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Nutricão Vegetal - Aspectos práticos A finalidade deste texto é a clarificação de alguns pontos não bem cobertos no artigo Nutrição Vegetal, o acréscimo de outros pontos de vista e o estabelecimento de uma rotina prática. Embora esse assunto seja muito amplo, aquele texto cobre de maneira muito didática o que vem a ser o manejo da água, qual a sua importância na adoção de um regime de fertilização, bem como quais são os passos necessários à obtenção de bons resultados no cultivo de orquídeas. Portanto, recomendo que somente leiam o presente texto após terem lido e relido o artigo sobre Nutrição Vegetal. Introdução: Macroelementos Os "nutrientes" principais ao cultivo de qualquer planta são C (carbono), H (hidrigênio) e O (oxigênio) e são plenamente disponíveis na natureza na forma de água, O2 e CO2. Eles não são considerados verdadeiros nutrientes porque são fornecidos pela própria natureza ou absorvidos diretamente do ar. A água, desses nutrientes citados, é o que mais diretamente está sob o controle dos orquidófilos, pois a sua necessidade é diária, e a sua qualidade determina a disponibilidade e absorção de outros nutrientes que tem que estar em solução aquosa para serem absorvidos. Como discutido no artigo Nutrição Vegetal a água pode também produzir alteração do pH do substrato com o passar do tempo. Resumindo, sem manejo da água não há como fazer manejo nutricional. Os macronutrientes, ou seja, os nutrientes que são necessários em maior quantidade após C, H e O são N (nitrogênio), P (fósforo), K (potássio), S (enxofre), Ca (cálcio) e Mg (magnésio). O que não foi discutido no artigo é que, embora o manejo de N, P, K e Mg seja bastante simples, a administração de Ca e S pode ser complexa. Os sais fertilizantes que são combinados para dar orígem aos fertilizantes comerciais somente podem ser combinados em proporções muito bem definidas e com pouca variabilidade. Isso é devido ao fato de que combinação entre determinados sais levam à precipitação desses sais na forma de compostos insolúveis em água e, portanto, indisponíveis às plantas. Por essa razão, quando temos formulações do tipo NPK 20-20-20, temos poucas possibilidades em termos de combinações de sais fertilizantes para a obtenção dessa proporção de nutrientes em uma forma solúvel. O aspecto prático é que sais solúveis a base de Ca não podem ser combinados com sais solúveis a base de S. Isso porque sais solúveis de Ca e sulfatos SO4 alcalinos solúveis reagem entre si dando origem ao sulfato de cálcio (CaSO4) que é insolúvel e precipita. Daí se depreende que nenhum manejo fertilizante será completo com somente uma formulação fertilizante. Há que utilizar uma formulação principal que deve ser complementar à água de irrigação, tanto em alcalinidade como em composição de sais fertilizantes, e uma formulação acessória, que fornecerá o elemento faltante (ou Ca ou S). Outro ponto muito importante é que desde a década de 60, a maioria dos fertilizantes não contém S, embora esse elemento seja demandado pelas plantas na mesma proporção que o N e em quantidades superiores ao P. O S é hoje reconhecido como o 4º mais importante macroelemento. Em diversas partes do mundo, o uso de fertilizantes sem S acarretou vastas áreas com deficiência desse elemento e uma altíssima demanda internacional pelo mesmo. O excesso de

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Nutricão Vegetal - Aspectos práticos

A finalidade deste texto é a clarificação de alguns pontos não bem cobertos no artigo Nutrição Vegetal, o acréscimo de outros pontos de vista e o estabelecimento de uma rotina prática. Embora esse assunto seja muito amplo, aquele texto cobre de maneira muito didática o que vem a ser o manejo da água, qual a sua importância na adoção de um regime de fertilização, bem como quais são os passos necessários à obtenção de bons resultados no cultivo de orquídeas. Portanto, recomendo que somente leiam o presente texto após terem lido e relido o artigo sobre Nutrição Vegetal.

