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RCULAR TÉCNICA Nº 129 - JULHO/07 - ISSN 0100-3356 O Agronegócio do Palmito no Brasil CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 - SETEMBRO/07 - ISSN 0100-3356

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O Agronegócio

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ROBERTO REQUIÃOGovernador do Estado do Paraná

VALTER BIANCHINISecretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR

JOSÉ AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS PICHETHDiretor-Presidente

ARNALDO COLOZZI FILHODiretor Técnico-Científico

ALTAIR SEBASTIÃO DORIGODiretor de Administração e Finanças

MARIA LÚCIA CROCHEMOREDiretora de Gestão de Pessoas

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CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 ISSN 0100-3356

SETEMBRO/07

O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL

Aníbal dos Santos Rodrigues

Maria Eliane Durigan

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ

Londrina 2007

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COMITÊ EDITORIAL

Rui Gomes Carneiro – Coordenador

Sueli Souza Martinez - Editora Executiva

Antonio Carlos Rodrigues da Silva

Séphora Cloé Rezende Cordeiro

Telma Passini

EDITOR REVISOR

Álisson Néri

ASSISTENTE EDITORIAL/ESTAGIÁRIA

Stephanie Bergamo

DIAGRAMAÇÃO

Devanir de Souza Moraes

CAPA

Devanir de Souza Moraes

DISTRIBUIÇÃO

Área de Difusão de Tecnologia - ADT

[email protected] / (43) 3376-2373

TIRAGEM: 1.500 exemplares

Impresso na Gráfica do IAPAR

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.

É proibida a reprodução total desta obra.

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

2007

R696a Rodrigues, Aníbal dos Santos

O agronegócio do palmito no Brasil / Aníbal dos Santos

Rodrigues e Maria Eliane Durigan – Londrina: IAPAR, 2007.

131 p. – ( IAPAR. Circular técnica, 130)

ISSN: 0100-3356

1. Palmito–Agronegócio–Brasil. I. Durigan, Maria Eliane.

II. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, PR. III. Título.

IV. Série.

CDD 634.9745

338.1

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AUTORES

Aníbal dos Santos Rodrigues

Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Área de Socioeconomia

IAPAR – Curitiba - PR

[email protected]

Maria Eliane Durigan

Eng. Agr. MSc. Pesquisadora da Área de Fitotecnia

IAPAR – Curitiba - PR

[email protected]

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APRESENTAÇÃO

Este estudo faz parte do projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):

uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou

degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa

de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB). O

projeto foi desenvolvido de outubro de 2000 a setembro de 2003, tendo como

instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF. Os executores foram a EMBRAPA, o

Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Trata-se de estudo prospectivo, com o objetivo de caracterizar o agronegócio

do palmito com enfoque nas questões do mercado, em que constem os fatores

críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade. Foram abrangidas as

regiões e as espécies mais importantes em produção, extração, transformação e

consumo do palmito. Foram levantados e sistematizados dados, informações e estudos

relativos ao mercado interno e externo, quantificou-se a produção, a transformação

(agroindústria) e a comercialização do produto nas suas diferentes formas.

O objetivo foi elaborar um quadro que permitisse uma visão atual do

agronegócio do palmito, estabelecer referências para o futuro e mapear com

mais acerto as restrições, oportunidades e tendências, ou seja, construir

cenários para o bom encaminhamento das atividades próprias de cada agente

e do conjunto da atividade.

O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e

informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da

formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A segunda,

em que se caracteriza a situação contemporânea da atividade no país a partir de

informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos agentes, nas regiões

onde a atividade é relevante.

O IAPAR apóia o desenvolvimento da atividade por meio de projetos de

pesquisa com pupunha iniciados em 1985, primeiramente no litoral e posteriormente

nas regiões do Paraná onde havia indicações de adaptação agronômica. Existe um

acervo de conhecimentos sobre a produção em estações experimentais e em

unidades de produtores: manejo da cultura, zoneamento da pupunha para o estado

e diversificação do produto na comercialização in natura.

Este estudo procura complementar, com informações de cunho

econômico, o quadro de referências necessárias ao entendimento do agronegócio

do palmito como um todo.

José Augusto Teixeira de Freitas Picheth

Diretor-Presidente do IAPAR

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AGRADECIMENTOS

Embora a responsabilidade e as eventuais falhas sejam dos autores,

este estudo foi realizado com a colaboração de um grande número de pessoas

que, em maior ou menor grau, contribuíram para sua realização e finalização

a bom termo.

No levantamento dos dados, contamos com a prestimosa colaboração

de colegas pesquisadores e técnicos, que além de informar sobre as

especificidades da sua área de trabalho, abordaram as diversas questões com

as quais se defronta a atividade.

Os proprietários e gerentes das agroindústrias, bem como os agricultores,

em diversos eventos, prestaram informações valiosas. Também os gerentes

dos supermercados, dentro dos limites das suas ocupações, colaboraram

sobremaneira para a obtenção dos dados e informações sobre o “elo da cadeia”

em que atuam.

Agradecemos a todos e, apesar de corrermos o risco de falhar no

procedimento, nominamos instituições e pessoas que apoiaram de modo decisivo

a realização deste trabalho.

Em Manaus, agradecemos aos pesquisadores Lenoir Santos, Kaoru

Yuyama e Charles Clement. Ao Clement agradecimentos especiais, porque

colaborou significativamente ao orientar alguns procedimentos na primeira

entrevista do trabalho e quando da percuciente revisão deste. Agradecimentos

a Teruyuki Matsugu, diretor de produção da Cooperativa Mista Efigênio de

Sales, aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Ocidental, Gladys de Souza e

Rosildo Simplício da Costa, a Geraldo Couto Araújo, Chefe do Departamento

de ATER, do IDAM.

Em Belém, agradecimentos especiais ao Carlos Eduardo Gorrësen, gerente

comercial da Meg Gorrësen, que nos bem recepcionou e colaborou sobremaneira

com informações e na organização do trabalho naquela cidade. Também ao

Luciano Correa, da Agroindústria Riomar e diretor presidente do SINDIPALM.

Aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Oriental, Manoel Cravo, Oscar Nogueira

– este quando da entrevista por videoconferência – e Alfredo Homma, que nos

recepcionou em demorada entrevista e se empenhou no trabalho de revisão

deste. Agradecimentos também a Deusimar Miranda Rodrigues, engenheira

agrônoma da SAGRI-Pará.

No Sul da Bahia foram colaboradores importantes os colegas Ismael de

Souza Rosa e Maria das Graças Parada, pesquisadores da CEPLAC, Manoel

Aboboreira Neto, gerente de produção da Inaceres e José Humberto Mafuz,

diretor da agroindústria Estrela do Rio.

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No Espírito Santo, agradecimentos ao Adilson Pereira, produtor de mudas,

ao Joaquim Amorim, gerente da Coimex, ao pesquisador César Pereira Teixeira

do INCAPER e ao Maurício Magnago, empresário em Venda Nova que nos

receberam muito bem e apoiaram o trabalho na região.

Os colegas Benito Igreja Junior, diretor técnico, Jairo R. G. Silva, gerente

técnico estadual e Herval F. Lopes, gerente de agroecologia da EMATER-RJ,

foram importantes para o entendimento da atividade no Rio de Janeiro.

Em Registro, agradecimentos aos colegas da CATI-Regional de Registro,

Luís Gustavo S. Ferreira e Nelson Basílio da Silva, que além de informar sobre

as questões do agronegócio do palmito, compartilham informações importantes

para o Projeto PRODETAB. Agradecimentos ao Waldomiro Talib, da Agroindústria

Conservale. Agradecimentos ao agricultor e empresário Ricardo Luiz de Oliveira,

do Palmito Selo Verde, de Itariri, pelas informações sobre palmito in natura e

ao Samuel G. Oliveira, representante comercial da Mafuz em São Paulo.

No Paraná, agradecimentos aos colegas do Projeto PRODETAB, que

contribuíram para que o estudo fosse a bom termo. Ao Álvaro Figueiredo e ao

colega Luiz Roberto Graça, pesquisadores da EMBRAPA Florestas e ao Cirino

Correa, da EMATER-PR. Ao Neder Corso, quando da realização da sua dissertação

de mestrado, ao Aniceto Zanuzzo, da Indústria de Conservas Zanuzzo e ao

Nelson Weideman Filho, da Tropical Distribuidora de Alimentos.

Aos colegas Milton Ramos e Terezinha Heck, da EPAGRI-SC, especial

agradecimento pelo apoio e companheirismo no desenvolvimento dos projetos

de pesquisa. Milton Ramos colaborou, ainda, na revisão deste estudo.

Agradecimentos ao professor Alfredo Fantini da UFSC, ao pesquisador Luiz

Toresan do ICEPA, ao Alcibaldo German, secretário de agricultura de

Guaramirim, aos proprietários de agroindústrias Elói Soter Correa Neto (Juriti),

Wilson Tomelin (Verde Vale), Agnaldo e Álvaro (Schoepping).

Agradecimentos a todos os agricultores, de diversas localidades, que se

dispuseram de boa vontade a participar das entrevistas. Sr. José Altoé (Venda

Nova-ES), Sr. Florentino Kiefer (processador de palmito em Marechal Floriano-

ES), Sr. Zoca (Guarapari-ES), Sr. Vigando Voigt (Pirabeiraba/Joinville-SC), Sr. Jorge

e Sra. Maria, do Sítio Morototó (Guaraqueçaba-PR) e a outros aqui não nominados,

mas que de alguma forma colaboraram com informações a respeito do agronegócio

do palmito.

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LISTA DE SIGLAS

ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica

ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado

AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BASA - Banco da Amazônia

CADA - Consejo Andino de Desarrollo Alternativo

CAMES - Cooperativa Agrícola Mista Efigênio Sales

CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

CENEX - Centro de Extensão

CEPA - Centro de Estudos de Safras e Mercados

CEPEC - Centro de Pesquisas do Cacau

CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

CNPF - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas

CPATU - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido

CRDR - Centro Regional de Desenvolvimento Rural

EDR - Escritório de Desenvolvimento Regional

EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMCAPA - Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária

EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.

FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

FAO - Food And Agriculture Organization

FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina

FDA - Food and Drug Administration

FGV - Fundação Getúlio Vargas

FINAM - Fundo de Investimentos da Amazônia

FNO - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte

FOB - Free on Board

FUNDAP - Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo

IAC - Instituto Agronômico de Campinas

IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICRAF - Word Agroforestry Centre

IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna

IDAM - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas

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IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura

INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

INFOAGRO - Sistema de Información de Sector Agropecuário Costarricence

INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos

ITER - Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais

MERCANET/CNP - Sistema Integrado de Información de Mercado - Costa Rica

PAPS - Pão de Açúcar Produtos Selecionados

POF/IBGE - Pesquisa de Orçamento Familiar

PRODETAB - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária

para o Brasil

PROPALM - Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras

de Palmito no Espírito Santo

RMs - Regiões Metropolitanas

RMSP - Região Metropolitana de São Paulo

SAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Pará

SEAGRO - Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SINDIPALM - Sindicato da Indústria de Palmito do Estado do Pará

SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

UEM - Universidade Estadual de Maringá

UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa

UFAM - Universidade Federal do Amazonas

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

UPAs - Unidades de Produção Agrícola

ZFM - Zona Franca de Manaus

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................. 15

INTRODUÇÃO ........................................................................... 17

OBJETIVO ............................................................................... 21

METODOLOGIA ......................................................................... 22

CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO

PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, CONSUMO ............................................. 25

A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL ......................... 27

1 As Décadas de 40 a 70 ............................................................. 27

1.1 Agroindústria ..................................................................... 27

1.2 Exportação na década de 60................................................... 27

2 As Décadas de 70 e 80 ............................................................. 28

2.1 Agroindústria ..................................................................... 28

2.2 Produção .......................................................................... 29

2.3 Exportação ........................................................................ 30

3 A Década de 80 ..................................................................... 30

3.1 Produção .......................................................................... 30

3.2 Exportação ........................................................................ 31

4 A Década de 90 ..................................................................... 31

4.1 As indústrias de palmito no Pará .............................................. 31

4.2 Produção .......................................................................... 32

4.3 Exportação ........................................................................ 35

5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001 ............. 36

O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL ............................................... 37

1 As Estimativas de Consumo ....................................................... 37

2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito .................................... 40

PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES ................... 41

1 Costa Rica ........................................................................... 41

1.1 Produção .......................................................................... 41

1.2 Exportação ........................................................................ 42

1.3 Custos de produção ............................................................. 42

1.4 Informações não oficiais ....................................................... 43

1.5 Causas da crise na Costa Rica ................................................. 44

2 Equador .............................................................................. 45

2.1 Produção e exportação ......................................................... 45

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2.2 Preços pagos ao produtor ...................................................... 46

2.3 Custo de produção .............................................................. 47

3 Informações dos Demais Países ................................................... 47

3.1 Bolívia .............................................................................. 47

3.2 Colômbia .......................................................................... 48

3.3 Peru ................................................................................ 49

3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações ....................... 49

CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL ................ 51

1 AMAZONAS ........................................................................... 53

1.1 A Atividade no Estado ......................................................... 53

1.1.1 Área plantada .................................................................. 53

1.1.2 Agroindústria ................................................................... 54

1.2 Aspectos da Produção ........................................................... 54

1.2.1 Produtividade .................................................................. 55

1.3 O Mercado ........................................................................ 55

1.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 55

1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas ................................... 57

1.3.3 Estimativa de vendas ......................................................... 57

1.4 Comentários Gerais ............................................................. 59

2 PARÁ .................................................................................. 59

2.1 A Atividade no Estado .......................................................... 59

2.1.1 Área plantada .................................................................. 61

2.1.2 Agroindústria ................................................................... 62

2.2 Aspectos da Produção ........................................................... 64

2.2.1 Preços pagos ao agricultor ................................................... 64

2.3 O Mercado ........................................................................ 64

2.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 65

2.4 Comentários Gerais ............................................................. 65

3 REGIÃO SUL DA BAHIA ............................................................. 68

3.1 A Atividade na Região .......................................................... 68

3.1.1 Área plantada .................................................................. 68

3.1.2 Agroindústria ................................................................... 69

3.2 Aspectos da Produção .......................................................... 70

3.2.1 Produtividade .................................................................. 70

3.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 70

3.3 O Mercado ........................................................................ 71

3.4 Comentários Gerais ............................................................. 71

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4 ESPÍRITO SANTO .................................................................... 71

4.1 A Atividade no Estado .......................................................... 71

4.1.1 Área plantada .................................................................. 72

4.1.2 Agroindústria ................................................................... 73

4.2 Aspectos da Produção ........................................................... 74

4.2.1 Produtividade .................................................................. 74

4.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 75

4.3 O Mercado ........................................................................ 75

4.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 75

4.4 Comentários Gerais ............................................................. 76

5 RIO DE JANEIRO .................................................................... 76

5.1 A Atividade no Estado .......................................................... 76

5.1.1 Área plantada .................................................................. 76

5.1.2 Agroindústria ................................................................... 77

5.2 Aspectos da Produção ........................................................... 77

5.3 O Mercado ........................................................................ 77

5.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 77

5.4 Comentários Gerais ............................................................. 78

6 SÃO PAULO ........................................................................... 78

6.1 A Atividade no Estado .......................................................... 78

6.1.1 Área plantada................................................................... 79

6.1.2 Agroindústria ................................................................... 80

6.2 Aspectos da Produção ........................................................... 80

6.2.1 Produtividade .................................................................. 80

6.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 81

6.3 O Mercado ......................................................................... 81

6.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 81

6.3.2 Preços de palmito em Registro .............................................. 82

6.3.3 Condições do produto nas gôndolas ........................................ 83

6.4 Comentários Gerais ............................................................. 83

7 PARANÁ............................................................................... 84

7.1 A Atividade no Estado .......................................................... 84

7.1.1 Área plantada .................................................................. 85

7.1.2 Agroindústria ................................................................... 85

7.2 Aspectos da Produção .......................................................... 86

7.2.1 Produtividade .................................................................. 86

7.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 87

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7.3 O Mercado ........................................................................ 87

7.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 87

7.4 Comentários Gerais .............................................................. 88

8 SANTA CATARINA ..................................................................... 89

8.1 A Atividade no Estado ............................................................ 89

8.1.1 Área plantada................................................................... 90

8.1.2 Agroindústria ................................................................... 90

8.2 Aspectos da Produção ........................................................... 91

8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor ............................... 91

8.3 O Mercado ......................................................................... 91

8.4 Comentários Gerais ............................................................. 93

8.4.1 Legislação ambiental ......................................................... 93

8.4.2 Observações das agroindústrias ............................................ 93

8.4.3 Observações dos agricultores ............................................... 95

9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES .... 96

CONCLUSÕES ........................................................................... 98

REFERÊNCIAS .......................................................................... 107

ANEXOS................................................................................. 113

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15O Agronegócio do Palmito no Brasil

RESUMO

Na última década, o agronegócio do palmito perdeu o caráter de

atividade extrativa e clandestina devido às questões ambientais, exaustão

das espécies nativas, exigências da ANVISA e aumento do cultivo de espécies

nativas e exóticas. Os dados para este estudo foram obtidos de fontes

secundárias e por entrevistas diretas, entre junho de 2002 e março de 2003.

Nesse período, a produção de palmito no Brasil foi estimada em torno de

160.000 t/ano. Os dados oficiais de área plantada e produção (IBGE) são

inconsistentes. Para 2003 a produção informada foi de 51.378 t (73,7% seriam

de palmito cultivado). Em 2003, Goiás teria sido o maior produtor, com 20.004

t em 1.601 ha. O pólo dominante ainda era Belém, baseado na extração de

açaí. Além de Goiás (palmito de guariroba), no Sul da Bahia e no Vale do

Ribeira (SP) aumentam as lavouras de pupunha, assim como em Santa Catarina

e Paraná (palmeira-real e pupunha), com área total estimada em 14.396 ha,

em 2002. A diminuição dos estoques de palmito nativo e a pressão

ambientalista favorecem a expansão dos cultivos. As exportações decresceram

de 11.793 t em 1977 para 2.222 t em 2004. Com os preços (FOB) ocorreu o

mesmo, de US$ 5.772,00/t em 1977 para US$ 3.421,00/t em 2004. Equador e

Costa Rica, com 16.334 t e 14.443 t exportadas em 2001, são os principais

exportadores e atualmente apresentam a atividade em recuperação, após a

crise de preços de 1998. Na década de 90, outros países da América do Sul

tiveram alguma expressão no mercado, explorando palmito nativo. Excluindo

o Brasil, o mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$ 65,6 milhões

em 2002), tendo a França, Espanha e Estados Unidos como principais

importadores. As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/

pessoa/ano, sendo esta última alcançada neste estudo, com base na POF/

IBGE 1996 e ajustada com dados recentes. No mercado interno predomina o

palmito de açaí e o palmito de pupunha. Em 2003, os preços ao consumidor

variaram entre R$ 20,46 e R$ 25,23/kg/vidro 300 g/tolete, com variações

importantes: em São Paulo (capital) alcançavam valores 20% acima da média

e em Belém 30% abaixo. A comercialização de palmito in natura é incipiente,

mas crescente no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A diversificação

do produto é baixa: palmito couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e

palmito com picles são pouco freqüentes. Atualmente (2007) falta matéria-

prima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados.

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17O Agronegócio do Palmito no Brasil

INTRODUÇÃO

Este estudo faz parte do Projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):

uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/

ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira

(PRODETAB). O desenvolvimento do projeto ocorreu de outubro de 2000 a

setembro de 2003, tendo como instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF e

como executores a própria EMBRAPA Florestas, o Instituto Agronômico do Paraná

(IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O trabalho é prospectivo e tem por objetivo apresentar a caracterização

do agronegócio do palmito, com enfoque nas questões do mercado, em que

constem os fatores críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade,

com ênfase nas regiões e espécies mais importantes em produção, extração,

transformação e consumo. Foram levantados e sistematizados dados,

informações e análises relativas ao mercado interno e externo, quantificada a

produção, transformação (agroindústria) e comercialização do produto, nas

suas diferentes formas.

Buscou-se a elaboração de um quadro de referências que permitisse

elaborar uma visão compartilhada do agronegócio do palmito, atual e futuro,

visando a mapear e construir cenários com mais acerto das restrições,

oportunidades e tendências, permitindo o bom encaminhamento das

atividades próprias de cada agente envolvido na atividade e do conjunto do

agronegócio do palmito.

O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e

informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da

formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A

segunda, na qual se caracteriza a situação contemporânea da atividade no

país a partir de informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos

agentes, nas regiões em que a atividade é importante.

A exploração econômica do palmito é recente e tornou-se uma atividade

relevante a partir da década de 40 no Sul do país, onde se extraía palmito de

juçara (Euterpe edulis) da Floresta Atlântica. A partir de 1970, houve o

deslocamento das empresas do Sul (Santa Catarina, principalmente) para

explorar o palmito de açaí (Euterpe oleracea) no delta do Rio Amazonas,

atualmente o maior pólo de produção de palmito do país.

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18 Circular Técnica nº 130

Até o início da década de 90, a atividade era predominantemente

extrativa e pouco organizada. A partir desse período, o agronegócio1

do palmito

passou a ser uma atividade importante e altamente promissora nos aspectos

produtivos e econômicos. Os estudos técnico-científicos ainda são poucos e se

referem à produção física, o que é compreensível em uma atividade

relativamente nova no setor agrícola. Os artigos, reportagens jornalísticas e

entrevistas têm apresentado mais especulações do que informações conclusivas

a respeito dos diversos aspectos da produção e da importância econômica da

atividade. Dados sobre a economia do palmito – área em exploração, área

plantada, produção, produtividade, comercialização – são geralmente frágeis

e, por decorrência, as análises e conclusões.

Especula-se que o mercado mundial do palmito alcança valores entre

R$ 840 milhões (US$ 350 milhões) e R$ 1,4 bilhão (US$ 500 milhões)2

. Esses

valores são razoáveis, considerando o segmento da produção agrícola

(primeira cifra) e/ou o valor recebido pelas indústrias (segunda cifra).

Porém, de acordo com as estimativas de produção deste estudo (160.000 t/

ano) e os preços médios do palmito pagos pelo consumidor final (R$ 21,00

kg/palmito tolete e R$ 13,00 kg/palmito picado) os valores podem ser bem

maiores, em torno de US$ 900 milhões no Brasil, e US$ 76,8 milhões nos

demais países estudados, em 20013

.

Além do palmito, a exploração do fruto para consumo como “vinho” de

açaí, na região de Belém, é importante fonte de renda e emprego. Nogueira e

Homma (2000), citam que a produção de frutos de açaí chegou a 156.046 t em

2000, e que são gerados 25.000 empregos diretos e R$ 40 milhões anualmente

nas atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de

frutos dos açaizeiros no Amapá e no Pará.

Embora não se compare às principais commodities do agronegócio (soja,

milho e café)4

, a economia do palmito é relevante em âmbito nacional. É

superior ao valor da produção da erva-mate cancheada, calculado em R$ 92,5

milhões, e aproximadamente o mesmo valor da produção de madeira em tora,

1

Agronegócio é “a soma das operações de produção e distribuição de insumos agrícolas, das operações de

produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e

itens produzidos a partir deles” (BRANDÃO e MEDEIROS,1998, apud MOTTER, 2000).

2

a) BOVI, M. L. A. O agronegócio do palmito pupunha. O Agronômico, Informações Técnicas, 52 (1): 10-12,

2000. Disponível em: www.iac.br/oagronom/v.521/informacoestecnicas/pupunha. Acesso em: 07 maio 2002;

b) COSER FILHO, O. O Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, 20/04/1997, pg. 14;

c) Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado – ABRAPALM. Disponível em: www.unicamp.br/

nipe/rbma. Acesso em: 11 jul. 2001.

3

Em janeiro de 2001, US$ 1,00 = R$ 2,40.

4

Em 2000, o valor da produção desses produtos foi: soja (grão) – R$ 8,6 bilhões; milho (grão) – R$ 6,0 bilhões;

café (coco) – R$ 4,3 bilhões (IBGE, 2003).

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19O Agronegócio do Palmito no Brasil

que foi de R$ 1,25 bilhão (IBGE, 2003). O palmito tem aportado renda em

regiões pobres com populações excluídas da economia formal. A atividade

cresceu e se expandiu sob a forma extrativista, com implicações

socioeconômicas como a formação de latifúndios extrativos, disputas violentas

por território e alterações ambientais desastrosas.

Dados oficiais de extração e produção de palmito no país são inexatos,

com enormes variações de um ano para outro, sem explicação, gerando

informações inconsistentes sobre qual o valor ou a importância dessa economia

(se os valores referem-se ao preço da matéria-prima, do produto ao sair da

agroindústria ou ao preço final para o consumidor, p. ex.). O dimensionamento

dos diversos agentes do mercado informal e as quantidades negociadas por

eles também não é exato.

Este estudo visa a agregar informações e análises mais conclusivas sobre

o agronegócio do palmito, fundamentalmente porque a atividade desponta de

modo diferente em relação ao seu desenvolvimento histórico, baseado em

atividade eminentemente extrativa, economia escondida, estigmatizada pela

clandestinidade de parte significativa da produção e da comercialização. Esse

cenário vem se modificando substancialmente desde a última década,

principalmente com relação às condições do segmento fornecedor da matéria-

prima e às exigências do segmento consumidor.

No segmento fornecedor, a par da exaustão dos estoques de juçara na

região de Floresta Atlântica e do raleamento do açaí para palmito no delta do

Rio Amazonas, aumenta a pressão das organizações governamentais e não-

governamentais para regular, fiscalizar e impedir a extração desordenada de

recursos naturais, sendo o palmito nativo um dos mais importantes. Assim, a

busca por novas formas de manejo, extração e, sobretudo, de matéria-prima

tornou-se obrigatória.

No segmento do consumo, as exigências crescentes dos clientes e a

concentração do mercado varejista pelas redes de supermercados exigem

padrão de qualidade, de apresentação e de regularidade no fornecimento

que não coadunam com relações clandestinas de produção e de

comercialização informal. Esse segmento está cada vez mais conscientizado

e valoriza a produção ecológica, a sanidade do que consome e a relação

custo/benefício. Postura reforçada pelos recentes eventos da contaminação

de carnes e lácteos – peste suína, gripe aviária, vaca-louca, aftosa – e pela

discussão dos efeitos dos transgênicos.

No caso do palmito, apesar de a questão qualidade e sanidade ser crônica,

como indica o extenso noticiário a respeito da contaminação bacteriana

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20 Circular Técnica nº 130

denominada botulismo (Clostridium botulinum), em 19985

, outros fatores

induziram a racionalizar a atividade de forma mais adequada ao agronegócio

moderno. Os principais fatores foram6

:

a) Crescente exigência dos consumidores e do mercado por qualidade,

sanidade, apresentação e preço justo;

b) Perda do mercado externo, devido à falta de controle de qualidade

do produto envasado pelas agroindústrias extrativistas e à

competitividade da Costa Rica;

c) Ação da ANVISA que adequou a legislação e fiscaliza com maior ênfase

a industrialização do produto;

d) Consolidação de diversas áreas de proteção ambiental no Sul do país

e a exigência do IBAMA por planos de manejo para a extração de

espécies vegetais nativas a partir de 1985, em todas as regiões

extrativistas;

e) Crescente profissionalização e entrada de novas agroindústrias no

mercado: melhores técnicas de processamento, diminuição do envase

clandestino, padronização, valorização das marcas;

f) Expansão da atividade via produção de palmito cultivado.

Este último, embora com maiores exigências tecnológicas e custos mais

elevados do que o extrativismo, segue a tendência histórica da organização da

produção agrícola. A produção cresce de forma acelerada e tende a se firmar

com algumas vantagens econômicas diretas e indiretas. À medida que a

produção e a agroindústria se profissionalizarem, e a geração e aplicação de

conhecimento técnico-econômico responderem às exigências do novo

agronegócio, o palmito – extrativo ou de cultivo – terá cada vez mais relevância.

Assim, a profissionalização do segmento é necessária e inevitável, dadas as

exigências do mercado moderno, a sua crescente valorização como produto

para o público gourmet, a dispersão para novos mercados e o aumento crescente

da sua importância econômica.

Este estudo se inscreve na perspectiva do aumento da importância do

agronegócio do palmito, do ordenamento da atividade como forma de evitar a

exploração predatória dos recursos naturais, da substituição de áreas agrícolas

em uso inadequado por sistemas de produção com palmeiras cultivadas, bem

5

Na mídia a questão é recorrente, como mostra a reportagem publicada pela Revista ESTAMPA, ano 2, n.

16, fev.

2003 (Ed. Valor Econômico), em que se comenta o uso do C. botulinum (Botox) em estética humana: “Difícil

imaginar que espetar o rosto com agulhas acopladas de seringas recheadas com uma substância conhecida por

envenenar consumidores de palmito estragado...” (grifo nosso).

6

Parte dos comentários é de Charles Clement, quando da revisão deste estudo.

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21O Agronegócio do Palmito no Brasil

como no desenvolvimento de uma atividade sustentável para um número maior

de agricultores e agroindústrias.

Tentou-se caracterizar e analisar os principais elementos que regem o

agronegócio dessa cultura, sem pretender estudar o que usualmente se concebe

como cadeia produtiva de um produto, tarefa mais complexa que deverá ser

levada a cabo oportunamente. Foram alinhados dados e informações visando a

registrar e analisar os principais fatos que conformaram historicamente a

atividade, objetivando construir um quadro atual das principais restrições e

oportunidades ao desenvolvimento do agronegócio do palmito, com enfoque

no segmento do mercado.

Não foi possível abranger estados e regiões onde o agronegócio do palmito

tem alguma importância: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,

nos quais se produz palmito de pupunha extrativo e cultivado, não foram

analisados, assim como as regiões do Cerrado Central, com palmito de guariroba

(Syagrus oleracea); do Sul do Pará até Rondônia, onde se extrai palmito de

açaí-solteiro7

(Euterpe precatoria); outras regiões de São Paulo, além do litoral,

e de Minas Gerais, nas quais se expandem lavouras de pupunha e de palmeira-

real-da-austrália.

Foram realizadas tentativas de obtenção dessas informações junto

às instituições de pesquisa das regiões citadas, via questionário

estruturado e consultas por correio eletrônico, entretanto não houve

retorno por parte de nenhuma delas.

Como é característico em mercados de produtos relativamente novos

e/ou informais, a exemplo do palmito, há grande carência de informações

organizadas. Há poucos estudos a respeito e parte das informações é de

baixa confiabilidade. Por essa razão, serão apresentadas informações

complementares no rodapé das páginas, com o propósito de registrar os dados

obtidos em diversas situações.

OBJETIVO

Apresentar um quadro das referências históricas e das condições em

que se desenvolve o agronegócio do palmito no Brasil, com enfoque nas

questões de organização da atividade produtiva, transformação e

comercialização do produto.

7

Também denominado de açaí-do-amazonas, açaí-da-mata, açaí-de-terra-firme (RIBEIRO, 2005). George Duarte

Ribeiro é pesquisador em Sistemas Agroflorestais da EMBRAPA-RO.

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22 Circular Técnica nº 130

METODOLOGIA

As etapas principais foram conduzidas aos moldes da maior parte dos

estudos de mercado com objetivos semelhantes:

a) Coleta e sistematização de dados estatísticos e não-estatísticos;

b) Análise dos dados, fatos e antecedentes importantes;

c) Projeções de cenários e tendências (FONTES, 1983).

As informações estatísticas para a primeira parte deste estudo –

análise histórica do agronegócio no Brasil – foram obtidas pelo método usual,

a partir dos dados secundários oficiais (IBGE, 1996; 2002; 2003; 2005), de

teses, monografias e consultas a bancos de dados, via Internet. Os dados

relativos às exportações, importações, área plantada e informações de

outros países são provenientes de sites oficiais (Ministérios da Agricultura,

da Fazenda, etc)8

. A revisão e a análise das informações coletadas na

primeira parte permitiram a caracterização histórica do agronegócio, além

de, junto com indicações diversas, identificar agentes importantes a

entrevistar na segunda parte do estudo.

