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O ALZHEIMER SOBRE O OLHAR DA NEUROPSICOLOGIA E
NEUROLOGIA.
¹Edilaine Bernardes DE SÁ
RESUMO
O presente trabalho foi realizado para verificar se as avaliações
neuropsicológicas e neurológicas são excludentes diante do diagnóstico da demência de
Alzheimer (DA). Demência que atua de maneira progressiva e irreversível provocando
declínio em certas funções intelectuais, podendo afetar diretamente a vida laboral e
social do indivíduo. É atualmente a causa mais comum de demência no mundo. Ao
perceber os primeiros sinais desta doença muitas pessoas procuram ajuda médica que
solicita uma bateria de exames, dentre eles as avaliações neuropsicológica e
neurológica. Mas a final qual a importância destas avaliações para o diagnóstico de DA?
Muitas pessoas se questionam se é necessário realizar ambas as avaliações. Muitas
vezes devido ao custo optam por realizar uma determinada avaliação, ou por achar
desnecessário a realização das duas avaliações. Ao término desta pesquisa se pode
concluir que ambas tem um papel relevante diante do diagnóstico de Alzheimer, sendo
complementares seus objetos de investigação. A avaliação neuropsicológica avalia
aspectos cognitivos enquanto que a avaliação neurológica investiga áreas cerebrais
comprometidas ou preservadas.
Palavras chave: Alzheimer, Neuropsicologia, Neurologia, Avaliação.
ABSTRACT
The present project was made to check if neuropsychological and neurological
assessments are excluding faced with diagnosis of Alzheimer’s disease (AD). Such type
of dementia acts in progressive and irreversible condition causing decline in certain
intellectual functions, it may affect the working and social life of the person. At present,
it is the most common cause of dementia in the world. When noticed the first signs of
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this disease, many people seek medical attention which request a battery of medical test,
neuropsychological and neurological assessments are among them. But, what is the
advantage about these medical exams to the AD diagnosis? Many people ask
themselves if it is necessary to undergo both exams. Many times due to the cost they
choose to undergo only one of them or by thinking that undergoing both are
unnecessary. At the end of this research it is able to realize that both medical exams are
important for Alzheimer’s diagnosis, being complementary its investigation objectives.
Neuropsychological exam evaluates cognitive aspects; meanwhile neurological exam
evaluates compromised or preserved cerebral areas.
Key words: Alzheimer, Neuropsychology, Neurology.
¹ Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior– FASIPE. Sinop-
MT- Brasil. E-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO
A doença de Alzheimer foi diagnosticada pela primeira vez em 1906 pelo Dr.
Alois Alzheimer e desde então apresenta grande incidência na população. É atualmente
a causa mais comum de demência no mundo. Segundo a OMS pelo menos 35,6 milhões
de pessoas no mundo sofrem com problemas decorrentes de demência mental e a
estimativa é que até 2030 esse número aumente para 65,7 milhões.
Com o desenvolvimento desta demência podemos observar no indivíduo um
progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais, podendo afetar
diretamente sua vida social. Muitas pessoas que buscam atendimento médico saem da
consulta com várias indicações de exames para serem feitos e nem sempre estas
solicitações são seguidas à risca. No caso específico da Doença de Alzheimer dois
exames são solicitados e por não perceber a real importância desses exames, ou por
parecerem desnecessários, perda de tempo e dinheiro, os pacientes acabam por escolher
um ou outro. O presente trabalho apresenta as diferenças nas avaliações
neuropsicológicas e neurológicas da doença de Alzheimer e como são realizadas.
Procuraremos assim verificar qual a importância de cada uma destas avaliações para a
formação de um diagnóstico mais preciso em relação à doença de Alzheimer. Também
foram levantados dados históricos desta doença que é atualmente a causa mais comum
de demência no mundo. Nas posteriores sessões debatido sobre o que é esta doença,
quais são seus principais sintomas e principalmente o que diferencia a avaliação
neuropsicológica da avaliação neurológica.
2.1. ALZHEIMER E SUA HISTÓRIA
A demência chamada Alzheimer foi diagnosticada pela primeira vez em 1902
pelo psiquiatra e neuropatologista Alois Alzheimer (1864 -1915). A paciente que
recebeu o primeiro diagnóstico desta demência foi Auguste D, que a partir dos 51 anos,
começou a demonstrar sintomas delirantes como ciúmes intensos em relação ao marido,
desorientação no tempo e no espaço, problemas de linguagem e perda de memória.
