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Eixo: Educação e Movimentos Sociais Populares
O APROFUNDAMENTO DA CRISE ESTRUTURAL DO CAPITAL
(2008) E OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS: APONTAMENTOS
PARA UM PROJETO DE PESQUISA A RESPEITO DAS
RELAÇÕES ENTRE MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
Autor: CAMARGO, Paulo Edyr Bueno (UEMS)1
Coautor: SANTOS, José Barreto (UEMS)2
Resumo: O objetivo do texto é discutir em linhas gerais as relações entre o
aprofundamento da crise estrutural do capital, a partir de 2008, com a crise imobiliária
americana e o surgimento de novos movimentos sociais ao redor do mundo. A intenção
é traçar um panorama desses movimentos com o objetivo de compreender
especificamente os novos movimentos sociais brasileiros. Chama a atenção, em princípio,
tanto em nível internacional quanto nacional a sua organização mais horizontal, mais
democrática, a convocação dos participantes feita pelas redes sociais, a desvinculação de
partidos políticos ou sindicatos e, sobretudo, a sua inspiração mais nos ideais anarquistas
do que os da esquerda tradicional. Refiro-me ao Movimento dos Indignados na Espanha,
o Occupy Wall Street em New York, coração do capitalismo mundial, a Juventude À
Rasca em Portugal, a Primavera Árabe e os protestos nos subúrbios de Londres. São
movimentos polissêmicos, uns marcados pela busca da democracia e outros com vistas a
igualdade real e substantiva. No caso do Brasil, as chamadas Jornadas de Junho de 2013
estão inseridas nesse movimento mundial de rebeliões. Pode-se afirmar que a letargia
acabou. O Brasil entrou numa nova fase da luta de classes. O referencial teórico adotado
é o marxismo, sobretudo, o conceito de história como luta de classes com interesses
antagônicos porque, ao lado dos movimentos progressistas e emancipatórias listados,
convivem movimentos políticos que atuam no sentido contrário e que almejam, por
exemplo, a redução da maioridade penal, a medicalização da juventude, o controle dos
meios de comunicação - constituidores de uma verdadeira guinada conservadora no
Brasil. Trata-se das primeiras aproximações de um projeto de pesquisa que discutirá as
relações entre os novos movimentos sociais e a educação.
1 CAMARGO, Paulo Edyr Bueno. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, MS, Brasil. E-mail:
[email protected] 2 SANTOS, José Barreto. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, MS, Brasil. E-mail: [email protected]
Palavras-chave: Crise do capital; movimentos sociais; educação.
Introdução
Não é usual nas lides acadêmicas iniciar um texto com um questão tão ampla
e tão existencial, mas devido a sua relevância iremos mantê-la: afinal, qual é o sentido da
existência? Nas condições em que se encontra o homem hoje, às voltas com todas as
dificuldades que uma época de profundas transformações impõe a todos, o sentido da vida
não pode ser outro senão a luta pela manutenção da própria existência humana. O sentido
da vida é lutar. É o combate das ideias, das greves, das ações diretas e ainda outras formas
de luta que o futuro nos reserva. Hoje é ainda mais atual do que no próprio momento em
que foi formulada, início do século XX, a famosa máxima da marxista alemã Rosa de
Luxemburgo: Socialismo ou barbárie?
Trata-se, de forma cada vez mais urgente, da luta pela preservação dos
modos civilizados de convivência social que estão sendo cotidianamente acossados pelo
aumento da barbárie social. A barbárie nada mais é que a ausência de civilização, quer
dizer, a dissolução da legalidade e das regras sociais escritas, ou simplesmente presentes
nos costumes, que são responsáveis pela manutenção da coesão do tecido social. O
problema é muito grave porque, como apontava Aristóteles (1985), a principal
característica do homem é o seu pertencimento à vida social. Afastado da sociedade o
homem torna-se um bruto ou um Deus. O homem, continua Aristóteles (1985), é um
animal político, um ser que habita a polis (cidade grega), ou em outras palavras, o homem
é um ser social.
Constata-se, sem rodeios, de que o sistema capitalista hoje coloca em risco
a existência humana seja pela exploração desmedida do trabalho seja pelo verdadeiro caos
ecológico que produz. Nesse sentido, não seria um despropósito afirmar que o capitalismo
está agonizando. As formas concretas de organização da sociedade são históricas. O que
significa dizer que elas surgem, se desenvolvem, entram em crise e acabam. Tal fenômeno
não é estranho à história e corresponde ao conceito de modo de produção formulado por
Karl Marx e Friedrich Engels. Aconteceu, assim, com o modo de produção escravista na
Antiguidade Clássica, com o modo de produção servil no medievo e, nos nossos dias, está
ocorrendo com o modo de produção capitalista baseado no trabalho assalariado.
