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Eu tive uma surpreendente revelação enquanto fazia o fichamento dos artigos para o meu mestrado: o Caracol Africano nunca transmitiu uma única zoonose no Brasil até hoje, Outubro de 2011, muito embora, isso seja possível, em condições muito especiais. O Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822), por exemplo, ainda não foi res- ponsabilizado no país, por um único ca- so de Angiostrongi- líase abdominal, uma enfermidade causada pelo verme A. cos- taricensis e que tem diversos hospedeiros nativos. Caldeira, Mendonça & Goveia (2007) citam que o verme A. cantonensis, res- ponsável pela Me- ningite Eosinofílica (ME), a pior enfer- midade associada ao Africano, foi provavelmente introduzido no Brasil através de ratos parasitados em navios, pois tanto Caria- cica, Vila Velha (ES) e São Vicente (SP) constituem importantes zonas portuárias (p. 888). Para Júnior et al (2010) a distri- buição silvestre do A. cantonensis no Brasil é provavelmente o resultado de múltiplas introduções do parasita por ra- tos contaminados durante o período do Brasil Colônia devido ao intenso comércio colonial com o continente Africano. A des- coberta do nematódeo A. cantonensis [...] longe do litoral, na região do Vale do rio Paraíba e a observação da variabili- dade morfológica intra-específica dos vermes adultos, corrobora para a confirmação essa hipótese (JUNIOR et al., 2010, p. 940). Nenhum dos quatro casos de ME provocados pelo ver- me A. cantonensis e descri- tos na literatura brasileira desde 2007 foram provoca- dos pelo Africano! Em 2007, os dois primeiros casos de ME no Brasil, ocorridos em Cariacica, ES, fo- ram provocados por uma lesma VERONICEL- LIDAE, Sarasinula marginata (Semper, 1885)(Caldeira; Men- donça & Goveia 2007; Thiengo et al 2010). Em 2008, o caso de Escada, PE, foi pro- vocado provavelmente pelo caramujo lím- nico nativo Pomacea lineata Spix, 1827, a única espécie encontrada no peri -domicílio do paciente infestada pelo ver- NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS... NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS... Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” (Abraham Lincoln) pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” (Abraham Lincoln) Setembro de 2011 Informativo nº 10 o Africano foi responsável por uma única zoonose até outubro de 2011. o Africano foi responsável por uma única zoonose até outubro de 2011. Informativo nº 10 outubro / 2011 Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 01

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Eu tive uma surpreendente revelação enquanto fazia o fichamento dos artigos para o meu mestrado: o Caracol Africano nunca transmitiu uma única zoonose no Brasil até hoje, Outubro de 2011, muito embora, isso seja possível, em condições muito especiais. O Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822), por exemplo, ainda não foi res-ponsabilizado no país, por um único ca-so de Angiostrongi-líase abdominal, uma enfermidade causada pelo verme A. cos-taricensis e que tem diversos hospedeiros nativos. Caldeira, Mendonça & Goveia (2007) citam que o verme A. cantonensis, res-ponsável pela Me-ningite Eosinofílica (ME), a pior enfer-midade associada ao Africano, foi provavelmente introduzido no Brasil através de ratos parasitados em navios, pois tanto Caria-cica, Vila Velha (ES) e São Vicente (SP) constituem importantes zonas portuárias (p. 888). Para Júnior et al (2010) a distri-buição silvestre do A. cantonensis no

Brasil é provavelmente o resultado de múltiplas introduções do parasita por ra-tos contaminados durante o período do Brasil Colônia devido ao intenso comércio colonial com o continente Africano. A des-coberta do nematódeo A. cantonensis [...] longe do litoral, na região do Vale do rio Paraíba e a observação da variabili-

dade morfológica intra-específica dos vermes adultos, corrobora para a confirmação essa hipótese (JUNIOR et al., 2010, p. 940). Nenhum dos quatro casos de ME provocados pelo ver-me A. cantonensis e descri-tos na literatura brasileira desde 2007 foram provoca-

dos pelo Africano! Em 2007, os dois primeiros casos de ME no Brasil, ocorridos em Cariacica, ES, fo-ram provocados por

uma lesma VERONICEL-LIDAE, Sarasinula marginata (Semper, 1885)(Caldeira; Men-donça & Goveia 2007; Thiengo et al

2010). Em 2008, o caso de Escada, PE, foi pro-vocado provavelmente pelo caramujo lím-nico nativo Pomacea lineata Spix, 1827, a única espécie encontrada no peri-domicílio do paciente infestada pelo ver-

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS...NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS...

““Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” (Abraham Lincoln)pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” (Abraham Lincoln)

Setembro de 2011 Informativo nº 10

o Africano foi responsável por uma única zoonose até outubro de 2011.o Africano foi responsável por uma única zoonose até outubro de 2011.

Informativo nº 10 outubro / 2011

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 01

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MOLUSCOS VETORES DE DOENÇAS PARASÍTICAS NO BRASIL

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 03

(•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC

1

DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR

Veiculação Hídrica Gastropoda—Pulmonata

ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni Biomphalaria Glabrata (caramujo)

(Platyhelminthes —Trematoda) Verme chato/plano Digenético

B. straminea (caramujo) B. tenagophila (caramujo)

Incidente Transmissão ativa Homem agente dispersor

(•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC

2

DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR (Gastropoda—Pulmonata)

Veiculação Hídrica

FASCIOLOSE Incidente

Transmissão passiva Homem agente dispersor

Fasciola hepatica (Platyhelminthes—Trematoda)

Verme chato/plano Digenético

Lymnaea columella (caramujo)

L. viatrix (caramujo)

(•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC

DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR

Veiculação Terrestre

ANGIOSTRONGILÍASE Emergente

Transmissão passiva Homem não agente dispersor

Angiostrongylus costaricensis

(Aschelminthes—Nematoda) Verme cilíndrico

Belocaulus angustipes (lesma) Bradybaena similaris (caracol) Helix aspersa (caracol/escargot) Phyllocaulis soleiformis (lesma)

P. variegatus (lesma) Sarasinula linguaeformis (lesma)

Sarasinula marginata* S. plebéia (lesma)

Deroceras laeve (lesma) Limacus flavus (lesma) Limax maximus (lesma)

Pomacea canaliculata (caramujo) * Espécie não reportada no Estado

3

(•) Fonte: AGUDO-PADRÓN (2006 - Com m

odificações)

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Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 04

(•) Até agora, a Angiostrongilíase abdominal encontra-se sub-diagnosticada

em Santa Catarina, restringindo-se/concentrando-se os escassos regis-

tros conhecidos apenas a 2 Municípios Agropecuários Rurais: Nova Ita-

beraba, próximo à cidade de Chapecó, e São Lourenço d’Oeste, próximo

a cidade de Pato Branco, na divisa com o Estado do Paraná, PR, apre-

sentando este último inclusive registros clínicos de óbitos humanos.

