O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

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O Atalaia de Israel Um Estudo do Livro de Ezequiel Dennis Allan 2009 www.estudosdabiblia.net Distribuição Gratuita – Venda ProibidaO Atalaia de Israel Um Estudo do Livro de Ezequiel Dennis Allan © 2009 Introdução à Literatura Apocalíptica nas Escrituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 O Atalaia de Israel: Introdução ao Livro de Ezequiel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Lição 1: A Visão da Glória de Deus (1:1 - 3:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Lição 2: Um Sinal para a Casa de Israel (4:1 - 7:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Lição 3: A Glória de Deus Deixa o Templo (8:1 - 11:25) . . . . . . . . . . . . . . . 14 Lição 4: “E Sabereis que Não Foi sem Motivo” (12:1 - 15:8) . . . . . . . . . . . . 19 Lição 5: Uma História de Amor Incrível (16:1 - 17:24) . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Lição 6: Deus Age por Amor do Nome Dele (18:1 - 20:44) . . . . . . . . . . . . . 29 Lição 7: Avisos de Fogo e Espada (20:45 - 22:31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

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Page 1: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel

Um Estudo do Livro de Ezequiel

Dennis Allan

2009

www.estudosdabiblia.net

Distribuição Gratuita – Venda ProibidaO Atalaia de Israel

Um Estudo do Livro de Ezequiel

Dennis Allan

© 2009

Introdução à Literatura Apocalíptica nas Escrituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

O Atalaia de Israel: Introdução ao Livro de Ezequiel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Lição 1: A Visão da Glória de Deus (1:1 - 3:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Lição 2: Um Sinal para a Casa de Israel (4:1 - 7:27) . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Lição 3: A Glória de Deus Deixa o Templo (8:1 - 11:25) . . . . . . . . . . . . . . . 14

Lição 4: “E Sabereis que Não Foi sem Motivo” (12:1 - 15:8) . . . . . . . . . . . . 19

Lição 5: Uma História de Amor Incrível (16:1 - 17:24) . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Lição 6: Deus Age por Amor do Nome Dele (18:1 - 20:44) . . . . . . . . . . . . . 29

Lição 7: Avisos de Fogo e Espada (20:45 - 22:31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Lição 8: Duas Meretrizes, uma Panela e um Viúvo (23:1 - 24:27) . . . . . . . 37

Lição 9: Profecias sobre os Vizinhos de Israel (25:1 - 28:26) . . . . . . . . . . . 41

Lição 10: Profecias sobre o Egito (29:1 - 32:32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Lição 11: Deus Julga Entre Ovelhas (33:1 - 35:13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Lição 12: Deus Ressuscita o Povo de Israel (36:1 - 37:28) . . . . . . . . . . . . . . 53

Lição 13: Deus Chama a Espada contra Gogue (38:1 - 39:29) . . . . . . . . . . 55

Lição 14: Deus Manda Medir o Templo Restaurado (40:1 - 42:20) . . . . . . . 63

Page 2: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Lição 15: A Glória do Senhor Enche o Templo (43:1 - 45:8) . . . . . . . . . . . . . 68

Lição 16: “O Senhor Está Ali” (45:9 - 48:35) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71O Atalaia de Israel 1

Introdução à Literatura Apocalíptica nas Escrituras

A

palavra apocalíptico, para muitas pessoas,significa algo catastrófico ou relacionado ao fim do

mundo. Quando falamos da literatura apocalíptica na Bíblia, porém, utilizamosoutro sentido

para esta palavra. Linguagem apocalíptica éum modo de expressão simbólico e até obscuro.

O estilo de linguagem empregado nestes livros ou trechos não é literal, mas uma maneira

simbólica de comunicar verdades importantes aos leitores.

Muitos comentaristas consideram Daniel o primeiro autor verdadeiramente apocalíptico. Ezequiel,

cujo trabalho antecede o de Daniel, escreveu muitos trechos num tom apocalíptico. Zacarias, um

profeta pós-exílico, também empregou o estilo apocalíptico quando motivou os judeus que

voltaram do cativeiro a reconstruírem o templo.

Aparentemente adaptando o estilo destes escritos inspirados para servir seus próprios fins, vários

escritores judeus produziram livros de natureza apocalíptica durante o período de 200 a.C a 200

d.C. Embora tendo um estilo semelhante e um conteúdo que freqüentemente concorda com os

livros bíblicos, estes livros contêm, também, falhas graves e contradizem a Bíblia em vários pontos.

Conseqüentemente, foram geralmente rejeitados e tratados como livros não inspirados de origem

humana.

Até a data do livro do Apocalipse, escrito por João nas últimas décadas do primeiro século, o estilo

apocalíptico tornou-se bem conhecido entre alguns setores da sociedade judaica. As descobertas

da comunidade de Qumran sugerem que os judeus que moravam lá, e talvez toda a seita dos

Page 3: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

essênios, valorizava os escritos apocalípticos. É provável que outros judeus, também, conhessem

esse estilo de literatura até a época do Apocalipse. Independente de qualquer influência dos

essênios, os cristãos primitivos tiveram a mesma vantagem que os estudantes da Bíblia têm até

hoje: o privilégio de estudar a literatura apocalíptica do Antigo Testamento com intuito de saber

como abordar o livro do Apocalipse.

Abordando Estilos Literários Diferentes no Estudo da Bíblia

A

s tendências ocidentais, ao enfatizarem uma expressão prosaica e raciocínio lógico, podem

explicar, em parte, a dificuldade que muitos cristãos enfrentam no estudo de certas partes da

Bíblia. Uma boa parte da Bíblia foi escrita em linguagem simples e direta, mas outras partes

usam vários modosde expressão figurada. Podemos concluir que “nem todos os versículos foram

criados iguais”, desde que os estilos literários diferentes exigem abordagens diferentes no estudo.

Encontramos nas Escrituras diversas formas literárias. Entre elas:

! Prosa

! Poesia

! Parábolas

! Alegorias

! Metáforas

! Símiles

! Profecias

! Narração (histórica, biográfica, etc.)

! Literatura apocalíptica

! Debates

! Ilustrações

Page 4: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

! E diversas outras2 Estudo do Livro de Ezequiel

Para compreender a mensagem transmitida por um autor, devemos considerar seu modo de

comunicação. Se aplicarmos uma afirmação literal de maneira figurada, ou interpretarmos

literalmente uma expressão figurada, estaremos cometendo equívocos no uso das Escrituras.

Dificuldades deste tipo são a fonte de muitas divergências entre estudantes da Bíblia nos dias de

hoje.

Algumas Características da Literatura Apocalíptica na Bíblia

E

stas observações se limitam aos livros apocalípticos bíblicos (inspirados por Deus). Não devem

ser aplicadas aos livros semelhantes de origem humana.

Algumas características importantes da literatura apocalíptica:

! Altamente simbólica; freqüentemente utiliza sonhos e visões

! Um escopo amplo de assuntos, às vezes tratando de questões não abordadas em

outros livros proféticos

! Sentido forte do controle de Deus sobre os assuntos terrestres

! Escrita em períodos de crise nacional

! Significados simbólicos de números

! Ênfase no futuro

No nosso estudo do livro de Ezequiel, como também em estudos dos livros de Daniel, Zacarias e

Apocalipse, é importante reconhecer e respeitar o estilo literário escolhidopelo Espírito Santo para

transmitir a sua mensagem aos leitores.O Atalaia de Israel 3

O Atalaia de Israel:

Introdução ao Livro de Ezequiel

O

livro de Ezequiel é um exemplo fascinante da riqueza da literatura bíblica. Escrito num

período de crise nacional, este livro ofereceu esperança a um povo que enfrentava o

Page 5: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

desepero do aparente abandono por Deus. Ao mesmo tempo, o profeta usado por Deus

para transmitir esta mensagem encarava suas próprias crises. Usando linguagem rica e ilustrativa,

Ezequiel desafia o povo de Israel a aprender as lições da sua história, enfatizando a necessidade

da fidelidade a Deus para conseguir a restauração da comunhão com o Senhor. Este profeta

olhava além do estado sofrido dos exílios para ver o reino glorioso sob o domínio de Deus. Ele foi

escolhido como atalaia ou vigia para proteger o povo dos perigos do pecado. Ezequiel nos ensina

muito sobre o povo de Deus na época do Antigo Testamento, oferecendo um vislumbre do caráter

santo de Deus e, afinal, desafia cada leitor a examinar-se e a avaliar suas escolhas sobre Deus.

I. O Homem Que Escreveu o Livro de Ezequiel

A. Na introdução ao livro, encontramos esta afirmação: “veio expressamente a palavra

do SENHOR a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote” (1:3)

B. Ele foi descrito como sacerdote (1:3)

1. Aparentemente, foi levado à Babilônia entre os valentes e principais homens na

segunda leva, que aconteceu em 597 a.C. (cf. 2 Reis 24:8-16). A posição de Ezequiel

como membro de uma família sacerdotal pode ajudar a entender a visita dos anciãos

de Judá à casa dele (8:1)

2. É o mesmo cativeiro usado como ponto de referência para marcar a data do livro (1:2)

3. Ezequiel estava na terra dos caldeus (babilônicos) quando recebeu sua primeira

revelação no quinto ano do cativeiro de Joaquim, em 593 a.C. (1:2-3)

C. O fato de Ezequiel proceder de uma linhagem sacerdotal esclarece o sentido provável da

referência ao 30º ano na data inicial do livro (1:1). As explicações mais comuns desta

referência sugerem que Ezequiel cita sua própria idade, dizendo que começou a profetizar

no seu 30º ano, ou seja, quando tinha 29 anos de idade. Com esta base, podemos fazer

algumas observações sobre a vida deste profeta:

Page 6: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. Ele teria nascido por volta de 622 a.C., during o período das reformas iniciadas por

Josias. Ezequiel teria passado seus primeiros anos num período em que Jerusalém

estava livre da idolatria e guiada por um rei que honrava Deus e respeitava a lei do

Senhor

2. Ezequiel teria 17 anos quando Daniel e outros foram deportados por Nabucodonosor

II em 605 a.C.

3. Como jovem, ele poderia ter ouvido as mensagens do profeta Jeremias e visto a

ousadia daquele profeta fiel diante da oposição violenta e opressora

4. Não sabemos se Ezequiel conheceu pessoalmente o profeta contemporâneo, Daniel,

mas ele claramente sabia do trabalho e da reputação deste outro homem de Deus

(14:14,20; 28:3)

5. Os leitoresdolivro de Ezequielpoderiam terentendidouma mensagem especialmente

comovente do fato de um sacerdote escrever durante seu 30º ano. O serviço pleno de

um sacerdote levita começava ao atingir a idade de 30 anos (cf. Números 4:3; 1

Crônicas 23:3). Ezequiel teria se preparado a vida toda para servir no templo em4 Estudo do Livro de Ezequiel

Jerusalém. Agora, chegando à idade de 30 anos, ele estava a centenas de quilômetros

daquele lugar santo. Até terminar a sua mensagem, o templo seria totalmente

destruído. Quem poderia melhor compreender e comunicar a angústia destes exilados

do que um sacerdote novo que nunca teria o privilégio de servir no templo em

Jerusalém? Quem melhor para ter as visões de uma nova Jerusalém para dar

esperança ao povo no cativeiro?

D. Como outros grandes servos do Senhor, Ezequiel era um homem dedicado, com um

compromisso sério com Deus

1. Os primeiros capítulos mostram como a seriedade e a importância da sua missão

foram frisadas pela visão de Deus e o relato das instruções divinas que o profeta

recebeu

2. Parece que Ezequiel aceitou a sua tarefa voluntariamente, mesmo sabendo que teria

Page 7: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

que ser firme e até duro com o povo no seu papel de atalaia

3. O trabalho dele exigia grandes sacrifícios e a força para superar sofrimento pessoal.

Suas cenas mudas envolviam demonstrações humilhantes. A tristeza de Ezequiel em

relação à queda de Jerusalém foi multiplicada quando a esposa dele morreu ao

mesmo tempo

II. O Contexto Histórico do Trabalho de Ezequiel

A. O Período do Trabalho Profético de Ezequiel

1. Ezequiel fornece datas específicas de várias visões, facilitando o nosso estudo em

termos do ambiente histórico

2. Começou em 593 a.C., durante o quinto ano do cativeiro de Joaquim (1:1-2)

3. A última visão que inclui uma citação de data ocorreu 22 anos depois, no 27º ano, ou

seja, por volta de 571 a.C. (29:17)

4. Estas datas posicionam todo o trabalho de Ezequiel no período do reinado de

Nabucodonosor II, o rei da Babilônia de 605 - 562 a.C. Ele foi responsável pelas

deportações dos judeus deJerusalém epeladestruição do templo e da cidade em 586

a.C.

B. O Local do Trabalho Profético de Ezequiel

1. Os versículos iniciais do livro dizem que Ezequiel estava

“no meio dos exilados, junto ao rio Quebar....na

terra dos caldeus” (1:1,3). Acredita-se que o rio

Quebar tenha sido um canal de irrigação que partia do

rio Eufrates perto da cidade da Babilônia, passando por

Nippur e voltando ao Eufrates perto de Ereque

2. Houve um acampamento ou povoado dos exilados em

Tel-Abibe, junto ao mesmo rio (3:15)

3. Ezequiel trabalhou, também, em outros lugares,

possivelmente próximos (3:22; 37:1)

Page 8: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

4. Ele foi levado a Jerusalém em visões (8:5), mas não há

registro de nenhuma viagem para longe da região de Tel-Abibe

III. A Relação de Ezequiel com Outros Livros da Bíblia

A. Ezequiel pode ser comparado a Jeremias em termos do tempo do trabalho deles

1. O trabalho de Ezequiel iniciou antes de Jeremias terminar seu trabalho como profeta

2. Os dois foram fiéis, apesar de receberem missões difíceis

3. Os dois vieram de famílias sacerdotais

4. O estilo dos dois é semelhante, com ilustrações dramáticas em suas mensagensO Atalaia de Israel 5

Page 9: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Lição 1

A Visão da Glória de Deus:

Deus Envia um Profeta ao Seu Povo

(Ezequiel 1:1 - 3:27)

O

s primeiros capítulos de Ezequiel são alguns dos mais impressionantes na Bíblia. Ezequiel

estava no exílio, num ambiente que poderia ter sido deprimente para este jovem sacerdote,

mas ele foi levado numa visão à presença do Senhor. Ele se esforça para achar as palavras

para descrever as imagens que lhe foram apresentadas e consegue pintar um quadro em palavras

que ainda cria nos leitores a admiração que ele sentiu pela glória de Deus.

Mas a visão de Deus não foi dada apenas para satisfazer algum anseio humano. Esta visão serviu

para passar para Ezequiel a sua tarefa de proclamar a mensagem de Deus ao povo rebelde de

Israel. Ele recebeu as instruções para agir com resistência e uma cabeça dura, cumprindo fielmente

seu papel como o atalaia da casa de Israel. Da chamada de Ezequiel, podemos aprender muito

sobre a seriedade do nosso trabalho na divulgação do evangelho hoje.

I. A Visão da Glória de Deus (1:1-28)

A. A introdução ao livro (1:1-3)

1. No 30º ano (provavelmente da vida de Ezequiel – veja os comentários na introdução

deste estudo, páginas 3 e 4), Ezequiel teve visões de Deus

2. Ele estava entre os exilados de Judá, no território babilônico junto ao rio Quebar

3. A referência mais específica do versículo 2 identifica a data inicial do trabalho de

Ezequiel como 593 a.C., o quinto ano do cativeiro de Joaquim

4. Ezequiel, cujo nome significa “Deus fortalecerá”, era um sacerdote

B. Um vislumbre da glória de Deus (1:4-28)

1. É importante lembrar que Ezequiel nos dá uma imagem visual. Devemos focalizar a

imagem toda, e não nos perdermos com pormenores

Page 10: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

2. Inicialmente, ele viu a imagem chegando de um lugar distante (1:4). Ele a descreve

como um vento tempestuoso e uma grande nuvem envolvida em fogo com uma luz

brilhante irradiando do meio dela

3. Quando a nuvem se aproxima, ele a descreve com mais detalhes (1:5-28)

a. A semelhança de quatro seres viventes saía do meio da nuvem (1:5; cf. Apocalipse

4:6-9)

1) Cada ser vivente tinha quatro rostos – de homem, leão, boi e águia (1:6,10)

2) Cada um tinha quatro asas (1:6,11; cf. Isaías 6:2; Apocalipse 4:8)

3) Eles tinham quatro pernas direitas, que pareciam com pés de um bezerro feitos

de bronze polido (1:7)

4) Tinham mãos de homem nos quatro lados, debaixo das asas (1:8)

5) Tinham a aparência de tochas, fogo e relâmpagos (1:13,14)

6) Cada ser tinha uma roda que parecia com uma roda dentro da outra (1:15-21)

a) Com estas rodas, os seres viventes movimentavam-seem qualquer direção

sem a necessidade de se virarem (1:17,9,12,14,20)

b) O movimento deles não estava restrito a terra; também se elevavam da

terra (1:19,21)

c) As rodas tinham olhos ao redor (1:18; cf. Apocalipse 4:8)

7) Quando consideramos estes seres viventes, junto com as referências relevantesO Atalaia de Israel 7

em outras passagens, podemos chegar a algumas conclusões:

a) Que estes seres são de uma posição muito alta, talvez as maiores

criaturas no céu. Parece que sempre estão na presença imediata de Deus,

totalmente dedicados ao serviço dele

b) Que eles têm uma relação com o mundo inteiro. As descrições dos seres

viventes e de suas posições sugerem a capacidade deles em enxergar tudo

e movimentar-se livremente em qualquer direção. Tais capacidades

enfatizam os atributos divinos de onisciência e onipresença

Page 11: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

b. Os seres viventes evidentemente apóiam uma plataforma (firmamento) com a

aparência de cristal brilhante (1:22; cf. Êxodo 24:10; Apocalipse 4:6)

1) Quando movimentaram este firmamento, fizeram um barulho forte, sugerindo

o poder da voz de Deus (1:24)

2) De cima do firmamento, veio uma voz (1:-24-25). Ezequiel não diz

especificamente que era a voz de Deus, mas o contexto e a descrição seguida

do trono sugere claramente ser a voz do Senhor. Quando a voz falou, os seres

viventes se mostraram totalmente sujeitos à autoridade divina

c. Quando Ezequiel olha para cima do firmamento, ele vê a imagem maravilhosa da

presença de Deus. Ele parece incapaz ou hesita em olhar bem para a pessoa em

cima do trono (1:26-28)

1) Uma figura parecida com um homem estava sentada no trono

2) O resplendor de fogo e metal brilhante emanava do trono. O resplendor era

semelhante a um arco-íris ao redor do trono (cf. Apocalipse 4:3)

d. Ezequiel foi consumido com reverência, talvez com medo, quando viu a aparência

da glória de Deus. Ele caiu com o rosto em terra até ouvir a voz de Deus (cf. Daniel

8:17-18)

II. Deus Envia Ezequiel para Pregar ao Povo de Israel (2:1 - 3:15)

A. A chamada de Ezequiel veio quase 130 anos depois da queda do reino do Norte, que foi

conhecido como Israel. Até este período, o termo Israel estava sendo usado novamente

para se referir em geral ao povo escolhido de Deus. O trabalho de Ezequiel seria

principalmente relacionado ao povo de Judá, o reino do Sul, especialmente aos judeus que

haviam sido levados ao cativeiro na Babilônia

B. O Espírito de Deus pôs Ezequiel em pé para ouvir as instruções de Deus (2:1-2). Deus

chama Ezequiel de “Filho do homem” (2:1)

1. Esta expressão aparece 93 vezes em Ezequiel, quase a metade das ocorrências dela

em toda a Bíblia. No Antigo Testamento, aparece poucas vezes antes de Ezequiel (nos

Page 12: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

livros de Jó, Salmos e Isaías) e duas vezes em Daniel. No Novo Testamento, se

tornou uma descrição comum de Jesus nos quatro relatos do evangelho, e aparece

raramente no resto do Novo Testamento (cf. Atos 7:56; Hebreus 2:6; Apocalipse 1:13;

4:14)

2. Em Ezequiel, este termo mostra a posição do profeta como homem em contraste

evidente com Deus. É uma expressão referente à humanidade do profeta,

subordinado claramente ao Criador – o Soberano Deus

C. Deus instrui Ezequiel a ser forte na sua tarefa de enfrentar o povo rebelde e teimoso da

casa de Israel (2:3 - 3:15)

1. O fato de Deus dirigir a mensagem “à casa de Israel” tem sido usado por alguns

para concluir que Ezequiel deve ter pregado em Jerusalém. Mas, este fato não é

suficiente para chegar a tal conclusão, por vários motivos:

a. Uma boa parte da casa de Israel já tinha sido deportada à Babilônia, e foi

totalmente apropriado para Deus dirigir sua mensagem a esses exilados (3:11)8 Estudo do Livro de Ezequiel

b. Outras pessoas poderiam ter levado a mensagem de Ezequiel a Jerusalém sem o

próprio profeta chegar ao local

c. Todas as referências no livro ao local colocam Ezequiel entre os cativos na

Babilônia. Simplesmente não há base no livro para dizer que ele tenha voltado para

Jerusalém

2. Ezequiel recebeu a responsabilidade de pregar, independente da reação ou resposta

do povo à mensagem (2:3-7)

3. Deus, então, deu-lhe uma ordem – de comer um rolo (livro) – com a advertência de

não se mostrar rebelde como a casa de Israel (2:8 - 3:3)

a. Nos dois lados do rolo foram escritas palavras de lamentações, suspiros e ais.

Assim, Deus revelou de antemão a natureza da missão de Ezequiel

b. O sabor era doce, como mel (cf. Apocalipse 10:8-11)

c. Ezequiel, como outros profetas, aceitou a responsabilidade de pregar a palavra,

Page 13: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

reconhecendo sua obrigação de falar (cf. 3:10; Jeremias 20:9; Atos 4:20)

4. Ezequiel foi enviado para pregar as palavras de Deus (3:4; cf. 3:1) à casa de Israel, com

plena compreensão do fato que ele seria rejeitado pelos seus compatriotas (3:4-11)

5. A visão terminou com a saída de Deus da mesma maneira que ele havia chegado

(3:12-13)

6. Ezequiel voltou ao seu lugar entre os exilados em Tel-Abibe (3:14-15)

a. Ele sentiu amargura e excitação no seu espírito. Há várias explicações possíveis:

1) Raiva ou ressentimento por ter recebido uma tarefa tão difícil sem esperança

de aceitação pelo povo

2) Frustração por não ter mais a visão da glória de Deus

3) Um sentimento forte de indignação e justiça, compartilhando da ira de Deus

para com o povo pecaminoso de Israel. Esta explicação parece ser a melhor em

relação ao texto e em comparação com as experiências de outros profetas (cf.

