O Bandeirante - nº 246 - Maio 2013

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246 246 246 246 246 MAIO 2013 O Bandeirante Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo Suinã “Ao narrar a marcha pelo campo, Affonso de Carvalho descreve o encontro desta árvore da floresta: ‘uma árvore, no entanto chama a atenção do observador. É efetivamente impressionante. Ressequida, mirrada, abre- -se, lá em cima, em galhos contorcidos, como nervosas mãos crispadas e uma coloração estranha tinge a sua copa desgrenhada, de um vermelhão, que grita berrantemente, no conjunto verde da paisagem.’ Este trecho é do seu livro “Capacete de Aço”, sobre a revolu- ção paulista de 1932, e ele também lembra que a suinã floresce em geral de julho a setembro – o período em que os nossos campos tingiram-se do sangue dos brasilei- ros de ambos os lados”. Leia o texto de JOSÉ RODRIGUES LOUZÃ na p. 3 Naufrágio “Numa tarde quente Xangô foi traído. A nação foi pega desprevenida, seus guerreiros foram embosca- dos, mortos, capturados, mutilados. As mulheres amarradas às crianças, violentadas, agredidas. Capturados como animais. Tratados como animais. Presos, colocados aos montes em porões de navios. Crianças chorando, mulheres gemendo. Os mutila- dos foram deixados para trás, muitos se jogaram ao mar preferindo morrer a viver em cativeiro”. ROBERTO ANTONIO ANICHE escreve na p. 5 Mamãe, até na eternidade! “Mamãe, eu quero te agradecer! Pelo estímulo que me deste, Na busca do meu LESTE, Do Sol, da Luz do meu Viver!” A poesia de ALCIONE ALCÂNTARA GONÇALVES está na p. 4 Outros autores desta edição: XII Jornada Médico-Literária Paulista Veja o que está sendo preparado para você FATOS & OLHARESna pag 8. Jacyra da Costa Funfas (p. 4) José Jucovsky (p. 6) Suzana Grunspun (p. 6)

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246246246246246MAIO2013

O BandeirantePublicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo

Suinã“Ao narrar a marcha pelo campo, Affonso de Carvalhodescreve o encontro desta árvore da floresta: ‘umaárvore, no entanto chama a atenção do observador. Éefetivamente impressionante. Ressequida, mirrada, abre--se, lá em cima, em galhos contorcidos, como nervosasmãos crispadas e uma coloração estranha tinge a suacopa desgrenhada, de um vermelhão, que gritaberrantemente, no conjunto verde da paisagem.’ Estetrecho é do seu livro “Capacete de Aço”, sobre a revolu-ção paulista de 1932, e ele também lembra que a suinãfloresce em geral de julho a setembro – o período emque os nossos campos tingiram-se do sangue dos brasilei-ros de ambos os lados”.

Leia o texto de JOSÉ RODRIGUES LOUZÃ na p. 3

Naufrágio“Numa tarde quente Xangô foi traído. A nação foi

pega desprevenida, seus guerreiros foram embosca-dos, mortos, capturados, mutilados. As mulheres

amarradas às crianças, violentadas, agredidas.Capturados como animais. Tratados como animais.Presos, colocados aos montes em porões de navios.Crianças chorando, mulheres gemendo. Os mutila-dos foram deixados para trás, muitos se jogaram ao

mar preferindo morrer a viver em cativeiro”.

ROBERTO ANTONIO ANICHE escreve na p. 5

Mamãe, até na eternidade!“Mamãe, eu quero te agradecer!Pelo estímulo que me deste,Na busca do meu LESTE,Do Sol, da Luz do meu Viver!”

A poesia de ALCIONE ALCÂNTARA GONÇALVES está na p. 4Outros autores desta edição:

XII Jornada Médico-Literária PaulistaVeja o que está sendo preparado para você

“FATOS & OLHARES” na pag 8.

