O conselho eterno de deus

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A474 Alves, Silvio Dutra Mentes renovadas./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 44p.; 14,8x21cm 1. Vida Cristã. 2. Consagração.. 3. Entendimento Racional. I. Título. CDD 207

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Sumário

Introdução 4

O Conselho da Própria Vontade de Deus 5

A Boa Vontade Perfeita de Deus 18

O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos

21

Não Errando o Alvo Proposto 24

Cujas Saídas São Desde os Tempos

Antigos

26

Não Havia o Mal no Princípio, na Criação 29

Compreendendo o Significado da Nossa

Existência Pela Perspectiva Correta

31

A Natureza da Nova Criatura em Cristo

Jesus

36

O Plano de Deus é Operado pelo Espírito Santo

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Introdução

No corre-corre desta vida em que cada um

procura fazer planos e atingir metas, há também

correndo em paralelo um Grande Plano

estabelecido desde antes dos tempos eternos,

que expressa toda a vontade de Deus em relação ao seu propósito na criação que fizera,

especialmente no que tange à humanidade.

Bem-aventurados são todos aqueles que regulam os seus planos segundo este conselho

eterno da vontade de Deus, para que não se vejam frustrados ao final da sua jornada terrena,

quando terão que prestar contas ao Criador, não

propriamente segundo o que planejaram, mas

segundo o que Ele planejou para cada um de nós.

Se o Conselho Eterno tivesse somente um caráter genérico, certamente não seria exigido

tanto de nós quando ti vermos que comparecer

perante o Tribunal de Cristo, mas como ele

possui também e principalmente este caráter individual e específico quanto às expectativas de

que cumpramos a missão que nos cabe neste

mundo, conforme fora determinada pela

exclusiva autoridade e soberania de Deus, faríamos bem então em dar a devida

consideração a este assunto.

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O Conselho da Própria Vontade de Deus

“Nele, digo, em quem também fomos feitos

herança, havendo sido predestinados,

conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;” (Ef

1.11).

O conselho da própria vontade de Deus é tudo

aquilo que Ele tem planejado desde toda a eternidade conforme a Sua exclusiva

autoridade e soberania.

Quanto à nossa salvação nós vemos em Hebreus 6.17 que este conselho é imutável.

Em Atos 2.23 nós vemos que Jesus foi entregue por nós conforme o conselho determinado e presciência de Deus.

Em Atos 4.28 é dito que a perseguição de Herodes, de Pilatos e do povo contra a Igreja

estava acontecendo conforme Deus havia

predeterminado no Seu conselho eterno.

Em Atos 20.27 nós vemos Paulo afirmando aos

Efésios que não havia se esquivado de lhes anunciar todo o conselho de Deus.

A palavra boulê usada no original grego para conselho, no texto de Ef 1.11 é a mesma que é

usada em todos estes demais textos.

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As ações contra a Igreja já estavam determinadas por Deus desde antes da fundação

do mundo (At 4.28) para a Sua exclusiva glória, pelo testemunho dos Seus servos no amor a Ele

e à verdade, na medida em que teriam a fé deles

aperfeiçoada por estas tribulações, que vêm aos crentes como oposições de Satanás.

O nosso texto de Ef 1.11 diz que os crentes foram feitos herança do Senhor por terem sido

predestinados de acordo com o propósito de

Deus, que foi feito segundo o conselho da Sua

própria vontade.

Estes que foram predestinados para serem herdeiros da glória juntamente com Cristo são

portanto os eleitos de Deus. É declarado quanto

à salvação deles que o caráter do decreto eterno

é imutável, isto é, os que foram eleitos para a salvação jamais poderão perder a condição de

filhos de Deus porque foram marcados por um

conselho que é imutável e absoluto quanto a

isto.

De igual modo é também imutável o conselho quanto ao crescimento destes eleitos na graça e

no conhecimento de Jesus, mas ele não é

absoluto quanto à sua execução relativamente a

todos os crentes porque este crescimento não dependerá somente da vontade de Deus, mas

também do empenho e diligência de cada

crente em santificação. Ainda que esteja

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determinado que todos eles serão perfeitos em

santidade na glória, porque Deus é santo, e

importa que Seus filhos sejam santos, no entanto, enquanto eles estiverem neste mundo

se verá mais progresso em santidade em uns do

que em outros. E aqui se revela que eles devem crescer por um ato de escolha voluntária,

porque não há amor e obediência verdadeiros

que não sejam voluntários. Isto implica a

necessidade de cooperação com o trabalho do Espírito Santo para que haja crescimento

espiritual.

Em Apocalipse 10.6 nós lemos o seguinte:

“e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o qual criou o céu e o que nele há, e a

terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que

não haveria mais demora,”.

A humanidade está em contínuo processo de criação através dos séculos, com a geração de

novas pessoas, mas se diz que Deus tudo criou,

com o verbo criar no tempo passado, indicando

uma ação concluída. Isto indica que tudo chega à existência no tempo, mas tudo já foi visto por

Deus como criado no Seu próprio planejamento

eterno, conforme o conselho da Sua vontade.

Assim, o que virá a ser ainda, já foi conhecido por Ele em Sua presciência, especialmente

aqueles que alcançariam a salvação em Cristo

Jesus (I Pe 1.2).

