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R E V I S T A D A S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E A L I M E N T A O E N U T R I O

Nutrire

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J O U R N A L O F T H E B R A Z I L I A N S O C I E T Y O F F O O D A N D N U T R I T I O N

n. 3, dez. 2010

ISSN 1519-8928

NUTRIRE: REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAO E NUTRIO Comisso Editorial / Editorial CommitteeClia Colli - Editor Cientco / Scientic editor Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Elizabete Wenzel de Menezes - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Fernando Salvador Moreno - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Franco Maria Lajolo - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Hlio Vannucchi - Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo

Olga Maria S. Amancio - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Ralf Greiner - Federal Research Institute of Nutrition and Food - Germany Regina Mara Fisberg - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Rejane Andra Ramalho - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rui Curi - Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo Semiramis Martins lvares Domene - Pontifcia Universidade Catlica de Campinas Silvia Berlanga de Moraes Barros - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Silvia Eloiza Priore - Universidade Federal de Viosa Sonia Tucunduva Philippi - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Sophia Cornbluth Szarfarc - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Tasso Moraes e Santos - Universidade Federal de Minas Gerais Thais Borges Cesar - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade Estadual Jlio de Mesquita Filho Tullia M. C. C. Filisetti - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo

Conselho Editorial / Editorial Boardlvaro Oscar Campana - Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Jlio de Mesquita Filho Amalia Antezana Valera - Depto de Biologia / Laboratorio de Servicos Academicos Y de Investigacion Universidad Mayor de San Simon, Facultad de Ciencias Y Tecnologia - BOLIVIA Anita Sachs - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Dirce Maria Sigulem - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Elizabeth de Souza Nascimento - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Elizabeth Aparecida Ferraz Silva Torres - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Emma Witting de Penna - Universidad do Chile Felix Reyes - Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas Jos Augusto de Aguiar Taddei - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Jos Alfredo Gomes Aras - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Jlio Cesar Moriguti - Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo Jlio Tirapegui - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Lilian Cuppari - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Luiz Antonio Gioielli - Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo Maria de Ftima N. Marucci - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo Maria de Lourdes Pires Bianchi- Faculdade de Cincias Farmacuticas de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo Maria Lcia Rosa Stefanini - Instituto de Sade da Secretaria da Sade de So Paulo Maria Sylvia de Souza Vitalle - Universidade Federal de So Paulo / Escola Paulista de Medicina Marina Vieira da Silva - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/ Piracicaba da Universidade de So Paulo

Normalizao e indexao / Normalization and indexingBibliotecria Maria Cludia Pestana Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio reservam-se todos os direitos, inclusive os de traduo, em todos os pases signatrios da Conveno Panamericana e da Conveno Internacional sobre os direitos autorais. No nos responsabilizamos por conceitos emitidos em matria assinada e tambm no aceitamos matria paga em nosso espao editorial. Os pontos de vista, as vises polticas e as opinies aqui emitidas, tanto pelos autores como pelos anunciantes, nem sempre reetem a orientao desta revista. The SBAN reserves all rights, including translation rights, in all signatory countries of the Panamerican Copyright Convention and of the International Copyright Convention. The SBAN will not be responsable for concepts expressed in signed articles, and do not accept payed articles. The views, political views and opinions expressed here by authors or by advertisers do not always reect the policies or position of the Nutrire. No articles published here may be reproduced or distributed for any purpose whatsoever without the express written permision. Reproduction of abstracts is allowed as long as the right source is quoted. Revisores: Alvaro Augusto Feitosa Pereira (ingls), Benedita E. S. de Oliveira (portugus), Maria Oriana del Reyes Figueiroa (espanhol).

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAO E NUTRIO-SBAN

NutrireR E V I S T A D A S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E A L I M E N T A O E N U T R I O J O U R N A L O F T H E B R A Z I L I A N S O C I E T Y O F F O O D A N D N U T R I T I O NISSN 1519-8928 Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-205, dezembro 2010

Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio-SBAN Publicao quadrimestral/ Published three times to the year Tiragem/Print-run:1000 Impresso no Brasil/Printed in Brazil Capa: Ademar Assaoka Diagramao: Jotac Desenhos Grcos

Nutrire: revista da Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio=Journal of the Brazilian Society of Food and Nutrition, So Paulo, SP. v.1, (1990) - So Paulo, SP: SBAN, 2000 Quadrimestral. Resumos em portugus, ingls e espanhol. Continuao dos Cadernos de Nutrio, a partir do v. 19/20 (2000). A partir do v. 31 de 2006 a revista passou a ter periodicidade quadrimestral. 1. Alimentos e alimentao Peridicos. 2. Nutrio Peridicos. I. Sociedade Brasileira de Alimentao e Nutrio-SBAN

ISSN1519-8928

CDD 612.305 664.005

permitida a reproduo de resumos com a devida citao da fonte/ Reproduction of abstracts is allowed as long as the right source is quoted. A Revista Nutrire indexada pelas seguintes bases de dados: CAB, Chemical Abstracts, Lilacs (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Cincias da Sade), Peri (Esalq), Peridica e Latindex.

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Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr, So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-205, dez. 2010

SUMRIO/CONTENTSV Editorial

Artigos Originais/Original Articles1A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina Education on nutrition in the rst grades of public schools of two towns in the west of the state of Santa Catarina Liana PICCOLI; Rosana JOHANN; Elizabeth Nappi CORRA Atividades ldicas na orientao nutricional de adolescentes do Projeto Jovem Doutor Recreational activities in the nutritional guidance of adolescents in the Young Doctor Project Erika Christiane TOASSA; Greisse Viero da Silva LEAL; Chao Lung WEN; Sonia Tucunduva PHILIPPI Avaliao fsico-qumica e sensorial de uvas Benitaka comercializadas no Estado do Piau - Brasil Physico-chemical and sensorial evaluation of Benitaka grapes commercialized in the state of Piau-Brazil Jailane de Souza AQUINO; Robson de Jesus MASCARENHAS; Ellaine Santana de OLIVEIRA; Flvia de Jesus OLIVEIRA; Patrcia Elaine Bellini Alencar da SILVA Monitoramento da norma brasileira de comercializao de alimentos infantis Monitoring of the brazilian standard for the trading of infant foods Luclia Oliveira PAULA; Layana Rodrigues CHAGAS; Carmen Viana RAMOS Tipo de aleitamento e presena de acar nas bebidas das mamadeiras dos bebs Type of breastfeeding and presence of sugar in the content of baby bottles Jenny ABANTO; Karla Mayra Pinto e Carvalho REZENDE; Fernanda Nahs Pires CORRA; Thiago Saads CARVALHO; Maringela Lopes BITAR; Maria Salete Nahs Pires CORRA; Marcelo Jos Strazzeri BNECKER Application of Dietary Reference Intakes in dietary intake assessment of female university healthcare students in Botucatu, State of So Paulo, Brazil Aplicao das Dietary Reference Intakes na avaliao do consumo alimentar de estudantes universitrias da rea de sade em Botucatu, Estado de So Paulo, Brasil Luciana B. SOUZA; Mara B. MALTA; Patrcia M. DONATO; Silvia J. PAPINI-BERTO; Jos Eduardo CORRENTE Anlise da densidade energtica de preparaes servidas em uma Unidade de Nutrio e Diettica Analysis of the energy density of preparations served in a Nutrition and Dietetics Unit Carolina Sartori de OLIVEIRA; Camila da Silva REIS; Thiago dos Santos MIRANDA; Rita de Cssia AKUTSU; Karin Eleonora SVIO; Raquel Brs Assuno BOTELHO Educao formal, informal e no-formal na qualicao prossional dos trabalhadores de alimentao coletiva Formal, informal and non-formal education in professional qualication for workers in the collective feeding area Odaleia Barbosa de AGUIAR; Fabiana Bom KRAEMER

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Perl peptdico de hidrolisados enzimticos do concentrado proteico do soro de leite, obtidos pela ao da pancreatina e da papana Peptide prole of enzymatic hydrolysates from whey protein concentrate obtained by action of pancreatin and papain Mauro Ramalho SILVA; Dbora Fernandes RODRIGUES; Flvia de Carvalho LANA; Viviane Dias Medeiros SILVA; Harriman Aley MORAIS; Marialice Pinto Coelho SILVESTRE Viso global da gesto de uma Unidade de Alimentao e Nutrio Institucional Overview of a food and nutrition Institutional unit management Maria do Carmo Fontes de OLIVEIRA; Eliane SantAnna de MELLO; Ana ris Mendes COELHO; Regina Clia Rodrigues Miranda MILAGRES; Natlia Fontes de OLIVEIRA Terapia Nutricional Enteral em UTI: seguimento longitudinal Enteral Nutrition Therapy in ICU: longitudinal follow-up Natlia Sanchez OLIVEIRA; Lcia CARUSO; Francisco Garcia SORIANO Fatores de risco cardiovasculares e sndrome metablica em adolescentes da zona urbana Cardiovascular risk factors and metabolic syndrome among adolescents in the urban area Denise Flix QUINTO; Sylvia do Carmo Castro FRANCESCHINI; Luciana Ferreira da Rocha SANTANA; Joel Alves LAMOUNIER; Joo Carlos Bouzas MARINS; Silvia Eloiza PRIORE

