O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude ANGOLA · TA Farmácia Comunitária e a...

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jornal Ano 5 - Nº 52 Julho/Agosto 2014 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá O Céu é o Limite MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Jornalista do JS entra no submundo dos estupefacientes e conta a história da vida trágica de um toxicodependente, Severino José, que consome dro- gas psicotrópicas pesadas, como a cocaína (conhecida como "linha de Sin- tra"), o crack e a libanga (também designada por "pica" ou "táta"). Para ele " a liamba é droga dos pobres". Profissionais da saúde explicam quais efei- tos nefastos no organismo. |6 e 7 As cáries dentárias, além de serem uma doença infeccio- sa e transmissível, resultam na destruição dos tecidos dentários, o que pode levar à aparição de cavidades nos dentes ou, em casos mais graves, à destruição de todo o dente. Esta e outras doenças relacionadas com a saúde oral devem ser acompanhadas por especialistas com experiência. Clínica em Luanda tem dos melhores. |30 Cáries dentárias Há no mundo cerca de 387 milhões de diabéticos. Mais de 80% vivem em países de médio e baixo rendimento. Daqui a 15 anos este número vai duplicar. Os angolanos fazem parte desta estatística. Conheça a doença, os sintomas de alerta, a pré-dia- betes e a prevenção. |12 Detectar a prédiabetes para prevenir a diabetes de tipo 2 Autismo: o que é, quais os sinais e a intervenção necessária. |26 O Hospital Psiquiátrico de Luanda está a ser reorganizado e reabilitado. A reinserção dos pacientes no seio das famílias é uma das apostas da directora-geral, Antónia de Sousa. Os projectos têm avançado. Mas a médica e sua equipa ainda não estão satis- feitos. Querem alargar o trabalho a mais profissionais e instituições. Em Setembro realizam as Jornadas Científicas para sensibilizar e ampliar o debate. |3 Psiquiátrico Antónia de Sousa quer pacientes reintegrados na família Ébola O vírus que atravessa fronteiras |27 Reportagem especial "Liamba é droga dos pobres"

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jornalAno 5 - Nº 52 Julho/Agosto2014Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

O Céu é o Limite

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA audea saúde nas suas mãos

A N G O L A

da

Jornalista do JS entra no submundo dos estupefacientes e conta a história

da vida trágica de um toxicodependente, Severino José, que consome dro-

gas psicotrópicas pesadas, como a cocaína (conhecida como "linha de Sin-

tra"), o crack e a libanga (também designada por "pica" ou "táta"). Para ele

" a liamba é droga dos pobres". Profissionais da saúde explicam quais efei-

tos nefastos no organismo. |6 e 7

As cáries dentárias, além de serem uma doença infeccio-

sa e transmissível, resultam na destruição dos tecidos

dentários, o que pode levar à aparição de cavidades nos

dentes ou, em casos mais graves, à destruição de todo o

dente. Esta e outras doenças relacionadas com a saúde

oral devem ser acompanhadas por especialistas com

experiência. Clínica em Luanda tem dos melhores. |30

Cáries dentárias

Há no mundo cerca de 387 milhões de diabéticos. Mais de 80%

vivem em países de médio e baixo rendimento. Daqui a 15

anos este número vai duplicar. Os angolanos fazem parte desta

estatística. Conheça a doença, os sintomas de alerta, a pré-dia-

betes e a prevenção. |12

Detectar a pré-diabetespara prevenir a diabetes de tipo 2

Autismo:o que é, quais os sinais e a intervenção necessária. |26

O Hospital Psiquiátrico de Luanda está a ser reorganizado e reabilitado. A reinserção

dos pacientes no seio das famílias é uma das apostas da directora-geral, Antónia de

Sousa. Os projectos têm avançado. Mas a médica e sua equipa ainda não estão satis-

feitos. Querem alargar o trabalho a mais profissionais e instituições. Em Setembro

realizam as Jornadas Científicas para sensibilizar e ampliar o debate. |3

Psiquiátrico

Antónia de Sousa quer pacientesreintegrados na família

Ébola O vírus que atravessa fronteiras |27

Reportagem especial

"Liamba é droga dos pobres"

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2 actualidade Julho/Agosto 2014 JSa

A OMS tinha contabilizado, até 20 deAgosto, 1.427 mortos em 2.615 casosidentificados de ébola. A Libéria é o paísmais afectado, com 624 mortos em 1.082casos, seguindo-se a Guiné-Conacri com407 vítimas mortais. A Serra Leoa e a Ni-géria registaram, respectivamente, 392mortos e cinco mortos. Entretanto, a 24de Agosto chega-nos a informação dosprimeiros dois casos mortais na vizinhaRDC. A OMS está preocupada e a tomarmedidas. Em Angola, as autoridades desaúde estão atentas, reforçam a vigilânciae também agem. A cooperação interpaí-ses é essencial. A definição de estratégiasde segurança também. A OMS recomendareuniões consultivas transfronteiriças, pa-ra facilitar a troca de informações, bemcomo a mobilização dos líderes comunitá-rios, religiosos e políticos para melhorar acompreensão sobre a ébola. Nesta edição,o Jornal da Saúde procura contribuir paraum melhor conhecimento da doença cau-sada por um vírus que corta fronteiras.

Rui MoReiRa de SáDirector [email protected]

Ébola:reforçar a vigilância e definir estratégias

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A preparação da 1ª Semana da FarmáciaAngolana, promovida pela Ordem dosFarmacêuticos de Angola (OFA), a 7 e 8de Outubro, em Luanda, tem vindo a des-pertar muito interesse junto aos farma-cêuticos e outros profissionais de saúde.Também a 2ª edição da feira Expo Farma,que decorre em simultâneo, já recebeumais de 30 inscrições de empresas. Oprograma - de excelente qualidade cien-tífica - está em fase final de fecho. Deacordo com o Bastonário da OFA, Boa-ventura Moura, os principais momentose painéis são os seguintes:— Abertura pelo Ministro da Saúde— Visita guiada à feira ExpoFarma

Angola

Regulamentação e Regulação

Farmacêuticas

— Os Farmacêuticos e a Farmácia Co-munitária no Sistema Nacional deSaúde

— A Farmácia Comunitária e a Regula-ção da Profissão Farmacêutica emPortugal

— Impacto da Implementação da Políti-ca Nacional Farmacêutica em Angola

— A Regulação do Sector Farmacêuticoe o Papel do Farmacêutico

— A experiência da Regulação do SectorFarmacêutico em Cabo Verde

— Lista Nacional de Medicamentos Es-senciais

— Segurança medicamentosa e a farma-covigilância em Angola

— Mesa redonda: contrafacção de

Medicamentos em angola: um

problema de Saúde Pública

logística Farmacêutica

— Aquisição de medicamentos: Selecçãoe quantificação

— Boas práticas de aquisição, recepção,armazenamento, distribuição e trans-porte de medicamentos

— Sistema de aprovisionamento farma-cêutico do MINSA

— Mesa redonda: Formação far-

macêutica em angola

— Gestão de qualidade no sector

farmacêutico / Farmacotécnica

— Garantia da Qualidade dos Pro-

dutos Farmacêuticos: Plano e

constatações

— Serviços a serem prestados e

boas práticas em farmácia

evolução da farmácia em angola

Plataforma Portal Farmacêutico Clínico/ Missão do farmacêutico moçambicanoe cuidados farmacêuticos em Moçambi-que

Programa detalhado e oradores emwww.ordemfarmaceuticosangola.org

comissão organizadora e científica

O Conselho Nacional reunido em sessãoordinária, no dia 25 de Junho, deliberou acriação da Comissão Organizadorada Iª Semana Nacional da Farmácia Ango-lana que integra os seguintes farmacêuti-cos:— António Pedro Cutala Zangulo -

Coordenador — Helena da Silva Carvalho de Vilhena -

Coordenadora adjunta — Pombal Ngonga Mayembe - Membro — Genoveva Luciano Ngueve Coelho -

Membro — António Quintas - Membro — Lucinda Gualdino de Matos Figueire-

do - Membro — Wilson Valdemar Anilba - Membro— Cheilla Marisa Manuel - Membro— Maria Júlia Gabriel Simão - Membro — Carlos Almeida - Membro E ainda da respectiva Comissão Cien-tífica constituída pelos farmacêuticos: — Prof.Doutor Santos Morais Nicolau -

Coordenador— Prof.Doutor Manuel Londa Weba -

Coordenador adjunto— Prof.Mestre André Pedro Neto -

Membro— Dr. Abel Sunda - Membro— Dr. António Pedro Kutala Zangulo -

Membro — Dr. José Alfredo Joveta – Membro— Dr. Augusto Alberto João - Secretário— Dra.Evelize Nascimento - Membro

actualidade 3Julho/Agosto 2014 JSa

1ª Semana da Farmácia Angolana desperta muito interesse

Francisco cosme dos Santos

A rejeição pelos próprios familiares dospacientes reabilitados tem sido uma dasmaiores dificuldades do Hospital Psi-quiátrico de Luanda, admitiu ao nossojornal a psiquiatra Antónia de Sousa, di-rectora-geral da unidade.

As dificuldades para o hospital sãoacrescidas pelas obras em curso nalgu-mas infra-estruturas de acolhimento epela falta de espaço, apesar de o núme-ro de utentes internados, que era de450 em 2013, ter sido reduzido para166.

Segundo a directora-geral Antóniade Sousa, este resultado “só foi possívelcom o apetrechamento e a reorganiza-ção dos serviços” do Hospital Psiquiá-trico de Luanda, possibilitando o bemsucedido trabalho de reabilitação e rein-serção dos pacientes no seio das famí-lias mas que ainda não satisfaz a respon-sável máxima desta unidade de saúde dacapital.

“É por isso que tem havido trabalhoconjunto com os órgãos de difusão, pa-ra que a mensagem chegue aos familia-res dos doentes psiquiátricos”, explicaAntónia de Sousa. Já no próximo dia 26de Setembro, nas II Jornadas Científicasdo Hospital Psiquiátrico de Luanda irá

também ser debatida a temática da rein-serção dos doentes nas famílias, com aparticipação do Ministério da Assistên-cia e Reinserção Social (MINARSE) e doInstituto Nacional da Criança (INAC),com o objectivo de encontrar novas so-luções para este problema.

O estigma no seio das famílias é aprincipal razão para os familiares aban-donarem pacientes no Hospital Psiquiá-trico de Luanda. Esta unidade de saúdetem procurado sensibilizar os familiarespara que incluam as pessoas com doen-ça mental no seu seio, um trabalho mui-to difícil devido aos preconceitos das fa-mílias e da própria sociedade.

Articulação com as provínciasO Hospital Psiquiátrico de Luanda

elaborou alguns mecanismo de trabalhocom todas províncias, que tem facilitadoeste processo de reinserção nas famílias.A área social da unidade hospitalar já en-caminhou metade dos pacientes para asprovíncias, a fim de serem inseridos nassuas famílias. “Alguns eram tidos comodesaparecidos ou mortos, pois estavaminternados na Psiquiatria há 10 ou, até, hámais de 20 anos”, conta a directora-ge-ral.

As províncias com mais pacientes naárea psiquiátrica são a Lunda Sul e Nor-te, Cabinda, Benguela, Bié, Huíla e Moxi-co. Também estão internados no Hospi-tal Psiquiátrico de Luanda alguns pacien-tes estrangeiros. Os contactos com asrespectivas embaixadas para se encon-trar uma solução viável para estes casosnão têm tido êxito. “A excepção tem si-do do Serviço de Migração e Estrangei-ros, que tem procurado encaminhar es-tas situações”, elogia Antónia de Sousa.

O Hospital Psiquiátrico de Luanda éuma unidade vocacionada para o trata-mento de doenças do foro psiquiátricoque possui capacidade para suportar300 camas, caso seja reabilitado na suatotalidade. Actualmente, conta com 150camas.

Hospital Psiquiátrico de Luanda

Antónia de Sousa aposta no trabalho de reinserção familiar dos pacientes

As Jornadas Científicas do Hospital Psi-quiátrico de Luanda realizam-se a 26 deSetembro. Têm como objectivo geralpromover uma ampla reflexão entre osespecialistas, instituições e público inte-ressado sobre a reinserção da pessoacom doença mental. Entre os objectivos

específicos, destacam-se: dotar os parti-cipantes com conhecimento que visema mudanças de consciência para a ne-cessidade da reinserção social e familiar;contribuir para autonomia da pessoacom doença mental, assim como aliviara dependência familiar e social; reinserir

a pessoa com doença mental na família ena sociedade combatendo o estigma epromover a valorização da pessoa emcausa; auscultar os especialistas e parti-lhar ideias e experiências na procura demelhores soluções para os problemasque afectam a reinserção destas pessoas.

II JORNADAS CIENTÍFICAS DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE LUANDAReinserção da Pessoa com Doença Mental na família e na Sociedade

Hotel de Convenções de Luanda - 26 de Setembro de 2014

Programa*7h30 Abertura do Secretariado e entrega

da documentação9h00 Sessão Solene de Abertura9h30 Introdução9h45 Grupo Coral do Hospital Psiquiátrico

de Luanda com pacientes

Psiquiatria Comunitária10h00 Prelector: Dr.Toledo Prado

Moderador: Dr. Adriano Faustino

Reintegração da Pessoa com Doença Mental na Famíliae na Sociedade no Hospital

Psiquiátrico de Luanda10h20 Prelectores: Dra. Zulmira Lopes

e Dr. Wilson GasparModerador: Dr. Alexandre Luteva

10h40 Debate11h00 Coffee Break

Adesão Terapêutica e Reabilitação Psicossocial da Pessoa com Doença Mental na família

11h20 Prelectoras: Dra. Rosalina da Silva e Dra. Surídia JoséModeradora: Dra. Cristina Leite

Estratégias e Políticas Sobre a Toxicodependência11h40 Prelector: Dra. Margarida Trindade

Moderador: Dr. Jaime Sampaio

Ética e Deontologia Profissional com a Pessoa com Doença Mental

12h20 Prelector: Dra. Helena HeredeaModeradora: Dra. Maravilha Bento

A Convivência Familiar com o Doente Psicótico12h40 Prelector: Dr. Inocêncio Kialunguila

Moderadora: Dra. Branca Kimuanga 13h00 Debate – Fim da 1ª Sessão13h20 Almoço14h20 Momento Cultural – Abertura da 2ª Sessão

Experiências das Instituições14h40 Prelectores: Ministério da Assistência

e Reinserção Social, Ministério da Família e Promoção da Mulher, Instituto Nacional da Criança (INAC), Direcção Provincial do Ensino EspecialModerador: Dr. Domingos Agostinho Fernandes

15h10 Debate

Acompanhamento à Pessoa com Autismo15h30 Prelectora: Dra. Felismina Cristina

Moderadora: Dra. Kátia Francisco Escola de Pais

15h50 Prelector: Dr. César BeltranModeradora: Dra. Adelaide Alfonso

16h10 Debate16h30 Considerações Finais17h00 Sessão de Encerramento* Preliminar

Em Setembro

Jornadas Científicas debatem a reinserção social da pessoa com doença mental

A 1ª edição da ExpoFarma, que se realizou nos dias 30 e 31 de Maio de 2013,em Luanda, deu mais transparência ao mercado. Permitiu aos farmacêuticosinteragir com os fabricantes de produtos farmacêuticos e conhecerem as últi-mas novidades. Os inúmeros expositores presentes mostraram-se muito satis-feitos e reconheceram que "o mercado está cada vez mais competitivo"

