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O “13 DE MAIOJornal dos Alunos da E. E. 13 de Maio – Bairro Aparecida– Uberlândia MG | Novembro - 2015 Nº 01 EDITORIAL: 20 de novembro de 2015: Dia da Consciência Negra! Neste ato simbólico, alunos e educadores da Escola Estadual “13 de Maio” se unem para celebrar essa data tão importante no calendário nacional. Escolhido por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, o dia 20 de Novembro marca a luta dos negros por reconhecimento e contra a discriminação que marca a história do nosso país desde o período colonial. Comemorar esta data é debater e refletir sobre as diferenças raciais e a importância de cada um no processo de construção de nossa comunidade. A primeira edição do jornal O “13 de Maio” foi construída com muito carinho e empenho por alunos do Ensino Fun- damental I (tarde), Ensino Fundamental II (manhã) e Educação de Jovens e Adultos (noite). Agradecemos o apoio dos pais, professores, entrevistados e toda a comunidade escolar. Desejamos a todos uma boa leitura! Equipe “13 de Maio” MATÉRIA ESPECIAL O CONGADO EM UBERLÂNDIA ENTENDENDO: O QUE É O CONGADO? C ongada ou congado é uma festa religiosa, cultural afro-brasileira que faz parte do nosso folclore. Surgiu no Brasil com a vinda dos escravos africanos. A História do Congado gira em torno da lenda de Chico Rei, que era Imperador do Congo e veio para o Brasil junto com cente- nas de outros negros. Durante a Francisco perdeu sua mu- lher e seus filhos e sobrevivendo apenas um. Chegando aqui Chico-Rei instalou-se em vila rica e trabalhou nas minas até conseguir ter economia que precisava para comprar a sua alforria e a de seu filho. Mas Chico era Rei e não parou por aí! Comprou também a alforria de seus súditos. Portanto, a Congada representa a coroação, de Chico-rei, a coroação do rei do Congo! Durante as festividades há muita música e dança, os instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, a sanfona, o pandeiro, o tamborim, o tarol, o cavaquinho, dentre outros. Os santos homenageados são principalmen- te São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigê- nia. Em Uberlândia a festa já é tradicional e começou por volta de 1874. Todos os anos, os ternos levam centenas de pessoas para as ruas: apaixonados por esse fascinante ele- mento de nossa cultura. A seguir, temos uma entrevista feita por nossos cole- gas Ana Carolina, Ana Julia, João Pedro e Jullyer com o primeiro capitão do terno Moçambique de Belém: Ramon Rodrigues. Henzo, Ian, Luana, Samuel e Yasmin - 7º ano A1 ENTREVISTA COM RAMON RODRIGUES O congado é uma manifestação cultural trazida pelos es- cravos. Aqui em Uberlândia, participaram mais ou menos 25 grupos de congada, e fomos entrevistar o senhor Ra- mon Rodrigues, primeiro capitão do terno Moçambique de Belém. Jullyer: Como o senhor entrou para o Terno Moçam- bique de Belém? Senhor Ramon: Eu comecei a dançar no terno já com a idade de 4 anos. Meu pai quando ele fundou esse terno, que foi no ano de 1970, eu muito pequeno já acompanha- va ele pra igreja do Rosário e ai quando ele começou o grupo eu vim para iniciar e para dançar com ele. Ana Carolina: Toda sua família participa? Senhor Ramon: Sim. Diretamente e indiretamente tem aqueles que dançam e as pessoas que não dançam ajudam na cozinha, ajudam nas confecções de roupas, todo mun- do participa. João Pedro: Ainda existe muito preconceito em relação ao Congado? Senhor Ramon: Sim, na verdade a cidade de Uberlândia é uma cidade muito preconceituosa e não é só em precon- ceito social como as pessoas pensam... é um preconceito racial. A própria festa do Congado, ela vai estar comple- tando ano que vem 100 anos de história e a própria cidade não abraça a festa. Tem bairros que ainda não sabem da

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O “13 DE MAIO” Jornal dos Alunos da E. E. 13 de Maio – Bairro Aparecida– Uberlândia MG | Novembro - 2015 Nº 01

EDITORIAL:

20 de novembro de 2015: Dia da Consciência Negra! Neste ato simbólico, alunos e educadores da Escola Estadual “13

de Maio” se unem para celebrar essa data tão importante no calendário nacional. Escolhido por ser o dia da morte de

Zumbi dos Palmares, o dia 20 de Novembro marca a luta dos negros por reconhecimento e contra a discriminação que

marca a história do nosso país desde o período colonial. Comemorar esta data é debater e refletir sobre as diferenças

raciais e a importância de cada um no processo de construção de nossa comunidade.

A primeira edição do jornal O “13 de Maio” foi construída com muito carinho e empenho por alunos do Ensino Fun-

damental I (tarde), Ensino Fundamental II (manhã) e Educação de Jovens e Adultos (noite).

Agradecemos o apoio dos pais, professores, entrevistados e toda a comunidade escolar.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Equipe “13 de Maio”

MATÉRIA ESPECIAL

O CONGADO EM UBERLÂNDIA

ENTENDENDO: O QUE É O CONGADO?

C ongada ou congado é uma festa religiosa, cultural

afro-brasileira que faz parte do nosso folclore. Surgiu no

Brasil com a vinda dos escravos africanos. A História do

Congado gira em torno da lenda de Chico Rei, que era

Imperador do Congo e veio para o Brasil junto com cente-

nas de outros negros. Durante a Francisco perdeu sua mu-

lher e seus filhos e sobrevivendo apenas um. Chegando

aqui Chico-Rei instalou-se em vila rica e trabalhou nas

minas até conseguir ter economia que precisava para

comprar a sua alforria e a de seu filho. Mas Chico era Rei

e não parou por aí! Comprou também a alforria de seus

súditos. Portanto, a Congada representa a coroação, de

Chico-rei, a coroação do rei do Congo!

Durante as festividades há muita música e dança, os

instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, a

sanfona, o pandeiro, o tamborim, o tarol, o cavaquinho,

dentre outros. Os santos homenageados são principalmen-

te São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigê-

nia.

Em Uberlândia a festa já é tradicional e começou por

volta de 1874. Todos os anos, os ternos levam centenas de

pessoas para as ruas: apaixonados por esse fascinante ele-

mento de nossa cultura.

A seguir, temos uma entrevista feita por nossos cole-

gas Ana Carolina, Ana Julia, João Pedro e Jullyer com o

primeiro capitão do terno Moçambique de Belém: Ramon

Rodrigues.

Henzo, Ian, Luana, Samuel e Yasmin - 7º ano A1

ENTREVISTA COM RAMON RODRIGUES

O congado é uma manifestação cultural trazida pelos es-

cravos. Aqui em Uberlândia, participaram mais ou menos

25 grupos de congada, e fomos entrevistar o senhor Ra-

mon Rodrigues, primeiro capitão do terno Moçambique

de Belém.

Jullyer: Como o senhor entrou para o Terno Moçam-

bique de Belém?

Senhor Ramon: Eu comecei a dançar no terno já com a

idade de 4 anos. Meu pai quando ele fundou esse terno,

que foi no ano de 1970, eu muito pequeno já acompanha-

va ele pra igreja do Rosário e ai quando ele começou o

grupo eu vim para iniciar e para dançar com ele.

Ana Carolina: Toda sua família participa?

Senhor Ramon: Sim. Diretamente e indiretamente tem

aqueles que dançam e as pessoas que não dançam ajudam

na cozinha, ajudam nas confecções de roupas, todo mun-

do participa.

João Pedro: Ainda existe muito preconceito em relação

ao Congado?

Senhor Ramon: Sim, na verdade a cidade de Uberlândia

é uma cidade muito preconceituosa e não é só em precon-

ceito social como as pessoas pensam... é um preconceito

racial. A própria festa do Congado, ela vai estar comple-

tando ano que vem 100 anos de história e a própria cidade

não abraça a festa. Tem bairros que ainda não sabem da

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2 O “13 de Maio”

existência dessa festa. Isso nada mais é do que um precon-

ceito.

Ana Júlia: E como você lida com isso?

Senhor Ramon: A maneira que eu procuro é fazer com que

muito mais pessoas saibam dessa festa e do trabalho do

Moçambique de Belém. Uma das ferramentas que a gente

usa e a “mídia social”. Nós temos um Facebook do Mo-

çambique de Belém: um já tem 5 mil amigos e outro que a

gente lançou como novo projeto do terno que e

“Moçambique de Belém - rumo aos 50 anos trabalhando

contra o preconceito”. Nesse momento nós vamos fazer

palestras, lançamos um DVD falando da historia do 45

anos do Moçambique de Belém. Nós lançamos durante a

festa uma revistinha que de certa forma alcança muito

mais mãos e assim as pessoas passam a entender mas sobre

a festa.

Jullyer: Como são confeccionados as roupas e os instru-

mentos do terno?