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Há muitos que pensam estar-se limitando o poder de Deus quando se afirma que Ele não

poderia fazer de um Esaú um Jacó, porque para

admitir que Ele seja de fato Todo-poderoso,

deveria ter a condição de transformar num autêntico santo qualquer criatura que em Sua

presciência, Ele sabia que jamais se submeteria

voluntariamente ao Seu governo divino, tanto

na terra, quanto no céu.

Mas, se houvesse tal possibilidade, nós teríamos que assumir consequentemente que Satanás

não seria o diabo (opositor) caso Deus desejasse

que Ele voltasse a ser santo e inculpável. E isto se

aplicaria não somente a Satanás mas a todos os anjos caídos. É inegável que há no Senhor o

poder para transformar pecadores em santos,

mas este trabalho não pode ser realizado senão

nos eleitos, e estes eleitos são aqueles que responderão de maneira positiva à chamada de

Deus ao arrependimento e para a transformação

das suas vidas, porquanto foram conhecidos por

Ele antes que houvesse mundo, em Sua presciência divina (I Pe 2).

Assim o ato da escolha não é feito no momento da geração da pessoa no ventre materno, mas

antes da fundação do mundo, segundo o

conselho da vontade de Deus (Ef 1.11b), isto é, no planejamento que Ele fez segundo a Sua

vontade, para a criação de todas as coisas e seres

morais, antes dos tempos eternos (Tito 1.1),

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tendo concebido a todos os que viriam à existência a um só tempo em Seu próprio ser, e

por serem seres morais livres, Ele pôde em Seu

atributo de presciência conhecer com

antecedência aqueles que Lhe amariam e aqueles que sempre resistiriam à Sua vontade,

não propriamente no sentido de cumprimento,

porque até mesmo os anjos caídos Lhe

obedecem quando lhes despacha as suas ordens, mas o fazem por terror dos castigos que

poderão sofrer, e não por amá-Lo, coisa que na

verdade nunca o fizeram em verdade mesmo

quando estavam sem pecado no céu, porque não chegaram a participar do conhecimento íntimo

da natureza divina por uma entrega voluntária

de seus espíritos para uma tal comunhão com

Deus.

Isto explica porque é possível haver muita obediência externa entre os homens mas na

maioria dos casos, pouca ou nenhuma

obediência de coração. O simples cumprimento

de ordens não é a obediência que conduz à salvação, porque esta obediência que salva é do

espírito e não o mero consentimento da

vontade.

Por isso se diz quanto à eleição, que não depende de quem quer ou de quem corre, porque o ato de querer e de correr se encontram na exclusiva

esfera da vontade do homem, que é uma

faculdade da sua alma, e não do espírito. A

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obediência que se requer para a salvação é do

coração, isto é, do espírito, por isso se diz que é

preciso não somente confessar com a boca, mas também crer com o coração que Jesus é o

Senhor, porque para isto se demanda revelação

do Espírito ao nosso espírito, e a capacitação que é concedida pelo mesmo Espírito para que

possamos crer de coração, e assim sermos

salvos. Somente os eleitos permitirão ao Espírito

tal revelação no interior deles. Somente eles se arrependerão e se renderão à chamada de Deus

para a salvação.

Deus planejou em Seu conselho eterno que salvaria por graça e mediante a fé, e somente os

eleitos podem crer que são salvos por causa da

graça que lhes é oferecida em Cristo, e não por causa de quaisquer obras de justiça própria que

eles possam fazer.

Eles se unem em espírito ao Espírito de Deus e formam um só espírito com o Senhor. Mais do

que serem salvos da condenação eterna eles desejam estar unidos em amor Àquele que os

salvou, e viverem para o inteiro agrado dEle.

É pelo conhecimento prévio destas realidades espirituais que haveria nestes espíritos que

viriam a obedecer a Deus quando fossem alcançados pela graça do evangelho, que Ele os

elegeu desde toda a eternidade para estarem

para sempre com Ele em íntima comunhão.

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Tudo o que vier a ser já se encontrava em latência na mente de Deus, assim como um

arquiteto tem todo o planejamento de um

edifício em sua mente, antes de construí-lo.

Podemos por assim dizer, que todos os seres morais que chegam à existência já se

encontravam criados na imaginação e vontade

de Deus antes de serem formados por Ele no

tempo da chegada que Ele previu para cada um deles a este mundo.

Há este controle perfeito do Senhor sobre os seres morais porque eles têm um espírito, tal

qual Deus é espírito, e assim não poderiam ser o

fruto de uma geração espontânea ou

meramente natural, porque também são seres espirituais além de terem um corpo natural.

Deste modo não podemos cogitar se haveria ou não a possibilidade de se transformar um não

eleito em um eleito, porque são condições

absolutas, tal qual a natureza dos vegetais é uma e a dos minerais é outra; de forma que se alguém

desejasse se prover de minerais, não o faria

entre os vegetais, porque estes não possuem a

natureza dos minerais.

Isto não significa que houvesse algum bem prévio ou mérito nos eleitos, porque quanto ao

pecado, como ensinam as Escrituras, são tanto

pecadores e culpados como os não eleitos,

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sendo salvos gratuitamente pela graça que está

em Cristo Jesus.

Não podemos afirmar então que haja uma impossibilidade em Deus, porque tudo Lhe é

possível, mas trazer um não eleito em obediência somente seria possível por meio de

uma mecanização do seu ser, transformando-o

num robô, ou num ser obediente por meio de

constrangimento e força. Mas não é isto que Deus espera na filiação em amor que Ele

determinou desde antes da fundação do mundo.