Antecipando a mudançaNo âmbito da Semana da Farmácia realiza-se o curso intensivo "Antecipando egerindo a mudança: a integração do marketing na farmácia, de forma transver-sal, como pilar das organizações de sucesso e preparadas para o futuro". Saiba tu-do em www.ordemfarmaceuticosangola.org

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4 VACINAÇÃO Julho/Agosto 2014 JSA

Encontro sobre imunização em Luanda

Rosa Bessa anunciou que na primeira quinzena de Setembro está prevista a realização da campanha nacional de vacinação contra o sarampo, com a qual se prevê imunizar 2 milhões de crianças, com

idades compreendidas entre os 6 meses e os 9 anos

O ministro da Saúde de Angola, JoséVan-Dúnem, estabeleceu como ob-jectivo para 2014 atingir uma cober-tura de vacinação contra o sarampode 95 por cento, considerando estevalor “um bom indicador” quandocomparado com as taxas dos anosanteriores, que foram de 83 por cen-to em 2013 e 72 por cento em 2012.A meta foi anunciada no 1.º En-

contro Provincial Sobre a Imuniza-ção em Luanda, que se realizou a 22de Julho, na Escola Técnica de Saú-de, sob o lema “Vamos Intensificara Vacinação de Rotina em Luanda”.No evento foram discutidos temasrelacionados com a vacinação nacapital, como a introdução de novasvacinas, a eliminação do sarampo eas experiências do Hospital Pediá-trico de Luanda e do Município deBelas.Van-Dúnem realçou que, para o

sucesso da campanha, “é primor-dial que os profissionais de saúde

envolvidos recebam toda a informa-ção necessária sobre a importânciada cadeia de frio na conservação dasvacinas” e que os pais mostrem “dis-

ponibilidade para levar as criançasaos postos de vacinação”.O programa de imunização é

uma prioridade do Executivo ango-

lano, que tem como finalidade vaci-nar pelo menos cerca de 95 por cen-to de crianças menores de um anocom todos os antígenos. A vacina-ção será gratuita e passará obrigato-riamente a ser planeada em conjun-to pelas redes de serviços de saúde.A BCG e pólio, a rotavírus, a penta, apneumo-13, o sarampo, a febre-amarela e a administração de vita-mina A integram a lista de vacinasdo Programa de Imunização da Di-recção Provincial de Saúde deLuanda.

Campanha em SetembroO 1.º Encontro Provincial Sobre

a Imunização em Luanda foi orga-nizado pela directora provincial daSaúde de Luanda, Rosa Bessa, econtou com 134 participantes, entreos quais representantes municipaise distritais, dirigentes das unidadeshospitalares públicas e privadas e

parceiros, como a OMS, UNICEF e acooperação cubana. Além do mi-nistro da Saúde, também estiverampresentes a directora nacional daSaúde Pública, Adelaide de Carva-lho, e o governador provincial deLuanda, Bento Sebastião FranciscoBento.Rosa Bessa adiantou que, das 260

mil crianças programadas até ao fimdo ano, apenas foram vacinadas 100mil, até à data do evento. A anfitriãanunciou o lançamento da vacinacontra o rotavírus, em Agosto, paracombater as diarreias, uma dasprincipais causas de mortalidadeinfantil.A directora provincial acrescen-

tou ainda que, na primeira quinze-na de Setembro, está prevista a rea-lização da campanha nacional devacinação contra o sarampo, com aqual se prevê imunizar 2 milhões decrianças, com idades compreendi-das entre os 6 meses e os 9 anos.

Angola quer alcançar 95 por cento da cobertura de vacinação contra o sarampo

O sarampo é uma dasinfecções virais maiscontagiosas, transmi-tindo-se pessoa-a-pessoa ou por via aé-rea. Habitualmente, adoença é benigna,mas em alguns casospode ser grave oumesmo mortal.As pessoas não vaci-nadas e que nunca ti-veram sarampo, se fo-rem expostas ao vírus,têm uma elevada pro-babilidade de con-trair a doença.

Vacine o seu filho: o sarampo é muito contagioso

José Van-Dúnem salientou que para a campanha de vacinação contra o sa-

rampo ter êxito é necessário que os pais levem os filhos aos postos e que os

profissionais de saúde recebam toda a informação necessária sobre a impor-

tância da cadeia de frio na conservação das vacinas

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5publicidadeJSA Junho/Agosto 2014

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6 SAÚDE MENTAL Julho/agosto 2014 JSA

Especialistas preocupados com o consumoprecoce e as estratégias de prevenção

Severino José (nome fictício) tinha apenas 9 anos quando contactou com drogas, pela primeira vez, “por influência de uns pri-

mos que já eram adultos e que tinham um grupo musical e de alguns amigos que consumiam drogas em casa, na ausência dos

pais”. Primeiro experimentou o diazepam, um medicamento bastante consumido pelos seus efeitos relaxantes, sendo até

muitas vezes misturado em bebidas, e rapidamente passou para o consumo de cannabis, mais conhecida como liamba.

Francisco cosme dos santos

Severino não ficou por aqui.“Com o passar do tempo, fuiconhecendo outras pessoasque consumiam drogas psi-cotrópicas mais pesadas, co-mo a cocaína (conhecidacomo linha de Sintra), ocrack e a libanga (tambémdesignada por pica ou táta)”,recorda. Alguns conhecidosconvenceram Severino deque “a liamba é uma drogados pobres”. Não demoroumuito até começar a consu-mir crack e cocaína.

Hoje, Severino tem 36anos. Não completou os es-tudos no ICGA (Instituto deCartografia e Geológico deAngola). É dependente há 27anos e tem uma vida man-chada pelo consumo dasdrogas. Deixou de estudarcom 23 anos, quando fre-quentava a 9.ª Classe do en-sino secundário, foi despe-dido das empresas onde tra-balhava, perdendo a con-fiança dos seus chefes. Aprópria família de Severinoque, ao perceber a gravidadeda situação, tentou ajudá-locomo pôde, também per-deu a fé numa recuperação.A mulher pediu o divórcio eaté a filha se afastou dele.

A dependênciaSeverino José é apenas

um dos inúmeros casos detoxicodependência, situaçãocom que Rosalina Silva, mes-tre em Psicologia de Aconse-lhamento e Psicoterapia, sedepara diariamente no Hos-pital Psiquiátrico de Luandaonde trabalha. A psicólogaexplica que “a dependência éum conjunto de fenómenosque envolvem o comporta-mento, a cognição e a fisiolo-gia corporal consequente aoconsumo repetido de umasubstância psicoactiva, asso-

ciada ao forte desejo de usaresta substância, juntamentecom dificuldades em contro-lar sua utilização persistenteapesar das suas consequên-cias danosas”.

Nos critérios de depen-dência, explica a psicólogaRosalina Silva, avalia-se a to-lerância que o indivíduopossui em relação à subs-tância psicoactiva, sendoque as quantidades (doses)tendem a crescer a fim de seobter os efeitos desejados. Aprivação do consumo pro-voca síndrome de abstinên-cia (ressaca), o que pode le-var a mudanças de compor-tamento e a reacções físicase psicológicas.

As relações pessoais eprofissionais são afectadas esaem prejudicadas, porque“quando é dependente, ge-ralmente, o indivíduo dámaior prioridade ao uso dadroga em detrimento de ou-tras actividades e as obriga-ções sociais são seriamenteprejudicadas, abandonadasou reduzidas, em virtude doconsumo abusivo das subs-tâncias”.

Rosalina Silva acrescentaque “o dependente podeafastar-se da família a fim deusar a droga em segredo oupassar mais tempo comamigos usuários das subs-tâncias”.

A importância da famíliana prevenção do consumo éreferida pela psicóloga, ex-plicando que “os laços afec-tivos estabelecidos entre osmembros da família e mo-nitorização das actividadese amizades do adolescente”são os principais factores ater em conta, bem como “aconstrução de escalas de va-lores éticos e desenvolvi-mento de condutas sociaisadequadas”.

Vítima de um ambientedisfuncional durante a in-fância, Severino reconhecea importância que a famíliapode ter para prevenir a en-trada no mundo das drogas,e relembra o seu contexto fa-miliar, nomeadamente a re-lação com os pais e a “au-sência de diálogo que haviaem casa. Se eu conversassecom os meus pais e tivesse oseu apoio e conselhos, talvez

não tivesse caído nesta espi-ral. E vejo o mesmo a acon-tecer com outros jovens”,acusa.

A autodestruiçãoSeverino mostra-se hoje

bastante arrependido porter cedido às drogas: “Nãoajudam em nada. Apenas fa-zem com que as pessoas seautodestruam, o seu consu-mo só traz desvantagens.Não aconselho ninguém aseguir o caminho que eu se-gui, é muito tenebroso e nãoé propício para alguém quequeira progredir com a suavida e alcançar os seus ob-jectivos”.

e as famílias devem estar

alertaataca cada vez mais cedo

Droga

Rosalina silva "As obrigações sociais são seriamente prejudi-

cadas, abandonadas ou reduzidas, em virtude do consumo abu-

sivo das substâncias”

Esquizofrenia, AnsiedadeDepressão, Alterações persistentesde humor, Comprometimento cerebral, Distúrbios neurológicosDistúrbios comportamentaisPrejuízo da memória

Aumento da pressão arterial

Enfisema pulmonar

Distúrbios sexuais Insuficiênciarenal

Algumas das consequências das drogas no organismo

Sida eDesnutrição

“Consumode drogas

só trazdesvantagens”

Severino José,toxicodependente

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7Julho/agosto 2014 JSA

Para o Instituto Nacional deLuta Anti-Drogas (INALUD),a principal preocupação resi-de nos jovens. Ana Graça, adirectora do INALUD, expli-ca que é nesse sentido quetêm sido realizadas com re-gularidade acções de carác-ter preventivo nas escolas deLuanda, sendo que o objecti-vo é alargar o raio de acçãopara as restantes províncias.

A entrada precoce nomundo das drogas verifica-seprincipalmente “nas crian-ças que vivem fora de casa. OINALUD carece de infra-es-truturas para abrigar todasestas crianças e, por isso, te-mos muitas dificuldades. Noentanto, com a colaboraçãodo Instituto Nacional daCriança (INAC), temos con-seguido encontrar os locaisonde as crianças permane-cem e onde consomem estassubstâncias, nomeadamenteem bombas de gasolina”.

O estatuto orgânico doINALUD prevê a instalaçãode dezoito centros de reabili-tação por todo o país, sendoque os primeiros estão a serfinalizados nas províncias deLuanda, do Bengo e doCuanza Sul. Segundo AnaGraça, estes centros “já se en-contram prontos, faltandoapenas alguns acabamentospara que possam ser usa-dos”. O centro construído noBengo pode abrir já em Agos-

to, segundo a directora, e seráum espaço “com todas as va-lências para que se possa darresposta a este problema bas-tante preocupante, que temdestruído muitas crianças.”

O INALUD está a traba-lhar com vários estabeleci-mentos de ensino superior,entre os quais a UniversidadeAgostinho Neto, envolvidaem pesquisas sobre as de-pendências, que ajudarão adelinear as estratégias na lutacontra a droga.

Ana Graça revelou queexiste intenção de eliminar asbebidas alcoólicas das esco-las, impedir o consumo na viapública e limitar a sua publici-dades, começando pela pro-víncia de Luanda. O INALUDtrabalha com o Ministério doComércio, igrejas, sociedadecivil e outros organismos paracumprir este objectivo.

Na recente conferêncianacional sobre políticas dedrogas, subordinada ao lema“Por uma saúde familiar einstitucional livremo-nos dasdrogas”, que decorreu em Ju-nho, em Luanda, o ministroda Justiça, Rui Mangueira,defendeu que a luta anti-dro-ga deve assentar essencial-mente na prevenção e medi-das de recuperação de con-sumidores, beneficiando nãoapenas os toxicodependen-tes mas também famílias ecomunidade.

A psiquiatra Fausta Sá Vaz daConceição frisa a importância dafamília no combate ao consumode drogas. A principal responsa-bilidade é dos pais que “devemfomentar o diálogo no seio fami-liar, manter as crianças ocupa-das com tarefas e enquadrá-lasem locais sãos, como igrejas,grupos juvenis ou acampamentos de férias edu-cativos. É importante inserir os filhos em disci-plinas de Educação Moral e Cívica nas escolas eem actividades extracurriculares, como a músi-ca ou a dança.” Fausta Sá da Conceição alerta ospais para que prestem “mais atenção às crian-ças, porque cada vez mais o início do consumode drogas é precoce”.

Implicações na saúdeMas consumir drogas e ser dependente das

mesmas não são situações iguais. A psiquiatraconsidera importante ser feita uma distinção:“O consumidor de drogas, antes de ser doente,é apenas isso, consumidor. Só pode ser conside-rado dependente quando deixa de consumir es-

poradicamente e passa a fazê-lodiariamente, não conseguindo vi-ver sem a droga. Posteriormente,pode começar a ter alguns sinto-mas relacionados com a intoxica-ção aguda”. Estes sinais podempassar por um aumento da energiae alegria, manifestações de ideiasde perseguição, aumento da pres-

são arterial, aceleração do coração, sudorese,tontura, dores de cabeça, vómitos, e fezes líqui-das e posteriormente alterações persistentes dehumor, ansiedade, prejuízo da memória, distúr-bios neurológicos, cardiovasculares e sexuais.

Fausta Sá da Conceição salienta que o consu-mo de drogas afecta vários órgãos do organismohumano, principalmente o cérebro, que tem afunção de coordenar os restantes. Os transtor-nos podem ser de vária ordem. O consumo re-gular pode ainda causar psicoses como a esqui-zofrenia (alteração do comportamento), de-pressão, endocardite infecciosa, sida, doençasvenéreas, enfisema pulmonar e a desnutrição,comprometimento cerebral, distúrbios com-portamentais, insuficiência renal.

INALUD focado nos jovens

Primeiro centro de reabilitação abre no Bengo

Psiquiatra Fausta Sá Vaz da Conceição alerta

"cada vez maiso início doconsumo dedrogas éprecoce”.

Fausta sá vaz da ConCeição " O consumo de drogas afecta vários órgãos do organis-

mo humano, principalmente o cérebro, que tem a função de coordenar os restantes"

"Atenção às crianças"

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8 INFORMAÇÃO CLÍNICA Julho/agosto 2014 JSA

Professor Doutor antónio Vaz Carneiro ([email protected]) — Director do Centro de estudos de Medicina baseada na evidência da faculdade de Medicina

da universidade de lisboa, Portugal— Diretor-executivo do ramo Português da rede Cochrane iberoamericana

Professor Doutor Carlos alberto Pinto De sousa ([email protected]) — bastonário ordem dos Médicos de angola

— Professor do Departamento de saúde Pública da faculdade de Medicina da universidade agostinho neto, angola

A prática clínica no séculoXXI e a Medicina Baseadana EvidênciaQual é o medicamento de 1ªlinha no tratamento da dia-betes mellitus tipo II?