Senhor Ramon: Bom, os instrumentos como a gente tem

um grande número de dançantes hoje, principalmente a

“gunga” - que aquela latinha que é amarrada no pé - hoje a

gente tem umas cinco pessoas pra fazer. Então a gente pro-

cura estar passando as pessoas que nos procuram para con-

feccionar esses instrumentos por que a gente já tem muito

coisa pra fazer. E na questão dos instrumentos das caixas,

como a gente tem um número de “caixeiro” muito grande,

a gente não confecciona mais como antigamente; cada pes-

soa vai e compra seu instrumento.

Ana Carolina: Que dia é comemorado o congado em

Uberlândia ?

Senhor Ramon: Bom, a festa do Congado começa uma

semana antes do início das novenas mas todos os anos a

festa e realizada no segundo domingo de outubro.

João Pedro: E quantos grupos participam em média

dessa comemoraçao?

Senhor Ramon: Atualmente 25 grupos entre Marinheiros,

Marujos, Congos, Catupés e Moçambiques.

Ana Julia: O senhor acha que o congado e importante

para o Movimento Negro em Uberlândia?

Senhor Ramon: Acho que o congado e importante não só

para o Movimento Negro, mas principalmente pra juventu-

de. Acho que a gente tem que começar fazer um trabalho

de fortalecer o Congado na juventude, porque da mesma

forma que eu comecei com 4 anos e hoje eu tô ai na frente

do grupo eu já faço um trabalho junto aos meus filhos pra

que eles possam capitalizar a importância desse processo

para que continue.

Jullyer: E, por fim, o que comemora o Congado?

Senhor Ramon: O Congado é uma mistura: ele comemora

a vinda dos africanos pra o Brasil ele comemora toda a

libertação dos escravos do Brasil. Ele comemora também

uma coisa que talvez seja muito mais importante que a

visão que a sociedade tem da gente de achar que todos nos

éramos escravos. Não, nós fomos escravizados! E dentro

do continente africano, de onde veio a festa do Congado

tinham os reis, rainhas, príncipes, então a gente comemora

isso também: a autoestima da negritude e das pessoas

brancas que também hoje um grande numero principal-

mente no Moçambique de Belém. Eles participam dessa

festa então acho que esses três pilares são os principais.

Ana Julia, Ana Carolina, João Pedro e Jullyer

7º A1

HISTÓRIA DA CAPOEIRA

A mistura de dança e luta é chamada de Capoeira e teve sua origem na África, trazida para o Brasil na época dos escra-

vos como forma de defesa. Ao som de palmas e de alguns instrumentos como o berimbau, dentre outros, dois participantes

entram na roda e começam a praticar golpes como tesoura, meia-lua, etc... Mas vale lembrar: esses golpes nunca devem

machucar o adversário. Existem dois tipos de capoeira: a capoeira de angola e a capoeira regional. A Capoeira de Angola

possui um estilo mais próximo ao jogado pelos negros vindos do Continente africano, possui mais ritmo e ginga, com mo-

vimentos de dança e preserva uma série de valores tradicionais africanos. Já a capoeira Regional foi criada pelo Mestre

Bimba e possui muitos elementos de luta em seus movimentos.

A capoeira tem origens na luta que os escravos trouxeram para o Brasil. A capoeira usa

mais os pés do que os outros membros para ataques baixos. A rasteira é o melhor golpe, pois

derruba o adversário, dando mais chances do ataque no chão. Como os senhores dos escravos

proibiam a prática da capoeira, os movimentos foram mudados para parecer com uma dança..

Existem relatos de que, os senhores-de-engenho submetiam a torturas todos aqueles que a pra-

ticassem a capoeira. No final do século XIX, a prática da capoeira era considerada crime e

somente no governo de Getúlio Vargas que a prática (vigiada) da luta foi legalizada.

Portanto devemos sempre lembrar que a capoeira é uma importante característica de nossa cultura e da história do nosso

país.

Lorena, Geovanna, Natanielle, Nayara e Alef - 8ª ano A2

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O “13 de Maio 3

ESPORTE:

A HISTÓRIA DO NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO

O Brasil é considerado o país do futebol, mas poucas pessoas sabem que esse esporte não nasceu aqui. Mas se não

foi aqui, onde foi? Ele foi criado na Inglaterra e foi trazido para o Brasil por estudantes de classe alta. A entrada do negro

nas partidas de futebol não era permitida. Pouco após a chegada do esporte, os brasileiros tomaram gosto e o futebol aca-

bou encantando todo o Brasil.

Um certo clube chamado Bangu Atlético Clube foi o primeiro a aceitar jogadores negros. Mas os coordenadores da liga

do futebol (FERJ) não aceitaram a participação do negro nesse esporte, e proibiu-os de jogar. Então o clube abandonou a

liga e um de seus campeonatos. O clube ficou conhecido como símbolo histórico contra o racismo e elegeu como presiden-

te do clube um mulato – o que despertou a ira de seus rivais.

Havia outro time que também foi conhecido por jogar com todos os seus jogadores negros: o Vasco da Gama. Em se-

guida, vários times cariocas como Fluminense, Flamengo e Botafogo abandonaram a FERJ e formaram a AMEA - Associ-

ação Metropolitana de Esportes Athleticos – na qual o Vasco da Gama era muito importante. Outra história interessante

sobre a inserção dos negros no futebol, é que no começo eles tinham que passar pó de arroz no rosto e também tinham que

esticar seus cabelos para que ficassem parecidos com os brancos.

Arthur Friedenreich foi o primeiro grande nome do futebol do Brasil. Paulista, filho de um imigrante alemão com uma

lavadeira negra, filha de ex-escravos, portanto era mulato. Arthur foi o melhor jogador da seleção brasileira e, mesmo as-

sim, tinha que passar pó de arroz para ficar mais branco. Foi o autor do gol do primeiro título mundial brasileiro em 1919.

Após um tempo, os negros passaram a receber salários por sua atuação em campo e a presença dos negros no futebol se

tornou algo muito comum. Nomes como Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Barbosa, Pelé, entre tantos outros fizeram

história no futebol brasileiro.

Anna Clara, Brunno, Laura, Maria Clara e Tihers - 7º ano A2

RACISMO NO FUTEBOL - ATÉ QUANDO?

O futebol foi criado na Inglaterra, no século XIX e trazi-

do para o Brasil pelo Inglês Charles Miller. No começo era

permitido a participação apenas de jogadores brancos, os

negros que queriam jogar usavam pó de arroz na pele para

parecerem brancos e alisar os cabelos.

Mas esses acontecimentos são do começo do século XX.

O tempo passou e os negros ganharam seu lugar no futebol

brasileiro e mundial. Para citar alguns exemplos, temos:

Pelé, Cafú, Romário, Robinho, Ronaldinho Gaucho, Ney-

mar, Daniel Alves, entre outros. Todos esses jogadores

conquistaram títulos e troféus.

Mesmo o racismo parecendo ser atitude do século passa-

do, muitos jogadores ainda sofrem preconceito nos dias

atuais. Infelizmente ainda vemos muitos casos de racismo

no jornal e na TV. Alguns dos casos recentes são:

O jogador Tinga: esse caso aconteceu em 2014 no jogo

entre Cruzeiro e Real Garcilaso (Peru). O jogador ouviu

insultos e imitação de macacos por parte da torcida adver-

sária. Todo esse ato terrível rendeu apenas uma multa de

27,8 mil reais contra o time peruano.

O jogador Daniel Alves: A disputa era entre Barcelona e

Villareal. Daniel Alves ia cobrar um escanteio quando um

torcedor jogou uma banana em sua direção (obviamente

chamando Daniel de macaco). O jogador rapidamente des-

cascou e comeu a banana (uma cena que rodou o mundo e

se tornou um ato contra o racismo). O Villareal tomou uma

multa de 12 mil euros (aproximadamente 37 mil reais).

O arbitro Mario Chagas da Silva: Durante o jogo do

campeonato gaúcho entre Esportivo e Veranopólis, os tor-

cedores gritaram frases racistas como “teu lugar é na sel-

va” e “ volta para o circo”. Após o jogo, ao chegar no esta-

cionamento do estádio, o arbitro encontrou várias bananas

em cima de seu carro alem de muitos arranhões e amassa-

dos na lataria. O clube Esportivo perdeu seis mandos de

campo, além de pontos no campeonato e teve que pagar

multa de 30 mil reais.

O goleiro Aranha: Um dos casos mais falados nos últi-

mos tempos foi o do goleiro Aranha do Santos. Em jogo

contra o Grêmio, o jogador sofreu diversos xingamentos

por parte da torcida gremista. Como forma de punição, o

time foi eliminado da Copa do Brasil.

Portanto, concluímos que em pleno século XXI não deve-

ria existir racismo, pois somo todos iguais e a cor da pele é

apenas uma cor... não define quem é melhor.