Áreas endêmicas rurais na região Oeste com transmissão focal da doença,

envolvendo confirmadamente pelo menos

2 das espécies de moluscos terrestres.

DOENÇA

VERME PARASÍTICO

MOLUSCO VETOR

Veiculação Hídrica

(Gastropoda—Prosobranchia) Caramujos

PARAGONIMÍASE HUMANA OU SOLHA DO PULMÃO Transmissão passiva

Homem agente dispersor

Paragonimus westermani (Platyhelminthes—

Trematoda) Verme chato/plano

Digenético

Heleobia piscium (=australis ) (caramujo) Melanoides tuberculatus

(caramujo)

CLONORQUÍASE

Transmissão passiva Homem agente dispersor

Clonorchis sinensis (Platyhelminthes —

Trematoda) Verme chato/plano

Digenético

Melanoides tuberculatus

(caramujo)

Veiculação Terrestre

(Gastropoda—Pulmonata)

Caracóis

ANGIOSTRONGILÍASE MENINGOENCEFÁLICA OU

MENINGITE Transmissão passiva

Homem não agente dispersor

Angiostrongylus cantonensis

(Aschelminthes—Nematoda) Verme cilíndrico

Achatina fulica (caracol) Sarasinula marginata (lesma)*

Pomacea canaliculata (caramujo)*

Pomacea lineata (caramujo)* *Ocorrência confirmada no Brasil

(•) Relação sinóptica de doenças parasíticas com potencial ocorrência, vermes envolvi dos e respectivos moluscos vetores no

estado de Santa Catarina, SC

(•) Fonte: AGUDO-PADRÓN (2006 - Com m

odificações)

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me A. cantonensis. O Achatina (Lissachatina) fulica apesar de ter sido encontrado no local, não es-tava parasitado pelo A. cantonensis (Thiengo et al 2010). Neste mesmo ano, três meses depois, ocorreu mais um caso em Per-nambuco, na cidade de Olinda e que, de acordo com a anaminese médica, foi também provocado pe-lo caramujo límnico nativo Pomacea lineata (Lima et al 2009; Thiengo et al 2010). Há ainda uma citação fei-ta por Caldeira(2007, p.887) de um óbito 10 di-as após a ingestão do Afri-cano, mas, infelizmente, nunca foi publicado, por-tanto, não pôde ser con-siderado. Então, a pergunta que não quer se calar é: qual a intenção de alguns poucos pes-quisadores e dos meios de comunica-ção, desde 1988, que difundem o Africano como a pior praga do Brasil, como se ele já tivesse causado muitas mortes ou grandes pre-juízos econômicos? Uma célebre frase de Abraham Lincoln diz que "você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas vo-cê não pode enganar todas as pessoas o tempo todo." OBS:. Infelizmente, importante se frisar que na

transmissão dessas doenças parasí-ticas temos hoje, apenas "caramujos nativos envolvidos", confirmadamen-

te, embora eles sejam "aquáticos límnicos"... pelo que valendo em

tempo aquela sua importante dica de "consumo só a-pós passar por panela

de pressão"... "consumo cru nem pensar", ao estilo do que tradicional-mente se faz com as deliciosas "ostras mari-

nhas", por exem-plo... mas não por isso têm que ir à

loucura coletiva do extermínio! :-(

Referências:

CALDEIRA, R. L.; MEN-DONÇA, C.L.G.F. & GO-VEIA, C.O. 2007. First re-cord of molluscs naturally infected with Angiostrong-ylus cantonensis (Chen, 1935) (Nematoda: Metas-trongylidae) in Brasil. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 102(7): 887-889. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/mioc/v102n7/5872.pdf>. Acesso em: 01 out. 2011. MALDONADO JÚNIOR, A. et al. 2010. First report of Angi-ostrongylus cantonensis (Nematoda: Metastrongylidae) in Achatina fulica (Mollusca: Gastropoda) from Southeast and South Brazil. Mem Inst Os-waldo Cruz, Rio de Janeiro, 105(7): 938-941. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2011. THIENGO, S.C. et al. 2010. The giant African snail Achatina fulica as natu-ral intermediate host of Angiostrong-

ylus cantonensis in Pernambuco, nor-theast Brazil. Acta Tropica, Rio de Janei-

ro, 115(3): 194-199. Abstract disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/

pubmed/20083081>. Acesso em: 01 out. 2011. ☼

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 05

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O XXII EBRAM foi o primeiro que participei e desejo transmitir aos organizadores os meus sin-ceros parabéns; primeiro pela organização impe-cável, segundo pelo alto nível das participações, em terceiro pela belíssima cidade escolhida para sediar o evento e, finalmente, por aceitar em seu quadro de participantes, profissionais de distintas áreas, como eu!

Da mesma forma que uma paisagem pode ad-quirir aspectos surpreendentemente diferentes se apreciada de ângulos distintos, esta analogia pode adequar-se a ciência, por exemplo: diferentes profissionais podem sugerir diferentes soluções para um mesmo problema.

No meio científico costuma-se definir o especi-alista como o profissional que sabe muito sobre quase nada! Claro que é uma piada de pesquisa-dor, mas que no fundo, não deixa de ser o reco-nhecimento de uma verdade, por isso, o conceito de interdisciplinaridade é tão contemporâneo.

Em Fortaleza, por exemplo, o painel sobre a nova metodologia de criação intensiva de cara-cóis trará benefícios para muitos pesquisadores da área que, a partir de agora, associarão praticidade para a manutenção dos caracóis em ambiente de laboratório observando a questão do bem estar animal. Este novo método foi desenvolvido por mim, um médico veterinário e serve exemplificar um das vantagens da interdisciplinaridade.

