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O Céu é o Limite Mega encontro dos farmacêuticos Há, no mundo, cerca de 300 milhões de pessoas com Diabetes. Até 2030 este número vai duplicar. Os angolanos, infelizmente, não escapam a esta estatística. Mas a maioria ainda não sabe. Se é profissional de saúde não deixe de participar nas 1as. Jornadas de Diabetes de Angola, a 19 e 20 de Junho. Se não é, veja como prevenir. Entrevista à diabetologista Sabrina Coelho da Cruz |Pag.8 Médicos debatem a Diabetes É já a 15 e 16 de Setembro que os far- macêuticos angolanos, sob a égide da sua Ordem, vão reunir-se para debater os grandes desafios que se apresentam. A 2ª Semana da Farmácia Angolana é acompanhada pela 3ª Expo Farma, a montra nacional de medicamentos e equipamentos para as farmácias. Garanta o seu lugar. jornal Ano 6 - Nº 61 Maio 2015 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da O hospital Américo Boavida está em vias de obter o reconhecimento internacional do Sistema de Gestão da Qualidade para quatro dos seus Serviços, de acordo com a norma ISO 9001. A certificação reconhece a qualidade dos serviços prestados e o empenho dos profissionais de saúde, realidade que se traduz em melhorias crescentes resultantes das medidas implementadas. Quem sai a ganhar é a saúde dos angolanos. A certificação obriga, contudo, ao cumprimento de muitos requisitos. Saiba como tem sido feito. |Pags. 4 e 5 Compromisso com a qualidade Tratamento do cancro o papel da radioterapia O tumor primário resulta da transformação maligna de células de um determinado órgão e da multi- plicação desordenada destas células. Uma das opções do tratamento oncológico nos estágios iniciais da doença é a radioterapia. Já é efectuada em Angola. Saiba o essencial. Leia o artigo do oncologista, professor Lúcio Lara Santos. |Pags.12 e 14 Hospital Américo Boavida candidato a certificação internacional Foto: Jorge Vieira

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O Céu é o Limite

Mega encontro dos farmacêuticos

Há, no mundo, cerca de 300 milhões de pessoascom Diabetes. Até 2030 este número vai duplicar.Os angolanos, infelizmente, não escapam a estaestatística. Mas a maioria ainda não sabe. Se éprofissional de saúde não deixe de participar nas1as. Jornadas de Diabetes de Angola, a 19 e 20 deJunho. Se não é, veja como prevenir. Entrevista àdiabetologista Sabrina Coelho da Cruz |Pag.8

Médicos debatem a Diabetes

É já a 15 e 16 de Setembro que os far-macêuticos angolanos, sob a égide dasua Ordem, vão reunir-se para debateros grandes desafios que se apresentam.A 2ª Semana da Farmácia Angolana éacompanhada pela 3ª Expo Farma, amontra nacional de medicamentos eequipamentos para as farmácias.Garanta o seu lugar.

jornalAno 6 - Nº 61Maio2015Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA audea saúde nas suas mãos

A N G O L A

da

O hospital Américo Boavida está em vias de obter o reconhecimento internacional do Sistema de

Gestão da Qualidade para quatro dos seus Serviços, de acordo com a norma ISO 9001. A certificação

reconhece a qualidade dos serviços prestados e o empenho dos profissionais de saúde, realidade que

se traduz em melhorias crescentes resultantes das medidas implementadas. Quem sai a ganhar é a

saúde dos angolanos.

A certificação obriga, contudo, ao cumprimento de muitos requisitos. Saiba como tem sido feito. |Pags. 4 e 5

Compromisso com a qualidade

Tratamento do cancroo papel da radioterapia

O tumor primário resulta da transformação maligna de células de um determinado órgão e da multi-plicação desordenada destas células. Uma das opções do tratamento oncológico nos estágios iniciaisda doença é a radioterapia. Já é efectuada em Angola. Saiba o essencial. Leia o artigo do oncologista,professor Lúcio Lara Santos. |Pags.12 e 14

Hospital Américo Boavida candidato a certificação internacional

Foto: Jorge Vieira

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2 EDITORIAL Maio 2015 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus, decano da Fa-culdade de Medicina a UAN (coor-denador), Dra. Adelaide Carvalho,Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos(Kaka) Alberto, Enf. Lic. ConceiçãoMartins, Dra. Filomena Wilson, Dra.Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo,Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof.Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Ma-ria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.

Director Editorial: Rui Moreira de Sá [email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; Esmeral-da Miza; Francisco Cosme dos San-tos; Magda Cunha Viana.Corres-pondentes provinciais: Elsa Inakulo(Huambo); Diniz Simão (CuanzaNorte); Casimiro José (Cuanza Sul);Victor Mayala (Zaire) Publicida-de: Eileen Salvação Barreto Tel.: +244 945046312 E-mail: [email protected] Edição deste nú-mero: Cláudia Pinto, Magda Cunha

Viana; Fotografia:António Paulo Ma-nuel (Paulo dos Anjos). Editor:Marke-ting For You, Lda - Rua Dr. Alves daCunha, nº 3, 1º andar - Ingombota,Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935432 415 / 914 780 462,[email protected]. Con-servatória Registo Comercial de Luan-da nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.Delegação em Portugal: Beloura Of-

fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247670 Fax: + (351) 219 247 679E-mail: [email protected] Geral: Eduardo Luís MoraisSalvação BarretoPeriodicidade:mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SATransportes: Francisco Carlos de An-

drade (Loy) Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

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e o desenvolvimento sustentável do país.

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É louvável o esforço que a direcção geral do hospital AméricoBoavida tem vindo a desenvolver nos últimos anos no sentidode modernizar uma das mais importantes unidades de saúdeda capital e do país e posicioná-la claramente como um hos-pital nacional, terciário e escola. Para além de apetrechá-locom equipamentos e dispositivos de tecnologia avançada, ede dar formação contínua aos seus profissionais, tem vindo aafinar processos, implementando normas de orientação clí-nica que especificam procedimentos. E – essencial! – a fazê-los cumprir.

Acresce que como prestador de serviços “de ponta” – ser-viços prestados por especialistas diferenciados, médicos, en-fermeiros e técnicos com conhecimentos actualizados, comtécnicas modernas e consequentemente melhores resulta-dos – é necessário que o hospital tenha investigação científi-ca, faça as suas pesquisas e as discuta com outras instituiçõese organização de saúde, o que tem vindo a acontecer.

O fruto de todo este esforço pode agora surgir com a certi-ficação de alguns dos seus Serviços pela ISO 9001, norma in-ternacional que atesta a qualidade dos serviços prestados poruma instituição, conforme reportagem que publicamos nestaedição.

Resta sublinhar que o corpo clínico desta unidade de saúdeé maioritariamente angolano. É o único hospital nacional quetem esta prerrogativa resultante do tradicional papel de hos-pital com características docentes, não só para apoio à for-mação pré graduada (apoio à Faculdade de Medicina da Uni-versidade Agostinho Neto que foi durante muitos anos a úni-ca faculdade de medicina do país), como para a formação demédicos especialistas nacionais.

Uma realidade que honra a memória do médico, naciona-lista destacado, e patrono do hospital, Américo Alberto deBarros e Assis Boavida.

Os cidadãos agradecem.

Hospital organizado

E-MAILSÀ REDACÇÃOSegurança e prevenção rodoviária Este ano, o tema da Semana Mundial da Pre-venção Rodoviária é «A Segurança dasCrianças».Sugere-se que, antes de entrarem no carro ecomeçarem a dirigir, os motoristas tenham ocuidado e a paciência de dar uma volta aocarro para ver se o mesmo está em condi-ções. No exemplo da imagem, o motorista deu es-sa volta de verificação, antes de iniciar a mar-cha. Veja o que ele encontrou entre a roda eo para-choques! Pense no que poderia acontecer, caso essemotorista não tivesse dado a volta ao carro. Conduza com cuidado e ajude a salvar vidas,com pequenos gestos.

José Soares Caetano

Health Information and Promotion OfficerEscritório da OMS em AngolaWorld Health Organization

Rui MoReiRa de Sá

Director [email protected]

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3ACTUALIDADEJSA Maio 2015

Um novo equipamento

que possibilita um teste

duplo de despiste do ViH

e da Sífilis, com uma única

picada no dedo, foi apre-

sentado num seminário,

em luanda, a 22 de maio.

FRANCISCO COSME

dOS SANtOS COM CláUdIA

PINtO eRUI MOREIRA dE Sá

de acordo com o responsávelda Cicci, James titelman, oequipamento de diagnósticoAlere Sd Bioline de VIH/Sífilisduo “é completamente ino-vador e reduz o tempo de rea-lização do teste: com uma úni-ca “picada no dedo” obtêm-sedois resultados”. Por outro la-do, “não é necessário utilizarinstrumentos, electricidade,equipamento laboratorial, oque facilita o trabalho dos mé-dicos, reduz o desperdício e otempo de treinamento. O pro-cedimento único é mais sim-ples, facilita a gestão e o registode resultados”, garante.

Para os técnicos, “haverá oaumento da cobertura dostestes, será mais eficaz em ter-mos de custos e oferece facili-

dades de armazenamento elogística em geral”. A sensibili-dade e a especificidade do tes-te duplo foi consistentementeelevada em amostras recolhi-das em seis países. “No estudode aceitabilidade efectuado aoteste em dez centros de Ven-tanilla-Callaao, no Peru, os tes-tes rápidos duplos foram acei-tes a 100% por serem mais efi-cazes do que o teste indivi-dual”, disse.

O laboratório doINSP/MINSA realizou um es-tudo com os mesmos resulta-dos. O teste de diagnóstico rá-pido (tdR) VIH/Sífilis duo “éum valor acrescentado nodiagnóstico de mulheres grá-

vidas, melhorando o rastrea-mento e prevenção da trans-missão vertical de Sífilis e VIH”,garantiu James titelman.

Na abertura do seminário,o Secretário de Estado da Saú-de, Carlos Masseca, revelouque “a conjuntura económicaque o país atravessa actualmen-te leva-nos a procurar soluçõesque garantam a prestação dosserviços de saúde, com custosrazoáveis, pois a sustentabilida-de dos serviços sanitários é umdos grandes desafios do Minis-tério da Saúde”.

O evento contou aindacom a participação do direc-tor médico científico da Alere,luiz Gonzalez – que apresen-tou uma comunicação sobreos desafios na prestação dediagnóstico precoce infantilcom a solução Alere™q –, adirectora da Alere para a áfri-ca Austral, Glynis davis, e acientista biomédica do Institu-to Nacional de Saúde Pública,Vera Vieira, que falou sobre onovo tdR VIH/Sífilis duo, in-cluindo o estudo de eficáciaem Angola. O discurso de en-cerramento foi proferido pelodirector do Programa dasGrandes Endemias e coorde-nador do Programa Nacionalde Controlo da Malária, Filo-meno Fortes.

a multiperfil inaugurou, em Belas, o seu Centro de Formação

com equipamento de ponta e capacidade para 450 alunos. O ac-

to foi presidido pelo ministro da Saúde, José Van-Dúnem.

FRANCISCO COSME dOS SANtOS

Com dez salas de aulas, um laboratório de informática, uma biblioteca e umasala de coordenação, as novas instalações contarão com a colaboração de17 professores a tempo integral e 18 em horário parcial.

O Centro funcionou desde 2012 em instalações provisórias e formou,até à data, 70 técnicos médios de enfermagem que concluíram as especia-lidades de anestesia, nefrologia, cuidados intensivos e 18 enfermeiros licen-ciados com o cursode enfermagem co-munitária.

“Este Centro éuma mais-valia parao sector porque irácontribuir bastantepara a instrução, ca-pacitação e apro-fundamento de co-nhecimentos dostécnicos de enfer-magem”, afirmou o Ministro da Saúde. “É um orgulho saber que as nossaspreocupações estão a ser correspondidas satisfatoriamente pelos nossosparceiros, porque ideias como a da Multiperfil garantem-nos que o futuroestá a ser construído com prazer e dedicação”.

Segundo o presidente do conselho de administração da Multiperfil, Ma-nuel dias dos Santos, “o Centro tornou-se mais moderno e inovador nodomínio da capacitação de quadros para o país e permitirá promover a in-vestigação científica com o intuito de trazer resultados positivos aos cui-dados de saúde de todos os pacientes”.

Teste duplo de despiste do VIH e da Sífilis

Uma picada, dois resultadosSeminário dá a conhecer soluções inovadoras de diagnóstico

Centro de Formação Multiperfil inaugura novas instalações

O discurso de encerramento foi proferido pelo coordena-

dor do Programa nacional de Controlo da malária, Filome-

no Fortes

JameS TiTelman "O tes-

te de diagnóstico rápido

ViH/Sífilis Duo é um valor

acrescentado no diagnósti-

co de mulheres grávidas,

melhorando o rastreamen-

to e prevenção da transmis-

são vertical de Sífilis e ViH”

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4 HOSPITAIS Maio 2015 JSA

Hospital Américo Boavidacandidato a certificaçãointernacional de qualidade

A certificação ISO 9001 obriga ao cumprimento

de muitos requisitos “Um hospital precisa de es-tar muito organizado paraobter a certificação ISO9001. Implica a existência deum quadro orgânico e res-pectivo organigrama, bemcomo de um quadro analíti-co e funcional. O hospitaltem de elaborar um Manuale um Protocolo internacio-nal com os procedimentosque devem obrigatoriamen-te ser respeitados por actomédico, o que também im-plica o registo informáticopara as doenças mais fre-quentes”. No que diz respeito aos

enfermeiros existe um “pro-cedimento de enfermagem”que especifica detalhada-mente o que fazer em cadafase das várias doenças. No âmbito do Plano de

Melhoria, o hospital elabo-rou um plano de formaçãoalargada para os enfermei-ros e, para o efeito, contra-tou formadores estrangeiroslicenciados em enferma-gem, os quais estão já há umano no hospital. “A fase inicial do proces-

so de certificação foi a con-tratação de uma empresaque auxiliou o hospital a or-ganizar-se de forma a cum-prir todos os requisitos daISO 9001. O hospital está ac-tualmente a viver a fase críti-ca, aguardando para Julho aauditoria externa que vali-dará, ou não, a conformida-de operacional do AméricoBoavida com as normas ob-rigatórias para a certificação.