O capitalismo dos nossos dias é uma espécie de zumbi. Ele não sabe que
morreu e continua a circular entre os vivos. Precisamos - e não é tarefa fácil - sepultá-lo.
Pergunto: quando uma coisa acaba? Costuma-se dizer que uma coisa acaba quando ela
não tem mais conserto. Ora, o capitalismo não tem mais conserto. Ele não pode mais ser
reformado, como insistem em propor certos segmentos do próprio pensamento de
“esquerda” (entre aspas) que se restringem a administrá-lo ao invés de combatê-lo.
Estamos ficando doentes dos nossos remédios, a exemplo do que aconteceu nos tempos
da decadência do Império Romano nos primeiros séculos da Era Cristã. Como diz István
Mészáros (2003), ao criticar a insuficiência das propostas reformistas, estamos cavando
um buraco para tapar outro. Portanto, nesse contexto histórico, o sentido da vida do
homem no século XXI é a luta contra o capitalismo que está arrastando a sociedade à
barbárie social. Com efeito, a participação no ativismo político pode preencher e dar um
sentido, dar uma direção à vida das pessoas, sobretudo, aos mais jovens, construindo um
verdadeiro antídoto à ausência de atividade típica dos estados depressivos. Resumindo:
mais política e menos Fluoxetina. Como lembra Francis Dupuis-Déri (2014), autor do
livro Black blocs, a alegria de pertencer a uma comunidade solidária é muito mais
restaurador e satisfatório do que a consumoterapia.
O desafio das esquerdas é construir uma teoria que seja uma arma de luta
que unifique os dispersos movimentos anticapitalistas. Lenin, em 1917, utilizou o
marxismo para a formatação da sua arma de luta: o Partido Bolchevique. No auge da
movimentação revolucionária e dos embates políticos, entre agosto e setembro de 1917,
escreveu o livro O Estado e a Revolução (2007), em que procura resgatar o marxismo
como força revolucionária, libertando-o da longa tradição reformista e oportunista da
Segunda Internacional (1899 a 1914). Com a sua morte, em 1924, e com a ascensão de
Stalin ao poder, a Revolução Russa tomou caminhos equivocados e perdidos, o que
motivou Leon Trotsky a escrever, em 1936, o livro A revolução traída (2007). É um tema
fundamental no âmbito do pensamento de esquerda, porque o desconhecimento do que
foi o stalinismo afasta as pessoas do socialismo.
Percebe-se, atualmente, um novo vigor na discussão política. Com o
agravamento da crise capitalista, em 2008, e, no caso brasileiro, com as Jornadas de Junho
de 2013, a política voltou a ocupar as ruas, as mentes e os corações. Trata-se, aqui, vale
lembrar, da política no sentido original do termo, criada por aqueles gregos maravilhosos
do século V a. C., como a arte do bem comum. A política como a arte de corrigir as
distorções que o próprio desenvolvimento da vida em sociedade produz.
1 – A crise do capital
Durante os anos 1990 o Partido dos Trabalhadores (PT) foi aos poucos
pavimentando seu caminho para o Planalto apostando todas as fichas no jogo eleitoral e
na institucionalidade. Para ganhar a confiança dos empresários e da classe dominante,
adaptou-se às exigências do sistema político e usou toda a sua credibilidade junto à
população para tirar o povo das ruas e neutralizar a ação reivindicativa dos sindicatos e
dos movimentos sociais. Foi o reinado do que Carlos Nelson Coutinho, no livro
Hegemonia às avessas (2010), tendo como referência Antonio Gramsci, denominou de
“pequena política”. Tudo ficou reduzido à sonolenta e desinteressante rotina dos
gabinetes. Nesse período, o que interessava ao partido eram as questões parciais e
cotidianas no interior de uma estrutura já estabelecida. Era a política do dia a dia, da
escolha do “melhor candidato”, da articulação parlamentar. Um universo restrito a
corredores de intrigas e conchavos. O que se estabeleceu, então, foi a politicagem, as
picuinhas, a mera disputa pelo poder sem questionar a quem o poder serve. Grande parte
dos movimentos sociais foi anestesiada e cooptada com a distribuição de cargos em
mandatos parlamentares e nas administrações públicas, o que reduzia a sua autonomia e
colaborava para ampliar o consenso realizado nos gabinetes. Para Coutinho (2010), a
política deixou de ser a “grande política”, na qual os embates eram travados entre classes
sociais antagônicas com vistas a formulação de propostas alternativas de sociedade.
A conjuntura internacional também contribuiu para ampliar as incertezas.