Não resta dúvida de que o caracol africano, ou

simplesmente, Africano, como será chamado nes-te artigo, veio para ficar, pois posso afirmar ago-ra, complementando as informações repassadas durante a palestra da Dra Thiengo em Fortaleza que, hoje, o africano está presente em todo o pa-ís, sem exceções, apesar dos intensos esforços das autoridades para eliminá-lo.

Em 2010 já havíamos declarado, Aquino e Agu-do-Padrón (2010) sua presença em 25 dos 26 es-tados brasileiros, baseados em respectivas publi-cações jornalísticas, com exceção de Roraima mas, os dois estados onde até agora, acreditava-se livre desta espécie, de acordo com a palestran-te, o Rio Grande do Sul e o Acre, na verdade, já estão infestados.

No Rio Grande do Sul, o geógrafo e malacologista Ignacio Agudo cita a existência de populações bem estabelecidas do Africano no município de Torres, na divisa com Santa Catarina (SC), infor-mações estas repassadas para a Dra Mansur pou-co antes do seu mini curso sobre Invasores Continentais ofertado no EBRAM 2011; já no esta-do do Acre, Oliveira (2008) relata a sua ocorrên-cia em Acrelândia, a primeira cidade planejada do Acre, que faz limite ao norte com Amazonas e Rondônia, ao sul e a sudoeste com o município de Plácido de Castro, a leste com a Bolívia e a oeste com o município de Senador Guiomard, desde 20 de março de 2008.

Interessante que muita gente culpa, exclusiva-mente, os criadores do Africano pela grande infes-

A PRESENÇA DO AFRICANO, O PRECONCEITO A PRESENÇA DO AFRICANO, O PRECONCEITO E A DESTRUIÇÃO DA MALACOFAUNA EM E A DESTRUIÇÃO DA MALACOFAUNA EM TODOS OS ESTADOS BRASILEIROSTODOS OS ESTADOS BRASILEIROS

Mauricio Aquino, M. Veterinário.

Dra. Maria de Fátima Martins, Dr. José Willibaldo Tho-mé e senhora e eu.

Dra. Thiengo (uma das maiores especialistas em pato-logia helicícola do país).

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 06

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que hoje, afirmo, tomou todo o país, simples-mente, acusando esse segmento de ter abando-nado seus plantéis na natureza devido à falta de mercado. Mas o que ninguém comenta é que em São Paulo, estavam para ser inauguradas antes da proibição da criação do Africano, cooperativas que, de acordo com Aquino (1989) iriam resolver o maior de todos os problemas dos criadores de caracóis no Brasil, a falta do mercado.É visível o esforço para caracterizar a espécie como non grata no Brasil e foi exatamente por isso que os criadores ameaçados criminalmente e portanto, revoltados, simplesmente desfizeram-se dos seus plantéis da forma mais rápida conhecida, jogando-os fora. Logo, a culpa não pode e nem deve ser atribuída apenas aos criadores, ou ao governo que proibiu a criação do Africano que até então estava confinado em caixas mas, principalmente, aos técnicos que atacaram a atividade desde o início, os que usaram a imprensa para difundir suas “impressões”, aos que correram atrás dos seus 15 minutos de fama, paramentados em pe-les de “heróis sanitários”. Em nenhum momento houve uma preocupação que esta proibição criari-a, como a “malacofobia”, por todo o país.

Há um consenso no meio malacológico de que a "Campanha Pública Terrorista" conduzida desde o ano de 2003 " ‘Pro Erradicação do Achatina (Lissachatina) fulica no Meio Ambiente do Brasil’ têm como reflexo, a imediata e indesejável acele-ração do processo de extinção das nossas espé-cies nativas de caracóis terrestres, a tempo ame-açadas pelas diversas ações antrôpicas que agri-dem o nosso meio ambiente natural, especial-mente os representantes específicas das Famílias BULIMULIDAE, STROPHOCHEILIDAE e MEGALO-BULIMIDAE, muitas delas formas raras, endêmi-cas e no geral muito pouco conhecidas cientifica-mente até hoje.” (AGUDO-PADRÓN, 2011)

Pois bem, de lá para cá, outras sandices foram divulgadas, entre elas, a difusão em larga escala de inverdades que definiram o Africano como es-pécie não comestível ou vetor de grande es-pecificidade e responsável pela transmissão de um significativo número de casos de Me-ningite Eosinofílica e Angiostrongilíase Ab-dominal, como se ele fosse o único capaz de transmití-las em todo território nacional.

Os Africanos são comestíveis como a maioria das espécie exótica introduzida no país como os bovinos, suínos, caprinos, ovinos, avestruzes, ja-valis, tilápias, pombos, abelhas... enfim, a lista é grande... e podem, como todas elas, transmitir, em condições especiais, zoonoses, inclusive fa-tais.

No entanto, divulgar a forma de abate ideal ou o seu correto preparo para o consumo, colabo-rando para a preservação das espécies nativas e para o controle do Africano, parece mais fácil do conter o ego de poucos narcisistas do meio cientí-

fico que se perpetuam na mídia através de dis-cursos apocalípticos.

No momento estou desenvolvendo pesquisas em zooterapia com o muco do Achatina fulica, seguindo os passos da Dra Maria de Fátima Mar-tins, da USP, pois tenho convicção de que sua fisiologia pujante, aperfeiçoada ao longo de 150 milhões de anos pela seleção natural, possa, sin-ceramente, trazer benefícios práticos para auxili-ar o homem em suas necessidades".

Reflitamos sobre o assunto, afinal, somos ani-mais racionais, verdade? ☼

Painel apresentado no XXII EBRAM, 2011, em Fortaleza, Ceará: Novo Manejo Zootécnico Malacocultor

para a Criação de Caracóis (Mollusca, Gastropoda, Pulmonata) em caixas.

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 07

Escargot X Picanha: qual é sonho e qual é realidade. Foto do saudoso artista brasileiro, Mazzaropi.

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O Portal G1 Globo publicou ontem, dia 06, uma matéria sobre a invasão de caracóis em Sergipe: veja a reportagem em: http://glo.bo/r2p1sT “A praga tomou conta dos laranjais nos municí-pios de Boquim, Lagarto e Salgado, na região sul de Sergipe. Os caramujos se alimentam dos fru-tos e das folhas das árvores e destroem as mu-das.

