O agora das bibliotecas ou a biblioteca ágora : bibliotecas públicas, coworking e inovação
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O AGORA DAS BIBLIOTECAS PBLICAS OU A BIBLIOTECA GORA
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AL2012/2013.GRUPOI
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SUMRIO
Resumo ................................................................................................................................ 4Abstract................................................................................................................................. 5Introduo ............................................................................................................................. 61 Sociedade em mudana..................................................................................................... 8
1.1 A Europa 2020 101.2 Cidades Inteligentes 13
2 Um novo conceito de biblioteca pblica ........................................................................... 15
2.1 Papis da biblioteca pblica 192.1.1 Papel educativo 192.1.2 Papel cultural 212.1.3 Papel social 222.1.4 Papel informativo 252.1.5 Papel poltico 26
3 A atualidade ..................................................................................................................... 293.1 Parques Biblioteca 333.2 BiblioRedes 36
4 Rede Nacional de Bibliotecas Pblicas ............................................................................ 395 Biblioteca pblica: novos espaos, novas funcionalidades ............................................... 42
5.1 Bibliotecas pblicas como espaos de trabalho 435.1.1 Fablabs 435.1.2 Digital Media Labs 445.1.3 Hackerspaces 465.1.4 TechShops 465.1.5 Coworking Spaces 47
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I
6 Instrumentos para a biblioteca gora: implementao em Montemor-o-Velho ................. 496.1 Justificao do Projeto 50
6.1.1 Objetivos a atingir 526.1.2 Fatores de sucesso 536.1.3 Misso 536.1.4 Riscos 54
6.2 Enquadramento territorial 546.2.1 Breve descrio do concelho de Montemor-o-Velho 556.2.2 Acessibilidades 576.2.3 Anlise SWOT do Municpio 58
6.3 A Biblioteca Municipal Afonso Duarte 596.3.1 Espaos da Biblioteca / Memria descritiva 596.3.2 Organizao do Fundo Documental 616.3.3 Servios disponveis 616.3.4 Horrio 626.3.5 Diagnstico 626.3.6 Anlise SWOT da Biblioteca Municipal Afonso Duarte 64
6.4 Casos de estudo / Benchmarking 656.4.1 Centre for Social Innovation 656.4.2 Fusion Cowork - Aveiro 666.4.3 Espao de coworking na Biblioteca Municipal de Alfndega da F 67
6.5 Coworking na Biblioteca Municipal Afonso Duarte 686.5.1 Localizao 696.5.2 Principais stakeholders, pblico alvo e vantagens esperadas do projeto 706.5.3 Caractersticas de um espao de coworking 706.5.4 Servios 726.5.5 Projeto 746.5.6 Criao e dinamizao de um grupo de coworkers 78
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6.5.7 Parcerias 806.5.8 Desenvolvimento de aes de marketing 826.5.9 Levantamento de Custos 846.5.10 Calendarizao das vrias etapas que compem o projeto 90
CONCLUSES ................................................................................................................... 91BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 92LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................... 97ANEXOS ............................................................................................................................. 99
ANEXO 1 100
ANEXO 2 101ANEXO 3 103ANEXO 4 105ANEXO 5 106
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Resumo
Num contexto de constante evoluo tecnolgica e de alteraes sociais, que conduzem actual sociedade de informao e do conhecimento, pretende-se compreender qual o novo
conceito de biblioteca pblica, e quais os servios e espaos que comeam a emergir um
pouco por todo o mundo nestes equipamentos com o objetivo de atrair novos pblicos e ir
ao encontro das necessidades das pessoas. Como pano de fundo relacionou-se o papel
das bibliotecas pblicas com as polticas de crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo
da Estratgia Europa 2020. Apresenta-se um novo conceito de biblioteca pblica, que
responda aos novos desafios da atualidade articulando-os com os papis educativo,
cultural, social, informativo e poltico que esta desempenha. Neste sentido, houve a
preocupao de demonstrar a importncia das bibliotecas pblicas no desenvolvimento de
polticas culturais, sociais e educativas integradas atravs de alguns exemplos concretos
relevantes, a saber: os Parques Biblioteca em Medelln, na Colmbia (com uma vertente
marcadamente social), o programa BiblioRedes, no Chile (com um enfoque nas tecnologias
de informao e comunicao) e o Programa Nacional de Bibliotecas Pblicas (RNBP), que
dotou at ao momento Portugal com mais de duas centenas de modernas bibliotecas
pblicas. Finalmente, no mbito destes novos espaos e funcionalidades oferecidos pelas
bibliotecas pblicas procurou-se desenvolver o conceito de biblioteca pblica enquanto
espao de trabalho atravs de vrios exemplos que tm em comum o conceito de
coworking. Com base neste conceito prope-se a criao de espaos de coworking
aplicados s bibliotecas pblicas, atravs de um projeto concreto a ser implementado na
Biblioteca Municipal de Montemor-o-Velho.
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Abstract
In a context of evolving technological and social changes, leading to today's information and
knowledge society, we aim to understand the new concept of public library, and what
services and spaces are emerging all over the world in public libraries in order to attract new
users and meet the needs of people. As background, we associate the role of public libraries
with the policies for smart, sustainable and inclusive growth strategies under Europe
Strategy 2020. We present a new concept of public library that responds to the new
challenges of today linking them with the educational, cultural, social, political and
informative roles it plays. In this sense, there was a concern to demonstrate the importance
of public libraries in the development of integrated cultural, social and educational policies
through some concrete relevant examples, namely: the Library Parks in Medellin, Colombia (
with a distinctly social dimension), the BiblioRedes program in Chile (with a focus on
information and communication technologies) and the National Program of Public Libraries
(RNBP), which, to date, has provided Portugal with more than two hundred modern public
libraries . Finally, under these new spaces and facilities offered by public libraries, they tried
to develop the concept of public libraries as an area of work through several examples that
have in common the concept of co-working. Based on this concept we propose the creation
of co-working spaces in public libraries, through an actual project to be implemented in theMunicipal Library of Montemor-o-Velho.
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Introduo
Num contexto de constante evoluo tecnolgica e de alteraes sociais, que conduzem
atual sociedade de informao e comunicao, pretendemos compreender qual o novo
conceito de biblioteca pblica e dar um contributo no sentido de reajustar as bibliotecas
pblicas aos novos desafios da sociedade, s necessidades emergentes e aos novos
pblicos (clientes/utentes). Neste sentido, teremos a preocupao de demonstrar que as
bibliotecas pblicas devem fazer parte de uma estratgia concertada e integrada no
desenvolvimento de polticas culturais, sociais e educativas e que estas podem ser
parceiros privilegiados no crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo das comunidades.
Como tal uma Europa forte necessitar de bibliotecas fortes. Sero apresentados alguns
exemplos relevantes, a saber: os Parques Biblioteca em Medelln, na Colmbia (com uma
vertente marcadamente social), o programa BiblioRedes, no Chile (com um enfoque nas
tecnologias de informao e comunicao) e o Programa Nacional de Bibliotecas Pblicas
(RNBP), que dotou at ao momento Portugal com mais de duas centenas de modernas
bibliotecas pblicas.
Em Portugal, a maioria dos municpios portugueses dispe de uma biblioteca pblica
moderna integrada na denominada Rede Nacional de Bibliotecas Pblicas (RNBP). Trata-se
de um Programa partilhado entre a Administrao Central e os municpios. Este Programa
tem vindo a possibilitar a criao de novas bibliotecas pblicas. Propriedade dos municpios,
cada biblioteca integra seces diferenciadas para adultos e crianas e tambm espaos
polivalentes para actividades de animao, colquios, exposies, etc. No que respeita s
colees, para alm de livros, jornais e revistas, as bibliotecas oferecem documentos udio,
vdeo e multimdia, de modo a acompanhar as correntes actuais da literatura, da cincia,
das artes, etc. Disponibilizam ainda servios baseados nas tecnologias de informao e
comunicao, sendo o mais generalizado o de acesso Internet.
Numa altura em que as pessoas conseguem informao e contedos informativos e
culturais sem necessidade de recorrer s bibliotecas, em que os livros enfrentam a
concorrncia dos e-books, disponibilizados para os mais diversos meios de suporte e de
forma mais apelativa/interativa, as bibliotecas pblicas tradicionais, que privilegiam o
emprstimo domicilirio e o apoio aos estudantes, tendem a parecer desligadas da
atualidade e a perder atratividade.
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Ora, o investimento realizado nestes equipamentos tem que ser rentabilizado,
proporcionando comunidade (e no s a uma parcela desta) novos produtos e servios.
Estes espaos visam a promoo do livro e da leitura, mas tambm o desenvolvimento
social, cultural e da cidadania, sendo, por isso, considerados recursos estratgicos e
factores competitivos na atual sociedade de informao e conhecimento. Por isso, um dos
desafios o de manter e aumentar os utilizadores destes equipamentos, descobrir e
absorver a comunidade, redefinir a misso e os novos papis.
Mas a focalizao no utilizador coloca novas questes quanto utilizao destes espaos:
Biblioteca como centro cultural? Como espao de trabalho? Como espao de lazer? Como
espao de informao? Como espao de convvio? Ou tudo isto junto?
Como resposta as novas bibliotecas devero proporcionar espaos diferenciados,
adequados s necessidades dos diferentes grupos, que proporcionem uma maior
diversidade na sua utilizao, sendo para alm disso um lugar de aprendizagem, um lugar
de trabalho e um lugar para se (con)viver. Em suma, as bibliotecas pblicas, caso queiram
continuar a ser relevantes para a comunidade e sobreviver, devero inovar.