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Artigos de Reviso/Revision Articles163 183Aspectos tecnolgicos dos substitutos de gordura e suas aplicaes em produtos lcteos Technological aspects of fat substitutes and their applications in dairy products Sabrina Neves CASAROTTI; Neuza JORGE Caractersticas sensoriais dos alimentos como determinante das escolhas alimentares Sensory characteristics of food as a determinant of food choices Maria Carolina Batista Campos VON ATZINGEN; Maria Elisabeth Machado PINTO E SILVA

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EDITORIALNutrio Baseada em Evidncia o tema do 11 Congresso Nacional da SBAN, refere-se ao corpo de evidncias, experimentais, clnicas, epidemiolgicas, na rea de Nutrio, que devem nortear as tomadas de decises visando manuteno da sade. Presidido por Olga Maria Silverio Amancio, acontecer em Fortaleza, de 20 a 23 de junho de 2011. Como j tradio no maior evento da sociedade, o congresso contar com a participao de pesquisadores brasileiros, e estrangeiros, vindos da Alemanha, Argentina, Canad, EUA e Reino Unido, para discutir o atual momento das muitas reas da Nutrio, em simpsios, cursos, conversas cientcas, colquios, debates, apresentaes de trabalhos. A Cincia dos Alimentos tem evoludo na medida do desenvolvimento de novas tecnologias, que auxiliam, por exemplo, a identicao de novos componentes do alimento e seus efeitos no organismo humano. No Brasil, essa evoluo ocorre em paralelo com a consolidao da ps-graduao e a preocupao com a interdisciplinaridade, como caminhos necessrios para a evoluo da pesquisa no pas, e consequentemente para a formao de novos pesquisadores. E evidente que o desao de erradicar doenas carenciais no Brasil ainda persiste e transita junto ao novo desao da reduo da prevalncia de doenas crnicas no-transmissveis. Esse encontro de pesquisadores e prossionais da rea de Nutrio a real oportunidade de se avaliar o resultado e a relevncia de tantas transformaes. Clia Colli Editora Cientca

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Artigo original/Original Article

A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina* Education on nutrition in the rst grades of public schools of two towns in the west of the state of Santa CatarinaABSTRACT

PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. Education on nutrition in the rst grades of public schools of two towns in the west of the state of Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010. The education sector, given its scope, is an important ally in solidifying the promotion of health care geared towards capacitating individuals, towards the creation of healthy environments, seeking the construction of a new health care culture. Nutritional Education is an essential part of this education to health care, since physical and mental health depend upon the nutritional status of the individual. The present study was carried out in two municipalities in western Santa Catarina, Brazil. Its objective was to verify how teachers of initial grades within the state public school system seek information concerning the theme of food and nutrition and how this content is approached in the classroom. Of the 37 teachers involved in the ve participating schools in this study, 81.1% afrmed that the theme of food and nutrition is present in their lesson plans, while 89.2% of the teachers work with this subject with their students. Besides, this study highlights that the subject is connected to teaching sciences, principally in the 3rd and 4th grades, with the textbook and the internet serving as the main sources of information utilized by these teachers. The results of this study indicate that teachers are working with the theme food and nutrition and in their opinion this activity should be developed collectively in some schools, involving the entire school community. We conclude that teaching about food and nutrition in the public school network is important and should be given encouraged by public policymaking organizations through courses which prepare professionals and work proposals. Keywords: Food and Nutrition Education. Teaching Materials. Health Education.

LIANA PICCOLI1; ROSANA JOHANN1; ELIZABETH NAPPI CORRA2 1 Acadmica de Nutrio da Universidade Comunitria da Regio de Chapec. 2 Nutricionista (UFSC), Especialista em Didtica Pedaggica para prossionais da rea da sade (UFSC/ ACM), Mestre em Nutrio: metabolismo e diettica (UFSC) Docente da Universidade Comunitria da Regio de Chapec. Endereo para correspondncia: Liana Piccoli Avenida Amrica, 210, Centro, Lajeado Grande Santa Catarina. E-mail: [email protected] Agradecimentos: Universidade Comunitria da Regio de Chapec, pela concesso de apoio nanceiro.

*Estudo apresentado no II Seminrio Integrado da Universidade Comunitria da Regio de Chapec. Estudo nanciado pela Universidade Comunitria da Regio de Chapec UNOCHAPEC, atravs da Modalidade de Apoio a Trabalhos de Concluso de Curso ATCC, edital n 037/Reitoria/2008.

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

RESUMEN

RESUMO

El sector educacional, dada su cobertura, es un aliado importante para la concrecin de la promocin de la salud por medio de capacitacin de individuos en la creacin de ambientes sanos, visando la construccin de una nueva cultura de salud. La Educacin Nutricional es parte esencial de la educacin para la salud, una vez que la salud fsica y mental depende del estado nutricional del individuo. El presente estudio fue realizado en dos municipios del oeste de Santa Catarina, Brasil, y tuvo como objetivo vericar de que manera los profesores de las series iniciales de la enseanza fundamental de escuelas pblicas estatales buscan informaciones sobre la temtica alimentacin y nutricin y cmo este contenido es abordado en sala de clases. De los 37 profesores investigados en las cinco escuelas participantes de la investigacin, el 81,1% armaron que la temtica alimentacin y nutricin, est presente en su planicacin de enseanza, y el 89,2% de los profesores trabajan con sus alumnos este tema. Adems, se destaca tambin que la misma est ligada a la enseanza de ciencias y ocurre principalmente en la 3a y 4a series, siendo el libro didctico y la internet las principales fuentes de informaciones utilizadas por los profesores. Los resultados de la investigacin indican que los profesores estn trabajando la temtica alimentacin y nutricin y son de opinin que la actividad en algunas escuelas debera ser desarrollada de forma colectiva, involucrando toda la comunidad escolar. Se concluye que es importante que la enseanza sobre alimentacin y nutricin en las escuelas pblicas sea incentivada por los rganos pblicos, a travs de cursos de capacitacin y propuestas de trabajo. Palabras clave: Educacin alimentaria y nutricional. Material Didctico. Educacin en Salud.

O setor educacional, dada a sua abrangncia, um aliado importante para a concretizao da promoo da sade voltada para a capacitao de indivduos, para a criao de ambientes saudveis, visando construo de uma nova cultura da sade. A Educao Nutricional parte essencial da educao para a sade, uma vez que a sade fsica e mental dependem do estado nutricional do indivduo. O presente estudo foi realizado em dois municpios do oeste do Estado de Santa Catarina e teve como objetivo vericar de que maneira os professores das sries iniciais do ensino fundamental de escolas pblicas estaduais buscam informaes sobre a temtica alimentao e nutrio e como esse contedo abordado em sala de aula. Dos 37 professores pesquisados nas cinco escolas participantes desta pesquisa, 81,1% afirmaram que a temtica alimentao e nutrio est presente em seu planejamento de ensino, e 89,2% dos professores trabalham com seus alunos este tema. Alm disso, destaca-se tambm que ela est ligada ao ensino de cincias e acontece principalmente nas 3 e 4 sries, sendo o livro didtico e a internet as principais fontes de informao utilizadas pelos professores. Os resultados da pesquisa indicam que os professores esto trabalhando o tema alimentao e nutrio e, na opinio deles, essa atividade em algumas escolas deveria ser desenvolvida de forma coletiva, envolvendo toda a comunidade escolar. Conclui-se que importante que o ensino sobre alimentao e nutrio nas escolas pblicas seja incentivado pelos rgos pblicos, atravs de cursos de capacitao e propostas de trabalho. Palavras-chave: Educao alimentar e nutricional. Materiais de ensino. Educao em sade.

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

INTRODUOA educao um processo que tem como objetivo capacitar o indivduo para agir conscientemente diante de situaes novas da vida, com o aproveitamento da experincia anterior, tendo em vista a integrao, a continuidade e o progresso no mbito social, segundo as necessidades de cada um, a m de serem atendidos, integralmente, o indivduo e a coletividade (TURANO; ALMEIDA, 1999). A nalidade da educao em sade pode ser a mesma de todo o bom ensino, isto , ajudar as pessoas a descobrirem os princpios e padres que melhor se adaptem s suas prprias necessidades, visando qualidade de vida individual e coletiva (LINDEN, 2005). Garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitude e hbitos de vida no ensino de sade um dos desaos para a educao (BRASIL, 1997). Para que a educao em sade acontea necessrio levar em considerao todos os aspectos que envolvem a formao dos hbitos e das atitudes que acontecem no dia a dia da escola. A educao para a sade deve ser tratada como tema transversal, permeando todas as reas que compem o currculo escolar do ensino fundamental no Brasil (BRASIL, 1997). O Ministrio da Sade entende que o perodo escolar fundamental para se trabalhar sade com a inteno de promover e desenvolver aes para a preveno de doenas e promoo da qualidade de vida (BRASIL, 2002). A Educao Nutricional parte essencial da educao para a sade, uma vez que a sade fsica e mental dependem do estado nutricional do indivduo (TURANO; ALMEIDA, 1999). O estado nutricional de um povo no um fenmeno isolado, pois est profundamente relacionado com as condies sociais, culturais e econmicas. A percepo de um bom estado de nutrio ou o reconhecimento de sua ausncia varia de acordo com os padres culturais (LINDEN, 2005). Vrios estudos sobre consumo alimentar entre crianas e adolescentes do Brasil e de outros pases mostraram dieta desequilibrada em termos de alimentos e nutrientes. Esse desequilbrio pode afetar a sade e, em decorrncia, comprometer a qualidade da vida adulta (MACEDO; CERVATO; GAMBARDELLA, 2008). Tem-se observado, nos ltimos anos, uma grande preocupao com o hbito alimentar na infncia, j que o mau hbito alimentar acarreta inmeros problemas sade. Diante disso, vem se conrmando cada vez mais uma conscientizao da sociedade no intuito de contornar ou mesmo minimizar esta problemtica. Ainda que em pequena proporo, percebe-se a iniciativa de algumas instituies de ensino na formao dos bons hbitos alimentares das crianas. A educao alimentar exige um trabalho a longo prazo, e a escola vem fazendo parte desse processo, intervindo na cultura e nas atitudes com bases cognitivas (SOUZA et al., 2007). Promover a adoo de hbitos alimentares saudveis representa um grande desao para os prossionais da sade e da educao. A infncia um momento propcio para a aquisio de comportamentos, includos aqueles relativos alimentao, inmeros e distintos determinantes atuam na gnese deste comportamento (SCHMITZ et al., 2008).