Vemos portanto, que não estamos diante de um caso de impossibilidade, mas de não realização

daquilo que Deus intentou não realizar em Seus

conselhos eternos, porque ao contrário do que muitos pensam, a Bíblia é clara em afirmar que

os não eleitos foram chamados à existência para

o propósito de serem aqueles vasos de ira, nos quais Deus revelará que é justo Juiz que castiga

toda oposição à Sua vontade. (Rom 9.6-24).

E deve ser dito que Deus não o faz por capricho, mas porque o céu não poderia ser céu caso não

houvesse ali somente obediência voluntária e

de coração, em amor.

Não é cabível portanto o tipo de pergunta que muitos fazem se seria possível transformar um

Esaú num Jacó; porque Esaú jamais se permitiria

renunciar à Sua própria vontade, ao seu ego,

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para dar o governo da sua vida ao Espírito Santo de Deus.

Não podemos esquecer que tudo indica que os anjos foram criados ao mesmo tempo e que

acabariam por revelar, por serem seres morais

tal como os homens, se lhes agradaria estar debaixo do governo de Deus. E assim os espíritos

dos homens são também provados pela luz que

é o Senhor Jesus, de maneira que manifestarão

diante dEle, mediante a Sua revelação a eles, se amarão a luz e virão para ela, ou se

permanecerão amando as trevas, recusando-se

vir para a luz, para que as suas más obras não

sejam manifestas.

É realmente muito fascinante sabermos que Deus criou os seres morais à Sua imagem e

semelhança. Eles estão dotados desta

capacidade de juízo próprio, de direção própria,

de determinação própria, em escolhas que podem fazer pelo exercício da razão e da

imaginação. Temos então em cada ser moral

criado uma personalidade específica e definida.

Cada um deles é único e distinto uns dos outros. E é por isso que alguns afirmam erroneamente

que Deus arriscou em havê-los criado, porque

muitos deles poderiam por esta característica

de direção própria, determinarem caminhar afastados da Sua vontade. Dizemos que não

houve erro porque tudo isto estava planejado

nos conselhos eternos de Deus, de maneira que

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estes vasos rebeldes são enchidos com a Sua ira,

para manifestar neles o Seu poder como Juiz e

Vingador do mal. É a isto que Paulo quer se

referir em Romanos 9, quando diz que Deus criou vasos para honra (eleitos) e vasos para

desonra (não eleitos). Ele sabia de antemão e

desejava este efeito de maneira a exibir tanto a

sua misericórdia, graça e amor nos eleitos, que salvou de suas misérias no pecado, como o Seu

grande poder em julgar e condenar ao

sofrimento eterno aqueles que resistem à Sua

vontade (não eleitos); apesar de não ter nenhum prazer em fazer isto, porque não criou nem

anjos, nem homens, para serem rebeldes, e

prova isto sujeitando-os aos Seus juízos, porque

são responsáveis perante Ele pelo uso da liberdade que receberam, e que deveriam

colocar debaixo da Sua instrução e governo, por

uma obediência voluntária em amor.

Assim, não houve portanto nenhum risco

envolvido no fato de ter Deus criado os seres morais de tal forma, que somente alguns deles

(eleitos) poderiam adorá-lo, amá-lo e servi-lo, do

único modo aceitável por Ele, a saber,

voluntariamente e em amor.

Para que estes eleitos não o fizessem mecanicamente, ou por imposição contrária à

vontade deles, não poderia o Senhor receber

uma verdadeira glória caso os que se

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aproximam dEle não o fizessem com um

coração voluntário.

É nisto que se encontra a maior razão porque Deus criou os seres morais com tal característica de poder de escolha, de maneira

que aqueles que O amassem o fizessem do único

modo que é inerente ao verdadeiro amor, a

saber, não por obrigação, mas livre e voluntariamente.

Então, apesar de não ser a vontade do homem o fator determinante da sua salvação, não se pode

negar este conhecimento prévio de Deus

daqueles que são Seus, e que se converterão a Ele, porque apesar de pecadores como os

demais homens, haverá uma resposta adequada

de seus espíritos à chamada de Deus para que

sejam santos, e reconciliados a Ele, pela adoção de filhos, tornando-se verdadeiramente amigos

de Deus e inimigos do diabo e de todos os anjos

caídos.

Deste modo, nós vemos que não são os anjos e os homens que escolhem pelo simples exercício de suas vontades, serem bons ou maus, santos ou

ímpios. Por isso o apóstolo Paulo afirma que a

eleição que não é feita dependendo de quem

quer ou de quem corre. Deus pesa os espíritos e conhece os corações. Ele conheceu o espírito de

Jacó tanto quanto o de Esaú. Sabia que Jacó seria

Seu, mas não Esaú.

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Não é portanto pelo exercício da própria vontade que os eleitos são salvos, mas pelo

conhecimento prévio de Deus, dos seus

espíritos, como sendo aqueles que responderiam positivamente à Sua chamada

para a salvação.

