NUTRINDO MENTES ONDE NASCE A SAÚDE - cac...
Transcript of NUTRINDO MENTES ONDE NASCE A SAÚDE - cac...
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
NUTRINDO MENTES – ONDE NASCE A SAÚDE
Verônica de Jesus de Lima Ávila 1 Liliane Caroline Servat 1
Anelize Queiroz Amaral 2
Introdução
Entre os assuntos relacionados à adolescência, um tema que merece
destaque é a importância de uma alimentação saudável, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo um bilhão de pessoas tem excesso de
peso, entre as quais metade são obesas (BATISTA, 2007).
Perante o aumento da obesidade a nível mundial, a OMS classifica a
obesidade como a “epidemia do século XXI”.
De acordo com Marques et.al (2007) o século XX foi marcado por uma dieta
rica em gorduras, açúcar, alimentos refinados e reduzidos em carboidratos
complexos.
A II Conferencia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (II CNSAN),
revelou em seu relatório final um aspecto importante relativo ao entendimento do
que é alimentação saudável, ao considerar a obesidade juntamente com a
desnutrição como manifestações de (In) segurança Alimentar e Nutricional. (Batista,
2007).
Assume-se que tanto a desnutrição quanto a obesidade são resultantes de
uma má - alimentação, considerando seus desequilíbrios e carências.
Para Noble et.al (2000) apud Batista (2007), afirma que nas escolhas
alimentares, o caráter saudável dos alimentos é um fator que exerce pouca
influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência da
comida. O mesmo autor declara que, ensinar às crianças bons hábitos de saúde tais
como uma alimentação correta é mais fácil e melhor do que tentar corrigir os maus
hábitos de saúde quando estes já estão estabelecidos.
1 Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE.
[email protected]; [email protected]. 2 Bióloga Mestre em Educação para Ciência e o Ensino de Matemática, Docente da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná/UNIOESTE. [email protected].
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Portanto, considerando a atual problemática da alimentação no país e o alto
índice de escolares obesos, justifica-se uma preocupação com a reconstrução de
conhecimentos em torno do tema „Alimentação‟ e sobre os modos pelos quais os
professores poderão contribuir para uma educação cidadã, voltada para o
desenvolvimento da saúde individual e coletiva.
Esse tipo de preocupação é importante e necessária, já que a formação
humana não é um processo isomórfico de transposição de competências e de
práticas sociais; contrariamente, começa no seio da família e encontra um lugar
privilegiado na escola, de acordo com Duarte e Villani (2001).
Diante do contexto apresentado, no decorrer desse trabalho foram discutidas
as propriedades nutritivas dos alimentos, a quantidade ideal de calorias a ser
ingeridos no dia –a – dia, a importância das atividades físicas e os distúrbios
decorrentes da má alimentação, como a obesidade. Além de trabalhar conceitos
sobre essa temática e buscar uma formação cidadã que faça o individuo
compreender a importância nutritiva dos alimentos, tanto a nível energético, como
medicinal. Fazendo com que o estudante reflita sobre a própria alimentação,
considerando suas funções biológicas, sua relação com o metabolismo do corpo e o
aspecto sócio – econômico que está vinculado a uma alimentação balanceada.
Metodologia da Pesquisa
Nesse projeto, foi priorizado um conteúdo do currículo escolar – Alimentos –
normalmente estudado de forma hierarquizada, em várias séries do ensino
fundamental, gerando um ensino fragmentado e descontextualizado da vida dos
educandos. Estudamos o tema que se refere à importância nutritiva dos alimentos,
suas funções biológicas, sua relação com o metabolismo do corpo e o aspecto sócio
– econômico de uma alimentação balanceada.
Para efetivação desse trabalho inicialmente foi realizada uma pesquisa
investigativa sobre os hábitos alimentares dos alunos e suas famílias, na forma de
questionário semi-estruturado, onde os alunos relacionaram os alimentos ingeridos
com mais freqüência e os ingeridos esporadicamente. Paralelamente a isto,
também se posicionaram sobre alimentos de sua preferência, frequência no
consumo de alimentos industrializados, além de relacionarem pessoas com doenças
crônicas em sua família.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Estes dados foram organizados em tabelas, para a realização de uma
análise fidedigna comparando diversos hábitos antes e após a intervenção. O pós-
questionário foi aplicado com um mês de intervalo, para não influenciar diretamente
nos dados, e assim obter um resultado mais condizente com a realidade. Analisando
de maneira quanti-qualitativa de acordo com Ludke e Andre (1986), se os 23 alunos
da 8ª série de um colégio da rede pública de ensino, localizada na cidade de
Cascavel- PR foram sensibilizados sobre o tema.