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

O estudo e a realizao de debates sobre alimentao e nutrio na escola, assim como o desenvolvimento de outras atividades educativas, propiciam ao aluno condies de assumir uma postura crtica diante das informaes que chegam at ele. Tendo em vista o papel fundamental da alimentao na denio do estado de sade das crianas, a escola se apresenta como um espao e tempo privilegiados para promover a sade, por ser um local onde muitas pessoas passam grande parte do seu tempo, vivem, aprendem e trabalham (COSTA; RIBEIRO; RIBEIRO, 2001). Sem dvida, a escola possui grande potencial na formao de bons hbitos alimentares. A forma como esse repasse cultural realizado poder representar um elemento inuenciador na formao do hbito alimentar inadequado. Mais do que representar apenas um dos perodos para a alimentao, a escola responsvel por uma parcela importante do contedo educativo global, inclusive do ponto de vista nutricional (SOUZA et al., 2007). O educador deve ser um facilitador que saiba utilizar vrias estratgias de ensino, contribuindo para a formao do hbito alimentar e para a melhoria da alimentao das crianas. Para tanto, deve possuir conhecimentos e habilidades sobre a promoo da alimentao saudvel e incorpor-los ao seu fazer pedaggico. Esse conhecimento deve ser construdo de forma transversal no ambiente escolar, garantindo a sustentabilidade das aes dentro e fora da sala de aula (SCHMITZ et al., 2008). Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) constituem o plano curricular ocial para o ensino fundamental brasileiro. Alm das disciplinas tradicionais, abrangem seis temas transversais: tica, pluralidade cultural, meio ambiente, sade, orientao sexual, trabalho e consumo (BIZZO; LEDER, 2005). A Proposta Curricular de Santa Catarina rene, em volumes separados, textos referentes s disciplinas curriculares, aos contedos de abrangncia multidisciplinar e ao curso de Magistrio. A proposta leva aos educadores uma contribuio para a discusso dos contedos que fazem parte da responsabilidade de todos os professores, mas que no fazem parte da especicidade das disciplinas com as quais trabalham. Merece destaque o fato de que esta proposta curricular no estabelece o enfoque para os contedos que devem ser abordados de forma transversal (SANTA CATARINA, 1998). O presente estudo foi realizado em dois municpios do oeste de Santa Catarina e teve como propsito analisar a presena das orientaes dos PCNs e Proposta Curricular de Santa Catarina nos Projetos Polticos Pedaggicos das escolas, vericar de que maneira os professores das sries iniciais do ensino fundamental das escolas pblicas estaduais, buscam informaes sobre a temtica alimentao e nutrio, os recursos didticos utilizados e em qual srie essa temtica mais abordada.

MTODOS E MATERIALEste estudo descritivo com abordagem hbrida, incluindo aspectos qualitativos e quantitativos, foi desenvolvido no segundo semestre de 2008, em todas as escolas pblicas

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

estaduais localizadas nas reas urbanas dos municpios de Xaxim e So Carlos (regio Oeste do Estado de Santa Catarina). A escolha das escolas estaduais para a realizao do presente estudo ocorreu pelo fato de estas unidades de ensino utilizarem as orientaes presentes nos PCNs e a Proposta Curricular de Santa Catarina para a elaborao de seu Projeto Poltico Pedaggico. A populao foi composta pelos 58 professores das sries iniciais das escolas selecionadas. A primeira etapa da pesquisa foi constituda por anlise documental do Projeto Poltico Pedaggico das escolas, com a inteno de vericar a presena da temtica alimentao e nutrio e se eram contempladas as orientaes encontradas nos PCNs e na Proposta Curricular de Santa Catarina. Na segunda etapa, foi aplicado pelos pesquisadores aos professores das sries iniciais, mediante assinatura prvia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, um questionrio semiestruturado, com o intuito de conhecer de que forma os pesquisados buscam informaes para o desenvolvimento de seus planejamentos anuais e de suas prticas em sala de aula quanto temtica alimentao e nutrio. Esse instrumento foi aplicado nas unidades escolares no horrio do intervalo das atividades. Alm disso, esse instrumento de coleta de dados tambm teve por nalidade identicar quais so os recursos didticos utilizados para o desenvolvimento de atividades ligadas educao nutricional, conhecer em quais sries o tema alimentao e nutrio est mais presente e com qual disciplina est mais relacionada na prtica dos docentes. Os dados obtidos foram processados e analisados de forma eletrnica a partir da construo e anlise de um banco de dados, utilizando para tal o software Excel e o programa SPSS (Statistical Package for Social Science), verso 17.0, para o cumprimento dos objetivos da investigao. Foram realizadas anlises descritivas. Em um primeiro momento, foi realizada anlise exploratria dos dados, atravs de modelos estatsticos frequentistas, vericando medida de tendncia central (mdia) e medida de disperso (desvio-padro). A anlise das respostas dissertativas foi realizada de maneira qualitativa, conforme apresentado por Minayo (2004, p. 200). A autora destaca que na realizao de uma anlise temtica, utilizando a descrio sistemtica do contedo manifesto das comunicaes, tem-se por objetivo descobrir os ncleos de sentido que compem uma comunicao, cuja presena ou frequncia signicam alguma coisa para o indivduo da pesquisa. medida que os temas e palavras emergiam das respostas dos sujeitos referentes questo de como acontece o ensino da alimentao e nutrio nas escolas pesquisadas, foram listados e organizados em categorias, atravs da identicao do que eles tinham em comum, permitindo assim o seu agrupamento. Vericou-se a frequncia relativa das aparies das palavras e dos temas selecionados, podendo uma resposta ser enquadrada em mais de uma categoria. Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Universidade Comunitria da Regio de Chapec.

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

RESULTADOSNa anlise documental dos Projetos Polticos Pedaggicos (PPP) das escolas, observou-se que todos buscam embasamento terico na concepo que norteia os PCNs e a Proposta Curricular de Santa Catarina; entretanto, no apresentam o detalhamento referente prtica destas aes. Todos os PPP mencionam que deve ser realizado o ensino dos Temas Transversais e que este ensino deve ser de forma contnua, sistemtica, abrangente e integrada e no como reas e disciplinas; porm os PPPs analisados no especicam quais so os temas transversais e se a temtica alimentao e nutrio fazem parte de algum tema transversal. Do total de professores inicialmente sujeitos desta pesquisa somente 37 participaram da pesquisa, correspondendo perda amostral de 36,21%.

Tabela 1 Caracterizao da amostra dos professores de dois municpios do oeste de Santa Catarina participantes da pesquisa, Chapec (SC), 2008 Caractersticas Idade (anos) Tempo de magistrio Sexo Masculino Feminino Ps-graduao* Sim No Turno de trabalho* Matutino Vespertino Integral Carga horria semanal** 20h 30h 40h 50h Srie de trabalho 1 2 3 4*1 (2,7%) no informou. **3 (8,1%) no informaram.

Amostra total (n=37) 37,4 8,56 (DP) 15,03 9,27 (DP) 2 (5,4%) 35 (94,6%) 18 (48,6%) 18 (48,6%) 2 (5,4%) 3 (8,1%) 31 (83,8%) 6 (16,2%) 1 (2,7%) 26 (70,3%) 1 (2,7%) 17 (45,9%) 20 (54,1%) 21 (56,8%) 20 (54,1%)

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

No presente estudo, observou-se que a maioria dos entrevistados possui ensino superior completo, e somente 5,4% apresentam o ensino superior incompleto. Dos professores declarados com curso superior completo, 37,8% apresentam formao em Pedagogia, 10,8% formao em Artes e 5,4% formao em Educao Fsica. Entre os participantes, somente 48,6%, possuem curso de Ps-Graduao, e destes 16,2% se especializaram em Sries Iniciais. Ao analisar o tempo de magistrio, observou-se que 21,6% dos entrevistados possuem entre 0 e 5 anos de magistrio, 18,9% possuem de 6 a 10, 16,2% de 11 a 15 anos de prosso, 16,2% de 16 a 20, 5,4% de 21 a 25, 18,9% de 26 a 30 anos e 2,7% de 31 a 35 anos de exerccio desse cargo.

