O ANGLO A PROVA DA PUC-SP DO...

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É trabalho pioneiro. Prestação de serviços com tradição de confiabilidade. Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examina- doras em sua tarefa árdua de não cometer injustiças. Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o es- tudante em seu processo de aprendizagem. O Concurso Vestibular da Pontifícia Universidade Cató- lica de São Paulo seleciona candidatos para os cursos de diversas instituições: PUC-SP, Faculdade de Medicina do ABC, Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, Faculdade de Medicina de Marília (estadual) e Faculdades SENAC. É realizado em uma única fase, que se divide em dois dias. A prova do 1º dia consta de 81 testes de múltipla escolha, valendo 10 pontos cada, sendo nove de cada disciplina: Lí ngua Portuguesa, Literatura, Biologia, Lí ngua Estrangeira (Ingl ê s ou Franc ê s), Hist ó ria, Geografia, F í sica, Matemática e Quí mica. A prova do 2º dia é constituída de 4 quest ões anal ítico- -expositivas interdisciplinares: uma de Redação (150 pontos), uma de Hist ória e Geografia (80 pontos), uma de Matemática e Fí sica (80 pontos) e uma de Biologia e Quí mica (80 pontos). As provas e disciplinas não têm peso, e a pontuação final é a soma das notas obtidas. O ANGLO RESOLVE A PROVA DA PUC-SP DO 2 º DIA

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É trabalho pioneiro.Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examina-doras em sua tarefa árdua de não cometer injustiças.Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o es-tudante em seu processo de aprendizagem.

O Concurso Vestibular da Pontifícia Universidade Cató-lica de São Paulo seleciona candidatos para os cursosde diversas instituições: PUC-SP, Faculdade de Medicinado ABC, Faculdade de Direito de São Bernardo doCampo, Faculdade de Medicina de Marília (estadual) eFaculdades SENAC.É realizado em uma única fase, que se divide em doisdias.A prova do 1º dia consta de 81 testes de múltipla escolha, valendo 10 pontos cada, sendo nove de cada disciplina:Língua Portuguesa, Literatura, Biologia, Língua Estrangeira(Inglês ou Francês), História, Geografia, Física,Matemática e Química.A prova do 2º dia é constituída de 4 questões analítico--expositivas interdisciplinares: uma de Redação (150pontos), uma de História e Geografia (80 pontos), umade Matemática e Física (80 pontos) e uma de Biologia eQuímica (80 pontos).As provas e disciplinas não têm peso, e a pontuaçãofinal é a soma das notas obtidas.

OANGLO

RESOLVE

A PROVADA PUC-SPDO 2º DIA

A água é fundamental para os seresvivos, por isso resolvemos abordar algunsaspectos desse tema para poder dialogarcom você.

H2O

Biologia e Química

A água é fundamental para a existência dos seres vivos e eles apre-sentam diversas estratégias para obtê-la do meio em que vivem. Porexemplo, a maioria das plantas absorve a água que está disponívelno solo.

Para o desenvolvimento da agricultura em regiões áridas, torna-senecessário disponibilizar água no solo, o que é feito por meio de téc-nicas de irrigação. Entretanto, em certas regiões extensivamenteirrigadas, pode ocorrer a salinização do solo, tornando-o infértil,pois, à medida que a água evapora, os sais se acumulam no solo e,quando isso acontece, as células das raízes das plantas passam aperder água ao invés de absorvê-la.

4 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

Um experimento realizado em laboratório, a 27°C, ilustra o processo de passagem da água pelas mem-branas celulares. No caso, foi utilizado uma membrana semipermeável, cuja característica é permitir apassagem do solvente e não do soluto.

Com base nas informações apresentadas e em seus conhe-cimentos de Biologia e Química, elabore um texto sucintoque contemple as seguintes questões:• explique o ocorrido nos experimentos 1 e 2, indicando o

nome desse fenômeno. Relacione esses experimentos como fato de as raízes das plantas absorverem a água forne-cida pela irrigação ou perderem água quando o soloestá salinizado.