Introdução: Macroelementos

Os "nutrientes" principais ao cultivo de qualquer planta são C (carbono), H (hidrigênio) e O (oxigênio) e são plenamente disponíveis na natureza na forma de água, O2 e CO2. Eles não são considerados verdadeiros nutrientes porque são fornecidos pela própria natureza ou absorvidos diretamente do ar. A água, desses nutrientes citados, é o que mais diretamente está sob o controle dos orquidófilos, pois a sua necessidade é diária, e a sua qualidade determina a disponibilidade e absorção de outros nutrientes que tem que estar em solução aquosa para serem absorvidos. Como discutido no artigo Nutrição Vegetal a água pode também produzir alteração do pH do substrato com o passar do tempo. Resumindo, sem manejo da água não há como fazer manejo nutricional. Os macronutrientes, ou seja, os nutrientes que são necessários em maior quantidade após C, H e O são N (nitrogênio), P (fósforo), K (potássio), S (enxofre), Ca (cálcio) e Mg (magnésio). O que não foi discutido no artigo é que, embora o manejo de N, P, K e Mg seja bastante simples, a administração de Ca e S pode ser complexa. Os sais fertilizantes que são combinados para dar orígem aos fertilizantes comerciais somente podem ser combinados em proporções muito bem definidas e com pouca variabilidade. Isso é devido ao fato de que combinação entre determinados sais levam à precipitação desses sais na forma de compostos insolúveis em água e, portanto, indisponíveis às plantas. Por essa razão, quando temos formulações do tipo NPK 20-20-20, temos poucas possibilidades em termos de combinações de sais fertilizantes para a obtenção dessa proporção de nutrientes em uma forma solúvel. O aspecto prático é que sais solúveis a base de Ca não podem ser combinados com sais solúveis a base de S. Isso porque sais solúveis de Ca e sulfatos SO4 alcalinos solúveis reagem entre si dando origem ao sulfato de cálcio (CaSO4) que é insolúvel e precipita. Daí se depreende que nenhum manejo fertilizante será completo com somente uma formulação fertilizante. Há que utilizar uma formulação principal que deve ser complementar à água de irrigação, tanto em alcalinidade como em composição de sais fertilizantes, e uma formulação acessória, que fornecerá o elemento faltante (ou Ca ou S). Outro ponto muito importante é que desde a década de 60, a maioria dos fertilizantes não contém S, embora esse elemento seja demandado pelas plantas na mesma proporção que o N e em quantidades superiores ao P. O S é hoje reconhecido como o 4º mais importante macroelemento. Em diversas partes do mundo, o uso de fertilizantes sem S acarretou vastas áreas com deficiência desse elemento e uma altíssima demanda internacional pelo mesmo. O excesso de

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irrigação com água pura sem a suplementação desse importante elemento e a resultante lavagem dos nutrientes acentua a sua escassez. Isso pode acontecer, e acontece, com orquídeas, pois são plantas com grande longevidade e que permanecem no mesmo substrato por alguns anos.

Análise da Água: Ponto de partida

O primeiro passo para o desenvolvimento de um bom programa de fertilização é a realização de uma boa análise da água de irrigação. Darei como exemplo a análise da minha água de poço artesiano e depois discutiremos outras situações.

Análise da Água Casa do Morro 25/03/2009 pH = 6,8 (valor de referência indicada é de pH 6,0, podendo variar de 5.8 a 6.2) Cond. Elet. = 111 µS/cm = 0,111 mS/cm (valor de referência indicada é de 1-2 mS/cm) TDS = 45,7 mg/l Alcalinidade = 81,0 mg/l Dureza Total = 27,8 mg/l Cálcio = 8,1 mg/l Magnésio = 2,2 mg/l Enxofre = < 5,0 mg/l Fósforo = ñ testado Zinco = 0.06 mg/l Sódio = 4,6 mg/l Ferro = < 0,1 mg/l Cloreto = < 0,002 mg/l Boro = < 0,05 mg/l (valor de referência- concentração na água nunca acima de 1ppm) Manganês = < 0,05 mg/l Cobre = < 0,05 mg/l Molibdênio = < 0,0001 mg/l

Interpretação dos principais parâmetros: pH, alcalinidade e condutividade elétrica (CE)

pH

Nessa fase, os elementos mais importantes da análise da água são o pH, a alcalinidade e a condutividade elétrica CE. O pH de 6,8 é um pouco mais elevado que o ideal de 5,8 a 6,2, com média de 6,0 (outras fontes trazem como pH ideal para orquídeas entre 6,2 e 6,5, e a AOSP diz entre 5,0 e 6,0). Porém, essa diferença é pequena em termos da sua influência sobre o pH do substrato no longo prazo. Resta saber se esse pH prejudicaria a solubilidade dos sais fertilizantes. A solubilidade dos sais é importante porque pode determinar a ocorrência de deficiências nutricionais ou de toxicidades. O pH mais elevado que o ideal pode acarretar toxicidade por Mo (molibdênio) e deficiência de Fe (ferro), Mn (manganês), Zn (zinco), Cu (cobre) e B (boro). O pH mais baixo que o ideal pode acarretar a toxicidade por Fe, Mn, Zn e Cu e deficiência de Ca, Mg, e Mo. O gráfico abaixo nos ajuda a verificar isso:

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Os dois sais que mais tem a sua solubilidade reduzida nesse pH um pouco acima do ideal são o Mn (manganês) e o P (fósforo). Contudo, como foi discutido no artigo, o Mn é um microelemento e tem a sua solubilidade pouco reduzida no intervalo de pH de 6,0 para 6,8. Já o P é um macroelemento, e tem a sua solubilidade muito reduzida no intervalo de pH de 6,0 a 6,8. Mas, na prática, ele é necessário em quantidades menores que o K e o N para um bom desempenho de sua principal função: a floração. Anotemos essas ressalvas (observar o P) e vamos ao passo seguinte.