Tabela 2 Caracterizao da prtica dos professores de dois municpios do oeste de Santa Catarina participantes da pesquisa sobre a temtica alimentao e nutrio, Chapec (SC) 2008 Temtica alimentao e nutrio (n=37) Presena da temtica alimentao e nutrio no planejamento anual Sim No No respondeu Temtica alimentao e nutrio trabalhada em sala de aula Sim No Srie de trabalho da temtica alimentao e nutrio* 1. Srie 2. Srie 3. Srie 4. Srie Disciplina em que a temtica alimentao e nutrio abordada* Cincias Portugus Matemtica Artes Estudos sociais Educao fsica Outros*Possibilidade de mais de uma resposta.

Amostra total

30 (81,1%) 6 (16,2%) 1 (2,7%) 33 (89,2%) 4 (10,8%)

10 (27%) 14 (37,8%) 16 (43,2%) 15 (40,5%)

23 (62,2%) 13 (35,1%) 9 (24,3%) 8 (21,6%) 8 (21,6%) 6 (16,2%) 5 (13,5%)

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PICCOLI, L.; JOHANN, R.; CORRA, E. N. A educao nutricional nas sries iniciais de escolas pblicas estaduais de dois municpios do oeste de Santa Catarina. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 1-15, dez. 2010.

Na anlise dos critrios adotados para a elaborao do planejamento de ensino, 86,5% dos professores armaram utilizar as propostas e guias fornecidos pelos rgos pblicos, assim como a Proposta Curricular de Santa Catarina e os PCNs, 24,3% utilizaram o planejamento do ano anterior, 75,7% consideram a necessidade e o interesse dos alunos, 43,2% se basearam nas experincias anteriores, 81,1% elaboraram seu planejamento de acordo com programas e pesquisas atuais, 59,5% utilizam a reunio com outros professores como base para o planejamento e 8,1% mencionaram utilizar outros mtodos para a elaborao do planejamento de ensino. Para a busca de informaes sobre a referida temtica, 70,3% dos entrevistados fazem uso da internet, 70,3% usam o livro didtico, 64,9% utilizam revistas, 54,1% livros de alimentao e nutrio, 48,6% jornais, 45,9% buscam informaes em revistas cientcas, 29,7% utilizam flder, 21,6% fazem uso de outros recursos, 13,5% pesquisam em cartilhas que falam sobre o assunto. Ao trabalhar a temtica alimentao e nutrio em sala de aula, 64,9% dos docentes referiram utilizar cartazes como recurso complementar, 63,9% usam palavras cruzadas, 62,2% lmes/tas de vdeos, 56,8% dizem fazer uso da pirmide dos alimentos, 47,2% de histrias infantis, 40,5% de msicas, 34,3% fazem uso de dinmicas de grupos, 30,6% desenhos na lousa, 22,9% utilizam outros recursos complementares, 13,9% fazem uso de teatro. Os professores tambm foram instigados a expressar suas opinies sobre como acontece o ensino sobre alimentao e nutrio na escola em que lecionam. As respostas foram analisadas e agrupadas em cinco categorias, sendo elas: forma de execuo das aes; formas de trabalho; presena/necessidade de especialista; necessidades dos alunos; comunidade escolar. As falas dos entrevistados so apresentadas ao longo do texto por meio de recortes identicados com a letra P (professor) seguida de nmero. Na categoria forma de execuo das aes, esto expressas as opinies dos professores cujas respostas relacionaram como acontecem a realizao do planejamento e ensino do tema em estudo na escola em que lecionam. Essa categoria est presente nas respostas de 9 entrevistados. Destacando-se: Ela planejada por todos os professores (P1). O tema alimentao e nutrio muito questionado e trabalhado nas escolas em que leciono. Os educadores se preocupam muito com a alimentao adequada de seus alunos, pois reete diretamente na aprendizagem e disposio dos mesmos (P15). A forma como os educadores trabalham a temtica alimentao e nutrio gerou uma categoria exclusiva, pois representa a opinio sobre a maneira como acontece, ou no acontece, o ensino do contedo nas escolas estudadas. Quatro professores disseram que a temtica trabalhada por todos os docentes em conjunto na escola em que lecionam, como observado na fala a seguir: Este trabalho realizado em conjunto entre professores e coordenadores (P21).

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Em contrapartida, cinco educadores disseram que a alimentao e nutrio so pouco abordadas e, tambm pouco trabalhada no coletivo, como demonstra a fala a seguir: Em nossa escola essa temtica ainda tratada esporadicamente, de acordo com a vontade de cada professor (P32). Outra categoria obtida por intermdio da fala dos pesquisados foi a de presena/ necessidade de especialista. Nessa categoria, esto agregadas as opinies dos seis docentes que relacionam o ensino da temtica alimentao e nutrio ao cardpio (merenda) que oferecido aos alunos das escolas. Alguns depoentes relataram que este cardpio elaborado por nutricionista, e outros disseram que deveria ser elaborado por nutricionista, gerando controvrsia entre as respostas. Destaca-se a seguinte citao: Como a nossa escola em tempo integral, o tema est sempre presente, no cardpio para as refeies/ principalmente almoo (P5). Outra fala agregada categoria presena/necessidade de especialista diz respeito presena do prossional nutricionista nas escolas para trabalhar o assunto com os alunos. Sete professores relatam a necessidade de se ter este prossional nas escolas, como observado nesta resposta: Como no temos formao nutricional em pedagogia seria interessante que tivssemos uma prossional (nutricionista) na escola (P3). A temtica de suma importncia para a qualidade de vida, porm as orientaes devem vir do especialista na rea nutricionista (P8). Alguns professores responderam que o contedo alimentao e nutrio so trabalhados de acordo com a necessidade que os discentes apresentam, estas respostas foram agrupadas na categoria necessidade dos alunos, fazendo parte da fala de quatro pesquisados. Isso pode ser vericado na seguinte expresso: Acontece durante o ano todo e tendo em vista a necessidade que os alunos tm durante o ano letivo (P21). Outra categoria obtida atravs da fala dos professores, diz respeito comunidade escolar, esta categoria agrega as respostas dos entrevistados que armam que o ensino da temtica alimentao e nutrio deve envolver toda a comunidade escolar, ou seja, pais, mestres, alunos, direo, associao de pais e professores, no deve-se tratar de uma ao isolada em sala de aula. A categoria esteve presente na fala de cinco educadores, como representado a seguir. Penso que alm de trabalhar em sala de aula teria que ter uma conscientizao de todos na escola incluindo pais e professores (P20).

DISCUSSOA totalidade de professores inicialmente sujeitos desta pesquisa no foi atingida, correspondendo a uma perda amostral de 36,21%. No presente estudo, no foi investigada a qualidade do ensino da temtica alimentao e nutrio, e no houve acompanhamento das atividades desenvolvidas em sala de aula, tornando-se outro fator limitador neste estudo. O ensino do contedo dessa temtica nas escolas importante para a formao do hbito alimentar da criana; porm, para que este ensino acontea, o assunto deve fazer

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parte do planejamento; alm disso, necessrio que o professor entenda a importncia e a necessidade da abordagem deste tpico em sala de aula. Os PCNs so uma referncia para a elaborao da proposta curricular e constituem um referencial de qualidade para a educao no ensino fundamental. Tm como funo orientar e garantir a coerncia dos investimentos no sistema educacional, subsidiar a elaborao ou a reviso curricular dos Estados e Municpios, dialogando com as propostas e experincias j existentes; constituem o primeiro nvel de concretizao curricular (BRASIL, 1997). A Proposta Curricular de Santa Catarina tem como propsito contribuir para a melhoria da ao pedaggica do amplo e diverso territrio da ao docente, com vistas ao avano de estratgias sob princpios cientcos na produo do conhecimento, consolidando uma aliana expressiva dos atores coletivos do meio educacional para enfrentar a complexidade desta ao (SANTA CATARINA, 2005). Tanto os PCNs quanto a Proposta Curricular de Santa Catarina sugerem o ensino de temas transversais, alm do ensino das reas tradicionais de ensino. Ao sugerir cada tema transversal, tambm so sugeridos os contedos e formas de avaliao referentes a cada tema. Ambos os documentos orientadores deixam claro que o currculo de cada unidade escolar deve ser elaborado de acordo com a necessidade e a realidade da sua comunidade. Ao analisar os PPPs das escolas estudadas, observou-se que existe somente a indicao de que devem ser trabalhados os temas transversais, no especicando o que trabalhar e nem como abordar estes temas; de certa forma, as escolas deixam livre para os educadores inclurem ou no este tema em seu plano de ensino, permitindo que situaes como a descrita a seguir aconteam: pouco enfocado, mas acredito que em algumas disciplinas o assunto visto de forma mais abrangente, sendo um assunto importante que deveria ter maior ateno (P36). De maneira geral, as caractersticas da amostra desta pesquisa se assemelham s citadas em Fernandes, Rocha e Souza (2005), no estudo referente concepo sobre sade do escolar entre professores do ensino fundamental (1 a 4 sries) de escolas pblicas e particulares do Rio Grande do Norte. Esses autores vericaram que todos os professores eram do sexo feminino e a faixa etria de maior prevalncia entre os docentes foi acima de quarenta anos (57,7%). Fernandez e Silva (2008), em estudo realizado com professores de 1 a 4 sries de escolas pblicas e particulares do Distrito Federal, vericaram que 97,8% so do sexo feminino e 55,1% possuem o ensino superior completo. No presente estudo, observou-se que 94,6% dos docentes so do sexo feminino, 46,6% tm o terceiro grau completo e idade mdia igual a 37,4 anos. Dessa maneira pode-se observar algumas tendncias entre os professores do ensino fundamental: so do sexo feminino, tm idade superior a 35 anos e aproximadamente metade possuem titulao de curso superior. O levantamento a respeito dos critrios adotados para a elaborao do planejamento de ensino presente na tabela 2, indica a expressiva presena das