Estes sintomas continuaram a agravar-se progressivamente passados quatro anos e
meio, que se encontrava em fase avançada de demência, não encontrando uma cura, a
paciente veio a óbito aos 55 anos apresentando um quadro grave da doença.
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Para descobrir as causas da doença de Auguste, Dr. Alzheimer realizou a
autopsia da paciente fazendo um exame atomopatológico, realizado após o óbito. Este
exame é realizado através de uma análise minuciosa de tecidos ou órgãos, que são
estudados para buscar possíveis alterações. Através deste exame Alois Alzheimer
observou lesões no interior dos neurônios e uma grande acumulação de placas senis
(que são depósitos esféricos de β-amilóide (Aβ), associadas à função intelectual ocupam
grandes volumes de substância cinzenta cerebral acometida) nos espaços extracelulares.
Este conjunto de alterações mais tarde recebeu o nome doença de Alzheimer.
O Alzheimer é uma doença que atinge o cérebro de forma progressiva,
desenvolve-se lenta, mas continuamente, provocando a morte das células cerebrais e por
consequência atrofiando o cérebro, ocasionando prejuízo progressivo das funções
intelectuais, das habilidades de pensar, raciocinar e memorizar.
A demência segundo o DSM-IV: é um conjunto de déficits cognitivos e de
comprometimentos. Indivíduos com Alzheimer apresentam algumas alterações
características que são: uma marcante redução no volume cerebral, particularmente no
hipocampo, região importante do sistema límbico, responsável pela regulação das
emoções. Estas alterações dificultam a comunicação entre os neurônios o que acaba
afetando as sinapses.
MIOTTO (2012) estas alterações inicialmente começam afetando a memória, a
linguagem e o comportamento, com o tempo afetam outras funções mentais, acabando
por gerar a completa perda de autonomia nos doentes. A forma como esta doença atua é
diferenciada, variando de pessoa para pessoa, assim não é pré-determinada por um
conjunto de sintomas. Dependendo da idade, qualidade de vida, escolaridade, dentre
outros, pode evoluir de forma rápida ou de forma mais lenta.
O fator genético de acordo com SMITH (1999) é considerado atualmente como
coadjuvante. Pois para a autora o fator genético é apenas uma pequena porção se
comparado com os demais fatores. Tais como agentes etiológicos, a toxicidade a
agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, etc.
2.2. NEUROLOGIA E ALZHEIMER
Segundo LENT (2013) a neurologia é uma área da medicina tradicionalmente
caracterizada por um pensamento racional e pela precisão em definir o local do sistema
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nervoso atingido pelas enfermidades. Até pouco tempo não dispunha de muitos exames
que pudessem confirmar um diagnóstico, além de poucas formas de tratamento. Nas
últimas décadas ocorreu grande avanço nestes quesitos. Segundo Cowan e
Kandel(2001), a maior parte desses avanços está diretamente ligada aos avanços na
tecnologia incluindo o aprimoramento dos métodos para rastrear as conexões entre as
diferentes partes do cérebro, visualizar neurônios individuais e registrar sua atividade,
além de estudar o funcionamento de neurotransmissores.
2.2.1. NEUROLOGIA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Segundo MIOTTO (2012) durante estágios leves ou iniciais da demência
Alzheimer pode-se observar que as alterações de ressonância magnética são discretas, e
são encontrados alguns resultados controversos sobre a esperada redução no volume do
hipocampo e as alterações nos parâmetros de espectroscopia de prótons. Esta
controvérsia tem estimulado novos estudos destinados a um diagnóstico diferencial mais
preciso entre: (a) pacientes com pré-demência (comprometimento cognitivo leve) (b)
pacientes com uma forma pré-clínica da D.A (assintomática) e pacientes no estágio
inicial da D.A.
A neurologia na atualidade segundo LENT (2013) utiliza de métodos avaliativos
para chegar ao possível diagnóstico de pacientes DA. Somente um médico com
especialização em neurologia pode realizar estes métodos avaliativos nos pacientes, pois
estas avaliações são de extrema importância para um diagnóstico preciso. Este
neurologista deve realizar a avaliação baseando-se na anamnese obtida com o paciente e
com familiares, exame físico e neurológico, resultados laboratoriais e de imagem
cerebral. Utiliza-se de métodos como a neuroimagem, tomografia computadorizada,
ressonância nuclear magnética, SPECT e PET,os exames laboratoriais: hemograma
completo.
