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O CONHECIMENTO TEÓRICO DOS PROFISSIONAIS QUE APLICAM A TÉCNICA DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL EM CLÍNICAS DE
ESTÉTICA DE CURITIBA
Flávia Klettenberg Mattos1, Letícia Beatriz Pereira2, Ariane Batista de Souza3 , Cynthia Maria
Rocha Dutra4 1-2 Acadêmicas do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 3 Profª. Esp. Tecnólogo em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná; 4 Profª Msc. Professora de Educação Física e Fisioterapeuta da Universidade Tuiuti do Paraná; Endereço para correspondência: [email protected] ; [email protected]
RESUMO: Atualmente a drenagem linfática manual (DLM) é um dos recursos de
grande destaque, porém muitas vezes disseminada com falsas promessas de melhora
imediata da condição estética, trazendo consigo mitos e inverdades. A pesquisa teve
como objetivo apresentar fundamentações gerais sobre a DLM e verificar através de
um questionário, o repasse das informações básicas do procedimento. Com a
pesquisa, concluiu-se que 33% dos profissionais ainda aplicam e repassam
informações errôneas sobre a técnica de DLM. A importância de conscientizar os
profissionais da área de estética é que busquem sempre o embasamento científico
para a aplicação mais adequada do procedimento e o correto repasse de informações.
Palavras-chave: Drenagem linfática manual, sistema linfático, clínicas de estética
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ABSTRACT: Currently the manual lymphatic drainage (MLD) is one of the prominent
features, but often disseminated with false promises of immediate improvement of
cosmetic condition, bringing with myths and untruths. The research aimed to present
general foundations on MLD and check through a questionnaire, the transfer of the
basic information of the procedure. Through research, it was concluded that 33% of
professionals still apply and pass on misinformation about the MLD technique. The
importance to educate aesthetic professionals is to always seek the scientific basis for
better implementation of the procedure and the correct transfer of information.
Keywords: Manual Lymphatic Drainage, lymphatic system, aesthetic clinics.
1
INTRODUÇÃO
Atualmente os serviços de estética, estão em amplo crescimento e
possuem um alto reflexo na economia brasileira. Segundo dados publicados
pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos (ABIHPEC) em parceira com o Instituto de Pesquisa
EUROMONITOR, divulgados no Jornal Bom Dia Brasil, em 2014 o setor de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos teve crescimento nominal de 11%, e
faturamento acima de R$ 101 Bilhões.
O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO),
em 2008, relatou que muitos tratamentos oferecidos nas clínicas, como
técnicas de massagem e terapias manuais, são aplicados por profissionais sem
a devida qualificação. Muitas clínicas não possuem estrutura para atender a
demanda, comprometendo assim a qualidade do tratamento.
Dentre as técnicas manuais, a drenagem linfática manual (DLM) é uma
das mais procuradas, porém muitas vezes com falsas promessas de melhora
imediata da condição estética e do bem-estar, bem como dissemina-se muitos
mitos e inverdades sobre este procedimento. A DLM, por ter uma ação
fisiológica agindo diretamente sobre o sistema linfático, quando aplicada de
forma errônea, põe em risco a saúde do paciente (CREFITO, 2008).
Frente a este cenário, a pesquisa apresenta fundamentações gerais
sobre a DLM e tem por objetivo verificar o repasse das informações básicas da
mesma as usuárias das clínicas de estética no centro de Curitiba.
Drenagem linfática manual
É uma técnica representada por um conjunto de manobras suaves,
lentas e rítmicas muito específicas, as quais atuam basicamente sobre o
sistema linfático superficial, visando drenar o excesso de líquido acumulado no
interstício, nos tecidos e dentro dos vasos através das anastomoses
superficiais (FUKUSHIMA, 2011).
A DLM foi desenvolvida pelo dinamarquês Emil Vodder e sua esposa,
Estrid Vodder, em 1930. Após perceberem que muitos pacientes que sofriam
de enfermidades crônicas das vias respiratórias (sinusites, faringites, rinites,
2
amigdalites, etc.) tinham os gânglios do pescoço edemaciados e rígidos,
Vodder, de modo intuitivo teve a ideia de massagear estes gânglios de maneira
suave (TACANI; CERVERA, 2004). O terapeuta repetiu suas experiências em
vários destes casos e obteve efeitos favoráveis, assim como em sua primeira
experiência. Deste modo surgiu a DLM, apresentada pela primeira vez em
1936, num congresso em Paris (NIETO, 1994).