Para alm do enquadramento terico, o pretendem-se com o presente trabalho que este
seja um instrumento para a implementao de um espao de trabalho numa biblioteca
pblica, analisando o potencial que estas oferecem como equipamentos e parceiros
privilegiados na criao de um espao de coworking de mbito municipal. Este projeto
poder ter um alcance transversal, podendo ser implementado em qualquer municpio, em
comunidades intermunicipais ou mesmo em regies, idealmente em rede.
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1 Sociedade em mudana
Vivemos num mundo em constante transformao, que pode ser de carter superficial ou
extremamente profundo. Hoje, presenciamos uma disseminao do uso das tecnologias da
informao e comunicao. Por sermos contemporneos deste processo no nos possvel
avaliar a dimenso deste impacto. Porm, inegvel que testemunhamos uma mudana
profunda na sociedade. As TIC modificaram a forma de expresso, os registos
documentais, as instituies e, principalmente, as pessoas e suas expectativas de obter
informao e conhecimento. As pessoas, a partir do advento da Internet, acostumaram-se a
obter informaes de forma mais rpida, a qualquer hora e em qualquer lugar, sendo que o
utilizador est cada vez mais exigente e nmada.
As mudanas so cada vez mais rpidas e produzem na sociedade transformaes em
todos os domnios: economia, sociedade, tecnologia, trabalho, cultura, relaes pessoais,
entre outros. Esta nova realidade tem afetado as nossas vidas, os nossos modos de
relacionamento, a utilizao dos tempos livres, os sistemas de trabalho, as instituies e as
organizaes, provocando nas pessoas uma necessidade de atualizao constante,
conhecimentos e recursos informativos.
Os autores que discutem o vasto territrio da Sociedade da Informao enfocam o assunto
nos mais diferentes ngulos e objetivos, como tambm pelos mais distintos pressupostos
tericos. Sociedade global, aldeia global, sociedade ps-industrial, sociedade da
informao, sociedade em rede, sociedade tecnolgica, sociedade do conhecimento, no
importa a nomenclatura destinada sociedade atual, pois todas elas tm algo em comum:
discutem a sociedade a partir da mudana de paradigma causado pela avalanche de
informaes mediticas. Esta teve seus primrdios com o telgrafo e as ondas radiofnicas,
mas o seu boom foi consolidado especialmente a partir dos anos 60 do sc. XX, aps aecloso do fenmeno televisivo e, mais tarde, com o aperfeioamento do computador e o
surgimento da Internet.
Com o extraordinrio desenvolvimento cientfico e tecnolgico experimentado na segunda
metade do sculo XX estabeleceram-se as condies e o cenrio para a convergncia entre
a informtica, a eletrnica e a comunicao. Este facto, leva o computador a centralizar
funes que antes eram apresentadas por diversos meios e canais de comunicao. As
tecnologias digitais, surgiram como a infra-estrutura do ciberespao, novo espao de
comunicao, de sociabilidade, de organizao e de transao, mas tambm novo mercado
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da informao e do conhecimento. O ciberespao abre caminhos para a cibercultura, pela
qual a produo e a disseminao da informao so pautadas pelo dispositivo
comunicacional todos-todos. Assim, no h apenas um emissor, mas milhares.
A Internet e as tecnologias digitais fizeram emergir um novo paradigma social, descrito poralguns autores, como Sociedade de Informao e do Conhecimento. Um mundo onde o
fluxo de informaes intenso, em permanente mudana, e onde o conhecimento um
recurso flexvel, fluido, sempre em expanso e em mudana. Um mundo sem territrio onde
no existem barreiras de tempo e de espao para que as pessoas se comuniquem. Uma
nova era que oferece mltiplas possibilidades de aprender, em que o espao fsico da
escola, to proeminente em outras dcadas, neste novo paradigma, deixa de ser o local
exclusivo para a construo do conhecimento e preparao do cidado para a vida ativa.
As evolues tecnolgicas recentes tm conduzido ao aparecimento no mercado de um
elevado nmero de ttulos em suporte eletrnico. Assiste-se a um diversidade, em riqueza e
quantidade, de contedos em formato eletrnico que prefiguram uma alterao radical ao
modo de conceber uma biblioteca. Estas constataes colocam um desafio: qual ser o
papel da biblioteca pblica no futuro?
As funes tradicionais de promoo da leitura e do acesso informao, alargada s suas
novas formas e suportes, continuaro a ser fundamentais no novo ambiente. Para as
desempenhar cabalmente, como se afirma no Manifesto da UNESCO/IFLA (1994), as suas"colees e servios devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas
apropriados, assim como fundos tradicionais".
Em Portugal, onde na maioria dos lares, e at em muitas escolas, escasseiam os livros e o
computador ainda no uma ferramenta facilmente acessvel, as bibliotecas pblicas
podem e devem ser a porta aberta para o novo mundo da informao digital e multimdia, o
ponto de acesso ao ciberespao para aqueles que, por razes socioeconmicas e/ou
culturais, no tm, partida, meios para o fazer em casa.
A evoluo tecnolgica observada nos ltimos anos e sobretudo a expanso da Internet,
vieram modificar os hbitos das pessoas e prev-se que essa alterao se aprofunde
medida que as autoestradas da informao se generalizem. A nvel das instncias
europeias, e com algum eco entre ns, tm sido produzidos vrios documentos sobre a
passagem para a sociedade da informao e sobre as transformaes que ela implica. Para
a preparar, foram lanados programas com forte incidncia na utilizao de produtos e
servios multimdia.
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neste contexto que as bibliotecas pblicas viram as suas responsabilidades aumentadas
e as suas funes diversificadas para se tornarem cada vez mais aptas a levar s
populaes os novos meios de aquisio e transmisso de saber que a Sociedade da
informao e do Conhecimento faculta.
1.1 A Europa 20201
A Europa atravessa um perodo de transformaes. A crise anulou anos de progresso
econmico e social e exps as fragilidades estruturais da economia europeia. Entretanto, o
mundo est a evoluir rapidamente e os desafios de longo prazo (globalizao, presso
sobre os recursos, envelhecimento da populao) tornam-se preocupantes.
Atravs da Estratgia Europa 2020, a Unio Europeia pretende transformar a UE numa
economia inteligente, sustentvel e inclusiva. Para o efeito, estabeleceu os cinco objetivos a
seguir referidos que os Estados-Membros devero traduzir em objetivos nacionais, tendo
em conta os seus diferentes pontos de partida:
Aumentar a taxa de emprego da populao com idade entre 20 e 64 anos do nvel
atual de 69 % para, pelo menos, 75 %.
Atingir o objetivo de investir 3 % do PIB em I&D, em especial melhorando as
condies do investimento em I&D pelo sector privado, e desenvolver um novo
indicador para acompanhar a inovao.
Reduzir as emisses de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 20 %
relativamente aos nveis de 1990 ou em 30 %, se as condies o permitirem,aumentar para 20 % a parte das energias renovveis no nosso consumo final de
energia e aumentar em 20 % a eficincia energtica.
Reduzir a percentagem de jovens que abandonam prematuramente a escola para 10
%, relativamente aos atuais 15 %, e aumentar a percentagem da populao com
idade entre 30 e 34 anos que completou estudos superiores de 31 % para, pelo
menos, 40 %.
1 Consulte:
http://www.umic.pt/images/stories/publicacoes3/UE2020_COM_final.pdfhttp://www.umic.pt/images/stories/publicacoes3/UE2020_COM_final.pdf -
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Reduzir em 25 % o nmero de europeus que vivem abaixo dos limiares de pobreza
nacionais, o que permitir tirar da situao de pobreza 20 milhes de pessoas.
Para atingir estes objetivos, a Comisso props uma Agenda Europa 2020 que consiste
numa srie de iniciativas cuja execuo constituir uma prioridade partilhada com vrias
aces emblemticas (ver Anexo 1).
Um estudo da Comisso Europeia, intitulado Regions 2020: an assessment of future
challenges for EU regions (2008), identificou quatro grandes tipos de desafios com que os
pases e as regies europeias se iro confrontar no horizonte de 2020 e que so: a
globalizao; a mudana demogrfica, as alteraes climticas e a segurana e
sustentabilidade energticas.
Neste contexto, entenda-se a globalizao como uma fora motriz que est a gerar
progressos cientficos e tecnolgicos, criando mltiplas oportunidades graas abertura de
novos mercados de dimenso gigantesca, ao mesmo tempo que vai testar a capacidade
europeia de realizar um ajustamento estrutural profundo e de gerir as consequncias sociais
desse ajustamento.
Quanto mudana demogrfica, esta poder ser encarada como uma fora motriz que vai
alterar a estrutura etria e do emprego nas sociedades europeias, levantando questes em
termos de eficincia econmica e equidade intergeracional. Alm disso, as presses
migratrias tero forte impacto dada a proximidade de regies, das mais pobres do mundo
e/ou das que vo ser mais afetadas pelas mudanas climticas e escassez de recursos.
Ainda tendo por referncia o mencionado estudo, em relao s regies portuguesas
(Continente), no seu conjunto, encontram-se entre as que mais iro ser atingidas por trs
das foras motrizes: globalizao, alteraes climticas e questes energticas.
Portugal, atravs da Direo-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB), foi um dos 17
pases europeus2 convidados pela Fundao Bill & Melinda Gates a participar no Estudo
transeuropeu para aferir as percees dos utilizadores sobre os benefcios dasTIC nas
bibliotecas pblicas. A coordenao do Estudo coube DGLAB bem como a reviso e
2 Fazem parte do estudo os seguintes Pases: Alemanha, Blgica, Bulgria, Dinamarca, Espanha, Finlndia,Frana, Grcia, Holanda, Itlia, Letnia, Litunia, Polnia, Portugal, Reino Unido, Repblica Checa e Romnia.