A cada dois meses um caramujo põe cerca de 200 ovos. Cinco meses depois, os filhotes se tornam adultos e começam a se reproduzir. O caramujo africano foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80 por criadores que dese-javam utilizá-lo como alternativa para a criação de escargot. Com o abandono das criações e fu-gas acidentais, os moluscos se dispersaram e ho-je são encontrados em quase todos os estados. Sem informação sobre como combater os cara-mujos, os citricultores de Sergipe se desesperam. Poucos têm condições de pagar por uma assistên-cia técnica particular para resolver o problema. O secretário de Agricultura de Sergipe, José Ma-cedo Sobral, informou que a secretaria está orga-nizando palestras para orientar os agricultores dos municípios infestados pela praga. O secretário também afirmou que agentes de saúde ajudarão no combate ao caramujo.” (G1, 2011) (>)

A IMPRENSA: O PIOR INIMIGO A IMPRENSA: O PIOR INIMIGO DA MALACOFAUNA MUNDIALDA MALACOFAUNA MUNDIAL

Nas fotos das imagens exibidas podemos visualizar diversos caracóis nativos sacrificados no meio dos caracóis africanos, um preconceito que se alastra rapidamente, em todo o mundo e contribui para o empobrecimento do planeta

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 08

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Os caracóis, como qualquer outro ser vivo do planeta, possuem um papel no ecossistema que apenas começamos a querer compreender. Infelizmente, o radicalismo adotado pelos ser-viços de saúde no Brasil, recomendo a erradi-cação do Africano há anos, vem causando per-das irreparáveis à malacofauna brasileira. Recentemente, o médico veterinário uruguaio Miguel de Bethencourt, exibiu uma foto de um Africano que causou muita confusão entre os maiores especialistas brasileiros. O malacolo-gista Ignacio Agudo (RS) difundiu a foto da concha do Achatina fulica uruguaio entre os seus colegas brasileiros, para todos participas-sem de sua identificação e o resultado não po-deria ter sido mais curioso: ninguém identificou o Africano corretamente, confundindo a sua concha com o caracol nativo do gênero Mega-lobulimus sp. De acordo com MS Bethencourt, “cuando se realizó la experiencia con los Achatinas en Uru-guay, nunca pensamos que se iba a producir tanto revuelo. Una foto publicada en el blog http://caracolesuruguay.blogspot.com/ bajo el título Achatina, llevó a que varios técnicos en molus-cos me escribieran, comentando que no parecía un Achatina. Realmente no parece un Achatina, pero era el único caparazón de los Achatinidae que tenía en mi poder. Como en general tiendo a que las fotografías que acompañan mis publicaciones sean de ejemplares colectados o criados por nosotros y dado que lo criamos desde huevo podemos asegurar que realmente es un juvenil de esa familia. La coloración no es la típica y presenta un diseño muy especial. Tal vez pue-da deberse a las condiciones en que fue criado, sin luz natural, o por el estrés sufrido por las bajas temperaturas, etc. Las especulaciones pueden ser muchas, pero el hecho es que el animal existió y su caparazón es el que Ud. ven. Dado que una imagen vale por mil palabras, acompañan este texto fotos de la concha del ejemplar solo y fotos de la misma comparándo-la con la de un Megalobulimus. La similitud es extraordinaria.” Não tenho como precisar onde surgiu no Brasil a primeira crítica ao Achatina fulica que ge-rou até hoje, ao longo de mais de 20 anos, tantos prejuizos a nossa malacofauna, mas posso garantir que a imprensa vem contribuin-do fundamentalmente para difundir esse pre-conceito equivocado não só para o Brasil, mas para para todo o mundo. Fiquei ainda mais preocupado quando soube que agora, o jorna-lista não precisa mais ter nível superior para

exercer a sua profissão! Moral da estória: se nem os especialistas souberam identificar um Achatina fulica, como podemos esperar que a população leiga entenda a diferença?

Achatina fulica (esq.) e o Megalobulimus sp. (direita)

Achatina fulica. (acima)

Achatina fulica (esq.) e o Megalobulimus sp. (direita)

Achatina

Achatina

Achatina

Foto de Miguel de Bethencourt

Foto de Miguel de Bethencourt

Foto de Miguel de Bethencourt

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From: Ignacio Agudo To: [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] Cc: [email protected] ; [email protected] Sent: Thursday, October 06, 2011 12:17 AM Subject: ALERTA VERMELHO EM PAUTA --- Confusão evidente de "Achatina" com es-pécies nativas & "Barreira natural" no Bioma PAMPA ...!

COMUNICAÇÃO PESSOAL AUTORIZADA: COMUNICAÇÃO PESSOAL AUTORIZADA: ATENÇÃOATENÇÃO

ATENÇÃO -- ATENÇÃO ... ... ... Em tempo, um "Arrazoado URGENTE" a seguir, mesmo que acho deverá (... deveria !) ser levado em consideração - e "muito a sério daqui pra frente" - pelos técnicos pesquisadores e "especialistas" do Brasil e da América do Sul em geral: +++ Pelo menos na "Região Central Norte do Cone Sul" da nossa América ficou claramente evidenciado, através da valiosa experiência, fotogra-fias e declarações sopesadas do destacado Médico Veterinário e Técnico Malacocultor/ Helicicultor Uruguaio Miguel de Bethencourt, que a espé-

