O Consórcio ASB · sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos...

2
A meta básica do ASB permanece a mesma: identificar e articular alternativas tecnológicas, institucionais e políticas capazes de aumentar a produtividade e a renda das famílias, sem aumentar o desmatamento ou contribuir para o enfraquecimento dos serviços ambientais essenciais. Olhando para frente, os parceiros do Consórcio ASB reconhecem que é possível e desejável mudar o foco … De parcelas a áreas geograficamente mais extensas: O trabalho do ASB possibilitou entender melhor o equilíbrio entre o bem-estar das famílias rurais de baixa renda e as preocupações globais. Todavia, os serviços hídricos, ecológicos e outros serviços ambientais, ao nível das bacias hidrográficas e/ou das áreas geograficamente mais extensas, representam uma lacuna nesta análise no que se refere aos impactos gerados sobre a população local, prioridades em relação às políticas públicas e o seu potencial de integração com os objetivos ambientais globais. Assim, o primeiro objetivo do ASB, em sua nova fase, é preencher esta lacuna por meio do desenvolvimento de técnicas de diagnóstico replicáveis e da construção de um banco de dados que seja útil para os formadores de políticas públicas e que contenha informações sobre os serviços ambientais locais, visando ao fortalecimento da sustentabilidade, da plasticidade e da estabilidade dos sistemas de produção rural em seus diferentes níveis . As técnicas e o banco de dados irão ampliar o número de informações disponíveis e a experiência do ASB em identificar questões ambientais globais, sustentabilidade agronômica, questões socioeconômicas, alternativas institucionais e oportunidades para reformulação das políticas públicas. A criação de um novo grupo de trabalho voltado ao uso da terra por meio da formação de mosaicos, permitirá a inserção do trabalho do ASB em um contexto mais amplo. Da indicação de fins para o desenvolvimento de meios: O ASB trabalha dentro de um contexto maior que envolve mudanças sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos naturais nas regiões tropicais aumentam de acordo com o crescimento da população, alterações climáticas como El Niño e os conflitos sociais, econômicos e políticos. Sob estas circunstâncias, nenhuma ação tem condições de fornecer um equilíbrio sustentável entre as necessidades humanas e os serviços ambientais. Portanto, o segundo objetivo do ASB, nesta nova fase, é envolver vários parceiros no planejamento de métodos que permitam monitorar e entender melhor os impactos causados pelas mudanças em curso, além de oferecer respostas factíveis em um ambiente dinâmico e incerto. A proposta é identificar e desenvolver uma gama de ferramentas flexíveis, incluindo metodologias participativas, modelos formais e métodos práticos de avaliação de impactos, que possam ser usadas pelas comunidades, organizações governamentais e não governamentais locais, pesquisadores e formuladores de políticas. Mosaico de paisagens na Tailândia do Norte. Membros da comunidade de Karen na Tailândia do Norte, conhecida por seus mosaicos sustentáveis de usos de terra. ONGs e pesquisadores estão trabalhando para desenvolver técnicas que possam ser usadas pelos grupos locais para monitoramento da bacia hidrográfica. Produção de um modelo que simula como as políticas públicas afetam as decisões dos agricultores na Amazônia Ocidental Brasileira, no que se refere ao uso da terra. S Vosti, C Carpentier, J Witcover O Consórcio ASB Inovações para Reduzir a Pobreza e Conservar as Florestas Tropicais Cover photos, left to right from top: D Lodoen, T Tomich, ICRAF file photo, N Smith, A Mercado Jr and T Tomich Design: T Atikah Translation: Patricia Drumond Editor: Luciano Arruda Ribas, Embrapa/Acre Layout: Joyce Kasyoki T Tomich T Tomich Da avaliação dos compromissos à administração de conflitos: O impacto do trabalho do ASB no que se refere à busca de um equilíbrio entre objetivos globais, nacionais e locais depende de uma efetiva disseminação das informações geradas a um maior número possível de atores, de tal forma que eles possam usar estas informações. Todavia, o aumento da quantidade e da qualidade das informações por si só não é suficiente para criar soluções efetivas para os problemas de manejo dos recursos naturais. Faz-se necessária, também, a implementação de mecanismos sociais e políticos para lidar com os conflitos existentes entre extrativistas e fazendeiros, cientistas e formuladores de política, grupos ambientais, companhias privadas e agências de desenvolvimento internacionais. Caso não sejam identificadas e implementadas intervenções plausíveis, é provável que os conflitos sociais envolvendo os recursos naturais e serviços ambientais se intensifiquem em muitas das regiões tropicais. Assim, a habilidade para fortalecer e criar mecanismos para a administração de conflitos – entre comunidades vizinhas, populações ribeirinhas e entre interesses locais, nacionais, internacionais, e globais – requer uma melhor compreensão dos processos de administração coletivos, incluindo negociação, identificação e implementação de esquemas de incentivo e sanções, além da implementação e monitoramento dos acordos feitos. Neste contexto, o terceiro objetivo do ASB, em sua nova fase, é identificar meios e capacitar pessoal na administração de conflitos, incluindo mecanismos que compensem as populações locais por oportunidades perdidas. O ASB não tem pretensão de gerar respostas para todos os desafios enfrentados por seu público-alvo. Todavia, por meio de métodos participativos e de desenvolvimento, o Consórcio Nacional ASB pode atuar como um veículo capaz de integrar diferentes atores nos países em que trabalha. Capacitação dos Parceiros como uma Forma de Ampliar o Impacto do Trabalho do ASB: O consórcio se propõe a manter e a fortalecer a sua capacidade de trabalho com os seus parceiros primários, nos locais em que atua: populações de baixa renda residentes nas áreas de entorno da floresta e formuladores de política capazes de influenciar as alternativas disponíveis para essas populações. Além disso, o consórcio ASB deverá incluir no seu quadro de parceiros formuladores de políticas, cientistas, administradores, organizações não-governamentais e grupos comunitários que se encontram nos países tropicais onde o ASB não está ainda diretamente envolvido (mas que podem usufruir das inovações e dos conhecimentos gerados pelo ASB, adaptando-os às circunstâncias locais). Além de ampliar o número de países onde irá atuar, o ASB pretende ampliar o número de parceiros nos países em que o Consórcio já atua. Esses parceiros incluem associações, governos locais e organizações cívicas, ONGs locais e nacionais, formuladores de políticas e outros. Ao nível global, existem oportunidades de ampliação no âmbito científico internacional e também nos fóruns políticos, tais como convenções internacionais e protocolos, bem como nos meios de comunicação de massa que poderão auxiliar no aumento de interesse por estes assuntos. As reivindicações conflitantes e imprecisas sobre a terra e outros recursos são as principais fontes de conflitos. Planejamento participativo do uso dos recursos naturais realizado por membros das comunidades locais e ONGs parceiras. Instituto para pesquisa e desenvolvimento da comunidade Dayakology. Suwito/Instituto Tropical Indonésio Biology Soil Fertility IRAD

