo ndash Gentil Corazza

N 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina ndash Adriana BragaN 41 A (anti)filosofia de Karl Marx ndash Leda Maria PaulaniN 42 Veblen e o Comportamento Humano uma avaliaccedilatildeo

apoacutes um seacuteculo de ldquoA Teoria da Classe Ociosardquo ndash Leonardo Monteiro Monasterio

N 43 Futebol Miacutedia e Sociabilidade Uma experiecircncia etnograacute-fica ndash Eacutedison Luis Gastaldo Rodrigo Marques Leistner Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N 44 Genealogia da religiatildeo Ensaio de leitura sistecircmica de Marcel Gauchet Aplicaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo atual do mundo ndash Geacuterard Donnadieu

N 45 A realidade quacircntica como base da visatildeo de Teilhard de Chardin e uma nova concepccedilatildeo da evoluccedilatildeo bioloacutegica ndash Lothar Schaumlfer

N 46 ldquoEsta terra tem donordquo Disputas de representaccedilatildeo sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul a figura de Sepeacute Tiaraju ndash Ceres Karam Brum

N 47 O desenvolvimento econocircmico na visatildeo de Joseph Schumpeter ndash Achyles Barcelos da Costa

N 48 Religiatildeo e elo social O caso do cristianismo ndash Geacuterard Donnadieu

N 49 Copeacuternico e Kepler como a terra saiu do centro do univer-so ndash Geraldo Monteiro Sigaud

N 50 Modernidade e poacutes-modernidade ndash luzes e sombras ndash Evi-laacutezio Teixeira

N 51 Violecircncias O olhar da sauacutede coletiva ndash Eacutelida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N 52 Eacutetica e emoccedilotildees morais ndash Thomas Kesselring Juiacutezos ou emoccedilotildees de quem eacute a primazia na moral ndash

Adriano Naves de BritoN 53 Computaccedilatildeo Quacircntica Desafios para o Seacuteculo XXI ndash Fer-

nando HaasN 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil ndash An VranckxN 55 Terra habitaacutevel o grande desafio para a humanidade ndash Gil-

berto DupasN 56 O decrescimento como condiccedilatildeo de uma sociedade convi-

vial ndash Serge LatoucheN 57 A natureza da natureza auto-organizaccedilatildeo e caos ndash

Guumlnter KuumlppersN 58 Sociedade sustentaacutevel e desenvolvimento sustentaacutevel

limites e possibilidades ndash Hazel HendersonN 59 Globalizaccedilatildeo ndash mas como ndash Karen GloyN 60 A emergecircncia da nova subjetividade operaacuteria a sociabili-

dade invertida ndash Cesar SansonN 61 Incidente em Antares e a Trajetoacuteria de Ficccedilatildeo de Erico

Veriacutessimo ndash Regina ZilbermanN 62 Trecircs episoacutedios de descoberta cientiacutefica da caricatura em-

pirista a uma outra histoacuteria ndash Fernando Lang da Silveira e Luiz O Q Peduzzi

N 63 Negaccedilotildees e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude ndash Caacutetia Andressa da Silva

N 64 Getuacutelio e a Gira a Umbanda em tempos de Estado Novo ndash Artur Cesar Isaia

N 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro uma alegoria huma-nista tropical ndash Leacutea Freitas Perez

N 66 Adoecer Morrer ou Viver Reflexotildees sobre a cura e a natildeo cura nas reduccedilotildees jesuiacutetico-guaranis (1609-1675) ndash Eliane Cristina Deckmann Fleck

N 67 Em busca da terceira margem O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimaratildees Rosa ndash Joatildeo Guilherme Barone

numero 280 - numeros anterioesindd 21 19022019 111609

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 40: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

N 68 Contingecircncia nas ciecircncias fiacutesicas ndash Fernando HaasN 69 A cosmologia de Newton ndash Ney LemkeN 70 Fiacutesica Moderna e o paradoxo de Zenon ndash Fernando HaasN 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes de Joaquim

Pedro de Andrade ndash Miriam de Souza RossiniN 72 Da religiatildeo e de juventude modulaccedilotildees e articulaccedilotildees ndash