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traduo dos relatrios finais que datam de Maro de 20133. Nele estiveram envolvidas
vrias bibliotecas pblicas portuguesas. Este estudo, que inclui um relatrio geral ao nvel
da UE e relatrios a nvel nacional, visa avaliar o papel das bibliotecas pblicas no apoio s
polticas econmicas e sociais no mbito da Estratgia Europa 2020. Os seus objetivos
foram compreender o impacto do acesso s Tecnologias da Informao e Comunicao
atravs das bibliotecas nas vidas dos cidados, designadamente para apoiar a aplicao
das polticas de crescimento, educao, e coeso da Estratgia Europa 2020 da Unio
Europeia.
Sublinhe-se que um dos relatrios acima referido, faz ainda uma remisso para um outro
estudo. A se refere que existe um conjunto cada vez maior de evidncias sobre as formas
como o acesso s TIC contribui para o desenvolvimento econmico, social, da sade e da
educao.4
Conclui-se que existem evidncias de que o acesso s TIC atravs das bibliotecas pblicas
pode apoiar a aplicao das polticas especficas de crescimento, educao e coeso
referidas na Estratgia Europa 2020, tais como os marcos das competncias e incluso
digitais descritos na Agenda Digital para a Europa (uma das sete iniciativas emblemticas
da Estratgia), ou a aprendizagem informal ou no formal, que mencionada em trs das
sete iniciativas emblemticas.
3 Consulte:4 ConsultarThe Global Impact Study of Public Access to Information & Communication Technology (Estudosobre o impacto global do acesso pblico s Tecnologias de Informao e Comunicao) sobre a escala,natureza e impactos do acesso pblico s tecnologias de informao e comunicao. Considerando asbibliotecas, telecentros e cibercafs, o estudo analisa o impacto em vrias reas, incluindo a comunicao elazer, cultura e lngua, educao, emprego e rendimentos, governao e sade. Implementado pelo Technology& Social Change Group (TASCHA, Grupo para a Tecnologia e a Mudana Social) da Universidade de
Washington, o estudo faz parte de um projeto de investigao mais alargado apoiado pelo InternationalDevelopment Research Centre (IDRC, Centro Internacional de Investigao sobre o Desenvolvimento), doCanad, e de um subsdio dado ao IDRC pela Bill & Melinda Gates Foundation (Fundao Bill & Melinda Gates).
http://www.iplb.pt/sites/DGLB/Portugues/noticiasEventos/Paginas/AsTICnasBibliotecasEuropeias.aspxhttp://www.iplb.pt/sites/DGLB/Portugues/noticiasEventos/Paginas/AsTICnasBibliotecasEuropeias.aspxhttp://www.iplb.pt/sites/DGLB/Portugues/noticiasEventos/Paginas/AsTICnasBibliotecasEuropeias.aspxhttp://www.iplb.pt/sites/DGLB/Portugues/noticiasEventos/Paginas/AsTICnasBibliotecasEuropeias.aspx -
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1.2 Cidades Inteligentes
O conceito de cidade inteligente tem vindo a dominar quer a literatura acadmica quer aagenda das polticas pblicas. No existe um conceito nico e universalmente aceite de
cidade inteligente. Encontram-se em conceo e implementao diversos projetos a nvel
mundial, com objetivos, caratersticas, motivaes, aes, parceiros, nveis de maturidade,
modelos de governao e fontes de financiamento diversas, apesar do tema estar sempre
relacionado com a utilizao das tecnologias de informao e comunicao para facilitar a
vida urbana. (INTELI INTELIGNCIA EM INOVAO, CENTRO DE INOVAO, 2012)
As cidades so espaos de problemas, desafios e oportunidades. Se por um lado, as
cidades agregam 50% da populao mundial e contribuem para 60-80% do consumo de
energia e 75% das emisses de carbono, originando fenmenos de desigualdade e
excluso social, cenrio que tende a agravar-se quando se prev um crescimento
populacional de 7 para 9 bilies em 2040, principalmente nos pases em desenvolvimento
(ONU, 2012). Por outro lado, as cidades so palcos de inovao, conhecimento e
criatividade, sendo que as previses apontam para que as 600 maiores urbes do mundo
gerem 60% do PIB mundial em 2025 (MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE, 2011). Nestes
termos, imperativos demogrficos, econmicos, sociais e ambientais tornam premente aaposta em novos modelos de desenvolvimento urbano.
Por estes motivos, tem-se assistido ao emergir de programas e projetos de cidades
inteligentes (smart cities) em todo o mundo, tendo como base a utilizao de tecnologias de
informao e comunicao com vista a promover a competitividade econmica, a
sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida, apelando colaborao de diversos
atores (municpios, bibliotecas, universidades, centros de investigao, empresas,
cidados).
Os principais pilares destas iniciativas centram-se em reas diversas, como: governao,
energia, mobilidade, gesto da gua e resduos, edifcios, segurana pblica, sade,
cultura, entre outras.
A Carta de Leipzig sobre Cidades Europeias Sustentveis assinada em 24 de Maio de
2007, pelos ministros europeus responsveis pelo ordenamento do territrio e urbanismo,
no mbito da presidncia alem da UE, veio definir as bases de uma nova poltica urbana
europeia, focalizada na resoluo dos problemas de excluso social, envelhecimento,alteraes climticas e mobilidade. Os 27 Estados Membros definiram um modelo de
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polticas urbanas para a Europa do sculo XXI, cujas propostas chave, na base dos
pressupostos de que o futuro da integrao europeia passa pelas cidades e de que o futuro
das polticas urbanas passar pelos centros das cidades, so: o renascimento urbano,
apostando nos centros das cidades; garantir uma elevada qualidade dos espaos pblicos;
enfrentar as mudanas climticas tambm uma tarefa urbana; modernizar a rede de
mobilidade e reforar a eficincia energtica dos edifcios; boa governana urbana, no
sentido de envolver outros parceiros j que o planeamento urbano no tarefa exclusiva do
setor pblico e envolver os cidados no combate excluso social nas cidades.
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2 Um novo conceito de biblioteca pblica
Embora tenham tido a sua origem nos pases anglo-saxnicos, nomeadamente em
Inglaterra e nos EUA, atualmente as bibliotecas pblicas so um fenmeno mundial.
Encontram-se em vrios pases e em distintos graus de desenvolvimento. Apesar dos
diversos contextos em que as bibliotecas pblicas atuam, sejam por motivos culturais,
sejam por motivos econmicos, sejam por motivos polticos, e dos servios oferecidos por
estas estarem muito dependentes desses mesmos contextos, normalmente possvel
encontrar caractersticas comuns entre elas.
Segundo as Directrizes da IFLA/UNESCO para bibliotecas pblicas organizadas por Koontz& Gubbin (2012, p. 1-2): A biblioteca pblica uma instituio criada e financiada pela
comunidade, seja por meio de governo local, regional ou nacional, seja por meio de outra
forma de organizao da comunidade. Ela proporciona acesso ao conhecimento,
informao, educao permanente e a obras da imaginao por meio de uma variedade
de recursos e servios, e se coloca disposio de modo igualitrio, a todos os membros
da comunidade, independentemente de raa, nacionalidade, idade, gnero, religio, lngua,
dificuldade fsica, condio econmica e social e nvel de escolaridade.
Um dos documentos que ter contribudo para consagrar os princpios bsicos que orientam
a criao e a organizao das bibliotecas pblicas um pouco por todo o mundo o
Manifesto da UNESCO/IFLA sobre as bibliotecas pblicas (1994). Este documento constitui,
de facto, a base de trabalho e uma referncia que tem suportado a reflexo e a discusso
nesta rea nos ltimos anos, em que profissionais e polticos tm participado, e que tem
resultado na elaborao de inmeros outros documentos e trabalhos sobre o papel das
bibliotecas pblicas no contexto da Sociedade de Informao.
Esta reflexo em torno das bibliotecas pblicas tem produzido uma reformulao e uma
atualizao do prprio conceito de biblioteca pblica e do reconhecimento poltico da sua
importncia na sociedade atual. Por isso, as bibliotecas pblicas so hoje reconhecidas
como instituies estreitamente associadas aos conceitos de democracia, cidadania,
aprendizagem ao longo da vida, desenvolvimento econmico e social, diversidade cultural,
entre outros.
O Manifesto da UNESCO/IFLA sobre as bibliotecas pblicas (1994) define a biblioteca
pblica como uma instituio indispensvel democracia, liberdade, prosperidade e aodesenvolvimento harmonioso das pessoas e das sociedades. Neste sentido, este Manifesto
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apresenta um conjunto de princpios fundamentais que devem presidir criao de
bibliotecas pblicas, a saber:
A biblioteca pblica a porta de acesso local informao e ao conhecimento;
Os servios devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos,
sem distino de raa, sexo, idade, religio, nacionalidade, lngua ou condio
social;
Todos os grupos etrios devem encontrar materiais adequados s suas
necessidades;
As colees e servios devem incluir todo o tipo de documentos em diversos
suportes;
Os servios e colees devem ser adequados s necessidades e condies locais;
As colees devem ser de elevada qualidade e refletir diversas perspetivas e
tendncias;
As tecnologias de informao e comunicao devem estar presentes;
As colees e servios no devem ser submetidos a qualquer forma de censura
(ideolgica, poltica ou religiosa) ou a presses comerciais;
Os servios devem estar acessveis a todos os membros da comunidade;
Os servios devem em princpio ser gratuitos;
A biblioteca pblica da responsabilidade das autoridades locais e nacionais;
So uma componente essencial de qualquer estratgia a longo prazo para a cultura,
o acesso informao, a alfabetizao e a educao.