Jeremias 6:11 econsiderea amargura da missão de João em Apocalipse 10:8-

11)

b. Depois da sua grande visão, Ezequiel ficou esgotado emocionalmente e assentouse, atônito, em Tel-Abibe

III. O Papel de Ezequiel como Atalaia de Israel (3:16-27)

A. A idéia de um profeta servir como vigia ou sentinela para avisar o povo de perigo iminente

não foi nova em Ezequiel. Encontramos a mesma imagem em profetas anteriores (Isaías

56:10; Oséias 9:8; Habacuque 2:1)

B. Ezequiel recebeu a tarefa de avisar o povo das conseqüências dos seus atos

1. Se ele cumprisse este dever, ele viveria, independente da resposta dos ouvintes à

palavra

2. Se ele negligenciasse a sua responsabilidade e ficasse quieto sobre o pecado dos

outros, ele seria culpado pelo sangue dos condenados

C. Deus impeliu o profeta ao vale, onde falou com ele outra vez (3:22-27)

1. Mandou que Ezequiel se fechasse na sua casa, como se estivesse preso

Page 14: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

2. Deus falou que o profeta ficaria mudo, podendo falar para o povo somente quando o

Senhor o determinasse (cf. 1 Pedro 4:11). Pode ser que o silêncio de Ezequiel tenha

sido eventual, alternando momentos em que Deus mandasse Ezequiel ora falar ora

calar-se

Conclusão: Não é de admirar que Ezequiel tenha ficado atônito durante uma semana depois da

visão da glória de Deus! Ezequiel e os exilados de Judá devem ter sentido desespero quando

ficaram afastados do templo, mas o profeta teve a consolação de vero verdadeiro templo do DeusO Atalaia de Israel 9

vivo! Mas ninguém se aproxima de Deus sem encarar as suas responsabilidades. A visão destes

capítulos serviu para ajudar Ezequiel a apreciar melhor o caráter de Deus e para se preparar para

sua tarefa de pregar à casa rebelde de Israel.

Perguntas

1. Descreva a aparência dos quatro seres viventes. Quem eram? Quais

seriam algumas das características dos seres viventes representadas

por estes aspectos da sua aparência?

2. Descreva as rodas. Qual foi a função delas?

3. O que ficava acima dos quatro seres viventes?

4. A descrição da aparência de Deus, dada por Ezequiel, não inclui muitos detalhes.

a. Qual seria o motivo de omitir detalhes nesta descrição?

b. Sua descrição de Deus enfatizou quais qualidades do Senhor?

5. O que quer dizer “Filho do homem” em Ezequiel?

6. Como Deus descreve o caráter da casa de Israel?

7. Ezequiel tinha motivo para sentir otimismo quando se preparou para sua missão? Explique.

8. Qual foi o significado de comer o rolo?

9. Qual foi a responsabilidade de Ezequiel como atalaia? Como podemos aplicar os mesmos

princípios nos dias de hoje?

10. Compare as características da visão de Deus em Ezequiel 1 com outras descrições deste tipo

Page 15: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

na Bíblia. Cite algumas coisas semelhantes e algumas diferenças:

A visão de Ezequiel Comparações de outros livros da Bíblia

Tarefa opcional: Tente visualizar as rodas da visão de Ezequiel 1 e faça um desenho ou construa

um modelo (talvez de papelão). Se Se tiver habilidades artísticas, pode desenhar toda a cena do

capítulo 1.

Page 16: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3

Conclusão: Deus havia avisado Ezequiel que sua missão seria difícil. As primeiras tarefas do

profeta certamente foram suficientes para provar este aviso! A sua primeira mensagem tomou a

forma de uma cena dramática em que o profeta sofreu grande privação. Logo em seguida, ele

transmitiu uma mensagem de um destino infeliz, repetindo diversas vezes o refrão de lamentação,

“Haverá fim, o fim vem”. É provável que Ezequiel fosse identificado pelo povo, logo no início

do seu ministério, como um profeta esquisito e pessimista. Para uma nação que, durante muito

tempo, havia ignorado e rejeitado os apelos de Deus para seu arrependimento, tal mensagem de

um fim horrível foi necessária. Como um atalaia fiel, Ezequiel avisou o povo que estava andando

no caminho que levaria à morte.

Perguntas

1. Descreva a dramatização que Ezequiel fez para representar

o cerco de Jerusalém.

2. Por que Deus mandou que Ezequiel deitasse sobre seu lado? Durante quanto tempo iria

continuar assim?

3. Descreva o que ele comia e bebia, observando as quantidades diárias. Qual foi o ponto que

Deus queria ensinar com esta apresentação dramática?

4. Descreva o que Ezequiel fez com seus cabelos. Explique o significado desta parte da cena.

5. A afirmação de Ezequiel 5:9 significa que a destruição de Jerusalém foi a pior coisa que

aconteceu em toda a história do mundo? Explique sua resposta.

6. Como Ezequiel explicou o lado positivo (um benefício importante) do cativeiro dos judeus em

uma outra terra?

7. Quando a Bíblia diz: “o fim vem”, ela sempre se refere ao fim do mundo? Explique.

8. Como a afirmação de Deus em Ezequiel 7:22 teria sido chocante e até quase inacreditável

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para os judeus da época de Ezequiel?

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14 Estudo do Livro de Ezequiel

Lição 3

A Glória de Deus Deixa o Templo:

Visões da Corrupção de Jerusalém

(Ezequiel 8:1 - 11:25)

E

ste trecho é mais um relato altamente simbólico e impressionante. Ezequiel descreve a sua

viagem fantástica em visões ao templo em Jerusalém. Naquela cidade importantíssima para

o povo judeu, o profeta viu uma explicação dramática do declínio de Jerusalém e dos motivos

pelo castigodivinoquevinhasobreela. A arrogância dos habitantes e líderes de Jerusalém enfrenta

a realidade da vingança divina. Mas há um lado positivo nestas visões. Deus assegura ao profeta

que ainda recolheria seu povo e voltaria a ter comunhão com Israel.

I. Ezequiel Testemunha Diversas Abominações no Templo (8:1-18)

A. O contexto destas visões (8:1-4)

1. Esta visão foi recebida no 6º ano, no 6º mês, no 5º dia (8:1).

a. Entendendo a data como referência ao cativeiro de Joaquim (cf. 1:2), concluímos

que a visão aconteceu no ano 592 a.C.

b. O intervalo de tempo entre a primeira data (1:1-2) e esta visão é de um ano e dois

meses. Se Ezequiel tinha 29 anos no início do seu trabalho, ele teria completado

30 anos de idade até a data desta visão

1) Se estivesse ainda em Jerusalém, estaria iniciando seu serviço sacerdotal

2) Nesta visão, ele terá o privilégio deentrarnacasade Deus, mas enfrenta a triste

realidade do pecado do povo que levou à saída do Senhor de sua casa

2. Ezequiel estava na sua própria casa, ainda entre os exilados em Quebar (8:1)

3. Os anciãos de Judá estavam assentados diante dele, provavelmente procurando

orientação espiritual, como costumavam fazer (8:1; cf. 14:1; 20:1; 33:31)

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4. Deus pôs a mão sobre Ezequiel, e o profeta viu uma figura celestial que nos lembra a

visão do capítulo 1 (8:1-2). Nesta seqüência, relatada nos capítulos 8 a 11, Ezequiel faz

comparações que mostram que a visão da glória de Deus aqui é basicamente igual à

visão que teve junto ao rio Quebar (8:4)

5. Ele foi levado pelo Espírito “a Jerusalém em visões de Deus” (8:3)

B. Deus permitiu que Ezequiel olhasse para dentro do templo para ver algumas das

abominações sendo cometidas na casa que representava a presença de Deus no meio do

povo escolhido (8:3-16; cf. 5:11)

1. Na entrada do pátio do templo do lado norte, Ezequiel viu a imagem dos ciúmes (8:3-

6)

a. Torna-se evidente que os efeitos das reformas de Josias, um dos melhores reis de

Judá, que morreu menos de 20 anos antes desta visão, não duraram muito (cf. 2

Reis 23:6)

b. Aparentemente, os últimos reis de Judá voltaram à idolatria de Manassés, até o

ponto de erigir uma imagem numa das portas do templo (cf. 2 Reis 21:7,11-12;

Jeremias 7:30; 15:4; 19:3-4; 32:34)

c. A porta do norte seria a entrada normalmente usada pelo rei quando vinha do seu

palácio para o templo. Sabendo da história da idolatria de vários reis, é provável

que o rei fosse um dos principais culpados destas práticas abomináveis

d. Talvez o aspecto desta descrição da idolatria no templo que mais nos surpreenda

nesta descrição da idolatria no templo seja o comentário no versículo 4: “a glóriaO Atalaia de Israel 15

do Deus de Israel estava ali”. Apesar da rebeldia de Israel na rejeição de Deus,

ele ainda não havia abandonado seu povo. Claramente, foi o pecado do povo, e

não a impaciência de Deus, que causou o sofrimento de Israel (8:5-6; cf. Isaías

59:1-2)

2. Ezequiel foi guiado até uma câmara escondida, onde ele encontrou 70 anciãos de

Israel participando de um rito idólatra e adorando animais (8:7-12; cf. Deuteronômio

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4:15-18; Romanos 1:23-25)

a. O número 70 pode virdos 70 anciãosdosistema judiciário estabelecidono tempo

de Moisés (cf. Números 11:16,25), a mesma idéia encontrada séculos depois no

Sinédrio, o corpo governante dos judeus na época de Jesus e os apóstolos. O

número 70 é o produto de 7 x 10, sugerindo um número completo (e até santo)

e mostrando que a nação, em geral, havia se dedicado à idolatria

b. Alguns nomes são mencionados aqui (8:11) e em 11:1. Não temos informações

para melhoridentificarestaspessoas. Podem tersido líderes conhecidos do profeta

e do povo de sua época, assim mostrando aos cativos como a idolatria se

espalhava desde os mais elevados níveis da população

c. Estes anciãos tinham se convencidos que Deus não via seus pecados, e assim

participavam desses atos abomináveis com arrogância e desrespeito pela palavra

dele (8:12)

3. À porta da entrada do norte do templo, Ezequiel viu mulheres adorando o falso deus

Tamuz (8:13-14)

a. Tamuz era um deus de fertilidade

b. Na adoração deste falso deus, as pessoas choravam e participavam de rituais de

fertilidade

4. Por último, Ezequiel viu 25 homens, de costas para o templo, adorando o sol (8:15-16;

cf. Deuteronômio 4:19)

C. Depois de mostrar para Ezequiel todos estes crimes na área do templo, Deus enfatizou a

vingança que ele traria contra o povo rebelde que claramente merecia o castigo (8:17-18)

II. Executores da Vingança Divina Matam os Malfeitores (9:1-11)

A. Uma voz forte chamou sete homens para executar a justiça na cidade (9:1-2)

1. Seis deles trouxeram armas para esmagar e destruir (9:2)

2. O sétimo estava vestido de linho e trouxe um estojo de escrevedor (9:2)

B. Deus, da entrada do templo, falou com estes homens (9:3-7)

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1. A glória de Deus se levantou do querubim (parece neste ponto uma referência aos

querubins da arca da aliança – cf. Êxodo 25:18-20) e foi até à entrada do templo, onde

aparentemente parou para orientar os executores (cf. 10:4)

2. Ele instruiu o homem com o estojo a passar pela cidade e colocar um sinal na testa

dos homens que foram angustiados por causa das abominações dos rebeldes em

Jerusalém (9:4; cf. Apocalipse 7:2-4; 9:4; 14:1)

3. Mandou, então, que os outros seis seguissem para matar sem misericórdia todos que

não tinham a marca dos justos (9:5-7). Eles foram obedientes à ordem divina

C. Ezequiel clamou ao Senhor em angústia, preocupado que todo o restante do povo seria

destruído (9:8). Aqui, e num apelo semelhante em 11:13, parece que Ezequiel entendia que

o povo de Deus incluísse apenas as pessoas na presença do Senhor (ou seja, na presença

do templo físico em Jerusalém). Deste ponto de vista, o restante teria que estar em

Jerusalém, e não afastado de Deus na Babilônia. Deus responde a esta idéia mais tarde (cf.

11:14-21)

D. Deus respondeu ao apelo de Ezequiel, dizendo que o pecado excessivo do povo realmente16 Estudo do Livro de Ezequiel

seria castigado sem compaixão (9:9-10)

E. Enfatizando a finalidade desta decisão de executar a punição, o homem com o estojo

voltou e disse que tinha terminado seu trabalho (9:11)

III. A Glória de Deus Deixa o Templo (10:1-22)

A. Como já observamos, Ezequiel faz comentários ligando esta visão àscenasanteriores junto

ao rio Quebar. Nossa ênfase no estudo deste capítulo estará nos atos de Deus, e não nos

detalhes da aparência da glória divina. É importante notar, porém, que:

1. Ezequiel agora identifica os quatro seres viventes como querubins (10:15,20; cf.

Gênesis 3:24; Êxodo 25:18-22; 1 Samuel 4:4; Salmo 18:7-12)

2. Não somente as rodas, mas os próprios querubins, estavam cheios de olhos (10:12;

cf. Apocalipse 4:8)

3. Cada querubim tinha quatro rostos. Quando comparamos a descrição aqui com a do

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capítulo 1, percebemos que o rosto de boi é descrito agora como rosto de querubim

(10:14; cf. 1:10; 10:22)

B. O homem vestido de linho foi instruído a tomar brasas acesas do meio dos querubins e

espalhá-las sobre a cidade (10:1-2,6-14). A idéia de fogo ser lançado do céu é uma

representação comum do julgamento de Deus (cf. Gênesis 19:24; Levítico 10:2; Lucas

9:54; Apocalipse 8:5)

C. Quando o Senhor se levantou do querubim, o templo se encheu do resplendor da glória

de Deus (10:3-5)

D. Os querubins se levantaram da entrada do templo, levando a glória de Deus para fora da

casa dele (10:15-22). Deus saiu para o lado oriental (10:19), a mesma direção de onde virá

quando volta para a cidade restaurada (cf. 43:1-5). Esta cena claramente representava o

pior pesadelo possível para Ezequiel ou qualquer outro judeu temente a Deus. O Senhor,

finalmente, ficou tão irado pelo pecado da nação que ele foi embora do seu lugar no meio

do povo. Ezequiel tinha visto os acontecimentos celestiais atrás da calamidade da queda

de Jerusalém. Que dia triste para este sacerdote!

IV. Ezequiel Avisa sobre o Destino de Jerusalém (11:1-25)

A. Nas revelações deste capítulo, o Senhor responde à falsa confiança de alguns dos

habitantes rebeldes de Jerusalém, afirmando a certeza do julgamento iminente. Ao mesmo

tempo, ele procura fortalecer a confiança de Ezequiel e os outros exilados, prometendo a

restauração que viria depois

B. O Espírito levou Ezequiel à porta oriental do templo, onde ele viu mais uma cena para

mostrar a confusão e a maldade dos líderes em Jerusalém (11:1-4)

1. Ele viu 25 homens, entre eles alguns príncipes citados por nome (11:1-2). Nada no

texto aqui liga estes 25 homens com o grupo do mesmo número que adorava o sol

no mesmo lugar (cf. 8:16). Parece que este grupo era mais político, talvez homens

discutindo como agir diante da ameaça babilônica. Mesmo com a dificuldade citada

abaixo na interpretação do versículo 3, é claro que eles estavam agindo contra a

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vontade de Deus: “são estes os homens que maquinam vilezas e aconselham

perversamente nesta cidade” (11:2)

2. Há algumas possibilidades na interpretação do provérbio de 11:3, entre elas:

a. Que o comentário sobre a construção de casas se refere às palavras de Jeremias

29:5. Neste caso, eles estariam negando a longa duração do cativeiro, como

profetizada por Jeremias. A idéia da carne na panela poderia significar que o povo

(a carne) não seria queimado ou destruído devido à proteção da panela. Assim o

povo não precisaria construir casas no cativeiro, porque a cidade santa daria aos

habitantes proteção de qualquer ataque de fora, e o cativeiro acabaria logo.O Atalaia de Israel 17

Sabemos que Jeremias ensinou contra pensamentos deste tipo

b. Que o comentário mostra o desespero dos judeus e seus líderes diante da

destruição iminente, mas que eles ainda não voltaram a Deus. Nesta interpretação,

o sentido seria do povo reconhecer seu destino, mas ainda recusar admitir a

necessidade de se arrepender. Assim, não devem construir casas, porque todos já

serão consumidos na panela fervente. De fato, Jeremias tentou convencer o rei

Zedequias (o mesmo que estava reinando quando Ezequiel teve esta visão) que o

único caminho que pouparia o povo seria o arrependimento e a decisão de se

render aos babilônicos (Jeremias 38:17-28). Esta interpretação sugere que o povo

entendeu que não teria poder para resistir aos babilônicos, mas que, mesmo assim,

recusou o conselho de Deus

c. Uma terceira interpretação junta aspectos das primeiras duas, sugerindo que não

deviam construir casas em Jerusalém com a guerra iminente, mas que os

habitantes iam sobreviver como carne numa panela que não é queimada. Esta

abordagem faz sentido no contexto, pois nos versículos seguintes, Deus diz que

retiraria os rebeldes do meio da cidade e que seriam mortos pela espada fora (11:7-

11; cf. 5:2)

d. Independente da interpretação específica do versículo 3, podemos ver claramente

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que os 25 homens e os líderes citados estavam aconselhando uma política contra

a palavra de Deus, assim agravando uma situação que já estava péssima

C. O Espírito mandou que Ezequiel profetizasse contra estas atitudes erradas (11:5-13)

1. As atitudes dos judeus e dos seus líderes multiplicavam o sofrimento e as mortes

(11:5-6)

2. Deus prometeu novamente que traria julgamento contra os desobedientes

a. A cidade não seria a panela de proteção, pois os rebeldes seriam entregues à

espada até os confins de Israel, fora da cidade “protetora” (11:7-12)

b. Deus demonstrou a sua intenção quando matou um dos príncipes de Israel,

Pelatias, filho de Benaías (11:13; cf. 11:1)

1) Não sabemos se Deus, de fato, matou Pelatias, ou se a morte dele foi uma

parte da visão de Ezequiel

2) Ezequiel novamente clamou a Deus, perguntando se ia destruir o resto de Israel

(cf. 9:8; Amós 7:1-5). Parece que Ezequiel, como o povo judeu em geral,

entendia que o verdadeiro povo teria que ficar na terra. Se levasse alguns ao

cativeiro e matasse os que sobraram, acabaria totalmente com a nação? Esta

dúvida será respondida nos próximos versículos

D. Deus introduzedepois responde a um provérbio usado pelos habitantes de Jerusalém que

desprezava Ezequiel e os demais exilados: “Apartai-vos para longe do SENHOR; esta

terra se nos deu em possessão” (11:14-21)

1. Primeiro, Deus assegura Ezequiel que ele não abandonaria o povo durante o período

do cativeiro, que ele descreve como “um pouco de tempo” (11:16)

2. Ele segue esta promessa com outra, a da restauração do povo fiel depois do cativeiro

– a restauração de um restante santo (11:17-20). Como é comum nas profecias sobre

a volta do cativeiro, encontramos aqui uma mistura de idéias sobre a volta literal à terra

prometida com vislumbres do reino messiânico e espiritual do Novo Testamento

3. Os perversos seriam castigado pelos seus pecados (11:21)

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4. É notável que Deus enfatiza aqui a responsabilidade individual, e não nacional. É um

tema importante em Ezequiel

E. A última cena desta visão de Ezequiel foi a saída da glória de Deus da cidade de Jerusalém

(11:22-23). Deus foi embora!

F. O Espírito devolveu o profeta ao seu lugar entre os cativos na Babilônia, e este contou tudo18 Estudo do Livro de Ezequiel

para os outros exilados (11:24-25). É provável que esta visão tenha respondido às

perguntas dos anciãos que procuravam a orientação de Ezequiel (cf. 8:1)

Conclusão: Ezequiel, como os outros exilados, tinha motivo para se preocupar com o futuro de

parentes e amigos em Jerusalém. Por causa do significado especial daquela cidade, tinham até

mais motivo para se preocuparem com o destino da cidade e do templo. A nação poderia

sobreviver se a cidade caísse? A queda de Jerusalém seria prova de Deus ter abandonado seu povo

e seus planos para a nação e até para a redenção no Messias? Estas preocupações são respondidas

nesta série fantástica de visões nas quais Deus abre a cortina e deixa Ezequiel ver o que está prestes

a acontecer com sua amada nação. Em cada cena, fica evidente que Deus é justoe soberano, que

ele controla os eventos e julgará em justiça os perversos e os fiéis.

Perguntas

1. Onde estava Ezequiel durante as visões dos capítulos 8 - 11?

2. Descreva as abominações que ele testemunhou no templo.

3. O que a marca na testa significava?

a. O que aconteceu com as pessoas que não receberam esta marca?

b. Foi uma marca literal? Explique.

4. Qual foi a tarefa dada aos outros seis homens?

5. Depois de completar o trabalho de marcar as pessoas, qual foi a próxima tarefa dada ao

homem vestido de linho? Explique o significado disso.

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6. Nesta visão, qual palavra foi usada por Ezequiel para identificar os quatro seres viventes?

7. O que foi importante sobre a saída da glória de Deus do templo?

8. Como é que Deus mostrou para Ezequiel que Jerusalém poderia ser destruída e que o restante

ainda seria restaurado?

9. Como a mensagem de Ezequiel apresenta a doutrina de responsabilidade individual?

Page 27: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 19

Lição 4

“E Sabereis que Não Foi sem Motivo”

Deus Promete Julgar o Povo de Israel

(Ezequiel 12:1 - 15:8)

M

esmo com a queda de Jerusalém se aproximando, a naçãode Israelcontinuoua se enganar,

negando o seu destino. Falsos profetas que prometeram paz e vitória apareceram em

abundância, e foram bem-recebidos pelo povo comum e pelos nobres e poderosos. O papel

de Ezequiel entre os exilados sugere que muitos que já tinham sido levados ao cativeiro ainda

acreditavam que Jerusalém fosse inviolável, e que Israel não poderia ser totalmente destruído. A

tarefa de Ezequiel, então, foi tentar persuadir o povo que Deus de fato pretendia castigar a casa

rebelde de Israel. Ele se esforçou para trazer as pessoas ao arrependimento verdadeiro para

começar o processo de reconciliação com Deus. Nestes capítulos, Ezequiel apresenta sua

mensagem de julgamento divino por meio de ensinamento direto, encenação dramática e o

simbolismo de uma parábola. Para um povo que negava a possibilidade de tal julgamento, Ezequiel

apresenta as palavras firmes do Senhor avisando sobre o castigo iminente. “Sabereis que eu sou

o SENHOR Deus” (13:9), “e sabereis que não foi sem motivo quanto fiz nela, diz o SENHOR

Deus” (14:23).

