número A qualidade diferenciadora da nossa...

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www.clubeprodutores.sonae.pt Nº27 • Agosto 2006 neste número Fruteco aposta na Ameixa d’Elvas Irmãos Alves garantem carne de qualidade A responsabilidade e a honra de dirigir a Unidade de Negócio de Charcutaria, em particular a gama do Clube de Produtores, representa, em primeira instância, o reforço da aposta da Modelo Continente na consolidação e dignificação do nosso valioso mercado de produtos tradicionais, com especial ênfase para a grande variedade de queijos e enchidos tradicionais que, de geração em geração, têm enriquecido a herança cultural portuguesa. Pretendemos redobrar o entusiasmo e desenvolver mais parcerias com aqueles que prestam um serviço inestimável na preservação de técnicas e sabores, disponibilizando uma vasta gama de produtos que pela sua qualidade, tradição e sofisticação, satisfazem uma procura cada vez mais conhecedora e exigente. Mas o nosso maior desafio será consolidar e dignificar ainda mais este mercado. Vivemos a era da globalização e a diluição do nosso património colectivo é cada vez maior, sendo por isso importante destacar e comunicar a especificidade destes produtos. Não nos poupare- mos, por isso, a esforços para enaltecer os factores de diferenciação e as mais-valias que integram a oferta dos nossos produtores. Será também um objectivo, contribuir para a manutenção e alargamento da gama riquíssi- ma de paladares e texturas características de determinadas regiões, bem como tudo fazer para superar o desafio de estimular o consumo de produtos de sabor 100% genuíno, oferecendo toda a segurança do ponto de vista alimentar e ambiental. Importará por isso investir na informação direccionada sobre a origem, parti- cularidades e aplicações culinárias dos diferentes produtos, permitindo o má- ximo conhecimento e deleite ao consumidor. Será imprescindível, também, alocar espaços específicos nas lojas que acolham fórmulas emotivas de co- municação e merchandising capazes de alertar e cativar os consumidores. Não tenho qualquer dúvida de que o conceito de “delicatessen” se en- caixa na perfeição quando falamos dos produtos tradicionais portu- gueses de charcutaria. Tratando-se de um “sortido de riqueza” do nosso País, ainda por cima com um nível de procura crescente, impõe-se, para garantir criação de valor, saber evidenciar a emoção, a tradição e a identidade própria que este mer- cado encerra. Maria João Lourenço Directora da Unidade de Negócio de Charcutaria A qualidade diferenciadora da nossa charcutaria 1

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Fruteco apostana Ameixa d’Elvas

Irmãos Alves garantem carne de qualidade

A responsabilidade e a honra de dirigir a Unidade de Negócio de Charcutaria, em particular

a gama do Clube de Produtores, representa, em primeira instância, o reforço da aposta da

Modelo Continente na consolidação e dignificação do nosso valioso mercado de produtos

tradicionais, com especial ênfase para a grande variedade de queijos e enchidos tradicionais

que, de geração em geração, têm enriquecido a herança cultural portuguesa.

Pretendemos redobrar o entusiasmo e desenvolver mais parcerias com aqueles que prestam

um serviço inestimável na preservação de técnicas e sabores, disponibilizando uma vasta

gama de produtos que pela sua qualidade, tradição e sofisticação, satisfazem uma procura

cada vez mais conhecedora e exigente.

Mas o nosso maior desafio será consolidar e dignificar ainda mais este mercado. Vivemos a

era da globalização e a diluição do nosso património colectivo é cada vez maior, sendo por

isso importante destacar e comunicar a especificidade destes produtos. Não nos poupare-

mos, por isso, a esforços para enaltecer os factores de diferenciação e as mais-valias que

integram a oferta dos nossos produtores.

Será também um objectivo, contribuir para a manutenção e alargamento da gama riquíssi-

ma de paladares e texturas características de determinadas regiões, bem como tudo fazer

para superar o desafio de estimular o consumo de produtos de sabor 100% genuíno,

oferecendo toda a segurança do ponto de vista alimentar e ambiental.

Importará por isso investir na informação direccionada sobre a origem, parti-

cularidades e aplicações culinárias dos diferentes produtos, permitindo o má-

ximo conhecimento e deleite ao consumidor. Será imprescindível, também,

alocar espaços específicos nas lojas que acolham fórmulas emotivas de co-

municação e merchandising capazes de alertar e cativar os consumidores.