Transcript of O Consórcio ASB · sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos...

Page 1: O Consórcio ASB · sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos naturais ... interesses locais, nacionais, internacionais, e globais ...

A meta básica do ASB permanece a mesma: identificar e articular alternativas tecnológicas, institucionais e políticas capazes de aumentar a produtividade e a renda das famílias, sem aumentar o desmatamento ou contribuir para o enfraquecimento dos serviços ambientais essenciais.

Olhando para frente, os parceiros do Consórcio ASB reconhecem que é possível e desejável mudar o foco …

De parcelas a áreas geograficamente mais extensas: O trabalho do ASB possibilitou entender melhor o equilíbrio entre o bem-estar das famílias rurais de baixa renda e as preocupações globais. Todavia, os serviços hídricos, ecológicos e outros serviços ambientais, ao nível das bacias hidrográficas e/ou das áreas geograficamente mais extensas, representam uma lacuna nesta análise no que se refere aos impactos gerados sobre a população local, prioridades em relação às políticas públicas e o seu potencial de integração com os objetivos ambientais globais. Assim, o primeiro objetivo do ASB, em sua nova fase, é preencher esta lacuna por meio do desenvolvimento de técnicas de diagnóstico replicáveis e da construção de um banco de dados que seja útil para os formadores de políticas públicas e que contenha informações sobre os serviços ambientais locais, visando ao fortalecimento da sustentabilidade, da plasticidade e da estabilidade dos sistemas de produção rural em seus diferentes níveis . As técnicas e o banco de dados irão ampliar o número de informações disponíveis e a experiência do ASB em identificar questões ambientais globais, sustentabilidade agronômica, questões socioeconômicas, alternativas institucionais e oportunidades para reformulação das políticas públicas. A criação de um novo grupo de trabalho voltado ao uso da terra por meio da formação de mosaicos, permitirá a inserção do trabalho do ASB em um contexto mais amplo.