Leacutea Freitas PerezN 73 Tradiccedilatildeo e ruptura na obra de Guimaratildees Rosa ndash Eduardo

F CoutinhoN 74 Raccedila naccedilatildeo e classe na historiografia de Moyseacutes Vellinho

ndash Maacuterio MaestriN 75 A Geologia Arqueoloacutegica na Unisinos ndash Carlos Henrique

NowatzkiN 76 Campesinato negro no periacuteodo poacutes-aboliccedilatildeo repensando

Coronelismo enxada e voto ndash Ana Maria Lugatildeo RiosN 77 Progresso como mito ou ideologia ndash Gilberto DupasN 78 Michael Aglietta da Teoria da Regulaccedilatildeo agrave Violecircncia da

Moeda ndash Octavio A C ConceiccedilatildeoN 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul ndash Moa-

cyr FloresN 80 Do preacute-urbano ao urbano A cidade missioneira colonial e

seu territoacuterio ndash Arno Alvarez KernN 81 Entre Canccedilotildees e versos alguns caminhos para a leitura

e a produccedilatildeo de poemas na sala de aula ndash Glaacuteucia de Souza

N 82 Trabalhadores e poliacutetica nos anos 1950 a ideia de ldquosindi-calismo populistardquo em questatildeo ndash Marco Aureacutelio Santana

N 83 Dimensotildees normativas da Bioeacutetica ndash Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N 84 A Ciecircncia como instrumento de leitura para explicar as transformaccedilotildees da natureza ndash Attico Chassot

N 85 Demanda por empresas responsaacuteveis e Eacutetica Concor-rencial desafios e uma proposta para a gestatildeo da accedilatildeo organizada do varejo ndash Patriacutecia Almeida Ashley

N 86 Autonomia na poacutes-modernidade um deliacuterio ndash Mario FleigN 87 Gauchismo tradiccedilatildeo e Tradicionalismo ndash Maria Eunice

MacielN 88 A eacutetica e a crise da modernidade uma leitura a partir da

obra de Henrique C de Lima Vaz ndash Marcelo PerineN 89 Limites possibilidades e contradiccedilotildees da formaccedilatildeo huma-

na na Universidade ndash Lauriacutecio NeumannN 90 Os iacutendios e a Histoacuteria Colonial lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida ndash Maria Cristina Bohn MartinsN 91 Subjetividade moderna possibilidades e limites para o

cristianismo ndash Franklin Leopoldo e SilvaN 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores um estudo na perspectiva da Etnomate-maacutetica ndash Daiane Martins Bocasanta

N 93 A religiatildeo na sociedade dos indiviacuteduos transformaccedilotildees no campo religioso brasileiro ndash Carlos Alberto Steil

N 94 Movimento sindical desafios e perspectivas para os proacutexi-mos anos ndash Cesar Sanson

N 95 De volta para o futuro os precursores da nanotecnoci-ecircncia ndash Peter A Schulz

N 96 Vianna Moog como inteacuterprete do Brasil ndash Enildo de Moura Carvalho

N 97 A paixatildeo de Jacobina uma leitura cinematograacutefica ndash Mari-necircs Andrea Kunz

N 98 Resiliecircncia um novo paradigma que desafia as religiotildees ndash Susana Mariacutea Rocca Larrosa

N 99 Sociabilidades contemporacircneas os jovens na lan house ndash Vanessa Andrade Pereira

N 100 Autonomia do sujeito moral em Kant ndash Valerio RohdenN 101 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria

Monetaacuteria parte 1 ndash Roberto Camps MoraesN 102 Uma leitura das inovaccedilotildees bio(nano)tecnoloacutegicas a partir

da sociologia da ciecircncia ndash Adriano PremebidaN 103 ECODI ndash A criaccedilatildeo de espaccedilos de convivecircncia digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso ndash Eliane Schlemmer

N 104 As principais contribuiccedilotildees de Milton Friedman agrave Teoria Monetaacuteria parte 2 ndash Roberto Camps Moraes

N 105 Futebol e identidade feminina um estudo etnograacutefico sobre o nuacutecleo de mulheres gremistas ndash Marcelo Pizarro Noronha