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orientaes dos rgos pblicos (86,5%), valor superior ao encontrado por Pipitone et al. (2003), que obtiveram 41,6%. Est expressa, nesses documentos, a relao existente entre questes relacionadas qualidade da alimentao e o papel da escola como espao para a aquisio de conhecimentos relativos a esse tema e o desenvolvimento de hbitos saudveis. muito importante os educadores fazerem uso dessa ferramenta para elaborar seu planejamento, pois ela trata o contedo alimentao e nutrio de forma transversal no tema sade. A pesquisa demonstra que o planejamento de ensino se baseia em vrios critrios, e discutido entre os docentes, uma vez que 59,5% armam reunir-se para elaborar o planejamento anual de ensino. Segundo Pipitone et al. (2003), em estudo realizado com professores de Cincias do ensino fundamental, somente 4,2% dos professores armaram reunir-se para a elaborao do planejamento anual de ensino. A reunio entre os educadores para a discusso do planejamento de ensino importante, pois permite que trabalhos sejam desenvolvidos de forma conjunta, interdisciplinar, transversal, envolvendo todas as reas de conhecimento, e permite a troca de experincias entre os prossionais de educao, contribuindo para o crescimento de toda a unidade escolar e o desenvolvimento de um trabalho de qualidade. Dos entrevistados, conforme expresso na tabela 2, 81,1% armaram que o tema alimentao e nutrio esto includos no planejamento anual, j 89,2% armaram que trabalham o assunto na sala de aula; isso nos mostra que apesar de 8,1% no incluiram o contedo no planejamento, trabalham-no em sala de aula. Fernandez e Silva (2008), em seu estudo sobre as noes conceituais sobre os grupos alimentares por professores de 1 a 4 srie, dizem que 96% dos pesquisados elaboraram ou esto elaborando atividades com seus alunos relacionados ao tema alimentao e sade. Estes dados demonstram que os entrevistados trabalham a temtica alimentao e nutrio, o que relevante para a formao do hbito alimentar do escolar. O contedo referente alimentao e nutrio mais trabalhado na 3 (43,2%) e na 4 (40,5%) sries do ensino fundamental, seguidas pela 2 e 1 sries, como demonstra a tabela 2. Alm disso, pode-se vericar que o objeto da pesquisa mais abordado nas aulas de Cincias (62,2%). Zancul e Oliveira (2007), em uma pesquisa referente s consideraes sobre aes atuais de educao alimentar e nutricional para adolescentes, ressaltam que a maioria dos projetos realizada nas aulas de Cincias ou Biologia, como se a educao alimentar e nutricional s pudessem ser abordadas nestas disciplinas, mesmo sendo relacionada ao tema transversal Sade, proposto nos PCNs como uma rea a ser trabalhada em todas as disciplinas do currculo escolar. Nas orientaes dos rgos pblicos, os contedos relacionados alimentao e nutrio esto vinculados principalmente a 3 e 4 sries e disciplina de Cincias; essa informao rearma a utilizao dos PCNs e da Proposta Curricular Estadual como ferramenta para planejamento e desenvolvimento do currculo escolar.

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O presente estudo nos revela que 70,3% dos depoentes utilizam o livro didtico como fonte de informao para trabalhar o assunto. Os professores estudados por Fernandez e Silva (2008), que desenvolvem aulas relacionadas Nutrio, indicaram os livros de Cincias Naturais como a principal fonte de consulta para a elaborao de suas aulas. Pipitone et al. (2005), em estudo sobre a educao nutricional nos livros didticos de Cincias, utilizados no ensino fundamental, demonstram que 55% dos livros apresentam adequao quanto aos conceitos relativos alimentao e nutrio e que 83% dos livros analisados apresentam linguagem adequada idade do escolar. Os livros didticos representam uma das ferramentas mais utilizadas e mais importantes de que se dispem para trabalhar os contedos em sala de aula, uma vez que so de fcil acesso aos professores e alunos e tm distribuio gratuita em todo o pas pelo Ministrio de Educao. importante garantir que esta ferramenta de ensino seja atualizada e adequada para um ensino de qualidade, em todas as reas. Para a busca de informaes sobre alimentao e nutrio, 70,3% dos professores fazem uso da internet. Galante e Colli (2003), em uma pesquisa sobre a utilizao da World Wide Web como ferramenta para a educao nutricional, referem que um estudo realizado na Holanda, evidenciou que a educao nutricional veiculada pela internet uma ferramenta mais efetiva que as tradicionais para motivar as pessoas a mudar seus hbitos alimentares, concluindo que os stios da rede mundial de computadores podem ser uma boa ferramenta para a populao obter informaes sobre sade. O uso de revistas, livros sobre alimentao e nutrio e jornais foi citado por aproximadamente 50% dos docentes, estes recursos so de fcil acesso e trazem muitas vezes uma linguagem de fcil compreenso e reproduo. A utilizao de revistas cientcas como ferramenta para busca de informaes foi citada por 45,9%, informao que chama a ateno, pois um recurso que no tem acesso to facilitado e difundido na sociedade. Este um tpico que merece maiores investigaes referentes ao entendimento dos prossionais da educao sobre o conceito de revistas cientcas e de que maneira eles fazem a busca de artigos nestes peridicos. Santos e Barros Filho (2002), em uma pesquisa sobre fontes de informaes sobre nutrio e sade utilizada por estudantes de uma universidade privada, mostram que a maioria dos estudantes utiliza revistas, programas de televiso e jornais como fonte de informaes, o que indica que a mdia exerce papel importante na divulgao de informaes sobre nutrio e sade. Para trabalhar o contedo em sala de aula, os professores fazem uso de alguns recursos complementares, e a utilizao de cartazes foi citado por 24 entrevistados, nmero superior ao encontrado por Pipitone et al. (2003) em pesquisa com 24 professores de Cincias, em que 12 disseram utilizar este recurso. Pipitone et al. (2003), em pesquisa, nos dizem que somente 1 professor dos 24 entrevistados referiu-se utilizao da roda de alimentos, nmero diferente do encontrado nesta pesquisa, em que 21 docentes

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disseram fazer uso da pirmide dos alimentos; esta comparao se faz possvel, pois ambos so guias alimentares amplamente divulgados e utilizados como ferramenta para a educao nutricional. Recursos complementares, tais como a msica, desenho, histrias infantis, palavras cruzadas e dinmicas de grupo tambm foram citados pelos pesquisados. Segundo Silva e Carvalho (2007), a utilizao do ldico como recurso pedaggico pode ser uma ferramenta prazerosa para o ensino de educao nutricional. Na opinio dos entrevistados, o ensino do tema objeto desta pesquisa deve envolver toda a comunidade escolar, remetendo ao desenvolvimento de um trabalho na coletividade, no devendo ser uma ao isolada restrita sala de aula. Segundo Schmitz et al. (2008), o desenvolvimento de estratgias de promoo da alimentao saudvel deve envolver todos os prossionais atuantes na escola, uma vez que estes indivduos bem informados podem participar ativamente das atividades de orientao de prticas alimentares saudveis. Bizzo e Leder (2005) armam que a educao nutricional prope-se a construo coletiva do conhecimento atravs de planejamento didtico com integrao e participao entre escola, equipe de sade, a criana e a famlia, tendo como objetivo os contedos trabalhados ao longo e no momento da expresso prtica, crenas, saberes e vivncias das crianas, de maneira integrada, e no dissociada em prticas exclusivamente tericas. Como observado nos resultados desta pesquisa, alguns professores armam que a alimentao e nutrio trabalhada em conjunto e de forma interdisciplinar, entretanto, esta armativa no se mostrou como consenso entre os entrevistados. Silva e Carvalho (2007) ressaltam que, de acordo com a Lei no 8.234/91 e a Resoluo CFN 200/1998, o nutricionista o prossional capacitado para promover aes relacionadas alimentao e nutrio, inclusive a educao nutricional em creches e escolas, visando promoo da sade e mudana de hbitos. De acordo com Vargas e Lobato (2007), o professor o membro central da equipe de sade escolar, pois tem maior contato com os alunos e est envolvido com a realidade de cada aluno. Para que os educadores estejam aptos a exercer inuncia sobre os alunos e estimular a prtica de hbitos alimentares saudveis, importante que sejam capacitados para exercer tal funo. Para que acontea a devida capacitao dos prossionais da educao, a atuao do nutricionista seria um pr-requisito bsico em todas as escolas de ensino mdio ou fundamental, podendo esse prossional trabalhar diretamente na capacitao dos docentes ou auxiliando na elaborao e no desenvolvimento de atividades relacionadas ao tema alimentao e nutrio envolvendo todas as disciplinas curriculares. Os professores entrevistados, atravs de suas falas, apontam para a necessidade da presena do nutricionista para orientar e promover alimentao saudvel na comunidade escolar.