I. Deus Afirma a Iminência da Queda de Judá (12:1-28)

A. Aviso sobre a queda de Jerusalém (12:1-20)

1. As instruções de Deus para Ezequiel envolvem, como antes, o uso de uma cena

dramática para impressionar o povo com a urgência dos avisos sobre a queda de

Jerusalém (12:1-8)

a. Durante o dia, Ezequiel levou sua bagagem para a rua, agindo como se estivesse

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se preparando para ir ao exílio

b. À tarde, ele cavou um buraco na parede e saiu por ele, levando a sua bagagem. A

idéia seria de uma tentativa de escapar ocultamente dos inimigos para evitar o

cativeiro

2. Quando o povo perguntasse sobre o significado da cena, Ezequiel responderia que ela

previa a tentativa fracassada do “príncipe em Jerusalém” escapar do inimigo para não

ser levado ao cativeiro (12:9-15)

a. Quando Jerusalém caiu (poucos anos depois desta profecia), o rei Zedequias

tentou fugir, de noite, da cidade (12:12; cf. Jeremias 39:4)

b. Zedequias foi capturado e deportado à Babilônia, mas o rei da Babilônia mandou

vazar os olhos dele antes de chegar à terra do exílio, conforme a profecia de

Ezequiel (12:13; cf. Jeremias 39:7)

3. No meio desta mensagem triste da queda de Jerusalém, Deus fala novamente dos

seus planos para poupar alguns que aprenderiam a lição da tragédia nacional de Israel

(12:16)

4. Deus mandou que Ezequiel vivesse mostrando a ansiedade e medo para relembrar o

povo que o julgamento chegaria em breve (12:17-20)

B. Resposta a um provérbio dos israelitas (12:21-28)

1. Parece que um provérbio se tornou popular em Israel como maneira de negar a

urgência da situação e até de negar a palavra profética do Senhor: “Prolongue-se o

tempo, e não se cumpra a profecia” (12:21-22)

2. Deus prometeu fazer cessar o provérbio, cumprindo em breve as profecias (12:23-28)20 Estudo do Livro de Ezequiel

a. Ele disse que as profecias da destruição seriam cumpridas nos dias daquele povo

(ou seja, durante aquela geração)

b. Ele deu para Ezequiel a resposta às afirmações dos falsos profetas que alegavam

que as profecias diziam coisas do futuro distante (12:26-28): “Assim diz o

SENHOR Deus: Não será retardada nenhuma das minhas palavras; e a

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palavra que falei se cumprirá, diz o SENHOR Deus” (12:28)

c. Estes avisos, transmitidos por Ezequiel, são comparáveis aos avisos de outros

profetas sobre a necessidade de ouvir com urgência a palavra do Senhor (cf. Amós

6:1-3)

II. Os Falsos Profetas e Idólatras Seriam Castigados (13:1 - 14:11)

A. Os profetas que ofereciam uma falsa esperança de paz seriam rejeitados por Deus (13:1-

16)

1. A mensagem deles veio do seu próprio coração, mas falsamente a atribuíram a Deus

(13:1-3)

a. Sempre é perigoso quando a pessoa segue seu próprio coração, seu próprio

espírito, seus próprios sentimentos (cf. Provérbios 14:12; Isaías 55:8-9; Jeremias

10:23)

b. Há uma tendência forte, nos dias atuais, de enfatizar sentimentos da própria pessoa

como a coisa mais importante em relação a Deus. Muitosdesprezam ensinamento

sobre a doutrina da Bíblia e as exigências de Deus. Foi exatamente o problema que

Ezequiel enfrentou, e a mesma atitude que levava Israel à destruição

2. Os falsos profetas encorajaram o povo a se defender e a resistir o inimigo, mas eles

mesmos enfraqueceram a nação (13:4-16)

a. O efeito das falsas profecias foi a mesma de raposas entre as ruínas. Raposas

cavam túneis, que enfraqueceriam qualquer muro de defesa construído na

superfície (13:4-5)

b. As falsas profecias não vieram do Senhor (apesar das afirmações dos “profetas”)

e não seriam cumpridas (13:6)

c. Deus confronta os falsos profetas, perguntando diretamente se não tivessem

mentido (13:7). Não precisamos ouvir a resposta, pois qualquer defesa seria vã

d. Deus rejeita os falsos profetas, dizendo que não

entrariam na assembléia do povo do Senhor (13:8-

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9; cf. Malaquias 3:16-18)

e. Os falsos profetas profetizaram “Paz, quando não

há paz” (13:10,16; cf. Jeremias 8:4-12).

f. O efeito foi o mesmo de chapiscar uma parede

fraca, tentando esconder os seus defeitos, ou de

fazer a caiação com cal inadequado, assim deixando

a parede desprotegida. O resultado: a parede ia cair

sob a pressão da ira de Deus (13:10-15)

g. O problema das profecias de paz naquela época

(13:16) é comparável à situação atual na qual

muitos pastores pregam doutrinas diluídas,

assegurando os ouvintes da sua salvação sem terem

cumprido os requisitos revelados por Deus.

Cuidado!

B. Deus libertaria o povo do controle de falsas profetisas e feiticeiras (13:17-23)

1. Deus dirige esta mensagem às profetisas e feiticeiras que enganavam o povo com suas

“revelações” (13:17-19)O Atalaia de Israel 21

a. A base da crítica foi a mesma citada em referência aos falsos profetas: as profecias

vinham do coração da pessoa, e não de Deus (13:17; cf. 13:2-3)

b. Estas mulheres evidentemente sevestiam de uma maneira especial (a descrição até

nos lembra das ciganas de hoje) e usavam seus feitiços para conduzirem as

pessoas à morte (13:18)

c. Por motivos financeiros (e parece que ganhavam pouco), elas mentiam a um povo

que queria ouvir as mentiras (13:19). Os que transmitem falsas profecias hoje,

sejam cartomantes, quiromantes, clarividentes ou pastores “evangélicos”,

conseguem enganar as pessoas somente porque muitas delas gostam de ouvir as

mentiras e põem sua fé nestas falsas “revelações”, e não na verdade que Deus já

Page 31: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

revelou nas Escrituras

2. Deus promete livrar as vítimas das mãos destas enganadoras (13:20-23)

a. Elas caçavam almas, e Deus agiria para tirar as vítimas das mãos delas (13:20-21)

b. Elas fortaleciam a mão dos perversos no seu pecado, não deixando os pecadores

saírem do erro para voltar para Deus (13:22)

c. Deus livraria o povo destas falsas visões (13:23). Como? Considere duas

possibilidades:

1) Que qualquer poder que estas feiticeiras e profetisas usavam iria cessar. Se

agissem por influência de espíritos falsos e enganadores, estes poderes

acabariam. Neste sentido, alguns interpretam Zacarias 13:2 como uma profecia

da cessação dos poderes demoníacos depois da vinda do Messias

2) Que a purificação do cativeiro e o arrependimento do povo levaria os fiéis a

confiar exclusivamente na verdade de Deus, livrando-se totalmente do poder

do engano da idolatria, da feitiçaria e dos falsos ensinos (cf. João 8:32)

C. O Senhor revela seu plano para castigar os idólatras e falsos profetas (14:1-11)

1. Alguns dos anciãos de Israelforam novamentea Ezequiel, aparentemente procurando

orientação do Senhor (14:1; cf. 8:1)

2. A palavra do Senhor referente aos anciãos foi áspera, condenando os líderes por suas

inclinações à idolatria (14:2-5)

a. Ele falou de levantar ídolos dentro do coração (14:3), mostrando o problema de

uma atitude idólatra, e não somente das práticas visíveis da idolatria (cf. Jeremias

6:19; 17:10; Mateus 5:27-28; Filipenses 4:8; Colossenses 3:1-5; Hebreus 4:12)

b. Em conseqüência desta idolatria no coração, eles não tinham direito de

aproximarem-se de Deus para interrogar (14:3). O acesso a Deus depende de um

coração puro e voltado a ele (cf. Salmo 24:3-6; 5:4-7)

c. Os idólatras que ousavam ainda chegarem a Deus seriam castigados severamente.

Os que não aprenderam pela palavra, poderiam aprender somente pelos atos de

Page 32: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Deus (14:4-10; cf. Isaías 26:9)

d. Deus queria que o povo se purificasse de sua idolatria para ser verdadeiramente o

povo do Senhor (14:11). Como? “Convertei-vos, e apartai-vos dos vossos

ídolos, e dai as costas a todas as vossas abominações.... para que a casa

de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas

as suas transgressões. Então, diz o SENHOR Deus: Eles serão o meu povo,

e eu serei o seu Deus” (14:6,11).

III. Deus Explica a Queda de uma Nação Inútil (14:12 - 15:8)

A. Deus mostra que Israel havia se tornado uma nação inútil que não merecia a misericórdia

dele (14:12-23)

1. Deus resolveu estender a mão contra Israel para castigar o povo rebelde (14:12-13)

2. A nação não seria poupada, mesmo se três grandes homens – Noé, Daniel e Jó –22 Estudo do Livro de Ezequiel

estivessem no meio do povo (14:14-20)

a. Este ponto é interessante no uso de três pessoas de períodos históricos diferentes

que se destacaram por sua fé em Deus, mesmo em ambientes de descrença e

infidelidade

1) Noé foi justo no meio de um mundo que Deus achou revoltante

2) Daniel, um contemporâneo de Ezequiel, já havia se destacado por sua fé em

Deus como um jovem levado ao cativeiro e confrontado com as tentações da

Babilônia

3) Jó foi considerado tão íntegro que Deus permitiu que Satanás o provasse. Os

amigos e a própria esposa, porém, não demonstraram a mesma confiança em

Deus

b. Mas a presença de homens como estes não seria suficiente para salvar a nação. A

confiança destes homens fiéis seria suficiente somente para a salvação deles. Aqui,

novamente, observamos a ênfaseneste livro quanto à doutrina de responsabilidade

individual diante de Deus

Page 33: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Mesmo assim, alguns seriam poupados e consolados (14:21-23)

a. Deus traria seus castigos fortes contra Israel (14:21)

b. Alguns habitantes da terra ainda seriam levados ao cativeiro, levando seus filhos

(14:22)

c. Vendo os exilados, eles teriam o consolo de compreender o motivo de Deus para

castigar a nação (14:23)

B. Deus usa uma parábola de uma videira para reforçar a

mensagem de sua justiça no castigo de Jerusalém (15:1-8)

1. A ilustração desta parábola focaliza o valor da madeira de

plantas diferentes num bosque

2. Deus diz que a “madeira” do ramo tenro de videira é inútil

para construção ou outras aplicações (15:1-5)

a. O sarmento não tem valor como madeira (15:1-3)

b. Ele serve apenas para queimar (15:4)

c. Depois de ser queimado, fica mais inútil ainda (15:5)

3. Se Jerusalém já se mostrou inútil antes de ser destruída, seria ainda mais inútil depois

de ser queimada (15:6-8). A nação merecia o castigo. Deus não achou valor nela para

lhe dar motivo para poupá-la

Conclusão: Jerusalém foi destinada à destruição devido a sua constante rebeldia contra Deus.

A tarefa de Ezequiel foi, em boa parte, convencer o povo que Deus realmente faria o que ele falou.

O profeta encorajava os transgressores a reconhecerem os seus pecados e aprenderem as lições

dos seus erros fatais.

Perguntas

1. Descreva a cena dramática do capítulo 12. Explique o significado.

2. Como foi cumprida esta profecia na queda de Jerusalém?O Atalaia de Israel 23

3. Nos últimos versículos do capítulo 12, Deus refutou qual provérbio popular?

Page 34: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

4. O que Deus disse sobre os falsos profetas em referência a:

a. A fonte de suas revelações?

b. O efeito de suas profecias em relação ao destino do povo?

5. Explique o significado da ilustração da parede caiada. Há paredes caiadas deste tipo hoje?

6. Qual foi o crime das mulheres criticadas por Deus em 13:17-23?

7. No meio de tantas profecias de destruição e castigo, quais são algumas indicações do lado

positivo dos atos de Deus – os desejos e a esperança dele referente a Israel?

8. Qual foi o ponto das referências a Noé, Daniel e Jó?

9. Explique a parábola da videira e o significado dela no contexto das profecias de Ezequiel.

Page 35: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

24 Estudo do Livro de Ezequiel

Lição 5

Uma História de Amor Incrível:

Como Deus Tratou Jerusalém Infiel

(Ezequiel 16:1 - 17:24)

O

s primeiros capítulos do livro de Ezequiel apresentam os temas principais. Deus estava

preparando um castigo definitivo para o povo de Judá, mas o próprio povo vivia negando

esta realidade. Algumaspessoas ainda seriam resgatadas por Deus, voltando a uma relação

especial de comunhão com o Senhor e até voltando para a terra prometida. Ele continua frisando

os mesmos temas, usando abordagens e ilustrações diferentes. Nos dois capítulos incluídos nesta

lição, ele fala sobre a infidelidade de Judá diante da bondade e proteção de Deus. O capítulo 16

é um dos mais bonitos e um dos mais feios na Bíblia. O capítulo 17 é uma parábola que fala de

plantas e águias para mostrar ao povo a loucura de buscar ajuda nos lugares errados.

I. Jerusalém, como uma Mulher Adúltera, Despreza o Amor de Deus (16:1-63)

A. O propósito desta mensagem: fazer o povo de Jerusalém conhecer as suas abominações

(16:1-2). Jerusalém, como cidade principal de Judá, representa a nação toda

B. Deus encontrou uma criança abandonada e cuidou dela (16:3-7)

1. Desde o princípio, o povo de Israel tinha sido abençoado por Deus, mas não por

mérito próprio (16:3)

a. Veio da terra de Canaã, como filho dos amorreus e dos heteus

b. Ele não se refere aqui literalmente a respeito de linhagem, mas ao fato de Deus ter

separado os descendentes de Abraão dos povos da terra de Canaã

c. Desde a sua origem, Israel foi diferente e privilegiado por causa da graça de Deus

2. A criança recém-nascida (Jerusalém) foi rejeitada e abandonada pelos próprios pais

(16:4-5)

Page 36: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Deus (representado aqui como um homem) passou perto desta criança e a pegou. Ele

cuidou da criança, e ela cresceu e se tornou uma moça bonita, embora ainda nua e

descoberta (16:6-7). Comparando esta parte da parábola com a história de Israel,

podemos entendê-lo como uma referência ao período antes da conquista da terra de

Canaã. Israel já era o povo de Deus, mas ainda faltava a proteção especial que ele daria

na terra prometida. Mais importante, ainda não tinha sido totalmente purificado da

imundícia da idolatria e outras abominações praticadas antes (cf. Josué 5:9)

C. Deus casou com a moça e lhe deu sua glória e beleza (16:8-14)

1. Nestes versículos, o papel de Deus muda. Ele passa de pai adotivo para marido

2. Deus viu que a moça havia atingido a maturidade, e ele casou com ela (16:8). É

interessante observar que Deus usa palavras como “juramento” e “aliança” quando ele

se refere ao casamento (cf. Malaquias 2:14). O casamento não é apenas algo que

acontece; envolve um compromisso sério entre as duas partes, um compromisso

descrito nas Escrituras como aliança

3. Agora que Deus casou com ela, ele lavou, vestiu e colocou jóias na sua esposa. Ela foi

sustentada com as melhores coisas, e se tornou uma mulher extremamente bonita e

famosa – a rainha casada com o Rei dos reis (16:9-14). É importantíssimo observar a

ênfase destes versículos na fonte da beleza e glória dela. Não é que Deus achou uma

mulher bonita e gloriosa e casou com ela. Toda a beleza e glória dela vieram do marido

(cf. Efésios 5:25-27). Ela não tinha beleza própria. Não merecia ser rainhaO Atalaia de Israel 25

D. A rainha se entregou ao adultério (16:15-22)

1. Apesar de todas as bênçãos que Deus lhe havia dado, a mulher usou sua beleza e suas

riquezas para praticar o adultério, oferecendo-se abertamente para outros “homens”

(16:15-19)

a. O adultério da mulher simboliza a idolatria do povo de Judá

1) Na figura do casamento, Deus é o marido

2) A idolatria – o envolvimento com outros “deuses” – éuma traição da aliança do

Page 37: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

casamento entre a mulher (o povo de Judá) e seu marido (Deus)

3) Muitos dos rituais idólatras envolviam a imoralidade e a prostituição (cf.

Números 25:1-2; Apocalipse 2:14,20)

b. Israel utilizou as coisas que Deus lhe deu – roupas, jóias, perfumes, alimentos –

para servir os falsos deuses

2. A mulher infiel chegou ao extremo de oferecer seus filhos – filhos de Deus – como

sacrifícios aos falsos deuses (16:20-21)

a. A prática de oferecer sacrifícios humanos, especificamente de queimar filhos aos

ídolos, foi condenada e proibida antes dos israelitas tomarem posse da terra

prometida (Deuteronômio 12:29-31)

b. Acaz e Manassés, reis de Judá, desobedeceram esta ordem do Senhor (2 Reis 16:3;

21:6). Os pecados de Manassés são citados como motivo da queda de Judá (2 Reis

24:1-4)

3. Quando ela se entregou ao pecado, esqueceu do seu passado (16:22)

a. Se ela tivesse valorizado o resgate e a bondade de Deus, jamais teria se

comportado como adúltera

b. Nós, também, devemos lembrardanossa libertação como motivo para a fidelidade

(cf. Tito 2:11-14)

E. A mulher infiel multiplicou os seus erros (16:23-29)

1. Judá participou de todo tipo de idolatria

2. Deus comparou esta infidelidade com uma mulher imoral que se oferece a todos os

homens que passam

3. Ela se prostituiu, fazendo alianças e participando da idolatria das nações ao seu redor

– Egito, Filístia, Assíria, Babilônia, etc,

F. Judá se comportou não apenas como meretriz, mas como mulher adúltera (16:30-34)

1. Por ser casada (com Deus), as relações ilícitas dela constituíam adultério

2. Enquanto as meretrizes recebem pagamento dos outros, Judá pagava seus amantes

Page 38: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

para ter relações com ela. Esta descrição destaca a condição patética de uma nação

corrompida pelo pecado e descartada pelos próprios cúmplices no erro. Em geral, o

Diabo e seus aliados tomam o que querem e, depois, descartam as suas vítimas

G. Jerusalém sofreria as conseqüências do seu adultério (16:35-43)

1. Deus deixaria os “amantes” de sua esposa infiel tratá-la como quisessem até que ela

parasse de agir como meretriz (16:35-41). Ela tinha se oferecido aos amantes; agora

seria exposta e envergonhada diante de todos

2. Neste castigo de Jerusalém, a ira de Deus seria satisfeita (16:42-43)

3. A penalidade legal para o adultério, conforme a lei do Antigo Testamento, foi a morte

(cf. Levítico 20:10)

H. O pecado de Jerusalém foi pior do que os erros de Samaria e Sodoma (16:44-59)

1. Jerusalém tinha seguido os pecados dos seus “pais” (a mãe hetéia e o pai amorreu,

16:44-45; cf. 16:3)

2. As irmãs dela foram Samaria e Sodoma (16:46-47)

a. Estes dois povos já haviam sido destruídos por causa das suas abominações

b. Jerusalém não aprendeu do castigo das “irmãs”; ainda fez pior do que aquelas26 Estudo do Livro de Ezequiel

cidades

3. Sodoma era uma cidade próspera mas arrogante, um povo que não ajudou os

necessitados (16:48-50)

4. Jerusalém foi pior do que estas outras cidades, assim “justificando” as irmãs (16:51-

52)

5. Deus traria Jerusalém de volta ao seu primeiro estado quando fizesse a mesma coisa

com Sodoma e Samaria (16:53-59)

a. Embora Deus refira-se aqui sobre restauração, parece que a mensagem destes

versículos é outra

b. Jerusalém já olhava para Samaria e, mais ainda, para Sodoma, como exemplo de

um povo destruído que nunca teria chance de ser restaurado

Page 39: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

c. Agora, Deus diz que a possibilidade da restauração de todas estas cidades é a

mesma. Se Jerusalém considerava Sodoma uma causa perdida, agora percebe que

Deus olhava da mesma maneira para a “cidade santa”

I. Depois de falar em termos tão fortes sobre a depravação de Jerusalém, Deus fala de

reconciliação com Jerusalém (16:60-63)

1. A noiva bonita que se corrompeu com seus adultérios e outras abominações chegou

a ser rejeitada pelos próprios amantes. Ela se tornou feia e patética

2. Foi neste estado que Deus a tomou de volta, fazendo novamente sua aliança especial

e eterna com ela

3. Deus usa aqui o mesmo refrão que já usou 17 vezes entre capítulo 6 e 15, e que

aparece, ao todo, mais de 60 vezes no livro de Ezequiel: “Saberás que eu sou o

SENHOR” (16:62). Mas esta é a primeira vez que ele usa uma evidência positiva para

mostrar que ele é o Senhor. Nos casos anteriores, e ainda em várias outras vezes que

a frase aparece posteriormente no livro, ele mostra que é o Senhor pelo justo castigo

dos ímpios (cf. 6:7; 7:27; 12:15; 25:7; etc.). Desta vez, ele mostra a sua posição de

soberania pela bondade de tomar de volta o povo, demonstrando a sua misericórdia.

Depois, ele explicará esta categoria de prova: “Sabereis que eu sou o SENHOR,

quando eu proceder para convosco por amor do meu nome, não segundo os

vossos maus caminhos, nem segundo os vossos feitos corruptos, ó casa de

Israel, diz o SENHOR Deus” (20:44). Deus é exaltado quando ele humilha os

rebeldes pelo castigo. Mas o nome dele é engrandecido, também, quando o pecador

se humilha e se arrepende, recebendo o perdão do Senhor (16:63)

II. Uma Parábola de Águias e Árvores (17:1-24)

A. No texto do capítulo 17, a parábola é apresentada (17:1-10) e, depois, interpretada (17:11-

21). Neste esboço, a interpretação é intercalada com a própria parábola. É aconselhável

ler o capítulo inteiro antes de ler o resumo e os comentários abaixo

B. A primeira grande águia (a Babilônia) levou a ponta de um cedro (o rei e os príncipes de

Page 40: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Judá). A muda se tornou em videira que crescia e prosperava, mas não ficou alta. Judá

continuou a sua existência, subordinado à Babilônia e à aliança com ela (17:1-6,11-14).

Judá não foi destruído enquanto se submetia à Babilônia

C. A segunda grande águia (o Egito) apareceu, e a videira (Judá) se inclinou para ela e pediu

que ela a cultivasse (17:7-8; 15)

1. Um dos grandes conflitos em Judá do século 8 ao começo do século 6 a.C. foi a

questão de alianças. Alguns queriam confiar na Babilônia (e, antes dela, na Assíria),

enquanto outros queriam fazer alianças com o Egito

2. Em primeiro lugar, eles deveriam ter confiado exclusivamente no Senhor, recusando

qualquer aliança com os povos pagãos (cf. 16:26-29; cf. Isaías 30:1-3; 31:1)

3. Uma vez que Deus anunciou seus planos de usar a Babilônia para humilhar seu povo,O Atalaia de Israel 27

Judá deveria ter se submetido ao jugo deste império, serendendo ao invasor (Jeremias

6:8; 27:8–13)

D. Deus pergunta: Este povo que se rebelou contra a Babilônia viverá? (17:9-10; 15b)

E. A resposta: O rebelde será facilmente arrancado e morto (17:9-10,16-21)

1. O Egito não ajudaria na defesa, deixando o povo sofrer nas mãos dos babilônios

(17:17-18)

2. O rei e o povo (as pessoas que sobrevivessem a batalha) seriam levados ao cativeiro

na Babilônia (17:19-21)

F. Depois da interpretação da parábola, Deus acrescenta outra parte, dando ao povo a

esperança da restauração (17:22-24)

1. Deus tomaria um ramo tenro da ponta de um cedro, e este seria exaltado, plantado

sobre um monte (17:22)

2. Este ramo cresceria numa grande árvore, dando abrigo para diversos animais e aves

(17:23)

3. Todos saberiam que foi o Senhor que reverteu a situação, humilhando os poderosos

e exaltando os humildes (17:24)

Page 41: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Conclusão: Os capítulos 16 e 17 apresentam duas ilustrações excelentes das atitudes do povo

de Judá e das conseqüências do procedimento deste povo rebelde. O povo que dependia de Deus

por sua própria vida, sua beleza e seu sustento se tornou infiel e agiu como uma mulher adúltera.