Em 1958, após expor seu trabalho em um congresso médico na
Alemanha, alguns pesquisadores se interessaram em se associar a Vodder
com o objetivo de dar provas científicas ao método, e não apenas relatos
clínicos (TACANI; CERVERA, 2004; HERPERTZ, 2006). A partir de então, este
grupo de pesquisadores trouxeram algumas provas da eficácia da DLM em um
nível muito mais científico que o desenvolvido por Vodder (TRAISSAC;
SAGARDOY; LUCAS, 1998; VINÃS, 1998; FERRANDEZ; THEYS; BOUCHET,
2001).
De acordo com literatura a DLM deve acompanhar a direção da
circulação sanguínea e do fluxo linfático, iniciando sempre da região proximal
para distal. Deste modo, para o correto desenvolvimento da técnica,
independentemente da metodologia empregada, faz-se necessária o
conhecimento da anatomia e da fisiologia do sistema linfático, além das
contraindicações que podem trazer consequências danosas aos clientes
(FUKUSHIMA, 2011).
As principais características da DLM são bem específicas, sendo: (i) ser
realizada da proximal para distal I (CASLEY-SMITH et al., 1998); (ii) iniciar pela
evacuação do terminus na fossa supraclavicular e linfonodos (VIÑAS; 1998);
(iii) nunca produzir dor e eritema (TACANI, 2003; FÖLDI, 1998); (iv) não
pressionar excessivamente, pois pode lesionar os capilares linfáticos por estes
serem muito frágeis (TACANI, 2003; HERPERTZ, 2006; FÖLDI;
STRÖBENREUTHER, 2005; GUIRRO; GUIRRO, 2002).
Tacani, R., 2008 apud Casley S, 1998, afirma que uma DLM mal
aplicada é um dos piores impedimentos para a função do sistema linfático.
Pois, a técnica apresenta contra indicações para diversas situações clínicas, e
quando não observadas por despreparo técnico científico dos profissionais, o
procedimento oferece alto risco para a saúde do paciente (GODOY;
3
BELCZACK; GODOY, 2005; VIÑAS, 1998; NIETO, 1994; HERPERTZ, 2006;
FÖLDI; STRÖBENREUTHER, 2005; FERRANDEZ; THEYS; BOUCHET, 2001;
GUIRRO; GUIRRO, 2002; CAMARGO; MARX, 2000).
Godoy, Belczack e Godoy (2005) alertaram que várias técnicas de
massagem são utilizadas de maneira inadequada e denominadas falsamente
de DLM, causando prejuízos aos pacientes, como mostra um estudo de Tacani
(2011) sobre o relato de caso de uma jovem caucasiana que, após se submeter
a uma suposta DLM com finalidade estética, apresentou dores de forte
intensidade, equimose importante na região lateral da coxa esquerda,
microvaricosidades e petéquias esparsas em ambas as coxas e pernas.
Neste caso, a DLM aplicada de forma incorreta, gerou um intenso
processo inflamatório associado a equimose e que, mesmo após uma
intervenção para o tratamento, as lesões como telangiectasias/
microvaricosidades persistiram. Isso mostra que a aplicação errônea da técnica
de DLM pode provocar danos sérios à funcionalidade tecidual e à própria
condição da estética corporal.
Métodos utilizados na DLM
Várias técnicas de DLM foram desenvolvidas a partir da técnica original
de Emil Vodder, mas atualmente, segundo Guirro e Guirro (2002), são duas as
técnicas mais utilizadas: a de Vodder e a de Leduc.
No método Vodder a principal função é retirar os líquidos acumulados
entre as células e os resíduos metabólicos. Após serem retiradas do local
armazenado, essas substâncias são encaminhadas para o sangue através da
circulação (SATO, 2013). Publicadas por Vodder em 1936, as manobras
fundamentais foram classificadas em círculos verticais, bombeamento,
manobras de tração e de torção (ELWING ; SANCHES, 2010).