A metodologia de Diagnóstico Participativo Intersetorial norteou a coleta

de informações não-estatísticas (ABIPTI, 1999). Esse processo prevê a

participação dos diversos agentes envolvidos nos diferentes segmentos do

agronegócio e na construção do diagnóstico, permitindo um bom prognóstico.

Em geral é realizado com agentes previamente selecionados, em entrevistas

pré-elaboradas, e compõe-se dos seguintes itens:

a) Diagnóstico de campo: realizado com agricultores, gerentes,

proprietários de agroindústrias e outros, individualmente, para definir

os diversos aspectos, restrições e oportunidades relacionadas ao seu

segmento e aos demais, que afetam o agronegócio como um todo;

b) Entrevistas em grupos focais: um entrevistador e um grupo de

entrevistados discutem suas percepções sobre o tema de interesse.

Cada membro influencia o outro e assim as informações são checadas.

Aplica-se mais a agroindústrias, gerentes e administradores;

c) Entrevistas semi-estruturadas: é necessário ter conhecimento prévio

do entrevistado e do seu conhecimento sobre o tema. São realizadas

por meio de roteiro adequado ao perfil do entrevistado (ABIPTI, 1999).

8

No caso do Brasil, as informações são do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Exportação

brasileira. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/consulta>. Acessos em: 13 maio 2002 e

18 mar. 2005.

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23O Agronegócio do Palmito no Brasil

A segunda parte teve início com a elaboração de uma lista de

instituições e pessoas que deveriam ser entrevistadas para obter as

informações e os dados necessários.

Os dados foram obtidos da seguinte forma:

a) Questionário: roteiro estruturado em quatro módulos específicos, a

serem preenchidos em entrevistas diretas com agentes

representativos – pesquisadores, produtores, comerciantes

intermediários e gerentes de supermercados – dos diferentes

segmentos em cada região do estudo.

Em cada módulo havia questões objetivas – dados de área plantada,

localização na respectiva região, produção, custos de produção – e questões

que traduziam o senso comum dos agentes envolvidos a respeito da situação

do seu setor e da atividade, ou seja, dos problemas e oportunidades para o

desenvolvimento desta sob diversos aspectos. Parte do questionário foi semi-

estruturado, para comportar itens em aberto, sendo obtidas as opiniões pessoais

e das instituições a respeito do futuro da atividade e os prognósticos com as

soluções para o seu desenvolvimento. Houve especial atenção para que o roteiro

e a forma das entrevistas permitissem adicionar novas questões que o

entrevistado julgasse pertinentes.

b) Seleção das regiões da pesquisa: face aos recursos disponíveis, foram

privilegiadas as regiões de maior importância histórica e atual no

desenvolvimento da atividade. Optou-se pela seqüência: Manaus,

Belém, Região Sul da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo

(Capital e Vale do Ribeira), Paraná e Santa Catarina.

O levantamento foi iniciado em junho de 2002, nas cidades de Manaus

e Belém. Nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, foi realizado

em novembro de 2002. No Sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro,

ocorreu em março de 2003.

Devido à diferença temporal, há certa defasagem nas informações, o

que não acarreta prejuízos significativos aos resultados, pois não houve

alterações de grande porte na economia nacional, no câmbio, etc.

Os dados referentes ao mercado no Paraná foram obtidos, em sua maior

parte, por Corso (2003).

Foram entrevistados técnicos e representantes das seguintes Instituições:

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24 Circular Técnica nº 130

a) Manaus-AM: EMBRAPA, IDAM, INPA, UFAM, SEBRAE, CAMES, gerentes

de empresas de produção, gerentes de supermercados;

b) Belém-PA: EMBRAPA, IBAMA, Secretaria de Estado da Agricultura,

SINDIPALM, proprietários e gerentes de agroindústrias;

c) Bahia: Técnicos da CEPLAC, proprietários e gerentes de agroindústrias;

d) Espírito Santo: gerente de produção da Coimex, proprietário de

empresa de produção de mudas de pupunha, INCAPER, proprietário

de agroindústria (em fase instalação), comerciantes de palmito,

produtores de palmito, gerente de supermercado;

e) Niterói-RJ: Secretaria de Estado da Agricultura, EMATER-RJ, gerentes

de supermercados;

f) São Paulo: CATI/EDR-Registro, Casa da Agricultura/CATI-Registro,

gerentes e proprietários de agroindústrias, produtores de palmito,

gerentes de supermercados;

g) Paraná: EMATER-PR, proprietários de agroindústrias, gerentes de

supermercados;

h) Santa Catarina: EPAGRI, UFSC/CCA, Instituto CEPA, proprietários de

agroindústrias, produtores de palmito, produtores de sementes e

mudas.

Parte importante das informações foi obtida em entrevistas formais e

informais com diversos agentes, nos seguintes eventos:

a) Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização, Comercialização

e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart. (Açaizeiro/

Palmiteiro). IBAMA/SINDIPALM, Belém (PA), 19/06/2002;

b) 1º Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: O Agronegócio

Pupunha e Palmeira-Real. EMATER-PR/EMBRAPA/IAPAR, Pontal do

Paraná (PR), 05 a 07/09/2002;

c) 1º Seminário sobre Palmito Pupunha no Litoral Paulista e Exposição

Itinerante – Ciclo do Palmito no Brasil. CATI, IAC, SEBRAE, São Vicente

(SP), 16 a 19/01/2003.

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CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO

DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO

Produção, Exportação, Consumo

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27O Agronegócio do Palmito no Brasil

A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL

1 As Décadas de 40 a 701

1.1 Agroindústria

A industrialização do palmito no Brasil começou em 1949, no município

de Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Na década de 60, a expansão da atividade

se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São Paulo,

culminando com 1.163 agroindústrias em 1970 (ROSETTI, 1988) (Tabela 1). A

matéria-prima principal era a juçara (Euterpe edulis), mas havia o

aproveitamento comercial da palmeira indaiá (Attalea dubia) em menor escala.

Em 1970 já havia duas indústrias registradas no Pará.

1.2 Exportação na Década de 602

Os dados (Tabela 2) indicam que o agronegócio do palmito estava

fortemente centrado no mercado interno e que o avanço para o mercado externo

ocorreu de forma lenta, levando uma década para se exportar volumes de

palmito mais expressivos.

Os volumes exportados e os preços até 1969 foram baixos, em comparação

com anos futuros. É interessante notar que em 2001 o Brasil exportou menos

palmito (total de 2.573 t) do que no último ano dessa série.

1

Não foram obtidos dados da produção nas décadas de 50 e 60. As séries históricas do IBGE/Estatísticas do

Século XX/Estatísticas Econômicas não informam a produção de palmito. Disponível em: www.ibge.gov.br/

seculosxx/estatisticas_economicas.shtm. Acesso em: 23 mar. 2003.

2

Os valores apresentados foram corrigidos e atualizados para o dólar de julho de 2002, em todas as citações

desta primeira parte do estudo.

Tabela 1. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1949 a 1970.

Fonte: Adaptado de Rosetti (1988)

Nº de agroindústriasAno

Brasil Paraná Pará1949 2 2 -1959 95 95 -1970 1.163 196 2

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28 Circular Técnica nº 130

2 As Décadas de 70 e 80

2.1 Agroindústria

Entre 1970 e 1974 houve um grande rearranjo na atividade – fechamento

de indústrias no Paraná, São Paulo e Santa Catarina e transferência de empresas

para o Pará – mas não há explicação para o desaparecimento de 1.097 indústrias

em tão curto período3

(Tabela 3).

Segundo Nascimento e Moraes (1991), os primeiros registros da

agroindústria do palmito no Pará mostram que em 1968 foi implantada a primeira

empresa nesse estado (Massoler Ltda) e em seguida surgiram outras como a

Oarde Correa (“Palmito Caiçara“).

3

A reestruturação da oferta do produto extrativo, devido à diminuição dos estoques de palmeiras, explica parte

da questão (GRAÇA, 2003), mas não explica a magnitude do evento, ou seja, a diminuição de 1.097 fábricas.

Tabela 2. Exportação de palmito pelo Brasil de 1960 a 1969.

VolumeAno

Toneladas US$/t1960 445 8641961 547 9681962 741 9901963 1.000 1.0191964 1.802 1.2171966 2.380 1.3971967 3.643 1.3611968 2.424 1.2881969 3.156 1.320

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)

Tabela 3. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1970 a 1987.

Fonte: Rosetti (1988)

1

Sem informação após 1970

Nº de agroindústriasAno

Brasil Paraná Pará1

1970 1.163 196 21974 66 10 -1977 81 5 -1979 76 7 -1980 260 4 -1987 - 7 -

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29O Agronegócio do Palmito no Brasil

No Sul do país, o que determinou a migração e extinção das agroindústrias

foi a diminuição dos estoques de juçara ocorrido de forma direta, devido à

extração das palmeiras sem qualquer técnica de manejo, e indireta, pelo

desmatamento para prática da agropecuária ou extração de madeira.

Na Amazônia, além dos abundantes estoques de matéria-prima de açaí,

as políticas governamentais de expansão das fronteiras foram fortes atrativos,

principalmente a constituição dos pólos de desenvolvimento (1967/1971), dos

pólos agropecuários e agrominerais (1974), do primeiro plano de

desenvolvimento da Amazônia (1974) e a abertura de estradas como a

Transamazônica.

2.2 Produção

Entre 1974 e 1976 a extração de palmito cresceu 600% no país e,

oficialmente, o Pará produziu quase a totalidade do palmito brasileiro. Porém,

em 1977 a produção já apresenta um forte decréscimo, sem explicação

plausível. A retomada do crescimento da produção ocorre em 1980, mas

alcançou pouco mais da metade do montante de 1976.

Ao longo dessa década, Paraná e Santa Catarina participavam com

percentuais irrisórios na produção. São Paulo apresentava melhor desempenho,

mas com forte declínio (Tabela 4).

Em um curto período (1970-1973), uma importante estrutura

agroindustrial de palmito foi instaurada no Pará. Em 1973, o estado já contribuía

com a maior parte do palmito produzido no país (Tabela 5)4

.

4

O Maranhão teria sido o segundo (7.030 t) produtor de palmito em 1973 e o terceiro (3.096 t) em 1974. Nos anos

seguintes a produção no estado foi irrelevante.

Participação percentual (%)Ano Brasil (t)

Pará Paraná São Paulo Santa Catarina1973 36.586 53,0 8,1 11,4 2,21974 34.273 62,0 8,9 10,8 3,31976 203.948 97,0 0,8 1,6 0,71977 35.123 85,0 4,2 6,4 2,91979 31.358 86,0 2,3 7,2 2,71980 114.408 95,0 0,5 2,0 0,9

Tabela 4. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de

1973 a 1980.

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)

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30 Circular Técnica nº 130

2.3 Exportação

Como se pode observar pelas quantidades exportadas (Tabela 6) o

mercado interno consumia a maior parte do palmito produzido no país.

De 1970 para 1971 houve, sem explicação, expressivo acréscimo nas

exportações, que se firmaram a partir de então com volumes e preços mais

significativos5

. O preço por tonelada alcançou US$ 5.772,00 em 1980.

3 A Década de 80

3.1 Produção

Os dados de produção na década de 80 apresentaram oscilações

significativas, com crescimento a partir do início da década, alcançando novo

ápice em 1989, quase a mesma produção recorde de 1976 (Tabela 7). A

participação dos demais estados, salvo em anos específicos, continua irrisória,

visto que cerca de 90% da produção vem do Pará. Porém, os registros oficiais

são incongruentes, em particular quanto à produção em São Paulo, Paraná e

Santa Catarina a partir de 1987.

5

A Costa Rica iniciou plantios experimentais de palmito de pupunha em 1970, quando o mercado europeu

começou a ganhar importância.

Tabela 5. Produção de palmito no Pará de 1970 a 1973.

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)

Tabela 6. Exportação de palmito pelo Brasil de 1970 a 1979.

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)

VolumeAno

Toneladas US$/t1970 2.315 1.3341971 7.177 1.3311973 4.416 1.8251974 8.510 2.6051977 11.793 2.7561979 6.832 5.110

Ano Produção (t/ano)1970 2581971 7421972 8.8201973 19.282

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31O Agronegócio do Palmito no Brasil

3.2 Exportação

No início dos anos 80 (1980 a 1983)6

as exportações alcançaram os valores

mais expressivos, os quais só vão se repetir dez anos depois, em 1993 e 1994,

quando o Brasil começou a perder mercado para a Costa Rica. Contudo, os

preços se mantiveram elevados (Tabela 8).

4 A Década de 90

4.1 As indústrias de palmito no Pará

Nascimento e Moraes (1991) afirmam que as empresas não são

exatamente indústrias, mas unidades comerciais que recebem palmito de

diversas fontes, resultando em produto de menor qualidade (aqui se referindo

6

A falta dos dados em 1981 e 1982 significa que os montantes do ano anterior se repetiram, com poucas diferenças.

Isso vale para todas as tabelas.

Tabela 8. Exportação de palmito pelo Brasil de 1980 a 1989.

VolumeAno

Toneladas US$/t1980 10.056 5.7721983 10.691 4.0821985 5.136 3.0481987 9.615 5.7631989 5.982 4.950

Fonte: Nascimento e Moraes (1991) e AGRIANUAL (2000)

Tabela 7. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de

1980 a 1990.

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) e de AGRIANUAL (2000)

Participação percentual (%)Ano Brasil (t)

Pará Paraná São Paulo Santa Catarina1980 114.408 95,0 0,5 2,0 0,91981 90.540 84,6 4,7 2,4 1,31984 105.225 88,1 1,7 8,7 0,81985 132.104 88,5 0,1 1,2 0,91987 142.060 92,0 0,01 1,5 0,61989 202.440 96,4 0,04 0,0003 0,0004

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32 Circular Técnica nº 130

a palmito de açaí)7

. Embora não haja informações para os demais estados, o

Pará dominava expressivamente a produção de palmito envasado no Brasil.

Considerando que as indústrias de palmito do estado representavam, em 1991,

um total de 105 empresas com 486 fábricas (mais de uma fábrica por empresa)

e uma produção de 145.800 t, os números são razoavelmente confiáveis8

, ficando

patente a imprecisão dos dados oficiais quanto ao palmito.

4.2 Produção

Os dados oficiais da produção de palmito no Brasil a partir de 1990

indicam notável declínio (Tabela 9 e Fig. 1) para 15% do montante produzido

em 1989, sem evidências significativas que expliquem o fato9

.

7

Embora emitida há mais de dez anos, a observação vale para o presente. Segundo relato de gerentes de agroindústrias,

permanece o modo de envase do palmito em pequenas “fábricas” junto às áreas de extração das palmeiras.

8

Foram obtidos pelas autoras em entrevistas diretas (NASCIMENTO e MORAIS, 1991).

9

A razão mais plausível – falhas nas estatísticas do IBGE – é defendida por Homma (2003), pesquisador da EMBRAPA

Amazônia Oriental. A imprecisão dos dados oficiais pode ser demonstrada com os dados do próprio IBGE. A Tabela

546 (IBGE, 2003), “Quantidade produzida por produtos da extração vegetal e condição do produtor/produtos da

extração vegetal/produto açaí (palmito ou guariroba)”, informa a produção de 86.080 t em 1996, quase quatro

vezes mais que o informado na Tabela 9 deste estudo com os dados oficiais (IBGE – Tabela “Quantidade produzida”/

Brasil), já com a designação geral de “palmito”. Também não se explica o notável decréscimo da produção

extrativa, que em 2003 teria sido de apenas 13.704 t, menos de 27% do total da produção nacional.

Tabela 9. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de

1990 a 2003.

Fonte: IBGE (2003)

1

Os dados da coluna referem-se à soma da produção extrativa e da produção em lavouras (Tabelas 289

e Lavouras Permanentes, IBGE, 2003).

Participação percentual (%)Ano Brasil (t)1

Pará Paraná São Paulo Santa Catarina1990 27.031 81,0 0,003 0,0006 0,021991 23.687 82,0 0,4 0,0007 1,81992 21.003 81,0 0,01 0,0005 0,0031993 21.596 83,0 0,003 0,0002 0,0031994 22.400 84,8 0,006 0,0002 -1995 21.889 82,3 0,006 0,01 -1996 21.616 89,5 0,004 0,009 -1997 41.222 95,4 0,2 0,6 0,00041998 35.637 95,0 0,0002 1,2 0,00041999 37.664 95,0 0,0003 0,4 0,32000 41.510 39,5 0,1 7,0 1,12001 41.714 34,7 0,2 5,4 3,62002 55.648 24,9 0,4 6,3 2,32003 51.376 24,5 1,0 8,9 3,4

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33O Agronegócio do Palmito no Brasil

Desde a drástica queda apontada pelos dados oficiais em 1990, a

produção brasileira continuou em declínio até 1997, quando houve notável

recuperação até a época atual. Neste ano, o salto na produção (próximo ao

dobro de 1996) ocorreu em função da extração de 36.449 t10

. A partir de

1998, a retomada se deu pelo cultivo, cuja participação foi a seguinte: 1998

- 32%; 1999 - 51%; 2000 - 59%; 2001 - 63%; 2002 - 74% e 2003 - 73%. O Pará

perdeu a posição de prevalência que mantinha desde 1973, quando

subitamente passa de 95% de participação em 1999 para 39,5% em 2000,

diminuindo para 24,5% em 2003 (Tabela 9).

Até 1993, toda a produção de palmito é relacionada no tópico

“Extração Vegetal” do IBGE (2003). A partir de 1994 aparece o registro da

produção de palmito também como produto agrícola, atividade que ganha

relevância a partir de 199811

.

Desde 1999, os registros mostram a produção por região e por estado

(Tabela 10). A Região Centro-Oeste participa com mais de 70% (26.369 t em

2003) da produção nacional de palmito cultivado. Da produção nacional,

Goiás, o maior produtor, participou com os seguintes percentuais: 1999 -

77%; 2000 - 72%; 2001 - 68%; 2002 - 71% e 2003 - 66%. A Região Sudeste ocupa

o segundo lugar, com 18% da produção nacional em 2003. São Paulo produziu

de 1999 a 2003, respectivamente: 4,4%; 11,6%; 8,4%; 8,3%; e 13,3% do total

de palmito cultivado no país.

10

Somando-se às 4.773 t de palmito cultivado, alcança-se 41.222 t citadas na Tabela 9, em 1997.

11

A produção de palmito cultivado entre 1994 e 1998 teria sido a seguinte: 1994 - 497 t; 1995 - 1.236 t; 1996 -

3.461 t; 1997 - 4.773 t e 1998 - 11.449 t (IBGE, 2003). Os dados estão disponíveis por região e por estado a

partir de 1999.

Figura 1. Produção de palmito no Brasil de 1990 a 2003.

Fonte: IBGE (2003).

05.000

10.00015.00020.00025.00030.00035.00040.00045.00050.00055.00060.000

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Ano

To

talB

rasil

(t)

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34 Circular Técnica nº 130

Com relação à área plantada, os registros oficiais começam em 1994,

com 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.495 ha; 1997 – 1.575 ha; 1998 –

2.507 ha; 1999 – 3.731 ha; 2000 – 4.985 ha; 2001 – 4.447 ha; 2002 – 7.772

ha e 2003 – 8.343 ha12

.

Segundo os dados oficiais (IBGE, 2003), a produtividade do palmito

cultivado no Brasil foi a seguinte, de 1999 a 2003, respectivamente: 5,1 t; 4,8

t; 5,9 t; 5,5 t; e 4,5 t13

. Nas condições atuais, tais produtividades são

improváveis, mesmo em situações especiais (p. ex., experimentação), o que

reforça sobremaneira as dúvidas quanto à consistência dos dados oficiais. A

inconsistência das informações de área e produção em Goiás são ainda mais

graves, pois desde 1999 a produtividade de palmito alcançou números sempre

superiores a 14 t14

. Em comparação com informações de São Paulo, os dados

12

Segundo as estimativas de Bovi (2000), haveria no ano de 2000 entre 12.000 e 13.000 ha plantados com

pupunha para palmito e não os 4.985 ha dos dados oficiais. São Paulo era o estado com maior produção (mais

de 25% do total), seguido por Espírito Santo, Rondônia, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio

Grande do Norte, Amazonas, Acre, Paraná e Santa Catarina.

13

O cálculo da produtividade é feito em relação à área colhida, usualmente menor que a área plantada: em 1994

– 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.411 ha; 1997 – 1.499 ha; 1998 – 1.693 ha; 1999 – 2.551 ha; 2000 – 3.649 ha;

2001 – 4.158 ha; 2002 – 6.176 ha e 2003 – 7.117 ha (IBGE, 2003).

14

Segundo os dados oficiais, em 1999, área colhida (A) – 829 ha e produtividade (P) – 17,7 t; em 2000, A – 911 ha

e P – 19,1 t; em 2001, A – 1.276 ha e P – 14,0 t; em 2002, A – 1.721 ha e P – 16,9 t; e em 2003, A – 1.443 ha e P

– 17,3 t. Apesar de haver plantios de palmeira-real e de pupunha, quase toda a produção é de guariroba

(Syagrus oleracea) (informação pessoal, Jairton de Almeida Diniz, SEAGRO–GO/Agência Rural). Somente em

2003 surge registro de palmito extrativo em Goiás, com 99 t (IBGE, 2005).

Tabela 10. Produção de palmito (t) cultivado no Brasil nas regiões e principais estados

produtores de 1999 a 2003.

Fonte: IBGE (2003)

Região/estado 1999 2000 2001 2002 2003Centro-Oeste 14.975 17.984 18.588 30.099 26.369Goiás 14.737 17.460 17.889 29.052 25.004Sudeste 2.055 4.297 3.727 5.697 6.809São Paulo 846 2.827 2.199 3.436 4.978Minas Gerais 748 1.252 655 909 715Espírito Santo 390 375 651 811 839Norte 2.013 1.820 2.394 3.984 2.281Rondônia 1.030 1.030 - 1.622 1.366Acre 581 385 2.392 1.955 915Sul 43 220 1.322 1.205 1.969Santa Catarina 43 220 1.271 1.012 1.869Nordeste 3 35 87 134 244Total Brasil 19.089 24.356 26.118 41.119 37.672

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35O Agronegócio do Palmito no Brasil

oficiais são menos discrepantes, mas também pouco defensáveis, pois o estado

produziu, em média, 3,5 t de palmito/ha em 2003.

Dados de área plantada mais confiáveis foram obtidos neste estudo,

com informantes de diversas regiões do país (Tabela 11).

4.3 Exportação

Com exceção dos anos de 1993 e 1994 (Tabela 12 e Fig. 2), os montantes

exportados são irrisórios, se comparados às exportações das décadas de 70 e

80. Os preços foram erráticos e também declinantes ao longo da década, embora

com valores elevados na maioria dos anos da série15

. O volume exportado nos

anos 2000 foi o menor desde 1970 e continua declinante. A razão maior pode

ser o bom nível dos preços do produto no mercado interno16

. Em 2004, o Brasil

exportou menos 93 t de palmito que em 1970.

15

Como termo comparativo de preços e valores exportados, em 2002 o preço médio da tonelada de carne

exportada foi de US$ 1.200,00. No ano, o complexo carne exportou US$ 1,47 bilhão (FAEP, 2003).

16

Em 2002, o preço de venda das agroindústrias para os supermercados de São Paulo foi de R$ 50,00/cx de 15

vidros (4,5 kg de palmito), equivalente a R$ 11,10/kg. Em 2002, o produto para exportação foi vendido (FOB)

a R$ 12,21/kg, com o câmbio supervalorizado (US$ 1,00 = R$ 3,70). De acordo com o câmbio de 2004, o preço

do produto exportado foi de R$ 9,00/kg, portanto, menor que no mercado interno.

Tabela 11. Estimativa da área plantada com pupunha e palmeira-real no Brasil em 2002.

1

Segundo informação oficial, havia projetos totalizando os 3.950 ha, mas extra-oficialmente

apenas 1.500 ha plantados.

2

Predomina pupunha (aproximadamente 900 ha), entretanto havia cerca de 4 milhões de mudas

de palmeira-real plantadas/a plantar em 2003, cerca de 200 ha com essa palmeira, na região

de Venda Nova do Imigrante.

Área (ha)Estado

Plantada Em produçãoObservações

Amazonas 500 150 PupunhaPará1 3.950 1.500 PupunhaBahia (Sul) 2.983 1.672 Pupunha - 494 produtoresEspírito Santo2 1.100 900 Pupunha e palmeira-realRio de Janeiro 213 92 Pupunha - 293 produtoresSão Paulo (Vale do Ribeira) 3.600 2.700 Pupunha - 200 produtores

Paraná 950 880 Pupunha e palmeira-realcom 65% da área

Santa Catarina 1.500 1.300Palmeira-real e pupunha

com 12% da área495 produtores

Total 14.896 9.194

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36 Circular Técnica nº 130

5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001

Os preços variaram (Tabela 13) positiva e significativamente até 1980,

com queda a partir desse ano e notável recuperação de 1985 a 1990,

manutenção dos preços entre 1990 e 1995 e, novamente, acentuada queda

de 1995 a 2001.

Figura 2. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1990

1991

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Ano

Vo

lum

e(t

)

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

US

$m

il/t

VOLUME (t) US$ mil/t

Tabela 12. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.

Fonte: Brasil (2005)

VolumeAno

Toneladas US$ mil/t1990 7.400 5.1631991 6.983 4.8711993 11.389 3.9841994 10.065 4.0311995 6.038 5.0071996 4.853 2.4871997 4.536 5.6881998 3.797 5.3771999 3.441 4.1902000 2.489 3.9052001 2.573 3.6422002 1.946 3.3022003 2.284 3.2552004 2.222 3.421

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37O Agronegócio do Palmito no Brasil

O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL

1 As Estimativas de Consumo

A estimativa de consumo da agroindústria em Belém é de 100 g/pessoa/

ano17

. De acordo com esse cálculo, o consumo no mercado interno estaria em

torno de 17.500 t/ano. Dado aproximado aos números oficiais, pois o IBGE

(2003) informa produção de 20.599 t em 2000. Deduzindo-se as 2.489 t

exportadas em 2000, o saldo aproxima-se do valor citado anteriormente. Porém,

conforme os dados a seguir, a estimativa da agroindústria e os dados oficiais

não refletem a realidade.

Morsbach et al. (1998), citam informação de importante agroindústria

no Espírito Santo, cuja estimativa do consumo per capita no país está entre

160 e 300 g/palmito/ano. Citam ainda Rodriguez et al. (1995) que estimam em

660 g/palmito/ano o consumo per capita no Brasil.

A Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 1996 na Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP) aponta para conclusões diferentes dessas

estimativas (Tabela 14).

17

Estimativa do diretor de importante agroindústria de Belém, ex-dirigente do SINDIPALM, no mercado há mais

de 40 anos, e a estimativa com a qual diz operar o sindicato.

Tabela 13. Variação de preços do palmito exportado pelo Brasil de 1970 a 2004.

Fonte: IBGE (2003)

Ano/série Variação %1970-71 0,031971-73 37,01973-75 61,01970-75 121,01974-78 88,01975-80 166,01980-83 - 36,71983-85 - 21,31985-90 82,41990-93 16,01993-95 34,01995-96 - 96,01995-98 7,0

1995-2004 - 46,0

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38 Circular Técnica nº 130

A RMSP tinha cerca de 17 milhões de habitantes em 199618

. O consumo

de palmito nesses domicílios foi de 40.245 t (Tabela 14), ou 2,4 kg/pessoa/ano

(8 vidros/300 g), bastante superior às estimativas anteriores para o país e

pouco mais que o dobro da produção nacional no ano19

.

A elaboração de uma estimativa para todo o país deve levar em

consideração:

a) A renda média das famílias na RMSP é maior que a renda média

do país;

b) A RMSP abriga aproximadamente 10% da população do país;

c) Há regiões metropolitanas menos populosas, mas com renda média

aproximada à da RMSP (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre,

Rio de Janeiro);

d) No país havia cerca de 39 milhões de domicílios e, presume-se, na

metade deles (19,5 milhões) não se consumia palmito;

e) Nesses 19,5 milhões de domicílios, pode-se consumir em média, o

mesmo que a faixa 2 da Tabela 14, ou seja, – 340 g de palmito,

aproximadamente um vidro de 300 g/mês, o que corresponde a 12

vidros/ano/domicílio (3,6 kg/ano);

f) Em uma estimativa subestimada, haveria no país o consumo de no

mínimo 66.300 t/ano. Somando-se as quase 5.000 t exportadas em

1996, a produção de palmito teria que ser maior do que mostram os

dados oficiais.

Para uma estimativa mediana, podem ser usados os dados da Tabela 15,

pois somadas as demais nove regiões metropolitanas do país (excluída a RMSP)

18

A capital, onde o consumo de palmito é mais elevado, tinha 10 milhões de habitantes em 1996.

19

Os dados referem-se à pesquisa dos gastos familiares em 19.816 domicílios nas dez maiores regiões metropolitanas

do país, incluída a cidade de Goiânia, realizada entre outubro de 1995 e setembro de 1996 (IBGE, 2002).

Tabela 14. Consumo de palmito por faixa de renda familiar na região metropolitana

de São Paulo em 1996.

Fonte: Adaptado de Pontes et al. (2001)

1

Os valores da tabela têm como referência o salário mínimo mensal em 1996 (R$ 112,00).

ConsumoFaixas de renda familiar1

(R$/mês) Nº de domicíliosG/domicílio mensal Anual (t)

1ª faixa até 400,17 538.796 60 3882ª faixa 400,17 a 747,39 768.883 340 3.1373ª faixa acima de 747,39 2.942.295 1.040 36.720Total 4.249.974 - 40.245

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39O Agronegócio do Palmito no Brasil

e Goiânia, em 1996, havia 8.261.332 domicílios. Considerando que nessas regiões

o consumo tenha sido a metade daquele registrado na RMSP, teriam sido

consumidas mais 32.521 t/ano.

No país havia cerca de 39 milhões de domicílios, subtraindo os 12,5

milhões das RMs, resta estimar o consumo em mais 26,5 milhões de domicílios.

Nesse caso, aplicando-se o mesmo conceito (a metade do consumo da RMSP),

desde que o consumo nesses domicílios esteja entre a média dos valores das

duas menores faixas de consumo (30 g + 170 g), tem-se mais 31.800 t de

palmito consumido no Brasil.

Os cálculos até aqui referem-se ao consumo domiciliar. É preciso adicionar

o consumo em restaurantes e afins, que pode ser estimado em torno de 25%20

do consumo domiciliar.

A Tabela 16 apresenta a síntese que totaliza a estimativa do consumo

interno de palmito no Brasil em 1996.

Somando as 5.000 t exportadas, totalizam-se 135.707 t de palmito,

quase o montante da produção do Pará e Amapá obtida por Nascimento e

Moraes (1991) em pesquisa no campo e com agroindústrias do Pará em 1991

(145.800 t). Partindo desse valor e somando a produção em outros estados

(11,5%) e os estoques (5%), é razoável adicionar mais 22.000 t à produção

nacional, em 1996.

20

Em 1996, os gastos das famílias com alimentação fora do domicílio foram calculados em 25,5% dos gastos nos

domicílios (IBGE, 2002).

Tabela 15. Número de domicílios nas principais regiões metropolitanas do país, exceto

a RMSP, e consumo de palmito em 1996.