É por isso que nós O vemos dizendo ao apóstolo Paulo que permanecesse ainda em Corinto, e

que não saísse da cidade, porque Ele tinha muitos eleitos naquela região e que se

converteriam com a pregação de Paulo (At

18.9,10). Então eles eram conhecidos de Deus

antes mesmo da sua conversão. Não por nenhuma obra boa que tivessem feito, ou má

que tivessem deixado de praticar, que eles

seriam salvos, mas por causa deste

conhecimento presciente deles por Deus. Somente o Senhor conhece até mesmo entre os

piores pecadores, aqueles que serão adotados

como Seus filhos, em face do arrependimento

que terão de seus pecados quando Ele revelar a eles a salvação que há em Cristo Jesus.

É ordenado que se pregue o evangelho a todos, porque apesar de o Senhor conhecer a todos os

que são Seus, nós não sabemos quem é eleito ou

não, e a nenhuma pessoa também Deus tem revelado diretamente que está impedida de vir a

Cristo. Ao contrário Ele convida a todos a se

esforçarem por entrarem no Seu reino, com a

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promessa de que não lançará fora a ninguém que vier a Ele.

Assim, se alguém tem vindo a Cristo e tem sido salvo por Ele, tal pessoa é bem-aventurada

porque é uma eleita de Deus, conhecida por Ele

desde a fundação do mundo. De igual modo, se alguém rejeita a Cristo e ao evangelho por toda

a sua vida e vem a morrer em tal condição, tal

pessoa enfrentará um castigo eterno, dando

provas de que não pertencia ao número dos eleitos de Deus por causa da permanente e

incurável dureza do seu coração.

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A Boa Vontade Perfeita de Deus

Somos incentivados a sermos sinceros

suplicantes decididos a receber as graças do

Espírito de Deus, porque temos a certeza de que ele está disposto a concedê-las.

Nosso Salvador nos encoraja a fazê-lo, quando usou a ilustração de um pai, que não pode ir

contra a natureza e se livrar de suas afeições

para negar atender às necessidades de seu filho,

e não lhe dará para a sua subsistência uma pedra em lugar de pão, ou uma serpente no lugar de

peixe.

Assim, se o homem que possui uma natureza terrena má, decaída no pecado, se apressa a

atender de boa vontade às necessidades de seu filho, quanto mais Deus, que é o Pai

perfeitamente amoroso, que possui uma

natureza santa e bondosa, jamais deixará de dar

o Espírito Santo e as graças do Espírito, àqueles que o desejarem como uma necessidade

essencial a ser atendida em suas vidas.

Ainda que por vezes, Deus coloque a nossa busca do Espírito Santo, à prova, parecendo não estar

disposto a não concedê-lo a nós, devemos agir como a mulher da parábola do Juiz Iníquo, que

insistente e importunamente continuou lhe

clamando que julgasse a sua causa com justiça.

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E a conclusão que nosso Senhor apresenta para

esta parábola é a de que, se um juiz ímpio, que

não age de bom grado, não deixou de atender àquela mulher pelo motivo de não continuar

sendo importunado, diferentemente dele, Deus

que tem prazer e boa vontade em nos atender, quando recorremos ao seu Trono de Graça, à

busca da justiça eterna para as nossas vidas,

justiça pela qual podemos ser transformados à

imagem e semelhança de Jesus, jamais deixará de conceder isto àqueles que o buscarem com

um coração realmente desejoso de obtê-lo, o

que poderão demonstrar pela insistência em

pedi-lo até que o tenham recebido.

Não devemos portanto, conceber ou atribuir a

Deus qualquer inclinação para ser indiferente a nós, ou então para agir de má vontade para

conosco. A Sua inclinação é sempre para fazer o

bem, assim como uma mãe se aplica com cuidado e carinho para alimentar os seus filhos,

e para satisfazer todas as suas necessidades,

para que sejam saudáveis em tudo.

O Senhor colocou esta inclinação nos pais para que possamos entender por quais sentimentos

ele é dirigido na sua relação com os seus filhos.

Assim como os pais terrenos negam a seus filhos aquilo que possa ser prejudicial à sua

saúde ou desenvolvimento pessoal, de igual

modo nosso Pai celestial agirá em relação a nós,

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nos negando aquelas coisas que possam

enfraquecer ou prejudicar o desenvolvimento do homem interior, que recebemos no novo

nascimento (regeneração) do Espírito Santo.

Portanto tudo o que lhe pedirmos com as pirraças do velho homem, não pode estar

contemplado na promessa, e seremos por Ele disciplinados, assim como os pais terrenos

fazem com seus filhos pirracentos.

Busquemos as coisas do Espírito Santo, o reino de Deus e a sua justiça, e todas as nossas demais

necessidades serão atendidas por Deus, na forma de acréscimo àquelas coisas espirituais

que devemos buscar em primeiro lugar.

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O Plano é Perfeito Embora Sejamos

Imperfeitos

Muitos pensam que Deus errou ao ter criado o

homem, porque a perfeição moral original que

existiu no primeiro casal foi perdida, e a maior

parte da humanidade tem sempre sido desobediente a Deus e aos Seus mandamentos.

Como um Deus perfeito e Todo-Poderoso criaria seres que poderiam vir a se tornar imperfeitos?

Primeiro os anjos que caíram juntamente com Satanás, transformando-se em demônios, e

depois o homem na terra, que passou a ser

pecador.

Todavia, a queda no pecado, que conduz a um viver contrário ao de Deus, e à não subordinação

à Sua vontade, comprova, por si só, que o

Criador deu à criatura moral a liberdade de

escolher o seu destino, de imitá-lO ou não, de amá-lO ou não, de servi-lO ou o contrário,

enfim, de caminhar rumo à perfeição, ou à

destruição.