cie de caracol exótico invasor africano Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822), por razões biotécnicas ainda não esclarecidas/ estabelecidas, pode: ... ... 1.- Apresentar "radicais" variações fenotípicas adaptativas/ mutações à nível conquiliológico que virão a "confundir" ainda mais dita espécie exótica invasora com as nossas espécies de caracóis nativos endêmicos. Embora esta possa representar uma "situação isolada", nunca antes reportada até onde sabemos, e conveniente e URGENTE levar este fato em consideração para os efeitos da correta diferenciação entre as espécies (... de fato, Achatina fulica já é "facilmente" confundido em campo com diversas espécies nativas endêmicas, à diversos níveis: ... público leigo, naturalista, técnico, especialista !), o que exige imedia-tos e redobrados cuidados quanto à destruição de animais visando fins de controle/ erradicação. ... 2.- Existir (... o que ao parecer já é um fato !) uma "barreira/ barragem natu-ral", de ordem ambiental ainda não determinada (... basicamente climática ??? ... ou também co-relacionada aos tipos de solos e formações vegetais regionais ???), entre o Bioma PAMPA (... que domina os espaços geográficos do Uruguai na sua totalidade, a maior porção da Argentina e o Extremo Sul do Brasil !) e o território limítrofe do Bioma MATA ATLÂNTICA (... este último já invadido pela espécie em questão no Cone Sul - territórios do Brasil, Paraguai e Argentina !). "... a situação ventilada, caso confirmada, poderá vir AGRAVAR AINDA MAIS o inconsci-ente e "precipitado" processo antrópico/ campanha terrorista pública em andamento, ocasionando acelerada EXTINÇÃO dos nossos já sofridos e muito pouco conhecidos/ estu-dados caracóis terrícolas nativos endêmicos, em significativa contravenção ao que os "especialistas" vêm - a muitos anos já - denunciando e advertindo. “... Opino que tá na hora dos "setores" unir / combinar esforços e, conjuntamente, decidir de vez quais os CAMINHOS a ser trilhados daqui para frente - no futuro imedi-ato, em benefício tanto da nossa AMEAÇADA BIODIVERSIDADE NATIVA quanto da SAÚDE FÍSI-CA E PSÍQUICA DOS NOSSOS POVOS (... historicamente sofridos e despreparados !) que precisam URGENTEMENTE, mais do que apavorantes e "amarelístas" conflitos públicos, de sólidas e imediatas SOLUÇÕES COLETIVAS ... de cunho prático, sopesado, realista e in-tegrador ...". Considerar emergencialmente os pontos de vista deste "arrazoado" e dar-lhes a devida "divulgação técnica e popular" é tarefa que amerita urgente participação por parte de todos nós !!!!

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NOTÍCIAS-MALACOLÓGICAS. Caramujos africa-nos causam prejuízo a produtores de laranja de Sergipe—SE. Disponível em: <http://noticias-malacologicas-am.webnode.pt/news/caracois-

terricolas-nativos-abatidos-indiscriminadamente-em-conjunto-com-exoticos-africanos-no-

nordeste-do-brasil-/ > Acesso em: 08/10/2011

Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 12

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MSc Miguel de Bethencourt

Facultad de Veterinaria Montevideo - Uruguay

[email protected] "La vida de cualquier animal es mucho mas valiosa que la de aquel humano que es capaz de torturarlo" De los caracoles exóticos, son pocos los que se han adaptado en el Uruguay:entre ellos los más nota-bles son (Scarabino 2003) : Cryptomphalus asper-sa (Helix aspersa) es la especie que más fácilmen-te se aclimató a la región. Está distribuido en todo el país, siendo un animal cosmopolita, habitando más que nada en jardines, cementerios y parques. No se ven en el campo, ni en las plantaciones de eucaliptus ni de pinos. El Otala lactea se encuentra en toda la costa atlán-tica en las zonas de playa, y se pueden ver prendi-dos a los escasos y duros pastos de las dunas. En Montevideo ha ido desapareciendo y salvo algún parque o cementerio cerca de la playa, no se ven con frecuencia, mientras que en el departamento de Rocha, es bastante abundante. El Rumina decollata ha sido detectado en jardines en la ciudad de Montevideo. Se supone que debe de haber llegado con algunas plantas importadas de Europa. Por comentarios personales, se sabe que ingresa-ron a Uruguay, en diversas oportunidades, ejem-plares de Helix pomatia. En todos los casos tuvie-ron dificultades para adaptarse y desaparecieron en poco tiempo. En el año 1996 ingresaron a Uruguay 200 huevos de Achatina, supuestamente Achatina fulica. Estos huevitos, de color fuertemente amarillo, se incubaron en cajas plásticas con algodón humede-cido en agua. A las dos semanas eclosionaron 182 alevines en la Facultad de Veterinaria de Montevi-deo. Los animales se criaron en recipientes de vidrio, humidificando y limpiando diariamente y manteni-éndose a temperaturas no inferiores a 15ºC. Se suministró alimento a base de concentrados, la

misma fórmula utilizada para los C. aspersa, con un 17% de proteína, suplementando con zanahoria y a veces con col y lechuga frescas. El crecimiento fue muy lento y la mortalidad de alevines en el pri-mer mes fue de 122 ejemplares, representando el 67%de la población, quedando solo 60 animales. En los dos meses siguientes continuó la mortan-dad, sobreviviendo solo 7 ejemplares. Se extrema-ron los cuidados con los escasos sobrevivientes, pero ya en invierno fue muy difícil mantener las temperaturas por encima de los 15ºC y continua-ron muriendo. Al completar los 9 meses de la eclo-sión, murió el último de los animales, con un peso de 38g sin llegar al estado adulto. Se necropsiaron 4 de los más grandes y no encon-tramos lesiones (al menos visibles) en los órganos más importantes, solo pérdida de masa corporal (no llegaban a llenar su caparazón). Dado que la temperatura a la que se criaron los animales, vari-aba diariamente entre 15ºC y 25ºC, se adjudicó al estrés provocado por dichas variaciones de tempe-ratura, la mortalidad de los animales. La experiencia sirvió para demostrar la gran dificul-tad que existen en nuestro país para criar dicha especie, habituada a condiciones de mayor tempe-ratura. A pesar de que en el trabajo de Borrero y cols. (2009) se cita el sur del Uruguay como una región en la que podría existir una escasa posibilidad de ser colonizada por el Achatina fulica creemos que las altas variaciones que se registran diariamente, sumado a los períodos de heladas en que a nivel del suelo la temperatura es de 0ºC o inferior, ha-cen muy difícil que esta especie se pueda aclimatar en el país. Analizando los resultados, tomando los datos de la publicación de I. Agudo (2011) en la que divide la región en diferentes biomas, todo da-ría a indicar que sería totalmente improbable que la especie lograse distribuirse en todo el bioma Pampa. Referencias Bibliográficas: - BORRERO, F.J.; BREURE, A.S.J.; CHRISTENSEN, C.C.; CORREOSO, M. & ÁVILA, V.M. 2009. “Into the Andes: three new introductions ofLissachatina fulica (Gastropoda, Achatinidae) and its potential distribution in South Ameri-ca”. IUCN/ SSC Mollusc Specialist Group Newsletter TEN-TACLE, (17): 6-8. - AGUDO-PADRÓN, A.I . 2011. “Ocorrência de moluscos lím-nicos na localidade de “Rincão Gaia”, Município Pântano Grande, Microrregião Vale do Rio Pardo, RS, no Pampa Gaúcho” Projeto “Avulsos Malacológicos – AM”, Florianó-polis - SC, Brasil http://noticias-malacologicas-am.webnode.pt/. - SCARABINO, I. 2003. “Lista sistemática de los gastrópo-dos terrestres del Uruguay”Comunicaciones de la Sociedad Malacológica del Uruguay Vol. 8 nº 78/79 pp203-214.