Outros documentos internacionais tm sublinhado a importncia da biblioteca pblica na
sociedade atual. Ao nvel da Unio Europeia surge em 1998 um documento poltico muito
importante para as bibliotecas pblicas: uma resoluo do Parlamento Europeu intitulada
Report on the Green Paper on the role of libraries in the modern world. Este documento
aponta um conjunto de aes a adotar pelos estados membros, das quais se destacam as
seguintes:
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As bibliotecas devem ser tidas em conta nas estratgias nacionais e da Unio
Europeia para a Sociedade de Informao, assim como nos respetivos
oramentos, j que constituem um dos mais importantes sistemas organizados
de acesso cultura e ao conhecimento;
Devem ser adotadas medidas adequadas que permitam s bibliotecas
desempenhar um papel ativo no acesso informao e transmisso do
conhecimento;
Todo o tipo de bibliotecas deve possuir equipamentos modernos, em particular,
ligao Internet;
Utilizao gratuita dos servios bsicos das bibliotecas pblicas, em
conformidade com o esprito do Manifesto da UNESCO, uma vez que, pela sua
natureza, a biblioteca pblica um servio pblico de interesse geral.
Em Copenhaga, em Outubro de 1999, sobre o tema Public Libraries and the information
Society,decisores polticos de 31 pases europeus aprovaram a Declarao de Copenhaga,
que consideram poder ser uma base comum para o desenvolvimento de polticas para as
bibliotecas pblicas. Neste documento feito um apelo para que os governos desenvolvam
as seguintes aes:
Definam uma poltica nacional de informao que desenvolva e coordene todos os
recursos relevantes de interesse pblico. Essa poltica deve reconhecer o papel
nico e vital das bibliotecas pblicas como pontos de acesso para a maioria dos
cidados, sendo apoiada por legislao adequada;
Criem uma rede de infraestruturas que suporte o desenvolvimento de uma poltica
nacional de informao para a Sociedade de Informao que leve cooperao asinstituies, principalmente as que so tradicionanalmente consideradas instituies
da memria como as bibliotecas, arquivos e museus. Esta infraestrutura deve
encorajar uma cooperao efetiva entre bibliotecas pblicas;
Criem um programa de desenvolvimento para as bibliotecas pblicas que assegure
um nvel bsico a cada cidado que inclua informao adequada e tecnologias de
informao e o necessrio financiamento para garantir esse acesso;
Assegurem que as bibliotecas pblicas sejam equipadas de modo a disponibilizaremo mximo acesso aos novos recursos informativos a todos os cidados,
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independentemente da situao econmica, fsica ou educacional. Que estas
bibliotecas tenham recursos adequados para sustentarem a continuidade dos
servios;
Faam lobby no Parlamento Europeu para que as bibliotecas pblicas fiquem bemposicionadas na agenda social atual e futura,
Trabalhem no sentido de garantir que exista um equilbrio entre os direitos dos
criadores da informao e os direitos de acesso informao dos cidados.
Mais recentemente, em 2009, realizou-se em Viena uma conferncia conjunta da EBLIDA
(European Bureau of Library, Information and Documentation Associations) e do frum
NAPLE (National Authorities on Public Libraries in Europe) sobre o tema A Library Policy for
Europe. Desta Conferncia resultou a Declarao de Viena, que constitui um apelo de
ambas as entidades Comisso Europeia no sentido de pr em prtica quatro
recomendaes para o desenvolvimento das bibliotecas europeias, em particular as
pblicas, a saber:
Realar o papel das bibliotecas na Sociedade Europeia do Conhecimento e
encorajar os estados membros a promover as suas bibliotecas;
Criar um Centro Europeu do Conhecimento para as bibliotecas pblicas;
Financiar projectos europeus que visem o desenvolvimento das bibliotecas, incluindo
o financiamento para a criao de bibliotecas digitais e de servios em linha que
permitam uma cidadania europeia ativa e oportunidades de aprendizagem;
Implementar uma poltica de direitos de autor justa, que garanta os direitos legtimos
dos detentores desses direitos, mas que, em simultneo, consagre excees
razoveis aplicadas ao trabalho das bibliotecas.
Os documentos referenciados mostram a importncia da biblioteca pblica no contexto atual
da Sociedade de Informao e apontam tambm para o enorme potencial social das
bibliotecas pblicas. Estas no podem ficar de fora da construo europeia da Sociedade
de Informao. Devem afirmar-se como espaos essenciais para o desenvolvimento social
e a cidadania, principalmente porque na sociedade atual a informao e o conhecimento
so considerados cada vez mais recursos estratgicos e fatores competitivos.
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2.1 Papis da biblioteca pblica
Definir a misso de uma organizao determinar qual, ou quais, os papis que esta deve
ter na sociedade. Trata-se, por outras palavras, de saber qual a sua razo de ser, quais
os seus clientes e o que espera a sociedade que ela faa. A misso de uma organizao
(pblica) deve ir ao encontro da satisfao das necessidades (e expetativas) do cliente que
a procura para utilizar e/ou adquirir bens e servios. Por isso, prioritrio para qualquer
organizao estabelecer e definir a sua misso e os seus papis.
Ao longo dos anos as bibliotecas pblicas tm vindo a assumir vrios papis. Estes vo
desde da biblioteca-memria, preocupada basicamente em conservar o patrimnio escrito
para as geraes futuras, passando pelo papel da biblioteca-estudo, suporte da vidaacadmica e escolar; para chegar a outros papis mais atuais, que pretendem responder
aos novos desafios e necessidades das pessoas como, por exemplo: apoiar a
aprendizagem ao longo da vida; ser um agente activo na recolha, preservao e divulgao
da histria, cultura e tradies locais; desenvolver-se como um plo de difuso cultural;
constituir-se como lugar de encontro e frum de debate; servir como centro de informao
comunitria e de apoio ao cidado para que este, de modo crtico e autnomo, possa usar a
informao que necessita; promover a incluso digital; ser uma possibilidade de lazer e de
ocupao dos tempos livres.
2.1.1 Papel educativo
O papel educativo das bibliotecas pblicas normalmente associado leitura. Apesar das
tecnologias de informao e comunicao e dos novos suportes, como o caso dos
materiais audiovisuais, cada vez mais populares neste tipo de biblioteca, o livro continua a
ter um lugar central e privilegiado na composio das colees e com base nele que se
desenvolve grande parte das suas actividades e dos servios prestados. So objectivos das
bibliotecas pblicas, portanto, entre outros, combater a iliteracia, promover a leitura e
realizar atividades de animao cultural, visando a consolidao e a criao de novos
pblicos para o livro. Com este propsito, recomenda a IFLA (1994) que as bibliotecas
pblicas devem, por um lado criar e fortalecer os hbitos de leitura nas crianas, desde a
primeira infncia e, por outro, possam apoiar, participar e, se necessrio, criar programas
e actividades de alfabetizao para os diferentes grupos etrios.
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Num pas onde as bibliotecas escolares eram raras e mal apetrechadas at ao final dos
anos 90 do sc. XX5, as novas bibliotecas pblicas municipais tm sido um incentivo ao
sistema educativo, nomeadamente atravs do apoio tcnico que prestam s bibliotecas
escolares.6 No entanto, as atividades de promoo e animao da leitura das bibliotecas
pblicas municipais portuguesas tm estado muito focadas no pblico escolar. Os espaos
de leitura destas bibliotecas so frequentemente salas de estudo ocupadas por estudantes
e as atividades de promoo da leitura so normalmente dirigidas a crianas, com
atividades em que a Hora do Conto ocupa um lugar central. Apesar de louvveis, tais
actividades tm, sobretudo, um carcter ldico, j que, por diversas razes, no parece
haver uma estratgia concertada de formao de leitores crticos e autnomos. Por estes
motivos, o papel educativo das bibliotecas pblicas em Portugal tem estado muito ligado
escola e aos estudantes. Como assinala Lopes & Antunes (2000, p. 26) [....] esta
apropriao paraescolar da biblioteca pblica no deixa de ser inquietante e de levantar
sentimentos de perplexidade entre tcnicos e decisores. Com efeito, dever esta instituio
assistir passivamente sua progressiva escolarizao, sobretudo tendo em conta os
fraqussimos nveis de leitura e requisio de obras no-escolares? Numa altura em que
5 Em 1996 o Ministrio da Educao em parceria com o Ministrio da Cultura decidiu criar o Programa Rede deBibliotecas Escolares, tendo como objectivo principal a instalao de bibliotecas escolares nas escolas de todosos nveis de ensino. O Programa Rede de Bibliotecas Escolares tem por finalidade apoiar a criao e/ou
desenvolvimento de bibliotecas escolares nas escolas pblicas dos diferentes nveis de ensino. Cada BE/CRE(Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos) dever ser entendida como um centro de recursosmultimdia de livre acesso, destinado consulta e produo de documentos em diferentes suportes, devendodispor de espaos flexveis e articulados, mobilirio e equipamento especficos, fundo documental diversificado euma equipa de professores e tcnicos com formao adequada. Alm disso, pretende-se com estas bibliotecasque os jovens possam aprender a pesquisar, avaliar e utilizar a informao disponvel na aquisio/produo denovos conhecimentos, adquirindo competncias que constituem o meio essencial para fazer face s rpidasmutaes da sociedade, ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico acelerados que caracterizam o nossotempo, constante desactualizao do conhecimento. Pretende-se, assim uma articulao entre a bibliotecaescolar e a sala de aula num sentido de promover as literacias e melhorar a aprendizagem. Consultar:6 A rede de Bibliotecas Escolares atravs do Ministrio da Educao tem vindo nos ltimos anos junto dosmunicpios a estabelecer protocolos no sentido de estes, atravs das suas bibliotecas municipais, garantiremapoio (tcnico e financeiro) s bibliotecas escolares dos respectivos municpios. Deste modo, as bibliotecasescolares, sobretudo do 1 ciclo, tm vindo a receber um apoio decisivo das bibliotecas pblicas municipais.Este apoio num nmero crescente de bibliotecas municipais tem dado origem ao chamado Servio de Apoio sBibliotecas Escolares (SABE). De entre as muitas funes que tm sido atribudas ao SABE destacam-se asseguintes: apoiar as bibliotecas escolares, estimulando a sua criao onde no existam ou acompanhando odesenvolvimento das existentes; promover a articulao das bibliotecas escolares com as outras bibliotecas doconcelho, procurando formas de cooperao e rentabilizao de recursos; fornecer recursos fsicos e deinformao s bibliotecas escolares, nomeadamente s escolas de menor dimenso, e apoiar projetosespecficos; prestar colaborao tcnica s escolas no domnio da organizao, gesto e funcionamento dasbibliotecas escolares; participar na formao contnua dos profissionais envolvidos no servio de bibliotecasescolares; apoiar o uso eficaz dos recursos, atravs do aconselhamento na seleo dos recursos ou nodesenvolvimento do servio de biblioteca. Estes novos servios de apoio s bibliotecas escolares tm, noentanto, tido um efeito perverso no funcionamento das bibliotecas pblicas municipais, a saber: no reforo juntoda comunidade e dos autarcas do papel educativo da biblioteca pblica, criando nestes a ideia que a bibliotecasmunicipais devem apoiar sobretudo os estudantes e, na sobrecarga de trabalho dos j reduzidos recursos
humanos existentes nestas bibliotecas (CALIXTO, 2005, p.79; OLEIRO & HEITOR, 2010, p. 4-5), que poderiamser canalizados para garantir servios/atividades junto de outros setores da comunidade que so, normalmente,preteridos face s solicitaes escolares aqui apontadas.