Fonte: IBGE (2002)

1

Valores atualizados para julho de 2002: 1ª faixa - até R$ 550,00; 2ª faixa - R$ 550,00 a

R$ 1.005,00; e 3ª faixa - mais de R$ 1.005,00

2

Estimativa de metade do consumo da RMSP

ConsumoFaixas de renda familiar1

(R$/mês)Nº de domicílios G/domicílio mensal

(1/2 RMSP)2

Anualestimado (t)

1ª faixa até 400,17 1.798.214 30 648

2ª faixa 400,17 a 747,39 2.013.637 170 4.108

3ª faixa acima de 747,39 4.449.481 520 27.765

Total 8.261.332 - 32.521

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40 Circular Técnica nº 130

Assim, a produção de palmito no Brasil pode ser estimada em torno de

160.000 t, em 1996. Tendo em vista a ausência de oscilações significativas no

mercado nos últimos anos, essa pode ser a produção atual, com consumo per

capita no país em torno de 940 g/ano ou aproximadamente três vidros de 300

g/pessoa/ano. Entretanto, diferenças na estrutura de consumo devem ser

consideradas, pois no Nordeste e no Norte (este, menos ainda) consome-se

pouco palmito e pessoas e famílias pobres raramente compram o produto.

2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito

As razões a seguir foram apontadas por diversos agentes entrevistados,

porém refletem mais o ponto de vista dos gerentes de agroindústrias e de

supermercados:

a) Queda da renda da classe média e salários do funcionalismo sem

reajuste;

b) Vulgarização e preços mais acessíveis dos produtos concorrentes e

similares: aspargos, azeitonas, cogumelos e picles;

c) Aumento da cesta de gastos: celular, internet, tv a cabo, multas de

trânsito, seguros, educação privada, alimentação fora do lar (em

restaurantes sem palmito);

d) Divulgação, de forma sensacionalista21

, dos casos de botulismo em

1998;

e) Merchandising fraco, exposição inadequada nas prateleiras dos

supermercados, profusão de marcas, baixa qualidade do palmito, etc.

21

Ocorreu em palmito de Euterpe precatória, oriundo da Bolívia.

Tabela 16. Síntese da estimativa do consumo interno de palmito no Brasil em 1996.

Região/condição Volume consumido (t)Metropolitana de SP 40.245Outras metropolitanas 32.521Demais regiões/Brasil 31.800Consumo fora do domicílio 26.141Total 130.707

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41O Agronegócio do Palmito no Brasil

PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES

1 Costa Rica

A Costa Rica iniciou os plantios de pupunha em 1970 e a primeira partida

de produto exportado ocorreu em 1978 (Agroindústria Del Campo, atual

Demasa). Em 2000 o palmito correspondia a 0,4% do agronegócio da Costa

Rica, incluída a pesca.

1.1 Produção

O agronegócio do palmito teve início na década de 70, porém só começou

a tomar vulto a partir do início dos anos 90, no tocante à área plantada.

Não há explicação para valores tão baixos em valor da produção total

e em valor da produção/ha, como os apresentados pelos dados oficiais da

Tabela 17 (3ª e 4ª colunas). Os dados apresentados, assim como no Brasil,

são pouco consistentes.

Houve acentuado declínio da área plantada após 1999, o que corrobora

especulações há tempos na imprensa e em sites22

sobre o declínio da

atividade no país.

22

Diversas reportagens sobre o tema. Disponível em: www.mercanet.cnp.go.cr. Acesso em: 27 mar. 2002; Disponível

em: www.incae.edu/seminarios. Acesso em: 25 abr. 2002; Disponível em: www.agesti.org/news/newsfiles/

external/Nacion_com_Economia.htm. Acesso em: 23 maio 2001.

Tabela 17. Área e valor da produção de palmito na Costa Rica de 1991 a 2001.

Fonte: INFOAGRO (2002)

1

Valores corrigidos para o dólar de dezembro de 2001

2

Estimativa

AnoÁrea plantada

(ha)Valor total

US$1ValorUS$/ha

1991 - 3.827.453 -1992 3.500 3.627.132 1.0361993 3.822 3.185.898 8331994 3.926 2.875.134 7321995 4.200 2.645.550 6301996 4.500 2.460.442 5471997 10.169 4.498.146 4421998 12.500 3.685.104 2951999 11.005 2.512.660 2282000 8.804 2.104.433 2392001 6.5002 1.592.548 239

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42 Circular Técnica nº 130

1.2 Exportação

Houve significativa queda na área plantada após 1999. Contudo,

surpreendentemente, o volume exportado aumentou, chegando a 14.433

t em 2001. O valor da tonelada de palmito exportado decresceu a partir

de 1998 e manteve a tendência declinante. O principal cliente da Costa

Rica sempre foi a França, com tendência crescente para o mercado dos

Estados Unidos (Tabela 18).

1.3 Custos de produção

Oquendo (1999) apresenta os custos de produção, preço de venda e

rendimento do palmito obtidos em uma agroindústria na Costa Rica (Tabela 19)23

.

23

O autor trabalhou com dados de 1998 da Empresa Agropalmito, considerada uma plantação tradicional para a

análise econômica da atividade na Costa Rica. Um stand de 5.000 plantas/ha (recomendado pela pesquisa),

permitiria cortar 1 palmito/planta/ano no 2o

ano, 1,6 no 3o

e 2,5 palmitos/planta/ano do 4o

ano em diante.

Tabela 18. Exportação de palmito pela Costa Rica de 1998 a 2001.

Participação percentual (%)Ano Volume (t) US$ Total US$/t

Espanha França EstadosUnidos

1998 11.531 24.676.340 2.140 12 57 111999 12.078 20.411.820 1.690 15 51 142000 10.991 18.354.970 1.670 9 59 132001 14.433 23.525.790 1.630 8 60 14

Fonte: INFOAGRO (2002)

Tabela 19. Custos de produção, preço de venda (US$) e rendimento do palmito na

Costa Rica em 1998.

Fonte: Agropalmito (1998), citado por Oquendo (1999)

Anos após o plantioVariáveis

1º 2º 3º 4º ... 15ºNº estipes colhidos 0 5.000 8.000 12.500 ...Custo produção (ha) 1.914 1.842 1.914 2.064 ...Custo/estipe colhido - 0,37 0,24 0,17 ...Renda bruta (ha) - 1.360 2.176 3.400 ...Renda bruta/estipe - 0,27 0,27 0,27 ...Renda líquida/estipe - - 0,03 0,11 ...Renda líquida/ha - (492) 262 1.336 ...

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43O Agronegócio do Palmito no Brasil

A síntese dos custos de produção mostra o seguinte: mão-de-obra – 52%;

insumos – 33%; imprevistos – 9%; e transporte – 6%.

Segundo os dados da Agropalmito, a empresa recebeu US$ 0,27/estipe

de palmito, uma renda líquida de US$ 1.336,00/ha/ano, a partir do 4º ano,

quando há estabilização do projeto (OQUENDO, 1999). Corrigido para junho

de 2002, o preço pago por estipe foi de US$ 0,30 na Costa Rica, valor que em

dólares (em 2003) daria aproximadamente R$ 1,00. Este valor corresponde ao

preço pago pelo palmito cultivado no Brasil. Porém, na Costa Rica colhe-se

três vezes mais estipes de palmito/ha.

1.4 Informações não oficiais

Alguns periódicos locais noticiaram que em 2002 o custo de produção foi

de US$ 0,54/estipe e que as fábricas pagaram US$ 0, 38/estipe (INCAE, 2002).

Assim, aos produtores coube prejuízo de US$ 0,16/estipe, o que não

faz sentido e só pode ser explicado pela imprecisão dos dados ou por uma

situação momentânea de preços. A Tabela 20 mostra o resumo dos preços

pagos aos agricultores.

Os dados são díspares. Um noticiário informou que as fábricas pagaram

US$ 0,38/estipe em 2002. Os dados da Agropalmito, com os quais

trabalharam os pesquisadores da Universidade da Costa Rica, mostram que

a empresa recebeu US$ 0,27/estipe em 1998. Os dados da Tabela 20

apresentam preços declinantes pagos aos agricultores, chegando a US$ 0,16/

estipe em junho de 200124

.

O preço recebido pelo produto exportado vem declinando desde 1998,

com base nos dados oficiais ou extra-oficiais, o que reflete em queda nos

preços internos (Tabela 21).

24

Valor corrigido para junho de 2002.

Tabela 20. Histórico do preço pago ao produtor, por estipe de palmito, na Costa Rica.

Fonte: INCAE (2002)

1

Moeda da Costa Rica

2

O valor é menor, pois a inflação em colones foi maior que a correção em dólares

Ano Colones1 US$ da época US$ dez/2001Antes de 1998 85 0,33 US$ Jun/97 0,36Em 1998 40 0,16 US$ Jun/98 0,17Em 2001 55 0,17 US$ Jun/01 0,162

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44 Circular Técnica nº 130

1.5 Causas da crise na Costa Rica25

a) Falta de planificação dos plantios nos principais países exportadores,

situação que se prolongará por causa das novas áreas que ainda não

entraram em produção (Equador e Brasil);

b) Grandes quantidades de produto em estoque nos principais

importadores mundiais e redução do ritmo normal de vendas;

Obs: As citações acima foram enunciadas em 1998, quando já se

prenunciava a crise na Costa Rica e no Equador.

c) Crise monetária no Brasil, que o forçou a vender parte de sua produção

para autoconsumo no mercado internacional. O valor era de

aproximadamente sete milhões de caixas a US$ 23,00/caixa, enquanto

o preço local (Costa Rica) era de US$ 40,00, em março de 1999;

Obs.: A informação é incorreta, porque o Brasil teria exportado 67.000 t

de palmito em 1999, o que de fato não ocorreu.

d) Falta de efetiva promoção e diferenciação para um produto que por

muito tempo compartilhou prateleiras com outros reconhecidos e de

menor preço, como a alcachofra e o espargo, nos países desenvolvidos

(importadores);

e) Falta de tecnologia para comercializar o produto natural e fresco no

exterior;

f) Competição do Equador, cujas exportações para a Europa registraram

aumentos de até 90% de um ano para outro, com oferta de palmito

em conserva, fresco e desidratado (CNP, 1998);

25

As citações dos autores neste item não estavam referenciadas nos textos originais na Internet. Por isso não se

referenciam na bibliografia.

Tabela 21. Preço do produto (US$/kg palmito) exportado pela Costa Rica de 1997 a 2001.

Fonte: MERCANET/CNP (2002)

1

Dados oficiais

Ano MERCANET/CNP1 Outros informes1997 - 2,361998 2,10 -1999 1,70 1,561999 - (Demasa) 3,002000 1,70 1,642001 1,60 (Demasa) 1,76

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45O Agronegócio do Palmito no Brasil

g) Aumento das áreas produtivas de outros países como Colômbia, Peru

e Bolívia, em alguns casos subsidiadas e como alternativa ao cultivo

da folha de coca (ZÚÑIGA, 1999);

h) Dependência de mercados tradicionais e falta de exploração de

mercados não tradicionais (BOGANTES, 1999);

i) Lenta e difícil mudança dos padrões de consumo de palmito de pupunha

na Europa, situação que poderia ser alterada se houvesse

desabastecimento de palmito silvestre/extrativo (açaí, juçara) por

parte do Brasil (ANGULO, 1999);

j) Falta de pesquisa com outras variedades, visando a maior aceitação

no mercado internacional (MORA, 1999);

k) Competição desleal entre empresas nacionais, que oferecem o produto

a preços cada vez mais baixos (dumping), beneficiando o comerciante,

mas não o consumidor, para o qual o preço se mantém constante ou

aumenta (ZÚÑIGA, 1999; ANGULO, 1999)26

.

2 Equador

2.1 Produção e exportação

No Equador, o cultivo de pupunha para palmito teve início em 1987 e a

expansão da atividade ocorreu concomitante ao aproveitamento comercial do

produto nativo (WRM, 2000)27

. A produção cresceu a partir de 1994 (Tabela

22), com uma aceleração dos plantios a partir de 199728

.

Assim como na Costa Rica, os dados oficiais do Equador são incoerentes, pois:

a) A área plantada decresceu 3.000 ha, de 2000 para 2001 (EQUADOR,

2002), enquanto a produção aumentou quase 2.000 t (Tabela 22)29

;

b) Em 2000 havia 15.358 ha com lavouras de palmito (96% plantios

solteiros), 13.886 ha em produção e 13.711 ha de área colhida, cuja

26

No artigo “Mercado destruye la ilusión del palmito” (Jornal La Nación/San José, Costa Rica), o editor Marvin

Barquero arrola as mesmas questões, comenta o fechamento de duas empresas processadoras (Palmitos de

Costa Rica e Coopropalmito) e outras questões como: a) passou-se de 11.000 ha plantados em 1998 para 8.000

ha em 2000; b) a queda dos preços é o principal golpe no agronegócio do palmito (de US$ 2,36/kg em 1997,

para US$ 1,56/kg em 1999); c) em 1999 a caixa de 24 latas de 400 g era vendida por US$ 33,00 e em 2001 por

apenas US$ 19,00. O Conselho Nacional de Preços da Costa Rica realizou estudos de preços e rendimentos

irreais, o que teria condenado a Coopropalmito ao fracasso. Disponível em: www.incae.edu/seminários. Acesso

em: 22 abr. 2002.

27

O ‘chontaduro’ (Bactris gasipaes), espécie nativa do Equador, é a mais cultivada no país para este fim.

28

Somente 2% do total produzido no país correspondem a plantios com mais de 10 anos e 70% são cultivos com

menos de 5 anos de plantio (EQUADOR, 2002).

29

Mesmo havendo a possibilidade de áreas novas entrando em corte, a diminuição na área plantada foi significativa

a ponto de não compensar a redução da área versus o aumento na produção e produtividade. Segundo o Censo

de 2000, havia 852 UPAs (propriedades) com lavouras de palmito, em média 18,2 ha por propriedade.

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46 Circular Técnica nº 130

30

Os dados das fontes oficiais divergem, pois para o ano de 2000 Equador (2000) e Equador (2002) informaram

áreas e produção discordantes. Disponível em: www.sica.gov.ec/censo/docs/nacionales/tabla14.htm. Acesso

em: 21 ago. 2002.

31

Um dos principais compradores até ano anterior foi a Argentina, que por causa da crise econômica vivida, não

registra durante o primeiro semestre de 2002 nenhuma compra. Disponível em: www.sica.gov.ec/docs. Acesso

em: 22 fev. 2005.

32

Dado não oficial, obtido de artigos de jornais em consultas à Internet.

33

Dado oficial obtido do Ministério de Agricultura do Equador.

produção foi de 92.532 t (EQUADOR, 2000)30

. Para esse montante de

área e produção, a produtividade foi de 6,75 t de palmito, o que é

improvável.

Desde 1998 há queda significativa nos preços pagos por tonelada

exportada do palmito equatoriano. O Equador, a partir de 1995, investiu

equivocadamente na mudança do seu principal importador, que era a França,

para a Argentina. A “quebra” da economia neste país afetou sobremaneira

as vendas do Equador31

.

2.2 Preços pagos ao produtor

O preço pago declinou significativamente ao longo dos anos, alcançando

menos da metade em cinco anos. Era US$ 0,04 menor32

ou US$ 0,16 menor33

que na Costa Rica.

Tabela 22. Produção, valor exportado e destino das exportações de palmito do Equador

de 1990 a 2002.

Fonte: Equador (2002)

Valor exportado Exportação (%)Ano Área plantada

(ha)Produção

(t) US$ 1.000 US$/t Argentina França1990 - 603 933 1.547 - 581991 - 677 1.526 2.254 29 261992 - 223 631 2.830 17 201993 - 132 388 2.939 34 -1994 - 254 598 2.354 19 611995 - 1.765 4.125 2.337 47 421996 3.540 8.741 2.469 42 421997 - 5.347 12.489 2.336 38 461998 - 7.881 18.156 2.304 44 361999 - 10.798 18.132 1.679 48 232000 10.000 14.477 23.654 1.634 55 212001 7.000 16.334 27.029 1.655 40 272002 - 16.900 27.978 1.655 - -

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47O Agronegócio do Palmito no Brasil

Segundo Equador(2002), os preços pagos por estipe foram: 1997 – US$ 0,30;

1999 – US$ 0,17; e 2002 – US$ 0,1434

.

2.3 Custo de produção

O custo de produção em 2002 estava em torno de US$ 0,20 por estipe,

valor US$ 0,02 maior (dados oficiais) ou US$ 0,34 menor (dados não oficiais)

que na Costa Rica. No Equador os custos são menores, porque o custo da mão-

de-obra é significativamente menor, fator que contribuiu, juntamente com a

boa adaptação agronômica dos cultivos, já que a pupunha é nativa, para a

instalação de agroindústrias e rápido desenvolvimento da atividade no país35

.

3 Informações dos Demais Países

3.1 Bolívia

Bolívia e Brasil mantêm relações comerciais no agronegócio do palmito

desde a década de 60. Na Bolívia, a primeira agroindústria se estabeleceu

em 1965 e importava os vidros por Belém. Desde meados da década de 70 o

Brasil importa palmito boliviano, inicialmente da região de Guayaramerín,

na fronteira Nordeste desse país. A extração e o processamento ocorreram

em grande escala a partir do início dos anos 90, com a exploração de Euterpe

precatoria (asaí) na região amazônica (STOIAN, 2003) onde há mais de 1

milhão de hectares com palmito nativo36

.

O auge da produção boliviana ocorreu entre 1994 e 1998. Em 1997 e

1998 o país exportou US$ 7,1 milhões e US$ 7,8 milhões, sendo o Brasil seu

principal comprador, com US$ 5,9 milhões, em 1998, seguido da Argentina37

.

Em 1999, a exportação para o Brasil reduziu drasticamente para US$ 0,5 milhões,

como resultado da ocorrência de C. botulinum em 199838

. Até 2002 as

exportações totais do país diminuíram para menos de US$ 1 milhão, devido

também à contração do mercado e às restrições do governo boliviano para a

extração do asaí, que nas principais regiões produtoras está em processo de

exaustão (STOIAN, 2003).

34

Valores atualizados para dezembro de 2003.

35

Conforme relato de entrevistados que conhecem a atividade no país.

36

A superfície com palmito nativo, com possível aproveitamento comercial, na Bolívia é de 1,24 milhões de

hectares (FAO, 2000).

37

O volume exportado é quase o mesmo do total produzido, pois o consumo local é de pequena escala e de

palmito de pupunha (“Si bien los volúmenes producidos hasta la fecha son menores y sobre todo destinados al

consumo local”) (STOIAN, 2003).

38

Desde o final dos anos 70, o Brasil importa palmito da Bolívia, entretanto, a partir de 2000 parou de importar

o produto (STOIAN, 2003).

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48 Circular Técnica nº 130

Em 1997, havia na Bolívia 3.500 ha plantados com lavouras de B. gasipaes.

Porém, no mesmo ano havia apenas uma indústria processadora de palmito de

pupunha no país (Departamento de Santa Cruz) e mais 26 agroindústrias

legalizadas, processando E. precatoria. Em 2003 havia entre cinco e oito fábricas

em funcionamento (STOIAN, 2003).

3.2 Colômbia

A agroindústria do palmito se estabeleceu na região do pacífico

colombiano desde o fim da década de 70, envasando e exportando produto

extrativo de E. oleracea (naidí). Porém, só nos anos 80 as agroindústrias se

consolidaram e a extração de naidí se estabilizou (LEAL, 1997b, citado em

RESTREPO e CORTES, 2000). O país produziu e exportou quantidades

significativas de palmito desde 1991, embora em volumes decrescentes a partir

de então (Tabela 23)39

. O declínio foi significativo a partir de 1998, devido a

diferentes causas40

.

Segundo informação oficial, em 1997 havia 600 ha (CCI BOLETÍN, 2001) e

em 2001 havia 665 ha plantados com pupunha para palmito (COLÔMBIA, 2003).

39

Nos registros oficiais, os dados estão disponíveis a partir desse ano.

40

Nos últimos cinco anos, a grande maioria das empresas havia declarado quebra e tinha deixado de funcionar.

Segundo Leal (1997b, p. 27), citado por Restrepo e Cortes (2000), entre as causas se encontram a baixa do

preço do produto no mercado de exportação, a reavaliação de 12 pontos e que o Cert (Certificado de Excención

Tributaria) diminuiu de 10% para 5% em 1992. A isto se pode somar as dificuldades para a obtenção da matéria-

prima devido às reduções de naidí e ao vencimento dos compromissos de exportação que não podiam ser

prolongados ou solicitados novos, dado o novo contexto jurídico.

Tabela 23. Exportações de palmito pela Colômbia de 1991 a 2001.

Fonte: Colômbia (2003)

Ano Valor US$ mil1991 4,31992 2,61993 2,71994 2,31995 2,41996 2,41997 1,81998 1,71999 0,242000 0,392001 0,15

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49O Agronegócio do Palmito no Brasil

3.3 Peru

No Peru, a atividade obteve e mantém alguma importância, contudo

está pouco documentada. No ano de 1999, a área colhida era de 2.006 ha, a

produção de 2.781 t e as exportações somaram US$ 21,3 milhões, resultando

em US$ 766,00/t exportada (PERU, 2002). Os números relativos à exportação

não são baixos se comparados àqueles alcançados pelo Brasil. Porém, a

informação de valor pago (US$ 766,00) por tonelada exportada não é coerente,

por ser muito baixo.

Em 2002, o Ministério de Agricultura e Ganaderia do Peru previa 10.000

ha de pupunha plantados em 2010. Essa intenção contempla a possibilidade de

recursos derivados do plano de erradicação da coca na região andina.

Em termos gerais, na Bolívia, Colômbia e Peru ocorreu desenvolvimento

significativo do agronegócio do palmito na década de 90, com intensidade

maior em diferentes anos em cada país. Porém, apesar das possíveis vantagens

no comércio internacional41

houve declínio significativo da atividade a partir

do final dos anos 90. A causa principal, comum à Colômbia e Peru, foi o

esgotamento dos estoques de palmito nativo42

, e no caso da Bolívia, a ocorrência

de C. botulinum em 1998. Nesses países, ao contrário do Equador, não se

desenvolveu o cultivo de pupunha para palmito, mesmo com a perspectiva da

proposta internacional para elaborar um “Estudio del Potencial Comercial y

Viabildad Económica em Áreas Cocaleras de la Región Andina, de los Cultivos

de Palmito, Maracuyá y Piña”. Essa proposta foi apresentada pelo Instituto

Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), ao Consejo Andino

de Desarrollo Alternativo (CADA) e consolidada em fevereiro de 2001.

3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações

O palmito é comercializado nos Estados Unidos há 30 anos e até o início

dos anos 90 o Brasil era seu principal fornecedor, posto ocupado posteriormente

pela Costa Rica (ICRAF, 1999). Na última década, o país vem se tornando

41

As exportações de palmito podem ser observadas na Lei de Preferência Comercial Andina – Andean Trade

Preference Act - (recentemente renovada) que outorga a entrada livre de direitos de importação para os

Estados Unidos de produtos provenientes de Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, países que se encontram na

luta contra o narcotráfico. Por sua condição de países andinos, beneficiam-se da Lei de Preferências Tarifárias

outorgada unilateralmente pelos países da União Européia, que permite a exportação de palmito isenta de

direitos tarifários, frente à competitividade de terceiros países como o Brasil, que paga 10% (SIAMAZONIA,

2003).

42

A extração do palmito é, na atualidade, depredatória. Realiza-se sem controlar os aspectos de regeneração da

espécie e tampouco se aplicam técnicas de manejo que garantam a permanência da espécie... (RIOS TORRES,

2001).

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50 Circular Técnica nº 130

importante comprador, com tendência constante e significativa de aumento

das importações43

. Segundo empresários das agroindústrias em Belém, esse é

o principal mercado a explorar porque o produto já está difundido, deixou de

ser considerado exótico e passou a gourmet, e a estrutura de comercialização

e registro no Food and Drug Administration (FDA) estão mais bem organizados

(normatização de formulários, de rotulagem, definição de tarifas, de agentes

distribuidores)44

. Essas características colaboram para o aumento do número

de consumidores interessados em um estilo de vida saudável (healthy lifestyle),

que procuram produtos naturais com baixas calorias, pouca gordura, sem

colesterol, teor elevado de fibras, ricos em vitaminas e minerais, favorecendo

o crescimento da demanda nos Estados Unidos45

. A estrutura de oferta também

está mais adequada aos padrões de qualidade do FDA e da estrutura de

importação e de distribuição local (ICRAF, 1999)46

.

Na série de treze anos (Tabela 24), a tendência de aumento das

importações dos Estados Unidos foi significativa e constante, principalmente

após 1997 (faltam dados para 1998 e 1999), tendo crescido a participação do

Brasil nesse mercado.

43

O consumo per capita no país era de 13,9 g/ano em 1999, com tendência de aumento (CHEMONICS

INTERNATIONAL, 2002).

44

Citado em GESTION. Diario de Economia y Negócios on Line (Lima, Peru). No artigo “Conservera Amazónica

invertirá en proyeto de plantación de palmito”, relata-se também observações semelhantes. (PROMPEX, 2002).

45

“Over the past few years, one of the most significant trends has been the movement toward good, clean,

natural food” (ICRAF, 1999).

46

Em 1999 havia 82 empresas produtoras de palmito registradas no FDA: 44 eram do Brasil; 11 do Equador; 9 da

Costa Rica; 6 da Colômbia; 4 da Venezuela; Guatemala, México e Peru com 2 cada; e Bolívia e Paraguai com 1

cada (ICRAF, 1999).

Tabela 24. Importações totais de palmito pelos Estados Unidos e exportações do

Brasil para esse país de 1991 a 2003.

Fonte: AGROCADENAS/USDA (2002)

1

SECEX, 2005

(US$ mil)Ano

Importação EUA Exportação Brasil1991 5.036 -1992 5.336 -1993 5.527 -1994 5.088 -1995 6.341 -1996 9.342 -1997 3.989 -2000 8.814 3.5722001 11.554 3.7342002 9.8721 3.3602003 10.7461 4.119

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CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

DO PALMITO NO BRASIL

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53O Agronegócio do Palmito no Brasil

A caracterização foi realizada a partir das informações e condições

vigentes no agronegócio do palmito em cada estado visitado. Em alguns

deles a atividade está perdendo importância, enquanto em outros está

estável ou em expansão.

1 AMAZONAS

1.1 A Atividade no Estado

Os plantios de pupunha para palmito no Amazonas começaram no início

da década de 90, a partir de projetos de duas empresas de eletroeletrônicos,

Sharp e Semp-Toshiba, localizadas na Zona Franca de Manaus (ZFM), e das

empresas Aruanã, Caiari, Cames e Tapiré, situadas fora da ZFM. Apesar do

apoio decisivo das equipes de pesquisa do INPA47

, os projetos de produção

foram iniciados sem estudos de mercado e sem destinação programada para o

produto. O palmito de melhor qualidade seria vendido para São Paulo, capital.

1.1.1 Área plantada

A partir de 1994, foram implementados projetos de plantio de pupunha

para palmito nas áreas de 15 associados da Cooperativa Agrícola Mista

Efigênio de Sales (CAMES), com sede em Manaus, da qual participam

agricultores de uma colônia japonesa no município de Rio Preto da Eva, a

40 km de Manaus, onde foram plantados cerca de 150 ha de pupunha48

. Os

demais plantios, de maior porte, são das empresas Caiari com 100 ha e

Sharp com 50 ha plantados. Outros dois projetos importantes são: 100 ha

plantados (congrega 75 agricultores) no município de Boa Vista do Ramos e

200 ha no município de Itacoatiara (Fazenda Aruanã), de um empresário

residente na cidade de São Paulo49

.

Além desses, há 130 lavouras de pequeno porte, de 2 a 9 ha, dispersas

pelo estado, iniciadas em meados da década de 90. A maioria situa-se em

municípios circunvizinhos a Manaus.

47

O INPA possui uma equipe de pesquisadores – Charles Clement, Kaoru Yuyama, Lenoir Santos – que há duas

décadas trabalha com pupunha para a produção de frutos e para palmito.

48

O INPA apoiou o projeto da CAMES a partir de 1997. A colônia é formada, predominantemente, por agricultores

descendentes de japoneses, especializados na produção de ovos.

49

Boa Vista do Ramos localiza-se a 350 km, em linha reta, a Leste de Manaus, na microrregião de Parintins;

Itacoatiara dista aproximadamente 250 km a Leste de Manaus, por via asfaltada. Não foram obtidas informações

sobre a área plantada pela Semp-Toshiba e pela Tapiré.

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54 Circular Técnica nº 130

De acordo com dados de junho de 2002 há, ao todo, cerca de 500 ha

plantados com pupunha para palmito no Amazonas. Desses, 50 ha foram

financiados e outros 50 ha apoiados por programas governamentais50

.

Dos 500 ha plantados, são aproveitados comercialmente apenas cerca

de 100 ha, isto é, apenas 20% da área plantada é colhida. Nos plantios das

empresas, nos plantios da CAMES, na Fazenda Aruanã e na quase totalidade

dos pequenos projetos, as palmeiras não estão sendo cortadas. Em junho de

2002, a maioria já havia passado do ponto de corte. Restaram apenas dois

projetos com colheitas regulares, pertencentes aos mesmos empresários que

envasam o palmito. Um em Iranduba, município próximo a Manaus, processando

2.000 cabeças de palmito/dia51

e o outro em Borba, que transporta e envasa o

produto em Porto Velho.

1.1.2 Agroindústria

Em junho de 2002, oficialmente, havia apenas duas agroindústrias em

funcionamento no estado. Há tentativa de reativar uma das duas agroindústrias

do município de Rio Preto da Eva para envasar produto da região, da CAMES e

do Projeto Aruanã52

.

Quase a totalidade da produção do Amazonas é destinada a outros

estados, pois o mercado local consome pouco palmito e as agroindústrias locais

não investiram em estratégias para ampliação desse mercado consumidor53

,

sendo que o palmito de pupunha oriundo de Rondônia entra no mercado local

a preço mais baixo que o do produto local54

.

1.2 Aspectos da Produção

Embora o volume de informações tecnológicas seja considerável, as

dificuldades para a implantação de lavouras em escala de produção adequada

às dificuldades estruturais – grandes distâncias, difícil acesso ao mercado

nacional – às dificuldades com a mão-de-obra, o elevado custo da embalagem

e outros fatores têm restringido a consolidação da atividade, a ponto de haver

50

Entre 1997 e 1998 foram financiados 2 ha por agricultor, sendo disponibilizado R$ 4.000,00/ha. Em junho de

2002 havia 131 agricultores inadimplentes, devendo cerca de R$ 7.000,00/ha: 75 deles em Boa Vista do Ramos,

23 em Barcelos, 20 em Manacapuru e 13 em Iranduba.

51

Embora sem confirmação, há comentários de que a empresa estaria com problemas para se manter no mercado.

52

O Projeto Aruanã tem palmeiras prontas e suficientes para envasar um milhão de vidros de 300 g de palmito.

53

Em 2002 uma agroindústria enviou um container de palmito envasado para Santa Catarina.

54

A marca Coroá, de Rondônia, era vendida nos mercados de Manaus a R$ 4,00 o vidro/tolete/300 g em 2002,

enquanto o produto da maior fábrica local, localizada em Iranduba, era comercializado a um preço um pouco

maior.

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55O Agronegócio do Palmito no Brasil

lavouras de palmito sem aproveitamento comercial. Além disso, o governo do

estado retirou seu apoio à atividade antes de chegar ao processamento e

comercialização.

Assim, há poucos projetos com padrão adequado de manejo. Porém,

nas condições atuais de desenvolvimento tecnológico seria possível produzir

em condições agronômicas competitivas de 1.500 a 2.000 kg de palmito de

primeira por hectare, mas essa produtividade raramente é conseguida

(CLEMENT, 2002).