N 106 Justificaccedilatildeo e prescriccedilatildeo produzidas pelas Ciecircncias Hu-manas Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporacircneos ndash Paula Correcirca Henning

N 107 Da civilizaccedilatildeo do segredo agrave civilizaccedilatildeo da exibiccedilatildeo a famiacute-lia na vitrine ndash Maria Isabel Barros Bellini

N 108 Trabalho associado e ecologia vislumbrando um ethos solidaacuterio terno e democraacutetico ndash Telmo Adams

N 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular ndash Celso Can-dido de Azambuja

N 110 Formaccedilatildeo e trabalho em narrativas ndash Leandro R PinheiroN 111 Autonomia e submissatildeo o sentido histoacuterico da administra-

ccedilatildeo ndash Yeda Crusius no Rio Grande do Sul ndash Maacuterio MaestriN 112 A comunicaccedilatildeo paulina e as praacuteticas publicitaacuterias Satildeo

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda ndash Denis Gerson Simotildees

N 113 Isto natildeo eacute uma janela Flusser Surrealismo e o jogo contra ndash Esp Yentl Delanhesi

N 114 SBT jogo televisatildeo e imaginaacuterio de azar brasileiro ndash Sonia Montantildeo

N 115 Educaccedilatildeo cooperativa solidaacuteria perspectivas e limites ndash Carlos Daniel Baioto

N 116 Humanizar o humano ndash Roberto Carlos FaacuteveroN 117 Quando o mito se torna verdade e a ciecircncia religiatildeo ndash

Roacuteber Freitas BachinskiN 118 Colonizando e descolonizando mentes ndash Marcelo DascalN 119 A espiritualidade como fator de proteccedilatildeo na adolescecircncia

ndash Luciana F Marques e Deacutebora D DellrsquoAglioN 120 A dimensatildeo coletiva da lideranccedila ndash Patriacutecia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN 121 Nanotecnologia alguns aspectos eacuteticos e teoloacutegicos ndash

Eduardo R CruzN 122 Direito das minorias e Direito agrave diferenciaccedilatildeo ndash Joseacute Rogeacute-

rio LopesN 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias em busca de

marcos regulatoacuterios ndash Wilson EngelmannN 124 Desejo e violecircncia ndash Rosane de Abreu e SilvaN 125 As nanotecnologias no ensino ndash Solange Binotto FaganN 126 Cacircmara Cascudo um historiador catoacutelico ndash Bruna Rafaela de

LimaN 127 O que o cacircncer faz com as pessoas Reflexos na lite-

ratura universal Leo Tolstoi ndash Thomas Mann ndash Alexander Soljeniacutetsin ndash Philip Roth ndash Karl-Josef Kuschel

N 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental agrave identidade geneacutetica ndash Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N 129 Aplicaccedilotildees de caos e complexidade em ciecircncias da vida ndash Ivan Amaral Guerrini

N 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentaacutevel ndash Paulo Roberto Martins

N 131 A philiacutea como criteacuterio de inteligibilidade da mediaccedilatildeo co-munitaacuteria ndash Rosa Maria Zaia Borges Abratildeo

N 132 Linguagem singularidade e atividade de trabalho ndash Marle-ne Teixeira e Eacutederson de Oliveira Cabral

N 133 A busca pela seguranccedila juriacutedica na jurisdiccedilatildeo e no proces-so sob a oacutetica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann ndash Leonardo Grison

N 134 Motores Biomoleculares ndash Ney Lemke e Luciano Hennemann

N 135 As redes e a construccedilatildeo de espaccedilos sociais na digitaliza-ccedilatildeo ndash Ana Maria Oliveira Rosa

N 136 De Marx a Durkheim Algumas apropriaccedilotildees teoacutericas para o estudo das religiotildees afro-brasileiras ndash Rodrigo Marques Leistner

N 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psiacutequico sobre como as pessoas reconstroem suas vidas ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes

N 138 As sociedades indiacutegenas e a economia do dom O caso dos guaranis ndash Maria Cristina Bohn Martins

