ROCOCÓ : 1730 - 1780França, Irlanda, Espanha, Portugal

A Alemanha e o ápice do Rococó

O SURGIMENTO DO ROCOCÓ NA FRANÇA

O rococó – termo que deriva de rocaille ( tendência decorativa francesa para mexilhões e conchas de gesso invertidas ) surgiu na corte do Rei Luís XIV. O primeiro exemplo existente foi um quarto decorado com uma delicada fantasia de pássaros, macacos, máscaras e outros pelo pintor Claude Audran no Château de la Menagerie para a noiva de treze anos de um dos netos do Rei Sol. Isto ocorreu em 1690, mas o estilo só se firmou realmente anos depois, nos salões, régios ou não, de Paris no século XVIII. Marcado por montes de gesso decorativo e dourado, além de e espelhos por toda a parte.

AS RESIDÊNCIAS URBANAS DA NOBREZA - HÔTELS

Place des Vosges, com nove casas de cada lado, de arquitetura intacta há 400 anos.

Depois da morte de Luís XIV, muitos nobres decidiram não mais voltar aos seus châteause continuar morando em Paris, onde construíram elegantes residências, conhecidas como hôtels. Como os terrenos da cidade eram geralmente pequenos e irregulares, não oferecendo grandes oportunidades para exteriores grandiosos, de modo que a disposição e a decoração das salas logo se tornou a preocupação principal dos arquitetos. Neste momento, os “projetos para residências particulares” ganharam nova importância, para além das encomendas advindas do Estado. Em resposta às novas necessidades, os arquitetos franceses criaram o estilo rococó, ou o estilo Luís XV.

PRINCIPAIS ELEMENTOS DO ROCOCÓ

Portanto, em sua melhor expressão, o rococó foi um movimento que acrescentou leveza e graça à arquitetura clássica. Externamente, sua melhor expressão aparece no desenho de extravagantes torres de Igrejas e Palácios, além das grutas feéricas espalhadas pelos parques ajardinados das mansões rurais. Os seus principais elementos foram os espelhos decorados, muitos deles colocados em galerias, os trabalhos em estuque, os tons pastéis, brancos e dourados, como dito, e nas fachadas o excesso de torreões, pináculos e estátuas, muitas delas de alegres querubins.

Palácio Sans Souci - França

A EXCENTRICIDADE DO ROCOCÓ FRANCÊS E SUA

INFLUÊNCIA NA ALEMANHA

O nome rococó é adequado, embora tenha sido dado como caricatura de rocaille, que era um eco do barroco italiano que designava a alegre decoração de grutas com conchas e pedras irregulares. O rococó corresponde a um requinte em tom menos sóbrio do barroco curvilíneo e “elástico” de Borromini e de Guarini, por isso combinava-se bem com a arquitetura barroca tardia da Áustria e da Alemanha. Na verdade, o rococó não foi um estilo exatamente arquitetônico. Foi uma espécie de barroco exercido com um toque alegre, excêntrico e exagerado nos detalhes.

A casa chinesa - pavilhão no estilo Chinoiserie. Este estilo consiste numa mistura do rococó com elementos da arquitetura Oriental ( 1755 – 1764 )

ROYAL PAVILLION – BRIGHTON ( INGLATERRA )

Entre 1815 e 1822, John Nash redesenhou o palácio, sendo o resultado dos seus

trabalhos o que se pode ver na atualidade. O palácio destaca-se particularmente na

região de Brighton, tendo uma aparência muito indiana no seu exterior. De qualquer

forma, o fantástico desenho interior, primeiramente da forma de Frederick Crace e Robert Jones, é pesadamente influenciado pelas modas chinesa e indiana (com

elementos arquitetônicos Mongóis e Islâmicos). Foi um primeiro exemplo de exotismo,

que era uma alternativa ao gosto mais clássico do Estilo Regência.

BASÍLICA WILTEN E O GOLDENES DACHI

VARIAÇÕES DO BARROCO – O ROCOCÓ NA ÁUSTRIA

O ROCOCÓ EM DUBLIN Este estilo teve vida curta,

floresceu nas cortes dos reinos europeus nas décadas de 30 e 40 do século XVIII. Embora seus ornatos vistosos e dourados fossem mais evidentes na França, na Bavária ( Alemanha ) e na Rússia, o estilo também chegou em outras cidades da Europa, até mesmo as mais conservadoras. Por exemplo, Dublin foi reconstruída e ampliada no século XVIII, com grupos de casas simples de tijolos e praças ajardinadas. No entanto, por trás das portas de muitas daquelas casas à moda Palladiana, se escondem alegres tetos de estuque com arabescos retorcidos ao estilo rococó.

NA ESPANHA E EM PORTUGAL

O rococó encontrou formas próprias nestes dois Reinos. Na Espanha, o estilo exuberante foi conhecido como churrigueresco devido à família de arquitetos ( Churriguero ) que lhe deu proeminência, o estilo atravessou fases diferentes entre 1680 e 1780. Já em Portugal, edificações simples, como igrejas e palácios, foram cobertos de ouro após a descoberta deste minério precioso do Brasil, além dos diamantes. O interior de Igrejas, como a de São Francisco no Porto ( 1750 -1751 ), ao lado, recebeu mais de 200 kg de ouro ricamente esculpido da Igreja.

