o brasil so dos indios

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APOIO: www.cartanaescola.com.br BRASIL CENTRAL LITORAL AMAZÔNIA LITORAL Cabral e sua tripulação entraram em contato com populações falantes de línguas do tronco tupi-guarani, que viviam dispersas pela costa e ocupavam também as calhas dos rios em direção ao interior. Podemos separar esses povos em dois grandes blocos: o dos índios guarani e o dos tupinambá. AMAZÔNIA Pesquisas recentes indicam que os habitantes das terras baixas não viviam isolados uns dos outros em aldeias pequenas. Relatos de viajantes descrevem ocupações de até 7 km nas margens do rio Amazonas, a existência de estruturas públicas, roças extensas e abundância de recursos. Foram identificados também focos de complexidade social que podem ter sido centros de irradiação de tecnologia e conhecimentos anteriores aos avanços documentados nos Andes. Provavelmente, a relação entre os diversos povos que habitavam a floresta se caracterizava pela fluidez, sem a formação de centros de poder. BRASIL CENTRAL Conhecidos sob a denominação genérica de tapuia, diversos povos ligados ao tronco linguístico macro-jê habitavam as regiões de cerrado. Ancestrais dos atuais povos de língua jê, como os xavante, xerente e kayapó, esses povos viviam em aldeias circulares nas quais habitavam de 800 a 2 mil pessoas. Essas aldeias eram estruturadas em um sistema de anéis, com grandes praças centrais onde eram realizadas atividades públicas e cerimoniais. Apesar dos processos de população decorrentes das guerras de escravização, das doenças e, mais recentemente, do avanço das frentes de expansão da sociedade nacional, as populações atuais guardam semelhanças importantes com seus ancestrais pré-cabralinos, sendo as aldeias circulares uma de suas características mais marcantes. ALTO XINGU Inúmeros processos de reconstrução e recriação cultural ocorreram antes da chegada dos europeus. Um dos melhores exemplos foi a formação da chamada cultura xinguana, um sistema no qual cerca de 10 grupos diferentes, falando línguas distintas, compartilham modos de vida e visões do mundo. Essa configuração teve início por volta do ano 900 d.C., com a chegada de uma população de língua arawak à região dos formadores do rio Xingu. Nos séculos XV e XVI, pequenos grupos karibe teriam se instalado na área. A partir do século XVIII, a intensificação do processo colonial levou outros grupos (falantes de línguas tupi e trumai) à região, consolidando a estrutura multiétnica e multilinguística xinguana. O BRASIL SÓ DOS ÍNDIOS Até pouco tempo atrás, imaginava-se que, no século XVI, quando chegou às Américas, Pedro Álvares Cabral havia encontrado populações pouco numerosas e dispersas por um vasto e rico território. Segundo essa visão, os nativos que habitavam o que viria a ser o Brasil eram primitivos. Povos “sem fé, sem lei e sem rei”. No entanto, estudos recentes da antropologia, da linguística e, sobretudo, da arqueologia mostram um outro cenário. Diferentes estimativas calculam que havia por aqui de 1 a 4 milhões de pessoas falantes de centenas de línguas e que pertenciam a cerca de mil povos. Essa sociodiversidade foi, em certa medida, registrada por relatos de viajantes que por aqui passaram nos séculos XVI e XVII. QUEM ERAM, COMO E ONDE VIVIAM OS PRIMEIROS HABITANTES DAS TERRAS BRASILEIRAS, ANTES DA CHEGADA DE CABRAL SÉRIE POVOS INDÍGENAS DO BRASIL MARAJÓ Em uma área de 50 mil km², a ilha foi o cenário para o surgimento de uma das mais sofisticadas civilizações que habitaram a Amazônia. Os antigos habitantes viviam sobre tesos, aterros artificiais de até 20 m de altura, sobre os quais eram erguidas habitações e realizavam-se sepultamentos. Os tesos surgiram a partir do século IV d.C. e foram construídos até o início do século XIV. O colapso da cultura marajoara se deu antes do início da colonização, e acredita-se que seu declínio tenha se iniciado no século XI. Um dos símbolos mais importantes do esplendor da cultura marajoara, que abrigava assentamentos com escala urbana (de até 10 mil pessoas) e uma população total de 100 a 200 mil habitantes, é sua cerâmica policrômica. Elaborado com uma combinação de traços vermelhos, pretos e brancos, os grandes potes de Marajó são urnas funerárias, geralmente encontradas pelos arqueólogos contendo esqueletos humanos em bom estado de conservação. GUARANI Nas bacias dos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e em todo o litoral, da Lagoa dos Patos até Cananéia, viviam cerca de 1,5 milhão de índios guarani, ancestrais dos três subgrupos guarani atuais — mbyá, kaiowá e nandeva —, que, confinados em terras diminutas, ainda ocupam essas regiões. TUPINAMBÁ Do litoral de Iguape até o Ceará, além das bacias do Tietê e do Paranapanema, viviam os tupinambá, povo famoso por suas guerras de vingança, nas quais os inimigos eram capturados e ritualmente devorados após meses de convívio na aldeia de seus algozes. Segundo estimativas, cerca de 1 milhão de indivíduos tupinambá viviam no litoral. Devido à sua relação direta com os europeus, foram os primeiros a sofrer os impactos do contato. A morte na guerra, a escravização e, sobretudo, as epidemias desconhecidas até então os eliminaram quase completamente. FONTES Os Índios Antes do Brasil, de Carlos Fausto. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2000, Povos Indígenas no Brasil (http://pib.socioambiental.org/), Povos Indígenas no Brasil Mirim (http://pibmirim.socioambiental.org/). CONSULTORIA E TEXTO Rogerio Duarte do Pateo, antropólogo, pesquisador do Instituto Socioambiental e membro do Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP. ARTE FazFazFaz IMAGENS 1 Nelson Provazi 2 Hans Staden 3 Albert Eckhout 4 Vincent Carelli/ Vídeo nas Aldeias 5 Moreno Saraiva 1 2 3 4 5 ALTO XINGU cartaz-base.indd 1 14.07.09 16:28:44

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