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Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II NUTRINDO MENTES ONDE NASCE A SAÚDE Verônica de Jesus de Lima Ávila 1 Liliane Caroline Servat 1 Anelize Queiroz Amaral 2 Introdução Entre os assuntos relacionados à adolescência, um tema que merece destaque é a importância de uma alimentação saudável, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo um bilhão de pessoas tem excesso de peso, entre as quais metade são obesas (BATISTA, 2007). Perante o aumento da obesidade a nível mundial, a OMS classifica a obesidade como a “epidemia do século XXI”. De acordo com Marques et.al (2007) o século XX foi marcado por uma dieta rica em gorduras, açúcar, alimentos refinados e reduzidos em carboidratos complexos. A II Conferencia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (II CNSAN), revelou em seu relatório final um aspecto importante relativo ao entendimento do que é alimentação saudável, ao considerar a obesidade juntamente com a desnutrição como manifestações de (In) segurança Alimentar e Nutricional. (Batista, 2007). Assume-se que tanto a desnutrição quanto a obesidade são resultantes de uma má - alimentação, considerando seus desequilíbrios e carências. Para Noble et.al (2000) apud Batista (2007), afirma que nas escolhas alimentares, o caráter saudável dos alimentos é um fator que exerce pouca influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência da comida. O mesmo autor declara que, ensinar às crianças bons hábitos de saúde tais como uma alimentação correta é mais fácil e melhor do que tentar corrigir os maus hábitos de saúde quando estes já estão estabelecidos. 1 Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. [email protected] ; [email protected] . 2 Bióloga Mestre em Educação para Ciência e o Ensino de Matemática, Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. [email protected] .

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Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II

NUTRINDO MENTES – ONDE NASCE A SAÚDE

Verônica de Jesus de Lima Ávila 1 Liliane Caroline Servat 1

Anelize Queiroz Amaral 2

Introdução

Entre os assuntos relacionados à adolescência, um tema que merece

destaque é a importância de uma alimentação saudável, segundo a Organização

Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo um bilhão de pessoas tem excesso de

peso, entre as quais metade são obesas (BATISTA, 2007).

Perante o aumento da obesidade a nível mundial, a OMS classifica a

obesidade como a “epidemia do século XXI”.

De acordo com Marques et.al (2007) o século XX foi marcado por uma dieta

rica em gorduras, açúcar, alimentos refinados e reduzidos em carboidratos

complexos.

A II Conferencia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (II CNSAN),

revelou em seu relatório final um aspecto importante relativo ao entendimento do

que é alimentação saudável, ao considerar a obesidade juntamente com a

desnutrição como manifestações de (In) segurança Alimentar e Nutricional. (Batista,

2007).

Assume-se que tanto a desnutrição quanto a obesidade são resultantes de

uma má - alimentação, considerando seus desequilíbrios e carências.

Para Noble et.al (2000) apud Batista (2007), afirma que nas escolhas

alimentares, o caráter saudável dos alimentos é um fator que exerce pouca

influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência da

comida. O mesmo autor declara que, ensinar às crianças bons hábitos de saúde tais

como uma alimentação correta é mais fácil e melhor do que tentar corrigir os maus

hábitos de saúde quando estes já estão estabelecidos.

1 Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE.

[email protected]; [email protected]. 2 Bióloga Mestre em Educação para Ciência e o Ensino de Matemática, Docente da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná/UNIOESTE. [email protected].

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Portanto, considerando a atual problemática da alimentação no país e o alto

índice de escolares obesos, justifica-se uma preocupação com a reconstrução de

conhecimentos em torno do tema „Alimentação‟ e sobre os modos pelos quais os

professores poderão contribuir para uma educação cidadã, voltada para o

desenvolvimento da saúde individual e coletiva.

Esse tipo de preocupação é importante e necessária, já que a formação

humana não é um processo isomórfico de transposição de competências e de

práticas sociais; contrariamente, começa no seio da família e encontra um lugar

privilegiado na escola, de acordo com Duarte e Villani (2001).