Deus, o marido dela, permitiu que ela sofresse as conseqüências dos seus erros por um tempo.

Quando ela chegou ao fundo do poço como uma mulher rejeitada e nojenta até para seus

amantes, Deus ofereceu seu amor não merecido, e tomou de volta sua esposa infiel. Na segunda

ilustração, Deus usa plantase águias para ilustrar a loucura das escolhas erradas do povo de Judá.

Novamente, ele encerra a história com uma afirmação da sua misericórdia para com a nação

rebelde. Com a mesma força que ele havia demonstrado sua santidade e justiça no castigo dos

ímpios, ele mostra seu caráter divino, também, na sua grande bondade.

Perguntas

1. Descreva como Deus cuidou de Israel desde a sua infância, quando

foi abandonado como uma criança rejeitada pelos pais.

2. Na história do capítulo 16, quem foram os pais de Israel?

3. Na segunda parte desta história (a partir de 16:8), qual foi o novo papel de Deus?

4. De onde vieram a glória, a beleza e a prosperidade da esposa de Deus?28 Estudo do Livro de Ezequiel

5. Depois de toda a bondade que Deus mostrou para com ela, que coisa terrível foi feita pela

mulher?

6. Descreva o extremo da depravação a qual ela chegou.

7. Como foi o castigo desta mulher adúltera?

8. Deus aceitaria de volta esta mulher infiel? Explique.

9. Capítulo 16 pode ser visto como uma história ì muito linda, í extremamente feia e

î incrivelmente linda.

a. Explique o sentido desta descrição em todos os três aspectos.

Page 42: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

b. Considere as implicações desta história em relação à nossa redenção: Deus nos salva

porque somos atraentes?

10. Explique a parábola das águias e da árvore, identificando os elementos principais:

a. A primeira águia

b. A segunda águia

c. A videira baixa

d. A árvore plantada por Deus

Page 43: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 29

Lição 6

Deus Age por Amor do Nome Dele:

Sua Justiça e Misericórdia

(Ezequiel 18:1 - 20:44)

O

povo da época de Ezequiel, como fazem muitas pessoas hoje, tentava justificar seus erros

pela tática perversa de pôr a culpa em Deus. Questionaram a justiça dele, mas ele defendeu

sua retidão em lidar com o povo de Israel, julgando cada um conforme seus próprios atos

(capítulo 18). Como Deus de compaixão, que não sente prazer na morte do pecador, ele lamenta

o declínio de alguns dos últimos reis de Judá (capítulo 19). E se o povo se sentisse atingido pela

justiça de Deus, precisaria reconhecer a misericórdianão merecidaqueele demonstrou em poupar

alguns de uma nação rebelde (capítulo 20). Quando ele resgata a nação de Israel, Deus age por

amor do nome dele, não deixando as nações pagãs profanarem o nome do Senhor.

I. Deus Refuta um Provérbio Falso sobre a Responsabilidade Individual (18:1-32)

A. Este trecho trata de um provérbio que alguns falavam a respeito de Israel: “Os pais

comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (18:1-4)

1. Evidentemente alguns acreditavam que os filhos fossem cobrados e responsáveis pelos

pecados dos pais, e usavam este provérbio para comunicar uma noção de pecado

herdado, dizendo que o pecado dos pais passava para os filhos (18:1-2)

2. Deus responde ao provérbio dos homens, mostrando que cada pessoa é responsável,

individualmente, pelos próprios pecados (18:3-4)

B. A culpa pelo pecado não passa de uma geração para outra (18:5-18). Deus ilustra seu

ponto falando de três gerações de uma mesma família:

1. A primeira geração: Se o homem for justo, ele viverá (18:5-9)

a. Ele cita aqui vários exemplos das exigências da Lei do Antigo Testamento para

Page 44: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

ilustrar o tema da justiça do homem (18:6-9)

b. O homem que fizesse tudo isso viveria por causa da sua justiça (18:9)

2. A segunda geração: Se o filho for injusto, ele morrerá (18:10-13)

a. Aqui, também, ele usa princípios bem conhecidos da Lei dada no monte Sinai

(18:10-13)

b. Este homem seria morto por causa dos seus próprios pecados: “o seu sangue

será sobre ele” (18:13)

3. A terceira geração: Se o neto for justo, evitando os erros do próprio pai, ele viverá

(18:14-18)

a. Os exemplos daobediência, como nos primeiros dois casos, se baseiam na Lei do

Velho Testamento (18:14-17)

b. No final da apresentação deste caso, Deus deixa bem claro que o filho não morreria

pelos pecados do pai

1) “o tal não morrerá pela iniqüidade de seu pai” (18:17)

2) Este homem justo “certamente, viverá” (18:17)

3) Mas o pai “morrerá por causa da sua iniqüidade” (18:18)

C. O resumo e algumas aplicações deste ensinamento: indivíduos escolhem a vida ou a

morte, e podem mudar de direção para o melhor ou para o pior (18:19-32)

1. Cada um decide como agir diante da palavra de Deus (18:19-20)

a. O filho não responde pelos pecados do pai (18:19)

b. “A alma que pecar, essa morrerá” (18:20)30 Estudo do Livro de Ezequiel

2. Quando o perverso volta a Deus, ele será perdoado e viverá. Deus deseja a vida para

todos (18:21-23; cf. 1 Timóteo 2:4; 2 Pedro 3:9)

3. Quando o justo abandona Deus e pratica a iniqüidade, ele será condenado e morrerá

(18:24)

4. Deus é justo (18:25-29) Deus responde à acusação de não ser justo

a. Ele é justo, e os caminhos dos homens são tortuosos (18:25,29; cf. Romanos 3:3-

Page 45: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

4; Isaías 55:6-9)

b. Ele defende a sua justiça com uma série de ilustrações que mostram que:

1) A morte é resultado da iniqüidade do homem (18:26)

2) A vida é a recompensa da justiça do homem (18:27-28)

5. A aplicação prática deste ensinamento sobre o pecado, a culpa e as conseqüências

(18:30-32)

a. Deus julgará conforme os atos de cada um (18:30; cf. João 5:28-29; 2 Coríntios

5:10; Romanos 14:10; 2 Timóteo 4:1; Hebreus 4:13)

b. Deus apela ao povo para que, sabendo do julgamento justo que viria, cada um se

arrependesse dos seus pecados (18:30-31; cf. Atos 17:30-31)

c. Deus não queria que ninguém morresse e, por isso, pediu que se convertessem e

vivessem (18:32)

II. Lamentação pelos Príncipes de Judá (19:1-14)

A. A introdução à mensagem do capítulo 19 (19:1)

1. Deus mandou que Ezequiel transmitisse esta mensagem de lamentação sobre os

príncipes (reis – cf. 12:12) de Judá

2. Ezequiel usa aqui um estilo poético específico de lamentação, um tipo de canto

fúnebre, chamado, às vezes, de endecha. O ritmo no hebraico (que se perde

totalmente na tradução para outros idiomas) deu força para as palavras com seu tom

de tristeza e lamentação

B. A parábola dos leõezinhos (19:2-9)

1. Judá (ou talvez, especificamente, a família real) é comparado a uma leoa que cria seus

filhotes (19:2)

2. Um dos filhotes cresceu e foi apanhado e levado ao Egito (19:3-4). Em 609 a.C.,

depois da morte de Josias, Jeoacaz reinou três meses antes de ser preso e levado ao

Egito (cf. 2 Reis 23:31-34)

3. A leoa, frustrada, fez outro filhote ser leãozinho. Este também começou a ficar forte

Page 46: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

mas foi apanhado e levado à Babilônia (19:5-9)

1) Esta linguagem poderia descrever os dois reis depois de Jeoacaz – Jeoaquim e

Joaquim – pois ambos foram depostos por Nabocodonosor e levados à Babilônia

(cf. 2 Crônicas 36:5-10)

2) Dois fatos favorecem a aplicação desta lamentação a Joaquim, e não a Jeoaquim:

a) O contexto de Ezequiel.

i. Ele começou seu trabalho depois da deportação de Joaquim (1:1-2). Se

Deus quisesse falar de todos os reis deportados, poderia ter incluído três

filhotes da leoa na parábola

ii. A próxima parábola já comenta sobre um galho fraco, provavelmente se

referindo a Zedequias, o rei em Judá na época desta profecia

b) Um aviso de Jeremias proibiu lamentação por Jeoaquim: “Portanto, assim

diz o SENHOR acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não

o lamentarão....” (Jeremias 22:18)

C. A parábola da videira (19:10-14)

1. A mãe (a leoa na parábola anterior) é representada como uma videira plantada juntoO Atalaia de Israel 31

às águas (19:10)

2. Ela tinha galhos fortes (19:11). Os cetros sugerem a autoridade de reis

3. Mas a videira forte foi arrancada e plantada num deserto, falando do cativeiro na

Babilônia (19:12-13)

4. Fogo saiu dos galhos e consumiu o fruto desta videira(19:14). Os galhos representam

os reis (19:11). O fogo saindo dos galhos pode servir para mostrar que os próprios reis

foram responsáveis pelo castigo deles e do povo

5. O resultado: a videira ficou sem galho forte para reinar (19:14). Este versículo sugere

que Zedequias, o homem que reinava em Jerusalém quando Ezequiel recebeu esta

mensagem, também não teria força para resistir os babilônios

III. Deus Fala sobre a Rebeldia, o Castigo e a Restauração de Israel (20:1-44)

Page 47: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

A. A data desta profecia (7º ano, 5º mês, 10º dia) a coloca no ano 591 a.C. (20:1)

B. Deus recusou responder ao pedido dos anciãos, que procuravam conselhos do Senhor,

por causa dos pecados do povo (20:2-4)

C. Deus, por meio de Ezequiel, deu um resumo da história das atitudes rebeldes do povo de

Israel (20:5-32)

1. O povo foi desobediente antes de sair da terra do Egito (20:5-9)

a. Deus tinha motivo para castigar os israelitas lá no Egito, devido à rebeldia deles

b. Mas ele poupou o povo por amor do seu próprio nome – esta expressão aparece

cinco vezes no livro de Ezequiel, quatro delas neste capítulo (20:9,14,22,44; cf.

36:22). Mostra que Deus não agiu pelo mérito do povo, mas para manter a

santidade do seu próprio nome

diante dos povos

2. No deserto, aquela geração de

israelitas se rebelou contra o Senhor

e morreu antes de chegar à terra

prometida (20:10-17)

a. Deus fez uma aliança especial

com o povo de Israel no deserto

(20:10-12).

1) Deus usa a expressão “meus

sábados” 15 vezes no

Antigo Testamento, 10 delas

no livro de Ezequiel

(20:12,13,16,20,21,24;

22:8,26; 23:38; 44:24).

2) Guardar os sábados

representou a aliança

Page 48: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

exclusiva que Deus fez com

os israelitas (cf. Êxodo 31:12-

18)

b. A rebelião do povo contra Deus merecia a destruição nodeserto, mas Deus não fez

isso por amor do nome dele (20:13-17). Sabemos, porém, que aquela geração não

entrou na terra prometida (cf. Números 14:20-24)

3. Os filhos deles, a geração que entraria na terra prometida, também se rebelou e

participou das abominações idólatras (20:18-26). Em várias ocasiões, a conduta do

povo merecia a destruição. Exemplos:

a. A rebelião de Corá e seus seguidores levou Deus a ameaçar a destruição total do

povo (Números 16:44-45)

O Sábado é para Todos? Os adventistas do

sétimo dia e alguns outros grupos religiosos

defendem a necessidade de guardar o

sábado nos dias de hoje. Eles enfrentam

algumas dificuldades que podemos observar

no estudo aqui:

ì Enquanto tentam provar, baseado em

Gênesis 2:1-3, que guardar o sábado se

tornou obrigação de todos os homens,

Deus diz outra coisa. Ele descreve o

sábado como sinal entre ele e o povo de

Israel (Êxodo 31:16-17)

í Ele disse que deu a lei do sábado aos

israelitas no deserto (Ezequiel 20:12)

î Ele condenou os israelitas por não

guardar o sábado, mas nunca dirigiu a

Page 49: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

mesma crítica às nações gentias, que

foram condenadas por outros motivos32 Estudo do Livro de Ezequiel

b. A participação dos israelitas na idolatria dos moabitas e midianitas foi motivo para

a morte de 24.000 pessoas, e mais teriam morrido se não fosse pela intervenção

justa de Finéias (Números 25:7-9)

4. Depois de entrar na terra prometida, o povo foi infiel e praticou a idolatria (20:27-29)

5. O povo da época de Ezequiel mostrou a mesma atitude rebelde e, por isso, Deus não

respondeu quando Israel o consultava (20:30-32)

D. Deus derramaria seu furor sobre o povo para purificar a nação e trazê-la ao arrependimento

(20:33-38)

1. Novamente, Ezequiel destaca o benefício do cativeiro – Deus esperava a reconciliação

do povo com seu Senhor

2. Deus promete usar seu braço

estendido para tirar o povo do

cativeiro (20:33-34), uma expressão

da força irresistível do Senhor. A

mesma força divina que levou o

povo ao exílio traria o restante de

volta (cf. Jeremias 21:5)

3. Deus levaria o povo ao deserto para

julgá-lo face-a-face, trazendo Israel

à disciplina e à proteção da vara do

Pastor (20:35-38). A expressão

“passar debaixo do ... cajado”

(20:37) refere-se à relação

restaurada com o Pastor que conta

e cuida do seu rebanho (cf. Levítico

Page 50: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

27:32; Jeremias 33:13)

E. Deus chamou a casa de Israel a

escolher o serviço a ele, deixando para

trás as suas práticas idólatras (20:39-44)

1. A idolatria não podia ser misturada com o serviço ao verdadeiro Deus (20:39)

2. O povo restaurado a Deus no seu santo monte lhe daria honra, serviço e prazer (20:40-

41)

3. A misericórdia de Deus em restaurar o povo à terra prometida seria prova da divindade

dele (20:42-44). Diante desta bondade de Deus, o povo sentiria nojo de si por causa

das abominações que praticara

Conclusão: Deus é justo em julgar cada um conforme a sua conduta, não culpando os filhos

pelos pecados dos pais, nem os pais pelos erros dos seus descendentes. A nação de Israel, em

conseqüência da sua longa história de rebeldia, merecia o castigo de Deus. Mas, repetidas vezes,

ele havia poupado a nação perversa. Por quê? Porque o povo merecia ser salvo? Não! Porque ele

queria manter a santidade absoluta do seu nome. Ele salvou um povo rebelde por amor do nome

dele, não deixando que outros povos o profanassem.

Perguntas

1. No capítulo 18, Deus responde a qual falso provérbio?

Sujeitos à Aliança de Deus (Ezequiel 20:37).

Um aspecto da promessa da restauração de

Israel são estas palavras de Deus: “Far-vosei passar debaixo do meu cajado e vos

sujeitarei à disciplina da aliança”. Esta

promessa não sugere que o povo fosse

isento, anteriormente, da obrigação de

obedecer a palavra de Deus (veja 20:30-31),

mas que agora teria a bênção de um

Page 51: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

relacionamento renovado com Deus.

Semelhantemente, todos os homens hoje são

responsáveis diante de Deus e sujeitos à lei

de Cristo (cf. João 12:47-48; Mateus 28:18-

20; Atos 17:30), mas nem todos participam da

comunhão especial de filhos com seu Pai

celestial (cf. Hebreus 13:10).O Atalaia de Israel 33

2. É possível um pecador se arrepender e alcançar o perdão de Deus?

3. É possível um justo se desviar e perder a sua comunhão com Deus?

4. Herdamos o pecado dos nossos antepassados?

5. Deus quer que alguém seja condenado? Justifique sua resposta com citações de Ezequiel e

do Novo Testamento.

6. Responda às seguintes perguntas sobre a parábola da leoa e seus filhotes (19:1-9):

a. O primeiro filhote foi levado aonde?

b. Este filhote representa qual “príncipe” de Judá?

c. O segundo filhote foi levado aonde?

d. Este representa qual “príncipe” de Judá?

7. Na parábola da videira (19:10-14), donde veio o fogo que consumiu o fruto da videira?

8. O capítulo 20 resume a história da rebeldia de Israel. Identifique as fases da história citada

neste relato.

9. Por que Deus poupou um povo tão rebelde?

Desafios adicionais:

1. Usando o capítulo 18 e outras passagens bíblicas, responda a estas perguntas:

a. Nós herdamos a culpa pelo pecado de Adão e Eva?

b. Uma criança nasce já condenada por Deus?

c. Os filhos podem sofrer por causa dos pecados dos pais?

2. Temos obrigação de guardar o sábado nos dias de hoje?

Page 52: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel
Page 53: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

34 Estudo do Livro de Ezequiel

Lição 7

Avisos de Fogo e Espada:

Deus Prepara-se para Castigar Seu Povo

(Ezequiel 20:45 - 22:31)

N

ovas mensagens reforçam os pontos apresentados nos primeiros capítulos do livro. Deus

traria castigo contra seu povo por causa das abominações praticadas na terra. Nesta lição,

ele avisa dos castigos pelo fogo e pela espada, e enumera as abominações do povo que

exigiram estejulgamento divino. Deusatéprocuraria um homem justo para salvaro povo, mas não

acharia nenhum!

I. Deus Traria Destruição com Fogo e com a Espada (20:45 - 21:32)

A. Deus enviaria fogo para queimar o bosque do Sul (20:45-49)

1. Esta profecia olha para o bosque do Sul, possivelmente se referindo à região do sul de

Judá, o Neguebe (20:45-47)

2. Deus acenderia um fogo que ia consumir o bosque (20:47-48)

a, Todas as árvores – secas e verdes

b. Toda a terra – do Sul ao Norte

3. Aparentemente, o povo respondeu ao aviso em incredulidade ou confusão, chamando

Ezequiel de “proferidor de parábolas”, assim dizendo que não deu para

compreender o aviso (20:49)

B. Numa profecia paralela, Ezequiel falou de destruição pela espada e assegurou o povo que

este julgamento realmente viria (21:1-7)

1. Se o aviso sobre o fogo não foi claro, não teria como entender este aviso de uma

maneira errada!

2. Nesta profecia contra Jerusalém, Deus disse que traria a espada contra todas as

pessoas da terra (21:1-4)

Page 54: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

a. Todos os homens – justos e perversos

b. Toda a terra – do Sul ao Norte

3. Todos iam saber que foi o Senhor que agiu contra o povo (21:5)

4. Deus mandouque Ezequiel suspirasse, mostrando sua tristeza com este aviso (21:6-7)

Uma Comparação dos Pontos Principais dos Avisos do Fogo e da Espada

Aviso sobre o Incêndio no Bosque

(20:45-48)

Aviso sobre a Espada em Israel

(21:1-5)

Profecia contra o bosque do Sul Profecia contra Jerusalém

Um fogo no bosque A espada

Árvores verdes Os justos

Árvores secas Os perversos

Todos os rostos queimados A espada contra todo vivente

Julgamento do Sul ao Norte Julgamento do Sul ao Norte

Todos os homens verão que o Senhor acendeu

o fogo

Todos os homens saberão que Deus mandou a

espadaO Atalaia de Israel 35

C. Deus daria sua espada ao matador, e este a usaria para matar segundo as ordens do

Senhor (21:8-17)

1. A espada foi preparada – afiada e polida – para a matança (21:8-10)

2. Israel acreditava que a espada seria para os outros, os povos desprezados pelo rei

(21:10)

3. Mas Deus respondeu que a espada seria usada contra seu próprio povo – os príncipes

e o povo comum (21:11-13)

4. Na cena descrita aqui, parece possível que o próprio Ezequiel tivesse uma espada na

Page 55: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

mão, batendo e virando a espada para representar golpes contra o povo; a espada

recebe suas ordens num ritmo militar que acrescenta mais intimidação – “vira-te ...

para a direita, vira-te para a esquerda...” (21:14-16)

5. Deus, controlando tudo que aconteceu, bateria suas palmas para executar sua ira. As

ordens vêm do Senhor (21:17)

D. A espada do rei da Babilônia viria contra Judá, e o poder do rei em Jerusalém seria abatido

(21:18-27)

1. Deus mandou que Ezequiel pusesse marcadores para indicar os caminhos para duas

cidades: Rabá (dos amonitas) e Jerusalém (21:18-20)

2. O rei da Babilônia chegaria à bifurcação e teria que decidir atacar uma cidade antes

da outra (21:21). Ele usaria vários meios de adivinhação para tomar a sua decisão.

Entendemos, porém, que o soberano Deus controlava o movimento do exército e

mandaria o rei da Babilônia para o lado que o Senhor quisesse

3. A adivinhação indicou que ele deveria atacar Jerusalém (21:22)

4. Os judeus ainda poderiam achar que estavam seguros, talvez confiando na sua aliança

com o Egito (21:23; cf. 17:15-17)

5. Mas Deus já havia determinado o castigo. O povo e o rei seriam rejeitados (21:24-27)

E. Os amonitas, porém, não escapariam ilesos (21:28-32)

1. Deus mandou que Ezequiel profetizasse contra Amom (21:28)

2. Deus traria a espada e o fogo contra os amonitas (21:29-31)

3. A destruição dos amonitas seria completa – seriam esquecidos (21:32; cf. 25:10)

II. Israel foi Condenado por suas Abominações (22:1-31)

A. A cidade sanguinária deJerusalém foicondenada por suas muitas abominações (22:1-13).

Entre os pecados citados:

1. Homicídio (22:3-4,9,13)

2. Idolatria (22:3-4,9)

3. Abuso do poder pelos governantes (22:6)

Page 56: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

4. Desrespeito para com os pais (22:7)

5. Opressão de estrangeiros (22:7)

6. Maus tratos de viúvas e órfãos (22:7)

7. Profanação das coisas santas (22:8)

8. Calúnias (22:9)

9. Perversidade sexual (22:9-11)

10. Subornos e outras práticas desonestas nos negócios (22:12-13)

B. Deus traria o castigo e o povo não teria força para resistir; Israel seria disperso entre as

nações (22:14-16)

C. Deus ia purificar a nação com fogo, da mesma maneira que separa prata da escória na

refinação (22:17-22)

1. A ênfase aqui está no castigo da nação: “todos vós vos tornastes em escória”

(22:19)

2. A ilustração do processo de purificação de prata, porém, implicitamente olha para a36 Estudo do Livro de Ezequiel

salvação do restante, purificado pelo cativeiro

D. Os líderes da nação, como a população em geral, foram condenadospor Deus (22:23-29).

Ele comenta especificamente sobre:

1. Profetas que devoravam as almas das suas vítimas, alegando ter revelações do Senhor

(22:25,28-29)

2. Sacerdotes que profanavam as coisas santas, não distinguindo entre o comum e o

santo (22:26)

3. Príncipes que reinavam com violência e desonestidade (22:27)

E. Deus chega à cidade para castigar, e espera encontrar um homem justo que ficaria na

brecha para defender o povo, mas não encontra este homem (22:30-31)

1. Não devemos tratar este versículo literalmente até o ponto de negar a presença de

pessoas justas em Jerusalém. Pelo menos, Jeremias e Baruque ainda defendiam a

verdade e tentavam salvar o povo. Continuaram ativos até depois da queda de

Page 57: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Jerusalém (cf. Jeremias 43:1-7)

2. A figura mostra que a nação em geral havia se tornado tão corrupta que Deus não

achou motivo suficiente para poupá-la

Conclusão: O castigo tão merecido pelo povo de Judá se tornou inevitável, porque o povo se

corrompeu e recusou todas as oportunidades para se arrepender. As iniqüidades do povo, dos mais

poderosos às pessoas mais comuns, seriam castigadas pelo furor de Deus. Os julgamentos dele,

representados nestes capítulos pelo fogo e pela espada, atingiriam todos os habitantes da terra.