1.2.1 Produtividade

Não foram obtidas informações conclusivas quanto à produtividade das

lavouras. Como nas demais regiões produtoras do país, as condições que afetam

a produtividade – tratos culturais, época de corte, etc. – são bastante variáveis

e no Amazonas ainda mais acentuadas, devido às significativas variações

climáticas ocorridas em anos recentes. Nos projetos ativos, o rendimento médio

em palmito de primeira (tolete) está em torno de 200 g por estipe cortado.

Quanto à padronização dos termos usados para designar o produto palmito

– primeira, tolete, nobre, etc. – Clement e Bovi (2000) propõem um modo de

avaliar a produção e primeiro recomendam separar o produto em dois

componentes: palmito em toletes e demais estilos. Para as formas comerciais

do palmito (estilos) sugerem as designações toletes, rodelas, cubinhos e picado.

O estilo tolete (toletes macios) é convencionalmente chamado de “palmito de

primeira”, “palmito tipo exportação”, “palmito extra”, “palmito nobre” ou

simplesmente palmito. Neste estudo foram adotadas essas designações.

1.3 O Mercado

1.3.1 Marcas e preços nos supermercados

Nas lojas das principais redes de supermercados em Manaus havia 18

marcas de palmito à época deste levantamento. Predominava o palmito de

açaí (Tabela 2555

) e havia apenas três marcas de pupunha. O preço/kg do produto

55

Com relação às informações apresentadas na Tabela 25: 1) Além de apresentar os dados quantitativos, procurou-

se registrar as formas em que o produto é comercializado. Por isso, mesmo que houvesse uma só forma/espécie

(toletinhos/pupunha, p. ex.), essa é aqui apresentada. O mesmo vale para as demais tabelas-síntese; 2) A

relação completa das formas/espécies, das marcas, da origem (município/estado), os respectivos preços e o

nome das indústrias que envasaram o produto encontram-se no Anexo 1; 3) Os preços estão em kg, permitindo a

comparação entre as diferentes formas de envase/embalagem; 4) O câmbio oficial em junho de 2002 era US$

1,00 = R$ 2,83; 5) Embora originada de uma mesma fábrica, considerou-se como marca diferente o produto com

diferentes especificidades/qualidades/embalagens, conforme o rótulo. Ex: Gini; Gini Extra, Gini Linha Prata.

Considerou-se que devem ser produtos com qualidades e/ou atributos diferentes e, em geral, têm preços diferentes.

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56 Circular Técnica nº 130

de tolete (primeira) em vidros de 300 g variou de R$ 15,63 a R$ 29,50

(US$ 5,52 a US$ 10,42/kg). O preço do produto enlatado chegou a R$ 40,00

(US$ 14,13/kg). No Anexo 1, constam os dados completos para cada cidade nas

quais houve levantamento de preços.

O estudo do mercado de palmito em Manaus, realizado por Santos e

Clement (1998), mostrou que nos principais mercados da cidade havia 23 marcas

diferentes. Dessas, onze eram de agroindústrias do Pará; seis de São Paulo;

três do Amazonas; duas de Santa Catarina; e uma de Goiás. Apenas duas,

CAMES e Tapiré, eram de palmito de pupunha. No varejo, em 1998, o preço

médio do palmito de primeira era R$ 6,00 (US$ 5,30), o mínimo R$ 3,30 (US$

2,92) e o máximo R$ 10,49 (US$ 9,30) para o vidro 300 g56

. No atacado, o preço

médio era de R$ 4,05. Comparando os preços do palmito no varejo, em dólares

de 1998, com os preços em junho de 2002 anotados neste estudo, verificou-se

que em 1998 eram cerca de três vezes maiores do que em 2002 e 200357

. Em

reais, os preços estavam cerca de 20% mais elevados em junho de 2002, número

bem menor que a inflação de 55% (IGP–DI, FGV)58

acumulada no período de

janeiro de 1998 a junho de 2002.

O custo médio de produção era de R$ 3,60 vidro/tolete 300 g59

e o preço no

atacado girava em torno de 60% do preço no varejo (SANTOS e CLEMENT, 1998).

Santos e Clement (1998) afirmam que o estado de Santa Catarina, apesar

56

Palmito de primeira: R$ 20,00/kg

57

A comparação deve ser ponderada, devido às fortes oscilações cambiais nos últimos cinco anos (antes de

2003). Em 1998 o real estava valorizado em relação ao dólar americano, pois em meados de 1998 o câmbio era:

US$ 1,00 = R$ 1,15; ao final do ano era US$ 1,00 = R$ 1,32. Embora em 1998 tenha havido desvalorização de 50%

do real frente ao dólar, a maior parte dos analistas a considerava insuficiente

58

Site dos Índices. Índices de Inflação. Disponível em: www.ai.com.br/pessoal/indices/indice. Acesso em: 21 ago. 2003.

59

Custo médio de produção para todas as marcas. No Anexo 2, reproduz-se a tabela apresentada pelos autores.

Tabela 25. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas

principais redes de supermercados de Manaus, em junho de 2002.

1

Em todas as tabelas-sÍntese são mencionados vidros de 300 g, porém há outros com 180 g e 270 g (Anexo 1)

2

Em geral, latas com 500 g de palmito

Preço (R$/kg)Formas/espécies

Nº demarcas Médio Mínimo Máximo

Tolete-açaí-vidro1 9 21,00 15,90 29,50Tolete-pupunha-vidro 1 15,63 - -Tolete-açaí-lata2 3 25,20 15,98 40,00Picado-açaí-vidro 1 16,05 - -Picado-pupunha-vidro 1 12,50 - -Banda-pupunha-vidro 1 14,20 - -Picles-açaí-vidro 2 19,30 15,90 21,44

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57O Agronegócio do Palmito no Brasil

de estar a 4.500 km de Manaus, consegue colocar um vidro padrão de palmito

em Manaus ao custo estimado de R$ 3,29, valor 22% menor que o da agroindústria

local, que colocava o mesmo produto no mercado a R$ 3,97/vidro 300 g, e

menor que o preço do produto de São Paulo e de Goiás. O palmito do Pará

(distante 1.800 km) tinha o menor preço em Manaus. A maioria das agroindústrias

define os preços pelas condições oportunísticas60

de mercado e não em planilhas

de custo. Isso explicaria grande parte dos exagerados preços do produto nas

gôndolas e o baixíssimo consumo per capita no Amazonas, em particular, e no

restante do país.

Comentam ainda que a maioria das agroindústrias não baseiam seus

preços em planilhas de custos e simplesmente tentam obter o que puder do

mercado. Concluem afirmando que para entrar no mercado, os produtores de

palmito cultivado na Amazônia precisarão ser muito eficientes, reduzindo

custos, usando a melhor tecnologia e encontrando novas formas de processar

palmito que permitam agregar valor localmente. Essa conclusão confirma a

necessidade de desmistificar a idéia de que pupunha ou outras espécies para

palmito são plantas rústicas, “que vão bem” mesmo em condições pouco

favoráveis, e que são muito rentáveis, devido ao pretenso pouco investimento

em tecnologia que necessitam. Com relação à pupunha, não se podem descartar

os cuidados agronômicos adequados à atividade com potencial produtivo

elevado, mesmo na região em que a espécie é originária.

1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas

O palmito envasado ocupava posição pouco privilegiada e arrumação

desuniforme nas gôndolas dos principais supermercados de Manaus (Fig. 3).

Em todas as lojas pesquisadas havia pó na tampa das latas e dos vidros, latas

amassadas, com pontos de ferrugem, vidros com tampas e rótulos danificados

e produtos envasados em agosto de 199961

.

1.3.3 Estimativa de vendas

As vendas de palmito nas redes dos três principais supermercados de

Manaus foram estimadas em 7.100 cx/15 vidros/300 g/ano. De acordo com os

entrevistados, os mercados menores, com menos de cinco caixas registradoras,

60

Termo sem conotação pejorativa. Entretanto, exploram-se oportunidades econômicas de um mercado ainda

pouco estruturado, pelo lado do agricultor, principalmente. As margens de lucro e as exigências das redes de

supermercados podem contribuir significativamente para a elevação dos preços do palmito.

61

Santos e Clement (1998) mencionam que o produto, em geral, não era bem cuidado e ocupava posições mal

localizadas nas gôndolas dos mercados em Manaus.

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58 Circular Técnica nº 130

vendem quantidades irrisórias de palmito. Não foi possível estimar a venda do

produto em latas e potões, porém vende-se pouco produto embalado dessa

forma. As maiores redes comercializavam 32 t/ano em embalagens com 300 g,

estimativa 26% menor do que uma realizada por Santos e Clement (1998), que

aponta consumo de 40,3 t/ano em Manaus.

Os mesmos autores afirmam que o valor do palmito comercializado em

Manaus, em 1997, foi de R$ 806.780,00 (US$ 701.550,00). Do total, 74,3%

eram oriundos do Amazonas e representavam 81,6 t de palmito produzido e

processado no estado pela CAMES e Sharp, principalmente62

.

A maior parte do palmito comercializado em Manaus, em 1997, foi

produzida no Amazonas. Os estados do Pará e Goiás foram os principais

fornecedores do produto importado, participando com 15,1% e 6,1%. Situação

que se reverteu nos anos de 2001 e 2002, quando praticamente todo o palmito

disponível nos mercados de Manaus era importado, principalmente do Pará.

62

Tomando-se apenas o valor do palmito processado (R$ 806.780,00) e dividindo pela média do preço de venda

nos mercados de Manaus (R$ 6,00/vidro/300 g), foram comercializadas 8.964 caixas de palmito/vidros 300g

(40,3 t). Porém, o volume citado (81,6 t) equivale a 18.133 caixas com vidros de 300 g de palmito. Como o

produto do estado representa 74,3% do valor total comercializado, supõe-se que se tenha vendido mais 25,7%

(produto importado) o que somaria mais 4.660 caixas. Assim, em 1997 foram comercializadas 22.793 caixas de

palmito/vidros 300 g, ou 102,6 t, o que diverge bastante da quantidade estimada por este estudo para 2001

(32 t). Houve problemas metodológicos ou foram desconsideradas possíveis exportações e outras formas de

comercialização.

Figura 3. Apresentação do palmito em supermercados de Manaus, em junho de 2002.

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59O Agronegócio do Palmito no Brasil

1.4 Comentários Gerais

O agronegócio do palmito passa por grandes dificuldades no Amazonas:

a) Tanto o mercado local quanto o regional não têm tradição em consumir

palmito e aos preços atuais é muito difícil desenvolver o hábito do

consumo;

b) As tentativas bem sucedidas de exportação para o exterior e para o

mercado do Sul do país não tiveram continuidade, pois não há produção

suficiente;

c) Quase todo o palmito vendido pelas grandes e médias redes de

supermercados em Manaus é de açaí, importado do Pará;

d) A embalagem (vidros e tampas) é importada do Nordeste (Pernambuco)

e do Sul do país, encarecendo significativamente o produto final63

;

e) Embora com histórico de produtividade razoável, há anos em que a

falta de chuva prejudica o desenvolvimento pleno das palmeiras. No

verão amazonense não é incomum dois ou três meses de estiagem;

f) O baixo sucesso da atividade no Amazonas se deu porque grande parte

dos projetos foram idealizados tendo a produção de palmito como

atividade menos importante, no conjunto das suas atividades64

;

g) Uma opção seria a especialização na produção de sementes germinadas

e plântulas65

;

h) Há bastante palmeira-real para ornamentação em Manaus, mas com

baixo desenvolvimento das plantas e redução do estipe.

2 PARÁ

2.1 A Atividade no Estado

A extração de palmito com fim comercial no Pará teve início na década

de 60, mas tomou vulto no início dos anos 70, impulsionada por empresários

do ramo, oriundos de Santa Catarina. Já nesse período, o Pará se tornou o

maior produtor do país, participando com cerca de 80% da produção nacional

(RODRIGUES e MIRANDA, 2001).

63

Um ex-gerente de agroindústria afirmou que o vidro para 300 g, com tampa, custava R$ 1,80 (cerca de US$

1,10) no ano de 1999. É possível que haja algum exagero nessa informação ou que conjunturalmente o preço

estivesse demasiado elevado.

64

Segundo Clement (2004), Sharp e Semp-Toshiba receberiam subsídios para a sua atividade principal

(eletroeletrônicos) se investissem em agricultura. Todas as empresas, entretanto, tiveram o palmito

como mais um projeto – nenhuma o assumiu como projeto principal – conseqüentemente, não se

especializaram no ramo.

65

Atualmente a forma mais usual de aquisição de mudas pelos produtores do Vale do Ribeira, em São Paulo,

como se poderá ver adiante no tópico que trata do agronegócio na região.

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60 Circular Técnica nº 130

Segundo dados oficiais, o Pará é o maior produtor de palmito do país,

com 95% do total da produção. O produto é obtido principalmente de palmeiras

de açaí (E. oleracea). Embora a espécie exista em toda a Amazônia, os açaizais

mais densos estão no delta do Rio Amazonas (Fig. 4), dispersos em uma área

estimada em torno de um milhão de hectares (NOGUEIRA e HOMMA, 2000). No

Sul do Pará existem palmeiras de Euterpe precatoria exploradas comercialmente

para palmito, mas não se têm dados relativos à abrangência em área e

importância econômica.

Com relação às condições da exploração e produção do palmito no Pará

e no Amapá há diferentes situações, predominando o extrativismo sem planos

de manejo. Porém, devido ao maior rigor na aplicação da legislação ambiental,

às exigências sanitárias, a mercados mais exigentes (orgânico e ecológico) e o

risco de exaustão dos açaizais, há um processo de reversão do modo extrativo

tradicional para planos de manejo mais adequados, em termos

ambientais e econômicos.

A realização do Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização,

Comercialização e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart.

(açaizeiro/palmiteiro) na sede do IBAMA em Belém-PA, em 19/06/2002,

confirma a importância dessa mudança e aponta rumos para a atividade. O

simpósio teve como finalidade reunir o público interessado na produção,

Figura 4. Área estimada de açaí no delta do Rio Amazonas.

Fonte: Nogueira e Homma (2000)

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61O Agronegócio do Palmito no Brasil

industrialização e comercialização de frutos e palmito de Euterpe oleracea

Mart, para discutir a melhor forma de manejar os açaizais e definir uma

legislação que possa ser plenamente atendida pelos pequenos produtores

(ribeirinhos), ao mesmo tempo em que garanta a sustentabilidade ecológica

da espécie. Participaram proprietários de importantes agroindústrias, técnicos

do IBAMA, de universidades locais e da EMBRAPA Amazônia Oriental66

.

No Pará e no Amapá, o açaí exerce importante função na geração de

renda, emprego e no valor das exportações internas e externas. O palmito é o

quarto produto na pauta de exportações vegetais do Pará, ficando atrás apenas

da madeira, pimenta-do-reino e castanha-do-pará. Para o mercado exterior

do estado é mais importante o palmito, já para o mercado interno, a polpa do

fruto é muito valorizada67

.

A recente valorização do fruto criou tensão entre a atividade extrativa

do fruto e a do palmito. Fato positivo, pois enfatiza a necessidade de planos

de manejo, de diversificação de renda e de manutenção das reservas da espécie.

Porém, se não é negativa, é menos favorável para o agronegócio do palmito,

pois desloca as áreas de extração para mais longe do núcleo de Belém, que é

o núcleo de exportação, encarecendo o produto68

.

2.1.1 Área plantada

Depois do açaí, a pupunha é a palmeira mais importante para a exploração

do palmito69

. As principais lavouras estão localizadas na região de Altamira e

em municípios próximos a Belém. Há projetos em andamento também no Sul

do estado, na região do município de Redenção e na Região Sudeste do Pará

(PONTES et al., 2001). Segundo informações não oficiais, em junho de 2002

havia 3.550 ha plantados de pupunha, dos quais 2.800 ha com financiamento

do BASA/FNO e da SUDAM/FINAM70

. Os dados oficiais indicam que entre 1989 e

2000 foram financiados projetos no valor de R$ 1.963.000,00 pelo FNO e R$

66

A EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU) atua na pesquisa de manejo e produção de palmito e frutos de açaí e

outras palmáceas há mais de duas décadas. Destaca-se a equipe dos pesquisadores Oscar Nogueira e Alfredo

Homma.

67

Estima-se que em Belém são comercializados 120 mil litros de polpa de açaí diariamente. As exportações de

polpa congelada para outros estados do Brasil somam 180 t/mês. Em 2000 teriam sido produzidas 156.046 t de

frutos de açaí. Em sistemas de manejo (para obtenção de frutos), a partir do quarto ano pode-se ter renda

líquida ad infinitum de R$ 700,00/ha (NOGUEIRA e HOMMA, 2000).

68

A coleta dos frutos deve ser próxima ao local de consumo, devido à perecibilidade do produto.

69

Faltam dados da extração de E. precatoria.

70

Até julho de 2000 o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) havia financiado planos de manejo

em 10.887 ha de açaizais para mais de 5.000 produtores, visando à produção de frutos e de palmito (NOGUEIRA

e HOMMA, 2000).

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62 Circular Técnica nº 130

6.753.280,00 pelo FINAM (PONTES et al., 2001)71

. A Tabela 26 apresenta a

distribuição dos plantios em 2002, segundo dados não oficiais fornecidos por

agentes do agronegócio do palmito no Pará.

Parte dos projetos efetivamente implantados foram na forma de

integração, isto é, com agricultores associados a agroindústrias72

mediante

contrato. Além desses, Pontes et al. (2001) citam a instalação de um projeto

de 180 ha de pupunha no município de Redenção, apto a produzir 3,5 mil

potes/dia, em 2003.

2.1.2 Agroindústria

A agroindústria paraense predomina no agronegócio do palmito, por meio

do núcleo de 18 grandes indústrias (Anexo 3) centradas em Belém, as quais

processam produto de todo o delta amazônico. Elas suprem a maior parte da

demanda brasileira e quase a totalidade das exportações para outros países73

.

A dimensão do agronegócio do palmito no Pará pode ser visualizada por meio

de informações obtidas em entrevistas no mês de junho de 2002:

a) Uma das maiores empresas de Belém envasa 7.200 t/palmito/ano;

b) No Pará, há outras cinco empresas com a mesma capacidade de

produção e envase. As demais envasam menos palmito, mas totalizam

65 empresas legalizadas;

Tabela 26. Área plantada com pupunha no Pará em 2002.

Região/município Área plantada (ha)Altamira 1.750Sapucaia 500Santa Izabel 1.000Vigia 300Outros 400Total 3.950

71

As informações obtidas nas entrevistas com agentes atuantes no agronegócio do palmito em Belém dão conta

de que foram financiados projetos com recursos oficiais para plantar 10 milhões de palmeiras de pupunha.

Essas ocupariam 2.000 ha em stand usual (5.000 plantas/ha), mas teriam sido plantadas apenas 3 milhões de

mudas, suficientes para apenas 600 ha. Um pesquisador de instituição oficial estima que não há mais de 5.000

ha plantados com pupunha no Pará. Desses, cerca de 2.800 ha seriam projetos financiados com recursos da

SUDAM. Os plantios de pupunha financiados pela SUDAM ao longo da Rodovia Transamazônica revelaram-se um

mecanismo de corrupção, envolvendo um ex-governador e um ex-senador do Pará.

72

Pontes et al. (2001) citam outra forma de cooperação: as empresas de participação comunitária, nas quais

várias pessoas interessadas (produtores, investidores) se reúnem, fazem contribuições regulares e ao final de

um determinado período têm capital suficiente para a implantação de uma agroindústria.

73

Rodrigues e Miranda (2001) relacionam as 18 maiores empresas do Pará (Anexo 3), responsáveis por 98,8% das

exportações para o exterior em 1997.

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63O Agronegócio do Palmito no Brasil

c) Em 2001, a maior exportadora vendeu 863 toneladas para o exterior

e a segunda exportou 442 toneladas.

Segundo um industrial, em junho de 2002 o custo de produção da indústria

estaria em torno de US$ 9,00 a caixa com 12 latas de 500 g (matéria-prima e

embalagem), ou seja, custo de US$ 0,75/lata de palmito envasado (R$ 2,15 ao

câmbio da época)74

. O preço de venda estava entre US$ 12,00 e US$ 14,00. O

custo total do vidro com 300 g (palmito de açaí) à época era elevado. Segundo

o informante, o lucro da indústria proviria da venda do palmito picado, que

não é remunerado ao fornecedor da matéria-prima.

As principais empresas constituíram um sindicato (SINDIPALM) ativo

na representação das questões inerentes aos diferentes ramos da atividade:

extração do produto, aspectos ambientais, questões comerciais, fiscais,

exportação, etc.

Embora defasados, os dados apresentados por Nascimento e Moraes

(1991) demonstram a real dimensão da agroindústria no Pará e ajudam a

esclarecer os números reais de produção e extração do palmito no Brasil.

Em 1991, havia 105 empresas divididas em três classes: grandes, médias e

pequenas, comportando 486 fábricas distribuídas pelo Pará e Amapá75

(Tabela 27).

Cada uma dessas classes produzia aproximadamente um terço das 145

mil toneladas de palmito da região, no ano de 199176

. Essas informações são

resultado de trabalho minucioso, com método adequado, anotando-se o volume

de produção mensal de cada fábrica, o que permite aceitar suas estimativas

74

A taxa de câmbio em junho de 2002 era US$ 1,00 = R$ 2,83. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o valor médio

(do preço de venda da fábrica) de uma lata de 500 g de palmito era de US$ 1,45, em 1991. Atualizado o valor

de 1991 para junho de 2003, deveria estar em torno de US$ 2,00 (correção da inflação do dólar à taxa de 2,7%

a.a. nos Estados Unidos). Como visto (informação de proprietário de fábrica), em junho de 2002 o preço de

venda estava entre US$ 1,00 e US$ 1,17.

75

Um gerente-proprietário de importante agroindústria cita que atualmente existem 71 empresas registradas no

Pará e que a atividade não é tão dinâmica quanto há dez anos, o que coincide com a época do estudo de

Nascimento e Moraes (1991) (Tabela 27). Um dos motivos teria sido a diminuição das exportações.

76

Um proprietário de agroindústria de grande porte acredita que no Pará e no Amapá são produzidas 48.000t/

ano, valor não muito distante do dado oficial (41.714 t em 2001). Contudo, não se aproxima das estimativas

mais acuradas (145.800 t) obtidas por Nascimento e Moraes (1991).

Tabela 27. Número de empresas, de fábricas e produção de palmito no Pará e Amapá em 1991.

Classe Nº empresas Nº fábricas Produção (t)Grandes 10 170 51.000Médias 18 162 48.600Pequenas 77 154 46.200

Total 105 486 145.800

Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)

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64 Circular Técnica nº 130

como válidas. Esses dados são bastante coerentes com os dados oficiais para

os anos precedentes a 1987 e com as estimativas do IBGE para os anos

subseqüentes (1988, 1989 e 1990)77

.

2.2 Aspectos da Produção

Os aspectos da produção no Pará não serão abordados neste tópico, por

dois motivos:

a) A atividade de cultivo da pupunha, como nas demais regiões, ainda

não está estabelecida. Diferenças regionais, variações quanto às

condições das lavouras, manejo, produção, produtividade e a

dificuldade em obter dados fidedignos dificultam a caracterização da

atividade78

;

b) A atividade extrativa e o manejo do açaí, principal espécie para

palmito, estão bem caracterizados nos estudos dos pesquisadores da

EMBRAPA Amazônia Oriental79

, os quais demonstram haver muita

variabilidade nas informações relativas à extração e produção.

2.2.1 Preços pagos ao agricultor

As agroindústrias pagavam ao produtor, em junho de 2002, de R$ 0,30 a

R$ 0,36/estipe de palmito80

. Para encher uma lata de 500 g são necessárias

três cabeças, o que corresponde a aproximadamente 170 g de palmito inteiro

por estipe (não se remunera o palmito picado)81

.

2.3 O Mercado

De acordo com informações dos gerentes dos supermercados, o consumo

de palmito em Belém e no estado é pequeno. Porém, baseados em avaliações do

77

As autoras trabalharam com os dados de produção oficiais do IBGE, disponíveis até 1986 e com as estimativas

oficiais (de 1987 a 1989) que foram as mesmas para os três anos. Entretanto a produção informada pelo IBGE

para 1989 (202.439 t) extrapolou excessivamente a estimativa de 142.060 t para o mesmo ano.

78

O “Estudo Exploratório da Cadeia Produtiva do Palmito de Pupunheira (Bactris gasipaes) no estado do Pará”,

monografia de Pontes et al. (2001), apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, tem mais informações

sobre a atividade no estado.

79

A EMBRAPA Amazônia Oriental tem trabalhado ativamente em projetos para o desenvolvimento da economia

do açaí. Mais recentemente Rodrigues e Miranda (2001) estudaram os principais aspectos da cadeia produtiva

do açaí no estado.

80

Na maioria dos casos trata-se de extratores de palmito. Os valores, em junho de 2002, giravam em torno de

US$ 0,10/estipe ou cabeça. Segundo Nascimento e Moraes (1991), o preço pago pelas indústrias em 1991 era

próximo de US$ 0,07 por cabeça. Corrigido pela inflação em dólares para 2002, daria entre US$ 0,09/US$ 0,10

= R$ 0,26/R$ 0,30. Assim, considerando a inflação em dólares, atualmente se paga aproximadamente o mesmo

valor pelo palmito ao produtor/extrator.

81

Contudo, Nascimento e Moraes (1991) afirmam que são necessárias seis cabeças para encher uma lata de 500 g.

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65O Agronegócio do Palmito no Brasil

histórico de vendas, afirmaram que é significativa a tendência de aumento do

consumo e que o produto já é anunciado nas promoções dos jornais de ofertas

das maiores redes. Ainda que, no geral, se repitam as condições pouco favoráveis

de apresentação do produto como em Manaus, em Belém havia mais produto, as

gôndolas estavam mais bem arrumadas e ocupavam melhores posições nas lojas,

o que denota interesse em aumentar as vendas do produto82

(Fig. 5).

2.3.1 Marcas e preços nos supermercados

Nos principais supermercados de Belém só havia palmito de açaí, com

oferta quase exclusiva do produto em toletes. O preço era bem inferior em

relação ao encontrado em Manaus. A Tabela 28 apresenta informações relativas

à variação do preço médio em função da forma de apresentação do produto.

2.4 Comentários Gerais

Os dados da produção de palmito na região são bastante variáveis em

relação às fontes oficiais e extra-oficiais. Dentre estas (agroindústrias e técnicos,

principalmente), também variam, embora as informações sejam oriundas de

82

Todos os gerentes enfatizaram a importância do produto na composição e no potencial de aumento das vendas

de palmito em suas lojas, ao contrário das afirmações dos gerentes entrevistados em outras cidades.

Figura 5. Apresentação do palmito nos supermercados de Belém em junho de 2002.

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66 Circular Técnica nº 130

informantes qualificados. As informações são apresentadas de forma conjunta

para os estados do Pará e do Amapá, pois a maior parte do produto extraído no

Amapá é comercializada em Belém, fazendo parte das estatísticas do Pará83

.

A participação do Pará na produção nacional foi de 53% em 1973 e 62%

em 1974. Nesses dois anos, a produção registrada no estado ficou em torno de

20.000 t, enquanto o país teria produzido 35.000 t, em média. Porém,

estranhamente, em 1975 o Pará teria produzido 192.182 t, 96% da produção

nacional de 200.154 t. Em 1976 foram registrados valores semelhantes, mas

com produção pouco maior no estado e no país (RODRIGUES e MIRANDA, 2001).

Em 1977, o Pará teria produzido apenas 29.801 t, 85% da produção nacional.

Em 1978 e 1979 os números não se alteraram significativamente. Novo acréscimo

ocorreu em 1980, quando o Pará teria produzido 110.125 t, 96% da produção

do país. A produção elevada e a participação significativa do estado se

mantiveram até 1989, quando produziu 201.395 t, 99,5% da produção nacional.

Entre 1980 e 1989 o Pará produziu, a cada ano, mais de 90% do palmito brasileiro.

Novamente ocorre diminuição significativa na produção paraense e na produção

nacional, já que o estado domina o agronegócio do produto. Em 1990, foram

produzidas apenas 25.995 t no Pará e 27.031 t no Brasil. Isso significa queda de

900% na produção entre 1989 e 1990.

Dentre as explicações para tão significativas variações, são arroladas:

a) Falha na coleta dos dados oficiais ou influência da nova divisão regional

do Brasil, promulgada em 30/07/89 (IBGE, Resolução PR-510), que

reordena os municípios a partir de 1989 por microrregiões geográficas

e não mais por microrregiões homogêneas, o que pode ter desordenado

a coleta de informações (RODRIGUES e MIRANDA, 2001);

b) Desde a morte de Chico Mendes estão mais patentes as questões

83

É provável que 15% da produção assinalada como sendo dos dois estados seja obtida do Amapá, com tendência

a aumentar, devido à escassez das palmeiras para corte na área do delta pertencente ao Pará, embora ainda

haja importantes reservas de açaí em Marajó e nas demais ilhas do delta paraense.

Tabela 28. Síntese das formas, número de marcas e preço de palmito nas principais

redes de supermercados de Belém em junho de 2002.

Preço (R$/kg)Formas/espécies Nº de marcas

Médio Mínimo MáximoTolete-açaí-vidro 12 14,82 12,43 17,80Tolete-açaí-lata 3 18,45 17,73 20,33Picado-açaí-vidro 1 11,07 - -

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67O Agronegócio do Palmito no Brasil

ambientais, a exploração e a ocupação irracional da Amazônia, assim

como a necessidade de ações locais para uso menos predatório dos

recursos naturais, como as palmeiras de açaí. HOMMA (2000) menciona

que ocorreu uma profunda mudança no pensamento da sociedade

brasileira quanto à necessidade de conservação e preservação da

Amazônia84

;

c) A Carta de Gurupá-PA85

– com repercussão em toda a região –

que exige a interrupção e a diminuição do corte das palmeiras,

reflete a preocupação de instituições não-governamentais e de

prefeituras do delta do Amazonas com a diminuição dos estoques

de palmeiras de açaí86

;

d) Mourão (1999)87

cita como a instituição de uma nova dinâmica de

usos dos açaizais, na qual a extração dos frutos de açaí passa a

expressar uma aproximação do que ocorre na realidade e a do palmito

aparecendo como uma atividade secundária. A ameaça à produção de

frutos pode ser a razão mais plausível à proibição de cortes de

palmeiras ocorridas em diversos municípios, que tiveram suas reservas

exauridas na década de 198088

.

Há outras explicações que aparentam ser menos importantes

individualmente, mas que no conjunto significam grande parte da variação

observada, dentre elas a promulgação da Constituição Nacional de 1988, com

maiores restrições à exploração dos recursos naturais de forma desordenada,

a recessão na Europa e nos Estados Unidos, o câmbio desfavorável às

exportações, os elevados preços do palmito no mercado interno, a conjuntura

interna da economia devido ao Plano Collor, palmito produzido em um estado

e rotulado em outro, etc.

84

Chico Mendes foi assassinado em dezembro de 1988, no Acre, e ficou conhecido em todo o mundo pela luta em

defesa da Floresta Amazônica (HOMMA, 2000).

85

A Carta foi redigida no Seminário dos Trabalhadores Rurais de Gurupá em Busca de Alternativas, em 23 de

setembro de 1990.

86

Clement (2004) não acredita que as explicações sejam as mais adequadas e que as questões dos itens (b) e (c)

refletem mais as pressões sociológicas e psicológicas sobre os extratores, donos de palmitais e o IBAMA, mas

não teriam impacto direto na produção e na comercialização. Contudo, explica a decisão do IBAMA em exigir

o cumprimento da Lei Florestal e a execução dos planos de manejo.

87

Citado em Rodrigues e Miranda (2001).

88

Em referência à quebra da exportação de palmito entre 1992 e 1999, Nogueira e Homma (2000) comentam que

a quebra de produção do palmito é decorrente da maior coleta de frutos, o que se reflete também na preservação

dos açaizais nativos, já que a extração do palmito vinha provocando degradação da espécie. A importância do

fruto do açaí aumentou a partir de 1995.