Como se diagnostica o den-gue?Qual o prognóstico do doentecom tuberculose?

É necessário administrar an-tibióticos a uma criança comdiarreia aguda?

Estas são perguntas que to-dos os nossos leitores segura-mente reconhecem comobanais, já que aparecem fre-quentemente na actividadeclínica diária.Os novos avanços diag-

nósticos e terapêuticos pro-cessam-se a um ritmo acele-rado, criando problemas deactualização e aplicação prá-tica. Para além disso, a com-binação entre a gestão de re-cursos cada vez mais escas-sos e dispendiosos por um la-do, com responsabilizaçãodos médicos por parte da so-ciedade na prestação de cui-dados eficazes mas custo-efectivos, por outro, cria no-vas exigências de rigor e ra-cionalização da prática clíni-ca.Para a resolução dos pro-

blemas acima apontados, énecessário obter e sintetizarinformação clínica válida erelevante que possa servir debase à actividade do médicoque procura resolver os pro-blemas clínicos quotidianos.A questão aqui é, então, a desaber como podem os profis-sionais de saúde aprender asinovações e dominar a infor-mação de modo a introduzir(eventuais) mudanças na suaprática que, em última análi-se, irão beneficiar os seusdoentes. A resposta: a prática da

Medicina Baseada na Evi-dência (MBE).

A informação clínica para a práticaPara que esta prática pos-

sa ter lugar tem o clínico dedispor de informação credí-vel, proveniente de fontes in-dependentes e cientifica-mente sólidas. A dimensão ea qualidade intrínseca da lite-ratura médica inviabilizamque essa tarefa possa ser feita

pelo médico individual. Publicam-se no mundo

mais de 30 mil revistas médi-cas e o aumento tem sido ex-ponencial desde que apare-ceram as primeiras publica-ções no século XVII. Presen-temente, o período de dupli-cação do número de revistasé de cerca de 19 anos (!!). Estarealidade define o principalproblema que o utilizador dainformação tem de enfrentar:a dimensão. Como exemplo, a base de

dados mais utilizada - a Me-dline - possui hoje em diamais de 21 milhões de artigosindexados desde 1966, sendoadicionados entre 60 mil e120 mil artigos por mês das5.600 revistas médicas selec-cionadas para inclusão nabase de dados. Para além daMedline, existem muitas ou-tras bases de dados bibliográ-ficos, a mais importante dasquais é a EMBASE (com di-mensões semelhantes), cal-culando-se que estas duas re-presentem apenas 70% da to-talidade dos artigos médicosexistentes no mundo.A necessidade de gerir

com eficácia toda esta infor-mação, de modo a disponibi-lizá-la de modo fácil e com-preensível aos profissionaisde saúde (acima de tudo mé-dicos, mas também farma-cêuticos e enfermeiros e atédoentes), fez com que fossemcriadas organizações respon-sáveis pela selecção da me-lhor evidência disponível, suaavaliação crítica em termosda sua qualidade metodoló-gica e sua síntese para apoioàs decisões clínicas quotidia-nas.A mais importante e pres-

tigiada destas organizações éa Cochrane Collaboration(Colaboração Cochrane).

O que é a Cochrane Collaboration?A Cochrane Collaboration

(CC - www. cochrane.org) éuma rede internacional cria-da há mais de 20 anos e queconta com mais de 28 mil co-laboradores (profissionais desaúde, administradores egestores, pacientes, políticos,indústria farmacêutica, esco-las médicas, centros de inves-tigação, etc.) trabalhandograciosamente em mais de100 países. Tem como objectivo prin-

cipal a preparação, manuten-ção e disseminação de revi-sões sistematizadas e perma-nentemente actualizadas deestudos clínicos. Deste mo-do, a CC constitui-se numafonte de informação organi-zada, independente, cientifi-camente sólida e acessível atodos os responsáveis envol-vidos em decisões em saúde. Desde 2011 que a própria

Organização Mundial deSaúde nomeou a CC comouma Organização Não-Go-vernamental em RelaçõesOficiais, com estabelecimen-to de canais de comunicaçãoprivilegiados entre as duasorganizações, tendo a CC atéum lugar na Assembleia daOMS, com possibilidade deinformar as decisões ali to-madas.

O Ramo Português do Centro CochraneIberoamericano, a Universidade e o Sistema de Saúde de AngolaA recente inauguração do

Ramo Português do CentroCochrane Iberoamericano –RPCCIbA (PortugueseBranch of the IberoamericanCochrane Centre) - que tevelugar nos dias 23 e 24 de Ju-nho passado respectivamen-te no Porto e em Lisboa – con-tou com a presença do Dr.Mark Wilson (CEO da Coch-rane Collaboration), Dr. Xa-vier Bonfill (Director da RedeCochrane Iberoamericana),do Dr. Florentino Cardoso(Presidente da AssociaçãoMédica Brasileira) e do Prof.Doutor Carlos Pinto de Sousa(Bastonário da Ordem dosMédicos de Angola).O RPCCIbA tem diversos

objectivos, dos quais se des-tacam, entre outros: ser ocontacto privilegiado com aCochrane Collaboration, pu-blicar revisões sistemáticasda literatura biomédica,apoiar cientificamente os in-vestigadores que queirampublicar revisões sistemáti-cas e dar formação pré e pós-graduada nesta área de inves-tigação secundária. Para além disso, e de ma-

neira muito especial, oRPCCIbA terá um papel fun-damental a nível internacio-nal para estabelecimento esuporte de parcerias com ospaíses de língua oficial portu-guesa (Brasil, Angola, Mo-

çambique, Cabo Verde, etc.),na construção de uma redede investigadores que pro-gressivamente possam afir-mar o espaço lusófono noseio da Cochrane Collabora-tion.Para Angola – nas suas

Universidades ligadas à saú-de, nas suas Ordens profissio-nais, nos seus hospitais, nosseus centros de investigação,etc. – abre-se uma oportuni-dade de criar estruturas deconhecimento clínico, atra-vés da partilha de experiên-cias e competências dentrodo RPCCIbA. Estes centros deinvestigação produzirão evi-dência científica da mais altaqualidade para ser publicadana Cochrane Library, colo-cando deste modo a investi-gação científica angolana aomais alto nível mundial.Para além disso, existe a

possibilidade de formação aomais alto nível de profissio-nais de saúde – médicos, far-macêuticos, enfermeiros –que possam vir a utilizar comeficácia as tecnologias de in-formação para utilização daevidência científica na suaprática diária, mas tambémna elaboração de Normas deOrientação Clínica (ClinicalPractice Guidelines).Finalmente, a disponibili-

zação em português das revi-sões sistemáticas da literaturapara todo o Sistema de Saúdede Angola será uma mais-va-lia importante na melhoriada qualidade dos cuidadosem saúde no País. Cabe aquiuma referência específica aodesafio prioritário que constada Política Nacional de Saúdede Angola, na medida emque, através do seu instru-mento operacional – o PlanoNacional de Desenvolvimen-to Sanitário – se pretende de-senvolver diversos progra-mas operacionais, em espe-cial o Programa de desenvol-vimento do sistema de infor-mação e gestão sanitária ePrograma de desenvolvi-mento da investigação cien-tífica que têm, aliás uma liga-ção estreita aos outros Pro-gramas.Continuaremos a fornecer

informação sobre as activida-des da Cochrane em Angolanos próximos números doJornal, solicitando aos leito-res que nos contactem comas suas questões.

A Rede Portuguesa do Centro CochraneIberoamericano, a qualidade em saúde

e a investigação clínica em Angola: uma nova era?

" Para Angola – nas suas

Universidades ligadas à saúde,

nas suas Ordens profissionais,

nos seus hospitais, nos seus

centros de investigação, etc. –

abre-se uma oportunidade de

criar estruturas de

conhecimento clínico, através

da partilha de experiências e

competências dentro do

RPCCIbA. Estes centros de

investigação produzirão

evidência científica da mais

alta qualidade para ser

publicada na Cochrane

Library, colocando deste modo

a investigação científica

angolana ao mais alto nível

mundial"

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9publicidadeJSA Junho/Agosto 2014

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A grande área da teleme-dicina, e, neste caso emespecial, a área da tele-reabilitação cognitiva(campo das neurociên-cias), vertente da reabili-tação cognitiva, tem vin-do, nos últimos anos, a re-gistar uma evolução mui-to interessante. O advento

das tecnologias de comu-nicação, informática, re-des neuronais, onde se in-sere o campo da inteli-gência artificial e a possi-bilidade de novas ferra-mentas clínicas, educa-cionais, entre outras, po-de vir a facilitar e melho-rar, de forma bastanteacentuada, o acesso a me-todologias de reabilitaçãoe estimulação cognitivas agrandes massas de popu-lação, a custos reduzidos,aumentando os temposde reabilitação. Trata-se,ao mesmo tempo, de umaquestão fulcral: o acessoequitativo a cuidados desaúde diferenciados, co-mo o caso da recuperaçãode sequelas cognitivas de-correntes de lesões neu-rológicas constitucionais,congénitas e/ ou adquiri-das, a par de outras pro-blemáticas, onde destaca-mos os problemas deaprendizagem, até à opti-mização de competênciascognitivas, para profis-sões que façam grandeexigência das mesmas.

Actualmente, este tipode problemática (neuro-cognitiva), quase que po-de ser considerada umaepidemia, pois vai desdeas sequelas pós anóxias,até à manutenção funcio-nal por períodos de tem-po mais longos em qua-dros demenciais do tipoAlzheimer e outros deetiologias variadas.

SOFTWARE SIMPLES E EFICAZNeste âmbito, em

2012, nasceu a ideia - que

foi concretizada numprojecto co-financiadopelo programa europeuQREN, entre a PT Inova-ção e Sistemas e a Neuro-comp, juntamente com aaplicação duma ferra-menta do IPG (Magic eye)- de desenvolver um soft-ware simples e eficaz quepermitisse reabilitar pre-sencialmente, e à distân-cia, pacientes com seque-las cognitivas, de formaeficaz e menos onerosa,com um controlo eficazdas sessões pelos tera-peutas. Ao mesmo tem-po, permitiria construiruma plataforma integra-da de dados clínicos quefuncionasse num âmbitogeneralizado e com po-tencialidade de evoluirpara outras integrações.Entre estas, a reabilitaçãomotora, inclusão de da-dos clínicos variados(neurológicos, neuropsi-

cológicos, outros dadosmédicos, de gestão clíni-ca e administrativa), numfuncionamento baseadoem “cloud”, com a sim-ples utilização dum com-putador, tablet e/ ousmartphone e com a pos-sibilidade de se adaptarfacilmente a diferentespopulações, multilingue,tendo apenas como exi-gência de base uma liga-ção à Internet.O projecto foi apresen-

tado em Lisboa, em 2013,a Martinho Luemba eseus assistentes, e, poste-riormente, a Miguel Bet-tencourt. Como homensdas neurociências, mos-traram-se ambos bastan-te interessados na suaaplicação em Angola,tendo em consideraçãoas problemáticas comque se debatem no cam-po das ciências neuroló-gicas no país.

APRESENTAÇÃO EM ANGOLANo âmbito da colabora-

ção científica iniciada, rea-lizou-se uma apresentaçãopatrocinada pelo Departa-mento de Ciências Neuro-lógicas da Faculdade deMedicina da UniversidadeAgostinho Neto, em Luan-da, a 12 de Junho de 2014.Na ocasião, foi colocada aquestão de a mesma facul-dade ser player científico eclínico do protótipo do pro-jecto, o qual colocará An-gola na senda das melhorese mais avançadas práticasna área descrita, com po-tencial futuro de desenvol-vimento conjunto e trocade informações clínicas ecientíficas na grande áreado e-health no mundo emais concretamente na lu-sofonia, demonstrandoque existe um enorme po-tencial científico e clínico aexplorar.

10 NEUROCIÊNCIAS Junho/Agosto 2014 JSA

De forma resumida e em jeito de conclusão

falamos da conjugação da tecnologia

informática, com as melhores práticas de

reabilitação cognitiva (à distância, na

cabeceira da cama do paciente e na prática

clínica presencial), onde se pode chegar a

desenvolver programas de reabilitação

personalizados, com elevado grau de

controlo pelos especialistas em hospitais,

clínicas, escolas, em casa e noutros locais,

mantendo sempre um registo ético,

deontológico e científico com elevado grau

de comprometimento, entre a ciência e a

arte de tratar este tipo de problemáticas.

Em simultâneo, demonstrar que saúde e

tecnologia podem e devem “andar de mãos

dadas” no servir o próximo, na verdadeira

acepção da palavra, num missão de elevada

nobreza clínica que se coaduna com

devolver e restaurar as funções mentais

superiores ao paciente, com a possibilidade

de manter confidencialidade. Ao mesmo

tempo, reunir numa só “ferramenta” a

informação em tempo real do processo de

reabilitação, podendo ajustá-lo de forma

automática e inteligente (próprio software)

e/ ou com a intervenção dos especialistas a

qualquer momento e qualquer local do

mundo.

Tecnologia informáticae saúde de mãos dadas

Dr. António rAmos

(Director Geral da neurocomp e es-

pecialista em neurociências Clíni-

cas)

Dr. mArtinho LuembA (neu-

ropsicólogo Clínico coordenador do

curso de especialização em neurop-

sicologia Clínica da Fm uAn)

ApOIO: ProF. Dr. miGueL bet-

tenCourt (Decano da Faculdade

de medicina da universidade Agosti-

nho neto)

equiPA Do ProjeCto teLe r

DA Pt inovAção e sistemAs

Novas tecnologias de infor-

mação e redes neuronais

permitem às grandes mas-

sas da população ter acesso

a metodologias de reabilita-

ção e estimulação cognitivas,

a custos reduzidos.

O decano da Faculdade de Medicina, Miguel Bettencourt, e o

Director Geral da Neurocomp, António Ramos na apresenta-

ção do projecto TELE R na UAN

O Vice Decano da Faculdade de Medicina e o neuropsicólogo

Martinho Luemba, entre outros participantes, na apresenta-

ção do projecto TELE R na UAN

O projecto de telereabilitação cognitivaTECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO, INOVAÇÃO E SAÚDE NO MUNDO E EM ANGOLA

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11publicidadeJSA Julho/Agosto 2014

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De acordo com os dados daOrganização Mundial deSaúde (OMS) existem ac-tualmente no mundo cercade 387 milhões de diabéti-cos, dos quais 80% se en-contram nos países de mé-dio e baixo rendimento. Asprojecções da OrganizaçãoMundial da saúde (OMS)apontam para uma duplica-ção daquele número em2030, ou seja, daqui a escas-sos 15 anos. A missão destaprestigiada organizaçãotem sido a de alertar para aprevenção da diabetes,sempre que possível e, ondee quando tal não for possí-vel, desencadear esforçosconcertados para minimi-zar as complicações e maxi-mizar a qualidade de vida.Em perfeita consonânciacom esta missão, a OMS de-fine as normas e os padrõesde cuidados para estesdoentes, promove a vigilân-cia, encoraja a prevenção,aumenta o nível de cons-ciência e da necessidade dese reforçar a prevenção e ocontrolo da doença por par-te das autoridades e dosprofissionais da saúde. Este

artigo alinha-se por este dia-pasão e tem como públicoalvo, não apenas o leitor lei-go, mas também as diferen-tes classes de profissionaisda saúde.