• determine a concentração em mol/L e a pressão osmóti-ca da solução B, considerando a dissociação total docloreto de sódio. Indique os cálculos.

• apresente o procedimento para a preparação de 500mLde uma solução de glicose (C6H12O6) isotônica (mesma pressão osmótica) da solução B. Indique o cálculo para determinar a concentração dessa solução deglicose, bem como o procedimento para prepará-la, citando a aparelhagem necessária.

• tanto nas células animais quanto nas células vegetais ocorre entrada e saída de moléculas de água.Observou-se que uma célula animal colocada em um recipiente contendo água pura aumentou seuvolume até estourar; entretanto, em uma célula vegetal, houve a entrada de um certo volume de água,mas não houve o rompimento da célula. Explique essas observações, relacionando os diferentes efeitosobservados com a estrutura dos dois tipos de células e com o conceito de pressão osmótica.

Dados: Posmótica = CRTi,onde C é a concentração em mol/L,R é a constante dos gases perfeitos (R = 0,082atm ⋅ L/mol ⋅ K)T é a temperatura em Kelvini é o fator de van’t Hoff

massa molar do NaCl = 58,5g/molmassa molar da glicose = 180g/mol

Líquido B: 500 mL de solução aquosa contendo 11,7 g de cloreto de sódio (NaCl).Líquido C: 500 mL de solução aquosa contendo 23,4 g de cloreto de sódio.

B C

MEMBRANA SEMI-PERMEÁVEL

500 mL

INÍCIO APÓS O EQUILÍBRIO

EXPERIMENTO 2

Líquido A: 500 mL de água.Líquido B: 500 mL de solução aquosa contendo 11,7 g de cloreto de sódio (NaCl).

A B

MEMBRANA SEMI-PERMEÁVEL

500 mL

INÍCIO APÓS O EQUILÍBRIO

EXPERIMENTO 1

5PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

• Nos experimentos 1 e 2, a água atravessou a membrana semipermeável da solução de menorconcentração para a solução mais concentrada. Esse fenômeno é chamado de osmose.Na irrigação, as raízes absorvem, por osmose, água da solução do solo, por ser esta menos con-centrada do que a solução interna dos vacúolos celulares. Em solos salinos, ao contrário, a con-centração da solução do solo é maior do que a da solução celular, ocorrendo saída de água dasraízes por osmose.

• Volume da solução = 500mL = 0,5L = V(L)massa do soluto (NaCl) = 11,7g = m1

Massa Molar NaCl = 58,5g mol–1 = M1Molaridade ou concentração em mol/L

NaCl → Na+ + Cl–

1 mol 1 mol 1 mol

i = 2

T = 27°C + 273 = 300KR = 0,082 atm L mol–1 K–1

Posmótica = C ⋅ R ⋅ T ⋅ i

Posmótica =

Posmótica = 19,68atm

• Como as soluções de NaCl e de glicose são isotônicas, teremos:

Posmótica (sol. Glicose) = Posmótica (sol. NaCl)ouCRT = C’RTi

ondeC = concentração em mol/Li = fator de van’t Hoff do NaCl.Admitindo-se α = 100%, vem que i = 2

CRT = C’RT2Mantendo-se a temperatura constante, pode-se cancelar o produto RT:

C = 2C’Como C’ = 0,4 mol/L de NaCl, calcula-se:

C = 2(0,4 mol/L) = 0,8 mol/L de glicose.Cálculo da concentração em g/L:

1 mol (glicose) 180g m = 144 g

0,8 mol m

Como o volume desejado de solução é 500mL, a massa necessária de glicose será igual a 72 g.

O procedimento para preparar tal solução será, por exemplo, pesar 72g de glicose e dissolveressa massa em água suficiente para 500mL de solução, utilizando-se um balão volumétricoaferido para esse volume.