Eduardo Soares, Felipe, Higor, João Abílio e Murilo

7º ano A2

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4 O “13 de Maio

NEGROS DE SUCESSO NO ESPORTE

Nós aprendemos que a história do nosso país foi marcada pelo preconceito racial e social. Mesmo assim, muitos negros

lutaram contra o racismo e se destacaram em diversos setores da sociedade. Esses negros passaram por cima dos preconcei-

tos e enfrentaram muitas dificuldades para chegar onde chegaram e conseguir respeito na sociedade.

Vamos falar agora de alguns negros que se destacaram nos esportes tanto no Brasil quanto no resto do mundo:

Pelé: Edson Arantes do Nascimento

nasceu em 1940 na cidade de Três Co-

rações/MG e começou a jogar futebol

em 1956 com 21 anos de idade. Pelé,

que é conhecido como o Rei do futebol

participou de 4 copas do mundo e se

destacou entre

elas.

João do Pulo:

João Carlos de Oliveira, mais conhecido

como João do Pulo teve uma infância

difícil devido a perca da mãe. Foi um

grande atleta brasileiro, ex recordista

olímpico e tetracampeão do Pan-

americano no triplo salto em distância.

Anderson Silva: Mais conhecido

como Spider, nasceu em 1975, é um lutador de artes marci-

ais e ex-campeão peso médio do UFC. Foi dono de 17 vitó-

rias seguidas até que no dia 06 de julho de 2013 perdeu o

cinturão para o atual campeão da categoria.

Daiane dos Santos: Um dos pr incipais nomes da ginás-

tica brasileira, Daiane dos Santos começou no esporte com

12 anos. Pouco tempo depois já ganhava medalhas em com-

petições como os jogos Pan-americanos

de Winnipeg – Canadá. Em 2003 ga-

nhou o Bronze no Pan de Santo Domin-

go. Daiane dos Santos imortalizou o

salto chamado “duplo twist carpado”,

tanto que após a apresentação no Mun-

dial de Ginastica de Anaheim o salto

foi batizado com o seu nome “Dos San-

tos”.

Daniel, Eduardo Gomes, Leonardo,

Lucas e Marcos

7º ano A2

O RACISMO NO BRASIL E NO

FUTEBOL

N egar a existência do racismo no Brasil pode ser

considerado uma forma de racismo, ou mais especifica-

mente um preconceito racial. O preconceito e a discrimina-

ção racial não aconteceram apenas no passado escravocra-

ta. No meio futebolístico, por exemplo, verificamos formas

de preconceito e racismo desde muito tempo.

O futebol no Brasil surgiu no final do século XIX e era

praticado por jovens ricos e brancos. Neste período no Bra-

sil, considerava-se o negro menos evoluído biologicamente

e acreditavam que o “cruzamento” entre brancos e negros

gerariam apenas genes do branco. Muitos negros, assim

como os brancos, assimilaram os preconceitos e valores

sociais e morais dos ditos “brancos”.

Apesar de o futebol ser oriundo da elite, aos poucos foi

se tornando popular, até porque o número de bons jogado-

res que até e tornavam profissionais, eram considerados

negros, mulatos, trabalhadores e desempregados, ou seja,

pessoas de classes sociais mais baixas. O racismo no fute-

bol ia dos dirigentes do clube até dos próprios jogadores e

de toda sociedade da época. Infelizmente, ainda hoje, te-

mos notícias de episódios de agressão e preconceito racial

tanto no futebol como em todo o país.

Texto produzidos pelos alunos do 2º EJA

Sarah Evellyn Rafaela

AS TRANÇAS DE BINTOU

A professora Gracielle trabalhou com sua turma de 1º ano

a obra “As tranças de Bintou”. O livro conta a história de

Bintou, uma doce menina que sonhava em usar tranças.

Vejamos abaixo alguns desenhos feitos por alunos da Tia

Gracielle

Isabela

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O “13 de Maio 5

NOSSO GRANDE OTELO

G rande Otelo nasceu em Uberlândia no ano de 1915, portanto, 2015 é o ano do

centenário desse grande artista. Sebastião Bernardes de Souza Prata era o verdadeiro

nome de Grande Otelo, que não foi apenas ator. Ele também foi poeta, sambista, cantor

e compositor. Veio de família humilde, e sua infância foi marcada por tragédias: o pai

que morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra. O garoto órfão logo cedo e fugiu com um

grupo de teatro que passava por Uberlândia. C começou assim sua vida artística.

Foi no Rio de Janeiro que Grande Otelo se destacou enquanto artista. A “cidade maravilhosa” foi o espaço ideal para o

mineiro que sonhava com a fama. Grande Otelo passou pelos palcos dos cassinos dos grandes shows, frequentando luga-

res antes não frequentados por negros. Contracenou com figuras como Carmem Miranda e Oscarito, não apenas no Brasil

mas também no exterior. Apesar do apelido Grande Otelo, Sebastião tinha pouco mais de 1,50 m de altura. No começo de

sua carreira, recebeu o nome “Pequeno Otelo” de um amigo, mas devido ao seu talento (que não cabia em seu pequeno

tamanho) passou a ser chamado de Grande Otelo

Infelizmente, em 1993 Grande Otelo sofreu um infarto ao desembarcar na França onde receberia uma premiação em

um festival de cinema. Nós de Uberlândia temos muito orgulho deste nosso conterrâneo: um homem negro, que desafiou

um país cheio de preconceitos e mostrou ao mundo todo o seu talento. Temos, em Uberlândia, na praça Tubal Vilela um

busto que homenageia o ator e também um teatro (que infelizmente está desativado).

Texto produzidos pelos alunos do 2º PAV A1

O CURTA-METRAGEM “VISTA A MINHA PELE” E

A QUESTÃO DO PRECONCEITO RACIAL

O filme “Vista a minha pele” (2003, roteiro e direção

de Joel Zito de Araújo) retrata o sonho de uma menina de

ser Miss Festa Junina, porém ela sofre preconceito por ser

branca e com isso tem alguns problemas para se candida-

tar.

Destacando discriminação racial e o sofrimento da

garota por passar por esse tipo de preconceito diariamen-

te, mas ela também descobre que só causando batalhas e

buscando seus objetivos poderá mudar essa situação.

A situação representada no filme é totalmente o oposto

do que vivemos hoje em dia, a história da discriminação

racial foi totalmente representada ao contrário do que vi-

vemos: os brancos ficaram com no lugar dos negros e os

negros representaram os brancos. No filme, os brancos

sofrem preconceito por sua cor, classe social e descendên-

cia e não possuem direitos iguais, moram em favelas e

países como Dinamarca e Alemanha são subdesenvolvi-

dos.

O documentário, deixa subentendido que mesmo a

situação estando invertida o preconceito seria o mesmo.

Porém, não chega nem perto da cruel realidade: as pessoas

são mais cruéis quando se trata de cor, raça, sexo, classes

sociais ou opção sexual.

Não acredito que o preconceito racial está chegando ao

fim, podemos representar de diversas formas como o pre-

conceito está estampados em todos os lugares como mu-

dar de calçada quando alguém negro vem em sua direção

ou quando a mulher mais bonita do mundo é loira dos

olhos azuis e pele branca.

Se vestíssemos a pele de outra pessoa viveríamos em

um mundo diferente, onde pensaríamos primeiro no próxi-

mo do que em nós mesmos, seríamos pessoas melhores e teríamos vidas e melhores certamente seriamos mais feli-

zes.

Não adianta fazermos filmes, documentários, matérias

e entrevistas pedindo igualdade se não dermos chance de

sermos iguais

Mesmo que o dia em que a igualdade nos atinja esteja

longe, temos que lutar pelos nossos direitos e ideais. Não

deixar que nada nos afete! Como dizia Martin Luther King

“Eu tenho um sonho. De ver os meia filhos julgados pelas

sua personalidades, não pela cor de sua pele”.

Arthur, Brenda, Dominic, Flávia,

Isabella e Nathália-8º A1

O CABELO DE LELÊ

Lelê é uma menina que não gos-

ta do que vê. Ela tem seus cachi-

nhos enrolados e fica perguntando

o porquê de seu cabelo ser assim.

Ela não consegue tirar a pergunta

da cabeça. De onde vêm tantos

cachinhos? Então ela começa a

procurar em um livro para tentar

achar a resposta. Ela começou a

fuçar nas coisas, nos armários, es-

tantes e em sua casa. E finalmente

ela acha um livro sobre a África.

Neste livro encontra que a Áfri-

ca conta tramas de sonhos e me-

dos, de amor e guerras, vidas e

mortes, e de diversos cabelos. Ela acha vários tipos de ca-

belos, e vê pessoas parecidas com ela, e vê que ela pode ser

do jeito que quiser!

Lelê se sentiu melhor, gostou do que viu e soube que era

hora de ser feliz: brincando e se divertindo, começou a ar-

rumar seus cabelos de jeitos diferentes. Percebeu a beleza

de ser do jeito que é. Fez com que se cabelo encantasse um

menino a quem se avizinha.

