O Apalpador: personagem mítico do Natal galego ao resgate

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O Apalpador: personagem mítico do natal galego a resgate José André Lôpez Gonçâlez Portal Galego da Língua http://www.agal-gz.org 1 O APALPADOR PERSONAGEM MÍTICO DO NATAL GALEGO A RESGATE Fora em Maio de 2001 quando, os daquela directores de Vaga-lume, órgão oficial da Associação Galega Corredor do Henares, demandaram a quem isto escreve que dissesse algo sobre o Natal galego e achei que ser nabice não aproveitar. Assim foi como redigi para o número dous dessa publicação umas apressadas primeiras linhas sobre este personagem que é de necessidade recobrar para a nossa tradição antes que seja tarde demais. Se a recuperação do importantíssimo legado das cantigas de natal fora obra, D. Manuel Rodrigues Lapa, quando publicara uma edição crítica de Os Vilancicos. O vilancico galego nos séculos XVII e XVIII, numa formosa e eruditíssima edição (Lisboa em 1930; livro tornado a editar em Coimbra por Coimbra Editora em 1979), o pressente artigo tratar-se-á dum mito do Natal da Galiza, o Apalpador, da que estas folhas pretendem ser uma mínima achega, sem qualquer vaidade de emulação com o grande vulto da cultura galego-portuguesa e universal. ÂMBITO GEOGRÁFICO DE EXTENSÃO As testemunhas recolhidas estão limitadas ao espaço da alta montanha luguesa: terras de Lóuçara, o Caurel e o Zebreiro. Seria de muito interesse que se investigasse por as terras próximas de Quiroga e os Ancares para saber da sua extensão por outras bisbarras da Galiza. ELEMENTOS FÍSICOS DO MITO Mora nas devesas dedicado em fazer carvão, um gigante que usa da boina, casaco esfarrapado e com remendas, fuma em pipa e alimenta-se com bagas selvagens e dos javaris (javarinhos nas modalides lingüísticas das comarcas orientais) que caça. ACTUAÇÃO DO PERSONAGEM O dia 31 de Dezembro baixa à noitinha das alturas da sua escura morada nas espessas devesas para visitar os meninos. Chega quando os pequenos estiverem durmidinhos e apalpando-lhes a barrriguinha, por ver se estão cheios ou têm fame diz, no caso de estarem fartos: «Assim, assim estejas todo o ano», deixando-lhes uma mão-cheia de castanhas. No caso de terem fame ele cala embora, também os agasalhe com uma pressada do fruto do castanheiro. Pela excitação da chegada do Apalpador e os presentes, as crianças não podem dormir e bolem. Para lhes fazerem sossegar, os velhos cantavam-lhes as cantigas que vem: Vai-te logo meu ninim/nininha, marcha agora pra caminha. Que vai vir o Apalpador

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No Natal de 2006, a AGAL publicou um folheto assinado por José André Lôpez Gonçález sobre a figura do Apalpador, recuperada da tradiçom natalina das montanhas da Galiza. Eis o folheto em questom, que reivindica a recuperaçom do velho carvoeiro que traz presentes às crianças galegas.

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O APALPADOR PERSONAGEM MÍTICO DO NATAL GALEGO A

RESGATE Fora em Maio de 2001 quando, os daquela directores de Vaga-lume, órgão oficial da Associação Galega Corredor do Henares, demandaram a quem isto escreve que dissesse algo sobre o Natal galego e achei que ser nabice não aproveitar. Assim foi como redigi para o número dous dessa publicação umas apressadas primeiras linhas sobre este personagem que é de necessidade recobrar para a nossa tradição antes que seja tarde demais.

Se a recuperação do importantíssimo legado das cantigas de natal fora obra, D. Manuel Rodrigues Lapa, quando publicara uma edição crítica de Os Vilancicos. O vilancico galego nos séculos XVII e XVIII, numa formosa e eruditíssima edição (Lisboa em 1930; livro tornado a editar em Coimbra por Coimbra Editora em 1979), o pressente artigo tratar-se-á dum mito do Natal da Galiza, o Apalpador, da que estas folhas pretendem ser uma mínima achega, sem qualquer vaidade de emulação com o grande vulto da cultura galego-portuguesa e universal.