Alcalinidade

A tabela abaixo é uma ótima fonte de indicação para a formulação NPK mais adequada à uma dada alcalinidade. Ela permite a eleição de um fertilizante principal, responsável pela manutenção do pH do substrato no longo prazo e pelo aporte dos principais nutrientes. A alcalinidade encontrada na minha água foi de 81,00 mg/l ou ppm. De acordo com a tabela, o fertilizante mais indicado para a alcalinidade encontrada é o: 15-5-15-5Ca-2Mg. Isso porque? Porque o equilíbrio entre o N na forma de amônio e o N na forma de nitrato existente nessa formulação (1,2% de NH4-N, 2,1% de Urea-N, 11,8%) produz uma reação fertilizante (Reação Fertilizante B141) em que a liberação de íons OH- e H+ pela planta somada ao efeito da alcalinidade presente na água de irrigação favorecem a manutenção de um pH estável no substrato ao longo do tempo. O 15-5-15-5Ca-2Mg é adequado então a uma alcalinidade de água de 75 - 150 ppm CaCo3. O uso de fertilizante com maior conteúdo de uréia/amônia forçaria o pH lentamente para baixo, enquanto que o uso de um fertilizante mais rico em nitrato elevaria o pH do substrato lentamente ao longo do tempo. Felizmente, grande parte dessas informações já vem no próprio rótulo do produto. Basta saber o que querem dizer:

CE (condutividade elétrica) A condutividade elétrica encontrada na minha água é muito baixa, apenas 0,111 mS/cm para um parâmetro máximo ideal após a adição de fertilizante de 1-2 mS/cm (estourando de 3-4 mS/cm). Isso é bom porque me permite acrescentar o fertilizante em doses mais altas, o que é ideal para a fertilização semanal ou quinzenal (para cada 50 ppm de nitrogênio de Peter's Excel 15-5-15-5Ca-2Mg, a EC aumenta em 0.39 mS/cm (rótulo diz 0.345 mS/cm)). Também é bom porque a rega com água pura removerá também o excesso de sais fertilizantes por lavagem ou lixiviação. Outro ponto positivo é que outros sais não úteis ou prejudiciais, tais como o NaCl estão em baixa concentração e não se acumularão no substrato.

A sua água: pH, alcalinidade e CE (ou TDS, Total de Sólidos Dissolvidos) Agora que já discutimos os principais parâmetros da minha água, isso é, pH, alcalinidade e CE, discutiremos quando tratar a sua água e quando não tratar. Se a sua água apresenta pH abaixo de 7,8 e um TDS moderado (igual ou abaixo de 250ppm) o tratamento da sua água pela adição de ácido não é necessário, basta

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escolher o fertilizante mais adequado à sua alcalinidade. Mas se o seu pH for maior que 7,8 e o TDS for igual ou superior a 500 ppm o tratamento ácido é necessário. Primeiro faça a correção do pH, faça nova análise e aí sim escolha o fertilizante mais adequado à alcalinidade residual. Há uma frase famosa de Bob Gordon que diz: "Se o ph da sua água é superior a 7,8, considere o tratamento ácido. Se é maior que 8,2, avalie a possibilidade de usar deionizadores ou sistemas de osmose reversa... ou cultive cactos." Outra opção é a utilização de água de chuva. O tratamento ácido é geralmente realizado com ácido fosfórico ou ácido cítrico. O ácido fosfórico é mais perigoso, é líquido e demanda o uso de luvas de borracha, óculos e máscara, enquanto que o ácido cítrico é disponível granulado e dispensa maiores cuidados. O modo de usar é simples, mas requer uma caixa d'água padrão, de volume conhecido e dedicada ao orquidário. Com a caixa d'água cheia, faça uma media do pH (pode ser com medidor de fita do tipo utilizado em piscina ou com aparelho digital). Logo em seguida, faça a leitura e anote. Vá acrescentando pequenas quantidades de ácido (para uma caixa de 1000 L, de 1 ml em 1 ml ou no caso de granulado, de 2 g em 2 g) e vá repetindo a medida. Lembre-se de ir anotando a quantidade de ácido adicionada. Quando atingir o pH 6,0 terá a sua água corrigida e uma fórmula para repetir o processo sempre que for irrigar ou fertilizar as suas plantas. Colha a água e faça uma análise para determinar a alcalinidade residual e demais parâmetros. Isso porque, geralmente, a medida que o pH baixa, a alcalinidade vai sendo neutralizada e também abaixa. Com a alcalinidade final em mãos, eleja o seu fertilizante principal com base na tabela 1. Mas o que é TDS ? TDS ou Total de Sólidos Dissolvidos é a quantificação de quantos sais estão presentes em solução na água. É obtido pela multiplicação da CE por uma constante (que varia de aparelho para aparelho), e por isso, são medidas quase análogas. A CE no entanto é mais útil pois, como vimos, a adição de sais fertilizantes resulta diretamente no aumento da CE e essa informação já é fornecida na embalagem do produto. Na dependência da CE ou TDS da água (essas geralmente não variam muito com o tratamento ácido) deve-se eleger o modo de fertilização. Se a CE/TDS forem baixas há mais flexibilidade e pode se aplicar a solução fertilizante a cada rega (nutrição contínua) na dose de 100 a 125 ppm de N ou semanalmente nas doses de 150 a 200 ppm ou quinzenalmente na dose de 200 ppm (às vezes 250 ppm). Mas caso a CE/TDS sejam elevadas, pode ser necessária a aplicação contínua de baixas concentrações de fertilizantes (100 ppm a 125 ppm de N), com lavagem mensal do substrato com água pura para evitar o acúmulo de sais. Como visto anteriormente, se a TDS aproxima-se de 500 ppm, algum método de remoção de sólidos dissolvidos será necessário ou então deve-se optar por água de chuva. O limite de 1-2 mS/cm (estourando de 3-4 mS/cm) de CE após a adição do fertilizante deve ser respeitado sob pena de desidratação da planta. Percebe-se que está havendo acúmulo de sais quando a planta adquire um aspecto desidratado, como se não estivesse sendo regada adequadamente apesar de o ser. Nesse caso, a lavagem copiosa com água de chuva ou destilada é um ótimo tratamento.