No que tange à humanidade, que foi totalmente encerrada no pecado, isto ensejou que Deus pudesse manifestar a grandeza do Seu amor,

misericórdia e perdão, que tem estendido a

todos, sem qualquer exceção, que se

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arrependem desta condição de escravidão ao

pecado, para serem libertados e reconciliados

com Ele por meio da fé em Jesus.

O amor e a misericórdia de Deus não são meros

sentimentos de empatia e compaixão por seres que se tornaram de nenhum valor para ele, e

que viviam somente para os seus próprios

prazeres egoístas, indiferentes à Sua Pessoa e

vontade, e agindo como seus inimigos.

A extensão disto não pode ser avaliada por nenhum de nós, senão somente pelo próprio

Senhor, cujo julgamento e conhecimento do

estado do nosso coração são perfeitos.

Contudo, podemos deduzir por nossos sentimentos, imaginações, ações e pensamentos o quanto estamos longe da

santidade, bondade, amor, misericórdia, justiça

e todos os demais atributos infinitos e perfeitos

de Deus, o quão distante estamos de ser aquilo que Ele é em Sua própria natureza.

Desde que o pecado entrou no mundo todos os homens ficaram desprovidos da graça de Deus.

Esta é a razão de estarem caídos diante dEle.

Somente pela graça de Jesus é que poderão ser levantados e permanecerem firmes em Sua

presença pela mesma graça que os levantou.

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Mas tendo encerrado a todos debaixo da desobediência, Deus revelou qual era o Seu

propósito de usar de misericórdia com todos, e

demonstrou fartamente tanto a anjos quanto a homens o quanto é um Deus misericordioso.

Ele demonstrou com isto que não é bom somente para com aqueles que são perfeitos

como Ele, mas para com todos os que desejam

obedecer-Lhe, fazer Sua vontade e viver para

Ele, ou seja, viverem segundo o propósito para o qual foram criados.

Vemos portanto que não houve qualquer falha em Deus ou no Seu plano eterno de criar o

homem para ser conforme à Sua própria

imagem e semelhança.

Os que não buscam isto não frustram o plano da criação, porque Deus sabia desde o princípio

que entre seres criados para serem livres, não

seriam poucos os que escolheriam viver em

escravidão à própria vontade e à dos inimigos da santidade de Deus.

Por outro lado, sabia também que seriam muitos, conforme se declara na Bíblia, que

seriam pela verdade eterna que foi manifestada

na pessoa de Jesus.

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Não Errando o Alvo Proposto

Jesus Cristo não veio a este mundo para

morrer no nosso lugar, e continuar

intercedendo por nós, e nos concedendo a sua

graça, amor e poder, apenas para resolver os nossos problemas cotidianos.

Recorrer a Ele somente nas horas de necessidades decorrentes especialmente de

enfermidades, perigos de mortes e dificuldades

financeiras ou de qualquer outra natureza temporal, não responde ao propósito de Deus ao

nos ter dado um Salvador e Senhor.

Ele veio para dar vida eterna a mortos espirituais.

Veio para nos libertar de nossos pecados e nos tornar participantes da natureza celestial de Deus, que é de santidade.

Se não formos socorridos por Ele quanto a isto, não terá sido então de grande proveito para nós,

tudo o mais, porque não estaremos vivendo no

centro do propósito divino em relação a nós,

quanto à nossa união com Jesus Cristo.

Se lermos a Bíblia sem preconceitos, especialmente as passagens do Novo

Testamento que se referem à pessoa e obra de

nosso Senhor Jesus Cristo, poderemos constatar

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por nós mesmos, o que importa buscarmos

antes de tudo o mais.

Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo:

Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?

Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe

que necessitais de todas elas;

Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

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Cujas Saídas São Desde os Tempos

Antigos

“E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti

me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas

saídas são desde os tempos antigos, desde os

dias da eternidade.” (Miqueias 5.2)

O Senhor Jesus tinha saídas para o seu povo

como seu representante diante do trono, muito

antes de elas apareceram no palco do tempo. Foi "desde a eternidade" que ele assinou o pacto

com seu Pai, que ele pagaria sangue por

sangue, sofrimento por sofrimento, agonia por

agonia e morte por morte, no nome de seu povo, e isto foi "desde a eternidade", que ele se

entregou por nós sem uma única palavra de

murmuração.

Desde o alto da cabeça até a sola do seu pé, ele

suou grandes gotas de sangue em sua agonia, e assim ele poderia ser cuspido, perfurado,

escarnecido, traspassado, e esmagado sob as

dores da morte e não recuaria.

Suas saídas como nosso Fiador foram desde a eternidade. Contemple isto minha alma, e fique maravilhada! Acontecimentos que tu tens

diante de ti relativos à pessoa de Jesus "desde a

eternidade." Não somente quando nasceste no

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mundo que Cristo tem te amado, mas se

agradou com os filhos dos homens, antes que eles existissem.

Frequentemente ele pensava neles; de eternidade a eternidade ele tinha se afeiçoado a

eles.

O quê! minha alma, ele tem sido assim por muito tempo quanto à tua salvação, e ele não vai realizá-la? Será que ele saiu desde a

eternidade para me salvar, e ele vai me perder

agora?