http://www.rbe.min-edu.pt/http://www.rbe.min-edu.pt/ -
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atravs do Programa da Rede de Bibliotecas Escolares se conseguiu dotar uma grande
parte das escolas com bibliotecas modernas, esta situao parece no se ter alterado. Esta
realidade voltou a ser confirmada com Santos (2007, pp. 118, 122) em A leitura em Portugal
a indicar que so os estudantes que mais frequentam as bibliotecas pblicas. Num outro
encontro sobre servios bibliotecrios para jovens, Nunes (2008) alertava para o seguinte:
O uso das bibliotecas pelos jovens considerado marcadamente instrumental, e muitos
bibliotecrios queixam-se da escolarizao das bibliotecas pblicas.
2.1.2 Papel cultural
Acompanhando a evoluo da sociedade a preocupao inicial da biblioteca pblica com
educao expandiu-se e deu lugar a outros papis, nomeadamente o cultural. Com estepropsito recomenda a IFLA/UNESCO no Manifesto sobre bibliotecas pblicas (1994) que
as bibliotecas pblicas devem promover o conhecimento sobre a herana cultural, o
apreo pelas artes e pelas realizaes e inovaes cientficas e possibilitar o acesso a
todas as formas de expresso cultural das artes do espectculo. Mas, na verso de 1972
da UNESCO que podemos encontrar indicaes mais precisas sobre o papel cultural destes
equipamentos: La biblioteca pblica es, de un modo natural, el centro cultural de la
comunidad, en el que se renen las personas que tienen interesses semejantes. Ha de
poder disponer, pues, de los locales y el material necesarios para organizar exposiciones,debates, conferencias, audiciones musicales y proyecciones cinematogrficas, tanto para
adultos como para nios.
Estas atividades so normalmente denominadas de extenso cultural ou de aco cultural e
visam, entre outros, os seguintes objectivos (GARCA RODRIGUEZ, 2002, p. 289-290):
Criar uma conscincia coletiva do valor e importncia da biblioteca como recurso
informativo, documental e cultural, ou seja, criar vnculos entre a biblioteca e os seus
utilizadores de modo a aumentar o prestgio da biblioteca junto da comunidade;
Despertar a curiosidade e o desejo de visitar a biblioteca, ou seja, transformar a
biblioteca num equipamento cuja utilizao faa parte dos hbitos da populao;
Comunicar aos no utilizadores da biblioteca que esta no apenas um lugar
destinado leitura e ao estudo;
Reduzir as desigualdades culturais e educativas de alguns setores da sociedade,
especialmente daqueles que por motivos geogrficos (zonas rurais ou subrbios) ou
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razes econmicas (pessoas carenciadas, desempregados, imigrantes, idosos, etc.)
dificilmente tm acesso a bens culturais;
Racionalizar ao mximo os recursos da biblioteca e demonstrar a sua utilidade
social.
Com efeito, ocupar os tempos livres, promover atividades recreativas e desenvolver
programas de dinamizao cultural junto da comunidade, faz parte das valncias atribudas
atualmente s bibliotecas pblicas. Atravs da organizao de atividades e da explorao
das suas colees tm oportunidade de se transformar em verdadeiros centros culturais e
de contribuir para o desenvolvimento artstico das populaes. Neste sentido, muitas so as
localidades em Portugal em que a biblioteca municipal um dos poucos, seno mesmo, onico ponto de acesso, a bens e servios culturais. Assim, podemos encontrar uma grande
diversidade de atividades entre as quais se destacam: o emprstimo domicilirio de livros e
documentos audiovisuais, permitindo que as pessoas possam ter acesso literatura, ao
cinema e msica; as atividades de promoo e animao da leitura que se traduzem, por
exemplo, em encontros ou debates com escritores, bem como feiras do livro, comunidades
de leitores, exposies ou espetculos; o acolhimento de outras atividades e iniciativas, no
necessariamente relacionadas com a leitura, de artistas ou grupos recreativos e culturais da
comunidade que utilizam as instalaes da biblioteca, nomeadamente auditrios e salas
polivalentes para a realizao de atividades diversas.
2.1.3 Papel social
De todas as competncias anteriormente referidas a leitura desempenha um papel
fundamental j que permite o desenvolvimento das restantes, tendo-se convertido no s
num objetivo intelectual individual, mas tambm num bem coletivo indispensvel para odesenvolvimento econmico e social. Atualmente, na chamada sociedade da informao e
do conhecimento a capacidade de ler e escrever tornou-se numa necessidade e num
instrumento fundamental de desenvolvimento scio-econmico. E evidente, que uma tal
sociedade exige mais do que nunca uma sociedade de leitores.
Segundo Betancur Betancur (citada por Yepes Osorio, 2001, p. 8): Por ello, la promocin
de lectura que asuma la biblioteca pblica contempornea, debe ser orientada a la
formacin y consolidacin de lectores crticos, autnomos y universales. Lectores que
descubran en el acto de la lectura la posibilidad de recrearse, crearse, construirse,
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transformarse y transformar su entorno, pues un lector ntegro y mltiple acceder no slo a
la informacin producida por la humanidad en el transcurso del tiempo, sino, adems
reconocer su propia informacin, la generada por su comunidad, y acceder a ella de
manera autnoma, sin intermediarios, la comprender y lo que es ms importante, sabr
qu hacer con ella, guiado por un mandato nico: el de su propia conciencia.
Todavia, pode haver informao sem leitura, ou seja, a informao atinge e abrange toda a
sociedade, independentemente de esta ser formada por leitores ou analfabetos. A
informao est relacionada com diversas circunstncias e necessidades que atualmente
condicionam a vida das pessoas face s transformaes sociais, polticas e econmicas e
aos acelerados avanos cientficos e tecnolgicos. A biblioteca pblica, ao permitir o acesso
livre e gratuito informao, oferece grandes possibilidades e apresenta-se como um lugar
privilegiado para apoiar a cidadania. O papel social da biblioteca pblica deve, por isso,conseguir atravs da informao que os sectores mais desfavorecidos da sociedade se
reconheam como portadores de direitos e deveres.
Contudo, estar a biblioteca a desempenhar convenientemente essa funo? Conforme
Almeida Jnior (1997, p. 91) as bibliotecas continuam muito distantes daquilo que as
pessoas em geral fazem e desejam: A populao no nos reconhece como teis
socialmente. E sabem por qu? Porque, insistimos em no reconhecer a nossa verdadeira
funo social que no apenas incentivar a leitura, mas trabalhar com a informao, lev-laqueles que dela necessitam. Atravs dela, permitir que a populao conhea seus direitos,
saiba reivindic-los, possua uma conscincia social e poltica que possa transformar toda
essa estrutura social.
Como se v o acesso informao no passa necessariamente pela promoo da leitura.
Porm, esta vertente tem sido pouco explorada por c. Para alm dos servios de
informao comunidade, outros servios poderiam ser implementados. Sabe-se que as
bibliotecas so prdigas, quer em atividades de animao e promoo da leitura quer em
outras atividades culturais. Encontros com escritores, feiras do livro, exposies e
espectculos diversos so exemplos disso. Menos comum, vermos as bibliotecas pblicas
disponibilizarem espaos e incentivarem as pessoas da comunidade para debates,
discusses e a defesa dos seus direitos. Um verdadeiro trabalho social poderia, nesse
mbito, ser desenvolvido pelos bibliotecrios na e com a comunidade. Tratar-se-ia, de abrir
a biblioteca no somente aos escritores e a outros artistas, mas tambm de promover o
debate em torno de temas que afetam a vida das pessoas da comunidade. O que implicaria
envolver mltiplos parceiros, tais como associaes e entidades locais, membros influentes
da comunidade e at polticos. Por outras palavras (BETANCUR BETANCUR, 2007, p. 21)
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a biblioteca deve: Realizar programas de formacin de opinin pblica que posibiliten la
generacin y permanencia de espacios de encuentro, debate y discusin sobre temas de
inters comunitario, sean estos problemticas, propuestas, proyectos, planes, etc., que
permitan una interlocucin real de los diferentes actores de la comunidad.
