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Jornal O Breves Edição nº7 Junho 2012

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2 O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012

O BREVES-FICHA TÉCNICA– Propriedade: Associação de Amigos para a Divulgação das Tradições da Ilha de São Jorge,

NIPC:509893678. Nº Registo de Título: 126151, Jornal Mensal– Composição e Impressão: Gráfica O Telegrapho. Sede e Redacção: Largo Dr José Pereira(Praça Velha) - 9800 Velas.

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Redação: Daniel Blayer, Colaboradores: Alexandre Soares, João Amaral Silva, Maria José Silveira. Fotografia: Valdemar Furtado, Foto Oceanus e outros colaboradores, Design Gráfico:

Daniel Blayer, Edição Electrónica: Redação, Administração: Valdemar Furtado, Raimundo Pereira e William Libardi, Tiragem Média: 500 Exemplares, Assinatura Anual Ilhas: 20,00€.

TODAS AS CRÓNICAS E ARTIGOS DE OPINIÃO, PUBLICADOS NESTE JORNAL, SÃO DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES.

“A extensão do programa das festas de esta edição não é viável para o futuro, devido ao cansaço causado á organização, estando a pensar-se idealizar um programa que possivelmente se iniciará na quarta-feira e terminará no domingo. Este foi assim porque se comemorava a 25ª edição, e foi intenção desta organização ter mesmo uma semana de festa. Só foi pena não termos podido ter a marcha oficial da Semana Cultural”, explica Carlos Silveira. “Na próxima edição vamos apostar um pouco mais nos DJ`s, vamos ter a figura do DJ temático”, afirma o presidente. Relativamente aos acessos á ilha, durante a 25ª Semana Cultural de Velas, principalmente os marítimos, foram, na opinião deste dirigente, os possíveis. O esforço deles não foi o suficiente mas, foi melhor que outros anos. “Importa realçar que as pessoas que nos visitaram não foram em tão grande número como em outras edições, a afluência foi mais das pessoas da própria ilha, o que vai de encontro á situação económico-financeira que se atravessa”,

O Mar que nos une ou separa é, sem dúvida alguma, a melhor SCUT que possuímos nos Açores e sem custos de construção ou de manutenção. Como arquipélago que somos, o meio de transporte mais natu-ral inter-ilhas é o marítimo. Desde o povoamento da ilha, passando pela próspera época da laranja, pelas viagens nos vapores para o continente por-tuguês e até para os Estados Unidos, o transporte marítimo foi o único meio na nossa ligação ao exterior. È impensável a total substituição do transporte marítimo pelo aéreo, apesar do conforto e rapidez que esse último nos oferece, não podem olvidar os elevados custos, o limite de espaço para carga, e os constrangimentos provo-cados pela meteorologia adversa e imprevisível. A partir dos anos oitenta, eliminado o velho Ponta Delgada e substituídos os cansados barcos de madeira, Santo Amaro e Espirito Santo, pelos então modernos cruzeiros de construção mais resistente, toda a política de transpor-tes marítimos mudou. Foram 25 anos de experiências, de alugueres, de proje-tos, de ilusões, de sonhos, de promessas eleitoralistas num intrínseco conflito de interesses e negócios que até atordoaram os mais incautos. Tal qual o canto das sereias, que encanta e distrai os marinheiros, aqui, nesta fábula insular, cada macaco no seu galho cantou, uivou, gritou e até se coçou e acobertou com os traçados e orquestrados planos de barcos, navios, orçamentos e acrescentamentos. Perspetivando-se pois, em cada cantoria, um novo e mais adequado projeto, á conta do qual se foi desbaratando desmesuradas quantias de euros do erário publico. Todas estas manobras de diversão a que não faltou efeitos especiais distraíram o povo. Continuam os resignados e tristes Açorianos a navegar em velhos barcos gregos, alugados a peso de ouro, sim, porque os gregos mesmo na falência ainda negoceiam ferro-velho. Sobram-nos também os cruzeiros do canal e das ilhas, que em ferrugem merecem medalha de prata pelo vigési-mo quinto aniversario já comemorados. No triângulo ainda resiste um amolgado catamaran que um empresário priva-do jorgense teve a audácia de comprar, quando muitos o apelidavam de devaneador. Foi considerado de extrema importância para a economia da ilha de S. Miguel, a ligação interna de toda a ilha por modernas e sofisticadas SCUTS, que serão pagas por todos os Açorianos durante décadas. Surpreende-me que as ligações marítimas diárias entre as ilhas sejam consi-deradas utópicas, fantasiosas e impraticáveis durante todo o ano. Os custos na aquisição e manutenção de embarcações com adequada tipologia para o transporte de passageiros e mercadorias, serão uma insignificância comparados com a os viadutos vertiginosos e SCUTS futuristas recente-mente construídas, considerando que beneficiarão toda a Região e todos os Açorianos económica e socialmente. Numa época difícil para a nossa débil economia, em que devem ser valorizadas as exportações, em que o transpor-te aéreo encarece o preço final do produto, e muitas vezes não satisfaz os produtores e exportadores, só com um eficaz transporte marítimo, será possível rentabilizar a comercialização dos produtos locais e melhorar significati-vamente a nossa economia; a garantia de uma confiável e bem coordenada operação marítima permitirá o alarga-mento da época turística que atualmente se resume a dois meses por ano. Como Região de turismo, que se pretende, devera ser incentivado o consumo interno dos nossos produtos em detrimento das importações, e a circulação deste comer-cio interno proporcionará um equilíbrio nos mercados de cada ilha. O cooperativismo ao nível hortícola e frutícola, permitirá uma melhor organização e articulação no escoamento dos produtos produzidos nas diversas ilhas. A Região carece de diversos produtos, para consumo interno e o ideal seria sermos autossuficientes. Contudo, enquanto os responsáveis pelo sistema de transportes marítimos da região estiverem concentrados nos seus atrofiado umbigos que espicham vergonhosa-mente nas balofas e pendulares barrigas de quem se preocupa exclusivamente com a sua engorda, dificilmente o futuro turístico e económico da região verá uma réstia de luz neste obscura e complexa crise que nos assola. Há pois que lançar um olhar mais abrangente, valorizando

a produção local, facilitando a sua comercialização interna

e externamente, e criando meios de transporte adequados

e eficientes para todas a ilhas, permitindo uma eficiente

circulação de pessoas e bens. Só assim tornaremos todas

as ilhas mais prósperas e os Açores poderão ter o futuro

garantido por uma economia autossustentada.

Por: António Pedroso

“O mar é a melhor SCUT” “A 25ª Semana Cultural foi um sucesso”

Segundo Carlos Silveira, presidente da Associação Cultural de Velas, a 25ª Semana Cultural de Velas foi um sucesso. Superou as expetativas da orga-nização, teve uma adesão muito grande da população, os concertos foram muito bons, o próprio António Ribeiro dos UHF salientou que foi o melhor concerto que fez em São Jorge, só foi pena que a chuva tivesse estragado algumas partes das festividades, principalmente os desfiles e as marchas. “Os serviços de restauração prestados durante esta edição tinham os requisitos mínimos de segurança alimentar exigidos, vendeu-se mais de doze mil litros de cerveja, que é sinal de afluência e o programa das festas conseguiu articular os eventos com apenas quinze minutos de atraso relati-vamente ao horário estipulado.” “É intenção desta associação cultural que, no próximo ano, se dê destaque às bandas locais e regionais, que é um mercado de qualidade e com cus-tos mais acessíveis, dando rotatividade e craveira a estas bandas.”

O regresso das touradas de praça á semana cultural

Bem hajam quem organizou este evento, parabéns pelo grandioso espectáculo que

proporcionaram.

Por: Carlos Pires

Festividades Crónica Mensal

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Federico Maciel apresenta o seu livro “Velas em Festa”

Discurso de Apresentação Exma. Senhora Secretária Regional da Educação Exmo. Senhor Presidente da Câmara das Velas Exmo. Senhor Presidente da Associação Cultural Exmo. Senhor e amigo Dr. Fernando Menezes Exmo. Director do CHAM Exmos. Senhores Deputados Regionais Exmos. Senhoras e Senhores vereadores Exmos. eleitos locais Exmos. Conferencistas no colóquio do Centro de História de Além-Mar “Dar a quem precisa” Exmas. autoridades convidadas Minhas senhoras e meus senhores Permitam-me, em primeiro lugar, agradecer à Câmara Municipal das Velas, na pessoa do seu presidente, o total patrocínio para a publicação deste livro. À Associação Cultural das Velas, e particularmente ao seu presidente, por-que a minha experiência infere que em tais presidências por vezes olhamos à volta e temos a sensação de haver poucos, (salvo na hora dos louvores e das fotogra-fias!), votos de uma óptima Semana Cultural. Mas como a publicação de um livro não se esgota nem no texto do autor nem na disponibilização das verbas para a sua edição, algumas foram as pessoas e as entidades que contribuíram para que este pobre livro pudesse ser hoje apre-sentado. Cito, sempre com o receio do esquecimento de alguém, os colaboradores da Santa Casa da Misericórdia das Velas que sempre me têm ajudado em empreendimentos desta natureza, nomeadamente Conceição Silveira, António Nunes e Nicole Medeiros. Sem a leal e voluntariosa colaboração dos dois primeiros, o livro não seria hoje uma realidade. Sem o empenho da Nicole, muito seriam sobrecarregados os outros anteriores. Também uma palavra para a Juraci Cardoso, minha esposa, pela revisão da primeira prova do livro e por algumas informações que a minha memória já olvi-dara. Outra palavra para o António Oldemiro Pedroso que sempre se disponibili-zou para colaborar comigo através dos seus particularmente talentosos dotes de artista em vários domínios. Finalmente, recordo quem me emprestou fotos ou me recordou episódios já esquecidos. A todos estes e a quem na sombra me ajudou a fabricar este livro, o meu sincero e mais que justo agradecimento. Permita-me ainda agradecer a presença de todos vós, e citar, muito particu-larmente a honrosa presença da senhora Secretária Regional da Educação, do ilustre Director do Centro de História de Além-Mar e dos ilustres conferencistas no Colóquio que se realiza nos próximos dois dias na Sala do Cabido da Misericórdia das Velas subordinado ao tema “Dar a Quem Precisa - Um olhar sobre a Caridade ao longo da História”. Para mim é um privilégio, para as Velas uma honra! Ao meu amigo Dr. Fernando Menezes, cujos nossos percursos de vida se cruzaram algumas vezes, nomeadamente na política mas, sobretudo, na organiza-ção das regatas Horta-Velas-Horta, referir o quanto estou grato pela sua disponibi-lidade em apresentar este meu livro. Exma. Mesa Minhas senhoras Meus senhores O livro que agora apresentamos ao público tem por único propósito o fornecimento de elementos que permitam auxiliar a elaboração de uma verdadeira história das Semanas Culturais porque a proximidade temporal apenas autoriza descrever fac-tos e tombar memórias de quem, para além de ter sido seu promotor, guardou também alguns apontamentos dos primitivos tempos e que, vivendo nas Velas, foi coleccionando - memórias e apontamentos! - como quem vê crescer a prol de que foi progenitor. Ao me ter aventurado a escrever este livro corri (e corro) um risco: os factos são demasiado recentes para obterem o consenso que o passar dos anos permite. Porém, alguns argumentos aduzem a meu favor: a proximidade dos aconte-cimentos permite uma visão crítica mais acutilante e, consequentemente, melho-ram a sua veracidade histórica.

