O Anjo Aprendiz

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1 “Não sou a luz, não sou a mensagem, não sou nada. Sou o mensageiro” Win Wenders

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Textos de Rosemary Hanai.

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“Não sou a luz, não sou a mensagem, não sou nada. Sou o mensageiro”

Win Wenders

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Prólogo Neste livro, conto a saga do Anjo Aprendiz, ilustrada com experiências místicas vivenciadas, representando os passos evolutivos de uma energia, de acordo com a Cosmologia Energética. Esses passos são identificados pelo grau em que se encontra no cinturão de constelações vistas do Planeta Terra, alvo de estudos e simbolismos por parte de diferentes povos, ao longo de milênios. Para formar um ser humano, 12 energias se juntam, cada uma em seus respectivos grau e posicionamento, que contam, no Mapa Cosmológico, a história de suas viagens pelo universo. A Lição 1 é quando o Anjo se massifica. Ainda não tem consciência de que convive com outras onze energias. Percebe-se como um ser que pode ser visto e interagir com humanos. Aceita essa condição. Este estágio é o da Aceitação, aonde a energia chega sem pendências e simplesmente necessita vivenciar as experiências. Através da Lição 2, ele percebe que agora tem um corpo com possibilidades e limitações, o qual deve conhecer e cuidar, resultante do compromisso que assumiu ao ficar no planeta. É o estágio do Carma, de enfrentar as nuances da mortalidade. O prazer, a dor, a superação. Na Lição 3, o Anjo reencontra uma pessoa que o faz recordar, paulatinamente, que tem uma missão a cumprir. É o estágio da Missão, onde a energia precisa plantar algo para o futuro. Na Lição 4, o estado físico chega ao ápice para ser servido. É o estágio da Concretização, onde se deixa uma marca que sobreviva ao corpo. A Lição 5 é a revolução dos conceitos que o levaram até o estágio anterior. Através da Mudança de Concepção, prepara um novo caminho.

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A Lição 6 é onde o Anjo encontra um grupo de afinidade. Percebe as demais energias que o compõem. É o estágio da Iniciação. Adentra um novo patamar de consciência. Na Lição 7, faz uma síntese do aprendizado até este estágio, que é o da Graduação, de colocar à prova seu conhecimento. Na Lição 8, aprende a ensinar ensinando. É o estágio da Maestria. Na Lição 9, ele faz uma pausa nas ações. É o final de um ciclo, antes do início do próximo. Neste grau, a energia não opina, nem decide. Assiste, apenas, acompanha, pois não traz pendências, nem obrigações. Ocorre desta forma com o grau 9 e o 0. Os graus no cinturão em torno da Terra, dividido em 12 signos, cada um correspondendo a uma cor na Cosmologia Energética, vão até 29 em cada signo. Soma-se um algarismo ao outro para se obter um número de 0 a 9 e encaixa-lo na escala acima para a interpretação, com a seguinte diferenciação de aprendizado, de acordo com o grau:

Graus de 0 a 7: aprendizado de Fogo – refere-se ao aprendizado básico de

sobrevivência.

Graus de 9 a 16: aprendizado de Terra – refere-se às questões práticas, inclui a

vivência em grupos ou sociedades.

Graus de 18 a 25: aprendizado de Água – refere-se ao lado emocional da vida,

resolvidas as questões práticas e de sobrevivência.

Graus de 27 a 29: aprendizado de AR - refere-se ao lado mental, à compreensão, à abstração, à vida além do corpo.

Saiba mais sobre Cosmologia Energética no site:

www.cosmologiapesquisa.blogspot.com

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O ANJO APRENDIZ - Lição 1 - O Caminho

Foto de Felipe Mafra

De cima, os anjos observam os movimentos dos humanos.

Logo abaixo, vêem crianças, correndo pelas escadarias da igreja. Parece divertido,

mas um tanto arriscado... eles acompanham.

Elas fazem uma breve parada diante de um muro, de pedra lisa, por onde

escorregam e seguem.

Uma delas se volta para trás e diz a um deles: - Vem!

O anjo hesita, surpreso por ter sido visto. Sua roupa é azul-noite, imperceptível à

maioria dos olhos. Meio trôpego, acompanha. Imita.