ÂMBITO GEOGRÁFICO DE EXTENSÃO As testemunhas recolhidas estão limitadas ao espaço da alta montanha

luguesa: terras de Lóuçara, o Caurel e o Zebreiro. Seria de muito interesse que se investigasse por as terras próximas de Quiroga e os Ancares para saber da sua extensão por outras bisbarras da Galiza.

ELEMENTOS FÍSICOS DO MITO Mora nas devesas dedicado em fazer carvão, um gigante que usa da boina,

casaco esfarrapado e com remendas, fuma em pipa e alimenta-se com bagas selvagens e dos javaris (javarinhos nas modalides lingüísticas das comarcas orientais) que caça.

ACTUAÇÃO DO PERSONAGEM O dia 31 de Dezembro baixa à noitinha das alturas da sua escura morada nas

espessas devesas para visitar os meninos. Chega quando os pequenos estiverem durmidinhos e apalpando-lhes a barrriguinha, por ver se estão cheios ou têm fame diz, no caso de estarem fartos: «Assim, assim estejas todo o ano», deixando-lhes uma mão-cheia de castanhas. No caso de terem fame ele cala embora, também os agasalhe com uma pressada do fruto do castanheiro.

Pela excitação da chegada do Apalpador e os presentes, as crianças não

podem dormir e bolem. Para lhes fazerem sossegar, os velhos cantavam-lhes as cantigas que vem:

Vai-te logo meu ninim/nininha, marcha agora pra caminha. Que vai vir o Apalpador

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a palpar - che a barriguinha. Já chegou o dia grande, dia do nosso Senhor. Já chegou o dia grande, E virá o Apalpador1. Manhã é dia de cachela2, que haverá gram nevarada e há vir o Apalpador c´uma mega3 de castanhas. Por aquela cemba já vem relumbrando o senhor Apalpador para dar-vos o aguinaldo. (Amadora de Galego† , camponesa, 79 anos, Romeor de Caurel, recolhidas em

Dezembro de 1994). Agora traz brinquedos em lugar de castanhas, que os tempos cambiaram, mas

não a função. ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A TORADA DE NATAL E O APALPADOR Um rito pan-idourepéio mergulhado na noite dos tempos ligado a nosso

personagem, como a seguir observaremos, é o da torada de Natal, da que tem escrevido inesquecíveis páginas Sir James George Frazer4. O senhor Benigno da casa de Cela† de Romeor do Caurel assinalou-me que quando ele era moço ainda traziam desde A Devesa para as casas uma torada bastante grossa para alimentar o lume de Natal, acrescentado: ―ninguém, durante este tempo, não devia jurar, nem zangar-se, nem bater nas crianças, nem nos animais. Depois de se cantar Os Reis - cá vinha-che gente desde Santim5, de Zanfoga6 e mesmo de Busmaior7-, punham-se às portas das cortes as cinzas do tarulo8 para que o gado passasse por cima. Assim espantavam-se-lhes as doenças‖. (O senhor havia ter em torno dos oitenta anos quando recolhi o rito em 1988. Ele, camponês, nunca saíra do Caurel fora do serviço militar).

Aqui se mostram os caracteres apotropáicos, isto é, o vigor protector,

directamente sobre os animais e de modo indirecto sobre a gente, do ritual. Que este rito tem sido operante também em Bezerreã e em Cervantes,

assegura-o D. Jesus Rodríguez López em ―S upersticiones de G alicia‖, livro publicado em 1910.

Em Portugal há o costume de prender dos ramos das árvores figuras a

anunciar o Natal que depois são queimadas diante da Igreja. No Douro há a tradição de queimar uma árvore inteira na lareira. Nas Beiras, tanto a Alta quanto a Baixa, a árvore conhecida com o ―o M adeiro do Menino - Jesus‖9 é queimada na praça aos doze toques da meia noite, salta-se depois sobre o braseiro à par que se cantam as Janeiras10. Antigamente o povo todo da aldeia comia, bebia e dançava à volta do fogo, a seguir à missa do galo, entrando a diversão pela noite dentro.

D. Júlio Caro Baroja11 e D. José Miguel de Barandiarán12, com muita sabedoria

e atenção, têm atestado e estudado o tema da árvore do Natal e dos assuntos ligados

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ele no País Basco. Mesmamente o antropólogo Caro Baroja informa da sua vitalidade em Aragão, Andaluzia, Castela, Catalunha, na França -onde muito tem batalhado Jean Batiste Thiers, cura de Vibraie e açoite de superstições13- e igual na Itália. Na Toscana é mesmo nomeado ―C eppo‖14 (toro da árvore cortada) o dia 25 de Dezembro.