Diante do contexto apresentado, no decorrer desse trabalho foram discutidas

as propriedades nutritivas dos alimentos, a quantidade ideal de calorias a ser

ingeridos no dia –a – dia, a importância das atividades físicas e os distúrbios

decorrentes da má alimentação, como a obesidade. Além de trabalhar conceitos

sobre essa temática e buscar uma formação cidadã que faça o individuo

compreender a importância nutritiva dos alimentos, tanto a nível energético, como

medicinal. Fazendo com que o estudante reflita sobre a própria alimentação,

considerando suas funções biológicas, sua relação com o metabolismo do corpo e o

aspecto sócio – econômico que está vinculado a uma alimentação balanceada.

Metodologia da Pesquisa

Nesse projeto, foi priorizado um conteúdo do currículo escolar – Alimentos –

normalmente estudado de forma hierarquizada, em várias séries do ensino

fundamental, gerando um ensino fragmentado e descontextualizado da vida dos

educandos. Estudamos o tema que se refere à importância nutritiva dos alimentos,

suas funções biológicas, sua relação com o metabolismo do corpo e o aspecto sócio

– econômico de uma alimentação balanceada.

Para efetivação desse trabalho inicialmente foi realizada uma pesquisa

investigativa sobre os hábitos alimentares dos alunos e suas famílias, na forma de

questionário semi-estruturado, onde os alunos relacionaram os alimentos ingeridos

com mais freqüência e os ingeridos esporadicamente. Paralelamente a isto,

também se posicionaram sobre alimentos de sua preferência, frequência no

consumo de alimentos industrializados, além de relacionarem pessoas com doenças

crônicas em sua família.

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Estes dados foram organizados em tabelas, para a realização de uma

análise fidedigna comparando diversos hábitos antes e após a intervenção. O pós-

questionário foi aplicado com um mês de intervalo, para não influenciar diretamente

nos dados, e assim obter um resultado mais condizente com a realidade. Analisando

de maneira quanti-qualitativa de acordo com Ludke e Andre (1986), se os 23 alunos

da 8ª série de um colégio da rede pública de ensino, localizada na cidade de

Cascavel- PR foram sensibilizados sobre o tema.

Após a análise do pré-questionário, os alunos foram convidados a participar

de uma palestra onde abordamos os seguintes conteúdos: propriedades nutritivas

dos alimentos, quantidade ideal de calorias a serem ingeridos no dia –a – dia,

importância das atividades físicas, e doenças decorrentes da má alimentação.

Para enfatizar a inversão desproporcional dos alimentos preferidos com

alimentos saudáveis, foi apontado como causa o papel influenciador da mídia no

hábito alimentar dos telespectadores, principalmente nos adolescentes. Como

exemplo crítico, os comerciais de alimentos nada saudáveis, que usam a mídia a

seu favor, transformando um alimento que deveria ser esporádico em um objeto de

desejo em todo o mundo. Contendo dingos e brindes, além das promoções, os

comerciais acabam manipulando as pessoas para consumirem aquele determinado

alimento, que é ruim para sua saúde.

Paralelamente foram inseridos os conceitos de distúrbios decorrentes da má

alimentação, de uma forma simplificada, como anorexia e bulimia, obesidade e

desnutrição, além dos benefícios de uma boa alimentação, associada a exercícios

físicos.

Através do modelo da Nova Pirâmide Alimentar, foram trabalhados os

grupos de alimentos com maior importância que podem e devem ser consumidos

com mais frequência, e os que não são tão benéficos a saúde, que devem ser

consumidos com moderação.

A quantidade de alimentos de cada grupo a ser ingerida diariamente é

estudada com base nos espaços que cada grupo de alimentos ocupa na Pirâmide

alimentar.

Para trabalhar o IMC (Índice de massa corpórea) foi utilizada a tabela padrão

de IMC, (tabela 1), como fonte de referência para comparar com os resultados

obtidos através da mensuração de massa corporal de alguns alunos voluntários.