Neste momento são can-didatos a Certificaçãoquatro Serviços mas

todos os restantes cum-prem as mesmas

directrizes “Fizemos um estudo paraescolher os serviços que te-riam maior capacidade parase adaptar mais rapidamen-te aos requisitos da ISO 9001e que poderiam ser os moto-

res dos restantes. Escolhe-mos quatro, um dos quais ode Ortopedia. Este serviçotem uma boa liderança, tan-to a nível médico como deenfermagem, um bom de-sempenho em termos deprodutividade, além de umaboa organização e elevadograu de autonomia”, disseLina Antunes, adiantandoque a Ortopedia é “umexemplo daquilo que deveser um hospital nacional”.

Não quero que o Directorde Serviço faça só o

que a Directora Clínica acha

“Os grupos de trabalho deum serviço devem criar li-

nhas de desenvolvimentoautónomas e apresentar àdirecção uma meta, um pla-no e os requisitos para a exe-cução do mesmo. Esse pla-no é discutido e negociadocom a direcção clínica e,posteriormente, adaptadoou não, em função do orça-mento do hospital.O Serviço de Ortopedia

faz isso. Traçou uma meta,

procurou parceiros fora dohospital devido à necessida-de de próteses, e organizouformações. É realmente umserviço que tem condiçõespara uma certificação dequalidade”, considerou.

Outro Serviço escolhido foi a Unidade de CuidadosIntensivos (UCI). Emboratenha um bom desempe-nho deve abrir-se mais

aos outros ServiçosOs médicos dos CuidadosIntensivos estão “fechadosno seu mundo (o UCI) enão saem de lá! Nós quere-mos levá-los a interagir.Queremos, por exemplo,que se desloquem à Urgên-

cia, comecem a ir lá buscaro doente, e não fiquem àespera que este chegue àUCI. Têm que ir à Urgênciaver os doentes que even-tualmente precisem de se-guir logo para a UCI pois,embora estejam lá os cole-gas da Urgência que sãoextremamente competen-tes, estão assoberbados detrabalho”.

O problema de comunica-ção é extremamente im-portante entre os grupos

de trabalho porque, se falha a comunicação,

falha tudo.“O médico da UCI tem umavisão mais ampla do doentecrítico, pode ajudar a estabi-lizar e preparar o doentemais rapidamente para aUCI. É preciso poupar tem-po para salvar vidas. Os mé-dicos da UCI têm de intera-gir também mais com o blo-co operatório. Antes de umacirurgia complicada, o mé-dico da UCI tem de saberque tipo de intervenção vaiser efectuada porque podehaver complicações que ne-

cessitem de cuidados inten-sivos e, para isso, o médicotem de estar de sobreaviso eter uma cama disponível,não pode ficar no seu servi-ço à espera do que vai acon-tecer!”, frisou.

Outro Serviço candidato àcertificação é a Urologia“Este serviço também deuum salto qualitativo muitogrande nos últimos doisanos, nomeadamente a níveltécnico”, disse, adiantandoque “já tem capacidade pararealizar as grandes cirurgiasurológicas e tem o ambulató-rio para urologia, o que jápermite candidatar-se à cer-tificação de qualidade”.

A triagem, que deve obedecer ao Protocolo

de Manchester, é a primeira fase do Serviço de Urgência, e é o quarto candidato

à certificação “Não acredito que na tria-gem consigamos para já acertificação, mas só o factode tentarmos já melhoroua qualidade do atendimen-to, a capacidade de decisãono local e a rapidez da ac-ção.

“Não é possível candi-datar a Urgência no seu to-do à certificação”, afirmou,até porque este Serviço re-cebe 300 doentes por dia.

Magda Cunha Viana

Fotos: Jorge Vieira

O hospital universitário

Américo Boavida luta dia-

riamente, há mais de um

ano e meio, para cumprir

normas de orientação clíni-

ca internacionais que espe-

cificam, passo a passo, todos

os procedimentos que, quer

os profissionais de saúde,

quer os outros funcionários,

são obrigados a seguir para

obter a certificação ISO

9001, que atesta a qualidade

dos serviços prestados por

uma instituição, conforme

relatou ao JS a directora clí-

nica, Lina Antunes. Doentes – média por dia:Serviço de Urgência: 280 Consulta Externa:530

Grandes cirurgias:Dias úteis: 26 Fins-de-semana:13

Exames externos :análises, RX, Ecos, ECG, Endoscopias, Biópsias e pequenas cirurgias:380 Acrescem os doentes ambulatórios.

Camas: 600Macas:

utilizadas como camas: 140

Médicos: 175

Enfermeiros: 560

Técnicos de laboratório e outros: 248 Total de profissionais:

1435

Dados aproximados com base nos números do ano de 2014

A linguagemdos números

Enfermeira tomando nota dos sinais vitais do pacinete

A directora-geral, Constantina

Machado, lidera a equipa

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5JSA Maio 2015

Hospital precisa de mais 300 enfermeiros

n A entrevista decorreu deuma forma fluída e reveladorado entusiasmo e entrega comque a entrevistada se dedicaao seu trabalho.“Não vamos falar de mim,

porque eu aqui não interessonada”, advertiu, a rir Lina An-tunes, que tem um percursode vida de quase 40 anos deambiente hospitalar, dosquais 11 como médica militar,exercidos entre 1981 e 1992,no Huambo e no Bié.

A minha maior preocu-pação neste momento é a fal-ta de enfermeiros. “O hospital necessita de,

pelo menos, mais 300 enfer-meiros para poder melhorar oatendimento e tratamentodos doentes”.“Não temos falta de médi-

cos mas precisamos de enfer-meiros”, disse, sublinhando opapel fulcral de um profissio-nal de enfermagem num hos-pital.“O enfermeiro está sempre

presente. Por isso, tem de in-teragir com o doente – saber setem dores, dar-lhe a medica-ção, fazer os pensos e tantosoutros actos do dia-a-dia deum hospital”.“Temos sempre em mente

a satisfação dos doentes rela-tivamente à forma como sãoatendidos e tratados. Fazemosinquéritos frequentes paranos inteirarmos do seu graude satisfação”, disse a médica

de Medicina Interna, com asub-especialidade de Cuida-dos Intensivos, professorauniversitária e tenente-coro-nel na reserva.

O que é preciso para o doen-te se sentir satisfeito?

“A equipa médica tem que secertificar de que o hospital ga-rante a segurança do doente.Esta segurança vai desde omais simples – conhecer odoente pelo nome, fazer umacompanhamento constantedo tratamento, da medicação,dos exames de diagnóstico,dos resultados de cirurgias, atéoutras medidas como a intro-dução informática de todosestes passos, durante os tur-nos do dia e da noite”.

Identificar o doente pelo nome

É preciso “garantir que não hátroca de nomes. Ter a certezado grupo sanguíneo de umdoente antes de efectuar umatransfusão. Para tal, o doentetem de estar identificado nãosó com uma pulseira, comocom toda a informação clínicaque lhe diga respeito.A folha terapêutica tem de

estar colocada aos pés da ca-ma do doente. Todas estas medidas ga-

rantem a segurança do doentee a humanização do serviço”,disse a responsável.

Consentimento informadoNo bloco operatório “é abso-lutamente obrigatório evitarenganos. Nesse momento, odoente tem de ser identificadonovamente e informado so-bre a cirurgia a que vai ser sub-metido. No dia anterior, o médico

tem de conversar com o doen-te (consentimento informa-

do) e dizer-lhe: ‘Amanhã va-mos operá-lo, vamos fazer es-te tipo de cirurgia, o resultadovai ser este, pode ocorrer al-gum problema, mas nós esta-mos prontos para agir’.

“Desta forma – afirmou adirectora clínica - o médicoactua de forma profissional,com respeito pelos princí-pios éticos que norteiam oseu trabalho e tranquiliza opaciente.Além do acompanhamen-

to do doente, tem que nos as-segurar de que todos os proce-dimentos foram cumpridosantes de uma cirurgia. Para is-so é necessário garantir que foiefectuado o Raio X, as análisesde sangue, a consulta préviade anestesia, o eletrocardio-grama, etc”.

No bloco operatório o anes-tesista deve dizer:

“Vamos operar. Quem é odoente? O que vai fazer o ci-rurgião? Qual é o lado que vaioperar? Já deram o antibióticoque deve ser tomado antes dacirurgia? O doente é alérgico aalguma coisa? ’“Os profissionais têm que

responder às perguntas efec-tuadas pela anestesista”, disse,acrescentando que poderiadar o mesmo exemplo relati-vamente a qualquer técnica,como por exemplo uma en-doscopia.

Seguir o protocolo para a se-gurança do paciente

“O processo médico tem queestar bem estruturado e ser se-guido pelos enfermeiros que,tal como os médicos, têm umprotocolo (normas interna-cionais) a cumprir”.

Está tudo informatizado“No processo do doente tem

de constar um diagnóstico deentrada, um relatório contí-nuo com os resultados deanálises e outros exames ouactos médicos efectuados.Estas exigências e normas

muito específicas fazem parteda candidatura de quatro Ser-viços do hospital à Certifica-ção Internacional ISO 9001. Por exemplo, um homem

entra no hospital com umafractura do fémur. Tem “x”anos de idade, a fractura é fe-chada. O médico vai ao protocolo

ver o que está indicado nessasituação, nomeadamente o ti-po de cirurgia. A indicação está toda escri-

ta, ninguém inventa nada. Es-tá tudo protocolado. Posso re-ferir ainda, a título de exem-plo, a medicação do doente. Em relação aos enfermei-

ros é a mesma coisa. O doentetem uma ferida. Os enfermei-ros têm que saber classificar aferida e o tipo de curativo quefarão. Os protocolos de enferma-

gem e dos médicos estão uni-formizados para que o traba-lho seja de equipa”, sustentou.

Circulação de documentose manutenção

de equipamentos“Depois há a preocupaçãocom a circulação de docu-mentos e a garantia do bomfuncionamento dos equipa-mentos, nos quais deve cons-tar a data da última e da próxi-ma visita do técnico de manu-tenção”, adiantou.“Não cumpriu a data? En-

tão telefono para a empresa epergunto porque não estão acumprir o contrato.

Tem de ser assim!Tudo tem de ser verifica-

do” – disse, frisando que “ca-da um tem de assumir a res-ponsabilidade pelas suas fa-lhas”. Assim, o dia habitual no

hospital Américo Boavida co-meça com uma reunião como enfermeiro director, os di-rectores dos Serviço clínico, etodos os restantes directoresde Serviço do hospital.“Cada um apresenta o re-

latório do último turno. Rela-tam se algum doente se quei-xou, se houve mortes, quan-tas cirurgias foram efectua-das, se todo o equipamentoesteve operacional, enfim”,disse, “tudo tem de ser revis-to”. “Se houve falhas quero sa-

ber porquê. Nada pode falhar!”, alertou.

Lina Antunes, directora clíni-

ca do hospital universitário

Américo Boavida, concedeu

ao Jornal da Saúde de Angola

algum do seu escasso tempo

livre para conversar sobre os

sucessos, dificuldades e os ob-

jectivos da instituição.

Enfermeira a desfibrilhar o paciente

Enfermeira a mudar a posição do paciente Doente entubado, ventilado, monitorizado e sedado com propofol. Técnicas que o ajudam a espi-

rar para retirar as secreções de forma a evitar que estas entrem para as vias aéreas respiratórias

Técnica do laboratório a fazer os hemogramas

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6 INVESTIGAÇÃO Maio 2015 JSA

Angolanos adultos que sempre viveramno país desenvolvem frequentementeimunidade à malária

n Uma das questões emaberto é a aparente falta deimunidade à doença graveentre a população adultaque sempre viveu em Ango-la. Em declarações ao Jornal

da Saúde, a directora clínicado Hospital Américo Boavi-da, Lina Antunes, referiu ha-ver uma questão que “intri-ga todos os médicos e queconstitui uma preocupa-ção”. “Temos uma população

de uma área africana onde adoença ainda é endémica erelativamente à qual, no ca-so dos adultos, é consensuala existência de imunidadeadquirida após a exposiçãoa vários episódios prévios demalária. Esta imunidade de-via traduzir-se pela presen-ça de protecção contra asformas graves da doença.Mas continuamos a ter qua-dros clínicos muito graves,aos quais chamamos de ma-lária complicada, em pes-soas naturais de Angola, quenunca saíram do país e quesempre aqui viveram. E omais intrigante é que estesdoentes apresentam um nú-mero muito baixo de parasi-tas no sangue quando se faza gota espessa (análise quepermite rapidamente fazer odiagnóstico de malária) oque não justifica a gravidade”, afirmou.

A questão que se põe é“porquê”? Haverá algomais que interfira para quea malária evolua para está-dios tão graves nestesdoentes? Face a esta interrogação,

uma equipa do hospitalAmérico Boavida, lideradapor Lina Antunes, efectuouum estudo, de dois anos,

com doentes com maláriagrave e muito grave, provo-cada pelo parasita P. falcipa-rum, a espécie que pratica-mente é a única responsávelpelas mortes por malária emtodo o mundo. O primeiro passo do estu-

do foi a selecção de doentescom malária grave que fo-ram admitidos no hospitalde forma a serem internadosno Serviço de Cuidados In-tensivos. A equipa certifi-cou-se de que os doentescumpriam os critérios degravidade da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) eque tinham mais de umadisfunção de órgãos, ou seja,que mais de um órgão prin-cipal do organismo estavaem falência. Para efectuar o estudo foi

escolhida uma escala, o SO-FA (Sequential Organ Failu-re Assessment), utilizadanos cuidados intensivos, eque classifica a gravidade dadoença através destas falên-cias de órgãos, dando umaperspectiva do estado dodoente: moderadamentegrave, grave, muito grave, e,em função disto, o SOFAatribui um prognóstico.Quanto maior a gravidademaior a probabilidade demorte. “Essa escala está estratifi-

cada. Indica, por exemplo,que se o doente tem 12 pon-tos na escala total de 24, estáa meio da escala, e tem maisdo que 50 por cento de pro-babilidade de vir a falecer”,adiantou Lina Antunes. “No caso dos cerca de 100

doentes do estudo, a equipaverificou que 25% tinhamquatro órgãos em falência,por exemplo estavam emcoma por malária cerebral,sofriam de icterícia com in-suficiência hepática, tinhaminsuficiência renal e aindaperturbações respiratórias.Trinta e três por cento ti-nham três órgãos a falhar.Eram, portanto, doentesmuito graves ”, adiantou.