Da indicação de fins para o desenvolvimento de meios: O ASB trabalha dentro de um contexto maior que envolve mudanças sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos naturais nas regiões tropicais aumentam de acordo com o crescimento da população, alterações climáticas como El Niño e os conflitos sociais, econômicos e políticos. Sob estas circunstâncias, nenhuma ação tem condições de fornecer um equilíbrio sustentável entre as necessidades humanas e os serviços ambientais. Portanto, o segundo objetivo do ASB, nesta nova fase, é envolver vários parceiros no planejamento de métodos que permitam monitorar e entender melhor os impactos causados pelas mudanças em curso, além de oferecer respostas factíveis em um ambiente dinâmico e incerto. A proposta é identificar e desenvolver uma gama de ferramentas flexíveis, incluindo metodologias participativas, modelos formais e métodos práticos de avaliação de impactos, que possam ser usadas pelas comunidades, organizações governamentais e não governamentais locais, pesquisadores e formuladores de políticas.

Mosaico de paisagens na Tailândia do Norte.

Membros da comunidade de Karen na Tailândia do Norte, conhecida

por seus mosaicos sustentáveis de usos de terra. ONGs e

pesquisadores estão trabalhando para desenvolver técnicas que

possam ser usadas pelos grupos locais para monitoramento da bacia

hidrográfica.

Produção de um modelo que simula como as políticas públicas afetam as decisões dos agricultores na Amazônia Ocidental Brasileira, no que se refere ao uso da terra.

S Vo

sti,

C C

arpe

ntie

r, J W

itcov

er

O Consórcio ASB Inovações para Reduzir a Pobreza

e Conservar as Florestas Tropicais

Cov

er p

hoto

s, le

ft to

rig

ht f

rom

top:

D L

odoe

n, T

Tom

ich,

IC

RA

F fil

e ph

oto,

N S

mith

, A M

erca

do J

r an

d T

Tom

ich

D

esig

n: T

Atik

ah

Tra

nsla

tion:

Pat

rici

a D

rum

ond

Edi

tor:

Luc

iano

Arr

uda

Rib

as, E

mbr

apa/

Acr

e L

ayou

t: J

oyce

Kas

yoki

T Tomich

T Tomich

Da avaliação dos compromissos à administração de conflitos: O impacto do trabalho do ASB no que se refere à busca de um equilíbrio entre objetivos globais, nacionais e locais depende de uma efetiva disseminação das informações geradas a um maior número possível de atores, de tal forma que eles possam usar estas informações. Todavia, o aumento da quantidade e da qualidade das informações por si só não é suficiente para criar soluções efetivas para os problemas de manejo dos recursos naturais. Faz-se necessária, também, a implementação de mecanismos sociais e políticos para lidar com os conflitos existentes entre extrativistas e fazendeiros, cientistas e formuladores de política, grupos ambientais, companhias privadas e agências de desenvolvimento internacionais. Caso não sejam identificadas e implementadas intervenções plausíveis, é provável que os conflitos sociais envolvendo os recursos naturais e serviços ambientais se intensifiquem em muitas das regiões tropicais. Assim, a habilidade para fortalecer e criar mecanismos para a administração de conflitos – entre comunidades vizinhas, populações ribeirinhas e entre interesses locais, nacionais, internacionais, e globais – requer uma melhor compreensão dos processos de administração coletivos, incluindo negociação, identificação e implementação de esquemas de incentivo e sanções, além da implementação e monitoramento dos acordos feitos. Neste contexto, o terceiro objetivo do ASB, em sua nova fase, é identificar meios e capacitar pessoal na administração de conflitos, incluindo mecanismos que compensem as populações locais por oportunidades perdidas.