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TABELA DE IMC

Abaixo de 20 Abaixo do Peso

20 a 25 Peso Ideal

25 a 30 Sobrepeso

30 a 35 Obesidade Moderada

35 a 40 Obesidade Severa

40 a 50 Obesidade Mórbida

Acima de 50 Super Obesidade

Fonte: www.dietaesaude.org/calculo-imc-indice-de-massa-corporal.php (2010)

A quantidade de calorias diárias recomendadas, pela comunidade médica foi

trabalhada por meio da leitura em grupo e interpretação do texto “Para pessoa comum,

dieta de Phelps é recorde garantido de obesidade” (JUSTE, 2008).

Para complementar trabalhamos o tema de alimentos alternativos e

funcionais, exemplificando como é possível comer bem e de forma saudável, para

isso foram apresentados dois pratos, um doce (brigadeiro de cenoura) e um salgado

(torta de legumes) como fonte de alimentos alternativos. As receitas foram

compartilhadas com a turma e juntamente com elas, também foi distribuído uma

pirâmide alimentar, para ser montada em casa, com 10 passos para se ter uma

alimentação saudável.

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Figura 1: Pirâmide alimentar, com os principais passos de uma vida saudável (frente).

Figura 2: Pirâmide alimentar, com os principais passos de uma vida saudável (verso).

Para se ter um feedback da palestra, foi aplicado um pós-questionário, com

intervalo de um mês após a aplicação da palestra.

Resultados e Discussões

Os dados abaixo foram analisados de forma quanti-qualitativa após as

atividades propostas e seus resultados foram discutidos revisitando-se o referencial

teórico.

Na primeira atividade proposta os alunos foram indagados sobre sua comida

favorita, as respostas mais comuns foram:

“Risoto e macarronada”;A1

“Arroz, feijão e carne”;A2

“Arroz, feijão, carne, alface, tomate e brócolis.”A3

Ainda relataram exemplos de alimentos preferidos, porém descritos como

não saudáveis:

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“Brigadeiro, pipoca, mate-doce e tererê”;A4

“Sagu e batata frita”;A5

“Maionese, pizza, brigadeiro, lasanha, macarrão, carne assada, strogonofe

de carne.”A6

Para Noble et.al (2000) apud Batista (2007), afirma que nas escolhas

alimentares, o caráter saudável dos alimentos é um fator que exerce pouca

influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência da

comida.

No quesito consumo de doces, analisando o gráfico1 abaixo, os alunos

infelizmente consomem muito doce, diariamente, pois de 23 alunos apenas um

afirmou que não consumia doces e dentre estes apenas 3 alunos consomem doce

somente um dia da semana.

Gráfico 1: Frequência no consumo de doces por semana.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Nº de Alunos

1 vez

2 vezes

3 vezes

4 vezes

5 vezes

6 vezes

7 vezes

Apesar do consumo de doce ser grande o que infelizmente não foi uma

surpresa; os dados do gráfico 2, amenizam em partes os efeitos ruins. Já que os

discentes em sua totalidade afirmaram que consomem frutas, sendo que a fruta

mais consumida é a manga. Segundo Almeida e Melo (2004):

Encontra-se na manga um bom teor de carboidratos, betacaroteno (provitamina A), vitamina C, vitaminas do complexo B, ferro, fósforo, cálcio, potássio, magnésio e zinco. A cada 100 gramas de manga fornecem, em média, 64,3 calorias. A manga ajuda a purificar o sangue e um bom diurético. Pura ou em sucos combate a bronquite, tem efeito expectorante e combate à acidez estomacal.

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Os autores ainda afirmam que a manga faz parte das frutas alaranjadas e

excelente fonte de beta-caroteno e vitamina C. Boa fonte de vitamina E e niacina,

além de alto teor de potássio e ferro. Portanto, um alimento muito saudável e fonte

de vários nutrientes, entrando na categoria dos alimentos funcionais. Pois é um

alimento que possui muitas fibras, ajudando assim ao melhor funcionamento

intestinal, prevenindo o câncer do intestino.

Gráfico 2: Fruta favorita apresentada pela amostra.

0

1

2

3

4

5

6

Nº de Alnos

Pêra

Abacaxi

Manga

Morango

Banana

Melancia

Maça

Pêssego

Laranja

Todas

Quando questionados sobre familiares com doenças relacionadas à má

alimentação, nove alunos afirmaram que possuem casos em suas respectivas

famílias, as quais podem ser vistas no gráfico 3, sendo que a maioria apresenta

pressão alta.