Jacyra da Costa Funfas (p. 4)

José Jucovsky (p. 6)

Suzana Grunspun (p. 6)

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2 O Bandeirante - Maio 2013

Jornal O Bandeirante

ANO XXII - nº. 246 -

Maio 2013

Publicação mensal da Sociedade

Brasileira de Médicos Escritores -

Regional do Estado de São Paulo

SOBRAMES-SP. Sede: Rua Alves

Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SPTelefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604

Editores: Josyanne Rita de Arruda Franco e Marcos Gimenes

Salun (MTb 20.405-SP)

Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto

(MTb 17.671-SP).Redação e Correspondência: Rua Francisco Pereira

Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-100 –

Jundiaí – SP E-mail: [email protected]

Tels.: (11) 4521-6484 Celular (11) 99937-6342.

Colaboradores desta edição (textos literários): Alcione

Alcântara Gonçalves, Jacyra da Costa Funfas, José Jucovsky

José Rodrigues Louzã, Roberto Antonio Aniche e Suzana

Grunspun.

Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.

Diretoria - Gestão 2013/2014 - Presidente: Josyanne Rita

de Arruda Franco. Vice-Presidente: Carlos Augusto Ferreira

Galvão. Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida

Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho FiscalEfetivos:Hélio Begliomini, Luiz Jorge Ferreira e Marcos

Gimenes Salun. Conselho Fiscal Suplentes: José Jucovsky,Rodolpho Civile e José Rodrigues Louzã.

.

Matérias assinadas são de responsabilidade de seus

autores e não representam, necessariamente, a opiniãoda Sobrames-SP

Editores de O BandeiranteFlerts Nebó - novembro a dezembro de 1992

Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar - 1995-1996

Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009

Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009

Roberto A.Aniche e Carlos Augusto F. Galvão - 2010Josyanne R.A.Franco e Carlos Augusto F.Galvão - 2011-2012

Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - janeiro 2013

Presidentes da Sobrames SP1º. Flerts Nebó (1988-1990)2º. Flerts Nebó (1990-1992)

3º. Helio Begliomini (1992-1994)4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)

5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)

6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)

8º. Luiz Giovani (2003-2004)9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)

10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)

11º. Helio Begliomini (2007-2008)12º. Helio Begliomini (2009-2010)

13º.Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)14º.Josyanne Rita de Arruda Franco (2013-2014)

Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes SalunRevisão: Ligia Terezinha Pezzuto

Diagramação Marcos Gimenes SalunImpressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica

Expediente Editorial

Josyanne Rita de Arruda FrancoMédica Pediatra Presidente da Sobrames-SP

As Pizzas Literárias da SOBRAMES-SP acontecem naterceira quinta-feira de cada mês, a partir das 19h00

na PIZZARIA BONDE PAULISTARua Oscar Freire, 1.597 - Pinheiros - S.Paulo

E, com o feminino mês de maio, chega o friozinho ameno e gostoso

para se desfrutar de boa companhia. As Pizzas Literárias, que sempre

são acolhedoras e dinâmicas, recebem maior número de convidados e

participantes em busca do congraçamento permeado de prosa e poesia.

A XII Jornada Médico-Literária Paulista e a VII Jornada Nacional da

Sobrames têm sido assunto corrente e animado nos preparativos e

expectativas de grandes momentos em Botucatu, setembro próximo.

Contaremos com a importante participação da Academia Brasileira de

Médicos Escritores (ABRAMES) abrilhantando ainda mais a nossa festa

de 25 anos da Sobrames-SP. Participe desta página da história!

NESTA DATA QUERIDA,NOSSOS PARABÉNS!

03/05 - Márcia Etelli Coelho05/05 - Leda Maria Rezendede Almeida20/05 - Maria do CéuCoutinho Louzã27/05 - Ester MariaBittencourt30/05 - Wilma Lúcia da SilvaMoraes

Vem aí a Antologia Paulista 2013Já está em fase de diagramação a IX Antologia

Paulista, que tem lançamento previsto para

acontecer durante a Jornada Médico-Literária

Paulista, em Botucatu, no mês de setembro

de 2013. Com 40 autores e quase 150 textos

literários em prosa e poesia, a edição será

comemorativa aos 25 anos de existência da

Regional Paulista da SOBRAMES. Todos os

participantes daquele evento receberão um exemplar da obra, que também

será entregue a todos os seus autores, Aguarde!