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68 Circular Técnica nº 130

3 REGIÃO SUL DA BAHIA

3.1 A Atividade na Região

No Sul da Bahia89

se extrai e envasa palmito nativo desde a década de

70, quando da instalação das agroindústrias oriundas de Santa Catarina. O

cultivo de palmeiras para a produção de palmito começou no início dos anos

90, com lavouras de açaí e pupunha. A CEPLAC é a principal instituição

apoiadora, atuando por meio do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) e do

Centro de Extensão (CENEX), com equipes de pesquisadores e extensionistas

atuando em projetos regionais90

.

Há projetos de produção de açaí também para coleta de frutos, com

bom desenvolvimento agronômico e boas perspectivas de rendimento, e

projetos de produção de palmito de juçara manejado, mas predominam e se

expandem as lavouras de pupunha em áreas de pastagem e de cacau pouco

produtivas91

. A primeira agroindústria a envasar palmitos de cultivo teria sido

a Unacau, localizada em Una92

, em 1994.

A recente retomada da produção do cacau – devido ao melhor controle

das doenças nas lavouras e à elevação do preço – diminuiu o ritmo da expansão

do palmito cultivado. Porém, a boa adaptação agronômica da pupunha, as

características climáticas favoráveis, a disponibilidade de terras, as razoáveis

perspectivas de mercado e a relativa proximidade dos mercados de Belo

Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo indicam que a atividade tem boas

perspectivas de expansão e sucesso na região93

.

3.1.1 Área plantada

Em julho de 2002, as lavouras de pupunha no Sul da Bahia estavam

distribuídas entre 494 produtores em 30 municípios, sendo 1.311 ha em

89

A região possui economia agrícola fundamentada em: cacau – 49%; bovinos – 28%; banana – 4,7%; e côco-da-

bahia – 4% do valor bruto da produção em 1999 (HADDAD, 1999).

90

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). As referências para o estudo são os pesquisadores

Ismael de Souza Rosa e Maria das Graças Parada, que atuam no suporte técnico para a implantação e

desenvolvimento do agronegócio da pupunha na Região Sul da Bahia.

91

Segundo técnicos e gerentes de agroindústrias, apesar da relevância do custo da terra, não faz sentido a

definição por áreas de baixa fertilidade para estabelecer lavouras comerciais de pupunha ou de palmeira-

real. Por serem espécies perenes e de implantação cara, devem ocupar áreas nobres em fertilidade, facilidade

de manejo, disponibilidade de água, etc. Caso contrário, dificilmente serão competitivas com áreas onde haja

essas vantagens (Sul da Bahia, Vale do Ribeira, Litoral Norte de Santa Catarina, p. ex.).

92

Unacau – agroindústria que atua no agronegócio do cacau.

93

A limitação mais importante é a topografia, mais acidentada na parte norte da região, o que impede a

mecanização em 54,5% da área (HADDAD, 1999).

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69O Agronegócio do Palmito no Brasil

desenvolvimento (áreas ainda sem produção) e 1.672 ha em produção, no total

de 2.983 ha de área cultivada (CEPLAC, 2002).

Os dados de julho de 2002 não incluem os plantios recentes das

agroindústrias de maior porte que se instalaram na região desde 1999. Estima-

se que haverá acréscimo de 400 ha plantados até julho de 2003. Essas novas

lavouras, aliadas às projeções de intensificação da atividade, modificarão o

perfil da região e confirmarão a crescente importância do agronegócio do

palmito na Bahia.

Segundo o gerente de produção de uma grande empresa, em março de

2003, o custo de implantação da pupunha estava em torno de R$ 6.000,00/ha94

.

3.1.2 Agroindústria

Existem oito agroindústrias de grande porte instaladas95

na Bahia:

a) Agropecuária Cabruca

b) Ambial

c) Expropalm

d) Inaceres

e) Mafuz

f) Natuvalle

g) Santini

h) Unacau

A Inaceres e a Expropalm desenvolvem os projetos mais arrojados. A

primeira tem 190 ha plantados e pretende ampliar mais 132 ha em área própria.

A empresa projeta alcançar 2.400 ha em cinco anos, no sistema de parceria

com produtores de porte médio (mais de 10 ha) para abastecer sua indústria.

É associada à Inexpo, que produz palmito de pupunha no Equador em moldes

semelhantes ao projetado para a região. A Expropalm projeta obter 4.200 ha

plantados até 2008, com a mesma concepção da Inaceres, mas admitindo

parceiros com menores áreas plantadas. Nestes dois casos, a produção se destina

prioritariamente ao mercado interno. As lavouras estão planejadas para 7.200 plantas/

ha, ao invés das 5.000 usuais96

. A Mafuz possui 90 ha plantados e a Agropecuária

Cabruca produz palmito orgânico em Ilhéus e no extremo Sul da Bahia.

94

Em março de 2003 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 3,38.

95

Há projetos em andamento para novas agroindústrias de diversos portes na região.

96

Os gerentes da empresa admitem produzir menos palmito por planta e de menor diâmetro, mas acreditam

obter maior produtividade e rentabilidade com 7.200 plantas/ha (mesmo para o mercado interno, que prefere

palmito de maior diâmetro).

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70 Circular Técnica nº 130

3.2 Aspectos da Produção

3.2.1 Produtividade

Os dados de produtividade informados variaram conforme as condições

do ambiente físico, de manejo, etc. Como em outras regiões, ainda não há

práticas de manejo homogêneas e eficazes.

A produtividade do palmito de pupunha, observada em experimentos

conduzidos pela CEPLAC em 2002, foi de 404 g por planta, assim distribuídos:

basal – 44,5%; tolete – 37,0%; e apical – 18,5%. A Tabela 29 apresenta os dados

de produtividade e de rendimento industrial esperado pela CEPLAC.

3.2.2 Preços pagos ao agricultor

O palmito de pupunha era pago por haste (estipe) a preços que variavam

de R$ 0,40 a R$ 0,70. O mais freqüente era R$ 0,50 por haste, cortada aos 16

meses após o plantio. São necessárias 1,5 a 1,7 hastes para um vidro de 300 g

de palmito/tolete.

Em janeiro de 2003, uma agroindústria pagou R$ 1,00/vidro de palmito

tolete proveniente de palmeiras cortadas aos dois anos. A mesma empresa

vendia palmito no mercado de São Paulo, onde mantém representante

comercial, a R$ 50,00/caixa com 15 vidros97

.

97

Isso após ter conseguido a colocação do produto em uma rede de médio porte na capital. Para a colocação do

produto, pagou R$ 300,00 por loja, mais 60 caixas de entrega inicial, sem remuneração.

Tabela 29. Produtividade e rendimento industrial esperado de palmito de pupunha.

Fonte: CEPLAC (2002)

1

Em julho de 2002 o câmbio era US$ 1,00 = R$ 2,83

2

O rendimento de 2,6 hastes/vidro refere-se ao primeiro corte e, na seqüência, ao segundo

e terceiro

Espaçamento(m) Plantas/ha Hastes/ha

Preço

R$/haste1Renda

R$/ha

Rendimentoindustrial

hastes/vidro2

Produçãode Palmito

kg/ha

2,6 923

2,0 1.2002 x 1 5.000 8.000 0,48 3.840,00

1,5 1.600

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71O Agronegócio do Palmito no Brasil

3.3 O Mercado

Não foram realizadas visitas e entrevistas nos supermercados locais para

avaliar preços, disposição do produto, etc.

3.4 Comentários Gerais

Na Bahia, o desenvolvimento da atividade é incentivado por programas

oficiais (Secretaria de Estado da Indústria e Comércio) e não-governamentais

(Instituto de Desenvolvimento do Baixo Sul da Bahia) que apóiam o plantio e a

instalação de agroindústrias em projetos integrados com prefeituras,

agricultores, CEPLAC e outras instituições. Contudo, a extração e o envase

clandestino de palmito de juçara ainda é relevante. No Sul da Bahia há cerca

de 200.000 ha de terras disponíveis para novas lavouras, em substituição a

pastagens e lavouras de cacau com baixa produtividade. Embora com restrições

quanto à topografia, cerca de 70,5% da terra é de média a alta fertilidade,

com precipitação pluviométrica de até 2.000 mm na faixa litorânea. Ainda que

a questão ambiental imponha restrições à expansão das lavouras de palmito

como monocultura, é possível a realização da atividade de modo

economicamente viável e ambientalmente sustentável (HADDAD,1999).

4 ESPÍRITO SANTO

4.1 A Atividade no Estado

No Espírito Santo, o consumo de palmito in natura ou minimamente

processado é tradicional em tortas (especialmente na Semana Santa), em

conservas caseiras e saladas. O produto era obtido principalmente do

extrativismo de juçara e indaiá, mas atualmente provém de plantas de pupunha

e de palmeira-real.

A produção e a industrialização do palmito cultivado ocorre na

microrregião (MR) 08 (Linhares), na MR 10 (Nova Venécia), ao Norte do estado,

e na MR 01 (Afonso Cláudio), localizada ao Sul, que compreende a região serrana,

no entorno do município de Venda Nova do Imigrante98

. No município litorâneo

de Guarapari (Litoral Sul) também há lavouras de pupunha, mas com menor

número de produtores e em áreas menores.

98

O município sedia um dos Centros Regionais de Desenvolvimento Rural (CRDR/Centro Serrano) do Instituto de

Pesquisa e Extensão Rural do Estado do Espírito Santo (INCAPER, Ex-EMCAPA) que apóia o desenvolvimento da

atividade. A referência nesse CRDR é o pesquisador Cesar Teixeira.

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72 Circular Técnica nº 130

O início do cultivo e a industrialização de palmito ocorreram em 1989,

na região de São Mateus, com projeto da Coimex Fazendas Ecológicas S/A. Em

1992, a empresa já havia plantado 50 ha de pupunha e a fábrica estava apta a

operar. Atualmente, possui cerca de 450 ha de pupunha plantados em duas

fazendas na região, 90% dos quais irrigados99

. A Coimex envasa palmito com as

marcas Carrefour e PAPS100

.

Em 2000, a Abiko Agroindustrial, outra empresa de porte, implantou um

projeto com 100 ha de pupunha irrigados no município de Linhares, com

destinação de venda in natura para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.

O projeto está em funcionamento e visa principalmente ao mercado da cidade

do Rio de Janeiro.

Além dessas empresas, a Agroindústria Betanorte tentou

recentemente implantar projeto de grande porte, com lavoura e

agroindústria próprias no município de Jaguaré (Norte do estado),

entretanto a empresa não chegou a funcionar.

A tendência dos empresários e dos pesquisadores do INCAPER/CRDR-

Centro Serrano é intensificar a atividade na região serrana e no Centro-Sul,

em Venda Nova e arredores. São regiões de clima mais ameno que no Norte e,

embora com baixas temperaturas no inverno (entre 110

C e 130

C) devido à

altitude (entre 450 m e 850 m), não geia e a precipitação média anual é de

2.200 mm, bem distribuídos durante o ano (TEIXEIRA e PAIVA, 1997).

Os plantios foram iniciados com lavouras de pupunha em 1994, com o

apoio do INCAPER

e do FUNDAP101

. Hoje tendem a se localizar nos municípios

do litoral, mais quentes e próximos aos bons mercados (praias) para o

produto in natura.

Nos municípios serranos, predominam e se disseminam plantios de

pequeno porte com pupunha e palmeira-real. Contudo, está em curso a

montagem de projetos de maior porte – porte médio, se comparados à Coimex

– com a instalação de agroindústrias no esquema de plantio próprio e em parceria

com agricultores.

4.1.1 Área plantada

De acordo com dados oficiais, em 2001 havia 700 ha com palmeiras

99

A empresa possui mais 75 ha de açaí em floresta nativa e 84 ha de açaí consorciado com seringueira (Cf. Banco

de Desenvolvimento do Espírito Santo, citado em ESPÍRITO SANTO, 2001).

100

Pão de Açúcar Produtos Selecionados (PAPS).

101

Em 1990, a Secretaria de Estado da Agricultura lançou o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas

Produtoras de Palmito no Espírito Santo (PROPALM). O FUNDAP aporta recursos em projetos de desenvolvimento

da Agropecuária do Estado do Espírito Santo.

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73O Agronegócio do Palmito no Brasil

cultivadas, sendo a maioria delas de pupunha, entretanto havia também juçara,

açaí e palmeira-real (ESPÍRITO SANTO, 2001). Em estimativa não oficial,

calcularam-se mais 4 milhões de mudas plantadas de palmeira-real nos dois

últimos anos, cerca de 200 ha a mais.

As lavouras de palmeiras para palmito, no Norte do estado, não se

expandiram significativamente desde a instalação dos primeiros projetos, pois

a falta de água e a baixa qualidade desta para irrigação impediram a expansão.

No extremo Sul da Bahia e no Norte do Espírito Santo há mais de 15 anos

ocorrem períodos mais ou menos longos de estiagem. Além disso, o custo da

energia elétrica para irrigação é elevado e em muitos casos a água é ferruginosa,

prejudicando o equipamento de irrigação. De acordo com o gerente da Coimex,

a produtividade nas áreas foi reduzida à metade nos últimos dois anos, devido

à estiagem e à falta de água para irrigação.

Embora haja terras disponíves no Norte do estado, a maior parte delas é

de baixa fertilidade, ocupadas por pastagens degradadas ou por Eucalyptus

para celulose. As de maior fertilidade são ocupadas por plantios de cana,

mamão, seringueira, pimenta-do-reino, macadâmia e abacaxi.

4.1.2 Agroindústria

Segundo o gerente da Coimex falta matéria-prima para manter os

contratos de fornecimento, devido à queda da produtividade das lavouras por

falta de água para irrigação.

A estimativa do consumo de palmito envasado, realizada por um grupo

de empresários em estudo prévio à instalação de agroindústria própria, é de

que no Espírito Santo são consumidas anualmente 10.800 t do produto.

Os empresários da região de Venda Nova acreditam que o agronegócio

do palmito é bastante promissor para o mercado local (in natura e em conserva)

e para exportação102

. Em Venda Nova do Imigrante, na região serrana, há duas

pequenas agroindústrias em funcionamento e uma terceira, de maior porte,

sendo montada.

Na região de Venda Nova e nos municípios litorâneos, a comercialização

de palmito in natura é significativa, em particular na Semana Santa e nas

demais épocas festivas. Produtores e vendedores mais ou menos especializados,

comercializam diretamente com restaurantes e particulares. Um deles vende

em média 100 kg de palmito por semana, em pacotes plásticos com 1 kg.

102

Há projeto de construção de um aeroporto privado (um consórcio de empresas) na região, destinado

principalmente à exportação de produtos regionais (dentre eles o palmito) e ao transporte de turistas.

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74 Circular Técnica nº 130

Compra a haste por R$ 2,00, prepara, embala e vende o produto refrigerado

a R$ 5,00/kg. Informou que venderia três ou quatro vezes mais se houvesse

produto de boa qualidade e fornecimento constante. A Abiko, de Linhares,

vende o produto in natura na cidade do Rio de Janeiro a R$ 5,00/kg,

embalado em bandejas de isopor, refrigerado e, segundo o informante, não

supre a demanda.

Além da utilização das palmeiras cultivadas, principalmente com a

pupunha, há ainda a exploração e comercialização in natura do palmito indaiá

(Attalea dubia) (Fig. 6).

4.2 Aspectos da Produção

4.2.1 Produtividade

A produtividade média do palmito na Coimex é de 1,6 vidro/haste

(tolete + picado), com rendimento de 30% em toletes103

. Em experimentos de

produtividade de pupunha conduzidos pela Coimex verificou-se que a média

por planta foi de 495 g de palmito, sendo basal – 50%; tolete – 35%; e apical

– 15% (CEPLAC, 2002).

Figura 6. Comercialização in natura do palmito indaiá no Espírito Santo em março de 2003.

103

Os cortes das palmeiras ocorrem a cada 8 meses. É economicamente viável uma planta rendendo um vidro de

palmito a cada 8 meses, desde que se produza e envase palmito próprio.

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75O Agronegócio do Palmito no Brasil

4.2.2 Preços pagos ao agricultor

Predomina ainda a comercialização in natura, com grande variabilidade

de fornecedores e de preços conforme a época (Semana Santa e outras festas).

O valor pago depende também do tamanho da haste. A maior parte da produção

para envase é de palmeiras das próprias indústrias. O preço pago ao agricultor

por haste de pupunha, que rende 1 kg de palmito total, em março de 2003

variava entre R$ 2,00 e R$ 2,50104

.

4.3 O Mercado

4.3.1 Marcas e preços nos supermercados

As informações são de um único supermercado, pertencente a uma grande

rede internacional (Tabela 30). A freqüência das marcas do palmito de açaí e

de pupunha é a mesma, sendo este oriundo da Coimex, maior agroindústria do

estado, e da Ambial, do Sul da Bahia.

Na loja, além das prateleiras centrais, havia outras pequenas prateleiras

ao final de um corredor com vidros de palmito dispersos e misturados a outras

conservas. A apresentação do produto não era adequada, havia latas amassadas

e com poeira nas tampas.

O gerente informou que o palmito natural (em hastes) tem boa saída na

Semana Santa, sendo que na última (2002) foram vendidas cerca de 5.000

hastes selecionadas – de tamanho maior – a R$ 4,99 cada.

104

Para esse tipo de mercado – venda in natura de um produto bastante apreciado na região – obtém-se o

palmito de plantas mais desenvolvidas, em geral de lavouras menos extensas (0,5 ha, 1,0 ha, 1,5 ha) e mais

bem cuidadas. Um comprador que prepara e revende o produto informou que 100 estipes de pupunha

renderam apenas 55 kg de palmito (esperava rendimento de 100 kg, de tolete + basal + apical); o produto

foi vendido a R$ 5,00/kg sem diferenciação de tipo, pois todo o palmito, não só o tolete, é muito valorizado

para tortas e pastéis.

Tabela 30. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito na

principal rede de supermercados em Vila Velha, em março de 2003.

Preço (R$/kg)Formas/espécies

Nº demarcas Médio Mínimo Máximo

Tolete-açaí-vidro 3 23,32 20,33 26,30Tolete-pupunha-vidro 2 22,00 18,96 24,96Tolete-açaí-lata 2 28,90 28,00 29,80Picado-pupunha-vidro 1 11,33 - -Fatiado-pupunha-vidro 1 19,20 - -Rodela-pupunha-vidro 1 22,00 - -

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76 Circular Técnica nº 130

4.4 Comentários Gerais

No Espírito Santo há duas situações relacionadas ao desenvolvimento da atividade:

a) Certa euforia, como em Santa Catarina, de agricultores e empresários

da região serrana, com ênfase na expansão das lavouras de palmeira-

real, devido à boa adaptação agronômica dessa palmeira, ao apoio oficial

para o desenvolvimento da atividade105

e às perspectivas de mercado –

particularmente para o produto in natura – o que favoreceria os plantios

de pupunha, mas não exclui as possibilidades da palmeira-real;

b) Quadro de dificuldades para a manutenção e expansão dos projetos

implantados no Norte do estado, devido a condições climáticas (seca,

qualidade da água e custo da irrigação) e de ordem estrutural (aumento

do preço da terra e da mão-de-obra).

5 RIO DE JANEIRO

5.1 A Atividade no Estado

A produção de palmito cultivado no Rio de Janeiro teve início em 1993,

no Centro-Sul do estado, em Cachoeiras de Macacu, com lavouras de pupunha,

embora tenha ocorrido nos dois últimos anos (2002 e 2003) a expansão da

atividade com plantios de palmeira-real106

. Atualmente há lavouras de palmito

em todas as regiões (exceto de pupunha nas regiões serranas). A produção é

para venda in natura e aparentemente há especialização dos produtores e

demanda significativa e crescente na capital do estado. A comercialização

está bem organizada e o produto é embalado em bandejas de isopor e em

sacos plásticos (500 g e 1 kg), vendido em alguns supermercados, em butiques

de alimentos e servido em churrascarias e restaurantes finos.

5.1.1 Área plantada

Em 2001, predominavam pequenas lavouras, somando apenas 213 ha

(EMATER-RJ, 2002). Estimou-se que em março de 2003 houvesse cerca de 300

ha plantados no estado107

. No Anexo 4 são apresentados dados de área plantada

e distribuição das lavouras de pupunha no Rio de Janeiro. Não há informação

das áreas de lavouras com palmeira-real.

105

Programas do estado, como o Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras de Palmito

no Espírito Santo (PROPALM) e os projetos de pesquisa do INCAPER em Venda Nova.

106

As informações para estabelecer as primeiras lavouras foram obtidas na Coimex.

107

Época das entrevistas para o estudo, no Rio de Janeiro.

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77O Agronegócio do Palmito no Brasil

5.1.2 Agroindústria

De acordo com informação oficial, existe apenas uma pequena

agroindústria no estado, pertencente a um empreendimento de turismo – Hotel

Fazenda do Frade – situado no litoral Sul, em Parati. A empresa não envasa o

produto, apenas vende palmito in natura. Porém, como em outras regiões, há

extração e envase clandestino.

5.2 Aspectos da Produção

Não foram obtidas informações para comentar os aspectos da produção.

Embora a atividade esteja pouco desenvolvida em área e volume, há uma

tendência de expansão dos plantios de pupunha, principalmente para a

comercialização in natura. Ainda que em pequena escala, existem pólos de

produção, relativamente bem organizados, em alguns municípios litorâneos,

com o apoio da EMATER-RJ. Além de ser um mercado efetivamente grande, o

potencial de crescimento da demanda na cidade do Rio de Janeiro reforça as

possibilidades de expansão da atividade.

5.3 O Mercado

O mercado da região metropolitana do Rio de Janeiro é o segundo em

potencial de consumo no país108

. Ainda assim, nos supermercados visitados a

apresentação e os cuidados com o produto nas gôndolas não correspondem à

sua importância. Embora não houvesse latas amassadas, poeira nas tampas ou

rótulos danificados, a posição das gôndolas e a disposição do produto nas

prateleiras eram pouco favoráveis à observação e à aquisição do produto. As

churrascarias e os restaurantes finos da região do Grande Rio são grandes

compradores de palmito em potões, mercado cativo das agroindústrias de Santa

Catarina. Também não foram obtidas informações sobre o mercado de palmito

in natura e minimamente processado.

5.3.1 Marcas e preços nos supermercados

Das 36 marcas e formas de apresentação do palmito, 86% eram de açaí

(Tabela 31). O preço do vidro de 300 g de açaí tolete variou de R$ 13,97 a R$

108

Das nove regiões metropolitanas, a do Rio de Janeiro é a segunda em população, com 11 milhões de habitantes

em 2000 (RM de São Paulo – 18 milhões). Em 2002, ocupava a quarta posição em valor do rendimento médio

mensal por família residente, com R$ 1.383,00 (1º – RM São Paulo com R$ 1.669,00; 2º – RM Curitiba com R$

1.476,00; 3º – RM Porto Alegre com R$ 1.456,00) [Tabelas 194 e 202, IBGE (2003)].

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78 Circular Técnica nº 130

20,83/kg. Na mesma forma, o preço da pupunha era bem mais elevado, variando

de R$ 18,50 a R$ 33,00/kg.

5.4 Comentários Gerais

O Rio de Janeiro não apresenta indícios de que será um produtor

importante de palmito cultivado, pois embora possua grande faixa litorânea,

clima e regime de chuvas bastante favoráveis, o preço e a valorização da

terra, e a questão ambiental tendem a diminuir as possíveis vantagens naturais

e estruturais (vias de transporte, mercado próximo, etc.).

Parece que a grande oportunidade é a produção para venda in natura e

minimamente processado, em diversas formas de apresentação, visto o grande

potencial de consumo de residentes e de turistas na cidade do Rio de Janeiro.

Dada a importância do mercado consumidor no estado, justificam-se

estudos mais elaborados a respeito do agronegócio do palmito.

6 SÃO PAULO

6.1 A Atividade no Estado

O cultivo de palmeiras para palmito em São Paulo está disseminado por

todas as regiões de clima quente. Embora faltem informações conclusivas, há

projetos importantes na Região Oeste – na área de influência da UNESP de Ilha

Solteira109

, que há alguns anos pesquisa e apóia o desenvolvimento da atividade

– no planalto central, na região de Avaré e no Vale do Ribeira (Litoral Sul do

estado), sendo esta a região mais importante em termos de lavouras plantadas

e agroindústrias em funcionamento.

109

A referência na UNESP/Ilha Solteira é o Prof. Fernando Tangerino; na UNESP/Jaboticabal é o Prof. José Roberto Moro.

Tabela 31. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas

principais redes de supermercados no Rio de Janeiro e Niterói em março de 2003.

Preço (R$/kg)Formas/espécies

Nº demarcas Médio Mínimo Máximo

Tolete-açaí-vidro 22 19,16 13,97 20,83Tolete-pupunha-vidro 3 23,33 18,50 33,00Tolete-açaí-lata 2 27,30 16,78 37,00Picado-açaí-vidro 7 14,65 12,30 18,50Fatiado-pupunha-vidro 1 16,30 - -Couvert-pupunha-vidro 1 22,00 - -Picles-açaí-vidro 1 27,60 - -

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79O Agronegócio do Palmito no Brasil

O cultivo comercial de palmeiras para palmito no Vale do Ribeira teve

início em 1993, com lavouras de pupunha implantadas com o apoio do IAC e da

CATI110

. Nessa região e no Litoral Sul de São Paulo a atividade extrativa é

antiga e importante em termos econômicos e ambientais111

.

Como no Sul da Bahia, os projetos agroindustriais tendem à produção

em áreas próprias e em parceria com produtores associados. Predominam

largamente as lavouras de pupunha, mas há umas poucas lavouras de palmeira-

real, de palmeiras híbridas de juçara e de açaí (resultado das pesquisas do

IAC). No Vale do Ribeira, no litoral do estado e no planalto do Rio Turvo (este

pertencente a São Paulo e Paraná) é importante a produção de palmito nativo

em áreas com planos de manejo112

.

6.1.1 Área plantada

Semelhante a outras regiões com lavouras em expansão, no Vale do

Ribeira as lavouras com pupunha tendem a ocupar áreas antes usadas para

atividades menos produtivas, em substituição a bananais e pastagens,

principalmente. Estima-se que haja entre 3.500 e 4.000 ha plantados com

pupunha em 14 dos 17 municípios da região. A maioria da atividade está

concentrada em oito municípios113

.

É nessa região que a atividade parece estar mais estruturada, em termos

de área plantada, agroindústrias envasando palmito cultivado, assistência

técnica e uso eficaz de tecnologia. O fato de ser um pólo produtor de banana,

com elevada competitividade, induz à realização de projetos em moldes

empresariais, com menor grau de improvisação. Um exemplo é o posicionamento

dos técnicos das instituições oficiais, que não validam a idéia de que a pupunha

110

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estuda palmeiras para palmito desde 1973, com importante base

física na Estação de Pesquisa de Pariquera-Açu, próxima à cidade de Registro. Destaca-se o trabalho da

pesquisadora Marilene Bovi como uma das precursoras no desenvolvimento das pesquisas com juçara, pupunha

e açaí. Destaca-se também o trabalho dos pesquisadores do ITAL/Campinas na industrialização do palmito

(pesquisa, treinamento de técnicos para as indústrias, padronização, etc.), e a Coordenadoria de Assistência

Técnica Integral – CATI EDR/Registro, com a atuação dos técnicos Luís Gustavo Ferreira e Nelson Basílio da

Silva, no Vale do Ribeira.

111

Assim como na faixa litorânea de Mata Atlântica de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, na região predominava

o extrativismo do palmito juçara. As primeiras fábricas instalaram-se há mais de 40 anos, inicialmente por

empresários oriundos de Santa Catarina. Uma das mais antigas (de proprietário nativo da região) funciona há

mais de 30 anos. Embora as fábricas trabalhem com palmito cultivado e produto nativo de planos de manejo,

o extrativismo ilegal ainda ocorre em larga escala.

112

Um técnico atuante no setor afirma que os projetos de manejo do palmito nativo são pouco viáveis

economicamente. A maioria do produto ainda é retirada da mata de forma clandestina, ainda viável. A opinião

desse, de outros técnicos e dos empresários é de que o palmito cultivado de pupunha vai predominar e será

uma atividade econômica e ambientalmente sustentável.

113

As informações são de técnicos da CATI/EDR Registro. Há discordância, pois estimou-se a área plantada em

2.800 ha. A diferença pode ter ocorrido em função da falta de atualização da área plantada com os projetos

mais recentes.

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80 Circular Técnica nº 130

é uma espécie rústica, que não exige muitos cuidados agronômicos. Os

resultados são os bons índices técnicos, de produtividade e produção, que se

refletem nos resultados econômicos.

6.1.2 Agroindústria

Quatro fábricas envasavam palmito de pupunha em 1996. Atualmente,

12 fábricas envasam o produto, a maioria com empreendimentos bem

estruturados (sete são agroindústrias novas), envasando produto de boa

qualidade e com boa inserção no mercado da capital do estado,

notoriamente exigente em preço e qualidade114

. Embora algumas trabalhem

com outros produtos, como conservas de olerícolas (porém, menos que em

Santa Catarina) e com palmito de juçara, a tendência é ter pupunha como

produto principal ou exclusivo.

Os preços médios115

de comercialização de palmito praticados pelas

indústrias da região do Vale do Ribeira são apresentados na Tabela 32.

6.2 Aspectos da Produção

6.2.1 Produtividade

A produtividade das lavouras de pupunha implantadas e conduzidas de

modo adequado, com mudas perfeitas, terra com acidez corrigida, fertilização

das lavouras e assistência técnica eficaz está em torno de 2.000 a 2.500 kg de

palmito (500 g/planta), resultado do primeiro corte aos 24 meses após o plantio

das mudas. É usual se cortar 5.000 plantas aos dois anos ou pouco mais. Neste

caso, 60% da produção é de palmito basal.

Nos cortes seguintes, a produtividade é praticamente a mesma, pois se

corta 1,5 perfilhos por touceira a cada ano. Porém, aumenta a percentagem

de palmito basal.

114

Assim como nas demais regiões onde há palmito nativo, há numerosas fábricas legalizadas e clandestinas

envasando o produto. O Vale tem um diferencial positivo de localização, com vistas ao mercado de São Paulo

e de Curitiba, devido à duplicação da rodovia que liga as duas capitais (aproximadamente 200 km de cada

capital).

115

São exemplos de duas indústrias e refletem os preços médios na região. Uma é de grande porte, recém

instalada; outra é das mais antigas e relativamente bem sucedida. Em novembro de 2002, o câmbio era US$

1,00 = R$ 3,70.

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81O Agronegócio do Palmito no Brasil

6.2.2 Preços pagos ao agricultor

Paga-se em torno de R$ 1,20/vidro 300 g/tolete e R$ 0,30/vidro 300 g/

picado ou R$ 1,80/kg de palmito total produzido116

. Assim, a renda bruta do

agricultor está entre R$ 3.600,00 e R$ 4.500,00/ha/ano. O custo de implantação

de um hectare da lavoura varia de R$ 4.300,00 a R$ 5.500,00/ha, não incluído

o custo de manutenção da lavouras117

.

6.3 O Mercado

6.3.1 Marcas e preços nos supermercados

Foram visitadas oito lojas das duas principais redes de supermercados

da cidade de São Paulo. Dada a importância do mercado dessa cidade, no

Anexo 1 são mostradas as informações por “bandeira” (Carrefour, Pão de Açúcar,

Extra, Barateiro)118

para que se possa avaliar melhor as formas e as espécies

em que o produto é apresentado, o número de marcas e os preços do palmito.