Após a análise do pré-questionário, os alunos foram convidados a participar
de uma palestra onde abordamos os seguintes conteúdos: propriedades nutritivas
dos alimentos, quantidade ideal de calorias a serem ingeridos no dia –a – dia,
importância das atividades físicas, e doenças decorrentes da má alimentação.
Para enfatizar a inversão desproporcional dos alimentos preferidos com
alimentos saudáveis, foi apontado como causa o papel influenciador da mídia no
hábito alimentar dos telespectadores, principalmente nos adolescentes. Como
exemplo crítico, os comerciais de alimentos nada saudáveis, que usam a mídia a
seu favor, transformando um alimento que deveria ser esporádico em um objeto de
desejo em todo o mundo. Contendo dingos e brindes, além das promoções, os
comerciais acabam manipulando as pessoas para consumirem aquele determinado
alimento, que é ruim para sua saúde.
Paralelamente foram inseridos os conceitos de distúrbios decorrentes da má
alimentação, de uma forma simplificada, como anorexia e bulimia, obesidade e
desnutrição, além dos benefícios de uma boa alimentação, associada a exercícios
físicos.
Através do modelo da Nova Pirâmide Alimentar, foram trabalhados os
grupos de alimentos com maior importância que podem e devem ser consumidos
com mais frequência, e os que não são tão benéficos a saúde, que devem ser
consumidos com moderação.
A quantidade de alimentos de cada grupo a ser ingerida diariamente é
estudada com base nos espaços que cada grupo de alimentos ocupa na Pirâmide
alimentar.
Para trabalhar o IMC (Índice de massa corpórea) foi utilizada a tabela padrão
de IMC, (tabela 1), como fonte de referência para comparar com os resultados
obtidos através da mensuração de massa corporal de alguns alunos voluntários.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
TABELA DE IMC
Abaixo de 20 Abaixo do Peso
20 a 25 Peso Ideal
25 a 30 Sobrepeso
30 a 35 Obesidade Moderada
35 a 40 Obesidade Severa
40 a 50 Obesidade Mórbida
Acima de 50 Super Obesidade
Fonte: www.dietaesaude.org/calculo-imc-indice-de-massa-corporal.php (2010)
A quantidade de calorias diárias recomendadas, pela comunidade médica foi
trabalhada por meio da leitura em grupo e interpretação do texto “Para pessoa comum,
dieta de Phelps é recorde garantido de obesidade” (JUSTE, 2008).
Para complementar trabalhamos o tema de alimentos alternativos e
funcionais, exemplificando como é possível comer bem e de forma saudável, para
isso foram apresentados dois pratos, um doce (brigadeiro de cenoura) e um salgado
(torta de legumes) como fonte de alimentos alternativos. As receitas foram
compartilhadas com a turma e juntamente com elas, também foi distribuído uma
pirâmide alimentar, para ser montada em casa, com 10 passos para se ter uma
alimentação saudável.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Figura 1: Pirâmide alimentar, com os principais passos de uma vida saudável (frente).
Figura 2: Pirâmide alimentar, com os principais passos de uma vida saudável (verso).
Para se ter um feedback da palestra, foi aplicado um pós-questionário, com
intervalo de um mês após a aplicação da palestra.
Resultados e Discussões
Os dados abaixo foram analisados de forma quanti-qualitativa após as
atividades propostas e seus resultados foram discutidos revisitando-se o referencial
teórico.
Na primeira atividade proposta os alunos foram indagados sobre sua comida
favorita, as respostas mais comuns foram:
“Risoto e macarronada”;A1
“Arroz, feijão e carne”;A2
“Arroz, feijão, carne, alface, tomate e brócolis.”A3
Ainda relataram exemplos de alimentos preferidos, porém descritos como
não saudáveis:
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
“Brigadeiro, pipoca, mate-doce e tererê”;A4
“Sagu e batata frita”;A5
“Maionese, pizza, brigadeiro, lasanha, macarrão, carne assada, strogonofe
de carne.”A6
Para Noble et.al (2000) apud Batista (2007), afirma que nas escolhas
alimentares, o caráter saudável dos alimentos é um fator que exerce pouca
influência, sendo a escolha mais determinada pelo sabor, textura e aparência da
comida.