“O Bandeirante” na internet

O jornal “O Bandeirante” também está disponível em edição virtual no

BLOG da SOBRAMES-SP (http://sobramespaulista.blogspot.com.br/).

Lá você poderá baixar os arquivos coloridos para seu computador, além de

distribuir por e-mail para os contatos de sua agenda, postar em seu site e

nas redes sociais. Você poderá também completar sua coleção:

até este momento estão disponíveis todas as edições de

JANEIRO de 2007 até MAIO de 2013.As edições de 2001 a 2006 estão em fase de digitalização e em breve

também estarão no BLOG. Visite!

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O Bandeirante - Maio 2013 3

José Rodrigues Louzã

Suinã

Suinã é o nome comum de uma árvore da família das leguminosas-papilionáceas, que pode atingir aaltura de 20 metros. Os troncos são retorcidos e cheios de espinhos. As folhas são compostas e as flores decor vermelho-coral, lembrando candelabros – é a Erythrina Verna. Muito cultivada como ornamental e adaptadaa todas as regiões do Brasil. É muito bonita e quando floresce perde todas as folhas.

Ao narrar a marcha pelo campo, Affonso de Carvalho descreve o encontro desta árvore da floresta:“Uma árvore, no entanto chama a atenção do observador. É efetivamente impressionante. Ressequida,mirrada, abre-se, lá em cima, em galhos contorcidos, como nervosas mãos crispadas e uma coloraçãoestranha tinge a sua copa desgrenhada, de um vermelhão, que grita berrantemente, no conjunto verde dapaisagem.” Este trecho é do seu livro “Capacete de Aço”, sobre a revolução paulista de 1932, e ele tambémlembra que a suinã floresce em geral de julho a setembro – o período em que os nossos campos tingiram-se do sangue dos brasileiros de ambos os lados. E em outubro, veio o armistício, quando já alvejam oscafezais brancos em flor. A floração da suinã acompanhou o nosso movimento de luta por uma constituição.Sua floração durou o que durou a revolução.

Alguns dos meus ouvintes devem conhecer a lenda da suinã, uma lenda indígena, brasileira, quemodestamente versejei:

A Lenda da Suinã

No Brasil as matas são muito bonitas,flores que parecem de ouro pepitas.Antigamente, já faz muito tempo,trabalhavam, sem nenhum contratempo,os índios, arcos e flechas fazendo,as mulheres das crianças cuidando.Era a vida da aldeia assim pacatano roçado. Ao redor, bem perto, a mataluxuriosa aformoseia a tapera.Suinã é filha do chefe Anhanguera,na agitação, na rotina da aldeia,vê um lindo rapaz...trança-se a teia...que firme irá prender seu coração.Afeiçoam-se com grande paixão.Tinha sido ao cacique prometidade tribo vizinha muito aguerrida,não podia pensar em se entregaraos braços daquele que estava a amar.Porém a tudo defronta o amor,foi encontrá-lo com grande fervor.Abraços e beijos, muito carinho,em seu ardente e recôndito ninho.O sonho passa, vem a realidade,as tribos os caçam com crueldade.Ao amanhecer Suinã é ferida,seu amante a carrega, na corrida...o sangue gotejando pelo chão,enquanto prossegue a perseguição.

Mas pasmem, brotam árvores com floresvermelhas, caros amigos leitores,onde o seu sangue vai sendo vertidoaté dar seu derradeiro gemido.Esta foi a vida, o amor de Suinãque morreu jovem, e bela aldeã,nos braços de seu desmedido amor,transmitindo-nos de seu sangue a cor,na árvore tão bela, linda e florida,lembrança da eterna paixão sentida.