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Foto de Gil Faria

Elas continuam correndo, alcançando o precipício.

Por aí não! Intui o Alien, que já tinha ouvido falar da fragilidade dos corpos que se

formam neste planeta.

A criança percebe que o anjo está descalço e diz: - Põe o chinelo! O anjo

materializa o apetrecho, uma fina tira apoiada num dedo maior.

Com pezinhos ágeis, pulando sobre as pedras cheias de protuberâncias, não

escorregam, como temia o anjo.

- Segure firme a tira do chinelo entre os dois dedos, ensina a criança ao anjo.

E descem, juntos, correndo, voando...

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O ANJO APRENDIZ - Lição 2 - Forte e Frágil

Foto de Erich Sattelmayer

Prender a tira do chinelo fortemente entre os dois dedos...

O caminho do meio, passando pela dualidade da mente, interpreta o anjo.

Estranha forma de expressar metafísica! Chinelos...

Pensa no contraste, causando uma inédita percepção de realidade. Engraçada, até.

Algo acontece em sua face e desce.

Deste lugar, o sol parece mais próximo, a acariciar a terra, observa.

Sente que respira ao puxar o ar, que falta.

Neste momento, surgem as crianças, interrompendo a meditação.

- Vamos apanhar laranjas?

Sem esperar a resposta, já estão a caminho. O anjo segue, segurando firmemente a

tira entre os dedos.

No trajeto, uma corredeira, onde mergulham de roupa, depois torcem no próprio

corpo e prosseguem.

Foto de Erich Sattelmayer

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Com elas, ele começa a aprender que existe a época das laranjas, dos abacates,

dos cocos, das jabuticabas... No que tem casca, é só usar os dedos, ou as pedras

quando muito dura.

No maracujá, além das sementes, tem uma fina película, deliciosa de se comer,

presa à casca.

Frutas que passarinho não come não são boas também para nós, ensinam.

A água para beber encontra-se indo um pouco mais a fundo, num lugar meio

escondido da mata, de onde sai limpa e pura.

De repente, sente algo na parte inferior. Uma dor?! As crianças vêem: - Você se

cortou! O sangue jorra. Imediatamente, lavam e pressionam a ferida.

Dor, angústia no peito, alegria... Depara-se com sensações novas, surpreendentes.

O chinelo incomoda um pouco, roçando o corte, mas sua atenção se volta à

profusão de cores que identifica, distribuida em miríades de imagens. Belo!

Foto de Erich Sattelmayer

Respira. Está vivo. Tem um corpo agora.

Forte.

Frágil.

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O ANJO APRENDIZ - Lição 3 - Tortas Fritas

Foto de Erich Sattelmayer

Um corpo. Denso. Palpável.

O anjo começa a se dar conta de que é preciso apoiar o peso no solo primeiro num

pé, depois passa-lo para o outro, sucessivamente. Aquele sistema de lançar-se,

simplesmente, pode ser catastrófico.

Os pensamentos se dispersam frente ao convite para uma nova aventura:

- Vamos até a Montanha? Lá tem pão!

Caminho íngreme, passando por pedras de todas as formas e tamanhos.

- Esta é do vulcão, diz a criança, mostrando uma que parece lava derretida

petrificada.

Ele olha em volta, procurando sinais antigos. Sente cheiro de água salgada. Vê

fósseis. Longa caminhada, passo a passo, elevando-se. As crianças não se cansam.

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Ao fundo, Matilde, Seba, Flavita e Juan

Chegam a uma espécie de grande acampamento e gritam a senha:

- Senhor Juan, tem pão?

Uma voz forte acolhe:

- Olla! Adelante!

E, ao anjo:

- Por Diós, te demoraste un montón! Anda, vamos hacer tortas fritas hoy. La harina

esta nel container.

Misturar a farinha com um pouco de água, amassar, colocar "la sal", amassar mais.

Separar em pequenas porções...

Alguns povos consideram o tempero apenas um objeto a mais. Outros, colocam

gênero, atribuindo-lhe proporções humanas, divinas. Masculino, Feminino. O anjo

envereda pelo caminho infinito das questões, como de costume.

A criança o chama: - Como posso esticar?