No quesito consumo de doces, analisando o gráfico1 abaixo, os alunos
infelizmente consomem muito doce, diariamente, pois de 23 alunos apenas um
afirmou que não consumia doces e dentre estes apenas 3 alunos consomem doce
somente um dia da semana.
Gráfico 1: Frequência no consumo de doces por semana.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Nº de Alunos
1 vez
2 vezes
3 vezes
4 vezes
5 vezes
6 vezes
7 vezes
Apesar do consumo de doce ser grande o que infelizmente não foi uma
surpresa; os dados do gráfico 2, amenizam em partes os efeitos ruins. Já que os
discentes em sua totalidade afirmaram que consomem frutas, sendo que a fruta
mais consumida é a manga. Segundo Almeida e Melo (2004):
Encontra-se na manga um bom teor de carboidratos, betacaroteno (provitamina A), vitamina C, vitaminas do complexo B, ferro, fósforo, cálcio, potássio, magnésio e zinco. A cada 100 gramas de manga fornecem, em média, 64,3 calorias. A manga ajuda a purificar o sangue e um bom diurético. Pura ou em sucos combate a bronquite, tem efeito expectorante e combate à acidez estomacal.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Os autores ainda afirmam que a manga faz parte das frutas alaranjadas e
excelente fonte de beta-caroteno e vitamina C. Boa fonte de vitamina E e niacina,
além de alto teor de potássio e ferro. Portanto, um alimento muito saudável e fonte
de vários nutrientes, entrando na categoria dos alimentos funcionais. Pois é um
alimento que possui muitas fibras, ajudando assim ao melhor funcionamento
intestinal, prevenindo o câncer do intestino.
Gráfico 2: Fruta favorita apresentada pela amostra.
0
1
2
3
4
5
6
Nº de Alnos
Pêra
Abacaxi
Manga
Morango
Banana
Melancia
Maça
Pêssego
Laranja
Todas
Quando questionados sobre familiares com doenças relacionadas à má
alimentação, nove alunos afirmaram que possuem casos em suas respectivas
famílias, as quais podem ser vistas no gráfico 3, sendo que a maioria apresenta
pressão alta.
Alguns estudos já foram comprovados que a pressão alta está diretamente
ligada à maus hábitos alimentares; Outro fato importante é a hipertensão [...], que
está associada ao crescimento da obesidade, causado pela popularização de maus
hábitos alimentares e sedentarismo.” (OLIVEIRA, p.102, 2008)
Isso está relacionado diretamente aos dados coletados nos gráficos 4 e 5, já
que na sua maioria os alunos consomem produtos enlatados e embutidos em suas
refeições. E estes alimentos que possuem um alto grau de sódio que é o
conservante destes alimentos, ingeridos em grandes quantidades diárias levam ao
desenvolvimento da hipertensão.
Gráfico 3: Número de familiares com doenças crônicas.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
0
1
2
3
4
5
Nº de Alunos
Diabetes
Pressão Alta
Obesidade
Colesterol Alto
Diabetes ePressão Alta
Quando questionados sobre alimentação fora de casa, vinte alunos se
alimentam com frequência fora de casa e apenas três mantém o hábito de se
alimentar em casa. Dentre os vinte que se alimentam fora de suas residências, à
grande maioria realiza as refeições em lanchonetes.
Segundo Oliveira (1996) a comida fora de casa, as marmitas, os sanduíches,
a influência dos imigrantes e as comidas rápidas passam a dominar a alimentação
do brasileiro.
O mercado de trabalho nas grandes cidades trouxe como conseqüência o aumento da distância entre o local de moradia e do trabalho. Apesar da melhoria no sistema de transportes, a rigidez nos horários de refeição não possibilitam grandes deslocamentos. Isso tornou o hábito de fazer as refeições fora de casa uma necessidade crescente (BLEIL, 1998)
Quando questionados sobre o consumo de produtos enlatados, todos
responderam afirmativamente que consomem diariamente esses produtos. No
gráfico abaixo segue os principais alimentos ingeridos com maior frequência.
Gráfico 4: Consumo de alimentos enlatados.
0
2
4
6
8
10
12
Nº de Alunos
Frutas
Milho
Ervilha
Massa de tomate
Sardinha
Não souberesponder
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
De acordo com Chaluleu (2009), os alimentos enlatados conquistam cada
vez mais espaços na gôndola para atender os consumidores preocupados com a
saúde e meio ambiente. Resultado da alta procura pelas latinhas deve-se a
preservação que a embalagem de aço garante aos nutrientes presentes nos
alimentos.