IGREJA DO BOM JESUS DO MONTE – BRAGA 1784

A principal atração desta Igreja do arquiteto Cruz Amarante é a escadaria de acesso, uma estrutura extraordinária de notável zigue-zague de degraus em granito construídos em uma encosta arborizada que conduz à Igreja, no alto. O impacto dessa escadaria se deve, em parte, ao desenho preciso e abstrato que lembra dobraduras que se fecham e se abrem. Visto de baixo o efeito é realçado pelas paredes de estuque caiadas que acompanham os degraus. Merece também destaque a decoração mais elaborada à medida em que a escada se aproxima da Igreja. Há fontes embutidas nas paredes e muitas esculturas. A arquitetura da Igreja em si remete à arquitetura maneirista, apesar da ornamentação pomposa.

CATEDRAL METROPOLITANA DE SANTIAGO DE

COMPOSTELA – ESPANHA 1749

Dentre as imponentes catedrais românicas, a de Santiago de Compostelatem seu diferencial dentro da arquitetura barroca / rococó, devido a existência de uma das mais exageradas fachadas da península ibérica. Consiste em uma profusão de elementos excessivamente elaborados, com predileção por torres e torreões, criando um conjunto às vezes desarmonioso, mas sempre fantástico, cujas origens clássicas são especulativas.

BASÍLICA WILTEN E O GOLDENES DACHI

VARIAÇÕES DO BARROCO – O ROCOCÓ NA ÁUSTRIA

O ÁPICE DO ROCOCÓ NA ARQUITETURA BÁVARA -

RETORNANDO À ALEMANHA BARROCA

Salão dos espelhos, Pavilhão de Amalienburg / Munique 1734-9 de François de Cuvilliés

Na decoração dos exteriores do estilo rococó, utilizavam-se comumente motivos ornamentais para rodear portas e janelas, nas paredes e tetos. Geralmente de madeira ou estuque, os motivos rococó típicos incluem ornatos em C e S, conchas, flores, samambaias e formas coralinas. Dessa forma, o espírito do rococó é exemplificado nos vários ramos das artes decorativas. Não era incomum pintores e escultores produzirem desenhos para tapeçarias e porcelana. Vale ressaltar que na Alemanha, o rococó foi utilizado de forma exagerada nos interiores das Igrejas, como na Igreja Abacial de Johann Fischer von Erlachde 1737, ou a...

AUGSBURG

ABADIA DE OTTOBEUREN DE FISCHER – 1737.

O ZWINGER EM DRESDEN - ALEMANHA O Zwinger é um edifício único na

Europa, um complexo que associa jardim, teatro e galeria de arte. No entanto, seu objetivo como lugar de entretenimento da nobreza é claro: é um edifício elaborado a partir da mistura de Barroco tardio e Rococó emergente, em que a arquitetura e a escultura se combinam e se fundem. O Zwinger foi construído para um príncipe abrigar a sua coleção de arte e acolher festivais de teatro. Feito pelo arquiteto Daniel Pöppelmann, que denominou-o como “arena romana”. Foi grande a sua influência para o desenvolvimento do rococó, tanto na arquitetura eclesiástica quanto na secular. A planta do Zwinger é simples: um grande jardim quase quadrado, com curvas em abside (ala de um edifício que se projeta para fora de forma semi-cilíndrica ou poliédrica e em que o remate superior é geralmente uma semi-cúpula ou abóbada ) em cada extremidade, abrigando pavilhões de dois andares que também serviam de entrada. Os pavilhões são repletos de exuberantes esculturas decorativas.

ABADIA DE WELTENBURG – COSMAS DAMIAN ASAN

A sua exuberante arquitetura rococó – toda em dourado e estuques de cores vivas serpenteando pelas paredes curvas, dirigindo os olhares para o altar mor. O apogeu do gosto pela teatralidade na arquitetura atingiu o apogeu nesta Abadia, às margens do Rio Danúbio, ao apresentar uma decoração de interiores exuberante e sua grandiosa estátua de São Jorge a cavalo matando um dragão em forma de serpente por trás do altar mor. A metáfora teatral tem como base o profundo coro em galerias que poderia ser a plateia, e as colunas retorcidas que apoiam a estátua são reminiscências do arco do proscênio que marca o palco. Fontes de luz ocultas por trás da estátua inundam-na de luz brilhante, como se iluminasse o palco colocando-o em evidência com relação ao corpo da Igreja

ABADIA DE WELTENBURG ( 1724 )

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TEXTO E IMAGENS

KOCH, Wilfried. Dicionário dos Estilos Arquitetônicos. São Paulo, Martins Fontes, 2009.

JANSON, H. W., História Geral da Arte – Renascimento e Barroco. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

GLANCEY, Jonathan, Arquitetura – Guia Ilustrado Zahar. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

________________, A História da Arquitetura. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

BAETA, Rodrigo E., O Barroco, a arquitetura e a cidade nos séculos XVII e XVIII. Salvador: EDUFBA, 2012.

MELLO, Magno Moraes ( org. ), A Arquitetura do Engano –Perspectiva e percepção visual no tempo do Barroco entre a Europa e o Brasil. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.

http://www.arteespana.com/arterococo.htm

http://portifolioahistoriaarte.blogspot.com.br/2012/09/rococo-o-rococo-e-um-estilo-que-se.html

http://www.soarquitetura.com.br