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4 O Bandeirante - Maio 2013

Como folhas ao vento de outonoJacyra da Costa Funfas

Alcione Alcântara Gonçalves

Mamãe, até na eternidade!

Mamãe, eu quero nascer!No mundo eu vou florescer,Um grande homem quero ser,E grandes batalhas, vou vencer!

Ainda pequeno eu te falei,Do desejo que idealizei.Queria ser médico da grei,E, para isto, me formei.

Nas intempéries da vida,Muitos obstáculos eu encontrei;Desestímulos, para não seguir na lida,Mas, do meu ideal, nunca me desviei:

Mamãe, eu quero te agradecer!Pelo estímulo que me deste,Na busca do meu LESTE,Do Sol, da Luz do meu Viver!

Quando a vida no Ocidente chegar,As luzes afogueadas querendo se apagar,Mamãe, eu quero declarar e te deixarO meu amor! para te alumiar.

Mamãe, um dia vou morrer!Neste mundo: Vim, Vi e Venci!E, no dia que eu partirMamãe, eu quero ir, para junto de ti.

Como folhas ao vento de outono, a delegação daSOBRAMES de São Paulo voou tranquilamentepara a cidade de Buenos Aires em 23 de abril de2003. O objetivo era participar do I Congresso demédicos da Cidade de Buenos Aires. Não fosse apersistência e contatos do Dr. Flerts Nebó, o eventonão teria se realizado, pois o presidente da entidadelocal, Dr. Fric fora hospitalizado na véspera daabertura. Nenhum assessor estava a par do assunto.Enquanto nossa delegação torcia para que tudodesse certo, logo depois aplaudia os expositores deBrasil, Chile e Argentina. Até que enfimdeslancharam as atividades estabelecidas. E foi umsucesso. Hospedados num modesto, mas, simpáticohotel, próximo ao local onde se realizava ocongresso, íamos e voltávamos a pé, conversandosobre o assunto.O almoço, no dia 29 de abril, encerrou com chavede ouro a programação, onde pudemos sentir aamizade latina com a troca de endereços, abraços e

sorrisos. A nossadelegação, composta detreze membros, ficoumais coesa e amiga.E como folhas aovento do outono,partimos de volta,deparando muitas vezescom áreas de turbulência, mastranquilamente, chegamos a São Paulo,trazendo no coração o sentimento da missãocumprida.Certos ficamos de que a nossa participação no ICongresso de Médicos Escritores da Cidade deBuenos Aires repercutiu internacionalmente, o quenos engraNdece e nos dá a reponsabilidade paramanter cada vez mais alto o nível dos nossostrabalhos.Que haja novos encontros literários para dar a todoso livre espaço no mundo da criatividade.

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NaufrágioRoberto Antonio Aniche

As crianças corriam nuas pelas matas,pelas praias e rios espalhando o risoalegre como borboletas voando entreplantas. Cada criança, cada par de mãosera como uma nova esperança dealegria, fartura e progresso para todo oreino de Oyo (hoje Nigéria).

Xangô, grande guerreiro, se tornavabondoso e não conseguia impedir umsorriso largo que se derramava em cadacriança, parava os trovões, descansavaseu machado, tornava-se no coraçãoirmão daquelas crianças que corriam,brincavam. O olhar de Xangô era o solescaldante, mas a pele negra já eraíntima do calor extremo, e mesmo assim,era a luz protetora daquelas crianças quese multiplicavam como pássaros para tornar anação cada vez mais forte.

A pele era o orgulho, resistia ao sol e sebanhava na água morna dos rios embaixo daproteção do seu olhar. Somente elasconseguiam dominar a valentia e a violência deque Xangô era detentor, o destemidogovernante que se enternecia com o riso e asbrincadeiras dos filhos de sua nação.

O povo iorubá era protegido e abençoado,Xangô era o único que tinha todos os poderespara protegê-los e às crianças que cresceriamfortes e guerreiras como ele. Só ele tinhatrânsito livre pelos dois mundos que faziam aterra e que separavam-se entre mortos evivos.