• Em qualquer célula, seja ela animal ou vegetal, as soluções internas são mais concentradas doque a água pura. Ambas têm, portanto, uma pressão osmótica maior do que a do meio em queestão mergulhadas e, devido a isso, absorvem água. No caso da célula animal, a absorção ultra-passa o limite de resistência da membrana plasmática, que acaba por se romper. Na célula vege-tal, a presença de uma membrana celulósica externa à membrana plasmática, de elasticidadelimitada porém de grande resistência, permite a entrada de água até o estado de turgescênciamáxima, não ocorrendo ruptura celular.

0 4 0 082 3002

, ,mol atmL KL molK

⋅ ⋅⋅

11 758 5 0 5

0 41,

, ,, /–

gg mol L

mol L⋅

=

C

mM V L

= =ηη 1

1 ( )

6 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

RESOLUÇÃO:

12

3

1442443

Física e MatemáticaNormalmente, quando andamos sob chuva, as gotas que caem não nos machucam. Isso ocorre porqueas gotas d’água não estão em queda livre, mas sujeitas a um movimento no qual a resistência do ar nãopode ser desconsiderada.

A resistência do ar é uma força cujo sentido é sempre contrário ao sentido do movimento do objeto e seuvalor é tanto maior quanto maior for a velocidade do corpo em movimento. Para uma gota em queda, avelocidade aumenta até um valor máximo denominado velocidade limite. Como as gotas têm, emgeral, pequena massa e baixa velocidade limite — em média 18km/h — o impacto, normalmente, nãonos causa sensação dolorosa.

Os textos abaixo se relacionam com o descrito.Leia-os com atenção e responda o que se solicita.

TEXTO 1CORTANDO O AR“Vencer a resistência do ar ao deslocamento do carro é função da aerodinâmica. A forma ideal de qualquermodelo seria a criada pela natureza na gota d’água”, explica o chefe de Design da Volkswagen do Brasil,Luiz Alberto Veiga (que preparou para o jornal “O Estado de S. Paulo” os desenhos do quadro abaixo).

TEXTO 2CALCULANDO A FORÇA DE RESISTÊNCIA DO AR

Qualquer objeto em movimento com velocidade v sujeito à resistência do ar (Fres), tem a ele associado umnúmero chamado coeficiente de arrasto aerodinâmico, indicado por Cx . Quanto menor o coefi-ciente, melhor a aerodinâmica. O Cx é uma grandeza adimensional e seu valor para automóveis, nor-malmente, varia entre 0,3 e 0,9.

A área (A) do objeto, voltada para o movimento, também, tem uma influência importante na resistênciado ar.Para entender que área é essa, observe-a, por exemplo, na figura ao lado:

Outro fator importante a considerar é a densidade do ar (d). Um mesmo objeto,movimentando-se a uma mesma velocidade, sofre menor resistência em um localem que o ar seja menos denso.

Há uma fórmula que relaciona todas as grandezas que discutimos até aqui e que permite calcular ovalor da força de resistência do ar que atua sobre os objetos na maioria das situações:

|Fres| = ⋅ d ⋅ A ⋅ Cx ⋅ v212

A forma ideal de carro seria a de uma gota cortadalongitudinalmente: isso não provocaria turbulênciaatrás, facilitando o deslocamento.

O desenho dos sedãs e cupês permite que o arflua com mais facilidade ao longo da carroceria,reduzindo a turbulência e, portanto, o repuxo.

Modelos hatch têm mais problemas de aerodinâ-mica, porque criam áreas de maior turbulênciaatrás – o efeito “desentupidor de pia”, quedificulta o avanço.

A gota d’água:aerodinamicamente

perfeita

EM BUSCA DO MODELO IDEAL

7PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

QUESTÕESA) De acordo com as informações contidas nos textos e figuras, analise as ilustrações abaixo e identifique

qual dos veículos possui o maior valor para o coeficiente de arrasto aerodinâmico. Justifique.