Un maestro deUn maestro de UruguayUruguay

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Caracol gigante africano

No representa peligro para la comu-nidad: No debe exterminarse, más bien debe aprovecharse para obtener proteí-nas en sustitución de los productos como carne y pollo. Hago un llamado a la colectividad, en es-pecial a las de El Limón y el Castaño, pa-ra advertirles que la proliferación del ca-racol gigante africano, Achatina fulica, no representa ningún peligro para la comuni-dad. Se ha difundido entre la opinión pública que el caracol gigante africano, originario de África Oriental y Ecuatorial, representa un peligro para la comunidad, por el con-trario este caracol ha servido de alimento para muchos africanos, europeos y asiáti-cos desde hace mucho tiempo e incluso se consumió en grandes cantidades du-rante la Segunda Guerra Mundial, como sustituto de la carne de res. A. fulica no es un enemigo de la humanidad, es un gran aliado si aprendemos a convivir con él. En el período lluvioso su proliferación es notoria y eleva su reproducción. Regenerador de la piel: Este caracol no se debe exterminar sino más bien con-trolar su reproducción, para procesarlo y extraer de la secreción mucosa, alan-toína, colágeno y elastina. Importancia económica: Es una espe-cie voraz, se alimenta de muchas espe-cies vegetales, pero en vez de promocio-

nar su exterminio, los Organismos Com-petentes, deben elaborar un proyecto de investigación y de transferencia tecnoló-gica para criarlos y así aprovechar las virtudes de A. fulica, sería diferente! Receta criolla a la Achatina Ingredientes: • 1 Kg de carne de caracol sin

hepatopáncreas • 2 cebollas • Ají dulce • 3 cabezas de ajo criollo • 2 cubitos • 3 papas grandes • 1 copa de vino • Sal al gusto

Hacer un guiso y cocinar durante 20 mi-nutos, servir con aguacate y arepa.

Bióloga Liboria Matinella 27/09/2011, con adaptaciones

O AFRICANO ES UMA EXCELENTE OPCIÓN ALIMENTARIA ADEMÁS

DE SER UM AFRODISÍACOAFRODISÍACO Opinión del Dr. Alfonso Ordosgoitti Franceschi (especialista e investigador de

caracoles comestibles del INIA). Diario El Aragueño el lunes 22 de octubre de 2007, para calmar el pánico infundado a los habitantes de Maracay, por las opiniones

negativas dadas en relación al gigante de la tierra.

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El Filo Mollusca incluye más de cien mil es-pecies de caracoles, que están agrupados en ocho clases: Caudofoveata, Cephaló-poda, Bivalvia, Galeroconcha, Gastrópo-da, Placóphora, Scaphópoda y Soleno-gastres, estas clases están ampliamente distribuidas; habitan en el fondo de los oc-éanos, áridos desiertos, aguas dulces, trópi-cos húmedos y cimas de las montañas. La mayoría de los moluscos son formas li-bres que se arrastran o bien que viven ente-rrados. Todos tienen cuerpos blandos, y la mayoría de las especies están protegidas por conchas duras o exoesqueletos. En Venezuela la fauna molusca autóctona dulceacuícola es conocida, así mismo los be-neficios, y la relación parásito- hospedador intermediario que afecta la salud humana y animal. En lo que respecta a las especies introducidas en el país, se han realizado di-ferentes estudios los cuales han demostrado la dificultad para su erradicación. Tal es el caso del caracol terrestre Achatina fulica, originario de África Ecuatorial Oriental que ha invadido diferentes estados del país por el traslado humano a través de mercancía. Matinella, y cols. 2010, han reportado al

molusco en cuestión, como un transportador mecánico de diferentes helmintos de interés en salud pública, y aunque es una plaga agrícola, puede ser utilizado como un indica-dor de infecciones parasitarias en una co-munidad. No debe considerarse una especie que enferma a la población, por cuanto se requiere un perfecto acoplamiento y esen-cialmente la introducción del nematodo para el desarrollo del ciclo de Angyostrongilus spp. Otros caracoles dulceacuícola del género Thiara, originarios del Medio Oriente y Afri-ca del Este, introducidos al país para el control biológico de Biomphalaria glabra-ta, son excelentes hospedadores de la Para-gonimosis, patología ahora presente en Ve-nezuela y reportada en humanos. Para implementar las estrategias de preven-ción vigilancia y control en los caracoles, es indispensable conocer nociones de su mor-fología, modo de vivir y relaciones con el parásito. Estas medidas servirán para dismi-nuir la densidad poblacional de los mismos, pero difícilmente para exterminarlos. Liboria Matinella, Bióloga

La fauna molusca dulceacuícola autóctona La fauna molusca dulceacuícola autóctona de Venezuela e implicaciones de las de Venezuela e implicaciones de las especies introducidasespecies introducidas