Cada pedaço do mundo carrega uma história e não pode-

mos achar que se o outro é “diferente” é porque ele é feio.

Devemos amar as pessoas do jeito que elas são.

Fernanda, Jhonatas, Lucas, Luiz Carlos, Maria Clara,

Matheus, Narayana - 6º ano A1

Desenho feito pelos alunos do 6º A1

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6 O “13 de Maio

ZUMBI DOS PALMARES: LÍDER DOS NEGROS

F alar sobre o dia 20 de Novembro é falar sobre o grande guerreiro Zumbi dos Palmares. O Dia da Consciência Ne-

gra é comemorado na data em que se acredita ser a data da morte de Zumbi (que morreu em comba-

te, lutando pela liberdade dos negros.

Zumbi nasceu em 1655 e foi criado pelo padre Antônio Melo, que p educou e alfabetizou, dando-

lhe o nome de Francisco. Mesmo criado por brancos e dentro da igreja, ao completar 15 ano, Zumbi

fugiu para o Quilombo dos Palmares.

Zumbi foi um forte guerreiro, organizou e governou Palmares. Resistiu a diversos ataques do

exercito português, mas o governo não deu trégua! Em 1965, Domingos Jorge Velho conseguiu des-

truir Zumbi, que mesmo ferido mortalmente lutou até não aguentar mais.

Devemos nos lembrar de Zumbi como esse homem forte que lutou por igualdade e liberdade. Viva Zumbi!

Samuel, Lorena, Pamella, Diego, Danielle, Herick e Breno - 6º A1

ZUMBI SOU

Eles eu defendo,

E conscientemente eu os entendo.

Livres queremos ser

Mesmo assim nosso trabalho não deixamos de fazer

Eles eram fugitivos

E iam para abrigos

Por isso o Quilombo dos Palmares construí,

E os brancos querem destruir

Mas tenho certeza que não irão conseguir

Lutei pela liberdade!

Porque quero ter mais igualdade!

Ao meio dos brancos cresci

E aos quinze anos eu fugi

Contra os brancos eu lutei

E com várias feridas pelo corpo fiquei,

Retornei para o quilombo

Para ficar junto ao meu povo

Pelos brancos fui enforcado

Em troca de liberdade

Sendo ameaçado

Escolhi a igualdade

Durante 4 séculos ficamos assim

Até que a escravidão chegou ao fim

Dos Palmares sou!

Francisco Zumbi sou!

Hudson, Jhony, João Luiz, Karen, Paula, e Vitor

6º ano A2

DANDARA DE PALMARES - MULHER GUERREIRA

Dandara foi uma grande guerreira negra no período

colonial do Brasil, era esposa de Zumbi e lutou bravamen-

te junto aos quilombolas pela liberdade dos negros.

Existem poucos relatos sobre sua história, mas quase

todos são com características de que foi presa em feverei-

ro de 1694 e para não ser escrava novamente, cometeu

suicídio. Quase não existem dados sobre sua vida ou len-

das.

Dandara foi uma mulher forte,

uma verdadeira heroína que domi-

nava técnicas de capoeira. Ela lu-

tou ao lado de homens e mulheres

em muitas batalhas para preservar

o Quilombo dos Palmares.

Além de lutar, Dandara tam-

bém participava de atividades coti-

dianas do quilombo.

Como existe pouca coisa escrita

sobre essa importante mulher, é nosso dever falar sobre ela

na Consciência Negra. Dandara foi fundamental na luta

dos negros pela liberdade e deve ser lembrada como sím-

bolo de resistência e força entre as mulheres.

Ana Laura, Ezequiel, João Eduardo, João V. Chagas, Marlon, Rayssa e Samuel.6º ano A2

AS MÁSCARAS E A ARTE AFRICANA

As máscaras eram feitas pelos africanos e eles usavam as

máscaras como um disfarce. Para eles essas máscaras eram

indispensáveis. Eles faziam as máscaras com barro,

madeira verde e metal. As máscaras eram feitas com várias cores que é para dar mais alegria e também os africanos de-

monstravam a sua alegria e felicidade através delas. Na África, podem-se encontrar várias sociedades onde cada uma tem

traços específicos e um tanto de particularidades, mas mantendo o respeito contextual e cultural. Na arte africana as escul-

turas são expressões com maior destaque e conhecidas universalmente. Ao contrário da concepção artística ocidental, a

arte africana possui um teor e um sentido mágico e até mesmo religioso.

A arte africana tem origem um pouco antes do que a história registra em seus escritos. As artes culturais de algumas tribos

ocidentais e alguns artefatos do Egito antigo e artesanatos indígenas do sul contribuíram bastante para a arte africana. Mui-

tas vezes as artes foram: interpretações abstratas de animais, vida vegetal ou desenhos naturais e formas. Na África subsaa-

riana, por volta do século X, métodos mais complexos na produção de arte foram criados.

A vinda dos negros para o Brasil trouxe também aspectos da cultura africana. Entre eles temos a arte!

Caroline, Carlos, Ellen, Kamila, Natália e Tiago - 6º ano A2

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O “13 de Maio 7

A INFLUÊNCIA DO VOCABULÁRIO AFRICANO NA

LÍNGUA PORTUGUESA Você sabia que o vocabulário português agrega várias palavras de origem africana? Isso pois foram trazidos muitos ne-

gros para trabalhar como escravos no Brasil. Esses negros trouxeram sua religião, sua cultura que inclui comidas, músicas,

o modo de ver vida diante de muitas lendas, e ainda trouxeram também as línguas e dialetos que falavam.

As palavras que formaram nosso idioma - o português do Brasil - que são de origem africana, vêm de diferentes povos

africanos como os jejes e os nagôs. Palavras como “acarajé”, “gogo”, “jabá” e muitas outras, passaram a fazer parte do

nosso vocabulário e foram incluídas em nossa cultura.

Algumas destas palavras são: Curinga, quiabo, babá, babaca, bagunça, fubá, bancar, bambolê, gogo, angola, cafofo,

dengoso, jabá, angú, fofoca, garapa, muleque, axé, mano e manha.

André, Cleidsson, Guilherme, João Pedro, João Vitor Hungria, Thais e Wellingtonn - 6º ano A2

DANÇAS AFRICANAS A dança originou-se da África como parte da vida na aldeia. Ela une os membros dos grupos nas danças, participando

homens, mulheres e crianças. A dança africana depende da ocasião, podem ser realizados por bailarinos profissionais

também. Ela é o mais importante das festas para agradecer aos deuses por uma colheita farta. As pessoas sempre dançam

em filas ou em círculos, dançam a sós ou em par.

Tipos de danças africanas: Kizomba – ritmo quente; Semba: é uma dança de salão angolana; Danças tribais – danças e

rituais que despertam o ritmo e as expressões corporais.

As danças chegam a apresentar, algumas vezes, até mesmo seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos geralmente

usam máscaras ou pintam o corpo com tintas para seus movimentos ficarem expressivos. Nas danças em Marrocos, usam

normalmente uma repetição e um grande crescimento da música e dos movimentos, criando um efeito hipnótico do dança-

rino e no expectador.

Ana Caroline, Arthur , Carolina, João Vitor, Karolyne, Kayk, Nicole, Thalis e Victor - 6º ano A1

A INFLUÊNCIA AFRICANA NA

CULINÁRIA BRASILEIRA

A cozinha brasileira tem por base a cozinha portuguesa,

mas com duas outras grandes influências a indígena e a afri-

cana. A alimentação sempre esteve e ainda está bastante

relacionada à história dos diferentes povos. Durante o perí-

odo da colonização do Brasil, povos africanos foram trazi-

dos e escravizados no nosso território. Junto com eles, trou-

xeram também sua cultura, religiões e a culinária.

No Brasil, a base da alimentação dos escravos era a fari-

nha de mandioca, feijão e milho. Esta alimentação variava

em função de seu trabalho ser urbano ou rural e de seu pro-

prietário rico ou pobre. Os negros faziam farinha, comiam

milho cozido, em forma de papa, angu ou fervido com leite

de vaca, em preparo parecido ao atual mungunzá. A banana,

por exemplo, foi herança africana e tornou-se inseparável

das plantações brasileiras e foi a maior contribuição africa-

na para a alimentação do Brasil, em quantidade, distribui-

ção e consumo.

Da África ainda vieram: a manga, a jaca, o arroz e a cana

de açúcar, assim como o azeite de dendê. A população ne-

gra que vivia no

Brasil plantou

inúmeros vege-

tais tais como:

quiabo, caruru,

inhame, erva-

doce, gengibre,

açafrão, gerge-

lim, amendoim

africano e melancia, entre outros. O modo africano de cozi-

nhar e temperar incorporou elementos culinários e pratos

típicos, transformando receitas originais portuguesas e indí-

genas, dando forma à cozinha brasileira. O acarajé, a feijoa-

da e a popular pamonha de milho, são pratos muito conhe-

cidos da culinária brasileira, que mistura ingredientes da

cultura indígena, portuguesa e africana.