Preparação da solução fertilizante

Agora precisamos determinar como as características da água são complementadas pela formulação fertilizante escolhida para a nossa alcalinidade. Para que isso seja feito, primeiro precisamos definir qual o regime de fertilização é mais adequado para os nossos propósitos e qual a CE da nossa água nos permite sem tratamento: se fertilização contínua, isso é, toda irrigação é feita com solução

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fertilizante bem diluída, ou se preferimos aplicar o fertilizante periodicamente, a cada semana ou de 15 em 15 dias. Isso é necessário porque quando fazemos fertilização contínua, a cada irrigação as concentrações de fertilizante se somam, ao passo que, com a fertilização periódica, o fertilizante é aplicado em uma dosagem elevada e vai sendo lavado (ou lixiviado) do substrato a cada rega com água pura. Parto do pressuposto que a maioria dos orquidófilos não tem uma caixa d'água dedicada ao orquidário; tem uma água que, embora não seja ideal também não é nociva às plantas; mesmo que tenha um sistema de irrigação, a fertilização é feita com um pulverizador costal a alta pressão; e que, até por comodidade, essa fertilização é feita a intervalos semanais. Esse é o meu método de fertilização, embora a literatura afirme que a nutrição contínua é a "melhor" forma de aplicação de fertilizantes. A concentração de N recomendada para aplicações contínuas é de 100 a 125 ppm, para aplicações semanais é de 150 a 200 ppm de N e para aplicações quinzenais é de 200 a 250 ppm. Agora que já temos as características da água, elegemos um fertilizante principal, determinamos com que freqüência aplicaremos a solução e determinamos qual a concentração necessária de N, só nos resta prepararmos a solução e fazer a sua monitorização periódica: controlar o suprimento de nutrientes (100 a 200 ppm de N), controlar o pH do substrato e da água (6,0, ou 6,2-6,5, ou 5-6 AOSP) e controlar a CE da água ( 1-2 mS/cm, estourando 3-4 mS/cm).

Cálculo da quantidade de adubo por volume de água

A tabela abaixo traz a quantidade de um referido fertilizante necessária à preparação de uma solução fertilizante com a desejada concentração de N em ppm. Para se fazer uma solução de 15-5-15-5Ca-2Mg na concentração desejada de Nitrogênio em partes por milhão: 100 ppm 11,2 g 22 l de água (0.5g/l) 200 ppm 25,2 g 22 l de água (1.0g/l) 300 ppm 36,4 g 22 l de água (1.5g/l) Para cada 50 ppm de nitrogênio de 15-5-15-5Ca-2Mg, a CE aumenta em 0.39 mS/cm (rótulo diz 0.345 mS/cm). Se você possuir um aparelho digital para a medida da CE/TDS, pode fazer rotineiramente o acompanhamento da CE da água sem o fertilizante e após a adição do mesmo, para se certificar que utilizou a dose correta. Percebe-se rapidamente, com a prática do uso de um medidor de CE, que é difícil preparar pequenos volumes de solução fertilizante com concentração rigorosamente consistente. É que o pequeno volume de fertilizante envolvido na produção de pequenos volumes de solução para uso doméstico introduz um fator de erro de medida importante. Por isso, estufas comerciais lançam mão de caixas d’água maiores e de aparelhos chamados “injetores proporcionais” com a finalidade de produzir soluções consistentemente da concentração desejada. Uma caixa d’água de volume maior permite maior precisão na medida porque é mais fácil medir com precisão um kilo de fertilizante que um grama. O injetor proporcional permite misturar uma solução concentrada previamente preparada em um recipiente maior (e portanto com maior precisão) na água do sistema de irrigação a medida que essa