N 139 Nanotecnologia e a criaccedilatildeo de novos espaccedilos e novas identidades ndash Marise Borba da Silva

N 140 Platatildeo e os Guarani ndash Beatriz Helena DominguesN 141 Direitos humanos na miacutedia brasileira ndash Diego Airoso da

Motta

numero 280 - numeros anterioesindd 22 19022019 111609

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

numero 280 - capa 3indd 1 19022019 111242

modelo - capa 4indd 1 11022019 150204

Page 41: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

N 142 Jornalismo Infantil Apropriaccedilotildees e Aprendizagens de Crianccedilas na Recepccedilatildeo da Revista Recreio ndash Greyce Vargas

N 143 Derrida e o pensamento da desconstruccedilatildeo o redimensio-namento do sujeito ndash Paulo Cesar Duque-Estrada

N 144 Inclusatildeo e Biopoliacutetica ndash Maura Corcini Lopes Kamila Lo-ckmann Morgana Domecircnica Hattge e Viviane Klaus

N 145 Os povos indiacutegenas e a poliacutetica de sauacutede mental no Brasil composiccedilatildeo simeacutetrica de saberes para a construccedilatildeo do presente ndash Bianca Sordi Stock

N 146 Reflexotildees estruturais sobre o mecanismo de REDD ndash Ca-mila Moreno

N 147 O animal como proacuteximo por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais ndash Caetano Sordi

N 148 Avaliaccedilatildeo econocircmica de impactos ambientais o caso do aterro sanitaacuterio em Canoas-RS ndash Fernanda Schutz

N 149 Cidadania autonomia e renda baacutesica ndash Josueacute Pereira da Silva

N 150 Imageacutetica e formaccedilotildees religiosas contemporacircneas entre a performance e a eacutetica ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 151 As reformas poliacutetico-econocircmicas pombalinas para a Ama-zocircnia e a expulsatildeo dos jesuiacutetas do Gratildeo-Paraacute e Mara-nhatildeo ndash Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N 152 Entre a Revoluccedilatildeo Mexicana e o Movimento de Chiapas a tese da hegemonia burguesa no Meacutexico ou ldquopor que voltar ao Meacutexico 100 anos depoisrdquo ndash Claudia Wasserman

N 153 Globalizaccedilatildeo e o pensamento econocircmico franciscano Orientaccedilatildeo do pensamento econocircmico franciscano e Cari-tas in Veritate ndash Stefano Zamagni

N 154 Ponto de cultura teko arandu uma experiecircncia de inclu-satildeo digital indiacutegena na aldeia kaiowaacute e guarani Tersquoyacuteikue no municiacutepio de Caarapoacute-MS ndash Neimar Machado de Sousa Antonio Brand e Joseacute Francisco Sarmento

N 155 Civilizar a economia o amor e o lucro apoacutes a crise econocirc-mica ndash Stefano Zamagni

N 156 Intermitecircncias no cotidiano a cliacutenica como resistecircncia in-ventiva ndash Maacuterio Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N 157 Democracia liberdade positiva desenvolvimento ndash Stefano Zamagni

N 158 ldquoPassemos para a outra margemrdquo da homofobia ao res-peito agrave diversidade ndash Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N 159 A eacutetica catoacutelica e o espiacuterito do capitalismo ndash Stefano Zamagni

N 160 O Slow Food e novos princiacutepios para o mercado ndash Eriberto Nascente Silveira

N 161 O pensamento eacutetico de Henri Bergson sobre As duas fontes da moral e da religiatildeo ndash Andreacute Brayner de Farias

N 162 O modus operandi das poliacuteticas econocircmicas keynesianas ndash Fernando Ferrari Filho e Faacutebio Henrique Bittes Terra

N 163 Cultura popular tradicional novas mediaccedilotildees e legitima-ccedilotildees culturais de mestres populares paulistas ndash Andreacute Luiz da Silva

N 164 Seraacute o decrescimento a boa nova de Ivan Illich ndash Serge Latouche

N 165 Agostos A ldquoCrise da Legalidaderdquo vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre ndash Carla Simone Rodeghero