2.2.2. ALGUNS INSTRUMENTOS NEUROLOGIA
O PET e SPEC são utilizados para verificar se há redução bilateral e
frequentemente assimétrica do fluxo sanguíneo e do metabolismo em regiões temporais
ou têmporo parietais. Também podem diferenciar sujeitos idosos normais (ou com
comprometimento cognitivo leve) de pacientes com DA. Sendo ambos de grande
importância para o diagnóstico.
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A ressonância magnética funcional (FMRI) pode visualizar a atividade neuronal
ou durante o repouso ou em associação com uma tarefa que ativa regiões específicas do
cérebro. O método mais comum é dependente de oxigênio no sangue de nível que mede
alterações no fluxo sanguíneo, com base em mudanças na deoxihemoglobina.
Demonstra mínimas alterações, possibilitando uma imagem detalhada do cérebro.
Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) de crânio –
Estes exames são necessários para afastar outras causas de demência. Nas fases iniciais
da D.A, nas quais a amnésia é habitualmente a manifestação mais importante, a RM de
alta resolução pode mostrar atrofia da formação hipocampal, particularmente do córtex
entorrinal, onde se têm observado as alterações neuropatológicas mais precoces da
doença. É possível que RM possa detectar alterações nestas mesmas regiões ainda mais
precocemente
ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (ERM) do
hipocampo pode, portanto ser considerada um instrumento importante por permitir
conhecer a composição de metabolitos de amostra(s) de tecido nervoso normal e
patológico in vivo e de modo não invasivo, permitindo uma melhor compreensão dos
mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos com objetivos clínicos e de pesquisa.
Eletroencefalografia (EEG) tem uso estabelecido como método diagnóstico
auxiliar nas demências, principalmente quando o diagnóstico permanece aberto após as
avaliações clínicas iniciais.
2.2.3. EXAME CLÍNICO
Muitas vezes o paciente não consegue fornecer detalhes sobre seus sintomas,
assim é de fundamental importância que os familiares estejam presentes no momento da
consulta médica para relatar os sinais de anormalidade que tenham observado. Após a
entrevista médica detalhada, o paciente será submetido ao exame físico tradicional, com
ênfase no sistema neurológico, que pode não apresentar alterações na fase inicial.
Segundo os autores STOHR E KRAUS (2009) uma das formas de fazer um
diagnóstico diferencial da D.A é através da EEG (eletroencefalografia clínica) que
assume grande importância no diagnóstico diferencial, mostrando quais são as
estruturas alteradas. As alterações eletroencefalográficas encontradas na demência de
Alzheimer apresentam evolução menos característica do que outras demências. A
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variabilidade dos traçados aumenta de acordo com o grau de atrofia cerebral. São
exemplos de alterações encontradas na EEG de um indivíduo com DA: aparecimento de
discretas alterações gerais, aumento progressivo da gravidade das alterações, focos de
retardamento.
2.3. NEUROPSICOLOGIA
A palavra neuropsicologia foi empregada pela primeira vez no ano de 1913, mas
o seu estudo ganhou maior desenvolvimento a partir dos anos 40, através dos trabalhos
do psicólogo canadense, DONALD OLDING HEBB (1904 -1985). No ano de 1949
Hebb propôs a teoria do funcionamento do córtex cerebral baseado nas conexões
neuronais alteráveis. Assim HEBB sugeriu uma “teoria para a memória com base na
plasticidade sináptica”. Em resumo a teoria, aceita que a transferência de mensagens
entre os neurônios pode ser regulada, não sendo um fenômeno rígido e imutável, mas
algo modificável dependendo das circunstâncias. Desta forma o armazenamento de
memória não consistiria na modificação das propriedades dos neurônios, nem muito
menos implicaria na presença de circuitos considerados determinados e imutáveis, mas
“o traço mnésico estaria ligado à formação e à persistência de uma rede de conexões
entre as células, embora nenhuma delas contenha a informação necessária à restituição
da lembrança”. (SANVITO, 1991, p. 89). Podemos entender diante do pensamento de
HEBB que podemos melhorar o processamento das informações mentais mesmo
havendo o comprometimento nas células neuronais. Podemos estimular o cérebro do
paciente para este realizar mais conexões sinápticas, assim não deixando o cérebro se
deteriorar rapidamente.