Não tenho qualquer dúvida de que o conceito de “delicatessen” se en-

caixa na perfeição quando falamos dos produtos tradicionais portu-

gueses de charcutaria. Tratando-se de um “sortido de riqueza” do

nosso País, ainda por cima com um nível de procura crescente,

impõe-se, para garantir criação de valor, saber evidenciar a

emoção, a tradição e a identidade própria que este mer-

cado encerra.

Maria João Lourenço

Directora da Unidade de Negócio de Charcutaria

A qualidade diferenciadorada nossa charcutaria

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Os irmãos Alves confessam que dificilmente se sentiriam

realizados a trabalhar dentro de um gabinete, fechados

entre quatro paredes. Habituados, desde miúdos, a ajudar

o pai no amanho da terra e na engorda do gado, não

espanta, por isso, que nos estudos tenham optado por

uma formação académica que lhes permitisse prosseguir

e melhorar o negócio familiar: Carlos é hoje engenheiro

técnico de produção animal e o mano Hélder, mais novo, é

engenheiro zootécnico.

A verdade é que, de mãos dadas com o Clube de

Produtores, ambos decidiram, há cerca de três anos,

apostar no desenvolvimento do negócio da engorda de

vitelos e de borregos com controlo de qualidade. E bem se

pode dizer que a aposta está ganha.

A empresa “Carlos & Hélder Alves”, sediada em Funcheira, junto à esta-

ção dos caminhos de ferro local e a uma dúzia de quilómetros de Ouri-

que, é pois o resultado da firme vontade dos irmãos Alves se dedicarem

a uma actividade de que sempre gostaram, com a vantagem acrescida

de que criaram o seu próprio negócio, isto numa época em que, como é

sabido, os empregos não abundam por aí: “Quando acabei de estudar,

ainda trabalhei uns anos no Instituto de Conservação da Natureza (ICN).

Mas, depois, quando o meu irmão Hélder terminou o curso, decidimos

montar a nossa própria empresa, ampliando o negócio em que o meu pai

nos iniciara”, explica Carlos Alves.

Reformado da CP, o pai é hoje um precioso auxiliar e conselheiro dos dois

filhos empresários, que acumulam a particularidade de serem também

os dois únicos empregados da empresa: “Temos um dia-a-dia duro, pois

somos nós a fazer tudo, das sementeiras das forragens ao tratamento do

gado. Por isso começamos a trabalhar antes do sol nascer e depois de ele

se pôr ainda há muita coisa para cuidar”,

sustenta o irmão mais velho, que mesmo

assim considera esta canseira de trabalhar

tantas horas sete dias por semana “prefe-

rível à monotonia de uma vida de escritó-

rio com horário fixo e ar condicionado”.

Para além da herdade que serve de sede

à exploração e é propriedade da família,

Carlos e Hélder exploram hoje cerca de

200 hectares de terrenos descontínuos,

arrendados na região, onde se dedicam à

engorda de novilhos e borregos que ad-

quirem, ainda com tenra idade, a outros produtores.

“A nossa aposta é na engorda dos animais, pois não temos estruturas

para criação”, explica Carlos, embora admitindo que tem vindo a aumen-

tar o número de borregos nascidos na exploração.

O papel decisivo do Clube de Produtores

Crescimento é, aliás, um termo que surge amiúde no discurso dos manos

Alves, tal a forma rápida e sustentada como têm conseguido aumentar a

produção e o respectivo volume de negócios. É pois com visível e natural

orgulho que salientam o facto de a empresa ter duplicado a facturação

entre 2004 e 2005, quando atingiu os

€230.000, preparando-se agora para

nova duplicação em 2006, pois nos

primeiros cinco meses já tinham sido

ultrapassados os €160.000 de volume

de negócios.

“O nosso crescimento vai-se concreti-

zando à medida que vamos reunindo

capacidade de investimento para aqui-

sição de animais jovens e ampliação das

aéreas das pastagens. Mas tudo poderia estar comprometido se não tivés-

semos quem nos assegurasse o escoamento da produção e nos pagasse a

tempo e horas”, garante Carlos Alves, adiantando que “é aqui que entra

em cena o decisivo papel do Clube de Produtores”.

