O Corpo e a Onda GDS do Desenvolvimento

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O Corpo e a Onda GDS do Desenvolvimento Professora Wanja Bastos “Nossas vidas não são estradas, mas um oceano que recua para avançar, que desce para subir que mergulha para emergir.” Prezadas professoras, antes de entrar na Onda GDS e iniciar os nossos estudos técnicos com conceitos específicos sobre GDS, preciso informar e acertar algo previamente. 1. Esse estudo é muito difícil, de compreensão quase impossível para a maioria das pessoas do sexo feminino. 2. A frase ANTERIOR só teve a intenção de causar algum sentimento nas pessoas que toparam ler esse material, qualquer um, mesmo os mais desagradáveis. E mais, aquelas que continuaram a leitura do tópico dois são porque demonstram um grau de curiosidade admirável; o que tornará nosso trabalho bem mais rico. 3. Caso você tenha apresentado alguma reação física quando terminou de ler o primeiro tópico (franziu as sobrancelhas, fez um muxoxo, sorriu, amassou o texto, verbalizou coisas que não falaria para sua professora ou, mesmo, balançou a cabeça de qualquer maneira), 1

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O Corpo e a Onda GDS do Desenvolvimento

Professora Wanja Bastos

“Nossas vidas não são estradas, mas um oceano que recua para avançar, que desce para subir

que mergulha para emergir.”

Prezadas professoras, antes de entrar na Onda GDS e iniciar os nossos estudos técnicos com conceitos específicos sobre GDS, preciso informar e acertar algo previamente.

1. Esse estudo é muito difícil, de compreensão quase impossível para a maioria das pessoas do sexo feminino.

2. A frase ANTERIOR só teve a intenção de causar algum sentimento nas pessoas que toparam ler esse material, qualquer um, mesmo os mais desagradáveis. E mais, aquelas que continuaram a leitura do tópico dois são porque demonstram um grau de curiosidade admirável; o que tornará nosso trabalho bem mais rico.

3. Caso você tenha apresentado alguma reação física quando terminou de ler o primeiro tópico (franziu as sobrancelhas, fez um muxoxo, sorriu, amassou o texto, verbalizou coisas que não falaria para sua professora ou, mesmo, balançou a cabeça de qualquer maneira), tenho o prazer de informar que você encontra-se na parte mais baixa da Onda GDS. Agora, peço que anote quais foram as suas reações.

GDS para Iniciantes

Para tornar a compreensão mais fácil e o texto mais gostoso de ser interpretado, me ocupei com aspectos práticos e autoexplicativos, deixando um pouco de lado os pormenores conceituais, então, começo decifrando “GDS” - são as iniciais da criadora do Método de Cadeias Musculares e Articulares GDS, Godelieve Denys-Struyf.

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O que é uma Cadeia Muscular GDS?

É um encadeamento de músculos que apresentam algumas funções em comum, por exemplo, os músculos da cadeia AM tendem a fazer flexão do joelho e do tronco, em direção ao umbigo; já a cadeia AL apresenta músculos que rodam os membros inferiores e superiores, para dentro. Além dessas duas, as cadeias PM (faz retificações posteriores das pernas e das costas), PL (rotação para fora e afastamentos dos membros inferiores e superiores, em relação ao tronco) e PAAP (movimentos da respiração), compõem o corpo humano.

O que é uma Tipologia GDS?

Simplificando. São modelos de comportamentos que ficam marcados no corpo, no nosso caso, foram associados às cadeias musculares do Método GDS. São elementos simbólicos fundamentais para as nossas leituras corporais. Como queremos tornar o nosso estudo de fácil compreensão, nos restringiremos aos padrões (arquétipos) elementares de cada cadeia.

<<AM – mãe >> << PM – Pai >> << PAAP – Filho >> <<PL – Masculino >> <<AL – Feminino>>

Fig. GDS

A Onda GDS

A epígrafe de Godelieve Denys-Struyf (2010) é o ponto de partida para as nossas

reflexões sobre a Onda do Crescimento do Método GDS. A autora dissolve a ideia de

que um dia atrás do outro gera uma vida linear, com os fatos ordenados um atrás do

outro. É uma ilusão nossa achar que um acontecimento espera o anterior passar para

poder aparecer na nossa vida, tranquilamente. Lulu Santos compartilha a ideia de

Denys-Struyf, quando canta: “A vida vem em ondas, como um mar. Num indo e vindo

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infinito.”. Imagine, nesse preciso momento em que você lê essa frase, o oceano tem um

número incontável de ondas, incontável!

Segundo os estudos realizados por Denys-Struyf, sobre os aspectos

psicocomportamentais, nós passamos por diferentes etapas (ondas) durante toda a vida e

cada momento desses apresenta determinada característica. No entanto, essas ondas têm

certa ordenação na sua formação, ou seja, surge de baixo para cima, até quebrar.

Também, podem ocorrer em tempos e tamanhos variados, mas a autora diz que em

nossas vidas, a grande Onda GDS está marcada na infância, da gestação até,

aproximadamente, os primeiros contatos com a linguagem escrita.