B) Suponha uma gota de chuva, em queda livre, após desprender-se de uma nuvem situada a 1280m dealtura. Calcule a velocidade da gota ao atingir o solo e determine quantas vezes o valor encontrado émaior do que a velocidade limite citada no texto de introdução. Considere a gota inicialmente emrepouso em relação ao solo.

C) O fato de as gotas de chuva atingirem a velocidade limite indica uma situação em que foi atingido oequilíbrio dinâmico. Quais forças se equilibram, a partir desse momento? Identifique o tipo de movi-mento que será executado pela gota a partir desse instante, justificando sua resposta.

D) Considere uma gota de chuva de massa 0,2g, em situação de equilíbrio dinâmico. Para a expressão

dada no texto 2, assuma o produto ⋅⋅ d ⋅⋅ A como uma constante de valor 8 ⋅ 10–4 (unidades doSistema Internacional).

Calcule o valor de Cx para a gota de chuva considerando que a velocidade limite em sua queda é de5m/s.

E) Numa boa aproximação, uma gota d’água pode ser considerada como o resultado da união de doissólidos: uma semi-esfera e um cone (veja a figura seguinte). Calcule a relação entre a altura (h) docone e o raio (R) da semi-esfera, considerando que seus volumes são iguais.

Altura (h)

Raio (R)

12

CARRO B

CARRO A

INSTRUÇÕES:

Nas respostas lembre-se de deixar seus processos de resolução claramente expostos.Não basta escrever apenas o resultado final. É necessário mostrar os cálculos ou o raciocínio utilizado.

Sempre que necessário, utilize g = 10m/s2.

8 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

A) De acordo com o texto, o carro que apresenta mais problemas de aerodinâmica e, portanto,maior coeficiente de arrasto aerodinâmico é o modelo “hatch”, correspondendo ao carro A.

B) Um corpo em queda livre, abandonado de uma altura h, atinge o solo com velocidade

Como a velocidade limite da gota, com resistência do ar, é 18km/h = 5m/s, temos que a veloci-dade em queda livre é 32 vezes a velocidade limite.

C) Marcando-se as forças na gota e desconsiderando-se o empuxo:

→P = peso da gota→Fres = força de resistência do ar.

O movimento é retilíneo uniforme, pois, como indica o texto, a gota está em equilíbrio dinâmico.

D) Fres = P ∴ ⋅ d ⋅ A ⋅ Cx ⋅ v2 = mg

8 ⋅ 10–4 ⋅ Cx ⋅ 52 = 2 ⋅ 10–4 ⋅ 10 ⇒ Cx = 0,1

E) • Semi-esfera: V1 = ⋅ π R3

• Cone: V2 = π R2 ⋅ h

Considerando-se V1 = V2:

⋅ ⋅ π ⋅ R3 = ⋅ π ⋅ R2 ⋅ h

∴ = 2

Segundo o enunciado, o sentido da força de resistência do ar “é sempre contrário ao sentido domovimento do objeto”, o que nem sempre é verdade.

hR

13

43

12

13

43

12

12

v gh v v m s= = ⋅ ⋅ ∴ =⇒2 2 10 1280 160 /

9PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

RESOLUÇÃO:

Comentário:

P→

Fres→

2

Geografia e HistóriaOs rios brasileiros tiveram grande im-portância ao longo da história e emvárias partes do país: facilitaram a pe-netração para o interior, serviram deapoio para as formas de exploração ecolonização do território, articularam eintegraram regiões distantes.

“Com corredeiras fortes, encachoeira-dos e, sobretudo, porque desciam para ointerior do planalto, os rios pouco servi-am àquela sociedade que só queria cor-rer para o mar. A economia brasileirase constitui olhando sempre para oexterior: este foi o sentido da coloniza-ção moderna. Mesmo quando penetroufundo nas Minas Gerais, Goiás e MatoGrosso, no século XVIII, o objetivo docolono era trazer o ouro e as pedraspara o litoral e, de lá exportar para aEuropa. Os rios paulistas serviam paraintegração com outras regiões, mas nãocom a metrópole”.