Numa tarde quente, Xangô foi traído. A naçãofoi pega desprevenida, seus guerreiros foramemboscados, mortos, capturados, mutilados.As mulheres amarradas às crianças,violentadas, agredidas. Capturados comoanimais. Tratados como animais. Presos,colocados aos montes em porões de navios.Crianças chorando, mulheres gemendo. Osmutilados foram deixados para trás, muitos sejogaram ao mar preferindo morrer a viver emcativeiro.

Não havia mais a luz do olhar de Xangô parailuminar suas existências reduzidas a simplesdestroços humanos amontoados, misturados afezes e excrementos, a cadáveres que jamais

seriam enterrados.Xangô encontrou a Nação queimada, filhos eirmãos mortos, e gritou. Gritou muito com aforça do trovão que ecoou pela terra e pelo mar.Chorou com as lágrimas furiosas da tempestade.Toda a sua valentia converteu-se em ódiovingativo. Xangô nunca suportou a traição e foibuscar a justiça para quem traiçoeiramentedesafiara sua força.

A tempestade fustigava o navio negreiro com umafúria sem igual. O capitão e os marinheiros jamaishaviam visto situação tão violenta, um mar tãorevolto que balançava o barco como um brinquedona lagoa. O medo se apossara de todos.

Xangô se aproximou e com seu machado rompeuo navio ao meio, enquanto todos imploravam pelaproteção divina. O terror se estampava em cadatripulante com a certeza da morte certa. A cargado porão, apinhada, amontoada, ferida de morteem sua alma sorriu com a presença de Xangô, quede um só golpe libertou todos os seus filhos eirmãos, enquanto Yemanjá recolhia a todosembaixo de seu manto de luz e bondade.

Estavam todos novamente livres para correr pelasmatas do outro mundo...

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6 O Bandeirante - Maio 2013

Lembranças que vêm do marJosé Jucovsky

Afortunadas ideias pelo vento sussurradasFlorescem em tímidas rimas moduladasSoltas, vivas, cintilantes a cativarVontade poética flutuante no ar!

Palavras em matizes, venturosasRevelam épicas sagas gloriosasMusas em metafóricas adoraçõesSimbolizam multiformes florações!

Assim de olhos fechados a evocar o oceanoAdormecidas imagens a afagar o coração humanoBusco n’alma sutil nuances da mãe naturezaA existência superlativa de infinita beleza!

Surge navegando em águas venturosasgolfinhos e ninfas marinhas formosastrazendo fonte de vida preciosa e bela dia a diaa beleza do Paraíso Perdido em fantasia!

Poderosas prendas por Milton invocadasEscritas na abóbada celeste, cristalizadasEntoam maviosas liras que o Oceano trazOusadas sedutoras belezas do mar audaz!

Desafiando versos que alguém já desejouLouvar em vida o sonho que um dia idealizouComponho lembranças trazidas pela janela... do mar...Imóvel em júbilo no silêncio e aconchego do lar!

Cada construção Brasil Colonial nos remete a Portugal!O nosso colonial é um estilo Português singular. Para osbrasileiros está ligado à dependência ao reino longínquo; emPortugal foi um estilo próprio que os independetizou do medievale do antigo domínio oriental.Vale a pena pensar nessa integração Brasil, Portugal. Semperceber, convivemos com um modelo restrito. Somos umpovo colonizado que passa a funcionar depois de uma nauperdida aportar no litoral.Constatamos em Portugal ruínas de pedras que delineiammuralhas, templos, castelos. Elas nos transportam para umaexperiência temporal.Perdemos de vista um horizonte familiar. Ampliamos nossarepresentação mental do que para os brasileiros costumamoschamar de nossa sofrida história nacional.Podemos então nos transformar e acalmar. Não somos um povojovem em que nosso mundo começa em 1500. Essa históriaenfim é milenar.Não vamos mais negar a trajetória dos portugueses que talvezdate dos visigodos e de tempos das pinturas rupestres.Também nos diz respeito de maneira sutil, no entanto formal.Quem sabe a nossa cabeça se confunda com a questão: oindígena não se assemelha aos primitivos da época dascavernas?O que sabemos é que o mar e a mata tropical nos embalam ediferenciam; mesmo em hábitos mais simples da vida dentrodo querido planeta terra.