Embora com outra perspetiva, Calixto (2005, p 71-72) chama a ateno para um importante
papel social que, atualmente, desempenham as bibliotecas pblicas da RNBP (nem sempre
valorizado, porque no imediatamente percetvel), tendente incluso social, a saber:
Disponibilizam a todos, sem exceo, e de forma gratuita, um conjunto de bens e
servios, que tambm so dirigidos aos mais pobres, entre os quais imigrantes e
deficientes;
Funcionam como um abrigo e lugar de encontro para membros da comunidade que
sofrem de solido e dificuldades econmicas, como por exemplo, os idosos;
Funcionam, por vezes, como ponto de encontro de imigrantes, que ali vem
valorizadas as suas culturas e organizam em conjunto com a biblioteca atividades
que visam a sua integrao;
Oferecem atravs dos servios de informao comunidade apoio e orientao aos
utilizadores para instituies sociais e outras entidades de apoio comunitrio;
Disponibilizam acesso gratuito Internet e a outras tecnologias de informao e
comunicao a pessoas que de outro modo no lhes teriam acesso;
Oferecem atravs do Fundo Local7 oportunidade s comunidades locais de
descobrirem e valorizarem a memria coletiva e as suas razes;
Embora sejam poucas, algumas bibliotecas oferecem servios bibliotecrios
itinerantes atravs de carrinhas s populaes mais isoladas, que de outro modo,
dificilmente, teriam acesso ao livro e leitura.
7 As bibliotecas pblicas alm de constituir um fundo documental diversificado, enciclopdico e continuamenteatualizado que seja relevante para a comunidade, devem tambm como objetivo prioritrio constituir colees deinteresse local designadas por Fundo Local. Este fundo decisivo para a conservao da memria coletivalocal e tem verificado nos ltimos anos um crescente interesse da parte dos historiadores e utilizadores emgeral. O Fundo Local tambm um dos aspetos especficos das colees das bibliotecas pblicas. Estesrecursos documentais de interesse local so muito especficos, refletem a atividade de uma determinadacomunidade e as caractersticas do concelho e da regio em questo. O seu valor est exatamente no seucarcter nico e no papel vital que desempenha para o conhecimento da histria da comunidade e, porconseguinte, da sua identidade. Sendo esta uma coleo irrepetvel em outras bibliotecas torna-se o bem
informativo mais precioso que as bibliotecas pblicas podem oferecer ao mundo globalizado da Internet. Estesfundos encerram pequenas partes da histria nacional e, no seu conjunto, constituem a imagem maisaproximada que podemos ter daquilo que somos como povo.
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2.1.4 Papel informativo
Apesar de forte, a viso da biblioteca pblica como instituio dedicada educao e
promoo e animao da leitura, tem dado lugar criao de servios destinados a outros
setores da populao que no os estudantes. Em Portugal, a prevalncia de servios e
atividades dirigidas s escolas, j aqui assinalada, faz com que a maioria das necessidades
e expectativas dos cidados em matria de informao no sejam contempladas pelas
bibliotecas. Perante este cenrio, as bibliotecas tm tentado reorientar as suas funes de
modo a conseguir responder s necessidades de informao da sua comunidade,
especialmente da populao adulta. Por isso, neste novo modelo de biblioteca adquire
particular importncia tudo o que est relacionado com a integrao da comunidade. A
biblioteca pblica deixa de ser uma instituio isolada que oferece servios apenas queles
que a procuram para passar a ter um papel ativo na vida comunitria, colaborando tambmcom as organizaes e grupos existentes na localidade. Por outro lado, a biblioteca pblica
no pode desempenhar apenas um papel cultural e educativo, mas deve, para alm destas
funes ditas tradicionais, desenvolver novas valncias e tornar-se num grande centro de
informao para a comunidade local, favorecendo a participao dos cidados na vida em
sociedade.
luz desta viso, as bibliotecas comearam a ter em conta, entre outras questes, as
necessidades informativas dos seus utilizadores (adultos) relacionadas com a vida
quotidiana e o exerccio da cidadania, bem como com aspectos relacionados com o
desenvolvimento social e econmico da comunidade. Para ir ao encontro destas novas
necessidades de informao as bibliotecas tm criado servios especficos, entre os quais
se destaca o chamado Servio de Informao Comunidade8. Este considerado um dos
servios que melhor preenche o papel informativo da biblioteca pblica junto das
comunidades em que est inserida e pode ser definido, segundo Matthew (citado por
COSTA, 2004, p. [2]), como um servio que ajuda os indivduos e grupos a resolver
problemas do dia-a-dia e a participarem activamente no processo democrtico,
concentrando-se nos problemas mais importantes que as pessoas tm que enfrentar
relacionados com as suas casas, os seus empregos e os seus direitos. Vemos aqui,
portanto, uma oportunidade extraordinria das bibliotecas captarem utilizadores que
habitualmente no as frequentam, de alargar a sua esfera de influncia e de se afirmarem
junto do poder poltico. Como observa Lozano Daz (2002, p. 448): En esta sociedad de la
informacin y del conocimiento, la informacin local, aquella que informa sobre nuestro
8 Embora recentes, entre ns, os servios de informao comunidade inspiram-se nos CommunityInformation Center que surgiram nas bibliotecas pblicas anglo-saxnicas nos anos 70 do sculo XX.
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entorno, territorio y poblacin se convierte en informacin con valor estratgico para
ciudadanos, entidades, empresas e incluso para la propia administracin de la cual depende
la biblioteca pblica, normalmente los Ayuntamientos.
2.1.5 Papel poltico
Trs elementos sustentam o papel poltico das bibliotecas pblicas: a promoo da leitura, o
acesso local informao e a liberdade intelectual.
Comecemos pela promoo da leitura. Parece consensual que uma sociedade da
informao e do conhecimento, como hoje conhecida a nossa sociedade, implique uma
sociedade de leitores. Neste sentido, aprender a ler e a escrever , antes de mais, aprender
a ler o mundo e aprender a compreender o seu contexto, no atravs da manipulao
repetitiva das palavras, mas atravs de um processo dinmico e dialctico em que a
linguagem e a realidade se articulem. Quer isto dizer que a promoo da leitura deve ser
capaz de criar leitores autnomos e crticos.
Como observa Yepes Osorio (2007, p. 13): La lectura, hoy en da reconocida como una
accin social de trascendencia en pases ricos y pobres, debe ayudar a una construccin
poltica, al destierro del analfabetismo poltico, y por esa va abrirse paso como uno de los
derechos fundamentales de los individuos. Estamos perante uma conceo da leitura quepretende dotar os indivduos de uma maior conscincia poltica. A leitura torna-se, ento,
uma atividade emancipadora, um instrumento essencial para que os indivduos se possam
reconhecer como cidados, isto , como detentores de direitos e deveres. Conceo
completamente distinta daquela que v a leitura como uma atividade recreativa ou
relacionada com a aprendizagem e aquisio de conhecimentos e que, em boa verdade,
aquela que predomina nas mltiplas actividades de animao da leitura que por c se
fazem. Ainda segundo o mesmo autor (2007, p. 15): El papel que desempea la lectura en
este nuevo rol, es el de formar disidentes polticos que ingresen a la categora deciudadanos conscientes de sus deberes, con argumentos para procurarse sus derechos y
con la posibilidad de participar en la conformacin de un bienestar comn ayudado por
criterios ticos y con una opinin pblica formada.
Outro aspeto da dimenso poltica do trabalho das bibliotecas pblicas prende-se com o
acesso local informao. Enquanto servio pblico a biblioteca pblica um servio
aberto a todos com um papel fundamental na recolha, organizao e tratamento da
informao. Neste mbito, as bibliotecas pblicas tm uma particular responsabilidade, querna recolha de informao local (Fundo Local) quer na criao de servios capazes de
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oferecer informao especfica, para que as pessoas, no seu dia a dia e na relao que
estabelecem com as diversas instituies, possam conhecer e exercer os seus direitos e
deveres (Servio de Informao Comunidade).
El compromiso de la biblioteca pblica con el desarrollo local se sustenta en que esta esuna institucin que, desde sus prcticas culturales, sociales y educativas, tiene un fuerte
matiz poltico que normalmente no es reconocido y ejercido por el bibliotecario. Este matiz
poltico al que me refiero, lo pueden o deben generar los aportes que la biblioteca pblica
haga a los procesos de participacin ciudadana o comunitaria; a la formacin de actitudes
positivas en los individuos y grupos, en relacin con lo colectivo, lo pblico, lo comn; a la
posibilidad de motivar a los individuos para que transformen su papel de espectadores y se
conviertan en protagonistas de los procesos de desarrollo de su comunidad, desde
proyectos colectivos que articulen recursos y actores en un territorio determinado.(BETANCUR BETANCUR, 2007, pp. 59-60)
Finalmente, a dimenso poltica da liberdade intelectual. Garantir o pluralismo das colees
e defender o livre acesso informao com o objetivo de contribuir para a construo de
uma sociedade mais democrtica e transparente tudo menos uma atitude neutral,
imparcial e apoltica. Esta dimenso, embora nunca nomeada, est bem patente no to
citado Manifesto da UNESCO/IFLA sobre as bibliotecas pblicas (1994), em que logo na
sua abertura se constata que a liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento dasociedade so valores fundamentais. Para logo a seguir ser feito um apelo, a bibliotecrios
e educadores que tais valores: S sero atingidos quando os cidados estiverem na posse
da informao que lhes permita exercer os seus direitos democrticos e ter um papel ativo
na sociedade. A participao construtiva e o desenvolvimento da democracia dependem
tanto de uma educao satisfatria, como de um acesso livre e sem limites ao
conhecimento, ao pensamento, cultura e informao.