(Dora Shellard CORRÊA. A água no olhar dahistória. São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente

do Estado de São Paulo, 1999)

“Numa região como a Amazônia, o transporte hidroviário é, para a maior parte da população, abase de seu diálogo com o país, uma vez que os vínculos aéreos permanecem restritos a uma peque-na camada da sociedade. Além de Belém e Manaus, destacam-se os portos de Munguba, Santaréme, certamente, Porto Velho.”

(Milton SANTOS e Maria Laura SILVEIRA. O Brasil: território esociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro, Record, 2001)

CONSIDERANDO AS INFORMAÇÕES, REDIJA UMA DISSERTAÇÃO CONTENDO

• análise comparativa da forma como os rios da região Amazônica, do Nordeste e do Sul-Sudesteforam utilizados na exploração e formação do território brasileiro tendo como referência os con-textos históricos pré e pós-independência política;

• avaliação da situação atual desses rios e de sua importância para os sistemas de transporte, deenergia e de abastecimento;

• citação e análise de alguns exemplos da condição ambiental apresentada atualmente pelos rios.

IMPORTANTE

• Não reproduza os textos utilizados no enunciado ou nas citações feitas nesta prova;• A avaliação levará em consideração a clareza e a objetividade na exposição, a capacidade argu-

mentativa e a profundidade na abordagem do tema.

As oito grandes baciashidrográficas brasileirassegundo classificaçãoproposta pela Aneel e arede hidrometeorológicacontrolada pelossatélites Argos e SCD1 Fo

nte:

Atla

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l — A

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A

10 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

Considerando as informações apresentadas, os candidatos devem ter redigido uma dissertação emque foram desenvolvidos alguns dos itens históricos e geográficos apresentados abaixo.

Sobre a exploração e a formação do território brasileiro, tendo como referência os contextos históri-cos pré e pós-independência política:

1. Região Amazônica:• No Período Colonial os rios constituíram estradas naturais da floresta para a penetração, o

reconhecimento e a ocupação do território. O mito do Eldorado, que moveu os pioneiros rumoao interior, e as chamadas “drogas do sertão” impulsionaram o movimento de ocupação facili-tado pela rede fluvial, que serviu ao escoamento dos produtos extraídos.

• No período pós-independência o extrativismo e os transportes prosseguiram como atividadesbásicas, e o látex dos seringais veio enriquecer produtores e cidades especializados na pro-dução da borracha, entre a última década do século XIX e as duas primeiras do XX.

2. Região Nordeste:• No Período Colonial a Bacia do Rio São Francisco serviu à expansão territorial, junto com outros

rios, como base dos transportes e das atividades pecuárias. Nesse quadro, a ocupação se deu porpopulações ralas e dispersas.

• No período pós-independência, a pecuária continuou vinculada à vida ribeirinha, que passou tam-bém a se desenvolver com base na agricultura irrigada. Nas últimas décadas do século XX, aimportância dos rios na região foi significativamente aumentada pelas hidrelétricas construídas.

3. Região Sul-Sudeste:• No Período Colonial o rio Tietê serviu à penetração bandeirante, celebrizando as “monções” que

levaram os paulistas aos sertões do Centro-Oeste. Os rios Paraná e Uruguai foram rotas para otransporte do couro produzido pelas fazendas pecuaristas e também para o abastecimento daszonas mineradoras do Mato Grosso.

• No período pós-independência a bacia Platina serviu à rede de comunicações e de transportespara o interior de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, além de Mato Grosso e Goiás.Sua importância provocou focos de tensão traduzidos nas várias e sangrentas guerras plati-nas do Império. No século XX a rede fluvial viveu o renascimento do transporte hidroviárioe tornou-se rico manancial gerador de energia, com a construção das hidrelétricas que ali-mentam amplos mercados do Sul-Sudeste.

