Resquício de um Nazismo

Professor Ulisses Mauro Lima

O Belo e o Feio

O discurso eugenista deixou como legado doinconsciente coletivo algumas “verdades” históricas.Uma delas, baseada em suas experimentações,sobretudo no nazismo, pode ter sido as classificações doque se considera beleza e feiura em uma experimentaçãoestética.

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O belo e o feio como uma experiência estética sempre existiu. Afeiura é uma inscrição que ao ser imposta a determinado objetoo marca de modo negativo.

Experiência estética

Na eternidade que lhe cabe, Deus e a natureza são belos, asformas geográficas são harmônicas, belas e perfeitas comopensadas por Pitágoras. Rene Descartes (1596-1650) em seuDiscurso sobre o Método discorreu sobre a ideia de quesomente o circulo, enquanto pensamento pode ser dotado deperfeição, na medida em que todos os pontos estãoequidistantes do centro e continuamente ligados.

O belo é sinônimo de perfeição, o feio aquilo que causa repulsa aos sentidos

No entanto, a feiura não é apenas o contrário da beleza, ela é uma força que se opõe à beleza. A feiura é a forma contrariado que se deseja como belo, algo que se opõe em nível de discurso a natureza que potencialmente é bela

O Belo O Feio

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O demônio é feio, os monstros são feios, o homem mal é feio. A feiura é aquilo que está na forma concreta, naquilo quese pode apontar como feio e descrevê-lo como tal. A feiura habita a matéria, a beleza é potencialidade na natureza eexiste independentemente da forma que a reveste.

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Considerando o que foi delineado, pode se dizer que o belo e o feio são, desde o século XIX, um marco na relação de poder,na formação de uma hierarquia social estética. Isso significa que ao marcar um objeto como belo é o mesmo que dizer quedeterminado objeto é perfeito, harmonioso, bom.

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Ser belo é um valor Ser feio é um desvalor

Marcar um objeto como feio é o mesmo que dizer que ele é imperfeito, desarmonioso, mal e grotesco. Por meio dessapremissa é possível entender que o belo/bom a todo sempre é desejado e o feio/mal a todo sempre é indesejado.

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O feio não é somente a desarmonia da forma de determinado objeto, mas a imoralidade, o contrário do contrário do quese espera existir na natureza. O feio desagrada por completo, não transcende, provoca medo, provoca dor sem razão,provoca repulsa, asco e nojo. A beleza é essência que se aplica possivelmente a todo objeto. A feiura é criação discursivaessencializada.

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Os feios são os “indesejados”. Entretanto, toda natureza mal formada, pode se tornar bela se for submetida ao ato dacorreção...

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Nos últimos anos, casos curiosos de cirurgias plásticas extremas, nas quais os pacientes são modelados para se tornaridênticos a bonecos de brinquedo e a criaturas virtuais de animações.

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Esse fenômeno parece sugerir uma nova categoria de automodelação do corpo: o avatar. A novidade dessa nova fronteiraantropotécnica é a seguinte: o mimetismo não se dá a partir de outro ser humano, mas a partir de seres virtuais.

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O caso pode parecer banal. Mas revela um dos temas mais difíceis da Filosofia: a determinação das fronteiras entre physis etékhne. Isso ocorre porque natureza e técnica se fundam sobre um paradoxo: todo desempenho tecnológico que semanifesta em ato estava, em última instância, inscrito em potência na natureza. Professor Ulisses Mauro Lima

O homem de Neandertal tinha uma disposição natural distinta do Homo sapiens. Este, por sua vez, é distinto do homem daAntiguidade. E assim sucessivamente. A própria configuração dessa constante chamada natureza humana muda conformea interferência das tecnologias. Professor Ulisses Mauro Lima

Podemos supor que aquilo que hoje se acreditaser belo ou feio seja um legado da eugenia jáque essa ideologia é um exemplo clássico quehabita o cotidiano do Ocidente.

Eugenia

O primeiro passo foi a padronização do ensinosecundário e introdução de novas disciplinas deeugenia e ciência racial. Ao estudá-las, ascrianças aprendiam, entre outras coisas, quenão poderiam se miscigenar com considerados“não arianos”.

Práticas como atividades físicas - chegaram aocupar cinco horas do tempo dos estudantesem 1938 - foram introduzidas, contrastandocom o desprezo pelas atividades intelectuais ea queima de livros considerados prejudiciais aoregime.

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Francis Galton Termo criado por Francis Galton (1822-1911) que significa “bem-nascido”. Galtonassim definiu eugenia: “o estudo dos agentes sob o controle social que podemmelhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física oumentalmente”. Consequências diretas da eugenia: discriminação de pessoas porcategorias e rotulação de pessoas como aptas ou não-aptas para a reprodução.

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Galton primo de Darwin apoiando-se na obra “A origem das Espécies”, e na teoriada “seleção natural” propõe a “seleção artificial” visando o aprimoramento daespécie humana segundo os critérios da época. Galton concluiu que a inteligênciade uma determinada família se transmite hereditariamente desprezando osmeios sociais como interferência na determinação da inteligência dos indivíduossugerindo a eugenia positiva através de casamentos seletivos.

Incentiva pessoas saudáveis a terem filhos dando origem a uma “raça superior”, o “melhor” da espécie. Podendo inclusiveexterminar os “inferiores”.

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Eugenia

O patrocínio das pesquisas eugênicas começou nos Estados Unidos através dos milionários Rockfeller, Harriman, Carnegie etantos outros que financiavam os cientistas de universidades como Harvard, Yale, Princeton e Stanford

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Surge nos EUA, consistindo na eliminação das futuras gerações de incapazes. Consistia na proibição de casamentos entrepobres, esterilização coercitiva e eutanásia. Estima-se que nos EUA, em 1909, foram esterilizadas 60.000 pessoas, metadedelas na Califórnia.

Eugenia Positiva

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A domesticação do horizonte antropotécnico e a mutação literal de nossa fisionomia humana não são nada mais do que arealização consumada do projeto emancipatório moderno. O Paraíso prometido pela religião da autodeterminaçãohumana, nos últimos três séculos. Como sugere o filósofo alemão Peter Sloterdijk, a utopia eugênica, esboçada por Platão,fracassou nas mãos dos totalitarismos de Estado do século XX, mas se encontra em franca e feliz expansão nauniversalização do capital.

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Raquel Santos, que foi Gata da Hora em novembro, fez o preenchimento 'bigode chinês' e sofreu parada cardíaca

Modelo de 28 anos morre em Niterói após cirurgia estética no rosto

O vício ao culto do corpo não se distancia do viciado em álcool, drogas, sexo, dinheiro, trabalho ou, até mesmo, do fanatismo religioso. Todos tem em comum uma insatisfação interna

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Até a próxima aula

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Fim