Num reflexo, o anjo explica, recordando-se: - Você pega o pedaço de massa com as

mãos, vai esticando de dentro para fora, com cuidado. Os dedos devem correr

leves, mas firmes, pela massa. Aí faz um furo no centro, que é para fritar por igual.

Todos se acercam à cozinha improvisada, atraídos pelo cheiro familiar. As tortas

fritas já prontas.

Com dulce de leche, a festa está completa.

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O ANJO APRENDIZ - Lição 4 - Micuins

Como que atado por fios invisíveis, o anjo fica.

Adere às tarefas, suficientes para preencher todo o seu dia e parte da noite.

Ainda não se sente familiarizado com as próprias manifestações orgânicas - os

gostos, os cheiros humanos.

Tampouco com as preferências e modos de agir dos demais, cada qual diferente de

si e entre si. O que parece bom para ele, nem todos apreciam e vice-versa.

O que pulveriza seus pensamentos agora o enlouquece. Pontinhos

pretos, minúsculos, invadem seu corpo. Alguns se movem furtivamente, procurando

esconderijo, outros parecem mergulhar profundamente.

Tenta livrar-se, mas eles se multiplicam. A pele alva e tenra servida como um

banquete.

Pela primeira vez, percebe que não consegue vencer sozinho a batalha. Pede

ajuda.

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- A urina dos cavalos, em contato com determinadas plantas, faz proliferar os

micuins - ensinam os companheiros. Micuins, micro insetos similares ao carrapato.

Para combate-los, somente mergulhando toda a roupa e banhando-se em água

quente. Os remanescentes, tira-se com alcool e manualmente.

Encontra-se em desespero, mais uma situação nova.

Não raciocina, outra situação nova.

Precisa que alguém lhe tire micuins das costas, também inédito.

Rende-se.

Na mente, apenas réstias de alho, adagas de prata e crucifixos.

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O ANJO APRENDIZ - Lição 5 - Novas Concepções

Passam-se dias... anos talvez?!...

O anjo não sabe. Parece haver um restringimento em seu cérebro. Olha para o céu,

sequer distingue a estrela de onde veio.

Desconcerta-se.

Esforça-se: seria aquela mais brilhante a leste?

Não, não se lembra. Continua olhando por alguns instantes, um sentimento de

nostalgia invadindo o peito, sorrateiramente.

Situações novas que o tiram do estado contemplativo ao qual estava habituado

tornam-se cada vez mais frequentes. As tarefas já avançam no restante da noite e

na madrugada, de forma intermitente.

O desafio é implantar novas concepções a partir da necessidade vislumbrada por

seus novos-velhos amigos: os tempos exigem uma nova educação, uma nova cidade.

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Há muito o que fazer. Muitas portas para abrir.

Nas mãos, enormes molhos de chaves, cujo tilintar produz em sua mente imagens

de grossas correntes.

Afasta os devaneios que tomam o lugar de seus pensamentos.

Não há tempo para devaneios, tampouco para pensamentos.

Lembranças esparsas de como fazer são imediatamente descartadas.

É preciso prestar atenção, ouvir os anseios das crianças, do povo, para adequar o

projeto.

Usar todo o aparato sensorial do corpo físico.

Isento de idéias prévias.

Isento de programações baseadas no ontem ou no amanhã fictício.

Viver hoje.

Atento.

Presente.

Estado contemplativo, sim, mas novo.

Nova forma, novos conceitos.

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O ANJO APRENDIZ - Lição 6 - Não está só

Convivendo com o povo, detecta uma palavra que constantemente repetem: Deus.

Chamam-no na claridade ou na escuridão. Agradecem ou reclamam a Ele, que

parece ser igualmente responsável por alegrias e tristezas, bênçãos e desgraças.

O anjo sente familiaridade com o tema, mas não lhe ocorrera pensar sobre a

existência desse ser, como o fazem: ora tratando-O como se estivesse bem

distante, ora muito próximo, como o ancião da família. Talvez seja uma analogia

com o sol, visto deste plano. Ora próximo, com sua luz vibrante, ora invisível,

mergulhado no outro extremo.

Não se lembra de tê-Lo visto dessa forma individualizada.