Ora, como, por vezes, a história não é a descrição do que acontece mas o imaginário do que o historiador gostaria (ou pressupõe!) que tenha acontecido procurarei, apesar da carga de subjectividade adjacente ao facto do narrador ser também protagonista, descrever os acontecimentos tanto quanto possível de uma forma objectiva e factual.

Nesse pressuposto, dividi a crónica em capítulos globais tendo como cri-tério a inclusão das temáticas que julguei mais importantes no seu conjunto.

As fotografias que perpassam o livro foram fornecidas por várias pessoas e entidades, tendo sido recolhidas em locais e anos distintos sem a definição de critérios de escolha mas apenas com objectivos de ilustração (e prova!) dos acontecimentos.

Apesar de, felizmente, os responsáveis pela organização das diferentes semanas culturais ainda se encontrarem vivos, verificamos que algumas lembranças se foram esfu-mando no tempo, sobretudo ao referirem-se à descrição cronológica de alguns dos eventos programados.

Parece-nos contudo que este livro poderá representar um contributo válido para o conhecimento, tanto quanto possível objectivo, do percurso histórico das nossas Semanas Culturais, iniciadas quando nas ilhas mais periféricas pouco ainda se realizava (e falava) em eventos dessa natureza. Porém, um livro é como um filho: só é nosso no momento da concepção e registo. A mim pertence a intenção de ser objectivo, aos leitores a interpretação dos acontecimen-tos. “

Muito obrigado

A escrita, muito particularmente a histórica, é um risco! Mas será que o próprio percurso

humano está desprovido de riscos?! A História foi escrita por aventureiros que não tiveram medo de assumirem erros e, ao

mesmo tempo, tiveram coragem para abrirem caminho a novos investigadores que, na ânsia de contestarem o que havia sido escrito, confirmaram teses antes enunciadas e descobriram verda-des anteriormente escamoteadas ou, as mais das vezes, ignoradas.

Na convicção desta realidade, e porque ela não me assusta mas antes me alenta, apre-sento o programa dos eventos de cada ano para que o leitor possa fazer um juízo mais pessoal da história destes vinte cinco anos de Semanas Culturais.

No percurso histórico criam-se por vezes mitos cuja valorização é mais incisiva do que a prova documental da sua inexistência.

Neste livro procuro distinguir o mito da realidade buscando a verdade objectiva mas, no entanto, perpassa-me a consciência de um certo quixotismo à mistura.

Não por vontade mas, quiçá, por proximidade aos factos e deficiente interpretação dos objectivos!.

Por: Frederico Maciel

Cultura

No decorrer da abertura oficial da XXV Semana Cultural de Velas, Federico Maciel, lançou o seu livro “Velas erm Festa”, livro este, um memorial a todas as semanas culturais. A apresenta-ção ocorreu no Auditório Municipal de Velas, onde estiveram presentes várias entidades públi-cas e população destacando-se a Exma Senhora Secretária Regional da Educação Cláudia Cardoso.

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Decorreu nos dias 2 e 3 de julho, na sala do Cabido da Misericórdia de Velas, um colóquio assegurado pelo Centro de História de Além-Mar (CHAM), a unidade de

investigação interuniversitária da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade d os Açores cuja investigação está

“relacionada com a História dos Descobrimentos e da Expansão, bem como a presença portuguesa no mundo, com especial incidência no período entre as origens

da Expansão Portuguesa e a independência do Brasil (1822), numa perspetiva interdisciplinar e da história comparada, prestand o particular atenção às histórias

das regiões com que Portugal manteve contacto”.

Integrado na semana cultural de Velas de 2012, este colóquio teve como oportuno tema integrador a caridade, expresso no título: “Dar a Quem Precisa - Olhares

sobre a Caridade ao longo da História”. A pertinência atual deste tema resulta do fato do ato de dar e de receber constituir um “binómio fundamental para perceber

as relações entre poderes, instituições e pessoas”. Ontem, como hoje, as formas como as sociedades se organizam para acudir aqueles que carecem de meios

para viverem condignamente a condição humana revelam as relações de poder e o caráter da própria sociedade que as produzem. Conhecer a história desses

processos permite um olhar criticamente fundamentado do modo como, nos dias que correm, se desenham e se executam as “políticas” de auxílio aos que entre

nós necessitam de ser ajudados para que possam ser cidadãos de pleno direito e dever.

As comunicações pautaram-se todas por uma elevada exigência epistemológica, sempre sujeitas ao olhar crítico dos pares, cerca de 15 investigadores que, de

forma informal, partilharam saberes, trocaram experiências e cruzaram perspetivas. As pessoas de São Jorge que tiveram o honroso e gratificante privilégio de

acompanhar os trabalhos ficaram indubitavelmente enriquecidas e mais capacitadas no exercício crítico da sua cidadania. Pena foi que tenham sido tão poucos os

que compareceram a este evento cultural aberto à comunidade jorgense. É provável que a designação “colóquio” tenha afastado a lguns interessados, uma vez

que se associa a este tipo de encontro um caráter de reunião fechada de especialistas. Por outro lado, o modo como fora enunc iado o tema do colóquio poderá ter

induzido leituras, digamos, pouco atraentes para algumas mentes. O termo “caridade” concorre, hoje, com os termos “assistencialismo” e “filantropia” e não conse-

gue conquistar todos os corações. Todos estes termos são portadores de uma pesada carga ideológica geradora de equívocos e dissonâncias. Tendo em conta o

contexto deste colóquio, compreende-se que os organizadores tenham optado pelo termo caridade pois que dos três termos referidos ela é a palavra marcada-

mente cristã que significa o “amor que move a vontade em busca efetiva do bem de outrem”. Trata -se de uma das virtudes teologais, ou seja, é uma das virtudes

que Deus nos oferece e é a prática viva do Evangelho. Numa tradução moral, praticar caridade é, como me ensinou a minha mãezinha, sentir como Deus “faria” e

fazer a mesma coisa. Em suma, embora se compreenda a escolha do termo “caridade” talvez essa não tenha sido a melhor opção de “marketing”. Questões comu-

nicacionais como estas devem ser devidamente ponderadas quando se investe tanto num evento desta natureza e se está interessado na participação das pes-

soas.

Feito estas considerações, vejamos então o que foi este colóquio. Ao longo dos dois dias foi possível saber um pouco mais ace rca das comunidades de crentes na

igreja ultramarina (João Paulo Oliveira e Costa), da assistência em Coimbra entre os séculos XII e XVI (Ana Rita Rocha), dos doadores da Misericórdia do Porto

nos finais do século XVI (Isabel dos Guimarães Sá), dos efeitos do terramoto de 1755 no Hospital Real de Todos os Santos (António Pacheco), do “rol de pobreza

envergonhada de Lisboa de 1786” (João Figueiroa-Rego), e do processo institucional do resgate de portugueses cativos de guerra e da pirataria (Edite Alberto).

Na tarde do dia 3, outras comunicações revelaram-nos os quatro séculos de Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande” (Lia F.A . Nunes), a presença de sol-

dados liberais açorianos hospitalizados, em 1834, no norte de Portugal, em terreno absolutista (Manuel Couto), a assistência e beneficiência aos tuberculosos na

cidade do Porto - Séc. XIX-XX (Ismael Cerqueira Vieira). A conferência de encerramento esteve a cargo de José Pedro Paiva, atual diretor do Arquivo da Universi-

dade de Coimbra, que abordou a relação, nem sempre fácil, entre as Misericórdias e o episcopado, no período de 1498 a 1750, tendo revelado a e norme importân-

cia do Concílio de Trento na determinação da jurisdição da Igreja relativamente às organizações como as Misericórdias. Esses antagonismos são reveladores de

um conflito bem mais abrangente entre o poder do rei e o poder eclesiástico. A par da importância científica de estudos como este que foi apresentado na sessão

de encerramento está - consideramos nós - a oportunidade que eles geram para os católicos poderem refletir sobre o lugar e o papel dos crentes no seio da igreja

de que são parte integrante. Cremos que é importante que os investigadores sejam sensíveis a estes efeitos sociais dos conhec imentos por si produzidos e que,

sem abdicar do rigor epistemológico que se lhes exige, promovam e/ou participem nesses processos sociais em que, quer queiram ou não, estão implicados.

De todas as magníficas comunicações apresentadas foi a conferência de Manuel Couto sobre a presença de soldados açorianos nas forças liberais que prendeu,

de forma particular, a atenção das pessoas de São Jorge que estavam presentes. Em face do “slide” que continha a lista de jorgenses que engrossaram as fileiras

de Dom Pedro na luta contra o absolutismo régio, foi notório o interesse em perscrutar os sobrenomes dos antepassados jorgenses. O que se passou revela bem a

tendência, algo egocêntrica, do comum dos cidadãos relativamente aos objetos da história. É como se diante de uma fotografia antiga que abrangesse diversas

pessoas o nosso esforço primordial fosse buscar o nosso rosto e a identificação dos que nos são mais próximos na geografia do s afetos. Esta atitude é compreen-

sível e não deve ser menosprezada pelos investigadores no seu labor de divulgação do saber que ajudam a construir.

Por: Eduardo Guimarães

COLÓQUIO DE HISTÓRIA SOBRE A CARIDADE*

Cultura

Por: Redacção

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A Câmara Municipal da Calheta e a Junta de Freguesia do Topo, estão

empenhadas em valorizar o lugar da Pontinha, na Vila do Topo.

A sua valorização consiste em dotar aquele espaço com infra-estruturas atrac-

tivas para a sua população e para o turismo.

Este importante ponto turístico desta ilha tem sido cada vez mais visitado,

graças aos melhoramentos que têm vindo a ser realizados, nos últimos anos.