No dia 09 de novembro de 1989, o muro de Berlim caiu. Parecia que a esquerda havia
desmoronado junto com o muro. O fim do “socialismo realmente existente”, nas palavras
de Mészáros (2003), foi considerado equivocadamente como o princípio dos “felizes anos
90”, a utopia do “fim da história” nas palavras do autor americano Francis Fukuyama,
ou seja, a crença de que a democracia liberal triunfou. Ora, se o capitalismo venceu,
consequentemente, a autêntica esquerda, a opositora do modo de produção capitalista,
perdeu. O pior não foi a derrota em si, mas a redução da capacidade de resistir. Ficamos
meio anestesiados, paralisados, perdidos num labirinto de desilusões. Esquecemos, em
parte, o princípio ético de que é preciso resistir sempre. O pior de tudo foi a sensação de
entregar cordialmente a vitória ao adversário e ficar tão somente com o gosto amargo da
derrota sem luta.
Todavia, o tempo não para - como diz a letra da música do Cazuza - e ainda
no final dos anos 90, começaram os movimentos antiglobalização, com destaque para a
Revolta de Seattle ocorrida no dia 30 de novembro de 1999, durante as manifestações
contra a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). Abriu-se um novo tempo
histórico das lutas de classe. A letargia dos anos 90 com diferentes intensidades,
temporalidades e localidades começou a ruir. No Brasil, por exemplo, o marco desse
processo foram as Jornadas de Junho de 2013. Como escreveram Marx e Engels, no
Manifesto do Partido Comunista (2007), a história da sociedade é a história das lutas de
classes, lutas que são ora abertas e ora camufladas. Estamos vivendo novamente uma fase
aberta das lutas de classe e, por que não dizer, uma fase escancarada. No livro Vivendo
no fim dos tempos (2012), Slavoj Zizek conta a seguinte história.
Dizem que, na China, quem realmente odeia alguém lança
contra ele a seguinte maldição: ‘Que você viva em tempos
interessantes!’. Em termos históricos, os ‘tempos
interessantes’ foram períodos de inquietação, guerra e luta
pelo poder em que milhões de inocentes sofreram as
consequências. Hoje, claramente nos aproximamos de
uma nova época de tempos interessantes (ZIZEK, 2012:
291).
Viver em “tempos interessantes” é viver (e sobreviver) em permanente luta
contra a desagregação social, ou seja, a barbárie, como já apontado A ação humana é
fundamental nesse processo porque nenhuma ordem social desaparece suave e
voluntariamente, por si só, mesmo quando a sua própria permanência coloca em risco a
continuidade da existência humana. Todos os períodos de transição na sociedade foram
marcados por violentas lutas sociais. A transição da Idade Medieval para a Idade
Moderna, conhecido como Renascimento, foi de intenso conflito entre dois mundos. As
instituições medievais, capitaneadas pela Igreja Católica, não abdicaram da luta. Elas
resistiram o máximo possível aos ventos da mudança trazidos pela burguesia
revolucionária. O uso terrorista da violência empreendida pela Tribunal da Santa
Inquisição não deixa espaço a dúvidas. A Igreja não dava trégua aos seus inimigos e nem
hesitava em mandar queimar seus adversários em fogo lento. A fina ironia de Voltaire,
célebre pensador iluminista francês, dizia que nada escapava da crítica abrasadora da
Igreja.
O pano de fundo objetivo das rebeliões populares que estão ocorrendo “nos
tempos interessantes” ao redor do mundo é a crise estrutural do capital, aprofundada em
2008 com a crise do mercado imobiliário americano. Segundo Mészáros (2002), o mundo
não conhecerá mais períodos de crescimento econômico significativos após a crise do
capital iniciada em meados da década de 1970, com exceção das bolhas de crescimento
favorecida pela facilidade de acesso ao crédito bancário, mas que, como sugere o nome,
não perduram e explodem rapidamente. Portanto, ao contrário da crises cíclicas
anteriores, o capital vive a sua crise final e definitiva. Mészáros (2002) discute, em seu
livro Para além do Capital, três características principais da crise do capital que ora
estamos experimentando como uma crise estrutural que tudo abrange. 1 - A crise possui
caráter universal, isto é, não está restrita a um ramo particular da produção ou as esferas
financeira e comercial. 2 – Possui alcance verdadeiramente global (não está restrita a um
conjunto particular de países como foram as crises do passado). 3 – A sua escala de tempo
é extensa e contínua em lugar de limitada e cíclica, como acontecia nas crises anteriores.