Na mesma linha de consumo que pode ser classificado como não saudável,
notado no gráfico 5, muito alunos consomem muitos litros de óleo mensalmente, e
nove alunos comem frituras todos os dias. Conclui-se que estes e suas famílias,
estão mais propensos a desenvolver doenças crônicas relacionadas a má
alimentação como, por exemplo, obesidade.
Pois, de acordo com Oliveira (2010), a obesidade é um problema que já
virou epidemia nos Estados Unidos e avança a passos largos no Brasil, atingindo
cerca de 30% da população. A situação é tão grave que o excesso de peso já se
transformou num caso de saúde pública. Além dos fatores genéticos, o problema
está relacionado à qualidade da alimentação. de acordo com o mesmo autor, a
obesidade é fator de risco para cerca de 60 doenças crônicas, dentre elas a
hipertensão arterial e o diabetes tipo 2. Também podem ocorrer inadaptação
psicossocial e aumento do colesterol total. Problemas cardiovasculares,
gastrintestinais e até mesmo o câncer também estão incluídos na longa lista de
enfermidades que o excesso de peso pode causar.
Gráfico 5: Consumo de Frituras na semana.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Alunos
1 a 2 vezesporsemana
3 a 4 vezesporsemana
5 a 6 vezesporsemana
Todos osdias
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Para Mattos (1999) o consumo de alimentos fritos e pré-fritos tem
aumentado nos últimos anos, provocando uma maior ingestão de óleos e gorduras
após terem sido submetidos a elevadas temperaturas em processo de fritura.
Constata-se que este fato tem sido influenciado por razões sociais, econômicas e
técnicas, pois as pessoas dispõem de menos tempo para preparação de seus
alimentos e, assim, o processo de fritura fornece uma alternativa de sua preparação
rápida ao mesmo tempo conferindo aos alimentos fritos características
organolépticas agradáveis. Para o mesmo autor, o consumo excessivo de alimentos
fritos representa riscos à saúde . Óleos aquecidos por longos períodos, sob
temperaturas extremamente elevadas, demonstram que os produtos resultantes
contêm mais de 50% de compostos polares, que são prejudiciais à saúde.
Após a realização do projeto os alunos foram indagados sobre a importância
da palestra em seu aprendizado acerca de uma alimentação saudável, as falas
abaixo demonstram que os alunos gostaram dessa atividade bem como da forma
como a mesma foi encaminhada:
Agora eu sei mais sobre os alimentos saudáveis e os que não são. A1
[...] que comer doce pode mas tem que saber a quantidade. A2
Que tem alimentos saudáveis e outros que prejudicam na saúde. A3
Que tem que cuidar da alimentação pois, pode trazer muitos riscos para a
saúde.A4
Que devemos seguir uma dieta balanceada para ter uma vida mais
saudável, e ficar de bem com a vida.A5
Para Tavares et.al (2010) a gastronomia na escola surge como uma
ferramenta aliada à educação nutricional, para ampliar o conhecimento e a
aceitação dos alimentos por crianças e adolescentes, que podem participar de
oficinas culinárias, contribuindo também para desmitificar o “cozinhar” e a própria
cozinha, muitas vezes tida como local proibido. Desta forma, os alunos desenvolvem
sua criatividade e seu paladar, visto que a gastronomia estimula os sentidos por
meio da exploração das características organolépticas dos alimentos e preparações.
Essa junção traz ainda mais benefícios para as crianças e adolescentes,
além de fomentar hábitos alimentares saudáveis como sensibilizar para a boa
qualidade das refeições escolares, assinalar a importância da gastronomia regional,
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
elucidar técnicas de higiene, e manipulação dos alimentos, estimular a utilização
pedagógica dos temas, e ainda combater a obesidade infanto-juvenil.
Para o sucesso da associação entre a educação nutricional e a rotina do dia
a dia, é imprescindível a motivação da unidade educacional, pois só assim haverá a
efetiva participação de todo o segmento escolar e a formação de hábitos alimentares
saudáveis.