O ASB não tem pretensão de gerar respostas para todos os desafios enfrentados por seu público-alvo. Todavia, por meio de métodos participativos e de desenvolvimento, o Consórcio Nacional ASB pode atuar como um veículo capaz de integrar diferentes atores nos países em que trabalha.

Capacitação dos Parceiros como uma Forma de Ampliar o Impacto do Trabalho do ASB: O consórcio se propõe a manter e a fortalecer a sua capacidade de trabalho com os seus parceiros primários, nos locais em que atua: populações de baixa renda residentes nas áreas de entorno da floresta e formuladores de política capazes de influenciar as alternativas disponíveis para essas populações. Além disso, o consórcio ASB deverá incluir no seu quadro de parceiros formuladores de políticas, cientistas, administradores, organizações não-governamentais e grupos comunitários que se encontram nos países tropicais onde o ASB não está ainda diretamente envolvido (mas que podem usufruir das inovações e dos conhecimentos gerados pelo ASB, adaptando-os às circunstâncias locais). Além de ampliar o número de países onde irá atuar, o ASB pretende ampliar o número de parceiros nos países em que o Consórcio já atua. Esses parceiros incluem associações, governos locais e organizações cívicas, ONGs locais e nacionais, formuladores de políticas e outros. Ao nível global, existem oportunidades de ampliação no âmbito científico internacional e também nos fóruns políticos, tais como convenções internacionais e protocolos, bem como nos meios de comunicação de massa que poderão auxiliar no aumento de interesse por estes assuntos.

As reivindicações

conflitantes e imprecisas

sobre a terra e outros

recursos são as principais

fontes de conflitos.

Planejamento participativo do uso

dos recursos naturais realizado por membros

das comunidades locais e ONGs parceiras.

Instituto para pesquisa e desenvolvimento da comunidade Dayakology.

Suwito/Instituto Tropical Indonésio

BiologySoil

Fertility

�����IRAD

Page 2: O Consórcio ASB · sociais, políticas e ambientais. Os problemas relacionados ao uso dos recursos naturais ... interesses locais, nacionais, internacionais, e globais ...

Inovações para reduzir pobreza e conservar fl orestas tropicais O Consórcio Alternativas para Agricultura de Derruba e Queima (ASB) trabalha com dois problemas globais que estão interligados: os efeitos ambientais da destruição da fl oresta e a pobreza rural persistente nas regiões tropicais.

Como todos sabem, o pequeno agricultor não é o único a adotar o sistema de derruba e queima para converter áreas de fl orestas. Este sistema é empregado, virtualmente, por todos – agências governamentais e companhias privadas, produtores de pequeno a grande porte, ricos e pobres – que usam o fogo para abrir novas áreas, pelo fato deste ser o meio mais barato.

Além disso, o sistema de derruba e queima não é o único responsável pela remoção da fl oresta e pelo uso insustentável do solo. O cultivo tradicional de cultura migratória, praticada nas regiões tropicais há várias gerações, pode ser sustentável, desde que a densidade das populações locais seja baixa o sufi ciente para permitir períodos de pousio sufi cientemente longos.

Então qual é o problema? O cultivo migratório tradicional tende a desaparecer à medida que aumentam a densidade das populações rurais e a sua integração com o mercado consumidor. Conseqüentemente, a forma de uso da terra pode deixar de ser economicamente ou ambientalmente sustentável em função da degradação do solo, diminuição de nutrientes e perda de outras funções ecológicas. Por outro lado, o acesso ao mercado consumidor pode fazer com que as áreas de fl orestas abertas se tornem bastante lucrativas, atraindo migrantes de baixa renda, o que pode aumentar ainda mais a pressão de uso sobre estas áreas. O ASB atua nas áreas de entorno das fl orestas, onde predominam problemas ambientais de importância global e populações de baixa renda.