Com efeito, pelo fato da crise ser estrutural e não apenas conjuntural, a sua
solução requer necessariamente uma mudança estrutural. Trata-se da criação de outra
forma de organizar a vida econômica alternativa ao livre mercado. A ilusão do
“mecanismo de mercado” como o regulador insubstituível e necessário do metabolismo
social não mais se sustenta. Apenas dois exemplos são suficientes para demonstrar a
gravidade do problema. 1 – O desumanizante desemprego assumiu um caráter estrutural
e crônico. Não é mais o “exército industrial de reserva” dos tempos de Marx e Engels na
segunda metade do século XIX. Não existe, com efeito, maneira de reverter o fenômeno
dentro da ordem sociometabólica do capital. 2 – O mundo vive sob uma crescente ameaça
de desastre ecológico. Os recursos naturais do planeta não são suficientes para atender as
exigências do consumismo da sociedade capitalista. Mészáros (2003) mostra que os
Estados Unidos possuem menos de 4% da população mundial, mas utilizam cerca de 25%
dos recursos de energia e de matérias-primas do mundo. Portanto, podemos concluir, por
maior que seja a propaganda dos apologistas do capital, que o nível de consumo dos
Estados Unidos não poderá jamais ser transposto para o restante da humanidade sem
causar danos irreparáveis ao meio ambiente.
A crise estrutural do capital acarreta a crise das formas de organização e
representação política da sociedade burguesa, o que pode ser facilmente verificado no
descalabro do parlamento que nasceu com a sociedade burguesa e não poderá sobreviver
a ela. O parlamento em todo o mundo, não apenas no Brasil, atravessa o mesmo processo
de decadência e de desagregação pelo qual passa a sociedade. O capital atua como uma
força extraparlamentar vigorosa que domina de fora o parlamento a seu bel-prazer. O
sistema eleitoral também foi submetido à lógica de mercado. Torna-se cada vez mais raro
a cada eleição eleição um autêntico representante dos interesses dos trabalhadores no
parlamento. As festejadas exceções apenas comprovam a regra. O homem da rua, o
cidadão comum, por assim dizer, já percebeu a magnitude do problema e gradativamente
tem perdido o interesse pelo voto. Mészáros (2003) diz que não menos de 77% dos
eleitores ingleses – e quase a mesma proporção em outros países da Comunidade Europeia
– se recusaram a participar de um ritual tão sem sentido como as últimas eleições
nacionais convocadas para escolher os membros do parlamento inglês. No Brasil, o
número de votantes nas eleições presidenciais de 2006 reflete o mesmo desinteresse,
seguindo as reflexões do sociólogo Francisco de Oliveira (2010), no livro Hegemonia às
avessas.
Os votos nulos alcançaram a marca dos 4%, mesma
porcentagem para os votos em branco, e 23% dos
cadastrados não compareceram às seções eleitorais,
apesar da obrigatoriedade do voto. De fato, as eleições
presidenciais não interessaram a 31% dos votantes. Ou
então as candidaturas não motivaram esses 31% de
eleitores. É a porcentagem mais alta de “indiferença”
eleitoral da história moderna brasileira, aproximando-
se dos números da abstenção dos norte-americanos nas
eleições presidenciais (OLIVEIRA, 2010: 23).
Às vésperas da Revolução Russa de 1917, Lenin (2007) escreveu que as
eleições na sociedade burguesa nada mais eram do que a escolha periódica, de três em
três anos ou de seis a seis anos, de qual membro da classe dominante iria representar o
povo no parlamento. A alternativa encontrada pela revolução foi a institucionalização dos
“sovietes” (“conselhos” em russo) como forma de representação dos interesses populares.
Conclusão: uma nova forma de organização social alternativa ao capitalismo exigirá
necessariamente outra forma de representação política. O parlamento será colocado no
museu de antiguidades da história. Friso, mais uma vez, não se trata de reformá-lo. É
preciso inventar algo novo. Ou inventamos ou perecemos. Como diz a sabedoria popular:
não se inventa a lâmpada fazendo melhorias na vela.
A crise da sociedade capitalista é reconhecida até pelos mais empedernidos
defensores do capital. Não há mais formas racionais de escondê-la ou negá-la. Ela passou
a fazer parte da nossa vida cotidiana. Tornou-se, seguindo Zizek (2011), simplesmente
um modo de viver. O futuro dependerá da maneira como a crise social e financeira será
simbolizada, qual interpretação triunfará. Abriu-se o campo para a competição
ideológica. Na Alemanha do início da década de 1930, Hitler triunfou na competição
invocando uma suposta conspiração judaica. O antagonismo social (a luta de classes) é
deslocado de modo que a causa da crise seja projetada no intruso exterior. Nos tempos de
Hitler, o intruso estrangeiro que ameaçava o corpo social foi identificado com o judeu.
Atualmente, os imigrantes estrangeiros são os judeus dos anos 1930. Eles
são taxados como os principais responsáveis pela crise social em vez de percebê-los como
efeito e não como a causa do problema. Há uma “maré” anti-imigração na Europa, o
ressurgimento do populismo anti-imigração com a ascensão do discurso racista,
xenófobo, o aumento da intolerância, da pobreza e das guerras. De acordo com Zizek
(2012), como convencer os trabalhadores europeus que são contra os imigrantes que estão
travando a batalha errada? O inimigo é o capital e somente com a união de todas as
tendências políticas anticapitalistas poderemos vislumbrar a possibilidade de superação
do sistema capitalista. O Brasil não está imune ao que está acontecendo em solo europeu.