Na atualidade, a situação dos rios quanto a transporte, energia, abastecimento e condição am-biental é a seguinte:

1. Região Amazônica (Bacias do Amazonas e do Araguaia-Tocantins)• Rios são essenciais para as populações ribeirinhas, que os utilizam para o transporte, o

abastecimento de água e a produção de alimentos (pescado). Servem ainda para o escoa-mento das produções agrominerais desenvolvidas na região nas últimas décadas e para aentrada de bens industriais, matérias-primas e outras mercadorias para atender a populaçãoe os mercados produtivos locais.

• Maior potencial hidrelétrico disponível no país, embora pouco aproveitado devido ao baixoconsumo regional de energia, às dificuldades naturais e à grande distância dos mercadosconsumidores mais desenvolvidos. O maior aproveitamento ocorre no rio Tocantins, graças àconstrução da hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do país.

• Não há problemas de falta de água para abastecimento da população e da indústria em todaa região.

• Inúmeros problemas ambientais atingem os rios das bacias dessa região, com destaque paraos seguintes:* contaminação das águas pelo mercúrio utilizado no garimpo de ouro;* intensificação do assoreamento dos rios pelo desmatamento de áreas próximas às margens;* contaminação das águas dos rios que cortam as cidades, devido ao lançamento de esgoto

e efluentes industriais.

2. Região Nordeste (Bacias do Nordeste, do São Francisco e do Leste)• A navegação é hoje pouco utilizada nessa região, destacando-se trechos dos rios Parnaíba e São

Francisco, por onde se deslocam passageiros e mercadorias de importância restrita à região.• Há um intenso aproveitamento hidrelétrico do rio São Francisco, onde se destacam as usinas

de Sobradinho e Paulo Afonso.

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RESOLUÇÃO:

• O abastecimento de água em algumas grandes cidades, como Salvador e Vitória, por exemplo,depende dos rios da Bacia do Leste. Nas margens do São Francisco encontram-se fazendasque utilizam suas águas para abastecer os maiores projetos de irrigação do país. Há graveproblema de abastecimento de água para uma grande parte da população que vive no Po-lígono das Secas, pois nessa área os rios são temporários.

• Ocorre grave problema de assoreamento no rio São Francisco, devido ao desmatamento de suascabeceiras. Muitos rios da Bacia do Leste estão poluídos por esgotos e efluentes industriais.

3. Região Sul-Sudeste (Bacias do Paraná-Paraguai, do Uruguai e do Sudeste)• Graças à ação humana, houve uma intensificação do uso dos rios da Bacia do Paraná-Pa-

raguai para o transporte de carga, com destaque para a hidrovia Tietê-Paraná e trechos do rioParaguai.

• Os rios da Bacia do Paraná têm a maior potência hidrelétrica instalada do Brasil, graças àpresença de rios de planalto e à proximidade de grandes mercados consumidores.

• É a região onde se encontram as bacias mais utilizadas para o abastecimento de água de usourbano, industrial e agrícola, como resultado do desenvolvimento econômico e da concen-tração humana.

• Graves problemas ambientais atingem os rios das bacias do Sul-Sudeste, dificultando eencarecendo o tratamento de suas águas, com destaque para os seguintes:* excesso de desmatamento causado pelo rápido crescimento urbano e pela expansão agrí-

cola;* crescente poluição por lançamento de esgotos, efluentes industriais e agrotóxicos;* poluição com resíduos provenientes da exploração mineral, em especial do carvão e do ferro.

12 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

RedaçãoLEIA COM ATENÇÃOObserve com cuidado cada uma das imagens, verifique as possíveis relações entre elas e extraia delas o seutema. Redija, em prosa, um texto dissertativo procurando responder a questão formulada pelo filósofoJostein Gaarder em um de seus livros.Crie um título coerente com seu texto.