O calcetamento de toda aquela zona, as melhorias dos acessos, bem como o

melhoramento do parque de merendas, aproveitado também para campismo, a

sua piscina natural e a construção de um snack-bar no local, vieram valorizar

muito um espaço que carecia até há pouco tempo de atractivos para os vera-

neantes.

Hoje, com as condições criadas e o bar em pleno funcionamento, também pre-

parado para servir refeições rápidas ou por encomenda, o número de visitan-

tes aumentou consideravelmente e o ambiente que se encontra é muito agra-

dável, não só durante o dia, como nas noites tranquilas de verão.

Recorde-se que esta zona é também um marco histórico muito importante

para esta ilha, pois terá sido ali que, entre 1480 e 1490, desembarcou uma

colónia liderada por Willhem van der Hahgen, nobre flamengo, povoador des-

ta ilha e fundador de uma povoação que, pelo seu rápido desenvolvimento,

viria a ser elevada a Vila em 12 de Setembro de 1510.

Destaca-se ainda como principais pontos turísticos da Vila do Topo, o Ilhéu, o

Farol da Ponta, o seu Porto, escavado na encosta de bagacina vermelha, o

Solar dos Tiagos, onde terá sido sepultado Willhem van der Hahgen e ainda a

Igreja Matriz de N. Sra. do Rosário, do Sec. XVIII.

Valorização da Pontinha na Vila do Topo

Foi lançada a primeira pedra da nova valência da Santa Casa da Misericórdia de Velas. Esta cerimónia decorreu no futuro local do Centro de Atividades Ocupacionais e Residência de Acolhimento Temporário das Velas, sita no antigo extrenato Cunha da Silveira, propriedade da Santa Casa de Misericórdia de Velas. Trata-se de um investimento de 1,1 milhões de Euros, suportado em 95% pelo Governo Regional e o resto pela Santa Casa da Misericórdia das Velas. Teve a presença de Sua Excelência o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, da Secretária Regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Velas, Frederico Maciel e do empreiteiro responsável pela construção da obra, Manuel Cenrada. Entre os convidados constavam os deputados regionais, o presidente do município das Velas, forças vivas do concelho e delegados de ilha de várias secretarias. Começou-se por apresentar o projeto da referida obra, pelo gabinete de arquitetura, depois Frederico Maciel apresentou uma resenha histórica de todo este processo, nomeando os entraves e as ajudas por parte do governo regional, através da Secre-taria do Trabalho e Solidariedade Social, que, segundo ele, foi por sua persistência desta secretária, a qual não teve feedback em São Jorge, que tal obra é levada a bom porto. Carlos César, por sua vez, partilhou a satisfação do governo regional de por uma vez mais colaborar com a Santa Casa da Misericórdia de Velas no empreendimento de um novo equipamento nesta vila. Aproveitando para criticar o encerramento de serviços públicos de proximidade nos Açores, o presidente do governo regional afirmou o interesse deste, mesmo governo, na cooperação com entidades privadas no alargamento de redes de apoio aos cida-dãos ou na criação delas pelas instituições de solidariedade social privadas. Lembrando todas as valências criadas nos Açores nesta década e meia, pergunta

onde estavam estas pessoas carenciadas antes de todo este investimento. Estavam

esquecidas pelas políticas sociais de então e largadas à sua sorte.

Lançamento da primeira pedra do C.A.O. e Residên-

cia de Acolhimento Temporário.

Por Carlos Pires

Foi concluído, com sucesso, a abertura do furo de abastecimento de água potável no concelho de Velas. Estes trabalhos foram levados a cabo pela empresa Sondagens Batalha, empresa devidamente credenciada pelo IMOPPI, com uma experiência de mais de 20 anos e com o mais sofisticado equipa-mento e qualidade em recursos humanos para a execução destes serviços, trabalhos estes concluídos em Março de 2012. O referido furo tem uma quantidade de água suficiente para abaste-cimento dos ramais públicos, estando já prevista outra perfuração no concelho de Velas.

Mais e Melhor Água.

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Associação de Pais e Encarregados de Educação entrega petição na A.L.R.A.

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Básica e Secundária de Velas, entregou, na Assembleia Legislativa Regional, na passada Segunda-feira, uma petição apelando à realização, com carater de urgência, de obras, na referida escola, por forma a que esta possa reabrir no próximo letivo com as condições mínimas ao seu funcionamento e apelando, também, que se inicie a construção sem mais atrasos nem delongas, da nova e prometida escola, proporcionando aos alunos do concelho de Velas um espaço onde possam crescer, aprender e desenvolver-se de forma digna, saudável e har-moniosa. Nesta petição, Carla Avelar, presidente da Associação, considera que os edifícios que constituem a referida escola já foram construídos a quase três décadas e que se foram degradando com o tempo, apresentando neste momento um avançado estado de deterioração, com graves problemas construtivos que se agudizam em tempos de más condições atmosféricas, causando situações de insegurança e de total ausência de condições para a realização das atividades para as quais foram concebidos. O Breves contatou os grupos parlamentares dos deputados eleitos por São Jorge sobre esta iniciativa da Associação. O CDS/PP, pela voz do deputado Luís Silveira, congratula-se por esta petição, que vai de encontro aos anseios de pais e alunos da referida escola, á opinião do CDS/PP que vinha, à já algum tempo a esta parte, a solicitar obras de reestruturação e correção, embora não tenha sido esse o entendimento do atual executivo da escola, considerando, o CDS/PP, que esta, tal como está, não tem condições para lecionar. Pelo PSD, Mark Marques saúda todas as pessoas que subscreveram esta petição, referindo que cada vez mais a população açoriana, e de São Jorge em particular, participa neste tipo de petições, salien-tando que este é um assunto de fato pertinente visto que a construção da referida nova escola já vem sendo prometida há alguns anos a esta parte. O parlamentar refere que vai envidar esforços, junto da comissão de Assuntos Sociais, para que esta trate este assunto o mais célere possível. O grupo parlamentar do PS, na pessoa do deputado Rogério Veiros, considera a petição apresentada fora de tempo e descabida da realidade atual, sendo que até 16 de Julho serão apresentadas todas as propostas pelos concorrentes á construção da nova escola. Referiu ainda que os fatos apresentados na petição não interferem na qualidade do ensino local, visto que os resultados escolares desta se encontram acima da média regional, o que atesta que, nas Velas, temos bons alunos, bons professores e uma boa escola, que precisa realmente de ser renovada. As condições físicas da escola não são um fator fundamental no sucesso das nossas crianças. Se assim fosse, todas as escolas novas teriam de apresentar bons resultados escolares, o que na reali-dade não acontece. Este executivo regional irá, ainda este mandato, avançar com o início das obras, findas as quais arrancará o processo de construção da nova escola da Calheta, que se encontra numa situação semelhante à escola de Velas, dotando a ilha de São Jorge, a curto prazo, de um parque esco-lar atualizado e de qualidade.

Educação

“Quando tomei posse, ninguém se fiava da Câmara Municipal num quilo de pregos. Os

pagamentos estão a ser efetuados pelo município entre 60 e 90 dias.”

Actualidade

O autarca de Velas, Manuel Silveira, apresentou a “O Breves”, algu-mas das obras adjudicadas recentemente e falou da situação finan-ceira do município neste terceiro ano de mandato. Um investimento superior a 1,5 M €, que vem dinamizar a economia local e criar postos de trabalho na ilha. Assim sendo, o município adjudicou a conclusão do Edifício Sol, em Rosais, obra orçamentada em cerca de meio milhão de Euros, com estimativa de conclusão em Dezembro; a reparação e manutenção dos muros do caminho da Piedade, que consiste na desmatação e reparação dos muros do lado do pico, obra esta com um custo de 400 mil Euros; a Casa Cunha, que vai ser alvo de uma intervenção ao nível estrutural, mantendo a fachada com a varanda que é a maior dos Açores e uma das maiores do país, reabilitando todo o seu interior a fim de se construir um anfiteatro, salas de reuniões, um museu e a parte das cavalariças que será entregue aos escuteiros das Velas, toda esta intervenção ultrapassa os 500 mil Euros; e a reparação e repavimentação de sete canadas que são a Canada de São Tiago, em Santo Amaro, a Canada dos Fragas, no Norte Gran-de, o Caminho Velho da Fajã do Ouvidor, o passeio de mar entre a Urzelina e as Manadas, a Canada do Cruzeiro, na Urzelina, o largo da Fajã do Ouvidor e o Caminho do Portinho na Queimada. Todo este investimento é feito pelas empresas municipais. Relativamente à situação financeira da câmara municipal, Manuel Silveira, o saneamento financeiro está a correr muito bem, tendo este município, em menos de três anos, liquidado mais de cinco milhões de Euros de dívida, através de protocolos de cooperação com o governo regional, através das transferências das verbas do IRS, o município canalizou todas estas verbas para o saneamento financeiro não tendo realizado nenhuma obra municipal. “Os pagamentos efetuados pelo município estão a ser feitos entre 60 e 90 dias, porque quando tomei posse, ninguém se fiava da Câmara Municipal num quilo de pregos”, afirmou Manuel Silveira. Só em dívidas a empreiteiros locais, o município devia mais de três milhões de Euros, e como promessa eleitoral minha, temos liquidado essa dívida, tendo agora por pagar apenas trezentos mil Euros, ou seja 10 % da dívida inicial. O maior problema do município, segundo o autarca, continua a ser a dívida da Escola Profissional de São Jorge, que causa uma asfixia financeira, pondo em causa o normal arranque do próximo ano letivo. “A Escola Profissional será viável após ter a dívida liquidada e é um polo de desenvolvimento do concelho”. “É tão ou mais importante para a ilha como a fábrica de conservas de Santa Catarina”, é a opi-nião do autarca.

Por Carlos Pires

Por Carlos Pires

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Findo este tempo, trocou o trabalho na leitaria pelo da construção civil, onde trabalhou durante dois anos por conta de outrem, lançando-se por conta própria em 1960 no ramo da construção, onde laborou durante vinte e cinco anos. Após este tempo, começou a adquirir propriedades, que ía restaurando e colocando no mercado e ainda hoje detém alguns bairros de casas. Casado, pai de um casal de filhos, a filha é enfermeira e o filho trabalha consigo, estando neste momento a gerir as empresas da família. Tendo colaborado com todos os projetos efetuados na freguesia, e para os que a sua ajuda foi solicitada, agora custeou o arranjo da pia do batistério da igreja de Rosais, projeto este desenvolvido pela comissão fabriqueira da Igreja de Rosais, trabalho efetuado pelo artista local, António Oldemiro Pedroso. Consta da recuperação da pia, onde Alberto Vieira foi batizado, incorporada numa sala sita no edifício da igreja de Rosais, toda ela forrada a azulejos pintados por António Pedroso, com temas alusivos ao ato, atividades e costumes da freguesia.