O quê! Tem ele me carregado em sua mão, como sua joia preciosa, e agora ele me deixará

escorregar por entre os seus dedos? Teria ele me escolhido antes que os montes nascessem, e

ele vai me rejeitar agora? Impossível!

Tenho certeza que ele não teria me amado tanto tempo se não tivesse sido um Deus amoroso

imutável. Se ele pudesse se cansar de mim, ele teria ficado cansado de mim muito antes de

agora. Se ele não tivesse me amado com um

amor tão profundo como o inferno, e tão forte

como a morte, ele teria se afastado de mim há muito tempo.

Oh, alegria acima de todas as alegrias, saber que eu sou sua herança eterna e inalienável, dada a

ele por seu Pai antes da fundação do mundo! O

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amor eterno será o travesseiro para a minha

cabeça esta noite.

Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

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Não Havia o Mal no Princípio, na

Criação

É muito incomum que as pessoas deem a

devida consideração ao fato de que no princípio da criação não havia no primeiro casal que

habitou o planeta, qualquer falha, impureza ou

rebelião, conforme o testemunho das

Escrituras.

Todavia, é de vital importância disso ter

consciência porque, senão, se torna muito difícil para o homem pecador, conceber a ideia

de que fora criado para ser perfeito, e sobretudo

perfeito com a mesma santidade que existe em

Deus, por participação direta da sua natureza divina.

Como há em todo homem, desde a queda de Adão, uma tendência em sua natureza para o

mal, e se comportar de um modo que Deus até

mesmo abomina, dificilmente alguém será livrado de tal condição, enquanto não

reconhecer seu pecado e a real necessidade de

libertação, e para isto necessitará do

convencimento do pecado que é operado pelo Espírito Santo, para ser levado ao

arrependimento que conduz à salvação.

Quando se mantém no esquecimento a verdade de que Deus criou o homem perfeito no

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princípio, é muito comum que se veja o homem

se consentindo padrões de pensamento e de comportamento totalmente contrários a tudo

quanto Deus havia planejado.

Contingentes imensos são conduzidos diariamente para o inferno, por causa da

desconsideração desta verdade de que fomos criados para sermos perfeitos em santidade.

A negligência para com a nossa principal necessidade nos levará a não recorrer ao único

remédio que pode nos curar do mal do pecado, a

saber, o arrependimento e a fé em Jesus Cristo.

A fé nos levará a viver em união vital e espiritual com Ele, e é por meio desta união que seremos conduzidos à plena restauração, a qual começa

aqui neste mundo, e que será perfeita no céu.

É necessário ter o início deste trabalho de santificação operando aqui na terra, para que

possamos ter a certeza de que fomos salvos e de que seremos restaurados até a plena

conformidade com o próprio Senhor Jesus

Cristo, porque, afinal, fomos criados para a

perfeição, sem qualquer pecado.

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31

Compreendendo o Significado da Nossa

Existência Pela Perspectiva Correta

A compreensão do propósito para o qual fomos

criados por Deus, e do verdadeiro significado de

nossas vidas, depende de que o vejamos pela

perspectiva correta, ou seja, pela do espírito eterno que nos foi dado, por termos sidos

criados à Sua imagem e semelhança.

Assim, quando um ente querido morre podemos ficar cheios de saudade e até mesmo

de tristeza pela ruptura momentânea da companhia que desfrutávamos aqui na Terra.

Porém, isto não significa de modo algum, para aqueles que atendem ao propósito da criação da

humanidade por Deus, uma ruptura dos laços

de amor e união, que são eternos, e prosseguirão portanto, pela eternidade afora,

quando todos estivermos reunidos com Ele no

céu.

Assim, juntamos às nossas saudades e tristezas a grande alegria e certeza da esperança de que a

morte não passa na verdade de um até breve querido (a).

Seria cruel, se a existência de seres conscientes, que possuem o conhecimento do que seja a vida

e a morte, se limitasse apenas ao curto período

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32

de vida que temos neste mundo. Mas, como

amamos a um Deus que não é cruel, senão

perfeito amor, podemos estar certos da Sua fidelidade em cumprir todas as boas promessas

que nos fez por estarmos unidos a Jesus Cristo.

As tribulações e perdas que experimentamos deste outro lado do céu não são motivo para

descrermos na bondade e amor do Senhor. Ao contrário, é justamente por meio delas que

prova o Seu grande amor e misericórdia para

conosco, porque em meio a elas, nos fortalece

com a Sua graça e nos dá a certeza da Sua sempre presença conosco em toda e qualquer

circunstância, e o melhor de tudo, faz com que

nisto a nossa fé nEle seja aperfeiçoada, e o nosso

caráter é melhorado a cada tentação e provação que são vencidas pelo poder de Jesus Cristo, que

opera em nós por meio do Espírito Santo.

Nós podemos ver isto, por exemplo na vida do profeta Jeremias, que quando se encontrava

ainda preso no pátio da guarda, por ordem do rei Zedequias, e mesmo ali, encarcerado, o Senhor

continuou lhe dando as grandes e preciosas

revelações e promessas relativas à Nova Aliança

(Jeremias 33).

Ele encorajou o Seu profeta a não ficar intimidado pelas circunstâncias em que se

encontrava, mas que continuasse na Sua

presença, clamando a Ele, porque lhe

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33

responderia ao clamor e lhe anunciaria, ou seja,

lhe revelaria as coisas grandes e ocultas

relativas ao futuro glorioso do Seu povo, que Jeremias ainda não conhecia, e que não se

cumpririam nos seus dias de vida na Terra.