Entretanto obtiveram-se também respostas, mais resistentes, enfatizando o
quanto é difícil mudar hábitos alimentares:
Mais ou menos, porque eu aprendi mais, mas não mudei meu jeito de se
alimentar. A6
Essa fala evidencia a importância da família nos padrões de alimentação dos
alunos. No que tange o assunto sobre a realização de mais aulas sobre alimentação
saudável, aplicadas na escola, todos afirmaram que seria importante a realização
das mesmas, dados evidenciados nas falas abaixo:
“Sim óbvio, para todo o colégio, ficar por dentro do assunto e se interessar
e saber melhor e para passar informações para seus familiares.” A1
“Sim, pois os alunos aprendem a se alimentar direito.” A2
“Sim; Porque evitaria doença e obesidade.” A3
“Sim para agente aprender cada vez mais, como se alimentar melhor.” A4
“Sim. Porque as pessoas hoje em dia, comem o que não devem com mais
palestras nas escolas, isso ajuda a comer o que pode e saber o que não
pode comer.” A5
Isso mostra que apesar de ser difícil e muito demorado obter mudanças
atitudinais, conseguiu-se ao menos o pretendido que foi sensibilizá-los sobre uma
alimentação saudável.
Para Batista (p. 259, 2007) é imprescindível dar inicio à atividades que levem
esta população à uma mudança atitudinal com urgência.
Atendendo ao que tem sido exposto verifica-se a existência de um quadro problemático no que respeita à alimentação infantil. A urgência ao nível da prevenção relativa ao comportamento alimentar das crianças, salienta o contributo que se poderá dar na compreensão dos fenômenos associados
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
aos hábitos alimentares vigentes por um lado, e por outro, numa perspectiva mais interventiva, à mudança para hábitos alimentares saudáveis. Para alterar os hábitos alimentares e o padrão de comportamento sedentário, é necessário modificar as atitudes desta população relativamente a estes dois aspectos. As atitudes formadas ou mudadas utilizando um processamento central são mais estáveis, resistentes à mudança e à contra- -argumentação e mais consistentemente ligadas ao comportamento.
Quando questionados, se o modo como foi apresentado o assunto por meio
de palestras, foi mais dinâmico e prazeroso de aprender sobre hábitos saudáveis.
Obtiveram-se as seguintes respostas:
“Sim nós recebemos muitas dicas até comidas para ver como ficou”. A1 “Sim; por causa da palestra das explicações. A2 “Sim, pois além de mostrar hábitos saudáveis mostrou as doenças que podemos ter se não nos alimentarmos bem.” A3 “Sim, porque mostra qual alimento é saudável e qual faz mal a saúde.” A4 “Sim, porque agente aprendem a se cuidar. A5 “Sim, porque é uma forma que deixa a gente curioso”. A6
Essa ultima resposta mostrou que a palestra como estratégia didática de
ensino leva os adolescentes a demonstrarem curiosidade, pois gostam de ser
questionados, e como a palestra teve uma aplicação bem dinâmica, participativa,
surtiu bons efeitos.
De acordo com Krasilchick (2008) “palestras podem ser um excelente
estratégia de ensino, pois: “as perguntas intercaladas na exposição motivam os
alunos, servem para controlar e ganhar sua atenção, auxiliam no raciocínio e
expõem os alunos a muitas idéias em lugar de limitá-los a ouvir apenas o professor.”
Portanto, o podemos concluir que tal projeto levou os alunos a
compreenderem melhor aspectos relacionados a uma alimentação saudável.
Considerações finais
O grande objetivo do projeto: Nutrindo Mentes - onde nasce a saúde, foi
sensibilizar os alunos, de uma oitava série para uma alimentação saudável. Isso não
é tarefa das mais fáceis, porque na idade em que se encontra a turma, entre 13 e 15
anos, os alunos têm uma grande resistência em pensar na saúde. Já que os
mesmos têm uma falsa ideia de longevidade e de imortalidade.
Entretanto face ao grande número de adolescentes que estão entrando para
o grupo de pessoas com obesidade, ainda sofrendo com distúrbios alimentares. O
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
projeto teve grande validade, para ajudar os adolescentes a notarem que maus
hábitos alimentares, e vida sedentária, podem levá-los a desenvolver problemas de
saúde. Até mesmo a família tem um papel fundamental em seus hábitos
alimentares, portanto ao sensibilizar os alunos, estamos fazendo mesmo que
indiretamente o mesmo com suas famílias.
No entanto nós sabemos que mudar atitudes, é muito difícil, como
observado no decorrer da aplicação do projeto, muitos discentes acharam
importante, gostaram da palestra, ficaram informados sobre os fatores de risco
decorrentes de uma má alimentação. Mas muitos não conseguiram mudar em nada
seu modo de comer e viver, pois sua família não aceita as mudanças.