Características dos tipos de diabetesA diabetes é uma doença

crónica que ocorre quandoo pâncreas não produz in-sulina suficiente para satis-fazer as necessidades nutri-cionais da pessoa, ou quan-do o corpo não consegueusar eficazmente a insulinaque produz. Neste caso de-senvolve-se a diabetes de ti-po 2, também conhecidacomo diabetes não insuli-nodependente, ou diabetesdo adulto, que representamais de 90% dos casos dediabetes.

A diabetes de tipo 1, co-nhecida como insulino de-pendente, ou de início najuventude, como o próprionome indica, resulta dacompleta ausência de pro-dução de insulina pelo pân-creas, dependendo a sobre-vivência da administraçãode insulina injectável paratoda a vida. Infelizmente,até ao presente, não há co-nhecimento de meios quepossam prevenir a diabetesde tipo 1, ao contrário doque se passa com a diabetesde tipo 2.

A insulina é a hormonaque regula o metabolismodo açúcar. A hiperglicémia,ou o açúcar elevado no san-gue, é o resultado final deuma diabetes não controla-da e que, se esse descontro-lo se prolongar ao longo de

vários anos, acaba por con-duzir ao aparecimento delesões graves em muitos ór-gãos do corpo, como o cora-ção, os olhos, os rins, os ner-vos e os vasos sanguíneos,conduzindo à instalação dedoenças crónicas e a mortesprematuras.

Duas diferenças impor-tantes entre estes dois tiposde diabetes devem ser real-çadas, porque têm implica-ções nas políticas de pre-venção e controlo. Enquan-to que a diabetes de tipo 1resulta da interacção de fac-tores auto-imunes e am-bientais, não controláveis, adiabetes de tipo 2 tem, sub-jacentes, factores genéticose ambientais/comporta-mentais como a inactivida-de física e o excesso de peso,ambos modificáveis atravésde mudanças de comporta-mento, tornando a diabetesde tipo 2 uma doença po-tencialmente prevenível.

Aspectos epidemiológicosMuitos países estão a do-

cumentar um número ele-vado de casos diagnostica-dos de diabetes de tipo 1,com um padrão semelhantea epidemias de doenças in-fecciosas, particularmenteentre os mais jovens.

Facto mais preocupante,porém, é a recente identifi-cação de um crescente nú-mero de casos de diabetesde tipo 2 em crianças e ado-lescentes, de tal magnitudeque, nalgumas partes doglobo a diabetes de tipo 2 es-tá a tornar-se o tipo de dia-betes com maior prevalên-

cia entre as crianças. O au-mento global da obesidadee da inactividade física nainfância desempenha, se-guramente um papel cru-cial neste processo. Emboraos relatos em África sejamainda escassos, a diabetesde tipo 2 está a ser reportadaem crianças e adolescentesneste continente, devido àocidentalização dos estilosde vida.

Neste contexto, se os de-cisores políticos da saúde sedeixarem vencer pela inér-cia e nada fizerem, este sérioproblema de saúde popula-cional, vai atingir propor-ções incontroláveis nospróximos anos. O marke-ting social nas escolas, foca-lizado na promoção da edu-cação para a saúde e estilosde vida saudáveis que incor-porem uma dieta equilibra-da e incentivos à actividade

física regular para manter opeso adequado, pode serum dos melhores antídotoscontra o aumento da preva-lência desta doença. A reco-mendação para a mediçãoda glicémia a todas as crian-ças obesas e com história fa-miliar de diabetes de tipo 2nos postos e centros de saú-de deve tornar-se mandató-ria. Sabemos que a efectivi-dade destas intervençõesaumenta substancialmentese forem integradas numprograma nacional.

Os sintomas de alerta na diabetes de tipo 1 e 2Os sintomas incluem a

eliminação excessiva de uri-na(poliúria), sede (polidip-sia), fome constante (polifa-gia), por vezes compulsiva,perda de peso, alterações navisão e fadiga. Estes sinto-mas podem ocorrer de re-pente, o que acontece, tipi-camente, na diabetes de ti-po 1.

Os sintomas na diabetesde tipo 2 podem ser seme-lhantes aos da diabetes tipo1. Mas, geralmente, são me-nos acentuados e, algumasvezes, insidiosos e noutras écompletamente silenciosa.Como resultado, a doençapode ser diagnosticada vá-rios anos após o início, po-dendo os primeiros sinto-mas resultar de complica-ções, entretanto, já estabe-lecidas. Como acima se re-feriu, até recentemente, estetipo de diabetes era vistoapenas em adultos, mas, ac-tualmente, verifica-se tam-bém em crianças e adoles-centes.

A diabetes gestacionalAs mulheres grávidas

que nunca tiveram diabetesantes, mas que desenvol-vem níveis elevados de glu-cose no sangue durante agravidez têm uma diabetesgestacional. De acordo comuma análise de2014 peloCentro de Controlo e Pre-venção de Doenças, a pre-valência de grávidas comdiabetes gestacional atingeos9,2%. Nós não sabemos oque causa a diabetes gesta-cional, mas existem algu-mas pistas.Com efeito, aplacenta suporta o feto en-quanto ele cresce e as suashormonas contribuem parao seu desenvolvimento.Mas essas hormonas tam-bém bloqueiam a acção dainsulina da mãe no corpo dofeto, sendo este fenómenodesignado por resistência àinsulina, a qual pode levar ocorpo da mãe a uma defi-ciente utilização da insuli-na. Assim, a mãe pode ne-cessitar até três vezes maisquantidade de insulina parao corpo poder utilizar a gli-cose para a produção deenergia. A diabetes gesta-cional começa quando ocorpo da mãe não é capazde produzir e/ou e utilizartoda a insulina de que ne-cessita para a gravidez. Seminsulina suficiente, a glicosenão é consumida pelas cé-lulas e acumula-se no san-gue atingindo níveis eleva-dos (hiperglicémia). A dia-betes gestacional não trata-da ou mal controlada podeprejudicar o desenvolvi-mento do feto. Na grávidacom diabetes gestacional, o

12 DIABETES Julho/Agosto 2014 JSA

Detectar a pré-diabetes para prevenir a diabetes de tipo 2

João GuerrA |

Medical Advisor

(Chevron Clinic – Luanda)

Assistente Graduado de Medicina Interna

Mestre em Gestão da Doença

[email protected]

"A avaliação dorisco de contraira diabetes detipo 2 deve serencorajada eestendida àscomunidades ... e justifica acriação e odesenvolvimentode um programanacional decontrolo dadiabetes"

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pâncreas trabalha para pro-duzir um hiperinsulinismocompensatório, mas a insu-lina não consegue fazer bai-xar os seus níveis de glicoseno sangue, por causa da re-sistência. Embora a insulinanão atravesse a placenta, aglicose e os outros nutrien-tes atravessam-na, expondoo feto a uma oferta exagera-da de calorias da glucose,contras as quais ele não temmeios para se defender. As-sim, as calorias em excessosão armazenadas como gor-dura corporal, o que podelevar ao exagerado ganho depeso do feto, resultando naconhecida macrossomia(bebés grandes à nascença,geralmente com mais de 4kg de peso).

Os sintomas da diabetesgestacional são semelhan-tes aos da diabetes de tipo 2,mas, ela é mais frequente-mente diagnosticada atra-vés de testes de despistepré-natal do que pelos sin-tomas referidos.

O diagnóstico da pré-diabetesHá várias formas de se

diagnosticar a diabetes. Ca-da um dos métodos utiliza-dos, geralmente, necessitade ser repetido uma segun-da vez para se confirmar odiagnóstico de diabetes. Ostestes devem, idealmente,ser realizados no contextodos serviços de saúde (pú-blicos ou privados), quernos consultórios médicos,quer nos laboratórios. A de-tecção de um valor muito al-to de glucose no sangue ou apresença dos sintomas clás-sicos acima descritos, asso-ciados a um teste positivo,pode dispensar a realizaçãode um segundo teste paradiagnosticar a diabetes.

A hemoglobina A1cO teste da hemoglobina

A1c glicada (HbA1c) mede amédia da glucose dos últi-mos dois a três meses. Asvantagens deste métodoconsistem em não ser ne-cessário estar em jejum,nem em ter de beber líqui-dos açucarados. O valornormal é abaixo de 5.7%. Apré-diabetes diagnostica-sedentro da margem entre5.7% a 6.4% e a diabetes édiagnosticada quando osvalores da A1c são iguais ousuperiores a 6.5%(Figura1).O uso da HbA1c está atornar-se obrigatório paraassegurar um bom padrãode qualidade dos cuidadosdiabetológicos, devido àevidência científica resul-tante das investigaçõescientíficas nas últimas duasdécadas. A HbA1c como re-flexo da hiperglicémia cró-

nica também se está a trans-formar num indicador cha-ve que se utiliza cada vezmais para o diagnóstico dadiabetes. Contudo, os pro-fissionais de saúde das re-giões rurais dos países de re-cursos limitados não têmacesso a esta importanteferramenta de diagnóstico ede monitorização do con-trolo da diabetes, situaçãoque está a ser questionadapor estes países. Segundo aFederação Internacional daDiabetes, está a decorrerum estudo multicêntrico,em 10 postos de saúde daGuiné e Camarões, com oobjectivo de avaliar a viabi-lidade e os benefícios alcan-çados durante um ano, co-mo consequência da me-lhoria do acesso à mediçãoda HbA1c e disponibiliza-ção imediata da informaçãoaos doentes sobre os resul-tados relativos ao controlodas respectivas diabetes.

Glucose em jejum (GJ)Este teste mede os níveis

da glucose em jejum. O je-jum significa que não se co-meu nem bebeu durante asúltimas 8 horas antes do tes-te, pelo que, em geral é rea-lizado antes do pequeno al-moço. O valor normal daglicémia é inferior a 100 mgpor decilitro. Valores entreos 100 mg/dl e 125 mg/dldefine o diagnóstico de pré-diabetes. O diagnóstico dediabetes confirma-se quan-do se obtém um valor igualou superior a 126 mg por de-cilitro (Figura 2).

Prova de tolerância à glucose oral (PTGO)A Prova de Tolerância à

Glucose Oral (PTGO) é umteste de duas horas (120 mi-nutos) que verifica os níveisde glicose no sangue antes e2 horas depois de beberuma bebida doce com umaconcentração padrão deglucose. O resultado desteteste informa o médico so-bre como está o organismoa processar a glucose. Os va-lores abaixo de 140 mg/dlsão considerados normais.Os valores entre os 140mg/dl e os 199 mg/ dl defi-

nem o diagnóstico de pré-diabetes. Com este métodoa diabetes é diagnosticadaquando os valores da gluco-se no sangue são iguais ousuperiores a 200mg/dl às 2horas após a ingestão (Figu-ra 3).

Teste aleatório da glicémia É um teste realizado a

qualquer hora do dia, quan-do o paciente apresenta sin-tomas inequívocos de dia-betes. Neste caso a diabetesé diagnosticada quando aglucose do sangue for igualou superior a 200 mg/ dl.

O que é a pré-diabetes?O diagnóstico clínico da

diabetes tipo 2 é, quasesempre, precedido pela faseda pré-diabetes, a qual secaracteriza por níveis deglucose no sangue que sãomais altos do que o normal,mas ainda não suficiente-mente elevados para satisfa-zer o critério diagnóstico dediabetes. A pré-diabetes é,muitas vezes, referida comotolerância diminuída à gli-cose (TDG) ou alteração daglicémia de jejum (AGJ), de-

pendendo do teste que foiutilizado para o despiste dasituação. É importante terem mente que a pré-diabe-tes, englobando estas duasdisfunções metabólicas,acarreta um maior risco dedesenvolvimento da diabe-tes de tipo 2 e de complica-ções cardiovasculares.Comefeito, a pré-diabetes nãoapresenta sintomas típicos,pelo que ela pode estar pre-sente ou já ter complica-ções, sem a pessoa saber. Odiagnóstico da pré-diabetesassenta em três critérios: 1)uma A1C de 5.7% – 6.4% 2)uma glicémia de jejum en-tre 100 – 125 mg/dl e 3) umaPTGO ás 2 horas entre 140mg/dl – 199 mg/dl (Figuras1,2 e 3).

Neste sentido e tendo emvista uma estratégia de pre-venção precoce do riscocardiovascular intrínseco, apré-diabetes representauma condição clínica quedeve ser activamente pes-quisada pelos médicos, par-ticularmente, nas pessoascom antecedentes familia-res de diabetes, obesos e hi-pertensos e agressivamentecombatida com as modifi-cações terapêuticas dos es-tilos de vida.

A prevenção da diabetesde tipo 2É importante saber que o

fato de uma pessoa ter umapré-diabetes não implica odesenvolvimento automáti-co da diabetes de tipo 2. Pa-ra algumas pessoas, o trata-mento precoce, pode, efec-tivamente, conduzir à nor-malização da glicémia. Háuma sólida base de evidên-cia que nos mostra que, aspessoas pré-diabéticas, po-dem baixar 58% o risco de setornarem diabéticas de tipo2 se perderem 7% do seu pe-so corporal (6 kg se tiver 85kg) e se praticarem exercíciomoderado, tal como a mar-cha activa durante 30 minu-tos cinco vezes por semana.Assim as modificações dosestilos de vida recomenda-das são: — Aumento da actividadefísica.— Perder peso e mantê-lo

no nível adequado.— Aumento do consumo defibras na dieta e redução dasgorduras, especialmente assaturadas.

Terapêutica medicamentosa na pré-diabetesA terapêutica medica-

mentosa na pré-diabetesconsiste na prescrição dametformina aos que apre-sentam alto risco de desen-volver diabetes de tipo 2 eque, apesar das mudançasnos estilos de vida não con-seguem baixar a sua HbA1cou para aqueles que, pordoença ou incapacidade fí-sica, estão limitados emcomprometer-se nas mu-danças comportamentaisrequeridas. A metforminadeve ser iniciada na dose de500 mg uma vez por dia po-dendo ser aumentada para1500 a 2000 mg/dia, se bemtolerada. Estes pacientes de-vem ter a sua HA1c reavalia-da aos 3 meses e caso aHbA1c não baixe, deve serponderada a suspensão dametformina.

A prescrição do Orlistatdeve ser, também, conside-rada nos pacientes com altorisco de desenvolver diabetesde tipo 2 que tenham umIMC ≥ 28 e cuja HbA1 nãobaixe com as intervençõesdos estilos de vida ou que se-jam, igualmente, incapazesde participar em programasde exercício físico por doençaou incapacidade. A revisãodesta prescrição deve ser fei-ta aos 12 meses e, caso o pa-ciente não perca 5% do seupeso, a toma do fármaco nãodeve ultrapassar esse tempo.