Podemos dizer que a culinária brasileira é fruto da forma

como os povos africanos - enquanto escravos - misturaram

alimentos diversos de seu continente e ingredientes das três

culturas que eram predominantes no período da coloniza-

ção.

Texto produzidos pelos alunos do 1º EJA

Feijoada

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8 O “13 de Maio

A MULHER NEGRA E SEU ESPAÇO NA MODA

Quando assistimos aos desfiles das grifes famosas podemos perceber que existe um padrão de beleza para ser top mo-

del: além de magras, as modelos, em sua maioria esmagadora são brancas. É difícil encontrarmos negras no mercado da

moda internacional. Mesmo que nos últimos anos esse número tenha aumentado consideravelmente, ainda percebemos

que as modelos mais conhecidas são as brancas, a maioria das editoras de revista contratam mulheres brancas. Devido a

esse domínio dos padrões eurocêntricos, a cor, os cabelos e os traços negros são cada vez mais excluídos.

A mulher negra não precisa alisar o cabelo para ter ser lugar na pas-

sarela. Hoje temos figuras como as gêmeas brasileiras Suzana e Suzane

Macena ou as norte americanas TK Wonder e Cipriana Quan que se desta-

cam por sua autenticidade.

Na nossa opinião, as mulheres negras precisam estar nas passarelas, e isso

não deveria acontecer devido a alguma determinação judicial (como aconte-

ceu no Rio de Janeiro em 2009 que o Ministério Publico precisou colocar

cotas para modelos negras no Rio Fashion Week). Deveria acontecer para

mostrar a cara do Brasil – que tem 50,7% da população negra.

A mulher negra é linda, assim como a branca, asiática, indígena, etc.

Achamos errado essa exclusão das modelos negras do mundo da moda, pois

o Brasil é essa mistura de raças que deixam a beleza da mulher brasileira

incomparável.

Adailton, Laisa, Maria Eduarda, Maria Diana, Marina e Thiago - 7º ano A2

As modelos brasileiras Suzana e Suzane Macena

A INFLUÊNCIA CULTURAL AFRICANA NA

MÚSICA: HIP HOP E RAP BRASILEIRO

O movimento do Hip Hop no Brasil já tem cerca de vinte

anos, mas sua trajetória e a de seus integrantes ainda não foi

contada de forma consciente e sistematizada. O hip hop se

constitui de quatro elementos: o break: dança de passos

robóticos e quebrados; o grafite: pintura normalmente feita

em spray nos muros e ruas; o DJ e o rapper aquele que can-

ta e declama as letras sobre as bases eletrônicas do DJ.

O rap que significa ritmo e poesia nasceu da junção dos

últimos elementos do Hip Hop: a rima e a base eletrônica.

Existe ainda um quinto elemento do hip hop e constituinte

principalmente no rap, que é a conscientização que compre-

ende, principalmente, na valorização da ascendência étnica

negra e da cultura afrodescendente. Em tradução literal a

expressão da língua inglesa “hip hop” significa “pular e

mexer os quadris”.

A história do Hip Hop está ligada, desde a sua origem, às

lutas e conquistas políticas dos negros norte americanos dos

anos 80. As lutas dos negros contra a discriminação e por

maior participação política (visto que eram duramente re-

primidos durante este período) evoluíram pra estratégias

mais agressivas como aquelas empreendidas por organiza-

ções como os Black Panther, os Panteras Negras.

No Brasil, o Hip Hop surgiu em São Paulo na década de

90 e o Rap surgiria como um improvisado para acompanhar

as manobras corporais do break, oriundo do Hip Hop. O

tem da discriminação e da opressão sofrida pelas pessoas

negras aparece em todas as rimas de Rap brasileiro, inclusi-

ve, o uso do termo “preto” é bastante difundido e aceito

entre as maiorias dos rappers que se apropriam da palavra

de forma a torna-la motivo de orgulho, ao contrário do sen-

tido de depreciação geralmente colocado pela sociedade ao

longo da história da população negra.

Além disso, é importante ressaltar que o Rap é um estilo

musical que surgiu entre a

população pobre e da

periferia, agregando ainda

seguidores oriundos da

massa carcerária brasilei-

ra e por isso ainda sofre

preconceito e recusa por

parte da sociedade.

Texto produzidos pelos alunos do

4º EJA A1 e 4º EJA A2

ANÁLISE MUSICAL: NEGRO DRAMA – RACIONAISMC’S

A letra da música Negro Drama, do grupo Racionais Mc’s retrata a realidade da favela, especificamente dos negros mar-

ginalizados e moradores do gueto, da periferia. Podemos perceber que a letra fala muito da realidade atual (2015) mesmo

tendo sido escrita na década de 90. Parece que nada mudou, ao contrário, retrata ainda mais os dias de hoje, o preconceito,

a falta de oportunidades e a violência que as pessoas negras sofrem.

Entendemos que na época em que a letra foi escrita (1990) a imprensa não retratava tanto a realidade da favela e

Thaíde e DJ Hum

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O “13 de Maio 9

por isso o rap aparece denunciando esta realidade escondida. Inclusive, na década de 80 e 90, na efervescência do hip

hop e do rap, muitos rappers e mc’s foram mortos porque cantavam a realidade do negro da favela, oprimido e violentado

diariamente.

Os rappers do Racionaismc’s contam um pouco de suas vidas, falando de suas ori-

gens, seus traumas e de como conquistaram a fama através do rap, conquistando assim as-

censão econômica. Retratam a vida na favela, de crianças que nascem e morrem na guerra

civil dentro das periferias, entre traficantes e policiais. Contam de mulheres negras que são

abandonadas por seus parceiros e passam por dificuldade tendo que cuidar de seus filhos e

filhas, sozinhas

Denuncia a exploração, a violência, a marginalização do negro desde o Brasil Colo-

nial onde foram escravizados, até os dias atuais, sendo excluídos socialmente e/ou extermi-

nados nas favelas. Finalmente, os rappers apontam a todo o momento o preconceito e a

discriminação para com o negro pobre brasileiro.

Texto produzidos pelos alunos do

4º EJA A1 e 4º EJA A2

INSTRUMENTOS MUSICAIS DE ORIGEM

AFRICANA

Muitas pessoas costumam se lembrar do continente afri-

cano apenas em algumas características como: problemas

sociais e econômicos, políticos, conflitos, diversas doenças.

Porém, esse continente trouxe para nossa cultura muitas

riquezas.

O Brasil foi muito influenciado pela cultura africana,

que foi trazida para nosso país na época da colonização

com os negros escravizados. Essa cultura influenciou nossa

culinária, costumes, religiões, idiomas, dança, musicas, etc.

E algo que foi muito influenciado foi a música, ao trazerem

os instrumentos tocados na África. Alguns exemplos desses

instrumentos são:

Caxixi: significa “palma da mão”.

É uma cesta de vime, com pedri-

nhas no seu interior. Quanto maior

a cesta, mais grave é o seu som.

Acompanha o berimbau nas rodas

de capoeira e é usado em diversos

gêneros musicais do Brasil e do

exterior.

Berimbau: É um arco de madeira preso por um fio de

arame esticado. Em uma de suas extremidades é colocada

uma cabaça aberta e presa ao arame e à madeira por um

barbante. É necessária a utilização de uma pedra ou moeda,

vareta e caxixi para a realização do som.

Agogô: Dois cones de metal, um

agudo e outro grave, ambos presos por

uma mesma haste. Tocado por um bas-

tão e encontrado em manifestações

religiosas afro-brasileiras.

Reco-Reco: objeto feito de madeira

ou bambu com ranhuras transversais

que são friccionados por uma vareta. O som é obtido atra-

vés da raspagem de uma baqueta sobre as ranhuras trans-

versais.

Tambores: Principais instrumentos musicais africanos.

Existem diversos formatos, tamanhos e elementos decorati-

vos. É um objeto de percussão: oco e feito de bambu ou

madeira. Além da sua utilização nos eventos festivos, os

tambores eram uma forma de comunicação entre comunida-

des distantes em razão de sua forte potência sonora.

Esses são apenas alguns exemplos dos inúmeros instru-

mentos de influencia africana no Brasil. Temos ainda:

afoxé, balafon, chocalho de pé, cuíca, gonguê, maraca,

kora, udo, xilofone, dentre outros.

Apesar do Brasil ter grande influência africana, tem

também costumes de outros povos, como por exemplo: eu-

ropeus, indígenas, asiáticos, etc. Por isso, nossa cultura é

tão rica e de costumes diversificados.

Graziela, João V., Maria Cecília, Rayssa e Stanley - 7º

ano A1

O QUADRO “NEGROS NO PORÃO DO NAVIO” DE

RUGENDAS E A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO

No quadro “Negros no porão do navio”, pintado pelo artista

alemão Johann Moritz Rugendas no Século XIX, podemos perceber

as péssimas condições a que eram submetidos os negros trazidos da

África para o Brasil. A viagem era longa, eles vinham no porão do

navio, acorrentados, amordaçados e amontoados.