Este rosalense de coração tem muito orgulho em pertencer a esta comunidade, que é para si, sem dúvida, a freguesia com mais valências sociais ao

dispor dos cidadãos.

Natural da freguesia de Rosais, nascido em 1935 e cria-do no Outeiro da Ponta, Alberto Sequeira Vieira, um benemérito local, partilhou algumas das suas memórias com “O Breves”. Nos tempos que esteve na freguesia antes de emigrar, pertenceu ao coro da Igreja, regido pelo Padre Câmara, aprendeu e tocou música na Filarmónica União Rosalen-se, como primeiro trombone, estando já habilitado a tocar barítono aquando da sua viagem. Emigrou com seus pais e irmão para os Estados Unidos da América nos princípios de Março de 1954, radicando-se no estado da Califórnia. Esta viagem desde Santa Maria até Boston durou 12 horas, depois de Nova Iorque até São Francisco levou mais 14 horas, tornando-se uma deslocação muito longa, que era normal na época. Chegado á Califórnia, foi trabalhar para Pengroove, São Rafael, numa leitaria, “ordenhando vacas”, mudando-se mais tarde para São José, onde trabalhou noutra leitaria, durante quatro anos.

GENTE DA NOSSA TERRA

ALBERTO VIEIRA, Benemérito Rosalense

Por: Carlos Pires

Inauguração do Batistério da Igreja Paroquial dos Rosais Foi minha preocupação primordial, na elaboração deste trabalho artístico, a colocação de imagens do foro religioso integradas na vida desta comunidade rural e cristã. Ao ser batizada um criança naquele espaço, entra para comunidade cristã, e por conseguinte fará parte de toda a sua envolvência sociocultu-ral. Rosais é sem dúvida uma freguesia emblemática na ilha de S. Jorge, e foi minha intenção que o povo desta terra se revisse nestas imagens, e se identifi-casse com elas, pois entendo como cristão que sou, que a igreja de Cristo somos todos nós, e que os santos e santas destes altares foram homens e mulheres antes de serem santos. Por essa razão estão representados agricultores, ceifeiras, pastores e pescadores, Rosalenses, Jorgenses e bons cristãos que poderão alcançar a santidade. Não sou teólogo, nem estudioso de religiões, sou humanista e artista. Vou apresentar-vos a discrição dos diversos símbolos aqui representados. No painel central, pode ver-se o batismo de Jesus. A figura central é Jesus Cristo, trave mestra da igreja, mergulhado nas águas do rio Jordão. Figura de Cristo de braços abertos em atitude de entrega á humanidade, mas, na sua mão direita em forma de concha, transborda de água, porque Jesus é água viva e quem esta com ele jamais terá sede. Nas margens do rio João Batista derrama água de um búzio sobre Jesus, e está de partida, numa posição de quem se vai afastar, porque com o batismo de Jesus a sua missão chegou ao fim. Já o tinha predestinado na sua pregação ao dizer: “ virá alguém mais forte do que eu e eu não serei digno de lhe atar as correias das sandálias” João Baptista mostra um semblante carregado e triste, porque sendo ele uma profeta especial, iluminado por Deus, tem consciência que o seu fim esta próximo e que a vida de Jesus não será fácil. Nas margens pode-se ver 7 fontes, 7 numero sagrado que significa a perfeição, tão perfeita como o vosso magnífico parque que ostenta esse nome e que faz as delícias de quem o visita. A configuração da margem é semelhante a costa norte vista do lado da fajã do João Dias. As Urzes, decoram a paisagem e as sebes, um Açor, pousado num velho cedro olha para a esquerda, ignorando um pequeno coelho, que come tranquila-mente á sombra da árvore. Do lado direito da margem uma lavandeira, pequeno pássaro açoriano inofensivo respeitado e acarinhado pelos agricultores, conta a lenda que era protegido de Nossa Senhora. Enquanto sagrada família fugia para o Egipto estes pequenos pássaros com as suas caudas apagava as pegadas do jumento, evitando que os algozes do rei Herodes os descobrissem. Ao lado um ramo de Hortenses e rosas. Flores de Jarro ornamentam o lado esquerdo. A ladear o painel duas colunas salomónicas com espirais em espigas de trigo. No medalhão central do Rodapé coloquei a coroa do Divino Espirito Santo. A mesma pomba branca que desceu dos céus sobre Jesus, é a mesma que ostenta a coroa do divino; está ladeada por dois anjos um com uma espada e outro com a bandeira, alias estes dois anjos fazem parte de um grupo de 12 que decoram o rodapé deste trabalho e que simbolizam as 12 tribos de Israel. Uma quadra popular do Silveirinha repousa aos pés da coroa. Num lugar digno, num lugar de destaque, como digno foi este grande poeta rosalense, de que todos os Jorgense e Açorianos se devem orgulhar, pelo legado de poesia popular que nos foi deixado, e que passará de geração em geração. Porque o dinheiro gasta-se, as pedras partem-se, mas a cultura perdura. O Silveirinha foi simultaneamente um homem simples do povo mas sábio nos seus versos. Ele representa neste painel, todos os Rosalenses ilustres que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento cultural da sua freguesia, ou que levaram longe a terras de além-mar a sua cultura. Em baixo algo totalmente típico de Rosais, o Carro das bandeiras e os foliões, uma manifestação de cariz popular, mas feita com imensa fé, amor caridade e partilha, porque as festas do espírito santo fazem há seculos nesta freguesia e em todos os Açores o que agora se chama de solidariedade social, dar de comer a quem tem fome. Os que mais tem distribuem pelos mais carenciados. No lado direito, o Bom Pastor descansa tranquilamente, segurando um cordeirinho e ao seu lado um vitelo que se identifica com o nosso pastoreio. Ao colo-car O Bom Pastor na paisagem do pico da velha, foi pela simples razão que, na bíblia, vários foram os profesta que subiram as montanhas para rezar e para se sentirem mais próximos de Deus. Se acreditamos que Deus é omnipresente e que se identifica com o conceito de bom e belo, contemplando um cenário tão fascinante como é aquele miradouro sentir-nos-emos, certamente, próximos Dele. Plantas endémicas, como a urze a romania, e a azorina, decoram a paisagem. Do lado direito, um pastor com o típico barrete de orelhas caminha, transportando uma lata de leite e maçarocas de milho. Do lado esquerdo, uma ceifeira com um balaio de espigas. Não podia conceber um trabalho desta dimensão sem nele incorporar uma homenagem à mulher dos Rosais. Quando comecei a trabalhar, as primeiras colegas de trabalho foram mulheres desta freguesia, e 26 anos depois, as minhas colaboradoras ainda são dos Rosais. Foi através delas que aprendi, muitas das tradições e histórias específicas desta freguesia, uma terra onde as mulheres foram e continuam a ser pedras angulares da sociedade. São mulheres prezadas, briosas, e lutadoras, muitas vezes sacrificadas pelo trabalho domestico e pelo trabalho na lavoura, mas nem assim deixam de ser solidárias e de praticar o voluntariado. Pode ver-se na limpeza desta igreja, nos belos arranjos florais, nas mordomias e fes-tas e até na vossa sociedade filarmónica cuja direção é composta por mulheres. Contudo estas mulheres são também piedosas e no meio de toda essa azáfama sobra-lhes sempre um tempo para rezar o terço ao divino espírito santo ou uma ave-maria a Senhora do Rosario. È totalmente justo a representa-ção das mulheres, neste batistério que voltam a estar presentes no medalhão inferior nas imagens de uma desfolhada. Onde se pode ver a burra de milho, o engenho da debulha e um carro de bois com uma seve.Do lado esquerdo a figura de um cavaleiro com uma oferenda, em representação da solidariedade deste povo. A placa de agradecimento está decorada com símbolos eucarísticos: um cálice com uvas e espigas de trigo e ramos de oliveira. No medalhão inferior uma paisagem da ponta dos Rosais com os seus famosos rochedos, e um bote baleeiro, em memória dessa atividade já extinta, mas que muita importância teve na nossa ilha. O friso superior está decorado com rosas dos Rosais, rosas que estão ligadas ao espirito santo, ao milagre das rosas da rainha santa Isabel, rosa mística como é chamada a virgem maria.E as espigas de trigo são uma marca decorativa em todo o trabalho, pelo valor histórico na economia desta freguesia chamada, em tempos, celeiro da ilha. Espero que o povo dos Rosais ao visitar a sua igreja bem como todos os que aqui vie-rem, contemplem esta obra de arte, e através da beleza das suas imagens se encontrem com Deus.

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Inauguração de edifício da Freguesia das Velas, na Relva

A Junta de Freguesia das Velas inaugurou no dia 27 de Maio Domingo de Espirito Santo, o edifício que contruiu no largo junto ao chafariz na Relva, no lugar da Bei-ra. Segundo o presidente da Junta, Paulo Silveira, a contruçãodo mesmo só foi possí-vel graças ao rigor da gestão da freguesia e a investimentos feitos com critério, como foi o caso. Enalteceu o papel da Assembleia de Freguesia, pela sua ação responsável e coo-perante para com o executivo da Junta de freguesia e agradeceu a colaboração concedida pela Irmandade do Espirito Santo da Relva durante a execução e inau-guração da obra. No local, foi demolida uma casa de pias e foi construído um edifício com instala-ções sanitárias públicas, poço de chafariz, pias e um abrigo de passageiros. Na ocasião, Paulo Silveira, reforçou a importância do papel das juntas de fregue-sia, que apesar dos meios financeiros cada vez mais escassos, continuam a reali-zar investimentos de proximidade as populações como é o caso da obra agora. inaugurada.

Social

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I Atlântic Fut Cup

A AtlânticFut, no seu primeiro ano de vida, promoveu um torneio de futebol dirigido a crianças e jovens dos 4 aos 13 anos de idade, que decorreu no estádio municipal das Velas, na ilha açoriana de São Jorge, de 27 de junho a 1 de julho.

A competição desportiva foi dividida por três escalões: Sub 7; Sub10 e Sub 13. Nos escalões Sub 13 e Sub 10 os jogos foram de futebol de 7 e no escalão Sub 7 os encontros foram de futebol de 5.Estiveram presentes neste evento o S. L. Benfica, Escola Futebol Pauleta, J. D. Lajense, U. D. Moreira e todos os clubes da ilha de São Jorge, um total de 304 atletas, 43 elementos do corpo técnico e cerca de 200 acompanhantes das equipas convidadas.