116

Uma agroindústria de maior porte pagava, em abril de 2003, R$ 4,00/kg de palmito tolete. O palmito de

segunda (rodelas, picado) era pago a R$ 0,30/kg. O rendimento dos tipos do palmito é 70% de segunda e 30%

de palmito tolete, sendo que o rendimento do produto tolete pode variar de 25% a 45%.

117

O custo menor refere-se a projetos bem elaborados, implantados em áreas apropriadas, com assistência

técnica adequada. Na Região Oeste do estado, com necessidade de irrigação, o custo de implantação estaria

em torno dos R$ 7.000,00/ha.

118

Extra e Barateiro fazem parte do grupo Pão-de-Açúcar.

Tabela 32. Preços médios de palmito das indústrias da região do Vale do Ribeira (SP).

1

Indústria recém montada, com bom procedimento de preparação e envase do produto (um

engenheiro químico em tempo integral). Processa aproximadamente 2.500 hastes/dia.

2

Na região são utilizadas as designações “nobre” e “primeira” para toletes e “segunda” para

picado e rodelas.

3

Indústria estabelecida na região há mais de trinta anos, a primeira a envasar palmito de pupunha.

Processa aproximadamente 3.000 hastes/dia.

Preço (R$)Capacidadeda caixa

Peso unitáriodrenado Forma

cx kgIndústria A1

15 vidros 300 g Toletes (nobre)2 70,00 15,506 latas 1,8 kg Picado (segunda) 48,00 4,40

Indústria B3

Toletes (primeira) 65,00 14,40Rodelas (segunda) 50,00 11,1115 vidros 300 gPicado 45,00 10,00

6 potões 1,8 kg Toletes 120,00 11,11

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82 Circular Técnica nº 130

Na Tabela 33 apresenta-se a síntese dessas informações e a variação do preço

médio em função de formas/espécies.

Nas lojas das maiores redes havia, na quase totalidade, açaí (57,4%) e

pupunha (37,0%) à venda. O produto era ofertado principalmente em tolete,

com baixa freqüência das outras formas. Havia pequena diferença entre os

preços médios das espécies ofertadas. Entretanto, merece destaque a amplitude

entre os preços mínimos e máximos do palmito de açaí e pupunha em tolete.

Não foram obtidas informações do mercado do produto in natura na

cidade de São Paulo, mas o Anexo 5 apresenta a relação de preços de palmito

in natura comercializado na capital de São Paulo, obtida em agosto de 2001,

por Chaimsohn (2001). Contudo, a forma in natura do produto é comercializada

e, inegavelmente, tem enorme potencial de comercialização. Falta, entretanto,

resolver grandes problemas como a logística, custos de distribuição, embalagem

e conservação, escala de fornecimento, etc119

.

6.3.2 Preços de palmito em Registro

Os preços ao consumidor em Registro (Tabela 34), cidade de porte médio

no Vale do Ribeira (SP), não são exorbitantes como os das grandes redes nas

grandes cidades. O gerente de uma das lojas afirmou que é lucrativo vender

aos preços vigentes.

119

Conforme relato de experiência do produtor rural e empresário Ricardo Luiz de Oliveira, do município de

Itariri (SP), no 1º Seminário sobre Palmito de Pupunha no Litoral Paulista, ocorrido em São Vicente (SP) de 16

a 19 de janeiro de 2003.

Tabela 33. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços (R$/kg) de palmito

nas principais redes de supermercados da capital de São Paulo em novembro de 2002.

Preço (R$/kg)Formas/espécies Nº de

marcas Médio Mínimo MáximoTolete-açaí-vidro 18 25,90 24,90 35,66Tolete-pupunha-vidro 15 26,20 20,10 33,00Tolete-juçara-vidro 1 27,43 - -Tolete-açaí-lata 7 29,23 23,80 38,00Tolete-juçara-lata 1 35,75 - -Picado-açaí-vidro 4 14,76 13,30 17,00Picado-pupunha-vidro 3 14,73 13,00 17,30Toletinhos-açaí-vidro 2 24,50 S/ preço -Toletinhos-pupunha-vidro 1 23,16 - -Rodela-pupunha-vidro 1 20,10 - -Couvert-pupunha-vidro 1 23,16 - -

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83O Agronegócio do Palmito no Brasil

Além do produto local, há palmito de açaí tolete a preço razoável.

6.3.3 Condições do produto nas gôndolas

O mercado da cidade de São Paulo é formado por consumidores exigentes

e o de maior consumo per capita de palmito do país, portanto muito disputado

pelos fornecedores. Contudo, essas especificidades não se refletem em cuidados

na apresentação do produto, na quase totalidade das lojas das redes de

supermercados visitadas.

Como visto na maioria das lojas das demais cidades, a disposição e a

apresentação do produto são descuidadas. Em lojas menores, é usual a presença

de poucas marcas e tipos. O produto fica pouco visível em meio a fileiras de

outras conservas, sem padrão de apresentação.

Em uma loja de grande rede, a primeira prateleira estava com latas de

palmito, a segunda com vidros de palmito tolete e palmito picado. Em outra

loja da mesma rede, a primeira prateleira estava com vidros de aspargos, a

segunda com vidros de palmito em rodelas, palmito couvert e palmito tolete.

Havia falhas nas prateleiras, pois os vidros retirados não eram repostos.

Entretanto, não se observa o mesmo descuido nas gôndolas com produtos

concorrentes (azeitonas, aspargos e cogumelos). Quanto ao palmito envasado

em latas, apresenta as mesmas características das outras cidades analisadas,

produto envasado há mais de um ano, latas amassadas e com bastante poeira

na tampa superior.

6.4 Comentários Gerais

Os comentários mais importantes dos técnicos, agricultores e gerentes

de agroindústrias no Vale do Ribeira foram:

Tabela 34. Marcas e preços de palmito em supermercados de porte médio em Registro

(SP), em março de 2003.

Preço (R$)Marca Indústria Forma/espécie Vidro/

300 gR$/kg

Palmito daSerra ARFP - PA Tolete - açaí 4,82 16,06

Pupura Conservale – Registro - SP Picado - pupunha 3,12 10,40Tuchê Conservale - Registro - SP Picado - pupunha 2,90 9,66Savana Conservale - Registro - SP Picado - pupunha 3,19 10,63

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84 Circular Técnica nº 130

a) O modo mais comum de implantar projetos na região é preparar os

viveiros de mudas a partir de sementes germinadas (plântulas de 3

cm a 6 cm) de germoplasma adquirido no Peru (transportado por avião).

Um quilo contém cerca de 220 plântulas, ao custo de R$ 0,30 cada;

b) Há falta de matéria-prima nas agroindústrias da região.

Aparentemente, não devido ao incremento da demanda, mas à

escassez do palmito extrativo em função da exaustão das reservas

nativas e maior eficácia da fiscalização;

c) Uma agroindústria não é viável se não tiver garantido o fornecimento

de 500.000 estipes/ano;

d) De modo semelhante à tendência em regiões de agricultura mais

avançada, no Vale do Ribeira já se terceiriza parte das operações

agrícolas em projetos para lavouras de maior porte. O mais usual é

contratar o plantio à razão de R$ 0,15/muda120

.

7 PARANÁ

7.1 A Atividade no Estado

No Paraná, os plantios comerciais de palmeiras para palmito foram

iniciados por volta de 1995, com lavouras de pupunha implantadas

primeiramente no Litoral e na Região Noroeste do estado, ampliando-se para

a região do Alto Ribeira (municípios de Cerro Azul e Adrianópolis)121

.

Nos últimos quatro anos, há forte tendência em ampliar a atividade

com plantios de palmeira-real no litoral, no Alto Ribeira e em municípios da

Região Norte (Londrina, principalmente) em função da escassez de sementes

e mudas de pupunha, gerando preços elevados; do menor custo de implantação

das lavouras de palmeira-real, pois as mudas são mais baratas; e da pretensa

supremacia da qualidade desse palmito em relação ao de pupunha.

A atividade começou e se desenvolveu de forma mais organizada no Litoral,

em processo de parceria e fomento entre agricultores e uma agroindústria

instalada em Guaraqueçaba, inicialmente com lavouras de pupunha122

. Na

seqüência, disseminaram-se as lavouras de palmeira em outros municípios

(Morretes e Antonina, principalmente), com ênfase na palmeira-real.

120

Um projeto em execução à época do levantamento (novembro de 2004), contratou o plantio de 450.000

mudas de pupunha, a ser concluído até o fim de 2004. Ao empreiteiro cabe abrir as covas (usualmente com

boca-de-lobo) e plantar as mudas.

121

O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), iniciou pesquisas com pupunha e 40 outras espécies amazônicas em

1985 na Estação Experimental de Morretes (Litoral do estado), por meio do trabalho da pesquisadora Nancy

Morsbach.

122

Até o ano de 2001 havia cerca de 30 agricultores no município de Guaraqueçaba.

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85O Agronegócio do Palmito no Brasil

Em 2001, fundou-se uma associação de produtores de palmito com

sede no município de Morretes (Litoral), que inicialmente se interessava

apenas por palmeira-real. O objetivo, como nas demais associações do tipo,

era organizar ações de apoio ao desenvolvimento da atividade e a instalação

de agroindústria própria.

Assim como no Sul da Bahia, São Paulo e Santa Catarina, em que há

algum apoio das instituições oficiais de desenvolvimento rural, no Paraná a

atividade é apoiada há algum tempo pelo IAPAR e pela EMATER, e mais

recentemente pela EMBRAPA Florestas, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Essas instituições, em

conjunto, desenvolvem o projeto financiado pelo PRODETAB, citado na

apresentação deste estudo.

7.1.1 Área plantada

A área plantada em 2001 não chegava a 1.000 ha (Tabela 35). Exceto nas

Regiões Norte e Noroeste prevalecem lavouras com palmeira-real. Contudo,

nessas mesmas regiões já existem áreas significativas de palmeira-real recém

implantadas e ainda não contabilizadas. Para 2002, foram estimados 830 ha

plantados com palmeira-real e 463 ha com pupunha, somando 1.293 ha

plantados em todo o estado (BELLETTINI, 2004).

7.1.2 Agroindústria123

O histórico da agroindústria do palmito no Brasil remonta a 1949, ano de

instalação da primeira agroindústria no município de Guaraqueçaba, Litoral

do Paraná124

. Entretanto, há controvérsias, porquanto algumas das mais antigas

123

Parte das informações contidas no item são oriundas do trabalho de Corso (2003).

124

Rosetti (1988) afirma que em 1949 havia apenas duas agroindústrias no país, situadas no Paraná.

Tabela 35. Área e número de produtores de palmito cultivado por região no Paraná

em 2001.

Área (ha)Região

Pupunha Palmeira-real TotalNº de

produtores

Ribeira 36 293 329 180Litoral 108 281 389 245Norte/Noroeste 164 - 164 70Total 308 574 882 495

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86 Circular Técnica nº 130

agroindústrias de Santa Catarina reivindicam a condição de primazia na

atividade125

. Há 11 indústrias registradas no estado, sendo nove no Litoral,

uma na Região Noroeste e uma no Alto Ribeira (município de Adrianópolis)126

.

Os preços pagos pelos supermercados às agroindústrias para a caixa de

palmito de juçara alcançou preços médios mais elevados que as das demais

espécies (Tabela 36). A palmeira-real apresenta ligeiro diferencial para mais

em relação ao açaí e ao palmito de pupunha.

7.2 Aspectos da Produção

7.2.1 Produtividade

Chaimsohn e Durigan (2002) apresentam estimativa razoável da

produtividade de palmeira-real e de pupunha em trabalho comparativo do

rendimento econômico das duas espécies. É uma indicação bem fundamentada,

pois refere-se a condições médias de lavouras do Litoral do Paraná, onde a

dinâmica da atividade é grande e há o maior número de produtores e a maior

área plantada. Os rendimentos são os seguintes127

:

a) Rendimento da pupunha

· Primeiro corte: planta mãe, com 24 meses após o plantio (m.a.p.) =

4.000 hastes/ha (corte em 80% do estande);

· Cortes subseqüentes: corte em 80% do estande (em 4.000 touceiras/

ha) x 1,8 hastes/touceira = 7.200 hastes/ha;

· Preço médio do palmito = R$ 1,00/ peça;

· Receita bruta: a) primeiro corte: R$ 4.000,00/ha;

b) cortes subseqüentes: R$ 7.200,00/ha.

125

Conforme relato de proprietários de agroindústrias, no levantamento de dados para este estudo.

126

Deve haver, ainda, um número significativo de envasadores clandestinos.

127

Considerou-se o preço médio pago pela indústria em 2002. O câmbio em dezembro de 2002 era US$ 1,00 = R$ 3,70.

Tabela 36. Preços pagos pelos supermercados de Curitiba às agroindústrias de palmito

em dezembro de 20021

.

Preço (R$/cx/15 vidros/300g palmito tolete)Espécie

Médio Mínimo MáximoJuçara 73,80 60,00 90,00Palmeira-real 54,75 52,50 57,00Açaí 49,35 37,50 67,50Pupunha 48,45 41,25 60,00

Fonte: Adaptado de Corso (2003)

1

Detalhamento no Anexo 6.

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87O Agronegócio do Palmito no Brasil

b) Rendimento da palmeira-real

· Corte com 36 a 48 m.a.p. = 13.333 hastes/ha (80% do estande);

· Preço médio do palmito = R$ 1,00/peça;

· Receita bruta: R$ 13.333,00/ha

Em ambos os casos, a produtividade esperada pelos agricultores era de

750 g/palmito/haste, difícil de ocorrer para um número razoável de plantas.

7.2.2 Preços pagos ao agricultor

No Paraná, os preços pagos ao agricultor são mais baixos que os de

Santa Catarina e Vale do Ribeira (SP), embora mais elevados em relação ao

que se paga no Sul da Bahia128

. Assim como nas demais regiões, a variação e as

condições que afetam a formação dos preços do palmito cultivado são grandes.

O maior comprador, uma agroindústria do Litoral do Paraná, pagava entre R$

1,00 e R$ 1,20 a haste de pupunha e de palmeira-real em março de 2003, com

rendimento esperado de 750 g de palmito total.

7.3 O Mercado129

7.3.1 Marcas e preços nos supermercados

Nos supermercados de Curitiba foram identificadas 92 marcas de

palmito130

. O produto mais freqüente e mais valorizado – o palmito de primeira/

tolete, em vidros de 300 g – era oferecido em 48 marcas: 50,0% açaí, 25,0%

pupunha, 16,7% juçara e 8,3% palmeira-real (Tabela 37).

Quanto à freqüência de todas as marcas por espécie de palmito, o açaí

predomina com 50,7%, seguido da pupunha com 21,5%, juçara com 21,3%, e

palmeira-real com 6,5% das marcas nos supermercados.

As marcas provenientes dos estados do Pará (49,2%) e Santa Catarina

(27,9%) representavam a maior parte (77,1%) das marcas encontradas nos

supermercados de Curitiba. As marcas do Paraná representavam apenas

8,2% do total.

128

Um dos motivos é a concorrência do palmito extrativo, que força o preço para baixo.

129

Os dados e parte das análises deste tópico são do trabalho de Corso (2003).

130

Refere-se a todas as marcas de palmito encontradas. Como a pesquisa de Corso (2003) abrangeu quase todos os

supermercados mais importantes de Curitiba, aparece um número também maior de marcas. Também em Curitiba

pode haver de fato um número maior de marcas de palmito no mercado. Além das marcas em palmito tolete/

vidros 300 g, foram registradas 26 marcas em palmito/picado/vidros 300 g, 5 em palmito/tolete/latas 500 g, 4

em tolete/vidros 180 g, 4 em tolete/vidros 1.800 g, 3 em tolete/vidros 500 g e 2 em tolete/vidros 1.200 g.

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88 Circular Técnica nº 130

O preço médio do palmito tolete estava em torno de R$ 21,00, com

ligeiro destaque para o palmito de juçara, em média 15% maior que as outras

espécies e com preços mais elevados nas demais categorias de preço (mínimo

e máximo). As exceções são os preços máximos do palmito tolete de açaí e de

pupunha das três marcas que sempre apresentam os preços mais altos: Gini e

Hemmer (açaí) e Bonduelle (pupunha). Como nos demais casos, o palmito em

latas apresentava valor mais elevado.

7.4 Comentários Gerais

Os custos para colocar e manter o produto nos supermercados, como

“enxoval”, aniversário de loja, desconto fidelidade, “rappel” e “rappel escalão”

são citados como abusivos. Em Curitiba, a única rede que confirmou cobrar

por espaço em gôndolas foi a Sonae, por meio de contrato para espaços em

pontas de gôndolas e mídia. Porém, poucas empresas solicitam pontas de

gôndola, com destaque para a marca Gini. No Big (Grupo Sonae), o valor para

pontas de gôndola é de R$ 1.800,00 e no Mercadorama (Grupo Sonae) é de R$

1.500,00 (CORSO, 2003).

Há necessidade e intenção de organizar o setor do agronegócio do palmito

em âmbito nacional para fazer frente às redes de supermercados. Trata-se de

criar uma câmara permanente, na qual os interesses de agricultores e empresas

possam ser discutidos e encaminhados, a exemplo dos órgãos de defesa dos

interesses dos produtores e do agronegócio do café, do arroz e do leite.

Tabela 37. Síntese das formas/espécies, número de marcas e preços de palmito nas

principais redes de supermercados de Curitiba em dezembro de 20021

.

Fonte: Adaptado de Corso (2003)

1

Detalhamento sobre marcas e procedência no mercado de Curitiba no Anexo 7

Preço (R$/kg)Formas/espécies

Nº demarcas Médio Mínimo Máximo

Tolete-açaí-vidro 24 20,40 12,50 32,16Tolete-pupunha-vidro 12 20,33 11,30 35,30Tolete-juçara-vidro 8 23,17 16,97 29,16Tolete-palmeira-real-vidro 4 20,47 15,50 24,00Tolete-açaí-lata 5 25,39 11,70 36,20Picado-açaí-vidro 14 12,63 8,13 18,27Picado-pupunha-vidro 7 12,07 8,37 17,53Picado-juçara-vidro 4 16,57 11,97 22,07Picado-palmeira-real-vidro 1 11,67 - -

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89O Agronegócio do Palmito no Brasil

Embora não haja a devida quantificação, a extração de palmito de juçara

no Paraná é significativa, de modo ilegal e em planos de manejo.

Ainda que o estado tenha sido um dos pioneiros na pesquisa e no plantio

de palmito cultivado, a atividade não se desenvolveu como na Bahia e São

Paulo (pupunha), Santa Catarina (palmeira-real e pupunha) e Espírito Santo

(pupunha e palmeira-real), porque na região com melhor aptidão climática

para as espécies cultivadas – o litoral – há pouca disponibilidade de terras e

aquelas disponíveis são pouco aptas. O litoral não é muito extenso, e na parte

sul os solos são inaptos ou estão ocupados por outras atividades rentáveis,

como arroz irrigado e banana, e por cidades e balneários. Na parte centro-

norte há mais área, porém, o solo é de baixa fertilidade, com boa parte sujeito

a encharcamento, com estrutura fundiária problemática, de baixa dinâmica

econômica, acentuado número de agricultores pouco capitalizados, infra-

estrutura viária precária, etc. Por ser uma região onde os remanescentes da

Mata Atlântica estão relativamente preservados, as instituições oficiais e

privadas de preservação e proteção ambiental têm reservado áreas significativas

para esses fins. Assim, ainda que não impeçam a expansão da atividade, impõem

restrições ao seu avanço.

Na região do Vale do Ribeira, a atividade tem alguma expressão, embora

com clima menos apto, solos predominantemente de baixa e média fertilidade,

topografia pouco favorável à atividade e à agricultura em geral, e com infra-

estrutura viária bastante deficiente. Contudo, o projeto de asfaltamento

imediato da rodovia que conecta a região a Curitiba pode facilitar a expansão

das lavouras em áreas mais aptas e próximas desse mercado e de São Paulo.

8 SANTA CATARINA

8.1 A Atividade no Estado

As informações a respeito do mercado do palmito em Santa Catarina

foram obtidas em entrevistas com proprietários e gerentes de algumas das

principais agroindústrias do estado, técnicos da EPAGRI131

, do Instituto CEPA,

da UFSC, da Fundação Municipal 25 de Julho, secretários de agricultura

municipais, produtores de sementes e mudas, e com agricultores. Na ocasião

do levantamento (25 a 30/11/2002) ocorria o “II Seminário Estadual de Palmeira-

Real”132

, no município de Guaramirim. O seminário foi realizado em dois dias,

131

Há uma década, a EPAGRI atua em pesquisa de palmeiras cultivadas para palmito (palmeira-real,

principalmente), destacando-se os pesquisadores Milton Ramos e Terezinha Heck.

132

O “I Seminário Estadual de Palmeira-Real” ocorreu em 1995.

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90 Circular Técnica nº 130

com freqüência e número de participantes representativos, além da

participação de outros agentes de Goiás, Paraná e São Paulo. Isso reflete a

acentuada dinâmica do agronegócio do palmito.

O programa do seminário previa a apresentação de diferentes segmentos

ligados à atividade. Os mais interessantes, sob o ponto de vista do mercado,

foram os painéis: “Enfoque da Atividade – Visão das Empresas” e “Palmeira-

Real na Visão dos Produtores”. As apresentações do primeiro painel confirmaram

o clima de euforia vigente na região em relação ao estado atual e ao grande

potencial do mercado nacional do palmito, principalmente na visão do segmento

da agroindústria. Os representantes das empresas e outros entrevistados

afirmaram que falta matéria-prima para a indústria do palmito em Santa

Catarina. Prevalece o entendimento de que o mercado nacional possui grande

demanda e o potencial de expansão do mercado externo é favorável.

A explicação usual para a escassez do produto é o atraso na expansão

das lavouras (de palmeira-real, principalmente), que em Santa Catarina foi

iniciada comercialmente em 1997. O atraso ocorreu por conta das restrições

impostas pela FATMA/IBAMA133

, que inibiram e desestimularam a expansão da

atividade por longo tempo.

8.1.1 Área plantada

Ainda não há dados organizados quanto à área plantada, número de

produtores e produção de palmito em Santa Catarina. Em outubro de 2002, a

EPAGRI iniciou o levantamento da atividade, em todo o estado e estimou que

houvesse 1.500 ha plantados, predominantemente com palmeira-real. A maior

ocorrência da atividade está nos vales e regiões adjacentes à bacia do Rio

Itapocu (municípios de Guaramirim, Jaraguá e Massaranduba), na região de

Joinville e no Vale do Itajaí-Açu (Blumenau e Itajaí)134

.

8.1.2 Agroindústria

Em Santa Catarina, há 23 agroindústrias de palmito legalizadas. Porém,

ainda há muito envase clandestino. Vários informantes afirmaram que

algumas agroindústrias adquirem produto clandestino (sem o qual,

133

Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA). A região do Litoral Norte de Santa Catarina

é de domínio da Mata Atlântica e há diversas unidades de proteção ambiental (APAs).

134

É preciso considerar a importância histórica do estado no agronegócio do palmito no país. Embora as reservas

de palmito nativo (juçara) estejam rarefeitas, ainda é importante a contribuição da espécie no montante

produzido no estado (embora parte significativa seja adquirida no Paraná).

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91O Agronegócio do Palmito no Brasil

pretensamente, não conseguiriam sobreviver), fato que desorganiza e

prejudica a atividade em geral.

Foi obtido, através de três empresas135

, o custo médio da matéria-prima

(palmeira-real) para encher um vidro/300 g/tolete sem impostos, sendo para

a empresa X de R$ 1,80, para a empresa Y de R$ 2,70 e para a empresa Z de R$

2,00. Para vidro/300 g/picado sem impostos, para a empresa X, era R$ 0,40.

Quanto ao preço de venda da agroindústria aos supermercados é bastante

variável, semelhante às outras regiões, ficando entre R$ 4,00 e R$ 4,86 o

vidro/300 g/tolete. A empresa X vendeu, em setembro de 2002, um lote de

vidros/300 g/tolete (palmeira-real) para uma rede de supermercados do Espírito

Santo a R$ 4,86/vidro. Segundo o proprietário da agroindústria, na prateleira

desse mesmo supermercado o produto estava a R$ 7,25. Em outubro de 2002,

a empresa Y vendeu para churrascarias do Rio de Janeiro (capital) o potão de

1,8 kg de palmito/tolete a R$ 20,00 e de palmito picado a R$ 11,00.

8.2 Aspectos da Produção

8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor

A produtividade e o preço no estado são bastante variáveis. A seguir

são apresentados dois casos reais que retratam a média da produtividade e

o rendimento industrial do palmito e dos preços pagos ao agricultor. No

primeiro caso (Tabela 38) são apresentados o rendimento do palmito e os

preços pagos a um agricultor do município de Massaranduba, entre setembro

e novembro de 2002, pela empresa W, localizada em Navegantes, município

próximo ao litoral norte136

.

O segundo caso refere-se à empresa N, localizada no município de

Guaramirim, que pagou R$ 2,00 por estipe de pupunha de primeira (planta-

mãe ou perfilho bem desenvolvido) e R$ 1,75 por estipes de diâmetros variados.

Um lote pago a R$ 2,00 por estipe rendeu, em média, 1,4 vidro/300 g/tolete e

4,8 vidro/300 g/picado. Nesse caso, o pagamento ao agricultor foi em dinheiro,

por estipe, no ato da compra.

8.3 O Mercado

Não foram realizadas entrevistas ou visitas aos supermercados para

135

Informações de três empresas (X, Y, Z) de pequeno, médio e grande porte no estado. A diferença aparentemente

não afeta a formação dos custos, que depende mais das diversas condições de negociação para adquirir a

matéria-prima.

136

O proprietário informou que envasa em média 100.000 kg líquidos/palmito/mês.

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92 Circular Técnica nº 130

avaliar preços, disposição do produto, etc. Contudo, Fantini et al.

(2000)137

, ainda que em estudo defasado (dados de 1998), caracterizam

bem o mercado do produto em Florianópolis. As vendas foram estimadas

em 200 t/ano (60% de palmito juçara) equivalente ao consumo de 2,5 vidros/

300 g/pessoa/ano, possivelmente o maior do país138

. O preço médio no varejo

estava em

137

O estudo é criterioso, amostra os vários tipos de compradores e tece análises bem fundamentadas. Como os

preços estão em dólares, à época supervalorizado, servem para futuras comparações: em março de 1998, US$

1,00 = R$ 1,14. Porém, pode haver maiores divergências para comparações quanto à quantidade consumida

nesse ano e em outros, dada a diminuição dos turistas (argentinos, principalmente) em Florianópolis em anos

recentes.

138

Em 1998 a população de Florianópolis era de 271.000 habitantes. Deve-se relativizar a informação, devido ao

consumo da população flutuante no verão, que acrescenta números apreciáveis de turistas.

Movimento estimado de turistas em Florianópolis, de 2000 a 2002.

Fonte: SANTA CATARINA (2003)

Para comparar, Cervi (1996), citado em Fantini et al. (2000), estimou o consumo na cidade de São Paulo em

1 vidro/300 g/família.

Origem 2000 2001 2002Nacionais 335.000 320.000 295.000Estrangeiros 171.000 233.000 75.000Total 506.000 553.000 370.000

Tabela 38. Rendimento industrial e preço pago a um agricultor por três lotes de

palmeira-real entre setembro e novembro de 2002.

1

Informações obtidas com o proprietário da empresa, em novembro de 2002.

Rendimento1

ProdutoNº

vidros/300gPeso palmito

(kg) % Vidro/estipe

R$/vidropagos aoagricultor

Lote 1 - 780 estipes

Tolete 1.003 301 38 1,3 2,00

Picado 1.402 421 52 1,8 0,50

Rodela 327 83 10 0,4 0,60

Total 2.732 805 3,72/estipe

Lote 2 - 652 estipes

Tolete 767 230 49 1,2 2,00

Picado 768 230 49 1,2 0,50

Rodela 12 4 2 0,02 0,60

Total 1.547 464 3,01/estipe

Lote 3 - 401 estipes

Tolete 446 134 41 1,1 2,00

Picado 620 186 57 1,5 0,50

Rodela 22 7 2 0,05 0,60

Total 1.088 327 2,98/estipe

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93O Agronegócio do Palmito no Brasil

US$ 4,97/vidro/300 g (R$ 14,00, em correção para a moeda brasileira,

atualmente)139

. O preço variava de US$ 3,47 a US$ 8,41 o vidro de palmito

juçara. Os preços do açaí eram bem mais baixos: preço médio de US$ 3,75,

variando entre US$ 2,47 e US$ 4,24/vidro/300 g. O preço pago pelos restaurantes

para o palmito clandestino estava em torno de US$ 2,00/vidro/300 g. No

mercado de Santa Catarina há bastante palmeira-real e juçara, embora o açaí

seja freqüente e seu preço competitivo.

Segundo Fantini et al. (2000), os custos de produção, cuja junção com

as estratégias de venda definem o preço, podem variar imensamente já que

os sistemas de produção variam desde o roubo e a exploração predatória até

o sistema de manejo que emprega as mais modernas técnicas para garantir

uma reprodução sustentável. Tal apontamento assemelha-se ao de outro

pesquisador, citado anteriormente, de que o preço do palmito é formado por

práticas comerciais oportunísticas em um mercado ainda com relações

bastante obscuras.

8.4 Comentários Gerais

8.4.1Legislação ambiental

Predomina a opinião de que a questão está resolvida em Santa Catarina.

Não há nenhuma restrição não regulamentada e relativamente bem aceita

pelos agentes envolvidos. A produção de palmito de palmeiras cultivadas não

autóctones é tratada como a de lavouras normais e, como tal, exige-se apenas

a nota de venda do produtor. Alguns afirmam que a legislação relativa ao

produto extrativo é inadequada ao restringir a atividade sem apoiar outras

alternativas de renda, como a produção de palmito cultivado, planos de manejo

sustentado, etc.

8.4.2 Observações das agroindústrias

Foram mencionados como os problemas mais importantes relativos ao

agronegócio em Santa Catarina:

a) Ainda são produzidas quantidades significativas de conserva com

palmito de origem clandestina. São principalmente os fornecedores

de restaurantes, churrascarias e buffets que comercializam o produto

139

Contudo, é mais lógico considerar o preço em reais em 1998, igual a R$ 5,70 e corrigir pela inflação acumulada.

Isso daria aproximadamente R$ 10,00 em agosto de 2003.

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94 Circular Técnica nº 130

no estado e fora dele. Tal prática prejudica muito o mercado legal,

tanto em preço quanto em qualidade. Ainda há muita juçara extrativa

(principalmente do Paraná), fato confirmado por diversos

entrevistados;

b) O preço para a fábrica está muito elevado, chegando a R$ 2,00 só a

matéria-prima para um vidro/300 g/tolete;

c) A margem dos supermercados e os custos de manutenção do produto

na prateleira estão elevados e tendem a crescer;

d) A pesquisa e a assistência técnica oficiais não têm realizado estudos

de mercado ou de apoio à comercialização.

Outras observações, relacionadas à administração das agroindústrias, foram:

a) A atividade está desorganizada. É preciso maior grau de organização

das agroindústrias, visando a evitar a produção de conserva de má

qualidade (mais freqüente quando o mercado apresenta grande

demanda), fazer frente aos supermercados, sugerir legislação mais

apropriada ao setor, alcançar escala de exportação, etc;

b) As principais agroindústrias constituíram um núcleo das empresas de

conservas de Santa Catarina. Porém, a maioria dos vinculados tem

baixo grau de atuação – apenas três empresas se ocupam em manter

as atividades do núcleo;

c) Em 2002, houve falência de um número significativo de empresas de

pequeno e médio porte (Roja, Lorenz, Adil, Petri e outras) devido à

falta de matéria-prima140

;

d) Não é rentável para as agroindústrias manter lavouras próprias com

funcionários pagos em horário comercial, tendo em vista a

competitividade do mercado. Uma alternativa é a produção

programada, contratada e/ou integrada com pequenos e médios

produtores. Estes, bem capacitados e apoiados, teriam custos mais

baixos e o produto final seria de melhor qualidade141

. De fato, essa

possibilidade e a compra programada por contrato entre empresas e

agricultores foi manifestada por um número significativo de

empresas142

;

140

O fato é estranho porque, entre outros motivos, em Santa Catarina é usual a produção de outras conservas

como forma de ocupar a fábrica e garantir o funcionamento da empresa. Outros motivos estão relacionados

à má gestão das empresas e a gastos perdulários dos proprietários, como relatado por diversos entrevistados.