Segundo CUNHA (1993) inicialmente, a avaliação neuropsicológica pretendia
chegar à identificação e localização de lesões cerebrais focais. Atualmente, baseiam-se
na localização dinâmica de funções, tendo por objetivo a investigação das funções
corticais superiores, como, por exemplo, a atenção, a memória, a linguagem, percepção,
entre outros.
Já LURIA (1902-1977), Alexander Romanovich Luria, famoso neuropsicólogo
russo, investigou as funções superiores nas suas relações com os mecanismos cerebrais
e desenvolveu a noção do sistema nervoso funcionando como um todo, considerando o
ambiente social como determinante fundamental dos sistemas funcionais responsáveis
pelo comportamento humano. Luria afirmava que as funções psíquicas do homem são
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produtos de uma larga evolução, possuem uma estrutura complexa e estão sujeitas a
modificações em seus elementos constitutivos. Os sistemas funcionais não podem ser
localizados senão dinamicamente, em constelações de trabalho, com a ajuda de
diferentes neurônios. Segundo LURIA,
Toda atividade mental humana é um sistema funcional
complexo efetuado por meio de uma combinação de estruturas
cerebrais funcionando em concerto, cada uma das quais dá a sua
contribuição particular para o sistema funcional como um todo.
(LURIA, 1981, p. 23).
2.3.1. AVALIAÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E SEUS OBJETIVOS
“As avaliações utilizadas pela neuropsicologia têm o objetivo de investigar quais
as funções cognitivas que estão preservadas e quais estão comprometidas” (MIOTTO,
2012). Para a realização desta avaliação o profissional deve recorrer de instrumentos
como testes, baterias e escalas validados pelo Conselho Federal de Psicologia. Estes
devem ser específicos para avaliação das funções cognitivas. O profissional
neuropsicólogo irá investigar através destes o desempenho de habilidades cognitivas
como percepção, atenção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem,
processamento da informação, visuoconstrução, executivas e habilidades motoras. Estas
avaliações são realizadas unicamente pelo profissional psicólogo que tenha
especialização em neuropsicologia.
Segundo a definição de LEZAK (2005), “Avaliação Neuropsicológica é o
método para investigação do funcionamento cerebral através do estudo
comportamental”. Tendo como objeto central de estudo o cérebro e não o
comportamento como a avaliação psicológica. Assim seus objetivos são
fundamentalmente fazer um diagnóstico diferencial, verificar se há presença ou não de
alguma disfunção cognitiva. Localizar alterações discretas, a fim de detectar as
disfunções ainda em estágios precoces. Contribuir para o planejamento do tratamento e
no acompanhamento da evolução dessa doença em relação aos tratamentos que estão
sendo ministrados no paciente. Com base nesta avaliação é possível decidir por qual
tipo de intervenção seguir.
Na avaliação neuropsicológica consegue-se identificar quais são as áreas
neuropsicológicas que possam estar em comprometimento ou atuando de forma
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adequada. Segundo MIOTTO (2012) existem alguns critérios que são analisados para
chegar a um quadro de DA, são eles: comprometimento da memória, déficits cognitivos,
comprometimento de pelo menos duas funções cognitivas: a) linguagem, b) Praxias, c)
Gnosias, d) funções executivas. Assim o profissional deve estar atento para com estes
critérios escolher testes que consigam rastrear o funcionamento dessas funções.
Dependendo das particularidades do paciente o profissional terá que adaptar suas
testagem, escolhendo instrumentos acessíveis ao paciente, por exemplo, diante de um
teste que exija leitura do enunciado, se o paciente não souber ler, não conseguirá realizar
as tarefas solicitadas. Assim terá influência no resultado da testagem. Segundo ZANINI
(2010) outro fator que pode interferir na testagem é o gênero, no qual podemos observar
que mulheres apresentam melhor desempenho nas habilidades verbais e os homens em
contrapartida em tarefas matemáticas. Também a idade do paciente e a escolaridade
podem influenciar, sendo a que pessoas com nível de escolaridade mais elevados são
mais tolerantes aos sinais do envelhecimento mental.