Perguntas

1. Na profecia sobre o bosque do Sul (20:45-49), qual seria o meio de

castigo usado por Deus?

2. Responda às seguintes perguntas sobre a profecia da espada contra Jerusalém (21:1-17):

a. A espada era de quem?

b. Quem seria eliminado pela espada?

c. Os líderes seriam isentos deste castigo?

3. A Babilônia chegariacom a espadaprimeiro contraJerusalém ou contra Rabá? A outra cidade

seria isenta do castigo?

4. No capítulo 22, qual cidade é chamada de sanguinária?

5. Cite, pelo menos, seis das abominações de Jerusalém citadas como motivos do castigo.

6. Deus compara o castigo de Judá com qual processo de purificação?

7. Quais categorias de pessoas são especificamente condenadas nos últimos versículos do

capítulo 22?

Page 58: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 37

Lição 8

Duas Meretrizes, uma Panela e um Viúvo:

Mais Mensagens do Castigo Merecido

(Ezequiel 23:1 - 24:27)

D

eus continua reforçando a sua mensagem, mostrando os motivos e a severidade do castigo

do povo rebelde. Nestes capítulos, ele usa três ilustrações para explicar sobre a queda de

Jerusalém. Na primeira, ele compara Israel e Judá a duas irmãs adúlteras, e mostra que este

pecado leva ao castigo de morte. Na segunda, o povo é comparado à carne numa panela

enferrujada, uma panela que não pode ser purificada nem pelo fogo. A terceira ilustração usa a

morte da mulher de Ezequiel para representar a destruição do templo, a delíciados olhos do povo.

I. A História de Duas Irmãs (23:1-49)

A. Deus aborda o problema da culpa de Judá, agora, com mais uma ilustração. Ele conta a

história de Oolá e Oolibá, duas irmãs, ambas meretrizes

B. Deus usa aqui o pecado de prostituição ou adultério para representar, simbolicamente, a

idolatria destes povos. Pecados de imoralidade sexual freqüentemente acompanhavam as

práticas idólatras, mas aqui é a infidelidade das próprias nações – a idolatria – que é vista

como prostituição

C. Elementos principais desta ilustração incluem:

1. Deus: o marido de Oolá e Oolibá

2. Oolá: Samaria ou Israel, o reino do Norte

a. Oolá significa “o tabernáculo dela” e serefere, provavelmente,à religião introduzida

por Jeroboão I

b. Israel não possuía o tabernáculo do Senhor. O “tabernáculo” ou a religião de Israel

era da nação, mas não de Deus

Page 59: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Oolibá: Jerusalém ou Judá, o reino do Sul

a. Oolibá significa “o meu tabernáculo está nela” e se refere, evidentemente, à

presença de Deus em Jerusalém

b. O templo em Jerusalém representava a presença de Deus e o centro da verdadeira

religião dos judeus

4. Amantes: ídolos e nações idólatras como a Assíria e a Babilônia

5. Prostituições/devassidões: a idolatria e a infidelidade de deixar de servir o verdadeiro

Deus para servir aos falsos deuses

6. Adultério: um termo mais específico de imoralidade sexual baseada num

relacionamento de pertencer a um outro. Aqui, as irmãs se tornaram adúlteras porque

se casaram com Deus (“foram minhas” – 23:4) e, depois, tiveram relações ilícitas

com outros “deuses” (“com seus ídolos adulteraram” – 23:37)

D. A juventude de Oolá e Oolibá (23:1-4)

1. As irmãs já se prostituíram no Egito, na sua mocidade (23:1-3). Sabemos que a

separação do reino aconteceu séculos depois de sair do Egito, mas nesta história,

Deus trata as duas nações como irmãs distintas desde a mocidade, assim

completando a figura do casamento e do adultério

2. Deus casou com as duas irmãs e elas tiveram filhos (23:4)

E. A infidelidade de Oolá (23:5-10)

1. Oolá (Samaria) se prostituiu com a Assíria (23:5-7)

2. Ela continuou as mesmas práticas imorais (idólatras) que trouxe do Egito (23:8)38 Estudo do Livro de Ezequiel

3. Deus, o marido traído, entregou Oolá nas

mãos dos amantes, os assírios (23:9)

4. Os amantes (os assírios) expuseram as

vergonhas de Oolá, levaram os filhos e as

filhas dela e a ela mataram (23:10)

F. Oolibá deveria ter aprendido a lição dos erros da

Page 60: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

irmã dela, mas não o fez (23:11-21)

1. Ela fez coisas ainda piores do que as

devassidões de Oolá, prostituindo-se com os

assírios e os babilônios (23:11-17)

2. Mesmo quando Deus mostrou seu desgosto

com os pecados de Oolibá,ela continuou com

as mesmas práticas erradas (23:18-21)

G. Deus dirige as palavras de advertência a Oolibá, o

povo de Juda (23:22-49)

1. Por causa da infidelidade de Oolibá (Judá),

Deus a entregaria aos amantes dela – os

babilônios e os filhos da Assíria (23:22-23)

2. Os amantes agora são os instrumentos de

justiça que Deus traz para castigar

severamente a mulher adúltera (23:24-29)

a. O efeito de entregar Oolibá aos amantes

seria uma purificação da idolatria: “não

levantarás os olhos para eles e já não

te lembrarás do Egito” (23:27)

b. Semelhantemente, há situações em que uma igreja precisa entregar a Satanás um

malfeitor para a destruição dos desejos carnais (1 Coríntios 5:4-5). O resultado

esperado é a purificação e a salvação daquele irmão

3. Deus deixaria as nações castigarem Oolibá porque ela praticou a prostituição espiritual,

a idolatria, e não aprendeu com os erros de sua irmã, Oolá (23:30-35)

a. Judá não aprendeu a lição, e cometeu os mesmos erros que haviam levado Israel

ao castigo (23:30-31)

b. Deus daria a Oolibá o mesmo copo de desolação que deu a Oolá (23:32-35)

Page 61: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

4. Um resumo dos crimes das irmãs infiéis (23:36-45)

a. Adultério/idolatria (23:37,40-45)

b. Derramamento de sangue (23:37,45)

c. Sacrifícios de filhos (23:37,38)

d. Contaminação do santuário de Deus (23:38,39)

e. Profanação dos sábados (23:38)

5. As mulheres adúlteras foram condenadas por Deus e seriam castigadas (23:46-49)

a. A punição para o adultério, na Lei do Antigo Testamento, foi a morte (Levítico

20:10)

b. A aplicação desta punição às irmãs adúlteras teria o efeito de impedir que outras

mulheres cometessem o mesmo pecado (23:48). A pena de morte, conforme a

vontade de Deus, serve como advertência para outras pessoas que enfrentam

tentações semelhantes

II. A Parábola de Carne numa Panela (24:1-14)

A. Esta profecia traz uma data importante, o mesmo dia que o cerco de Jerusalém começou

– contando as datas pelo reinado de Zedequias ou o cativeiro de Joaquim foi o nono ano,

A “Prostitiução” inclui o

“Adultério” – Ouvimos hoje

algumas doutrinas estranhas sobre

textos como Mateus 19:9 nas

quais algumas pessoas afirmam

que a prostituição (da palavra

porneia no grego) não pode

significar adultério. A conclusão

destes ensinamentos é a posição

que nega o direito ao divórcio em

casos de adultério. Ezequiel 23 é

Page 62: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

um de vários exemplos bíblicos em

que a palavra prostituição (na LXX,

da mesma palavra grega usada

em Mateus 19:9) é usada para

descrever o adultério – relações

sexuais envolvendo uma pessoa

que já assumiu o compromisso do

casamento. Quando estudamos a

Bíblia, devemos prestar atenção

em detalhes deste tipo para não

sermos enganados por falsos

mestres que distorcem as

Escrituras.O Atalaia de Israel 39

décimo mês, décimo dia, ou seja, 589/588 a.C. (24:1-2; cf. Jeremias 39:1; 52:4; 2 Reis

25:1)

Datas Importantes: A Queda de Jerusalém

Acontecimento Data do Reinado de Zedequias ou

Cativeiro de Joaquim

Data a.C.

(Aproximada)

Cerco de Jerusalém Começa 9º ano, 10º mês, 10º dia 589/588

Brecha nos Muros 11º ano, 4º mês, 9º dia 587/586

Templo Queimado, Cidade Destruída 11º ano, 5º mês, 7º dia 587/586

B. Deus mandou que Ezequiel cozinhasse carne numa panela enferrujada (24:3-14)

1. Mandou que colocasse pedaços bons de carne, com os ossos, na água na panela

(24:3-5)

2. Depois falou para ele tirar os pedaços, sem escolha, da panela enferrujada (24:6)

Page 63: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Este ato serviu para condenara cidade sanguináriaquederramou sangue sobre pedra,

onde não foi coberto com pó (24:7-8). A culpa de Jerusalém continuou descoberta,

motivo de castigo (24:9-10)

4. Depois, ele coloca a panela enferrujada, vazia, sobre as brasas para tentar tirar a

ferrugem, mas não consegue purificar a panela (24:11-12)

5. A mensagem para Jerusalém: ela não seria purificada até Deus satisfazer a sua ira no

julgamento da cidade sanguinária (24:13-14)

III. A Morte da Mulher de Ezequiel Representa a Destruição do Templo (24:15-27)

A. De todas as ilustrações dramáticas do trabalho de Ezequiel, este deve ter sido a mais difícil

B. Deus falou para ele que a mulher do profeta ia morrer de repente, e que ele não poderia

lamentar por ela (24:15-17)

C. Pela manhã, ele falou ao povo e, à tarde, a mulher dele morreu (24:18)

D. No dia seguinte, ele fez o que Deus mandou e não lamentou pela mulher (24:18)

E. Quando o povo perguntou sobre o significado de tudo isso, ele explicou (24:19-24)

1. Deus falou que ele tiraria a “delícia” dos olhos do povo – o templo em Jerusalém, e

que os filhos deles seriam mortos (24:19-21)

2. Como Ezequiel não tinha lamentado, eles não lamentariam (24:22-24)

F. Ezequiel não teria outras revelações de Deus até chegar um mensageiro com a notícia da

destruição do templo (24:25-27)

Conclusão: Ezequiel continuou seus esforços para mostrar ao povo a justiça de Deus e para

chamar o povo rebelde ao arrependimento verdadeiro. Ele usou uma série de ilustrações para

avisar o povo, chegando à cena difícil de aceitar, sem lamentação exposta, a morte de sua mulher.

Já era tarde demais para salvar os habitantes de Jerusalém, mas Ezequiel ainda lutava para

resgatar alguns dos restantes entre os cativos.

Perguntas

1. Na história das meretrizes, quais são os nomes das duas

mulheres? Elas representam, respectivamente, quais povos?40 Estudo do Livro de Ezequiel

Page 64: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

2. Nesta história, ele identifica especificamente três amantes, um de antes do casamento e mais

dois que entram na história depois. Identifique os três.

3. Nesta história, o adultério representa qual pecado espiritual?

4. A palavra “prostituição”, na Bíblia, pode significar “adultério”?

5. A pena de morte, no capítulo 23, serviu dois propósitos. Quais são?

6. Qual foi a data (usando o cativeiro de Joaquim) da profecia sobre a panela?

7. Na explicação da parábola da panela, qual foi o significado de derramar sangue numa pedra

e não na terra?

8. O que foi necessário para purificar a panela e tirar sua ferrugem?

9. Qual evento marcante na vida de Ezequiel simbolizou a destruição do templo?

10. Como é que Deus mandou que o profeta reagisse a este acontecimento triste?

Page 65: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 41

Lição 9

Profecias sobre os Vizinhos de Israel

(Ezequiel 25:1 - 28:26)

M

esmo nos livros proféticos dirigidos ao povo escolhido, é comum achar

trechos que contêm avisos para outras nações (veja Isaías 10-22; Jeremias 46-

51, Amós 1 e Sofonias 2). Ezequiel, também, contém uma parte dedicada às nações gentias.

Nesta e na próxima lição, vamos estudar as profecias sobre outras nações nos capítulos 25 a 32.

Nesta lição, consideraremos as profecias sobre os povos vizinhos de Judá – os amonitas, os

moabitas, os edomitas, os filisteus, e as cidades de Tiro e Sidom. Na próxima, veremos as profecias

sobre o Egito (capítulos 29 a 32). A mensagem destas profecias é clara e importante: Deus exerce

controle e julgará até as nações mais fortes.

Uma lição que devemos aprender deste trecho do livro é a abrangência do domínio divino.

Enquanto as nações gentias não participavam de uma relação especial como “o povo escolhido”

(uma comunhão especial limitada ao povo de Israel), elas ainda tinham a obrigação de reconhecer

a soberania de Deus e a responsabilidade de seguir os princípios divinos de moralidade, ética, etc.

Isaías descreve o padrão que servia como base para o julgamento divino das nações como “a

aliança eterna” (Isaías 24:5). Os conceitos básicos de santidade e justiça são características do

próprio Senhor, e assim fazem parte de todos os padrões que ele já deu aos homens.

Uma segunda lição é a fraqueza daqueles “poderes” dominantes no mundo. Nestas duas lições,

vamos observar a ênfase nos povos do Egito e de Tiro. Comentários no texto e informações

históricas sugerem que estas duas nações sofreram menos do que a maioria das outras durante

Page 66: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

o período do domínio assírio na região. É possível que alguns israelitas tenham encontrado algum

motivo de esperança e coragem na força aparente do Egito e de Tiro, pensando que eles também

teriam condições de resistir a Babilônia. Ezequiel apresenta a resposta de Deus a qualquer noção

deste tipo, mostrando que estes povos poderosos, também, seriam julgados pela mão poderosa

do Senhor.

Nestas lições, vamos destacar principalmente a estrutura básica destas profecias sobre as nações.

Alunos que quiserem mais informações poderão procurar relatos históricos e outros comentários

bíblicos sobre os mesmos povos para ver como Deus cumpriu a sua palavra referente às nações.

I. Profecia contra Amom (25:1-7)

A. O crime dos amonitas: Eles se alegraram e zombaram quando Jerusalém caiu (25:3,6).

Veja a observação sobre a data destas profecias nos comentários abaixo sobre Tiro (26:1)

B. O castigo deles:

1. Seriam entregues aos “filhos do Oriente” (25:4)

2. Rabá se tornaria um lugar de repouso para animais (25:5)

3. Seriam destruídos (25:7).Jeremias49:6 esclarece a intenção de Deus, mostrando que

alguns amonitas sobreviveriam

II. Profecia contra Moabe (25:8-11)

A. O crime dos moabitas: Não reconheceram o lugar especial de Judá entre asnações (25:8).

O povo de Judá foi o povo escolhido por Deus, e os judeus eram parentes dos moabitas.

Não deviam ter considerado estes vizinhos como nação qualquer42 Estudo do Livro de Ezequiel

B. O castigo deles:

1. Deus abriria espaço onde eles tinham cidades (25:9)

2. Seriam entregues, junto com os amonitas, “aos povos do Oriente” (25:10-11)

Page 67: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

III. Profecia contra Edom (25:12-14)

A. O crime deles: Comportamento vingativo para com o povo de Judá (25:12)

B. O castigo deles:

1. Deus faria da terra deles um deserto (25:13)

2. Ele usaria Israel como seu instrumento para executar a ira contra Edom (25:14)

IV. Profecia contra a Filístia (25:15-17)

A. O crime deles: Comportamento vingativo, aparentemente contra o povo de Israel (25:15)

B. O castigo deles:

1. Deus eliminaria os queretitas (25:16). Pela citação aqui, deduz-se que os queretitas

tenham sido filisteus ou um povo vinculado aos filisteus (cf. 1 Samuel 30:14)

2. O resto do povo da costa seria destruído (25:16)

V. Profecia contra Tiro (26:1 - 28:19)

A. A referência à data em 26:1 coloca esta profecia ou, pelo menos, a primeira mensagem

nesta série, no mesmo ano da queda de Jerusalém (587/586 a.C.). Este versículo não

identifica o mês, mas o contexto mostra que estas profecias foram feitas depois da queda

de Jerusalém, que aconteceu no quinto mês daquele ano (cf. 2 Reis 25:8-9)

B. O crime deles: Zombaram de Jerusalém quando a cidade caiu (26:2)

C. O castigo deles (26:3-21):

1. Deus enviaria muitas nações para destruir Tiro (26:3-4)

2. A cidade seria varrida e deixada como uma pedra lisa (26:4)

3. Tiro se tornaria lugar para

esticar redes de pescadores

para secarem (26:5)

4. As filhas (as cidades menores

dependentes de Tiro) seriam

mortas (26:6)

5. Nabucodonosor seria usado por Deus para liderar o cerco de Tiro e a destruição das

Page 68: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

cidades filhas (26:7-13). A história confirma que Nabucodonosor cercou a cidade de

Tiro entre 585 e 572 a.C., levando à queda da cidade de Tiro e, posteriormente, a

destruição total da cidade continental

6. Aquela cidade nunca seria reconstruída (26:14,20-21). Observação: Existe hoje uma

cidade de Tiro no Líbano, mas não é a mesmacidadecontinental. O entulho da cidade

antiga foi usada para fazer um molhe e a nova cidade foi construída próxima à costa

D. As reações dos vizinhos de Tiro à queda da cidade (26:15-18)

1. Os “príncipes do mar” – os poderosos da região da costa – ficariam pasmos (26:15-16)

2. Os povos vizinhos lamentariam a queda de Tiro (26:17-18). A cena aqui lembra um

velório, introduzindo a descrição que virá nos versículos seguintes

E. Estendendo a imagem de uma procissão funerária, Deus fala da descida da cidade à cova,

da qual nunca voltaria (26:19-21)

F. Ezequiel faz uma lamentação sobre Tiro, usando a figura de um grande navio que

naufragou (27:1-36)

Para mais comentários sobre o significado da

profecia contra Tiro e seu cumprimento, veja:

“Profecia Cumprida: Evidência da Inspiração das

Escrituras”: http://www.estudosdabiblia.net/d37.htmO Atalaia de Israel 43

1. Ele descreve Tiro como um navio impressionante, construído por trabalhadores de

várias nações usando materiais de primeira qualidade (27:1-11)

2. Uma vez que o navio foi construído, ele foi envolvido no comércio com muitas nações,

adquirindo sua riqueza e seu poder dos povos (27:12-24). Vamos observar alguns dos

mesmos nomes no capítulo 38, onde daremos mais atenção ao significado destas

listas de povos

3. Tiro e seus dependentes cairiam em ruínas, como se fosse o naufrágio deste “navio”

(27:25-27)

4. As outras nações que faziam negócios com Tiro lamentariam o naufrágio (27:28-36)

Page 69: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

G. Deus avisa sobre o destino do rei de Tiro (28:1-19)

1. O príncipe de Tiro se exaltou

como se fosse Deus, achando-se

invencível. Mas Deus humilharia

este homem (28:1-10)

a. Como a arrogância de outros

reis (a mesma atitude de

muitos governantes hoje), o

rei de Tiro mostrou seu

orgulho em se gabar como

se fosse o responsável pela

prosperidade do seu reino

b. Evidentemente com um tom

de ironia, Deus diz que este

rei se achava mais sábio que

Daniel

2. O rei de Tiro, pela sua maldade,

havia rejeitado as bênçãos do

favor divino. Foi como se tivesse

abandonado a beleza do Éden

ou renunciado uma posição

como querubim na presença de

Deus (28:11-19)

VI. Profecia contra Sidom (28:20-26)

A. O crime deles: Trataram o povo de

Israel com desprezo (28:24)

B. O castigo deles:

Page 70: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. Sofrimento de doenças graves (28:23)

2. Mortes violentas (28:23)

C. A queda de Sidom completaria a remoção dos vizinhos de Israel que desprezavam o povo

escolhido (28:24-26)

D. Deus seria santificado pela aplicação da justiça (28:22)

Conclusão: O povo de Israel merecia o castigo e seria severamente disciplinado por Deus. Mas

as nações ao seu redor que achavam prazer no sofrimento do povo escolhido enfrentariam castigos

até mais severos. Olhando no mapa, podemos ver que as profecias destes capítulos tratam de

vizinhos de praticamente todos os lados – norte, sul, leste e oeste. Os que zombavam de Israel ou

maltratavam o povo escolhido teriam que responder para Deus.

Ezequiel 28 e a Origem de Satanás

É muito comum encontrar explicações da origem

de Satanás baseadas em Ezequiel 28 (a profecia

contra o rei de Tiro) e Isaías 14 (a profecia contra

o rei da Babilônia). Até o nome “Lúcifer”, aplicado

por muitos ao Diabo, vem de algumas traduções

de Isaías 14. Mas o estudo cuidadoso destes

capítulos mostra que as pessoas condenadas,

embora imitando muitas atitudes erradas de

Satanás, eram, de fato, reis de povos antigos.

Ezequiel 28 diz que fala de alguém que não

passa de homem (2,9) e que seria morto pela

espada de estrangeiros (7-10). Muitos justificam

a interpretação sobre Satanás por causa dos

comentários sobre Éden e o querubim (12-14),

mas Satanás não brilhava no Éden como

Page 71: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

querubim. Ele entrou como serpente para tentar

o primeiro casal! Este trecho usa linguagem

simbólica que fala de Daniel e de um querubim,

mas o assunto da profecia é o próprio rei de Tiro.

Com certeza era um filho do Diabo (João 8:44),

mas este trecho não é uma história da origem do

Adversário.

Para mais sobre este assunto, veja:

“Quem é Lúcifer?”:

http://www.estudosdabiblia.net/bd510.htm

“A Origem de Satanás”:

http://www.estudosdabiblia.net/1999439.htm44 Estudo do Livro de Ezequiel

Perguntas

1. Nestes capítulos, quais povos são especificamente mencionados

como objetos da justiça divina?

2. Encontre, num mapa, a localização das nações citadas aqui. Observe

a posição geográfica delas em relação a Judá.