No método Leduc os movimentos são: drenagem dos linfonodos,
círculos com os dedos, círculos com o polegar, movimentos combinados com
os dedos e polegar e pressão em braceletes (BORGES, 2006). Apesar de
existirem versões adaptadas e evoluídas, todas seguem o mesmo parâmetro
técnico que atua aumentando o aporte de linfa e a velocidade de condução dos
4
vasos e ductos linfáticos, por meio de manobras que imitam o bombeamento
fisiológico, gerando oxigenação dos tecidos, desintoxicação do tecido
intersticial, entre outros benefícios (FUKUSHIMA, 2011).
Os efeitos da drenagem linfática manual
A DLM influência de forma direta e indireta o funcionamento de alguns
sistemas do corpo, como descreve o quadro 1 abaixo:
Quadro 1 – sistemas que sofrem atuação dos benefícios da DLM
Fator Influência Descrição
Direta
Respostas Imunes Estimulação dos capilares linfáticos, segundo Kasseroler, estimularia a produção e a renovação de células de defesa.
Velocidade de filtração da linfa
Aumento do fluxo linfático e velocidade com que a linfa passa pelo linfonodo onde ocorre a filtração.
Filtração e absorção dos capilares sanguíneos
A pressão exercida nos tecidos aumentam a filtração e absorção do sistema sanguíneo.
Quantidade de linfa processada nos gânglios
O aumento do fluxo linfático, pode aumentar o volume circulante da linfa em até 5 vezes, consequentemente, a quantidade de linfa processada nos linfonodos serão maior.
Motricidade do intestino
As massagens realizadas no abdômen produzem efeitos sobre a evacuação.
Sistema nervoso autônomo
Há efeitos de relaxamento por influenciar na liberação de substâncias simpaticoilíticas no organismo.
Indireta
Melhora da nutrição celular
Com o excesso de líquido retirado, há uma melhora nas condições na irrigação sanguínea e de nutrição tecidual.
Melhora da oxigenação dos tecidos
Segundo Kasseroler, a drenagem linfática facilita a oxigenação dos tecidos edemaciados que possuem dificuldade de nutrição. Assim reduzindo os edemas.
Desintoxicação dos tecidos intersticiais
A drenagem influencia na retirada do líquido instersticial pobre em nutrientes e rico em toxinas.
Eliminação de ácido láctico dos músculos
A DLM colabora no processo de excreção do ácido láctico, diminuindo o tempo de dor do músculo fadigado.
Fonte: GUIRRO; GUIRRO, 2002; HUTZSCHENREUTER, 1998.
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Indicações e contraindicações da DLM
De maneira geral, as indicações estéticas para a realização da DLM são:
edemas, pré e pós-cirurgia plástica e relaxamento (FUKUSHIMA, 2011).
De acordo com a literatura as contraindicações são classificadas em: (i)
contraindicações absolutas: nos casos de tumores malignos, tuberculose,
edemas sistêmicos de origem cardíaca ou renal, insuficiência renal e trombose
venosa profunda e (ii) as contraindicações relativas: insuficiência cardíaca
descompensada, flebite e trombose venosa profunda e afecções da pele
(PREISLER, 1998; WITTLINGER, 1998; GREEN, 2004; ASDONK, 1981).
METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa e amostra
Este estudo tem característica de ser uma pesquisa longitudinal,
qualitativa, descritiva e exploratória (THOMAZ; NELSON, 2002), sendo a
amostra selecionada aleatoriamente, incluindo 15 clínicas de estética, sediadas
no centro de Curitiba.
Os critérios de inclusão estabelecidos foram: (i) clínicas de estética que
oferecem serviço de DLM, (ii) localizadas no centro de Curitiba; sendo
excluídas as demais instituições que não correspondem nessas características.
Procedimentos e Instrumento
Num período de 15 dias foram visitados clínicas de estética que, após
tomarem ciência da pesquisa e assinarem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, responderam ao questionário desenvolvido composto de duas
partes: (i) dados cadastrais para caracterizar a amostra total e (ii) as perguntas
direcionadas no conhecimento teórico dos profissionais que utilizam a técnica
da DLM.