O bebê humano dependente de um adulto para ter suas necessidades atendidas e

para se comunicar, recorre somente às sensações biológicas e movimentos

descontrolados, assim, para externar tais desconfortos, ele chora ou retesa seu corpinho

envergando o para trás, e relaxando logo após ter seu desejo atendido. É uma fase em

que o sentir e o movimento dominam toda a vida dessa criança, é a sua única linguagem

(AM). No decorrer da trajetória, sua comunicação com o mundo se amplia e a nova

estrutura desenvolvida o capacita a interpretar os diversos signos oferecidos pela

cultura. É a fase em que a criança goza de expansão do seu potencial criativo,

imaginando, numa ordem proporcionalmente direta, ao seu enriquecimento simbólico

(PA). Seguindo essa etapa da Onda GDS, quando a criança associa linguagem a uma

complexidade simbólica, no pensamento, por exemplo, ela se apropria de condições

elementares do ser humano: com rica abstração, planejamento do futuro, análise de fatos

do passado e, assim, a criança pensa além do imediato (PM).

A ordem de estruturação biomecânica, referente às cadeias musculares e

articulares, coincide com esta estruturação psicocomportamental. Assim, para GDS,

tanto as cadeias musculares como as tipologias comportamentais, na parte de baixo da

Onda GDS, em forma de concha ou remetendo à imagem da posição fetal, temos o

ponto AM; a parede, a se elevar desse fundo arredondado, encontra-se a cadeia PA; e a

crista, que se lança a desbravar caminhos, é o ponto PM.

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Fig. GDS

Agora, imagine-se numa determinada posição estática, para fazer um “Selfie”,

mas alguém chega com uma notícia maravilhosa e, “nada!”, você não consegue sair da

pose para vibrar e comemorar. Pois é, pelos estudos do Método GDS, temos uma boa

notícia, graças à TRIADE DINÂMICA esse congelamento não acontecerá. Ou seja, a

combinação de ações de três cadeias musculares, geradores de movimentos,

possibilitará as alternâncias do nosso comportamento, desde que, a tensão dos músculos

possa transitar livremente pelo corpo e estejam em relação com as nossas emoções.

Logo, estar vivo (de verdade!) é poder variar as nossas expressões corporais, segundo os

contextos em que nos encontramos.

A Tríade Dinâmica (AP-PL-AL) é a responsável pelas passagens entre os pontos

AM, PA, PM da onda. Isso quer dizer o seguinte, às vezes precisamos deixar o dengo

do filho, o colo das pessoas que amamos para sair de casa, pegar um transporte, chegar

ao trabalho e resolver os problemas profissionais da melhor maneira possível. Não tem

jeito, são esses incessantes movimentos que fazemos, de nos lançarmos (AP) em direção

ao mundo (PL) para trocar com as pessoas, ou, ainda, brigar por um caminho (AL) que

acreditamos ser o melhor e, entre tantas situações, também, voltar para o nosso espaço e

lidar com o nosso mundo interior repleto de experiências vividas e compartilhadas. Por

mais que façamos esse jogo dinâmico todos os dias, dependendo do lugar onde você

esteja na onda, as sensações e disponibilidade de ação serão, sempre, diferentes.

(Denys-Struyf, 2010; Oliveira, 2012).

Chamo a atenção para o caso específico das crianças, com menos vivências que

os adultos e ainda aprendendo a lidar com um universo simbólico. Para elas, as

linguagens (escrita, matemática, corporal) dependem do corpo como o canal de

comunicação. Portanto, um corpo reprimido ou hiperestimulado, não significa ser

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expressivo, pelo contrário, na maioria dos casos, ele é limitado em sua comunicação. A

nossa responsabilidade, como educadoras, é, em um primeiro momento, saber dos

nossos entraves, pois os corpos dos alunos são canais de comunicação com os nossos

corpos. Antes de interpretar os fatos que acontecem no dia a dia, as crianças (como os

adultos) sentem/percebem o ambiente. Caso isso não esteja acontecendo na relação

entre vocês, falta de expressividade, ou seja, comunicação, mãos à obra!

O corpo (nosso e do aluno), como um flash, percebe antes de raciocinar. E não

há linguagem verbal que consiga atingir a esfera cognitiva do outro, se este não estiver

minimamente desimpedido de entraves criados por uma sociedade injusta, famílias

desestruturadas, carências orgânicas e tudo mais que vemos dentro e fora de sala de

aula. A curiosidade, ‘prima irmã’ do aprendizado, precisa ter liberdade para circular

entre todos e por todo o corpo.

E você, está fixada em um ponto da onda ou, feliz da vida, pode circular por

todos os espaços, inclusive, por aqueles mais escuros, arrepiantes? Nesses momentos

mais apavorantes o Lulu Santos vem te lembrar de que “tudo muda o tempo todo no

mundo”?

Para falar das crianças, antes, precisei brincar com os nossos corpos!

Referência Bibliográfica

CAMPIGNION P. Aspectos Biomecânicos - Cadeias Musculares e Articulares - Método G.D.S. - Noções Básicas. São Paulo: Summus; 2003.

DENYS-STRUYF G. Cadeias musculares e articulares. São Paulo: Summus; 1995._________________ La structuration psychocorporelle de l`enfant: la vague de croissance selon la méthode G.D.S. Bruxelles: ICTGDS; 2010.

MAYOR A. (a) Disponível em: http://www.apgds.com.br/homolog/detalhesnoticias.aspx?codigo=80 . Acessado em: 28/Abr./2012

MAYOR A. (b) Disponível em: http://www.apgds.com.br/homolog/detalhesnoticias.aspx?codigo=82 .Acessado em: 28/Abr./2012

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky - parte 2. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=1y_izmHWkQo Acessado em: 20/Jun./2014

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UNGIER R., UNGIER A. Uma Abordagem GDS sobre a Construção da Imagem do Corpo na Criança. Olhar GDS, Rio de Janeiro, n0 3, p.5-11, 2009.

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