As pessoas aqui têm relatos registrados contando sobre Deus e suas façanhas. Um

deles o toca profundamente, provocando ecos em seu interior: "... estavam todos

reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento

impetuoso e encheu toda a casa onde estavam assentados... e apareceram,

distribuídas entre eles, línguas de fogo e pousou uma sobre cada um deles. Todos

ficaram cheios do espírito e passaram a falar em outras línguas... Ora, estavam

habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos de todas as nações debaixo do céu.

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Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de

perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua."Atos dos

Apóstolos 2-13.

Súbito, em paralelo, acorrem à mente aqueles que o acompanham. Incluindo-se na

contagem, totalizam doze.

Até este momento, sempre a perguntar-se o que poderia oferecer, não os contara

como seres íntegros, com um objetivo comum. Percebe as diferentes frequências,

cada qual vibrando de forma peculiar. Movimento onde alguns doam, outros

recebem, uns fazem, outros questionam, uns revolucionam, outros tentam manter

a ordem estabelecida, entrelaçando suas dádivas num imenso tecido.

Quem comanda? Não vê. Apenas sente.

Inspira, sorvendo-O. Exala-O em sopro.

Compartilha. Não está só!

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O ANJO APRENDIZ - Lição 7 - A Vida é um Palco

tazaquinews.com

Preenchido com as vivências nesta pedra, o anjo sente agora uma vertigem

ao se recordar de todas elas, representantes das diversas realidades

constatadas.

O caminho do meio mostra-se mais distante para a maioria das pessoas, as

quais, divididas, seguem por diferentes trilhas que se multiplicam, como a

terra se rachando pela ação dos cataclismos.

Não há mais caminho do meio.

Em sua mente, um grande redemoinho esmigalha as realidades e as

transforma em imagens de sonho.

Confuso, sente-se perdido, desamparado.

Então tudo não passa de uma ilusão? Tudo o que fazemos, tudo o que

construímos?

Para que tudo isso?

Não compreende.

Procura, mas não encontra seus companheiros.

Busca dentro de si as técnicas de sobrevivência aprendidas.

Sozinho, senta-se para meditar.

Acalma seu ser.

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De repente, uma voz ecoa. É interna, ele sabe.

Reconhece seu guia, outro anjo que habita uma dimensão bem mais elevada,

que diz:

"Tudo é uma ilusão? Como então lidar com isso sem desdém? Quem se importa

com o que não é real?

Para a alma, os níveis materiais são uma ilusão. Um filme projetado sobre a

tela, que ela usa para aprender.

Para o mais elevado espírito, o atman, a vida da alma é uma ilusão, um

prolongamento que ele cria para que nós, seres divinos, possamos tocar a

matéria mais densa.

Para níveis mais altos, talvez o próprio espírito seja uma ilusão. E assim

sucessivamente.

Mas o ator não desiste do drama porque sabe que aquilo não é real, que os

refletores pairam sobre a sua cabeça e que maquiagem cobre seu rosto.

Enquanto ele está no palco, ele se dedica àquilo com afinco, criando algo

fugaz, mas que tem efeitos sobre quem participa. Arranca lágrimas, risadas;

em seus movimentos há tristeza e redenção.

Para nossos níveis mais altos, isto é só teatro. Só que teatro é uma coisa

muito poderosa, cheia de possibilidades e descobertas."

Ao som dessas palavras, uma sensação de paz invade seu coração.

Percebe a beleza do trajeto percorrido.

Vê a perfeição de cada movimento, de cada personagem deste grande,

infinito universo.

Agora faz sentido.

Outro ensinamento, guardado em uma de suas gavetas da mente, clareia sob

a luz de um holofote: “O palco é o lugar onde a mensagem é mais forte, onde

as palavras ecoam, onde a fagulha incendeia.”

Levanta-se.

Lembra-se de seu pedido a Deus, agora uma promessa:

- Que eu viva a vida real e acorde outros.

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Caminha.

O ANJO APRENDIZ - Lição 8 - Maestria

Percebe que traz agora, em sua bagagem, quantidade razoável de conhecimentos,

adquiridos em sua vivência no Planeta Terra.