Embora as estratégias re-comendadas neste artigo seenquadrem mais no âmbitodas actividades dos cuida-dos de saúde primários, aavaliação do risco de con-trair a diabetes de tipo 2 deveser encorajada e estendidaàs comunidades, devendoenglobar as farmácias, osconsultórios de óptica, osdepartamentos de saúdeocupacional das empresas,instituições públicas (quar-téis, prisões, escolas, etc.),entre outros, iniciativas, cujamultidimensionalidade,complexidade e exigênciasde coordenação, justificama criação e o desenvolvi-mento de um programa na-cional de controlo da diabe-tes. Um tal programa temum inquestionável valor ins-trumental, ao viabilizar in-tervenções sobre as causasprimárias da diabetes e, des-se modo, poder contribuirpara uma redução efectivado peso da diabetes no Siste-ma de Saúde e na sociedadeangolanas.

14 Julho/Agosto 2014 JSADIABETES

"existemactualmente nomundo cerca de387 milhões dediabéticos, dosquais 80%encontram-senos países demédio e baixorendimento. Asprojecções daoMS apontampara umaduplicaçãodaquele númeroem 2030, ouseja, daqui aescassos 15anos"

DIABETES>6,5%

<6,5%

prEDIABETES>5,7%

<5,7%

normAl

DIABETES>126 mg/dl

<126 mg/dl

prEDIABETES>100 mg/dl

<100 mg/dl

normAl

DIABETES>200 mg/dl

<200 mg/dl

prEDIABETES>140 mg/dl

<140 mg/dl

normAl

Figura 1 Figura 2 Figura 3

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Há dez anos que actuamos nos sectores desaúde, higiene e beleza em Angola.

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No município do Bolongon-go, o governante reinaugu-rou o Centro de Saúde local,completamente restaurado eampliado. A obra permitiu oaumento da sua capacidadede internamento de 22 para52 camas e a consequente in-serção de novos serviços mé-dicos, como a imagiologia elaboratório de análises clíni-cas.A unidade de saúde dis-

põe ainda de um banco deurgência, farmácia, duas en-fermarias, sala de partos, en-tre outros serviços.O montante investido pe-

lo governo provincial na rea-bilitação e modernizaçãodesta infra-estrutura sanitá-ria ascende a cerca de 42 mi-lhões de Kwanzas. O seu fun-cionamento é asseguradopor 14 técnicos, entre enfer-meiros e profissionais de la-boratório.A rede sanitária do muni-

cípio do Bolongongo é ac-tualmente constituída pornove postos de saúde e umcentro, assegurados por 19técnicos.Segundo o responsável da

Secção Municipal de Saúde,António Moisés António, aregião debate-se actualmen-te com insuficiência de técni-cos para atender a demandade pacientes que afluem àsunidades sanitárias da cir-cunscrição, sendo a maláriae as doenças diarreicas e res-piratórias agudas as mais fre-quentes.Com uma superfície de

1.018 quilómetros quadra-dos, o município de Bolon-gongo situa-se a 150 quiló-metros a noroeste de Ndala-tando, capital da província, econta com uma populaçãoestimada de 10.664 habitan-tes (dados anteriores ao cen-so de Maio de 2014), distri-

buídos pelas comunas deBolongongo (sede), Terreiroe Quiquiemba.

Dispensário trata doenças infecto-contagiosasJá no município de Quicu-

lungo as populações contamagora com um dispensáriopara o diagnóstico e trata-mento de doenças infectocontagiosas. Inauguradoigualmente pelo governadorprovincial, Henrique Júnior,visa o reforço do combate àtuberculose e a melhoria daassistência médica aos pa-cientes. O empreendimento er-

guido a dois quilómetros davila com o mesmo nomeconta com duas salas de in-ternamento, com cinco ca-mas cada, consultório médi-co, laboratório, farmácia, en-tre outras dependências.A infra-estrutura sanitária,

cujos custos não foram reve-lados, foi construída no âm-bito da municipalização dosserviços de saúde e comporta

igualmente uma área admi-nistrativa e balneários.A implementação da refe-

rida unidade suscitou a sa-tisfação dos munícipes vistoque vai permitir aos pacien-tes infectados pela tubercu-lose deixarem de ser tratados

no mesmo espaço com osdoentes de outras enfermi-dades.O dispensário vai atender

não só a população de Quicu-lungo como também doen-tes das municipalidades daBanga e de Bolongongo.

Construção de aterrossanitários reforça programa de saúde pública O município da Banga

conta actualmente com umprograma de saúde públi-ca, denominado "Agentes

comunitários de saúde",que está a ser marcado pelaconstrução de aterros sani-tários em várias localidadesda municipalidade, visan-do a melhoria do sanea-mento básico e prevençãode doenças decorrentes dainsalubridade do meio. A informação foi presta-

da pela responsável da as-sistência da empresa SHS,Nely Pereira, que coordenao referido programa na re-gião, referindo que, no qua-dro da aludida iniciativa,foram construídos nos últi-mos dias três aterros sani-tários na localidade de Al-deia Nova, a 18 quilóme-tros da sede municipal daBanga, uma medida acom-panhada da mobilização esensibilização dos muníci-pes sobre a importância dotratamento do lixo para aprevenção de doenças nacomunidade.Nely Pereira disse ainda

que a medida resulta dofacto da comuna da AldeiaNova debater-se com faltade espaços apropriados pa-ra o depósito do lixo.A aludida acção está a

ser acompanhada comcampanhas de limpeza eeliminação da vegetação àvolta das residências,apontada como uma dasprincipais fontes de mos-quitos, frisou.De acordo com a res-

ponsável, actividade simi-lar foi realizada no municí-pio do Bolongongo, onde,no quadro do programaagentes comunitários desaúde, foi feita uma campa-nha de limpeza às margensdo rio Candua, situado nasede municipal, que temservido de fonte de abaste-cimento de água para oconsumo da população.No quadro da aludida

campanha, referiu, a popu-lação foi esclarecida sobrea importância da manuten-ção da limpeza das mar-gens dos rios e abstençãoda poluição das águas, demodo a evitarem-se doen-ças de foro hídrico, como asdiarreias agudas, e febre ti-fóide, entre outras.A província do Cuanza

Norte conta com a imple-mentação do programa"Agentes comunitários desaúde" desde 2012, o qualtem versado sobre a mobi-lização das populações devários municípios, em ma-téria de saúde pública paraa redução da mortalidadeem consequência de doen-ças preveníveis.

Novas unidades reforçam assistência sanitária na provínciaDiniz Simão

Correspondente no Cuanza norte

texto e fotografia

A assistência sanitária às po-

pulações dos municípios de

Bolongongo e Quiculungo, na

província do Cuanza Norte,

vai conhecer melhorias signi-

ficativas com a entrada em

funcionamento de duas novas

unidades, recentemente

inauguradas pelo governador

provincial, Henrique André

Júnior.

JSA Julho/agosto 2014 16Saúde Cuanza norte

As autoridades da província do Cuanza Nortecontinuam apostadas na formação de qua-dros para o reforço do atendimento aos pa-cientes.Recentemente, em Ndalatando, 50 técnicosde saúde concluíram uma acção de formaçãosobre "Reanimação neonatal", inserido nasestratégias do sector com vista à a redução damortalidade infantil. Promovida pelo Ministério da Saúde, em arti-culação com a Direcção Provincial de Saúde,a formação visou a capacitação de médicos,parteiras e enfermeiros em matéria de presta-ção de assistência aos nascituros que enfren-tam dificuldades respiratórias à nascença e

reanimação neonatal como instrumento es-sencial para estimular os bebés.Na oportunidade, o director da Escola de For-mação de Técnicos de Saúde “Arminda Fa-ria”, Damião Caludica, enalteceu a acção for-mativa na capacitação dos técnicos de saúdeque laboram nas maternidades. "Estão agoramais habilitados para a salvar vidas, sobretu-do de crianças recém-nascidas", garantiu.Damião Caludica instou os formandos a co-locarem em prática e a reproduzirem os co-nhecimentos adquiridos, de modo a promo-verem o melhor aproveitamento dos objecti-vos que motivaram a implementação do refe-rido seminário.

Técnicos de saúde capacitadossobre reanimação neonatal

"No município de Quiculungo as

populações contam agora com um

dispensário para o diagnóstico e

tratamento de doenças infecto

contagiosas. Visa o reforço do

combate à tuberculose e a

melhoria da assistên-

cia médica aos

pacientes

O Centro de Saúde, completamente restaurado e ampliado, per-

mitiu a inclusão de novos serviços médicos, como a imagiologia e

o laboratório de análises clínicasEnfermeira satisfeita com as novas condições de trabalho

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O responsável da saúdeapontou o aumento de uni-dades sanitárias nas zonasde maior concentração po-pulacional como o factorque, ao propiciar a oferta dosserviços de assistência hos-pitalar nas comunidades,constitui, ao mesmo tempo,motivação para as popula-ções, sobretudo mulheres,procurarem assistência.Silva Catumbela disse ao

Jornal da Saúde que a únicadificuldade que o municípioatravessa é a falta de médi-cos nas especialidades de gi-necologia, pediatria e clínicageral para dar resposta àspatologias que se manifes-tam no seio das populações.O recurso tem sido a evacua-ção para os hospitais de refe-rência da província, ou paraa vizinha província doHuambo.Segundo o chefe de Re-

partição da saúde de Cas-songue, o município conta-va, em 2002, com apenas oi-to unidades sanitárias, in-cluindo o hospital munici-pal. Hoje, dispõe de 21 uni-dades, sendo um hospitalmunicipal, três centros desaúde e 17 postos de saúde,

numa clara ascensão em ter-mos de cobertura sanitáriaem toda a região de Casson-gue.Na entrevista que conce-

deu ao Jornal da Saúde, SilvaCatumbela reconheceu, po-rém, que neste municípioainda há localidades seminfra-estruturas sanitárias,como as comunas de Atomee do Dumbi, além das co-munidades de Suco e Tchis-saka.— Qual a situação do sectorda saúde no município deCassongue?— O sector da saúde tem re-velado muito dinamismo.Os cidadãos já vão acredi-tando que, quando estãodoentes, podem ser curadosnas unidades sanitárias lo-calizadas no município, gra-ças à dedicação dos técni-cos, a vários níveis, e às con-dições de trabalho postas adisposição.Destaco a afluência das

mulheres às consultas pré-natais o que tem contribuí-do bastante na redução dataxa de mortalidade mater-no-infantil. A par disso, devoreferir o fornecimento regu-lar de medicamentos, querseja através das aquisiçõeslocais aos fornecedores queprestam serviços ao municí-pio, como dos fornecimen-tos através do Depósito pro-vincial de medicamentos es-senciais da Direcção Provin-cial de Saúde.Com este ritmo de traba-

lho, as evacuações para oshospitais de referência dimi-nuíram substancialmente.Estamos em crer que, nospróximos tempos, teremos

que evacuar apenas casos deespecialidade, por falta demédicos especializados.Em suma, a situação sa-

nitária em Cassongue me-lhorou significativamente,quer no domínio das infra-estruturas, como dos recur-sos humanos. O municípioconta actualmente comuma rede sanitária compos-ta por 21 unidades, dasquais um hospital munici-pal, três centros de saúde e17 postos de saúde. Prestamserviços dois médicos expa-triados, três técnicos dediagnóstico e terapêutica e140 enfermeiros de váriosescalões.— Quais as principaisdoenças que assolam omunicípio de Cassongue?— Em primeiro lugar a ma-lária, seguida das doenças

diarreicas e respiratóriasagudas, infecções da pele,desnutrição, sobretudo naregião da Pambangala, e hi-pertensão arterial.Frequentemente, as pes-

soas só procuram a assistên-cia sanitária quando estãoem estado crítico. Daí a ra-zão de incrementarmos ascampanhas de sensibiliza-ção junto às comunidadessobre a educação para a saú-de.— Como anda a compo-nente de formação dos téc-nicos que prestam serviçosno município?— Temos vindo a fazer a su-peração dos técnicos nosentido de elevarem as suascapacidades técnicas e ad-quirirem as competênciasrequeridas. É assim que es-tão quatro enfermeiros a

participar no curso de supe-ração que decorre na EscolaTécnica de Enfermagem daprovíncia, Uma vez termina-do o curso atingem o nívelmédio. Este processo vaicontinuar até que todos osenfermeiros beneficiemdesta formação.Outros dois técnicos es-

tão a fazer o curso superiorna província do Huambo e,tão logo terminem, pode-mos contar com eles nospróximos desafios.— Quais as principais preo-cupações que o sector dasaúde enfrenta no municí-pio?— A grande preocupaçãoque o sector da saúde en-frenta no Município resultada degradação das vias deacesso que ligam a sede mu-nicipal às distintas localida-des da circunscrição muni-cipal que dificulta as deslo-cações regulares dos cida-dãos para as unidades sani-tárias, e, em casos de eva-cuação, dos doentes que ne-cessitem de serviços de es-pecialidade.Nos casos das evacua-

ções das localidades maislongínquas para o hospitalmunicipal, a ambulânciatambém é danificada pelomau estado das estradas.Outra das nossas preocu-

pações consiste na frequên-cia com que aparecem nohospital municipal casosgraves, fruto da negligênciadas famílias. — Quais os programas sa-nitários que estão a ser exe-

cutados para a melhoria daassistência no municípiode Cassongue?— Os programas em execu-ção em Cassongue decor-rem da orientação da Direc-ção Provincial de Saúde, no-meadamente os de distri-buição de mosquiteiros, deAlbendazol, medição detensão arterial, testes deVIH/Sida e campanhas devacinação. Além destes, es-tamos também a executaroutros programas, como detuberculose e lepra, de vigi-lância epidemiológica, deeducação para a saúde eágua e saneamento ambien-tal. A colaboração das co-munidades é essencial parasurtirem efeitos.— Quais os principais desa-fios para os próximos tem-pos?— Os principais desafiosapontam para a continuida-de da superação permanen-te de técnicos de saúde paraque respondam às exigên-cias do presente e do futuro.Vamos, por outro lado, con-tinuar a desenvolver esfor-ços no sentido de aproxi-marmos, cada vez mais, osserviços da saúde das comu-nidades, com a extensão darede sanitária e a melhoriadas unidades sanitárias jáexistentes. Além disso, va-mos melhorar os mecanis-mos de educação para a saú-de das comunidades paraprevenir doenças evitáveis,como a malária, febre tifóidee infecções da pele, entre ou-tras.O Hospital Municipal de Cassongue é a única unidade sanitária de referência que presta serviços no município

JSA Julho/agosto 2014 18Saúde Cuanza sulConsultas pré-natais reduzem taxa de mortalidadeinfantil nas comunidades de CassongueCasimiro José

Correspondente no sumbe

Texto e fotografia

A adesão massiva de mulhe-

res às consultas pré-natais es-

tá a reduzir a taxa de morta-

lidade materno-infantil no

município de Cassongue, pro-

víncia do Cuanza Sul, anun-

ciou ao Jornal da Saúde, o

chefe de Repartição da saúde,

Silva Aviano Catumbela.