Análise Estatística
Os resultados encontrados nesse estudo foram analisados e
demonstrados através de percentual utilizando-se o programa Microsoft excel
2010.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base no questionário aplicado em clínicas de estética sobre a DLM,
consta nas tabelas abaixo a porcentagem dos resultados obtidos, como o grau
de escolaridade, formação na área da estética e perguntas relacionadas
diretamente a DLM.
Perfil dos Entrevistados sobre a DLM Tabela 1 – Perfil dos entrevistados que atuam com a DLM (n = 15)
Variáveis Clínica de Estética (%)
Grau de escolaridade
Ensino Fundamental 0%
Ensino Médio Incompleto 0%
Ensino Médio Completo 47%
Ensino Superior Completo 20%
Ensino Superior Incompleto 20%
Pós Graduação 13%
Formação da Área de Estética
Curso Profissionalizante 0%
Curso Livre 20%
Técnico em Estética 20%
Tecnólogo em Estética 33%
Outros 27%
Fonte: as autoras
No item “escolaridade dos entrevistados”, constatou-se que 47% possui
o ensino médio completo, 20% o ensino superior completo, 20% ensino
superior incompleto e 13% possuem pós graduação na área.
Esse dado mostra que aproximadamente metade dos profissionais
entrevistados que aplicam a técnica possuem apenas o ensino médio
completo. Com isso pode-se concluir que provavelmente a formação estética
se deu através de cursos livres, curso técnico em estética e/ou de
massoterapia, já que não houve formação superior na área.
Perfil do Conhecimento sobre a Técnica da DLM
De acordo com a pesquisa e, apresentando na tabela 2, confere-se que
80% dos estabelecimentos entrevistados afirmaram realizar pré atendimento
antes da realização da DLM e 20% não fazem qualquer forma de pré
atendimento. Na prática clínica é comum a ausência do mesmo, como
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exemplo, a existência de pacotes de drenagem linfática vendidos em sites de
compra coletiva, onde se é facilmente adquirido o serviço, sem haver qualquer
atendimento prévio e realização de ficha de anamnese para verificação de
alguma contra indicação. A Resolução n.º 391, de 18 de agosto de 2011, do
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2011),
proíbe a venda de sessões de estética em sites eletrônicos, por levar à
mercantilização das profissões e não garantir a qualidade dos serviços
prestados. Um atendimento prévio é de extrema importância, pois é através
deste que é possível investigar o histórico clínico do cliente, e abordar com o
procedimento mais seguro e adequado para cada caso.
Tabela 2 – Perfil do conhecimento sobre DLM (n = 15)
Perguntas do Questionário
Clínica de Estética
Sim Não
Para um procedimento como a drenagem linfática manual, é realizado algum pré-atendimento?
80% 20%
É normal haver relato de dor durante ou após a DLM? 60% 40%
Fazer a DLM com movimentos superficiais, pouca pressão e de forma lenta produz algum efeito?
80% 20%
A DLM elimina celulite?
33% 67%
A DLM ajuda a emagrecer?
27% 73%
O ideal é a cliente sair da DLM e já sentir vontade de urinar, pois assim podemos garantir a eficácia da drenagem? 53% 47%
A DLM possui contraindicações? 80% 20%
Fonte: as autoras
Ainda de acordo com a tabela 2, relatos de dores por parte do cliente
durante ou após a realização da DLM são comuns para 60% dos entrevistados.
Segundo Tacani (2003) e Foldi (1998), a DLM jamais deve produzir dor. Por
serem superficiais e frágeis, as pressões excessivas são capazes de lesar os
capilares linfáticos (TACANI, 2003; HERPERTZ, 2006; FOLDI;
STROBENREUTHER, 2005; GUIRRO; GUIRRO, 2002; CAMARGO; MARX,
2000; KASSEROLLER, 1998). Infelizmente, muitos profissionais se utilizam
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falsamente do termo DLM, e aplicam de maneira equivocada massagens
vigorosas e agressivas, o que contribui para a divulgação entre o público leigo
a errônea ideia de que esta técnica causa dor e hematomas.