“ATÉ QUE PONTO VOCÊ CONSIDERA O FUTURO DESTERARO PLANETA RESPONSABILIDADE SUA?”

13PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

Oceanos97%

Água doce 3%

Calota degelo 79%e geleiras

Toda a água

Água doce

Águasubterrânea 20%

Água docesuperficial defácil acesso 1%

Água no interiordos organismosvivos ..............1%

Rios ..............1%Vapor d’águaAtmosférica .............. 8%

Lagos52%

Umidadedo solo 38%

ALDEIA NAZARÉ (AM) ONDE OS ÍNDIOSAINDA CONSEGUEM VIVER COMO SEUSANTEPASSADOS (VEJA 24/12/1997)

ESGOTO A CÉU ABERTO NO IGARAPÉ DOSFRANCESES, REGIÃO CENTRO-OESTE DEMANAUS (FOLHA DE S. PAULO 03/11/2001)

SECA NA REPRESA DE LOS LAURELES EM TEGUCIGALPAHONDURAS (FOLHA DE S. PAULO 25/07/2001)

14 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

Passe a limpo, a tinta, sua redação, no espaço a ela reserva-do. O rascunho não será considerado. Seu trabalho seráavaliado de acordo com os seguintes critérios: espíritocrítico; adequação do título/texto ao desenvolvimento dotema; padrão culto da língua; estrutura textual compatívelcom o tipo de texto proposto.

SUJEIRA ACUMULADA NA SUPERFÍCIE DORIO TIETÊ, EM PIRAPORA DO BOM JESUS(SP) (FOLHA DE S. PAULO 24/06/2001)

AMAZÔNIA — RIO ENVENENADO PELOMERCÚRIO DOS GARIMPOS (VEJA 24/12/1999)

GENÁRIO ROCHA DA SILVA, DESEMPREGADO, TENTAPESCAR TILÁPIAS EM UMA LAGOA DA VÁRZEA DO RIOTIETÊ NO ITAIM PAULISTA (FOLHA DE S. PAULO 06/05/2001)

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2000

)

ANÁLISE DA PROVA

Para se iniciar a abordagem da prova de redação, cabe observar que a PUC/SP, desta vez, ex-plicitou uma questão para orientar o posicionamento (o ponto de vista) do enunciador:

“Até que ponto você considera o futuro deste raro planeta responsabilidade sua?”O principal pressuposto da pergunta de Jostein Gaarder é que os indivíduos têm a responsa-

bilidade sobre o futuro do planeta, diante da evidência da deterioração de recursos naturais, conse-qüentemente de recursos humanos.

O candidato deveria deter-se no grupo nominal “raro planeta”: o planeta é raro porque possuiágua (ironicamente, em maior quantidade do que terra, que lhe empresta o nome), da qual dependea vida; a questão temática focaliza, portanto, um grande paradoxo: a água, essencial para a vida,é destruída pelo homem.

Uma possível abordagem

Aparecem na proposta três imagens da Amazônia, que podem ser lidas em progressão.A primeira, retratando índios da Aldeia Nazaré, apresenta a natureza em estado selvagem, em

que a água é abundante e limpa. A legenda esclarece que esse é um quadro raro nos dias de hoje,correndo risco de desaparecer, conforme se depreende do trecho: “os índios ainda conseguem viver co-mo seus antepassados”.

Na segunda imagem, nota-se a ocupação desordenada do espaço: sem a devida infra-estrutura, queinclui também rede de esgoto, os habitantes acabam por poluí-lo, como mostra a foto do esgoto a céuaberto na região centro-oeste de Manaus.

A terceira imagem se refere ao envenenamento de um rio caudaloso pelo mercúrio dos garim-pos, revelando o resultado danoso da ação irresponsável do homem no meio ambiente.