Muitos negros morriam na travessia do Atlântico, outros tanto

no litoral e alguns já na captura. Em média, apenas 40%

CAXIXI

AGOGÔ

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10 O “13 de Maio

chegavam vivos, ou seja, em cada 100 negros, apenas 45 sobreviviam.

Os capitães perceberam que não compensava esse tipo de transporte: negros amontoados, sem direito de sair dos porões.

Elaboraram então um processo diferente, levando os negros um vez ao dia ao convés para respirarem ar puro e para se exer-

citarem. A técnica era reduzir a quantidade de negros, deixar eles soltos e só prendê-los quando chegassem aos portos. As-

sim, não levariam prejuízo.

Antes de elaborar esse processo, havia a “quarentena”, ou seja, permaneciam durante quarenta dias para serem engorda-

dos e para tratarem das doenças.

Anna Julia, Julia, Daviny, Pietro e Vitória - 8º ano A2

POVOS AFRICANOS DESLOCADOS PARA O BRASIL E

SUAS ORIGENS GEOGRAFICAS

Na ida em busca de escravos, os portugueses ocuparam o

litoral oeste do Continente Africano com o desejo de lá

encontrar ouro. Chegaram meio pacificamente se relacio-

nando com harmonia com os africanos. Chegaram inclusi-

ve a casar com mulheres africanas. Porém, há indícios que,

por volta do ano de 1470, o mercado de escravos havia au-

mentado e este teria se tornado o maior produto de exporta-

ção vindo do continente Africano.

No período deste comércio Portugal e outros países da

Europa eram os que mais recebiam escravos que eram de-

signados para a mão de obra escrava. Foi criado o “Novo

Mundo” que alterou a rota do mercado escravo e fez com

que essa fatalidade crescesse em grande escala. Os escravos

capturados eram tirados de seu cotidianos e obrigados a

trabalhar e viver em péssimas condições, poderiam ser pri-

sioneiros de guerra. Muitos eram punidos ou espancados

até a sua morte.

A maioria dos escravos vindos do continente Africano,

eram fornecidos por políticos ou mercadores portugueses

que trocavam algum produto pelos negros. O Brasil rece-

beu negros de diferentes regiões do continente Africano,

desde toda a costa oeste da África, passando por Cabo Ver-

de, Congo, Quíloa e Zimbábue.

Desde a primeira compra de escravos feita em terras

Brasileiras até a extinção no tráfico negro em 1850, foi cal-

culado que podia ter entrado no Brasil algo em torno de 4

Milhões de escravos africanos, mais como o comércio

atlântico não se restringia ao Brasil, e foi estimado que o

comércio de escravos tinha movido 11,5 Milhões de indiví-

duos vendidos como mercadorias.

Gabriel, Hiago, Lucas S., Naiara,

Pablo e Ravel - 8ºA1

A VIDA NAS SENZALAS

A s senzalas eram a onde os negros ficavam durante

seu período do descanso. Elas possuíam divisões e os es-

cravos eram obrigado a dormir no chão. Os homens e as

mulheres dormiam separados e as crianças dormiam com

as mães .

Nas atividades da fazenda os escravos trabalhavam de 15

a 18 horas diárias. A rotina deles era: às 4:00 ou 5:00 da

manhã se apresentar ao feitor; ele dividia os grupos para ir

aos cafezais. Entre 9:00 e 10:00 horas eles almoçavam (no

próprio local as cozinheiras preparava a comida). Ás 13:00

eles paravam para comer rapadura e tomar café as 16:00

jantavam e voltavam para trabalhar até escurecer e logo

depois se apresentavam ao feitor novamente .

Os castigos sofridos pelos escravos quando cometiam

algum deslize eram:

- AÇOITE: chicote feito com 5 tiras de couro retorcidas

com nós para acelerar o ritmo do trabalho e castigar peque-

nos deslize .

- TRONCO: era um instrumento de tortura e humilhação

usadas em vários países. Os escravos eram presos até o seu

senhor resolver solta-lo.

- CEPO: é um tronco de madeira que o escravo carregava

com a cabeça presa por uma longa corrente e uma argola

presa no tornozelo .

Bianca, Brenno, Guilherme, Marlon e Pedro

7º ano A1

A REVOLTA DOS MALÊS

Uma das matérias que estudamos esse ano no 8º ano, foi

a revolta dos Malês. Mas o que foi essa revolta?

A Revolta dos Malês foi um levante de escravos e ex-

escravos africanos que ocorreu durante o Período Regenci-

al. Os negros que participaram da revolta eram chamados

de malês pois eram muçulmanos, ou seja, seguiam o Isla-

mismo. A proposta principal era a libertação imediata dos

demais escravos africanos e a liberdade religiosa.

De acordo com o plano, os re-

voltosos sairiam do bairro de Vitó-

ria em Salvador/BA e se reuniram

com outros Malês vindos de outras

regiões da cidade. Eles arrecada-

ram dinheiro compraram armas.

Porém, os Soldados cercaram os

revoltosos, que lutaram bravamen-

te. No final, o exercito saiu vitorio-

so, os lideres foram condenados a

morte, e o governo decretou leis

que restringiam ainda mais a liber-

dade religiosa.

Mesmo assim, a Revolta dos Malês ficou na história de

nosso país como um movimento de contestação dos negros

em busca de liberdade e igualdade

Dhiulliana, Felipe, Lucas Q., Rayssa, e Vitor

8º ano A1

Inscrições em árabe - usadas na comunicação

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O “13 de Maio 11

LIBERTOS, MAS SEM DIREITOS

A escravidão foi abolida no dia 13 de Maio de 1888 pela princesa Isabel, mas os negros, apesar da liberdade, não ti-

nham os mesmos direitos que os brancos. Os brancos tinham o direito de votar, de estudar, de transporte, de saúde, de mo-

radia e os negros não tinham nenhum desses direitos. Os negros, em sua maioria, eram analfabetos, vitimas de preconceito

e até algumas mulheres negras eram tratadas como prostitutas.

Os escravos, mesmo libertos não tinham oportunidades, pois apesar da liberdade o preconceito ainda predominava, por

isso, se encontravam forçados a permanecerem nas fazendas que trabalhavam, servindo o senhor do engenho para sua so-

brevivência. Aos negros que migraram para cidades, restaram apenas pequenas trabalhos como: empregadas domésticas,

quitandeiras e artesãs. Já os negros que não tinham moradia, passaram a morar em casas abandonadas .

Depois de pouco mais de um século, os negros somam hoje 50,1% da população brasileira e, apesar de termos mudado

muito, ainda existe o preconceito contra negros. Muitos são excluídos em trabalhos mais “elitizados”, como: a maioria dos

médicos são brancos, advogados brancos, políticos brancos, professores brancos, a maioria dos alunos na faculdade são

brancos, os atores e cantores também são brancos. Em novelas, muitas vezes a madame é branca e a empregada é negra.

Essa é uma triste realidade que precisamos mudar: todos somos iguais!

Bruna, Gabriel, Leonardo, Lucas, Pedro Lucas e Nathaya - 8º ano A2

O QUE SÃO COTAS RACIAIS?

C otas raciais são a reserva das vagas em

determinadas instituições para certos candidatos.

Em minha opinião, as cotas raciais são uma opor-

tunidade para negros e indígenas para estudar.

As cotas foram criadas para amenizar desigual-

dades e surgiram nos Estados Unidos, na década

de 1960,sendo considerada uma forma de ação

afirmativa. Mas o que é uma ação afirmativa? Na-

da mais é do que uma ação que busca

‘recompensar’ grupos que foram de certa forma

excluídos socialmente. Em 2012, o Supremo Tri-

bunal Federal votou que as cotas são direito dos

estudantes brasileiros.

Nosso texto não busca defender nem criticar o

sistema de cotas raciais. Queremos apenas infor-

mar os estudantes, pois percebemos que esse tema

era desconhecido entre todos nós.

A questão das cotas raciais divide opiniões. Te-

mos aqueles que são a favor: justificam que as

cotas são para reparar os mais de três séculos de

escravidão que os negros viveram no Brasil. Como

não foram dados aos negros os mesmos direitos

que aos brancos, a desigualdade social que vive-

mos hoje seria herança dos séculos passados.

Já aqueles que são contra as cotas: se baseiam

no princípio constitucional de que todos são iguais

perante a lei, portanto conseguir uma vaga devido

a cor da pele aumentaria o racismo.

Como podemos perceber este assunto é bastante

polemico. O fato e que o Brasil possui uma das

maiores populações do mundo e nossos governan-

tes precisam intensificar as ações que beneficiam

essa parcela da população.

Bárbara F., Bárbara O., Gabriel,

Henrique A., João Paulo 9ºano A1

O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

A crença de se dizer que o brasil não é um país racista vem

apenas para disfarçar o que realmente acontece. Alguns podem até

dizer que não há preconceito no nosso país, mas a verdade é que

existe sim!