O Chefe de Repartição

da Saúde de Cassongue,

Silva Aviano Catumbela

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Saúde Cuanza sul JSA Julho/agosto 2014 20

O administrador municipal de Cassongue, GermanoArmando, garantiu ao Jornal da Saúde que a sua admi-nistração vai continuar a priorizar o sector da saúdecom a execução de programas e projectos que visammelhorar a assistência médico-medicamentosa no mu-nicípio.Entre as acções programadas no quadro do Progra-

ma dos Cuidados Primários de Saúde para o ano de2014, o administrador municipal de Cassongue anun-ciou a construção de três novas unidades sanitárias e oseu apetrechamento nas localidades da Jamba, Catowe

e Calohuma, a aquisição de uma morgue e sua monta-gem na localidade de Cruzamento, a aquisição de me-dicamentos, a reabilitação e o recheio da residência dosmédicos na sede municipal, o apetrechamento comequipamentos da maternidade municipal e a aquisiçãode uma viatura para reforçar os serviços administrativosdo Hospital municipal.Germano Armando disse, por outro lado, que a ad-

ministração municipal vai continuar a desenvolver oprojecto “Rua Limpa” que consiste na participação co-munitária na higiene domiciliar e pública.

O Administrador mu-

nicipal de Cassongue,

Germano Armando,

garante melhorias no

sector da saúde

Administração municipal de Cassongue

investe forte na saúde

Programa “Saúde Mulher nas Comunidades” na Comuna da Pambangala As comunidades da Comunada Pambangala, municípiode Cassongue, no CuanzaSul beneficiaram de 23 a 27de Junho, de assistência mé-dico-medicamentosa gratui-ta, no quadro do programa“Saúde Mulher nas Comuni-dades”, implementado peloSecretariado Executivo Na-cional da OMA, em parceriacom o Comité de Especiali-dade dos médicos.Tratou-se de uma jorna-

da de campo, em que os mé-dicos de várias especialida-des viveram de perto aspreocupações e necessida-des com que se debatem aspopulações rurais. Durantecinco dias, as médicas filia-das no comité de especiali-dade dos médicos do MPLApuseram à prova o espíritopatriótico junto das popula-ções que careciam de con-sultas de especialidade.

Equipa médica comsentimento do dever cumpridoA médica cardiologista,

Maria Dina Eduardo Segun-da, considerou o programa“Saúde Mulher nas comuni-dades” uma experiência va-liosa e marcante por permi-tir uma intervenção compendor patriótico e amor aopróximo. “Durante os cincodias que estivemos aqui pu-demos identificar muitaspatologias e proceder ao res-pectivo diagnóstico. As pes-soas, sobretudo as mulhe-res, sentiram que algo de no-vo estava a acontecer emsuas vidas”, reconheceu.A cardiologista anunciou

que o programa “Saúde Mu-lher nas comunidades” nacomuna da Pambangala en-volveu duas médicas da es-pecialidade de obstetrícia,quatro de clínica geral, umacardiologista, quatro técni-cos de laboratório, 16 enfer-meiras, seis técnicos de far-mácia e dez técnicos de saú-

de locais, tendo reconheci-do o empenho de todos parao êxito da jornada.Quanto aos dados estatís-

ticos, Maria Dina Segundaconsiderou satisfatória asmetas atingidas. Durantecinco dias foram atendidasum total de 1.444 cidadãos,das quais 495 em clínica ge-ral, entre homens e mulhe-res, 449 crianças em pedia-tria, 219 mulheres em obste-trícia, nove em ginecologia,17 na especialidade de nutri-ção. Foram ainda vacinadas321 pessoas contra saram-po, tétano, pneumo-13 ePentavalente. Nos exameslaboratoriais, cerca de 448pessoas de ambos os sexosprocederam ao teste deVIH/SIDA (foi assinaladoum positivo) e 660 da malá-ria (70 casos confirmados).Entre as principais pato-

logias encontradas na po-pulação da comuna daPambangala, a médica car-diologista apontou a hiper-tensão arterial, a desnutri-ção, as infecções da pele, asparasitoses intestinais, o

bócio e cárie dentária.No tocante à desnutrição,

Maria Dina Segunda referiuque o problema reside nafraca dieta alimentar quenão inclui produtos com va-lor calórico produzidos naregião. “Constatámos que aspessoas produzem alimen-tos de alto valor calórico,

mas preferem vendê-los pa-ra obter dinheiro e satisfaze-rem outras necessidades.Descuram o consumo dealimentos saudáveis".

População agradeceA permanência da equipa

de médicas e especialistas desaúde na comuna da Pam-

bangala foi considerada pelapopulação local uma oportu-nidade ímpar nas suas vidaspor trazer ao seu seio os ser-viços de especialidade.Joaquina Moisés vive na

aldeia da Chateca, a quatroquilómetros da sede comu-nal da Pambangala. Deslo-cou-se ao local da actividade

para saber do seu estado desaúde e mostrou-se satisfeitapela consulta médica gratui-ta de que beneficiou. “Eusentia dores no corpo e nãopercebi porquê. Na consulta,a médica disse-me que estoucom princípio de anemia edeu-me a receita da medica-ção. Para mim é uma alegriaporque sei que vou curar-me”, disse optimista.A outra beneficiária é Fe-

liciana Semente, de 50 anosde idade, que vive no bairroGalanga. Padece de furún-culos já há muito tempo semnunca ter consultado ummédico. “Quando me disse-ram que na vila estavam asmédicas vim para saber oque se passa comigo. Graçasa Deus, deram-me uma po-mada e uma receita para otratamento”, disse.João Saviti também foi

consultado por padecer deartrite (um tipo de reumatis-mo). Disse ao Jornal da Saú-de que recebeu os medica-mentos grátis para comba-ter a doença e louvou a ini-ciativa por ter trazido a equi-pa de médicos à comuna daPambangala.O administrador da co-

muna da Pambangala, Estê-vão Lungala, era um homemfeliz pelos resultados alcan-çados com o programa “Saú-de mulher nas comunida-des”. Reconheceu que a ex-periência estimulou as auto-ridades no sentido de cons-truírem na comuna um Cen-tro de saúde com serviços devárias especialidades. “Esteprojecto trouxe um impactomaior e despertou a cons-ciência das nossas popula-ções sobre a necessidade deafluir às consultas e análiseslaboratoriais, mesmo sem es-tar doente. Por isso, vamostrabalhar para que possamoscriar as infra-estruturas quegarantam a implantação deum Centro de saúde com to-das as valências”, disse.

População da Pambangala adere às consultas

Médica cardiologista observa a um paciente durante a jornada “Saúde Mulher nas Comunidades"

na Pambangala

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21publicidadeJSA Julho/Agosto 2014

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A constipação (também co-nhecida por nasofaringite ourinofaringite) é uma doençaviral do tracto respiratóriosuperior que afecta essen-cialmente a cavidade nasal.Os sintomas incluem tosse,garganta inflamada, rinor-reia (muco nasal) e, por ve-zes, febre. Geralmente, desa-parecem ao fim de sete a dezdias. Contudo, alguns dossintomas podem prolongar-se até três semanas. Existemmais de 200 vírus que po-dem ser responsáveis poruma constipação, sendo osrinovírus os mais comuns.As infecções do tracto respi-ratório podem ser divididaspor várias áreas. No entanto,uma infecção viral podeafectar várias zonas em si-multâneo. A constipaçãoafecta predominantementea cavidade nasal (rinite) e agarganta (faringite). Even-tualmente, pode afectar,mais tarde, os seios perina-sais (sinusite). A prevençãomais eficaz é evitar a proxi-midade às pessoas infecta-das, uma vez que a inalaçãodas gotículas de Flügge é aprincipal via de transmissão.O uso de máscara quandofor necessário permanecerem ambientes altamentecontaminados, assim comoa lavagem das mãos, sãobons hábitos de prevençãoda doença. Não existe curapara a constipação, contudoos sintomas podem ser ali-viados. Um adulto pode teruma constipação, em mé-dia, entre duas a três vezespor ano e uma criança entreseis a doze vezes por ano.

A gripeA gripe é uma doença in-

fecciosa provocada por vá-rios vírus ARN (Influenza).Os sintomas mais comunssão arrepios, febre, corri-mento nasal, dor de gargan-ta, dores musculares, doresde cabeça (cefaleias), tosse,fadiga e uma sensação dedesconforto geral. Nas crian-ças pode ocorrer diarreia edor abdominal. Apesar deser normalmente confundi-da com constipação, a gripeé uma doença mais grave,provocada por um tipo de ví-rus diferente. Esta infecção égeralmente é transmitidapelo ar, através da tosse ouespirros, que, por sua vez,propagam partículas quetransportam o vírus. A gripepode, portanto, ser transmi-tida por contacto directocom as secreções nasais ou

com superfícies contamina-das. As viroses por Influenzapodem ser neutralizadas pe-lo sol, desinfectantes ou de-tergentes. Por conseguinte,uma vez que o sabão podeneutralizar o vírus, a simpleslavagem das mãos reduz efi-cazmente o risco de infec-ção. A gripe pode ocasional-

mente dar origem a umapneumonia, viral ou bacte-riana, mesmo em indivíduossaudáveis. Existem vacinas para a

gripe, sendo a mais comumvacina humana a que incluimaterial de dois subtipos deInfluenza A e uma estirpe deInfluenza B. Esta vacina tri-valente não apresenta riscode transmissão da doença.Atendendo a que o vírus In-fluenza se modifica rapida-mente, substituindo uma es-tirpe por outra, pode aconte-cer que a vacina perca a suaeficácia passado um ano. Re-comenda-se portanto umavacinação anual. Nos casosmais graves de gripe, podemesmo ser necessário utili-zar terapia antiviral.

Patologias associadasGeralmente os sintomas

de constipação e gripe estãopresentes durante uma se-mana. Caso se prolongueme se alterem, pode estar pre-sente uma infecção secun-dária. Estas infecções secun-dárias, chamadas de compli-cações da constipação e gri-pe são comuns e podem de-bilitar em muito o doente.Apresentamos algumas pa-tologias e respectivos sinto-mas diferenciadores, quepodem estar associados acomplicações da constipa-ção e gripe:Bronquite– Uma tosse per-sistente, com duração supe-rior a duas semanas pode es-tar relacionada com bron-quite. Esta infecção pode sertratada por diversas formas.Portanto, caso haja suspeitade bronquite deverá consul-tar o médico.Pneumonia – Uma tosseprodutiva, dolorosa, podeser indicadora de pneumo-nia. Normalmente ocorredepois de uma infecção co-mo a constipação ou gripe.Procure informação sobreesta doença grave junto doseu médico. Infecção dos Ouvidos (Otite)- Este tipo de infecção é co-mum depois de uma consti-pação ou gripe. Podem ocor-rer nos adultos, embora a ta-

xa de incidência seja maiornas crianças. Pode ser bas-tante dolorosa, estando oseu tratamento dependenteda gravidade e da idade dodoente.Infecções dos Seios Perina-sais (Sinusite) – A sinusiteocorre quando o muco ficaretido nas cavidades sinusaisprovocando uma infecção.Este tipo de infecção podeser muito dolorosa afectan-do todas as faixas etárias dapopulação.Recapitulando, caso os

sintomas da constipação ougripe tenham sido alterados,agravados ou não tiveremmelhorado no final de duassemanas, o doente deveráconsultar o médico. Existemmuitas complicações quepodem decorrerdestas doenças,sendo as ante-riormentemenciona-

das apenas as mais comuns.O médico poderá diag-nosticar a origemdos sintomas e es-tabelecer o trata-mento adequa-do sempre quenecessário.

22 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS Julho/Agosto 2014 JSA

CONSTIPAÇÃO e GRIPEO que são, quais os sintomas, como prevenir

A constipação e a gripe são doenças do foro respiratório que apresentam sintomas semelhantes. Como se podem diferenciar?

Sintomas Constipação Gripe

febre Ocasionalmente; geralmente ligeira. Frequente; Elevada (38-39ºC; por vezesmais elevada, principalmente em criançasde pouca idade); Durante 3 a 4 dias.

Cefaleias Ocasionalmente. Comum.

Dor generalizaDa Moderada. Frequente; Muitas vezes intensa.

faDiga, fraqueza Ocasionalmente. Habitual; Pode permanecer 2 a 3 semanas.

exausTão exTrema Nunca. Habitual; Até ao início da doença.

nariz CongesTionaDo Comum. Por vezes.

esPirros Comum. Por vezes.

Dor De garganTa Comum. Por vezes.

DesConforTo no PeiTo, Tosse

Ligeiro a moderado; Tosse seca. Comum; Tosse pode ser intensa.

ComPliCações Congestão nasal; Infecção do ouvido médio.

Sinusite, Bronquite, Infecção do Ouvido,Pneumonia que pode ser fatal.

Prevenção Lavagem das mãos com frequência; Evitarcontacto directo com pessoas constipa-das.

Lavar as mãos frequentemente; Evitarcontacto directo com pessoas com sinto-mas de Gripe; Vacinação anual da gripe.

TraTamenTo Descongestionantes; Analgésicos; Antipi-réticos.

Medicamentos de venda livre como des-congestionantes, analgésicos e antipiré-ticos; Os medicamentos de venda livrepara a tosse e constipação não devemser dados a crianças de pouca idade; An-tivíricos de prescrição médica podemem alguns casos ser dados para a gripe;Contactar o médico para mais informa-ções sobre o tratamento adequado.

Existem testes de diagnóstico da gripe mas não da constipação. Um teste rápido para a gripe pode ser feito no gabinete do médico,obtendo-se o resultado após alguns minutos. Estes testes podem auxiliar o médico a decidir se a medicação antiviral irá ser benéficacaso tenha gripe, sendo geralmente usados para determinar o grau de disseminação da gripe. O tratamento mais adequado paracada indivíduo pode ser determinado pelo médico, tendo em conta os sintomas e a história clínica desse mesmo doente.

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24 reSpoNSAbiliDADe SoCiAl Julho/Agosto 2014 JSA

Decano da Faculdade de Ciências da UAN, João da Silva

De acordo com este respon-sável, "o desenvolvimentodo país tem implicações anível ambiental, pelo quesão necessários quadroscompetentes e capazes paragerir os processos". Visivel-mente satisfeito com a pers-pectiva do aumento da in-vestigação científica nestaárea, o professor João da Sil-va vai mais além: "Este gran-de passo dado hoje cria, in-clusive, condições para pro-gramas de doutoramentonum futuro breve", garante.Na mesma linha, a coorde-nadora do mestrado, Espe-rança Costa, diz-nos que aquestão ambiental, quer anível mundial, quer em An-

gola, tem vindo a assumiruma importância crescente."As empresas petrolíferas,de outros sectores económi-cos e a administração públi-ca pedem-nos quadros for-mados nesta área para fazerface a toda uma panóplia dequestões que se levantam,como as alterações climáti-cas, a governança, a gestão,o direito e a economia doambiente, entre outros".

Investimento no capital humanoDe acordo com o Vice-

presidente para área de Co-municação e Relações Ex-ternas da BP Angola, PauloPizarro, que assinou o pro-tocolo por parte da petrolífe-ra, a empresa "tem vindo aapoiar a implementação deprojectos sociais e ambien-tais, financiando o investi-mento no capital humano,entre outros". Recordou acolaboração, de há váriosanos, que a BP tem vindo adesenvolver com a Faculda-de de Ciências da UAN eminúmeros projectos, ondesurgiu o embrião da ideiainicial do presente curso "naconferência sobre desenvol-vimento sustentávelRio+20", prometeu a suacontinuação e confessou a

sua "ligação emocional àUniversidade" por ondepassou.