Ficam de acordo todos os etnólogos em que a queima do toro de Natal tem

uma ligação iniludível com as representações solares (o Sol, productor da luz e da vida em correspondência com a vegetação firma-se nos solstícios como se torna evidente nas festas de São João no solstício do verão), ritos mergulhados na profundidade da noite dos tempos15.

Mesmo a árvore de luzes, tão usual hoje em todos os fogares cidadãos, que

veu a nós desde a Germânia, não vem ser mais, em rigor, que a velha queima da torada de Natal milenária, fortemente deformada desta volta por uma comercialização abusiva e a papa-moscas mimetização da pseudo-cultura holiwoodiana.

O Apalpador, com as funções atribuídas de carvoeiro16, isto é, trançador de

árvores, subministrador do lume (floresta-luz-calor) e doador de castanhas, possui as mesmas virtudes apotropáicas postas na queima dos madeiros, isto é, anunciador da fartura, da protecção, da aliança com a boa fortuna.

UMA ACHEGA À INTERPRETAÇÃO DO MITO Os estudiosos das religiões comparadas concordam que a celebração do Natal

cristã provém dos ritos mitráicos17. Conserva-se, neste teor, uma notabilíssima evidência que vem iluminar a apropriação da Igreja dos elementos teogónicos da sua rival no Império Romano: o calendário Juliano computou o solstício de inverno em 25 de Dezembro, considerando este momento cardinal, como o da natividade do sol, enquanto que a partires dele a luz diurna começa a alongar-se.

Ainda hoje o ritual cristão do 25 de Dezembro se celebra na Síria e no Egito

saindo os celebrantes para o adro, que até a meia noite estiveram em capelas interiores, gritando: A Virgem pariu! A luz está a medrar! . É nesse momento que sacam desde o interior do templo uma criança em representação do sol, para que todos os devotos podam olhá-lo.

Entre os semitas a Virgem Celeste, que paria em 25 de Dezembro, era a

Grande Deusa Celestial ou Astartê. Esta teogonia se passou para os seguidores de Mitra – arcaico deus indo-europeu indo-iránio— fazendo do solstício de inverno o Dia do Invencível Sol (Natalis invicti). Nesse dia, os seguidores saiam às ruas com fachos como símbolo da festividade, fastos nos que tinham de participar, a bom seguro, também os cristãos. Absorvido o rito mitráico pela rival igreja cristã, a festividade solar foi para a celebração do nascimento de Cristo, assumindo o deus semita as funções que possuía o iránio18.

Ainda hoje os ritos pascoais na Grécia, Sicília e Itália Meridional, conservam

importantes restos dos cultos a Adónis em claro precedente do culto a Cristo. Mas Adonis nunca formara parte da religião oficial do estado romano, ainda com ser muito vivo na Grécia. Na Roma Imperial os cultos adotados foram os mais primitivos de Átis e a Grande Mãe. A morte e a ressurreição de Átis -deus da vegetação que estivera morto durante todo o inverno- celebravam-se em Roma em 24 e 25 de Março, quer dizer, no equinócio da primavera. Segundo uma muito antiga tradição cristã o Cristo padeceu em 25 de Março e é por esta razão que os fieis celebram neste dia a morte do seu deus sem atender o ciclo lunar, canônico no resto dos rituais da cristandade.

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Semelha congruente que se um deus tem a sua ressurreição num momento tão assinalado como o equinócio primaveral, há ter, em boa lógica, o seu nascimento em outro instante singular. A ninguém se lhe tem de escapar que um bom dia para nascerem um deus pode ser o 25 de Dezembro, dia do sol redentor, que aquece a terra, que dá a vida às plantas, que faz medrar o dia e descer as trevas.

O facto de que o nosso personagem apareça nas festas do Natal, sem relação

com o nascimento de Cristo nem seja homologável com os cultos romanos, convida que profundemos um bocado na sua origem desde a simbologia que leva aparelhada, pois na Galiza não há resto nenhum, dos que hoje pelo de hoje se tenha conhecimento, de culto a Mitra nem a Átis.