Alguns estudos já foram comprovados que a pressão alta está diretamente

ligada à maus hábitos alimentares; Outro fato importante é a hipertensão [...], que

está associada ao crescimento da obesidade, causado pela popularização de maus

hábitos alimentares e sedentarismo.” (OLIVEIRA, p.102, 2008)

Isso está relacionado diretamente aos dados coletados nos gráficos 4 e 5, já

que na sua maioria os alunos consomem produtos enlatados e embutidos em suas

refeições. E estes alimentos que possuem um alto grau de sódio que é o

conservante destes alimentos, ingeridos em grandes quantidades diárias levam ao

desenvolvimento da hipertensão.

Gráfico 3: Número de familiares com doenças crônicas.

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0

1

2

3

4

5

Nº de Alunos

Diabetes

Pressão Alta

Obesidade

Colesterol Alto

Diabetes ePressão Alta

Quando questionados sobre alimentação fora de casa, vinte alunos se

alimentam com frequência fora de casa e apenas três mantém o hábito de se

alimentar em casa. Dentre os vinte que se alimentam fora de suas residências, à

grande maioria realiza as refeições em lanchonetes.

Segundo Oliveira (1996) a comida fora de casa, as marmitas, os sanduíches,

a influência dos imigrantes e as comidas rápidas passam a dominar a alimentação

do brasileiro.

O mercado de trabalho nas grandes cidades trouxe como conseqüência o aumento da distância entre o local de moradia e do trabalho. Apesar da melhoria no sistema de transportes, a rigidez nos horários de refeição não possibilitam grandes deslocamentos. Isso tornou o hábito de fazer as refeições fora de casa uma necessidade crescente (BLEIL, 1998)

Quando questionados sobre o consumo de produtos enlatados, todos

responderam afirmativamente que consomem diariamente esses produtos. No

gráfico abaixo segue os principais alimentos ingeridos com maior frequência.

Gráfico 4: Consumo de alimentos enlatados.

0

2

4

6

8

10

12

Nº de Alunos

Frutas

Milho

Ervilha

Massa de tomate

Sardinha

Não souberesponder

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De acordo com Chaluleu (2009), os alimentos enlatados conquistam cada

vez mais espaços na gôndola para atender os consumidores preocupados com a

saúde e meio ambiente. Resultado da alta procura pelas latinhas deve-se a

preservação que a embalagem de aço garante aos nutrientes presentes nos

alimentos.

Na mesma linha de consumo que pode ser classificado como não saudável,

notado no gráfico 5, muito alunos consomem muitos litros de óleo mensalmente, e

nove alunos comem frituras todos os dias. Conclui-se que estes e suas famílias,

estão mais propensos a desenvolver doenças crônicas relacionadas a má

alimentação como, por exemplo, obesidade.

Pois, de acordo com Oliveira (2010), a obesidade é um problema que já

virou epidemia nos Estados Unidos e avança a passos largos no Brasil, atingindo

cerca de 30% da população. A situação é tão grave que o excesso de peso já se

transformou num caso de saúde pública. Além dos fatores genéticos, o problema

está relacionado à qualidade da alimentação. de acordo com o mesmo autor, a

obesidade é fator de risco para cerca de 60 doenças crônicas, dentre elas a

hipertensão arterial e o diabetes tipo 2. Também podem ocorrer inadaptação

psicossocial e aumento do colesterol total. Problemas cardiovasculares,

gastrintestinais e até mesmo o câncer também estão incluídos na longa lista de

enfermidades que o excesso de peso pode causar.

Gráfico 5: Consumo de Frituras na semana.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Alunos

1 a 2 vezesporsemana

3 a 4 vezesporsemana

5 a 6 vezesporsemana

Todos osdias

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Para Mattos (1999) o consumo de alimentos fritos e pré-fritos tem

aumentado nos últimos anos, provocando uma maior ingestão de óleos e gorduras

após terem sido submetidos a elevadas temperaturas em processo de fritura.