Embora todos os manifestos, declaraes e outras recomendaes apontem para uma
biblioteca pblica mais interventiva na comunidade, esta interveno s possvel se os
bibliotecrios se reconhecerem tambm como atores polticos. Ou no sero a defesa dos
direitos humanos, o combate censura ou a promoo da cidadania, por exemplo, aes
polticas? Neste sentido, vale a pena lembrar o Manifesto da IFLA sobre transparncia, bom
governo e ausncia de corrupo (IFLA, 2005). Naquele que , at ao momento, um dos
seus manifestos mais polticos, a IFLA lembra que a biblioteca uma instituio necessria
ao exerccio da democracia, que deve ajudar na defesa dos direitos civis, na promoo da
cidadania e no combate corrupo. Como refere a IFLA (2005b): A corrupo solapa os
valores sociais bsicos e a confiana nas instituies polticas, e ameaa o imprio da lei.
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Ela cria um ambiente para os negcios em que s o corrupto triunfa. Ela atrapalha o
trabalho cientfico e a pesquisa, enfraquece o papel das profisses e obstrui a emergncia
da sociedade do conhecimento. uma das maiores contribuies para o aparecimento e
prolongamento da misria humana e a inibio do desenvolvimento. A corrupo mais
bem sucedida sob condies de segredo e ignorncia geral. Mas aquele organismo vai
ainda mais longe, e pede s bibliotecas, que atravs da suas coleces e dos diversos
servios que prestam comunidade informem os cidados sobre os seus direitos e
garantias, ofeream materiais sobre assuntos filosficos, scio-econmico ou polticos, que
promovam o debate em torno destes temas e que, em parceria com outras entidades que
lutam pela liberdade intelectual e pelos direitos humanos, aconselhem, promovam e
denunciem todas as formas de corrupo e manipulao da informao.
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3 A atualidade
Atualmente, as bibliotecas pblicas atravessam uma crise decorrente do surgimento e
expanso generalizada da Internet e de um conjunto de equipamentos e aparatos
tecnolgicos de informao e comunicao, hoje acessveis, pelos menos nos pases mais
desenvolvidos, a uma grande parte da populao. Pela primeira vez na histria as
bibliotecas deixaram de ser repositrios privilegiados da informao. Numa poca em que
esto disponveis gratuitamente uma quantidade quase infinita de recursos informativos
atravs da Internet, impe-se perguntar para que serviro as bibliotecas quando as pessoas
conseguem informao e contedos culturais sem necessidade de recorrer a estas.
Neste contexto, as bibliotecas pblicas enfrentam novos desafios, mas tambm novas
oportunidades. Pensada para as pessoas, as bibliotecas pblicas no podero deixar de se
atualizar e adaptar de forma a dar resposta a novos interesses e necessidades da
sociedade atual, reformulando alguns dos seus papis e ampliando outros. Estas
mudanas, nomeadamente aquelas relacionadas com as tecnologias de informao e
comunicao, tm vindo a alterar profundamente a imagem das bibliotecas pblicas,
obrigando-as a mudanas tanto ao nvel dos edifcios e dos seus espaos, como tambm
ao nvel dos acervos disponibilizados (em que o livro perde o protagonismo dando lugar a
outros suportes), dos servios oferecidos, dos recursos humanos necessrios e da sua
prpria gesto e funcionamento.
Um estudo recente da Arts Council de Inglaterra, The library of de future (2013), em que se
analisa como ser o futuro das bibliotecas, prope quatro grandes prioridades para estas
continuarem a serem relevantes para a comunidade:
A biblioteca como espao aberto comunidade;
Aproveitar ao mximo as potencialidades das tecnologias de informao ecomunicao;
Assegurar que as bibliotecas sejam resilientes e sustentveis;
Capacitar com formao adequada os profissionais que trabalham nas bibliotecas.
Destas prioridades, gostaramos de destacar uma em particular, aquela que est
relacionada com a prioridade de transformar as bibliotecas num espao comunitrio. As
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bibliotecas, nomeadamente as bibliotecas pblicas, devem ser cada vez mais encaradas
como a sala de estar da comunidade, ou seja, um espao onde as pessoas se renem e
sociabilizam com as demais. As bibliotecas (pblicas) so lugares predominantemente
democrticos e abertos, dotados de valiosos recursos de informao e de uma grande
diversidade de servios e atividades. Por isso, necessrio procurar uma articulao entre
o mundo fsico (o espao) e o mundo virtual (o digital) e uma integrao flexvel das
potencialidades que as redes sociais e os recursos digitais, incluindo a Internet, oferecem.
O objetivo envolver e captar (novos) utilizadores e incentivar deste modo a criatividade, a
partilha de ideias, de experincias, de conhecimentos, etc.
Uma das principais funes das bibliotecas pblicas a de garantir aos cidados um
acesso gratuito ao conhecimento e cultura. Ora, o conhecimento detido pelas pessoas
vasto e multifacetado e transmite-se muitas vezes melhor pela partilha entre as pessoas deque atravs da leitura dos livros, que contm apenas uma parte do conhecimento existente.
Face a isto, parece natural que as bibliotecas se reivindiquem como instituies e espaos
de partilha de informao e conhecimentos.
Estas novas bibliotecas, abertas comunidade e cujos espaos diferenciados so
adequados s mltiplas necessidades de diversos grupos e faixas etrias apela ao conceito
de zoning. Nestas bibliotecas, o espao adaptado s diversas prticas e usos (leitura,
estudo, debate, audio de msica, visionamento de filmes, etc.), existindo diversosambientes (espaos silenciosos, lugares de convvio ou de trabalho em grupo), onde a
msica de fundo, as conversas ao telemvel ou com outros utilizadores so permitidas,
existindo muitas vezes cafetarias e zonas mais informais de descanso e convvio.
Num momento em que se assiste desmaterializao da informao e sua circulao e
utilizao sob a forma digital o enfoque nas bibliotecas como espao pblico, de encontro e
partilha real (e no virtual) entre as pessoas surge como um desafio estratgico para as
bibliotecas pblicas. Com o objetivo de atrair novos pblicos que normalmente no usam
estes equipamentos, muitas bibliotecas tm vindo a reformular, reajustar e readaptar os
seus servios e espaos.
Nas Ideas Stores9 de Londres ou nas bibliotecas pblicas holandesas, a variedade de
cores, o conforto do espao e do mobilirio, a presena de tecnologias de informao e
comunicao e mesmo a excentricidade da decorao so uma nota dominante que
rompem e contrastam com a ideia tradicional que temos de uma biblioteca como espao de
9 Consulte:
http://www.ideastore.co.uk/http://www.ideastore.co.uk/http://www.ideastore.co.uk/ -
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Fig. 2 - OBA (Biblioteca Pblica de Amesterdo)
estudo, leitura e silncio. A escolha da decorao e do mobilirio feita de modo a diluir a
fronteira entre a esfera pblica e privada. No OBA10 (Openbare Bibliotheek Amsterdam) em
Amesterdo pufes brancos munidos de computadores convidam as pessoas a adoptar uma
postura mais informal e descontrada (em oposio quela mais formal exigida numa
cadeira em frente a uma mesa), o que normalmente est associado a um contexto mais
domstico. Deste modo, a decorao e construo do espao permite e induz que se faa
uma apropriao do mesmo de uma forma mais livre, descontrada e individual.
Fig. 1 Idea Store de Bow (Londres)
Estas novas bibliotecas promovem um
ambiente estimulante e dinmico.
Segundo Oliveira (2013): Local de
mltiplos eventos e encontros os mais
diversos, a polivalncia cultural e cvica
agora a marca indelvel das bibliotecas
pblicas, cada vez mais versteis e
disponveis para acolher todo o tipo de
pblicos e apoiar a sua comunidade. E
acrescenta a autora: A Biblioteca
Pblica deste novo sculo, para alm de
lugar de aprendizagem, tornou-se
tambm um lugar para se estar e para se (con)viver. Distante das grandes bibliotecas
centradas no emprstimo massivo, sem espaos de estudo e sem utilizadores durante as
10 Consulte:
http://www.oba.nl/http://www.oba.nl/http://www.oba.nl/ -
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Fig. 3 - OBA (Biblioteca Pblica de Amesterdo)
Fig. 4Biblioteca Pblica de
Guadalajara (Espanha)
horas de trabalho, encontramos agora edifcios abertos, desenhados com preocupaes
estticas e de acolhimento dos utilizadores para as mais diversas actividades.
Com efeito, as bibliotecas pblicas funcionam cada vez mais como uma espcie de
laboratrios sociais, abertos experimentao e explorao, so lugares ldicos emgicos, cheios de cantos e recantos para todos os gostos e temperamentos.
Conforme as novas Diretrizes da IFLA
para bibliotecas pblicas: A biblioteca
pblica desempenha importante papel
como espao pblico e ponto de
encontro. Isso particularmente
importante em comunidades onde h
poucos lugares de encontro. Ela s
vezes chamada de sala de visitas da
comunidade. O uso da biblioteca para
pesquisa, ensino e lazer aproxima as
pessoas graas a contatos informais,
proporcionando uma experincia social positiva.