A mitologia galego-lusitana anterior à chegada dos romanos é-nos quase

ignorada, além os esforços de Bermejo Barrera, Blanca García Fernández-Albalat, Filipe Criado Boado e Marcos V. García Quintela por lhe darem uma estrutura homologável com o restante mundo indo-europeu. O que resta dessa parte da nossa história não vem ser mais que a ruína duma ruína. Embora sim que se conserva uma das mais ricas testemunhas epigráficas da România, o que nos permite certas cautelosas interpretações do panteão pré-romano.

Têm explicado Georges Dumézil19 e James George Frazer20, que o Marte

romano era, antes de se converter em deus guerreiro, isto é um deus da segunda função no esquema dumeziliano, um deus da vegetação, quer dizer, um deus da terceira, ou seja, um numem da fecundidade conhecido como Mars Silvanus. Era a este deus (Mamurius Veturius, o Velho Marte) 21 a quem o colégio dos Arváis consagrava sacrifícios e o que os lavradores oferendavam as colheitas e a proteção do gado. Todos os anos era posto fora da cidade e mandado para o país dos Oscos, levando com ele toda a carga maligna, isto é, cumprindo o papel de vítima expiatória.

Num celebrado estúdio o investigador José Maria Blázquez22 tem mostrado que

na Lusitânia e na Gallaecia o culto a Mars era a deidade Cosus conferido de marcados caris agrários23. Segundo este cientista o deus Coso24 tinha uma dignidade cultual universal no mundo cultural hoje galego-português, estendendo-se desde Santa Maria de Serantes no Concelho de Laje, comarca de Bergantinhos25, passando por Nozeda do Berço na administrativa província de Leon26, até Arlanza (Leon) 27 e Eiris em Portugal 28.

É de destaque que na área do nosso personagem moravam antes da chegada

das legiões, os Louguei29 ou os Susarros30 como mostra a tabula de hospitalidade achada no lugar do Carvedo, freguesia de Esperante, Concelho do Caurel. Não deixa de ser altamente interessante observar que, perto onde fora achado o bronze, há uma aldeia, Mercurim31 situada no cimo duma montanha (teso, na fala caurelã) sendo de destaque que um dos santos protectores da aldeia seja o São Miguel32. A respeito da ligação Lug-Mercurio-São Miguel, o celtólogo Jean Markale escrevera: ―durante a cristianização, numerosos santuários converteram-se em montes de São Miguel, o que não deixa de ter relação com as funções luminosas e solares de Lug transferidas para o arcanjo luminoso‖33.

Além do dito, cumpre sublinhar que é nestas montanhas de ladeiras muito

íngremes, onde Orlando Alvarez Alvarez, membro da Associação Cultural do Caurel ´A Candea´, tem insinuado a locação do Monte Medulio34.

Mas, voltemos de novo para o Apalpador.

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O facto de que o Apalpador se alimente de javari há que colocá-lo à par com o costume germânico de Suécia e Dinamarca de fazerem com a derradeira gabela de trigo recolheita no ano, um pão a jeito de cocho, cham ado ―o porco de N atal‖ para comeres tanto os animais como a gente, com a esperança de ao ano vindouro ter boas colheitas. Este ritual continuação dos pré-cristãos, onde de certo se sacrificava um rancho ou um homem, como vem a confirmar a tradição de colocar a um homem uma pelica de porco introduzindo na sua boca uma pouca de palha enquanto uma velha com a cara tingida faz acenos de assassiná-lo com um cutelo.

É ocioso assinalar que a festa sacrifical galega por antonomásia é a matança

do cocho, celebrada sempre nos arredores do Natal, costume que não faz mais que reafirmar íntimas ligações com uma antiqüíssima tradição indo-européia.

O mito do Apalpador serve-nos para assegurar que não vem ser mais que a

versão moderna dum deus milenário, já esquecido, em correspondência com o Sol, propiciador das boas colheitas que, por mor da aculturização cristã foi desterrado às funções da boa nova da fartura e da ilusão para os meninos. Provavelmente em épocas recuadas, o culto ter-se-ia celebrado em 25 de Dezembro, mas pressionado pelo cristianismo entre a data do solstício de inverno e a de Reis, veu ocupar o único dia que restava nas celebrações, o dia do Santo Silvestre.