Constata-se que este fato tem sido influenciado por razões sociais, econômicas e

técnicas, pois as pessoas dispõem de menos tempo para preparação de seus

alimentos e, assim, o processo de fritura fornece uma alternativa de sua preparação

rápida ao mesmo tempo conferindo aos alimentos fritos características

organolépticas agradáveis. Para o mesmo autor, o consumo excessivo de alimentos

fritos representa riscos à saúde . Óleos aquecidos por longos períodos, sob

temperaturas extremamente elevadas, demonstram que os produtos resultantes

contêm mais de 50% de compostos polares, que são prejudiciais à saúde.

Após a realização do projeto os alunos foram indagados sobre a importância

da palestra em seu aprendizado acerca de uma alimentação saudável, as falas

abaixo demonstram que os alunos gostaram dessa atividade bem como da forma

como a mesma foi encaminhada:

Agora eu sei mais sobre os alimentos saudáveis e os que não são. A1

[...] que comer doce pode mas tem que saber a quantidade. A2

Que tem alimentos saudáveis e outros que prejudicam na saúde. A3

Que tem que cuidar da alimentação pois, pode trazer muitos riscos para a

saúde.A4

Que devemos seguir uma dieta balanceada para ter uma vida mais

saudável, e ficar de bem com a vida.A5

Para Tavares et.al (2010) a gastronomia na escola surge como uma

ferramenta aliada à educação nutricional, para ampliar o conhecimento e a

aceitação dos alimentos por crianças e adolescentes, que podem participar de

oficinas culinárias, contribuindo também para desmitificar o “cozinhar” e a própria

cozinha, muitas vezes tida como local proibido. Desta forma, os alunos desenvolvem

sua criatividade e seu paladar, visto que a gastronomia estimula os sentidos por

meio da exploração das características organolépticas dos alimentos e preparações.

Essa junção traz ainda mais benefícios para as crianças e adolescentes,

além de fomentar hábitos alimentares saudáveis como sensibilizar para a boa

qualidade das refeições escolares, assinalar a importância da gastronomia regional,

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elucidar técnicas de higiene, e manipulação dos alimentos, estimular a utilização

pedagógica dos temas, e ainda combater a obesidade infanto-juvenil.

Para o sucesso da associação entre a educação nutricional e a rotina do dia

a dia, é imprescindível a motivação da unidade educacional, pois só assim haverá a

efetiva participação de todo o segmento escolar e a formação de hábitos alimentares

saudáveis.

Entretanto obtiveram-se também respostas, mais resistentes, enfatizando o

quanto é difícil mudar hábitos alimentares:

Mais ou menos, porque eu aprendi mais, mas não mudei meu jeito de se

alimentar. A6

Essa fala evidencia a importância da família nos padrões de alimentação dos

alunos. No que tange o assunto sobre a realização de mais aulas sobre alimentação

saudável, aplicadas na escola, todos afirmaram que seria importante a realização

das mesmas, dados evidenciados nas falas abaixo:

“Sim óbvio, para todo o colégio, ficar por dentro do assunto e se interessar

e saber melhor e para passar informações para seus familiares.” A1

“Sim, pois os alunos aprendem a se alimentar direito.” A2

“Sim; Porque evitaria doença e obesidade.” A3

“Sim para agente aprender cada vez mais, como se alimentar melhor.” A4

“Sim. Porque as pessoas hoje em dia, comem o que não devem com mais

palestras nas escolas, isso ajuda a comer o que pode e saber o que não

pode comer.” A5

Isso mostra que apesar de ser difícil e muito demorado obter mudanças

atitudinais, conseguiu-se ao menos o pretendido que foi sensibilizá-los sobre uma

alimentação saudável.

Para Batista (p. 259, 2007) é imprescindível dar inicio à atividades que levem

esta população à uma mudança atitudinal com urgência.

Atendendo ao que tem sido exposto verifica-se a existência de um quadro problemático no que respeita à alimentação infantil. A urgência ao nível da prevenção relativa ao comportamento alimentar das crianças, salienta o contributo que se poderá dar na compreensão dos fenômenos associados

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aos hábitos alimentares vigentes por um lado, e por outro, numa perspectiva mais interventiva, à mudança para hábitos alimentares saudáveis. Para alterar os hábitos alimentares e o padrão de comportamento sedentário, é necessário modificar as atitudes desta população relativamente a estes dois aspectos. As atitudes formadas ou mudadas utilizando um processamento central são mais estáveis, resistentes à mudança e à contra- -argumentação e mais consistentemente ligadas ao comportamento.