Desporto

Melhor jogadora sub 13 AtlânticFut A 3º classificado sub 7 Escola Pauleta 3º classificado sub 10 JD Lajense 3º classificado sub 13

Melhor Guarda-Redes sub 13

Melhor Jogador sub 10 Melhor marcador sub 10 Apresentação do I AtlânticFut Cup pelos professores: Pedro Alves, Miguel Bastos, Hélder Teixeira e

João Esteves(Cajó)

Melhor Guarda-Redes Sub 7 Melhor Jogador Sub 7 Melhor marcador sub 13

Melhor Guarda redes sub 10

O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012 11

Escola Pauleta 2º classificado sub 7 Escola Pauleta 2º classificado sub JD Lajense 2º classificado sub 10

Final do escalão sub 13: Escola Pauleta vs SL Benfica(vencedor)

Melhor marcador sub 7

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Obras no Porto dos Terreiros

As obras que estão a decorrer no Porto dos Terreiros consistem no alargamento, correcção e pavimentação da plataforma do porto a fim de facilitar o movimento de barcos e viaturas, nomeadamente atrelados. A dimensão reduzida da sua largura, dificultava este mesmo movimento e tornava praticamente impossível a circulação de viaturas. A obra é de administração directa e da responsabilidade da Junta de Freguesia das Manadas e comparticipada pela Subsecretaria das Pescas em 40 Mil Euros. O Presidente da Junta de Freguesia das Manadas, Vasco Matos, afirma que a população está de acordo com a obra e relativamente a esta ser efec-tuada em pleno Verão, os incómodos serão mínimos devido a ser uma obra de curta duração não interferindo na zona balnear, que é de grande afluên-cia. Prevê o prazo de conclusão para fim de Julho. Desta obra consta também a instalação do antigo guindaste das Velas, “peça de museu“, afirma Vasco Matos, que está a ser alvo de uma grande inter-venção/reparação a fim de ser montado para servir a população. Sobre esta obra, o Subsecretário das Pescas, Marcelo Pamplona, afirmou que após o estudo do projecto apresentado pela Junta de Freguesia, princi-palmente em relação à viabilidade/custo, a Subsecretaria concluiu que o aumento do terrapleno era essencial para a movimentação de pessoas e viatu-ras locais. Estes protocolos de cooperação vão de encontro a uma completa reforma e requalificação da rede de portos dos Açores, com o intuito de aproximar o mar e a utilização do mar às populações, afirmou Marcelo Pamplona.

Junho nas Manadas

Por: Maria José silveira

Junho chegou sem a edição de Maio do nosso “O Breves”. Avaria nas máquinas e desilusão dos leitores já acostumados a comprar este mensário. Mais um mês de brumas e chuvas abundantes deu novo alento à terra e repôs o nível normal de aquíferos, lagoas e tanques minguados pela seca dos últimos anos. Deus dê o céu ao tempo em que o povo das Manadas se gabava de ter a melhor água desta ilha de São Jorge. Pode ser que neste Verão saia das torneiras com menos sal. Lá se foram as mordomias e as folias dos Bandos que deram vez à nova geração de poetas populares, que, sem ofensa aos demais, versejaram com graça, seguindo a tradição de honrar Mordomos e Imperadores, que bem desempenharam os respectivos papeis. A festa de Santo António teve coroação organizada pela direcção da Sociedade Filarmónica Recreio Terreiren-se, que acompanhou a procissão até ao porto dos Terreiros, onde o celebrante, Rev. Ouvidor Pe. António dos Santos, fez um curto mas eloquente sermão seguido pelos devotos atentos que não deixaram para os peixes o que lhes cabia aprender. Os andores do mais popular santo português e da respectiva barquinha, foram levados por descendentes de Vitória Almeida, familiares vindos da Califórnia para esta festividade que teve abundante distribuição de Bolinhos de Santo António. Quase ao pôr-do-sol saiu a marcha, em brilhante desfile, ornado de amores-perfeitos, com pares das Manadas e da Urzelina, que partilharam com o público a magia da música e da dança, aplaudida com entusiasmo nesta exi-bição inaugural.

Diz o Sr. João Brasil, gestor de negócios e de “estórias”, que Terreiros eram os sítios mais planos, onde o linho era posto a secar, nos tempos em que os panos eram feitos por tecedeiras de cá, com linho e lã. Ricos proprietários das Velas, donos de escravos, aqui mandaram erguer as adegas onde as uvas eram transformadas no bom verdelho dos Casteletes, que saía pelo porto dos Terreiros, agora local de veraneio servido pelo Bar do Zé que, de certo modo, faz a guarda que, a 12 de Agosto de 1570, foi atribuída ao Juiz Pedânio Manuel Cordeiro Vieira, substituído no ano seguinte por Belchior Afonso, filho de João Afonso Velho. Foi junto da Ribeira das Pretas, assim conhecida por lá irem lavar as escravas de origem africana, agora chamada Ribeira dos Terreiros, que Amaro Ferreira da Silva abriu a sua primeira venda, no ano de 1933, passada para o sítio do Outeiro em 1950, onde ainda permanece, a cargo do seu único neto, com o mesmo nome. Aí se encontra a representação de tintas, para além da oferta normal de mercearia, fruta, vegetais, cosméticos, calçado, confecção e joalharia. Conta Filomena Moules, proprietária da venda junto à Ribeira, que ainda conheceu abertas as vendas de Maria Celeste, Virgínio Padeiro e Luís Florindo, para além desta que foi de seu pai, João da Costa Moules, e da que é de Amaro, nos Terreiros. Nas Manadas eram quatro, a começar á Volta da Vilante, com Nascimento dos Santos, seguindo-se José Joaquim Farinha, ao Pátio, e acabando nos vizinhos da Ermi-da, António Bernardo e João Luís. A Venda da Filomena tem uma variada oferta de produtos que vale a pena apreciar e comprar, pois o comércio local é digno da nossa atenção e preferência.

Por: Carlos Pires

Opinião

Se vai á Ilha da Terceira,

Graciosa ou São Jorge de

férias ou por motivos de

saúde, prefira a casa de

Jorge Silveira Cassete.

Autarquias

O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012 Publicidade 13

“Factos”…

Opinião

Por: Rogério Veiros

Deputado Regional - PS

Estamos em ano eleitoral, no qual os açorianos serão chamados a pronunciar-se na escolha da cons-tituição da próxima Assembleia Regional que definirá a constituição de um novo Governo.

Os principais partidos anunciaram já os seus candidatos a Presidente do Governo, que num período de pré-campanha e depois de campanha, apresentam as suas ideias e proje-tos para o futuro dos Açores, no conjunto das suas 9 ilhas. Como é meu dever, enquanto cida-dão açoriano, tenho seguido com alguma atenção a atuação dos can-didatos. Aprecio a abertura dos par-tidos à sociedade civil e o contato com as pessoas. Nos Açores a pro-ximidade entre políticos e eleitores é mais intensa e daí os políticos esta-rem mais expostos ao cidadão em geral, pelo que escuto as pessoas que reagem em função deste con-tacto e do acompanhamento que fazem da pré-campanha eleitoral. Satisfaz-me claramente ouvir cada

vez mais cidadãos a reconhecer a forma séria, capaz e frontal como o candidato Vasco Cordeiro aborda os diferentes assuntos, sem artificialis-mos e com a devida naturalidade. Por outro, confirmo que os açoria-nos distinguem claramente as necessidades e potencialidades pre-sentes, ao invés de valorizarem pro-messas soltas sem sustentabilidade ou concretização possível, mas ditas de uma forma quase convin-

cente. Há dias, um Senhor que habitual-mente encontro e converso, ouvindo

a sua sabedoria adquirida ao longo dos seus já longos anos de expe-riência de vida disse-me: “amigo, então não viu por aí a fada madri-

nha, nos arraiais do Espírito Santo, a distribuir beijos e promessas para outubro?” Eu, surpreso com a ana-logia, rapidamente percebi que se referia a uma das candidaturas. Esta observação de um Senhor com mais experiência de vida que a minha fez-me refletir, e concluir que nos dias de instabilidade internacio-nal e nacional que todos vivemos e

estamos a sofrer, devemos ter a coerência de assumir a realidade com verdade, responsabilidade e solidez. Por isso, muita cautela! Como disse o meu amigo, a fada madrinha anda por aí e eu já não tenho idade para acreditar em fábu-las!

“A fada madrinha anda por aí!"

Olhe-se à volta, nesta ilha como noutras, e torna-se tristemente claro que as políticas dos sucessi-vos governos regionais e da República não con-

seguiram diminuir o fosso de desenvolvimento entre as várias partes do nosso arquipélago. Nos Açores, Coesão é cada vez mais uma pala-

vra oca para rematar frase sonora num qualquer discurso de ocasião. E são tantas as ocasiões, tantos os discursos... Desde a colocação da pla-ca que marca o local da promessa que se vai

deixar por cumprir, à apresentação solene do projeto que nunca vai deixar de ser apenas isso, à inauguração (vá lá!) do investimento prometido há quinze anos, todos merecem a habitual discur-

sata do governante inchado (não é das lapas, é do orgulho!) e lá vem a palavrinha dourada que todos adoram usar: Coesão.