Os problemas são comuns. Em relação ao aumento da violência, os números oficiais de
mortos e feridos depois de cada final de semana na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo,
nos faz imaginar que estamos em plena guerra civil.
2 – Os novos movimentos sociais e a organização estudantil
Slajov Zizek (2012), na introdução do livro O ano em que sonhamos
perigosamente, discute as diversas rebeliões mundiais ocorridas em 2011 e inicia a sua
análise a partir de uma expressão da língua persa, war nam nihadan, que significa “matar
uma pessoa, enterrar o corpo e plantar flores sobre a cova para escondê-la”. Houve, em
2011, sonhos de emancipação que mobilizaram milhares de manifestantes em Nova York,
com o Occupy Wall Street, na Primavera Árabe, na Grécia, na Espanha, com a Revolta
dos Indignados, e nos protestos nos subúrbios de Londres. A mídia colocou um manto de
silêncio em cima desses eventos com o objetivo de matar o seu potencial emancipatório
radical ou de encobrir sua ameaça à democracia burguesa, plantando flores sobre o
cadáver enterrado. Não podemos deixar as lições das experiências desses eventos cair no
esquecimento. O papel do historiador, de acordo com Hobsbawm (1995), é lembrar aquilo
que muitos querem esquecer.
Sem dúvida, Slajov Zizek é um dos intelectuais-filósofos que tem
influenciado jovens que participam de movimentos sociais na atualidade, como o Occupy
Wall Street. Ele tem refletido em seus textos, sobretudo, no livro O ano em que sonhamos
perigosamente (2012), a respeito do perfil dos jovens que têm entrado em cena em
movimentos sociais e manifestações públicas de protesto ao redor do mundo. Afinal,
quem são esses jovens? Qual é o perfil dessa nova classe potencialmente revolucionária?
Para Marx e Engels, a classe revolucionária era o proletariado, principalmente, o
trabalhador fabril, o operário de fábrica. Contudo, o capitalismo sofreu inúmeras
mudanças do século XIX até os dias atuais. Hoje, em todo o mundo, em decorrência da
Terceira Revolução Industrial e da informatização da produção, o número dos
trabalhadores fabris tem caído drasticamente. Logo, a classe potencialmente
revolucionária atual não poderá ser uma categoria profissional que está minguando.
A análise concreta da situação concreta mostra o crescimento vertiginoso do
desemprego. Eis a triste realidade dos nossos dias. O que poderia ser considerado uma
vantagem (necessidade de menos trabalho árduo), a substituição das formas mais
degradantes e penosas de trabalho pelas máquinas, torna-se uma maldição. Sem emprego,
vivendo numa sociedade fundada no trabalho assalariado, o indivíduo está condenado à
penúria. O fenômeno do desemprego precisa ser melhor compreendido.
A Categoria dos desempregados, portanto, deveria ser
expandida para abranger a amplitude da população, desde
os desempregados temporários, passando pelos não mais
empregáveis e permanentemente desempregados, até as
pessoas que vivem nos cortiços e outros tipos de guetos
(aqueles muitas vezes descartados pelo próprio Marx como
“lumpemproletariado”) e, por fim, área, populações ou
Estados inteiros excluídos do processo global, como
aqueles espaços vazios dos mapas antigos. (ZIZEK, 2012:
14)
Observa-se, portanto, a entrada em cena de um novo sujeito social e político.
A expansão do conceito de desemprego desloca o foco dos trabalhadores assalariados
como protagonistas dos movimentos emancipatórios para os novos atores sociais, isto é,
os indivíduos que podemos denominar de “os sem lugar na sociedade capitalista” (ou
seja, sem teto, sem-terra, sem trabalho, sem direitos). Aqueles que os defensores da velha
ordem feudal chamavam de forma pejorativa de “populacho”, e que preferimos
denominar de movimento dos sem. Eis a nova classe potencialmente revolucionária,
segundo Zizek (2012).