Supondo-se as três imagens dispostas em progressão, enquanto a primeira focaliza homem enatureza em relação de cumplicidade, em harmonia, as outras duas denunciam uma relação depolêmica, de desarmonia entre ambos. É possível inferir, portanto, que o futuro do planeta, associ-ado à imagem ideal dos índios da Aldeia Nazaré, só será possível se o homem se compatibilizar coma natureza, fonte de vida, e criar soluções políticas para que ela seja preservada.

Além das imagens da Amazônia, há duas de São Paulo. Na primeira, destaca-se a sujeira acu-mulada na superfície do rio Tietê na região de Pirapora do Bom Jesus, tornando a água imprópriapara o aproveitamento. As casas comerciais e os prédios, ao fundo, de um colorido artificial, reme-tem ao problema do desenvolvimento desregrado, que desconsidera o meio ambiente.

Na segunda imagem do mesmo rio, agora no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, umdesempregado tenta pescar em uma lagoa visivelmente poluída. Traduzindo: ações irresponsáveistornaram uma fonte de subsistência num depósito de lixo.

Como final da progressão de imagens iniciada com a Aldeia Nazaré, a foto da seca em Hon-duras ilustra uma das conseqüências mais nocivas da interferência inconseqüente do homem nomeio: a total ausência de água. Ressalta-se, ainda, que o problema não é pontualmente brasileiro,mas faz parte da falta de consciência generalizada, mundial.

Os gráficos de setores a respeito da “Distribuição da água no planeta” constituem argumentosde prova concreta sobre o problema da escassez de água na Terra. Considerando-se a premissa de quea água doce é vital para a sobrevivência humana, é estarrecedor constatar que, de todas as águasdo planeta, só 3% são doces. Além disso, há um complicador: apenas 1% da água doce (0,03% daágua do planeta) é superficial, de fácil acesso. Por fim, segundo o último gráfico, uma parte da águadoce existente é de difícil aproveitamento, como a que se encontra no interior dos organismos vivose na umidade do solo.

Na charge de Baptistão, um sujeito bebe distraído (ou cínico ou inconsciente) um copo de água,enquanto, a seu lado, a água de um bebedouro (cujo galão é ironicamente um globo terrestre) é des-perdiçada. A idéia da charge é clara: a água do planeta não é infinita, mas os homens, que precisamdela, não se percebem responsáveis por sua preservação.

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RESOLUÇÃO:

ComentáriosA questão foi bem escolhida, pois abordou um assunto importante em um grau de dificuldade

adequado.

Questões bem propostas, avaliando as habilidades e competências do candidato em estabele-cer relações, ler um texto e contextualizar a matéria com o cotidiano.

Prova bastante abrangente, que exigiu dos candidatos a capacidade de relacionar dados de caráterhistórico e geográfico da realidade regional brasileira.

Além de propor um tema transversal, que encontra ressonâncias em várias disciplinas, permitin-do um amplo diálogo entre elas, a versão 2002 da PUC/SP inova no plano formal e no conteudístico,se é que é possível separá-los.

Quanto ao primeiro, seleciona imagens belíssimas, convincentes, atuais, que, por si sós, criam umapolêmica de que o candidato é convidado a participar.

Em relação ao segundo, o tema, que em outras provas se distanciava do universo de questiona-mento e informações do vestibulando, nesta remete a referências e debates do cotidiano de qualquerestudante.

Outra inovação é bem-vinda: a delimitação do tipo de texto, isto é, dissertativo, com que se podeavaliar a capacidade de expor um ponto de vista e defendê-lo com argumentação eficiente, vazadanuma linguagem correta.

A prova, em sintonia com o mundo atual da multimídia, é um convite para que o jovem possa lertextos visuais explorando-os além da realidade opaca, que os impermeabiliza pela repetição intensa.

16 PUC-SP/2002 – ANGLO VESTIBULARES

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Geografia e

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