Primeiro resultado doestudo: Confirmamos quea maior parte destes doen-tes graves tinham um nú-mero de parasitas muitobaixo na gota espessa“A primeira coisa que nos

surpreendeu, e que veioconfirmar a nossa primeira

hipótese de estudo, foi quedoentes com quadros clíni-cos muito graves tinham aparasitémia periférica bai-xíssima – quer dizer que onúmero de parasitas que seviam na gota espessa erabaixo”.

Segundo resultado: amortalidade foi muito infe-rior, nestes doentes commalária muito grave, doque aquela que era espera-da com a aplicação da esca-la SOFA“O segundo resultado a

que chegámos é que a mor-talidade esperada, aplican-do a escala SOFA, era supe-rior àquela que observámos.Tivemos muito menos mor-talidade do que a que se es-perava. Portanto, os nossosresultados foram muitobons”.

Resultado ainda maisinteressante: quanto maioro número de órgãos em fa-

lência, melhor foi o resulta-do em relação ao esperadopelo SOFA“Chegou-se à conclusão

ainda mais interessante emuito reconfortante: é quequanto mais falências de ór-gãos os doentes tinham, me-lhor foi o resultado em rela-ção àquilo que se esperava”,disse. No grupo de doentesmuito graves registamosmuito mais sobreviventesdo que se esperavam.

“Estes foram os resulta-dos do trabalho, o que querdizer que muito provavel-mente o facto de terem sidorealmente bem tratadosem tempo oportuno e coma aplicação de técnicas desuporte de vida (por exem-plo foram ventilados, fize-ram hemodiálise e outrastécnicas avançadas), queestavam disponíveis, exce-deram muito o prognósti-co”, afirmou.O estudo permitiu avaliar

se a escala SOFA foi útil paraqualificar o estádio da doen-ça e a probabilidade de mor-te. A equipa verificou quenão. “No caso particulardesta doença, a malária gra-ve, vamos ter que arranjaroutra escala mais fiel”. Estaconclusão vem reforçar ou-tros trabalhos feitos na Indiaque relatam o mesmo.

Por que razão é impor-tante ter uma escala apro-priada?“Nos cuidados intensi-

vos, por vezes temos que jo-gar com o factor de ́ cama li-vre´. No caso de termos, porexemplo, três doentes gra-ves e uma só cama. Temosque decidir rapidamentequal dos doentes vai ocuparessa cama. Isso quer dizer que, even-

tualmente, podemos estar acondenar os outros dois àmorte, pois não irão benefi-ciar de melhor vigilância e,muitas vezes, não poderãoser tratados adequadamen-te porque não irão benefi-ciar de uma unidade de cui-dados intensivos. Portanto,necessitamos de uma escalaacertada para rapidamenteidentificar o doente commenor probabilidade de so-brevivência. São decisões di-fíceis mas que têm que sertomadas rapidamente”, dis-se.

Magda Cunha Viana

A malária ainda é uma

doença endémica em Ango-

la e a maior causa de morbi-

mortalidade. Por esta razão,

o diagnóstico e a abordagem

da doença constituem te-

mas que são prioritária e in-

sistentemente abordados

durante a formação dos pro-

fissionais de saúde. Mas há

aspectos da patologia que

ainda hoje escapam ao co-

nhecimento dos especialis-

tas.

Apesar disso, alguns apresentam formas graves da doença. Porquê?

Este foi o meu trabalho até aqui. Foi um estudo que

será a tese do meu doutoramento. O estudo progri-

de com a identificação dos anticorpos e das citoci-

nas, que são grupos endógenos que as células produ-

zem para se defender dos invasores.

Que tipo de anticorpos tinham os doentes que mor-

reram e os que não morreram? Será que eram dife-

rentes? Os sobreviventes tinham maior protecção?

Agora serão cruzados todos os dados que estuda-

mos e tratados estatisticamente.

Além disso, há uma franja de estrangeiros nessa

amostra. Qual foi a diferença entre os estrangeiros e

os nacionais? Como é que eles se comportaram?

Todos estes elementos contribuirão para

compreender melhor a resposta à doença e

lançar novas pistas de investigação para dro-

gas que possam prevenir, curar e eliminar a

malária.

Lina Antunes

Tese de doutoramento

LINA ANTUNES “A primeira

coisa que nos surpreendeu, e

que veio confirmar a nossa pri-

meira hipótese de estudo, foi

que doentes com quadros clíni-

cos muito graves tinham a para-

sitémia periférica baixíssima –

quer dizer que o número de pa-

rasitas que se viam na gota es-

pessa era baixo”

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7publicidAdeJSA Maio 2015

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nExistem dois tipos de Dia-betes Mellitus, a Diabetes Ti-po1 ou da infância, caracteri-zada pela ausência total daprodução de insulina e a Dia-betes Tipo 2, em que o pân-creas produz insulina, porvezes até demais, a que cha-mamos hiperinsulinismo,mas o organismo resiste àsua acção. Este último tipo dediabetes aparece mais naidade adulta e está frequen-temente relacionada com oexcesso de peso.

PrevalênciaA média mundial da preva-lência da diabetes no mun-do, em 2010, foi de 2,9 % paratodos os grupos de idades,segundo dados da OMS.

Por se falar em prevalên-cia, há a necessidade de se fa-zer o estudo da mesma a ní-vel nacional. Julgo que agora,com os dados do censo po-pulacional feito INE no anotransato, será fácil pensar-seneste trabalho, para que pos-samos saber qual é o estadoda nação em relação a estapandemia, retirando umaamostra da população de ca-da região do País, com hábi-tos e costumes diferentes doponto de vista alimentar e es-tilo de vida.

A nível das FAA tem sidofeito um trabalho de rastreiodesde 2010, em várias pro-víncias do país, não só para aDiabetes, mas também paraHipertensão Arterial (HTA),uma vez que nunca se pode-rá falar de Diabetes sem se fa-lar da HTA, até porque cons-

titui uma grande preocupa-ção dos responsáveis da saú-de militar que traçam estra-tégias para prevenção e con-trolo destas duas patologias,em que a taxa de morbi-mor-talidade tem estado a au-mentar em todo o mundo.

Sinais e sintomasUm diabético não tratadourina muitas vezes e emgrande quantidade (poliú-ria), tem imensa sede – che-gando a beber cerca de cincolitros de água em 24 horas(polidipsia) – e muita fome(polifagia). Mas, apesar decomer muito, pode estar ma-gro (perda de peso) e desi-dratado. As senhoras têmcom muita frequência infec-ções urinárias e prurido vagi-nal.

A poliúria, polidipsia, po-lifagia e perda de peso têm si-do os sintomas mais fre-quentes e, por essa razão,também é conhecida como adoença dos 4 “P”. Para alémdestes sintomas, os doentestambém poderão referir ou-tros, como astenia, adina-mia, alteração da acuidade

visual, disfunção eréctil, le-sões dermatológicas, difícilcicatrização das feridas, sen-sação de queimadura e for-migueiro na planta dos pés,cãibras, etc.

Como evitar / prevenirEvitar penso que não será apalavra certa… Prevenir sim,é possível até certo pontoprevenir esta doença cróni-ca. Isto é, poder prolongar otempo de surgimento umavez que não nos podemos es-

quecer do factor hereditário.As pessoas com familiares di-rectos que sejam diabéticoscorrem maior risco de con-trair a doença. Contudo, nãoquero dizer que o outro gru-po de pessoas não corra ris-cos. Daí falar-se em preven-ção que são todas as medidase cuidados a tomar desde aidade fetal. Portanto, a se-nhora grávida jovem, ou não,deverá ter cuidados com asua saúde alimentar, física esocial, para que gere bebés

saudáveis e, naturalmente,possa transmitir bons hábi-tos aos seus descendentes.

Toda a sociedade deveráestar engajada nos bons há-bitos, desde o infantário atéao topo das formações, comopor exemplo com a imple-mentação obrigatória da dis-ciplina de educação físicanas escolas, a não ingestão debebidas alcoólicas antes damaior idade e, depois dos 18anos, o não exagero desteshábitos. O tabaco e as drogasem menores irá reflectir-setambém, com certeza, naidade adulta com danos paraa saúde, principalmente nasduas grandes pandemiasmundiais, que são a Diabetese a Hipertensão Arterial.

Portanto a prevenção é aalma do negócio, em quequalquer estado financeira-mente gasta menos com aprevenção do que com o tra-tamento da doença e suascomplicações, apostemos naPREVENÇÃO.

Como tratar ?A diabetes, como qualquerdoença crónica, sai muito ca-ra ao doente e ao Estado.

Se for uma Diabetes tipo 1o tratamento é sempre cominsulina durante toda a vida,uma vez que o pâncreas nãoproduz insulina nenhuma.Não adianta dar antidiabéti-cos orais. A nível mundial, apercentagem de diabéticosde tipo 1 é de cerca de 5 a 10%do total de diabéticos. Em re-lação à Diabetes tipo 2, a per-centagem relativamente aototal ronda os 90 – 95%. É exa-tamente este grupo de diabe-tes que provoca um granderombo nos orçamentos fi-nanceiros porque a doençaaparece numa fase maisavançada da vida em que, amaior parte das vezes, estesdoentes, quando são diag-nosticados, já trazem outraspatologias associadas, tantopela idade de aparecimento,que é a fase adulta, como pe-

lo diagnóstico tardio. Debruçar-nos-emos ape-

nas no tratamento da diabe-tes tipo 2. Normalmente es-tes doentes deverão iniciarantidiabéticos orais (ADO) erastrear todas as outras pato-logias concomitantes (HTA,dislipidémias e/ou compli-cações tardias) da doença debase. Podemos associar atétrês grupos de ADO diferen-tes para melhorar o estadometabólico. Caso não se con-siga o bom controlo com es-tas associações medicamen-tosas, deveremos passar paraa insulinoterapia, que se po-derá manter para sempre, ounão. Apenas o clínico decidi-rá.

O doente diabético bemcontrolado geralmente fazdois ADO, um antihiperten-sor para controlo da funçãorenal, mesmo que não sejahipertenso, um dislipidémi-co para controlo dos níveisde colesterol e ou triglicéri-dos e um antiagregante pla-quetário para melhoria dasua circulação sanguínea.

Para além da terapêuticamedicamentosa, deverãosempre ser sensibilizados emgrupo, para ser feita a “edu-cação”, explicando a formacomo devem fazer as refei-ções, o que comer, como co-mer, quando comer,… E sa-lientar a importância da acti-vidade física, também comoforma de complemento dotratamento.

As indústrias farmacêuti-cas, a nível mundial, estãosempre a descobrir novasmoléculas para o tratamentodesta patologia. Existem vá-rios grupos de ADO que esti-mulam as células βna liber-tação de insulina, outros a ní-vel intestinal, das insulinashumanas com muitos anos.Existem também os análogosde insulina, sendo umamais-valia para os doentespela diminuição das hipogli-cemias em relação às insuli-nas humanas.

8 DiAbeteS Maio 2015 JSA

O essencial sobre a DiabetesSabrina Coelho da Cruz

diabetologista

Coordenadora da Comissão

de diabetes do hMP/iS

Coordenadora do Programa

de Prevenção e luta contra a diabetes

das Faa/eMG

A Diabetes Mellitus é uma

doença crónica das células β

das ilhotas de langerhans

do pâncreas, em que há uma

alteração do funcionamento

do metabolismo dos carbo-

hidratos, das proteínas e das

gorduras. ocorre em conse-

quência da diminuição da

função e/ ou da quantidade

de insulina no organismo.

necessita de cuidados de

saúde continuados em equi-

pa multidisciplinar, isto é,

médico, enfermeiro, nutri-

cionista, podologista, psicó-

logo, educador físico, etc, e

de “educação” terapêutica

do doente, medidas que são

importantes para a preven-

ção das complicações agu-

das e para diminuir o risco

de complicações tardias.

SAbrinA Coelho DA CrUz As 1as. Jornadas de Diabetes de Angola têm como objectivoschamar a atenção dos clínicos não especialistas na área para o diagnóstico precoce desta patolo-gia e alertar, mais uma vez, a comunidade científica para a importância na partilha de conheci-mento na área da diabetologia

O Centro Clínico de Diabetes – com abertura pre-vista para Junho – é um centro privado, localizado noBairro de São Paulo, na Travessa Comandante Bula nº35/37, em Luanda, direccionado para o atendimentoambulatório de diabéticos, em todas as especialida-des relacionadas com a diabetes, e de pessoas nãodiabéticas mas que queiram saber o seu estado desaúde. Por outro lado, o Centro oferece formação naárea da diabetologia para o corpo de enfermagem,jovens médicos e clínicos interessados. A formaçãoserá dada em parceria com a APDP.

Centro clínico especializadoem Diabetes abre em Luanda

As primeiras Jornadas de

Diabetes de Angola consti-

tuem o primeiro evento di-

reccionado só para diabe-

tes e patologias concomi-

tantes que se realiza no

país. Tem como lema “ Dia-

betes Mellitus – Um risco

real – Um risco mortal”.

As Jornadas, com a duração dedois dias, decorrem nos dias 19e 20 de Junho de 2015, na sala deconferências do Memorial Agos-

tinho Neto, na nova marginal, etêm como objectivos principais:1-A chamada de atenção para osclínicos não especialistas na área,para o diagnóstico precoce des-ta patologia, principalmente osque trabalham nos centros desaúde e/ou hospitais da periferia;2-Alertar mais uma vez a comu-nidade científica para a impor-tância na partilha de conheci-mento na área da diabetologia;3-Aprender com os possíveiserros.