Portugal - BrasilSuzana Grunspun

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O Bandeirante - Maio 2013 7

XII JORNADA MÉDICO – LITERÁRIA DA SOBRAMES-SP VII JORNADA NACIONAL DA SOBRAMES

DATA: 26 de setembro a 29 de setembro de 2013

LOCAL: PRIMAR PLAZA HOTEL

Rua Dr. José Freire Villas Boas, 468

Botucatu - SP

INSCRIÇÕES ABERTAS

Sua participação contempla:

* Três diárias no Primar Plaza Hotel.

* Refeições durante a Jornada (bebidas à parte).

* Coffee Break

* Transporte dentro da cidade

* Passeio Eclusa Barra Bonita com almoço a bordo.

* Sessões Literárias dinâmicas com apresentação dos trabalhos

inscritos.

* Intercâmbio cultural com a Academia Botucatuense de Letras

e Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).

* Um exemplar dos Anais da Jornada.

*Um exemplar da IX Antologia Paulista

* Certificado de participação

Passeios Opcionais:

-Três Pedras: conjunto de elevações rochosas que, vistas de

longe, assemelham-se a um “Gigante Adormecido”.

- Museu do Café: preserva a memória da cultura cafeeira.

- Fazenda Lajeado: remonta ao período dos coronéis e dos

escravos.

Custo do Pacote: R$1.200,00 por pessoa (cada acompanhante

deverá se inscrever com taxa de idêntico valor)

Forma de Pagamento: quatro parcelas de R$ 300,00 (cheques

pré-datados para 30/05, 30/06, 30/07 e 30/08 de 2013).

REGULAMENTO DO CONCURSO LITERÁRIO

XII Jornada Médico-Literária Paulista - SOBRAMES-SP

VII Jornada Nacional da SOBRAMES

I.CATEGORIAS: Sócio e Estudantes de Medicina

II.GÊNERO: Prosa e Poesia - Tema Livre.

Cada participante poderá se inscrever com dois textos, sendo

um de cada gênero ou os dois de mesma modalidade.

III.FORMATAÇÃO:Microsoft Word, digitados em folha A4, frente única, fonte

Times New Roman, tamanho 12, espaço simples. Margens de

2,5 cm.

Os textos deverão conter apenas título, categoria e pseudônimo

e não deverão ultrapassar 80 linhas (cerca de uma página e

meia), salvos em .docNão colocar seu nome verdadeiro para garantir imparcialidade

de avaliação.

IV.NORMAS PARA ENTREGAO autor deverá enviar impreterivelmente até o dia 30 de junho:

a) Envelope A4 com seus textos em cinco cópias impressas (a

serem encaminhadas para a Comissão Julgadora)

b) Envelope menor com ficha de inscrição preenchida com os

dados do autor, lacrado, colocado dentro do envelope maior

que contém os trabalhos concorrentes.

c) cinco cheques pré-datados, nominais à SOBRAMES-SP,

correspondentes à inscrição na Jornada.

d) Para enviarmos os trabalhos para a gráfica que

confeccionará os Anais, é necessário que os textos sejam

gravados em CD e remetidos com os itens acima ou, se houver

preferência, enviados via eletrônica para o e-mail da secretária

da Sobrames-SP: [email protected].

V. ENDEREÇO PARA REMESSA CONVENCIONAL:Márcia Etelli Coelho (Secretária da SOBRAMES-SP)

Rua Borges Lagoa, 1.246, Ap. 91, Vila Clementino,

São Paulo – SP, CEP 04038-003

Atenção: A revisão rigorosa dos textos ficará a cargo do autor

e, uma vez enviadas as cópias, não será possível promover

alterações.