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passa pelo aparelho, quando a solução concentrada é diluida muitas vezes conforme indicado no aparelho. A tabela abaixo traz a relação entre a concentração de N em ppm e a CE para uma dada formulação de fertilizante. Lembre-se de adicionar a CE já presente na sua água antes da adição do fertilizante. Para se determinar a concentração de cada elemento de um dado fertilizante em uma concentração de N de 100 ppm, a tabela abaixo é bastante útil. Com essa última informação, chegamos a uma conclusão que uma solução de 15-5-15-5Ca-2Mg na concentração de N de 100 ppm contém: % do nutriente / % total de N x concentração total de N em ppm na solução = N 100 ppm P 33.33 x 0.43 = 14.332 ppm K 100 x 0.83 = 83.00 ppm Ca 33.33 ppm Mg 13.33 ppm S 0.00 ppm B 0.125 ppm Cu 0.125 ppm Fe 0.50 ppm Mn 0.25 ppm Mo 0.05 ppm Zn 0.25 ppm Adicionando o que já se encontra na água: pH = 6,8 Cond. Elet. = 0,111 mS/cm + 0.69 = 0.80 mS/cm = 1.491 mS/cm TDS = 45,7 mg/l Alcalinidade = 81,0 mg/l Dureza Total = 27,8 mg/l Nitrogênio = ñ testado + 100.00 = 100 ppm = 200 ppm Fósforo = ñ testado + 14.33 = 14.3 ppm = 28.6 ppm Potássio = ñ testado + 83.00 = 83 ppm = 166 ppm Cálcio = 8,1 mg/l + 33.33 = 41.4 ppm = 74.76 ppm Magnésio = 2,2 mg/l + 13.33 = 15.5 ppm = 28.86 ppm Enxofre = < 5,0 mg/l + 0.00 = ? = ? Zinco = 0.06 mg/l + 0.25 = 0.31 ppm = 0.56 ppm Sódio = 4,6 mg/l + 0.00 = 4.6 ppm = 4.6 ppm Ferro = < 0,1 mg/l + 0.50 = 0.5 ppm = 1 ppm Cloreto = < 0,002 mg/l + 0.00 = 0.0 = 0.0 ppm Boro = < 0,05 mg/l + 0.125 = 0.125 ppm = 0.25 ppm Manganês = < 0,05 mg/l + 0.25 = 0.25 ppm = 0.5 ppm Cobre = < 0,05 mg/l + 0.125 = 0.125 ppm = 0.25 ppm Molibdênio = < 0,0001 mg/l + 0.05 = 0.05 ppm = 0.1 ppm

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Como vimos no princípio, a solubilidade do Mn e do P eram as maiores preocupações no que diz respeito à disponibilidade da sua forma solúvel em concentrações adequadas às plantas para o pH encontrado de 6,8. Para o crescimento e florescimento adequados, uma planta necessita de 10 a 20 ppm de P em intervalos regulares. Como vemos acima, esse valor foi bem atingido. A concentração de MN de 0.25 ppm também é mais do que a suficiente. A concentração de B bem abaixo de 1 ppm é ótima e saudável. O B é um dos principais ingredientes nas formulas de "Hormônios de Enraizamento". Seu uso freqüente é, no entanto, deletério ao desenvolvimento vegetal. Todos os demais nutrientes estão em doses adequadas, exceto o S.

O S (enxofre) Mencionamos que uma fórmula fertilizante geralmente contém Ca ou S, não ambos simultaneamente. Isso visa maximizar a quantidade desses elementos que estarão em solução e, portanto, disponíveis para a planta absorver. Quando presentes simultaneamente em solução, esses elementos tendem a se combinar para formar sulfato de cálcio, mais conhecido como gesso, que então precipita. O gesso constitui uma forma indisponível desses elementos para planta, embora haja, na presença de água, há um equilíbrio dinâmico entre o precipitado de gesso e as formas solúveis de Ca e S. Desse modo, sempre haverá alguma quantidade desses elementos em solução, embora haja uma predominância de gesso precipitado, que por não ser solúvel se acumulará no substrato. Conforme mencionamos no início, a grande maioria dos fertilizante foliares não possui nenhum S. Elegemos o 15-5-15-5Ca-2Mg como o fertilizante principal. Como a grande maioria dos fertilizantes modernos, o 15-5-15-5Ca-2Mg também não possui S, embora aporte o Ca e o Mg. Agora precisamos de uma outra formulação que possua S. Uma forma simples de resolver o problema é suplementar, a intervalos periódicos, o S na forma de um ou mais de seus sais de forma isolada ou combinada. Outra forma é alternar a adubação com um fertilizante que contenha S e não contenha Ca, tal como o Solan (3% de S). Os sais de S mais utilizados são: O Sulfato de Potássio (K2SO4) contém 18% de S e 50% de K2O. Tem solubilidade de 11,1 g/100ml de água a 20ºC. Esse sal supre S e K, dois dos mais importantes macroelementos. O K é o elemento necessário em maior quantidade depois do N e o seu excesso não está relacionado a maiores problemas à planta. O S é necessário em média nas mesmas concentrações que o N e pouco maiores que o P. Uma outra característica é que o sulfato de potássio tem pouco ou nenhum efeito sobre o pH do substrato no longo prazo e é, portanto, um dos principais sais a se utilizar para suplementar S. Uma solução de contendo 0,5g de sulfato de potássio em 1l de água conterá 90 ppm de S e 250 ppm de K. O Sulfato de Magnésio (MgSO4.7H2O) contém 16% de MgO e 32% de SO3 e tem PM 246. A versão solúvel é a hepta hidratada. Tem solubilidade de 25.5 g/100ml de água a 20ºC. Esse sal tem a vantagem adicional de não produzir nenhuma alteração do pH. Permite também suplementar dose extra de Mg. A deficiência de Mg, juntamente com a do Fe, é grande responsável pela clorose das folhas verdes, pois ambos são necessários à formação de clorofila. Uma solução contendo 0,5g de sulfato de magnésio hepta hidratado conterá 160 ppm de S e 80 ppm de Mg. Atenção: não se deve utilizar esse sal de forma isolada com muita freqüência, pois