A maioria dos participantes dos protestos de rua ocorridos em 2011, em
diferentes partes do mundo, e em 2013, no Brasil, foi composta, primordialmente, pelas
pessoas sem trabalho e/ou trabalhadores componentes de um novo proletariado, do setor
informal, trabalhando em empregos terceirizados, flexibilizados, sem garantias legais,
conhecidos como precarizados. A participação dos estudantes também foi expressiva. O
movimento dos estudantes volta à cena pública no Terceiro Milênio. Observa-se, hoje,
segundo Zizek (2012), em decorrência do desemprego estrutural, uma nova morfologia
dos estudantes. “[...] a categoria dos “anteriormente empregados” deveria sem
complementada pelo seu oposto, aqueles que foram educados sem nenhuma chance de
encontrar emprego: toda uma geração de estudantes quase não tem chance de conseguir
um emprego em sua área, o que leva a um protesto em massa” (ZIZEK, 2012: 15). Eles
estão acordando para o fato de que a solução do desemprego, e de um futuro digno, não
poderá ser encontrada dentro da ordem capitalista.
A professora titular da Unicamp (Universidade de Campinas), Maria da
Glória Gohn, também tem discutido os novos movimentos sociais. O seu livro Sociologia
dos movimentos sociais (2014) é uma importante fonte de consulta e de reflexão. De
acordo com Gohn (2014), os atuais movimentos de rebeldia social possuem caráter
polissêmico e em diferentes partes do mundo as reivindicações das marchas e ocupações
não são as mesmas. No Oriente Médio (Tunísia, Egito, Siria, Líbia etc) querem
democracia e liberdade de expressão. Na Europa, o foco é a denúncia das recentes
reformas econômicas, o desemprego, os acordos fechados como o Fundo Monetário
Internacional (FMI). De qualquer maneira, é possível listar cinco características comuns
presentes nos atuais movimentos sociais. 1 – As novas mobilizações não são convocadas
por partidos ou sindicatos. 2 – As manifestações utilizam o espaço público para realizá-
las, como praças, parques e ruas. Foi o que aconteceu na Praça Tahir, no Cairo; Praça da
Puerta del Sol, em Madri; Praça Catalunha, em Barcelona; Praça Syntagma, em Atenas;
Parque Zuccoti, em Wal Street, etc. 3 – Vários movimentos sociais da atualidade se
inspiram mais nos ideais anarquistas do que os da esquerda tradicional. 4 – A forma de
comunicação entre os jovens que participam dos movimentos também se alterou. Eles se
estruturam e se organizam on-line, por meio das redes sociais. Nesse aspecto, não
obstante a facilidade e agilidade das informações, também há perigos porque as novas
mídias fornecem elementos para a construção de novas formas de controle e repressão
sociais. 5 – Após a hegemonia dos movimentos identitários dos anos 1980 a 2000, a luta
contra o capital e os efeitos de sua expansão desordenada voltam à cena.
Slajov Zizek (2012) costumeiramente utiliza em seus textos algum ditado
popular, o sentido de expressões em outras línguas, determinadas passagens de filmes
hollywoodianos ou ainda fragmentos de desenhos animados como metáforas para instigar
a reflexão a respeito do tempo presente. No capítulo 2, do livro O ano em que sonhamos
perigosamente, intitulado A hipótese comunista, comenta um pequeno texto de Lenin
denominado “Sobre a subida de uma alta montanha”. Lenin usa a comparação com o
alpinista que tem que retornar ao vale após uma primeira tentativa frustrada de alcançar
o topo da montanha para demonstrar a importância da retomada da proposta socialista
original. Repare que o alpinista não volta ao ponto em que parou, mas é obrigado a
retornar ao vale e recomeçar tudo novamente do início. Da mesma forma, após as
frustradas tentativas das experiências socialistas do século XX, é preciso mais uma vez
partir do princípio. Não podemos cair no desânimo e no ceticismo (sementes do
imobilismo conservador), mas acreditar que a história é um palco de lutas e que
precisamos redescobrir o caminho que leva a revolução.
Ao contrário do que afirmava Margareth Thatcher no início dos anos 90, há
alternativas. A propaganda inimiga combate qualquer possibilidade de mudança. Ela
difunde a ideia de que, embora não vivamos no melhor dos mundos possíveis, a mudança
é sempre negativa porque pode piorar a situação. O medo paralisa e deixa o indivíduo
resignado a uma situação absurdamente desconfortável e injusta socialmente. Não por
acaso, o escritor Mia Couto escreveu que há pessoas que têm medo de que o medo acabe.
Como diz Zizek (2012), vamos ter que nos arriscar no abismo do novo. É urgente o
abandono das posições defensivas, típicas dos anos 90, e a retomada vigorosa da
necessidade história da ofensiva socialista.
Os textos de Marx e Engels, criadores do socialismo no século XIX,
constituem apenas o ponto de partida. É preciso estudar também os autores marxistas que
analisaram uma nova fase do capitalismo denominada de imperialismo. Refiro-me a V. I.