Esquecêssemos nós o que vemos todos os dias à nossa volta e déssemos apenas ouvidos a tais discursos e ficaríamos a pensar que as oportuni-dades, que a riqueza criada, que o acesso aos

serviços essenciais estava justa e equitativamen-te distribuído por todas as ilhas dos Açores e que não havia, afinal, nem ilhas de primeira nem ilhas de segunda. Acredito que são poucos, cada vez

menos, os que se deixam levar neste logro. A realidade, infelizmente, é bem mais complica-da. É verdade que ninguém pode afirmar com

seriedade, que nada foi feito nesta ilha. Fizeram-se marinas, fábricas de queijo, salvou-se uma fábrica de fechar e alguns sortudos das suas dívidas, fez-se uma ou outra estrada, alguns lares

e equipamentos sociais e até se tem prometido muitas vezes uma escola nova, depois de se ter fechado a eito quase tudo o que era escola nas freguesias rurais desta ilha. A César o que é de

César. O problema, de São Jorge e dos Açores, não é propriamente a falta de investimento público –

basta pensar no ror de milhões de fundos euro-peus que para aí têm sido gastos –, mas muito mais o como e onde se investe. Os exemplos, em São Jorge, são muitos e para-

digmáticos: Constrói-se uma gare marítima na Calheta, mas não se criam novas ligações para lhe dar uso; Faz-se uma nova torre no aeroporto, mas não se aumenta a frequência dos voos,

concentrando em São Miguel aviões, ofertas e passagens promocionais (as tais a menos de 100 Euros que, afinal, não são para aqui!); Entope-se

com uma nova rampa o porto de pesca das Velas para garantir que as embarcações jorgenses não aumentam nem se ampliam; enterra-se dinheiro numa marina dos pequeninos, para ver se se

consegue desviar o tráfego iatista mais para os lados da nova, caríssima, enorme e deserta mari-na de Ponta Delgada; Fazem-se novas fábricas de queijo, mas encerram-se as cooperativas à

dúzia, destruindo dezenas e dezenas de postos de trabalho que tanta falta faziam; Salvou-se a conserveira da gestão à cow-boy, mas parece que terá sido apenas para entregá-la aos índios,

porque já está, sem se perceber como, em novas dificuldades financeiras; Deixa-se ir pelo buraco, pouco a pouco, a Escola Profissional, passando a

outros a batata quente de se preocuparem com a fixação dos nossos jovens. Por este andar, daqui a pouco tempo só irá valer a pena investir, de facto, em lares de idosos… e cemitérios! A César

o que é de César. Todos estes exemplos trazem a marca de uma política que olha para as ilhas mais pequenas como um fardo e não como oportunidades de

desenvolvimento. O Governo Regional tem de ir jogando o seu jogo eleitoral de investir a sério onde se ganham mais votos, mas não pode dei-

xar parecer que absolutamente nada faz pelas outras ilhas. Nessas é investir, mas pouco. Desenvolver mas não muito. Mas, infelizmente, para este resultado também

trabalham e afincadamente o PSD, o CDS e o seu Governo. Bem pode o Deputado do PSD vir dizer que a repartição de finanças da Calheta, “enfim… não está encerrada, está de porta fecha-

da!” e, chantageando, afirmar que os jorgenses podem olear essas duras dobradiças com mais votos no PSD, que ninguém se vai esquecer que

foi para o Governo de Passos Coelho que o PSD e o CDS andaram por aí a pedir votos. Mais uma para lhes agradecer…

Um último exemplo dos que continuam a olhar

para as nossas ilhas como sendo as “de baixo” é

a visita, com pompa e circunstância, do Grupo

Parlamentar do BE à ilha de São Jorge. Ao fim de

quatro anos de mandato, finalmente perceberam

que aquela sombra que viam ao longe era uma

ilha e que morava lá gente e que ainda por cima

votavam! Não fosse este ano de eleições e certa-

mente os jorgenses teriam de esperar ainda mais

tempo até que aparecessem, embora isso em

nada atrase ou adiante os problemas da ilha.

Apesar da muita conversa, afinal o BE é apenas

mais um dos partidos que acham que uma ilha

não vale mais do que os votos que rende.

Lamenta-se.

Estamos em ano eleitoral. Os principais partidos anunciaram os seus candidatos a Presidente do Governo Regional. Mas esta é uma má postura. É uma tentativa de PS e PSD de enganar os Açorianos e, em concreto, os Jorgenses, pois a bem da verdade não há candidatos a Presi-dente do Governo. Nas eleições Regio-nais vota-se para eleger os Deputados, pelas ilhas onde concorrem. Depois de contados os votos e de distribuídos os mandatos aos Deputados é que o partido mais votado é convidado a formar Gover-no. O desespero eleitoral de PS e PSD é tal que já desde o ano passado que andam a fazer campanha, num claro desrespeito pelas dificuldades que os Açorianos sen-tem devido à crise. Só por curiosidade, em alguns meandros, já se chama à can-didata do PSD a Deputada pela ilha de São Miguel, Berta Cabral, a “Fada Madri-nha”, por andar a prometer tudo e a todos, sabendo que se chegar ao Gover-no não o poderá cumprir. Mas falemos do candidato do PS a Depu-tado pela ilha de São Miguel, Vasco Cor-deiro, que se propõe presidir a um even-tual Governo Regional, da responsabilida-de do PS. Este candidato, no qual só vão votar os eleitores de São Miguel, já foi Deputado e membro do Governo do PS e afirmou recentemente “ser possível fazer mais e melhor”, “ter um Governo mais pequeno”, fazer milagres “nos primeiros 100 dias de Governação”… Mas, afinal, quem andou durante os últimos 16 anos a engordar e aumentar os cargos políticos na Região? Então, se é possível fazer mais e melhor, porque é que não se fez e não se faz? É preciso aguardar por um novo Governo? É preciso continuar a sacrificar os Açorianos, quando se afirma ser possível e até se diz que se sabe como fazer melhor? Haja paciência para tanta demagogia! A política e os políticos já estão suficien-temente descredibilizados. Não vale a pena Berta Cabral e Vasco Cordeiro con-tribuírem mais para o aumento dessa descredibilização! Num dia dizem que não é possível fazer mais e melhor, por causa da crise, mas, no outro, prometem tudo a todos… Sejamos sinceros e honestos para com aqueles que nos dão o seu voto de confiança. Falem verdade às pessoas. Não prometam descarada-mente aquilo que sabem que não pode-rão cumprir. Em suma, temos aqui dois Partidos e dois candidatos a Deputados, que começam por enganar as pessoas a dizer que são candidatos a Presidente do Governo, e depois, de forma desenfreada, correm as nove Ilhas dos Açores numa espécie de competição para ver quem consegue pro-meter mais… e mais! Brevemente, vamos começar assistir, por parte destes dois Partidos, à política da caça ao voto em troca de uns sacos de cimento, de umas telhas, e, como se faz agora mais recentemente, de uns evoluí-dos electrodomésticos… As pessoas, hoje, sabem votar, e não pensem que ao aproveitarem-se da fragi-lidade das pessoas, dos seus fracos recursos económicos, ganham o voto delas em troca seja do que for. A todos aconselho que aceitem o que lhes oferecerem, porque o que é dado não é roubado, mas votem em quem acharem que merece o vosso voto. Porque os votos das pessoas não se compram, merecem-se. A mudança está nas mãos dos Açorianos!

No passado mês de Março, em Conse-lho de Ministros, foi aprovada uma pro-posta de uma nova Lei de Entrada, Per-manência, Saída e Afastamento de Estrangeiro/as. Associações de imigran-tes, direitos humanos e movimentos sociais tomaram posição sobre a propos-ta de nova lei do Governo PSD/CDS-PP, manifestando “o seu total repúdio à vira-gem drástica da política de imigração seguida nos últimos anos por Portugal”, referindo que esta política “tem sido elo-giada pela sociedade portuguesa e inter-nacional”.A proposta de lei prevê a “incorporação na lei portuguesa da Dire-tiva do Retorno (a chamada Diretiva da Vergonha), que constitui um retrocesso imposto pela Europa de Sarkozy e Mer-kel, cujo objetivo é facilitar ao máximo o afastamento e expulsão dos e das imi-grantes em situação irregular” e lembram que esta diretiva “foi criticada mundial-mente, inclusive por vários governos e pela Igreja Católica, como contraditória com os melhores valores civilizacionais europeus e uma flagrante violação da Dignidade da Pessoa Humana e aos Direitos Humanos”.As Associações de Imigrantes alertam, e bem, que pela pro-posta da nova lei, “muitos e muitas imi-grantes vivendo há muitos anos em Por-tugal, trabalhando e descontando para a Segurança Social e o Fisco, ficarão na eminência de serem expulsos, caso não consigam manter a sua situação regulari-zada no país devido à difícil situação do país”.Em Dezembro de 2011, sob a égi-de do Observatório do Alto Comissariado para a Imigração e o Dialogo Intercultural (ACIDI), foi publicado um Estudo sobre “Imigrantes e a Segurança Social em Portugal”. Neste Estudo realça-se o fac-to da inscrição quase universal dos imi-grantes no sistema de segurança social. Sendo que não são apenas inscritos os que estão em situação legal e com uma relação laboral formal, mas também aqueles que se encontram em situação irregular, ou seja por uma ambiguidade institucional e normativa também os imi-grantes em situação irregular descontam autonomamente, fazendo-o porque, des-de há vários anos, o facto de terem efe-tuado descontos para a Seg. Social é condição requerida para obter a regulari-zação! O que leva a que os números de inscrições na Segurança Social sejam mais elevados do que os do registo dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras. Sem sombra de dúvida, o investigador que coordenou este estudo, o Prof.º Dr João Peixoto, defende que “os imigran-tes estão longe de ser uma carga para o sistema”. Este estudo demonstra que, sendo os imigrantes em Portugal na sua grande maioria pessoas jovens e em idade ativa, o saldo é positivo.Em sínte-se, deve ser sublinhado que, em termos financeiros líquidos, os imigrantes são largamente contributivos do siste-ma.” (In: Imigrantes e Segurança Social em Portugal, 2011, João Peixo-to). Em 2010, o balanço entre os valores das contribuições e o conjunto de presta-ções sociais e pensões revela um saldo positivo de 316 milhões de euros. Ina-creditável é que, três meses após a publicação deste Estudo, o Governo PSD/CDS venha propor a alteração da Lei de Entrada, Permanência Saída e Afastamento de Estrangeiros/as, introdu-zindo-lhe entre outras alterações a cha-mada “Diretiva da Vergonha”. Por que motivo que não o do puro preconceito e agenda ideológica!

