O Brasil pós-ditadura: representações artísticas

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IX Semana Acadêmica de Letras UFSC - 2015 Gisele Tyba Mayrink Redondo Orgado GT Expressões Artísticas e Resistência – Tópico II A morte do autor em dois atos: em Barthes e no fenecimento da memória popular

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Apresentação sobre os 30 pós-ditadura militar na IX Semana Acadêmica de Letras - UFSC

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IX Semana Acadêmica de LetrasUFSC - 2015

Gisele Tyba Mayrink Redondo Orgado

GT Expressões Artísticas e Resistência – Tópico II

A morte do autor em dois atos:em Barthes e no fenecimento da memória popular

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Em 2015 celebra-se (?) os 30 anos do final do período de

governo militar no Brasil (1964-1985). Apesar de restrições que

perduraram por 21 anos e dos confusos bulícios contínuos, a arte

experimentou uma de suas grandes fases de produção. Alguns

modelos de música popular brasileira passaram a ser estudados

nas maiores universidades de formação musical de países da

América do Norte e da Europa. De forma paralela, a expressão

musical imprime em suas bases, traços daqueles anos em que as

liberdades de expressão estiveram cerceadas. Discute-se, nessa

comunicação, a ideia de que o indivíduo se esvanece diante de

suas composições e atenta-se para o fenecimento da memória

popular nos anos seguintes. Toma-se como base das discussões,

trabalhos de compositores, intérpretes e instrumentistas como

Geraldo Vandré, Raul Seixas, Elis Regina, Chico Buarque, Gilberto

Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Rita Lee.

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“É Proibido Proibir”, “A Imaginação no Poder”, “Tomo meus desejos por realidade, pois acredito na realidade de meus desejos”, “Quando penso em revolução quero fazer amor”, “Somos realistas: queiramos o impossível”, “As ruas são do Povo”, “Não pedimos nada. Não exigimos nada. Nós tomaremos. Ocuparemos”. São slogans que remetem a maio de 1968. Mas 1968 foi o ano em que tudo aconteceu, que emergiu uma realidade que que gerou uma politização automática, foi o paroxismo dos confrontos entre o sentimento libertário e autoritarismo. E contra a liberdade de expressão, a repressão.

Edi Cavalcanti (Maio de 68 – 40 anos)

Maio de 68

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Ditadura Militar

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Os protestos de 15 de março pelo Brasil

Grupos realizam neste domingo 15 manifestações em diversas cidades do País pelo

impeachment da presidenta Dilma Rousseff, sendo alguns deles são abertamente defensores

de uma “intervenção militar”

(CartaCapital - Clarice Cardoso — publicado 15/03/2015;última modificação 09/04/2015)

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AI-5 versus Liberdade de expressão

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Um dos exemplos mais marcantes do jogo linguístico e musical presentes do período é a música Cálice, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil.

Além do título da composição ter som idêntico à expressão Cale-se, seus versos poderiam ser confundidos com uma divagação religiosa, tal como no trecho transcrito a seguir.

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto e de sangue

Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor, engolir a labuta

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta 

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Identificando o “inimigo”

Aprender a ler jornais, ouvir rádio e assistir TV com certa malícia. Aprender a captar mensagens indiretas e intenções ocultas em tudo o que você vê e ouve. Não vá se divertir muito com o jogo daqueles que pensam que são mais inteligentes do que você e estão tentando fazer você de bobo com um simples jogo de palavras.

A MPB sob suspeita. Napolitano, M. Rev. Bras. Hist. 2004

Num dos manuais de vigilância anticomunista produzidos pelo regime militar lê-se, a título de instrução para o cidadão desprevenido:

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Rita LeeA rainha do Rock

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"Sua intuição sempre lhe disse que o humor e a alegria eram armas mais eficientes contra a ditadura do que qualquer pose de rock experimental", aposta. "Uma vez decidido esse caminho, ela teve a habilidade de mulher que é bem trepada. Mulher que é bem trepada lava a roupa sorrindo. Uma Rita bem trepada em um país que vive na mão de ditadores lava a política com um humor fino e cortante e resulta em uma música gostosa de cantar. A geração que chegou aos 13 anos no final dos anos 70 talvez seja uma das mais felizes: eles não viveram os horrores da ditadura, mas logo na saída pegaram essa artista reagindo àquele horror. O produto da reação tornou-se a música que essas criaturas passaram a ouvir nos shows, dançar nos bailinhos, a fonte daquela liberdade sexual.” (por Tom Zé)

"Não nasci para casar e lavar cuecas"Ed. 15, Dez, 2007 – RollingStone (rollingstoneuol.com.br)

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“Obrigado não”Rita Lee

http://letras.mus.br/rita-lee/48514/

Quanto mais proibidoMais faz sentido a contravençãoLegalize o que não é crimeRecrimine a falta de educaçãoGravidez versus abortoQuem quer nascer no mar morto?Quem quer morrer antes da concepção?Obrigado nãoObrigado nãoObrigado nãoObrigado não...Separe o joio do trigoO Maquiavel do seu amigoCasamento gay além de opçãoÉ controle de populaçãoFoi-se a ditadura militarFoice e martelo não vão mais vingarServir exército só se for da salvação

Obrigado nãoObrigado nãoObrigado nãoObrigado não...Diga não às drogas- Mas seja educado, diga não obrigado- Por que whisky sim? Por que Cannabis não?- Cuidado com políciaCuidado com ladrãoNão seja condenado a votar em canastrãoObrigado nãoObrigado nãoObrigado nãoObrigado não...

Álbum: Santa Rita de Sampa – 1997

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Censura hoje

• Apesar da “suposta” redemocratização, a censura terminou?

Liberdade “velada”: grande parte dos arquivos da época da ditadura continuam inacessíveis; censura a determinadas publicações; a veiculações televisivas; a músicas críticas; a documentários; filmes, etc.

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Rita Lee é presa em Aracaju em seu último show

https://www.youtube.com/watch?v=q9fA8kqxSek

(Jan. 2012)

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DF – De volta aos palcos,faz crítica à política e ao Ministério

(Nov. 2012)

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Três dias depois, Rita Lee usou a internet para protestar contra a ação de danos morais movidas

pelos policiais que lhe prenderam em Sergipe

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ou

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Gabriel o PensadorMarço 2015

https://www.youtube.com/watch?v=S9FTlI1KuJA

CHEGA!Desde que eu nasci (1974), incluindo o período da Ditadura, o povo brasileiro sempre foi sacaneado, roubado, enganado, reprimido e manipulado pelos donos do poder, em todas as esferas, independente dos seus partidos, que enfrentam-se nas eleições e depois se entendem, se protegem e se unem para nos foder. Chega!