As faculdades

brasileiras são um

exemplo disso: a cada

100 alunos matricula-

dos, apenas 26 são ne-

gros. Há uma pesquisa

que mostra que a cada

100 formandos, menos

de 3 são negros ou par-

dos. Os negros têm me-

nos acesso a escolas

particulares, mas o pre-

conceito não está ape-

nas nas faculdades. Nas

vagas de emprego, os brancos têm maiores chances de consegui-

rem o trabalho e, mesmo que os negros sejam contratados, em sua

maioria receberam quase que a metade do valor que um branco

iria receber. Seja até mesmo na compra de uma casa, de um carro

ou de um apartamento: os negros enfrentam dificuldades pois

existem vendedores se recusam a fazerem vendas a essas pessoas.

Se engana quem pensa que o preconceito ocorre apenas com

pessoas comuns na sociedade. Celebridades, ricos e famosos tam-

bém são alvo do preconceito racial. O caso da atriz Taís Araújo,

que desabafou ao dizer que havia sofrido preconceito nas redes

sociais por causa da cor. Isso mostra que o preconceito não tem

pessoa certa para acontecer, todos somos vítimas.

Mas é sempre bom lembrar que todos somos iguais indepen-

dente de raça , cor ou religião!

Guilherme F., Guilherme P., Henrique O.,

Isabella, Katiele e Pâmela - 9º ano A1

Page 12: O “13 DE MAIO · um grande número de dançantes hoje, ... Que dia é comemorado o congado em ... uma coisa que talvez seja muito mais importante que a

12 O “13 de Maio

Fomos até ao NEAB (Núcleo de

Estudos Afro-Brasileiros) conver-

sar com o professor João Gabriel.

Ele é formado em História, faz dou-

torado na UFU e estuda questões

relativas à discriminação e ao pre-

conceito racial.

Alunos: Boa tarde, professor João.

Obrigada por nos receber aqui. Vie-

mos saber um pouco sobre o Dia da

Consciência Negra e outras questões

importantes que debatemos em sala

de aula. Para começar, gostaríamos

que o senhor falasse um pouco sobre

esse lugar em que está nos recebendo.

João Gabriel: Vocês sabem o que é

esse local? O NEAB?

Stella: Sim, significa Núcleo de Estu-

dos Afro-Brasileiros

João Gabriel: O NEAB é o Núcleo de

Estudos Afro-Brasileiros, que foi cria-

do em 2006 pela iniciativa de alguns

professores negros da UFU, principal-

mente pelo professor Guimes, que é

professor da Química e desde que

chegou na universidade, na década de

80, começa com essa discussão sobre

a questão racial. Em 2006 ele formali-

za com outros professores e professo-

ras a criação deste núcleo.

Este núcleo basicamente tenta traba-

lhar com a temática negra contra o

racismo e, para além de ser contra o

racismo, a divulgação da cultura afro-

brasileira e africana dentro da Univer-

sidade. Mas ele não se restringe a

isso: ele também faz algumas articula-

ções politicas a nível Municipal, Esta-

dual e Nacional. Uma delas: nós esta-

mos para ter uma grande vitória que

foi a aprovação das cotas raciais para

o serviço público municipal. Foi vota-

do o primeiro turno sexta-feira passa-

da e segundo turno na última segunda

-feira. A câmara municipal aprovou e

agora só falta o prefeito Gilmar Ma-

chado aprovar para que tenhamos

cotas de 20% no serviço público. E

qual a finalidade do NEAB? Qual foi

o papel do NEAB nisso? Ele foi um

dos principais articuladores para que

essa lei fosse criada e votada na Câ-

mara Municipal. É mais ou menos em

linhas gerais isso.

Outro papel muito importante do

NEAB dentro da Universidade e a

cobrança que as nossas faculdades, ou

seja, professores que aqui estão se

formando História, Geografia, Quími-

ca, Física, Matemática, Ciências, Re-

ligião, Português, tenham contato,

conhecimento com a temática africa-

na. Para que não chegue lá na escola e

ao dar aula pra vocês comecem a falar

coisas sem nexo, coisas sem logicas.

Porque muitos acham que só nós, pro-

fessores de História, temos que abor-

dar essa temática. Mas não: professor

de Geografia, Português, Matemática.

Por exemplo, 1+1 é quanto?

Stella: -Dois

-Na lógica ocidental. Porque se a gen-

te pegar a lógica oriental, ou mais

precisamente a lógica Congolesa 1+1

pode ser 3. Por que? Um exemplo

básico: eles acreditam que na junção

de um homem com uma mulher pode

nascer uma criança, pode nascer um

terceiro. Então 1+1 pode se resultar

em 3. Mas aí tem todas as outras dis-

cussões. Um outro exemplo da mate-

mática: na computação, nós temos

uma coisa do 16 megabits, depois vai

pra 32mb, 64mb e por ai vai. Se você

pegar algumas religiões de matriz

africana que tem o jogo do búzios -

que é anterior ao computador - você

vai ver que a soma é 8, 16, 32 e 64: a

questão das matrizes matemáticas.

Então isso e só pra nos termos uma

ideia de que a cultura africana e afro-

brasileira está em tudo. Outro exem-

plo: na ciências, alguém de vocês em

problemas de coração? O primeiro

transplante de coração foi feito por

um assistente de farmácia negro dos

EUA na década de 60. Mas quantos

de nós sabemos disso? Aí caso vocês

queiram saber um pouco mais um

bom filme pra fazer um debate se cha-

ma “Quase Deuses”. Bom, agora va-

mos às outras perguntas

Stella: Qual a importância do dia da

consciência negra para você?

João Gabriel: O dia da Consciência

Negra - 20 de novembro - vem pra

contrapor o 13 de maio. Por que? Por-

que o 13 de maio tende a vangloriar,

glorificar, colocar como uma santa a

Princesa Isabel como se a Abolição

da escravidão fosse algo dado pela

Princesa Isabel de presente. E o 20 de

novembro vem pra resgatar uma me-

mória, uma história que foi esquecida:

o Zumbi dos Palmares. Acredita -se

que ele morreu no dia 20 de novem-

bro de 1695. Então enquanto Princesa

Isabel é representada por uma prince-

sa branca “dando a liberdade” aos

negros escravizados, Zumbi, o 20 de

novembro, a consciência negra, vem

pra lembrar de toda luta que a popula-

ção negra escravizada empreendeu:

lutou pra conseguir sua liberdade atra-

vés dos quilombos, através das fugas,

através dos suicídios, através das

morte de seus senhores e suas senho-

ras as sinhás. Então o 20 de novembro

vem pra resgatar, pra com que não

nos esqueçamos a luta diária que tem

que ser contra o racismo e ao mesmo

tempo pra comemorarmos os peque-

nos avanços que já tivemos. Porque se

compararmos 1888: só cem anos de-

pois o racismo vai ser crime; só em

2003 que vai se ter uma lei pra que

seja obrigado, vocês, nós estudarmos

essa cultura africana e afro-brasileira.

Um exemplo: o livro didático costu-

ma trazer apenas o negro enquanto

escravizado. O 20 de novembro já

traz o Zumbi não enquanto escraviza-

do, mas o líder de um grande quilom-

bo que é o Quilombo Dos Palmares.

Mas aí eu pergunto pra vocês: quem

foi Dandara?

Alunos- A esposa do zumbi

João Gabriel: Exatamente. A esposa

do Zumbi Dos Palmares. Mas ela

sempre é lembrada como a esposa de

Zumbi, porém, ela foi tão importante

quanto o próprio Zumbi. Ela foi uma

das guerreiras, uma das líderes mais

importantes. Então quando falarmos

de Dandara, temos que falar: mais

uma líder do Quilombo De Palmares.

E tentar tirar essa sombra pois já tem

a questão do machismo.

Entao 20 de novembro vem sempre

pra nos lembra do que ganhamos e do

que nos temos que lutar ainda

Rafa: Se o racismo ainda e um cri-

me inafiançável, por que você acha

que ainda existem vários casos de

racismo?