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CONCLUSESOs resultados da pesquisa desenvolvida com professores de escolas pblicas dos municpios de Xaxim e So Carlos, ambos do Estado de Santa Catarina, indicam que os educadores esto trabalhando a temtica alimentao e nutrio e que na opinio deles em algumas escolas esse trabalho deveria ser desenvolvido de forma coletiva, envolvendo toda a comunidade escolar. Vrias so as formas utilizadas pelos entrevistados para a elaborao de seu planejamento de ensino, incluindo a reunio de professores; como nas escolas pesquisadas a maioria dos docentes se rene para a elaborao do planejamento de aula, essa mesma reunio poderia ser utilizada para a incluso da temtica alimentao e nutrio no Projeto Poltico Pedaggico da unidade escolar, denindo dessa forma metas e projetos para trabalhar o contedo durante o ano letivo. A maioria dos professores segue o livro didtico e a internet como principais fontes para a obteno de conhecimento sobre o tema e abordam o assunto principalmente nas aulas de Cincias, reforando o entendimento da nutrio e alimentao pelo enfoque da Biologia. Esta constatao contraditria s discusses atuais acerca da alimentao e nutrio, onde uma abordagem mais interdisciplinar e focada nos aspectos sociais e culturais est sendo vista como uma sada para a compreenso e execuo de aes e programas voltados educao alimentar e nutricional. importante que o ensino sobre alimentao e nutrio nas escolas pblicas seja incentivado principalmente pelos rgos pblicos, atravs de cursos de capacitao aos professores e propostas de trabalho. Com relao s limitaes deste estudo, fazem-se necessrias novas pesquisas referentes qualidade do ensino do tema objeto de estudo, com uma abordagem mais especfica em relao ao desenvolvimento destas aes, permitindo a avaliao da qualidade deste ensino e a adequao das informaes discutidas em sala de aula. Podendo futuramente servir de subsdio para o desenvolvimento e anlise de prticas educativas mais efetivas no espao escolar.

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Artigo original/Original Article

Atividades ldicas na orientao nutricional de adolescentes do Projeto Jovem Doutor* Recreational activities in the nutritional guidance of adolescents in the Young Doctor Project

ABSTRACT

TOASSA, E. C.; LEAL, G. V. S.; WEN, C. L.; PHILIPPI, S. T. Recreational activities in the nutritional guidance of adolescents in the Young Doctor Project. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 17-27, dez. 2010. The Young Doctor Project is designed to train adolescents in health issues, in order to promote an improvement in quality of life in the community. And the use of recreational activities, such as role-play and group dynamics, can contribute to this training. The objective was to describe recreational activities applied to nutritional guidance for adolescents. Recreational activities were developed for high school students from two schools in the city of Tatu. Those activities debated themes about nutrition and quality of life. Group dynamics and role play were used as education tools. The assessment of knowledge was subjectively performed through observing the involvement of students in the proposed activities. The study was approved by the Ethics Committee. As a result, the adolescents actively participated in the Myths and Truths group dynamics. The students could discuss the issues and other myths and taboos related to nutrition. During the role play, students were attentive, but with feedback in a low voice and expressions of identication with the characters who showed opposite food behavior. At the end, the way the participants identied with the characters was discussed. Participants rated themselves according to the characters behavior, most of them identi ed themselves with the character representing the inappropriate nutritional behavior. Thus, the training in food and nutrition was effective due to the tools developed. Recreational methods such as role-play and group dynamics encouraged nutritional education. Keywords: Food and Nutrition Education. Guidance. Adolescent. Teaching Materials.

ERIKA CHRISTIANE TOASSA1; GREISSE VIERO DA SILVA LEAL2; CHAO LUNG WEN3; SONIA TUCUNDUVA PHILIPPI4 1 Departamento de Nutrio da Faculdade de Sade Pblica/FSP, So Paulo, SP. Mestre em Nutrio Humana Aplicada PRONUT / USP. 2 Doutoranda em Nutrio em Sade Pblica FSP / USP 3 Departamento de Patologia / Disciplina de Telemedina da Faculdade de Medicina / USP . 4 Departamento de Nutrio da FSP/USP. Endereo para correspondncia: Erika Christiane Toassa Departamento de Nutrio/ FSP/FSP, Av. Dr. Arnaldo, 715, Cerqueira Csar, So Paulo SP, CEP 01246-904. e-mail: [email protected] Agradecimentos: ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientco e Tecnolgico, pelo apoio nanceiro.

*Modelo de orientao nutricional informatizada: Projeto Jovem Doutor, 2009, Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo / PRONUT.

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TOASSA, E. C.; LEAL, G. V. S.; WEN, C. L.; PHILIPPI, S. T. Atividades ldicas na orientao nutricional de adolescentes do Projeto Jovem Doutor. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 17-27, dez. 2010.

RESUMEN

RESUMO

El proyecto Joven Doctor esta diseado para capacitar adolescentes en cuestiones de salud, con el objetivo de promover la mejora de la calidad de vida de la comunidad y el uso de actividades recreativas tales como dramatizacin y dinmica de grupo, puede contribuir a esa finalidad. El objetivo del trabajo fue describir las actividades utilizadas para orientacin nutricional de adolescentes. Fueron introducidas actividades recreativas para estudiantes de enseanza media en dos escuelas del municipio de Tatu, abarcando temas sobre nutricin y calidad de vida. Las herramientas pedaggicas fueron la dinmica de grupo y la dramatizacin. La evaluacin de los conocimientos se llev a cabo de forma subjetiva observndose la participacin de los integrantes del grupo en las actividades propuestas. El estudio fue aprobado por el Comit de tica. El resultado fue la participacin activa de los adolescentes en la dinmica de los Mitos y Verdades. Estos pudieron discutir los temas abordados y otros mitos y tabes relacionados con la alimentacin. Durante la presentacin de la dramatizacin, los estudiantes mantuvieron la atencin, pero con comentarios en voz baja y expresiones de identicacin con los personajes que mostraron hbitos alimentarios inadecuados. Al nal, se discuti como los participantes se identicaban con los personajes. Para esto, se reconocieron en los personajes y la mayora se identicaba con el que representa la conducta alimentaria inadecuada. Por lo tanto, la formacin en alimentacin y nutricin es eficaz en la aplicacin de las herramientas desarrolladas. Mtodos tales como el teatro de entretenimiento y la dinmica de grupo fomentaron el aprendizaje de nutricin. Palabras clave: Educacin Alimentaria y Nutricional. Orientacin. Adolescente. Material Pedaggico.

O Projeto Jovem Doutor visa capacitao de adolescentes em temas sobre sade, com a nalidade de promover a melhoria na qualidade de vida da comunidade, e a utilizao de atividades ldicas, como a dramatizao e dinmicas de grupo, podem contribuir para esta capacitao. Objetivou-se descrever as atividades ldicas utilizadas para orientao nutricional de adolescentes. Foram desenvolvidas atividades ldicas para estudantes do ensino mdio de duas escolas do municpio de Tatu, abordando temas sobre nutrio e qualidade de vida. As ferramentas de ensino foram dramatizao e dinmica de grupo. A avaliao do conhecimento deu-se de forma subjetiva por meio da observao do envolvimento dos participantes nas atividades propostas. O estudo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Cincias Farmacuticas/USP. Como resultado, houve a participao ativa dos adolescentes na dinmica de Mitos e Verdades. Estes puderam aprofundar os temas abordados e discutir outros mitos e tabus relacionados alimentao. Durante a apresentao da dramatizao os alunos mantiveram-se atentos, mas com comentrios em voz baixa e expresses de identicao com os personagens que apresentavam comportamentos alimentares opostos. Ao trmino, discutiu-se sobre como os participantes se identicavam com os personagens. Os participantes se autoclassicaram conforme os personagens, sendo que a maioria se identicou com a personagem que representava o comportamento alimentar inadequado. Logo, a capacitao em alimentao e nutrio mostrou-se ecaz com a aplicao das ferramentas desenvolvidas. Mtodos ldicos como dramatizao e dinmica de grupo foram incentivadores ao aprendizado de nutrio. Palavras-chave: Educao alimentar e nutricional. Orientao. Adolescente. Materiais de ensino.

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TOASSA, E. C.; LEAL, G. V. S.; WEN, C. L.; PHILIPPI, S. T. Atividades ldicas na orientao nutricional de adolescentes do Projeto Jovem Doutor. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., So Paulo, SP, v. 35, n. 3, p. 17-27, dez. 2010.