Contudo, o projeto foi muito válido, pois, na sua maioria os adolescentes
foram participativos, questionadores, e alguns já fizeram algumas das receitas
alternativas com suas famílias, mostrando que se pode mudar, mas não de um
modo drástico.
Tudo isso contribui para um projeto futuro com tempo maior de
desenvolvimento e com a participação das famílias nessas atividades, para assim
possamos ter melhores resultados.
Referências
ALMEIDA, M.S; MELO,B. Valor nutricional das frutas. Disponível em: < www.fruticultura.iciag.ufu.br/nutricao.htm>. Acesso em: 14/10/2010.
BATISTA, Maria T.;PAULINO, Paula;CALHEIROS, Manuela; O Jogo dos Alimentos: Mudança atitudinal face à alimentação e ao sedentarismo em crianças do 1.º Ciclo. Análise Psicológica (2007), 2 (XXV): páginas 257-269. Disponível em <
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v25n2/v25n2a07.pdf>. Acesso em 20/08/2010. BLEIL, S. I. “O padrão alimentar ocidental: considerações sobre a mudança de hábitos no Brasil”. Revista Cadernos de Debate, Núcleo de pesquisas da UNICAMP. São Paulo. vol. VI/1998, p. 1-25. 1998. CHALULEU, Hugo. “Cultura Enlatada”. Informativo da associação brasileira de embalagens de aço. Disponível em http://www.abeaco.org.br/revistas/abeaconoticias24.pdf> .Acesso em 14/10/2010. DUARTE, M. C.; VILLANI, V. G. Construir o conhecimento científico a partir do
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
conhecimento cotidiano: um estudo comparado sobre o tema “alimentação humana”.Relatórios de investigação. Braga: Centro de Estudos em Educação e Psicologia,Universidade do Minho, 2001. JUSTE, Marília. Para pessoa comum, dieta de Phelps é recorde garantido de obesidade. Disponível em: <http://www.g1.globo.com/>. Acesso em: 20/04/2010. KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4ed. São Paulo: EDUSP, 2004 Lüdke, M. André, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2º Ed.São Paulo: EPU, 1986. MARQUES, A. P. O; ARRUDA, I. K.G;LEAL,. C.C; SANTO. A. C. G. E. Envelhecimento, Obesidade e Consumo Alimentar em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v10 n.2,p2 2007. MATTOS, Elisângela S; GIÃO, Vanise; JORGE, Neuza. Avaliação da qualidade dos óleos de fritura usados em restaurantes, lanchonetes e similares. Revista Ciência eTecnologia dos Alimentos.Campinas vol.19 n.3 Set./Dec. 1999 OLIVEIRA, Ercio, Má alimentação é causa de obesidade. Disponível em <http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4002&ReturnCatID=667>. Acesso em 14/10/2010. OLIVEIRA, Gerson. Doenças crônicas degenerativas: Hipertensão arterial sistêmica.Disponível em:www.fef.unicamp.br/departamentos/.../saude_coletiva_cap14.pdf>. Acesso: 14/10/2010. OLIVEIRA, J. E. A desnutrição dos pobres e dos ricos – Dados sobre a alimentação no Brasil. 2ª Edição. São Paulo.Ed. Saraiva, p.1231996 PINHEIRO, ANELISE R. A alimentação saudável e a promoção da saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional. Revista CEBES: Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v.29, n. 70, p.125 – 139, mai/ago.2005. PINHEIRO, K. A. de P. N. “História dos hábitos alimentares ocidentais”. Universitas Ciências da Saúde, vol. 03, n. 01- pp. 173-190, 2005. RECINE, Elisabetta;FERNANDEZ, Patricia; IRALA, Clarissa – A escola Promovendo hábitos alimentares saudáveis. Manual para Escolas: Brasília, 2001. SANTOS, C. R. A. dos ; O império Mcdonald e a Mcdonalização da sociedade: alimentação, cultura e poder. Disponível em <http:// people.ufpr.br/~andreadore/Antunes.pdf>. Acesso em 14/10/2010. TABELA DE IMC. Disponível em <www.dietaesaude.org/calculo-imc-indice-de-massa-corporal.php> Acesso em 10/08/2010.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
TAVARES, C.. A; FAGIOLI, D.; BALBINO, E. L; SANTANA, F., FREITAS, R. B.; BAILER, M. C.; Gastronomia na alimentação escolar. Disponível em http://www.racine.com.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=331:gastronomia-na-alimenta% -escolar&Itemid=4&tmpl=component&print=1> Acesso em 14/10/2010.