N 166 Convivialidade e decrescimento ndash Serge LatoucheN 167 O impacto da plantaccedilatildeo extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais Estudo de caso de Satildeo Luis do Paraitinga ndash Marcelo Henrique Santos Toledo

N 168 O decrescimento e o sagrado ndash Serge LatoucheN 169 A busca de um ethos planetaacuterio ndash Leonardo BoffN 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizaccedilatildeo

do ser um convite ao abolicionismo ndash Marco Antonio de Abreu Scapini

N 171 Sub specie aeternitatis ndash O uso do conceito de tempo como estrateacutegia pedagoacutegica de religaccedilatildeo dos saberes ndash Gerson Egas Severo

N 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais ndash Bruno Pucci

N 173 Teacutecnicas de si nos textos de Michel Foucault A influecircncia do poder pastoral ndash Joatildeo Roberto Barros II

N 174 Da mocircnada ao social A intersubjetividade segundo Levinas ndash Marcelo Fabri

N 175 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Hobbes ndash Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N 176 Da magnitude e ambivalecircncia agrave necessaacuteria humanizaccedilatildeo da tecnociecircncia segundo Hans Jonas ndash Jelson Roberto de Oliveira

N 177 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Locke ndash Odair Camati e Paulo Ceacutesar Nodari

N 178 Crime e sociedade estamental no Brasil De como la ley es como la serpiente solo pica a los descalzos ndash Lenio Luiz Streck

N 179 Um caminho de educaccedilatildeo para a paz segundo Rousseau ndash Mateus Boldori e Paulo Ceacutesar Nodari

N 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil entre o reconhecimento e a concretizaccedilatildeo ndash Afonso Maria das Chagas

N 181 Apaacutetridas e refugiados direitos humanos a partir da eacutetica da alteridade ndash Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N 182 Censo 2010 e religiotildeesreflexotildees a partir do novo mapa religioso brasileiro ndash Joseacute Rogeacuterio Lopes

N 183 A Europa e a ideia de uma economia civil ndash Stefano ZamagniN 184 Para um discurso juriacutedico-penal libertaacuterio a pena como

dispositivo poliacutetico (ou o direito penal como ldquodiscurso-limi-terdquo) ndash Augusto Jobim do Amaral

N 185 A identidade e a missatildeo de uma universidade catoacutelica na atualidade ndash Stefano Zamagni

N 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-daacuterio aos refugiados ndash Joseane Marieacutele Schuck Pinto

N 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino pesquisa e extensatildeo na educaccedilatildeo superior brasileira e sua contribuiccedilatildeo para um projeto de sociedade sustentaacute-vel no Brasil ndash Marcelo F de Aquino

N 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razatildeo no campo da prevenccedilatildeo ndash Luis David Castiel

N 189 Produccedilotildees tecnoloacutegicas e biomeacutedicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas praacuteticas sociais e de gecircnero ndash Marlene Tamanini

N 190 Ciecircncia e justiccedila Consideraccedilotildees em torno da apropriaccedilatildeo da tecnologia de DNA pelo direito ndash Claudia Fonseca

N 191 VEMpraRUA Outono brasileiro Leituras ndash Bruno Lima Rocha Carlos Gadea Giovanni Alves Giuseppe Cocco Luiz Werneck Vianna e Rudaacute Ricci

N 192 A ciecircncia em accedilatildeo de Bruno Latour ndash Leticia de Luna FreireN 193 Laboratoacuterios e Extraccedilotildees quando um problema teacutecnico

se torna uma questatildeo socioteacutecnica ndash Rodrigo Ciconet Dornelles

N 194 A pessoa na era da biopoliacutetica autonomia corpo e subje-tividade ndash Heloisa Helena Barboza

N 195 Felicidade e Economia uma retrospectiva histoacuterica ndash Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N 196 A colaboraccedilatildeo de Jesuiacutetas Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas agrave Companhia de Jesus o diaacutelogo entre humanismo evangeacutelico e humanismo tecnocientiacutefico ndash Adolfo Nicolaacutes

N 197 Brasil verso e reverso constitucional ndash Faacutebio Konder Comparato

N 198 Sem-religiatildeo no Brasil Dois estranhos sob o guarda-chu-va ndash Jorge Claudio Ribeiro