Jerusalém estava sendo invadida pelos babilônios, mas o Senhor ainda faria com os

judeus, no futuro, tudo o que está escrito a partir do verso 6, no qual afirma o seguinte:

“Eis que lhe trarei a ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e

de segurança.” (v. 6)

Deus formou Israel para ser um povo santo, e Ele teria este povo santo, quando lhes desse o

Messias, porque não somente faria com que voltassem do exílio em Babilônia, mas os

edificaria, purificando-lhes de toda a iniquidade

do seu pecado contra Ele, e perdoaria todas as

suas iniquidades com que haviam pecado e transgredido contra Ele, conforme promessa

que já havia feito através do profeta em Jer 31.27-

34.

Jerusalém serviria então, conforme a vocação que lhe fora dada por Deus, de nome de júbilo, de louvor e de glória diante de todas as nações

da terra, por verem todo o bem e paz que o

Senhor daria ao Seu povo (Jer 33.9).

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34

Uma demonstração desta bem-aventurança eterna, quando estivessem reunidos ao Messias, seria o fato de trazê-los de volta de

Babilônia para a sua própria terra, na qual eles

seriam alegrados novamente por Ele (v. 10 a 14).

E depois disto, ainda lhes daria o Rei justo prometido em Jer 23.5,6, pelo qual seria cumprida a promessa de inauguração de uma

Nova Aliança com o Seu povo.

É importante lembrar que mesmo depois da volta dos judeus de Babilônia em 537. a. C, eles

tiveram que esperar ainda 570 anos, até a morte e ressurreição de Jesus, quando foi finalmente

inaugurada a Nova Aliança prometida.

Por isso o Senhor se referiu ao cumprimento desta promessa como sendo relativa a dias

futuros, com a expressão “Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que cumprirei...”.

Ele chamou a Nova Aliança em Cristo, como sendo o cumprimento da boa promessa que

havia dado a Israel e a Judá (v. 14). É boa palavra

porque se refere à boa nova, ao evangelho, que é

o Seu poder para salvar os que creem.

O enfoque da promessa da Nova Aliança não está no povo, mas no Renovo de justiça, que

brotaria a Davi e que executaria juízo e justiça na

Terra, porque é a Ele que o Pai tem dado o poder

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35

de julgar tanto a vivos quanto a mortos, como

também de justificar os pecadores que se

arrependem e que nEle creem.

É por isso que o povo que se acha debaixo do governo deste Rei justo será chamado pelo

nome: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA. Porque é

por causa da Sua justiça em nós que temos

salvação e segurança eternas (v. 15,16), a saber a Sua justiça eterna e perfeita com a qual somos

justificados.

É nele que se cumpriria a promessa feita por Deus a Davi no passado de que não lhe faltaria

varão que se assentasse sobre o trono da casa de Israel, e que seria da sua descendência.

Este varão que nunca faltará a Davi, assentado em Seu trono, é Cristo (v. 17).

A segurança deste pacto firmado com Davi é eterna, do mesmo modo que ninguém pode

fazer com que deixe de existir dia e noite (v. 20 a

26).

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36

A Natureza da Nova Criatura em Cristo

Jesus

Por mais repetitivos que sejamos em relação a

este assunto da natureza da nova criatura em

Cristo, na qual somos transformados na

conversão, nunca será demais, em face da

importância de termos isto devidamente gravado e lembrado em nossas mentes; porque

o Conselho Eterno de Deus tem em relação ao

homem que criou exatamente este

planejamento de nos tornar novas criaturas em Jesus Cristo.

Quando Ele disse a Nicodemos sobre a

necessidade de nascermos de novo do Espírito Santo, revelou claramente que há uma nova

criação em andamento desde o princípio do

mundo, pela qual Deus está provendo de filhos à Sua exata imagem e semelhança.

Isto pode ser visto claramente pelo que se infere

de textos bíblicos como os seguintes:

“Portanto, assim como por um só homem

entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os

homens, porque todos pecaram.” (Rom 5.12)

“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,” (Ef 2.1).

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37

Estas e outras passagens bíblicas se referem à condição de morte, perante Deus, de toda a humanidade em razão do pecado, tal como ele

havia dito ao primeiro homem que ele morreria

e nele toda a sua descendência, caso lhe fosse

desobediente.

Então Jesus nos foi dado para nos transportar da morte para a vida.

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem

a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da

morte para a vida.” (João 5.24)

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.” (I João 3.14)

Vejamos então como passamos da morte para a vida, por sermos agora novas criaturas, por

meio da fé em Jesus.

Isto não significa que recebemos um novo espírito para ocupar o lugar do nosso espírito.

Não significa também o recebimento de uma

nova personalidade para substituir a que tínhamos até a nossa conversão, uma vez que

esta permanece em nós.

Não encontramos amparo para este tipo de ensino nas páginas de toda a Bíblia, mas lá

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38

encontramos que passamos a ter um novo princípio de vida espiritual, divina e celestial

que é implantado em nós, quando temos o nosso

primeiro encontro pessoal com Cristo, como uma semente, destinada a germinar, e a crescer

e a produzir frutos de justiça, consoante as

virtudes da própria pessoa de Jesus, I Pe 1.23; Tg

1.21; 1 João 3.9.