De facto, a empresa vende ao Clube de Produtores a totalidade dos

novilhos (cerca de 10 por mês) e à volta de 70% dos borregos (80 a

120 semanais) engordados na exploração, o que está longe de esgotar

os benefícios proporcionados pela ligação ao Clube: “Faz muito bem à

tranquilidade do sono a garantia de que a produção está à partida ven-

dida e a certeza de que o dinheiro

dos pagamentos chegará na data

aprazada – coisa cada vez mais difícil

de encontrar neste sector –, mas o

contributo do Clube de Produtores

vai muito mais além, ganhando par-

ticular importância o apoio técnico

que nos faculta aos mais diferentes

níveis”, sublinha Carlos Alves.

A ajuda do Clube é desde logo con-

siderada vital ao nível do aconselha-

mento sobre o modo de produção e

do controlo da qualidade do produto final: “As exigências do Clube são

muito rigorosas no que diz respeito ao cumprimento das normas de segu-

rança alimentar”, refere o nosso interlocutor, salientando que a alimen-

tação dada aos seus animais é rica em forragens cultivadas na exploração

e complementada por concentrado seleccionado. “É carne que qualquer

pai se orgulha de dar aos filhos”, conclui Carlos Alves.

Outro aspecto em que os irmãos Alves consideram sensível a acção do

Clube de Produtores refere-se, precisamente, à defesa da imagem da pro-

dução nacional e ao estatuto de credibilidade que emprestam aos produ-

tores através da assessoria prestada no modo de produção e do controlo

de qualidade exercido em todo o pro-

cesso e sobre o produto final, nome-

adamente na fase de embalagem. Por

isso mesmo, acreditam que o mercado

nacional ainda tem capacidade para

absorver mais carne de qualidade pro-

duzida em Portugal, o que significa

que a empresa “Carlos & Hélder Alves”

também tem margem de progressão.

“Se o Clube continuar a apostar nos

nossos produtos e a procura não esmorecer, acreditamos que podemos

crescer mais um pouco, embora não ao ritmo verificado até aqui”, con-

clui Carlos Alves.

CARLOS & HÉLDER ALVES

A paixão de produzir carne com controlo de qualidade

“O nosso crescimento vai-se concretizando à medida que vamos reunindo capacidade de

investimento para aquisição de animais jovens e ampliação das aéreas das pastagens. Mas tudo poderia estar comprometido se não tivéssemos

quem nos assegurasse o escoamento da produção e nos pagasse a tempo e horas”, garante Carlos

Alves, adiantando que “é aqui que entra em cena o decisivo papel do Clube de Produtores”.

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produtos de limpeza industrial, cosmética e brin-

quedos para animais. Emprega cerca de 12.000

colaboradores, divididos pelas unidades situadas

nos estados de S. Paulo, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais e Goiás.

O Grupo Friboi, criado em 1953 na cidade de

Anapólis, foi a paragem seguinte do Clube de

Produtores que visitou o seu matadouro em An-

dradina, a 638 km de S. Paulo. A empresa está

entre os quatro mais importantes frigoríficos*

do mundo e é a maior do Brasil em produção de

carne bovina. Possui 22 unidades, 12 matadou-

ros e duas fazendas, instalações distribuídas por

todo o país. O Grupo Friboi tem uma capacidade

de abate de cerca de 17.000 bovinos por dia e

actua também nos segmentos da pecuária, da

higiene e limpeza industrial e transportes.

Recentemente, o Grupo adquiriu o controle da

O Clube de Produtores viajou até à América do

Sul, em Março passado, para dar a conhecer aos

seus associados os matadouros e explorações

de gado mais importantes do Brasil e Argenti-

na, onde, graças à dimensão e excelente qua-

lidade dos pastos e à eficácia de um adequado

aparelho industrial, se encontram as empresas

que lideram o ranking mundial da produção de

carne bovina.

Da viagem, que durou dez dias, resultou o refor-

PRODUTORES DO CLUBE VISITARAM O BRASIL E A ARGENTINA

À descoberta da carne bovina mais vendida no mundoço da ideia de que os nossos produtores neces-

sitam de actualizar métodos e conhecimentos

de forma a poderem produzir carne com mais

qualidade a um melhor preço.

A elevada qualidade da carne bovina brasileira

e argentina é reconhecida em todo o mundo:

os dois países sul-americanos abastecem os mais

exigentes mercados internacionais e são líderes

globais de exportação deste produto, razões

mais que suficientes para merecerem a visita do

Clube de Produtores.