N 199 Uma ideia de educaccedilatildeo segundo Kant uma possiacutevel con-tribuiccedilatildeo para o seacuteculo XXI ndash Felipe Bragagnolo e Paulo Ceacutesar Nodari

N 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana a experiecircncia da ocupaccedilatildeo Raiacutezes da Praia ndash Na-talia Martinuzzi Castilho

N 201 Desafios eacuteticos filosoacuteficos e poliacuteticos da biologia sinteacutetica ndash Jordi Maiso

N 202 Fim da Poliacutetica do Estado e da cidadania ndash Roberto RomanoN 203 Constituiccedilatildeo Federal e Direitos Sociais avanccedilos e recuos

da cidadania ndash Maria da Gloacuteria GohnN 204 As origens histoacutericas do racionalismo segundo Feyerabend

ndash Miguel Acircngelo FlachN 205 Compreensatildeo histoacuterica do regime empresarial-militar

brasileiro ndash Faacutebio Konder Comparato

numero 280 - numeros anterioesindd 23 19022019 111609

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

numero 280 - numeros anterioesindd 24 19022019 111609

Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 42: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

N 206 Sociedade tecnoloacutegica e a defesa do sujeito Technological society and the defense of the individual ndash Karla Saraiva

N 207 Territoacuterios da Paz Territoacuterios Produtivos ndash Giuseppe CoccoN 208 Justiccedila de Transiccedilatildeo como Reconhecimento limites e possi-

bilidades do processo brasileiro ndash Roberta Camineiro BaggioN 209 As possibilidades da Revoluccedilatildeo em Ellul ndash Jorge

Barrientos-ParraN 210 A grande poliacutetica em Nietzsche e a poliacutetica que vem em

Agamben ndash Maacutercia Rosane JungesN 211 Foucault e a Universidade Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo ndash Sandra CaponiN 212 Verdade e Histoacuteria arqueologia de uma relaccedilatildeo ndash Joseacute

DrsquoAssunccedilatildeo BarrosN 213 A Relevante Heranccedila Social do Pe Amstad SJ ndash Joseacute

Odelso SchneiderN 214 Sobre o dispositivo Foucault Agamben Deleuze ndash Sandro

ChignolaN 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-

ccedilatildeo ndash Alejandro Rosillo MartiacutenezN 216 A realidade complexa da tecnologia ndash Alberto CupaniN 217 A Arte da Ciecircncia e a Ciecircncia da Arte Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend ndash Hans Georg FlickingerN 218 O ser humano na idade da teacutecnica ndash Humberto GalimbertiN 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicaccedilotildees Eacuteticas Um Paralelo com Alasdair MacIntyre ndash Halina Macedo Leal

N 220 O Marquecircs de Pombal e a Invenccedilatildeo do Brasil ndash Joseacute Eduar-do Franco

N 221 Neurofuturos para sociedades de controle ndash Timothy LenoirN 222 O poder judiciaacuterio no Brasil ndash Faacutebio Konder ComparatoN 223 Os marcos e as ferramentas eacuteticas das tecnologias de

gestatildeo ndash Jesuacutes Conill SanchoN 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) ndash Luiz Fernando Medeiros RodriguesN 225 O grande desafio dos indiacutegenas nos paiacuteses andinos seus

direitos sobre os recursos naturais ndash Xavier AlboacuteN 226 Justiccedila e perdatildeo ndash Xabier Etxeberria MauleonN 227 Paraguai primeira vigilacircncia massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operaccedilatildeo Condor) ndash Martiacuten Almada

N 228 A vida o trabalho a linguagem Biopoliacutetica e biocapitalis-mo ndash Sandro Chignola

N 229 Um olhar biopoliacutetico sobre a bioeacutetica ndash Anna Quintanas Feixas

N 230 Biopoder e a constituiccedilatildeo eacutetnico-racial das populaccedilotildees Racialismo eugenia e a gestatildeo biopoliacutetica da mesticcedilagem no Brasil ndash Gustavo da Silva Kern