João Gabriel: Porque é pouco aplica-

do a lei do racismo enquanto inafian-

çável. E é muito difícil para algumas

pessoas definir o que é racismo. Um

exemplo: vocês já ouviram aquela

Page 13: O “13 DE MAIO · um grande número de dançantes hoje, ... Que dia é comemorado o congado em ... uma coisa que talvez seja muito mais importante que a

O “13 de Maio 13

expressão “menino, menino larga de

fazer serviço de preto”? É uma ex-

pressão racista? Por que quem fala

não é preso? A pessoa alega que está

brincando: “é uma brincadeira”. Mas

quem vai denunciar? Algumas práti-

cas racistas ficaram naturalizada um

exemplo: “a coisa está preta”, por que

a coisa está preta e não branca ou ro-

xa? Por que só usar essa expressão

quando estamos sem dinheiro, a situa-

ção está difícil ou complicada. Temos

que pensar nisso para além do nosso

linguajar. Na legislação, a injuria raci-

al é quando o racismo é praticado

contra uma pessoa. O racismo pra cair

nessa lei inafiançável tem que ser: um

grupo ou mais de uma pessoa prati-

cando o racismo, como foi o caso do

jogador do Santos - o Aranha - que os

torcedores gritaram. Mas quantas pri-

sões, julgamentos nós já ouvimos

falar que a foi presa condenada e está

na cadeia por racismo? Então quando

isso começar a acontecer de fato, po-

de ser que o racismo diminua, não

que acabe. E ainda temos outro deta-

lhe: a denúncia. Muitos dos que so-

frem o racismo não tem consciência

disso. Acreditam que “é brincadeira, a

pessoa é minha amiga, isso de racis-

mo não existe”. Então ele fica com

medo ou sem essa consciência para

denunciar. Outro detalhe é a testemu-

nha, pois são necessárias. Quem vai

querer testemunhar contra uma socie-

dade toda que diz que no Brasil não

existe racismo.

Wagner: Você como professor, acha

que existe muito preconceito nas

salas de aula das escolas públicas?

João Gabriel: Sim, demais. Os três

locais onde a criança aprende a ser

racista: família, TV e escola. Por que?

Porque há toda uma geração de edu-

cadores que não estão preparados para

lidar com a diversidade em sala de

aula. Então uma questão: o negro

existe apenas no mês de novembro?

Então por que muitas escolas insistem

em falar nesse assunto apenas no mês

de novembro? Uma falta de preparo.

O por que se tem uma falsa ideia de

que só o Professor de História, ou o

professor negro tem que trabalhar

com isso? Uma outra questão: como

esse assunto entra em pauta na educa-

ção infantil? Quantas princesas e prín-

cipes negros existem?

Stella: Tiana da Princesa e O Sapo

João Gabriel: Mas tem um detalhe,

essa princesa foi criada pela Disney

no ano de 2008, ano que tivemos um

acontecimento a nível mundial que foi

a eleição de Barack Obama. Se não

tivéssemos esse fato teríamos uma

princesa negra.

Duda: É um espelho para a mulher

dele.

João Gabriel: Exatamente. E se ele

tivesse uma esposa branca, teríamos

essa princesa. Como você falou, a

questão do espelho para a mulher ne-

gra. Então eu pergunto: se a escola –

de modo geral – continua reproduzin-

do isso, o livro didático continua tra-

zendo o corpo humano apenas na cor

branca, como por exemplo nas aulas

de ciências. Será que o modelo é sem-

pre o corpo branco? O negro quando

aparece no livro de História ou Geo-

grafia, aparece de modo quase geral

(lógico que algumas escolas e alguns

livros que trazem de forma diferente)

sempre de forma escravizada, sendo

chicoteado. Nunca enquanto ex escra-

vos, líder de quilombo.

Paulo: E dentro da universidade?

Existe muito preconceito entre os

alunos?

João Gabriel: Não só entre os alunos.

Mas também entre professores, outras

áreas administrativas. Antes de vocês

irem embora da universidade, deem

uma olhada

em alguns

blocos: o

perfil dos

alunos, o

perfil dos

vigilantes e

o perfil do

pessoal da

limpeza.

Olhem as

placas de

formatura:

um estudo

pelas placas

dá pra saber

quantos ne-

gros tem na

turma. Claro

que é uma

primeira impressão, não tem como

você fazer uma afirmação. Mesmo no

shopping que vocês vão: a diferença

entre os vendedores e o pessoal da

limpeza. E por que essas profissões

consideradas de baixo valor tem mais

negros? Tem uma pesquisa do IBGE

que eles fizeram uma pirâmide: em

uma das análises, de 100% dos dele-

gados brasileiros, 99,9% são brancos,

ou seja, a porcentagem de delegados

negros é tão pequena que na estatísti-

ca foi insignificante e não chegou a

1%. Aí talvez um dos motivos de nós

jovens negros morrermos tanto na

mão da polícia.

Duda: Eu queria fazer uma última

pergunta. É que eu conheço uma

moça que estuda aqui na UFU. Ela

é negra e ela me disse que antes ela

alisava o cabelo e depois de entrar

na UFU ela abriu a mente e mudou

bastante o estilo. Você acha que é

isso mesmo?

João Gabriel: Sim. Nós temos vários

exemplos aqui no NEAB de meninas

e meninos que usavam o cabelo ou

raspado ou alisado e foram tendo essa

“tomada de consciência” de que o não

liso também é bonito e pode ser acei-

tável. Acredito que isso esteja muito

ligado a questão da escola e a questão

da televisão. Vamos fazer um exercí-

cio rapidinho: a criança nasce, vai pra

escola, não se vê nos professores ne-

gros – que são poucos – e os poucos

que tem não usam o cabelo chamado

Duda, Stella, Rafa, Paulo, Wagner, Prof. Carol junto com nosso entrevistado Joa o Gabriel - bloco B - UFU.

Page 14: O “13 DE MAIO · um grande número de dançantes hoje, ... Que dia é comemorado o congado em ... uma coisa que talvez seja muito mais importante que a

DIGA NÃO AO RACISMO

O racismo não é legal,

Deixa todo mundo mal

Cada um tem seu jeito de ser

Todos nós precisamos aprender

Eles precisam sentir a culpa

E pedir desculpa

Não sabemos a dor que eles têm no coração

Precisamos dar a mão

Vamos tomar uma decisão,

E jamais acreditar nessa ilusão

O racismo precisa acabar

Vamos nos unir para ele derrotar

Vamos juntos acreditar

Que o amor ainda pode reinar

Ninguém está sozinho

Vamos vencer o racismo com carinho

Vamos ser humanos

Vamos ser irmãos

Para todos nós

Vivermos em plena união

“A prática do racismo constitui crime inafiançável e im-

prescritível, sujeito a pena de reclusão” – Republica Fede-

rativa do Brasil; Art 5º - inciso XLII.

Emerson, Gabriel, Jean, Maria Eduarda, Paulo e Tatiana 6º ano A2

14 O “13 de Maio

“natural” ou “não liso”. Mas vejamos o livro didático ou na televisão: qual o perfil de beleza? Sempre liso e loiro. Então

isso vai influenciando a formação da criança de tal forma que ela vai querer alisar. E outra coisa, o não liso é considerado

feio: “posso pegar no seu cabelo, como você lava, como faz?”. E assumir o seu cabelo como tal é uma afronta ao racismo,

à sociedade. É você mostrar aquele lugar que você tem uma identidade preservada, que não é influenciada de modo nega-

tivo pelos padrões de beleza. Mas é um processo de descoberta? Sim! Mas eu sou contra quem usa o cabelo liso? De mo-

do algum, mas eu faria a seguinte pergunta: por que você usa o cabelo alisado? Porque é bonito, prático? Mas o que é

bonito ou feio? O que é praticidade. Se praticidade? Acordar e não precisar pentear? Então o meu é prático! Dá trabalho

pra lavar? Sim! Precisa de duas coisas: agua e shampoo. Ou seja, tem-se toda uma imagem negativa em relação a isso.

Temos muito a falar, mas espero ter contribuído com a discussão de vocês!

Maria Eduarda, Paulo, Rafaela, Stella e Wagner - 9º ano A1

NELSON MANDELA: UM

GRANDE LÍDER

N elson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918

quando a Primeira Guerra Mundial chegava ao fim. Ele foi

um grande líder considerado rebelde e governou a África do

Sul entre 1994 e 1999. Seu nome verdadeiro é Rolihlahla

Madiba Mandela e foi o principal representante do movi-

mento que fazia oposição ao regime do apartheid – regime

que negava aos negros, mestiços e indianos, direitos políti-

cos, sociais e econômicos. Foi considerado pelo povo um

guerreiro em luta pela liberdade, mas considerado pelo go-

verno sul-africano como um terrorista e por isso mesmo,

passou quase três décadas preso e morreu em uma quinta-

feira aos 95 anos.

Mandela construiu um dos mais belos capítulos da histó-

ria do século XX ao se tornar o primeiro presidente negro

eleito de forma democrática na África do Sul, depois de

passr 27 anos preso por oposição à ditadura. Ele morreu em

casa com uma infecção pulmonar, devido a uma tuberculose

que contraiu na prisão. Recebeu o prêmio Nobel da Paz em

dezembro de 1993 pela luta contra a segregação e o racis-

mo.

Dizia Mandela: “Se você fala a um homem na mesma

língua que ele compreende isso vai para a cabeça, mas se

lhe fala na língua dele, isso vai ao seu coração”. Mesmo

com o fim do apartheid, ainda existe muita descriminação

racial e preconceito. Apesar da luta de Nelson Mandela nós

ainda precisamos lutar muito pelo fim do racismo e precon-

ceito no mundo inteiro; devemos ensinar as crianças de ago-

ra e do futuro a dizer não para o racismo!

Texto produzidos pelos alunos do 3º EJA

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