141

Neste caso, foram colocadas as seguintes questões: seria uma estratégia para manter a produção “pulverizada”,

aumentar a competição e reduzir preços de venda à agroindústria? A saída poderia ser o associativismo, a

fabricação do produto pelos agricultores em associação?

142

A empresa W tem pronto modelo de contrato em que empresa e agricultor se comprometem a negociar peças

de palmeira-real ao preço de R$ 2,65 a peça, sendo palmito de primeira, com diâmetro acima de 4,0 cm. Um

documento firmado entre essa empresa e um agricultor do município de Astorga, no Norte do Paraná, cita a

negociação de 11.000 peças de palmeira-real, da mesma forma como acima, em maio de 2002.

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95O Agronegócio do Palmito no Brasil

e) A maioria dos proprietários de agroindústrias manifestou preferência

pela palmeira-real, alegando melhor qualidade se comparada à juçara

e preferência dos supermercados143

.

8.4.3 Observações dos agricultores

As questões postas pelos agricultores, no painel de apresentações do II

Seminário Estadual, foram:

a) Faltam estudos para entender como se estabelece a demanda, por

quanto tempo o mercado ficaria “aquecido”, como estabelecer a

produção programada, etc;

b) É preciso resolver questões técnicas como o controle das plantas

invasoras, aplicação adequada de herbicidas, uso de cobertura verde

e de cobertura morta;

c) Há grande carência de assistência técnica e de informação de mercado

(preços de compra das fábricas na região e em outros estados);

d) Falta financiamento à atividade, principalmente para custeio. O

custeio é para dois anos, entretanto a produção e venda se viabiliza

em três ou quatro anos.

Outras questões relatadas nas entrevistas, com diferentes agentes,

referem-se:

a) À concorrência da atividade extrativa ilegal;

b) Às formas de pagamento do produto pelas indústrias. Como em outras

atividades (tabaco, p. ex.), os agricultores reivindicam melhor

avaliação do rendimento e qualidade do produto entregue144

;

c) Há concepção por parte das empresas e técnicos de que o palmito de

pupunha é de difícil venda. No entanto, os agricultores que plantam

a espécie e duas indústrias de médio e grande porte – uma delas,

citada como a mais antiga e conceituada, envasa entre 20.000 e 40.000

estipes de palmeira-real/mês – afirmam que não há problemas para

colocar o produto no mercado. Pode ocorrer que as grandes redes de

supermercados executem uma estratégia de baixar o preço de compra,

embora nas gôndolas dos supermercados esse seja igual ao dos demais

palmitos145

;

143

A rede Pão de Açúcar encomendou grande quantidade de palmito, preferentemente de palmeira-real (4.000

caixas/mês). A mesma agroindústria tem comprado palmito in natura a 600 km de distância da fábrica. O

proprietário cita que é usual buscar produto a 400 km.

144

O usual é entregar os estipes à agroindústria e esta paga pelo rendimento em vidros de palmito. As reclamações

não se estendem a todas as empresas, pois há citações de negócios justos.

145

A questão pode ter fundamento em fato ocorrido há cinco ou seis anos (1997 e 1998), quando uma agroindústria

do Espírito Santo colocou no mercado nacional uma quantidade significativa de palmito de pupunha demasiado

amarelado e adocicado. Embora com a qualidade íntegra, bem envasado, etc., houve rejeição do consumidor

final. A informação é de um proprietário de agroindústria de Belém.

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96 Circular Técnica nº 130

d) Há expansão de médios e grandes plantios e agroindústrias para o

Oeste de São Paulo e Goiás;

e) Um entrevistado, no agronegócio do palmito há mais de 20 anos,

afirmou que um problema importante quanto ao desenvolvimento da

atividade é a falta de profissionalismo de grande parte das

agroindústrias, que exigem qualidade dos fornecedores da matéria-

prima, mas preferem comprar produto de mais baixa qualidade (em

geral, palmito juçara de extrativismo), mais barato e que dá maior

margem de lucro.

9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES

Neste tópico, será apresentada a síntese dos preços do palmito e realizada

a comparação entre os preços nas cidades abrangidas pelo levantamento.

Também será comparado o preço do palmito e das conservas concorrentes

(aspargos, cogumelos e azeitonas), nas principais redes de supermercados das

cidades em que se fez o levantamento. Serão relacionados apenas os preços do

palmito tolete (de primeira) por ser a forma em que o produto é mais comercializado

e por acreditar-se que essa define grande parte do agronegócio do palmito.

Embora o palmito seja um produto altamente apreciado e de elevado

valor organoléptico, os preços são, em si e comparativamente a produtos

potencialmente substitutos, bastante elevados. Isso leva o consumidor a

repensar ou mudar a intenção de compra, ou, ainda, diminuir a quantidade

comprada, o que inibe a expansão do agronegócio do palmito146

.

Na cidade de São Paulo, os preços são os mais elevados, seguidos de Vila

Velha, Rio de Janeiro/Niterói, Curitiba, Manaus e Belém, esta com preços bem

menores que a média das cidades consideradas (Tabela 39). O preço do produto

envasado em latas é bem mais elevado que em potes de vidro. Clement (2004),

especula que isso pode ocorrer em função do custo das máquinas para fechar

as latas (chamadas de recravadeiras) ou pelo consumidor identificar o produto

enlatado como tipo exportação e assim valorizá-lo mais.

O palmito de açaí e de pupunha predominam nos mercados. Juçara e

palmeira-real só estavam disponíveis em São Paulo (as duas espécies) e em

Curitiba (só palmeira-real).

146

Embora não se tenha realizado pesquisa específica com os consumidores nos supermercados, quando da visita

às lojas, os comentários de pessoas que avaliavam o produto e o compravam, ou não, foram anotados. Em

geral, opinavam que o preço exageradamente alto era o principal motivo da recusa ou diminuição da compra.

Em seguida, aparecia a dúvida se o produto seria de boa qualidade e sadio. Uma compradora habitual do

produto foi bastante enfática, ao afirmar que comprar palmito bom, é sorte.

Page 97: O Agronegócio do Palmito no Brasil - iapar.br · em diversos eventos, ... Região Metropolitana de São Paulo SAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Par ... 1.3 Custos de

97O Agronegócio do Palmito no Brasil

147

Para o açaí tolete (o de maior freqüência) foram 57 observações, com desvio padrão de 1,45 e variância de

2,11. Para o açaí picado foram 30 observações, com desvio padrão de 0,79 e variância de 0,63 (CORSO, 2003).

A comparação entre o preço do palmito tolete e o do palmito picado

mostra que este estava 37% mais barato que o palmito de primeira (Tabela

40). Os preços do mercado tomados como indicativo são de Curitiba,

acreditando que a relação entre as duas formas não se modifica

significativamente nas demais cidades147

.

Os preços de alguns produtos em conserva concorrentes do palmito tolete

são apresentados na Tabela 41.

Tabela 39. Síntese do preço médio do palmito tolete, nas principais redes de

supermercados em seis cidades do Brasil em 2002 e 2003.

1

O levantamento foi realizado em diferentes datas: Manaus e Belém, em junho de 2002; São

Paulo, em novembro de 2002; Curitiba, em dezembro de 2002; Vila Velha, Rio de Janeiro/

Niterói, em março de 2003. A inflação no período de junho de 2002 a março de 2003 foi de

15,8% (INPC-IBGE) ou 25,6% (IGP-M/FGV)

Tabela 40. Preço1

do palmito tolete e do palmito picado em Curitiba em

dezembro de 2002.

Fonte: Adaptado de Corso (2003)

1

Em dezembro de 2002, US$ 1,00 = R$ 3,70

Palmito (R$/vidro 300 g)Espécie

Tolete (a) Picado (b)Variação (%)

(a-b)

Juçara 6,95 4,97 - 28Palmeira-real 6,14 3,50 - 43Açaí 6,12 3,79 - 38Pupunha 6,10 3,62 - 41Média 6,33 3,97 - 37

Preço médio do palmito (R$/kg)1

Formas/espéciesManaus Belém

VilaVelha

Rio deJaneiro/Niterói

SãoPaulo Curitiba

Preçomédiogeral

Tolete-juçara-vidro - - - - 27,43 23,16 25,23

Tolete-pupunha-vidro 15,63 - 22,00 23,33 26,20 20,33 21,50

Tolete-açaí-vidro 21,00 14,82 23,32 19,16 25,90 20,40 20,80

Tolete-palmeira-real-vidro - - - - - 20,46 20,46

Tolete-juçara-lata - - - - 35,75 - 35,75

Tolete-açaí-lata 25,20 18,45 28,90 27,30 29,23 - 25,82

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98 Circular Técnica nº 130

O preço do mini-milho148

em conserva é apresentado como um indicativo

de que o mercado de São Paulo aceita produtos novos a preços bastante

elevados. Tal observação visa a fomentar a discussão sobre a necessidade de

se apresentar novas formas do palmito em conserva, como a do picles misto

(toletinhos de palmito, pepinos, couve-flor e cebolinhas), já comercializado

pela Riomar149

.

CONCLUSÕES

O agronegócio do palmito é relativamente novo no Brasil e no mundo.

Se adotada a concepção mais restrita do termo negócio agrícola é mais recente

ainda, pois só na última década começa a perder o caráter de atividade

eminentemente extrativa e de industrialização, em grande parte clandestina.

Em termos gerais, o acirramento da questão ambiental, a quase exaustão

das espécies nativas na Mata Atlântica, o raleamento dos estoques de açaí no

Tabela 41. Preço dos produtos em conserva concorrentes do palmito tolete, no Rio de

Janeiro (capital)/Niterói, em São Paulo (capital) e em Curitiba em março de 2003.

148

Pequenas espigas em vidros de 200 g; apresentação bem cuidada, embalagem e produto atraentes.

149

Idéia defendida pelo pesquisador Charles Clement (INPA), como forma de aumentar o mix do produto e o

potencial de comercialização do palmito.

1

Em março de 2003, US$ 1,00 = R$ 3,38

Preço (R$/kg)1Produto

Médio Mínimo Máximo

Rio de Janeiro/Niterói

Aspargos 34,80 25,31 44,95

Cogumelos/champignons 34,73 29,45 42,90

Azeitonas verdes 15,80 9,69 23,90

Azeitonas pretas 12,90 11,30 15,40

São Paulo

Aspargos 41,96 36,58 58,05

Cogumelos/champignons 41,18 25,95 54,70

Azeitonas verdes 12,98 9,30 23,00

Mini-milho 44,95 - -

Curitiba

Alcachofras 39,00 21,00 57,14

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99O Agronegócio do Palmito no Brasil

Pará e Amapá, e o crescente aproveitamento dessa palmeira para a colheita

de frutos induziram, mais recentemente, a dois grandes movimentos:

a) Extração organizada em planos de manejo, em locais onde a legislação

e a pressão ambientalista permitem;

b) Cultivo de espécies nativas e exóticas em todas as regiões do país e

em quase todos os estados.

Os resultados desses movimentos já são perceptíveis:

a) Reordenação do segmento extrativo-industrial em Belém, através de

extração via planos de manejo, maior atenção à qualidade e palmito

ecológico;

b) Instalação de novos grupos empresariais no Sul da Bahia e no Vale do

Ribeira (SP);

c) Reordenação das agroindústrias tradicionais no Sul do país;

d) Incremento da atividade em Santa Catarina e no Paraná, via projetos

de cultivo.

Essas modificações têm possibilitado atendimento ao mercado de forma

mais eficiente e com produto de melhor qualidade, como atestam os gerentes

das maiores redes de supermercados.

Os dados de produção e extração carecem muito de confiabilidade, o

que de resto é comum às informações do extrativismo da maioria das espécies

vegetais e dos minerais do país. Assim, as informações e, por decorrência, as

análises e conclusões a respeito do agronegócio do palmito são bastante

precárias no Brasil e nos demais países onde a atividade ocorre e possui

registros oficiais. No caso do Brasil, são confiáveis (pelo menos, coerentes)

os dados de exportação, já nos demais países, nem tanto. A Costa Rica, por

exemplo, de 2000 para 2001 teve a área plantada diminuída em 2.304 ha e as

exportações aumentadas em 3.442 t. No Equador, entre os anos de 2000 e

2001, a área diminuiu 3.000 ha e as exportações aumentaram 1.857 t. Haveria

tanto produto estocado?

Neste estudo, estimou-se que a produção de palmito no Brasil estava

em torno de 160.000 t em 1996. Em 2000 aparecem registros oficiais do volume

de palmito cultivado: 3.445 t, igual a 20% do total, segundo os dados oficiais,

mas apenas 0,02% segundo as estimativas deste estudo.

As informações relativas ao consumo de palmito no país são também

bastante variáveis, com estimativas de 100 g a 940 g/pessoa/ano. A última,

sugerida por este estudo como a mais apropriada, foi realizada a partir da

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100 Circular Técnica nº 130

pesquisa de orçamento familiar (IBGE, 1996) e ajustada com informações de

produção e exportação fidedignas, as quais permitiram calcular o consumo

aparente no país. No item consumo, há questões importantes a resolver, como

as diferenças significativas na estrutura de consumo (Norte e Nordeste

consomem pouco), a sanidade e as questões ligadas ao desenvolvimento do

produto no mercado interno e externo.

Os principais países concorrentes do Brasil no mercado internacional do

palmito são o Equador e a Costa Rica. Este dominou o mercado internacional até

1999, quando exportou 12.078 t. No ano de 2000, o Equador exportou 16.334 t,

6.000 t a mais que a Costa Rica neste mesmo ano. Esses volumes são bastante

superiores às exportações do Brasil (2.573 t, em 2001). Em 2001, os preços

conseguidos por esses países foram muitos menores, enquanto Costa Rica e Equador

venderam a aproximadamente US$ 1.642,00/t, o Brasil vendeu a US$ 3.642,00/t.

Nos últimos anos (2001/2002), Equador e Costa Rica têm enfrentado

grande turbulência no agronegócio do palmito, com significativa redução da

área plantada nos dois países. Na Costa Rica, a área decresceu de 12.500 ha

em 1998 para 6.000 ha em 2000, e no Equador de 10.000 ha em 2000 para

7.000 ha em 2001.

As causas relatadas para os dois casos são variadas:

a) Demanda por produtos frescos;

b) Saturação do mercado;

c) Planejamento inadequado de quantidades e de preços para o

mercado externo;

d) Rebaixamento dos preços pagos aos produtores;

e) Competição do Equador, no caso da Costa Rica;

f) Quebra da economia Argentina, o maior comprador de palmito

do Equador.

Há outros países potencialmente concorrentes no mercado internacional

do palmito – Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela – mas ao contrário do que,

em parte, se esperava, o apoio oficial à substituição dos plantios de coca por

pupunha não impulsionou a produção de palmito nesses países. Além desses,

há notícias do início de plantios de pupunha para palmito em países do Sudeste

asiático (Malásia, principalmente), o que deve ser levado em conta, tendo em

vista a capacidade desses países em implantar projetos agrícolas fortemente

apoiados pelo estado e competitivos no mercado internacional.

Quanto ao mercado consumidor, o Brasil é o país mais importante. No

exterior, os Estados Unidos são o país em que a demanda cresce relativamente

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101O Agronegócio do Palmito no Brasil

mais e de modo constante. Em 2001, por exemplo, importaram US$ 11, 6

milhões, cerca US$ 5 milhões a mais que em 1995. Com a recuperação da

economia Argentina é prevista a retomada das importações desse país e a

continuidade do suprimento da sua demanda pelo Equador, visto que o

fluxo comercial diminuiu, mas não foi interrompido por barreiras

comerciais ou conflitos.

As principais questões para o segmento agroindustrial, obtidas através

deste estudo foram:

a) Ainda que as notícias em rede nacional da existência de botulismo

em conservas de palmito em 1997 e 1998 tenham afetado

negativamente o mercado, o fato já está superado. Mesmo com custo

de envase mais elevado, as novas exigências da ANVISA (lacre na

tampa e tampa litografada, p. ex.), tendem a garantir a confiança

dos consumidores quanto à sanidade do produto. Entretanto, ainda

resta a questão da qualidade;

b) A atividade extrativa tende a melhorar com o aumento das exigências

para a realização de planos de manejo. Embora com possível elevação

dos custos, pode-se ter ganhos em padrão e qualidade do produto;

c) Ainda que não mensurado, mas confirmado pelos gerentes de

supermercados, há aumento consistente no consumo de palmito nos

centros consumidores tradicionais (Centro-Sul e Sudeste) e em outros

grandes centros urbanos. O aumento ocorre também nas maiores

cidades do Norte e Nordeste, nas quais praticamente não se consumia

o produto, e no Centro-Oeste (Brasília e Goiânia). Gerentes de algumas

agroindústrias do Sul da Bahia, do Espírito Santo e de Santa Catarina

afirmaram, em março de 2003, que não havia matéria-prima para

atender à demanda de grandes pedidos;

d) A produção de palmito cultivado vai se firmando como atividade

economicamente viável e ambientalmente defensável, o que permite

às indústrias melhorar o padrão do produto em forma, qualidade e

sanidade, e planejar a retomada do mercado externo.

Há ainda muito palmito de origem clandestina, cuja entrada no mercado,

via agroindústrias legalizadas, tende a diminuir. Entretanto, há redes de

fornecimento de produto envasado em fabriquetas ilegais atendendo a maior

parte da demanda de restaurantes, churrascarias e lanchonetes em São Paulo,

Paraná e Santa Catarina.

As grandes redes de supermercados praticamente monopolizam o comércio

do produto envasado. Embora oficialmente os gerentes de compras tenham

declarado que a margem de lucro não é exagerada (ficaria em torno de 25%),

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102 Circular Técnica nº 130

extra-oficialmente outros informantes relataram margens em torno de 60%.

Além disso, os supermercados impõem condições que inviabilizam a realização

de negócios com pequenos e médios fornecedores, como o registro no cadastro

de vendedores e a manutenção do produto nas gôndolas. Como em outros

setores da economia, isso favorece a concentração e o domínio do agronegócio

por poucas empresas.

Nas duas regiões mais dinâmicas – Sul da Bahia e Vale do Ribeira – há um

processo de reestruturação das fábricas tradicionais envasadoras de palmito

nativo e a instalação de agroindústrias de grupos empresariais de porte

significativo. A estratégia, para a maioria das agroindústrias, é obter a maior

parte da matéria-prima comprada de agricultores associados. Uma parcela

menor será de lavouras próprias, de modo a garantir matéria-prima em

momentos críticos e, possivelmente, ter reservas para negociar preço. Em

todos os casos, a orientação das agroindústrias é primeiro consolidar posições

comerciais no mercado interno. Como o mercado externo ainda é largamente

dominado pelas fábricas do Pará e as dificuldades para exportar são grandes,

para as novas empresas ele se torna secundário.

A retomada do mercado externo depende da melhoria da qualidade, da

diversificação das formas de apresentação, do fornecimento ampliado para os

nichos de produto orgânico, da valorização do produto cultivado e da negociação

das tarifas externas que penalizam o produto nacional.

Quanto ao setor extrativo e ao produtivo agrícola, as principais conclusões são:

a) Aumenta significativamente a pressão legal e dos movimentos

ambientalistas com vistas ao manejo sustentável de produtos

florestais, em especial do palmito, nas áreas de Mata Atlântica,

Amazônia e Pará. A valorização de outros produtos, como os frutos do

açaí (e potencialmente da juçara), coloca em xeque o extrativismo

desordenado do palmito. Esses fatos, aliados às necessidades de um

mercado mais exigente em qualidade e que tende a padronizar

produtos, permitem acreditar na valorização crescente da produção

do palmito cultivado e no extrativismo racional. Embora alguns

representantes do segmento agroindustrial baseado no extrativismo

não acreditem no sucesso dos projetos de cultivo, devido ao maior

custo da matéria-prima, a história da economia agrícola mostra que a

maioria das atividades extrativas submetidas ao cultivo comercial

foram suplantadas;

b) A região do delta do Rio Amazonas é a principal fornecedora de palmito

para o mercado interno e para exportação. Há cerca de 10.000 km2

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103O Agronegócio do Palmito no Brasil

com áreas densas em palmeiras de açaí, em diferentes condições de

exploração. A tendência em adotar planos de manejo é crescente.

Até julho de 2000 havia 10.887 ha manejados, principalmente para a

coleta de frutos, mas também produzindo palmito;

c) A produção de palmito cultivado, iniciada com lavouras de pupunha

nos arredores de Manaus, é pouco importante para o estado. Na Região

Norte, a atividade se expandiu com essa espécie – mas também há

açaí cultivado – ao longo da Rodovia Transamazônica e no Centro-Sul

do Pará. Contudo, as informações relativas à área plantada são pouco

confiáveis. Haveria número significativo de projetos implantados e

abandonados por diversos motivos, dentre eles a dificuldade de acesso

e a falta de assistência técnica;

d) No Pará e Amapá, a retomada das discussões entre as empresas

(SINDIPALM) e o IBAMA tem permitido encaminhar melhor as questões

relativas à regulamentação da atividade extrativa, do manejo e da

produção do palmito. O mesmo acontece com os órgãos de gestão

ambiental quanto à regulamentação dos plantios e corte das palmeiras

exóticas na Mata Atlântica no Sul da Bahia, no Vale do Ribeira e em

Santa Catarina. No Paraná, a falta de definição e regulamentação dos

procedimentos possíveis tem causado transtornos à atividade produtiva

e agroindustrial;

e) A expansão da atividade ocorre de forma dinâmica nas regiões em

que a pupunha se adaptou bem e onde havia agroindústrias já

instaladas, em ordem, por área plantada, no Vale do Ribeira e no Sul

da Bahia. Em Santa Catarina, é maior a área com palmeira-real,

tendência seguida pelo Paraná, na região litoral e em regiões mais

frias, como o Norte do estado (Londrina e Maringá). Com relação às

vantagens e desvantagens apresentadas pela pupunha e pela palmeira-

real, no Paraná e em Santa Catarina há controvérsia importante e

urgente a resolver entre pesquisadores, técnicos e agricultores, pois

são usuais afirmações de que pupunha é melhor que palmeira-real e

vice-versa, desprezado o fato de que cada espécie tem vantagens em

diferentes condições. Trata-se de definir parâmetros que permitam

decidir com segurança qual lavoura plantar e em que condições, pois

são lavouras caras e não há margem para recuperar investimentos

equivocados. As lavouras de palmeira-real são mais baratas – as mudas

custam cerca de 25% do preço das mudas de pupunha – e, por se

adaptarem melhor ao frio, são preferidas por agricultores menos

capitalizados, em amplitude maior de localidades no Centro-Sul do

país. As palmeiras devem ser replantadas após cada corte, então, a

médio e longo prazo as lavouras de pupunha tendem a ser mais

econômicas em regiões de boa adaptação agronômica;

f) Na estimativa da área plantada com palmeiras para palmito em 2002

(Tabela 11), faltam os dados de estados onde a atividade é importante

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104 Circular Técnica nº 130

como o Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do

Oeste de São Paulo. Também faltam informações de regiões onde

houve implantação recente de lavouras de palmeira-real e de pupunha,

como no cerrado de Minas Gerais e de Goiás, no Tocantins e na zona

da mata de Minas Gerais;

g) Tudo indica que em regiões com chuva abaixo de 1.600 mm anuais,

principalmente se mal distribuídas, o palmito cultivado não é

competitivo com regiões de melhor regime de chuvas. A irrigação

encarece significativamente a produção, pelo elevado custo da

energia, da tarifação do uso da água e de variações climáticas (falta

de água para irrigação, como é o caso do Norte do Espírito Santo). A

opção das novas empresas por instalar seus projetos no Sul da Bahia

levou em conta a vantagem climática da região, além da fertilidade

média e alta da maior parte das terras da região;

h) No caso do palmito cultivado, ainda que se tenha avançado

significativamente na geração de conhecimento, não foram alcançados

patamares economicamente viáveis frente à competição com o palmito

extrativo e à produção e industrialização nos países concorrentes (com

subsídios e sem taxação no destino da exportação). Há perspectiva

de que a médio e longo prazo os projetos de pequenos e médios

produtores e agroindústrias passem por grandes dificuldades, devido

à ausência do estado no tocante à pesquisa e assistência técnica.

Quanto ao mercado – preços, marcas de palmito, condições de

comercialização – pode-se concluir que:

a) Em algumas regiões – Santa Catarina e Sul da Bahia – há falta de matéria-

prima, devido ao aumento significativo da demanda ou à retração na

oferta de palmito extrativo, de juçara principalmente;

b) O preço do palmito é muito elevado, pois o produto não completou a

transição do ciclo extrativo (geralmente pouco reconhecido e valorizado)

para o ciclo cultivado (no qual se investe um montante maior de

recursos). Ainda que custe em torno de 50% menos que cogumelos e

aspargos, o palmito é mais caro que camarão e carne de primeira;

c) O produto ainda é mal apresentado nas gôndolas, há grande

desuniformidade nas embalagens (vidros de boca estreita, boca larga,

etc.), são freqüentes as latas amassadas, rótulos soltos, produto

envasado há mais de um ano, profusão de marcas, etc. Em geral, as

empresas possuem diversas marcas, que ao menor sinal de algum

problema, são retiradas do mercado e substituídas por outras. A isso

se deve agregar a questão da baixa uniformidade e qualidade intrínseca

de grande parte do produto à venda, mesmo em supermercados

exigentes (palmito com a marca Doidão, em uma grande rede de

São Paulo, p. ex.);

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105O Agronegócio do Palmito no Brasil

d) O número de marcas com a designação orgânica, ecológica, produto

natural e outras ainda não é significativo. Das dezenas de marcas

anotadas nos supermercados, apenas uma apresentava a designação

palmito ecológico. Havia marcas (uma de cada) com as designações

palmito silvestre tradicional, palmito natural da Amazônia, palmito

cultivado, produto natural cultivado. As agroindústrias do Pará e

Amapá tendem a explorar mais as designações ecológico, orgânico,

nativo e natural, principalmente com o produto para exportação. A

designação cultivado (duas marcas) constava em produto do Sul da

Bahia e em mais algumas marcas de palmeira-real de agroindústrias

de Santa Catarina.

A julgar pelos dados da pesquisa de marcas e espécies nos supermercados,

praticamente não existe mais palmito de juçara no mercado. De fato, essa

espécie vem sendo menos freqüente no mercado formal, o que, em tese, reflete

a diminuição dos seus estoques na floresta. Contudo, o produto que abastece

restaurantes, churrascarias e lanchonetes no Sudeste e Sul do país ainda é de

juçara, oriundo da produção informal.

Quanto aos preços do palmito de tolete no varejo, verificou-se que:

a) Os preços de açaí, pupunha e palmeira-real se equivalem (média de

R$ 21,00/kg/vidro 300 g). O palmito de juçara tem preço 20% superior

aos demais;

b) Em São Paulo, os preços são de 20% a 25% maiores que a média geral

para todas as espécies;

c) Em Belém, o palmito é 30% mais barato que a média geral;

d) O preço do palmito enlatado (média de R$ 25,82/kg) é sempre cerca

de 25% maior que o envasado em vidros;

e) Em um supermercado de São Paulo, anotou-se o preço de R$ 35,00/kg/

palmito/juçara e R$ 40,00/kg/palmito/açaí, ambos em latas de 500 g;

f) Os preços do palmito das marcas Gini, Hemmer (açaí) e Bonduelle

(pupunha) foram sempre os mais elevados em todos os mercados

visitados. Segundo os gerentes das lojas, essas marcas vendem

bem e não “encalham” na gôndola, possivelmente devido à

garantia de qualidade.

Com relação ao palmito picado, na média geral (consideradas as quatro

espécies) o preço era cerca de 37% mais baixo que o do palmito tolete. Também

nesta forma o palmito juçara possui, em média, preço 25% mais elevado

que os demais.

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106 Circular Técnica nº 130

Das dezenas de marcas observadas, a grande maioria é envasada em

vidros de 300 g. Apenas 11 eram envasadas em vidros de 180 g, duas em vidros

de 270 g, uma de 290 g, uma de 100 g e outra de 450 g com picles. São mais

freqüentes os vidros de boca estreita que os de boca larga. Havia latas à venda

em quase todos os supermercados, predominando as de 500 g e apenas um

local em que havia latas de 400 g.

Diferente do que ocorre em outros países de mercado mais desenvolvido,

ainda são poucas as marcas da própria rede de supermercados. Foram

registradas apenas três marcas: Carrefour, PAPS e Sendas, nos mercados do

Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo.

Nos mercados de Manaus e Belém não havia o produto envasado em

potões. No Rio de Janeiro e em Niterói só havia em duas lojas. Em São Paulo e

Curitiba, essas embalagens são freqüentes nas maiores redes de supermercados.

A diversificação dos tipos de produto é baixa, em todos os

supermercados havia palmito tolete e picado. Outras formas de apresentação

do palmito como couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e palmito com

picles foram pouco freqüentes.

As poucas informações sobre o produto in natura indicam baixo

desenvolvimento desse mercado em todo o país. Embora sejam comercializadas

quantidades significativas de palmito extrativo e cultivado in natura, por conta

da tradição, esse mercado parece ser mais dinâmico no Espírito Santo. Há

empresas de grande porte atentas ao potencial desse mercado, como a Abiko,

de Linhares.

Na região serrana e nos municípios litorâneos de veraneio mais

importantes do Espírito Santo, a comercialização de pupunha in natura é

significativa. A demanda é alta, faltando produto, e há condições razoáveis de

produção. Em março de 2003, o produtor recebia R$ 2,00/haste. Processado e

embalado em sacos plásticos de polietileno era vendido a R$ 5,00/kg. Esse era

também o preço de comercialização da Abiko, no Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, essa forma de comercialização possui relativa

importância, com alguns produtores especializados em processamento

mínimo, vendendo principalmente para restaurantes e churrascarias. O mesmo

acontece no município de Itariri, localizado no Vale do Ribeira (SP), onde há

um núcleo de produtores de palmito de pupunha para comercializar o produto

na capital do estado.

Os problemas de custo, logística, distribuição, regulamentação sanitária,

conservação e embalagem, quantidade e regularidade no fornecimento da

matéria-prima têm dificultado o desenvolvimento da comercialização do

produto in natura em maior escala.

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107O Agronegócio do Palmito no Brasil

A questão da produtividade e, por conseguinte, do rendimento econômico

da pupunha e da palmeira-real permanece com baixo grau de definição, devido

à falta de padrão tecnológico razoavelmente definido para as diferentes

condições de solo e clima em que se plantam as duas espécies também por ser

atividade bastante recente em termos agronômicos.

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SIAMAZONIA. Sistema de Información de la Diversidad Biologica y Ambiental

en la Amazonia. Palmito en búsqueda de nuevos mercados. Disponível em:

www.siamazonia.org.pe/DetallesNoticias/Setiembre2002. Acesso em: 20

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Site dos Índices. Índices de Inflação. Disponível em: www.ai.com.br/

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STOIAN, D. Todo lo que sube tiene que bajar: la economia del palmito

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(Bactris gasipaes). Boletín de WRM, n. 33, Abr. 2000. Disponível em: <http:/

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113O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 1. Supermercados de Manaus em junho de 2002.