2.3.2. COMO É FEITA A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
A avaliação neuropsicológica pode ser subdividida em detalhada e breve,
dependendo da demanda de tempo e do paciente pode ser escolhido pelo profissional a
que mais se adapte a situação.
O que é uma avaliação detalhada e o que é uma avaliação breve? A avaliação
detalhada é uma avaliação mais demorada, implica na aplicação de várias técnicas e de
tempo útil maior. Uma avaliação neuropsicológica detalhada deve incluir o exame das
funções cognitivas e emocionais (LEZAK, 2004). Uma avaliação detalhada inclui a
aplicação de vários testes, para que se avalie adequadamente. Estes testes devem avaliar
várias áreas, para fornecer uma visão ampla tanto dos aspectos emocionais do paciente,
quanto dos aspectos cognitivos. De acordo com ZANINI (2010) a avaliação
neuropsicológica detalhada é recomendada especialmente nos estágios iniciais de
demência em que os testes breves podem ser normais ou apresentar resultado limítrofe.
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E a avaliação breve por outro lado como o nome já diz, dispõem de um
tempo menor para sua aplicação, são testes mais simples de serem ministrados. Uma das
vantagens da avaliação cognitiva breve, é que ela permite uma diferenciação entre
depressão e a demência em pacientes idosos psiquiátricos ambulatoriais que apresentam
queixas de memória, proporcionando dados para a organização de um protocol Simples,
racional e de baixo custo para o atendimento da população em serviços de saúde
pública. São exemplos de avaliação neuropsicológica breve: o mini- exame estado
mental, o NEUROPSILIN, A escala de avaliação de demência (DRS),Teste do Desenho
do relógio (Clock Drawing Test - TDR),teste de fluência verbal, questionário de
Pfeffer(QPAF). Já a Escala de Inteligência de Adultos de Wechsler (WAIS) e o teste da
reprodução visual de figuras da escala de memória de Wechsler, são instrumentos de
avaliação detalhada, também a utilização de várias escalas combinadas, formando uma
bateria de testes, pode ser considerada uma forma detalhada.
2.3.3. O MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)
Elaborado por FOLSTEIN et al (1975), é o instrumento mais utilizado para
avaliar as funções cognitivas por ser rápido e de fácil aplicação, apenas necessita de um
roteiro para sua aplicação, que não ultrapassa 10 minutos. Deve ser utilizado com o
objetivo de identificar um possível comprometimento não descartando uma avaliação
mais detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação espacial, temporal,
memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem, repetição, compreensão, escrita e
cópia de desenho), não tem caráter diagnóstico, mas sim pra indicar funções que
precisam ser investigadas. É utilizado pelos neuropsicólogos como um dos primeiros
instrumentos a serem aplicados. A folha de aplicação deste teste é encontrada
facilmente na internet devido ao seu caráter mais investigativo do que diagnóstico.
2.3.4. BATERIA DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA BREVE
(NEUROPSILIN)
Esta bateria foi criada por FONSECA (2009) o qual desenvolveu um
instrumento de avaliação neuropsicológica breve. Construído com todo rigor
metodológico, e utilizando procedimentos teóricos e empíricos com a finalidade de
garantir uma ampla fonte de evidências de validade. Seu objetivo é fornecer um perfil
neuropsicológico breve através da avaliação de habilidades cognitivas: orientação
temporo-espacial, atenção, percepção, memória de trabalho, memória verbal episódica-
semântica, memória visual de curto prazo, memória visual de longo prazo, memória
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prospectiva, habilidades aritméticas, linguagem, praxias e funções executivas, por
meio de 32 tarefas. Permitindo assim identificar quais funções estão preservadas e
quais estão deficitárias. É considerado breve, pois tem duração de 30 a 40 minutos,
variando de paciente para paciente, dependendo das funções cognitivas estarem
preservadas ou mais comprometidas.