Brasil lidera exportação

O Brasil detém o maior rebanho comercial do

mundo e é também o maior exportador mun-

dial de carne bovina. Só a União Europeia é

responsável por 37% das suas importações. Ac-

tualmente, cerca de 140 países compram carne

brasileira, uma das mais baratas do mundo.

A incursão do Clube de Produtores pelo negócio

da pecuária no Brasil iniciou-se nas

instalações de um dos matadou-

ros do Grupo Bertin, localizado no município

de Lins, a 440 km da cidade de S.Paulo. Esta

empresa é a primeira exportadora de carne do

país e tem uma capacidade de abate de 1500

bovinos por dia em cada uma das cinco unida-

des industriais. Além do segmento da pecuária,

a Bertin aposta na verticalização do negócio

do bovino e no aproveitamento total da maté-

ria-prima original (ossos, carne, pele, gordura),

investindo na produção de curtumes, calçado,

Swift Armour SA Argentina, a maior empresa ar-

gentina de produção de carne, tornando-se assim

responsável por mais de 50% do mercado inter-

nacional de conservas e carnes industrializadas.

Das Pampas para o mundo

Há mais de 100 anos que a carne bovina pro-

duzida na Argentina tem lugar garantido no

mercado internacio-

nal. Por exemplo, a

União Europeia im-

porta cerca de 28 mil

(*) Centros refrigerados de processamento de

carne que trabalham toda a fileira produtiva do

bovino, desde o abate ao desmanche das car-

caças,

toneladas por ano. Sendo a Argentina uma das

maiores reservas ecológicas do mundo, os bovi-

nos usufruem de uma abundante pastagem e de

um solo verdadeiramente rico. A baixa densida-

de de animais por área de pasto aliada ao clima

temperado da Pampa Argentina resulta numa

carne com baixo índice de gordura intramuscular

e de colesterol, um elevado grau de proteínas e

Gado “Nelori”, um dos pilares do sucesso da produção de carne brasileira

Réplica de chateau francês em plenas pampas argentinas

Mercado de São Paulo

Jantar em Duas Lagoas - Mato Grosso do Sul

Jardins do chateau francês

Gado de raça “Angus”, famoso na Argentina

reconhecidas características anticancerígenas.

O Clube de Produtores visitou ainda um produ-

tor de suínos e vários de bovinos criados em re-

gime extensivo na região das Pampas bem como

um dos maiores grupos da indústria de carne

bovina da Argentina: o matadouro Rioplatense,

localizado em Buenos Aires, tem actualmente

uma capacidade diária de abate e desmanche

de cerca de 1800 bovinos.

No final da visita, os participantes foram unâni-

mes em classificar esta viagem como muito inte-

ressante e positiva para a sua actividade.

Placa de sinalização

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feito um significativo esforço ao nível do in-

vestimento na qualidade e na variedade, no-

meadamente através da crescente aposta nos

métodos de produção integrada.

O desafio da valorização

P - E quais são os desafios que se colocam

à Fruteco num futuro próximo?

MB - Teremos que estar permanentemente

atentos à evolução dos mercados. Não pode-

mos deixar de acompanhar as inovações e as

exigências do consumidor seja a nível da qua-

lidade e da variedade do produto, seja no que

diz respeito à própria embalagem.

Em termos mais concretos, direi que se impõe

uma aposta continuada na valorização da va-

riedade Rainha Cláudia como produto especí-

fico, emblema regional merecedor da Denomi-

nação de Origem Protegida (DOP) e que não

tem concorrência.

P - Como pensam conseguir essa desejada

valorização?

MB - Teremos que saber usar bem a arma da

comunicação para destacar os aspectos que di-

ferenciam o nosso produto. Por que uma coisa

é o produto ser diferente, como acontece com

a nossa Ameixa d’ Elvas, outra coisa bem dife-

rente é o consumidor saber que se trata de um

produto diferente....

Produção - O que é e como

surgiu a Fruteco?