N 231 Bioeacutetica e biopoliacutetica na perspectiva hermenecircutica uma eacutetica do cuidado da vida ndash Jesuacutes Conill Sancho

N 232 Migrantes por necessidade o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul ndash Dirceu Benincaacute e Vacircnia Aguiar Pinheiro

N 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho desafios agrave sauacutede e seguranccedila ndash Elsa Cristine Bevian

N 234 O capital no seacuteculo XXI e sua aplicabilidade agrave realidade brasi-leira ndash Roacuteber Iturriet Avila amp Joatildeo Batista Santos Conceiccedilatildeo

N 235 Biopoliacutetica raccedila e naccedilatildeo no Brasil (1870-1945) ndash Mozart Linhares da Silva

N 236 Economias Biopoliacuteticas da Diacutevida ndash Michael A PetersN 237 Paul Feyerabend e Contra o Meacutetodo Quarenta Anos do

Iniacutecio de uma Provocaccedilatildeo ndash Halina Macedo LealN 238 O trabalho nos frigoriacuteficos escravidatildeo local e global ndash

Leandro Inaacutecio WalterN 239 Brasil A dialeacutetica da dissimulaccedilatildeo ndash Faacutebio Konder ComparatoN 240 O irrepresentaacutevel ndash Homero SantiagoN 241 O poder pastoral as artes de governo e o estado moderno

ndash Castor Bartolomeacute RuizN 242 Uma crise de sentido ou seja de direccedilatildeo ndash Stefano ZamagniN 243 Diagnoacutestico Socioterritorial entre o chatildeo e a gestatildeo ndash Dirce

KogaN 244 A funccedilatildeo-educador na perspectiva da biopoliacutetica e da gover-

namentalidade neoliberal ndash Alexandre Filordi de CarvalhoN 245 Esquecer o neoliberalismo aceleracionismo como terceiro

espiacuterito do capitalismo ndash Moyseacutes da Fontoura Pinto NetoN 246 O conceito de subsunccedilatildeo do trabalho ao capital rumo agrave sub-

sunccedilatildeo da vida no capitalismo biocognitivo ndash Andrea Fumagalli

N 247 Educaccedilatildeo indiviacuteduo e biopoliacutetica A crise do governamen-to ndash Dora Lilia Mariacuten-Diacuteaz

N 248 Reinvenccedilatildeo do espaccedilo puacuteblico e poliacutetico o individualismo atual e a possibilidade de uma democracia ndash Roberto Romano

N 249 Jesuiacutetas em campo a Companhia de Jesus e a questatildeo agraacuteria no tempo do CLACIAS (1966-1980) ndash Iraneidson Santos Costa

N 250 A Liberdade Vigiada Sobre Privacidade Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet ndash Pedro Antonio Dourado de Rezende

N 251 Poliacuteticas Puacuteblicas Capitalismo Contemporacircneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira ndash Francini Lube Guizardi

N 252 A Justiccedila Verdade e Memoacuteria Comissatildeo Estadual da Verdade ndash Carlos Frederico Guazzelli

N 253 Reflexotildees sobre os espaccedilos urbanos contemporacircneos quais as nossas cidades ndash Viniacutecius Nicastro HoneskoN 254 Ubuntu como eacutetica africana humanista e inclusiva ndash Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN 255 Mobilizaccedilatildeo e ocupaccedilotildees dos espaccedilos fiacutesicos e virtuais

possibilidades e limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica nas metroacutepoles ndash Marcelo Castantildeeda

N 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais O caso de uma comunidade indiacutegena na fronteira da Amazocircnia Brasileira ndash Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muntildeoz

N 257 Cerrado O laboratoacuterio antropoloacutegico ameaccedilado pela desterritorializaccedilatildeo ndash Altair Sales Barbosa

N 258 O impensado como potecircncia e a desativaccedilatildeo das maacutequi-nas de poder ndash Rodrigo Karmy Bolton

N 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical ndash Moyseacutes Pinto Neto

N 260 Itineraacuterios versados redes e identizaccedilotildees nas periferias de Porto Alegre ndash Leandro Rogeacuterio Pinheiro