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atrapalha a relação Ca/Mg que, na média, deve ser mantida em 2,5 Ca:1 Mg. Deve ser usado somente para evitar a deficiência de S ou para tratar deficiência de Mg. O Sulfato de Amônio ((NH4)2SO4) contém 21% de N na forma de cátions de amônio e 24% de S na forma de ânions de sulfato. Tem solubilidade de 70.6 g/100 ml de água a 20ºC. Esse sal é muito utilizado em programas de fertilização em que a água de irrigação água tem elevada alcalinidade ou quando há utilização de substratos que, na sua decomposição, se tornam alcalinos. Isso porque tem o efeito direto de baixar o pH do substrato. É também utilizado como adjuvante de alguns tipos de inseticidas, pois potencializa o seu efeito. No caso em questão, não é o mais bem indicado. O Sulfato Ferroso (FeSO4.7H2O, 20% Fe e 11,5% S, PM 278) também é boa fonte de S mas é mais utilizado como forma de suplementar Fe. Isso porque o sulfato ferroso é muito instável, abaixa o pH da solução e pode levar à toxicidade por excesso de Fe. Para produzir uma solução estoque de sulfato ferroso, juntar 25g de FeSO4 + 30g de EDTA + 1l de água e colocar num ebulidor de aquário por 24 h em ambiente escuro.

Monitorização da Fertilização

Agora que já sabemos como analisar a água, eleger o nosso fertilizante principal, complementar o elemento faltante (Ca ou S), qual a concentração dos nutrientes adequada ao bom crescimento das planta e com que periodicidade fazer a sua administração temos que monitorizar o desempenho do nosso programa de fertilização. Isso significa observar atentamente as plantas e perceber precocemente quando algumas apresentarem alterações. Por mais perfeito que seja o programa de fertilização, problemas acontecerão. Em linhas gerais, as irregularidades nutricionais acontecem por meio de 4 mecanismos principais: 1- Falta de Aporte de Nutrientes Quando não é feita nenhuma adubação e a planta conta apenas com os nutrientes oferecidos pela decomposição do substrato. Algumas espécies se comportam muito bem nesse regime de cultivo, principalmente algumas espécies de microorquídeas. Mas a grande maioria das espécies e híbridos em cultivo domiciliar se beneficiam de um programa de fertilização. Quando feito, deve ter concentração de nutrientes e frequência suficientes. 2- Falta ou Excesso de Água Como comentamos anteriormente, os nutrientes tem que estar dissolvidos na água para serem absorvidos. Sem água não há absorção. Uma rega adequada é, na minha opinião, o principal aprendizado que separam um orquidófilo bem sucedido de um mal sucedido. Isso porque só a presença de água não é o suficiente para que esta seja absorvida: a planta também tem que ter raízes. Um sistema radicular exuberante é fundamental para a obtenção do potencial de qualquer planta e o método de rega pode proteger ou prejudicar as raízes. A rega pode ser dividida em 5 componentes básicos: plenitude, volume, velocidade, fracção de lixiviação e frequência. A plenitude diz respeito à quantidade do substrato que vai ser encharcado pela rega. O volume é a quantidade de água