As Jornadas serão abertas peloBastonário da Ordem dos Médi-cos de Angola, Carlos AlbertoPinto de Sousa. Terão uma con-ferência inaugural sobre a pan-demia mundial, a Diabetes, eapresentação pelo presidente daAssociação Protectora dos Dia-béticos de Portugal (APDP), LuisGardete Corrreia, três simpó-sios sobre novas terapêuticas dadiabetes, duas mesas redondassobre Diabetes Tipo2 e Compli-cações Crónicas da Diabetes e

temas sobre HTA, organizaçãode consulta, insulinização na dia-betes tipo 2 e, por fim, “Educaçãodo doente diabético – Alimenta-ção e o papel da actividade físicana prevenção da diabetes”.Os oradores serão médicoscom prática clínica na área, doshospitais e clínicas da nossa capi-tal. Teremos três convidados es-trangeiros: Ellina Tsymbal, daÁfrica-Sul, Luís Gardete Correiae Jácome de Castro, ambos dePortugal.

Devem participar nas Jornadastodas as pessoas que estejam li-gadas à área da saúde, médicos,enfermeiros, técnicos de labora-tório, psicólogos clínicos, nutri-cionistas e educadores físicos.As inscrições podem ser efec-tuadas, a partir do dia 20 de Maiode 2015, através do linkwww.inpromed-angola.com(entrar em eventos médicos efazer a inscrição), ou ligar para osterminais TM:+244 945 585089/+244 926 565 550

1as. Jornadas de Diabetes de Angola, a 19 e 20 de Junho

Médicos vão debater a Diabetes Há, no mundo, cerca de 300 milhões de pessoas com Diabetes. Até 2030 este número vai duplicar.

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9publicidAdeJSA Maio 2015

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10DERMATOLOGIA Maio 2015 JSA

Especialistas debatem as doenças da pele que mais afectam os angolanos

nO 1º Simpósio Nacional deDermatologia e Venereologiarealizou-se no final do mês deAbril, organizado pelo Colé-gio Angolano de Dermatolo-gia e Venereologia (CADV).Foi composto por onze confe-rências, sete comunicações li-vres, quinze posters, seis me-sas redondas e cinco cursospré-congresso, ministradosno serviço de dermatologiado Hospital Américo Boavida.O evento teve como lema“Nova Abordagem e Perspec-tiva da Dermatologia em An-gola” e integrou as actividadesde formação contínua pro-movidas pela organização,pelo Ministério da Saúde e pe-la Ordem dos Médicos de An-gola (ORMED). Estiverampresentes mais de 500 pes-soas, de entre os quais, profis-sionais em dermatologia eacadémicos convidados pro-venientes de África, América,Ásia e Europa.As doenças da pele consti-

tuem um grande desafio emAngola no contexto hospitalare no âmbito da saúde pública,pela sua diversidade e por se-rem causa frequente de mor-bilidade com grande impactofísico, psicológico e profissio-nal em todas as idades. Cercade 30% de todas as patologiasexaminadas nos centros desaúde são doenças de pele e amaioria tem origem infeccio-sa, fortemente associadas àscondições socioeconómicas,à carência e higiene indivi-dual e pública, às condiçõesde saneamento, habitação,climáticas, ecológicas e àspráticas tradicionais que,muitas vezes, contrariam aimplementação das medidaspreventivas e curativas pro-movidas e tomadas pelas ins-tituições relevantes.

Nas últimas décadas, adermatologia tem vindo a be-neficiar com conhecimentosinovadores que influenciamna reflexão diagnóstica e tera-pêutica, sobretudo no querespeita às genodermatoses,à alergoimunologia, à cirurgiadermatológica e à cosmetolo-gia. Lídia Almeida Voumard,

Presidente do CADV da OR-MED afirmou, na abertura dosimpósio, que “existem ac-tualmente serviços de derma-tologia e consultas diferencia-das em todos os hospitaiscentrais de Luanda e nos cin-co centros hospitalares regio-nais. Fazem ainda parte desteleque alguns consultórios ehospitais privados que dispo-nibilizam cuidados especiali-zados em dermatologia”.

Desenvolver a dermatologia no país

O objectivo do evento foi reu-nir e mobilizar todos os der-matologistas do país e do es-trangeiro para traçarem no-vas metas e darem seguimen-to às restantes de forma a fazercrescer a especialidade. Osimpósio permitiu a partilhade experiências e de informa-ções científicas, a reflexão crí-tica, a busca de consensos emvolta de temas como a epide-miologia, a biologia e clínicada pele, a tecnologia de diag-nóstico e tratamento, o pla-

neamento e a organização daformação pré e pós-gradua-da, a administração, gestão edesenvolvimento dos servi-ços de dermatologia em An-gola e em outros países.Dado o grande desenvolvi-

mento da especialidade nopaís, nos últimos cinco anos,foram criados novos serviçosno ano de 2013. Deu-se aindao início da formação de novosdermatologistas nos centroshospitalares regionais de Ca-binda, Malanje, Benguela,Huambo, e Huíla, vinculadosaos polos universitários dasrespectivas províncias. OCADV deseja assim contri-buir para a promoção da re-flexão e auscultação das

doenças da pele no país e paraas perspectivas de desenvol-vimento da especialidade emAngola. “Espera-se que estesimpósio tenha de facto umpapel catalisador para in-

fluenciar o conhecimento fre-quente das diferentes patolo-gias. Reconhecem-se e com-preendem-se hoje os esforçosnotáveis dos internos que, nasua maioria, apresentarampela primeira vez uma comu-nicação científica ou um pos-ter, porque é evidente que ainvestigação clínica e epide-miológica em Angola se en-contra ainda pouco desenvol-vida e deve merecer maioratenção por parte do CADV,do Ministério da Saúde e doEnsino Superior”, acrescen-tou Lídia Almeida Voumard.É necessário o contributo detodos para o fomento da der-matologia porque a práticaclínica deve acompanhar oensino. Para tal, deve ser pro-movida a criação de serviçosregionais de dermatologia, a

descentralização da pós gra-duação, o recurso a novas tec-nologias para o diagnóstico etratamento das patologias e aformação contínua de pes-soal de enfermagem e de la-boratório para garantir umaassistência de qualidade.

Partilha de experiências O Ministro da Saúde de Ango-la, José Van-Dúnem, adiantouque foi oportuna a realizaçãodeste primeiro simpósio na-cional de dermatologia por-que “a resposta epidemiológi-ca não é satisfatória. A existên-cia de doenças transmissíveis,de doenças crónicas negligen-ciadas tropicais, tais como, alepra, a oncocercose, as filaría-ses, impõe uma atenção quevá de acordo com as expecta-tivas das populações”. Afir-

mou ainda que o país está emreconstrução e que os angola-nos estão convictos de que “épossível ter uma saúde me-lhor” e que todos os esforçosque estão a ser feitos exigem“que haja uma resposta doponto de vista qualitativo emtodas as unidades hospitala-res”. O sector enfrenta assimdesafios enormes mas a reali-zação deste simpósio consti-tuiu uma grande oportunida-de de reflexão sobretudo pararesponder às expectativas decada angolano relativamenteà sua saúde. “Este simpósio foi uma ofi-

cina de partilha de conheci-mentos e de experiências por-que conseguiu congregar to-dos os profissionais do país econvidados dos quatro conti-nentes, e possibilitará o alar-gamento da visão dos mes-mos para enriquecerem osactuais e próximos desafiosimpostos pela dermatologia.Entende-se que o trajecto élongo mas a intervenção deveser ampla para desenvolver-mos todas as áreas dos recur-sos humanos ao nível dopaís”, defendeu José Van-Dú-nem. Nesse sentido, o Minis-tério está a reforçar os hospi-tais regionais com o apoio dasFaculdades de Medicina e orecurso a especialistas paradarem formação a equipas demédicos e de enfermeiros deforma a serem capazes de darresposta aos principais pro-blemas de dermatologia queafectam a população.Uma das grandes preocu-

pações nesta especialidadediz respeito aos casos de lepraque têm surgido nas regiõeslongínquas ainda que a doen-ça tenha sido erradicada dopaís, no contexto global, há al-guns anos. “Não conseguire-mos eliminar esta doença senão nos dedicarmos e se nãoestivermos capacitados parao efeito. Os profissionais de-vem estar preparados paraenfrentar todas as doençasque constituam uma ameaçaséria à saúde pública”, defen-deu o Ministro da Saúde. Re-comendou aos profissionaisque trabalham nos postos desaúde para estarem atentos aalterações da pele, à sensibili-dade e às extremidades, deforma a detectar doençasnum estádio precoce, sendoassim possível dar uma res-posta efectiva e mais rápida.

FranciscO cOsme DOs santOs

com cláuDia PintO

as novas abordagens e pers-pectivas da dermatologiaem angola estiveram emdebate recentemente numevento que juntou mais de500 profissionais vindos devários continentes. os desa-fios da especialidade e asoportunidades que se im-põem permitirão alargar oshorizontes dos médicos esalvaguardar os cuidados desaúde desta especialidadeaos angolanos.

o simpósio permitiu a partilha de experiências e de informações científicas, a reflexão crítica, a busca de consensos em volta de te-mas como a epidemiologia, a biologia e clínica da pele, a tecnologia de diagnóstico e tratamento, o planeamento e a organização daformação pré e pós-graduada, a administração, gestão e desenvolvimento dos serviços de dermatologia em angola e em outros paí-ses. reuniu todos os dermatologistas do país, médicos de outras especialidades e convidados estrangeiros

Lídia aLmeida Voumard “o Colégio angolano de derma-tologia e Venereologia quer contribuir para a promoção da re-flexão e auscultação das doenças da pele e para as perspectivasde desenvolvimento da especialidade em angola”

Cerca de 30% de todas as patologias examinadas nos centros de saúde são doenças de pele e a maioria tem origem infecciosa.

“Os profissionaisdevem estarpreparados paraenfrentar todasas doenças queconstituam umaameaça séria àsaúde pública” –José Van-Dúnem

1º Simpósio Nacional de Dermatologia e Venereologia

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11publicidAdeJSA Maio 2015

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12ONCOLOGIA Maio 2015 JSA

nNas fases iniciais o cancro élocalizado e o tratamento é lo-co-regional. Assim, a área atratar deve envolver o tumorprimário, as áreas adjacentese os gânglios linfáticos quedrenam a linfa da área tumo-ral. As opções do tratamentooncológico nos estágios ini-ciais da doença oncológicasão a cirurgia e a radioterapia.Neste artigo abordaremos aradioterapia. Os aspectos dacirurgia oncológica serãoabordados no próximo artigo.

A radioterapia é a modali-dade terapêutica que utilizaradiações ionizantes capazesde matar as células, para otratamento do cancro. O processo de ionização, cau-sa lesões nas células ao afetaro ADN e pode causar a mortecelular.

Os efeitos biológicos das ra-diações ionizantes

Os efeitos biológicos das ra-diações são podem ser direc-tos e indirectos.— Directos- quando a radia-ção interage directamentecom moléculas importantescomo o ADN, podendo cau-sar mutações ou morte celu-lar;— Indirectos- quando a ra-diação divide as moléculas deágua. Formam-se radicais li-vres de oxigénio que podemalterar outras moléculas im-portantes do nosso organis-

mo. Este mecanismo é muitoeficaz, uma vez que o nossocorpo é composto por mais de70% de água. Os tumores bemirrigados (ricos em oxigénio)são mais sensíveis à radiação,uma vez que mais radicais li-vres de oxigénio se formam eexiste maior probabilidadedestas moléculas lesarem ascélulas tumorais. A anemia di-minui a eficácia da radiotera-pia. Existem tumores malig-nos muito sensíveis à radiote-rapia, como por exemplo oslinfomas; e outros são resis-tentes como o melanoma.

Como podemos perceber,se utilizarmos a radiação io-nizante de forma apropriadapoderemos matar célulasque não são úteis ao nosso or-ganismo, como as célulasmalignas, mas teremos queter cuidado para não lesar-mos as células normais.

Radiação ionizante no tratamento do cancro

A radiação ionizante utilizadapara o tratamento do cancroé semelhante à utilizadaquando realizamos um RXdo tórax, mas de elevadaenergia. Essa radiação é, nasua maioria das vezes, geradanum aparelho chamado ace-lerador linear (Fig. 1). A maio-ria destes aparelhos conse-gue produzir dois tipos departículas, os fotões e os ele-trões. Estas partículas são uti-lizadas no tratamento. A ra-diação é medida em unida-des denominadas de Gray(Gy) e indicam a quantidadede energia que é absorvidapelo tecido. Um Gray equiva-le à absorção de um Joule/kg.

A radioterapia pode causarefeitos secundários. Estes po-dem ser agudos e imediatos(ocorrendo durante o trata-

mento), iniciando-se entre a2ª e 3ª semana de tratamento.Estes efeitos relacionam-secom a dose, volume e fraccio-namento da radioterapia e daassociação com a quimiotera-pia; o eritema ou a mucositesão as manifestações clínicasdos efeitos agudos e imedia-tos. Podem também ser agu-dos e tardios (até 1-3 mesesapós a radioterapia) como aradiopneumonite, proctite,gastrite. Podem ainda ser tar-dios (> 3 meses após radiote-rapia) como fibrose tardia, in-suficiência cardíaca progres-siva, mielite, enterite.

Radiação externa e o planeamento do tratamento

As partículas (fotões e elec-trões) são disparadas peloacelerador linear e atraves-sam o corpo para atingir o tu-mor primário e áreas adja-centes. Assim a radiação pro-vém de um aparelho externoao nosso corpo e é conhecidacomo radioterapia externa.