(KOONTZ & GUBBIN, 2012, p. 11). E reforam esta ideia
mais frente: Uma biblioteca pblica bem utilizadacontribuir significativamente para a vitalizao de uma
rea urbana e ser importante centro de aprendizagem,
centro social e local de encontro, especialmente em reas
rurais dispersas. Os bibliotecrios devem, portanto, cuidar
para que o edifcio da biblioteca seja usado e administrado
com eficincia, a fim de aproveitar ao mximo as suas
instalaes em benefcio da comunidade. (KOONTZ &
GUBBIN, 2012, p. 18).
Sobre estas novas dinmicas que as bibliotecas pblicas
esto a desenvolver particularmente interessante a
descrio feita por Oliveira (2013) da Biblioteca Pblica de Guadalajara11. Vejamos: Na
nova Biblioteca Pblica Municipal de Guadalajara, em Espanha, outrora um palcio
senhorial, existe um grande ptio interior coberto, mobilado com sofs e mesas de apoio.
Nas estantes das paredes em volta esto as novidades e as selees temticas e num dos
11 Consulte:
http://www.bibliotecaspublicas.es/guadalajara/http://www.bibliotecaspublicas.es/guadalajara/http://www.bibliotecaspublicas.es/guadalajara/ -
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lados uma bateria de computadores disponveis ao pblico. Num dos cantos, encontra-se
um piano de cauda onde de vez em quando um leitor se senta para tocar uma pea de jazz
ou de msica clssica que se ouve no segundo piso, que simultaneamente galeria de
exposies e tambm local de trabalho na Internet, bem como na rea contgua do fundo
local. E prossegue: No terceiro andar, uma grande sala de estudo acolhe em silncio total
trezentos estudantes das 9h00 s 21h00 em pocas de exame. Nos dias de festa, como no
jantar anual dos cerca de 20 clubes de leitura desta Biblioteca, trezentas pessoas jantam
nessa mesma sala e, de seguida danam pela noite fora ao som de um piano acstico. no
jardim interior ou no tal trio coberto quando o tempo est de chuva.
Os exemplos podem-se multiplicar e a casustica neste caso no tem fim, j que so
inmeras as bibliotecas (pblicas) um pouco por todo o mundo que esto a mudar
profundamente a sua imagem. Existem, todavia, dois casos particularmente interessantes,pelo seu impacto e provenincia, no panorama das bibliotecas pblicas a nvel mundial que
merecem destaque: os Parques Biblioteca na cidade de Medelln na Colmbia e o projeto
BiblioRedes no Chile.
3.1 Parques Biblioteca
12
Com uma populao de 2.214.494 habitantes, organizada em 16 unidades territoriais
regionais, denominadas comunas, Medelln a segunda maior cidade da Colmbia e a
capital do Departamento de Antiquia. Cortada de norte a sul pelo rio Aburr, a cidade
nasce nas margens do rio e cresce pelas encostas acima.
A partir de 2004, Medelln conhecida pelo narcotrfico e pelos elevados ndices de violncia
(que fez dela durante as dcadas de 80 e 90 do sc. XX uma das cidades mais violentas do
mundo), tem vindo a assistir a um processo de transformaes profundas centradas na
requalificao urbana, fazendo hoje de Medelln um modelo de boas prticas a nvel
mundial.
12 Consulte:
http://www.reddebibliotecas.org.co/sistemabibliotecas/Paginas/default.aspxhttp://www.reddebibliotecas.org.co/sistemabibliotecas/Paginas/default.aspxhttp://www.reddebibliotecas.org.co/sistemabibliotecas/Paginas/default.aspx -
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Fig. 5 - Parque Biblioteca Len de Grieff (Medelln,
Estas transformaes profundas da cidade tiveram incio em 2004 com um ambicioso
programa poltico do Municpio de Medelln baseado na articulao de polticas urbanas e
programas sectoriais. A partir de um sistema integrado de transportes pblicos ousado, que
inclui linhas de metro, autocarros e telefricos, as comunas foram ligadas e contempladas
com uma eficiente e moderna rede de equipamentos pblicos, entre os quais esto os
Parques Biblioteca. At ao momento foram inaugurados nove Parques Biblioteca.
Segundo o Municpio de Medelln
(Empresa de Desarrollo Urbano
EDU): Los Parques Biblioteca
son Centros Culturales para el
desarrollo social que fomentan el
encuentro ciudadano, lasactividades educativas y ldicas, la
construccin de colectivos, el
acercamiento a los nuevos retos
en cultura digital. Y tambin son
espacios para la prestacin de servicios culturales que permiten la creacin cultural y el
fortalecimiento de las organizaciones barriales existentes.
Os Parques Bibliotecas so complexos urbansticos formados por edifcios de arquiteturamoderna, com amplos espaos circundantes, formados por zonas verdes e recreativas, cujo
edifcio principal uma biblioteca dotada de modernos e diversos servios bibliotecrios.
Estas novas bibliotecas, normalmente localizados em zonas carenciadas e problemticas
da cidade de Medelln, oferecem espaos inovadores, quer em termos de arquitetura quer
em termos de mobilirio e equipamentos, possuindo equipas com formao na rea das
bibliotecas.
Desta forma as bibliotecas esto no centro de uma estratgia na construo e
aprofundamento da cidadania atravs da incluso das populaes em programas
educativos e culturais. Trata-se de, a partir destas, em articulao com outros agentes e
equipamentos, criar dinmicas que visem transformar o tecido urbano e social das zonas
mais carenciadas da cidade e ser um estmulo para a integrao, evoluo e transformao
das pessoas que a vivem. Um dos exemplos mais significativos destes parques o Parque
Biblioteca Espaa o qual merece uma breve apresentao.
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Fig. 6 - Parque Biblioteca Espaa (Medelln, Colmbia)
Antes de 2007, a zona onde agora est instalada o Parque Biblioteca Espaa era de difcil
acesso e turbulenta: a proliferava a violncia, o trfico de droga e a pobreza. Foi ento que
o Municpio de Medelln decidiu reabilitar e requalificar toda esta parte da cidade de forma
profunda pondo em marcha, num primeiro momento, o funcionamento de um sistema de
telefrico, integrado na rede de metro da cidade. Dava-se, assim, incio a um processo de
dignificao de milhares de famlias vivendo nos morros e nas encostas, que pela ausncia
de vias de comunicao e transportes pblicos se encontravam num grande isolamento
face s demais zonas da cidade. O impacto positivo deste projeto permitiu ao Municpio
avanar com mais medidas e iniciar a construo de uma mega biblioteca em terrenos onde
terminava a ltima estao de telefrico e onde se encontram concentradas a maior parte
da associaes e coletividades culturais da zona.
O Parque Biblioteca Espaa (PBE),inaugurado em 2007, uma
estrutura imponente composta por
trs grandes blocos negros,
semelhantes a grandes rochedos,
que dominam o cimo de uma
encosta ngreme sobre a cidade de
Medelln. O PBE ocupa uma rea
de 13.942 m2 distribudos por trs
edifcios. No seu interior cada um
tem uma cor diferente e sugestiva,
de acordo com as atividades e servios que ali so oferecidos havendo um corredor que
permite a comunicao entre eles. So trs edifcios, cada um com uma funo: auditrio,
No primeiro edifcio funciona o auditrio, onde a comunidade pode desenvolver as mais
variadas atividades culturais. O do
meio conhecido como o Edifcio
do Conhecimento: nos seus sete
pisos convivem a tecnologia, com
espaos de Internet e salas de
leitura, sendo que ambas as
valncias tm espaos
diferenciados e especficos para
crianas, jovens e adultos, e ainda
um piso dedicado exclusivamente
a exposies. No terceiro edifcioFig. 7 - Parque Biblioteca Espaa (Medelln, Colmbia)
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esto localizadas os servios administrativos e as salas de formao. neste edifcio que
est situado o espao Sala de Mi Barrio vocacionado para o resgate, organizao e difuso
da memria escrita, fotogrfica e videogrfica da comunidade. Existe ainda uma ludoteca
para crianas at aos dez anos e sala de exposies. (JARAMILLO, 2010).
3.2 BiblioRedes13
Com o apoio financeiro e tcnico da Fundao Bill & Melinda Gates e em parceria com o
Governo do Chile, em 2002 a Direccin de Bibliotecas, Archivos y Museos (DIBAM) inicia o
programa BiblioRedes para instalar computadores e Internet inicialmente em 368 bibliotecas
em todo o territrio chileno. Os objetivos consistiram em transformar as pessoas em
agentes de desenvolvimento cultural e social a partir das bibliotecas pblicas, usando a
Internet e as tecnologias de informao e comunicao, e com isto reduzir a chamada
brecha digital das localidades mais isoladas.
Um aspeto interessante do programa BiblioRedes que embora orientado para toda a
comunidade, ele deu prioridade s mulheres como agentes de mudana. O enfoque dadoao pblico feminino deveu-se a dados que apontavam que no Chile s 30% das mulheres
trabalhavam fora de casa. Um estudo encomendado Universidade Alberto Hurtado
indicava que em contexto familar a pessoa com menos competncias na rea das TIC era a
me, com 76% a declarar no saber usar um computador. (BUDNIK SINAY & MAZA
MICHELSON, 2006, p. 72)
Este um Programa que tem como misso: Contribuir a la inclusin digital y desarrollo de
las comunidades locales de Chile, a travs de las Bibliotecas Pblicas e Internet, para
fomentar la participacin y compartir sus culturas e identidades en redes sociales y
virtuales. (BiblioRedes) Entre os vrios servios prestados pelo Programa BiblioRedes
destacam-se: assistn