O curso de mestrado emGestão e Governança Am-biental tem como objectivocapacitar os recursos huma-nos para a cobertura da pro-blemática do desenvolvi-mento na exploração sus-tentável de recursos e da sal-

vaguarda do ambiente. Po-dem candidatar-se licencia-dos em biologia, engenhariado ambiente ou áreas afins.Teve início a 21 de Abril docorrente ano. Acolhe 25 alu-nos, entre licenciados do Mi-nistério do Ambiente, So-nangol, empresas privadas eda própria UAN. Tem a du-ração de dois anos, sendo o

segundo dedicado à prepa-ração da dissertação. O in-vestimento da BP Angola éde cerca de 278, 5 mil dólares

Na cerimónia estiveramainda presentes o Vice-de-cano da Faculdade de Ciên-cias da UAN, Vila Famila e achefe de departamento deBiologia, Filomena Mateus.Do lado da BP Angola, o di-

rector do DesenvolvimentoSustentável, Gaspar dosSantos, o director de Comu-nicação e Relações Externas,António Vueba, o directorde Relações Governamen-tais, Adalberto Fernandes,os conselheiros José LuísFernandes, Henrique Ma-lungo, Joyce Maura e EuniceFonseca.

"O mestrado vai permitir a formação de quadros angolanos especializados e a investigação

científica na área ambiental"BP Angola viabiliza criação de mestrado em gestão e governança ambiental

Decano da Faculdade de Ciências da UAN, João da Silva

"O mestrado em Gestão e Gover-

nança Ambiental constitui um ins-

trumento fundamental para o pro-

cesso educativo, de investigação

científica e formação de quadros

especializados que muito contribui-

rá para a sustentabilidade do desen-

volvimento socioeconómico do

nosso país"

FOTO DE FAMÍLIA

A BP Angola, através do

seu Departamento de

Desenvolvimento Sus-

tentável, tem vindo a

incrementar, de há vá-

rios anos, uma estreita

colaboração com a Fa-

culdade de Ciências da

UAN apoiando inúme-

ros projectos científicos

com uma forte compo-

nente formativa e en-

volvimento das comuni-

dades

Assinatura do Protocolo

A assinatura do protocolo de finan-

ciamento entre a BP Angola e a Fa-

culdade de Ciências da UAN viabili-

zou a criação do curso de mestrado

em Gestão e Governança Ambien-

tal que tem como objectivo capaci-

tar os recursos humanos para a co-

bertura da problemática do desen-

volvimento na exploração sustentá-

vel de recursos e da salvaguarda do

ambiente

O protocolo entre as duas entidades foi assinado pelo Vice-presidente para a área de Comunicação e Relações Externas da BP An-gola, Paulo Pizarro, e pelo Decano da Faculdade de Ciências da UAN, João da Silva

"A criação do mestrado emGestão e Governança Am-biental constitui um instru-mento fundamental para oprocesso educativo, de in-vestigação científica e forma-ção de quadros especializa-dos que muito contribuirápara a sustentabilidade dodesenvolvimento socioeco-nómico do nosso país", afir-mou o decano da Faculdadede Ciências da UAN, João daSilva, no acto de assinaturado protocolo de financia-mento com a BP Angola, emLuanda, a 11 de Julho.

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26 CÉREBRO Julho/Agosto 2014 JSA

De origem grega, autismo remete-nos para a ideia de uma condiçãoou estado de alguém que tem ten-dência para se alienar da realidadeexterior e se centrar em si próprio.

As experiências realizadas aolongo dos anos evidenciam a ne-cessidade de se conhecer, definir eenquadrar este distúrbio. Salienta-mos Kanner, que foi o primeiro in-vestigador a realizar a descrição doautismo, considerando-o comouma psicose que poderia estar in-terligada com o comportamentorelacional das crianças com os pais.A par deste investigador, tambémse destacou Asperger que descreveesta síndrome como “psicopatiaautista”. Ambos, apesar de divergi-rem em alguns aspetos, considera-vam que desde o nascimento exis-tia um transtorno básico que origi-nava problemas altamente carac-terísticos e destacavam as difi-culdades de relacionamentointerpessoal e de comuni-cação como as caracterís-ticas mais perturbadorasdesta patologia.

O que é o autismoO universo autista é

uma realidade com-plexa que englobaconceitos distintosmas que se cruzamem determinadospontos, afirmandoWall (2010: 6), que “de-cidirmo-nos apenas poruma definição de autis-mo é procurar o impossí-vel”. No entanto, e numa de-finição geral, pode ser deter-minado como uma perturbaçãodo desenvolvimento basicamentecaracterizada por grandes dificul-dades na comunicação e no fun-cionamento social, assim como pe-la demonstração de comporta-mentos repetitivos e interesses res-tritos que começa antes dos trêsanos de idade e dura toda a vida.

As causasAté ao presente as suas cau-

sas são desconhecidas. “Acre-dita-se que a origem do autis-mo esteja em anormalidadeem alguma parte do cére-

bro ainda não definida de formaconclusiva e, provavelmente, deorigem genética. Além disso, admi-te-se que possa ser causado porproblemas relacionados a fatosocorridos durante a gestação ou omomento do parto” (Mello, 2005:12).

São rejeitadas as hipóteses deque a frieza ou rejeição materna es-tejam na sua origem consideran-do-se possível que exista uma com-binação de factores (genéticos eoutros relacionados com a gravideze com o parto), que determinam seuma criança desenvolve o autismoou outra Perturbação Global doDesenvolvimento.

Das várias teorias que foramsurgindo Carr (2006), agrupa-asem três: as teorias psicogénitas, asbiológicas e as cognitivas.

As teorias psicogénitas, basea-das nas correntes psicanalíticas,postulam que as crianças autistassão normais à nascença mas quedevido a factores familiares hostisno decorrer do seu desenvolvi-mento (frieza emocional, rigidezdos pais, perfeccionismo, rejeiçãoparental...) despoletaram um pa-norama autista. Esta teoria acaboupor não vingar quando se analisa-ram casos de crianças que erammal tratadas pelos pais, negligen-ciadas e ainda assim não davam

origem a um quadro clínico de au-tismo.

Por seu lado, as teorias biológi-cas defendem que as característi-cas clínicas do autismo reflectemproblemas neurodesenvolvimen-tais devido a factores genéticos, in-trauterinos ou perinatais ou poruma combinação dos mesmos.

As teorias cognitivas, por suavez, colocam a ênfase nos déficescognitivos, considerando que estespoderão ser responsáveis pelos ou-tros défices e sintomas da pertur-bação afectando a linguagem, o de-senvolvimento cognitivo e intelec-tual bem como a capacidade de es-tabelecer relações.

Existem ainda outras teorias al-ternativas que mencionam a possi-bilidade de existirem outros facto-res responsáveis pelo défice paraalém da mentalização. Russel pro-põe uma teoria baseada na incapa-cidade específica da criança autistade se desligar dos objectos que es-tão no seu campo perceptivo emconsequência de estímulos quecontrola. Bowler enfatizou a sua in-capacidade no uso espontâneo efuncional de sistemas representa-cionais, considerando Hobson queexiste um défice inato responsávelpela incapacidade da criança seenvolver emocionalmente comoutras pessoas.

CaracterísticasApesar de todas as teorias e dos

avanços conseguidos, a par da ne-cessidade de se compreender aorigem desta perturbação, aindanão é possível identificar concreta-mente os seus factores etiológicosresponsáveis, sendo que o basilaré que seja feita uma intervençãoprecoce e de acordo com as poten-cialidades da criança. Para que talaconteça é fundamental reconhe-cer as suas características, dasquais se destacam: limitações nainteracção social recíproca, na co-municação recíproca e na capaci-dade de imitação que se traduzempor um padrão ou repertório com-portamental restrito.

As perturbações na interacçãosocial referem-se ao comprometi-mento na habilidade de reconhe-cer os outros seres humanos comotendo características mais interes-santes e, potencialmente, maisgratificantes do que o ambiente fí-sico. A perturbação, desde o maisgrave isolamento, varia de ten-tativas para evitar e ignorar ocontacto físico ou social comoutros até formas mais flexíveisem que há a procura activa docontacto social, porém de for-ma unilateral e inadequa-da.

Já as alterações nacomunicação repor-tam-se a dificuldades

de emissão e de com-preensão de sinais sociaisnão verbais, pré-verbais everbais, diminuição do pra-zer de conversar e, num nívelmais complexo, diminuição

do desejo de falar acerca desentimentos e de trocar expe-riências.Quanto às limitações na habi-

lidade da imaginação e compreen-são social estão relacionadas coma inabilidade de identificar o senti-do e o objectivo dos comporta-mentos dos outros. Consequente-mente, a imitação dos comporta-mentos sociais, quando ocorre,tende a ser mecânica e extrema-

mente associada ao contexto emcausa. Revelam interesse em roti-nas, manifestam movimentos cor-porais estereotipados e resistênciaà mudança.

Geralmente apresentam umpadrão cognitivo desigual e, fre-quentemente, têm uma melhorperformance nas tarefas não ver-bais e visuo-espaciais do que nastarefas verbais. Sintomas compor-tamentais associados incluem hi-peractividade, curto tempo deatenção, impulsividade, compor-tamento agressivo, auto-agressivi-dade e agitação psicomotora. Al-gumas crianças têm respostas ex-tremas aos estímulos sensoriais,tais como hipersensibilidade à luz,som, toque e fascinação por certosestímulos auditivos ou visuais. Dis-túrbios do sono e da alimentaçãotambém são comuns, além de me-do excessivo em situações banaisou perda do medo em situações derisco. Estes sintomas inespecíficos,apesar de não fazerem parte doscritérios diagnósticos primáriossão dos que mais trazem proble-mas à família.

Diagnóstico e intervençãoContudo, para que exista um

diagnóstico é necessário que se ve-rifiquem padrões repetitivos de ac-tividade das características acimamencionadas. O mesmo, é realiza-do através da avaliação directa docomportamento do indivíduo poruma equipa transdisciplinar en-volvendo todos os elementos queinteragem com a criança (pais, téc-nicos de saúde, de educação, ...),existindo assim probabilidade des-sa intervenção ter um impacto ful-cral no seu desenvolvimento e nasua família.

Após o diagnóstico, a interven-ção é algo que deve impreterivel-mente seguir-se. As áreas em queesta deve acontecer são essencial-mente a comunicação-interacção,a linguagem e o desenvolvimentocognitivo; áreas que se começam adesenvolver desde os primeirostempos de vida. No entanto, não sedevem descurar as outras áreasem que é necessário o desenvolvi-mento das potencialidades dacriança, tais como a psicomotrici-dade, a coordenação visuomotora,a autonomia e os comportamentosagressivos e desajustados

Referências bibliográficas:Carr, A. (2006). Autism and pervasive deve-

lopmental disorders. In A. Carr, A., G.

O’Reilly, P. Walsh & J. McEvoy (Eds.). The

handbook of child and adolescente psycho-

logy: A contextual approach. East Sussex:

Routledge.

Mello, A. (2005). Autismo: guia prático. São

Paulo: Brasília.

Wall, K. (2010). Autism and early years prac-

tice (2a ed.). London: Sage Publications Ltd.

Autismo: o que é, quais os sinais e a intervenção necessária

"Após o diagnóstico,a intervenção é algoque deveimpreterivel-menteseguir-se. As áreasem que esta deveacontecer sãoessencialmente acomunicação-interacção, alinguagem e odesenvolvimentocognitivo"

AnA RitA Alves

Docente de educação

especial e Formadora

[email protected]

“O meu desenvolvimento não é absur-

do, ainda que não seja fácil de com-

preender. Tem a sua própria lógica e

muitas das condutas a que chamais ‘al-

teradas’ são formas de enfrentar o

mundo segundo a minha maneira es-

pecial de ser e perceber.”

(Adap. de Wall, 2010)

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27ÉBOLAJSA Junho/Agosto 2014

Contágio sem fronteiras

A confirmação da existênciade casos de Ébola na RDCchegou através da comuni-cação de duas vítimas mor-tais. O ministro da Saúdedeste país africano disse ain-da que as autoridades acre-ditam que o ébola já tenhafeito mais de uma dezena devítimas mortais.

O Congo é o quinto paísafricano a identificar casosde ébola e Felix KabangeNumbi, ministro da Saúde,disse que estes dois casosmortais não são os únicos.Para além de haver maismortes suspeitas que estãoser investigadas, há 11 pes-soas em isolamento e a pos-sibilidade de contágio demais 80.

Os casos concentram-senuma região remota do paíse a Organização Mundial daSaúde está a tentar relacio-nar este surto com o que as-sola a Libéria e Serra Leoa,havendo, no entanto, a pos-sibilidade de estes casos não

estarem relacionados com osurto que já vitimou quase1500 pessoas no continenteafricano. Nos últimos anos oCongo teve sete surtos deébola.

A OMS tinha contabiliza-do, até 20 de Agosto, 1.427mortos em 2.615 casos iden-tificados. A Libéria é o paísmais afectado, com 624mortos em 1.082 casos, se-guindo-se a Guiné-Conacricom 407 vítimas mortais. ASerra Leoa e a Nigéria regis-taram, respectivamente, 392mortos e cinco mortos.

Não será fácilEntretanto, o director ad-

junto da Organização Mun-dial de Saúde (OMS) para asegurança sanitária, KeijiFukuda, admitiu este mêsque "não será fácil" parar aepidemia de Ébola, esti-mando que a tarefa durará"vários meses de trabalho fe-roz".

“O ritmo e a amplitudeda aceleração do Ébola sãoalgo nunca visto. É uma si-tuação sem precedentes”,disse Keiji Fukuda duranteuma conferência de im-prensa com o coordenadorda ONU para o surto de Ébo-la, David Nabarro, realizadanas instalações da Missãodas Nações Unidas na Libé-ria (Minul), na capital do

país, Monróvia.O responsável da OMS

reconheceu ter sido sur-preendido pela propagaçãodo vírus. “Nunca tínhamosvisto um surto de Ébola que

atingisse as cidades e as zo-nas rurais tão rapidamente ecom uma tão grande ampli-tude geográfica”, acrescen-tou. “

Segundo Director Regio-

nal da OMS para África, oangolano Gomes Sambo, apropagação continuada dovírus do Ébola durante opresente surto está, emgrande medida, associada aalgumas práticas culturais ecrenças tradicionais quecontrariam as medidas pre-ventivas de saúde públicarecomendadas. Para alémdisso, o intenso movimentode pessoas no interior dospaíses e através das frontei-ras tem facilitado a rápidapropagação da infecçãodentro e entre os três países.

Luís Gomes Sambo subli-nhou a imperiosa necessi-dade de informar, envolvere garantir a participação dascomunidades, líderes reli-giosos e líderes de opiniãona linha da frente dos esfor-ços de resposta, assim comode uma melhor comunica-ção entre os governos, par-ceiros e comunidades, paraque seja possível gerar evi-dências de confiança, quesirvam de base à implemen-tação de acções eficazes e re-levantes.

Angola preparadaO ministro angolano da

Saúde, José Van-Dúnem, as-segurou este mês, no Luena,Moxico, que a República deAngola está sem registo daébola.