Como o ASB Trabalha: uma Parceria entre Colaboradores Locais e Colaboradores Internacionais

O ASB, um programa integrante do CGIAR (Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional), é um consórcio formado por centros de pesquisa internacionais e nacionais, e, também, por mais de 50 centros independentes, organizações não-governamentais e universidades. A coordenação geral do ASB encontra-se no Internacional Centre for Research in Agroforestry (ICRAF), um centro de pesquisa localizado em Nairobe, Quênia. O ASB é administrado por um grupo internacional composto por representantes de 11 instituições chaves e é coordenado pelo Bruce Campbell do Centro para Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR).

Para maiores informações, favor entrar em contato com: Dr. Thomas Tomich ([email protected])Economista Principal & Coordenador Global do ASB

ASB Programme P.O. Box 30677, Nairobi, KenyaTel: +254 (20) 722 4139/722 4000 or +1650 833 6645Fax: +254 (20) 722 4001 or +1 650 833 6646Email: [email protected]: http://www.asb.cgiar.org

Floresta tropical aberta por derruba e queima na República dos Camarões.

D Depommier

O principal desafi o do ASB é identifi car políticas inovadoras, instituições e tecnologias que possam conciliar dois dos grandes temas de nosso tempo: conservação da fl oresta e redução da pobreza.

ASB em Retrospectiva: Contrastando Interesses Locais, Nacionais e Globais

A redução da pobreza nos Trópicos Úmidos depende da identifi cação de meios que possibilitem o aumento da produtividade do trabalho e da terra, por meio da intensifi cação das atividades de produção do pequeno produtor. Embora seja possível reduzir a pobreza e simultaneamente conservar as fl orestas, o processo de desmatamento nas regiões tropicais, tradicionalmente, requer um equilíbrio entre interesses locais, nacionais e ambientais. Tais interesses são, com freqüência, confl itantes e, se nada for feito, as fl orestas tropicais, certamente, continuarão a desaparecer. Em sua fase inicial, o ASB procurou entender e quantifi car estes interesses confl itantes.

Pesquisa Fundamentada na Realidade Local. A Amazônia Brasileira e Peruana, a fl oresta da Bacia do Congo da República dos Camarões, a ilha de Sumatra na Indonésia, as montanhas do norte da Tailândia e a ilha de Mindanao nas Filipinas foram os locais selecionados pelo ASB e seus parceiros para o desenvolvimento de suas atividades de pesquisa. Graças a esta rede que se estende ao longo do trópico úmido, o ASB é capaz de realizar uma série de análises, tomando como base perspectivas locais e nacionais fundamentadas na realidade.

Sementes de Irvingia spp e outros produtos agrofl orestais são importantes fontes de alimento

para esta mãe e fi lha e muitas outras famílias rurais na República dos Camarões.

Os parceiros do ASB trabalham com as famílias que residem em cada um dos locais selecionados, procurando entender seus problemas, potencialidades e restrições. Ao mesmo tempo, são realizadas consultas às Instituições que formulam as políticas locais e nacionais a fi m de se compreender melhor as diferentes (e muitas vezes, confl itantes) formas de se perceber estes problemas, potencialidades e restrições. Assim, por meio da pesquisa participativa e de consultas às políticas locais é possível construir um processo interativo, capaz de identifi car e desenvolver alternativas políticas, institucionais e tecnológicas plausíveis e relevantes.

Locais em que o ASB atua. O modelo de domínio é usado aqui para indicar a representatividade da amostragem do ASB na avaliação da biodiversidade acima do solo nos Trópicos Úmidos (áreas rosa e vermelho no mapa).

A Gillison

D Lodoen

Equipes multidisciplinares produzem resultados em uma perspectiva global. Os grupos de trabalho do ASB – biodiversidade, variações climáticas, sustentabilidade agronômica, indicadores econômicos e sociais e alternativas tecnológicas – desenvolvem, quando necessário, métodos inovadores, procurando assegurar que os dados obtidos sejam comparáveis entre os locais estudados. Os grupos de trabalho têm em comum o compromisso de desenvolver e aperfeiçoar técnicas que sejam confi áveis, economicamente viáveis e passíveis de serem rapidamente adotadas pelos parceiros nacionais. Assim, os pesquisadores do ASB desenvolveram e testaram novos indicadores da biodiversidade encontrada acima e abaixo do solo, bem como dos estoques de carbono e emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, da sustentabilidade agronômica, do retorno do trabalho e outros determinantes que interferem no potencial de adoção de um método por pequenos produtores, e das preocupações dos formuladores de políticas nacionais. Estes métodos têm sido aplicados nos locais onde o ASB atua, locais em que se observa uma grande diversidade no uso de terra. Os resultados conciliam benefícios ambientais globais com alternativas sustentáveis de uso de terra.