Desenvolver mas não muito

Por: Tiago Redondo

www.politica-dura.blogspot.com

Em São Jorge ninguém vota em Berta ou Vasco…

Por: Luís Silveira

Deputado Regional - CDS-PP Contra “mitos e medos”, a verda-de das contas dos imigrantes em

Portugal

Por: Lúcia Arruda

14 O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012

Para primeiro artigo de opinião enquan-to Presidente da Concelhia da Juventu-de Popular das Velas escolhi um tema de extrema importância para toda a população do Concelho, e em especial para a juventude: as obras em zonas balneares. O Verão é uma época do ano muito apreciada por toda a comunidade, parti-cularmente pelos jovens, visto que, é a época de férias, aproveitada para des-cansar, conviver com amigos e família. Uma actividade apreciada pelos jovens é a ida, como vulgarmente se diz, ao banho. Contudo, para isto são necessá-rios espaços com boas condições de segurança, acessibilidade e acolhimen-to das pessoas. Há uns meses atrás, a Câmara Munici-pal das Velas começou uma obra de reparação numa das nossas piscinas naturais da Vila (a “Poça dos Frades”), visto que o mar estragou parte desta. Segundo o Sr. Presidente da Câmara, as obras serviriam para melhorar a zona balnear, para que todas as pessoas conseguissem aceder com facilidade ao mar, pois o rigor do Inverno danificou o acesso à Poça (um dos locais escolhi-dos por muitos Velenses e turistas)… O autarca referiu ainda que seria colocada areia no local. Agora, que está finalizada a obra na “Poça dos Frades”, verificamos que o espaço ficou completamente inseguro, visto que, para além de não ter sido colocada a areia prometida, a rampa que foi feita ficou, desculpem-me a expressão, uma autêntica porcaria, visto que foi feita em betão (sem ferro). A opção do betão foi um erro, coloca a segurança dos utilizadores em causa, porque o betão em contacto com o mar cria lodo e limos e torna o piso escorre-gadio. Entretanto, a Câmara Municipal das Velas pela sua incapacidade fez com que o Concelho e a Ilha tivessem perdi-do a única bandeira azul que São Jorge tinha… Não fizeram pequenos investi-mentos, necessários à manutenção do galardão, e perdeu-se algo que distin-gue e premeia as zonas balneares. Outro erro clamoroso, agora da respon-sabilidade do Governo Regional, é a obra no portinho dos Terreiros. A Junta de Freguesia (com dinheiro do Gover-no) decidiu fazer obras de melhoramen-to no local. O erro é fazer as obras sem se ouvir a população e sem se conhecer o projecto, para além de que iniciaram as obras já depois de aberta a época balnear. Isto prejudica, quer a popula-ção que utiliza esse espaço, quer a fre-guesia, pois as obras (em pleno Verão) retirarão muitas pessoas que habitual-mente usam esta zona balnear e tam-bém muitos turistas que costumam vir de férias para o local. Quaisquer destas obras deviam ter sido previamente planeadas tanto nos cus-tos, como na duração e na segurança, e não deviam ter sido realizadas em pleno Verão. Infelizmente verifica-se que, apesar da crise que vivemos, continuamos a assis-tir às entidades públicas a gastar dinhei-ro em obras, apenas para dizer que fizeram qualquer coisa, sem que os investimentos sejam devidamente pla-neados e ponderados. É por causa deste método, deste fazer só por fazer, que o País, a Região e o nosso Concelho estão sem dinheiro. É preciso mudar e a mudança está nas mãos dos Açorianos!

Opinião

O fecho do Serviço de Finanças na Vila da Calheta é de mau augúrio para a ilha de São Jorge e, quanto a mim, não diz respeito só aos Calhetenses. Neste caso, as boas intenções, manifesta-ções e promessas eleitorais não bas-tam, é absolutamente necessário cha-mar os bois pelos nomes. Infelizmente, assistimos nos últimos anos a um ciclo vertiginoso em que o Estado (em nome da contenção das despesas) encerra serviços, desloca funcionários e deixa de servir as popu-lações. Todos nós já testemunhamos o fecho de algumas das nossas escolas primárias, assim como o encerramento das nossas cooperativas nos dois con-celhos desta ilha. Penso que é chega-do o momento, em nome da defesa dos interesses gerais dos jorgenses, de colocarmos de lado o bairrismo mes-quinho e doentio que tanto mal sempre nos fez e ainda faz. Assim, como jor-gense, só posso estar pessoalmente ao aldo das nossas gentes que fazem do concelho da Calheta a sua casa, logo, sou claramente contra o fecho do respetivo Serviço das Finanças. Quanto a mim, este atentado contra os direitos dos Calhetenses tem autores morais e políticos e é de elementar justiça responsabilizar os verdadeiros culpados. Sendo o serviço das Finan-ças da estreita tutela do Governo da República e sendo este governo o pro-duto da coligação do PSD e do CDS/PP, compete a estas duas forças parti-dárias assumirem perante a nossa gen-te que ordenaram o fecho deste servi-ço. Mais, é bom lembrar que a própria autarquia da Calheta também é do PSD, logo devemos extrair daqui as devidas ilações. Ou seja, não podemos cair no facilitismo de pensar que o PSD e CDS/PP ao nível nacional, regional e local são partidos políticos diferentes, são realmente as mesmas forças parti-dárias e, neste caso em particular, são elas que detêm as devidas responsabi-lidades. Que fique bem claro, como socialista que sou, que não estou a fazer política com o mal dos outros. No entanto, hou-ve uma diferença entre a forma como a autarquia das Velas superou recente-mente uma situação destas, embora com um custo político elevado para a própria equipa da edilidade. Quanto a mim, o que realmente está em causa com mais este fecho de serviços é para que serve o Estado afinal? E a respos-ta é óbvia em democracia, o Estado existe para servir o povo e não para se servir deste. Infelizmente nos Açores, sabemos muito bem o quanto o centra-lismo de Lisboa e os seus acólitos espalhados na função pública são real-mente uma hidra e este governo do PSD e CDS/PP não foge à regra.

Hoje registamos o fecho do Serviço

das Finanças na Vila da Calheta, ama-

nhã poderá ser o fim do Cartório do

Registo Civil, duma freguesia, ou no

pior dos cenários, a extinção do próprio

concelho! As gentes de São Jorge,

Calhetenses e Velenses, merecem no

mínimo o respeito dos seus governan-

tes e neste caso, o Estado (central e

local) também se deve dar ao respeito!

Em democracia, nunca podemos baixar

os braços como cidadãos, antes pelo

contrário, temos de estar sempre vigi-

lantes.

Casa Roubada,

Trancas à Porta

Pelo Contrário

Por: João Amaral da Silva

A adopção é o processo de atribuir o lugar a uma criança, que não des-cende da mesma história que um eventual casal, mas que daí pode advir a possibilidade de haver uma integração e dinâmica familiar de uma outra pessoa, proveniente de uma outra terra e outra história de vida. Quando se toma a decisão de adoptar, esta, não pode ser tomada de uma forma simplista, pois é mui-to importante o entendimento, o diá-logo e a compreensão, pois assim estamos a mudar a nossa forma de vermos o mundo, bem como nos adaptarmos a outra cultura que nun-ca esperamos que seja vista duma forma discriminatória. Bem sabemos que uma decisão destas pode carre-gar em si uma herança cultural mui-to forte, com comentários negativos e visões preconceituosas, é que por vezes a nossa cultura valoriza os laços sanguíneos em detrimento dos laços afectivos. Contudo, pen-samos que o acto de adoptar é um dos actos de uma tal superior nobreza, e sem dúvida dos mais notáveis. Quando ao longo dos anos muitas pessoas das mais variadas profis-sões, professores, técnicos superio-res, polícias, técnicos nas mais diversas áreas, entre tantas outras classes de trabalhadores, decidiram um dia viver nesta maravilhosa terra dos Açores e foram recebidos duma forma muito positiva, não foram estas também adoptadas pelos aço-rianos e que hoje duma forma afec-tiva defendem estas ilhas como se fossem nascidos nelas? Da mesma forma adoptados e adoptantes jun-tos num acto de amor e coragem assumem a responsabilidade dos Açores, pois esta passou a fazer parte da nossa história. Esta adop-ção entre nós açorianos é o encon-tro duma caminhada pela constru-ção de um relacionamento de facto sólido e integrado, pois sem diálogo e sem entendimento esta adopção não teria resultado. Tudo isto tem a ver com a nossa cidadania, já que se trata da construção de uma famí-lia e sociedade constituída por laços legais, afectivos e não consanguí-neos e pelo desejo assumido e consciente de todos nós Açorianos formarmos uma família. Todos estes actos entre nós se relacionam para vivenciar os afectos, e precisamos considerar tudo o que permeia os dois lados, para que o encontro se dê, cresça e se perpetue de modo organizado, sólido e integrado e que no final seja só um lado, pois de fac-to somos um todo. Talvez possa ser uma utopia da minha parte, ou tal-vez não, pois esta adopção ajuda a construir uma terra, um mundo quem sabe mais justo e harmonioso para todos nós, pois houve em tem-pos que muitos um dia disseram “Que bom é ser Açoriano” pois nós concluímos “Que bom foi sermos adoptados pelos Açores”.

Adopção…

Por: Lopo Miguel Santos

16 dC ( Dezasseis anos depois de César)

Por: Paulo Silveira

O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012 15

Planear, para respeitar o dinheiro dos contribuintes

Por: André Silveira

Em 16 dC, o nosso quotidiano é feito de notícias, sobre o muito que se gastou e do pouco que foi feito, sobre as promessas que de tanto tardar se tornaram (mais) uma desilusão. Já é tempo de despertarmos deste estado de apatia, deste sentimento de des-graça que atiraram sobre nós. Sim é possível, sair deste estado de coisas, bom para muito pou-cos e mau para quase todos. Está a chegar o tempo de agar-rar as oportunidades e de tomar-mos as rédeas da nossa vida, conscientes de que para alcan-çar o sucesso é necessário capacidade de decisão, pensa-mento crítico, metas e objetivos que sejam cumpridos. É urgente pensar e agir, (dezasseis anos depois) Não podemos viver de promessas, para verificar apenas que nada resolvem no imediato, que os problemas permanecem, e o futuro é incerto. A política instan-tânea é isso mesmo, instantâ-nea. Falta-lhe perspetiva de futu-ro a longo prazo, de investimen-tos que realmente tragam valor acrescentado, que garantam uma melhoria efetiva da nossa economia e da nossa vida como Açorianos. Em São Jorge, vamos trabalhar, lutar e decidir, por um futuro melhor. Vamos criar as nossas oportuni-dades.

16 O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012

Festa dos Pescadores nas Velas

Decorreu na Vila das Velas, no fim-de-semana de 23 e 24 de Junho, a Festa dos Pescadores. Já havia algum tempo que esta festa, em louvor a São Pedro Gonçalves, Padroeiro dos Pescadores, não era realizada, mais precisamente há 21 anos. Realizou-se em 2007, uma festa similar pela comemoração do Dia do Pescador, com organização da Associação e Pescadores da Ilha de São Jorge (APISJ), com a procissão da Senhora da Boa Viagem. A APISJ em conjunto com o Clube Naval de Velas tentou lançar um embrião para se implementar estas celebrações ligadas diretamente ao mar. A organização espera que seja criada uma comissão de festas, com participação do Clube Naval de Velas, APISJ e pesca desportiva, que elabo-re um programa de festas, em torno das celebrações religiosas, que seja vigente anualmente e que eleja o mar como peça primordial e de refe-rência para a Vila das Velas e respetivamente para São Jorge. Houve muita colaboração da população, os Portos do Triângulo não levantou entraves e as atuações foram livres de encargos. “A Vila das Velas está no sítio certo para realizar algo com qualidade, criticar é fácil, elaborar projetos é mais difícil”, afirma António Lau-reano, Presidente da APISJ. António Laureano informou ainda que a APISJ tem um projeto em mãos no valor de meio milhão de euros que consta da remodelação do entre-posto frigorífico e construção de uma pequena fábrica de transformação do pescado, para abastecer a ilha toda e mercado exterior.