Lenin e Rosa de Luxemburgo, ambos representantes do período histórico que se iniciou
no final do século XIX e que, portanto, não puderam ser analisados detidamente pelos
autores do Manifesto Comunista. Ainda dentro da ampla perspectiva do pensamento de
esquerda, Leon Trotsky também merece destaque porque analisou fenômenos como o
stalinismo (burocratização do Partido Bolchevique) e a ascensão do fascismo na primeira
metade do século XX, que, por sua vez, também não puderam ser estudados pelos autores
que se debruçaram sobre a fase imperialista do capitalismo. Por fim, como é inegável que
o capitalismo sofreu inúmeras mutações na segunda metade do século XX e na primeira
década do século XXI, temos, ainda, que estudar diversos autores que analisam o
capitalismo dos nossos dias como István Mészáros e Slaloj Zizek para citar apenas dois.
Acredito que a formulação de uma nova teoria, que seja uma arma de combate, não será
constituída apenas pelo marxismo expurgado de suas distorções, mas uma teoria que sem
dúvida terá elementos do marxismo, mas que não poderá prescindir de pensadores do
Iluminismo do século XVIII.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A polissemia das vozes de 2011, no mundo, e as Jornadas de Junho de 2013
no Brasil, trouxeram novos desafios à inteligência e seus diferentes desdobramentos já
podem ser analisados em perspectiva histórica em meados de 2016. Na Grécia, após a
catarse da ocupação da Praça Syntagma em 2011, foi criado o Siriza (partido político cuja
sigla significa Coalização da Esquerda Radical) vitorioso nas eleições de 2014.
Infelizmente, o Siriza curvou-se as imposições do FMI e, talvez, seja mais um exemplo a
não ser seguido. Na Espanha, imediatamente após a Revolta dos Indignados em 2011, a
direita ganhou as eleições presidenciais naquele ano, mas surgiu também o Movimento
Podemos. O Podemos merece uma análise mais detalhada por sua forma de organização
horizontal utilizando os recursos das novas tecnologias em suas reuniões e assembleias.
Qualquer pessoa pode entrar no site denominado Plaza Podemos e participar das
discussões. Não existe uma liderança centralizada que determina de cima as decisões do
Movimento, mas uma lógica diversa em que a movimentação dos debates e das discussões
produzirá as suas lideranças. A experiência do Podemos tem mostrado o surgimento de
lideranças que nunca pertenceram ao quadro político institucional. Estaríamos diante de
uma nova forma de política?
As experiências do Siriza e do Movimento Podemos não podem ser
descartadas e desvalorizadas. Eles servem como lições, não como exemplos. É preciso
conhecer os seus avanços e recuos, sem ufanismo acrítico e sem sectarismos
imobilizadores. Karl Marx, no livro A guerra civil na França (2011), no calor dos
acontecimentos, faz uma análise positiva da experiência levada a cabo pelos comunardos
em Paris no ano de 1871. Ele não fez coro aos pessimistas e oportunistas que criticaram
a Comuna de Paris como uma aventura transloucada e que somente poderia resultar no
banho de sangue que marcou negativamente os anais da história francesa. Não corroborou
a conhecida máxima: a vitória tem muitos pais, somente a derrota é órfã. Apesar de, meses
antes da explosão da Comuna em outubro de 1870, haver alertado os operários parisienses
contra o perigo de qualquer tentativa para derrubar o governo como precipitação, em
março de 1871, quando a batalha decisiva se tornou um fato consumado, Marx saudou
com entusiasmo a primeira revolução proletária da história como “um assalto aos céus”.
Lênin (2007) comenta que Marx viu na Comuna de Paris uma experiência histórica de
enorme importância, um passo para a frente na revolução proletária universal, uma
tentativa prática mais importante que centenas de programas e argumentos.
O trabalho subterrâneo do descontentamento continua em andamento.
Haverá uma nova onda mundial de rebeliões. No Brasil, em 2015, ocorreram ocupações
das escolas públicas paulista pelos estudantes secundaristas. Foi o acontecimento político
mais importante de 2015, inspirado na revolta dos estudantes secundaristas chilenos de
2013. Karl Marx dizia que a revolução é uma toupeira. Ela anda debaixo da terra e de
tempos em tempos coloca a cabeça para fora. É possível, nos dias que correm, ver a
pontinha do seu focinho aparecendo à flor da terra. Vive-se, pela primeira vez na história,
uma conjuntura internacional de rebeliões. As diversas rebeliões poderão se transformar
em revolução? Até quando a violência policial poderá sufocar a verdade? São perguntas
cujas respostas não estão estabelecidas porque não há fatalismo ou determinismo em
história. A história é constituída pelas lutas de classe sociais com interesses antagônicos
e dependerá da organização e disposição das classes em conflito a construção do amanhã.