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aportada na rega. A velocidade é uma medida da rapidez com que o volume de água regada é entregue. A fracção de lixiviação é o volume de água que sai pelo vaso após a rega, ou o percentual que representa em função do volume aportado. E a frequência e a periodicidade em que a rega é feita. Uma boa rega deve ter plenitude total (todo o substrato deve ser molhado), velocidade pequena (para dar tempo ao substrato que absorva a água ofertada), volume proporcional ao tamanho do vaso e tipo de substrato (um vaso maior deve receber mais água que um menor, e um substrato mais areado e menos absorvente deve receber menos água que um mais absorvente), fracção de lixiviação precisa (suficiente à remoção do excesso de sais sem a retirada excessiva de nutrientes) e frequência variável (o substrato deve quase secar antes de uma nova rega, e para a obtenção desse objetivo, a periodicidade deve variar com as estações do ano, a presença ou não de chuva, a humidade relativa do ar, o tipo de vaso regado, se de plástico ou barro, etc…). Pois é, uma rega consistentemente ideal é uma arte que exige paciência e observação. O excesso de água por sucessivas regas pode causar o apodrecimentos das raízes, principalmente das epífitas e rupícolas, bem como a lavagem do substrato com a remoção excessiva de sais fertilizantes. Água em demasia também pode levar à proliferação de Nematóides, que parasitam as raízes. O excesso de água e a adubação orgânica são uma combinação extremamente deletéria ao sistema radicular pois há uma potencialização da decomposição do substrato e da proliferação de bactérias, fungos, algas e nematóides. A presença do caracol das orquídeas, o Zonitoides arboreus, é outra comum causa de um sistema radicular deficiente e sua proliferação é facilitada pelo excesso de água. Em contrapartida, a falta de água elimina o veículo transportador de nutrientes para dentro da planta. A falta de uma fração de lixiviação adequada ou uma frequência de rega baixa com relação à fertilização pode levar ao acúmulo de sais fertilizantes no substrato ao longo do tempo (ver item 3). 3- Excesso de Sais no Substrato Logo após replantarmos uma orquídea, o seu substrato está limpo e livre de sais. Com o passar do tempo, à medida que o substrato se decompõe e fertilizamos as plantas, os sais fertilizantes vão se acumulando no vaso. Em parte, isso é desejável, pois permite a contínua disponibilidade de nutrientes para a planta. Porém, além de um certo ponto, pode também se tornar um problema. A raiz das plantas funciona como uma membrana semi-permeável. Ela deixa a água entrar, mas somente um tanto de sais de cada vez. Os sais que já estão dentro da planta, somados as proteínas, exercem uma força osmótica para que mais água entre pelas raízes. Ao mesmo tempo, as folhas da planta transpiram deixando que água escape por elas. Dessa forma tem origem um fluxo de água e nutrientes no sentido da raiz para as partes verdes da planta. Os sais presentes no substrato também apresentam uma força osmótica, que atua contra o fluxo de água que entra pelas raízes. À diferença entre a força osmótica dos sais no substrato e a força osmótica dos sais e proteínas dentro da planta chama-se gradiente osmótico. À medida que os sais fertilizantes se acumulam no substrato, esse gradiente osmótico se reduz e a facilidade com a qual a planta absorve água e nutrientes também diminui. A força osmótica dos sais fertilizantes no substrato não é constante. Logo após uma rega, há muita água para dissolver os sais presentes no substrato, mas à medida que a água se evapora, a concentração do sais em solução aumenta e o

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gradiente osmótico se reduz. Em uma planta recém replantada, uma rega permite a absorção de água e nutrientes durante muitas horas, até que o substrato se seca, pois inicialmente há poucos sais fertilizantes presentes. Mas quando os sais atingem concentrações mais altas, o gradiente osmótico é tal que a água para de se movimentar para dentro da planta, mesmo que o substrato ainda esteja molhado. Inicialmente, entra água o suficiente para a planta não se desidratar, mas alguns nutrientes podem faltar dando origem a deficiências nutricionais. Em seguida, quando os sais se acumulam ainda mais no substrato, a planta tem dificuldades até para absorver suas necessidades mínimas de água e se desidrata. 4- pH do Substrato Fora da Janela Ótima Como vimos anteriormente, grande parte do esforço empregado em formular e implementar corretamente um programa de fertilização está voltado para o controle do pH do substrato ao longo do tempo. Idealmente, a cada 3 anos o substrato de uma orquídea deve ser renovado. Sendo esse o caso, raramente será necessário o envio de substrato para análise. Mas, se por alguma razão for necessária a permanência de plantas por períodos superiores a esse no mesmo substrato, recomendo a avaliação anual do mesmo. Felizmente, os mesmos laboratórios que fazem a análise da água frequentemente fazem também a análise do substrato. O cultivo de plantas em substrato de pH inadequado não vai muito longe, devido à precipitação dos sais fertilizantes (os oferecidos pela fertilização e os resultantes da decomposição do substrato). Porém, na fase inicial de saída da janela ideal do pH do substrato, deficiências nutricionais ou intoxicações podem ocorrer.

Função dos Elementos nas Plantas, seu Excesso e sua Deficiência O diagnóstico de problemas relacionados à fertilização é muitas vezes difícil. Tecnicamente, o diagnóstico de certeza de deficiências ou intoxicações passa pelo exame da planta por um processo em que essas são levadas a um forno especial e as cinzas examinadas e quantificadas em seus componentes. Como esse processo destrói a planta em questão, simplesmente não é aplicável aos orquidários amadores. As informações abaixo visam ajudar na tentativa de diagnosticar as deficiências e as intoxicações causadas por falta ou excesso de nutrientes. A partir daí podemos estudar a necessidade de suplementações de nutrientes, de alterações no programa de fertilização, de mudanças na rega ou até de replante: N - Nitrogênio É o elemento responsável pelo crescimento da massa verde da planta, e é componente das proteínas, DNA, Enzimas e clorofila. A sua deficiência leva ao raquitismo e perda prematura das folhas mais velhas. É translocado livremente das partes mais velhas para as mais novas e, por isso, sinais de sua deficiência surgem primeiro nas partes mais velhas da planta na forma de clorose. O excesso produz planta de grande porte, mas sem rigidez, flácida, principalmente nas hastes florais, que não suportam o peso das flores e se dobram. P - Fósforo Potencializa a floração e o desenvolvimento radicular. A sua deficiência pode causar folhas amareladas, pardas, azuladas, poucas