Religioso

Por Carlos Pires

O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012 Publicidade 17

18 O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012

Uma vez mais o Queijo DOP (Denominação de Origem Protegida) de São Jorge foi notícia pelas melhores razões, o Júri do Concurso Nacional de Queijos Tradicio-nais Portugueses com Nomes Qualificados, inserido na Feira da Agricultura de Santarém, conferiu a Medalha de “Melhor dos Melhores” de 2012 ao Queijo DOP de São Jorge com cura de 7 meses, e a Medalha de Prata ao Queijo DOP de São Jorge de cura de 4 meses. De desta-car que o reconhecimento do excelente produto é fruto do trabalho e dedicação de todos os que estão envolvidos na produção do Queijo São Jorge. Bráulio Rodrigues presidente da Uniqueijo, União de Coo-perativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge, conside-rou a distinção uma oportunidade e um veículo para que seja desenvolvida uma estratégia cuidada de promoção e valorização do produto. Esta valorização tem sido muito difícil, porque este é um

queijo quase gormet, para apreciadores de queijo e infe-

lizmente não está acessível a todas as famílias açorianas,

afirmou Bráulio Rodrigues.

O melhor dos melhores, e o segundo melhor.

Ao fim dos três dias da visita a São Jorge o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda diz ter encontrado uma ilha com elevado grau de desertificação humana, onde ainda não existem condições para a fixação dos jovens. Critica as políticas aplicadas pelos governos socialistas em São Jorge e diz não compreender o porquê dos agricultores receberem tão pouco pelo produto de excelência que dispõem. “Ninguém compreende que o melhor leite da Europa seja o mais mal pago, que o melhor queijo do país, pro-duzido nesta ilha, não reverta em benefício dos agricultores jorgenses e da economia da ilha”, afirmou Zurai-da Soares. “Receber, apenas, 22 cêntimos por litro de leite e esperar um trimestre para o receber, não se adapta à reali-dade local”, e que “a escola profissional da ilha deve ser acarinhada, valorizada e defendida porque é a garantia da valorização dos recursos humanos da ilha e da região”, afirmou ainda a presidente deste grupo parlamentar.

O Bloco de Esquerda deixa São Jorge com a ideia de que não existe um plano de desenvolvimento sustentá-

vel e onde é urgente recuperar o Ecomuseu da ilha.

Visita do Bloco de Esquerda a São Jorge.

Somos uma Ilha cheia de potencial

Todos sabemos que, actualmen-te, a crise económica e social está presente no nosso dia a dia, seja quando ligamos a tele-visão e vemos os telejornais, seja quando vamos em viagem e ouvimos a rádio, ou quando sim-plesmente folheamos os jornais. Os preços dos produtos e servi-ços aumentam, os salários estagnam e o desemprego sobe. Em todo o país aumenta a inse-gurança relativa ao futuro mais próximo. Em São Jorge, os efeitos da cri-se também se fazem sentir, mas será que isso é o bastante para estagnar o crescimento e desen-volvimento da ilha onde vive-mos? Certamente que não. A nossa ilha está cheia de bons exemplos de iniciativas de quem tenta dar a volta à crise com audácia e empenho. Os Jorgen-ses já provaram várias vezes serem pessoas de garra e sem medo de enfrentar desafios. Pessoas que querem ver a sua ilha em desenvolvimento, prote-gendo os seus usos, costumes e tradições sem deixar escapar os mais novos para irem à procura de outras oportunidades em outras paragens. Seja no turismo, com a promo-ção do bem receber os turistas, nos produtos tão bem conheci-dos da nossa ilha como o queijo, o atum, entre outros, com o arte-sanato, e em outras áreas, a verdade é que São Jorge é uma ilha cheia de potencial, não só porque ainda encontramos muito que fazer, mas também pela génese dos seus habitantes e a sua localização geográfica. É este o desafio que tem de ser proposto aos Jorgenses: promo-ver e aproveitar o que a nossa ilha tem de melhor. Somos uma ilha cheia de potencial, temos é de saber usá-lo da melhor maneira possível. Não é fácil esta tarefa, mas também não é impossível. Certo é que o desâ-nimo não nos pode fazer baixar os braços e como diz o ditado “ melhores dias virão”, basta remarmos para o mesmo lado, e com a mesma intensidade, por-que se melhorarmos a nossa ilha, melhoramos a vida de cada um dos que cá vivem. Assim, novos e menos novos, políticos e não políticos, particulares e instituições, aqui fica o desafio a todos. Potencial já temos, agora só falta o resto.

Opinião

Por: Carla Santos

Política

Interesse Público

“…é na crise que se aflora o melhor de cada um…” Albert Einstein

Por Carlos Pires

Por Carlos Pires

O BREVES - 30 DE JUNHO DE 2012 19

Dia 19, Quinta-feira

19h30 – Abertura oficial da edição do Festival de Julho 2012. – Apresentação do livro Já não vem nin-guém, da autoria de Sidónio Bettencourt, por Belarmino Ramos. Leitura de poemas por Luísa Brasil e Pília Melo. Local: Salão Nobre dos Paços do Concelho. 21h00 – Desfile de Moda, pelas Boutiques Baluti, FlorModa e Leon-tina. Local: Rua 25 de Abril. 21h45 – Concerto pela Filarmónica Recreio dos Lavradores. Local: Palco junto às tasquinhas. 22h30 – Noite Ativa - Espetáculo de Dança e Step, com a participação dos grupos: CAO, Free-dom Dancers, Masogym, Hip – Hop do Topo e Gimni-Centro das Velas. Local: Cais da Calheta. 23h30 – Atuação do gru-po “Os Improváveis”. Local: Cais da Calheta.

Dia 20, Sexta-feira

10h00 – Animação Infantil, destinada a todas as crianças do Concelho. Local: Campo de Futebol Municipal. 19h00 – Lançamento dos dois últimos livros de Norberto Ávila: A paixão segundo João Mateus e O Bobo – versão teatral do romance de Alexandre Herculano (este, a nível nacional). Participação dos atores Belarmino Ramos e Luísa Brasil. Local: Esplanada do Calhetense Bar. 20h00 – Futsal Masculino, Futebol Clube Calheta/Clube Desportivo Escolar Ilha Branca da Graciosa. Organização do Futebol Clube Calheta. Local: Ginásio da Escola Bási-ca Secundária da Calheta. 20h00 – Concerto para órgão e vozes. Compositores: Bach, Haendel, Mozart. Organista: Olena Sydorenko. Vozes da Oficina dos Artistas Traquinas. Local: Igreja Matriz da Calheta. 20h30 – Concerto pela Filarmónica da Sociedade Estímulo. Local: Palco junto às tasqui-nhas. 21h30 – Desfile de filarmónicas. Percurso: Igreja Matriz – Rua 25 de Abril – Cais da Calheta. 22h30 – Concerto pela Filarmónica União Popular. Local: Palco junto às tasqui-nhas.

23h15 – Atuação da artista “Dianja”. Local: Cais da Calheta. 23h45 – Atuação do grupo “Puzzle”. Local: Cais da Calheta. 00h45 – Música ao vivo, com o grupo “DIP”. Local: Palco junto às tas-quinhas.

Dia 21, Sábado 10h00 – Trilho Pedestre (Pico da Brenha-Biscoitos-Calheta). Organi-zação “Discover Experience”. Concentração: Junto aos Paços do Concelho. 11h00 – Pesca Desportiva, destina-da a todas as crianças a partir dos 10 anos. Organização da Loja Mar e Mato. Local: Cais da Calheta. 17h00 – Master Class de “Body Combat”. Demonstração interativa de DreamFit, da Ilha Terceira. Local: Palco junto às tasqui-nhas. 17h30 – Torneio de futebol de vete-ranos, Futebol Clube Calheta/Lajes do Pico. Organização do Futebol Clube Calheta. Local: Campo de Futebol Municipal. 20h00 – Lançamento do Roteiro Cultural - Personalidades: Francis-co de Lacerda. Apresentação do Professor Doutor Luiz Fagundes Duarte. Organização da Direção Regional da Cultura e Museu de São Jorge. Local: Museu de São Jorge. 21h00 – Concerto pela Filarmónica Nossa Senhora do Pilar, da fregue-sia das Cinco Ribeiras, Ilha Terceira. Local: Cais da Calheta. 22h00 – Desfile de Marchas Popu-lares. Percurso: Igreja Matriz – Rua 25 de Abril – Cais. 23h00 – Atuação do grupo de músi-ca popular portuguesa “Tributo”. Local: Cais da Calheta. 00h30 – Música ao vivo, com o gru-po “Puzzle”. Local: Palco junto às tasqui-nhas.

Dia 22, Domingo

10h30 – Rally Paper, com a participação de Automóveis Clássicos da Ilha de S. Jorge. Organização da respetiva Associação. Concentração: Cais da Calheta (pelas 10h00). 16h00 – Prova de tiro, com arma de pressão de ar. Organização do Clube Desportivo e Cultural de Caça e Pesca da Ilha de São Jorge. Local: Antigas instalações da Marie D’Anjou. 18h00 – Tourada à corda, com touros das ganadarias Gabriel Azevedo e JS. Local: Cais da Calheta. 19h00 – Concerto pela Filarmónica Recreio de São Lázaro. Local: Palco junto às tasqui-nhas. 21h00 – Desfile de Automóveis Clássi-cos. Organização da respetiva Associa-ção da Ilha de S. Jorge. Local: Rua 25 de Abril. 21h15 – Cantoria ao desafio, pelos can-tadores Bruno Oliveira e Tiago Clara. Local: Palco junto às tasqui-nhas. 22h00 – Atuação do Grupo de Folclore de Rosais. Local: Palco junto às tasqui-nhas. 22h45 – Beat Box. Atuação de Ivo Tei-xeira. Local: Cais da Calheta. 23h00 – Atuação do grupo “Bandarra”. Local: Cais da Calheta. Exposições:

- “Gente da Nossa Terra” – Fotogra-fias de Margarida Faria. - “Artes Decorativas”, de Lígia Fagundes. -“+ Diversidade = + Capacidade “ – artigos artesanais do CAO (exposição e venda). - “WikiWaterWorld” EBS da Calheta – Projeto Comenius, de Sandra Goulart e Susana Rosa. - Artesanato Tradicional.

Feira do Livro – Rua 25 de Abril

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