Mota Barroso - A Fruteco é uma

organização de cerca de 30 fru-

ticultores do Alto Alentejo que

produzem ameixas e nozes. De

início, os produtores eram apenas

metade e só produziam ameixas,

com destaque para a variedade Rainha Cláu-

dia Verde, a famosa ameixa d’Elvas que hoje

ostenta a classificação DOP e que a Fruteco

FRUTECO JUNTA FRUTICULTORES DO ALTO ALENTEJO

No berço da famosa Ameixa d’ElvasÉ agricultor em “part-time”, como gosta de dizer, é também Professor na

Universidade de Évora, onde lecciona as matérias de viticultura e fruticultura, é

Presidente da Adega Cooperativa de Borba e é, ainda, um dos mais entusiastas

esteios da Fruteco, uma organização muito especial que ajudou a fundar e

hoje reúne cerca de três dezenas de produtores de ameixas e nozes do Alto

Alentejo. O Prof. Mota Barroso ri-se quando lhe chamam o homem dos sete

instrumentos, até porque toda a sua actividade, embora muito diversificada,

tem um fio condutor muito vincado: a paixão por tirar da terra aquilo que ela

nos poder dar de melhor. No caso presente, o tema central da conversa foi

a Fruteco, o único fornecedor a que o Clube dos Produtores recorre para se

abastecer das célebres e saborosas Ameixas d’Elvas.

tem procurado gerir e desenvol-

ver, já que se trata da nossa jóia

da coroa. Depois, o número de

associados alargou-se e entra-

ram alguns mais virados para a

produção de nozes, que encon-

traram também uma excelente

receptividade junto do mercado

e já representam quase um terço da produção

total da associação.

Podemos dizer que a Fruteco surgiu para res-

ponder à necessidade sentida pelos produtores

de, em conjunto, explorarem melhor as siner-

gias técnicas e de concentrarem a produção,

agilizando assim os processos de tratamento e

comercialização das frutas.

P - E onde é que a produção é concentra-

da?

MB - A Fruteco dispõe de uma Central Frutei-

ra, em Borba, onde a produção dos associados

é objecto de um tratamento cuidado que passa

pela calibragem, embalagem e expedição para

os diferentes clientes, tudo no respeito por

elevados padrões de qualidade. Esta concen-

tração da produção afigura-se de inestimável

importância, tanto mais que os produtores

associados da Fruteco e os seus 170 hectares

de pomares se encontram dispersos por todo o

Alto Alentejo, entre Elvas, Borba e Estremoz.

Aproximar quem produz de quem

consome

P - Um dos clientes é precisamente o Clube

de Produtores...

MB - A Fruteco é associada do Clube de Produ-

tores desde 1996 como fornecedora de amei-

xas, tendo há dois anos iniciado, também com

assinalável sucesso, o fornecimento de nozes.

A relação com o Clube de Produtores tem sido

excelente e hoje cerca de 20% a 30% da pro-

dução da Fruteco é canalizada para o Clube. A

restante produção é absorvida por diferentes

clientes nacionais e estrangeiros, sendo que

cerca de 20% é destinada à exportação. No to-

tal, importa dizer que estamos a falar de cerca

de 800 mil quilos de ameixa, metade dos quais

da variedade Rainha Cláudia Verde e a outra

metade de ameixas japonesas, e 200 mil quilos

de nozes.

P - Quais são as principais vantagens que

realça da ligação estabelecida com o Clube

de Produtores?

MB - Desde logo a possibilidade que o Clube

abre de aproximar quem produz de quem con-

some. Só por si, esta ligação que o Clube per-

mite estabelecer constitui uma vantagem enor-

me para a produção. É a troca de informações

contínua sobre aspectos tão importantes como

a segurança alimentar, as tendências do mer-

cado, enfim, o conhecimento de tudo o que o

consumidor em cada momento mais valoriza.

Penso que este contributo é tão ou mais im-

portante do que a garantia de escoamento de

uma boa parte da produção ou o cumprimento

de prazos de pagamento, outras das múltiplas

vantagens que o Clube proporciona.

P - Como é que tem evoluído, nos últimos

anos, a área dos pomares e o volume da

produção?

MB - Penso que podemos falar numa certa

estabilidade tanto na área plantada como na

quantidade produzida, dado que do lado da

procura também não se têm verificado gran-

des oscilações.

Mas isto não quer dizer que tenhamos caído

numa rotina. Pelo contrário, a Fruteco tem

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da27ª FEIRA NACIONAL DE HORTOFRUTICULTURA

Caldas da Rainha, 28 de Setembro a 1 de Outubro

Vai realizar-se no Parque de Ex-

posições do Oeste, situado nas

Caldas da Rainha, a 27a edição

da Feira Nacional de Hortofru-

ticultura. O evento conta com

a participação de vários produtores agrícolas da

região que vão reunir-se na Divisão de Feiras e

Congressos da Expoeste.