Equipes nacionais desenvolvem métodos para monitoramento das emissões de gases que podem causar o efeito estufa e de outros impactos ambientais com a fi nalidade de avaliar as diferentes formas de uso de terra.

M van Noordwijk

Embora nenhum sistema de uso da terra seja capaz de gerar todos os benefícios ambientais globais provenientes da conservação de fl oresta, os resultados do ASB indicam que há uma enorme variedade de formas de uso da terra, adotadas pelos pequenos produtores, que são agronomicamente sustentáveis, quando inseridas em um contexto ambiental e econômico mais amplo. Um ponto crítico é que as alternativas que se mostram sustentáveis ao nível local diferem signifi cativamente entre si no que se refere aos impactos ambientais, rentabilidade e potencial de adoção pelas populações de baixa renda.

Os resultados do ASB demonstram que existe um caminho intermediário de desenvolvimento – que envolve o manejo comunitário dos recursos naturais pelos pequenos produtores – que poderia promover o equilíbrio entre conservação do ambiente e desenvolvimento. Se este equilíbrio pode ou não ser alcançado, dependerá de uma série de inovações aos níveis das instituições e das políticas públicas, incluindo meios que efetivamente protejam as fl orestas naturais e compensem os moradores locais por oportunidades perdidas.

Extratos de casca de Prunus africana são usados para tratar câncer de próstata. Pesquisadores estão trabalhando no sentido de domesticar esta espécie fl orestal para que ela se torne uma fonte de renda sustentável para os pequenos produtores da República dos Camarões.

D Lodoen

Coleta de resina em agrofl oresta de damar, na Indonésia, que esteve ameaçada pela conversão de sua área para

a plantação em larga escala de dendê. Um decreto publicado em 1998 reconheceu os benefícios ambientais deste sistema indígena, que é semelhante a uma fl oresta

– usado por pequenos produtores – e garantiu os direitos destas comunidades na coleta de produtos

destas árvores.

Novas Direções para o ASBO Consórcio global ASB está determinado a começar um programa multianual, visando desenvolver e implementar ações locais, nacionais e internacionais, que promovam o equilíbrio entre conservação da fl oresta e redução da pobreza. Este programa é dividido em quatro partes principais:• Implementação de mecanismos que promovam a disseminação imediata de tecnologias e

práticas de uso da terra capazes de conservar a biodiversidade, armazenar carbono, manter os serviços ambientais locais e, simultaneamente, proporcionar oportunidades para que a população rural mais carente possa aumentar a renda familiar e a segurança alimentar.

• Suporte à formulação e implementação de políticas públicas e inovações institucionais que encorajem a adoção e o manejo sustentável de práticas alternativas de uso de terra, que contribuam para a conservação de biodiversidade e o armazenamento de carbono, sem comprometer as metas de redução de pobreza e desenvolvimento nacional.

• Formação de profi ssionais capazes de incorporar questões ambientais e sociais de cunho mais amplo – de caráter local, nacional e global – nas análises e debates sobre desenvolvimento agrícola, uso de terra e manejo dos recursos naturais.

• “Internacionalização” dos parceiros do ASB por meio do acesso igualitário às informações (aplicando a tecnologia da informação e promovendo o intercâmbio entre os parceiros situados entre os eixos ‘norte-sul’ e, particularmente, entre os eixos ‘sul-sul’), e, também, por meio do investimento na capacitação de pessoal na área de manejo integrado dos recursos naturais.

Faixas de vegetação natural controlam a erosão e requerem um mínimo de trabalho

para a sua instalação e manutenção. Nas Filipinas, organizações de fazendeiros estão liderando a disseminação desta prática, que

se tornou a base nacional das políticas de conservação das bacias hidrográfi cas.

M Stark

H de Foresta