À margem da inaugura-ção do novo Hospital Muni-cipal do Moxico (sede), oministro afirmou que “emAngola não temos ébola fe-lizmente, mas tem que seaproveitar a oportunidadepara testar o sistema de vigi-lância epidemiológica”.

José Van-Dúnem anun-ciou que o Governo angola-no está actualmente a capa-citar os profissionais de saú-de sobre as medidas de bios-segurança, garantindo a lo-gística necessária para que abiossegurança possa serefectiva ao nível das sedesprovinciais, municipais e co-munais, pois, o maior riscoestá nas zonas mais distan-tes destas áreas.

Assegurou ainda que oMinistério da Saúde estápreocupado com a protec-ção dos seus profissionais,pois, ao aceitarem salvar vi-das humanas, acabam per-dendo a vida de quem nãoconseguem salvar. Por isso,é fundamental que se criemas condições para que abiossegurança passa a fazerparte da rotina das suas in-tervenções.

Ao longo dos últimos seismeses, mais de 225 pessoasque trabalhavam no sectorda saúde contraíram o vírusdo Ébola, das quais perto de130 morreram.

Ébola já chegou ao Congo e fez dois mortos

Como prevenir

Ministro da Saúde do Congo

confirmou, a 24 de Agosto,

que duas pessoas morreram

devido ao vírus, 11 pessoas es-

tão em isolamento e pode ha-

ver até 80 casos de contágio.

?A FEBRE HEMORRÁGICA ÉBOLA é a doença huma-

na provocada pelos vírus do ébola. Os sintomas têm

início duas a três semanas após a infecção, e manifes-

tam-se através de febre, dores musculares, dores de

garganta e dores de cabeça. A estes sintomas suce-

dem-se náuseas, vómitos e diarreia, a par de insufi-

ciência hepática e renal. Durante esta fase, algumas

pessoas começam a ter problemas hemorrágicos.

A propagação da doença em determinada população

tem início quando uma pessoa entra em contacto

com o sangue ou fluidos corporais de um animal in-

fectado, como os macacos ou morcegos-da-fruta.

Pensa-se que os morcegos-da-fruta sejam capazes

de transportar a doença sem ser afectados. Após a in-

fecção, a doença é transmissível de pessoa para pes-

soa, inclusive através do contacto com pessoas mor-

tas em decorrência do vírus.

Anteriormente conhecida como Febre Hemorrágica

Ébola, tem o seu nome derivado do primeiro surto

identificado em uma aldeia cerca do Rio Ébola na Re-

pública Democrática do Congo em 1976.

O que é o Ébola

Pode contrair o ébola de

alguém que esteja conta-

minado e até já morto.

Mantenha-se à distância.

Não toque numa pessoa infectada

ou nos seus fluidos corporais.

Sangue Vomitado Fezes/diarreia

Lave as mãos com

frequência. Use sabão.

O ébola pode estar em

macacos e morcegos.

Não lhes toque.

Não coma a sua carne.

Se tiver estes sintomas:

Febre Cansaço Dor de cabeça

Vómitos Diarreia

Tosse

Sangramento

do nariz ou boca

Vá ao centro de saúde ouhospital maispróximo. Afaste-se de

outras pessoas.

E cuidado com o

seu vomitado e

diarreia.

Náuseas

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Qualquer organização ne-cessita de gerir processos efluxos para atingir os seuspropósitos. As organizaçõesde prestação de cuidadosde saúde não são excepção.A eficácia dos seus proces-sos logísticos é ainda maisrelevante na sua actividadepelo facto de envolveremdoentes como os receptoresdos seus serviços. A dispo-nibilidade de fármacos é es-sencial à prestação dos cui-dados devidos. Os stockstêm um peso muito elevadonos custos hospitalares, pe-

lo que uma gestão mais efi-caz dos mesmos pode per-mitir a libertação significa-tiva de capital para outrasáreas e desse modo umamelhor qualidade do servi-ço prestado.

Foi neste âmbito, da lo-gística, que o processo decompras de um hospital lo-calizado numa ilha no meiodo oceano Atlântico foiabordado como exemplona conferência realizada noâmbito do módulo de Ope-rações e Logística, do pro-grama de especialização

em gestão da Saúde. No inverno, a ilha pode

ficar isolada quer por via aé-rea quer por via marítima,por períodos que podem iraté uma semana, aspectoque sempre reforçou as de-cisões do hospital quanto àmanutenção de elevadosníveis de stock.

A compra de fármacos ede material de consumo clí-nico e a disponibilizaçãodos mesmos envolvia umprocesso longo, moroso,baseado em procedimentosmanuais e com diversos ní-

veis hierárquicos de autori-zações. Este processo de-morava entre 7 a 9 semanas,o que levava o hospital a teruma política de manuten-ção permanente de stock-correspondente a 3 mesesde consumo. Em conse-quência, pelo capital inves-tido em stock, a disponibili-dade financeira do hospitalera menor.

Investimento em stock reduziu 85%A intervenção neste pro-

cesso assumiu como aspec-tos base o recurso a tecno-logias de informação paracomunicação entre as áreashospitalares, para incenti-var e acelerar a comunica-ção interna, a delegação decapacidade e responsabili-dade por decisões de com-pra que envolvam fármacosou material clínico, para re-duzir redundâncias, e a tro-ca continuada de informa-ção com os fornecedoressobre níveis de stock e con-sumos, para redução dotempo de resposta deste.

Tendo por base os pila-res enunciados, o processofoi analisado tendo por baseprincípios logísticos e, nu-ma versão conservadora,passou a poder produzir osmesmos resultados, ou seja,

a disponibilidade dos fár-macos em falta, no espaçotemporal de cerca de umdia e meio, ou seja, menos86% do tempo do que a si-tuação inicial. Em conse-quência, a necessidade demanutenção de stock, ten-do em conta as limitaçõesdecorrentes da localizaçãogeográfica da ilha, e assu-

mindo uma postura muitoconservadora, passou paraapenas 2 semanas de con-sumo em vez dos 3 mesespraticados até então. Estasituação permite uma redu-ção de investimento emstock de cerca de 85%, alémda libertação de espaço dearmazenamento e da dimi-nuição dos custos ineren-tes.

Melhorias de 100%Numa segunda aborda-

gem, o processo, na sua fasede identificação de necessi-dades e reposição de stock,é passado para um fornece-dor de serviço logístico.Neste sentido, são realiza-dos contratos de abasteci-mento anuais com o presta-dor de serviço, segundo osquais este último recebe demodo diário informaçãosobre o nível de consumo eabastece o hospital sempreque necessário a partir destock que possui na ilha. Asmelhorias em termos dotempo do processo são de100% uma vez que envol-vem a externalização domesmo. No que diz respeitoà necessidade de manuten-ção de stock adicional nohospital, esta deixa de exis-tir uma vez que agora é ofornecedor de serviço a ge-rir o stock. Esta responsabi-lidade por parte do fornece-dor envolve também a res-ponsabilidade do hospitallhe enviar informação cor-recta e atempada.

Uma solução deste tipo,envolvendo um elevado ní-vel de cooperação e colabo-ração entre o hospital e oprestador de serviço, já épossível ser observada, porexemplo, no Hospital Re-gional de Malange, onde es-tá a ser aplicada com suces-so.

Verifica-se então que aanálise logística de proces-sos nos hospitais pode le-var, entre outros aspectos, aque estes libertem capitalpara investimento noutrasnecessidades que, porexemplo, permitam incre-mentar a qualidade do ser-viço médico prestado à po-pulação, permite a liberta-ção de espaço para, porexemplo, ampliação ou ins-talação de outros serviços, epermite maior celeridadedos processos, com a con-sequente melhoria da qua-lidade dos serviços presta-dos à população.

28 LOGÍSTICA Julho/Agosto 2014 JSA

Repensar o processo de aquisição defármacos reduz custos hospitalares

A análise logística de processos nos hospitais pode levar, entre outros aspectos, a que estes libertem capital para investimento nou-

tras necessidades que, por exemplo, permitam incrementar a qualidade do serviço médico prestado à população. Permite também

a libertação de espaço para, por exemplo, a ampliação ou instalação de outros serviços, e, ainda, uma maior celeridade dos proces-

sos, com a consequente melhoria da qualidade dos serviços prestados à população.

"Uma soluçãodeste tipo,envolvendo umelevado nível decooperação ecolaboraçãoentre o hospitale o prestador deserviço, já épossível serobservada, porexemplo, noHospitalregional deMalange, ondeestá a seraplicada comsucesso"

AnA LúciA MArtins

Professora Auxiliar no isctE-iUL, institu-

to Universitário de Lisboa

Formadora no módulo de Operações e

Logística do Programa de Especialização

em Gestão da saúde que decorre em

Luanda, co-organizado pelo Jornal da

saúde e MFY

Os stocks têm um peso mui-

to elevado nos custos hospi-

talares, pelo que uma gestão

mais eficaz dos mesmos po-

de permitir a libertação sig-

nificativa de capital para ou-

tras áreas e desse modo uma

melhor qualidade do serviço

prestado.

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31publicidadeJSA Julho/Agosto 2014

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30 SAÚDE ORAL Julho/agosto 2014 JSA

É o caso da Climed, uma re-nomada clínica em Luandaque dispõe de um consul-tório de Odontologia, comprofissionais habituados atodos estes problemas, co-mo nos conta o médicoodontologista Rui FilipeNorton Ferreira dos Santos:“Cáries, pulpites, necrosese abcessos são as principaisdoenças com que nos de-paramos na Climed”.

O odontologista diz quetêm sido recorrentes trata-mentos dentários comorestaurações, extracções outratamento dos canais, rea-bilitações, próteses e im-plantes, cirurgias maxilofa-ciais (sobretudo extracçãode sisos) e tratamentos pe-ridentais.

As cáriesSintoma característico

das cáries é a presença deuma cavidade no denteafectado, com bordas áspe-ras (furos pequenos) quepodem ser sentidas pelalíngua ou detectadas pelofio dental, explica Rui Fer-

reira dos Santos, admitindoque, “quando pequenas, ascáries até podem ser assin-tomáticas”.

Os ácidos (acético, bútri-co e, principalmente, lácti-co) produzidos pela fer-mentação de restos de ali-

mentos com carboidratos,que é provocada por deter-minadas bactérias da floraoral (isto é, existentes naboca), são responsáveis pe-lo aparecimento de cáries.

Segundo o Rui Ferreirados Santos, é mais fácil e

susceptível contrair cáriesem dentes adjacentes e embocas com alto teor de bac-térias cariogénicas. “Émaior a probabilidade deuma cárie se desenvolverem fóssulas e fissuras nassuperfície de mastigação

dos dentes posteriores, nosespaços entre os dentes epróximo a linha da gengi-va”, diz o odontologista.

Dor, gengivas e mau hálitoA Climed conta com vá-

rios médicos especializa-dos nas diversas áreas doforo dentário. A odontolo-gista Lwyana Pombal, es-pecialista em próteses edentística (ou odontologiaestética), explica-nos que“uma das tarefas mais difí-ceis é perceber qual a causada dor dentária, que poderesultar de vários factores,desde um abcesso dentárioa uma lesão nos maxilares,feita durante a alimentaçãoou um inchaço nas gengi-vas”.

Entre as complicaçõesda saúde oral que mais po-dem afectar o organismohumano estão as doençasdas gengivas. “São as mais

perigosas, caso sejam con-traídas por mulheres grávi-das, com problemas peri-dentais”, alerta LwyanaPombal. “As gestantes cor-rem o risco de ter um partoprematuro e recém-nasci-dos com baixo peso e sãopropensas a contrair doen-ças cardiovasculares, dia-betes, endocardites bacte-rianas (má posição dentá-ria) e outras”, acrescenta amédica especialista da Cli-med.

A melhor forma de secombater o mau hálitoconsiste em ter uma ali-mentação saudável, evitaringestão de açúcares, esco-var bem os dentes e comercom intervalos curtos, depreferência de duas emduas horas.

Inovação e bons conselhosA Climed procura cons-

tantemente melhorar o seuportefólio de serviços, es-tando a preparar agora aabertura da Secção de Or-todontia, para poder res-ponder melhor a deformi-dades dos dentes e gengi-vas, sejam elas adquiridasou congénitas.

Mas é preciso termosnoção de que nós própriossomos os principais res-ponsáveis pelo cuidadocom a nossa dentição e de-vemos ter alguns cuidados,de forma a prevenir ou con-trolar as cáries dentárias.

Rui Ferreira dos Santosoferece-nos algumas su-gestões simples: “A cáriedentária é controlável. Paraisso, basta regular o consu-mo de açúcares e, caso a sa-liva na boca não seja sufi-ciente (uma condição cha-mada xerostomia), estimu-lar a produção, mascandopastilhas com pouco ou ne-nhum açúcar.”

Climed ajuda a melhorar a saúde oral

Um lote de medicamentos diversos ematerial gastável, avaliados em 10 mildólares norte-americanos, foi entre-gue este mês de Agosto, em Cabinda,à secretaria provincial de Saúde, ofe-recido pelo grupo empresarial Med-tech Angola, em parceria com a asso-ciação "Juventude Associada em Mo-vimento" (JAM).

Na ocasião, o director da divisãomédica do grupo Medtech Angola,Manuel Bartolomeu, disse que a doa-ção visa apetrechar com mais medica-

mentos os hospitais da província paramelhoria no atendimento aos utentes,na sequência da situação de emergên-cia vivida em Cabinda em Março doano em curso, devido às intensas chu-vas que se abateram na região.

Referiu que a iniciativa visa tam-bém dar atenção ao atendimento àspopulações e combate a algumasdoenças que assolam a região, e ga-rantiu que o programa vai continuarem outras províncias do país com omesmo objectivo.

Cabinda

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As cáries dentárias, além de

serem uma doença infeccio-

sa e transmissível, resultam

na destruição dos tecidos

dentários, o que pode levar à

aparição de cavidades nos

dentes ou, em casos mais

graves, à destruição de todo

o dente. Esta e outras doen-

ças relacionadas com a saúde

oral devem ser acompanha-

das por especialistas com ex-

periência.

Mau hálito:causas esoluções

Queixa frequente é o

mau hálito, originado por

uma ou diversas doenças

do foro dentário, entre as

quais cáries e gengivites.

Mais de 70 por cento

destes problemas são

provenientes da zona

posterior da língua, por

não se fazer

convenientemente a

escovação da língua.

“Esquece-se

frequentemente de

escovar atrás, onde se

encontra a máxima

quantidade de odor”, diz

Lwyana Pombal.

Problemas

gastrointestinais (dores

do estômago) também

são causa de mau hálito.

lwyana pombal "Entre as complicações da saúde oral que mais podem afectar o organismo hu-

mano estão as doenças das gengivas. São as mais perigosas, caso sejam contraídas por mulheres

grávidas, com problemas peridentais”

Rui Filipe FeRReiRa dos santos “Cáries, pulpites, necroses e abcessos são as principais doenças

com que nos deparamos na Climed. São recorrentes tratamentos dentários como restaurações,

extracções ou tratamento dos canais, reabilitações, próteses e implantes, cirurgias maxilofaciais

(sobretudo extracção de sisos) e tratamentos peridentais"

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32 osteoporose Julho/Agosto 2014 JSA