Para que as radiações atin-jam o alvo certo, e os tecidosnormais sejam poupados, énecessário planear o trata-mento. Exames de imagemcomo a tomografia computo-rizada, a ressonância magné-tica e exames funcionais co-mo o PET são utilizados paraplanear o tratamento. Os da-dos desses exames são trans-feridos para o programa damáquina que controla o ace-lerador linear e a radiaçãosó atingirá o volume (al-vo) que for definidopreviamente. No pro-cesso de planeamentosão definidos os cam-pos a irradiar e a pou-par (Fig. 2). Existem ór-gãos que são muito

sensíveis às radiações e de-vem ser sempre poupadoscomo o intestino delgado, amedula espinal o coração.

Outros aspectos importan-tes são o cálculo da dose diáriae total necessária de radiação,o número de fracções em quea dose total é administrada(tempo de libertação da dose),

a duração do tratamento e olocal a irradiar (volume).

Se girarmos a fonte de ra-diação externa à volta dodoente, o alvo (o tumor pri-mário) pode ser sempre atin-gido, mas o tecido normal re-cebe uma dose pequena di-minuindo assim o risco deefeitos adversos (Fig. 3).

BraquiterapiaHá situações especiais emque a fonte de radiação é co-locada em cavidades naturaisdo nosso corpo (vagina, esó-fago), ou no nosso corpo atra-vés de agulhas ou a colocaçãode pequenos tubos dentrodos quais são colocadas asfontes de radiação ionizante(nos tumores da mama, outecidos moles). Por fim, exis-tem pequenas “sementes”que emitem radiações e sãointroduzidas no órgão (prós-tata) e ali são deixadas. A ra-diação emitida tem uma ca-pacidade de penetração di-minuta de poucos milímetros(ao contrário do que aconte-ce na radiação externa) e, poresse motivo, devem estarmuito próximos ao tumor(Fig. 4) mas tem uma eficáciacomprovada.

Profissionais de saúde queasseguram a radioterapiaOs médicos oncologistas queprescrevem o tratamento deradioterapia são os radio-on-cologistas. Os especialistasque calculam a dose adequa-da de radiação para um de-terminado tratamento são osdosimetristas e os físicos. Es-tes também calibram os apa-relhos. Os técnicos de radio-terapia realizam exames paraplaneamento e tratamentosde radioterapia externa e co-laboram nos tratamentos debraquiterapia. Executam oposicionamento dos doentese realizam protocolos de veri-ficação da exactidão da admi-nistração dos tratamentosplaneados. Acompanhamquotidianamente o doente,direccionando as suas neces-sidades para os profissionais

Lúcio Lara SantoS

Professor Doutor, oncologista cirúrgico

e assessor do iacc

oncocir-angola

O tumor primário resulta

da transformação maligna

de células de um determina-

do órgão e da multiplicação

desordenada destas células.

Radiação significa a propagação de energia de um

ponto a outro no espaço, ou em um meio material, a

determinada velocidade. A radiação ionizante possui

energia suficiente para ionizar átomos e moléculas.

Ionizar é o processo de transformar átomos, ou mo-

léculas de carga neutra, em seus respectivos iões, ou

seja, átomos ou moléculas eletricamente carregados.

Ao perder electrões, o átomo ou grupo de átomos

ficará com a carga positiva e se ganhar electrões a

carga será negativa. Ora a radiação ionizante é o tipo

de radiação capaz de ionizar. Partículas como os elec-

trões e os protões que possuam altas energias e são

ionizantes. As partículas alfa, partículas beta (elec-

trões e positrões), os raios gama, raios-x e neutrões

têm capacidade de radiação ionizante. A energia mí-

nima típica da radiação ionizante é de cerca de 10 eV.

As fontes artificiais de radiação são os reactores nu-

cleares, os aceleradores de partículas e os tubos de

raios X. As fontes naturais são os radionuclídeos e ra-

diação cósmica.

Como actua o mecanismo da radiação ionizante

Tratamento do cancro: o papel da radioterapia

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13publicidAdeJSA Maio 2015

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14 ONCOLOGIA Maio 2015 JSA

adequados à resolução dasmesmas. Cumprem diaria-mente todos os parâmetrostécnicos de administração detratamentos.

Indicações para o tratamento

com radioterapiaO tratamento com radiotera-pia pode ter um intuito cura-tivo ou paliativo. O tratamen-to curativo tem como objecti-vo destruir a doença e esteri-lizar as áreas de drenagemlinfática.

A radioterapia pode serefectuada em contexto pré-operatório – radioterapia(neoadjuvante), quando sepretende diminuir o tama-nho do tumor aumentando asua ressecabilidade, erradi-car focos subclínicos paraalém das margens de ressec-ção cirúrgica, diminuir a ca-pacidade de implantaçãodas células tumorais e de dis-seminação à distância, ouainda esterilizar metástasesganglionares. A desvanta-gem da utilização desta abor-dagem é o atraso na cicatri-zação (exemplo cancro dorecto).

A radioterapia pode tam-bém ser realizada após a ci-rurgia – radioterapia (adju-vante) quando se pretendetratar o leito do tumor e asáreas de drenagem linfática.A radioterapia pode ser ad-ministrada durante a cirurgia(radioterapia intra-operató-ria) quando se pretende este-rilizar as margens cirúrgicas,afastando os órgãos que es-tão à frente do alvo a irradiare que são muito sensíveis àradioterapia. A radioterapiapode ser administrada asso-ciada ou não a outras moda-lidades de tratamento onco-lógico entre as quais a cirur-gia e a quimioterapia comoocorre no cancro da mama.Há evidência do aumento dasobrevivência quando a ci-

rurgia é associada à radiote-rapia – Tabela I. Por vezes, aradioterapia é realizada asso-ciada à quimioterapia. A qui-mioterapia destrói as célulasmais próximas dos vasossanguíneos. Posteriormente,as células menos oxigenadas

no centro do tumor, e resis-tentes à radioterapia, ficammais irrigadas e, assim, tor-nam-se mais sensíveis às ra-diações (chama-se a estaquimioterapia de radiosensi-bilizadora).

Existem localizações em

que o tumor não pode seroperado e ou a quimioterapiasozinha não é eficaz. Apenasa radioterapia pode tratar adoença, como por exemplonos tumores do tronco cere-bral ou nasofaringe.

Por vezes, a eficácia da ci-rurgia e da radioterapia é so-breponível, mas a cirurgiaimplica mutilações. Assim, épreferível recorrer à radiote-rapia pois permite a preserva-ção do órgão, como acontecenos tumores da pálpebra, donariz e da comissura labial.

A radioterapia paliativatem como objectivo tratar tu-mores obstrutivos: nos brôn-quios, no esófago, massas tu-morais compressivas da espi-nhal medula, ou envolvendovasos de grandes dimensões,como a veia subclávia. É im-portante pois destrói lesõesosteolíticas, ou pode ser utili-zada com fins hemostáticos(tratar o sangramento). O ob-jectivo da radioterapia palia-tiva é o alívio sintomático.

O tratamento oncológicocom radioterapia depende defactores associados à situaçãoclínica, do tipo histológico, dalocalização do tumor e é deli-neado na consulta multidis-ciplinar de decisão terapêuti-ca onde se reúnem os onco-logistas cirúrgicos, os oncolo-gistas médicos, também cha-mados clínicos, e os radio-oncologistas.

Existem ainda indicaçõespara o tratamento com radia-ções ionizantes de situaçõesbenignas como hemangio-mas, angiomas vertebrais, dalíngua ou hepáticos, quistosaneurismáticos do osso, mal-formações arteriovenosas equeloides.

Radioterapia em AngolaNo presente momento exis-tem três aceleradores linea-res em Angola: dois na Clíni-ca Girassol e um no InstitutoAngolano de Controlo do

Câncer - IACC (antigo CNO).Dentro de pouco tempo,mais 2 aparelhos serão mon-tados no IACC. Actualmente,o IACC realiza cerca de 60 tra-tamentos por dia. A clínicaGirassol tem recursos pararealizar braquiterapia. Já tra-balham nestas instituiçõesradio-oncologistas, físicos etécnicos de radioterapia an-golanos. A formação de no-vos quadros está em curso.Os tumores do colo do útero,mama, próstata, recto e o sar-coma de Kaposi são os tumo-res frequentemente tratadoscom radioterapia no país. Si-tuações de elevado sofrimen-to como a dor causada pormetástases ósseas, sangra-mento ou falta de ar por com-pressão de massas tumoraisintra-torácicas são tratadascom eficácia por radioterapiaaliviando de forma significa-tiva estes doentes e aumen-tando a qualidade de vida.

Avanços em radioterapiaNovas máquinas, novasformas de planear o trata-mento e de ratar o cancrocom radioterapia como autilização de protões, está atornar a radioterapia maiseficaz e segura. Têm sidofabricados novos modelosde aceleradores de protões,que são mais eficazes emais baratos. A emissão defeixes de protões de inten-sidade modulada permitemelhor conformidade daradiação ao tumor comsubstancial redução da do-se fornecida a órgãos sau-dáveis envolventes (menoscomplicações), e por últi-mo tem havido desenvolvi-mento de novos detectorespara imagiologia com pro-tões. Todos estes factos fa-zem com que a radiotera-pia seja uma opção no tra-tamento do cancro indis-pensável.

Equipamentos de Quilovoltagem

São tubos convencionais de raios X. A voltagem apli-

cada entre os eléctrodos é no máximo de 250 kV.

Por essa razão, esses equipamentos são usados prin-

cipalmente no tratamento de tumores superficiais

(lesões malignas da pele), devido à maior parte da

energia do feixe ser depositada a apenas alguns milí-

metros de profundidade. As doses administradas

neste tipo de técnica são muito variáveis, podendo ir

até algumas dezenas de Grays (Gy).

Equipamentos de Megavoltagem

Nessa classe de equipamentos situam-se os acelera-

dores de partículas como aceleradores lineares.

Num caso típico em que os electrões atingem uma

energia de 22 MeV, a dose máxima dos raios-X ocor-

rerá entre 4 e 5 centímetros (cm) de profundidade,

decresce para 83% a 10 cm e para 50% a 25 cm. Por-

tanto, no tratamento de tumores em órgãos mais

profundos, como pulmão, bexiga, próstata, útero, la-

ringe, esófago, usam-se radiações de energias mais

elevadas no sentido de poupar os tecidos sãos mais

superficiais.

Estes aparelhos estão colocados em edifícios espe-

ciais os bunkers em que as radiações não conseguem

atravessar as paredes e assim as pessoas no exterior

não são expostas às radiações.

Tipos de aparelhos de radioterapia externa

Figura 1 acelerador linear

Figura 2 Planeamento da radioterapia (a área vermelha é a

que vai ser submetida a radioterapia)

Figura 3 a fonte de radiação roda à volta do doente para que

o tecido normal seja minimamente atingido

Figura 4 Braquiterapia esofágica

Tabela I

Sobrevivência global aos 5 anos

Tumor Cirurgia Cirurgia+Radioterapia

Astrocitomas cerebrais 26% 49%

Ependimomas 25% 70%

Meduloblastomas 5% 60%

Ca laringe supra-glótica 24% 42%

Ca da hipofaringe 44%* 54%

Ca dos seios peri-nasais 35% 45%

Ca do recto (B2 C) 28%** 42%

* Sobrevivência livre de doença aos 2 anos

** Sobrevivência livre de doença aos 5 anos

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16ActuAlidAde Maio 2015 JSA

Angola e São Tomé e Príncipe estreitam relaçõesno sector da saúde

nDurante a estadia de trêsdias no país e na companhiado director geral do HospitalNacional de São Tomé e Prín-cipe, Eduardo Monteiro, a go-vernante visitou várias unida-des hospitalares em Luanda,como o Hospital AméricoBoavida, o Hospital JosinaMachel, a Clínica Girassol e aMaternidade Augusto Ngan-gula. Ambos estiveram aindana Faculdade de Medicina,no Hospital Municipal doCambiote, no Hospital Cen-tral do Huambo e na feira dasaúde no Jardim da Culturano centro da cidade doHuambo onde testemunhoua entrega de ambulâncias. Avisita da Ministra enquadra-se no estreitamento das boasrelações entre os dois Estadosno que respeita à formação dequadros e troca de saberescom as autoridades sanitáriasdo país. No encontro com José

Van-Dúnem e com os órgãosdo Conselho de Direcção do

Ministério da Saúde teve apossibilidade de conhecer deforma detalhada as ferramen-tas mestras que têm sido utili-zadas para assegurar e garan-tir a saúde aos angolanos. AMinistra da Saúde de São To-mé e Príncipe garantiu que asua vinda ao país teve comoobjectivo “promover a trocade experiências entre os doissectores porque Angola é umexemplo no desenvolvimentodos serviços de saúde no con-texto actual e, por esse motivo,um parceiro a ter em contaquando se pretende dar saltosqualitativos na assistênciamédica e medicamentosa”. Considerando que Angola

está a desenvolver o seu sec-tor da saúde e que por si sóexiste uma grande diferençaentre os dois países no que serefere, por exemplo, aos re-cursos humanos e equipa-

mentos de tecnologia avan-çada, Maria de Jesus Trovoa-da dos Santos reforçou a ideiade que é “importante aprovei-tar a experiência e a compe-tência profissional de Angolapara formar os seus quadros”.

Apostar no sector em conjunto

José Van-Dúnem afirmou es-tar disponível para “a forma-lização de novos acordos comSão Tomé e Príncipe em vá-rias áreas pois só é possívelcrescer quando existir este ti-po de parcerias entre os paí-ses. Angola não irá fugir destarealidade”. A nação santo-mense pode contar com estaparceria na área da saúde.“Todas as dificuldades queestão a ser enfrentadas doponto de vista da assistênciasanitária serão ultrapassadase esse é o nosso desejo e doexecutivo de São Tomé ePríncipe. É necessário que sedêem passos precisos e segu-ros para que se alcancem es-tes objectivos. É mais fácilvencer unidos do que sozi-nhos”, adiantou o Ministro daSaúde angolano. Acima detudo, Angola agradece o reco-nhecimento que lhes foi atri-buído pela nação santomen-se. “Reitero a minha satisfa-ção, visto que os nossos esfor-ços em prol do melhoramen-to do Sistema Nacional deSaúde, não são apenas obser-vados pelo povo angolano,mais sim por outras popula-ções que esperam que estefeito seja compartilhado emconjunto”, concluiu.