INTRODUOO Projeto Jovem Doutor (PJD) baseado no protagonismo social para disseminao da informao e conhecimento sobre sade. E, com isso, pretende provocar uma mudana de comportamento e consequente melhora na qualidade de vida da populao (MACA; CHAO, 2009; MACA et al., 2009; PEREIRA; CHAO, 2009; TOASSA et al., 2007). uma atividade com o propsito de capacitar estudantes do ensino mdio em temas (mdulos) da rea da sade. Os conceitos so assimilados durante encontros presenciais e por meio de educao distncia, usando para isso recursos de Telemedicina, como tutor eletrnico, chats, webconferncias e iconograa de trs dimenses 3D (Projeto Homem Virtual) (CHAO, 2006). O PJD pautado pela utilizao de ferramentas de ensino-aprendizado visando educao de adolescentes. E, a educao pode ser entendida como um processo de transformao do sujeito que, quando ocorre, modica o seu entorno (PHILIPPI, 2005). Entende-se por orientao alimentar e nutricional o conjunto de informaes que visam o esclarecimento dos clientes/pacientes ou usurios com o objetivo de promoo da sade, preveno e recuperao de doenas e agravos nutricionais e/ou informar ou dirimir dvidas sobre alimentao e nutrio (CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, 2008, p.108-109). As aes de orientao nutricional so fundamentadas em metodologias de ensino-aprendizagem, que permitem o desenvolvimento de habilidades individuais relacionadas a questes de alimentao e nutrio (FERREIRA; MAGALHES, 2007). um estmulo transformao e ao aprendizado sobre questes alimentares (RODRIGUES; BOOG, 2006). A orientao nutricional um instrumento de grande potencial, tanto para a promoo da sade quanto para as intervenes de maneira em geral (BRUG; OENEMA; CAMPBELL, 2003). Sendo capaz inclusive de contribuir para as mudanas dietticas quando realizada de maneira personalizada (OENEMA; BRUG; LECHNER, 2001). Em contrapartida, a educao convencional, focada na transmisso de informaes, tem sido observada como insuficiente para mudanas significativas das prticas alimentares de adolescentes, devido baixa percepo destes quanto a estas prticas. Com isso, observa-se um aumento na demanda por abordagens educativas alternativas (BOOG et al., 2003). Existem diversas estratgias para a realizao da orientao nutricional, tais como: exposies orais, dinmicas em grupo, leitura dirigida, experincias prticas, utilizao de vdeos, lmes e dramatizao. Qualquer que seja a estratgia adotada, esta deve ser planejada adequadamente para atendimento dos objetivos esperados (PHILIPPI, 2005). A dramatizao, assim como o uso do vdeo permite a utilizao da linguagem artstica, corporal e verbal, o que de certa maneira favorece o acesso aos nveis afetivos e emocionais

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dos ouvintes (BOOG et al., 2003). A comunicao e a transmisso da informao so os objetivos centrais da dramatizao, no entanto, para que este seja atendido se faz necessrio a utilizao de linguagem adequada ao pblico-alvo (ALVES, 2001). A dramatizao pode ser utilizada como uma ferramenta educacional, pois permite ao ouvinte decodicar as informaes que foram transmitidas. A dinmica de grupo uma tcnica educacional utilizada em projetos que visam o ensino-aprendizado, pois possibilita o envolvimento dos sujeitos pela socializao de vivncias, valorizando no s a teoria, mas tambm a prtica. Diversos recursos podem ser empregados nas dinmicas de grupo, como a fala, a arte e os movimentos corporais (CONILL; SCHERER, 2003). A utilizao de atividades ldicas visando educao e a promoo da sade so consideradas como ferramentas efetivas, pois permitem o compartilhamento de experincias (MAGALHES, 2007). A promoo do conhecimento sobre prticas alimentares adequadas e de estilos de vida saudveis devem receber ateno especial. Logo, a utilizao de atividades ldicas, como a dramatizao e dinmicas de grupo, podem contribuir para a aquisio de conhecimentos relacionados alimentao e nutrio. Neste artigo, abordaremos parte das atividades realizadas nos encontros presenciais do PJD. O objetivo do presente estudo descrever as atividades ldicas utilizadas para orientao nutricional de adolescentes participantes do Projeto Jovem Doutor.

MATERIAL E MTODOSA populao de estudo (n=17) foi composta por participantes do PJD, com idade entre 15 e 17 anos, de ambos os gneros, matriculados em duas escolas estaduais de ensino mdio do municpio de Tatu - SP. Este estudo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Cincias Farmacuticas da Universidade de So Paulo. Os assuntos a serem abordados nas atividades ldicas foram submetidos apreciao de um grupo de nutricionistas composto por professores e ps-graduandos da Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo. Foram considerados relevantes os temas: comportamento alimentar, pirmide dos alimentos, grupos alimentares, rtulos de alimentos e dietas da moda. Foi desenvolvida uma dinmica denominada Mitos e Verdades com a nalidade de discutir os mitos ou crenas mais comuns sobre alimentao e nutrio. Esta constava de 25 cartes contendo frases sobre nutrio (Quadro 1) que deveriam ser respondidas e justicadas pelos participantes como mito ou verdade (Quadro 2). Cada participante recebeu aleatoriamente um carto contendo frases como, por exemplo, Po engorda?, Faz mal pular o caf da manh?. Aps cada resposta props-se uma discusso sobre o

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tema abordado para complementar e reforar as informaes discutidas. Esta dinmica de grupo teve durao de aproximadamente 60 minutos, sendo que a sequncia para a leitura e resposta dos adolescentes foi voluntria.

Comer muito no jantar engorda? Comer muito antes da atividade fsica faz mal? Tomar lquidos durante a refeio atrapalha a digesto? Mastigar bem ajuda a digesto? A gordura deve ser excluda da dieta? Ser magro ser saudvel? S quem precisa emagrecer deve procurar um nutricionista? Uma mesma dieta serve para todas as pessoas? Diet e light signicam coisas diferentes? Dietas muito radicais realmente funcionam? Faz mal pular o caf da manh? Adoante pode ser consumido em grande quantidade? S as crianas precisam tomar leite? Po engorda? Ovo aumenta o colesterol? Carne de porco faz mal sade? Suco de limo emagrece? Ficar em jejum emagrece? bom fazer aquelas dietas que saem nas revistas? Comer sentado melhor do que comer em p? Dividir as refeies durante o dia ajuda no emagrecimento? Alimentos enlatados contm mais sdio? Podemos consumir suplementos alimentares livremente? O caf tira o sono? Pode-se ver TV, ler, estudar, car no computador, falar ao telefone enquanto estamos comendo? Quadro 1 - Frases utilizadas na dinmica Mitos e Verdades.

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Comer muito no jantar engorda? - Mito. importante fazer 6 refeies durante o dia e distribuir as calorias de forma adequada. noite, o metabolismo est diminudo, portanto, recomenda-se uma refeio mais leve. Comer muito antes da atividade fsica faz mal? - Verdade. Quando comemos, para que ocorra a digesto dos alimentos, o sangue se concentra na regio abdominal. Como para atividade fsica h necessidade de sangue para os msculos, a pessoas podem passar mal, desmaiar, ter cibras ou sentir dores abdominais. Tomar lquidos durante a refeio atrapalha a digesto? - Verdade. Tomar lquidos facilita a deglutio, fazendo com que a pessoa coma mais do que precisa. O lquido em excesso tambm pode prejudicar a absoro dos alimentos. Mastigar bem ajuda a digesto? - Verdade. A digesto dos alimentos comea pela boca, com a mastigao e a saliva, portanto deve-se mastigar bem os alimentos. A gordura deve ser excluda da dieta? - Mito. Nenhum alimento deve ser totalmente excludo da dieta, todos tm sua funo no organismo. A gordura importante para a proteo dos rgos internos do corpo, manuteno da temperatura corporal, e para a formao das nossas clulas, mas deve ser consumida moderadamente. Ser magro ser saudvel? - Mito. No s o peso que determina o estado de sade. O principal fator que determina a sade o comportamento saudvel, que se expressa em uma alimentao adequada, na prtica de atividade fsica regular, associados ao bem estar mental, que juntos resultam na melhora da qualidade de vida. S quem precisa emagrecer deve procurar um nutricionista? - Mito. O nutricionista no o prossional do emagrecimento, ele orienta o planejamento de uma alimentao saudvel para o bom funcionamento do organismo e promoo e manuteno da sade dos indivduos de todas as idades. Uma mesma dieta serve para todas as pessoas? - Mito. Cada pessoa nica e seus hbitos e corpo tambm. Assim, cada um possui um gasto energtico diferente, que depende da idade, do sexo, da prtica de atividade fsica e do estado siolgico. E isso faz com que cada indivduo tenha necessidades nutricionais especcas, e por isso a dieta deve ser sempre individualizada. Diet e light signicam coisas diferentes? - Verdade. Diet quer dizer que o alimento no contm algum nutriente especco. Por exemplo, o acar para diabticos e o sdio para pessoas com presso alta. Light signica que o alimento tem reduo de algum nutriente, como carboidrato, gordura ou sdio. Dietas muito radicais realmente funcionam? - Mito. As dietas radicais so muito restritivas e raramente fornecem todos os nutrientes para a manuteno da sade. Visam quase sempre um emagrecimento rpido, difcil de ser mantido e podem causar o chamado efeito sanfona. Faz mal pular o caf da manh? - Verdade. O caf da manh serve para repor a energia que gastamos enquanto dormimos depois de muitas horas em jejum. uma importante refeio do dia, pois faz com que a pessoa tenha disposio para estudar, trabalhar e demais atividades. Adoante pode ser consumido em grande quantidade? - Mito. Possuem menos ou nenhuma caloria, mas so substncias difceis de serem utilizadas pelo organismo e por isso devem ser consumidas em quantidades moderadas.

Quadro 2 Texto utilizado para elucidar as respostas de cada armao da dinmica Mitos e Verdades (continua...)