Dra. Liboria Martinela

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La notoriedad del caracol gigante de la tierra Achatina fulica en las proximidades del domicilio humano fue desapercibida por muchos años. En Venezuela, se cono-cen casos de tenencia de Achatina spp. como mascota y ornamento natural de jardines o para curar lesiones en la piel. Sin embargo, a mediados del año 2007 hasta la actualidad algunas informaciones mostraron solamente la parte negativa de A. fulica, lo que creó una resonante alar-ma en la población de Aragua-Venezuela, quienes comenzaron a realizar constantes denuncias por la presencia de caracoles (de cualquier especie) en sus jardines vi-viendas y cultivos. Esta situación compro-metió a muchas Instituciones y a las Co-munidades Organizadas, a realizar reu-niones con el objetivo de promover la participación de cada Organización de acuerdo a su competencia. En tal sentido, se priorizó sensibilizar a la población, identificar los sectores infestados, aten-der la proliferación en cultivos, conocer la relación con el domicilio humano, imple-mentar ensayos a nivel de campo y labo-ratorio y establecer normas y procedi-mientos técnicos para la prevención, vigi-lancia y control del caracol A. fulica. En base a estas experiencias se mencio-

nan algunos logros alcanzados: a) Se elaboró un manual de Normas y Procedimientos Técnicos para la Preven-ción Vigilancia y Control de A. fulica, b) Se implementaron las estrategias para la prevención, vigilancia y control de A. fuli-ca, las cuales se dividieron en cuatro eta-pas: Informativa, Organizativa, Operativa y Evaluativa. c) Se elaboraron formatos para: la recolección de caracoles, levan-tamiento de índice de infestación (búsqueda activa) y recepción de denun-cias (búsqueda pasiva). d) En el Labora-torio Malacológico, se realizó el diagnósti-co parasitológico de la materia fecal y se creó la técnica de “Verificación Dire-cta” (Foto a) para analizar la secreción mucosa de A. fulica, (con la importante observación que no se evidenció la larva infectante L3 y no todas las muestras re-cibidas pertenecían a la especie A. fulica. e) Se colectaron muestras biológicas en campo y los caracoles fueron mantenidos en “hábitat simulado” (Foto b) en un área aledaña al Laboratorio Malacológico. Entre los ensayos realizados es interesan-te citar el que se muestra en la Foto c), donde se observa que los caracoles rode-an el tallo de la planta pero no suben, por tanto podría ser de utilidad para proteger los cultivos u otras plantaciones de la apetencia de los caracoles. Otro ensayo realizado conjuntamente por la Dirección Control de Vectores Reservorios y Fauna Nociva (Laboratorio Malacológico) y el Instituto Nacional de Salud Agrícola Inte-gral (INSAI), resultó no efectivo, para tal propósito, por cuanto los caracoles son capaces de consumir la cal hidratada sin sufrir daños aparentes y como se observa en la Foto d para superar la barrera con cal, un primer caracol segrega la baba que le permite a sus compañeros avanzar en busca de alimento y expandirse por toda el área.

Maracay, 04/09/2011

Conducta de Achatina fulica Dra. Liboria Martinela

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Por WALTER CRUZ

“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos nu-ma jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um maca-co subia a escada para apanhar as bananas, os ci-entistas lançavam um jato de água fria nos que es-tavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum

macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, final-mente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um ba-nho frio, continuavam batendo naquele que tentas-se chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..." Você não deve perder a oportunidade de passar esta his-tória para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo... ‘É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE QUE-BRAR UM PARADIGMA’. (Albert Einstein)” ☼

PARADIGMAS RUINSPARADIGMAS RUINS

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A fome pode ser classificada em aguda, que é momentânea e a crônica, que é permanente e ocorre quando não consu-mimos, diariamente, o suficiente para a manutenção de nosso organismo. Um bilhão de pessoas, quase um sexto da população mundial, sofria de desnutrição em 2009, de acordo com Martins (2009, p.1) e embora o Brasil seja o quarto mai-or produtor mundial de alimentos, produ-zindo 25.7% a mais do que necessitamos para alimentar nossa sua população, ele também ocupa, entre todos os países no mundo, o 6° lugar em subnutrição. “A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que anualmente desperdiçamos 26 mi-lhões de toneladas de alimentos no país. O montante seria suficiente para alimen-tar 35 milhões dos cerca de 72 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, em situa-ção de insegurança alimen-tar.” (ECODEBATES, 2009) De acordo com a FUNDAMIG (2009, P.1) o desperdí-cio diário equivale a 39 mil toneladas de alimentos, quantidade suficiente para sa-ciar a fome de 19 milhões de brasileiros, com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar. “A Bahia é o estado brasileiro com a mai-or concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões), de a-cordo com dados Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. [...] Os três estados com maior número de pessoas em extrema pobreza estão no Nordeste - o segundo é o Mara-nhão (1,7 milhão) e o terceiro é o Ceará (1,5 millhão). O Pará, na região Norte, é o quarto (1,43 milhão). O quinto é Per-nambuco (1,37 milhão) e, em sexto, está São Paulo (1,08 milhão). [...] O ministé-rio informou que o Brasil tem 16,27 mi-lhões de pessoas nessa condi-

ção.” (WSCOM, 2011) O estado de Alago-as aparece em 10º lugar e segundo o Mi-nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, temos 633.650 pessoas em extrema pobreza, o que representa 20.3% da população total do estado. (CALHEIROS, 2011) Para que o governo possa assegurar se-gurança alimentar para toda a sua popu-lação, de acordo com o Bancodealimentos (2011, p.1), é importante discutir-se vá-rias causas: cidadania; distribuição iguali-tária de alimentos e combate ao desper-dício; superação da pobreza; escolaridade e saneamento básico; inserção social; ge-ração de renda; quantidade e qualidade da alimentação. Uma educação de qualidade, pelo menos em minha opinião, é prioridade entre to-das as outras, pois dar o peixe ajuda a matar a fome, mas não ensina ninguém a pescar, contribuindo apenas, para a per-petuação do assistencialismo em favore-cimento da miséria, o que só beneficia a curto prazo, a classe política dominante que, tradicionalmente, manipula esses e-leitores na base do toma-lá-dá-cá. Mas até que possamos colher os frutos da conscientização social em prol da segu-rança alimentar, o caracol africano, que a imprensa vem alardeando como uma pra-ga nociva, na verdade, engendra algumas das qualidades essenciais para minimizar a desnutrição do país: abundância e alto valor nutricional. O Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822) encontra-se hoje ocupando todos os Esta-dos da União, confirmadamente desde o Roraima, RR até o Rio Grande do Sul, RS. Dos sete (7) Biomas biogeográficos de terra firme ocorrentes no Brasil, apenas o "Bioma Pampa" é o único ambiente na-tural que "ainda" não foi invadido pelo ca-racol exótico africano Achatina