Observa ao redor o sofrimento das pessoas, cativas em sua ignorância. Diante da

porta que leva à liberdade, não encontram a chave. Algumas a esqueceram em

algum lugar distante, outras sequer imaginavam encontrar uma porta em seu

caminho. Estancam, atônitas.

Em sua mente soa ainda a instrução dos seres mais altos: aprenda com eles, antes

de tentar ensinar. Mas algo dentro dele o impulsiona a rever a frase. Há um limite

tênue entre o egoismo e o respeito pelo processo de cada um. Como pode guardar

tantos segredos dentro de si, sabendo que podem ser úteis? - questiona-se.

Faz tanto tempo que ouviu aquela frase! Talvez fosse circunstancial, adequada a

um anjo enfrentando suas primeiras lições. Querer impor o que acreditava ser

verdade, ou achar que poderia solucionar todos os problemas, seria uma atitude

arrogante e ineficaz. Aprendera com a prática, pois não seguira fielmente os

conselhos. Provara os dissabores de arcar com a continuidade e finalização de

projetos iniciados sem a completa adesão dos interessados.

Atuara com o altruísmo egoísta. Precisava provar que conseguiria.

Contemplando a extensão do vale que se impõe aos seus sentidos, ouve ao longe as

vozes das pessoas em suas casas. Sente-se invadido por um sentimento terno por

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aquela gente. Agora conhece as ações básicas que valorizam e pelas quais vivem.

Compreende-as. Embora sem coloca-las como objetivo de vida, experienciou-as

fisicamente. Intensamente.

Sua visão sob ângulo diverso é a dádiva que traz e pode compartilhar, conclui. Uma

fagulha gerada na mente atinge as extremidades de seu corpo e retorna,

aumentada, atravessando em linha reta até a cabeça.

Transborda. Espalha-se. Expande-se.

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O ANJO APRENDIZ - Lição 9 - Imanente

Agora, consegue ficar invisível.

Não para todos, porém.

Alguns irritam-se com ele. Perguntam-se: como pode ser assim tão parado? Nada opina,

nada faz!

Ele também, com frequência, ralha consigo próprio, concordando ser um inútil,

comparando-se às pessoas tão ativas e produtivas ao seu redor. Sente um cansaço imenso,

só de pensar em acionar da forma costumeira, como sabe que deve ser.

Outras vezes, quando deixa-se conduzir pela luz, sente-se em paz. Por nada desejar, tudo

tem.

Nesses momentos, ao seu lado, o homem de lata percebe que, inexplicavelmente, sente

desaparecer as dores, companheiras de todas as horas. A mulher, cujos cantos da boca

acompanham o movimento para baixo, seguindo seu amargor constante, surpreende-se

com um sorriso a brotar-lhe no rosto. À sua passagem, um aroma difuso de floresta, como

uma leve brisa, invade os recintos, acariciando e arrepiando as peles.

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Parece deter toda sabedoria, sulcada em pedra pelo cinzel de algum grande artista. Parece

ser digno de veneração, como a estátua, sem sê-lo.

Numa tentativa de dar-lhe uma definição, além de nada, alguém poderia dizer que é um

desafio à compreensão humana. Uma provocação para os que se guiam por valores

vigentes.

É uma provocação para si mesmo, sentindo-se pleno sendo nada, e nada ao buscar

plenitude. A dicotomia surge quando se divide.

Conduzido pela luz, por afinidade especial, está em paz.

Nada deseja.

Tudo tem.

Ele é.

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Sobre a autora:

Rosemary Hanai, brasileira nascida no interior de São Paulo, em 27 de agosto,

dedica-se à pesquisa, especialmente a autopesquisa, visando à ampliação e síntese

dos conhecimentos adquiridos ao longo de sua existência.

Graduou-se em Psicologia, dentro da qual identificou-se com a abordagem

Junguiana. Prossegue estudando, aplicando e compartilhando Metafísica,

Astrologia, Cosmologia Energética, Conscienciologia, e outras matérias que venham

contribuir para a descoberta lúcida, profunda e verdadeira de quem é e de seu

lugar no universo.

É autora do blog www.cosmologiapesquisa.blogspot.com e co-autora do blog

www.vivacriancastl.blogspot.com

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