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S as crianas precisam tomar leite? - Mito. O leite um alimento importante fonte de clcio e tambm de outros nutrientes, sendo necessrio em todas as idades (bebs, escolares, adolescentes, gestantes, nutrizes, adultos e idosos). Po engorda? - Mito. O po um alimento que est na base da pirmide alimentar e que nos fornece energia, assim, em quantidades certas no engorda e faz bem para a sade. O po juntamente com o arroz, massa, batata, mandioca devem ser consumidos em maior proporo, comparado aos outros grupos da pirmide. Sempre que possvel devem ser consumidos pes e massas com gros integrais. Ovo aumenta o colesterol? - Mito, o ovo tem colesterol, mas um alimento rico em protena de origem animal, com baixo teor de gordura e podemos consumir 2-3 ovos por semana, dando preferncia ao quente ou cozido. Carne de porco faz mal a sade? - Mito, a carne de porco, muitas vezes, pode ser menos calrica e com menos gordura que alguns cortes de carne bovina, como contral, cupim, costela. Mas deve ser consumida sempre bem assada ou cozida. Suco de limo emagrece? - Mito, O limo tima fonte de vitamina C e o suco de limo no corta as calorias e nem queima as gorduras, portanto no tem efeito para reduo das calorias. Ficar em jejum emagrece? - Mito, o jejum favorece o estoque de energia. Devemos sempre fazer 6 refeies no dia: caf de manh, lanche da manh, almoo, lanche da tarde, jantar e lanche noturno. bom fazer aquelas dietas que saem nas revistas? - Mito. As dietas divulgadas pelas revistas so normalmente muito restritivas e no fornecem todos os nutrientes que necessitamos. As dietas restritivas geram um estresse muito grande no corpo, favorecendo o efeito sanfona aps o m da dieta. Comer sentado melhor do que comer em p? - Verdade. Quando voc come sentado tende a comer mais devagar e a mastigar mais vezes porque a posio mais relaxada. Dividir as refeies durante o dia ajuda no emagrecimento? - Verdade. Fracionar as refeies faz com que o crebro receba sempre algum tipo de sinal de saciao, isso impede uma fome excessiva e que se coma mais que o necessrio. Alimentos enlatados contm mais sdio? - Verdade. Os alimentos enlatados possuem conservantes que normalmente tm sdio, e em excesso podem causar presso alta. Leia sempre o rtulo para saber sobre a quantidade de sdio presente nos alimentos. Podemos consumir suplementos alimentares livremente? - Mito. Atravs de uma alimentao equilibrada, com o consumo de todos os grupos alimentares, adquirimos todas as vitaminas e minerais necessrios para a manuteno da nossa sade. Em algumas situaes especiais a suplementao com ferro, clcio, pode ser indicada, mas uma pessoa, em condies normais, com alimentao variada, geralmente no precisa de suplementao. O caf tira o sono? - Verdade. Devido presena da cafena, que um estimulante. Se as pessoas forem muito sensveis, dependendo da hora e da quantidade de caf ingerido, pode haver alterao no sono. Pode-se ver TV, ler, estudar, car no computador, falar ao telefone enquanto estamos comendo? - Mito. A hora de refeio deve ser focada nos alimentos, na mastigao, no sabor e no prazer do ato de comer.

Quadro 2 Texto utilizado para elucidar as respostas de cada armao da dinmica Mitos e Verdades (concluso)

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Foi utilizada a dramatizao denominada Comportamento Alimentar de Adolescentes do Programa Nutrio e Qualidade de Vida (PHILIPPI et al., 2009), para contextualizar o assunto comportamento alimentar e alimentao saudvel. O modelo foi adaptado ao PJD tendo sido elaborado um roteiro com a descrio objetiva das cenas, sequncias e dilogos entre as personagens. A dramatizao teve durao de aproximadamente 10 minutos, sendo encenada por duas acadmicas do curso de Nutrio da FSP. Aps a apresentao, foi proposta uma discusso com o objetivo de estimular a percepo dos participantes quanto identicao dos pontos positivos e negativos que cada personagem apresentou com relao alimentao. A participao dos adolescentes nas atividades propostas foi interpretada por meio de avaliao qualitativa a m de se minimizar possveis falhas interpretativas, a anlise ocorreu pelo consenso dos pesquisadores. Outro recurso utilizado foi a gravao em vdeo destas atividades para elucidar eventuais dvidas quanto ao processo avaliativo.

RESULTADOSComo resultado principal da aplicao da dinmica de Mitos e Verdades tem-se a participao ativa dos adolescentes, que puderam aprofundar os temas propostos com pelo menos uma participao nesta atividade. Alm de servir tambm para debater outros mitos e comentrios que ainda no havia sido discutidos. Para cada frase utilizada na dinmica foi desenvolvido um breve texto explicativo para elucidar o porqu daquela armao ser um mito ou uma verdade. Assim, aps a resposta e justicativa do participante, o conceito trabalhado na questo foi complementado e reforado. Alm disso, os alunos trouxeram para discusso outros mitos e comentrios que no havia sido abordados, como: Tomar leite com manga faz mal a sade? e A dieta de restrio a carboidratos ajuda no emagrecimento?. A trama da dramatizao desenvolvia-se em torno de duas adolescentes com comportamentos alimentares opostos. A histria ilustrava o almoo de duas personagens em uma praa de alimentao de um shopping center onde uma das personagens almoava uma refeio balanceada enquanto a outra comia um lanche tipo fast food. A primeira personagem apresentava comportamento adequado, como no falar enquanto comia, mastigava bem os alimentos, sentava-se com uma postura adequada e prestava ateno no que comia. A segunda personagem comia apressadamente e no vivenciava a refeio deslocando sua ateno para outras atividades como falar ao telefone. Esta personagem, por no estar focada no processo alimentar mesmo aps terminar sua refeio, continuava com fome e recomeava a comer. Neste momento, a primeira personagem orientava-a quanto aos seus comportamentos inadequados e falava sobre a importncia de uma alimentao equilibrada para uma vida saudvel.

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Durante a apresentao da pea os alunos mantiveram-se atentos, mas com comentrios em voz baixa e expresses de identicao com os personagens. Ao nal foi conduzido um debate e os participantes foram arguidos para vericar se houve assimilao dos tpicos abordados na trama, onde se destacaram: comer rpido demais, falar no celular enquanto se come, comer lanches, comer comida saudvel, no mastigar os alimentos, no ver o que se come (sic). Ao trmino, discutiu-se sobre como os participantes se identicavam com as personagens e dentre as questes abordadas os alunos se auto-classicaram entre os dois personagens, sendo que a maioria se identicou com a personagem que representava o comportamento alimentar inadequado. Aps esta discusso, foram xados conceitos importantes, tais como: aspectos que compem o comportamento alimentar (comer pausadamente, mastigar bem os alimentos, no realizar outras atividades no momento da refeio, entre outros), importncia da leitura de rtulos de alimentos e do consumo dirio de todos os grupos da pirmide alimentar, respeitando as quantidades das pores propostas.

DISCUSSOSegundo Buss (1999), os processos educativos utilizados com o intuito de promoo da sade parecem ser beneciados pela veiculao da informao por uso de diferentes recursos. O que torna a dinmica de grupo uma tcnica elegvel para a promoo da sade. A dinmica de grupo denominada Mitos e Verdades utilizada como tcnica educacional, contribuiu para um maior envolvimento e participao do grupo. Atendendo aos objetivos propostos para esta atividade que era de contribuir para uma reexo e discusso dos assuntos abordados, alm de ser um momento de entrosamento entre as partes. A dramatizao foi adotada porque por meio dela pode-se atingir os educandos nos nveis cognitivos, afetivos e de ao (BOOG et al., 2003) e, pelo seu uso, existe a possibilidade de novas leituras e concluses a fatos da realidade, graas a linguagem metafrica, analogias e signicados subjetivos (RUIZ-MORENO et al., 2005), sendo estes alguns dos resultados pretendidos, ir alm da transmisso do conhecimento, buscando um maior envolvimento dos participantes. Almeida (2003) e Oliveira et al. (2007) defendem que para ocorrer interaes signicativas no basta apenas a presena fsica, necessrio um envolvimento, psicolgico ou emocional. E o uso da dramatizao Comportamento Alimentar de Adolescentes como tcnica de ensino se mostrou apropriada ao contedo educativo e capaz de incentivar a reexo e o debate sobre o tema, alm de motivar todo o grupo de adolescentes envolvidos. A dramatizao utilizada pode ser considerada uma ferramenta ldica capaz de promover a educao de jovens devido s semelhanas das personagens com o cotidiano

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dos adolescentes. Esta similaridade faz com que os jovens se transportem para as situaes representadas, buscando um paralelo entre sua vida e suas atitudes com as dos personagens. Observou-se que foi possvel promover uma aproximao mais informal entre os participantes e os pesquisadores permitindo que eles pudessem expressar com mais espontaneidade suas consideraes acerca dos assuntos abordados. Resultados semelhantes colocando a dramatizao como uma tcnica motivadora, participativa e reexiva foram descritos por Amorin et al. (2006) que objetivaram a promoo da sade de adolescentes por meio de prticas educativas, por Souza e Boas (2004) ao utilizar teatro de fantoche para motivar crianas e adolescentes quanto importncia da vitamina A e por Boog et al. em 2003, que utilizaram o vdeo como elemento de reexo sobre a alimentao de adolescentes.

CONCLUSOA aplicao de mtodos ldicos como a dramatizao e a dinmica de grupo para os contedos de Nutrio e Qualidade de Vida foram incentivadores para o aprendizado dos alunos participantes do Projeto Jovem Doutor.

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