Fome X Ignorância Fome X Ignorância Mauricio Aquino / www.CaramujoAfricano.com / [email protected]

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(Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822). A sua Distribuição mais "Meridional" (ao Sul) no Continente da América do Sul encontra-se justo no Brasil, na cidade e Município de Tor-res, RS, domínio da Mata Atlântica limí-trofe com o Bioma Pampa. Os registros conhecidos da espécie para os vizinhos países do Paraguai e da Argentina tam-bém correspondem ao domínio da Mata Atlântica. (AGUDO-PADRÓN, 2011) Em setembro deste ano participei do en-contro brasileiro de malacologia, que reu-niu os maiores nomes do país no XXII E-BRAM – 2011, em Fortaleza e durante um dos debates, sugeri que o caracol africa-no, presente hoje, em todos os estados brasileiros, poderia constituir-se numa al-ternativa alimentar de excelente qualida-de, capaz de minimizar a desnutrição das comunidades mais carentes e para isso seria necessário apenas, eliminar-se o preconceito alimentar. Esta prática con-tribuiria ainda para o eficiente controle do Caracol Africano, como vem ocorrendo, contemporaneamente, na China. Não é preciso dizer que a sugestão gerou um debate exaltado entre eu e alguns pes-quisadores que fingem desconhecer a re-alidade da fome no Brasil. Atualmente, o Brasil lidera o processo de extinção de "caracóis nativos endêmicos" no continente sul-americano, muitos de-les ameaçados de extinção devido a ação antrópica. Mas essa situação come-ça a mudar, pois há um consenso quase generalizado de que a "Campanhas Pú-blicas Terroristas - Doentias e Mal Conduzidas" desde o ano de 2003 "Pro Erradicação do Carol Africano (Achatina fulica) no Meio Ambiente do Brasil” têm como reflexo, a aceleração do processo de extinção das nossas espécies nativas de caracóis terrestres, especialmente os representantes específicas das Famílias BULIMULIDAE, STROPHOCHEILIDAE e MEGALOBULIMIDAE, muitas delas formas raras, endêmicas e no geral muito pouco conhecidas cientificamente até hoje. E o pior é que o Brasil, com suas dimensões continentais e aparente desenvolvimento,

Localização geoespacial do Bioma PAMPA na América do Sul

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vem influenciando seus "vizinhos territo-riais" a seguir a mesma trilha desastro-sa (AGUDO-PADRÓN, 2011) Mesmo assim outras sandices vêm sendo praticadas, entre elas, a difusão em larga escala de inverdades que definem o Afri-cano como espécie não comestível, co-mo hospedeiro intermediário responsável pela transmissão de um significativo número de casos de Meningite Eosi-nofílica, como se ele fosse o único capaz de transmiti-las no país ou até identificá-la como transmissora da esquistosso-mose, uma gravíssima doença transmiti-da por outro gênero de molusco nativo. Resumidamente, podemos citar, que até hoje, outubro de 2011, o Africano (Achatina fulica) ain-da não foi responsável pela transmissão de nenhuma zoonose no Brasil, 23 anos depois da sua introdução no Brasil. Todos os quatro casos de Meningite Eo-sinofílica, por exemplo, estão associados à in-gestão de outros mo-luscos crus. Além do Caracol Africa-no, outros moluscos têm sido apontados co-mo hospedeiros inter-mediários do A. canto-nensis: Sarasinula marginata, Subuli-na octona, Bradybaena similaris. Mas devem existir muitos outros, pois, de a-cordo com Thiengo et al., (2010, p.198) o A. cantonensis e outras espécies congê-neres como o A. costaricensis tem bai-xa especificidade em relação aos seus hospedeiros intermediários e vários mo-luscos terrestres e aquáticos tem sido en-contrados naturalmente infectados. Outra revelação é a citação de Maldonado Júnior et al. (2010) que sugere que a dis-tribuição silvestre do A. cantonensis no Brasil seja fruto, provavelmente, de múl-tiplas introduções do parasita desde o pe-ríodo colonial, devido ao intenso comércio existente na época que favoreceu a intro-

dução de ratos infestados pelo parasita. O mesmo ocorreu com outro parasito e-xótico, o Schistosoma mansoni Sambon, 1907, que também chegou ao Brasil com os escravos africanos trazidos pela Colô-nia Portuguesa (Pompeu 1986: 102; Pi-vetta 2003; Amaral 2005 apud Agudo-Padron, 2006) que é responsável, todos os anos por centenas de óbitos apenas no Brasil. Logo, tudo leva a crer que a ME é uma enfermidade muito rara, pois já devería-mos tê-la diagnosticado anteriormente no Brasil já que o parasito e os seus hospe-deiros intermediários estão aqui há sécu-los. Este é mais um argumento que me leva a

sugerir o uso do Cara-col Africano como ali-mento para a popula-ção e como forma de controle populacional. Fagbuaro (2006, p.688) assegura que o Caracol Africano é u-ma boa fonte de pro-teínas (18 ~ 21%) on-de na Nigéria, um úni-co caracol pequeno, com 25 gramas, for-nece 45% da necessi-dade diária de PTN de uma criança. Hoje em dia, caracol é uma

parte significativa e essencial da dieta di-ária de várias tribos no litoral nigeriano. O caracol é rico em minerais como zinco, magnésio, cálcio, fósforo, potássio, sódio e ferro. De acordo com Bender (1992) o ferro presente na carne de caracóis é 35% ab-sorvido pelo nosso organismo, contra 1 ~ 10% do ferro presente em alimentos de origem vegetal. No Brasil, em 2009, registrou-se 139 mortes por anemia apenas por carência de Ferro, portanto, o consumo do Caracol Africano não só é recomendável, mas po-de minimizar a desnutrição milhões de jovens e adultos em nosso país e, quem

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sabe salvar milhares de vidas. Mas para isso, o preconceito generalizado contra o caracol africano deve ser comba-tido com todas as armas disponíveis. Dessa forma o copo meio vazio seria visto como meio cheio e com esta simples acei-tação da realidade, estaríamos transfor-mando um problema, numa solução.

“Não se chegará jamais à paz com o mundo dividido entre a abundância e a miséria, o luxo e a pobreza, o des-perdício e a fome. É preciso acabar com essa desigualdade social”.

Josué de Castro

Referências:

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