Valha este pequeno artigo para chamar a atenção da obriga de manter nas

terras nas que ainda é vigorante o mito e recuperá-lo nas que já se perdeu, até fazê-lo universal no conjunto da Galiza, para alegria dos mais novos e goze dos idosos.

José André Lôpez Gonçâlez. Natal de 2006.

1 Esta cantiga faz suspeitar que o dia da intervenção do Apalpador tivera de acontecer outrora em 24-25 de Natal, pois o dia do nascimento do Nosso Senhor, dentro da tradição cristã, é o dia do solstício do inverno. 2 Instrumento quadrangular de ferro para assarem castanhas. 3 Cesto de madeira para apanhar castanhas, avelãs, nozes... 4 La rama dorada, páginas 715-717. 1ª edição, The Golden Bough, The Macmillan Company, Nova York, 1922. Usei da tradução para o espanhol de Elizabeth e Tadeo I. Campuzano, Fondo de Cultura Económica, décima reimpressão, Madrid, 1998. 5 Aldeia da freguesia de Zanfoga no concelho de Pedra Fita do Zebreiro. 6 Paróquia do Concelho de Pedra Fita do Zebreiro. 7 Aldeia já na administrativa província de Leon, mas de cultura galega. 8 Tarugo, toro. 9 Especialmente espectacular é a queima de Proença-a-Velha. 10 Sobre as Janeiras pode-se ver um muito bom artigo em: http://ubista.ubi.pt/~apombo/tortosendo/janeiras.htm Também na pagina do folclore portuguêsl: http://www.folclore-online.com/textos/janeiras.html 11 Sobre la Religión antigua y el calendario del pueblo vasco, Editorial Txertoa, São Sebastião, 1984. 12 Diccionario ilustrado de mitología vasca, em Obras Completas, Tomo I, Editorial la Gran Enciclopedia Vasca, Bilbao, 1972. 13 Traité des superstitions qui regardent les sacremens, em ´Sobre la religión antigua y el calendario del pueblo vasco´, pág. 120, Editorial Txertoa, San Sebastián, 1984. 14 Toro do dia de Noite-Boa: deste costume camponês veu o nome de ceppo à festa do Natal (Nuovo dizionario spagnolo - italiano e italiano-spagnolo, Vol. II, L. Ambruzzi, Terza Edizione, Società per Azioni G. B. Paravia & C. Torino, 1954). 15 Vede um interessante estudo de Fernando Alonso Romero, Os cultos astrais em Galiza, Brigantium, Boletim do Museu Arqueológico e histórico de A Corunha, Vol. 3, 1982, págs. 95-111.