2.3.5. ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DEMÊNCIA (DEMENTIA RATING
SCALE – DRS)
A escala de avaliação de demência (DRS) tem sido utilizada de maneira
sistemática pelo grupo de neurologia cognitiva e do comportamento (GNCC) do
departamento de neurologia da faculdade de medicina de são Paulo (FMUSP) na
avaliação de pacientes com demência há 15 anos. O DRS contém sub-escalas que
possibilita o acesso parcial das áreas comprometidas e preservadas que pode auxiliar na
complementação da avaliação neuropsicológica, alertando para áreas que devem ser
avaliadas mais profundamente. A presença das sub-escalas também permite a análise da
progressão ou não da doença. É um instrumento que permite o acesso a um número
maior de informações a respeito do paciente e sua doença, em diferentes graus. De
intensidade, além de auxiliar no diagnóstico diferencial. Avalia a atenção,
iniciativa/perseverança, construção, conceituação e memória.
2.3.6. TESTE DESENHO DO RELÓGIO
Teste do Desenho do relógio (ClockDrawing Test - TDR). Originalmente
descrito na avaliação da disfunção do lobo parietal, avalia de forma simples, as funções
viso-espaciais, linguagem, capacidade de planejamento, praxia, memória, habilidade
visuoconstrucional e função executiva. Este teste é basicamente focado no desenho de
um relógio mostrando o horário solicitado. Contendo os ponteiros, horas e minutos.
2.3.7. TESTE DE FLUÊNCIA VERBAL
Verifica a existência de prejuízo de memória semântica e nas estratégias de
busca, relacionadas à função executiva. Consiste em solicitar à pessoa que fale o maior
número possível de animais em 1(um) minuto. Este teste conclui se há presença de
declínio cognitivo.
2.3.8. QUESTIONÁRIO DE PFEFFER (QPAF)
É uma escala de 11 questões aplicada ao acompanhante ou cuidador da pessoa
idosa discorrendo sobre a capacidade desse em desempenhar determinadas funções. As
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respostas seguem um padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer
agora (0); com alguma dificuldade, mas faz (1); nunca fez e teria dificuldade agora (1);
necessita de ajuda (2); não é capaz (3). A pontuação de seis ou mais sugere maior
dependência. A pontuação máxima é igual a 33 pontos. Esta escala tem como objetivo
verificar a presença de declínio cognitivo e o grau deste. Quanto mais elevado o escore
maior a dependência de assistência.
2.3.9. ESCALA WECHSLER DE INTELIGÊNCIA PARA ADULTOS - BATERIA
WAIS – III
A aplicação da bateria WAIS –III é indicada. Nesse caso, com a finalidade
primordial da avaliação da memória e da inteligência de pessoas com DA, medindo o
grau de deterioração. É útil em apontar declínios nas áreas intelectual, funções
executivas, linguagem e memória. Trata-se de um teste bastante completo
(Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória de Trabalho e Velocidade de
Processamento, QIs Verbal, de Execução e Total). Sua aplicação demanda de um tempo
maior, em média de 90 a 120 minutos, sendo considerado um instrumento detalhado.
3. CONCLUSÕES
Observou-se que a avaliação neurológica é baseada em exames e instrumentos
que avaliam os aspectos físicos da doença, assim verificando quais as áreas do sistema
cerebral se encontram comprometidas, o que estas alterações implicam, quais medidas
podem ser tomadas para amenizar o progresso biológico destas disfunções. Enquanto
que a avaliação neuropsicológica avalia aspectos cognitivos, verifica quais as áreas da
cognição foram prejudicadas, o que estas alterações podem afetar no comportamento e
na vida social.
Diante dos dados analisados anteriormente se pode verificar que as avaliações
neurológicas e neuropsicológicas tem suas especificidades, cada qual avalia um objeto
em especial. A avaliação Neurológica tem como objetivo avaliar quais as células
cerebrais estão afetadas e quais estão preservadas, se ocorreu redução no volume
cerebral ou se há alterações neuroquímicas nos neurotransmissores. Em contrapartida a
avaliação neuropsicológica avalia as funções cognitivas, verificando se essas
encontram-se preservadas ou estão comprometidas.
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Concluindo que as avaliações neuropsicológicas e neurológicas são
complementares para o diagnóstico do paciente com Alzheimer. No entanto quando for
solicitado ao paciente que realize ambas as avaliações fica claro que ambas as
avaliações são necessárias para fornecer um diagnóstico preciso. Um diagnóstico
fidedigno ajuda na execução de um tratamento para retardar o progresso desta
demência, o que pode fornecer uma melhor qualidade de vida para o paciente, uma vez
que a cura para tal doença ainda não foi confirmada.
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