VI.CONFIRMAÇÃO:

A aceitação definitiva dos textos será confirmada após o

cumprimento dessas formalidades e do pagamento da taxa de

inscrição.

Solicite hoje mesmo sua ficha de inscrição e participe.

Page 8: O Bandeirante - nº 246 - Maio 2013

FATOS & OLHARESMárcia Etelli Coelho

*Homenagem a autores consagrados:Pizza Literária de julho*Jubileu de Prata: “SOBRAMES-SP 25 ANOS”:Pizza Literária de setembro*XII Jornada Médico-Literária Paulista eJornada Nacional da Sobrames:dias 26, 27, 28 e 29 de setembro, em Botucatu-SP.*Lançamento da 9a Antologia Paulista: Jornada deBotucatu.*Pizza Literária de Natal: dia 19 de dezembro.

O CELEIRO e SINHÔ SINHÁO mais importante de tudo, porém, é a dedicação da Sobrames em programar sessões literárias dinâmicas e o

intercâmbio com a Academia Botucatuense de Letras, com a Faculdade de Medicina e com a ABRAMES. Para os textosvencedores, o belíssimo Troféu “O Bandeirante” confeccionado pela artesã Eleonora Hoshino (design exclusivo em recortes dechapas de aço carbono). Ah! Não podemos esquecer o entrosamento com a cultura regional, música e a excelente gastronomiados restaurantes “O Celeiro” (grelhados preparados em churrasqueira à grelha, vegetais orgânicos, em um galpão de umaantiga marcenaria em meio à vegetação do cerrado) e “Sinhô Sinhá” (especializado em peixes, cachaças artesanais e umavasta carta de cervejas de todo o mundo). Afinal, bem que merecemos momentos de lazer e descontração, reunindo amigose sobramistas de todo o Brasil em uma Jornada fraternal e harmoniosa, compartilhando nossos talentos literários... Isso sim

é que esperamos encontrar...

“QUEM é QUEM”

Resposta na próxima edição.Participe desta seção enviando uma

foto sua bem antiga para a redação.

Você reconhece esta garotinha?

Sempre muito dedicada e atenciosa,

ela tem sido uma grande

colaboradora nas atividades da

Sobrames-SP. Quem é ela?

IBITU-KATUO que esperar da XII Jornada Médico-Literária Paulista programada para o

período de 26 a 29 de setembro de 2013 em Botucatu? Ainda mais sendo integradaà VII Jornada da Sobrames Nacional? Pelo entusiasmo dos anfitriões, Evanil Pires deCampos e sua esposa Cláudia, o evento promete ser memorável. Conhecida como“cidade dos bons ares”, Botucatu recepciona seus visitantes com um clima amenoe ar saudável vindo da costa. Aliás, seu nome vem de Ibytu-katu, que em tupisignifica “bom vento”. Dentre os atrativos naturais, destaca-se o conjunto deelevações rochosas (Três Pedras) que vistas de longe se assemelham a um “GiganteAdormecido”.

SACI PERERÊ?Envolvido por muitas lendas, o folclórico personagem brasileiro – Saci Pererê

– encontrou em Botucatu o seu lar. O município abriga a sede da AssociaçãoNacional de Criadores de Saci e por isso a cidade também é conhecida como aCapital Nacional do Saci. Será que iremos nos deparar com um moleque negro deuma só perna, capuz vermelho na cabeça, fazendo travessuras? Com nossos olhossensíveis e criativos, quem sabe...

LAGEADO E PEABIRÚBotucatu também conserva as marcas da era dos coronéis e dos escravos

através do Museu do Café e da Fazenda Lageado. E mais: Pela proximidade comBarra Bonita, é possível contemplar a natureza através de um inesquecível passeiode barco pelas águas ainda limpas do rio Tietê. Entretanto é pelas histórias ancestraisque Botucatu mais se destaca quando o município teria integrado o caminho dePeabirú, trilha dos incas que ligava o litoral atlântico às terras peruanas.

Inscrições até 30.06.2013 E-mail: [email protected]