Francisco cosme dos santos

com cláudia Pinto

A Ministra da Saúde de São

Tomé e Príncipe, Maria de

Jesus Trovoada dos Santos,

visitou Angola entre os dias

4 e 7 de Maio, no âmbito do

estreitamento de relações

entre os dois estados. O mi-

nistro da Saúde, José van-

Dúnem, acompanhou a visi-

ta e mostrou-se disponível

para formalizar novos acor-

dos com o governo santo-

mense.

MARiA De JeSuS TROvOADA DOS SAnTOS “A minha visita teve como objectivo promover atroca de experiências entre os dois sectores porque Angola é um exemplo no desenvolvimentodos serviços de saúde, no contexto actual, e, por esse motivo, um parceiro a ter em conta quandose pretende dar saltos qualitativos na assistência médica e medicamentosa”

José Van-Dúnemmostrou-sedisponível “paraa formalização de novos acordos com São Tomé e Príncipe em várias áreas pois só é possível crescer quando existir este tipo de parcerias entre os países”

Todos os anos, a 14 de Ju-

nho, a Região Africana

junta-se à comunidade

global para celebrar o Dia

Mundial do Dador de San-

gue. O tema deste ano,

“Obrigado por salvar a

minha vida” tem por fina-

lidade aumentar a sensibi-

lização sobre por que mo-

tivo é essencial para todos

os países o acesso oportu-

no a sangue e a produtos

do sangue seguros, e in-

centiva os dadores a da-

rem sangue voluntaria-

mente e com frequência.

Matshidiso Moetidirectora Regional da oMs para África

as actividades do dia Mundialdo dador de sangue são es-senciais para garantir que osangue e os produtos do san-gue seguros e de qualidade es-tão disponíveis quando osdoentes mais deles precisam.as transfusões de sangue de-sempenham um papel vital naprestação de cuidados de saú-

de, sobretudo para as pessoasvulneráveis, tais como mulhe-res que sofrem hemorragiasdurante ou após o parto, crian-ças que sofrem de anemia gra-ve devido a paludismo ou des-nutrição, vítimas de traumatis-mos ou acidentes e doentesque sofrem de drepanocitose.

embora os países da Regiãoafricana tenham realizadosprogressos na colheita de san-gue, o número de dádivas desangue continua a ser baixo naRegião. em 2013, as dádivas desangue ascenderam a cerca de3,9 milhões de unidades, o quecobre apenas cerca de 50% dosangue e dos produtos do san-gue de que os países necessi-tam. actualmente, as reservasnacionais de sangue em 24 paí-ses assentam em 80% a 100%de dádivas de sangue voluntá-rias e gratuitas.

a insuficiência de dádivas desangue deve-se muitas vezes àfalta de infra-estruturas e deprofissionais de saúde qualifica-dos, e ainda a dificuldades decomunicação que entravam aorganização de colheitas desangue. dar sangue é um gestoaltruísta e nobre, que devolve a

vida e a esperança aos doentes.Manifesto a minha gratidão atodos os dadores por daremsangue com regularidade e àsassociações de dadores de san-gue e organizações não-gover-namentais que trabalham deforma incansável para disponi-bilizar sangue seguro às unida-des de cuidados de saúde emtoda a Região.

ao celebrarmos o diaMundial do dador de sangue,lanço um apelo a todos na Re-gião para que sigam este exem-plo altruísta dos dadores desangue e dêem sangue para ga-rantir que existe um abasteci-mento adequado nas unidadesde saúde. incentivo as autorida-des nacionais de saúde a apoia-rem e implementarem políticasque permitam alcançar-se umaauto-suficiência de sangue e deprodutos do sangue.

o escritório Regional paraa África vai continuar a apoiaros países e todas as iniciativasadequadas com vista a aumen-tar o acesso a sangue e a pro-dutos do sangue seguro parasalvar as vidas dos doentes quedeles precisam na Região afri-cana.

Dia Mundial do Dador de Sangue

Obrigado por salvar a minha vida!

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18PLANTAS MEDICINAIS Maio 2015 JSA

nAs plantas medicinais têmsido, ao longo dos tempos,uma fonte de moléculas queforam exploradas para finsterapêuticos. Considera-se medicinal a

planta administrada sobqualquer forma, e por qual-quer via, ao homem e queexerce uma acção farmaco-lógica. As plantas podem serclassificadas de acordo coma sua ordem de importância:plantas empregadas directa-mente na terapêutica, plan-tas utilizadas como matéria-prima para manipulação e,por último, as utilizadas naindústria para obtenção deprincípios activos. A fitoterapia e o uso de

plantas medicinais fazemparte da prática da medicinapopular, constituindo um sa-ber geracional transmitidomuitas vezes pela tradiçãooral. Uma orientação para que

haja uma utilização adequa-da, sem perda de eficácia esem risco de ocorrência deintoxicações, é fundamental. A fitoterapia apresenta-se

como uma possibilidade deactuar como coadjuvantenos tratamentos alopáticos,desde que sejam levadas emconsideração suas possíveiscomplicações.

HistóriaNo que diz respeito ao conhe-cimento humano das plantasmedicinais, distinguem-setrês grandes períodos ao lon-go da história. Durante as An-tiguidades egípcias, grega eromana acumularam-se nu-merosos conhecimentos em-píricos que foram transmiti-dos aos europeus, especial-mente por intermédio dosárabes. O longo período quese seguiu no Ocidente, a que-da do Império Romano, de-signado universalmente porIdade Média, não foi exacta-mente uma época caracteri-zada por rápidos progressoscientíficos. Os domínios daciência, da magia e da feitiça-ria, confundiram-se frequen-temente: drogas como mei-mendro-negro, a beladona ea mandrágora, foram consi-deradas como plantas de ori-gem diabólica. O desenvolvimento das

rotas marítimas colocouefectivamente a Europa nocentro do mundo, os produ-tos dos países longínquosabundam e, entre eles, asplantas até aí desconhecidas.Finalmente, os esforços de

classificação culminam, em1735, com a publicação doSystema Naturae, de Lineu.No final do século XVIII, o rá-pido desenvolvimento dasciências modernas veio enri-quecer e diversificar em pro-porções extraordinárias os co-nhecimentos sobre as plantas.Se fizer uma retrospectiva

do caminho percorrido des-de as primeiras receitas co-nhecidas da época da sextadinastia egípcia, verificar-se-á que foi uma longa cami-nhada. Contudo, compro-var-se-á que ela sempre sedesenvolveu na mesma dire-ção, sem mudanças radicais.O catálogo das plantas medi-cinais enriqueceu-se, a des-crição das características dossimples e a indicação de suasutilizações foram aprofunda-das, a classificação das suasespécies foi feita com basecientífica.

ActualidadeO uso de plantas medicinaispela população mundial temsido muito significativo nosúltimos tempos. Dados daOrganização Mundial de Saú-de (OMS) mostram que cercade 80% da população mun-dial fez uso de algum tipo deplanta na busca de alívio dealguma sintomatologia. Des-se total, pelo menos 30% foisob indicação médica.

ClassificaçãoÉ geralmente entendido co-mo «medicamento à base deplantas», qualquer medica-mento que tenha exclusiva-mente como substâncias ac-

tivas uma, ou mais, substân-cias derivadas de plantas,uma, ou mais, preparaçõesà base de plantas, ou uma,ou mais, substâncias deriva-das de plantas em associa-ção com uma ou mais pre-parações à base de plantas.Os medicamentos à basede plantas devem possuiras seguintes característi-cas:a)Terem indicações exclusi-vamente adequadas a medi-camentos à base de plantase, dadas a sua composição e

finalidade, destinarem-se àutilização sem vigilância deum médico para fins dediagnóstico, prescrição oumonitorização do tratamen-to;b)Destinarem-se a ser ad-ministrados exclusivamentede acordo com uma dosa-gem e posologia especifica-das;c)Poderem ser administra-dos por uma ou mais das se-guintes vias: oral, externa ouinalatória;d) Já sejam objecto de longa

utilização terapêutica, e)Sejam comprovadamen-te não nocivos quando utili-zados nas condições especi-ficadas, de acordo com a in-formação existente.f) Possam demonstrar, deacordo com informação exis-tente, efeitos farmacológicosou de eficácia plausível, ten-do em conta a utilização e aexperiência de longa data.A planta medicinal con-

tém um certo número desubstâncias que, na maiorparte dos casos, agem sobre oorganismo humano. É a fito-química (química dos vege-tais) que se encarrega de es-tudar estas substâncias acti-vas, a sua estrutura, a sua dis-tribuição na planta, as suasmodificações e os processosde transformação que se pro-duzem no decurso da vida daplanta, durante a preparaçãodo medicamento e no perío-do de armazenagem. A fito-química está em estreita liga-ção com a farmacologia (es-tudos dos efeitos das substân-cias medicinais sobre o orga-nismo humano, do mecanis-mo e da velocidade da sua ac-ção, do processo de absorçãoe eliminação, das suas indica-ções, isto é, do uso contra de-terminadas doenças). A far-

macologia, por seu lado, é in-dissociável da medicina clíni-ca.Os laboratórios farmacêu-

ticos de manipulação prepa-ram os medicamentos à basede plantas com os princípiosactivos extraídos das plantasmedicinais. Quando os prin-cípios activos causam intoxi-cações no homem ou emanimais, as plantas são deno-minadas venenosas ou tóxi-cas. A única distinção entreplantas medicinais e plantastóxicas está nos efeitos, no or-ganismo, dos seus princípiosactivos. A natureza química da

droga é determinada pelo seuteor em substâncias perten-centes aos seguintes gruposprincipais: alcaloides, glicosí-deos, saponinas, princípiosamargos, taninos, substân-cias aromáticas, óleos essen-ciais e terpenos, óleos gordos,glucoquininas, mucilagensvegetais, hormonas e anti-sépticos vegetais.Um medicamento à base

de plantas é aquele obtidode plantas medicinais, ondesão utilizados exclusiva-mente derivados da plantatais como: suco, cera, exsu-dato, óleo, extractos, tintura,entre outros. Os medica-mentos à base de plantassão medicamentos indus-trializados com legislaçãoprópria em muitos países.Em resumo, uma planta

medicinal não é um medi-camento. Também não sãoconsiderados medicamen-tos à base de plantas os chás,os medicamentos homeo-páticos e partes de plantasmedicinais.Cada produto deve indi-

car para o que serve e seuspossíveis efeitos colaterais.Os dados devem estar emum folheto informativo naembalagem.

Mitos sobre as plantas medicinais

Parte da população acreditaque todos os elementos na-turais são benéficos e podemter um efeito terapêutico. Istonão corresponde à verdade epode ser perigoso pois origi-na uma utilização abusiva emuitas vezes errada. Muitasplantas podem causar intoxi-cação ou provocar efeitos ad-versos graves. As plantas medicinais

têm uma função de prevenirdoenças e promover o bem-estar, porém deverá ser omédico a decidir se é neces-sário um tratamento commedicamentos alopáticosou não. A existir dúvida deveser consultado um médico,ou farmacêutico, que pode-rá encaminhar para um es-pecialista. Na próxima edição não perca: Lis-

ta de plantas usualmente utiliza-

das em medicamentos

A informação transmitida aos consumidores sobre

os medicamentos à base de plantas deve ser susten-

tada no conhecimento científico, através de estudos

clínicos. Só promovendo o uso racional de medica-

mentos à base de plantas, se conseguirá enquadrar

devidamente a fitoterapia na terapêutica convencio-

nal. A sinergia e complementaridade de saberes devi-

damente comprovados, e de tradição milenar, pode-

rão, e certamente irão traduzir-se, num incremento

da qualidade de vida e no benefício da saúde da popu-

lação em geral. Cabe a todos os profissionais de saú-

de um papel activo neste objectivo responsável.

Conclusão

O uso racional de medicamentos

à base de plantas

Os medicamentos à base de plantas

Shalina healthcare

A informação transmitida aos consumidores sobre os medicamentos à base deplantas deve ser sustentada no conhecimento científico, através de estudos clínicos.

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19FORMAÇÃOJSA Maio 2015

o ministério da saúde lançou,no dia internacional do enfer-meiro, a 12 de maio, o progra-ma de formação multimédia eescola online com o objectivode dotar os enfermeiros ango-lanos de maiores competên-cias e actualização de conheci-mentos. a enorme potenciali-dade das novas tecnologiaspermite mais e novas oportu-nidades a estes profissionais.estes cursos multimédia pro-porcionam uma aprendizagemmais lúdica e eficaz. o portalda escola online transmitesons e imagens, ensinando ostécnicos de saúde, por exem-plo, a escolher da melhor ma-neira possível o tipo de agulhaque podem usar para adminis-

trar uma injecção. o ministro da saúde, José

Van-dúnem, elogiou os traba-lhos e o desempenho dos en-fermeiros, por serem “os téc-nicos mais próximos dos pa-cientes” e lembrou tambémque são aqueles que represen-tam “a maior classe do sistemanacional de saúde”.

o ministro da educação,Pinda simão, por sua vez, afir-mou que “o lançamento doprograma de formação multi-média e da escola online éuma grande iniciativa do minis-tério da saúde que deve serapoiada pelo seu sector por-que a formação contínua é abase de suporte de toda umacarreira profissional”.

Formação multimédia e escola online

A iniciativa insere-se no

quadro da formação per-

manente, que tem sido a

linha de actuação da insti-

tuição todos os anos, se-

gundo as directrizes do

sector. Durante dois dias,

no mês de Maio, partici-

pantes de várias provín-

cias do país e estrangeiros

marcaram presença nas

VI Jornadas Científicas de

Enfermagem do Hospital

Josina Machel / Maria Pia.