A drenagem possui efeito quando realizada de forma superficial, lenta e
com pouca pressão, segundo TACANI (2003). Para 20% dos entrevistados,
quando realizado dessa forma, a drenagem não possui efeito. Há diversos
relatos de pessoas com dores, hematomas e equimoses após a realização de
uma DLM (HERPERTZ, 2006; FÖLDI; STRÖBENREUTHER, 2005; GUIRRO;
GUIRRO, 2002; CAMARGO; MARX, 2000; KASSEROLLER, 1998). Na DLM,
as manobras são suaves a fim de mobilizar uma corrente de líquido que está
dentro de um vaso linfático em nível superficial e acima da aponeurose
(GODOY, BELCZAK, GODOY, 2005).
Dentre as clínicas visitadas, 33% afirmam que a DLM elimina a celulite.
O fibro edema gelóide é caracterizado por uma alteração no tecido subcutâneo
o qual consiste numa infiltração edematosa do tecido conjuntivo, seguida de
polimerização da substância fundamental amorfa, resultante de uma alteração
no meio interno (KHAN, et al. 2010; GUIRRO; GUIRRO 2002) o qual provoca
acúmulo de líquido no interstício, causando assim edema e alterações na
arquitetura da pele (AVRAM, 2004; GULEÇ, 2009). A DLM é considerada uma
terapia adequada para o tratamento da fibro edema gelóide (FEG), pois
mobiliza o acúmulo de líquido intersticial existente, atuando assim como
coadjuvante no tratamento do FEG, mas não eliminando-a completamente
(GODOY; GODOY, 2009).
Entre as clínicas entrevistadas, há confusão sobre os efeitos da DLM
para emagrecimento, 27% acreditam que a DLM pode ajudar o cliente a
emagrecer. Segundo Leduc (2002), a DLM drena os líquidos excedentes que
banham as células, mantendo assim, o equilíbrio hídrico dos espaços
intersticiais. Godoy (2004) relata que a DLM facilita a drenagem da linfa, assim
auxilia a mesma a entrar dentro dos vasos linfáticos e ser transportada de
maneira mais ágil. Na literatura, não se há relato de efeitos da drenagem em
gordura, triglicerídeo e ácido graxo para que possa confirmar sua ação no
emagrecimento, já que sua finalidade é estimular o sistema linfático, ajudar a
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regular o sistema imune, eliminar resíduos metabólicos, toxinas do corpo e
reduzir o excesso de fluídos. (EKICI et al., 2009).
Além da informação sobre emagrecimento, a maioria das clínicas (53%)
acreditam que o ideal é o cliente sair da sessão e logo sentir vontade de urinar,
pois assim é possível garantir a eficácia do procedimento, porém, sabe-se que
o efeito causado por uma boa sessão de drenagem varia de 24 a 48 horas
após a sessão. Nesse período é observado um aumento miccional, mas não
imediatamente após a sessão (GUIRRO, 2002; BORGES, 2008). A ativação
linfática pode variar de pessoa para pessoa, segundo Sanches (2006), não
sendo necessariamente estimulada no exato momento da realização da técnica
e que o efeito se prolonga por algumas horas após seu término.
Dos entrevistados 20% responderam não haver contraindicações para o
procedimento. A DLM possui precauções e restrições quanto o seu uso, sendo
totais ou parciais dependendo do caso, apesar de ser um método leve, suave e
superficial, não esta isenta de riscos quando utilizada de forma errônea
(DEITOS, 2005). Como exemplos de contraindicações está tuberculose, asma,
bronquite, afecções da pele, entre outras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no questionário aplicado nas clínicas de estéticas, verificou-se
que 33,3% dos profissionais aplicam e repassam informações errôneas sobre a
técnica de DLM.
Casos de DLM mal aplicadas, não devem ser negligenciados, mas sim,
usados para ressaltar a importância de conscientizar os tecnólogos em
estéticas e profissionais da área, a buscar sempre embasamento cientifico,
para que assim realizem esse procedimento da forma mais adequada. Cabe
também alertar o público com interesse neste procedimento para escolher
sempre profissionais devidamente habilitados.
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