3. Qual nação foi vítima de crimes cometidos por todos estes povos gentios?

4. Explique a ilustração do navio bonito, Tiro, e seu naufrágio.

5. O que significa a “cova” nestas profecias (em 26:20, por exemplo)?

6. Entre os vizinhos de Judá, condenados nestes capítulos, qual recebeu o destaque maior?

7. Ezequiel 28:1-19 é uma explicação da origem de Satanás? Justifique sua resposta.

Desafios adicionais:

1. Pesquise sobre a palavra “Lúcifer”. De onde vem? O que significa? Nas Escrituras, é um nome

de Satanás?

2. Antes da vinda de Jesus, as nações gentias estavam sujeitas à vontade de Deus e obrigadas

a obedecerem ao Senhor?

Page 72: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Hoje em dia, todas as pessoas estão sujeitas à vontade de Jesus e obrigadas a obedecerem

ao Senhor?

Page 73: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 45

Lição 10

Profecias sobre o Egito

(Ezequiel 29:1 - 32:32)

N

a lição 9, consideramos as profecias sobre os vizinhos de Judá. Nos capítulos

29 a 32, Deus continua falando sobre castigos dos povos pagãos,

especificamente a nação poderosa do Egito.

Durante alguns séculos, o Egito tinha sido o principal rival dos poderes mesopotâmios – a Assíria

até o final do sétimo século a.C., e a Babilônia nas décadas depois da queda da Assíria. Durante

este tempo, os reinos na Palestina (Israel até a sua queda em 721 a.C., e Judá até a sua queda em

586 a.C.) vacilaram nas suas alianças – às vezes se alinhando com os egípcios e, outras vezes,

procurando o favor dos impérios da Mesopotâmia, esquecendo frequentemente do verdadeiro

protetor – Deus.

Nestes capítulos, Deus mostra que o Egito não teria poder para resistir a vingança divina executada

pela Babilônia. Da mesma forma que Deus usaria esta nação para punir o povo de Judá, ele

humilharia os egípcios pela espada babilônica.

I. Observações sobre Estas Mensagens

A. Deus deixa de falar sobre os vizinhos e agora dá atenção ao reino que o povo Judá havia

procurado como aliado para protegê-lo dos babilônios

B. Nestes quatro capítulos, Ezequiel apresenta sete mensagens ou palavras do Senhor, sobre

o Egito

C. Várias vezes, Deus usa o mesmo refrão já encontrado nos capítulos anteriores: “saberão

que eu sou o Senhor” (29:16,21; 30:19,25,26; 32:15)

D. Seis destas mensagens incluem referências às datas, que abrangem um período de 17

Page 74: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

anos entre 587 e 571 a.C. Podemos organizar estas mensagens cronologicamente:

1. A primeira palavra (29:1-16) – no 10º ano, 10º mês, 12º dia

2. A segunda palavra (30:20-26) – no 11º ano, 1º mês, 7º dia

3. A terceira palavra (31:1-18) – no 11º ano, 3º mês, 1º dia

4. A quarta palavra (32:17-32) – no 12º ano,1º mês, 15º dia. Veja os comentários abaixo

sobre esta data

5. A quinta palavra (32:1-16) – no 12º ano, 12º mês, 1º dia

6. A sexta palavra (29:17-21) – no 27º ano, 1º mês, 1º dia

7. Uma palavra sem data, possivelmente da mesma data da anterior, ou seja 571 a.C.

(30:1-19; cf. 29:17). Neste caso, seria a sétima da série de profecias

E. No nosso estudo aqui, vamos considerar as profecias na seqüência que Ezequiel as relatou

II. As Profecias sobre o Egito

A. O Egito condenado por crimes cometidos contra Israel (29:1-16)

1. Esta profecia foi a primeira na seqüência desta série, e foi dada um ano depois da

Babilônia sitiar Jerusalém (29:1-2; cf. 2 Reis 25:1)

2. O Egito havia se exaltado, esquecendo que dependia de Deus até para sua própria

vida, que dependia do rio (Nilo) que Deus tinha feito (29:3)

3. O Egito seria castigado como um crocodilo e peixes jogados no deserto (29:4-5)

4. O Egito não apoiou o povo de Israel na sua necessidade e, por isso, seria castigado por

Deus (29:6-7)46 Estudo do Livro de Ezequiel

5. Devido aos crimes deste povo, o castigo do Egito seria severo (29:8-12)

6. Depois do castigo de 40 anos, os egípcios seriam restaurados à sua terra, mas não

seriam exaltados à posição de um império mundial (29:13-16). O Egito ainda existe

como nação, mas nunca voltou à importância que tinha até o 7º século a.C.

B. O Egito seria dado a Nabucodonosor (29:17-21)

1. A data mencionada aqui é a última no livro, mostrando que Ezequiel continuou seu

trabalho profético até, pelo menos, 571 a.C.

Page 75: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

a. Esta data foi pouco tempo depois do fim do cerco de Tiro pelos babilônios, assim

explicando o comentário de 29:18

b. Conforme registros históricos, a Babilônia atacou o Egito aproximadamente três

anos depois desta profecia

2. O cerco de Tiro por Nabucodonosor levou à subjugação daquela cidade aos

babilônios, mas evidentemente não rendeu espólios suficientes para financiar a longa

campanha (29:18)

3. Portanto Deus pagaria o salário dosbabilônios,permitindo que tomassem os despojos

do Egito (29:19-20)

4. O castigo do Egito está ligado à prosperidade de Israel (29:21). Seja uma referência

ao resultado da vitória de Nabucodonosor, uma referência à volta do cativeiro ou uma

citação messiânica, o ponto é claro. É Deus, e não o Egito, que traz prosperidade para

seu povo (cf. 28:24-26)

C. O Egito e seus aliados cairiam (30:1-19)

1. Esta é a única nesta série de “palavras” que não inclui a data

2. Deus usaria a Babilônia como seu instrumento de justiça para castigar o Egito e seus

aliados – Etiópia, Pute, Lude e Arábia (30:1-12)

3. A abrangência deste julgamento é frisada pelas citações de vários lugares no Egito

(30:13-19)

D. O poder de Faraó seria quebrado (30:20-26)

1. Esta profecia é a segunda na série, sendo feita aproximadamente três meses depois

da primeira (30:20; cf. 29:1)

2. Deus já havia quebrado o braço do Faraó que, por falta de tratamento, não tinha se

recuperado e não conseguia tomar a espada (30:21)

3. Deus quebraria os dois braços, deixando o rei totalmente incapaz de se defender

(30:22-23)

4. Ao mesmo tempo, Deus fortaleceria os braços do rei da Babilônia e lhe daria sua

Page 76: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

espada para vencer os egípcios (30:24-26)

E. A grande árvore do Egito seria cortada (31:1-18)

1. Esta é a terceira das palavras sobre o Egito, e veio a menos de dois meses depois da

segunda (31:1; cf. 30:20)

2. Deus começa com uma pergunta: A quem pode comparar a grandeza do Egito? (31:2)

3. A Assíria é usada como exemplo comparável (31:3-17)

a. A Assíria é comparada a um cedro do Líbano, uma árvore grande e majestosa

(31:3-9). É como se estivesse no jardim do Éden, superior a todas as outras árvores

(31:8-9)

b. Esta “árvore” se exaltou, e foi humilhada quando Deus a entregou nas mãos dos

seus inimigos (31:10-17). A queda desta nação é comparada à procissão funerária

em que o morto desce à cova (31:15-17; cf. 26:20; 32:17-32)

4. Da mesma maneira, Deus faria o rei do Egito descer à cova da morte (31:18)

F. Uma lamentação contra Faraó (32:1-16)

1. Esta é a quinta das “palavras” nesta série, e foi revelada cerca de 585 a.C. (32:1)

2. A lamentação descreve o Faraó como um crocodilo (a mesma figura de 29:3) que seriaO Atalaia de Israel 47

apanhado na rede de Deus e puxado para fora do rio pelos povos (32:2-3)

3. Faraó (representando o Egito) seria jogado em campo aberto onde os animais

comeriam sua carne (32:4-5)

4. A queda deste rei e do seu povo é descrita através de figuras fortes que sugerem o fim

do mundo – as estrelas, o sol e a lua escurecem – porque seria o fim do mundo deles

(32:6-8; cf. Joel 2:30-31; Mateus 24:29; etc.)

5. As nações lamentariam o castigo do Egito, que seria executado pela Babilônia (32:9-

16). Observamos aqui a semelhança desta profecia com a de Tiro. Depois das nações

lamentarem a queda de Tiro, ele desceu à cova (26:17-20). Depois desta lamentação

das nações sobre o Egito, ele descerá à cova (cf. 32:17-32)

G. O Egito desce à cova (32:17-32)

Page 77: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. Há incerteza sobre a data desta profecia, devido a questões sobre o texto original

(32:17). Pode ser que esta profecia fosse revelada logo depois da anterior, ou que fosse

revelada antes, como a data na ARA sugere, e que o autor a colocou aqui por causa

do conteúdo, seguindo a mesma seqüência da profecia contra Tiro no final do capítulo

26

2. Apesar de sua beleza e grandeza, o Egito desce à cova e toma seu lugar no meio dos

incircuncisos (32:18-21)

3. Ele passa na frente dos outros mortos – nações ímpias já castigadas por Deus (32:22-

32).

a. Os valentes que apavoravam as pessoas nesta vida serão conduzidos à

conseqüência da sua crueldade

b. No final, é Deus que causa espanto nos corações destes “valentes” – Faraó e seu

povo (32:32)

Conclusão: Enquanto Ezequiel e a maioria dos outros profetas do Velho Testamento focalizavam

o relacionamento de Deus com a nação escolhida, Israel, este fato não isentava as outras nações

de responsabilidades diante do Senhor. Deus ocupa constantemente uma posição soberana sobre

todos os homens. Ezequiel, nas profecias contra as nações, relembra seus ouvintes deste fato em

termos práticos. Algumas nações sobreviviam durante séculos, com pouca preocupação com a

vontadede Deus. Elas se mostraram injustas, idólatrase arrogantes. Deus, por um tempo, tolerava

tal procedimento, mas nunca lhes deu a sua aprovação. Ezequiel fala do dia em que Deus traria

a sua justiça contra o Egito, um dos principais transgressores. Destas profecias, duas expressões

de Deus se tornam especialmente significativas: “Saberão que eu sou o SENHOR” e “Porque

também eu pus o meu espanto na terra dos viventes”.

Perguntas

Page 78: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. O rei do Egito foi comparado a qual animal? Qual foi a sua atitude

sobre o grande rio do Egito?

2. Conforme o capítulo 29, a destruição do Egito seria total e final? Explique.48 Estudo do Livro de Ezequiel

3. Qual rei seria o instrumento de Deus para humilhar os egípcios?

4. Explique a profecia que usou a ilustração de braços quebrados e braços fortes.

5. Na profecia sobre o Egito no capítulo 31, a Assíria foi representada por qual planta? O que

esta ilustração tinha a ver com o Egito?

6. A Assíria estava no Éden (31:8-9)? Explique como este trecho ajuda para entender a profecia

sobre o rei de Tiro (28:12-13).

7. O que acontece com o animal que representa o Egito (veja pergunta número 1 acima) na

lamentação do capítulo 32?

8. Ezequiel 32:7-8 fala sobre o fim do mundo? Explique a sua resposta.

9. Compare 32:27 com 32:32. Qual terror na terra dos viventes deve ser temido?

Page 79: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 49

Lição 11

Deus Julga entre Ovelhas

(Ezequiel 33:1 - 35:15)

E

stes três capítulos apresentam as últimas das profecias “negativas” do livro de

Ezequiel. Servem como um resumo das mensagens do livro sobre o castigo do

povo de Judá, e acrescentam mais uma profecia sobre os edomitas. A partir do capítulo 36,

a mensagem do livro se torna positiva, com promessas da restauração dos fiéis à comunhão com

Deus.

Nos capítulos incluídos nesta lição, Deus fala novamente sobre o papel do profeta como atalaia,

condena os líderes maus do povo, e fala do seu próprio cuidado de Israel como o bom pastor. Em

contraste com a salvação que viria para o povo de Israel, ele fala novamente do castigo dos

parentes ao sul, os descendentes de Esaú.

I. A Culpa pelo Pecado de Judá (33:1-34:10)

A. Neste resumo da mensagem do livro, Deus considera quatro possíveis respostas a uma

pergunta implícita: Quem é culpado pelo pecado de Judá?

1. O atalaia? (33:1-16)

2. Deus? (33:17-20)

3. O povo? (33:21-33)

4. Os líderes/pastores? (34:1-10)

B. O papel do atalaia (33:1-16)

1. Se o atalaia tocar a trombeta para avisar o povo da chegada da espada e o povo não

der importância ao aviso, o próprio povo será responsável pela sua morte, e o atalaia

ficará sem culpa, porque avisou (33:1-5; cf. Jeremias 6:17)

2. Se o atalaia não avisar o povo,

Page 80: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

ainda assim este sofrerá o

ataque, mas o atalaia será

culpado por não ter avisado

(33:6)

3. Deus repete os comentários

sobre o atalaia que já foram

considerados no estudo do

capítulo 3 (33:7-16). Este

trecho, praticamente no fim das

profecias sobre o castigo de

Israel, serve para encerrar este

aspecto da missão de Ezequiel,

mostrando que o profeta foi fiel

em cumprir sua tarefa

4. O atalaia, Ezequiel, foi

responsável pela culpa de Judá?

Não!

C. O povo acusa Deus de culpa (33:17-

20)

1. Apesar de todas as explicações e

provas já oferecidas neste livro, o

“Não é reto o caminho do Senhor”

(33:17-20)

O povo de Israel, como muitas pessoas fazem

hoje, atribuiu seu sofrimento à injustiça de Deus.

Neste caso, a resposta dele foi específica, dizendo

que eles sofreram por causa dos seus próprios

Page 81: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

pecados. O sofrimento hoje pode ser por causa do

pecado do próprio sofredor, ou pode ser efeito da

corrupção de um mundo manchado pelo pecado,

em termos gerais. O sofrimento nunca vem da

injustiça de Deus. Mesmo quando não

compreendemos o Criador, não temos direito de

questionar a retidão dele. Quando as criaturas

discordam do Criador, elas sempre estão erradas!

O Princípio da Restituição (33:14-15)

Na explicação da sua justiça, Deus liga o

arrependimento à restituição. Aquele que furtou ou

defraudou o outro tem obrigação de devolver o que

tomou como parte dos frutos do arrependimento.50 Estudo do Livro de Ezequiel

povo de Israel negava sua culpa e ousou questionar a justiça de Deus (33:17,20)

2. Mas o problema foi o caminho torto do povo (33:17)

3. Deus repete os princípios básicos da sua justiça:

a. Se o justo abandonar a justiça, será condenado (33:18)

b. Se o perverso abandonar a sua injustiça, será salvo (33:19)

c. Cada um será julgado segundo seus próprios atos (33:20)

4. Deus foi responsável pela culpa do povo? Não!

D. Ezequiel recebeu um homem que havia escapado quando Jerusalém caiu (33:21-22). A

data dada aqui seria aproximadamente um ano e cinco meses depois da destruição do

templo. A menção aqui pode servir para frisar a realidade do castigo no meio de uma parte

do livro que trata da responsabilidade por este fato triste

E. A culpa do próprio povo na destruição de Jerusalém (33:23-33)

1. Alguns judeus evidentemente se confortavam em possuir as ruínas na terra,

acreditando que Deus lhes havia dado a terra irrevogavelmente. A noção que Deus

Page 82: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

expulsaria seu povo da terra parecia inacreditável (33:23-24)

2. Deus lhes oferece uma explicação da realidade, mostrando que o julgamento dele foi

real, e que eles o trouxeram sobre si (33:25-29)

3. Quando Ezequiel pregava, muitas pessoas elogiaram as suas mensagens, mas não

fizeram a aplicação para mudarem a própria vida. Estas pessoas reconheceriam que

ele havia servido como profeta de Deus somente quando já era tarde demais (33:30-

33). Devemos aprender a lição deste trecho. Não adianta nada elogiar pessoas que

apresentam boas mensagens sobre a palavra de Deus se nãofizermos a aplicação para

mudar as nossas vidas (cf. Tiago 1:21-25)

4. O povo judeu foi responsável pelo seu próprio declínio? Sim!

F. A culpa dos líderes da nação no castigo de Israel (34:1-10)

1. Esta palavra é dirigida aos pastores de Israel, os líderes que deveriam ter cuidado das

almas do povo (34:1-2)

2. Ao invés de alimentar e proteger

o rebanho, estes líderes

satisfaziam seus desejos egoístas

e prejudicavam o rebanho (34:3-

4)

3. Sob esta liderança irresponsável

e cruel, o rebanho foi espalhado

e maltratado (34:5-6)

4. Deus culpou os pastores por

não cuidar do rebanho dele, e

prometeu livrar as ovelhas dos

maus tratos destes líderes (34:7-

10)

5. Os pastores de Israel foram

Page 83: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

culpados na queda da nação?

Com certeza!

II. Deus Estabeleceria um Bom Pastor sobre Israel (34:11-31)

A. Deus já falou da sua decepção com os pastores de Israel, e agora fala da solução para o

problema do seu rebanho, Israel

B. Deus disse que ele procuraria as ovelhas dispersas para conduzir seu rebanho a bons

pastos (34:11-16). Compare 34:16 com textos que falam do cuidado dos cristãos para

seus irmãos (cf.1 Tessalonicenses5:14; Hebreus 12:12-13; Gálatas 6:1-2; Tiago 5:19-20)

Os Pastores Infiéis

A mensagem de Ezequiel 34, como a censura feita

por Jesus em Mateus 23, mostra claramente o

problema de líderes espirituais que não são fiéis a

Deus, e que não cumprem seu dever para com o

povo. Hoje, há alguns pastores qualificados e fiéis

no seu serviço, e devemos agradar a Deus por

eles. Mas, infelizmente, há muitos outros que se

encaixam nestas descrições de homens egoístas

e ambiciosos que dominam os outros para proveito

próprio. Tais pessoas não merecem o respeito de

ninguém! E aquelas ovelhas que seguem pastores

maus devem lembrar das palavras de Jesus – não

é só o pastor que cairá (Mateus 15:14).O Atalaia de Israel 51

C. O rebanho ainda seria julgado pelo pastor, separando aqueles que não pertenciam ao

rebanho (34:17-19). Alguns do próprio rebanho (não esqueça de que os pastores maus

faziam parte do rebanho de Israel) seriam rejeitados por serem ovelhas gordas que

beberam as águas claras e as sujaram para prejudicar as outras ovelhas

D. Para fazer a separação entre as ovelhas e proteger as boas, Deus poria sobre elas um só

Page 84: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

pastor, Davi (34:20-24)

1. Davi seria pastor e príncipe (uma palavra que freqüentemente significa “rei” em

Ezequiel)

2. Este trecho olha para o papel do bom pastor no reino messiânico (cf. João 10:1-30)

3. Jesus não era, literalmente, Davi, mas um descendente do segundo rei de Israel que

mostrou as qualidades daquele rei/pastor

E. Israel teria o prazerdas bênçãos da comunhão com Deus neste estado restaurado (34:25-

31)

1. Ainda descrevendo os homens do reino figuradamente como ovelhas num rebanho

(34:31), este trecho descreve as bênçãos de Israel restaurado em termos de proteção

e sustento físico

2. O povo de Deus seria protegido de bestas-feras, ataques de inimigos, etc.

3. Receberiam “chuvas de bênçãos” sob a proteção do bom pastor

4. O ponto principal destas bênçãos é a comunhão com Deus (34:30-31)

III. Edom Seria Castigado (35:1-15)

A. Os edomitas haviam se regozijado com o sofrimento de Israel (cf. 25:12-14; Obadias 10-

14). Agora, Israel seria abençoado e Edom, destruído

B. O castigo de Edom seria severo (35:1-15)

1. Monte Seir representa o povo de Edom (35:2,15)

2. Edom foi condenado por suas atitudes e por seus atos contra Israel

3. Deus faria de Edom “extrema desolação” (35:7)

Conclusão: O julgamento viria, e os culpados seriam condenados. Deus não tinha culpa, e seus

profetas fiéis estavam livres de sangue. Mas o próprio povo havia pecado e merecia o castigo. E

seus líderes, os pastores de Israel, haviam aproveitado a sua posição para satisfazer seus desejos

egoístas. Também seriam condenados.

Mas o futuro seria melhor. Deus, por meio do seu servo, o rei/pastor segundo a ordem de Davi,

Page 85: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

traria justiça e prosperidade para seu rebanho. Israel restaurado – o reino de Cristo – teria a bênção

da presença de Deus!

Perguntas

1. Como Deus avaliou a culpa ou inocência de cada personagem ou

grupo:

a. Ezequiel, o atalaia de Israel

b. O Senhor Deus

c. O povo de Israel

d. Os líderes/pastores de Israel52 Estudo do Livro de Ezequiel

2. A restituição tem alguma coisa a ver com o arrependimento? Justifique sua resposta.

3. Temos direito de falar, como os israelitas fizeram, que “Não é reto o caminho do Senhor”?

Explique a sua resposta e sugira aplicações deste princípio.

4. Quais foram algumas das críticas feitas por Deus sobre os pastores de Israel?

5. Quem cuidaria, de fato, do rebanho de Israel?

6. Todos os problemas do rebanho eram externos? Explique sua resposta, citando as palavras

de Deus sobre o que ele faria com as ovelhas.

7. Quais são os dois papéis do “servo Davi”?

8. Esta profecia sugere que Davi, literalmente, voltaria para reinar? Explique.

9. Monte Seir representa qual povo?

10. Qual foi o motivo principal do castigo deste povo?

Page 86: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 53

Lição 12

Deus Ressuscita o Povo de Israel

(Ezequiel 36:1 - 37:28)

N

os últimos 13 capítulos do livro, a mensagem de Ezequiel se torna positiva. Ele

fala sobre a restauração de Israel e sobre a beleza da comunhão do povo fiel

com Deus. A mensagem ofereceu esperança aos exilados, e também contribuiu à expectativa

nacional da vinda do Messias. Nos dois capítulos que estudaremos nesta lição, podemos ver a

maneira dramática de que Deus assegura o povo de seu poder para dar vida à nação morta.