Francisco cosme dos santos com cláudia Pinto

realizado pela direcção doHospital, o evento contou comuma mesa do presidium cons-tituída por ana maria Pascoal,representante do Vice Presi-dente, Faustina inglês alves, de-putada da 7ª comissão da as-sembleia nacional, mariquinhaVenâncio, directora clínica doHospital, alberto Paca, ex-di-rector do hospital, leonardoinocêncio, actual director, eFrancisco Quimbamba.

o tema em destaque “en-

fermeiro cuidador do mundo”teve como abordagens a carrei-ra de enfermagem, as normas erotinas da carreira, a enferma-gem, a sua ligação a várias espe-cialidades (como, por exemplo,

a cardiologia), a humanizaçãona prestação de cuidados, en-tre outros.

os objectivos foram con-cretizados e passaram pela par-tilha de conhecimentos técni-

cos científicos entre os profis-sionais nacionais e estrangei-ros, a melhoria da qualidade deprestação de cuidados de en-fermagem de forma sistemáticae holística, a deontologia e hu-manismo e o contributo para aredução da morbi-mortalidadena instituição.

estas Jornadas inserem-seno esforço do executivo noâmbito de melhoria do sectorvisando a prestação dos servi-ços de saúde com qualidade eum grau de humanização aoponto de responder às expec-tativas da população. sendo aenfermagem a classe motoraem qualquer instituição quepreste cuidados de saúde, oHospital Josina machel “nãopermitirá que não se cumpramos pressupostos relacionadoscom a atenção e valorizaçãodos profissionais porque sepretende atingir um certo as-cendente para que seja vistopela sociedade como uma uni-dade de referência”, afirmouleonardo inocêncio. Para o di-rector, o hospital que dirige,preza-se pela prestação de ser-viços e pela assistência dos pa-cientes com qualidade.

Hospital Josina Machel realiza jornadas científicas de enfermagem

O ministro da Saúde,

José Van-Dúnem,

dá o exemplo

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Hospital provincial vai oferecer novos serviços

nO Hospital provincial doCuanza Norte, localizado nacidade de Ndalatando, capi-tal da província, contará pelaprimeira vez “com serviçosde autópsia, para determi-nar as causas da morte, atra-vés de exames médicos”, in-formou o Director Provincialde Saúde, Manuel DuarteVarela. Assim, os profissio-nais de saúde poderão co-nhecer as reais causas demorte dos pacientes e comessa informação “preveni-rem possíveis óbitos futuros,através de diagnóstico e tra-tamento preventivo de cer-

tas doenças”.O responsável referiu

ainda que “esta inovaçãofaz parte do conjunto de no-vos serviços que a maiorunidade sanitária da pro-víncia vai beneficiar nospróximos tempos, no qua-dro do programa de reabili-tação e ampliação da infra-estrutura, em curso há doisanos”.

Entre os novos serviçosque a ampliação da novaestrutura permitirá cons-tam uma unidade de trata-mento de queimados, com35 camas, cuidados intensi-vos, com 20 camas, quatrosalas operatórias, uma pe-diatria com capacidade pa-ra 36 internamentos, ana-

tomia patológica, bem co-mo de produção de gasesmedicinais.

No âmbito da amplia-ção, o Hospital Provincialvai ainda ganhar um novobloco para albergar os servi-

ços administrativos, novasenfermarias com 30 camas,assim como nove residên-cias para acomodação de

técnicos da instituição. Acapacidade de internamen-to passará de 120 para 250camas.

Diniz Simão

Correspondente em ndalatando

Autópsia, tratamento de queimados, cuidados intensivos e pediatria são algumas das novas valências

O Director Provincial de Saúde no CuanzaNorte, Manuel Duarte Varela, afirmou, em Nda-latando, que a falta de vacinas anti-rábica huma-na nos hospitais da província está a dificultar oatendimento de pacientes vítimas de mordedu-ra de animais, facto que está a preocupar as au-toridades sanitárias da região.

Manuel Varela referiu que, por falta de vaci-nas, em caso de mordedura de animais, as víti-mas que aparecem nas unidades sanitárias be-neficiam apenas dos primeiros socorros con-substanciados na lavagem do local da mordedu-ra.

O responsável disse, sem adiantar por quan-to tempo o facto persiste, que as autoridadeslocais já solicitaram apoio da Direcção Nacio-nal de Saúde Pública no sentido de resolver a si-tuação, aguardando por uma solução.

“Temos registado casos de mordeduras deanimais, mas, por falta de vacina anti-rábica hu-mana, as vítimas de agressões de animais ficamsem imunização”, sublinhou o responsável.

Para atenuar a situação, Manuel Varela disseque as autoridades recomendam aos cidadãosum maior cuidado com os animais, incluindo asua vacinação, e o cumprimento das normas dehigiene, como lavar a ferida com água e sabãomantendo-a asseada, bem como seguirem ocomportamento do animal durante os 12 diassubsequentes.

O responsável frisou que “a raiva constituium problema de saúde pública que envolve umaactuação multi-sectorial do governo, cabendo,na província, à Direcção da Agricultura, a coor-denação das acções de combate à doença, atra-vés da vacinação dos animais”.

Vítimas de mordeduras de animais sem vacinas anti-rábica

JSAMaio 2015 20Saúde Cuanza norte

é um tema que está a cau-sar preocupação aos espe-cialistas de saúde. Algumaspessoas, sobretudo nas zo-nas rurais, optam por trata-mentos caseiros em vez derecorrerem a serviços mé-dicos especializados peran-te sintomas do foro diarrei-co. Alguns casos são fataisou chegam num estadomuito avançado às unida-des de saúde.

A população chama-lhe “via aber-ta”, mas os médicos suspeitamque se trate de uma doença diar-reica.

É uma patologia até aqui des-conhecida que, segundo a popu-lação, apresenta sinais sintomáti-cos, como a da diarreia, cujo tra-tamento popular é o tradicional,por via de administração de ervasvia anal.

O director geral do Hospitaldo Cazengo olha com preocupa-ção os muitos casos daquilo quea população dá o nome de “viaaberta”.

José Franco Martins reconhe-ce que o assunto está a causar in-quietação aos especialistas emsaúde, pelo facto de os tratamen-tos caseiros efectuados para a cu-ra da referida doença terem jáprovocado a morte de alguns pa-cientes por intoxicação.

Segundo o médico, a doençaé uma patologia ou grupo de pa-tologias, designado pela popula-ção por “via aberta”, cujos sinto-

mas consubstanciam-se em do-res abdominais e diarreia, levandoos especialistas a suspeitar que setratam de patologias diarreicas.

José Martins esclareceu que “apopulação dedica-se a práticasmedicinais tradicionais com a in-trodução de materiais vegetaispuros no ânus e, em alguns casos,nos órgãos genitais femininoscriando um ‘tampão’ para trata-rem a doença”.

Esclareceu, sem indicar núme-ros, “que foram registados, na-quela unidade, vários casos de in-toxicação, alguns dos quais resul-taram em morte, tendo comocausa a referida prática”.

Para o médico, “o ânus é a viamais rápida de absorção de qual-quer medicamento. Logo, se a fo-lha utilizada no tratamento fortóxica, a absorção do material ve-

getal acaba por produzir o qua-dro que os doentes, nos casos re-feridos, têm apresentado, comoo estado de coma surgindo ou-tros com dificuldades respirató-rias”.

Desconhecimento

pode ser fatal

Já no município de Ambaca, a180 quilómetros de Ndalatando,pelo menos 10 pessoas, entreadultos e crianças, foram vítimas,entre Fevereiro e princípios deMaio deste ano, de intoxicaçãomedicamentosa e alergias, emconsequência de tratamentosefectuados com ervas medici-nais administrados por terapeu-tas tradicionais (kimbandas e cu-randeiros).

A denúncia foi feita pelo di-rector do Hospital Municipal de

Ambaca, Caetano José Miguel,que manifestou preocupaçãocom o facto de as populações,sobretudo as das zonas rurais,preferirem o tratamento tradi-cional realizado por indivíduossem preparação para tal em de-trimento dos serviços médicosespecializados.

Caetano Miguel esclareceuque, “dos 10 casos de intoxica-ção registados, 9 surgiram nascomunas do Bindo, Tango eMáua cujos pacientes apresenta-ram um quadro clínico preocu-pante, com fortes sinais de desi-dratação, tonturas e exaustão,fruto do tipo de tratamento aque foram submetidos”.

O médico disse que “nãohouve registo de vítimas mortaise todos os casos foram tratadosnaquela unidade sanitária e devi-damente controlados, referindoainda que, se demorassem maistempo em procurar assistênciamédica especializada, o desfechopoderia ter sido fatal”.

A fonte apontou a falta de in-formação e alguns tabus comoas causas destas ocorrências,pois, esta realidade torna as pes-soas mais vulneráveis a acçõesde pessoas de má-fé que têmcomo motivação extorquir di-nheiro.

Caetano José Miguel afirmaque “as autoridades sanitáriastêm em vista a realização de pa-lestras e campanhas de sensibili-zação nas comunidades, commaior incidência no meio rural,de forma a desencorajar tal prá-tica e a inverter esta realidade”.

População chama-lhe "via aberta", médicos suspeitam de doença diarreica

MANuel DuArte VArelA“os novos serviços de autóp-sia permitirão determinar ascausas da morte, através deexames médicos, e assim pre-venir possíveis óbitos futuros,através de diagnóstico e tra-tamento preventivo de certasdoenças”

CAetANo José Miguel “Dos 10 casos de intoxicação re-gistados, 9 surgiram nas comunas do Bindo, tango e Máua cujospacientes apresentaram um quadro clínico preocupante, comfortes sinais de desidratação, tonturas e exaustão, fruto do tipode tratamento a que foram submetidos”

Ampliação do hospital provincial do Cuanza Norte vai propiciar novos serviços

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21AmbienteJSA Maio 2015

Competição entre universidades angolanas promovida pela BP

Estudantes de engenharia encontram solução para aproveitamento de águas residuais da produção petrolíferaUma equipa de três estu-

dantes de engenharia da

Universidade Agostinho

Neto venceu este mês

uma competição, aberta

às universidades do país,

com vista a encontrar a

melhor solução tecnológi-

ca para o aproveitamento

da água residual que resul-

ta da produção petrolífera.

Sérgio Gonçalves Viagee, Her-

menegildo Rangel e Kelson To-

más vão agora participar numa

viagem de partilha de experiên-

cia com outras equipas vence-

doras do Reino Unido, Canadá

e Estados Unidos que terá lugar

em Trinidad e Tobago,

O problema

que resolveram

A produção petrolífera traz

consigo um efluente residual, ge-

ralmente denominado “água

produzida”, que constitui o

maior resíduo resultante desta

actividade e um factor de gran-

de preocupação quanto ao seu

destino, devido às grandes con-

centrações de materiais poluen-

tes que possui. As petrolíferas

gastam anualmente cerca de 40

milhões de dólares para o trata-

mento desta água só para efei-

tos da sua descarga.

O projecto apresentado

consiste em utilizar a pressão

dessa água de injecção para fa-

zer funcionar uma turbina que,

por sua vez, acciona um gerador

eléctrico que produz energia.

Ao mesmo tempo, faz trabalhar

uma bomba centrífuga auxiliar

para trazer o petróleo bruto,

através das tubagens, desde os

poços de petróleo no fundo do

mar até à superfície.

A energia produzida irá ali-

mentar os mais variados com-

ponentes de baixo consumo,

como sensores, válvulas e con-

troladores de pressão, entre ou-

tros.

De acordo com Sérgio Viaje

“a ideia baseou-se em dois prin-

cípios da física, nomeadamente

a lei de Faraday e a lei da conser-

vação da energia – na natureza,

a energia não se cria, nem se

perde, apenas se transforma”.

Segundo Hermenegildo

Rangel “o projecto melhora sig-

nificativamente o sistema de

produção de petróleo e gás, ex-

clui a necessidade do uso de ou-

tras fontes de energia para abas-

tecimento do sistema de válvu-

las e sensores submarinos, per-

mitindo maximizar a produção,

ao mesmo tempo que fornece

uma solução de bombeamento

eficiente e confiável, mantendo

os custos de manutenção ao mí-

nimo”.

Para Kelson Tomás “a solu-

ção procura também responder

às necessidades e desafios ac-

tuais do país, ao aumentar a efi-

ciência sem gerar um excessivo

aumento dos gastos, criando as-

sim uma relação gastos/eficiên-

cia abaixo do habitual”. A ideia

“cumpre ainda todos os parâ-

metros legais e ambientais em

vigor no país”.

Concurso a nível global

De acordo com o director de

Comunicação Corporativa da BP

Angola, António Vueba, o concur-

so, aberto a nível global, pretende

“aproximar a academia à indús-

tria, procurando soluções tecno-

lógicas inovadoras nas universida-

des”. Os estudantes angolanos

“responderam muito bem e

constituem um excelente exem-

plo”, concluiu.

Esta iniciativa, denominada

UFT - Viagem Final de Campo

consiste num concurso dirigido a

estudantes de ciências, tecnologia,

engenharia, matemática e discipli-

nas associadas. Trata-se do segun-

do ano em que universidades an-

golanas participam no evento. A

equipa vencedora de Angola em

2014 beneficiou de uma visita de

campo, de duas semanas, a Chica-

go e Alasca, nos Estados Unidos.

O UFT foi lançado no Reino

Unido, em 2010, e vai agora na sua

sexta edição consecutiva. Partici-

param um total de 3.849 estu-

dantes até o momento, havendo

equipas vencedoras provenientes

de universidades do Reino Uni-

do, Estados Unidos, Canadá e An-

gola.