N 261 Fugindo para a frente limites da reinvenccedilatildeo da poliacutetica no Brasil contemporacircneo ndash Henrique Costa

N 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metroacutepole experiecircncias do ativismo ciberneacutetico do grupo Direitos Urbanos no Recife ndash Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N 263 Seis hipoacuteteses para ler a conjuntura brasileira ndash Sauro BellezzaN 264 Sauacutede e igualdade a relevacircncia do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SUS) ndash Stela N MeneghelN 265 Economia poliacutetica aristoteacutelica cuidando da casa cuidan-

do do comum ndash Armando de Melo LisboaN 266 Contribuiccedilotildees da teoria biopoliacutetica para a reflexatildeo sobre

os direitos humanos ndash Aline AlbuquerqueN 267 O que resta da ditadura Estado democraacutetico de direito

e exceccedilatildeo no Brasil ndash Giuseppe TosiN 268 Contato e improvisaccedilatildeo O que pode querer dizer auto-

nomia ndash Alana Moraes de SouzaN 269 A perversatildeo da poliacutetica moderna a apropriaccedilatildeo de con-

ceitos teoloacutegicos pela maacutequina governamental do Oci-dente ndash Osiel Lourenccedilo de Carvalho

N 270 O campo de concentraccedilatildeo Um marco para a (bio) poliacuteti-ca moderna ndash Viviane Zarembski Braga

N 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver Thoreau e o apelo da natureza ndash Flavio Williges

N 272 Interfaces da morte no imaginaacuterio da cultura popular me-xicana ndash Rafael Lopez Villasenor

N 273 Poder persuasatildeo e novos domiacutenios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira ndash Celso Gabatz

N 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma barrar o caraacuteter predatoacuterio automaacutetico do capitalismo ndash Acauam Oliveira

N 275 Tendecircncias econocircmicas do mundo contemporacircneo ndash Ales-sandra Smerilli

N 276 Uma criacutetica filosoacutefica agrave teoria da Sociedade do Espetaacuteculo em Guy Debord ndash Atilio Machado Peppe

N 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploraccedilatildeo Social ndash Joseacute Roque Junges

N 278 Da esperanccedila ao oacutedio Juventude poliacutetica e pobreza do lulismo ao bolsonarismo ndash Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada ndash Luis David Castiel

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Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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Page 43: numero 280 - capa 1.indd 1 11/02/2019 15:09:57 - IHU · sou filósofo nem especialista dos padres da Igreja ou de Tomás de Aqui-no. Nunca li textualmente uma página de Heidegger

Alain Gignac Doutor em Teologia Praacutetica eacute Diretor do Instituto de Estudos Religiosos da Faculdade de Artes e Ciecircncias (Faculdade de Teologia e Ciecircncias da Religiatildeo da Universidade de Montreal) do Canadaacute desde 1999 onde leciona Novo Testamento Especia-lizado no corpus paulino ele interessa-se pelos meacutetodos de anaacuteli-se sincrocircnica (retoacuterica estrutural narratoloacutegica e intertextual) e os seus impactos hermenecircuticos

Algumas Publicaccedilotildees do autorGIGNAC Alain Narrativiteacute oraliteacute et performance Actes du colloque du RRENAB 2014 Leuven Peeters (Terra Nova 4) 2017 310 p

_______Les lettres catholiques comme discours articuleacutes sur les mises en scegravene de Ac 15 et Ga 1-2 Hypothegravese de travail pour comprendre la pseudeacutepigraphie dans une perspective narratologique et canoniqueraquo Etudes theacuteologiques et religieuses 91 (2016) p 659-672

_______Enunciation Personification and Intertextuality Characterization raquo dans Brisio J Oropeza et Steve Moyise (dir) Exploring Intertextuality Diverse Strategies for the New Testament Use of Texts Eugene (OR) Cascade 2016 p 187-206

Outras contribuiccedilotildeesGIGNAC Alain A redescoberta de Paulo pela poacutes-modernidade Entrevista Especial publicada por IHU on- Line em 20 de dezembro de 2008 Disponiacutevel emhttpwwwihuunisinosbrentrevistas19055

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