I. A Condição Abençoada do Povo Restaurado (36:1-15)

A. Esta profecia é apresentada como contraste com a mensagem do capítulo 35

1. As duas mensagens são dirigidas aos montes dos respectivos povos

2. A primeira é uma profecia contra os edomitas (35:1-15; cf. lição 11 desta apostila)

3. A segunda é uma profecia de esperança para o povo de Israel (36:1-15)

B. Os inimigos, incluindo os edomitas, haviam falado contra Israel e aproveitado a situação

do povo no seu momento de fraqueza e angústia (36:1-5)

C. Deus havia castigado Israel no seu furor, mas agora castigaria as próprias nações (36:6-7)

D. Deus prometea restauração e a prosperidade do povo de Israel (36:8-15). Estes versículos

se dirigem aos montes de Israel, dizendo que homens e animais seriam multiplicados para

andar em paz sobre eles

II. A Impureza de Israel Seria Tirada (36:16-38)

A. Os pecados de Israel tinham causado a imundícia da terra diante do Senhor (36:16-17)

1. A ilustração de imundícia aqui se baseia nas regras da Lei do Antigo Testamento sobre

impureza (cf. Levítico 15:19-33; Números 19:14-19)

2. Este fato ajudará na interpretação do versículo 25 (abaixo)

B. Devido à imundícia de Israel, Deus lhe entregou às nações, onde o povo continuou a

Page 87: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

profanar o nome do Senhor (36:18-21)

C. A salvação deste povo não foi por mérito dele, mas porque Deus agiu por amor do seu

próprio nome (36:21-32)

1. Ele restauraria Israel a sua terra (36:24)

2. Ele purificaria os homens das suas imundícias (36:25)

3. Daria ao povo um coração novo no lugar do seu coração de pedra (36:26)

4. O povo se arrependeria, sentindo nojo de si pelas suas abominações (36:31)

III. A Ressurreição dos Ossos Secos de Israel (37:1-14)

A. Para um povo morto no pecado, as promessas de restauração podem parecer fantásticas

e inacreditáveis. A visão deste trecho responde a quaisquer dúvidas!

B. Ezequiel foi levado pelo Espírito a um vale cheio de ossos secos (37:1-2)

C. Deus mandou que Ezequiel pregasse aos ossos, profetizando sobre a ressurreição deles

pelo poder do Senhor (37:3-6)

D. O profeta foi obediente (37:7)

E. Enquanto Ezequiel profetizava, os ossos se ligaram, e tendões, carne e pele se formaram

sobre eles. Mas ainda não tinham vida (37:7-8)

F. Quando Ezequiel chamou, o Espírito (ou fôlego de Deus) encheu os corpos mortos e estes

passaram a viver (37:9-10)

G. Deus explicou o significado desta visão (37:11-14)54 Estudo do Livro de Ezequiel

1. Os ossos representam o povode Israel, cuja esperança estava “seca”depoisde alguns

anos de exílio (37:11)

2. Deus ressuscitaria o povo de Israel e o restauraria à terra (37:12-14)

IV. A Restauração de Um Reino sobre Um Rei (37:15-28)

A. Deus mandou que Ezequiel usasse dois pedaços de madeira para ilustrar a reunião das

duas casas do seu povo – Judá e Israel (37:15-23)

1. No primeiro pedaço de madeira, ele escreveu Judá para representar o reino do sul

(37:16)

Page 88: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

2. No outro, ele escreveu Efraim para representar o reino do norte (37:16)

3. Ele ajuntou os dois para representar a reunião dos dois povos em um (37:17-22)

4. Deus colocaria um só rei sobre este povo unido (37:22)

5. O povo seria purificado e viveria livre de contaminações (37:23)

B. De mais importância do que a reunião das duas nações seria a comunhão do povo com

Deus e o governo do único Rei (37:23-28)

1. Eles seriam o povo dele, e ele seria seu Deus (37:23b)

2. Davi, o servo de Deus, seria seu Rei/Pastor eterno (37:24; cf. 34:23-24 e os

comentários sobre a mesma promessa na lição 11; compare, também, Salmo 110 e

a aplicação dele a Jesus no livro de Hebreus)

3. Deus faria com eles uma aliança perpétua de paz (37:26)

4. Ele habitaria para sempre no meio deles, no seu santuário (37:26-28)

Conclusão: É Deus quem vivifica! Israel se encontrava nas profundezas da morte, mas Deus

prometeu uma restauração que pode ser comparada a uma ressurreição. A partir destes dois

capítulos, a mensagem de Ezequiel se torna em uma palavra de esperança e confiança de um

futuro bem melhor para o povo de Israel. A abençoada comunhão com Deus descrita aqui poderá

ser realizada somente por meio do verdadeiro Rei dos reis, o descendente de Davi, Jesus Cristo.

Perguntas

1. Descreva, resumidamente, o contraste entre a profecia sobre Edom

(35:1-15) e a sobre Israel (36:1-15).

2. A promessa de 36:26 foi cumprida por meio de quem? Sob qual

aliança?

3. Qual foi o propósito principal da visão do vale de ossos secos?

4. Os dois pedaços de madeira (37:15-23) representam quem? Explique o significado desta

profecia.

5. Quem é o servo Davi (37:24). Justifique sua resposta.

Page 89: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Desafio adicional: Algumas pessoasusam Ezequiel36:25 para defender “aspersão”como modo

de batismo. Responda a este argumento.

Page 90: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 55

Lição 13

Deus Chama a Espada contra Gogue

(Ezequiel 38:1 - 39:29)

E

stes dois capítulos de Ezequiel têm atraído muita atenção de sensacionalistas,

exigindo estudo cuidadoso para separar a verdade revelada por Deus das

diversas especulações humanas. Na nossa abordagem a estes capítulos como estudantes

buscando entendimento, é importante tomar uma decisão sobre os nossos métodos. Podemos

estudar para extrair do texto o significado que Deus transmite, ou podemos inserir no texto as

nossas idéias e especulações. A primeira abordagem representa a busca honesta de pessoas que

querem aprender de Deus. A segunda é o método de pessoas que já chegam com seus

preconceitos e que procuram os justificar com interpretações que distorcem a palavra de Deus.

Devido à confusão nas diversas interpretações destes capítulos, o esboço desta lição segue um

padrão diferente das outras nesta série de estudos. A primeira parte apresenta um esboço do texto

e explicações da mesma maneira das outras lições. A segunda parte oferece uma introdução

resumida a alguns dos pontos polêmicos nos debates escatológicos referentes a estas mensagens

proféticas. Nenhuma das duas partes pretende ser completa, nem procura responder a todas as

possíveis dúvidas sobre o trecho. O propósito deste estudo é desafiar cada aluno a se esforçar para

entender melhor o que Deus revelou por meio do profeta Ezequiel.

A Primeira Parte: Examinando o Texto

I. Deus Traria Gogue contra o Povo de Israel (38:1-16)

A. Esta profecia não cita a data, mas se enquadra bem na seqüência das profecias em termos

do seu conteúdo

Page 91: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. Nos capítulos anteriores, Deus assegurou o povo de Israel que a nação seria

ressuscitada e restaurada à proteção divina, enquanto inimigos como os edomitas

seriam humilhados (capítulos 35-37)

2. Este trecho serve para reforçar a convicção de que Deus mudaria a sorte do seu povo

e lhe daria vitória contra os inimigos ímpios

B. A profecia refere-se a “Gogue, da terra de Magogue”

1. O nome “Gogue” aparece em três livros da Bíblia (11 versículos na RA2):

a. Ezequiel 38:2,3,14,16,18,21; 39:1,11,15

b. Apocalipse 20:8 – onde Gogue e Magogue (diferente de Gogue de Magogue em

Ezequiel) representam as nações mundanas

c. 1 Crônicas 5:4 menciona um rubenita chamado Gogue. Esta citação parece não

ter nada a ver com as outras

2. A origem do nome “Gogue” em Ezequiel tem sido discutida ao longo da história

a. Exemplos de explicações incluem Giges, rei da Lídia, e Gâgu, chefe de uma tribo

do norte da Assíria (Harris, Archer e Waltke, Dicionário Internacionalde Teologia

do Antigo Testamento, 326)

b. Mesmo não sabendo a origem do nome, devemos observar as informações bíblicas

para compreender o significado simbólico de Gogue nesta profecia de Ezequiel.

Gogue e seus aliados representam os inimigos de Deus e de seu povo

3. Gogue é da terra de Magogue (38:2)

a. A palavra “Magogue” aparece 5 vezes na Bíblia (RA2):

i. Três vezes nas citações de Gogue acima mencionadas (Ezequiel 38:2; 39:6;

Page 92: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 63

Lição 14

Ezequiel Mede o Templo Restaurado

(Ezequiel 40:1 - 42:20)

E

stes capítulos introduzem a última série de visões de Ezequiel, nas quais ele vê

o templo restaurado. Nesta lição, vamos considerar alguns fatos importantes

que devem guiar a interpretação do texto e, depois, vamos observar os pontos principais

destes primeiros três capítulos da descrição do templo restaurado.

I. Observações Importantes para Guiar a Interpretação dos Últimos Nove Capítulos

de Ezequiel

A. Ezequiel falou do templo literal em Jerusalém que seria construído após o cativeiro na

Babilônia?

1. Algumas interpretações tratam este trecho como a planta para a construção do templo

depois do exílio

2. Problemas com esta interpretação incluem:

a. A idéia de uma aplicação literal e histórica (na época antes de Cristo) sugere uma

falha óbvia e grande, pois o templo construído por Zorobabel e outros não se

apoxima das medidas e descrições destes capítulos. Se for literal, alguém falhou!

i. Ou Ezequiel falhou em fazer uma profecia que não foi cumprida. Esta

explicação levanta sérias questões sobre a inspiração do livro

ii. Ou Zorobabel e os outros construtores falharam em não seguir a planta

revelada por Deus por meio de Ezequiel

b. Mas os relatos da reconstrução do templo não sugerem falha, nem pelo profeta,

nem pelos construtores. Deus mostrou a sua alegria com o novo templo e a

aceitação dos esforços dos construtores (cf. Ageu 2:3-4,19; Esdras 6:13-18,22)

3. Devemos rejeitar a interpretação literal histórica, porque ela não concorda com as

Page 93: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

evidências bíblicas

B. Ezequiel falou de um templo literal que ainda será construído no futuro?

1. Algumas das interpretações mais comuns nos dias de hoje esperam o cumprimento

literal destas profecias num reino milenar futuro

2. Além das observações gerais sobre o pré-milenarismo apresentadas na lição 13,

notamos alguns outros problemas na aplicação desta interpretação aos últimos 9

capítulos de Ezequiel:

a. Este trecho fala claramente de sacrifícios de animais pelo pecado (40:38-43; 45:18-

25; 46:1-15). A aplicação literal deste trecho a um reino futuro enfrenta o problema

sério de defender sacrifícios de animais pelo pecado milhares de anos depois da

morte de Jesus, ou de abandonar o literalismo em alguns pontos. Considere o

dilema dos pré-milenaristas:

i. Se aceitar a noção dos sacrifícios serem literais, negam a eficácia e suficiência

do único sacrifício de Jesus Cristo (cf. Hebreus 9:11-15,24-28; 10:1-18)

ii. Se afirmar que os sacrifícios em Ezequiel são simbólicos, o sistema de

interpretação literal começa a desmoronar. Se os sacrifícios são simbólicos, as

medidas podem ser simbólicas, e o próprio templo pode ser simbólico, etc.

b. Os últimos capítulos do livro falam em festas e comemorações do Antigo

Testamento que foram meras sombras das coisas do reino de Cristo e que já

perderam seu significado no Novo Testamento. Encontramos referências às

celebrações anuais, mensais e semanais (45:18 - 46:8), exatamente as celebrações64 Estudo do Livro de Ezequiel

que Paulo descreveu como sombra das coisas que haveriam de vir em Cristo

(Colossenses 2:16-17). Novamente, os pré-milenaristas enfrentam um problema:

i. Se aceitarmos que estas celebrações são literais, estaríamos voltando da luz à

sombra, da liberdade à escravidão, do espírito que vivifica à letra que mata!

ii. Se reconhecer que a linguagem de Ezequiel, nestes pontos, é figurada e

simbólica, como justificar a interpretação literal de outros pontos do mesmo

Page 94: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

trecho?

c. Estes capítulos falam de sacerdotes levitas que entram no santuário de Deus

(44:15-16; 48:11). Este fato apresenta mais um problema para a interpretação

“literal” dos pré-milenaristas.

i. Se aceitarmos que os sacerdotes literalmente são os levitas da família de

Zadoque, como explicaríamos:

a) O sacerdócio de todos os crentes? (1 Pedro 2:9)

b) O sacerdócio eterno de Jesus Cristo, que não era levita? (Hebreus 7:11-14)

ii. Os pré-milenaristas realmente acreditam num reino terrestre no qual o próprio

Jesus não seria mais o sumo sacerdote? Considere Hebreus 8:4

iii. Se admitirmos que as referências em Ezequiel aos sacerdotes levitas são

simbólicas e figuradas, como justificar a interpretação literal das outras coisas

nestes mesmos capítulos?

d. Há várias dificuldades na interpretação literal das medidas do templo. Por exemplo,

em vários versículos, a LXX dá as medidas em côvados, enquanto o Texto

Massorético as dá em canas ou não inclui a medida em si, só o número.

i. Este fato leva a diferenças nas traduções de versículos como 42:16:

a) A RA2, seguindo o Texto Massorético, traz “quinhentas canas”, que seria,

literalmente, quase 1,6 km.

b) A NTLH e a NVI, seguindo a LXX, trazem “duzentos e cinqüenta metros”

ii. O problema fica maior quando chegamos aos limites das tribos, onde a LXX

fala de uma área de 25.000 x 20.000 côvados (45:1; 48:9), e o Texto

Massorético traz 25.000 x 10.000 sem especificar a medida. Se for côvados

(como interpretado em várias traduções) seria uma área de 5 x 13 km. Mas, se

a medida for canas, como no Texto Massorético em 42:16, daria uma área de

32 x 80 km só para a região santa dos sacerdotes, e se tornaria impossível

posicionar tudo que é descrito nestes capítulos dentro dos limites geográficos

Page 95: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

da Palestina

C. Ezequiel falou, usando linguagem simbólica, do reino messiânico espiritual que seria

estabelecido por Jesus Cristo? Esta é a abordagem que respeita o estilo e contexto de

Ezequiel e o ensinamento do resto da Bíblia. Consideremos alguns motivos que nos levam

a aplicar estas passagens simbólicas ao reino de Cristo que existe atualmente e existirá para

sempre

1. O texto destes últimos capítulos não admite uma interpretação literal. Além dos

exemplos citados acima, consideremos:

a. Qualquer interpretação literal já enfrenta problemas no primeiro versículo do

capítulo 40. Ezequiel foi levado a Jerusalém no ano 572 a.C. quando o templo,

literalmente, estava em ruínas. Necessariamente, começamos com uma

interpretação simbólica

b. Estrangeiros e incircuncisos de carne são excluídos do santuário de Deus (44:7-9).

Se for literal, teríamos que rejeitar tudo que o Novo Testamento ensina sobre a

abrangência universal do evangelho (Romanos 1:16; Gálatas 3:28; etc.)

2. O contexto de Ezequiel apóia a interpretação espiritual e simbólica que olha para a

comunhão dos fiéis com Deus no reino messiânicoO Atalaia de Israel 65

a. Dois dos principais temas do livro têm sido a comunhão com Deus e a

responsabilidade individual, temas que seriam aperfeiçoados no evangelho de

Jesus

b. A ênfase num santuário puro e adequado para a habitação de Deus ajusta-se

perfeitamente aos temas sobre o santuário espiritual do Novo Testamento

c. As profecias sobre o pastor/rei Davi do Antigo Testamento são aplicados no Novo

Testamento ao reinado atual de Jesus (34:23-24; 37:24-26; cf. Atos 2:29-36;

13:32-37; Hebreus 1:3-13; 2:9)

d. A linguagem simbólica do livro desde o início nos preparou para interpretar estes

últimos capítulos como descrições figuradas de verdades espirituais. Seria um

Page 96: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

grave erro tentar forçar uma interpretação literal destes capítulos

D. A abordagem aos últimos capítulos neste estudo será uma aplicação da linguagem

simbólica do profeta ao reino messiânico que foi estabelecido por Jesus Cristo e que existe

atualmente

1. Enquanto as palavras “reino” e “igreja” têm significados diferentes e enfatizam

características diferentes do povo de Deus, os dois termos se referem ao povo que

serve a Jesus atualmente

a. João Batista, Jesus Cristo e os apóstolos pregaram sobre o reino que já estava

próximo (Mateus 3:2; 4:17; 10:7)

b. Jesus falou da igreja e do reino no mesmo contexto (Mateus 16:18-19)

c. A igreja é mencionada freqüentemente no livro de Atos e nas epístolas

d. A igreja de Corinto foi composta de santos (1 Coríntios 1:2)

e. Os santos foram transportados para o reino de Jesus (Colossenses 1:12-13)

2. Nos últimos capítulos do seu livro, Ezequiel emprega linguagem simbólica enraizada

nas práticas da lei conhecidas pelos judeus para falar sobre a relação especial de

comunhão com Deus no reino espiritual de Jesus

II. Ezequiel Mede o Templo (40:1 - 42:20)

A. Ezequiel teve esta visão no 25º ano do cativeiro (572 a.C.), no início do ano (40:1)

1. Se for o início do ano “religioso”, seria poucos dias antes da Páscoa, um momento

apropriado para refletir sobre a libertação divina

2. Se for o início do ano “civil”, o décimo dia do mês teria sido o Dia da Expiação, que

enfatizaria a purificação do povo

B. Ezequiel foi levado, numa visão, a Jerusalém (40:1-2)

C. Ele viu um homem com instrumentos para medir, que mandou que ele observasse e

anunciasse ao povo de Israel tudo que veria (40:3-4)

D. Ele foi levado para todas as partes do templo, e anotou as medidas e as descrições (40:4 -

42:20)

Page 97: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

1. Nas interpretações literais destas medidas, diversos problemas surgem, alguns deles

citados nos comentários acima

2. Tratando a descrição simbolicamente, não precisamos nos preocupar com mapas e

medidas exatas, pois o ponto evidente é a perfeição deste santuário e da cidade

E. As medidas foram feitas com uma cana de um pouco mais de três metros de comprimento

(40:5). A descrição, neste versículo, do côvado longo (um côvado e quatro dedos) daria

aproximadamente 53 cm

F. Um resumo das medidas (40:4 - 42:20). Obs.: Para compreender melhor estas descrições,

procure um desenho da planta como, por exemplo, o que se encontra no Bíblia de Estudo

Almeida (RA2), página 905

1. O muro exterior: uma cana de altura e uma de largura (40:5); 500 canas (ou côvados)

de comprimento em cada lado do santuário (cf. 42:15-20)66 Estudo do Livro de Ezequiel

2. Ele começou com a porta do oriente, medindo a porta, as câmaras, o vestíbulo, os

pilares, etc. (40:6-16)

3. Passou para o átrio exterior, que media 100 côvados em cada lado (40:17-19)

4. Foi para a porta do norte e repetiu o processo de medir (40:20-23)

5. Fez a mesma coisa quando entrou pela porta do sul (40:24-27)

6. Era necessário subir sete degraus para chegar às portas do átrio (40:6,22,26)

7. Nas medidas das várias portas, vestíbulos, câmaras, pilares, etc., houve uma ênfase na

simetria com frases como estas: “cuja medida era a mesma para cada um”,

“mediam o mesmo”, “tinham as mesmas dimensões” (40:10,24,28; etc.)

8. Ele passou do átrio exterior para o átrio interior pela porta do sul, e mediu a porta, as

câmaras, os pilares, o vestíbulos, etc. Passou a medir o lado oriental e o lado do norte.

As escadas entre o átrio exterior e o interior tinham 8 degraus (40:28-37)

9. Ele descreveu a área usada para preparar “o holocausto e a oferta pelo pecado e

pela culpa” (40:38-43)

10. Falou das câmaras dos cantores e sacerdotes, destacando a família de Zadoque no

Page 98: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

serviço sagrado(40:44-47). Estafamíliaserácitadaoutras vezes nos capítulos 43 e 44,

onde poderemos observar mais sobre o papel dela

11. Foi ao vestíbulo do templo, onde encontrou degraus para subir ao santuário (40:48-

49). Obs.: A LXX diz aqui que eram 10 degraus

12. O templo foi medido, dando destaque ao Santos dos Santos, que mediu 20 por 20

côvados (41:1-4)

13. Ao redor do santuário, havia três andares com 30 câmaras cada, e estas aumentavam

em largura conforme subiam (41:5-11)

14. Do lado ocidental do templo (o lado que não tinha porta de entrada), ficava outro

edifício de 70 por 90 côvados, com paredes de 5 côvados, levando a medida total do

comprimento a 100 côvados (41:12-15)

15. Ele descreveu o templo e suas esculturas de querubins e palmeiras (41:15-26)

16. Ele saiu para o átrio exterior e mediu celas dos lados norte e sul do edifício, com três

andares de galerias (42:1-12)

17. O homem explicou para Ezequiel que as câmaras do norte e do sul eram santas,

usadas para os sacerdotes comerem e guardarem as coisas sagradas (42:13-14)

18. Ele saiu do templo e mediu em redor: 500 canas (ou 500 côvados se seguir a LXX) em

cada lado (42:15-20). O muro servia para fazer separação entre o santo e o profano

Conclusão: O capítulo 42 encerra com esta explicação da função do muro ao redor do templo:

“para fazer separação entre o santo e o profano” (42:20). O propósito do exemplo do Deus

perfeito e santo, e de toda a sua revelação no Antigo e no Novo Testamento, é para fazer esta

distinção. Nesta visão, que representa a comunhão de Deus com seu povo, ele destaca a

necessidade da santidade. Aqueles que habitam na cidade (onde Deus entrará para habitar –

capítulo 43), precisam manter sua santificação.

Perguntas

1. Por que devemos rejeitar a interpretação literalhistórica dos

últimos nove capítulos de Ezequiel?O Atalaia de Israel 67

Page 99: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

2. Comente sobre cada um dos seguintes problemas com a interpretação literal dos pré-

milenaristas, que geralmente dizem que estes capítulos falam do reino futuro de Cristo na

Terra:

a. Sacrifícios de animais pelo pecado

b. Celebrações de dias especiais – anuais, mensais e semanais

c. Sacerdotes levitas

d. A exclusão de incircuncisos (na carne) e estrangeiros

3. Apresente alguns motivos para aceitar uma interpretação simbólica que aplica estes capítulos

à comunhão com Deus que os santos têm, atualmente, em Cristo.

4. A igreja de Jesus já existe? Justifique sua resposta.

5. O reino de Cristo já existe? Justifique sua resposta.

6. Dê o comprimento aproximado das medidas usadas nestes capítulos:

a. O côvado “longo”

b. A cana/vara

7. Quantas portas davam acesso ao átrio exterior? Ficavam em quais lados?

8. Quantas portas davam acesso ao átrio interior? Ficavam em quais lados?

9. As entradas do átrio exterior tinham quantos degraus de subida?

10. As entradas do átrio interior tinham quantos degraus?

11. Tinha ainda outra escada para chegar ao templo?

12. Os sacerdotes que serviam nas coisas sagradas eram de qual família?

13. Este templo tinha quantas câmaras laterais em quantos andares?

14. Dê as medidas do muro exterior:

a. Altura

b. Largura (espessura)

c. Comprimento (cada lado)

15. Qual foi a função deste muro?

Page 100: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

68 Estudo do Livro de Ezequiel

Lição 15

A Glória do Senhor Enche o Templo

(Ezequiel 43:1 - 45:8)

N

as visões dos capítulos 8 a 11, Ezequiel teve a profunda tristeza de ver a glória

do Senhor sair do templo e da cidade de Jerusalém. Assim Deus mostrou,

simbolicamente, que ele deixaria de habitar no meio do povo. Mas os últimos capítulos

trazem a esperança renovada. Deus promete a restauração (capítulo 36) e ilustra seus planos com

a ressurreição dos ossos secos (capítulo 37). Os inimigos não conseguem destruir o reino do

Senhor (capítulos 38 e 39). Numa nova série de visões, Ezequiel vê um templo perfeito que

simboliza a volta da comunhão com Deus, a habitação dele no meio do povo purificado (capítulos

40 a 48). Nos capítulos incluídos nesta lição, vamos ver a glória do Senhor encher este novo

templo, representando a grande bênção da presença de Deus com seu povo fiel.