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flores, atraso na floração, ausência de floração. O excesso não foi identificado. K - Potássio Importante na síntese de carboidratos (açúcar), regulação dos estômatos, tolerância ao frio, resistência a doenças. A sua deficiência causa flores pequenas, falta de brilho nas folhas, cor de ferrugem nas pontas e margens das folhas mais velhas. O excesso não foi identificado, é o nutriente necessário em maior quantidade depois do N. Ca - Cálcio Importante na estrutura da parede celular, divisão celular e atividades enzimáticas. A sua deficiência compromete a rigidez estrutural da planta, e o bom desenvolvimento do sistema radicular e dos botões florais. Por não ser translocado dentro da planta, os primeiros sinais de deficiência são primeiro observados em brotos novos. S - Enxofre É componente essencial de aminoácidos/proteínas. A quantidade de S em todas as plantas é igual à do NPK (macronutriente). É um componente da enzima nitrogenase, que permite a fixação simbiótica do N. É livremente translocado dentro da planta. A deficiência causa clorose de padrão semelhante à do N, mas em brotos novos. Faz com que a planta não cresça. Mg - Magnésio É um importante componente da clorofila, pectina, fitina e outras enzimas. A deficiência provoca clorose (perda da coloração verde). A clorose causada por deficiência de Mg começa pelas folhas mais velhas, porque, a medida que novos brotos surgem, o Mg vai sendo transportado das folhas mais velhas para as mais novas. Pode dar tom vermelho. Fe - Ferro Não é translocado dentro da planta. É componente de enzimas, e é envolvido diretamente na fotossíntese. A sua deficiência causa clorose. A clorose causada pela deficiência de Fe acomete as folhas novas em padrão paralelo ao maior eixo da folha, ao longo das nervuras. As folhas ficam esbranquiçadas. Mn - Manganês Não é translocado dentro da planta. É componente de enzimas. A sua deficiência causa clorose intervenosa e tornando-se bronzeada. B - Boro Não é translocado dentro da planta. É componente de enzimas. Importante na fertilidade do pólen, na formação das flores. A deficiência pode provocar deficiência na duplicação do DNA, rachaduras no pseudobulbo e nanismo. Cu - Cobre Não é translocado dentro da planta. É componente de enzimas. A sua deficiência pode provocar morte dos brotos, clorose cinzenta/esbranquiçada, progredindo caudalmente. Zn - Zinco Não é translocado dentro da planta. É componente de enzimas, e é envolvido diretamente na fotossíntese.

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A sua deficiência provoca encurtamento dos internódios. A planta não pode crescer. Cl - Cloro Livremente translocado dentro da planta. As funções do cloro não são muito bem compreendidas, mas estão correlacionadas com resistência a doenças. A sua deficiência causa perda de turgor, secamento da ponta das folhas, necrose das folhas. Co - Cobalto Faz parte da vitamina B12. Favorece o crescimento das plantas. Si - Silício A sua ação é desconhecida. Supostamente aumenta a resistência do revestimento da planta contra pragas e doenças. I - Iodo Supostamente auxilia no desenvolvimento de L. lobata. O KI pode ser encontrado em farmácias e deve ser dosado como micronutriente. 1g de KI para 10 a 50 l de água.

Hormônios e outros aditivos vegetais

Uma legião de orquidófilos defende com unhas e dentes os chamados "suplementos" ao programa de fertilização. Esses são substâncias que tem funções de vitamina ou de hormônios vegetais. Os principais estão relacionados abaixo: ácido indol-3-butírico O ácido indol-3-butírico, nome comercial AeB - fórmula molecular C12H13NO2 ,PM 203,24, é um hormônio vegetal da família das auxinas e é o único real hormônio de enraizamento - É disponível no Ceasa (Cabral) - Para ser utilizado, deve ser diluido em álcool etílico (75% ou mais puro) até que concentrações de 10.000 a 50.000 ppm sejam alcançadas. Em seguida, diluir a solução com água destilada até que a concentração desejada seja alcançada. Uma solução de estoque típica tem concentração de 1g/l (1000 ppm), manter o frasco enrolado em papel alumínio, pois o ácido indol-3-butírico é fotossensível. Diluir 1-2 ml por l de água da solução estoque e aplicar a cada 3 meses. Deve ser utilizado em concentrações abaixo de 0,06%. ácido 1-naftaleno-acético O ácido 1-naftaleno-acético, fórmula molecular C10H7CH2COOH é um hormônio vegetal da família das auxinas e é utilizado em muitos produtos comerciais de enraizamento, notadamente o Superthrive® (concentração de 0,48%). É um agente enraizador, promotor do brotamento e é utilizado em propagação vegetal tipo meristema e cultura de tecidos. Deve ser utilizado em concentrações abaixo de 0,11%, no máximo 1 vez ao mês. Há quem defenda a tese de que seu uso mais freqüente que isso seja mutagênico. mononitrato de tiamina (vitamina B1) O mononitrato de tiamina (ou o difosfato de tiamina) está envolvido em muitos processos celulares. É uma coenzima importante no catabolismo de carboidratos e aminoácidos. Está presente no Superthrive® (concentração de 0,09%). Deve ser utilizado em concentrações abaixo de 0,03%.

Resumo por Theo Gontijo

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ANEXOS

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