21ª FEIRA NACIONAL DOS FRUTOS SECOS

Torres Novas, 30 de Setembro a 8 de Outubro

Esta feira, organizada pela Associação Nacional

de Produtores dos Frutos Secos e Passados, vai

receber mais de uma centena de expositores de

doçaria, artesanato, produtos alimentares, máqui-

nas e equipamentos. O evento, que contou com a

visita de cerca de 50.000 pessoas em 2005, inclui

também mostras de vinhos, charcutaria e azeite

da região bem como colóquios e um concurso de

fotografia.

FIREFOR - 4º SALÃO INTERNACIONAL

DE TÉCNICAS E MAQUINARIA

PARA A PREVENÇÃO E EXTINÇÃO

DE FOGOS FLORESTAIS

Braga , 6 a 8 de Outubro

Único no seu género, este salão, a de-

correr no Parque de Exposições de Braga, preten-

de apresentar as últimas novidades em matéria de

equipamento para combater os incêndios flores-

tais. Paralelamente, vão realizar-se conferências,

fóruns, demonstrações de maquinaria e um con-

curso de novidades.

RURALTEC 2006 – “ALENTEJO,

TERRA DE PRODUÇÃO DE QUALIDADE”

Évora, 13 a 15 de Outubro

A edição de 2006 da RURALTEC realiza-se na Her-

dade da Mitra e pretende promover um sério de-

bate sobre a produção agro-pecuária e alimentar

de qualidade na Região Alentejo. Na ocasião,

serão também apresentados publicamente os re-

sultados dos inúmeros trabalhos de investigação

produzidos na Universidade de Évora acerca des-

tes temas.

A agricultura portuguesa precisa de mais modelos empresariais e competitivos

como o Clube de Produtores. Esta foi uma das conclusões retiradas da con-

ferência “A Competitividade na Agricultura e os Instrumentos de Engenharia

Financeira”, realizada no final do Junho, na Alfândega do Porto, e que contou

com a presença do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das

Pescas, Jaime Silva, e de muitos especialistas da área. Na ocasião, Belmiro de

Azevedo, Presidente da Sonae SGPS, explicou aos presentes porque é que o

Clube de Produtores é apontado como exemplo de sucesso de competitividade

no sector: só em 2005, os 190 associados do Clube garantiram o fornecimento

de 54% das compras realizadas pela Modelo Continente na área agro-alimen-

tar. Foram escoadas mais de 95 mil toneladas de produtos no valor de 87

milhões de euros, números que comprovam o êxito desta estrutura ligada à

Modelo Continente.

Jaime Silva realçou, durante a conferência no Porto, que “é preciso ajudar os

agricultores a tornarem-se empresários” e a serem menos ”dependentes de

subsídios” para produzir e escoar os seus produtos. A distribuição e a pro-

moção, duas áreas chave para o Clube de Produtores, representam também

para o ministro eixos fundamentais para a modernização e competitividade da

agricultura do nosso país e não é por acaso que ambos irão receber a maior

fatia do orçamento comunitário para o sector até 2013: de 45% a 55% de um

total de 500 milhões de euros anuais, que deverão também ser canalizados

para iniciativas que tenham que ver com sustentabilidade (designadamente,

ambiental) e desenvolvimento de zonas rurais com menos recursos.

Conferência sobre competitividade na Agricultura

Clube de Produtores considerado exemplo de sucesso no sector agrícola

João Fernandes é o novo técnico da área de charcuta-

ria do Clube de Produtores, empenhando-se na me-

lhoria da qualidade da nossa charcutaria regional.

Licenciado em Zootecnia pela Universidade de Vila

Real, João Fernandes ingressou em 1999 nos quadros

da Modelo Continente Hipermercados como técnico

de Qualidade, primeiro na área da charcutaria, no entreposto de Valadares,

depois nas áreas da peixaria e das frutas e legumes.

Ainda antes de ingressar no Clube de Produtores, fez uma pós-graduação em

Toxicologia Alimentar e assumiu o controle de qualidade das Categorias de

Lacticínios, Congelados e Bebidas.

Charcutaria recebe reforço

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