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16 Um curioso paralelismo dá-se no folclore grego com os K alhicántzaros (χα λλιχά νζτα ρος) que andam no sob chão troçando a Grande Árvore, uma das grandes traves que sustenta o mundo. 17 Para os cultos mitráicos, a sua influência e extensão ver: Les cultes orientaux dans le monde romain, Robert Turcan, Les Belles Lettres, Paris, 2001. Acerca do deus indiano-persa Mitra: Les dieux souveraines des Indo-Européens, Éditions Gallimard, Paris, 1986, de Georges Dumézil. Enquanto para o nascimento do cristianismo é de máxima utilidade ao estarem dotada duma enorme erudição, a obra do historiador romeno das religiões, Mircea Eliade: Histoire des croyances et des idées religieuses (II. De Gautama Bouddha ao triomphe du christianisme), Payot, Paris, 1978. 18 Cristo é a luz: João 1, 4-9; 12, 35, 36, 46; Col 1, 12; Heb 6, 4; 10, 32; 2 Tim 1, 10; Pe 1, 19. Cristo, luz do mundo: João 8, 12; 9, 5. A luz como ressurreição: João 11, 9ss. A luz e o olho iluminado são signo da salvação da pessoa: Mt 6, 22ss; Lc 12, 33.25; 2 Cor 4, 6. O juízo escatológico de Deus realiza-se na aceitação ou na negação da luz, que é Cristo, João 3, 19-21. Na transfiguração, Jesus aparece esplendente como a luz: Mt 17, 2. (Todas as citações foram tomadas de A Bíblia, Editorial Sept, 2ª edição, Vigo, 1982). 19 La Religion Romaine Archaïque, Paris, 1966. 20 The Golden Bough, Nova York, 1922. 21 Ver: Danzas agrarias y ritos oscuros. Materiales comparativos em Ritos y Mitos Equívocos de Julio Caro Baroja, Ediciones Istmo, Madrid, 1989, págs. 141-142. 22 Culto al toro y culto a Marte en Lusitania. Actas e Memórias do I Congresso Nacional de Arqueologia, Lisboa, 1970, págs. 147 e ss. 23 COSO M. / V.EGETIA/NVS FVS/CUS V(olum) S. Epígrafe achada em Brandomil (A Corunha) que também tem sido interpretado como COSO M(arti) Vegetianus Fuscus Votum Solvit. Guerra y Religión en la Gallaecia y la Lusitania antíguas, Blanca García Fernández-Albalat, Edicións do Castro, A Corunha, 1990, pág. 246. 24 A respeito deste deus ver de José María Blázquez: Diccionario de las Religiones Prerromanas de Hispania, Ediciones Istmo, Madrid, 1975; Imagen y Mito, Ediciones Cristiandad, Madrid, 1977; Primitivas Religiones Ibéricas. Tomo II. Religiones Prerromanas, Ediciones Cristiandad, Madrid, 1983; Religiones en la España Antigua, Ediciones Cátedra, Madrid, 1991 e Religiones, ritos y creencias funerarias de la Hispania Prerromana, Editorial Biblioteca Nueva, Madrid, 2001. 25 Coso Calaeunio. 26 Cossue Neneledio. 27 Cossue Segediaeco 28 Cosuneae. 29 Os que seguem a Lug, ou os de Lug. O culto a este deus pan-céltico está representado pelos textos epigráficos LUGOBU ARQUIENOBO de Sober e LUCOBU ARQUIENI de Sinoga no concelho de Rábade. Na opinião mesmo de Narciso Peinado y Gómez (Bimilenario de la fundación de la ciudad de Lugo. Ensayo histórico arqueológico, Lugo, Maio, 1975) o nome da cidade galega vem dum santuário dedicado a este deus e não dum fantasmagórico lucus latino. 30 A questão é complicada demais desde a descoberta (?) não isenta de polêmica (vede Nota sobre nota. El bonce de El Bierzo y la Tabula de El Caurel, Gerión, vol 20, nº 2 (2002), págs. 577-584), duma tabula no Berço que J. A. Balboa de Paz publicou na revista. Estudios Bercianos 25 (1999), págs. 45-53 sob título Un edicto del emperador Augusto hallado en el Bierzo. Consultar para a tabula de hospitalidade do Caurel, Inscriptions romaines de la province de Lugo, Felipe Arias Vilas, Patrick le Roux e Alain Tranoy, Publications du Centre Pierre Paris – Centre National de la Recherche Scientifique, Paris, 1979. La Tabula Lougeiorum. Estudios sobre la implantación romana em Hispania, Mª Dolores Dopico Caínzos, Veleia, Vitória-Gasteiz, 1988. Louguei Castillanei Toletenses, Nicandro Ares Vázquez, Lucensia, Biblioteca Seminário Diocesano, n.º 2, págs. 95-103, Lugo, 1991. 31 ―As quatrocentas e cinqüenta inscrições votivas e os trezentos e cinqüenta monumentos figurativos dedicados este deus sobrepassam com muito o material do mesmo tipo de que dispomos referente às outras divindades. Esta importância fica, além de mais, sublinhada pela formação de topônimos em Mercurius ou Mercuriacos (Mercoeur, Mercury, Mirecourt,

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Mercouray) Na medida em que Mercurius não é um gentílico romano‖, La religión de los celtas, Françoise Le Roux, em Las religiones antiguas, Vol. III, Editorial Siglo XXI, Madrid, 1977, pág. 114. 32 Inventario artístico de Lugo y su provincia, Centro Nacional de Información artística, arqueológica y etnográfica-Dirección General de Bellas Artes-Ministerio de Cultura, Madrid, 1983, Vol. VI, pág. 9 33 Druidas, Editorial Taurus, Madrid, 1989, pág. 82 34 Vede: http://www.fontedomilagro.org/candea/CANDEA_07/index.htm http://ligaceltigagalaica.iespana.es/ http://usuarios.lycos.es/geogalicia/monte_medulio.htm, http://www.galiciadigital.com/psd/Opinion/opinion_detalle.php?id=496, http://www.arquitecturagalega.net/AG/arquivo/omedulio.html