É preciso, também, apontar o outro lado da luta de classes, ou seja, a guinada
conservadora que atravessa a sociedade brasileira. O livro organizado por Felipe Demier
e Rejane Hoeveler intitulado A onda conservadora : ensaios sobre os atuais tempos
sombrios no Brasil discute em vinte capítulos a ascensão da direita brasileira presente nos
projetos de redução da maioridade penal, da medicalização das crianças (ritalina) e dos
adultos (antidepressivos), dos discursos de ódio da imprensa, das armadilhas das
narrativas anticorrupção, etc. A luta de classes está aberta é o pensamento progressista e
o pensamento conservador se digladiam a todo momento e em todos os lugares da
sociedade. Observa-se no horizonte a possibilidade do socialismo e, ao mesmo tempo,
ascensão do fascismo.
Para Mészáros (2003), por mais pessimista que possa parecer, o futuro do
socialismo será definido nos Estados Unidos. “Nenhuma potência militar ou política na
Terra seria capaz de realizar de fora o que só pode ser feito de dentro por um movimento
que ofereça uma alternativa positiva para a ordem existente nos Estados Unidos”
(MÉSZÁROS, 2003: 81). O socialismo somente é viável se for implantado como um
sistema universal. Como ele ocorreu em países pobres e periféricos, como a Rússia e
outros países do leste europeu, a sua possibilidade de êxito residiria na necessidade da
adoção do socialismo também por um grande país desenvolvido. Lenin depositava todas
as suas esperanças na fracassada revolução alemã de 1919. A tese do “socialismo num só
país” foi um engodo do stalinismo. O socialismo sempre foi um pensamento universalista.
Somente a implantação do socialismo num grande país desenvolvido possibilitará a sua
transposição para outros países ao redor do mundo. Leon Trotsky defendia a ideia da
revolução permanente, isto é, o processo revolucionário somente chegaria ao fim quando
fosse implantado como um sistema universal.
No final da década de 1980, ocorreu um exemplo concreto do processo de
transposição de experiências políticas de países ricos e desenvolvidos para o restante do
mundo. Foi o caso do neoliberalismo. O ideário neoliberal surgiu nos anos 1940 com
Freidrich von Hayek em seu livro O caminho da servidão. Durante algumas décadas o
neoliberalismo não foi levado a sério, mas com a queda da economia capitalista mundial
em um período de recessão nos anos 1970, a doutrina neoliberal começou a fazer sentido,
isto é, a teoria se aproximou e respondeu a uma necessidade real da sociedade. Foi uma
resposta na perspectiva dos donos do poder, a classe dos capitalistas, é verdade. No final
da década de 1970 e início da década de 1980, respectivamente, Estados Unidos e
Inglaterra, com Reagan e Thatcher, adotaram o receituário neoliberal para enfrentar a
crise: desregulamentação dos mercados financeiro e do trabalho, privatização dos
serviços públicos, enfraquecimentos dos sindicatos etc. Nos anos seguintes, o mundo todo
tornou-se neoliberal. O neoliberalismo começou no Brasil, por exemplo, em 1990 com o
governo Collor de Mello.
Em 2014 e 2015 observa-se o fortalecimento de um pensamento de direita
no Brasil. A situação é preocupante. Nunca conhecemos um governo declaradamente de
direita. Não podemos esquecer que o fascismo e o nazismo chegaram ao poder através de
eleições diretas num contexto social de forte crise econômica e política. Eles são o esforço
desesperado da permanência do velho mundo, são a expressão da contrarrevolução. Se,
por um lado, é com grande alegria e satisfação que observa-se a política ter novamente as
ruas como palco, a exemplo do que aconteceu no final da década de 1960, e que a praça
pública esteja novamente se tornando local de discussão política, como ocorreu no seu
nascedouro na Grécia Antiga; por outro lado, não podemos esquecer que o vento que
sopra aqui também bate lá... A história é a luta de classes com interesses antagônicos. Em
outras palavras, não existe revolução sem contrarrevolução.
A esquerda brasileira possui uma histórica e quase crônica dificuldade de
união. Aqui, ainda vigora com intensidade, o que Mészáros (2002) denominou de
movimentos de causa única (negros, mulheres, homossexuais, ecologistas, etc) que
transformam a sua causa na única causa. Eis o problema. Ainda não se atentou que existe
algo que corta todas as identidades particulares: o modo de produção capitalista. A luta
deve ser comum, porque os problemas são comuns. Ademais, de forma imatura, cada
segmento do pensamento de esquerda se autoproclama o baluarte da ética e do legítimo
esquerdismo. Não há convivência respeitosa entre as diferentes táticas de luta. É atual,
atualíssima, a máxima de Trotsky em relação à criação de uma frente de esquerda que
unifique as diversas tendências: marchar separados, lutar juntos. Marchar separadamente
significa a total liberdade de ação dos grupos anticapitalistas; lutar juntos implica a união
em prol de um objetivo comum: o fim do capitalismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Universidade de Brasília, 1985.
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