Quando questionados, se o modo como foi apresentado o assunto por meio

de palestras, foi mais dinâmico e prazeroso de aprender sobre hábitos saudáveis.

Obtiveram-se as seguintes respostas:

“Sim nós recebemos muitas dicas até comidas para ver como ficou”. A1 “Sim; por causa da palestra das explicações. A2 “Sim, pois além de mostrar hábitos saudáveis mostrou as doenças que podemos ter se não nos alimentarmos bem.” A3 “Sim, porque mostra qual alimento é saudável e qual faz mal a saúde.” A4 “Sim, porque agente aprendem a se cuidar. A5 “Sim, porque é uma forma que deixa a gente curioso”. A6

Essa ultima resposta mostrou que a palestra como estratégia didática de

ensino leva os adolescentes a demonstrarem curiosidade, pois gostam de ser

questionados, e como a palestra teve uma aplicação bem dinâmica, participativa,

surtiu bons efeitos.

De acordo com Krasilchick (2008) “palestras podem ser um excelente

estratégia de ensino, pois: “as perguntas intercaladas na exposição motivam os

alunos, servem para controlar e ganhar sua atenção, auxiliam no raciocínio e

expõem os alunos a muitas idéias em lugar de limitá-los a ouvir apenas o professor.”

Portanto, o podemos concluir que tal projeto levou os alunos a

compreenderem melhor aspectos relacionados a uma alimentação saudável.

Considerações finais

O grande objetivo do projeto: Nutrindo Mentes - onde nasce a saúde, foi

sensibilizar os alunos, de uma oitava série para uma alimentação saudável. Isso não

é tarefa das mais fáceis, porque na idade em que se encontra a turma, entre 13 e 15

anos, os alunos têm uma grande resistência em pensar na saúde. Já que os

mesmos têm uma falsa ideia de longevidade e de imortalidade.

Entretanto face ao grande número de adolescentes que estão entrando para

o grupo de pessoas com obesidade, ainda sofrendo com distúrbios alimentares. O

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projeto teve grande validade, para ajudar os adolescentes a notarem que maus

hábitos alimentares, e vida sedentária, podem levá-los a desenvolver problemas de

saúde. Até mesmo a família tem um papel fundamental em seus hábitos

alimentares, portanto ao sensibilizar os alunos, estamos fazendo mesmo que

indiretamente o mesmo com suas famílias.

No entanto nós sabemos que mudar atitudes, é muito difícil, como

observado no decorrer da aplicação do projeto, muitos discentes acharam

importante, gostaram da palestra, ficaram informados sobre os fatores de risco

decorrentes de uma má alimentação. Mas muitos não conseguiram mudar em nada

seu modo de comer e viver, pois sua família não aceita as mudanças.

Contudo, o projeto foi muito válido, pois, na sua maioria os adolescentes

foram participativos, questionadores, e alguns já fizeram algumas das receitas

alternativas com suas famílias, mostrando que se pode mudar, mas não de um

modo drástico.

Tudo isso contribui para um projeto futuro com tempo maior de

desenvolvimento e com a participação das famílias nessas atividades, para assim

possamos ter melhores resultados.

Referências

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http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v25n2/v25n2a07.pdf>. Acesso em 20/08/2010. BLEIL, S. I. “O padrão alimentar ocidental: considerações sobre a mudança de hábitos no Brasil”. Revista Cadernos de Debate, Núcleo de pesquisas da UNICAMP. São Paulo. vol. VI/1998, p. 1-25. 1998. CHALULEU, Hugo. “Cultura Enlatada”. Informativo da associação brasileira de embalagens de aço. Disponível em http://www.abeaco.org.br/revistas/abeaconoticias24.pdf> .Acesso em 14/10/2010. DUARTE, M. C.; VILLANI, V. G. Construir o conhecimento científico a partir do

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