É pela habitação do Espírito Santo no crente, e

por esta nova disposição de vida nele implantada, que todas as faculdades e

disposições do nosso corpo, alma e espírito são

vivificados e renovados, para o que se chama de

novidade de vida.

Por fazer aumentar e crescer em nós estas graças referidas, mortificamos o princípio

operante do pecado, e adquirimos mais das

virtudes do próprio Cristo, em operações

progressivas renovadoras do Espírito Santo.

Assim, lemos em Romanos 8.6-13 o seguinte:

“Rom 8:6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.

Rom 8:7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus,

nem mesmo pode estar.

Rom 8:8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.

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Rom 8:9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em

vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo,

esse tal não é dele.

Rom 8:10 Se, porém, Cristo está em vós, o corpo,

na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.

Rom 8:11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse

mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os

mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.

Rom 8:12 Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver

segundo a carne.

Rom 8:13 Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente,

vivereis.”

A qualidade da vida de Deus somente pode ser vista portanto, naqueles que foram e que têm

sido vivificados pelo Espírito Santo.

É destes e somente destes que Deus declara nas Escrituras que vivem. Seguramente, a qualidade de vida que se tem fora da comunhão com Deus

não pode ser chamada propriamente de vida,

senão de morte, por causa da impossibilidade da

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40

citada condição de nos habilitar a amarmos a

Deus e a ter prazer na sua vontade e mandamentos, provando este amor, por

permitir que Sua Palavra seja aplicada às nossas

próprias vontades e vidas.

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O Plano de Deus é Operado pelo Espírito

Santo

“Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o

Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de

conhecimento e de temor do SENHOR.” (Isaías

11.2)

Por comodismo ou por falta de conhecimento

do desígnio de Deus, não são poucos os que

limitam a influência do Espírito Santo sobre as

vidas dos crentes, simplesmente como Espírito

de poder para realização de sinais e prodígios.

Todavia, nem mesmo no texto de Isaías 11.2, onde são citadas as suas principais funções,

encontra-se esgotado tudo o que deve ser

nomeado como o fruto completo de suas

influências e ações.

O texto citado está relacionado à sua operação na própria vida do Senhor Jesus Cristo, em seu

ministério terreno, e assim, não se vê ali citado

que seria para ele Espírito de regeneração, de

santificação, de purificação, porque nosso Senhor não dependia disto, porque não tinha

pecado, senão somente nós dependemos,

porque somos pecadores.

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Todavia, o que se cita em relação ao Senhor, é também aplicável a nós, a saber, a necessidade

de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento e temor do Senhor,

pela ação do Espírito Santo em nós, porque é

evidente que necessitamos de todas estas

coisas, bem como de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,

fidelidade, mansidão, e domínio próprio – o

fruto do Espírito.

Quão distantes ficamos portanto, do grande objetivo de Deus em nos ter dado o Espírito Santo, quando limitamos em nosso

entendimento a sua área de atuação ao simples

mover sobrenatural , especialmente no culto

público, por pensarmos que tudo o que devemos receber do Espírito Santo é apenas o poder para

operar sinais e prodígios, ou então para a

manifestação de qualquer dom sobrenatural,

como o falar em línguas ou profetizar. E não são poucos os que consideram tais operações como

sendo o máximo ou o clímax da espiritualidade.

Na verdade não somos espirituais por simplesmente possuirmos os dons

sobrenaturais relacionados nos capítulos 12 e 14 de 1 Coríntios, a par da sua grande importância,

mas por possuirmos as virtudes do amor

destacas no 13º capítulo da mesma epístola.

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O Espírito Santo nos foi dado para realizar a nossa transformação à imagem de nosso Senhor

Jesus Cristo. Para nos fazer crescer na graça e no

conhecimento de sua pessoa divina, aumentando em nós em graus cada vez

maiores, a sabedoria, o entendimento, a

obediência, a força, o conhecimento espiritual e

o temor do Senhor. É com isto que seremos também cada vez mais misericordiosos,

longânimos, benignos, pacientes,

perseverantes, sóbrios, moderados, gentis,

amorosos, pacificadores, alegres, fiéis, mansos e possuindo tudo o mais que nos torna

efetivamente semelhantes a Cristo, como

pessoas que amam a Deus e que são por ele

amadas, em íntima comunhão espiritual.

Por isso não se afirma nas Escrituras que o Espírito Santo é apenas Espírito de poder, mas

também Espírito de amor e de moderação, 2 Tim

1.7.

E mesmo quando se fala de Espírito de poder, o foco não está associado exclusivamente a operações de sinais e maravilhas, mas

sobretudo ao poder de moldar o caráter dos

crentes, e para instruí-los na verdade e confortá-

los na esperança da sua vocação de terem a sua entrada amplamente suprida no reino de Deus,

e ele faz isto não com estrépito, mas com

brandura e mansidão, Gál 6.1.

Page 44: O conselho eterno de deus

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito

Santo.”, Rom 14.17.

“e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem,

criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”, Ef 4,23.24.

O poder do Espírito Santo é sobretudo usado para nos convencer do pecado, da justiça e do

juízo, de modo que possamos ser conduzidos,

pecadores que somos, à conversão.

Por isso nos é ordenado que não vivamos apenas

no Espírito, por tê-lo recebido na conversão, mas que andemos em santidade no Espírito, ou

seja, que sejamos guiados por ele em todo o

nosso comportamento, Gál 5.16.