A equipa vencedora constituída por Sérgio Gonçalves Viagee, Hermenegildo Rangel e Kelson Tomás

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“Os jovens começam a ganhar interesse na formação em saúde”

nA carteira de projectos dainstituição contempla aaquisição de laboratórios deespecialização em estoma-tologia, farmácia e de análi-ses clínicas, além da cons-trução de um lar de estudan-tes para alojar estudantesvindos do interior da provín-cia.Crisóstomo Firmino ma-

nifestou a sua preocupaçãoquanto ao corpo docente daescola, tendo adiantado quea instituição conta com ape-nas 79 professores dos 215necessários e considerouque a situação pode ser in-vertida nos próximos tem-pos, com a captação de qua-dros em formação logo queconcluam a licenciatura ouo doutoramento. Estes e ou-tros temas em destaque naentrevista que concedeu aonosso Jornal e que partilha-

mos consigo nesta edição. — Qual é a avaliação quefaz da prestação da Escolana formação de técnicos desaúde no Cuanza Sul?A Escola de Formação de

Técnicos de Saúde, desde asua criação, em 1976, tempassado por várias transfor-mações – quer do ponto devista estrutural, como do fi-gurino curricular. Teve, econtinua a ter, um desem-penho positivo. Até 2011, aEscola formou apenas técni-cos básicos de saúde. Mas, apartir de 2012, até à data,passou a formar técnicosmédios, no quadro da filoso-fia que o MINSA adoptouem todas instituições de for-mação de técnicos de saúde.Desde a sua criação até

2011, a Escola já lançou aomercado de trabalho, um to-tal de 9.450 técnicos básicos.Após a sua conversão para ocurso médio, este ano, 455técnicos dos cursos de pro-moção concluíram a sua for-

mação média, o que nosanima bastante. Vamoscontinuar nesta senda, atéque atinjamos a excelênciaque se pretende.Para o presente ano lecti-

vo, estão matriculados 1.678alunos regulares que fre-quentam diversos cursosministrados na escola, comoo laboratório de análises clí-nicas e a enfermagem geral.Além destes, frequentamoutros 485 técnicos do cursode promoção no Sumbe eno Núcleo do Wako Kungo.— A estrutura humana ematerial da Escola na pro-víncia responde aos desa-fios actuais?— Estamos muito a aquémdas necessidades e só temosvindo a dar resposta com es-forços redobrados. Dispo-mos actualmente de 43 fun-cionários administrativos e79 professores, dos 215 ne-cessários. No quadro docen-te, as necessidades são maio-res com o pessoal existente.

Quanto às infraestruturas,também enfrentamos dificul-dades, pois temos em funcio-namento 11 salas, das quaisduas foram emprestadas pe-lo Instituto Médio Politécnicodo Sumbe, três laboratórios,sendo um destinado à enfer-magem geral, outro para aná-lises clínicas e um último des-tinado à informática. Temostambém quatro salas do Nú-cleo do Wako Kungo, no mu-nicípio da Cela.

Contudo, a situação dasinfraestruturas vai ser mini-mizada quando forem con-cluídas as obras em doze sa-las em construção na parteadjacente da escola e que vaipermitir incluir cursos de es-tomatologia e de farmácia.Outra valência que vai trazera entrada em funcionamen-to das salas em obras é a in-trodução de cursos de espe-cialização pós-média, privi-legiando os cursos de instru-mentação, traumatologia,cuidados intensivos e esta-tística médica. Para isso, de-vemos prestar atenção nacontratação de mais profes-sores, com recurso ao pes-soal expatriado e profissio-nais nacionais que con-cluam cursos de licenciaturaou doutoramento no ramode enfermagem.Em suma, é um exercício

muito grande para conse-guirmos acompanhar a evo-lução da instituição e da so-ciedade.— Qual é o impacto actualda escola face aos anseiosdos jovens a até de adultosque se pretendem formarem enfermagem na pro-víncia?— Actualmente, a nossa ins-tituição começa a ter um im-pacto de realce, na medidaem que os jovens começama ganhar interesse pela suaformação na área da saúde.Isso acontece porque já épossível passar aos cursosde especialização nas diver-sas áreas. Além disso, a for-mação foi impulsionada,quer do ponto de vista quan-titativo, como qualitativo.Em termos funcionais, te-

mos já resultados mensurá-veis na nossa instituição, co-mo por exemplo, a criaçãode espaços verdes, de bal-

neários, de biblioteca comum acervo bibliográfico mo-derno, de livraria, da exis-tência de gabinetes de peda-gógico e de coordenaçãodos cursos, bem como umoutro gabinete de inserçãoda vida activa dos alunos(GIVA) e de um posto de so-corro. Destacamos ainda areestruturação administra-tiva e técnica do Núcleo doWako Kungo, entre outrasrealizações.Porém, ainda não senti-

mos o dever cumprido, porse tratar de um processocontínuo.—O que preocupa presen-temente a instituição?— As preocupações são vá-rias mas podemos destacar ainsuficiência de salas, a faltade mais laboratórios, de si-muladores para reforçar os jáexistentes, a falta de cursosde graduação pós-média eda necessidade de 13 docen-tes para a componente técni-ca e de oito docentes para acomponente sócio-cultural.— Quais os grandes desa-fios para os próximos tem-pos?— Os principais desafiosque temos pela frente, a cur-to, médio e longo prazos,apontam para a melhoria daescola, a capacitação dosdocentes e do pessoal admi-nistrativo, a criação de umbanco de dados e de servi-ços de vídeo-segurança.Queremos ainda criar umaenfermaria escola no Hospi-tal Geral “17 de Setembro”do Sumbe, um campo para aeducação física e um espaçopara actividades culturais.Vamos também assegurar acurto prazo a inclusão curri-cular dos cursos de estoma-tologia e farmácia para osalunos regulares.

CaSimiro JoSé

Correspondente no Cuanza Sul

Texto e fotografias

A Escola de Formação deTécnicos de Saúde do Cuan-za-Sul, instalada na cidadedo Sumbe, pretende afir-mar-se como uma institui-ção de excelência, visandoresponder aos desafios dopresente e do futuro, no qua-dro do Programa de Desen-volvimento Sanitário do mi-nistério da Saúde para o pe-ríodo 2012/2025. Em entre-vista ao Jornal da Saúde, o di-rector da Escola, Crisósto-mo Firmino, afirmou que es-tão em curso algumas activi-dades, destacando-se a am-pliação das infraestruturasdesta escola e a formação dedocentes.

“Desde a suacriação, até2011, a Escola jálançou aomercado detrabalho umtotal de 9.450técnicos básicos”

JSAMaio 2015 22Saúde Cuanza Sul

CrISóSTomo FIrmIno “As infraestruturas vão ser melhoradas quando forem concluídas asobras de doze salas em construção na parte adjacente da escola que vão permitir introduzir cur-sos de estomatologia e de farmácia”

Instalações da Escola de Formaçãode Técnicos de Saúde

A escola vai dispor de mais 12 salas. As obras caminham para a sua conclusão

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23reSponSAbilidAde SociAlJSA Maio 2015

Moradores do bairro da Boavistajá sabem o que é viver sem lixo

Projecto sanitário com apoio da BP Angola apresenta resultados encorajadores

nGraças ao Projecto de Edu-cação Higiénica e Sanitária,desenvolvido pela Associa-ção para o DesenvolvimentoComunitário (AIDC), com oapoio da BP Angola, a vidados 4500 habitantes do Bair-ro da Boavista melhorou detal maneira que o bairro pa-rece novo.

As características “mon-tanhas” na paisagem doBairro da Boavista têm, narealidade, a sua origem nodepósito de lixo e esgotosproduzidos pela populaçãode Luanda, que nunca so-freu qualquer tipo de trata-mento e foi-se amontoando.

Até Junho de 2013 nuncahouve uma preocupaçãoefectiva com esta situaçãoinsalubre, causadora degrandes transtornos na saú-de pública, altura em queum conjunto de actores so-ciais relevantes, motivado

pela proposta da AIDC,avançou com o Projecto deEducação Higiénica e Sani-tária.

O objectivo era claro: re-duzir o lixo que tomava con-ta do ambiente mas, acimade tudo, conseguir que a po-pulação ficasse sensibiliza-da e envolvida para as ques-tões de saúde pública, con-cedendo instrumentos deremoção de lixo e locais dedepósito.

Uma receita vencedoraO êxito alcançado com oprojecto no Bairro da Boa-vista já faz sonhar com a re-

plicação do modelo em ou-tras localidades com proble-mas similares.

“No início do Projecto,havia dezassete lixeirasgrandes, dispersas ao longodas estradas principais destebairro”, recorda DomingosJorge, responsável da AIDCe coordenador do Projecto.“Não existia um único con-tentor que pudesse ajudar aatenuar o excesso de lixo es-palhado nestes locais”, lem-bra o dirigente comunitáriopara logo de seguida fazeruma ressalva: “Ou melhor, aSonils possuía um contentorem frente das suas instala-

ções, cuja presença era pra-ticamente irrelevante diantedo desafio que existia. Hojehá 26 contentores.”

Partindo deste cenáriodramático, foram desenha-das e executadas as activida-des do Projecto de EducaçãoHigiénica e Sanitária, nosentido de dar uma respostaconcreta e racional à situa-ção.

Criou-se uma dinâmicaentre instituições públicas,privadas e filantrópicas, soba coordenação da adminis-tração local, estabelecendo-se um mecanismo de coor-denação eficaz, que permi-

tiu a concertação de ideias àmedida que o projecto pro-gredia. A parceria envolveua Administração Comunal,a Comissão de Moradores, ocomplexo desportivo daBoavista, as empresas Eco-verde, Elisal, Textang, Cami-nhos de Ferro de Luanda(CFL) e, ainda, a Escola SolNascente.

Simultaneamente, foramexecutados trabalhos volun-tários regulares, fundamen-talmente aos sábados, refor-çados por acções contínuasde mobilização comunitá-ria.

Paralelamente ao traba-

lho em campo, foram ence-tadas intervenções de advo-cacia em prol da instalaçãode uma operadora que tives-se uma presença mais regu-lar.

Na hora do balanço, umdos mentores do Projecto deEducação Higiénica e Sani-tária não tem dúvidas: “Osobjectivos foram atingidos.Porém, tem de haver um tra-balho constante. Não é fácilas pessoas mudarem de ati-tude, principalmente se, aoseu redor, existirem aindamontanhas de lixo que ‘de-sagua’, quando há chuvas”,admite Domingos Jorge.

4.500 Pessoas

envolvidas e beneficiadas(moradores da comu-nidade)

8 encontros deconcertação

entre a Aidc eos chefes desectores do

bairro

20Actividades

de mobilização nosdiversos sectores da comunidade

17 lixeiras

eliminadas

26contentores

instalados

50 Activistasformados

3 Acções para

refrescamentodos ativistas

16 encontros formais

de advocacia com representantes

de instituições

18 Actividades de trabalho

voluntário aossábados

2.500 exemplares de documentossobre higiene e saneamento

100 Pessoas envolvidas nasactividades culturais

GlóriA ÁGuAs,

luís óscAr e rui MoreirA de sÁ

Fotos: JorGe VieirA

Em pouco mais de ano e

meio, a situação caótica que

envolvia literalmente de li-

xo, desde o tempo colonial, a

população do bairro da Boa-

vista, em Luanda, sofreu

uma transformação radical.

Os primeiros passos do

Projecto de Educação Hi-

giénica e Sanitária no Bair-

ro da Boavista não foram

fáceis.

“No início, houve alguns cons-trangimentos, que foram ultra-passados quando a populaçãopercebeu que era para seubem”, conta Germano Tchitum-ba, chefe de secção para os As-suntos Comunitários da Direc-ção Comunal.

Tudo começou com umacampanha e a formação de 50activistas devidamente certifica-dos. “Ainda temos um mal nanossa sociedade de Luanda. Tor-na-se muito difícil trabalhar ‘sem

nada’, como eles dizem”, explicaGermano Tchitumba, referindo-se à dificuldade em recrutar vo-luntários para a causa.

O obstáculo seguinte reve-lou-se já no contacto com a po-pulação. “Nem sempre os acti-vistas foram muito bem recebi-dos na comunidade, pois algunsachavam aquilo uma brincadeirae outros gozavam mesmo”, la-menta o dirigente comunal, tra-zendo à memória os primeirostempos.

Mas os activistas, bem forma-dos, ultrapassaram a pressão so-cial e prosseguiram a sua missãode sensibilização para a impor-tância da higiene e limpeza dacomunidade. Paralelamente, fo-

ram efectuadas recolhas de lixo,trazendo maior credibilidade eaceitação por parte da comuni-dade. Foi quando se deu a entra-da em cena da Elisal, asseguran-do o transporte do lixo.

As antigas condições

propiciavam doenças

Germano Tchitumba alinha comDomingos Jorge quando refereque “ainda há muito a fazer emtermos de saneamento no Bair-ro da Boavista, apesar do suces-so deste projecto. É preciso mu-dar de o patamar de mentalida-de”, insiste o responsável comu-nal.

Mas a verdade é que a chega-da dos contentores, objectivo

pelo qual a organização desteprojecto sempre se bateu, levouas pessoas a começarem a “acre-ditar”. “Hoje já conseguimos verruas inteiras sem lixo no chão eos contentores carregados”,constata Germano Tchitumba.

As contas relativas à melho-ria dos indicadores de saúde pú-blica ainda estão por fazer. “Só ostécnicos de saúde poderão ava-liar e afirmar se houve reduçãodo número de casos de cólera epaludismo”, afirma, cautelosa-mente, Germano Tchitumba,sem deixar de acrescentar que“no que concerne às condiçõesque propiciam essas doenças,houve uma melhoria das condi-ções, com a redução do lixo”.

Meia centena de activistas fizeram a diferença

Mais de cem pessoas estiveram envolvidas nas activi-dades desportivas associadas ao Projecto de Educa-ção Higiénica e Sanitária,.“Foi muito bonito. Envolveu muito as crianças. Elas es-tavam felizes”, diz, entusiasmado, Adriano José Bernar-do, responsável pela Cultura, Acção Social e Desportoda Comissão de Moradores.Futebol, basquetebol, andebol e, por vezes, música, sãoas actividades que continuam a praticar-se todas as se-manas na comunidade, aos sábados, como aconteceuno 1º de Maio, para celebrar o Dia do Trabalhador. Para o administrador do complexo multiusos da Boa-vista, Shaff Costa Dias, o projecto envolveu muitos jo-vens e permitiu “retirá-los da rua e da droga”.

Desporto e limpeza jogam umcom o outro a bem da saúde

A linguagem dos números

Page 24: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite M Há, no mundo, cerca de 300 milhões de pessoas com Diabetes. ... da capital e do país e posicioná-la

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