1

Vidros de boca larga ou estreita

2

DB: Depósito Bandeirantes

3

Banda é palmito cortado na forma longitudinal, em torno de 1 cm

4

No rótulo, “Qualidade Caracol”

5

No rótulo, “Palmito Silvestre Tradicional”

6

"Linha Prata”

7

Picles misto de palmito de açaí”: 50% de pequenos toletes no fundo do vidro, mais cenoura,

nabo e couve-flor.

ANEXOS

Anexo 1

Marcas comerciais, indústria/origem, tipo/espécie, preço e formas de

apresentação de palmito nos supermercados em Manaus, Belém, Rio de Janeiro,

Niterói, São Paulo e Curitiba.

Marca Indústria/origem Tipo Preço (R$) Forma1

Supermercados DB2

Cuniã Cooperama-RO Picado-pupunha 3,75 Vidro 300 gCuniã Cooperama-RO Tolete-pupunha 4,69 Vidro 300 gCuniã Cooperama-RO Banda-pupunha3 4,27 Vidro 300 gRio Preto Rio Preto/Belém-PA Tolete-açaí 4,77 Vidro 300 gItaipu Rio Preto/Belém-PA Tolete-açaí 2,32 Vidro 100 gOrly Sem dados Tolete-açaí 4,77 Vidro 300 g

Carrefour Shopping AmazonasIvaí Riomar/Belém4-PA Tolete-açaí 5,79 Vidro 300 gIdeal5 Riomar Tolete-açaí 6,89 Vidro 300 gGini6 Muaná/Muaná-PA Tolete-açaí 8,85 Vidro 300 gGini Gini/Afuá-PA Tolete-açaí 20,00 Lata 500 gGini Gini/Afuá-PA Picado-açaí 5,35 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte/Belém-PA Tolete-açaí 9,75 Lata 500 gIvaí Riomar Picles-açaí7 5,79 Vidro 300 gIvaí Riomar Picles-açaí 7,16 Vidro 450 g

Carrefour Loja CentroIdeal Riomar Picles-açaí 6,35 Vidro 300 gHemmer Itaituba/Itaituba-PA Tolete-açaí 6,15 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte/Belém-PA Tolete-açaí 7,99 Lata 500 gIdeal Riomar Tolete-açaí 6,89 Vidro 300 gIvaí Riomar/Belém4-PA Tolete-açaí 5,55 Vidro 300 g

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114 Circular Técnica nº 130

Tabela 3. Hipermercado do Espírito Santo em março de 2003.

1

Indústria e Comércio Juçara

Tabela 2. Supermercados1

de Belém em junho de 2002.

1

Pesquisa em três lojas de cada rede

2

No rótulo, “Palmito Natural da Amazônia”

3

Em conserva vinagrete

4

"Qualidade Caracol”

Marca Indústria/origem Tipo Preço (R$) FormaNazaré

MEG MEG/Novo Repartimento-PA Tolete-açaí 2,85 Vidro 180 gBrasPalm Maiauatá/Belém-PA Tolete-açaí 2,58 Vidro 180 gPalmazon2 Maiauatá/Belém-PA Tolete-açaí 2,71 Vidro 180 gMEG MEG/Belém-PA Tolete-açaí 4,02 Vidro 300 gBrasPalm Maiauatá/Belém-PA Tolete-açaí 3,73 Vidro 300 gIvaí Riomar Tolete-açaí 4,31 Vidro 300 gMEG MEG Tolete-açaí 5,32 Lata 500 gPalmazon Maiauatá Tolete-açaí 5,19 Lata 500 g

YamadaIvaí Riomar Tolete-açaí 2,61 Vidro 180 gIdeal Riomar Tolete-açaí 4,29 Vidro 300 gExcellence Riomar Tolete-açaí 4,29 Vidro 300 gIvaí Riomar Tolete-açaí 4,16 Vidro 300 gIvaí3 Riomar Tolete-açaí 5,34 Vidro 300 gIvaí4 Riomar Picado-açaí 3,32 Vidro 300 gIvaí Riomar Tolete-açaí 6,10 Lata 500 g

Marca Indústria/origem Tipo Preço (R$) FormaCarrefour Vila Velha

Hemmer Juçara1/Porto Velho-RO Tolete-açaí 7,89 Vidro 300 gBonduelle Ambial/Igrapiúna-BA Tolete-pupunha 7,49 Vidro 300 gEcopalm Coimex Rodela-pupunha 6,59 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte/Belém-PA Tolete-açaí 6,10 Vidro 300 gEcopalm Coimex Fatiado-pupunha 5,75 Vidro 300 gCarrefour Coimex Tolete-pupunha 5,69 Vidro 300 gCipalm Maiauatá/Belém-PA Tolete-açaí Sem preço Vidro 300 gCarrefour Coimex Picado-pupunha 3,40 Vidro 300 gIta Ita/Muaná-PA Tolete-açaí 14,90 Lata 500 gCarrefour F. Norte/Afuá -PA Tolete-açaí 14,00 Lata 500 g

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115O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 4. Supermercado do Rio de Janeiro em março de 2003.

1

Vidro 300 g

2

Com a designação “Mais em conta”

3

Picado na forma transversal

Nota: A primeira prateleira estava ocupada com aspargos, a segunda com cogumelos e as demais

(quatro) com palmito. Segundo o gerente, esta é a melhor loja da rede, com movimento

aproximado de 5.000 clientes/dia.

Marca Indústria/origem Tipo Preço (R$)1 Preço/kg(R$)

Sendas LeblonRoyal Palm C. C. Áreas/S. Sebastião-PA Tolete-açaí 5,35 17,83Sendas2 Hamex/Breves-PA Tolete-açaí 6,25 20,83Sendas Hamex Tolete-açaí 5,49 18,30King of Palm K. of P./Santana -PA Tolete-açaí 6,02 20,06Guajará Hamex Tolete-açaí 5,05 16,83King of Palm K. of P./Santana -PA Tolete-açaí Sem preço -Doidão Hamex Tolete-açaí Sem preço -Royal Palm3 C.C.Areas/S. Sebastião-PA Picado-açaí 4,15 15,37King of Palm K. of P./Santana -PA Picado-açaí 4,50 15,00Hamex Hamex Picado-açaí 3,69 12,30

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116 Circular Técnica nº 130

Tabela 5. Supermercados de Niterói em março de 2003.

1

Vidros de 300 g

2

Loja com 50 caixas, sete prateleiras simples com palmito e latas nas duas primeiras de cima

3

Latas amassadas com poeira na tampa

4

Com a designação “Orgânico”

5

Vidros com 15 ou 16 toletes de palmito

6

Com a designação “100% macio e ecologicamente correto”

Nota: A loja possui 3.970 m2

. Segundo o gerente, esta é a terceira loja Sendas em vendas.

Marca Indústria Tipo Preço(R$)1

Preço/kg(R$)

Carrefour Centro2

Cipalm Maiauatá Tolete-açaí 5,25 17,50Carrefour Floresta Norte Tolete-açaí 6,10 20,33Gini Muaná Tolete-açaí 7,69 25,63Ivaí Riomar Tolete-açaí 6,99 23,30Ideal Riomar Tolete-açaí 8,19 27,30Bonduelle Ambial/Igrapiúna-BA Tolete-pupunha 9,90 33,00Extra Gini3 Muaná Tolete-açaí - lata 18,90 37,80Carrefour Floresta Norte Tolete-açaí 8,39 16,78Cipalm Maiauatá Picado-açaí 3,85 12,83Carrefour Floresta Norte Picado-açaí 5,55 18,50Carrefour Coimex Picado-pupunha Sem preço -Ivaí Riomar Picles-açaí 8,29 18,42Carrefour Coimex Fatiado-pupunha 4,89 16,30Golden Palm Unacau Couvert-pupunha 6,59 21,97

Sendas CentroSendas Hamex/Breves-PA Tolete-açaí 5,49 18,30Doidão4 Hamex Tolete-açaí 4,35 14,50Guajará Hamex Tolete-açaí Sem preço -Golden Palm Unacau Tolete-Pupunha 5,55 18,50Hamex Hamex Picado-açaí Sem preço -

Sendas IcaraímaSendas Hamex/Breves-PA Tolete-açaí 5,49 18,30Royal Palms C.C. Areas/S.Sebastião-PA Tolete-açaí 5,35 17,83King of Palm K. of P./Santana -PA Tolete-açaí 5,95 19,83King of Palm4 K. of P./Santana -PA Picado-açaí 4,50 15,00King of Palm K. of P./Santana -PA Tolete-açaí 4,39 14,63Doidão5 Hamex Tolete-açaí 4,19 13,97Guajará Hamex Tolete-açaí 5,05 16,83Golden Palm6 Unacau Tolete-Pupunha 5,55 18,50Hamex Hamex Picado-açaí 3,69 12,30

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117O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 6. Supermercados de São Paulo (capital) em novembro de 2002.

Marca Indústria Tipo Preço(R$)

Forma

Pão de Açúcar Ana RosaJuquiá Juquiá Tolete-juçara 8,23 Vidro 300 gIvaí Riomar Tolete-açaí 7,75 Vidro 300 gBonduelle Ambial 8,99 Vidro 300 gAgropalm Agropalm/Juazeiro-BA 7,53 Vidro 300 gPAPS Floresta Norte Tolete-açaí 7,86 Vidro 300 gCristalina Cristalina1 7,93 Vidro 300 gCristalina Cristalina Toletinhos-açaí S/ preço Vidro 300 g

Pão de Açúcar JabaquaraIvaí Riomar Tolete-açaí 7,47 Vidro 300 gBonduelle Ambial Tolete-pupunha 8.69 Vidro 300 gAgropalm Agropalm/Juazeiro-BA Tolete-pupunha 7,23 Vidro 300 gPAPS Floresta Norte Tolete-açaí 7,86 Vidro 300 gCosta Dourada Tinoco-PE2 Tolete-pupunha 6,23Piquóia Sem dados Tolete-pupunha 7,05Cristalina Cristalina-PA Tolete-açaí 7,63Golden Palm Unacau/Una-BA Tolete-pupunha 7,23Gini Muaná Tolete-açaí 10,30Gini3 Muaná Tolete-açaí 18,20 Lata 500 gPAPS4 Floresta Norte Tolete-açaí 13,10 Lata 500 gPAPS Floresta Norte Tolete-açaí 11,90 Lata 500 g

Carrefour ImigrantesIvaí Riomar Tolete-açaí 6,99 Vidro 300 gIdeal5 Riomar Tolete-açaí 5,99 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte Tolete-açaí 6,10 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte Picado-açaí 5,10 Vidro 300 gCarrefour Floresta Norte Tolete-açaí S/ preço Lata 500 gCoimex Coimex Picado-Pupunha 3,90 Vidro 300 gCipalm Maiauatá-PA Tolete-açaí 4,90 Vidro 300 gCipalm Maiauatá-PA Picado-açaí 3,99 Vidro 300 gNatural Premium6 Natural-PA Tolete-açaí 8,30 Vidro 300 gGolden Primus Natural-PA Tolete-açaí 7,15 Vidro 300 gBonduelle Ambial Tolete-pupunha 9,89 Vidro 300 gGini Muaná Tolete-açaí 9,65 Vidro 300 gGini7 Muaná Tolete-açaí 19,00 Lata 500 gGolden Palm Unacau Couvert-pupunha8 6,95 Vidro 300 gGolden Palm9 Unacau Tolete-pupunha 7,63 Vidro 300 gGolden Unacau Toletinhos-pupunha 6,95 Vidro 300 gIvaí Pickles10 Riomar Toletinhos-açaí 7,35 Vidro 300 g

Continua

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118 Circular Técnica nº 130

1

Indústria no município de Santa Maria do Pará

2

Tinoco Agroindustrial - município de Sirinhaem - PE (produto amarelado)

3

Gini, Rótulo Preto “Palmito Extra”, selo ANFAP

4

PAPS, Rótulo Preto, selo “Qualitá”

5

"Qualidade Caracol”

6

Natural Premium, Agroindústria Natural/M. P. Duran - São Sebastião da Boa Vista - PA

7

Gini Extra, Rótulo Preto

8

Golden Palm “Palmito Cultivado”; Couvert é uma preparação do palmito em pequenas bolas

9

Golden Palm “Extra Macio”

10

Conserva: palmito com cebolas, azeitonas, cogumelos

11

Gini “Linha Prata”

12

Palmito amarelado

Tabela 6. Continuação.

Marca Indústria Tipo Preço(R$)

Forma

Extra BrigadeiroGini11 Muaná Tolete-açaí 9,77 Vidro 300 gIvaí Riomar Tolete-açaí 7,93 Vidro 300 gExtra Coimex Picado-pupunha 4,17 Vidro 300 gExtra Coimex Tolete-pupunha 6,03 Vidro 300 gExtra Coimex Rodelas-pupunha 6,03 Vidro 300 gExtra Floresta Norte Tolete-açaí 7,09 Vidro 300 gGolden Palm Unacau Tolete-pupunha 7,43 Vidro 300 gJuquiá Floresta Tolete-pupunha 8,39 Vidro 300 gBonduelle Ambial Tolete-pupunha 9,05 Vidro 300 gCristalina Cristalina-PA Tolete-açaí 8,09 Vidro 300 gCristalina Cristalina-PA Picado-açaí S/ preço Vidro 300 gAgropalm Agropalm/Juazeiro-BA Tolete-pupunha 7,67 Vidro 300 gHemmer Blumenau-SC Tolete-juçara 14,30 Lata 400 g

Pão de Açúcar ParaísoBonduelle Unacau/Una-BA Tolete-pupunha 9,90 Vidro 300 gGini Riomar/Trairão-PA Tolete-açaí 10,70 Vidro 300 gJuquiá Floresta/Juquiá-SP Tolete-pupunha 8,23 Vidro 300 gAgropalm12 Agropalm/Juazeiro-BA Tolete-pupunha 7,53 Vidro 300 gPAPS -Rótulo Preto Floresta Norte/Afuá-AP Tolete-açaí 13,70 Lata 500 gPAPS Floresta Norte/Afuá-AP Tolete-açaí 11,90 Lata 500 g

Barateiro ParaísoAgropalm12 Agropalm/Juazeiro-BA Tolete-pupunha 7,39 Vidro 300 gIvaí Riomar/Belém-PA Tolete-açaí 7,69 Vidro 300 gBarateiro Floresta Tolete-pupunha 6,43 Vidro 300 gJuquiá Floresta/Juquiá-SP Picado-pupunha 5,19 Vidro 300 gBarateiro Floresta Norte/Belém-PA Picado-açaí 4,20 Vidro 290 g

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119O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 7. Supermercados de Curitiba em 2002.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Ale Supremo Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,37Bom Bonito Açaí Vidro (inteiro) 500 PA 6,00Bom Bonito Açaí Vidro (picado) 270 PA 3,03Carrefour Açaí Lata (inteiro) 500 PA 8,95Carrefour Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,09Chef Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 3,98Chef Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,14Chef Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,24Cipalm Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,10Colônia Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 3,75Cristalina Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,57Cristalina Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,96DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,74DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,89DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,15DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,19DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,56DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,57DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,69DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,89DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,00DoVale Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,07DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,44DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,82DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,95DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,29DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,47DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,51DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,73DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,93DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,98DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,98DoVale Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,03DoVale Açaí Vidro (rodelas) 300 PA 3,41DoVale Açaí Vidro (rodelas) 300 PA 4,90DoVale Açaí Vidro (rodelas) 300 PA 4,93DoVale Açaí Vidro (picado) 1.800 PA 14,84

Continua

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120 Circular Técnica nº 130

Continua

Tabela 7. Continuação.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Extra Açaí Vidro (inteiro) 180 PA 5,99Extra Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,75Floripa Real Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,54Floripa Real Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,94Galeão Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,06Galeão Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,37Galeão Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,37Gini Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 8,55Gini Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 8,97Gini Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,33Gini Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,48Gini-Extra Açaí Lata (inteiro) 500 PA 17,10Gini-Extra Açaí Lata (inteiro) 500 PA 17,18Gini-Rótulo Preto Açaí Lata (inteiro) 500 PA 17,59Gini-Rótulo Preto Açaí Lata (inteiro) 500 PA 18,10Gold Primus Açaí Vidro (inteiro) 180 PA 3,88Gold Primus Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,19Great Value Açaí Vidro (inteiro) 180 PA 4,38Great Value Açaí Vidro (picado) 300 PA 4,58Guará Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,95Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,98Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,75Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,99Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,08Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,81Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,98Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 RO 8,59Hemmer Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 8,67Henck Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,98Ideal Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,48Ideal Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,59Ideal Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,99Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,99Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,00Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,48Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,56Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,99

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121O Agronegócio do Palmito no Brasil

Continua

Tabela 7. Continuação.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Ivaí Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,29Ivaí Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,37Jaraguá Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,28Jaraguá Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 6,25Jaraguá Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,75Jaraguá Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,75Jaraguá Açaí Vidro (picado) 300 PA 5,09King of Palms Açaí Vidro (inteiro) 180 AP 5,15King of Palms Açaí Vidro (inteiro) 300 AP 7,28King of Palms Açaí Vidro (picado) 180 AP 4,95Kormann Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,98Kormann Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,73Kormann Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,98Kormann Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,23Kormann Açaí Vidro (picado) 300 PA 3,25La Valle Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,49Mercadorama Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 3,95Muana Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,53Muana Açaí Vidro (rodela) 300 PA 6,15Muana Açaí Vidro (rodela) 300 PA 6,67PAPS Açaí Lata (inteiro) 500 PA 5,85PAPS Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 5,85PAPS Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,89PAPS Açaí Vidro (inteiro) 500 PA 11,40PAPS Açaí Vidro (inteiro) 500 PA 12,10Primus Açaí Vidro (picado) 270 PA 4,79Rio Preto Açaí Vidro (couvert) 300 PA 5,25Rio Preto Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,99Soberano Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 4,30Soberano Açaí Vidro (inteiro) 1.800 PA 28,80Soberano Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,70Soberano Açaí Vidro (picado) 1.800 PA 13,25Tauá Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,20Tauá Açaí Vidro (inteiro) 300 PA 7,35Tauá Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,59Tauá Açaí Vidro (picado) 1.200 PA 12,99Tauá Açaí Vidro (picado) 1.200 PA 16,99

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122 Circular Técnica nº 130

Continua

Tabela 7. Continuação.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Yaco Açaí Vidro (picado) 300 PA 2,76Barriga Verde Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 6,10Costa Sul Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 5,09Euro Juçara Vidro (inteiro) 1.800 SC 28,40Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 6,41Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 7,79Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 7,79Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 8,35Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 8,67Hemmer Juçara Vidro (inteiro) 1.200 SC 24,70Jurere Juçara Vidro (picado) 300 SC 3,59Juriti Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 8,75Juriti Juçara Vidro (picado) 300 SC 6,62Martendal Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 5,10Nativus Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 6,50Régio Juçara Vidro (picado) 300 PR 4,82Riston Juçara Vidro (picado) 300 SC 4,85Tunga Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 5,85Zilse Juçara Vidro (inteiro) 300 SC 6,99Barriga Verde Palmeira-real Vidro (inteiro) 300 SC 6,10GDM Palmeira-real Vidro (Banda) 300 SC 3,50GDM Palmeira-real Vidro (inteiro) 300 SC 4,65GDM Palmeira-real Vidro (inteiro) 1.800 SC 26,20GDM Palmeira-real Vidro (picado) 300 SC 3,50GDM Palmeira-real Vidro (picado) 1.800 SC 12,98GDM Palmeira-real Vidro (rodela) 300 SC 3,19Juquiá/Juriti Palmeira-real Vidro (inteiro) 300 SC 6,62Nativus Palmeira-real Vidro (inteiro) 300 SC 7,20Agropalm Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 5,77Agropalm Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 6,27Bonduelle Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 7,89Bonduelle Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 7,98Bonduelle Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 9,57Bonduelle Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 10,20Bonduelle Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 10,59Carrefour Pupunha Vidro (inteiro) 300 ES 4,87Carrefour Pupunha Vidro (picado) 300 ES 3,90

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123O Agronegócio do Palmito no Brasil

Continua

Tabela 7. Continuação.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Carrefour Pupunha Vidro (rodela) 300 ES 4,65Ecopalm Pupunha Vidro (inteiro) 300 ES 6,19Ecopalm Pupunha Vidro (picado) 300 ES 5,32Ecopalm Pupunha Vidro (rodela) 300 ES 5,32Ecopalm Gold Pupunha Vidro (rodela) 300 ES 5,71Extra Pupunha Vidro (inteiro) 300 ES 4,23Extra Pupunha Vidro (rodela) 300 ES 3,13Golden Palm Pupunha Vidro (couvert) 300 BA 5,26Golden Palm Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 5,86Golden Palm Pupunha Vidro (inteiro) 300 BA 6,25Golden Palm Pupunha Vidro (picado) 300 BA 4,34Golden Palm Pupunha Vidro (picado) 300 BA 5,26Guajaratiba Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 3,39Guajaratiba Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 5,65Guajaratiba Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 6,25Guajaratiba Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 6,25Guajaratiba Pupunha Vidro (picado) 300 PR 4,25Guajaratiba Pupunha Vidro (picado) 300 PR 4,25Juquiá Pupunha Vidro (inteiro) 300 PA 6,13Juquiá Pupunha Vidro (inteiro) 300 PA 6,63Marbbel Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 4,39Marbbel Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 4,63Marbbel Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 4,70Marbbel Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 5,00Marbbel Pupunha Vidro (picado) 300 PR 2,51Marbbel Pupunha Vidro (picado) 300 PR 2,57Marbbel Pupunha Vidro (picado) 300 PR 2,59Marbbel Pupunha Vidro (picado) 300 PR 2,78Nativus Pupunha Vidro (inteiro) 300 SC 5,48Nativus Pupunha Vidro (inteiro) 300 SC 5,67Nativus Pupunha Vidro (inteiro) 300 SC 6,13Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,77Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,87Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,02Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,02Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,29Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,55

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124 Circular Técnica nº 130

Fonte: Corso (2003)

Tabela 7. Continuação.

Marca Espécie Embalagem Pesodrenado (g)

Proce-dência

Preço(R$)

Nativus Pupunha Vidro (picado) 300 SC 3,57Yata Pupunha Vidro (banda) 300 RO 4,35Yata Pupunha Vidro (couvert) 300 RO 2,98Yata Pupunha Vidro (inteiro) 300 RO 4,58Yata Pupunha Vidro (inteiro) 300 RO 5,41Yata Pupunha Vidro (inteiro) 300 RO 5,60Yata Pupunha Vidro (picado) 300 RO 2,67Yata Pupunha Vidro (picado) 300 RO 4,15Yata Pupunha Vidro (rodela) 300 RO 3,75Zanuzzo Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 5,49Zanuzzo Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 5,99Zanuzzo Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 5,99Zanuzzo Pupunha Vidro (inteiro) 300 PR 6,06

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125O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 1. Preços de venda e custo aproximado para vidros de 300 g.

Fonte: Santos e Clement (1998)

A: Lojas Americanas

B: Roma

C: Distribuidor Bandeirantes

D: Grupo CO

E: Popular

1

Custo de atacado ao redor de 60% do custo de varejo

Anexo 2

Preços do palmito em Manaus.

Venda (R$) Custo (R$)Marcas

A B C D E Média Atacado Cálculo1

Pará 4,91 3,16 2,95Kaburé 3,90 4,52 4,21 2,60 2,53Marisa 6,91 6,14 6,53 3,90 3,92Fortaleza 5,50 5,50 3,65 3,30Trovão 4,28 4,28 2,50 2,57Cristalina 5,50 5,50 3,30Palm’s 4,94 4,90 2,96Jaraguá 3,30 3,90 3,60 2,16Ycapui 4,72 4,72 2,83GoiásArisco 8,90 6,90 7,80 7,46 7,77 4,50 4,66São Paulo 7,22 4,49 4,33Cica Jurema 7,50 6,90 7,53 7,31 4,50 4,39Só Fruta 8,39 6,79 7,15 7,44 4,45 4,47Nosso Palmito 5,90 5,90 4,30 3,54Bordon 5,76 5,76 3,46Gini 6,44 6,44 3,10 3,86Kenko 10,49 10,49 6,08 6,29Santa Catarina 5,48 3,29Hemmer 6,45 6,45 3,87Tauá 4,50 4,50 2,70AmazonasTapiré 6,50 6,35 7,00 6,62 5,00 3,97Média geral 6,00 4,05 3,60

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126 Circular Técnica nº 130

Anexo 3

Agroindústrias do palmito em Belém.

Tabela 1. Principais empresas exportadoras de palmito em conserva em 1997.

Fonte: Adaptado de Rodrigues e Miranda (2001). FNP/SECEX/DECEX

EmpresaValor

(US$1.000FOB)

%

Riomar Conservas Ltda. (Pará) 3.805 16,4Kanoa Indústrias Alimentícias Ltda. (Pará) 3.270 14,1Arisco Indústria Ltda. 3.070 13,2Indústria e Comércio de Conservas Maiuatá Ltda. (Pará) 2.384 10,3Gorrensen e Companhia Ltda. (Pará) 1.858 8,0Empasa Empreend. Agro Industriais do Pará Ltda. (Pará) 1.609 6,9Indústrias Alimentícias Flórida S.A. (Pará) 1.596 6,9Indústria de Conservas Alimentícias Juruena Ltda. 1.035 4,5Amazon - Com. Importadora e Exportadora Ltda. (Pará) 1.027 4,4Indústria e Comércio de Conservas Rio Preto Ltda. (Pará) 926 4,0Amazônia S.A. Indústria Alimentícia 479 2,1Afuá Ind. Com. de Conservas Alimentícias Ltda. (Pará) 441 1,9Hamex Ind. e Com. de Produtos Alimentícios Ltda. (Pará) 304 1,3Floresta Norte Indústria e Comércio Ltda. (Pará) 302 1,3Propus Conservas e Serviços Ltda. (Pará) 275 1,2Equador Indústria e Comércio de Conservas Ltda. 262 1,1Brasil Express Com. Importação e Exportação Ltda. 142 0,6F. C. Júnior Comércio e Exportação 122 0,5Outros 286 1,2Total 23.192 100,0

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127O Agronegócio do Palmito no Brasil

Tabela 1. Área com pupunha para palmito no Rio de Janeiro em junho de 2001.

Fonte: EMATER-RJ (2002)

Anexo 4

Área plantada com pupunha no Rio de Janeiro.

Área

Município Nºprodutores Plantada

(ha)

Emprodução

(ha)

Quantidadeproduzida

(t)

Angra dos Reis 115 39,50 16,00 19,20Paraty 52 53,00 18,00 21,00Resende 6 4,50 4,00 4,80Conservatória (Valença) 1 3,00 - -Piraí 1 2,00 - -Itaguaí 15 0,25 - -Mangaratiba 10 23,50 10,00 12,00Nova Iguaçu 9 4,10 2,00 1,00Japeri 32 10,00 6,00 2,00Guapimirim 2 4,00 7,00 6,00Bom Jesus do Itabapoana 4 0,30 - -Miracema 3 7,00 3,00 10,00Natividade 1 0,80 - -Macaé 1 2,00 0,80 1,00Bom Jardim 2 0,20 - -Nova Friburgo 1 0,50 - -Casimiro de Abreu 2 1,50 - -Silva Jardim 7 40,00 25,00 30,00Paraíba do Sul 1 0,50 - -Vassouras 1 1,00 - -São José do Vale do Rio Preto 1 0,60 - -Duas Barras 5 3,00 - -Santa Maria Madalena 3 2,50 - -Trajano de Moraes 5 3,00 - -Cachoeiras de Macacu 10 5,00 - -Papucaia (Cachoeiras de Macacu) 3 1,50 - -Total 293 213,25 91,80 107,00

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128 Circular Técnica nº 130

CEAGESP

Comerciante A

Preço no mercado: R$ 3,50/peça

Preço pago ao produtor: R$ 2,30/peça

Origem: Córrego dos Espanhóis/Araçatuba (SP), de José Ferreira Batista Neto-

(18) 623-0407/ 621-0957

Comercializa há cerca de um mês e vende cerca de 12 toletes a cada 15 dias.

Segundo o comerciante, há receio de comercialização do palmito in natura

por causa da proibição do juçara. Joga um monte da parte basal por não saber

que poderia ser usado.

Comerciante B

Preço: R$ 4,00/peça

Mesma origem e preço.

Vende cerca de 20 peças por semana.

Houve redução do consumo em função de notícias de botulismo.

Comerciante C

Preço: R$ 5,00/peça

Origem: Vale do Ribeira, São José do Rio Preto e Araçatuba (SP)

Distribui cerca de 1.500 peças por semana.

MERCADO MUNICIPAL

Preço da pupunha com casca: R$ 9,00/peça

Preço da pupunha sem casca: R$ 14,00/peça

Havia um comerciante comercializando palmito juçara a R$ 5,00 e 8,00/peça.

O comerciante informou que a pupunha não teve boa aceitação.

Anexo 5

Mercado do palmito de pupunha in natura em São Paulo (SP) em 2001.

Os dados foram coletados entre 14 e 18 de agosto de 2001 pelo pesquisador do

IAPAR Francisco Paulo Chaimshon. O câmbio em agosto de 2001 era US$ 1,00 =

R$ 2,30.

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129O Agronegócio do Palmito no Brasil

FEIRA DO PACAEMBU

Preço: R$ 10,00 (palmito bruto com casca)

Segundo a feirante, há receio de vender em função da fiscalização.

SACOLÃO DA HIGIENÓPOLIS

Palmito de primeira (processado): R$ 5,90 (cerca de 500 g)

Palmito de segunda (processado): R$ 3,30

Validade de 13 dias (refrigeração).

PÃO DE AÇÚCAR

(R: Maranhão - Higienópolis; R: Oscar Freire - Jardins; R: Cerro Corá - Alto da Lapa)

Palmito de segunda (processado): de R$ 6,79 a R$ 7,65 (500 g)

Palmito desfiado: R$ 7,60 (250 g)

Palmito carpaccio: R$ 7,65 (250 g)

Validade: 7 dias

Segundo informações de um gerente, o produto só era vendido em cinco lojas

da rede, localizadas na zona sul.

SANTA LUZIA

Palmito de primeira (processado): de R$ 14,00 a R$ 15,10/kg

Palmito carpaccio: R$ 16,00/kg

Palmito desfiado: R$ 16,00/kg

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130 Circular Técnica nº 130

Anexo 6

Preço do palmito nos supermercados do Paraná em 2002.

Fonte: Corso (2003)

Preço R$/vidro 300 gRede/Grupo

Açaí Pupunha Juçara Palmeira-real Preço médioSonae 3,00 4,00 5,60 - 4,20Condor 2,60 2,75 4,20 3,50 3,26Lembrasul 4,00 2,90 - - 3,45Pão de Açúcar 4,30 3,95 5,80 - 4,68Carrefour 4,50 3,00 6,00 - 4,50Festval 2,80 3,20 4,50 3,80 3,50Angeloni 2,65 - 4,35 - 3,50Makro 2,50 2,80 4,00 - 3,10Média 3,29 3,23 4,92 3,65 3,78Variância 0,69 0,28 0,71 0,04

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131O Agronegócio do Palmito no Brasil

Anexo 7

Número e procedência das marcas de palmito, por espécie na cidade de Curitiba

em 2002.

Tabela 1. Número e procedência das marcas de palmito, por espécie, nos

supermercados de Curitiba em 2002.

Fonte: Corso (2003)

Tabela 2. Procedência do palmito nos supermercados de Curitiba em 2002.

Fonte: Corso (2003)

Espécie Procedência Nº de marcas %Pará 29 47,5Amapá 1 1,6AçaíRondônia 1 1,6

Santa Catarina 11 18,0JuçaraParaná 2 3,3

Bahia 3 5,0Espírito Santo 3 5,0Paraná 3 5,0Santa Catarina 2 3,3Pará 1 1,6

Pupunha

Rondônia 1 1,6

Palmeira-real Santa Catarina 4 6,5

Estado Nº de marcas %Pará 30 49,2Santa Catarina 17 27,9Paraná 5 8,2Bahia 3 4,9Espírito Santo 3 4,9Rondônia 2 3,3Amapá 1 1,6Total 61 100,0

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O Agronegócio

do Palmito no Brasil

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