Devemos lembrar em todo este trecho que Deus usa coisas conhecidas do sistema antigo para

representar a comunhão com ele no sistema que ainda viria. O reino de Cristo não inclui um altar

para os holocaustos (43:10-17), e muito menos os próprios sacrifícios pelo pecado (43:18-27). Os

sacerdotes hoje não são levitas (43:19). Não observamos dias especiais como a Páscoa, a Lua

Nova ou o sábado (45:18-25; 46:1-8), e não nos preocupamos com a repartição de territórios

geográficos (44:28; 47:13 - 48:29). Em todos estes casos, as coisas do sistema antigo servem para

representar os conceitos espirituais do reino do Messias, como as parábolas de Jesus que usavam

coisas terrestres para comunicar verdades celestiais.

I. A Glória do Senhor Entra no Templo (43:1-9)

A. Lembramos que a glória do Senhor saiu do templo e da cidade para o oriente (11:23)

Page 101: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

B. A glória do Senhor veio do oriente, com as manifestações do poder divino – a voz, a luz

brilhante (43:1-3)

C. A glória do Senhor entrou no templo e encheu a casa (43:4-5). Comparamos este relato

à dedicação do tabernáculo (Êxodo 40:24-38; Números 9:15-16) e do templo (2 Crônicas

7:1-3)

D. Do interior do templo, Deus falou para Ezequiel e o homem (que media o templo) que ele

habitaria para sempre na presença do povo, e que o povo não profanaria mais o nome dele

com suas prostituições e outras impurezas (43:6-9; cf. 37:26-28; Jeremias 32:38-41; Isaías

52:10-12; 2 Coríntios 6:16-18)

II. A Santidade do Templo e as Medidas do Altar dos Holocaustos (43:10-27)

A. Deus mandou que Ezequiel mostrasse a perfeição deste templo para o povo de Israel, para

que o povo ficasse envergonhado por ter praticado abominações antes (43:10-11)

B. Ele frisou a santidade total deste templo (43:12)

C. Ele mediu o altar dos holocaustos, que seria abordado por uma escada do lado oriental

(43:13-17)

D. Os sacerdotes levitas, da família de Zadoque, ofereceriam os holocaustos neste altar

(43:18-19). Chegaremos ao motivo desta escolha dos descendentes de Zadoque no

capítulo 44. Por enquanto, devemos observar a ênfase na santidade daqueles que entram

o templo

E. As instruções sobre os holocaustos pelo pecado parecem com as orientações dadas a

Moisés e Arão na purificação do altar no tabernáculo e no início do serviço dos sacerdotes

(43:20-27; cf. Êxodo 29:35-37; Levítico 8:33-36)O Atalaia de Israel 69

III. O Acesso ao Templo Limitado aos Puros (44:1-27)

A. A porta do oriente, pela qual Deus havia entrado, permaneceria fechada, não permitindo

que outros entrassem pelo mesmo caminho (44:1-2). Encontramos uma exceção a esta

regra em 46:1, onde a porta seria aberta aos sábados e na Festa da Lua Nova

B. O príncipe assentaria diante do Senhor para comer o pão (44:3)

Page 102: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

C. O homem levou Ezequiel à porta do norte, e pediu que observasse as restrições sobre o

acesso ao santuário (44:4-14)

1. Relembrou o povo das abominações do passado, quando permitiam a entrada de

pessoas impuras (44:6-8)

2. Estrangeiros incircuncisos não poderiam entrar (44:9)

3. Os levitas que haviam se desviado de Deus poderiam ajudar no serviço como guardas,

etc., mas não entrariam na presença de Deus para o serviço sacerdotal (44:10-14)

D. O serviço dos sacerdotes da família de Zadoque (44:15-27)

1. A família de Zadoque foi destacada por sua fidelidade aos reis Davi e Salomão em

períodos de crise nacional (44:15-16; cf. 2 Samuel 15:24-29; 1 Reis 1:5-10,32-49;

2:26-27,35)

2. Deus deu diversas orientações sobre o serviço destes sacerdotes diante dele (44:17-27)

a. Sobre as vestes e os cabelos (44:17-20)

b. Sobre o consumo de vinho (44:21)

c. Sobre o casamento (44:22)

d. Sobre o trabalho de ensinar o povo (44:23)

e. Sobre o papel dos sacerdotes como juízes (44:24)

f. Sobre a sua purificação (44:25-27)

IV. A Área Santa Preservada na Repartição da Terra (44:28 - 45:8)

A. Deus seria a herança dos sacerdotes (44:28; cf. Números 18:20)

B. Eles seriam sustentados pelas ofertas do povo (44:29-31; cf. Números 18:21-24)

C. Deus designou as medidas da porção santa da terra de 25.000 por 10.000 côvados, com

o santuário, de 500 por 500 côvados, no meio (45:1-4). Os sacerdotes ocupariam esta área

D. Os levitas teriam uma área anexa de igual tamanho (45:5)

E. Do outro lado, uma área de 25.000 por 5.000 côvados pertenceria à cidade (45:6)

F. Ao lado ocidental e ao lado oriental, o príncipe teria a sua herança até as fronteiras da terra

(45:7-8)

Page 103: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Conclusão: Para Deus habitar neste templo, seria importantíssimo manter a santidade. O templo

em si e toda a área ao redor dele teriam que refletir a santidade do Senhor. Somente as pessoas

purificadas e aceitas por Deus teriam acesso ao santuário. Os sacerdotes teriam que respeitar a

santidade do Senhor. Até a divisão do território próximo serviria para manter a separação entre o

puro e o imundo. Esta casa, a habitação de Deus, precisa ser pura!

Perguntas

1. De qual direção veio a glória do Senhor?

2. Para Deus ficar no templo,o que não poderia mais se encontrar neste

lugar santo?70 Estudo do Livro de Ezequiel

3. Quais levitas foram aceitos como sacerdotes neste novo templo? O que destaca esta família

na história de Israel?

4. Qual porta do templo ficaria fechada? Por quê?

5. Acesso ao templo foi vedado para quem?

6. Quais foram algumas das regras sobre o comportamento da família de Zadoque?

7. Por que os sacerdotes não receberam um território próprio?

Page 104: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

68 Estudo do Livro de Ezequiel

Lição 15

A Glória do Senhor Enche o Templo

(Ezequiel 43:1 - 45:8)

N

as visões dos capítulos 8 a 11, Ezequiel teve a profunda tristeza de ver a glória

do Senhor sair do templo e da cidade de Jerusalém. Assim Deus mostrou,

simbolicamente, que ele deixaria de habitar no meio do povo. Mas os últimos capítulos

trazem a esperança renovada. Deus promete a restauração (capítulo 36) e ilustra seus planos com

a ressurreição dos ossos secos (capítulo 37). Os inimigos não conseguem destruir o reino do

Senhor (capítulos 38 e 39). Numa nova série de visões, Ezequiel vê um templo perfeito que

simboliza a volta da comunhão com Deus, a habitação dele no meio do povo purificado (capítulos

40 a 48). Nos capítulos incluídos nesta lição, vamos ver a glória do Senhor encher este novo

templo, representando a grande bênção da presença de Deus com seu povo fiel.

Devemos lembrar em todo este trecho que Deus usa coisas conhecidas do sistema antigo para

representar a comunhão com ele no sistema que ainda viria. O reino de Cristo não inclui um altar

para os holocaustos (43:10-17), e muito menos os próprios sacrifícios pelo pecado (43:18-27). Os

sacerdotes hoje não são levitas (43:19). Não observamos dias especiais como a Páscoa, a Lua

Nova ou o sábado (45:18-25; 46:1-8), e não nos preocupamos com a repartição de territórios

geográficos (44:28; 47:13 - 48:29). Em todos estes casos, as coisas do sistema antigo servem para

representar os conceitos espirituais do reino do Messias, como as parábolas de Jesus que usavam

coisas terrestres para comunicar verdades celestiais.

I. A Glória do Senhor Entra no Templo (43:1-9)

A. Lembramos que a glória do Senhor saiu do templo e da cidade para o oriente (11:23)

Page 105: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

B. A glória do Senhor veio do oriente, com as manifestações do poder divino – a voz, a luz

brilhante (43:1-3)

C. A glória do Senhor entrou no templo e encheu a casa (43:4-5). Comparamos este relato

à dedicação do tabernáculo (Êxodo 40:24-38; Números 9:15-16) e do templo (2 Crônicas

7:1-3)

D. Do interior do templo, Deus falou para Ezequiel e o homem (que media o templo) que ele

habitaria para sempre na presença do povo, e que o povo não profanaria mais o nome dele

com suas prostituições e outras impurezas (43:6-9; cf. 37:26-28; Jeremias 32:38-41; Isaías

52:10-12; 2 Coríntios 6:16-18)

II. A Santidade do Templo e as Medidas do Altar dos Holocaustos (43:10-27)

A. Deus mandou que Ezequiel mostrasse a perfeição deste templo para o povo de Israel, para

que o povo ficasse envergonhado por ter praticado abominações antes (43:10-11)

B. Ele frisou a santidade total deste templo (43:12)

C. Ele mediu o altar dos holocaustos, que seria abordado por uma escada do lado oriental

(43:13-17)

D. Os sacerdotes levitas, da família de Zadoque, ofereceriam os holocaustos neste altar

(43:18-19). Chegaremos ao motivo desta escolha dos descendentes de Zadoque no

capítulo 44. Por enquanto, devemos observar a ênfase na santidade daqueles que entram

o templo

E. As instruções sobre os holocaustos pelo pecado parecem com as orientações dadas a

Moisés e Arão na purificação do altar no tabernáculo e no início do serviço dos sacerdotes

(43:20-27; cf. Êxodo 29:35-37; Levítico 8:33-36)O Atalaia de Israel 69

III. O Acesso ao Templo Limitado aos Puros (44:1-27)

A. A porta do oriente, pela qual Deus havia entrado, permaneceria fechada, não permitindo

que outros entrassem pelo mesmo caminho (44:1-2). Encontramos uma exceção a esta

regra em 46:1, onde a porta seria aberta aos sábados e na Festa da Lua Nova

B. O príncipe assentaria diante do Senhor para comer o pão (44:3)

Page 106: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

C. O homem levou Ezequiel à porta do norte, e pediu que observasse as restrições sobre o

acesso ao santuário (44:4-14)

1. Relembrou o povo das abominações do passado, quando permitiam a entrada de

pessoas impuras (44:6-8)

2. Estrangeiros incircuncisos não poderiam entrar (44:9)

3. Os levitas que haviam se desviado de Deus poderiam ajudar no serviço como guardas,

etc., mas não entrariam na presença de Deus para o serviço sacerdotal (44:10-14)

D. O serviço dos sacerdotes da família de Zadoque (44:15-27)

1. A família de Zadoque foi destacada por sua fidelidade aos reis Davi e Salomão em

períodos de crise nacional (44:15-16; cf. 2 Samuel 15:24-29; 1 Reis 1:5-10,32-49;

2:26-27,35)

2. Deus deu diversas orientações sobre o serviço destes sacerdotes diante dele (44:17-27)

a. Sobre as vestes e os cabelos (44:17-20)

b. Sobre o consumo de vinho (44:21)

c. Sobre o casamento (44:22)

d. Sobre o trabalho de ensinar o povo (44:23)

e. Sobre o papel dos sacerdotes como juízes (44:24)

f. Sobre a sua purificação (44:25-27)

IV. A Área Santa Preservada na Repartição da Terra (44:28 - 45:8)

A. Deus seria a herança dos sacerdotes (44:28; cf. Números 18:20)

B. Eles seriam sustentados pelas ofertas do povo (44:29-31; cf. Números 18:21-24)

C. Deus designou as medidas da porção santa da terra de 25.000 por 10.000 côvados, com

o santuário, de 500 por 500 côvados, no meio (45:1-4). Os sacerdotes ocupariam esta área

D. Os levitas teriam uma área anexa de igual tamanho (45:5)

E. Do outro lado, uma área de 25.000 por 5.000 côvados pertenceria à cidade (45:6)

F. Ao lado ocidental e ao lado oriental, o príncipe teria a sua herança até as fronteiras da terra

(45:7-8)

Page 107: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

Conclusão: Para Deus habitar neste templo, seria importantíssimo manter a santidade. O templo

em si e toda a área ao redor dele teriam que refletir a santidade do Senhor. Somente as pessoas

purificadas e aceitas por Deus teriam acesso ao santuário. Os sacerdotes teriam que respeitar a

santidade do Senhor. Até a divisão do território próximo serviria para manter a separação entre o

puro e o imundo. Esta casa, a habitação de Deus, precisa ser pura!

Perguntas

1. De qual direção veio a glória do Senhor?

2. Para Deus ficar no templo,o que não poderia mais se encontrar neste

lugar santo?70 Estudo do Livro de Ezequiel

3. Quais levitas foram aceitos como sacerdotes neste novo templo? O que destaca esta família

na história de Israel?

4. Qual porta do templo ficaria fechada? Por quê?

5. Acesso ao templo foi vedado para quem?

6. Quais foram algumas das regras sobre o comportamento da família de Zadoque?

7. Por que os sacerdotes não receberam um território próprio?

Page 108: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

O Atalaia de Israel 71

Lição 16

“O Senhor Está Ali”

(Ezequiel 45:9 - 48:35)

A

bênção da presença de Deus no meio do povo é resumida na descrição de uma

terra onde os líderes são pessoas espirituais que guiam o povo no seu serviço,

e onde o próprio Senhor habita no meio da sua congregação. Usando as características da

terra e da lei conhecidas pelos israelitas, Deus mostra simbolicamente como seria a comunhão por

meio de Jesus. Nestas figuras ele descreve a nossa comunhão com o Senhor!

I. O Serviço dos Príncipes (45:9 - 46:18)

A. Da mesma maneira que Deus falou para o povo não voltar às abominações do passado (cf.

44:6-8), ele disse para os príncipes não voltarem às suas práticas abusivas (45:9)

B. Eles governariam, e cobrariam impostos, usando medidas justas (45:10-12)

C. O povo faria ofertas ao príncipe, e este, por sua vez, seria responsável em fornecer os

holocaustos e as ofertas para os dias de festas (45:13 - 46:15)

1. Desta maneira, o príncipe assume um papel importante na vida religiosa do povo

2. São mencionados aqui vários dias de comemoração:

a. Anuais: Ano Novo e Páscoa (45:18-25)

b. Mensais: Lua Nova (46:1-3,6-8)

c. Semanais: Sábado (46:1-5)

d. Ofertas diárias (46:13-15)

D. Quando o povo entrasse no templo nos dias de festas, entraria por uma porta e sairia por

outra, usando somente as portas do norte e do sul (46:9)

E. A porta do leste seria aberta quando o príncipe trouxesse ofertas voluntárias (46:12; cf.

46:1-3; 44:1-2)

F. As heranças, tanto da família do príncipe, como do povo, seriam protegidas para

Page 109: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

permanecerem na mesma família (46:16-18; cf. 1 Reis 21)

II. As Águas que Saem do Templo (46:19 - 47:12)

A. Deixando o assunto do príncipe, o homem leva Ezequiel novamente a ver as instalações

do templo, mostrando as cozinhas dos sacerdotes nos cantos do átrio exterior (46:19-27)

B. Voltaram para a entrada do templo, de onde saiu água (47:1)

C. Ezequiel acompanhou o homem enquanto este mediu o rio (47:2-5)

1. 1.000 côvados depois do templo, a água chegava aos tornozelos de Ezequiel (47:3)

2. Depois de 2.000 côvados, chegava aos joelhos (47:4)

3. Depois de 3.000 côvados, chegava aos lombos (47:4)

4. Chegando a 4.000 côvados, o rio era tão profundo que não era possível atravessar

(47:5)

5. Obs.: Mais uma vez, uma interpretação literal não faz sentido. Na natureza, um rio

cresce assim somente quando tiver acréscimo de água de outras fontes (chuva, riachos

que deságuam no rio, etc.)

6. Como veremos nos versículos que seguem, o ponto aqui é de uma só fonte da vida –

esta água vem unicamente de Deus e se multiplica para sustentar a vida no seu

caminho

D. O homem explicou este rio para Ezequiel (47:6-12)

1. Ele mostrou muitas árvores às margens do rio (47:6-7)

2. Explicou que o rio saía para o oriente até chegar ao Mar Morto, deixando as águas do72 Estudo do Livro de Ezequiel

mar (mas não as dos pântanos próximos) saudáveis (47:8-11). Aqui encontramos mais

um motivo para rejeitar a interpretação literal histórica, pois o Mar Morto continua

salgado até os dias de hoje (veja outros comentários sobre as interpretações literais na

lição 14)

3. Dos lados do rio teriam árvores que constantemente produziriam fruto para se comer,

e cujas folhas serviriam de remédio (47:12)

E. Esta descrição do rio que vem da casa do Senhor representa a vida que Deus oferece a

Page 110: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

todos por meio do evangelho de Jesus Cristo (cf. Joel 3:18, observando o contexto de

2:28-32 citado por Pedro no Pentecostes; Zacarias 13:1; 14:8-9; João 4:10-14; 7:38;

Apocalipse 21:6; 22:1-2)

III. A Repartição da Terra (47:13 - 48:35)

A. Deus deu as instruções para a divisão da terra entre as doze tribos de Israel, novamente

usando os conceitos conhecidos do Antigo Testamento para representar a bênção da sua

presença no meio do seu povo. Lembramos que, mesmo no Novo Testamento, Israel ou

as doze tribos representavam a totalidadedo povo de Deus (cf. Romanos 2:28-29; Gálatas

3:29; Apocalipse 7:4-8)

B. Ele definiu os limites gerais da terra que seria dividida entre os judeus e os estrangeiros que

moravam no território dos israelitas (47:13-23)

C. Ele especificou os territórios de sete tribos que ficavam ao norte da região sagrada (já

descrita em 45:1-8) em faixas que se estendiam dos limites da terra, do leste ao oeste. A

divisão começa no norte (48:1-7)

1. Dã (48:1)

2. Aser (48:2)

3. Naftali (48:3)

4. Manassés (48:4)

5. Efraim (48:5)

6. Rúben (48:6)

7. Judá (48:7)

D. Ele falou de novo da divisão de uma área de 25.000 por 25.000 côvados para a região

santa e a possessão da cidade (48:8-20; cf. 45:1-8)

1. A parte central, de 10.000 por 25.000 côvados, incluiria o santuário e a área dos

sacerdotes (48:9-12)

2. Os levitas teriam uma área de 10.000 por 25.000 côvados (48:13-14)

3. Uma faixa de 5.000 por 25.000 côvados ficaria como a área civil, com a cidade

Page 111: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

ocupando a parte central desta região (48:15-20)

E. As áreas ao oriente e ao ocidente da região sagrada pertenceriam ao príncipe (48:21-22)

F. Continuando para o sul da região sagrada, ele definiu os limites das faixas das outras cinco

tribos (48:23-29)

1. Benjamim (48:23)

2. Simeão (48:24)

3. Issacar (48:25)

4. Zebulom (48:26)

5. Gade (48:27-29)

G. Cada lado da cidade teria três portas, e cada porta receberia o nome de uma das tribos

(48:30-35)

1. Portas do norte: Rúben, Judá, Levi (48:30-31)

2. Portas do leste: José, Benjamim, Dã (48:32)

3. Portas do sul: Simeão, Issacar, Zebulom (48:33)

4. Portas do oeste: Gade, Aser, Naftali (48:34)O Atalaia de Israel 73

H. A medida da cidade toda em redor foi de 18.000 côvados (48:35); 20.000 se incluir os

arredores (48:17)

IV. O Nome da Cidade (48:35)

A. Nas últimas palavras de um livro que enfatizou, do começo ao fim, a importância da

comunhão com Deus, a cidade é denominada: “O SENHOR Está Ali”

B. No meio de discussões sobre a interpretação dos últimos capítulos, não devemos

esquecer-nos do significado deste último versículo

1. No início do livro, as visões de Deus serviam para mostrar que ele ainda estava com

os judeus, mesmo eles estando longe de casa no exílio (capítulos 1 e 3)

2. Num dos piores momentos da sua carreira, Ezequiel viu a realidade triste das

abominações do povo como motivo para Deus abandonar a sua casa (capítulos 8 a

11)

Page 112: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

3. Na última visão do livro, ele vê Deus entrar no novo templo (43:1-12)

4. Agora, ele chega às últimas palavras do livro: “...e o nome da cidade desde aquele

dia será: O SENHOR Está Ali”

Conclusão: O livro de Ezequiel nos oferece uma oportunidade para compreender melhor a

perspectiva divina da comunhão entre Deus e o homem. Este profeta abriu a cortina para nos

mostrar melhor como o pecado interrompe a relação de homens com Deus. Ezequiel mostra um

Deus que não se agrada de hipócritas e não aceita serviço sem compromisso e dedicação. Deus

quer a pureza e quer que nós nos desprezemos – sentindo nojo de nós mesmos – pelos pecados

que temos cometido contra o Senhor. Ao mesmo tempo, ele mostra que Deus não sente prazer

na rejeição de pecadores. Ele deseja levar seu povo para o abrigo do seu amor.

As visões e as profeciasde Ezequiel respondem àsdúvidas e ao medoque surgiriam naturalmente

entre os exilados. Por meio da revelação divina, ele guia o povo do desespero e desânimo de sentirse totalmente abandonado, pelo caminho do arrependimento e remorso, à esperança de uma

reunião gloriosa com Deus. As palavras dele chamam todos nós a aceitarmos o desafio de Paulo:

“...purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como espírito, aperfeiçoando a

nossa santidade no temor de Deus” (2 Coríntios 7:1). Quando consideramos a mensagem de

Ezequiel à luz da revelação do Novo Testamento, temos motivo para repetir as palavras de Paulo:

“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7:25).

Perguntas

1. Descreva algumas maneiras que os príncipes nesta nova cidade

seriam diferentes dos líderes de Israel no Antigo Testamento.

2. Responda às seguintes perguntas sobre o rio descrito no capítulo 47:

a. De onde saiu a água?

b. Para onde esta água corria?74 Estudo do Livro de Ezequiel

Page 113: O Atalaia de Israel Estudo Ezequiel

c. Quais foram alguns dos efeitos das águas deste rio?

d. O que este rio significa?

3. Faça uma lista das tribos que receberam território nestes capítulos de Ezequiel, do norte ao

sul, e compare a posição das tribos com a repartição da terra no Antigo Testamento. Os

mapas seriam iguais?

4. Qual foi a área total da região sagrada?

5. A cidade tinha quantas portas? Quais foram os nomes dados às portas?

6. Qual nome foi dado à cidade?